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Ano 15 Ed 173 Outubro 2014

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Jornal de Umbanda Sagrada

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  • Pgina - 2 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014

    Diretor Responsvel: Alexandre Cumino - Tel.: (11) 5072-2112E-Mail: [email protected]: Av. Dr. Gentil de Moura, 380 Ipiranga So Paulo - SP

    Diagramao, Editorao e Arte: Laura Carreta - Tel.: (11) 9-8820-7972E-Mail: [email protected]

    Reviso: Marina B. Nagel CuminoE-Mail: [email protected]

    Diretor Fundador: Rodrigo Queirz Tel.: (14) 3019-4155 E-mail: [email protected]

    Consultora Jurdica: Dra. Mirian Soares de Lima Tel.: (11) 2796-9059

    Jornalistas Responsveis:Wagner Veneziani Costa - MTB:35032 Marina B. Nagel Cumino - MTB: SC-01450-JP

    expediente:

    uma obra filantrpica, cuja misso contribuir para o engrandecimento da religio, divulgando material teo-l gico e unificando a comunidade Umbandista.

    Os artigos assinados so de in-teira res ponsabilidade dos auto-res, no refletindo necessariamente a opinio deste jornal.

    As matrias e artigos deste jor nal podem e devem ser reproduzidas em qualquer veculo de comunicao. Favor citar o autor e a fonte (J.U.S.).

    Nossa capa:

    Foto: Guias Mirins (Imagens Bahia)Produzida por: UMBANDA EU CURTOwww.facebook.com/umbandaeucurto

    O JORNAL DE UMBANDA SAGRADAno vende anncios

    ou assinaturas

    A PALAVRA DO EDITORPor ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

    A Umbanda hoje

    A Umbanda, hoje, moderna, contempornea, atual. A Umbanda, hoje, tem curso, tem internet, tem Fa-cebook e tem Instagran. A Umbanda, hoje, tem literatura, tem estudo e tem conhecimento. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda de ontem. A Um-banda, hoje, a mesma Umbanda de antes de ontem.

    A Umbanda, hoje, a mesma Um-banda de 1970. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda de 15 de Novembro de 1908. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda de Zlio de Moraes, do Cabo-clo das Sete Encruzilhadas e da Tenda Esprita Nossa Senhora da Piedade.

    A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda que foi debatida no Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda em 1941. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda que se populari-zou na dcada de 1950.

    A Umbanda, hoje, a mesma Um-banda que levou milhes de pessoas Festa de Iemanj em 1970. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda que foi can-tada na voz de Clara Nunes, Elis Regina, Martinho e tambm de J.B. de Carvalho.

    A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda p no cho, arruda na mo

    e vela no altar. A Umbanda, hoje, continua com o cheiro de charuto, o fumac do turbulo e o aroma de caf. A Umbanda, hoje, a mesma Umbanda de ontem!

    Hoje e ontem, a mesma Umbanda. Mas o mundo no o mesmo. A vida no a mesma. Nossa realidade no a mesma. As expectativas no so as mesmas. A forma como as pessoas vivem e se relacionam no so a mes-ma de vinte, trinta ou cem anos atrs. Reconhea: esta Umbanda a mesma Umbanda; a mesma Umbanda, que vem crescendo desde o seu nascimento.

    Desapegue-se! Deixa a Umbanda crescer, livre e solta, como deve ser! A Umbanda no te prende, no queira prender a Umbanda! Umbanda Amor e Liberdade, amor com liberdade, liber-dade com amor! Conscincia, nossa doutrina esta!

    P.S.: A Umbanda no precisa evoluir, quem precisa evoluir somos ns, Umbandistas! A Umbanda j est pronta no astral desde sempre! No en-tanto, h tanta coisa a ser feita aqui na Terra. Cabe a ns aceitar nossa misso, ou no, sem peso, apenas com AMOR!

    Vamos trabalhar por amor, vamos

    fazer a caridade por generosidade, vamos estudar para conhecer melhor! Se h algo para se conhecer, se h algo que vale compartilhar e transmitir, ento todos os meios so vlidos!

    Vamos estudar, Umbanda uma cultura, Umbanda uma riqueza

    cultural, Umbanda junto todas as culturas que deram formao a esta cultura brasileira.

    E o que voc est esperando para mergulhar neste mar cultural? Umbanda alimento para sua alma! Alimente-se!

  • Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014 Pgina -3

    As chaves da UmbandaPor RUBENS SARACENI - Contatos: [email protected]

    A UMBANDA uma religio espiritualista que ensina que a vida eterna e que a nossa curta passagem aqui no plano ma-terial destina-se evoluo, ao aperfeio-amento e conscientizao dos espritos. Ela uma sntese dos mistrios de fcil aplicao na vida das pessoas, porque dispensa maiores cuidados nas suas ativaes e suas dinmicas de aes so controladas pelos espritos-guias, todos ligados a um ou a vrios desses mistrios.

    Cada guia espiritual de Umbanda sagrada um esprito iniciado no mis-trio que seu nome simboliza ou oculta. Sim, h nomes simbolizadores e nomes ocultadores.

    o nome Sete Flechas simbolizador. J o nome Pai Joo do Congo ocultador.

    o nome Tranca Ruas simbolizador. J o nome Z dos Cocos ocultador.

    o nome Sete Encruzilhadas simboli-zador. J o nome Maria Padilha ocultador.

    o nome Sete Espadas simbolizador. J o nome Maria Molambo ocultador.

    E assim com todos os nomes usados pelos guias espirituais de Umbanda Sagra-da, todos eles iniciados em um ou vrios mistrios da Criao, incorporados religio-samente por ela durante sua codificao divina, codificao esta j ocorrida no pla-no astral antes da manifestao histrica do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas no seu mdium, o nosso saudoso Pai Zlio Fernandino de Moraes, este sim, iniciador terreno da Umbanda. Sim, h um iniciador da Umbanda no plano material e este Pai Zlio de Moraes.

    Quanto aos que propugnam que ela teve incio em eras remotas ou entre outros povos, estes fazem apenas um

    exerccio de comparatividade, porque con-fundem a prtica de incorporar espritos, to antiga quanto a prpria humanidade, com a Umbanda.

