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“Passei por projetos sociais, quase passei fome. Um candidato que passou por essas necessidades tem um diferencial grande” Os fatos e os números confirmam cenário indefinido na disputa eleitoral em Goiás. Confira, em detalhes. ANO 31 - Nº 1.627 - R$ 2 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 Fabrício Rosa, pré-candidato a senador (Psol) Páginas 8 e 9 Página 12 PESQUISA MOSTRA ELEIÇÃO ABERTA Briga no Senado vai defi nir jogo para o governo Candidatos não têm projetos e o eleitor está distante Páginas 4, 5, 6 e Carta ao Leitor PARA GOVERNADOR PARA SENADOR 35,5% MARCONI PERILLO PSDB VOTO VOTO KAJURU PRP LÚCIA VÂNIA PSB DEMÓSTENES PTB PEDRO CHAVES MDB WILDER MORAIS DEM 14,1% 7,7% 21,2% 13,1% 12,9% 8% 3,5% 3,1% 7,4% 5,9% 12,3% 11,7% 5,3% 4% RONALDO CAIADO DEM JOSÉ ELITON PSDB DANIEL VILELA MDB ENSAIO A vingativa classe média TRIBUNA/EXATA OP José Godoy Garcia, poeta, LITERATURA VASSIL OLIVEIRA ENTREVISTA ALTAIR TAVARES Educação com foco no estudante ESCOLA ESCOLA Por Marcos Marinho Páginas 10 e 11

ANO 31 - Nº 1.627 - R$ 2 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 ...tribunadoplanalto.com.br/wp-content/uploads/2018/... · rede de intrigas, de manipulação, de retórica e ë°6_M

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“Passei por projetos sociais, quase passei fome. Um candidato que passou por essas necessidades tem um diferencial grande”

Os fatos e os números confi rmam cenário indefi nido na disputa eleitoral em Goiás. Confi ra, em detalhes.

ANO 31 - Nº 1.627 - R$ 2GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018

Fabrício Rosa, pré-candidato a senador (Psol)

Páginas 8 e 9Página 12

PESQUISA MOSTRAELEIÇÃO ABERTA

Briga no Senado vai defi nir jogo para o governo

Candidatos não têm projetos e o eleitor está distante

Páginas 4, 5, 6 e Carta ao Leitor

PARA GOVERNADOR PARA SENADOR

35,5%

MARCONI PERILLOPSDB

1º VOTO

2º VOTO

KAJURUPRP

LÚCIA VÂNIAPSB

DEMÓSTENESPTB

PEDRO CHAVESMDB

WILDER MORAISDEM

14,1% 7,7% 21,2% 13,1% 12,9% 8% 3,5% 3,1%7,4% 5,9% 12,3% 11,7% 5,3% 4%

RONALDO CAIADO DEM

JOSÉ ELITONPSDB

DANIEL VILELAMDB

ENSAIO

A vingativaclassemédia

TRIBUNA/EXATA OP

José Godoy Garcia, poeta, LITERATURA

VASSIL OLIVEIRA

ENTREVISTA

ALTAIR TAVARES

Educação com foco no estudante

E S C O L AE S C O L A

Por Marcos Marinho

Páginas 10 e 11

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Jorge Antônio Monteiro de Lima

Um dos enigmas da pós-modernidade é a manutenção de processos medievais de con-trole social. Dentre as formas de controle está o chamado moralismo. Moralista é um ser anfí-bio que vive em dois mundos.

Consagra em sua existência o antagonismo, a vida dupla, a contradição entre o que faz em discurso e o que vivencia na prática.

Para ilustrar posso falar de vários persona-gens da literatura universal:

Quem não lembra da viúva Perpétua, perso-nagem do romance de Jorge Amado, ‘Tieta’, ou do personagem do rei Dom João V, na obra de José Saramago, ‘Memorial do Convento’? Perso-nagens que faziam todo patrulhamento ideoló-gico da moral e bons costumes, dizendo o que é lícito ou não para uma digna vida social. Pom-pa, discursos efusivos, ideias forjadas e distribu-ídas. Mas nos bastidores...

Todavia já na literatura é denunciado o ou-tro lado dos moralistas... Perpétua com sua Cai-xinha de obscenidades... O rei D. João mantendo como uma de suas principais amantes Madre Paula, denunciando um ciclo pornográfico.

Atuando como analista na prática da psico-terapia vi vários casos de pessoas que sofreram na mão de moralistas. Moralista que apronta to-das e que tenta se esconder na fachada de boa pessoa, para isto usando de aparência, poder, de rede de intrigas, de manipulação, de retórica e da violência para manutenção de tais fins.

Vem daí o discurso efusivo dos moralistas. Seu grito denuncia suas próprias falhas de cará-ter. ”Faça o que eu digo, não faça o que eu faço” é o seu principal lema. É interessante a percep-

ção que este tipo de pessoa hoje é comum em nossa sociedade, nos mostrando uma base da violência social existente pela intolerância.

Moralistas normalmente são seres egoístas, rabugentos, que adoram a vida proibida e que a frequentam na surdina, na calada da noite, nos bastidores. E usam de violência, de coerção, para subjugarem seus inferiores: família, fun-cionários, amigos. Muitos são sovinas, como D. Salvador, personagem do livro ‘A Cabana’, de Blasco Ibanez, tendo o sadismo em seu repertó-rio de vida. Assim, além de agressivos os mora-listas tendem a projetar em terceiros o mal que vivenciam no mundo. Observam e condenam o mal que eles mesmos criam. É a história do chei-rador de cocaína que, tendo como amigos trafi-cantes, fala e discursa sobre a moral e os bons costumes, a preservação da família. Ou o inquie-to homofóbico que de madrugada frequenta a rua dos travestis buscando ser sodomizado.

Hoje em nossa sociedade, o moralismo é per-petuado nas religiões, em nossa política e na vida pública, fazendo parte dos discursos polí-ticos que apregoam a moralidade, a família, a igualdade social e que, na prática, induzem nos-sa população ao endividamento e à eterna espe-ra de mudanças sociais que não vão ocorrer.

Jorge Antônio Mon-teiro de Lima é analista, pesquisador em saúde mental, psicólogo clíni-co, músico e mestre em Antropologia Social pela UFG. Site: www.jorgedeli-ma.com.br

CARTA AO LEITOR

A Tribuna tem tradição na publicação de pesquisas de intenção de voto em Goiás. Nesta eleição, isso será mantido. E começa nesta edição, com o que queremos que seja uma parceria para toda a cobertura no primeiro e, se for o caso, no segundo turnos: um levantamento inédito do Instituto Exata OP.

A pesquisa é início. É ponto de partida para novas rodadas. Publicamos o que está registrado no TRE. O objetivo é ampliar o questionário. Novos candidatos já estão no jogo e mais dados podem ser apurados em desdobramentos vários, como índices espontâneos e rejeição. A disputa nacional, por exemplo, terá espaço garantido.

O mais importante é constatar que a cobertura do jornal está no rumo certo, como mostram os números. O jogo está truncado, indefinido, aberto. Exatamente como vem sendo destacado em análises, entrevistas, fatos de bastidores. Percepção e pesquisa, tudo junto e misturado, para que você, eleitor, possa formar sua opinião e definir o seu voto.

Acompanhar eleição é sempre um desafio. Este ano, ele parece ser maior por conta de muitos ingredientes novos: Lava Jato, impeachment, crise nacional. Se tudo anda incerto em Goiás, no Brasil não é diferente. Sabemos disso, consideramos isso na nossa cobertura e cuidaremos de manter o foco na qualidade da nossa produção.

A responsabilidade com a informação – assim como as pesquisas – é outra preocupação que a Tribuna cultiva em seus mais de 30 anos de vida. E não será diferente agora. Boa leitura!

Vassil Oliveira, editor

Tradição em pesquisa e responsabilidade

“Já usei boné com seu nome”

Ao final do depoimento doex-presidente Lula na 7ª Vara Federal

Marcelo Bretas, juiz responsável pela Lava Jato no Rio

sFrase daemana

ARTIgO

O moralista

Editado e impresso por Rede de Notícia Planalto Ltda-ME - WSC Barbosa Jornalismo - ME

Fundador e Diretor-Presidente Sebastião Barbosa da Silva [email protected]

Diretor de Produção Cleyton Ataídes Barbosa [email protected]

Departamento Comercial [email protected] 62 99622-5131

Editores Vassil Oliveira [email protected] Fagner Pinho [email protected]

Manoel Messias Rodrigues (Escola) [email protected]

Daniela Martins (Internet) [email protected]

Repórteres Fabiola Rodrigues [email protected]

Fotografia Mônica Salvador [email protected]

Projeto Gráfico e Diagramação Maykell Guimarães [email protected]

Email Redação [email protected]

Endereço e telefone - Av. T-11, N° 451, 3° andar, salas 303 e 305, Edifício Fabbrica di Pizza - Setor Bueno, Goiânia -GO - CEP: 74.223-070, Goiânia - Goiás CEP 74.223-070- Fone: (62) 3434-1516 www.tribunadoplanalto.com.br facebook @TribunadoPlanalto

Fundado em 7 de julho de 1986

Caro leitor, envie sugestões de pautas, críticas, artigos e textos para serem avaliados e publicados. Ajude-nos a fazer a TRIBUNA DO PLANALTO em sintonia

com você. Escreva para: [email protected]

Goiânia vai ser palco do Festival Internacional de Cinema da Diversi-

dade Sexual e de Gênero de Goiás (DIG), que está na sua terceira edição. Os especta-dores vão conferir as me-lhores produções nacionais e estrangeiras sobre a diver-sidade sexual e de gênero. Serão exibidos mais de 60 filmes nas mostras compe-titivas e paralelas, de forma

gratuita.O III Digo conta com o apoio

do Ministério Público do Tra-balho e traz à tona a temática Empregabilidade LGBT+. A po-pulação LGBT+ enfrenta muitas dificuldades para ter acesso ao mercado de trabalho. O Festi-val começou na quinta-feira, 7, e segue até dia 13, nos Cinemas Lumière, no Banana Shopping, no centro da capital.

Além dos filmes, o Digo terá

mais de 25 atividades culturais, como mesas temáticas, oficinas e palestras sobre direitos LGBT+, mercado de trabalho, turismo LGBT+, segurança pública, LGB-Tfobia, políticas públicas de saúde e muito mais. Além disso, vão ser apresentadas três peças de teatro e cinco performances artísticas em várias sessões.

Toda a programação do Digo pode ser conferida no site: www.digofestival.com.br

FESTIVAL DE CINEMA

Diversidade sexual e mercado de trabalho

Imagem do longa ‘No More We’, do sueco David Färdmar, em exibição na Mostra

GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br2

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FinalO deputado João Campos (PRB) apresentará nesta quarta-feira, 13, o relatório defi nitivo do Novo Código Processual Penal. O relatório recebeu críticas por supostamente cercear a atuação do Ministério Público. Campos prometeu rever alguns itens.

