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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
ANÁLISE DE CONJUNTURA 3º TRIMESTRE 2015
EDIÇÃO ELETRÓNICA
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
3
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Índice de Assuntos
EDITORIAL ................................................................................................................... 4
1. ENQUADRAMENTO ................................................................................................... 6
1.1 Enquadramento internacional ....................................................................................... 6
1.2 Enquadramento nacional ............................................................................................. 7
2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL .......................................................................... 10
2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade ....................................... 10
2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais ................................................. 13
2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas .................................................. 17
3. INTERNACIONALIZAÇÃO ....................................................................................... 18
3.1 Comércio internacional .............................................................................................. 18
3.1.1 Comércio internacional de bens ............................................................................... 18
3.1.2 Comércio internacional de serviços .......................................................................... 24
3.1.3 Balança de bens e serviços ..................................................................................... 25
3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços ..................................................................... 26
3.2 Investimento direto .................................................................................................. 27
4. FINANCIAMENTO ................................................................................................... 28
4.1 Taxas de juro ........................................................................................................... 28
4.2 Crédito bancário ....................................................................................................... 30
4.3 Mercado de capitais .................................................................................................. 32
5. MERCADO DE TRABALHO ....................................................................................... 33
6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS .......................................................................... 35
7. CUSTOS DA ENERGIA ............................................................................................. 36
7.1 Eletricidade .............................................................................................................. 36
7.2 Gás natural .............................................................................................................. 37
7.3 Combustíveis ........................................................................................................... 37
8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS .......................................... 39
8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação......................................................... 39
8.2 Competitividade pelos custos laborais ......................................................................... 41
9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA ........................................................ 42
9.1 Equilíbrio externo ..................................................................................................... 42
9.2 Endividamento ......................................................................................................... 42
9.3 Contas públicas ........................................................................................................ 43
FICHA TÉCNICA
Propriedade
CIP - Confederação
Empresarial
de Portugal
Praça das Indústrias
1300-307 LISBOA
Diretor
João Costa Pinto
Edição
CIP - Departamento de
Assuntos Económicos
Coordenação Pedro Capucho
Redação
Rui Madaleno
Lurdes Fonseca
Nuno Torres
Sede de Redação
CIP - Confederação
Empresarial
de Portugal
Praça das Indústrias
1300-307 LISBOA
NIF 500 835 934
Design Gráfico
Mariana Barros
Periodicidade
Trimestral
ISSN
2183-198X
Registo na ERC 117830
É autorizada a
reprodução dos
trabalhos publicados,
desde que citada a
fonte e informada
a direção da revista.
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
EDITORIAL
1. Este número da Envolvente Empresarial é publicado num momento em que a Economia
Mundial é atravessada por uma complexa onda de incertezas.
. As chamadas Economias Emergentes que desde a crise de 2007/2008
contribuíram para o relançamento do comércio mundial, estão a enfrentar
dificuldades crescentes, como reflexo de um complexo conjunto de fatores – estes
vão desde a queda da procura de matérias-primas, até a um comportamento
adverso dos mercados financeiros, passando por problemas de natureza política.
A Economia chinesa, em particular, tem vindo a desacelerar como reflexo do
esgotamento do modelo que tem sustentado o seu crescimento, o que está a
contribuir para travar o relançamento da Economia Mundial.
. Esta evolução tem vindo a induzir um movimento de saída de capitais da
generalidade das Economias Emergentes, num contexto marcado pelas
expectativas quanto ao fim das políticas monetárias não convencionais.
Em particular, a convicção de que a Reserva Federal se prepara para inverter o
ciclo de taxas baixas e de aquisição de ativos (Quantitative Easing) tem, por sua
vez, contribuído para uma maior instabilidade dos mercados financeiros.
. Na Área Euro, embora o BCE esteja a prosseguir o seu programa de compra de
ativos, permanecem riscos de deflação, como reflexo da continuada retração da
generalidade dos agentes económicos. Como resultado, o relançamento da
atividade económica permanece contido e incapaz de induzir uma aceleração
visível do crescimento.
2. É assim num contexto mundial e europeu complexo e muito marcado pela incerteza que
a nossa Economia tem vindo a procurar relançar a atividade económica e o
crescimento.
Se, por um lado, a Economia cresceu a taxas homólogas de cerca de 1,6%, por outro,
esta evolução ficou a dever-se a uma aceleração da procura interna, sobretudo
impulsionada pelo consumo de bens duradouros.
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Embora o peso das exportações no PIB tenha aumentado para um máximo de 41.2%,
as importações aceleraram com um crescimento de quase 12%.
Deste modo, a nossa Economia – apesar das mudanças verificadas – continua a
reproduzir um modelo de crescimento excessivamente dependente do consumo, com
os riscos que tal implica.
Assume assim grande importância a orientação que vier a ser imprimida à ação do
próximo Governo, questão a abordar em próximas publicações.
João Costa Pinto
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
1. ENQUADRAMENTO
1.1 Enquadramento internacional
Seleção de destaques de envolvente internacional de final de junho a final de setembro:
No Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros de 14 julho, a Presidência
luxemburguesa apresentou o seu programa de trabalho e colocou o investimento no centro
das suas prioridades, garantindo a rápida implementação do plano de ação da UE em
matéria de investimento e o apoio à criação de uma união dos mercados de capitais. O
Conselho debateu ainda as próximas etapas para o aprofundamento da União Económica
e Monetária, com base no documento conhecido por Relatório dos cinco Presidentes.1
No dia 15 de julho, o Irão e as maiores potências mundiais alcançaram um acordo sobre o
programa nuclear iraniano que poderá colocar fim a 12 anos de embargo àquele país,
possibilitando o aumento das exportações de petróleo e o fim das restrições às importações, ao
mesmo tempo que contribui para travar a corrida ao armamento no Médio Oriente.
No dia 19 de agosto, a Comissão Europeia e a Grécia assinaram um memorando de
entendimento com as condições para um novo empréstimo até 86 mil M€, incluindo um
conjunto considerável de reformas estruturais consideradas indispensáveis. No dia seguinte, o
Primeiro-ministro grego demitiu-se e anunciou a convocação de eleições antecipadas, que
decorreram no dia 20 de setembro, acabando por resultar na reedição da coligação
governamental. No dia 21 desse mês, Alexis Tsipras do Partido Syriza tomou posse como
Primeiro-ministro, tendo decidido manter o ministro das Finanças que acordou o ME.
No decurso de agosto e início de setembro, as autoridades chinesas anunciaram várias medidas
de estímulo para contrariar os sinais de abrandamento da atividade económica e a forte queda
do mercado acionista, com destaque para a descida das taxas de juro diretoras do banco
central, a desvalorização do yuan renmimbi e o anúncio de um programa de investimento
bastante significativo (na ordem nos 3% do PIB). Os receios sobre a economia chinesa
levaram a fortes desvalorizações nos mercados internacionais de ações e matérias-primas.
No dia 14 de setembro, o Conselho Europeu anunciou um conjunto de medidas para
responder à crise de refugiados na Europa, incluindo a recolocação de emergência de 120
mil refugiados da Grécia, Itália e Hungria (3 mil para Portugal), a criação de um mecanismo de
1 O relatório propõe, entre outras medidas, um Conselho Orçamental Europeu (para avaliar o desempenho dos
orçamentos nacionais), um Fundo de Estabilização Orçamental para a área euro (para amortecer o impacto de
choques que tenham efeito em outros Estados-membros), um Sistema Europeu de Seguros de Depósitos comum
(correspondente ao terceiro pilar de uma União Bancária), e um Tesouro da área euro (que permitirá a tomada
de decisões coletivas sobre tributação e repartição das despesas orçamentais). O Primeiro-Ministro português considerou que a proposta discutida contém aspetos positivos, mas que deveria contemplar também “um
verdadeiro fundo monetário europeu” e uma “capacidade orçamental própria para financiar reformas, apoiar o
investimento e responder a choques à escala da área euro”.
Novo empréstimo
à Grécia, que
reedita coligação
governamental
Presidência
luxemburguesa da
UE coloca
investimento
como principal
prioridade
Acordo sobre o
programa nuclear
iraniano
Autoridades
chinesas tentam
travar
abrandamento da
economia e
desvalorização
das ações
Medidas para
responder à crise
de refugiados na
Europa
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
recolocacão permanente para todos dos Estados-membros, uma lista europeia comum dos
países de origem seguros para efeitos de pedidos de asilo, contribuições financeiras para
combater a instabilidade e conflitos nos países de origem dos refugiados, e a instituição de um
Fundos de Reserva para África para combater as causas da imigração ilegal nesse continente.
Em termos de política monetária, salienta-se que o BCE manteve as suas taxas de juro
diretoras nas reuniões de julho e setembro (0.05% no caso da taxa aplicável às operações
principais de refinanciamento) e prosseguiu com o programa de compra de ativos. As
perspetivas do BCE para o crescimento real do PIB da área euro foram revistas em baixa (para
1.4% em 2015, 1.7% em 2016 e 1.8% em 2017) devido sobretudo a uma menor procura
externa em virtude do crescimento mais fraco nos mercados emergentes, havendo o risco de
que continuem a afetar negativamente o crescimento mundial por via do comércio e da
confiança. As perspetivas para a inflação foram revistas em baixa (para 0.1% em 2015, 1.1%
em 2016 e 1.7% em 2017), devido, em grande medida, aos preços do petróleo mais baixos.
A Reserva Federal dos EUA também voltou a manter as suas taxas de juro diretoras em
mínimos na reunião de setembro (de 0% a 0.25%, no caso da taxa fed funds), mas a grande
maioria dos membros do Comité de Política Monetária aponta para o início do ciclo de subidas
ainda em 2015. A Fed indicou que os riscos para a atividade económica e o mercado do
trabalho estão quase equilibrados, mas que irá ter em conta os desenvolvimentos
internacionais, nomeadamente nos mercados financeiros.
1.2 Enquadramento nacional
Seleção de legislação nacional de final de junho a final de setembro:
A Lei n.º 64/2015 de 1/07 aprova o novo regime especial aplicável às entidades licenciadas
na Zona Franca da Madeira a partir de 1 de janeiro de 2015, e altera o Estatuto dos
Benefícios Fiscais, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho.
A Portaria n.º 218/2015 de 23/07 aprova o novo Código de Contas que identifica as contas e
respetivas notas de enquadramento de aplicação específica para todas as entidades sujeitas ao
Sistema de Normalização Contabilística (SNC), incluindo as entidades do setor não
lucrativo e as Microentidades, na sequência das alterações que o Decreto-Lei n.º 98/2015 de
2/06 introduziu no Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13/07, que aprovou o SNC.
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 52-A/2015 de 23/07 estabelece o quadro de
funcionamento do Instrumento Financeiro para a Reabilitação e Revitalização Urbanas
(IFRRU 2020), e cria a sua Estrutura de Gestão.
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 61-A/2015 de 20/08/2015 aprova a versão final
revista do Plano Estratégico dos Transportes e Infraestruturas - PETI3+, para o
horizonte 2014-2020.
BCE reduz
previsões de
crescimento face
a menor procura
externa
Fed aponta para
subida das taxas
diretoras ainda
em 2015
Novo regime de
Zona Franca da
Madeira
Alterações no
SNC
IFRRU 2020
Publicada a
versão final
revista do
PETI3+
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
A Lei n.º 102/2015 de 24/08/2015 aprova o regime jurídico do financiamento colaborativo,
ou crowdfunding (com quatro modalidades: donativo, recompensa, capital e empréstimo),
bem como das entidades gestoras das plataformas eletrónicas que o suportam.
A Lei n.º 133/2015 de 07/09/2015 cria um mecanismo para proteção das trabalhadoras
grávidas, puérperas e lactantes que impede a candidatura de empresas a subsídios ou
subvenções públicos se tiverem sido condenadas nos dois anos anteriores (sentença transitada
em julgado) por despedimento ilegal dessas trabalhadoras.
O Despacho n.º 10172-A/2015 de 10/09/2015 aprova o regulamento que define os
procedimentos relativos a pagamentos aos beneficiários do Sistema de Incentivos
no domínio da Competitividade e Internacionalização.
A Lei n.º 151/2015 de 11/09/2015 aprova a Lei de Enquadramento Orçamental. No mesmo
dia, o Decreto-Lei n.º 192/2015 de 11/09/2015 aprovou o Sistema de Normalização
Contabilística para as Administrações Públicas, que inclui subsistemas de contabilidade
orçamental, contabilidade financeira e contabilidade de gestão, esperando-se que contribua
para uniformizar os procedimentos e aumentar a fiabilidade da consolidação de contas.
O Decreto-Lei n.º 200/2015 de 16/09/2015 estabelece o instrumento de investimento territorial
integrado relativo ao mar (ITI Mar), que assegura a articulação entre a aplicação dos Fundos
Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) e as políticas públicas no mar, em consonância
com as prioridades definidas no âmbito da Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020.
O Decreto-Lei n.º 202/2015 de 17/09/2015 estabelece o regime de Legal Entity Identifier
(LEI), o identificador único alfanumérico que permite identificar internacionalmente entidades
que sejam contrapartes em transações financeiras e comerciais, no âmbito de um projeto em
desenvolvimento (Global LEI System) por recomendação do G20, e no qual participam o Banco
de Portugal e a CMVM, visando o combate ao branqueamento de capitais.
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2015 de 18/09/2015 aprova a Estratégia
Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2015-2020, que visa a aproximação
aos padrões europeus neste domínio.
A Portaria n.º 297/2015 de 21/09/2015 regulamenta o regime fiscal de apoio ao investimento
(RFAI) e o regime da dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR) estabelecidos,
respetivamente, nos Capítulos III e IV do Código Fiscal do Investimento, aprovado pelo
Decreto-Lei n.º 162/2014.
Seleção de notícias de envolvente nacional de final de junho a final de setembro:
No dia 29 de junho, a Comissão Europeia aprovou projetos portugueses de infraestruturas de
transportes, submetidos ao Connecting Europe Facility, no valor de 195 M€ (2.7% do total
de apoios desta fase da candidatura, acima do peso de 1.3% do PIB português na UE).
Regime de
crowdfunding
Norma de
pagamentos do
POCI
Nova LEO e novo
SNC para as Ad.