    S no v quem no quer que o ato de incorporar espritos, evoludos ou no, antiqussimo e anterior ao prprio espiri-tismo, to bem codificado por Allan Kardec.

    O prprio Zlio de Moraes, ainda moo, foi expulso de uma sesso esprita porque incorporou os espritos de um Caboclo e de um Preto-Velho. E estes espritos j vinham sendo expulsos, assim como seus mdiuns, de outras sesses espritas de ento.

    O astral serviu-se de um esprito, o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, e de um mdium, o nosso saudoso Pai Zlio Fernandino de Moraes, para fundar uma religio de espritos manifestadores religiosos de mistrios da Criao de Deus.

    Se a incorporao um dom e muitas pessoas possuem esse dom, assim, tam-bm a Umbanda uma religio que tem nesse dom um dos seus fundamentos. Agora, que j existiram, existem e sempre existiro religies medinicas, disso no temos dvidas. Os cultos afros e amern-dios so fundados na incorporao coletiva ou individual de foras invisveis.

    O xamanismo tambm se fundamenta na incorporao de foras invisveis.

    o espiritismo incorpora foras invi-sveis.

    as pitonisas gregas e egpcias incor-poravam foras invisveis.

    os profetizadores de todos os tempos incorporam foras invisveis.

    MAS NENHUM ERA OU UMBANDIS-TA, CERTO? Que algum v at um paj

    indgena, at um xam mongol ou siberiano e at um feiticeiro africano e diga-lhe que ele umbandista e, com certeza, esse algum ouvir essa pergunta: O que umbandista?.

    Ser um tanto embaraoso para esse algum explicar para o paj, para o xam e para o feiticeiro africano o que a Umban-da, j que eles praticam algo similar ao que praticam os mdiuns umbandistas e, com certeza, eles perguntaro: Qual a idade da sua religio?. E ao saberem que ela s tem um sculo de existncia, diro isto: vocs copiaram nossas prticas que so seculares, no?. E no adiantar dizer-lhes que a Umbanda a fiel depositria dessas prticas milenares, distorcidas aps a queda disso ou daquilo, certo?

    O fato que a Umbanda uma religio praticada por muitas pessoas, a maioria pos-suidora dos mesmos dons dos xams, dos pajs, dos feiticeiros e dos mdiuns espritas. Apenas, exercitam estes dons segundo uma dinmica prpria, j que, os dons, todos os possuem em maior ou menor intensidade. E ponto final!

    Agora, quanto aos mistrios, h vrias formas de serem ativados e colocados em nosso benefcio. A Umbanda coloca-os em ao a partir dos guias espirituais ou de certas prticas de magia adaptadas nossa espoca, cultura e s necessidades dos seus adeptos.

    Que negue quem quiser que a Umbanda religio iniciada por Pai Zlio de Moraes.

    Que aceite quem quiser que ela come-ou com ele.

    Que todos aceitem que a mediunidade, uma em suas muitas faculdades, exercitada desde os primrdios da humanidade, e, por-tanto, a Umbanda uma religio medinica.

    Mas que NINGUM negue que ela , de fato, uma religio dos mistrios de Deus!

    DEPOIS DE UM DIA de caminhada pela mata, mestre e discpulo retornavam ao casebre, seguindo por longa estrada. Ao passarem prximo a uma moita, ouviram um gemido. Verificaram e descobriram um homem cado. Estava plido e com grande mancha de sangue, prxima ao corao. Tinha sido ferido e j estava prximo da inconscincia.

    Com muita dificuldade, mestre e discpulo o carregaram para o casebre rstico, onde viviam. L trataram do ferimento. Uma semana depois, j resta-belecido, o homem contou que havia sido

    assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca. Disse tambm que conhecia seu agressor, e que no descansaria enquanto no se vingasse.

    Disposto a partir, o homem disse ao sbio: Senhor, muito lhe agradeo por ter salvado a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratido por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.

    O mestre olhou fixo para o homem e disse: V e faa o que deseja. Entretanto, devo inform-lo de que voc me deve

    3.000 moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que fiz. O homem ficou assustado e disse: Senhor, muito dinheiro. Sou um trabalhador e no tenho como lhe pagar esse valor.

    Com serenidade, tornou a falar o sbio: Se voc no pode pagar pelo bem que rece-beu, com que direito quer cobrar o mal que lhe fizeram? Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto voc deve.

    No faa cobrana pelas coisas ruins que aconteam em sua vida, pois a vida pode lhe cobrar por tudo de bom que lhe ofereceu.

    Antes de cobrar alguma coisa

    SRIE MESTRE E DISCPULO I

    Autor Desconhecido

  • Pgina - 4 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014

    PRIMAVERA:Tempo de libertaoMensagem do CABOCLO PEDRA DO SOL - Por MARIA DE FTIMA GONALVES - Contatos: [email protected]

    O nosso universo umbandista

    NO DEIXE QUE a tristeza tome o lugar do Amor em seu corao. Tristeza guardada, prolongada, gera amargura.

    A amargura leva ao desnimo. E o desnimo uma porta aberta para a atrao de ataques negativos. Desencarnados que ainda se com-prazem no mal, passando a viver nas sombras que para si mesmos criaram, nada podem contra um corao pleno da leveza do Amor. No entanto, so atrados pelo desnimo que abate alguns encarnados: colam-se a eles, sugando-lhes a energia vital.

    que o desnimo mina a vitalidade natural do ser humano, cujo sistema imunolgico, ento, deixa de funcionar a contento. Essa baixa nas defesas naturais da pessoa faz com que ela entre mais fortemente na frequncia de energias igualmente enfermias. Persis-tindo, tal sintonia ir desequilibrar-lhe o campo emocional e o mental, para depois abater-lhe o fsico.