STFNa última semana o parlamentar visitou o Supremo Tribunal Federal (STF) onde se encontrou com o ministro Marco Aurélio Melo e com a ministra Rosa Weber para tratar de alguns dos tópicos do CPP, provas ilícitas, audiência de custódia, etc.

OrientaçãoO Pros realiza nesta segunda-feira um minicurso em Goiânia para os pré-candidatos a deputado tanto estadual quanto federal pelo partido em Goiás. Objetivo é orientar sobre o que é permitido e o que é proibido em relação à campanha eleitoral.

SegurançaTudo indica que a segurança pública continuará sendo um dos principais focos de críticas da oposição contra os vinte anos de governo do grupo político do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Nas redes sociais o assunto permanece sempre em voga.

ImpasseO PHS, que praticamente havia acertado sua aliança com Daniel Vilela, voltou atrás e não anunciou o apoio esperado ao emedebista. É que a antiga direção do partido – em disputa judicial com a atual – quer aliança com Caiado. Assim como a cúpula nacional do PHS, que foi procurada por Rodrigo Maia, para intervir.

SaídaO motivo da debandada do deputado estadual Iso Moreira do PSDB e por consequência da base aliada do governo tem nome: Jean Carlo (PSDB).

ExplicaçãoÉ que Iso pretendia lançar seu nome a deputado federal com a desistência de Pedro Chaves (MDB) à reeleição na região, mas Jean passou a atuar por lá.

IntervirIso teria, então, solicitado intervenção do governador José Eliton no caso, mas não obteve sucesso. Irritado, deixou o PSDB e seguiu para o DEM.

ApoioO deputado Jean Carlo, aliás, conseguiu apoio de mais um frigorífi co para a sua campanha. Agora conta com dois: Fricó Alimentos e Super Frango.

SaídaApós 35 anos de trabalhos ininterruptos no Serviço Social do Comércio (Sesc), em Goiás, Giuglio Settimi Cysneiros deixou a instituição.

Diretoria O anúncio foi feito na semana passada à imprensa. Cysneiros ocupava o cargo de diretor regional da instituição desde o ano de 2014.

EncontrosO Tribunal de Contas dos

Municípios inicia na terça-feira, 12, na cidade de Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal, a série de Encontros Regionais 2018, com cursos de capacitação destinados, especialmente, aos prefeitos e vereadores.

AbertoA intenção do órgão é

apresentar as funções do TCM e as responsabilidades e deveres dos agentes públicos municipais na prestação das contas públicas. O encontro também é aberto a todos os cidadãos interessados em conhecer o órgão.

Auxílio De acordo com o presidente

Joaquim de Castro, o encontro também tem como objetivo ajudar os gestores a administrar com mais efi ciência, menos desperdício, para que as chances de terem as contas reprovadas diminuam no futuro.

O senador Ronaldo Caiado (DEM) deverá intensifi car sua agenda em encontros na região central de Goiás e também no Entorno do Distrito Federal nas próximas semanas, mas sem deixar de visitar outras regiões do Estado. De acordo com avaliações de aliados do democrata, Caiado está muito bem nas regiões Sul, Norte, Oeste, Nordeste e Noroeste goiano, enquanto que precisa conseguir maior penetração no Centro e no Entorno, regiões consideradas mais fechadas para o senador. No Entorno, explica um deputado, Caiado já tem conseguido entrar e a estratégia é ampliar a gama de encontro com lideranças. Por isso tem ido todas as semanas até a região. Já em Goiânia e Anápolis, o senador ainda busca maiores alianças com lideranças para intensifi car sua entrada, mas acredita que a aliança com emedebistas na capital dão uma certa segurança à pré-campanha.

Caiado focará centro goiano e Entorno do DF

s

1 2 3

mídiasociais

O ex-vereador e ex-candidato a vice-prefeito de Goiânia em 2016, Thiago Albernaz (SD-foto), tem andado em todo o Estado realizando sua pré-campanha a deputado estadual. O neto do ex-prefeito Nion Albernaz já contabiliza mais de 15 mil

quilômetros rodados em visitas a lideranças e prefeitos em diversas cidades. Por enquanto, tem deixado os adversários de sua sigla para trás. Quando visitam uma cidade, Thiago já visitou.

Acelerado

Voto impresso é o retorno à fraude eleitoral”

Comentando a decisão da corte de suspender a impressão de votos nestas eleições

CARLOS VELLOSO, EX-PRESIDENTE DO STF

Atritos

No encontro realizado na última semana em Ceres, durante o lançamento da patrulha rural georrefe-renciada no município, os presentes lembraram que a volta de Marconi trouxe até chuva para a re-gião, algo incomum para o mês de julho.

O partido Novo já defi niu seu principal nome para a disputa a uma cadeira na Câmara dos Deputa-dos. Trata-se do médico ortopedista Alano Quei-roz (foto), que já atuou em diversos hospitais de Goiás, como o Hugol, e em centros especializados, como o Crer.

Defi nido

Brincadeira

PartidaO lançamento de sua candidatura ocorre nesta segunda-feira, 11, às 19h30 no hotel San Marino. Bandeiras? Simplifi cação e diminuição dos im-postos, fi m dos privilégios a algumas categorias do serviço público, dentre outras...

Os vereadores Anderson Bokão (DC) e o líder do prefeito Tiãozinho Porto (Pros) não têm tido uma boa relação. É que ambos atuam na mesma re-gião – leste de Goiânia – e solicitações à prefeitura têm gerado atrito entre ambos.

Depois de um longo período longe da política, Marconi Perillo (PSDB) voltou a acompanhar a agenda do governadoriável José Eliton (PSDB). A expectativa dos aliados do governo é que o ex-governador ponha ‘ordem’ na casa, em relação à base.

Ordem dLinhaFagner Pinho - [email protected]

ireta

3 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

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4 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

RESULTADO - INTENÇÃO DE VOTO SENADOR GOIÁS - ESTIMULADO

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LÚCIA VÂNIA DEMÓSTENESTORRES

MARCONIPERILLO

KAJURU PEDRO CHAVES WILDER MORAIS INDECISOS NULOS

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10,0

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MARCONIPERILLO

KAJURU LÚCIA VÂNIA DEMÓSTENESTORRES

PEDRO CHAVES WILDER MORAIS INDECISOS NULOS

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LÚCIA VÂNIA WILDERMORAIS

MARCONIPERILLO

PEDRO CHAVES KAJURU DEMÓSTENESTORRES

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27

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LÚCIA VÂNIA WILDER MORAIS MARCONIPERILLO

PEDRO CHAVES KAJURU DEMÓSTENESTORRES

INDECISOS NULO

16 A 26 27 A 37 38 A 48 49 A 59 MAIS DE 60

indefi nidaNúmeros mostram eleição

INTENÇÃO DE VOTO SENADOR GOIÁS - ESTIMULADO

SENADOR - ESTIMULADO POR SEXO

SENADOR - ESTIMULADO PELA FAIXA ETÁRIA

PESQUISA TRIBUNA/EXATA OP

Daniela Martins

A primeira rodada da pesquisa Tribuna do Planalto/Exata Opinião Pública mostra Ronaldo Caiado (DEM) à frente da disputa pelo governo de Goiás nas elei-

ções de outubro. Na estimulada, o senador aparece com 35,5% das intenções de voto, seguido pelo governador José Eliton (PSDB), que busca a reeleição, com 14,1%, e pelo depu-tado federal Daniel Vilela (MDB), com 7,7%. O levantamento aponta que há muito espaço para os candidatos crescerem. A somatória de nulos e indecisos chega a 42,7%.

O senador Ronaldo Caiado é muito forte entre os eleitores do sexo masculino, com mais de 60 anos, curso superior e distribuí-dos nas classes B e C. José Eliton também vai bem no eleitorado masculino, que tem entre 27 e 34 anos, das classes C e A, com en-sino médio. O deputado federal Daniel Vilela tem um eleitorado bem dividido entre homes e mulheres. São eleitores mais jovens, de 16 a 26 anos, da classe C e ensino fundamental.

Senado

Nas eleições de outubro, os goianos vão eleger dois senadores. No momento da pesquisa, em abril, estavam consolidados como pré-candidatos o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-sena-dor Demóstenes Torres (PTB), o vereador por Goiânia Kajuru (PR), o deputado federal Pedro Chaves (MDB) e, buscando a reeleição, os senadores Lúcia Vânia (PTB) e Wilder Morais (DEM). Eles estão no le-vantamento Tribuna/Exata. Outros pré-candidatos, Fabrício Rosa (Psol) e Luís Cesar Bueno (PT), defi nidos ao longo do processo em andamento, também serão avaliados no próximo levantamento.

Na intenção de votos estimulada aparecem, por ordem, Mar-coni Perillo em primeiro com 21,2% da preferência do eleitorado; Kajuru, 13,1%; Lúcia Vânia, 12,9%; Demóstenes Torres, 8%; Pedro Chaves, 3,5%; e Wilder Morais, 3,1%. Eleitores indecisos represen-tam 15% e de votos nulos, 23,1%.

Com relação ao segundo voto, na pesquisa estimulada, o qua-dro muda bastante. Lúcia Vânia aparece na ponta, com 12,3%; De-móstenes Torres tem 11,7%; Marconi Perillo, 7,4%; Kajuru, 5,9%; Pedro Chaves, 5,3%; e Wilder Morais, 4%.

Registro

A primeira rodada da pesquisa de avaliação política realizada pela Tribuna do Planalto com o Instituto Exata Opinião Pública, foi realizada de 12 a 31 de maio de 2018. Foram entrevistados 2.100 eleitores em todo o Estado. A pesquisa está registrada sob o núme-ro GO-08777/2018 e tem margem de erro de 3%.

O Instituto Exata OP é uma organização com corpo técnico de alta qualifi cação profi ssional e clientes consolidados. Com 20 anos no mercado, o instituto pesquisa áreas variadas: mídia, comportamento pessoal e institucional, políticas públicas, produtos de diversos gêneros, publicidade, comunicação, tecnologia, internet entre outros.

Nas eleições de 2018, o Exata OP acompanhará mensalmente o andamento eleitoral do estado de Goiás. O objetivo é o levantamento preciso de dados que possibilitem análise detalhada, imparcial e completa do pleito.

Segundo seu diretor técnico, Marcus Caldas, “a partir do ditado popular que diz que a voz do povo é a voz de Deus, o Exata OP procura ser sempre um bom interlocutor”.