Publicas
Criação do ITI Mar
Regime do
identificador LEI
Estratégia Nacional
para a Segurança e
Saúde no Trabalho
2015-2020
Regulamentação
do RFAI e do DLRR
CE aprova 159M€
de projetos
portugueses de
infraestruturas
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
No dia 1 de julho, Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia assinaram um
memorando de entendimento para as interligações energéticas, com vista a apresentar
as rotas específicas dos projetos que, conforme a Declaração de Madrid assinada em Março
pelos três países, permitirão atingir os 10% de interligações energéticas até 2020.
No dia 10 de julho, Carlos Costa foi reconduzido como Governador do Banco de Portugal,
após a aprovação da designação para um segundo mandato no Conselho de Ministros de dia 2.
O Conselho de Ministros de 9 de julho aprovou a dissolução e o processo de liquidação da
Empordef, Empresa Portuguesa de Defesa, SGPS, S.A., tendo em vista a respetiva extinção.
O Conselho de Ministros de 23 de julho aprovou a reprivatização total da CP Carga, com a
venda ao grupo MSC Rail por 53 M€, e anulou a privatização da Empresa de Manutenção de
Equipamento Ferroviário (EMEF).
Em agosto, o Governo anunciou a criação do site www.simplificar.gov.pt, integrado no
programa Simplificar, para recolher ideias de cidadãos e empresas com vista a diminuir a
burocracia no seu dia-a-dia, e simplificar e desmaterializar processos na administração pública.
No dia 27 de agosto, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações,
Sérgio Monteiro, afirmou que chegou ao fim o processo de renegociação de 14 Parcerias
Público-Privadas rodoviárias, permitindo uma poupança estimada em 7353 M€.
O Conselho de Ministros de 24 de setembro aprovou:
(i) o Fundo de Capital e Quase Capital (FC&QC), gerido pela Instituição Financeira de
Desenvolvimento (IFD) e vocacionado para a criação ou reforço de instrumentos financeiros de
capitalização de empresas com recurso a FEEI. O fundo, com autonomia administrativa e
financeira, terá particular atenção às fases de criação e de arranque de empresas (start-up,
seed, early stages), bem como a empresas com projetos de crescimento e/ou reforço da
capacitação empresarial para o desenvolvimento de novos produtos e serviços ou com inovação
ao nível de processos, produtos, organização ou marketing;
(ii) o Fundo de Dívida e Garantias, também gerido pela IFD, vocacionado para operações
que visem colmatar insuficiências de mercado no financiamento das PME, com recurso aos
FEEI. Este fundo, em conjunto com o Fundo de Capital e Quase Capital, vai acelerar a atividade
financeira do IFP e a abertura de concursos para os operadores de mercado apresentarem
propostas de criação de instrumentos financeiros de apoio às empresas;
(iii) a emissão das novas Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável, contribuindo
para a estratégia de diversificação dos instrumentos de financiamento do Estado.
Memorando de
entendimento para
as interligações
energéticas
Reprivatização da
CP Carga e
liquidação da
Empordef
Renegociação das
PPP rodoviárias
poupa 7353 M€
Aprovação do
Fundo de Capital e
Quase Capital, e do
Fundo de Dívida e
Garantias, geridos
pela IFD
Emissão de novas
Obrigações do
Tesouro de
Rendimento
variável
Site de recolha de
ideias para reduzir
burocracia
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
2. ATIVIDADE ECONÓMICA GLOBAL
2.1 Evolução recente do PIB e de outros indicadores de atividade
No segundo trimestre de 2015, o PIB manteve um crescimento real de 0.5% em cadeia e
de 1.6% em termos homólogos, segundo dados revistos (pelos resultados das contas nacionais
definitivas de 2013, que implicaram alterações nos dados anuais e trimestrais em 2014 e 2015).
Quadro 2.1.1: PIB e componentes de despesa
2013 2014 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15
PIB
Tvcr (%) -1.1 0.9 0.2 0.4 0.5 0.5
Tvhr (%) -1.1 0.9 1.2 0.6 1.6 1.6
Componentes de despesa (tvhr, %)
Consumo Final -1.4 1.6 2.2 1.2 1.8 2.7
Consumo Privado, do qual: -1.3 2.3 2.9 2.0 2.5 3.3
Bens alimentares 1.1 0.6 0.3 0.4 0.7 1.0
Bens duradouros 1.3 14.6 16.5 13.2 13.9 16.8
Bens correntes não alim., serviços -2.5 1.5 2.3 1.3 1.8 2.5
Consumo Público -2.0 -0.5 0.1 -1.3 -0.5 0.6
FBC, da qual: -5.1 5.5 1.3 4.4 1.2 8.2
FBCF -5.1 2.8 3.5 2.8 8.8 5.1
Recursos biológicos cultivados -1.6 -1.6 -1.6 -1.2 -0.5 0.0
Outras máq. e eq., sist. Armamento 3.7 14.4 17.9 9.6 12.5 8.6
Eq. de transporte 28.8 18.8 23.4 19.0 25.9 32.5
Construção -12.2 -3.2 -3.9 -1.5 8.5 2.0
Produtos de propriedade intelectual -1.2 0.6 0.6 0.1 -0.6 -1.3
Exportações 6.9 3.9 3.8 5.7 7.0 7.4
Bens 6.9 3.6 3.2 6.2 7.8 8.3
Serviços 7.2 5.0 5.7 4.2 4.8 4.8
Importações 4.7 7.2 6.0 8.5 7.1 11.9
Bens 5.1 6.7 5.4 7.4 7.0 13.3
Serviços 2.5 10.3 9.9 14.7 7.7 3.9
Contributos para a tvhr do PIB (p.p.)
Procura Interna -2.0 2.2 2.1 1.7 1.7 3.5
Procura Externa Líquida 0.8 -1.3 -0.9 -1.1 -0.1 -1.9
Fonte: INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvc(h)r = taxa de variação em cadeia (homóloga) real;
p.p.=pontos percentuais; FBC(F)=Formação Bruta de Capital (Fixo).
A manutenção do crescimento homólogo do PIB traduziu uma subida do contributo positivo
da procura interna (de 1.7 p.p. para 3.5 p.p.) compensada por um agravamento de igual
intensidade no contributo negativo da procura externa líquida (de -0.1 p.p. para -1.9 p.p.),
que traduziu a aceleração mais forte das importações (de 7.1% para 11.9%) do que das
exportações (de 7.0% para 7.4%), em termos reais.
PIB mantém ritmo
de crescimento no
2T 15
Importações
aceleram mais que as
exportações, em
termos reais
Reforço da procura
interna contraria
procura externa
líquida mais negativa
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
A evolução da procura interna resultou da aceleração do consumo privado (de 2.5% para
3.3%, incluindo uma subida de 16.8% nos bens duradouros; o consumo público, com menor
peso, recuperou de -0.5% para 0.6%) e da FBC (de 1.2% para 8.2%), mas esta evolução
decorreu do contributo positivo da variação de existências, já que a FBCF desacelerou (de
8.8% para 5.1%) com origem sobretudo nas outras máquinas e equipamentos (de 12.5% para
8.6%) e na construção (de 8.5% para 2.0%), que contrariaram o reforço do crescimento no
equipamento de transporte (de 25.9% para 32.5%), outra das rubricas com peso significativo.
Em termos nominais, o PIB registou uma variação de 3.4% em termos homólogos (2.8% no
primeiro trimestre) e de 0.9% em cadeia (1.4%).
Salienta-se ainda que o peso das exportações no PIB aumentou para um máximo de 41.2%
no segundo trimestre de 2015 (29.8% nos bens e 11.3% nos serviços).
Figura 2.1.1: Intensidade exportadora (total, bens e serviços)
Quadro 2.1.2: VAB por ramos
2013 2014 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15
VAB total e por ramos (tvhr, %)* -0.8 0.6 0.7 0.0 0.8 0.9
Agricultura, Silvicultura e Pesca 2.9 1.2 0.8 0.9 1.3 1.5
Indústria 0.6 1.9 2.0 -0.6 -0.3 2.0
Energia, Águas e Saneamento -6.5 -4.2 -3.1 -5.7 -5.8 -5.8
Construção -6.9 -1.4 -1.9 -0.7 7.3 2.0
Comércio e rep. aut, Aloj. e Restauração 2.1 3.0 3.4 2.8 3.2 3.5
Transp. e armaz., Inf. e comunicação -1.9 -0.9 -1.7 -0.6 -1.6 -2.0
Ativ. Financeira, Seguradora e Imobiliária -1.8 -2.1 -2.7 -1.9 -0.2 0.1
Outros Serviços -0.9 1.2 1.7 0.4 0.5 0.5
INE, Contas nacionais (base 2011, SEC 2010). Tvhr=taxa de variação homóloga real; VAB=Valor Acrescentado Bruto.
*VAB a preços base (sem impostos líquidos de subsídios).
39.5 40.0 39.8 40.2 41.0 40.1 41.2
28.9 29.0 28.9 29.0 29.7 28.9 29.8
10.6 11.1 11.0 11.2 11.3 11.1 11.3
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
2013 2014 2T 14 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15
Exportações totais (% do PIB a preços correntes)
Exportações de bens (% do PIB a preços correntes)
Exportações de serviços (% do PIB a preços correntes)Fonte: INE
Aceleração do
consumo privado e
da FBC, mas devido à
variação de
existências, já que a
FBCF abrandou
Peso das
exportações no PIB
em máximo (41.2%)
Aceleração homóloga
nominal do PIB
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Quanto ao VAB (que passou de uma variação homóloga real de 0.8% para 0.9% excluindo
impostos líquidos de subsídios), o detalhe por ramos permite destacar a retoma do crescimento
na Indústria (de -0.3% para 2.0%), a aceleração na Agricultura, Silvicultura e Pesca (de 1.3%
para 1.5%) e no Comércio e reparação automóvel, Alojamento e Restauração (de 3.2% para
3.5%), bem como o abrandamento na Construção (de 7.3% para 2.0%). Apenas os ramos da
Energia, Águas e Saneamento e dos Transportes e armazenamento, Informática e comunicação
mantiveram variações homólogas negativas (-5.8% e -2.0%, respetivamente).
Figura 2.1.2: PIB e Indicador Coincidente para a evolução homóloga tendencial de atividade
do Banco de Portugal (tvhr, %)
No que se refere a informação de conjuntura mais recente, o indicador coincidente
para a evolução homóloga tendencial de atividade do BdP registou o sétimo valor
positivo consecutivo em agosto (0.6%, após um valor de 0.8% no segundo trimestre),
apontando para a continuação da retoma económica a um ritmo semelhante ou ligeiramente
inferior nos próximos meses. O indicador coincidente análogo para o consumo privado
também se manteve positivo em agosto (2.1%), continuando a oscilar dentro de uma banda
estreita. Por sua vez, o indicador de FBCF do INE, interrompeu a trajetória de abrandamento
no trimestre até julho (variação homóloga de 2.1%, após 1.9% no segundo trimestre e 8.5%
no primeiro), devido à melhoria de andamento no equipamento de transporte.
No que se refere a indicadores avançados, o Indicador de Clima do INE (calculado a
partir do inquérito do INE às empresas e consumidores sem correção de sazonalidade)
manteve-se num máximo de quase sete anos e meio em agosto, refletindo o recuo no indicador
de confiança do comércio e a subida nos restantes indicadores de confiança.
-1.6
0.9
1.2
0.6
1.5 1.5
-1.1
0.5 0.3
-0.4
0.2
0.8 0.7 0.6
-2.0
-1.0
0.0
1.0
2.0
2013 2014 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15 jul-15 set-15
PIB Ind. coincidente tendencial de atividade económica do BdP (%)Fontes: INE; BdP
Indicador avançado
de clima do INE em
máximo de quase
sete anos e meio
mostra consolidação
da retoma
Indicador
coincidente
tendencial do BdP
aponta para
continuação da
retoma
VAB recupera na
Indústria, acelera na
Agricultura e pescas
e no Comércio, mas
abranda na
Construção no 2ºT
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
13
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Figura 2.1.3: Indicador de Clima Económico (tvh; média móvel de 3 meses, mm3) e
Indicadores de Confiança, IC (saldo de respostas extremas, sre; mm3)
No mesmo mês, o Índice de Sentimento Económico da Comissão Europeia para
Portugal (valores efetivos corrigidos de sazonalidade) desceu para 103.4 pontos (um valor
abaixo da Área Euro e da UE), após atingir um máximo de sete anos em abril. Apesar da
correção em baixa nos últimos meses, o indicador e sentimento económico de Portugal está
ainda significativamente acima da média de longo prazo (100 pontos).
Figura 2.1.4: Indicador de Sentimento Económico em Portugal, Área Euro e UE
(média 1990-2012=100, valores ajustados de sazonalidade)
2.2 Projeções macroeconómicas nacionais e internacionais
Projeções para Portugal
As previsões macroeconómicas para a economia portuguesa, evidenciadas no quadro
abaixo, não sofreram atualização desde o anterior relatório trimestral. Note-se, contudo, que
0.6 0.5
0.6
0.4
0.2
0.3 0.3
0.6
0.8
1.1
1.3 1.4 1.4
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
ago-14 out-14 dez-14 fev-15 abr-15 jun-15 ago-15
IC Consum. IC Ind. Transf.
IC Constr. e Obras Púb. IC Comércio
IC Serviços Indicador de clima ec. (esc. dta)Fonte: INE
103.4
70
75
80
85
90
95
100
105
110
set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 jun-15 jul-15 ago-15
Portugal Área Euro UE Média 1990-2012=100Fonte: Comissão Europeia
ISE corrige em
baixa mas mantém-
se acima da média
de longo prazo
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
14
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
houve atualização das projeções para a economia internacional (analisadas mais abaixo), com
influência sobre Portugal.
Quadro 2.2.1: Projeções económicas para Portugal
BdP
jun-15
FMI OCDE CE Gov.
Jun-15
jun-15
Jun-15 Mai-15 Mai-15 Abr-15
2015 2016 2017 2015 2016 2015 2016 2015 2016 2015 2016
PIB (tvar, %) 1.7 1.9 2.0 1.6 1.5 1.6 1.8 1.6 1.8 1.6 2.0
Consumo privado 2.2 1.7 1.7 1.7 1.6 1.8 1.5 2.0 1.6 1.9 1.9
Consumo público -0.5 0.2 0.0 -0.5 0.9 -0.5 0.2 -0.3 0.2 -0.7 0.1
FBCF 6.2 4.4 6.0 4.2 2.5 2.9 3.1 3.5 4.0 3.8 4.4
Exportações 4.8 6.0 6.4 5.5 4.8 6.2 5.4 5.3 6.1 4.8 5.5
Importações 5.7 5.5 6.5 4.5 4.8 4.7 4.8 4.7 4.8 4.6 5.3
Contributos brutos
para a tvar do PIB (p.p.)