    O processo silencioso. Come-a pela repetio de pensamentos negativos que parecem surgir do nada. Depois, a menor contrarieda-

    de dispara o pensamento negativo, depois as emoes e os sentimentos em desequilbrio; e o ciclo fica se repetindo. Se a pessoa no reage (por meio da orao, da meditao, da busca de um passe magntico, ou de outro mecanismo de limpeza espiritual), todo o seu equilbrio estar em risco; sobrevindo as sensaes de desconforto, depois a revolta, depois o abatimento.

    Dependendo do grau de evoluo da pessoa, isso poder acontecer em pouco tempo ou, ento, no decorrer de alguns anos. Quanto mais infor-maes a pessoa acumule a respeito dessas questes, maior ser a sua responsabilidade em repelir os pen-samentos, emoes e sentimentos negativos. Bem informada, ela ser capaz de identificar que aquele padro emocional/mental no seu e, de pronto, precisar afast-lo. Caso no o faa, os efeitos do ataque espiritual sero rapidamente sentidos.

    Para libertar-se, basta dizer a si mesma, com sincera convico: Esse pensamento/sentimento/emoo no me pertence; que volte ao ponto de

    origem e seja absorvido pela Lei e pela Justia Divinas. Imediatamente, os Tronos da Lei e da Justia entraro em ao na defesa daquele fiel e no encaminhamento do vampirizador invisvel, pois o Criador a ningum desampara!

    A limpeza mental e emocional to ou mais necessria do que a hi-giene do corpo fsico. Precisa ser feita diariamente, e at vrias vezes ao dia. No podemos nos permitir o acmulo de negatividades em nosso ntimo.

    O nosso corao a Casa do Amor, o ponto de contato com o Amor Maior que rege a Criao. um canal que no pode andar obstrudo por vibraes menores. Somos os prin-cipais responsveis pela sua higidez. Podemos fazer isso. Precisamos!

    E quando cuidamos do nosso equilbrio, ao mesmo tempo, e ainda que no o saibamos, tambm auxi-liamos outros irmos que precisam dessa ajuda. Quando um irmozinho desencarnado, que se encontre en-fermo como aqui mencionamos, afastado do nosso campo magntico por Obra da Lei e da Justia de Deus,

    no mesmo instante, ele recebe mais uma oportunidade de ajuda.

    Se ele ir aceit-la ou no, isso no nos compete julgar. Fizemos a nossa parte: identificamos-lhe a presena em desequilbrio que fora atrada pelas nossas prprias nega-tividades; ento nos limpamos, e o entregamos nas Mos do Pai-Me de tudo e de todos, para que tambm se corrija. Pedimos a nossa libertao e a dele. Demos-lhe um presente, inspi-

    rados pelo Amor que a tudo sustenta; mas no podemos exigir que o nosso irmozinho o aceite... Na compreen-so dessas questes, ocorre que cada um tem o seu prprio tempo. Aceitar e respeitar esse fato s far bem ao nosso corao.

    Ento, que aproveitemos o ad-vento da Primavera para nos libertar: banhando o nosso corao nas Cores da Luz do Sol Maior do Amor Divino. Paz e Luz a todos! Namast!

    Por ANDR COZTA - Contatos: [email protected]

    NO NOSSO Universo Umbandista, con-vivemos cotidianamente com manifes-taes divinas, naturais e espirituais. neste universo que nos conectamos com o divino, por intermdio dos ma-nifestadores dos Mistrios Maiores (os Orixs Sagrados), ou por meio de esp-ritos humanos atuantes nas linhas de trabalhos (de direita ou de esquerda), ou, at mesmo, espritos naturais ou encantados, tambm manifestadores dos Mistrios Maiores. Alm, claro, dos seres divinos manifestadores dos Orixs.

    Adentrar um templo umbandista, assistir ou participar ativamente de um trabalho espiritual, de uma engira, simples. No to simples assim absorver no ntimo o nosso universo umbandista.

    Digo isso, por que, infelizmente,

    ainda podemos perceber em alguns umbandistas certa resistncia s mani-festaes que ocorrem nos trabalhos, fruto da falta de uma base slida de conhecimento, o que acarreta na ma-nifestao de preconceitos calcados em mitos criados por pessoas que pouco sabem acerca da lgica da manifestao natural da F. Manifes-tao natural da f que milenar e se reproduz, na atualidade, aqui no Brasil, entre outras religies, na Umbanda.

    E o que a manifestao natural da F? Ora, a simples manifestao de Deus, Seus Poderes e Mistrios, a partir da Natureza, seus elementos, fenmenos e Divindades.

    Ento, podemos concluir que num simples galho de arruda h uma ma-nifestao divina? Na chama de uma vela e num copo dgua tambm? Sim,

    nestes elementos citados e em tantos outros mais. Porque no somos menta-listas, abstracionistas. A manifestao divina se d, para ns, a partir do que concreto, ou seja, da Natureza Me.

    Tudo isso perfeitamente com-preensvel, at que barremos no velho preconceito manifestado por muitos que se sentem incomodados com a forma de cultuar o que divino por ns, os umbandistas. Pois bem, ento, aps esta dissertao, meu recado vai para os umbandistas. Pretendo provocar uma breve, porm, profunda reflexo.

    Quando adentramos um Templo de Umbanda, devemos faz-lo com reverncia, amor, f, devoo, afinal, estamos entrando na Casa de Olorum, nosso Pai.

    Tendo dado este primeiro passo,

    precisamos compreender tudo o que compe aquele espao e tambm o ritual que se iniciar. E quando falo tudo, tudo mesmo, desde um incenso, passando pelo defumador, elementos usados pelos guias, ima-gens e tudo o mais que possa fazer parte da ritualstica. Ritualstica esta que no fetichismo, misticismo ou qualquer outra definio maliciosa que se possa dar; , em si, a manifestao da nossa f.

    Mas, tenho, por um acaso, en-quanto umbandista, vergonha de manifestar a minha f?

    Ento, respondo o que penso: se eu ainda sinto vergonha de me dizer umbandista aos quatro ventos, se questiono as manifestaes, baseando estes meus questionamentos em pr--conceitos advindos de adeptos de

    outras doutrinas (de onde, em alguns casos, muitos de ns viemos), eu no sou de fato um umbandista.