EXATA OP

LEVANTAMENTO EXCLUSIVO CONFIRMA CENÁRIO SEM FAVORITO PARA O GOVERNO DE GOIÁS E INDICA QUE DISPUTA PELO SENADO SERÁ DECISIVA PARA DEFINIR O JOGO

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5 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

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DANIEL VILELA JOSÉ ELITON RONALDO CAIADO INDECISOS NULO

POR FAIXA ETÁRIA 16 A 26 27 A 37 38 A 48 49 A 59 MAIS DE 60

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DANIEL VILELA JOSÉ ELITON RONALDO CAIADO INDECISOS NULO

SUPERIOR MÉDIO FUNDAMENTAL ALFABETIZADO ANALFABETO

INTENÇÃO DE VOTO GOVERNADOR GOIÁS - ESTIMULADO

SIMULAÇÕES POR SEXO

SIMULAÇÕES POR CLASSE SOCIAL

SIMULAÇÕES POR FAIXA ETÁRIA

SIMULAÇÕES POR ESCOLARIDADE

Confi ra a pesquisa detalhada no site: tribunadoplanalto.com.br

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Vassil Oliveira

A pesquisa Exata OP/Tri-buna não esgota o as-sunto, ou seja, não é a

fotocópia do boletim da urna, com o resultado fi nal, consoli-dado. Ela mostra exatamente o contrário: que a disputa está aberta. Na semana passada, a Tribuna mostrou exatamente isso, sem números, com fatos e uma leitura desses mesmos fatos.

Somando tudo, temos uma disputa indefi nida. Em andamento, ela passará por processos de tensão natural, afunilamentos e, a partir de agosto, um ‘corredor polonês’: a campanha ofi cial, com os candidatos defi nitivos, porque já então terão deixado de ser pré-candidatos, o que são hoje. Pré-candidatos de um jogo em andamento.

A afl ição dos militantes e de eleitores costuma fazer crer que uma eleição só precisa de pesquisa, não depende do desempenho das equipes de campanha. Se hoje um nome está em evidência, amanhã po-derá não estar não exatamente porque a pesquisa errou, mas porque os fatos mudaram, alguém trabalhou mais e melhor, uma desvantagem foi vencida.

Desde que Caiado foi lançado pré-candidato, as cobranças sobre ele, por exemplo, são frequentes. A Tribuna tra-tou disso algumas vezes. Ele vai conse-guir manter o apoio de tantos partidos, mais de 10, ao seu lado? Vai superar o chamado ‘teto’, que está no índice de 35% a 40% das intenções de voto, que histori-camente atinge mas não ultrapassa?

Daniel saberá superar as barreiras dentro do MDB para se fi rmar no plei-to? Vai sair das cordas, onde está des-de que se consolidou uma dissidência dentro da legenda? Será afetado pela má avaliação do presidente Michel Te-mer? Conseguirá o apoio do PP, para formar chapa competitiva?

E o governador José Eliton, terá ha-bilidade sufi ciente para manter unida uma base aliada ampla e heterogênea? Ou será atropelado pela reorganização dos agrupamentos de poder no Estado? Arranjará discurso e força sufi ciente para não sucumbir ao desgaste de 20

anos de poder do grupo que represen-ta, liderado pelo ex-governador Marco-ni Perillo?

E têm ainda o PT e o Psol no jogo. Partidos menores, em maior desvan-tagem no momento, porém vivos e jo-gando. Jogando pra ganhar. PT que tem Lula. Psol que tem Guilherme Boulos. Kátia Maria e Weslei Garcia se mexem não como quem quer marcar presença, mas como quem quer vencer.

E por que seria diferente? E por que negligenciar a força de ambos, ainda mais se considerarmos que a disputa pode ter segundo turno, quando ou-

tras alianças serão feitas, quando, é possível dizer, uma outra eleição será disputada? Nada está per-dido. Nada pode ser des-considerado.

Com tudo isso em foco, é possível dizer que a elei-ção traz um elemento ex-tra como bagagem adicio-nal na tradicional disputa pelo poder no Estado. Se antes a eleição para gover-nador era determinante para os candidatos ao Se-nado, desta vez a eleição para senador será crucial para o embate pelo gover-no.

Neste momento, a elei-ção goiana é tratada como um plebiscito do ‘tempo novo’ de Marconi Perillo, que quer uma vaga de se-nador. E a montagem da chapa majoritária do go-verno é estratégica para se medir o tamanho da força aliada e, por extensão, o da oposição.

José Eliton governa-dor, Marconi e Lúcia can-didatos ao Senado signi-

fi ca, talvez, que PSD, PP ou PTB sobrem (ainda tem a vice), e que, sobrando, busquem espaço ao lado de Caiado dou Daniel. Daniel com o PP e/ou PSD, e até com o PTB, é um candidato – tem mais perspectiva de poder –; sem qualquer deles, é outro – um nome só em um partido grande, mas também isolado.

Caiado com qualquer dessas legen-das, na visão de aliados e emedebistas, pode até se tornar imbatível, com pos-sibilidade de vitória no primeiro turno. E ainda que fi que como está em termos de aliança, e mantenha a intenção de voto no ponto em que está, seu favori-tismo persistirá para além das conven-ções – por si só, outra vitória sobre o ceticismo dos que acreditam que seu fôlego acabará em julho.

A pesquisa é boa informação para o eleitor não se perder no fogo cruzado dos nomes que já estão no jogo e dos que ainda surgirem. A Tribuna conti-nuará mostrando o ‘retrato de momen-to’ tanto com índices quanto com fatos e análises. Para que ganhe não este ou aquele, mas você, leitor. E Goiás, sem-pre.

ANÁLISE

Cenário é: Senado defi ne governo, e não governo defi ne Senado

ELEIÇÃO PARA SENADOR COMEÇA A SER DETERMINANTE PARA O EMBATE PELO GOVERNO. É POR ONDE PASSARÃO AS ALIANÇAS

Somando tudo, temos uma disputa indefi nida. Em andamento, ela passará por mais processos de tensão

A primeira rodada da pesquisa ExataOp / Tribuna do Planalto leva a análises sobre a insistência persis-tente da “senhora” indefi nição para governador de Goiás. As aproxima-ções e distanciamentos do processo eleitoral apresentam variações com curiosidades e movimentações signifi cativas. Estamos no contexto pré-Copa e pós-manifestação dos caminhoneiros, portanto, terreno de muitas dúvidas.

Após dois meses de exercício no cargo de governador de Goiás e de todas as ações desenvolvidas, o pré-candidato José Eliton (PSDB) fi gura no segundo lugar além da margem de erro da pesquisa. É uma situa-ção nova que revela uma gradual consolidação da candidatura que, apesar do percentual de 14,01% ainda precisa, e muito, de crescer em alguns territórios (Anápolis; Goiânia; Aparecida de Goiânia, por exemplo) e manter a boa posição em outros (Rio Verde; Santa Helena; Águas Lindas; Goianésia).

Para Daniel Vilela (MDB) a boa surpresa na pesquisa foi o índi-ce conquistado em Aparecida de Goiânia (25,3%) por causa adminis-tração de Maguito Vilela, principal-mente. O deputado federal também tem um perfi l de eleitores mais jovens que revela uma possibili-dade de que ele possa crescer pelo eleitorado indeciso nesta feira que é muito grande (entre 26% e 30%).

A liderança de Ronaldo Caiado (DEM) continua, como em outras sondagens, mantendo uma posição confortável para o candidato, mas que continua num teto do qual não consegue se distanciar dos outros. O maior adversário do senador conti-nua sendo o eleitor indeciso (17,3%) e aquele que vota nulo (25,4%), segundo a pesquisa. Para crescer e manter a liderança ele precisa, de-sesperadamente, que estes eleitores não migrem para as candidaturas de José Eliton e de Daniel Vilela.

Com estes, e diversos outros dados da pesquisa, os ânimos de apoiadores e candidatos continu-am exaltados. Não há eleição fácil para ninguém e uma parte signifi -cativa dos eleitores – em especial, o feminino – mantém-se distantes dos candidatos e suas campanhas. Eles ainda não mostraram o que pretendem, nem seus projetos, nem programas de governo. “O eleitor quer saber de resultado”, disse um ouvinte do Jornal da Manhã, na Rádio Bons Ventos. Enquanto isso, a persistência da indefi nição continua a ser a estrela do processo eleitoral.

Altair Tavares é comentarista da Rádio Bons Ventos; Edita o www.altair-tavares.com.br e o www.diariodegoias.com.br

A insistente indefi nição

6 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

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O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, recebeu na úl-tima semana quinta-fei-

ra, 7, cerca de 300 integrantes do Movimento de Luta pela Casa Própria (MLCP). O encontro rea-lizado no Salão Nobre do Paço Municipal contou com a pre-sença do secretário municipal de Planejamento e Habitação, Henrique Alves, da deputada estadual, Isaura Lemos, da vere-adora por Goiânia, Tatiana Le-mos, e do ex-deputado, Euler Ivo.

Na pauta estavam a reivin-dicação de áreas públicas para a construção de moradias po-pulares e a regularização fun-

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) realiza nos dias 15, 16 e 17 de junho o 16º Arraial de Goiânia, no estacionamento externo do Parque Mutirama. Além de comidas típicas e apre-sentações musicais, o evento sediará a segunda etapa do Cir-cuito Goiano de Quadrilhas Ju-ninas, promovido em parceria com a Federação das Quadrilhas Juninas do Estado de Goiás com objetivo de fomentar, difundir e valorizar esse seguimento. A en-trada é franca.

HABITAÇÃO

Prefeito recebe movimento de luta pela casa própria

Prefeitura realiza o 16º Arraial de Goiânia

IRIS REZENDE RECEBEU VISITA DE INTEGRANTES BUSCAM A DOAÇÃO DE ÁREAS PÚBLICAS PARA CONSTRUÇÃO DE CASAS

diária de loteamentos constru-ídos a alguns anos na Capital. Ao todo, somente em Goiânia, são mais de 15 mil famílias ca-dastradas no Movimento.

O prefeito conversou com os integrantes e prometeu analisar, junto à Secretaria Municipal de Planejamento de Habitação (Seplahn), áreas disponíveis para a construção de moradias. “Peço aqui ao se-cretário que busque ajudar estas famílias e as inclua nos programas habitacionais da Prefeitura”, destaca.

A deputada estadual Isaura Lemos agradeceu a receptivi-

‘Os grupos de quadrilhas juninas de nossa região, tem o seu papel transformador e so-cializador, pois os indivíduos dispõem não somente de suas experiências, mas também apresentam comportamentos originados de suas identida-des, onde agregam pessoas e equipes como fator integran-te da sociedade, garantindo valores próprios inerentes à identifi cação com a cultura popular’, destacou uma das co-ordenadoras do evento, Rose Araújo.