Exportações líquidas (do total de importações)
0.3 0.0 0.6 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1
Procura Interna 1.2 1.6 1.0 1.5 1.4 1.6 1.6 1.9
Contributos líquidos das respetivas importações (p.p.)*
Exportações 0.6* 1.2* 1.2*
Procura Interna 1.1* 0.7* 0.8*
Proc. externa relevante (tvar,
%)
4.5 5.5 5.8 4.5 5.2
Emprego (tva, %) -0.2 0.6 0.6 0.7 0.6 0.8
Taxa de desemprego (%) 13.4 12.9 13.2 12.6 13.4 12.6 13.2 12.7
Inflação (tva do IHPC, %) 0.5 1.2 1.3 0.6 1.3 0.1 0.7 0.2 1.3 -0.2 1.3
Bal. Corr. e de capital (% PIB) 3.0 3.2 3.4 2.6 2.8 2.1 2.0
Balança corrente (% PIB) 1.0 0.8 0.7 0.6 1.2 1.4 0.5 0.4
Bal. de bens e serviços (% PIB) 2.1 2.1 2.1
Bal. de bens (% PIB) -3.4 -3.4
Saldo orçamental (% PIB) -3.2 -2.7 -2.9 -2.8 -3.1 -2.8 -2.7 -1.8
Dívida pública bruta (% PIB) 126.5 124.3 127.7 124.2 124.4 123.0 124.2 121.5
Fontes: Banco de Portugal, BdP, Boletim Económico Junho 2015; Fundo Monetário internacional, FMI, Portugal—
Concluding Statement of the Second Post-Program Monitoring Discussions; Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico, OCDE, OECD Economic Outlook June 2015; Comissão Europeia, CE, European Economy -
Spring 2015; Governo, Programa de Estabilidade e Crescimento 2015-2019. Tva = taxa de variação anual; tvar= taxa
de variação anual real; p.p.= pontos percentuais. *Contributo de cada componente expurgada do respetivo conteúdo
importado (lógica de valor acrescentado nacional), uma abordagem diferente da tradicional (contributos brutos), em
que a procura interna inclui importações e a procura externa líquida considera as exportações deduzidas das
importações totais. Segundo o BdP, o cálculo dos conteúdos importados foi feito com base em informação relativa ao
ano de 2005 (seguindo uma metodologia descrita no Boletim Económico de Junho de 2014). Nota: as previsões do BdP
incorporam as medidas incluídas no OE 2015 e no Programa de Estabilidade 2015-2019, com exceção das relativas à
sustentabilidade da Segurança Social e à reforma e racionalização dos serviços públicos, por não se encontrarem
especificadas com detalhe suficiente.
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
15
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Projeções para a economia mundial e principais mercados
No início de setembro, a OCDE divulgou uma atualização intercalar das suas projeções
económicas, onde reviu ligeiramente em baixa as perspetivas de crescimento da economia
mundial em 2015 (-0.1 p.p., para 3.0%) e 2016 (-0.2 p.p., para 3.6%), com valores abaixo das
previsões mais recentes do FMI, divulgadas em julho (3.3% em 2015 e 3.8% em 2016).
Segundo a OCDE, os indicadores recentes de atividade dão conta de uma recuperação lenta nas
economias avançadas e um abrandamento nas economias emergentes, especialmente as
exportadoras de matérias-primas (como é o caso do Brasil, em que se verifica uma forte
deterioração das perspetivas) ou com uma intensidade comercial elevada com a China, que
tem exibido sinais de uma desaceleração mais forte do que o antecipado e do que os dados do
PIB demonstram. Destaca-se, em particular, o enfraquecimento das importações chinesas, que
ajuda a explicar o menor crescimento do comércio mundial e a descida dos preços das
matérias-primas nos últimos meses.
As suspeitas sobre a economia chinesa ficaram refletidas na forte correção do mercado
acionista do país em agosto, uma evolução que gerou instabilidade nos mercados financeiros
globais e levou à intervenção das autoridades chinesas (redução das taxas de juro
diretoras, desvalorização da moeda e promessa de aumento dos gastos públicos, além de uma
série de medidas para tentar travar a queda do mercado de ações), como já referido.
A OCDE considera que o impacto de uma desaceleração acima do antecipado na procura
chinesa pelos canais do comércio internacional e do investimento seria significativo, em
particular para as economias mais endividadas, mas não descarrilaria a retoma da economia
global a não ser que se juntasse o efeito de uma forte e abrangente correção nos mercados
financeiros globais. Para evitar um abrandamento abrupto, as autoridades chinesas deverão
promover estímulos de política monetária e orçamental, no entender da OCDE, que defende
ainda um conjunto de outras medidas, como o aumento das despesas sociais.
Em relação às maiores economias avançadas, a OCDE realça que a retoma económica dos
EUA (alicerçada no crescimento do consumo, dado que o investimento tem desapontado) tem
permitido descer a taxa de desemprego e que, nesta altura, a redução da capacidade não
utilizada requer uma trajetória de aumento, ainda que muito gradual, das taxas de juro
diretoras. No caso da Área Euro, a economia deveria estar a crescer a um ritmo mais rápido
em face dos vários fatores favoráveis de que está a beneficiar, como a descida das taxas de
juro, a depreciação do euro e o recuo dos preços do petróleo. Neste caso, a OCDE considera
que é necessário continuar a reparar os canais de crédito através de uma melhoria nos
balanços. A este respeito, a OCDE mostra claramente que a desalavancagem registada nos EUA
foi muito mais rápida e intensa do que a ocorrida na Área Euro, onde o crédito apenas
recentemente começou a recuperar.
OCDE reduz
previsões de
crescimento
mundial
OCDE defende
estímulos
económicos na
China; a subida
muito gradual das
taxas de juro nos
EUA; a reparação
dos canais de
crédito na Área Euro
Abrandamento da
China coloca em
risco a retoma
mundial apenas se
conjugado com
correção bolsista
acentuada
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
16
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
A OCDE conclui, assim, que as perspetivas globais se deterioraram ligeiramente e há incertezas
importantes no horizonte. A retoma da economia mundial está a progredir nas economias mais
avançadas, mas a estagnação do comércio global e a deterioração das condições nos mercados
financeiros está a reduzir as perspetivas nas economias emergentes. Com efeito, as economias
menos desenvolvidas têm vulnerabilidades que poderão ser expostos pela subida das taxas de
juro dos EUA e/ou uma desaceleração mais acentuada na China, com potencial para gerar
turbulência económica e financeira que poderá afetar também significativamente as economias
avançadas. A continuação dos estímulos de política económica é necessária para suportar a
procura global, mas o mix necessário de políticas difere de país para país e as escolhas terão de
ser consistentes com a estabilidade financeira e a retoma do crescimento de longo prazo.
Quadro 2.2.2: Previsões de crescimento económico – mundo e mercados (tvar, %)
OCDE, set-15 FMI, jul[abr]-15 BM, jun-15 CE, mai-15
2015 2016 2015 2016 2017 2015 2016 2015 2016
Mundo 3.0 3.6 3.3 3.8 2.8 3.3 3.2 3.5 3.9
Ec. Avançadas 2.1 2.4 2.0 2.4 2.2
EUA 2.4 2.6 2.5 3.0 2.7 2.8 2.4 3.1 3.0
Japão 0.6 1.2 0.8 1.2 1.1 1.7 1.2 1.1 1.4
UE [1.8] [1.9] 1.8 2.1
Área Euro 1.6 1.9 1.5 1.7 1.5 1.8 1.6 1.5 1.9
Alemanha 1.6 2.0 1.6 1.7 1.9 2.0
França 1.0 1.4 1.2 1.5 1.1 1.7
Itália 0.7 1.3 0.7 1.2 0.6 1.4
Espanha 3.1 2.5 2.8 2.6
Holanda [1.6] [1.6] 1.6 1.7
RU 2.4 2.2 2.6 2.4
OCDE
Ec. em Desenvolvimento 4.2 4.7 4.4 5.2 5.4
Angola [4.5] [3.9] 4.5 3.9 5.1
Moçambique [6.5] [8.1] 7.2 7.3 7.3
Brasil -2.8 -0.7 -1.5 0.7 -1.3 1.1 2.0
Rússia -3.4 0.2 -2.7 0.7 2.5
Índia 7.2 7.3 7.5 7.5 7.5 7.9 8.0
China 6.7 6.5 6.8 6.3 7.1 7.0 6.9 7.0 6.8
Fontes: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE, OECD Interim Report September 2015;
Fundo Monetário internacional, FMI, World Economic Outlook - Update July 2015 [World Economic Outlook April 2015];
Banco Mundial, BM, Global Economic Prospects - June 2015; Comissão Europeia, CE, European Economy - Spring 2015.
Tvar= taxa de variação anual real.
Deterioração ligeira
das perspetivas de
crescimento
mundial e
incertezas
importantes
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
17
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
2.3 Constituições, dissoluções e insolvências de empresas
Segundo dados da Informa D&B, no período de janeiro a julho de 2015 registou-se um
crescimento homólogo de 11.2% na criação líquida de empresas (1630 empresas), a refletir
um aumento mais forte dos nascimentos (8.4%) do que dos encerramentos (3.0%), o que
permitiu uma subida ligeira do rácio de nascimentos por encerramento (para 3.0).
Quadro 2.3.1: Criação líquida de empresas e insolvências
2014 Jan-Jul 14 Jan-Jul 15 Tvh
Nascimentos de empresas (A) 35814 22204 24064 8.4%
Encerramentos de empresas (B) 14996 7663 7893 3.0%
Criação líquida de empresas=A-B 20818 14541 16171 11.2%
Rácio nascimentos/encerramentos=A/B 2.4 2.9 3.0
Empresas com processos de insolvência 4 503 2 942 2 746 -6.7%
Fonte: Informa D&B. Tvh= Taxa de variação homóloga.
Por setores, apenas as atividades financeiras, o comércio por grosso e a construção registaram
uma redução homóloga da criação líquida de empresas, tendo os maiores aumentos ocorrido
nas rubricas “outros serviços”; alojamento e restauração; atividades imobiliárias; indústrias
transformadoras; agricultura, pecuária, pesca e caça; e telecomunicações.
Figura 2.3.1: Criação líquida de empresas por setor (nº de empresas)
De acordo com a mesma fonte, o número de empresas com processos de insolvência
reduziu-se 6.7% em termos homólogos nos sete primeiros meses do ano (para 2746).
15
35
277
327
512
849
946
1121
1134
1135
1950
2254
5616
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Indústrias extrativas
Gás, eletricidade e água
Atividades financeiras
Transportes
Telecomunicações
Construção
Atividades imobiliárias
Indústrias transformadoras
Agricultura, pecuária, pesca e caça
Comércio por grosso
Alojamento e restauração
Comércio a retalho
Outros serviços
Jan-jul 14 Jan-jul 15Fonte: Informa D&B e cálculos próprios.
Insolvências em
queda até julho
Criação líquida de
empresas sobe com
nascimentos a
aumentarem mais
que encerramentos
Criação líquida de
empresas sobe na
maioria dos setores
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
18
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3. INTERNACIONALIZAÇÃO
3.1 Comércio internacional
Nesta secção são apresentadas as principais tendências das exportações e importações de bens
e de serviços, incluindo o cálculo e análise de quotas de mercado das exportações.
3.1.1 Comércio internacional de bens
Saldo da balança de bens
Quadro 3.1.1.1: Saldo da balança de bens
2014 Var. homóloga Jan-Jul 15 Var. homóloga
Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%) Valor (M€) Valor (M€) Tvhn (%)
Total
Exportações (FOB) 48 105 802 1.7 29 964 1 622 5.7
Importações (CIF) 58 976 1 964 3.4 35 594 1 201 3.5
Saldo -10 872 -1 162 12.0 -5 630 422 -7.0
Taxa de Cobertura (%) 81.6 84.2
Intra-UE
Exportações (FOB) 34 099 831 2.5 21 822 1 417 6.9
Importações (CIF) 44 102 3 041 7.4 27 162 1 565 6.1
Saldo -10 004 -2 210 28.4 -5 340 -148 2.9
Taxa de Cobertura 77.3 80.3
Extra-UE
Exportações (FOB) 14 006 -29 -0.2 8 142 205 2.6
Importações (CIF) 14 874 -1 078 -6.8 8 432 -365 -4.1
Saldo -868 1 049 -54.7 -290 570 -66.3
Taxa de Cobertura 94.2 96.6
Total sem combustíveis
Exportações (FOB) 44 027 1 648 3.9 27 522 1 371 5.2
Importações (CIF) 48 781 2 919 6.4 30 670 2 367 8.4
Saldo -4 754 -1 271 36.5 -3 148 -996 46.3
Taxa de Cobertura 90.3 89.7
Fonte: INE. Tvhn = taxa de variação homóloga nominal. M€= Milhões de euros. CIF (Cost, Insurance and Freight)
significa a inclusão dos custos inerentes ao transporte das mercadorias e FOB (Free on Board) o contrário.
A balança de bens acumulou um défice de 5630 M€ nos sete primeiros meses de 2015, o que
representa um desagravamento de 7.0% em termos homólogos (422 M€), traduzindo uma
subida mais forte das exportações do que das importações (5.7% e 3.5% em termos nominais,
respetivamente), refletida numa melhoria da taxa de cobertura das importações (de 82.4%
Subida nominal das
exportações acima
das importações
reduz défice da
balança de bens
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
19
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
para 84.2%). Note-se, contudo, que a melhoria da balança de bens foi fortemente influenciada
pela redução das importações de combustíveis (em 1166 M€).
Para este comportamento contribuiu a queda nos preços das importações, mais forte do que a
registada nos preços das exportações (ver análise da secção 3.1.4).
Excluindo combustíveis, as exportações de bens cresceram 5.2% e as importações 8.4%, o
que se traduziu num agravamento do saldo deficitário (em 996 M€, para -3148 M€).