    Se ainda questiono acender uma vela de anjo de guarda em minha casa, ou firmar elementos para meus guias a fim de que possam se servir do ax destes para trabalharem em meu benefcio, eu no sou de fato um umbandista.

    Com todo o respeito que devo todas as formas de se pensar a F (por que todas so legtimas), coloco aqui, encerrando esta reflexo: so-mos umbandistas e nosso Universo Natural. Prossigamos cultuando e reverenciando o que Divino a partir da Natureza, pois, o terreiro uma extenso dos campos de foras natu-rais e este e sempre ser O Nosso Universo Umbandista.

  • Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014 Pgina -5

    Umbanda, uma religio sem dogmasPor ADRIANO SANTOS - Contatos: [email protected]

    DE ALGUNS ANOS para c, tenho visto muita gente reclamar (com razo) que gostaria de frequentar uma religio, mas que, na maioria delas, existem dogmas que esto muito fora da reali-dade dos tempos atuais. Se o indivduo um livre pensador, curioso, presa a liberdade, questiona as coisas ao seu redor e cientfico, muito provavel-mente no se sentir bem em nenhum desses sistemas religiosos dogmticos. Os dogmas no deixam a maioria das religies evolurem.

    O mundo evoluiu muito nesses ltimos 2000 anos, mas, se voc analisar, houve um aceleramento nessa evoluo no final do sculo XIX e em todo sculo XX; sendo que, nos meados dos anos 60, houve um avano tecnolgico incrvel que fez avanar ainda mais essa evoluo. Agora, no sculo XXI, estamos vivendo a era da informao, temos acesso informao de tal forma que, se essa tecnologia que usufrumos hoje fosse divulgada h uns 40 anos, se-

    CaminhoPor DENISE SANTOS - Contatos: [email protected]

    ria vista como fico cientfica pela maioria das pessoas. E, nesse novo mundo de informao, voc pode se encontrar virtualmente com pessoas de outras culturas, outras etnias e dos lugares mais remotos da terra, e assim compartilhar das mais diversas experincias.

    Tudo ficou extremamente dinmico, mas, infelizmente, para a maioria das religies, isso no ocorreu. Enquanto houver dogmas, no haver evoluo plena dentro do sistema religioso. O indivduo, em um sistema dogmtico, evolui at certo ponto, ou seja, at onde os dogmas o permitem ir, pois proibido ir alm. Isso me faz lembrar de um trecho de uma msica do Raul Seixas chamada Rock do Diabo, que diz assim: Mame disse a Zequinha; Nunca pule aquele muro; Zequinha respondeu; Mame aqui t mais escuro.

    O que isso quer dizer? Que muitas vezes, dentro de um sistema religioso dogmtico, lhe dito para fazer algo que no faz sentido, que no faz parte

    da natureza humana, que contradiz o bom senso comum, e pior, que no tem lgica. Ento, o indivduo acei-ta porque um dogma da religio, mas vai contra a sua natureza e, na maioria das vezes, ele no tem uma explicao do por que daquilo. Na mi-nha opinio, esse um dos principais fatores que tm afastado as pessoas da religio. Se as religies dogmticas no mudarem, elas estaro destinadas ao fracasso, pois vem causando nas pessoas mais esclarecidas uma certa antipatia com relao s religies de maneira em geral.

    E, nesse aspecto, o que a religio de Umbanda tem de diferente?

    Primeiro, dentro da religio de Umbanda no existem dogmas, tabus e pecado! A Umbanda tem um sistema livre e uma via evolutiva em todos os sentidos. A Umbanda, alm de ter um sistema inicitico, faz o papel que a religio deve, ou pelo menos deveria fazer, que dar os subsdios para ligar o homem a Deus. Ela procura fazer

    isso da seguinte forma: trazer ao indi-vduo o contato com o divino, de forma livre, sem dogmas, preconceitos, tabus e principalmente sem cobrar por isso.

    Alm disso, a Umbanda tambm tem uma face inicitica disponvel a quem quer se iniciar nos seus mist-rios, atravs dos estudos e desenvol-vimento medinico. Os estudos so prticos e tericos e, com o desenvol-vimento medinico, o adepto entra em contato com esses mistrios divinos atravs de vrias ritualsticas. Comea a receber o mistrio diretamente, sem intermediador, sendo que o trabalho do sacerdote, nesse caso, preparar o mdium para que ele se inicie nos mistrios e depois que estiver prepa-rado, caminhe com as prprias pernas, e no que ele, o sacerdote sirva de muleta ou de nico intermdio com as divindades de Deus.

    O adepto (mdium umbandista) tem a liberdade de questionar, de saber o por que das coisas dentro da religio, liberdade de estudar outras

    vertentes e outras religies. Ele incentivado a procurar a lgica dentro da prpria religio, incentivado a caminhar com as prprias pernas, esclarecido de que a vida que o cerca resultado das aes dele (lei de ao e reao) e no de um pseudo Deus com uma grande disposio a castigar algum, porque, afinal, se Deus um ser vingativo, ele no Deus, humano.

    Como a religio de Umbanda no tem a inteno de controlar as massas, no tem a inteno de escra-vizar o indivduo, no tem a inteno de arrecadar rios de dinheiro para construo de templos mirabolantes, ento, ela faz o que toda religio sria deveria fazer: proporcionar esse con-tato com Deus e suas divindades de forma livre, igual a todos e fraterna.

    Atravs da religio de Umbanda, podemos participar de um sistema religioso livre de dogmas, tabus, pre-conceitos e direcionado evoluo em todos os sentidos.

    Tudo no universo, energia e est em constante movimento. Chamamos de energia a tudo: o que conhecemos e o que desconhecemos. Dentro do universo existem infinitos tipos, formas, manifestaes, irradia-es e emanaes energticas. At mesmo quando uma energia csmica atua nos seres para decantar, ou pa-ralisar, um sentido a fim de que o ser mude suas atitudes e aes diante da vida, diante do caminho a ser seguido, at neste momento existe uma fora maior EM MOVIMENTO para que isto acontea.