Confi ra a programação: 15/06 - Sexta feira21:00 - Quadrilha Grupo Viva21:40 - Quadrilha Raízes de Goías22:20 - Quadrilha Flor do Cerrado23:00 - Quadrilha Aconchego23:40 - Quadrilha Arrasta Pé

16/06 - Sábado20:00 - Quadrilha Balance20:40 - Quadrilha Filhos do Sertão21:20 - Quadrilha Arriba Saia22:00 - Quadrilha Arraia da Capitá22:40 - Quadrilha Renascer23:20 - Quadrilha Caipirada Capim Canela

17/06 - Domingo20:00 - Quadrilha Paixão Goiana20:40 - Quadrilha Chapéu do Vovô21:20 - Quadrilha Tradição22:00 - Quadrilha Mandacaru22:40 - Quadrilha Os Vagabundos23:20 - Quadrilha Tradição e Ritmo

ServiçoAssunto: 16º Arraial de GoiâniaDias 15, 16 e 17 de junho Horário: A partir das 19hLocal: Estacionamento do Parque Mutirama Entrada franca

dade do prefeito. “Iris é um po-lítico que tem em sua história a luta por moradias dignas, portanto, sabíamos que ele se-ria sensível à causa das famí-lias. Esperamos ser parceiros e dar mais dignidades às pesso-as”, afi rma.

O Movimento de Luta pela Casa Própria (MLPC) foi funda-do em 1991 pelo ex-deputado Euler Ivo e conta atualmente com mais de 40 mil famílias em todo o Estado de Goiás. Al-guns dos bairros construídos pelo movimento são o Madre Germana I e II, Vitória, São Car-los e Floresta.

Iris Rezende recebe representantes de movimentos habitacionais e políticos

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Entrevista

Tribuna do Planalto O Psol tem uma pauta progressista e sabemos que trabalha diversas questões de liberdade, o que a gente não encontra dentro do militarismo. O senhor, como ex-militar, concorda que a esquerda não está sabendo conversar com o militarismo, como defende um deputado de seu partido, Marcelo Freixo?

Fabrício Rosa Concordo. A gente tem que conversar

com os trabalhadores da Segurança Pú-blica. É preciso que os policiais perce-bam como trabalhar isso. Só assim a gente vai conseguir fazer com que a Polícia seja para o povo mesmo. Então, o policial tem que se sentir como um membro do povo, é uma polícia para a sociedade, e não uma polícia para as elites governantes. É preciso que a gente faça com que o policial se perceba enquanto povo, enquanto trabalhador, e as esquerdas têm tido difi culdade nisso. A esquerda no poder não conseguiu aten-der as pautas dos policiais, especialmen-te das bases. As pessoas não sabem, mas 80% dos policiais são a favor da desmili-tarização. Os ofi ciais são contra, a cúpula da polícia é contra, mas a base é a favor. A esquerda no poder nunca encampou essa pauta, os policiais cobram a chamada carreira única. É uma característica bra-sileira o fato de você fazer um concurso e não conseguir chegar ao topo, que é ocu-pado pelos delegados, pelos ofi ciais, pelos coronéis. O normal seria que na institui-ção pública os melhores chegassem ao topo. No Brasil não tem isso. Existe uma luta pela carreira única que a esquerda não soube acompanhar, implantar isso, e houve também o que a gente chama de ciclo completo, que é a mesma instituição que está na rua ter a prerrogativa de fazer a investigação.

Em relação às pautas mais dominadas pelo discurso da direita, como a questão do Código de Processo Penal, de penas mais duras, a esquerda também falhou em não discutir esses pontos?

Sim. E a discussão foi dominada pela direita. Esse é um dos motivos de eu esco-lher o Psol. A sociedade tem uma impres-são de que com a criação de mais presídios – e todos os pré-candidatos ao Senado têm essa mesma visão, inclusive do PT –, a sociedade tem impressão que vamos re-solver aprisionando mais e criando mais presídios. Aí estaremos numa sociedade melhor. O que me levou a escolher o Psol é justamente o contrário, não fazemos parte de uma esquerda punitivista, que acha que o aprisionamento vai resolver. O presídio no Brasil não é uma solução para os problemas. O presídio no Brasil faz parte do problema, majora e amplia o problema. Ele não é só uma escola, é uma agência de empregos. Vinte por cen-to dos presos cometeram furtos, crimes patrimoniais sem violência. Setenta por cento das mulheres presas comercializa-ram uma substância que foi colocada na ilicitude de maneira aleatória e política. Então 70% das mulheres são trafi cantes. É uma moça de 19 anos que foi presa na rodovia, que tem um fi lho de cinco anos e que comercializou um pacote de maco-nha. E a gente fala que é trafi cante e joga essa mulher por dez anos na cadeia. Reti-ra o direito dela de ser mãe, retira o direito

do fi lho de ter uma mãe, que é uma das coisas mais importantes da vida, e

acha que estamos construindo uma sociedade melhor.

O sr. fala em mudar o foco da discussão sobre Segurança Pública. As questões sociais são importantes nesse debate?

Sim. Quando a gen-te vai estudar Segurança Pública, analisamos os índices de mortalidade dos países. O Brasil tem

uma das taxas de mor-talidade mais altas do mundo. Em números absolutos, nenhum país mata mais que o Brasil. Em núme-ros relativos, a gente está sempre entre os dez nas pesquisas

mundiais. E os estu-diosos fi cam tentando

entender porque o Brasil é assim, vamos fazer diferente. E

quando vamos analisar as taxas de ou-tros países, percebemos que a desigualda-de social está completamente ligada aos índices de violência. Países menos desi-guais são os menos violentos. É preciso reduzir a desigualdade. Hoje percebemos que houve um abandono da juventude. A criminalidade está muito ligada à ju-ventude em todos os países, mas houve um abandono. Não há políticas públicas sérias para os jovens em Goiânia, nem em níveis estadual e federal. Não há políticas públicas contundentes que deem con-ta das demandas novas da juventude. O que o jovem quer é wifi nas praças, pista de skate, grafi te. São novas demandas, e faltam alternativas. Todos os candidatos que você entrevistar vão falar isso. Mas, de

“Não vamos nos aliar ao PT”Daniela Martins e Fagner Pinho

No dia 22 de abril, o Psol, em uma reunião interna, defi niu que o então pré-candidato ao governo estadual pela sigla, o policial

rodoviário federal Fabrício Rosa, passaria a ser pré-candidato ao Senado, dando lugar a Weslei Garcia. Nesta entrevista concedida à Tribuna do Planalto, o agora pré-candidato a uma cadeira no Senado explica como foi realizada a reunião que defi niu esta movimentação no tabuleiro e afi rma que não restou mágoa e que respeitou a decisão do partido. Ele também explica como ocorreram as conversas com o PT, que buscou a formação de uma Frente das Esquerdas no Estado, e revela que em momento algum o Psol chegou a cogitar união com o partido de Lula e Dilma. Confi ra a entrevista completa. Pré-candidato

ao Senado

RFabrício osa

Fotos: Mônica

Salvador

8 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br Entrevista

Eu passei por projetos sociais, passei quase fome. Isso faz uma diferença. É o meu diferencial

Não houve prévias. O que teve foi uma reunião do diretório e o grupo que me apoia teve sete votos. O que apoia Weslei teve dez.

a gente discorda radicalmente, do fi sio-logismo, de algumas alianças. Não va-mos nos aliar com PT para o PT se aliar com – não vou por todos os MDB nesse cenário –, mas com a parte do MDB que tem Eduardo Cunha, Renan Calheiros. Não dá, entendeu? A gente tem uma paciência revolucionária. É saber que vamos crescer de uma maneira não tão rápida. Queremos crescer mais e lim-pos. E é um desafi o ser da era pós-PT, se a gente pode falar isso. Não vamos nos aliar ao PT, como nunca nos aliamos. Não teve isso no cenário nacional nem no estadual.

Vocês foram procurados?Sempre somos. Não pela Katia Ma-

ria, mas várias lideranças. E não é uma coisa de agora também não. Entretanto, a chapa vai ser do Psol. O Psol sempre lançou candidatos próprios, Luiz Hele-no, Luciana Genro. Em Goiás sempre teve também.

A princípio o sr. era pré-candidato a governador neste pleito. Ficou alguma mágoa pelo partido ter escolhido Weslei Garcia mais uma vez?

De forma alguma. Primeiro que sou novo no partido, são três anos no parti-do. Respeito a construção do Weslei. De fato há uma construção. O Psol Goiás tem 25 diretórios no interior, eu não es-tava na maior parte da construção des-ses diretórios, quem estava era Weslei. Ele ajudou a fundar o partido em 2004. Respeito essa construção. Não houve prévias de todo mundo votar. Não teve isso. O que teve foi uma reunião do dire-tório no dia 22 de abril, essa reunião do diretório tem 17 delegados, que foram eleitos no Congresso do Psol estadual no ano passado. O grupo que me apoia teve sete votos e o grupo que apoia Wes-lei, dez. Então, essa decisão expressa as forças construídas dentro do partido. Se fosse uma visão mais pragmática, eu tenho mais visibilidade que Weslei. Mas não foi essa a visão e respeito totalmen-te a escolha.

O partido está preparando o plano de governo, como está nesse momento?

Uma coisa também que me fez es-colher o Psol é que nele há muitos en-contros e muitas brigas também, mui-tas formações. A gente discute o tempo todo o plano de governo. Isso aqui [e mostra o volume de papel] vem de dis-cussões do nosso governo. O plano de governo é discutido continuamente.

E já tem uma data para apresentação?

Ainda não.

O sr. está viajando o Estado?Viajo o Estado, mas essa viagem faz

parte da minha militância de vida. Dou aula no interior, faço projetos sociais no interior. Rodo o interior porque isso faz parte da minha vida. Ontem [quar-ta-feira], eu estava em Brasília. Na se-mana que vem estarei em Morrinhos.

E o que o sr. tem notado?A questão energética, a prestação de

serviço da Enel piorou, fi cou mais caro. Com relação à Saneago, o governo de Goiás já começa a fazer movimentações para privatizaá-la A Saneago, hoje, é for-

ma por 75% de capital do Estado e 25% de fundo de participação do município. É um modelo muito bonito esse fundo de participação dos municípios. Os municípios mais pobres acabam sendo ajudados pelos mais ricos. É um mode-lo cooperativista. E o estado de Goiás quer vender 25% desses 75% deles. En-tão, existe um cenário de venda, porque existe um olho gordo internacional em cima das riquezas brasileiras, que se expressam por meio dessas empresas públicas.

O sr. vai fazer crowdfunding?Com certeza. Tomara que a gente

seja ajudado por todas as forças pro-gressista do Estado. Temos em Goiás R$ 150 mil para gastar com as candida-turas do Psol, nessa nova verba que foi aprovada em 2017. Tem o Fundo Parti-dário que é aquele outro mais antigo. Então, é pouco para todas as candida-turas, governador, senador, deputado federal, deputado estadual. De fato, a gente percebe que é um partido pobre. Então, o crowdfunding é uma tecno-logia muito importante. A gente quer utilizar.