Exportações de bens
De acordo com o detalhe das exportações de bens por produtos, as rubricas de Combustíveis
e óleos minerais e de Material de transporte foram as que mais contribuíram para o crescimento
das exportações no período de janeiro a julho (cada uma com um contributo de 0.9 p.p.),
seguindo-se contributos também significativos das rubricas Máquinas e aparelhos, Animais vivos
e produtos animais e vegetais, e gorduras (0.6 p.p.), Metais, Madeira e cortiça, e Alimentação,
bebidas e tabaco (0.4 p.p.), além de um conjunto variado de contributos mais pequenos.
Apenas os Químicos registaram um contributo negativo, mas pouco expressivo (-0.1 p.p.).
Quadro 3.1.1.2: Exportações de bens por tipo de produto
2014 Jan-Jul 15
Produtos NC8 e respetivos códigos Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 7 002 0.8 0.1 4 309 4.2 0.6
Material de Transporte: S17 (86-89) 5 230 4.8 0.5 3 580 8.1 0.9
Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 4 078 -17.2 -1.8 2 442 11.5 0.9
Metais: S15 (72-83) 3 860 4.5 0.4 2 376 5.4 0.4
Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 3 842 0.4 0.0 2 382 4.3 0.4
Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 453 5.0 0.3 2 202 4.9 0.4
Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 3 114 3.9 0.2 1 817 5.7 0.3
Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)
2 885 11.4 0.6 1 685 10.7 0.6
Vestuário: S11 (61-62) 2 782 9.1 0.5 1 750 3.2 0.2
Químicos: S6 (28-38) 2 591 -2.8 -0.2 1 528 -2.7 -0.1
Calçado: S12 (64-67) 1 963 7.5 0.3 1 216 1.1 0.0
Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 838 5.7 0.2 1 186 5.1 0.2
Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 1 566 3.6 0.1 1 008 6.9 0.2
Mobiliário: S20 (94) 1 540 11.9 0.3 996 9.7 0.3
Outros 1 315 -4.5 -0.1 816 5.5 0.2
Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)
791 2.4 0.0 510 12.6 0.2
Peles e couros S8 (41-43) 254 13.2 0.1 161 7.0 0.0
Total 48 105 1.7 29 964 5.7
Total sem combustíveis 44 027 3.9 3.5 27 522 5.2 4.8
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da
UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
Crescimento das
exportações com
contributos de um
conjunto variado de
produtos
Melhoria da
balança de bens
influenciada pela
redução das
importações de
combustíveis
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20
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Por mercados, o crescimento homólogo das exportações de janeiro a julho (5.7%) repartiu-se
entre 5.0 p.p. na UE e apenas 0.7 p.p. na no mercado extracomunitário.
O crescimento dos 20 principais mercados nesse período foi semelhante ao verificado no
total das exportações (5.7%), mantendo assim o seu peso.
Quadro 3.1.1.3: Exportações de bens nos 20 principais mercados de 2014
2014 Jan-Jul 2015
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Valor (M€)
Tvhn (%)
Contributo (p.p.)
Espanha 11 298 1.1 0.3 7 519 11.7 2.8
França 5 648 2.7 0.3 3 627 4.4 0.5
Alemanha 5 621 2.0 0.2 3 606 3.5 0.4
Angola 3 176 2.0 0.1 1 257 -26.9 -1.6
Reino Unido 2 939 12.5 0.7 1 944 13.8 0.8
Estados Unidos 2 110 5.6 0.2 1 532 29.6 1.2
Países Baixos 1 908 0.8 0.0 1 200 5.8 0.2
Itália 1 542 -1.5 0.0 945 5.4 0.2
Bélgica 1 307 -2.7 -0.1 688 -4.8 -0.1
China 839 27.6 0.4 566 18.7 0.3
Brasil 639 -13.6 -0.2 336 -2.1 0.0
Marrocos 587 -19.8 -0.3 420 16.3 0.2
Argélia 588 11.5 0.1 354 -5.5 -0.1
Suécia 465 5.6 0.1 244 -16.0 -0.2
Polónia 473 7.5 0.1 325 15.9 0.2
Suíça 429 2.4 0.0 276 7.9 0.1
Turquia 403 5.9 0.0 197 -18.1 -0.2
República Checa 319 11.9 0.1 187 -3.6 0.0
Moçambique 318 -3.0 0.0 208 21.9 0.1
Dinamarca 304 -3.4 0.0 181 -4.5 0.0
Subtotal 40 916 2.4 2.0 25 611 5.7 4.9
Total 48 105 1.7 29 964 5.7
Intra-UE 34 099 2.5 1.8 21 822 6.9 5.0
Extra-UE 14 006 -0.2 -0.1 8 142 2.6 0.7
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das exportações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação
homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
Entre esses mercados, o maior contributo positivo para o aumento das exportações foi dado
por Espanha (2.8 p.p.), seguindo-se os EUA (1.2 p.p.), o Reino Unido (0.8 p.p.), a França (0.5
p.p.) e a Alemanha (0.4 p.p.). Apenas cinco mercados registaram contributos negativos:
Angola (-1.6 p.p.), Suécia, Turquia (-0.2 p.p.), Argélia e Bélgica (-0.1 p.p.).
A forte quebra no mercado de Angola (tvh de -26.9%) reduziu para 4.2% o seu peso nas
exportações (após 6.6% em 2014), passando da 4ª para a 6ª posição no ranking dos nossos
principais mercados de exportação (ultrapassado pelos mercados do Reino Unido e dos EUA).
UE impulsiona a
subida das
exportações
Angola passa de 4º
para 6º no ranking
de mercados de
exportação
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
21
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Quotas de mercado das exportações de bens
De acordo com dados revistos, a quota de mercado das exportações nacionais no
mercado mundial de bens situou-se em 0.339% no primeiro semestre de 2015 (0.770%
no mercado da UE e 0.0987% no mercado extracomunitário), traduzindo uma subida muito
ligeira face à quota de mercado média em 2014.
Quadro 3.1.1.4: Quotas de mercado das exportações de bens (%)
2012 2013 2014 1S 15
Mundo 0.313 0.332 0.337 0.339
Intra-UE 0.692 0.735 0.740 0.770
Extra-UE 0.0947 0.1017 0.1028 0.0987
Fontes: OMC e INE. Nota metodológica: as quotas foram calculadas dividindo as exportações de Portugal (dados
trimestrais da OMC em milhões de dólares, repartidos entre os mercados intra-UE e extra-UE usando a estrutura de
exportações de Portugal calculada a partir de informação do INE para os períodos em causa) pelas importações totais
nos vários mercados (obtidas na mesma base de dados trimestrais da OMC).
Figura 3.1.1.1: Evolução homóloga das exportações de mercadorias, da procura externa
relevante e dos ganhos de quota de mercado
Em comparação homóloga, a evolução parece ser também positiva. Segundo dados do INE, as
exportações de mercadorias cresceram mais do que a procura externa relevante no
segundo trimestre de 2015 (variações homólogas de 7.3% e 5.3% respetivamente), o que
se traduz num ganho homólogo de quota de mercado de cerca de 2.0%, superior ao
registado no primeiro trimestre (0.3%).
Os cálculos efetuados das quotas de mercado nos 20 principais mercados de
exportação de bens nos sete primeiros meses de 2015 revelam uma melhoria face a 2014 em
10 dos 19 países com informação disponível para os sete primeiros meses de 2015 (1º
semestre, no caso de Angola), uma queda em seis casos e uma estabilização nos restantes três.
5.6
4.6
1.7
-0.7
1.4
4.1 4.1
7.3
1.3
-2.1
1.9 1.7 2.6 2.5
3.8
5.3
4.3
6.7
-0.2
-2.4
-1.2
1.6
0.3
2.0
-4.0
-2.0
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
2012 2013 2014 2T 14 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15
Exportações de mercadorias (tvhn, %)Procura externa relevante (tvhn, %)Ganho (+) / Perda (-) de quota de mercadoFonte: INE e cálculos próprios
Quota de mercado
mundial das
exportações
nacionais de
0.339% no 1ºT 15
Ganhos de quota
expressivos na
China, em Espanha
e na Argélia, e
perda forte em
Angola
Ganho de quota
reforça-se no 2º
Trimestre
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22
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Salientamos os ganhos de quota significativos na China, em Espanha e na Argélia, e a perda
acentuada no mercado angolano (ver quadro abaixo).
Quadro 3.1.1.5: Quotas de mercado nos 20 maiores mercados de exportação de bens
Quotas (%) Variação (p.p.)
2013 2014 Jan-Jul 15 2014 Jan-Jul 15
Espanha 4.36 4.19 4.56 -0.16 0.36
Alemanha 0.61 0.62 0.65 0.00 0.04
França 1.07 1.11 1.19 0.04 0.09
Angola* 16.49 15.90 13.52 (1S 15) -0.59 -2.39 (1S 15)
Reino Unido 0.53 0.57 0.59 0.04 0.02
Estados Unidos 0.11 0.12 0.13 0.00 0.01
Países Baixos 0.43 0.43 0.45 0.00 0.02
Itália 0.43 0.43 0.43 0.00 -0.01
Bélgica 0.39 0.38 0.35 -0.01 -0.03
Brasil 0.05 0.04 0.04 -0.01 0.00
Marrocos 0.39 0.33 0.41 -0.06 0.09
China 1.93 2.42 2.79 0.492 0.367
Argélia 1.28 1.34 1.45 0.06 0.11
Suécia 0.36 0.38 0.35 0.02 -0.04
Polónia 0.28 0.29 0.33 0.00 0.04
Suíça 0.17 0.21 0.21 0.03 0.00
Turquia 0.20 0.22 0.17 0.02 -0.05
República Checa 0.26 0.28 0.26 0.01 -0.02
Moçambique* 4.79 4.93 0.14
Dinamarca 0.43 0.41 0.40 -0.03 0.00
Fontes: OMC, INE Angola, INE Moçambique, INE, BdP, cálculos próprios. Tabela ordenada pelo ranking das exportações
em 2014 (como no quadro 3.1.1.3). P.p. = pontos percentuais. *Pesos de Portugal nas importações de mercadorias
desses países, obtidas a partir de dados dos respetivos institutos nacionais de estatística. As restantes quotas seguem a
metodologia descrita na nota do quadro anterior (mas aqui com dados mensais).
Importações de bens
A desagregação das importações por produtos mostra que a evolução homóloga nos sete
primeiros meses de 2015 (variação de 3.5%) foi fortemente influenciada pelo contributo
negativo da rubrica de combustíveis (-3.4 p.p.) e pelos contributos positivos do material de
transporte (2.1 p.p.) e dos químicos (1.1 p.p.).
Crescimento das
importações de
material de
transporte e
químicos, e descida
nos combustíveis
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23
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Quadro 3.1.1.6: Importações de bens por tipo de produto
2014 Jan-Jul 15
Produtos NC8 e respetivos códigos Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Combustíveis e óleos minerais: S5 (27) 10 196 -8.6 -1.7 4 924 -19.1 -3.4
Máquinas e aparelhos: S16 (84-85) 9 063 7.6 1.1 5 368 4.4 0.7
Material de Transporte: S17 (86-89) 6 232 23.0 2.0 4 412 19.9 2.1
Animais vivos, produtos animais e vegetais, e gorduras: S1 (1-5), S2 (6-14), S3 (15)
6 148 -1.4 -0.2 3 804 6.8 0.7
Químicos: S6 (28-38) 6 083 3.5 0.4 3 935 10.5 1.1
Metais: S15 (72-83) 4 481 3.6 0.3 2 889 8.5 0.7
Plásticos e borracha: S7 (39-40) 3 439 4.9 0.3 2 181 5.3 0.3
Alimentação, bebidas e tabaco, S4 (16-24) 2 726 -3.6 -0.2 1 575 2.8 0.1
Outros 2 031 2.0 0.1 1 240 9.5 0.3
Madeira e cortiça: S9 (44-46) e S10 (47-49) 1 953 6.0 0.2 1 184 4.7 0.2
Vestuário: S11 (61-62) 1 807 11.7 0.3 1 053 8.2 0.2
Têxteis: S11 (50-60, 63) 1 801 4.4 0.1 1 132 3.5 0.1
Peles e couros S8 (41-43) 829 12.6 0.2 506 -0.3 0.0
Mobiliário: S20 (94) 734 16.2 0.2 485 14.9 0.2
Calçado: S12 (64-67) 699 16.9 0.2 438 8.9 0.1
Pedra, cerâmica e vidro: S13 (68-70) 593 10.7 0.1 367 7.3 0.1
Produtos minerais exceto combustíveis: S5 (25-26)
161 12.5 0.0 100 8.6 0.0
Total 58 976 3.4 35 594 3.5
Total sem combustíveis 48 781 6.4 5.1 30 670 8.4 6.9
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. NC8 = Nomenclatura combinada de mercadorias da
UE a oito dígitos; M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
A evolução por mercados de origem teve contributos de 4.6 p.p. nas importações intra-UE e
-1.1 p.p. nas extracomunitárias, destacando-se os contributos positivos de Espanha (2.1 p.p.)
e França (0.5 p.p.), e negativos de Nigéria (-1.4 p.p.) e Angola (-0.6 p.p.).
Apenas importações
intra-UE sobem,
sobretudo as de
Espanha
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24
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Quadro 3.1.1.7: Importações de bens nos 20 principais mercados de 2014
2014 Jan-Jul 2015
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Espanha 19 202 4.4 1.4 11 730 6.4 2.1
Alemanha 7 276 12.2 1.4 4 337 0.4 0.1
França 4 163 8.6 0.6 2 649 7.2 0.5
Itália 3 069 5.2 0.3 1 926 5.6 0.3
Países Baixos 3 029 6.3 0.3 1 763 0.6 0.0
Reino Unido 1 809 8.0 0.2 1 166 15.4 0.5
Angola 1 606 -39.0 -1.8 768 -21.9 -0.6
China 1 599 16.7 0.4 1 013 10.2 0.3
Bélgica 1 571 10.0 0.3 1 024 12.6 0.3
Estados Unidos 918 9.0 0.1 565 -3.6 -0.1
Brasil 865 4.0 0.1 524 -16.7 -0.3
Cazaquistão 814 48.0 0.5 383 -14.5 -0.2
Arábia Saudita 785 12.9 0.2 461 3.4 0.0
Argélia 712 77.7 0.5 347 21.0 0.2
Rússia 711 -28.9 -0.5 361 6.0 0.1
Suécia 658 19.3 0.2 398 0.2 0.0
Irlanda 610 11.9 0.1 435 32.9 0.3
Nigéria 542 -27.5 -0.4 8 -98.3 -1.4
Polónia 534 22.8 0.2 346 12.1 0.1
Índia 492 25.3 0.2 276 -11.2 -0.1
Subtotal 50 965 4.9 4.2 30 480 2.3 2.0
Total 58 976 3.4 35 594 3.5
Intra-UE 44 102 7.4 5.3 27 162 6.1 4.6
Extra-UE 14 874 -6.8 -1.9 8 432 -4.1 -1.1
Fonte: INE. Tabela ordenada pelo valor das importações em 2014. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação
homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais.