    Ento por que com o caminho evolutivo seria diferente? Por que um ser deveria seguir por uma mesma trilha, se o seu ntimo o instiga a desbravar novos mares? Se deseja conhecer, sentir, aprender em novos rumos? Quem sabe trilhando um caminho diferente?

    Esta fora maior que rege O TODO est dentro de todos os seres, de todas as criaturas, em todos os

    universos. Quando ela atua maior que tudo, maior que a sensao de controle que sentimos sobre os acon-tecimentos, maior que as certezas e maior at mesmo que o conhecimento que temos sobre ns mesmos e os outros!

    A energia criadora, mantenedora, movimentadora, renovadora, est agindo em TUDO, est regendo o TODO em todas as suas manifesta-es: no mineral, vegetal, animal, em todos os seres, em todas as organi-zaes, sejam elas sociais, culturais, filosficas, religiosas, polticas.

    As religies so caminhos, que conduzem rumo ao retorno a casa do Pai. Os templos, tendas, grupos reli-giosos e filosficos so as diferentes formas de trilhar e conduzir as almas neste caminhar. Um caminho espiritual pode ser trilhado de vrias formas e serve, na estrada evolutiva, para conduzir os seres a um FIM MAIOR, que nada mais que uma religao com o plano espiritual e a vivncia da

    prtica do amor, do bem e da caridade; que conduz a um fortalecimento da f, a um desenvolvimento maior de seus dons naturais, de suas virtudes, e ao autoencontro, para assim vencer seus monstros internos, se autoco-nhecer e ter liberdade de conscincia; conduz ao desenvolvimento de sua mediunidade, de seu aprimoramento moral; conduz a um aprendizado ma-terial/espiritual na convivncia com os irmos de caminhada, pois neste contexto as ligaes acontecem por afinidade, necessidade evolutiva, de todos os envolvidos e comprometidos no processo.

    Mudanas acontecem, pessoas saem e entram umas nas vidas das outras. Os laos de amor e amizade, perduram alm das escolhas de cada um, quando so profundos, verdadei-ros. Quando o aprendizado termina, algo acontece e outro caminho se apresenta, vamos aprendendo a dar os prprios passos, e isto natural. Nada eterno. Embora a eternidade

    exista; tudo no universo cclico, nada permanente na evoluo, pois at mesmo o planeta terra est evoluindo e sua paisagem se alterando com o passar dos milnios.

    Ento sigamos pelo caminho que a fora da VIDA nos instiga, e que l possamos permanecer com toda f, amor, que formos capazes de sentir e emanar. E quando o ntimo emanar uma mudana, de atitude, de caminho, que busquemos ouvir a voz que fala na alma e sigamos pelo caminho que trouxer paz, sem deixar de sermos gra-tos por todas as experincias, pessoas, ensinamentos e acontecimentos que nos trouxeram SABEDORIA.

    Gratos at mesmo pelas lies que vieram atravs da dor e da decepo, e que dor e decepo no sejam se-mentes lanadas intencionalmente por nossas mos no caminho que nossos ps pisarem. Que aprendendo como algumas atitudes nos feriram, no as pratiquemos com os outros. A DOR como sbia conselheira faz parte do

    caminho, mas que as lies de amor possam ser mais presentes e que o respeito com o nosso prximo possa nos conduzir a nunca segregar ou ne-gar a mo a um irmo que necessite de ajuda.

    DEUS fala em nosso ntimo e, ao seguirmos sua voz, tudo o mais ser acrescentado. Nesta estrada, todos so irmos de caminhada, indepen-dentemente do nvel e entendimento acerca do que FRATERNIDADE, os grupos espirituais existem para acolher e orientar as almas. A necessidade evolutiva nos conduzir por onde for necessrio e l permaneceremos o tempo que for preciso para apren-dermos o que precisamos e ensinar o que j compreendemos, se no em palavras, em atitudes.

    Sim, todos estamos aprendendo/ensinando, mesmo quando erramos/acertamos, pois o erro/acerto ilu-srio, s existe na realidade maior o APRENDIZADO de cada experincia vivida.

  • Pgina - 6 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014

  • Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014 Pgina -7

    Por MARINA CUMINO Contatos: [email protected]

    O amor de Mame Oxum

    PEDRO era um menino muito educado, que gostava muito de seus amigos e de sua famlia. Mas, como todo meni-no, s vezes ele esquecia de alguma tarefa, ou ficava triste porque queria brincar ou ver televiso, e no ajudar sua me. Ele estava sempre to ocu-pado com tantas brincadeiras...

    Quando sua me ia cham-lo para comer, ou para dormir, ou para tomar banho, ele ficava bravo.

    Seus pais frequentavam um ter-reiro de Umbanda, e ele gostava de ouvir o som dos atabaques e de ver os espritos falando coisas bonitas por meio das pessoas vestidas de branco. Mas, s vezes, ele no queria parar de brincar para ir ao terreiro.

    Um dia, ele chegou l chateado, porque estava no meio de um jogo muito importante e teve que parar. Quando a gira comeou, ele j ficou um pouco mais calmo, porque real-mente adorava ouvir os atabaques.

    Pedro estava distrado, quando viu uma moa comear a rodar e rodar, e a mexer as mos. Ele perguntou para sua me por que ela estava danando assim. E ela respondeu:

    - Com essa moa, est Mame Oxum, meu filho. O orix do amor.

    - Orix do amor, mame?- Isso. Ela a fora de Deus que

    traz o amor para nossas vidas. Uma me que nos ensina a amar a tudo e a todos. E sempre traz tudo o que precisamos.

    - Se ela nos d tudo o que preci-samos, ento ela vai me dar muitos brinquedos?

    - No, meu filho. Ela tambm nos ajuda a conseguir as coisas que que-remos, mas no s isso que ela faz.

    Ela nos traz a calma para compreender as necessidades dos outros, ao invs de prestarmos ateno s no que queremos. Ela nos ensina a dividir o que temos, para que possamos rece-ber muito mais. Ela nos ensina que o amor de nossa famlia, de nossos pais e irmos, a coisa mais importante do mundo. Assim como eu te amo, Pedro, Mame Oxum tambm te ama e entende que, muitas vezes, difcil abrir mo de algo importante para cumprirmos com nossas obrigaes. Mas cada vez que ajudamos algum, o amor de mame Oxum cresce dentro de ns e nossa vida fica mais bonita, pois todos ficam felizes. E logo pode-mos voltar a fazer o que gostamos.