O partido pretende lançar quantos deputados?

Não há uma previsão. Realmente não sei, mas pela leitura que faço, te-mos em torno de 30, sem contar o PCB, mais 30 e poucos deputados estaduais, 20 e poucos deputados federais e os candidatos a senador.

Dentro dos adversários ao Senado, algum se diferencia de outro ou o sr. vê todos muito parecidos?

Para o Senado, Marconi Perillo e Lú-cia Vânia vem de uma origem muito parecida, as bases políticas são bastan-te parecidas, ligadas às oligarquias que governam o estado de Goiás há muito tempo. Demóstenes, com todo respeito à fi gura pessoal e à de procurador, mas acho uma vergonha para o estado de Goiás eleger Demóstenes. Ele não foi inocentado pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Isso tem que fi car muito claro. O STF considerou que as provas eram inválidas, invalidou uma operação. É uma vergonha para o povo goiano, que fala em mudança, votar em alguém que comprovadamente é ligado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. O Kajuru, eu acre-dito que tem características boas, é im-portante pessoas que denunciam. Mas o Kajuru tem irresponsabilidade em vários temas.

Há quem defenda que a esquerda tem que fazer união em cima de uma candidatura, talvez do Ciro Gomes, e ser pragmática. O sr. concorda?

Acredito que há espaços para múlti-plas ideologias em nosso país. Esse es-paço tem que continuar existindo. Não somos a favor de aliança com Ciro Go-mes. Ciro Gomes tem suas qualidades, é um dos políticos do cenário nacional que mais entende de economia e a gen-te tem que respeitar isso. Concordando ou não com o entendimento dele. Mas o Psol do Ceará tem denúncias graves sobre a família do Ciro Gomes e do pró-prio Ciro, enquanto coronelistas, perse-guidores, pessoas que não produzem, de fato, na governança do Estado aqui-

lo que pregam na teoria. Mas não é só por isso. Nós do Psol não nos aliaremos porque acreditamos que é importante, no espectro político, o nosso ponto de vista ideológico.

O eleitor tem se mostrado bastante decepcionado com a política ultimamente. Como trazê-lo de volta para a discussão?

Essa decepção com a política é ex-tremamente perigosa. Nós sabemos disso. A decepção com a política leva a acreditar em uma não política. E essa não política poderia passar por algum tipo de intervenção, como a interven-ção militar. Isso é terrível, é o pior dos mundos. É preciso fazer as pessoas vol-tarem a acreditar na política.

Ainda nesse cenário, a cultura do ódio difi culta uma campanha com o seu perfi l?

Difi culta. No entanto, estou acostu-mado com ódio. Fui criado em um ce-nário de ódio. Nasci dentro do ódio, eu fui criado em sala de aula discutindo todos esses temas com policiais, eu já dei aula na Rotam, na PM eu dou aula. Então, o ódio não vai me convencer a ser odioso. Uma das ferramentas para conseguir conquistas mentes e cora-ções é a metodologia do afego. Não es-tou dizendo que não perco as estribei-ras de vez em quando. Mas você precisa conseguir dialogar com a sociedade.

fato, a gente precisa construir uma estru-tura política que dê conta disso, porque os jovens são cooptados pelo chamado tráfi co, justamente por não terem ou-tra oportunidade.

Se todos os candidatos têm esse discurso, qual o seu diferencial?

Primeiro, sou um jovem, venho da pobreza. Um candidato que passou por essas necessidades tem um diferencial grande. Minha mãe é merendeira, te-nho seis irmãos, meu padrasto, que me criou, é pedreiro. Eu passei por projetos sociais, quase passei fome. Isso faz uma diferença. Eu só mudei de vida mesmo quando passei na PM. Foi quando con-segui me estruturar, aos 19 anos. Venho dessa realidade. Segundo, venho de um partido que luta por isso. Basta ver os votos dos nossos seis honrosos deputa-dos federais. São só seis, mas que fazem muito barulho. Não é demagogia estar no Psol. Jean Wyllys, Chico, Freixo, Ivan Valente... não há ninguém lá falando uma coisa e fazendo diferente na vida pessoal.

É por isso que o partido não quis participar da reunião proposta pelo PT, da Frente das Esquerdas?

Na verdade, o Psol nunca participou de nenhuma reunião com o PT nem este ano, nem em outro. E nem vai par-ticipar, se depender de mim e do grupo que faço parte. A gente reconhece to-dos os avanços do PT. Reconhecemos, de fato, o PT fez um governo que tem qualidades muito boas. Isso deve ser reconhecido. Os caras criaram quantos IF’s [Institutos Federais]. É tanta coisa bacana, o Samu, a CGU [Controladoria Geral da União], Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Nisso a gente concor-da. Entretanto, existe outro ponto que

9 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

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Entrevista

Tribuna do Planalto O Psol tem uma pauta progressista e sabemos que trabalha diversas questões de liberdade, o que a gente não encontra dentro do militarismo. O senhor, como ex-militar, concorda que a esquerda não está sabendo conversar com o militarismo, como defende um deputado de seu partido, Marcelo Freixo?

Fabrício Rosa Concordo. A gente tem que conversar

com os trabalhadores da Segurança Pú-blica. É preciso que os policiais perce-bam como trabalhar isso. Só assim a gente vai conseguir fazer com que a Polícia seja para o povo mesmo. Então, o policial tem que se sentir como um membro do povo, é uma polícia para a sociedade, e não uma polícia para as elites governantes. É preciso que a gente faça com que o policial se perceba enquanto povo, enquanto trabalhador, e as esquerdas têm tido difi culdade nisso. A esquerda no poder não conseguiu aten-der as pautas dos policiais, especialmen-te das bases. As pessoas não sabem, mas 80% dos policiais são a favor da desmili-tarização. Os ofi ciais são contra, a cúpula da polícia é contra, mas a base é a favor. A esquerda no poder nunca encampou essa pauta, os policiais cobram a chamada carreira única. É uma característica bra-sileira o fato de você fazer um concurso e não conseguir chegar ao topo, que é ocu-pado pelos delegados, pelos ofi ciais, pelos coronéis. O normal seria que na institui-ção pública os melhores chegassem ao topo. No Brasil não tem isso. Existe uma luta pela carreira única que a esquerda não soube acompanhar, implantar isso, e houve também o que a gente chama de ciclo completo, que é a mesma instituição que está na rua ter a prerrogativa de fazer a investigação.

Em relação às pautas mais dominadas pelo discurso da direita, como a questão do Código de Processo Penal, de penas mais duras, a esquerda também falhou em não discutir esses pontos?

Sim. E a discussão foi dominada pela direita. Esse é um dos motivos de eu esco-lher o Psol. A sociedade tem uma impres-são de que com a criação de mais presídios – e todos os pré-candidatos ao Senado têm essa mesma visão, inclusive do PT –, a sociedade tem impressão que vamos re-solver aprisionando mais e criando mais presídios. Aí estaremos numa sociedade melhor. O que me levou a escolher o Psol é justamente o contrário, não fazemos parte de uma esquerda punitivista, que acha que o aprisionamento vai resolver. O presídio no Brasil não é uma solução para os problemas. O presídio no Brasil faz parte do problema, majora e amplia o problema. Ele não é só uma escola, é uma agência de empregos. Vinte por cen-to dos presos cometeram furtos, crimes patrimoniais sem violência. Setenta por cento das mulheres presas comercializa-ram uma substância que foi colocada na ilicitude de maneira aleatória e política. Então 70% das mulheres são trafi cantes. É uma moça de 19 anos que foi presa na rodovia, que tem um fi lho de cinco anos e que comercializou um pacote de maco-nha. E a gente fala que é trafi cante e joga essa mulher por dez anos na cadeia. Reti-ra o direito dela de ser mãe, retira o direito

do fi lho de ter uma mãe, que é uma das coisas mais importantes da vida, e

acha que estamos construindo uma sociedade melhor.

O sr. fala em mudar o foco da discussão sobre Segurança Pública. As questões sociais são importantes nesse debate?

Sim. Quando a gen-te vai estudar Segurança Pública, analisamos os índices de mortalidade dos países. O Brasil tem

uma das taxas de mor-talidade mais altas do mundo. Em números absolutos, nenhum país mata mais que o Brasil. Em núme-ros relativos, a gente está sempre entre os dez nas pesquisas

mundiais. E os estu-diosos fi cam tentando

entender porque o Brasil é assim, vamos fazer diferente. E

quando vamos analisar as taxas de ou-tros países, percebemos que a desigualda-de social está completamente ligada aos índices de violência. Países menos desi-guais são os menos violentos. É preciso reduzir a desigualdade. Hoje percebemos que houve um abandono da juventude. A criminalidade está muito ligada à ju-ventude em todos os países, mas houve um abandono. Não há políticas públicas sérias para os jovens em Goiânia, nem em níveis estadual e federal. Não há políticas públicas contundentes que deem con-ta das demandas novas da juventude. O que o jovem quer é wifi nas praças, pista de skate, grafi te. São novas demandas, e faltam alternativas. Todos os candidatos que você entrevistar vão falar isso. Mas, de

“Não vamos nos aliar ao PT”Daniela Martins e Fagner Pinho

No dia 22 de abril, o Psol, em uma reunião interna, defi niu que o então pré-candidato ao governo estadual pela sigla, o policial

rodoviário federal Fabrício Rosa, passaria a ser pré-candidato ao Senado, dando lugar a Weslei Garcia. Nesta entrevista concedida à Tribuna do Planalto, o agora pré-candidato a uma cadeira no Senado explica como foi realizada a reunião que defi niu esta movimentação no tabuleiro e afi rma que não restou mágoa e que respeitou a decisão do partido. Ele também explica como ocorreram as conversas com o PT, que buscou a formação de uma Frente das Esquerdas no Estado, e revela que em momento algum o Psol chegou a cogitar união com o partido de Lula e Dilma. Confi ra a entrevista completa. Pré-candidato

ao Senado

RFabrício osa

Fotos: Mônica

Salvador

8 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br Entrevista

Eu passei por projetos sociais, passei quase fome. Isso faz uma diferença. É o meu diferencial

Não houve prévias. O que teve foi uma reunião do diretório e o grupo que me apoia teve sete votos. O que apoia Weslei teve dez.

a gente discorda radicalmente, do fi sio-logismo, de algumas alianças. Não va-mos nos aliar com PT para o PT se aliar com – não vou por todos os MDB nesse cenário –, mas com a parte do MDB que tem Eduardo Cunha, Renan Calheiros. Não dá, entendeu? A gente tem uma paciência revolucionária. É saber que vamos crescer de uma maneira não tão rápida. Queremos crescer mais e lim-pos. E é um desafi o ser da era pós-PT, se a gente pode falar isso. Não vamos nos aliar ao PT, como nunca nos aliamos. Não teve isso no cenário nacional nem no estadual.