3.1.2 Comércio internacional de serviços
O excedente da balança de serviços registou uma subida homóloga de 3.8% (233 M€) no
período de janeiro a julho de 2015, para 6303 M€, correspondendo a um aumento absoluto
das exportações superior ao das importações (587 e 354 M€, respetivamente), ainda que a
taxa de variação tenha sido inferior (4.5% e 5.1%). A rubrica de Viagens e turismo deu o
principal contributo para o aumento das exportações (5.0 p.p., traduzindo uma tvh de 12.2%) e
das importações (2.4 p.p. e 8.8%), tendo sido a única rubrica com saldo positivo.
Excedente da
balança de serviços
sobe impulsionado
pela rubrica de
Viagens e turismo, a
única com saldo
positivo
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
25
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Quadro 3.1.2.1: Balança de serviços
2014 Var. homóloga Jan-Jul 15 Var. homóloga
Valor
(M€)
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Valor
(M€)
Valor
(M€)
Tvhn
(%)
Contributo
(p.p.)
Exportações 23 623 1 643 7.5 13 616 587 4.5
Transformação, manut., reparação
677 -196 -22.4 -0.9 374 -41 -10.0 -0.3
Transportes 5 797 197 3.5 0.9 3 406 38 1.1 0.3
Viagens e turismo 10 394 1 144 12.4 5.2 6 002 652 12.2 5.0
Outros serviços forn. por empresas
4 212 485 13.0 2.2 2 415 -92 -3.7 -0.7
Outros 2 543 13 0.5 0.1 1 419 32 2.3 0.2
Importações 12 146 1 236 11.3 7 313 354 5.1
Transformação, manut., reparação
342 64 22.9 0.6 183 -7 -3.4 -0.1
Transportes 3 244 156 5.0 1.4 1 889 48 2.6 0.7
Viagens e turismo 3 318 199 6.4 1.8 2 082 168 8.8 2.4
Outros serviços forn. por empresas
2 478 625 33.7 5.7 1442 49 3.5 0.7
Outros 2 765 193 7.5 1.8 1 717 97 6.0 1.4
Saldo 11 478 407 3.7 6 303 233 3.8
Transformação, manut., reparação
336 -260 -43.6 191 -35 -15.5
Transportes 2 554 41 1.6 1517 -10 -0.7
Viagens e turismo 7076 946 15.4 3921 484 14.1
Outros serviços forn.
por empresas 1734 -140 -7.5 973 -141 -12.6
Outros -222 -180 39 -299 -65 s.s.
Fonte: BdP. M€= milhões de euros; tvhn = taxa de variação homóloga nominal; p.p. = pontos percentuais; s.s. = sem
significado.
De acordo com os dados disponíveis da OMC, a quota das exportações nacionais nas
importações mundiais de serviços comerciais situou-se em 0.63% no ano de 2014.
3.1.3 Balança de bens e serviços
O saldo positivo da balança de bens e serviços (BBS) subiu para 1481 M€ nos sete
primeiros meses de 2015 (face a 1056 M€ no período homólogo), traduzindo um menor défice
da balança de bens e um excedente mais elevado nos serviços, segundo dados do Banco de
Portugal (note-se que a componente de bens difere dos dados acima apresentados do INE –
ver nota do quadro abaixo). O peso dos serviços na estrutura da BBS manteve-se praticamente
inalterado em comparação homóloga (31.6% nas exportações e de 17.6% nas importações).
Destaca-se ainda o aumento do peso das Viagens e turismo no total das exportações de bens
e serviços, passando de 13.1% para 13.9%.
Excedente da BBS
aumenta
Subida do peso das
viagens e turismo no
total de exportações
de bens e serviços
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
26
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Quadro 3.1.3.1: Balança de bens e serviços
Exportações
Importações Saldo
Jan-Jul
Jan-Jul
Jan-Jul
2014 2015 2014 2015 2014 2015
Valor
(M€)
Peso
(%)
Valor
(M€)
Peso
(%)
Valor
(M€)
Peso
(%)
Valor
(M€)
Peso
(%)
Valor
(M€)
Valor
(M€)
Bens (FOB) 27 862 68.1 29 499 68.4 32 876 82.5 34 321 82.4 -5 014 -4 822
Serviços 13 029 31.9 13 616 31.6 6 959 17.5 7 313 17.6 6 070 6 303
Transformação,
manut., reparação 416 1.0 374 0.9 189 0.5 184 0.4 227 190
Transportes 3 368 8.2 3 406 7.9 1 841 4.6 1 889 4.5 1 527 1 517
Viagens e turismo 5 351 13.1 6 002 13.9 1 914 4.8 2 082 5.0 3 437 3 920
Outros serviços
forn. por empresas 2 508 6.1 2 415 5.6 1 393 3.5 1 442 3.5 1 115 973
Outros serviços 1 386 3.4 1 419 3.3 1 622 4.1 1 716 4.1 -236 -297
Total 40 891 100.0 43 115 100.0 39 835 100.0 41 634 100.0 1 056 1 481
Fonte: Banco de Portugal. M€= milhões de euros. Nota: devido a diferenças de natureza metodológica, ocorre uma
diferença significativa de valores na balança de bens entre este quadro e o quadro 3.1.1.1, que tem como fonte o INE.
As diferenças têm origem sobretudo nas importações, em boa medida porque esta componente se encontra expressa
em valores CIF nos dados do INE e em valores FOB nos do Banco de Portugal (ver nota ao quadro 3.1.1.1).
3.1.4 Termos de troca de bens e de serviços
Segundo dados revistos (já tendo em conta os dados definitivos das contas nacionais de 2013),
no segundo trimestre de 2015 registou-se uma melhoria menos intensa dos termos de troca,
(2.4%, em termos homólogos, após 3.2% no trimestre anterior), abrangendo tanto os bens (de
2.7% para 2.2%) como os serviços (de 2.0% para 0.7%). A melhoria dos termos de troca,
ainda que menos intensa, favorece o saldo da balança de bens e serviços.
Quadro 3.1.4.1: Evolução dos termos de troca (tvh, %)
Deflator exportações, tvh (1) Deflator importações, tvh (2) Termos de troca (p.p.)= (1)-(2)
Bens
(FOB)
Serviços Total Bens
(FOB)
Serviços Total Bens
(FOB)
Serviços Total
2012 1.7 1.6 1.7 1.0 1.6 1.1 0.7 -0.1 0.6
2013 -1.6 0.7 -1.0 -3.2 0.5 -2.7 1.6 0.2 1.7
2014 -1.4 1.3 -0.7 -2.7 1.1 -2.1 1.3 0.2 1.4
1T 15 -2.7 2.3 -1.4 -5.5 0.4 -4.6 2.7 2.0 3.2
2T 15 -1.3 1.6 -0.5 -3.4 0.9 -2.9 2.2 0.7 2.4
Fonte: INE (Contas nacionais base 2011, SEC 2010) e cálculos próprios. Tvh = taxa de variação homóloga. FOB: ver
nota ao quadro 3.1.1.1.
Nos bens, os preços das exportações desagravaram-se menos (de -2.7% para -1.3%) do que
os das importações (de -5.5% para -3.4%), enquanto nos serviços os preços abrandaram nas
exportações (de 2.3% para 1.6%) e aceleraram nas importações (de 0.4% para 0.9%).
Melhoria menos
intensa dos termos
de troca no 2º T
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
27
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
3.2 Investimento direto
Segundo dados revistos do BdP (seguindo o princípio direcional), a posição de investimento
direto líquido (IDE) situou-se em 56711 M€ no final do segundo trimestre de 2015, traduzindo
um crescimento homólogo de 11.9%, que resultou de um aumento mais forte na posição de
investimento direto estrangeiro (10.0%, para 103722 M€) do que na posição de
investimento direto no exterior (7.9%, para 47011 M€). Em comparação com a evolução
homóloga no final do primeiro trimestre, os dados mostram uma aceleração da posição de
investimento direto líquido e da posição de investimento direto estrangeiro, e uma recuperação
da posição de investimento no exterior.
Quadro 3.2.1: Investimento direto (posição em final de período em M€, salvo outra indicação)
2013 2014 1T 15 2T 15
Posição de Investimento Direto líquido = (1)-(2) 47379 47106 50097 56711
Tvh (%) 5.5 -0.6 4.1 11.9
Posição de Investimento Direto Estrangeiro (1) 90061 88523 93063 103722
Tvh (%) 2.5 -1.7 1.7 10.0
Posição de Investimento Direto no Exterior (2) 42681 41417 42966 47011
Tvh (%) -0.6 -3.0 -0.9 7.9
Fonte: BdP. Tvha =taxa de variação homóloga; M€= milhões de euros.
Aceleração da
posição de
investimento direto
líquido e
estrangeiro, e
recuperação da
posição de
investimento direto
no exterior
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
28
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
4. FINANCIAMENTO
4.1 Taxas de juro
Quadro 4.1.1: Taxas de juro
2013 2014 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15 Jul-15 Ago-15
Taxas de juro (%)
Mercado monetário
Taxa “Refi” do BCE (fim de período) 0.25 0.05 0.05 0.05 0.05 0.05 0.05 0.05
Taxas Euribor (valores médios)
3 meses 0.220 0.209 0.165 0.082 0.046 -0.006 -0.019 -0.028
6 meses 0.336 0.308 0.266 0.181 0.125 0.060 0.049 0.044
12 meses 0.536 0.475 0.440 0.334 0.255 0.169 0.167 0.161
Dívida soberana: OT (valores médios)
Yield PT, 10 anos (a) 6.29 3.75 3.45 3.05 2.18 2.40 2.74 2.52
Yield Área Euro, 10 anos 3.00 2.05 1.80 1.50 1.02 1.29 1.33 1.40
Yield Alemanha, 10 anos (b) 1.57 1.16 0.99 0.70 0.31 0.49 0.71 0.61
Prémio de risco de PT = (a) –(b) 4.72 2.59 2.45 2.35 1.88 1.91 2.03 1.91
Crédito a empresas
Novas operações até 1 M€ (exclui descobertos bancários)
Taxa de juro média pond. em PT 6.39 5.53 5.37 4.94 4.72 4.25 4.09
Tx. de juro média pond. na A. Euro 3.78 3.52 3.42 3.19 3.00 2.83 2.78
Fontes: EMMI (European Money Markets Institute), BdP, BCE e Eurostat. OT = Obrigações do Tesouro; PT = Portugal;
Taxa “Refi” do BCE = taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema.
Figura 4.1.1: Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses (valores médios mensais, %)
No mercado monetário europeu, as taxas Euribor renovaram mínimos históricos em agosto
(valores médios de -0.028% no prazo de três meses, 0.044% a seis meses e 0.161% a 12
meses), em resultado da política monetária expansionista do BCE. A taxa Euribor média a 3
-0.028
0.044
0.161
-0.1
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
ago-1
4
set-
14
out-
14
nov-
14
dez-
14
jan-1
5
fev-1
5
mar-
15
abr-
15
mai-15
jun-1
5
jul-15
ago-1
5
Euribor 3m Euribor 6 m Euribor 12 mFonte: EMMI
Taxas Euribor em
novos mínimos e
com um valor médio
negativo a 3 meses
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
29
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
meses registou um valor médio negativo, pelo quarto mês consecutivo, a refletir a taxa de
depósito negativa do BCE e as limitações na colocação de fundos. No dia 24 de setembro, as
taxas Euribor situaram-se em -0.040%, 0.032% e 0.148% a 3, 6 e 12 meses, respetivamente.
Figura 4.1.2: Yields soberanas a 10 anos de alguns países da Área Euro (%)
No mercado secundário de dívida pública, a yield média a 10 anos de Portugal recuou pelo
segundo mês seguido em agosto (para 2.52%, ainda acima do mínimo histórico de 1.74%
registado em março), para o que contribuiu o fim do impasse na Grécia. O diferencial face à
yield alemã (medida do prémio de risco-país) também recuou pelo segundo mês seguido,
atingindo 1.91 p.p.. Já em setembro, a yield diária a 10 anos situou-se em 2.60% no dia 22.
Figura 4.1.3: Taxas de juro sobre novas operações (até 1 M€, excluindo descobertos
bancários) a sociedades não financeiras por inst. fin. monetárias (médias ponderadas, %)
0.61
10.26
2.52
0
2
4
6
8
10
12
ago-1
3
set-
13
out-
13
nov-1
3
dez-
13
jan-1
4
fev-1
4
mar-
14
abr-
14
mai-14
jun-1
4
jul-14
ago-1
4
set-
14
out-
14
nov-
14
dez-
14
jan-1
5
fev-1
5
mar-
15
abr-
15
mai-15
jun-1
5
jul-15
ago-1
5
Alemanha Espanha Grécia Irlanda PortugalFonte: Eurostat
2.59
1.85
4.09
2.78
1
2
3
4
5
6
7
8
mai-11
jul-11
set-
11
nov-1
1
jan-1
2
mar-
12
mai-12
jul-12
set-
12
nov-1
2
jan-1
3
mar-
13
mai-13
jul-13
set-
13
nov-1
3
jan-1
4
mar-
14
mai-14
jul-14
set-
14
nov-1
4
jan-1
5
mar-
15
mai-15
jul-15
Chipre Alemanha Espanha França Grécia
Irlanda Itália Luxemburgo Portugal Zona Euro
Fontes: BCE,
Eurostat
Yield das OT a 10
recua com fim do
impasse na Grécia
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
30
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
A taxa de juro média dos empréstimos às Sociedades Não Financeiras (operações até
1 M€) de Portugal subiu ligeiramente em julho (para 4.09%), mas manteve-se próximo de
um mínimo de mais de 15 anos. Apesar da tendência de descida, o valor é ainda um dos mais
elevados da área euro (cuja média se situou em 2.78% nesse mês), apenas abaixo dos níveis
registados no Chipre e na Irlanda (não estão disponíveis dados recentes para a Grécia).