    - E como eu fao pra Oxum me ajudar, mame?

    - Voc pode acender uma vela pra ela... pode ser rosa ou amarela, voc escolhe. E junto colocamos uma rosa

    e oferecemos pra ela. Ela adora flores! Quando damos algo pra ela, mame Oxum agradece trazendo muito amor para nossas vidas.

    Ah... Oxum mora nos rios e cacho-eiras. Esse o lugar da natureza onde podemos sentir melhor a presena de mame Oxum, sentir a sua fora. E, claro, podemos rezar. Quer rezar comigo?

    - Eu quero, mame.- Oxum,Amada me dos rios e cachoeirasAcalma o nosso coraoBanha nossa alma com o teu amorNos ensina a ter compaixoTraz a abundncia e a belezaA riqueza em todos os sentidosA fora da sutilezaAbenoa nossa famliaCuida do nosso amor.

    Ilustrao: Lisa Pereira Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

    Ns somos umbandistas! A Umbanda muito mais que todos ns juntos!O terreiro de Umbanda! A Umbanda muito mais que todos os terreiros juntos!A Umbanda est alm do que pode ser apreendido dentro de um terreiro.A parte no pode conter o Todo,Nenhum de ns alcana o Todo!A Umbanda mais, muito mais do que podemos conceber.Cada parte manifesta um pedacinho do Todo,Cada terreiro um pedacinho deste Todo, a Umbanda!Cada cabea um universo diferente,Cada corao uma porta para unir estes universos.Cada templo um lago que apenas reflete a Lua,Cada guia um dedo apontando para a Lua.Cada terreiro um universo particular,Cada terreiro uma porta aberta para o corao de Olorum!No se apegue parte,No se apegue cabea,No se apegue ao lago,No se apegue ao dedo!V direto ao corao,V direto Lua,V direto Umbanda,V direto a Olorum!As partes no devem se apegar a outras partes, mas se unirem ao Todo,Por isso a Banda se une ao UM e temos a UMBANDA!UMBANDA, onde a parte se une ao Todo, uma s cabea, um s corao.Uma nica banda, a banda do UM.

    Ns somos a parte,a Umbanda o todo!

  • Pgina - 8 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014

    Por FABIANA CARVALHO- Contatos: [email protected]

    Estado medinico decada mdium

    Nossos monstrosinternos

    ANTES DE sermos mdiuns, somos todos humanos encarnados - com falhas, defeitos, medos, desequilbrios e negatividades humanas. E um sacer-dote nunca pode esquecer a parcela humana encarnada, ou analisar uma situao potencialmente espiritual.

    comum ter no corpo medinico algum mdium, novo ou mais antigo na Casa, que reclama constantemente de estar sofrendo ataques espirituais, ter sofredores a incomod-lo, obs-sessores que no o deixam em paz e magias negras que so feitas e refeitas contra ele sempre, o tempo todo.

    Nas primeiras reclamaes, o sacerdote lhe d ateno redobrada, ensina e orienta para fazer oferendas, faz procedimentos especficos no terreiro de descarrego e limpeza s para ele, incorpora seus Guias para lhe darem um passe e orientaes. Ento, tudo melhora. Em pouco tempo, novos ataques espirituais, mais sofredores, obsessores, quiumbas e magos negros voltam a persegui-lo. E o sacerdote, novamente, dispe de todo seu ar-senal macumbstico para ajudar esse filho. E novamente ameniza, mas logo voltam os ataques.

    Ento, esse dirigente se pergunta o que h de errado: estou enfrentando foras poderosas das trevas? Sou um sacerdote despreparado? Onde est minha falha? Cad os Guias deste filho para proteg-lo? E busca a resposta do lado de fora... quando, na verda-de, est dentro, dentro do emocional deste mdium.

    Os ataques espirituais mais fortes e pesados (se realmente existiam) foram resolvidos logo nos primeiros

    CONSCIENTE

    o mdium que sabe da sua misso medinica, chega porta do terreiro e sada os guardies da por-teira, Orixs e Guias espirituais que regem a casa.

    Sabe que, independente da sua posio social ou profisso, todos no ambiente so iguais perante a espiri-tualidade, ou seja, entende que no vergonhoso varrer o espao, limpar os bancos e organizar o ambiente de modo geral para a recepo dos consulentes. Lembrando que isto vale tanto no incio, como no fim dos trabalhos.

    No fica de conversas paralelas, principalmente na entrada do terreiro onde ocorre a passagem dos consu-lentes, pois a primeira impresso a que fica.

    Sabe que sua mediunidade no melhor ou superior do irmo, inde-pendente do grau medinico, cursos, ou tempo de casa.

    Sabe que no h diferena alguma entre mdium que incorpora e mdium que no incorpora. Entende que cam-bone est a servio da espiritualidade e no do mdium.

    Respeita as regras da casa e preceitos pr-determinados pelo diri-gente espiritual, guia chefe ou mentor da casa.

    Toma banhos energticos perio-dicamente, acende velas para o anjo de guarda, firma sua esquerda e seus Orixs.

    Evita fofocas, intrigas entre irmos ou comentrios maliciosos.

    procedimentos de oferendas, rituais, banhos, descarregos e passes com os Guias.

    A Umbanda especialista em lidar com o baixo astral e o sacerdo-te, um mestre na arte da limpeza, desobsesso e quebra de magia. Ento, o que sobra e se apresenta nos ataques subsequentes a ca-rncia e a necessidade desta pessoa de chamar a ateno do sacerdote, dos seus irmos de terreiro e/ou de sua famlia - sua fragilidade emocio-nal, seus medos, seus anseios, suas frustraes, que ele no consegue lidar sozinho e que se apresentam como sombras e fantasmas em seu campo medinico.