Vocês foram procurados?Sempre somos. Não pela Katia Ma-

ria, mas várias lideranças. E não é uma coisa de agora também não. Entretanto, a chapa vai ser do Psol. O Psol sempre lançou candidatos próprios, Luiz Hele-no, Luciana Genro. Em Goiás sempre teve também.

A princípio o sr. era pré-candidato a governador neste pleito. Ficou alguma mágoa pelo partido ter escolhido Weslei Garcia mais uma vez?

De forma alguma. Primeiro que sou novo no partido, são três anos no parti-do. Respeito a construção do Weslei. De fato há uma construção. O Psol Goiás tem 25 diretórios no interior, eu não es-tava na maior parte da construção des-ses diretórios, quem estava era Weslei. Ele ajudou a fundar o partido em 2004. Respeito essa construção. Não houve prévias de todo mundo votar. Não teve isso. O que teve foi uma reunião do dire-tório no dia 22 de abril, essa reunião do diretório tem 17 delegados, que foram eleitos no Congresso do Psol estadual no ano passado. O grupo que me apoia teve sete votos e o grupo que apoia Wes-lei, dez. Então, essa decisão expressa as forças construídas dentro do partido. Se fosse uma visão mais pragmática, eu tenho mais visibilidade que Weslei. Mas não foi essa a visão e respeito totalmen-te a escolha.

O partido está preparando o plano de governo, como está nesse momento?

Uma coisa também que me fez es-colher o Psol é que nele há muitos en-contros e muitas brigas também, mui-tas formações. A gente discute o tempo todo o plano de governo. Isso aqui [e mostra o volume de papel] vem de dis-cussões do nosso governo. O plano de governo é discutido continuamente.

E já tem uma data para apresentação?

Ainda não.

O sr. está viajando o Estado?Viajo o Estado, mas essa viagem faz

parte da minha militância de vida. Dou aula no interior, faço projetos sociais no interior. Rodo o interior porque isso faz parte da minha vida. Ontem [quar-ta-feira], eu estava em Brasília. Na se-mana que vem estarei em Morrinhos.

E o que o sr. tem notado?A questão energética, a prestação de

serviço da Enel piorou, fi cou mais caro. Com relação à Saneago, o governo de Goiás já começa a fazer movimentações para privatizaá-la A Saneago, hoje, é for-

ma por 75% de capital do Estado e 25% de fundo de participação do município. É um modelo muito bonito esse fundo de participação dos municípios. Os municípios mais pobres acabam sendo ajudados pelos mais ricos. É um mode-lo cooperativista. E o estado de Goiás quer vender 25% desses 75% deles. En-tão, existe um cenário de venda, porque existe um olho gordo internacional em cima das riquezas brasileiras, que se expressam por meio dessas empresas públicas.

O sr. vai fazer crowdfunding?Com certeza. Tomara que a gente

seja ajudado por todas as forças pro-gressista do Estado. Temos em Goiás R$ 150 mil para gastar com as candida-turas do Psol, nessa nova verba que foi aprovada em 2017. Tem o Fundo Parti-dário que é aquele outro mais antigo. Então, é pouco para todas as candida-turas, governador, senador, deputado federal, deputado estadual. De fato, a gente percebe que é um partido pobre. Então, o crowdfunding é uma tecno-logia muito importante. A gente quer utilizar.

O partido pretende lançar quantos deputados?

Não há uma previsão. Realmente não sei, mas pela leitura que faço, te-mos em torno de 30, sem contar o PCB, mais 30 e poucos deputados estaduais, 20 e poucos deputados federais e os candidatos a senador.

Dentro dos adversários ao Senado, algum se diferencia de outro ou o sr. vê todos muito parecidos?

Para o Senado, Marconi Perillo e Lú-cia Vânia vem de uma origem muito parecida, as bases políticas são bastan-te parecidas, ligadas às oligarquias que governam o estado de Goiás há muito tempo. Demóstenes, com todo respeito à fi gura pessoal e à de procurador, mas acho uma vergonha para o estado de Goiás eleger Demóstenes. Ele não foi inocentado pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Isso tem que fi car muito claro. O STF considerou que as provas eram inválidas, invalidou uma operação. É uma vergonha para o povo goiano, que fala em mudança, votar em alguém que comprovadamente é ligado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. O Kajuru, eu acre-dito que tem características boas, é im-portante pessoas que denunciam. Mas o Kajuru tem irresponsabilidade em vários temas.

Há quem defenda que a esquerda tem que fazer união em cima de uma candidatura, talvez do Ciro Gomes, e ser pragmática. O sr. concorda?

Acredito que há espaços para múlti-plas ideologias em nosso país. Esse es-paço tem que continuar existindo. Não somos a favor de aliança com Ciro Go-mes. Ciro Gomes tem suas qualidades, é um dos políticos do cenário nacional que mais entende de economia e a gen-te tem que respeitar isso. Concordando ou não com o entendimento dele. Mas o Psol do Ceará tem denúncias graves sobre a família do Ciro Gomes e do pró-prio Ciro, enquanto coronelistas, perse-guidores, pessoas que não produzem, de fato, na governança do Estado aqui-

lo que pregam na teoria. Mas não é só por isso. Nós do Psol não nos aliaremos porque acreditamos que é importante, no espectro político, o nosso ponto de vista ideológico.

O eleitor tem se mostrado bastante decepcionado com a política ultimamente. Como trazê-lo de volta para a discussão?

Essa decepção com a política é ex-tremamente perigosa. Nós sabemos disso. A decepção com a política leva a acreditar em uma não política. E essa não política poderia passar por algum tipo de intervenção, como a interven-ção militar. Isso é terrível, é o pior dos mundos. É preciso fazer as pessoas vol-tarem a acreditar na política.

Ainda nesse cenário, a cultura do ódio difi culta uma campanha com o seu perfi l?

Difi culta. No entanto, estou acostu-mado com ódio. Fui criado em um ce-nário de ódio. Nasci dentro do ódio, eu fui criado em sala de aula discutindo todos esses temas com policiais, eu já dei aula na Rotam, na PM eu dou aula. Então, o ódio não vai me convencer a ser odioso. Uma das ferramentas para conseguir conquistas mentes e cora-ções é a metodologia do afego. Não es-tou dizendo que não perco as estribei-ras de vez em quando. Mas você precisa conseguir dialogar com a sociedade.

fato, a gente precisa construir uma estru-tura política que dê conta disso, porque os jovens são cooptados pelo chamado tráfi co, justamente por não terem ou-tra oportunidade.

Se todos os candidatos têm esse discurso, qual o seu diferencial?

Primeiro, sou um jovem, venho da pobreza. Um candidato que passou por essas necessidades tem um diferencial grande. Minha mãe é merendeira, te-nho seis irmãos, meu padrasto, que me criou, é pedreiro. Eu passei por projetos sociais, quase passei fome. Isso faz uma diferença. Eu só mudei de vida mesmo quando passei na PM. Foi quando con-segui me estruturar, aos 19 anos. Venho dessa realidade. Segundo, venho de um partido que luta por isso. Basta ver os votos dos nossos seis honrosos deputa-dos federais. São só seis, mas que fazem muito barulho. Não é demagogia estar no Psol. Jean Wyllys, Chico, Freixo, Ivan Valente... não há ninguém lá falando uma coisa e fazendo diferente na vida pessoal.

É por isso que o partido não quis participar da reunião proposta pelo PT, da Frente das Esquerdas?

Na verdade, o Psol nunca participou de nenhuma reunião com o PT nem este ano, nem em outro. E nem vai par-ticipar, se depender de mim e do grupo que faço parte. A gente reconhece to-dos os avanços do PT. Reconhecemos, de fato, o PT fez um governo que tem qualidades muito boas. Isso deve ser reconhecido. Os caras criaram quantos IF’s [Institutos Federais]. É tanta coisa bacana, o Samu, a CGU [Controladoria Geral da União], Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Nisso a gente concor-da. Entretanto, existe outro ponto que

9 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

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10 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

LITERATURA

Para comemorar o centenário de nascimento do poeta José Godoy Garcia, realizou-se em Jataí, Goiás, sua terra natal, em 3 de junho, uma sessão

magna, no auditório do Sesc, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura de Jataí, pelo Sesc e pela família do poeta, sob o comando da sobrinha Andrea Godoy Garcia. A sessão, da qual participamos como debatedor, contou com moderação da professora Flomar Chagas,

da Academia Jataiense de Letras, e exposi-ção a cargo de Ionice Barbosa, de Catalão, que está desenvolvendo trabalho de dou-torado sobre êxodo rural a partir do ro-mance ‘O caminho de trombas’.

O poeta nasceu naquela cidade, onde passou a infân-cia entre tropeiros e prostitutas e assistiu a passagem da Coluna Prestes. Ele sempre retornaria àquela cidade para se refugiar da perseguição política e para convívio com irmãos e outros familiares, ele que fi cou órfão na infância, sendo criado pela avó Maria Rita Guimarães e pelo tio Marcondes de Godoy, que foi deputado estadual e intendente municipal de Jataí.

José Godoy Garcia, que residiu em Brasília de 1957 até seu falecimento, integrou, como assessor jurídico, a Comissão Goiana para a Mudan-ça da Capital Federal, presidida por Altamiro de Moura Pacheco, e que fora criada pelo Governador José Ludovico de Almeida (Juca Ludo-vico). Pertenceu por um período à Associação Nacional de Escritores e foi um dos fundadores do Sindica-to de Escritores de Brasília.

A Geração 45, que José Godoy Garcia formou com José Décio Filho, Domingos Félix de Souza, João Accioli e Bernardo Élis, foi responsável pelo redirecionamento da literatura para o Modernismo em Goiás. Não confun-dir o grupo com aquele homônimo, que representava no plano nacional o retorno a uma literatura conserva-dora em termos de temática e de composição.

Quando José Godoy Garcia faleceu, em 20 de junho de 2001, declaramos ao Correio Braziliense que a poe-sia brasileira perdia uma maneira de ver o mundo, uma poesia marcada pela pureza e pela inocência, e também pela autenticidade. No mesmo dia, a poeta e crítica literária Darcy França Denófrio enfatizou ao jornal O Popular que, por unanimidade, Godoy é considerado o principal poeta do Modernismo goiano, apesar de ter precursores como Léo Lynce e José Décio Filho. Na contramão, José Fernan-des, que foi estudioso da Literatura Goiana, declarou que José Godoy Garcia é poeta engajado. Se a sua poesia fosse engajada, ela não estaria em ascensão em épocas de visceral nojo ao marxismo-stalinismo, merecendo registrar que, em 2013, o livro ‘Poesia’ (que reúne sua

obra poética) foi obra de referên-cia no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) e vem sendo escolhida para várias teses univer-sitárias, as quais podem ser con-sultadas na íntegra no ambiente virtual.