4.2 Crédito bancário
Quadro 4.2.1: Stock de crédito (final de período)
2013 2014 Jun-14 Set- 14 Dez-14 Mar-15 Abr-15
Crédito interno total (M€) 330 632 311 482 321 154 316 092 311 482 309 278 309 430
Tvh (%) -4.0 -5.8 -5.7 -6.5 -5.8 -4.7 -4.3
Crédito a soc. não financeiras 115 704 101 125* 112 085 110 789 101 125* 100 806 100 300
Tvh (%) -6.1 s.s. -7.5 -5.6 s.s. s.s. s.s.
Crédito à Ind. Transf. 13 241 13 118* 13 469 13 353 13 118* 13 407 13 345
Tvh (%) -2.6 s.s. -2.1 -0.5 s.s. s.s. s.s.
Fonte: BdP. Tvh =taxa de variação homóloga; M€= milhões de euros; s.s.=sem significado. *Quebra de série.
Figura 4.2.1: Stock de crédito interno do setor financeiro monetário às sociedades não
financeiras (M€, tvh e tvc, em %)
Os dados mais recentes do stock de crédito às Sociedades Não Financeiras evidenciaram
uma redução em cadeia de 0.4% em junho, para 99499 M€, após uma subida ligeira no mês
anterior (0.1%). Apesar do retorno da descida mensal, a tendência recente é ainda de
desagravamento, tendo-se registado apenas quatro meses de queda nos sete primeiros meses
do ano, quando em 2014 a descida foi persistente (note-se que, devido a uma quebra de série
no final de 2014, não é possível a comparação em termos homólogos).
Em variação absoluta, o stock de crédito às Sociedades Não Financeiras diminuiu 1223 M€
nos sete primeiros meses de 2015, abaixo das descidas de 3047 M€ nas Sociedades
99 499
-0.4%
-9.5%
-6.0%
-12%
-10%
-8%
-6%
-4%
-2%
0%
2%
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
mai-11
jul-11
set-
11
nov-1
1
jan-1
2
mar-
12
mai-12
jul-12
set-
12
nov-1
2
jan-1
3
mar-
13
mai-13
jul-13
set-
13
nov-1
3
jan-1
4
mar-
14
mai-14
jul-14
set-
14
nov-1
4
jan-1
5
mar-
15
mai-15
jul-15
Stock de crédito interno às soc. não fin. (esc. esq.)
tvc (taxa de variação em cadeia)
tvh (taxa de variação homóloga)Fonte: BdP. Quebra de série em dez-14
Taxa de juro do
crédito às empresas
perto de mínimos
mas ainda das mais
altas da Área Euro
Retorno da queda
mensal do stock de
crédito ao Setor
Não Financeiro,
mas ainda dentro
de uma tendência
desagravamento
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
31
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Financeiras e 2301 M€ nos Particulares. Esta evolução foi mais do que compensada pelo
aumento de 6596 M€ no stock de crédito às Administrações Públicas, explicando o aumento
de 385 M€ no crédito interno total desde dezembro (para 310807 M€).
Figura 4.2.2: Empréstimos bancários a sociedades não financeiras por setor de atividade
(saldos em final de mês, não incluindo títulos; M€)
Por setor de atividade, os dados permitem destacar o aumento do crédito entre dezembro de
2014 e julho de 2015 no alojamento, restauração e similares (174 M€), na indústria
transformadora (148 M€), na educação, saúde e outros (87 M€), nas atividades de consultoria,
técnicas e administrativas (43 M€) e, em menor medida, na agricultura e pescas (5 M€).
Figura 4.2.3: Crédito do setor financeiro monetário e não monetário às sociedades não
financeiras: PME, grandes empresas e exportadoras (taxa de variação anual, tva, %)
Ainda nas Sociedades Não Financeiras, os dados mostram uma atenuação da queda do crédito
tanto às PME como às grandes empresas (taxa de variação anual, tva, de -2.3% e -2.5% em
1 225
2 224
3730
4 099
4 535
5141
5516
6 599
11 465
12 315
13 203
14 528
0 2 000 4 000 6 000 8 000 10 000 12 000 14 000 16 000
Outras atividades
Agricultura, produção animal,…
Educação, saúde e outras…
Eletricidade, gás, vapor e água;…
Alojamento, restauração e similares
Atividades de consultoria, técnicas…
SGPS
Transportes e armazenagem
Atividades imobiliárias
Comércio
Indústria transformadora
Construção
dez-14 jul-15Fonte: BdP. Nota: quebra de série em Dez-14
-6.7
-1.6
1.5
-4.0
-7.6
0.9
-2.3 -2.5
2.3
-10.0
-8.0
-6.0
-4.0
-2.0
0.0
2.0
4.0
PME Grandes empresas Empresas exportadoras
dez-13 dez-14 jul-15Fonte: BdP
Crédito melhora na
no alojamento e
restauração, e na IT
Subida do stock de
crédito à Ad.
Pública contraria
queda no setor
privado
Menor queda do
crédito a PME e
grandes empresas, e
aceleração nas
exportadoras
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
32
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
julho, respetivamente, após -4.0% e -7.6% em dezembro). Salienta-se ainda a aceleração
significativa do crédito às empresas exportadoras (de uma tva de 0.9% para 2.3%).2
4.3 Mercado de capitais
No período de janeiro a agosto, o valor transacionado no mercado secundário cifrou-se em
20209.5 M€, o que representa uma redução homóloga de 33.3%, refletindo sobretudo a
evolução da Euronext Lisbon (tvh de -33.7% para 19996.4 M€), o mercado com maior peso.
Nos sistemas de negociação multilateral (com menores exigências de listagem, mais
apropriados à participação das PME), pelo contrário, assistiu-se a um crescimento acentuado
(57.5%, para 213 M€), com origem na evolução da Easynext Lisbon (81.1%, para 210.3 M€),
que contrariou a descida registada no PEX (-85.6%, para 2.8 M€), não se tendo registado
transações significativas na Alternext Lisbon. Em termos de capitalização, os dados de
agosto mostraram homólogas quebras na Euronext Lisbon, na Easynext Lisbon e na Alternext
Lisbon (tvh de -5.3%, -1.4% e -49.0%, respetivamente).
No final de agosto, o índice acionista de referência PSI-20 registou uma variação homóloga de
-11.5% e mensal de -8.0%, mas com um ganho acumulado no ano de 9.6%.
Quadro 4.3.1: Transações e capitalização bolsista (M€, salvo outra indicação)
Valor transacionado Capitalização bolsista
2013 2014 Jan-ago 15 dez-13 dez-14 ago-15
Mercados regulamentados 30 383.3 38 816.4 19 996.4
Tvh (%) 27.8 -33.7
Euronext Lisbon 30 383.3 38 816.4 19 996.4 226 057.0 240 262.5 240 333.7
Tvh (%) 27.8 -33.7 8.7 6.3 -5.3
Sistemas de neg. multilateral 778.1 852.3 213.0
Tvh (%) 9.5 57.5
EasyNext Lisbon 715.8 828.5 210.3 3 220.1 3 231.7 3 406.2
Tvh (%) 15.7 81.1 25.2 0.4 -1.4
AlterNext Lisbon 0.0 0.0 0.0 7.7 64.3 32.8
Tvh (%) -96.2 s.s. 0.0 732.5 -49.0
PEX 62.3 23.7 2.8
Tvh (%) -61.9 -85.6
Total (merc. secund. contado) 31 161.4 39 668.7 20 209.5
Tvh (%) 27.3 -33.3
Fonte: CMVM. Tvh = taxa de variação homóloga; s.s.=sem significado.
2 Nota: os dados deste parágrafo não são diretamente comparáveis com o anterior, por incluírem empréstimos de
instituições não monetárias, mas excluírem o crédito titularizado.
Valor
transacionado cai
na Euronext
Lisbon e no PEX,
mas sobe na
Easynext Lisbon
PSI-20 corrige em
baixa
Queda generalizada
da capitalização
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
33
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
5. MERCADO DE TRABALHO
A taxa de desemprego situou-se em 11.9% no segundo trimestre de 2015, um mínimo
da nova série, iniciada em 2011, traduzindo uma descida significativa face ao período homólogo
(13.9%) e também face ao trimestre anterior (13.7%), evolução esta que pode ser influenciada
por sazonalidade. O número de desempregados diminuiu 14.9% em termos homólogos, o
emprego aumentou 1.5% e a população ativa recuou 0.8%.
Figura 5.1: Taxa de desemprego total, jovem e de longa duração
(%, sem correção de sazonalidade)
O detalhe dos dados mostra que a subida homóloga do emprego apenas ocorreu nos setores
secundário e terciário (3.2% e 2.5%, respetivamente), contrariando a queda no setor primário
(-10.6%), e que os contratos de trabalho com termo foram os que mais aumentaram entre
os trabalhadores por conta de outrem (10.9%, face a 2.3% nos sem termo).
No que se refere ao desemprego, registaram-se tvh de -19.2% no setor primário, -18.3% no
secundário e -11.6% no terciário.
Por grau de qualificação, a redução homóloga do desemprego foi mais forte nos níveis de
ensino básico (tvh de -18.7%) e superior (-15.2%) do que no secundário (-6.2%).
Realça-se ainda a queda da taxa de desemprego de longa duração (para 7.6%, o mínimo
desde o primeiro trimestre de 2012) e da taxa de desemprego jovem (para 29.8%, o valor
mais baixo desde o segundo trimestre de 2011) para mínimos de vários anos.
12.7 15.5 16.2
13.9 12.4
17.5 15.1
13.9 13.1 13.5 13.7 11.9
30.3
37.9 38.1 34.8
28.0
42.5
37.5
32.2 34.0 34.4
29.8
6.7 8.4
10.0 9.1 6.6
10.4 9.6 9.4 8.8 8.7 8.9 7.6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2011
2012
2013
2014
1T 1
1
2T 1
1
3T 1
1
4T 1
1
1T 1
2
2T 1
2
3T 1
2
4T 1
2
1T 1
3
2T 1
3
3T 1
3
4T 1
3
1T 1
4
2T 1
4
3T 1
4
4T 1
4
1T 1
5
2T 1
5
Taxa de desemprego total
Taxa de desemprego jovem (15-24 anos)
Taxa de desemprego de longa duração (12 ou mais meses)Fonte: INE
Taxa de desemprego
em 11.9% no 2T 15,
um mínimo da série
iniciada em 2011
Setor secundário
com a maior subida
homóloga do
emprego e o setor
primário com a
maior descida do
desemprego
Desemprego
desce menos nas
qualificações
intermédias
Taxas de
desemprego jovem
e de longa duração
em mínimos de
vários anos
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
34
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Quadro 5.1: Inquérito trimestral ao emprego do INE
2T 14 1T 15 2T 15 Tvh (%) Tvc (%)
População ativa (103 indivíduos) 5 243.5 5 190.0 5 201.2 -0.8 0.2
Taxa de atividade (%) 50.4 50.1 50.3
População empregada (103) 4 514.6 4 477.1 4 580.8 1.5 2.3
Sector Primário 408.6 338.4 365.3 -10.6 7.9
Sector Secundário 1 073.9 1 090.1 1 107.8 3.2 1.6
Sector Terciário 3 032.1 3 048.6 3 107.6 2.5 1.9
Trabalhadores por conta de outrem (103) 3 595.4 3 641.1 3 723.4 3.6 2.3
Com contrato de trabalho sem termo 2 830.2 2 867.8 2 896.7 2.3 1.0
Com contrato de trabalho com termo 630.1 645.5 698.8 10.9 8.3
População desempregada (103) 728.9 712.9 620.4 -14.9 -13.0
Ensino básico: até 3º ciclo 423.6 394.1 344.5 -18.7 -12.6
Ensino secundário ou pós-secundário 185.3 199.1 173.9 -6.2 -12.7
Ensino superior 120.1 119.8 101.9 -15.2 -14.9
Desemp. à procura de novo emprego (103) 639.6 635.5 549.7 -14.1 -13.5
Oriundos do Sector Primário 13.0 19.8 10.5 -19.2 -47.0
Oriundos do Sector Secundário 208.6 188.3 170.5 -18.3 -9.5
Oriundos do Sector Terciário 384.9 398.4 340.1 -11.6 -14.6
Taxa de desemprego (%) 13.9 13.7 11.9
Homens 13.5 13.1 12.0
Mulheres 14.3 14.4 11.8
Jovens (15-24 anos) 35.6 34.4 29.8
Longa duração (12 ou mais meses) 9.4 8.9 7.6
Regiões
Norte 15.0 14.2 13.4
Centro 10.4 11.1 8.5
A. M. Lisboa 15.1 14.2 12.7
Alentejo 14.0 15.5 12.6
Algarve 13.5 16.4 10.8
R. A. Açores 16.0 14.9 11.3
R. A. Madeira 15.7 15.8 13.6
População inativa (103 indivíduos) 5 150.3 5 164.7 5 142.2 -0.2 -0.4
Fonte: INE. Tvh(c)= taxa de variação homóloga (em cadeia).
A descida da taxa de desemprego abrangeu todas as regiões. A maior queda homóloga da
taxa de desemprego ocorreu na Região Autónoma dos Açores (-4.7 p.p., para 11.3%), seguida
pelo Algarve (-2.7 p.p., para 10.8%), Área metropolitana de Lisboa (-2.4 p.p., para 12.7%), R.
A. da Madeira (-2.1 p.p., para 13.6%), Centro (-1.9 p.p., para 8.5%), Norte (-1.6 p.p., para
13.4%) e Alentejo (-1.4 p.p., para 12.6%). Em termos de variação em cadeia, destaca-se a
forte descida registada no Algarve (-5.6 p.p., para 10.8%), explicada pelo incremento sazonal
da atividade turística na região, que deixou assim de registar o valor mais elevado de taxa de
desemprego a nível nacional, uma posição agora ocupada pela R. A. da Madeira (13.6%). O
Centro continuou a registar a taxa de desemprego mais baixa (8.5%).