    O dirigente umbandista tem que saber diferenciar o que vem de fora para dentro e o que se apresenta de dentro para fora. Deve perceber em qual caso aquela situao se encaixa e ter uma conversa franca com seu mdium. No deve ter medo de magoar ou ofender aquele filho apontando a origem interna de seus supostos ataques. o que se espera de um orientador religioso... ORIENTAO!

    Se os monstros so internos, preciso conhec-los para enfrent--los e venc-los. E conhecedor de que seu desequilbrio interno e est em seu emocional, esse mdium ir permitir que seu sacerdote o ajude a levantar-se, fortalecer-se e encontrar seu ponto de equilbrio novamente com rituais, oferendas, defumaes, banhos e oraes de devoo aos Pais e Mes Orixs, que so os verdadeiros mdicos e terapeutas de Deus.

    SEMICONSCIENTE

    Conhece a sua jornada espiritual e medinica. Chega ao terreiro e, algumas vezes, sada a esquerda/guardies da porteira.

    Tem cincia da sua posio, mas quando o assunto organizao da estrutura fsica do terreiro, como pinturas, ajustes estruturais, limpeza do altar/conga, varrer, passar pano e faxina em geral, o faz, mas no com amor, mas com obrigao.

    Quando chega no terreiro fica o tempo todo conversando e, muitas vezes, falando alto, sem perceber a presena dos consulentes que ali esto presentes.

    Por vezes, sem que a conversa esteja em pauta ou em evidncia, fica contando os cursos que possui, tempo de umbanda, aes dos seus guias, como se estivesse em alguma empresa fazendo entrevista.

    Acha que tem diferena medinica entre incorporar e no incorporar.

    Algumas vezes, torce o nariz quando estabelecido alguma regra ou um novo mtodo de trabalho.

    Por FBIO SILVA - Contatos: [email protected]

    INCONSCIENTE

    No entende o fundamento de saudar a esquerda, os Orixs e Guias espirituais que regem a casa. Pouco co-nhece dos fundamentos da sua religio. Tem plena convico que diferenciado perante aos irmos de f e, quando o assunto organizao, limpeza fsica do ambiente, fica de cara fechada. Ao final dos trabalhos, o primeiro a sair, sem antes abraar os irmos e desejar um bom final de semana.

    Acha que o cambone seu empre-gado e, ao final dos trabalhos, deixa tudo que foi feito por seu guia e nada recolhe. Acredita que sua mediunida-de superior aos irmos de trabalho.

    No faz visitas aos campos de fora, no acende vela para seu anjo de guarda, muito menos para seus Orixs e Guias. Est sempre envolvi-do em fofocas e conversas paralelas, ou at mesmo fazendo comentrios maliciosos.

    Claro, ningum perfeito e nem santo, mas essas so algumas dicas que servem para refletirmos, afinal de contas, a luta pela reforma ntima eterna.

  • Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014 Pgina -9

    COM O PASSAR do tempo, fui me apro-fundando cada vez mais nos estudos e aprendendo mais sobre a Umbanda. Aprendi duas coisas: A Umbanda no presta e eu sou crente.

    Nos ltimos 10 anos, aprendi que Umbanda no presta para pessoas que no tm carter. No presta para pessoas que vivem da religio, e no para a religio. No presta para aqueles que usam o nome de Deus em vo. No presta para aqueles que vivem de iluso, para aqueles que buscam uma vida fcil e sem nenhum sacrifcio.

    A Umbanda realmente no presta para aqueles que no tm amor ao prximo, que no buscam a caridade

    O fascnio espiritual

    VIVEMOS EM uma religio espiritual, onde o contato com o plano espiritual direto, simples e eficaz. Dispensa complicaes e une a tudo e a todos. Na Umbanda, no h escolhidos, no h elite, e, sim, trabalhadores espirituais, sem pompa, sem frescura: mo na massa, f no corao e amor no que acreditamos e fazemos.

    Porm, sabemos que entre ns, umbandistas, existe uma ideia im-plantada no inconsciente coletivo de que, no plano espiritual, tudo ser melhor, tudo ser fcil. Chegaremos l e encontraremos nosso caboclo, nos abraaremos e entraremos em grandes bibliotecas, grandes reunies sobre o futuro da humanidade, e tudo luz e paz.

    Essa ideia existe em nosso incons-ciente coletivo, pois uma reao, um

    reflexo de nossas frustraes terrenas e momentneas, pois, dia aps dia, proje-tamos nossos sonhos de que em algum momento, em uma outra vida, no plano espiritual, tudo ser melhor.

    Paramos por aqui! Vamos mudar isso! No joguemos nas costas do plano espiritual ou dos guias a paz que tanto queremos, os nossos sonhos de paz, amor, harmonia e o fim de nossos problemas. Paremos de projetar nossa vida, nossos sonhos, para um tempo que no o hoje.

    Se no resolvermos nossa vida aqui, encarnados, no ser diferente no plano espiritual. No plano espiritual, existem faixas positivas e faixas negativas que vibram cada uma em um padro e magnetismo especfico, para as quais so enviados por afinidade os espritos que tem a mesma energia afim. Ou

    seja, vamos trabalhar nosso ntimo para melhorarmos como pessoas, como seres humanos, aqui.

    Nossa vida no vai melhorar quan-do formos para a Aruanda. Nossa vida melhora quando ns samos da zona de conforto e vamos trabalhando, observan-do nossos pontos fracos, nossas feridas, nossos calos. Nesse momento, voc cresce, voc pega o rumo da sua vida, segura as rdeas do seu destino e, a sim, a luz brota de dentro de voc.

    Muito j foi falado para no usarmos nossos guias como bengalas para nossos problemas, e estendo isso para o plano espiritual. No use as histrias bonitas que lemos sobre as esferas positivas para jogar todas nossas frustraes e desejos de paz e amor para quando formos para l. Quebre a bengala, levante sua cabea e vamos amadurecer.

    Por FBIO VERCH - Contatos: [email protected]

    A Umbanda no prestae eu sou crente

    como meio de se elevar ao nosso grande Pai. A Umbanda no presta para aqueles que no buscam estudar e se aprimorar como ferramentas para que seus guias encontrem caminhos de se manifestarem. A Umbanda no presta para aqueles que no entendem a simplicidade de um preto velho, a humildade de um caboclo e a pureza de uma criana.