O artigo que Alaor Barbosa pu-

blicou na Revista da Academia Goiana de Letras sobre o Modernismo em Goiás tam-bém não é, em parte, justo com José Godoy Garcia, pois considera que “Bernardo Élis e

José Godoy Garcia (após defecções, em 1956, do Partido Comunista) publicaram mais livros do que antes, sem abandonar o protesto e a denúncia; mas se compor-tando, com cautelosa dissimulação, ou simplesmente calando opiniões políticas e procurando apresentar-se publicamente como ‘literatos puros’, sem a antiga eiva ideológica”. Se não estavam na militância política, certamente que esses autores puderam dedicar mais tempo à literatura. Certamente, não poderiam centrar suas obras numa temática que pudesse ter um direcio-namento ideológico, pois agora eram ‘literatos puros’. E é o caso de perguntar se a expressão “literato puro” pode ser reconhecida como é reconhecida a expressão “puro sangue”. O que se deve dizer é que José Godoy Garcia es-creveu “poesia pura”, sem contaminação da “eiva ideoló-gica”, que não abandonaria enquanto vivesse.

Tanto a sua poesia não foi engajada que ele não produziu nos 12 anos de militância marxista-leninista (1945/57). O livro ‘Rio do Sono’, concluído em 1944, que dedicou a Má-rio de Andrade, foi publicado em 1948, e só 24 anos de-pois (1972) publicaria ‘Araguaia Mansidão’, seu segundo livro de poesia, que teria divulgação limitadíssima na época em razão de censura do Golpe de 1964 pelo inter-ventor de Goiás.

À medida que a poesia de José Godoy Garcia vai se

desvinculando da indevida classifi cação de engajada em razão de sua militância marxista-stalinista, ela vai ocupando seu espaço não só em Goiás, mas também no estrangeiro. Ela já consta de antologias de poesia bra-sileira publicadas na Alemanha, na França, Portugal e Espanha, e seus livros integram o acervo das principais bibliotecas das universidades americanas.

Em 2005, a família de José Godoy Garcia conseguiria indenização em favor da esposa Maria Rachael Gar-cia por anistia do poeta por ter sido impedido de exercer a advocacia no período de abril de 1964 a 1980, em decorrência de motivação exclusivamente política. Os advogados que representaram a família relacionam no

CULTURA

Andrea, organizadora, Salomão, professoras da UFG Jataí, Ionice, Bebela e netas do poeta

POETA UNIVERSAL, JOSÉ GODOY GARCIA É HOMENAGEADO EM SUA TERRA NATAL

Salomão Sousa

11 GOIÂNIA, 10 A 16 DE JUNHO DE 2018 / www.tribunadoplanalto.com.br

Foi um grande poeta e é um dos nomes de maior

importância do mundo cultural de Goiás. Um brasileiro nascido

em Goiás que sempre lutou contra o autoritarismo, o arbítrio

e a injustiça social”. José Luiz Bittencourt, advogado

processo as perseguições que os órgãos de repressão registram sobre José Go-doy Garcia nos arquivos da ABIN: atua-ção no jornal O Estado de Goiás, órgão de divulgação do Partido Comunista; como advogado, em Brasília, teria o po-eta sido mentor de assaltos e outras ati-vidades subversivas no Brasil; foi indiciado em IPM, em 6 de julho de 1972, onde foi solicitada a sua prisão pre-ventiva; por ter sido autor do romance ‘O Caminho de Trombas’, que retrata atividades de movimento de cam-poneses em Formoso; por ter publicado no jornal Cinco de Março, em 10 de junho de 1968, artigo “no qual eram feitos ataques à Revolução de 1964 e à classe militar”; e, ainda, registro nos órgãos repressivos, datado de 15 de abril de 1972, em que é “citado como advogado em Brasí-lia, mentor de assuntos e outras atividades subversivas no Brasil com verbas recebidas do estrangeiro e autor do Estatuto da Associação dos Lavradores de Formosa e Trombas”; por fi gurar na relação dos fundadores da Associação Cultural Brasil/Cuba do Distrito Federal; e

por atuação como advogado da Associação dos Lavradores de Formosa e Trombas (GO).

Em declaração do advoga-do José Luiz Bittencourt, colhi-da pelos advogados como ele-mento de prova do processo de anistia de José Godoy Garcia, ele afi rma que foram colegas no De-partamento Estadual de Cultura

e, antes, no Departamento de Imprensa e Propaganda, que ambos militaram na advocacia e que, depois de ele se tornar militante do Partido Comunista, José Godoy Garcia teve cassado o registro de advogado. Declara ain-da que ele “foi um grande poeta e é um dos nomes de maior importância do mundo cultural de Goiás. Um brasileiro nascido em Goi-ás que sempre lutou contra o autorita-rismo, o arbítrio e a injustiça social. Um marxista que acreditou na fi losofi a polí-tica dos que abraçavam a sua doutrina”.

Ainda José Luiz Bittencourt, num dos três capítulos do livro ‘A consciência da palavra’ dedicados ao poeta, afi rma que a poesia de José Godoy é inspirada na inven-tividade. “Muito diferente de sua persona-

lidade no convívio social, isto é, de sua conduta huma-na, pois irreverente, agressivo, irônico, tornava sempre difícil desvincular o real da fantasia em suas descrições literárias. Não poupava crítica dura e pesada àqueles que considerava débeis nas incursões no mundo das letras, “gênios da imbecilidade” como ... defi nia os fa-velados da poesia, expressão um pouco estranha, mas vivamente ilustrada de sua combatividade no terreno da estética e da arte”.

Fábio Lucas, em artigo consagrador da poesia de José Godoy Garcia, aclama que “o lado catártico não atinge nele a ideologia bé-lica, como se quisesse com-bater a violência com outra violência. O seu apelo social veste-se de um realismo an-tifascista. Mas seu discurso não visa o ato da repressão, antes a conquista da liber-dade: liberdade do corpo, da alma, do viver em plenitu-de, com os outros e para os outros, construtivamente”.

Ressaltamos que José Godoy Garcia era combativo no seu exercício civil, na prática jornalística de crítica hostil aos governantes da ditadura, mas de uma poesia integrada à paisagem goiana, à urbanidade de Brasília, e de um convívio pacífi co com os amigos, seja nos bares ou em sua casa na quadra 706 Sul, próximo à Biblioteca Demonstrativa. Uma das maiores lembranças de nosso convívio de viva amizade foi sua presença em um dos meus aniversários. Só um poeta desequilibra as formas das relações capitalistas: presentear o amigo com uma braçada de folhas de bananeira.

Salomão Sousa é poeta. Nasceu em Silvânia e mora em Brasília. http://safraquebrada.blogspot.com

CULTURA

Ionice Barbosa, expositora, e Bebela Garcia, fi lha do poeta

O jataiense José Godoy Garcia é o principalpoeta do Modernismo em Goiás.

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LITERATURA

Para comemorar o centenário de nascimento do poeta José Godoy Garcia, realizou-se em Jataí, Goiás, sua terra natal, em 3 de junho, uma sessão

magna, no auditório do Sesc, promovida pela Secretaria Municipal de Cultura de Jataí, pelo Sesc e pela família do poeta, sob o comando da sobrinha Andrea Godoy Garcia. A sessão, da qual participamos como debatedor, contou com moderação da professora Flomar Chagas,

da Academia Jataiense de Letras, e exposi-ção a cargo de Ionice Barbosa, de Catalão, que está desenvolvendo trabalho de dou-torado sobre êxodo rural a partir do ro-mance ‘O caminho de trombas’.

O poeta nasceu naquela cidade, onde passou a infân-cia entre tropeiros e prostitutas e assistiu a passagem da Coluna Prestes. Ele sempre retornaria àquela cidade para se refugiar da perseguição política e para convívio com irmãos e outros familiares, ele que fi cou órfão na infância, sendo criado pela avó Maria Rita Guimarães e pelo tio Marcondes de Godoy, que foi deputado estadual e intendente municipal de Jataí.

José Godoy Garcia, que residiu em Brasília de 1957 até seu falecimento, integrou, como assessor jurídico, a Comissão Goiana para a Mudan-ça da Capital Federal, presidida por Altamiro de Moura Pacheco, e que fora criada pelo Governador José Ludovico de Almeida (Juca Ludo-vico). Pertenceu por um período à Associação Nacional de Escritores e foi um dos fundadores do Sindica-to de Escritores de Brasília.

A Geração 45, que José Godoy Garcia formou com José Décio Filho, Domingos Félix de Souza, João Accioli e Bernardo Élis, foi responsável pelo redirecionamento da literatura para o Modernismo em Goiás. Não confun-dir o grupo com aquele homônimo, que representava no plano nacional o retorno a uma literatura conserva-dora em termos de temática e de composição.

Quando José Godoy Garcia faleceu, em 20 de junho de 2001, declaramos ao Correio Braziliense que a poe-sia brasileira perdia uma maneira de ver o mundo, uma poesia marcada pela pureza e pela inocência, e também pela autenticidade. No mesmo dia, a poeta e crítica literária Darcy França Denófrio enfatizou ao jornal O Popular que, por unanimidade, Godoy é considerado o principal poeta do Modernismo goiano, apesar de ter precursores como Léo Lynce e José Décio Filho. Na contramão, José Fernan-des, que foi estudioso da Literatura Goiana, declarou que José Godoy Garcia é poeta engajado. Se a sua poesia fosse engajada, ela não estaria em ascensão em épocas de visceral nojo ao marxismo-stalinismo, merecendo registrar que, em 2013, o livro ‘Poesia’ (que reúne sua

obra poética) foi obra de referên-cia no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) e vem sendo escolhida para várias teses univer-sitárias, as quais podem ser con-sultadas na íntegra no ambiente virtual.

O artigo que Alaor Barbosa pu-

blicou na Revista da Academia Goiana de Letras sobre o Modernismo em Goiás tam-bém não é, em parte, justo com José Godoy Garcia, pois considera que “Bernardo Élis e

José Godoy Garcia (após defecções, em 1956, do Partido Comunista) publicaram mais livros do que antes, sem abandonar o protesto e a denúncia; mas se compor-tando, com cautelosa dissimulação, ou simplesmente calando opiniões políticas e procurando apresentar-se publicamente como ‘literatos puros’, sem a antiga eiva ideológica”. Se não estavam na militância política, certamente que esses autores puderam dedicar mais tempo à literatura. Certamente, não poderiam centrar suas obras numa temática que pudesse ter um direcio-namento ideológico, pois agora eram ‘literatos puros’. E é o caso de perguntar se a expressão “literato puro” pode ser reconhecida como é reconhecida a expressão “puro sangue”. O que se deve dizer é que José Godoy Garcia es-creveu “poesia pura”, sem contaminação da “eiva ideoló-gica”, que não abandonaria enquanto vivesse.