Queda significativa
da taxa de
desemprego em
todas as regiões
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
35
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
6. CUSTOS DAS MATÉRIAS-PRIMAS
O índice global de matérias-primas do FMI desvalorizou-se pelo terceiro mês seguido em
agosto (-9.4%, após variações em cadeia de -6.9% em julho e -4.0% no segundo trimestre), a
refletir os receios de um abrandamento mais forte da economia chinesa, com quedas nas
principais componentes (-13.8 na energia, -5.8% nas matérias-primas agrícolas, -3.3% nos
metais e -3.1% na alimentação e bebidas). Entre os preços das matérias-primas selecionadas,
destaca-se queda da cotação do brent em julho (-10.4%) e agosto (-15.9%).
Quadro 6.1: Índices e cotações das matérias-primas (médias de período)
2013 2014 1T 15 2T 15 Jul-15 Ago-15
Índices (tvc, %)
Índice global de matérias-primas (100%) -1.6 -6.3 -19.3 -4.0 -6.9 -9.4
Índice de m.p. agrícolas (7.7%) 1.6 1.9 -3.4 -2.8 -6.4 -5.8
Índice de metais (10.7%) -4.3 -10.3 -10.8 -1.4 -7.5 -3.3
Índice da energia (63.1%) -1.8 -7.5 -27.1 9.6 -10.1 -13.8
Índice de alimentação e bebidas (18.5%) -0.1 -2.1 -5.8 -3.8 1.6 -3.1
Preços de mat.-primas industriais
Algodão (cts. $/libra de peso) 90.40 83.10 68.85 72.31 72.35 71.82
Tvc (%) 1.3 -8.1 0.2 5.0 0.0 -0.7
Cobre ($/tonelada) 7331.5 6863.4 5833.2 6056.6 5456.75 5127.30
Tvc (%) -7.9 -6.4 -12.0 3.8 -6.5 -6.0
Minério de ferro ($/tonelada) 135.4 96.8 62.3 57.9 51.50 55.38
Tvc (%) 5.3 -28.5 -15.8 -7.1 -17.3 7.5
Petróleo (barril de brent, $) 108.8 98.9 54.0 62.1 55.9 47.0
Tvc (%) -2.8 -9.1 -28.8 14.9 -10.4 -15.9
Fonte: FMI. Tvc = taxa de variação em cadeia; cts=cêntimos.
Figura 6.1: Índice global de matérias-primas e componentes de inputs industriais: metais,
matérias-primas agrícolas e energia (2005=100, valores mensais)
0
50
100
150
200
250
300
fev-0
5
ago-0
5
fev-0
6
ago-0
6
fev-0
7
ago-0
7
fev-0
8
ago-0
8
fev-0
9
ago-0
9
fev-1
0
ago-1
0
fev-1
1
ago-1
1
fev-1
2
ago-1
2
fev-1
3
ago-1
3
fev-1
4
ago-1
4
fev-1
5
ago-1
5
M.P. Agrícolas Metais Energia Índice global M.P.Fonte: FMI
Índice global de
matérias-primas
cai com receios
sobre a China
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
36
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
7. CUSTOS DA ENERGIA
7.1 Eletricidade
Na altura do corte de informação deste relatório, não estavam disponíveis novos dados sobre os
preços da eletricidade, pelo que se mantém atual a análise abaixo, contida no anterior relatório.
De acordo com dados revistos relativos ao segundo semestre de 2014, os preços sem IVA
e outros impostos dedutíveis da eletricidade pagos pela indústria nacional registaram
variações homólogas mais elevadas do que na UE, com exceção do quarto e do quinto
escalões de consumo.
Os dados já disponíveis para o conjunto da UE permitem confirmar que Portugal continuou a
situar-se na metade de países em que a indústria mais paga pela eletricidade, sendo ainda de
notar que Portugal tem défice e dívida tarifários, não repercutidos no preço, uma situação só
com paralelo em Espanha dentro da UE.
Quadro 7.1.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) da eletricidade na indústria (€/KWh)
Portugal UE (28)
2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 1S 14 2S 14
#UE 28 (sem imp., taxas)
Bandas de consumo
IA: Consumo < 20 MWh
IB
0.1836 0.1910 0.1868 9º em 28 (11º em 28) 0.1896 0.1930
Tvh (%) 1.3 2.8 1.7 1.9 1.4
IB: [20Wh; 500 MWh [ 0.1406 0.1494 0.1442 10º em 28 (8º em 28) 0.1475 0.1442
Tvh (%) 0.4 3.4 2.6 4.8 1.6
IC: [500Wh; 2 000 MWh [ 0.1138 0.1162 0.1187 8º em 28 (7º em 28) 0.1230 0.1201
Tvh (%) -0.9 0.8 4.3 3.1 1.6
ID: [2 000; 20 000 MWh [ 0.1025 0.1010 0.1008 12º em 28 (9º em 28) 0.1082 0.1071
Tvh (%) -1.4 -3.0 -1.7 1.6 0.8
IE: [20 000Wh; 70 000 MWh [ 0.0910 0.0842 0.0879 10º em 28 (12º em 28) 0.0944 0.0936
Tvh (%) -1.0 -8.2 -3.4 0.1 -0.8
IF: [70 000; 150 000 MWh] 0.0818 0.0761 0.0838 10º em 26 (12º em 26) 0.0852 0.0847
Tvh (%) 0.4 -6.7 2.4 -2.1 0.7
Fonte: Eurostat. # UE 28 (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos dedutíveis (sem
todos os impostos e taxas) na UE 28; Mwh= megawatts/hora; tvh= taxa de variação homóloga. Nota: não há dados
para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão de consumo acima de 150 000 MWh.
As posições no ranking de preços dentro da UE sofrem algumas alterações quando se exclui a
totalidade de impostos e taxas (permitindo aferir os preços de mercado sem a influência global
da fiscalidade), aumentando nalguns escalões e descendo noutros, mas conclui-se que também
neste caso Portugal está claramente na metade dos países com preços mais elevados.
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
37
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
7.2 Gás natural
Na altura do corte de informação deste relatório, não estavam disponíveis novos dados sobre os
preços do gás natural, pelo que se mantém atual a análise abaixo, contida no anterior relatório.
No caso do gás natural à indústria, os preços médios nacionais (sem IVA e outros impostos
e taxas dedutíveis) são mesmo dos mais elevados entre os países europeus com informação
disponível, sobretudo nos dois primeiros escalões de consumo (1ª posição nos dois casos).
A situação agravou-se no segundo semestre de 2014, altura em que os preços do gás
natural da indústria sem IVA e outros impostos dedutíveis registaram variações homólogas
acima de 5% nos vários escalões de consumo, em claro contraste com as quedas registadas na
média da UE (entre 2.8% e 8.6%).
Quadro 7.2.1: Preços sem IVA (e outros imp. ded.) do gás natural na indústria (€/GJ)
Portugal UE (28)
2S 13 1S 14 2S 14 2S 14 1S 14 2S 14
#UE (sem imp. taxas)
Bandas de consumo
I1: Consumo < 1 000 GJ
IB
20.46 20.59 21.70 1º em 25 (1º em 25) 14.58 15.05
Tvh (%) 11.8 10.5 6.1 -2.0 -2.8
I2: [1 000; 10 000 GJ [ 16.05 16.02 16.85 1º em 26 (1º em 26) 13.09 12.73
Tvh (%) 6.4 4.7 5.0 -4.5 -4.3
I3: [10 000; 100 000 GJ [ 11.66 11.86 12.33 3º em 26 (2º em 26) 10.97 10.29
Tvh (%) 0.0 1.7 5.7 -4.5 -7.7
I4: [100 000; 1 000 000 GJ [ 10.03 10.10 11.59 4º em 26 (3º em 26) 9.16 8.66
Tvh (%) -2.1 -0.8 5.6 -4.1 -8.6
I5: [1 000 000; 4 000 000 GJ] 9.27 9.56 9.95 5º em 21 (1º em 21) 8.33 7.97
Tvh (%) -5.3 -0.6 7.3 -6.1 -7.0
Fonte: Eurostat. # UE (sem imp., taxas) = ranking do preço de Portugal sem IVA e outros impostos e taxas dedutíveis
(sem todos os impostos e taxas) nos países com informação disponível da UE. ; GJ= gigajoules; tvh= taxa de variação
homóloga. Nota: não há dados para Portugal (e vários outros países europeus) no escalão acima de 4 000 000 GJ.
Excluindo todos os impostos e taxas, verifica-se que Portugal sobe uma posição nos escalões
três e quatro, e quatro posições no quinto escalão.
7.3 Combustíveis
O preço do gasóleo rodoviário sem impostos registou uma variação homóloga de -18.2%
de janeiro a julho de 2015 (-19.9% na UE), continuando a apresentar um valor acima da
média europeia (0.587 e 0.558 €/litro, respetivamente), sendo já o 9º mais elevado da UE.
O preço de venda ao público (com impostos) permaneceu abaixo da média da UE (1.217 e
1.269 €/litro, respetivamente) devido a um peso da tributação inferior à UE (51.7% e 56.0% do
Preço do gasóleo sem
impostos com queda
homóloga de 18.2%
até julho
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
38
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
preço final), mas com um forte aumento face a 2014 (mais do que na UE), o que explica a
entrada na metade de países com preços mais elevado (11ª posição, quando no conjunto de
2014 foi a 19ª). Portugal passou também a apresentar um preço com impostos superior ao de
Espanha (1.156 €/litro), quando no período homólogo os valores eram praticamente iguais.
Quadro 7.3.1: Preço do gasóleo rodoviário em Portugal e na UE (€/litro)
2013 2014 Jan-jul 15 Ago-15
Preço do gasóleo rodoviário sem impostos
Portugal 0.760 0.696 0.587 0.542*
Tvh (%) -6.5 -8.4 -18.2 -22.4
Ranking na UE (28) 8º 13º 9º
UE (28) 0.727 0.681 0.558
Tvh (%) -5.7 -6.3 -19.9
Preço de venda ao público do gasóleo rodoviário
Portugal 1.387 1.311 1.217 1.161*
Tvh (%) -4.4 -5.5 -9.0 -11.6
Ranking na UE (28) 15º 19º 11º
UE (28) 1.445 1.398 1.269
Tvh (%) -3.1 -3.2 -10.4
Peso da tributação no preço (%)
Portugal 45.2 46.9 51.7
UE (28) 49.7 51.3 56.0
Fonte: DGEG (Direção-geral de Energia e Geologia). Nota: a tributação inclui o IVA (dedutível) e o ISP, do qual estão
isentas as instalações abrangidas pelo CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e as empresas abrangidas
pelos ARCE (Acordos de Racionalização de Consumos Energéticos) – nº 2 do artº 89 do CIEC (Código dos Impostos
Especiais sobre o Consumo). * Preços do gasóleo simples.
Já em agosto, os dados disponíveis mostram uma descida mais forte dos preços do gasóleo
em Portugal (-22.4% antes de impostos e -11.6% após impostos), considerando os valores do
gasóleo simples.
No dia 21 de setembro, o preço do gasóleo simples situou-se em 0.526 €/litro antes de
impostos e 1.141 €/litro após impostos, abaixo dos valores médios de agosto.
A evolução dos preços dos combustíveis reflete a cotação do petróleo que, depois de uma
correção em alta no segundo trimestre, tem vindo novamente a recuar de forma significativa
(ver secção 6). Segundo os últimos dados disponíveis, o preço do barril de brent situou-se em
48.20 dólares no dia 24 de setembro, um pouco acima da média de agosto (47.0 dólares).
Preço do gasóleo
com impostos na
metade dos países
com valores mais
elevados e acima de
Espanha
Queda do preço do
gasóleo acentua-se
em agosto e
setembro
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
39
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
8. COMPETITIVIDADE PELOS PREÇOS E PELOS CUSTOS LABORAIS
8.1 Competitividade pelos preços: câmbios e inflação
Os indicadores de competitividade-preço da Comissão Europeia não foram atualizados desde o
anterior número da Envolvente Empresarial, pelo que se mantém a análise. Em 2014
observou-se uma melhoria de 0.5% da competitividade-preço em Portugal (correspondente
a uma depreciação no Índice de Taxa de Câmbio Real Efetiva, ITCRE, medido com o deflator
IPC face a 42 parceiros comerciais3), após uma deterioração ligeira em 2013 (0.3%), com o
efeito desfavorável da apreciação cambial do euro (aferida pelo Índice de Taxa de Câmbio
Nominal Efetiva, ITCNE, medido também face a 42 parceiros comerciais) a ser mais do que
compensado pelo efeito favorável do diferencial de inflação negativo face ao exterior
(-1.3 p.p.). A melhoria da competitividade foi conseguida apenas na segunda metade do ano
(1.3% no terceiro trimestre e 1.7% no quarto trimestre, em termos homólogos), altura em
que o euro começou a depreciar-se devido à política mais expansionista do BCE.
Figura 8.1.1: Evolução da competitividade-preço e das componentes cambial e de diferencial
de preços face ao exterior: 42 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)
Os últimos dados do IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) mostram que, no
segundo trimestre de 2015, a taxa de inflação homóloga subiu mais em Portugal (de 0.0%
para 0.7%) do que na UE (de -0.3% para 0.1%, que compara com 0.0% nos EUA), implicando
um aumento do diferencial de inflação (para 0.6 p.p.), que entretanto subiu até 0.7 p.p. em
agosto (mês em que a inflação nacional estabilizou em 0.7%), uma situação desfavorável à
competitividade-preço, mas que tem sido contrariada pela queda do euro (ver análise abaixo).
3 42 parceiros: 37 parceiros [UE (28)+9 outros países industrializados (Austrália, Canadá, EUA, Japão, Noruega, Nova
Zelândia, México, Suíça e Turquia)]+5 outros países industrializados (Rússia, China, Brasil, Coreia do Sul e Hong Kong).
0.3
-0.5
0.8
0.3
-1.3
-1.7
1.7
0.8
2.2
1.9
0.1
-0.8
-1.4 -1.3 -1.4 -1.6
-1.4
-0.9
-2.0
-1.5
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-preço (ITCRE_IPC, tvh em %)
Componente cambial (ITCNE, tvh em %)
Componente preços (diferença em p.p.)Fonte: Comissão Europeia
Diferencial de
inflação face à UE
aumenta
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
40
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Figura 8.1.2: Taxas de inflação homólogas (%) de Portugal, UE (IHPC) e EUA (IPC), e
diferencial de inflação entre Portugal e a UE (p.p.)