    A Umbanda no presta para aqueles que no se arrepiam com o som do atabaque vibrando no peito, no sentem o perfume da defumao, o significado da pemba e a simbologia das imagens. A Umbanda no presta para quem no tem f.

    Aprendi tambm que ser crente,

    por definio do dicionrio : 1 Que, ou pessoa que tem f religiosa. 2 Sectrio ou sectria de uma religio. 3 Que, ou pessoa que acredita. Assim sendo, sou crente, pois acredito, creio e confio nessa Religio pela qual, a cada dia, eu me apaixono mais.

    Sou crente nos Orixs, sou crente nos Pretos-Velhos. Sou crente que um dia nos-sa Umbanda possa ter mais filhos do que afilhados. Mais bandeiras espalhadas pelo mundo. Mais caboclos gritando e atirando flechas para o alto.

    Sou crente naquilo que faz meu cora-o querer bater mais alto que o atabaque. Sou crente na Umbanda. Sou Umbandista, graas a Deus!

    Por NIKOLAS PERIPOLLI - Contatos: [email protected]

    Templo de douTrina umbandisTaPai Oxal e Pai Ogum

    Rua Tiet, 600 - Vila VivaldiRudge Ramos - S.B. do Campo

    Tel. (11) 4365-1108 - partir das 13h00

    Desenvolvimento meDinico

    O JORNAL DE UMBANDA SAGRADAno vende anncios ou assinaturas

    QUINTA-FEIRA: Das 20h00 s 22h00SBADO: das 14h00 s 16h00

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  • Pgina - 10 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014

  • Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014 Pgina -11

    CAMINHO COM meus pensamentos. Destino no tenho, o vento me leva at onde tenha que chegar. Marco meus passos com meu cajado, para que outros se guiem pelos meus passos. Muitos se sentem vazios, mas nada procuram fazer para mudar. No tempo em que se vive, a escolha do que se busca para si o que se deve plantar.

    No se colher amor, se amor no plantar; no se colher prosperidade, se as sementes do sucesso no conseguir plantar. No preci-so acreditar, caso queiras em minhas palavras no acreditar. Minhas palavras servem para apenas prevenir o que um dia podem a vir precisar. Acredite apenas que o amor capaz de transformar, capaz de trazer de volta a crena que tens escondida dentro de ti em algum lugar; s voc poder achar.

    Brigas e confuses acontecem a tua volta, estas jamais podem ser aceitas por ti. Brigas no se resolvem com brigas. Julgar e determi-nar o fim de quem erra a prova da incapaci-dade da crena. Para mudar, preciso aprender a acertar. Use tua palavra e teu conhecimento para ajudar, no para julgar ou condenar; vers que, ensinando, voc aprender.

    Olha para o seu corao, veja quais ensi-namentos que dentro dele existem, o que ele tem de aprendizado. Seus primeiros passos no foram dados por voc sem ajuda de ningum. Em vrios momentos da vida, precisars ter prximo a ti pessoas que te ajudem a dar os primeiros passos; seja humilde para aceitar.

    A sabedoria faz com que os grandes mes-

    Passos certosMensagem de PAI JAC - Por PAULO RENATO BREDARIOL - Contatos: [email protected]

    tres andem com seus discpulos, lado a lado. O verdadeiro sbio saber que tem muito a aprender com seus discpulos. Andando lado a lado se aprende o respeito e a humildade, sem ordens, apenas com respeito.

    A humildade no desabafo deve esta estar acompanhada de compaixo e preocupao com o todo. No se pode esconder o que se sente, o que se pensa, o que se faz; sempre com verdade no olhar.

    Nos caminhos de cada um, ficam regis-trados momentos de alegria, sofrimento, dor, vitria, derrota. Supere todos os traumas e medos, acredite na tua fora para mudar. Caminhe em passos que teu corpo pede para que caminhe.

    Veja o que conseguiu construir ao teu redor. Saiba que no podes querer perto de ti hoje aquele que se rende pelo que tu s. Creia, o melhor aquele que te critica, este estar te ajudando a melhorar, te ensinando; entenda.

    Teu trono no pode ser o causador do que tu tens a tua volta, pois, quando no estiveres mais nele, no ters ningum. O importante a ti deve ser o teu carisma, tua preocupao, teu amor, tua dedicao, tua doao, tua luz, tua paz, tua sabedoria, teu sorriso puro e sincero.

    Acredite que a maior das crenas se baseia na verdade do que vive. A religio um ato de amor, um crculo com boas vibraes, onde quem ali est deve assim agir

    para que as vibraes no tenham interfe-rncias, principalmente por aqueles que ali pisam para o amor. Entenda que amor no combina e no se alinha com outros senti-mentos que so contrrios a eles; deve-se ter apenas amor para iniciar e se colocar pronto a se doar.

    Muito se usa de vaidade e superioridade em qualquer lugar que seja. Estes sentimen-tos devem ser superados, pois com vaidade no se faz a caridade e muito menos se tem humildade.

    Creia no amor de Deus e siga os seus pas-sos com relao ao prximo. Muitos podem se envergonhar e no ir a ti, pois podem se sentir inferiores. Se demonstrares ser como eles, irs te despir dos males da vida sem receios.

    Faa com que a tua chama brilhe com a intensidade que tem tua luz, com o fogo do sol, com o poder de todos as benes de Deus, com a crena de tudo que mais sagrado . Lembra-te que ressurgir aps permanecer cado durante tempos s possvel quando se admite que no cho estava, sem saber o que se fazer.

    Livra-te da covardia, assuma tuas falhas e cresa com o aprendizado, se apresente novamente para a vida de luz que existe dentro de ti.

    A treva continuar no seu devido lugar; esta dever existir dentro de cada um, mas o brilho da tua chama interna deve ser muito maior do que a escurido da treva interna que habita em ti.

  • Pgina - 12 Jornal de Umbanda Sagrada - OutubrO/2014