A subida da inflação homóloga no segundo trimestre foi explicada pelo valor positivo na
componente de bens (variação de 0.3%, após -1.0% no trimestre anterior), já que a dos
serviços manteve uma variação de 1.3%, tendo as duas oscilado pouco em julho e agosto.
Figura 8.1.3: Inflação (IHPC), total e componentes de bens e serviços (tvh, %)
O câmbio euro/dólar (cuja evolução é um bom previsor da ITCNE de Portugal em termos de
alteração de andamento, dada a influência sobre os outros câmbios) acentuou a depreciação
homóloga no segundo trimestre de 2015 (-19.4%, após -17.7% no trimestre anterior). A
queda homóloga do euro intensificou-se em julho (-19.4%), mês em que se aproximou de um
mínimo de vários anos, mas depois atenuou-se em agosto (-16.3%, para um valor médio
mensal de 1.1139 dólares por euro, correspondendo a uma subida mensal de 1.3%) com a
perspetiva de início da subida das taxas de juro de referência da Fed até final do ano. No dia 25
de setembro, o euro cotou-se a 1.1151 dólares, acima da média de agosto.
-1.1
-0.8 -0.8
-0.2
0.3
0.6
0.5
0.7
0.4
-0.2 -0.3
0.0 0.0
0.7 0.7 0.7
-2.0
-1.0
0.0
1.0
2.0
2013
2014
3T 1
4
4T 1
4
1T 1
5
2T 1
5
jul-15
ago-1
5
Diferencial PT-UE Portugal UE (28) EUAFonte: Eurostat e BLS
0.4
-0.2 -0.2 -0.3
0.0 0.0
0.7 0.7 0.7
1.1 1.1 1.0
1.6
1.2 1.3 1.3 1.2
1.4
0.0
-1.1 -1.1
-1.6
-0.9 -1.0
0.3 0.3 0.2
-2
-2
-1
-1
0
1
1
2
2
2013 2014 2T 14 3T 14 4T 14 1T 15 2T 15 jul-15 ago-15
IHPC, total (tvh, %) IHPC, serviços (tvh, %) IHPC, bens (tvh, %)Fontes: BdP, INE
Depreciação
homóloga do euro
face ao dólar
acentua-se no 2ºT e
em julho, mas
atenua-se em
agosto com a
perspetiva de
atuação da Fed
Inflação sobe no
2º T, com retoma nos
bens, e estabiliza em
julho e agosto
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
41
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Figura 8.1.4: Taxa de câmbio euro/dólar (média mensal)
8.2 Competitividade pelos custos laborais
Os indicadores de competitividade-custo da Comissão Europeia também não foram atualizados,
pelo que se mantém a análise. Os dados da competitividade-custo (avaliada pelo ITCRE
medido com o deflator CLU – custos laborais unitários) com o número de parceiros comerciais
mais elevado (37, neste caso) mostram uma melhoria de 0.9% em 2014 (correspondendo a
uma depreciação do ITCRE-CLU nessa magnitude), com o efeito de apreciação cambial do
euro (0.4%, neste caso, face a 37 parceiros) a ser contrariada pelo diferencial negativo de
variação dos CLU face ao exterior (-0.9 p.p.). A melhoria da competitividade iniciou-se no
terceiro trimestre e acentuou-se no quarto trimestre (para uma depreciação homóloga do
ITCRE-CLU de 2.6%) com a depreciação do euro e o ligeiro reforço do diferencial negativo de
variação dos CLU face ao exterior (-1.6 p.p.).
Figura 8.2.1: Evolução da competitividade-custo e das componentes cambial e de diferencial
de CLU face ao exterior: 37 parceiros (tvh em % dos ITCRE e ITCNE, e diferença em p.p.)
0.8607
1.4975
1.0779
1.1139
0.8
0.9
1.0
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
fev-9
9
jan-0
0
dez-
00
nov-0
1
out-
02
set-
03
ago-0
4
jul-05
jun-0
6
mai-07
abr-
08
mar-
09
fev-1
0
jan-1
1
dez-
11
nov-1
2
out-
13
set-
14
ago-1
5
Fonte: BdP
2.6
-0.5
1.9
0.3
-1.5
-2.6
1.7
0.4
1.6
1.2
0.0
-1.0
0.9
-0.9
0.3
-0.9
-1.5 -1.6
-3.0
-2.0
-1.0
0.0
1.0
2.0
3.0
2013 2014 1T 14 2T 14 3T 14 4T 14
Ganho (-) ou perda (+) de competitividade-custo (ITCRE_CLU, tvh em %)
Componente cambial (ITCNE, tvh em %)
Componente CLU (diferença em p.p.)Fonte: Comissão Europeia
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
42
ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
9. AJUSTAMENTO DA ECONOMIA PORTUGUESA
9.1 Equilíbrio externo
De acordo com dados revistos (e provisórios) do Banco de Portugal, a balança corrente
acumulou um excedente de 103 M€ de janeiro a julho, traduzindo uma melhoria de 513 € face
ao saldo negativo registado no período homólogo (-410 M€). A evolução traduziu o aumento do
excedente das balanças de bens (em 192 M€) e de rendimentos secundários (em 240 M€), e a
redução do défice da balança de serviços (em 233 M€), mais do que compensando o
agravamento do saldo negativo da balança de rendimentos primários (em 151 M€).
O excedente da balança de capital (constituída sobretudo por entradas líquidas de fundos
comunitários) diminuiu 179 M€ em termos homólogos, para 1303 M€, mas não impediu uma
melhoria no saldo conjunto da balança corrente e de capital (335 M€, para 1406 M€).
Quadro 9.1.1: Balanças corrente e de capital (M€)
2013 2014 Jan-Jul 14 Jan-Jul 15 Var. hom. Var. abs.
Balança Corrente 2 382 953 -410 103 s.s. 513
Balança de bens e serviços 3020 2210 1056 1481 40.2% 425
Bens -8 051 -9 268 -5 014 -4 822 -3.8% 192
Serviços 11 071 11 478 6 071 6 304 3.8% 233
Rendimentos primários -2 163 -2 577 -1 933 -2 084 7.8% -151
Rendimentos secundários 1 525 1 321 466 706 51.4% 240
Balança de Capital 2 791 2 560 1 481 1 303 -12.1% -179
Balanças corrente e de capital 5 173 3 514 1 071 1 406 31.3% 335
Fonte: BdP. M€= milhões de euros; s.s.=sem significado.
Em relação à posição de investimento internacional, o saldo passou de -116.3% do PIB no
final de março para -117.7% no final do segundo trimestre de 2015, uma deterioração já
pouco marcada. Note-se que a posição de investimento internacional é influenciada não só pela
evolução do saldo externo, mas também por outros fatores, nomeadamente o preço de
mercado das várias componentes.
9.2 Endividamento
Segundo dados revistos, a dívida bruta não consolidada do setor não financeiro reduziu-
se de 402.2% do PIB no final de março para 400.7% no final de junho, com descidas tanto no
setor privado (de 152.7% para 152.5% nas empresas e de 84.3% para 83.4% nos
particulares) como no setor público não financeiro (de 165.2% para 164.8% do PIB).
Balança corrente
com excedente de
janeiro a julho
Posição externa
líquida piora pouco
no 2ºT
Queda dos rácios de
dívida bruta d os
particulares,
empresas e setor
público não
financeiro no 2ºT
Saldo externo
melhora apesar de
recuo na balança de
capital
3T 15 ENVOLVENTE EMPRESARIAL - ANÁLISE DE CONJUNTURA
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ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL PORTUGUESACCI - CÂM ARA DE COMÉRCI O E I NDÚSTRIA
Quadro 9.2.1: Rácios de dívida bruta não consolidada no setor não financeiro (% do PIB)
Dez12 Dez-13 Dez-14 Mar-15 Jun-15
1. Setor Público não Financeiro 157.1 162.8 166.2 165.2 164.8
2. Setor Privado não Financeiro 259.7 253.9 239.6 237.0 235.9
2.1 Empresas privadas 165.0 162.1 154.2 152.7 152.5
Microempresas (344 mil) 40.6 40.1 37.4 36.6 36.6
Pequenas empresas (34 mil) 27.1 25.1 23.5 23.1 23.1
Médias empresas (6 mil) 28.9 27.8 26.1 25.8 25.7
Grandes empresas (1 milhar) 50.8 50.1 48.8 49.1 49.2
2.2 Particulares 94.7 91.8 85.4 84.3 83.4
3. Setor não financeiro= 1+2 416.8 416.6 405.7 402.2 400.7
Fonte: BdP. Valores (em final de período) de dívida não consolidada, i.e., incluindo as dívidas entre setores.
9.3 Contas públicas
Em setembro, o INE divulgou a 2ª notificação de 2015 do Procedimento dos Défices
Excessivos, destacando-se, como principal alteração, a subida do défice público de 2014 de
4.5% para 7.2% do PIB, uma revisão que reflete, sobretudo, “a inclusão de 4.9 mil milhões de
euros relativo à capitalização do Novo Banco (NB) como transferência de capital, bem como
a incorporação de dados revistos da Administração Local, do Serviço Nacional de Saúde e da
Informação Empresarial Simplificada”. Isto porque, como já fora referido, “se não ocorresse a
venda do NB num espaço de um ano [o que se confirmou com o comunicado de 15 de
setembro do Banco de Portugal a interromper o processo de venda], o registo da capitalização
seria efetuado de acordo com o caso geral, previsto pelo Manual do Défice e da Dívida das
Administrações Públicas, quando estas efetuam uma injeção de capital numa empresa pública”.
Figura 9.3.1: Défice e dívida pública em Portugal (% do PIB)
4.8
7.2 6.6
14.0
2.0
5.7 3.7
129.0 130.2 130.4 132.3 130.2 130.4 128.7
80
90
100
110
120
130
140
0.0
2.0
4.0
6.0
8.0
10.0
12.0
14.0
16.0
2013
2014
2T 1
4
3T 1
4
4T 1
4
1T 1
5
2T 1
5
Défice público PT (PDE - anos; Contab. Nacional - trimestres) - esc. esq.
Dívida pública PT (PDE) - esc. dta.
Fonte: BdP e INE. Dados sem
correção de sazonalidade
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Os dados mais recentes do défice público na ótica das contas nacionais dão conta de um défice
de 3.7% do PIB no segundo trimestre de 2015, traduzindo uma descida relativamente ao
trimestre anterior (5.7%) e ao trimestre homólogo (6.6%).
Segundo a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental do Parlamento), “o resultado
orçamental do 1.º semestre [défice de 4.7% do PIB, 4.6% excluindo operações
extraordinárias] coloca em risco o cumprimento do objetivo anual para o défice [2.7% do PIB]
e poderá comprometer o encerramento do Procedimento dos Défices Excessivos”.
No que se refere ao rácio da dívida pública no PIB, regista-se uma descida de 130.4% do
PIB no primeiro trimestre de 2015 para 128.7% no segundo (120.3% excluindo os depósitos
da administração central).
A síntese de execução orçamental de janeiro a agosto, na ótica da Contabilidade Pública,
deu conta de um défice acumulado de 5233.3 M€ no subsetor Estado nesse período, o que
traduz uma redução de 7.6% em termos homólogos, representando um crescimento mais forte
da receita (4.8%) do que da despesa (2.6%).
Quadro 9.3.1: Execução orçamental do subsetor Estado (contabilidade pública)
Jan-Ago 15 Execução
(M€)
Grau
execução (%) Tvh (%)
Contributo
(p.p.)
Tvh implícita ao
OE (%)
Receita 27 869.7 64.6 4.8 4.5
Receita fiscal 25 072.4 64.2 5.5 4.9 5.1
Impostos diretos 11 254.1 61.8 3.2 1.3 3.8
IRS 8 235.1 62.5 -0.1 0.0 2.4
IRC 2 810.8 59.9 12.4 1.2 3.8
Outros 208.2 61.2 26.8 0.2 104.8
Impostos indiretos, dos quais: 13 818.2 66.4 7.4 3.6 6.4
ISP 1 481.2 64.1 7.3 0.4 10.4
IVA 10 051.2 69.4 8.9 3.1 4.9
ISV 396.3 70.8 24.4 0.3 20.1
Imposto sobre o tabaco
672.9 44.7 -9.2 -0.3 7.5
Imposto de selo
870.5 62.7 0.3 0.0 6.3
Contribuições sociais 421.4 67.9 -7.8 -0.1 -9.6
Receita não fiscal 2 375.9 67.4 0.4 0.0 0.1
Despesa 33 103.0 67.3 2.6
Despesa corrente: 32 268.6 67.6 2.5 2.5 1.3
Despesas com pessoal 6 253.2 73.4 -0.3 -0.1 -8.8
Aquisições de bens e serviços 930.0 57.0 14.4 0.4 7.0
Juros 4 857.4 65.1 9.1 1.3 6.8
Transferências correntes 19 926.6 69.0 1.6 1.0 0.8
Subsídios 70.8 46.5 17.2 0.0 -25.7
Outras despesas correntes 230.7 20.9 -10.3 -0.1 169.5
Despesa de capital 834.4 57.8 5.3 0.1 8.4
Saldo -5 233.3 86.9 -7.6
Fonte: DGO e cálculos próprios. OE= Orçamento de Estado. Grau de execução =100*Execução/ OE 15.
Rácio da dívida
pública desce para
128.7 % do PIB no
final do 2ºT
Défice do subsetor
Estado reduz-se de
janeiro a agosto
Défice público de
4.7% do PIB no 1º
semestre coloca em
risco objetivo anual
segundo a UTAO
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Na receita, o aumento de 5.5% da receita fiscal (8.9% no IVA e 12.4% no IRC, com
contributos de 3.1 p.p. e 1.2 p.p., respetivamente), mais do que compensou a queda de 7.8%
nas contribuições sociais (-0.1 p.p.), tendo-se registado uma variação ligeira na receita não
fiscal (0.4%).
Os maiores contributos para o aumento da despesa pertenceram às rubricas de juros (1.3
p.p., correspondendo a uma taxa de crescimento de 9.1%), transferências corrente (1.0
p.p. e 1.6%), aquisição de bens e serviços (0.4 p.p. e 14.4%) e despesa de capital (0.1
p.p. e 5.3%), destacando-se ainda o contributo ligeiramente negativo da rubrica de despesas
com pessoal (-0.1 p.p.).
Subida do IVA e do
IRC impulsiona
receita; juros e
transferências com o
maior contributo
para o aumento da
despesa