Tanto a sua poesia não foi engajada que ele não produziu nos 12 anos de militância marxista-leninista (1945/57). O livro ‘Rio do Sono’, concluído em 1944, que dedicou a Má-rio de Andrade, foi publicado em 1948, e só 24 anos de-pois (1972) publicaria ‘Araguaia Mansidão’, seu segundo livro de poesia, que teria divulgação limitadíssima na época em razão de censura do Golpe de 1964 pelo inter-ventor de Goiás.

À medida que a poesia de José Godoy Garcia vai se

desvinculando da indevida classifi cação de engajada em razão de sua militância marxista-stalinista, ela vai ocupando seu espaço não só em Goiás, mas também no estrangeiro. Ela já consta de antologias de poesia bra-sileira publicadas na Alemanha, na França, Portugal e Espanha, e seus livros integram o acervo das principais bibliotecas das universidades americanas.

Em 2005, a família de José Godoy Garcia conseguiria indenização em favor da esposa Maria Rachael Gar-cia por anistia do poeta por ter sido impedido de exercer a advocacia no período de abril de 1964 a 1980, em decorrência de motivação exclusivamente política. Os advogados que representaram a família relacionam no

CULTURA

Andrea, organizadora, Salomão, professoras da UFG Jataí, Ionice, Bebela e netas do poeta

POETA UNIVERSAL, JOSÉ GODOY GARCIA É HOMENAGEADO EM SUA TERRA NATAL

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Foi um grande poeta e é um dos nomes de maior

importância do mundo cultural de Goiás. Um brasileiro nascido

em Goiás que sempre lutou contra o autoritarismo, o arbítrio

e a injustiça social”. José Luiz Bittencourt, advogado

processo as perseguições que os órgãos de repressão registram sobre José Go-doy Garcia nos arquivos da ABIN: atua-ção no jornal O Estado de Goiás, órgão de divulgação do Partido Comunista; como advogado, em Brasília, teria o po-eta sido mentor de assaltos e outras ati-vidades subversivas no Brasil; foi indiciado em IPM, em 6 de julho de 1972, onde foi solicitada a sua prisão pre-ventiva; por ter sido autor do romance ‘O Caminho de Trombas’, que retrata atividades de movimento de cam-poneses em Formoso; por ter publicado no jornal Cinco de Março, em 10 de junho de 1968, artigo “no qual eram feitos ataques à Revolução de 1964 e à classe militar”; e, ainda, registro nos órgãos repressivos, datado de 15 de abril de 1972, em que é “citado como advogado em Brasí-lia, mentor de assuntos e outras atividades subversivas no Brasil com verbas recebidas do estrangeiro e autor do Estatuto da Associação dos Lavradores de Formosa e Trombas”; por fi gurar na relação dos fundadores da Associação Cultural Brasil/Cuba do Distrito Federal; e

por atuação como advogado da Associação dos Lavradores de Formosa e Trombas (GO).

Em declaração do advoga-do José Luiz Bittencourt, colhi-da pelos advogados como ele-mento de prova do processo de anistia de José Godoy Garcia, ele afi rma que foram colegas no De-partamento Estadual de Cultura

e, antes, no Departamento de Imprensa e Propaganda, que ambos militaram na advocacia e que, depois de ele se tornar militante do Partido Comunista, José Godoy Garcia teve cassado o registro de advogado. Declara ain-da que ele “foi um grande poeta e é um dos nomes de maior importância do mundo cultural de Goiás. Um brasileiro nascido em Goi-ás que sempre lutou contra o autorita-rismo, o arbítrio e a injustiça social. Um marxista que acreditou na fi losofi a polí-tica dos que abraçavam a sua doutrina”.

Ainda José Luiz Bittencourt, num dos três capítulos do livro ‘A consciência da palavra’ dedicados ao poeta, afi rma que a poesia de José Godoy é inspirada na inven-tividade. “Muito diferente de sua persona-

lidade no convívio social, isto é, de sua conduta huma-na, pois irreverente, agressivo, irônico, tornava sempre difícil desvincular o real da fantasia em suas descrições literárias. Não poupava crítica dura e pesada àqueles que considerava débeis nas incursões no mundo das letras, “gênios da imbecilidade” como ... defi nia os fa-velados da poesia, expressão um pouco estranha, mas vivamente ilustrada de sua combatividade no terreno da estética e da arte”.

Fábio Lucas, em artigo consagrador da poesia de José Godoy Garcia, aclama que “o lado catártico não atinge nele a ideologia bé-lica, como se quisesse com-bater a violência com outra violência. O seu apelo social veste-se de um realismo an-tifascista. Mas seu discurso não visa o ato da repressão, antes a conquista da liber-dade: liberdade do corpo, da alma, do viver em plenitu-de, com os outros e para os outros, construtivamente”.

Ressaltamos que José Godoy Garcia era combativo no seu exercício civil, na prática jornalística de crítica hostil aos governantes da ditadura, mas de uma poesia integrada à paisagem goiana, à urbanidade de Brasília, e de um convívio pacífi co com os amigos, seja nos bares ou em sua casa na quadra 706 Sul, próximo à Biblioteca Demonstrativa. Uma das maiores lembranças de nosso convívio de viva amizade foi sua presença em um dos meus aniversários. Só um poeta desequilibra as formas das relações capitalistas: presentear o amigo com uma braçada de folhas de bananeira.

Salomão Sousa é poeta. Nasceu em Silvânia e mora em Brasília. http://safraquebrada.blogspot.com

CULTURA

Ionice Barbosa, expositora, e Bebela Garcia, fi lha do poeta

O jataiense José Godoy Garcia é o principalpoeta do Modernismo em Goiás.

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A classe média se nega a debater a

equalização e o ganho coletivo.

(...) Não perceberam que a única hipótese de terem um

futuro melhor é se ele for

melhor para todos.”

ELEIÇÕES

Marcos Marinho

Recentemente assistimos a uma das mais poderosas manifestações classistas

no Brasil nos últimos anos: a paralisação dos caminho-neiros. Esta paralisação foi poderosa tanto no sentido de impactar diretamente o país em níveis social, econômico e político, como ao mexer com o contexto já desequilibrado do ano eleitoral.

Infl igindo novas derrotas ao, já em frangalhos, governo de Michel Temer, a paralisação dos profi ssionais de transporte de cargas, num aparente misto de “greve” e locaute, ocupou estra-das e redes sociais digitais com uma fúria que há muito não se via no país. Apesar das ten-tativas de comparação com as manifestações sociais de 2013, o que os caminhoneiros fi zeram foi bastante além, conseguindo pressionar o governo a agir de modo impensado, atabalhoado e inefi caz. Mais uma vez, Temer e sua farândola erraram no ti-ming, nas ações e no posiciona-mento perante os demandantes, o mercado e a opinião pública.

Trago neste texto uma refl e-xão que, acredito, fi cará bastante mais relevante com o aproximar das urnas: o desejo de vingança dos eleitores. Movidos por um ressentimento que foi alimenta-do pelos discursos de populistas que se sucedem há décadas na luta pelo poder político, com ên-fase para os períodos eleitorais, os brasileiros, a meu ver, deci-dirão seus votos em 2018 tendo como importante fi ltro a raiva que sentem por tudo e todos que, em seu julgamento, os estão fazendo sofrer.

Destaco da massa eleitora a classe média, um grupo social que é constantemente confi gu-rado e reconfi gurado a partir de dados estatísticos que atendem aos interesses de grupos de poder. De aparên-cia amorfa e comportamen-to mimético, este grupo de pessoas que, de acordo com defi nições questionáveis, compõem o extrato central do atual losango de classes bra-sileiro, têm um papel crucial na estrutura do país.

A classe média brasileira fun-ciona como um amortecedor social. Situada entre os polos condensadores de sentimentos poderosos e consolidados, qual

A vingativa classemédia

perceber a mani-festação do ressen-timento aleatório das pessoas agindo apartado de qual-quer senso críti-co e disposto a apoiar qualquer coisa que, em seu entender, infl igisse per-das e sofrimen-to ao governo, aos políticos e a todos que, mesmo sem um confi gu-ração clara e coerente, são alvos de seu ódio: co-munistas, PTis-tas, professores de história, intelectuais, e todo grupo que perfi -le no painel de culpados por sua infelicidade.

As medidas adotadas pelo governo impactarão direta-mente na classe média, mas isso aparentemente não foi relevado quando das várias mensagens de apoio nas mídias sociais. Res-tou-me claro que, em cada fra-se, hashtag e bandeira exposta, estava incandescente não um sentimento empático e solidário pelas fi guras dos caminhonei-ros, que sofrem com condições péssimas de trabalho e baixa remuneração – isso sempre foi assim e a classe média nunca demonstrou se importar, prin-cipalmente quando percebia que para contribuir com os ca-minhoneiros acabaria pagando mais pelos fretes. Ali havia, e ain-da há, o rancor, o ressentimento e a raiva contra um sistema que está longe de ser compreendido,

mas que, em seu entendimento, é culpado por afastar essas pes-soas do sonho de pertencer ao

andar de cima.O mais im-

portante de r e p e n s a r-mos o com-portamento da classe mé-dia brasileira não é o de-

sejo mi-m é -t i c o d e v i -

ver a vida dos ricos e fa-mosos, em certo nível é legítimo o sonho de mais conforto e prazer, mas o fato de o custo da realiza-ção deste sonho ser a precariza-ção da vida de outros. Con-seguir a ma-nutenção do status social à custa da depreciação da mão de obra alheia, da redução

de direitos dos que fazem do

esforço cotidiano, físico e intelectual,

a manutenção do sus-tento de suas famílias

(e, por que não, de seus so-nhos) é cruel.

Em sua difi culdade de se perceber enquanto uma classe que está apartada da riqueza, concentrada há séculos em al-guns sobrenomes, e que não to-lera a ideia de ser parte da base estrutural que suporta o país, a classe média se nega a debater a equalização e o ganho coletivo. Envenenada com slogans indi-vidualistas e mitos do self made man americano e dos empreen-dedores de palco que enrique-cem ao vomitar frases de efeito, esta classe social é corporifi ca-da por trabalhadores, uns com rótulo de empregado, outros de empresário (micro e pequenos), que não perceberam que a úni-ca hipótese de terem um futuro melhor é se ele for melhor para todos.

seja a revolta da classe baixa e o medo da classe alta, reúne uma “maioria” distribuída entre as gradações habilmente dese-nhadas para oferecer uma certa noção de mobilidade. São mo-vimentos de identifi cação-de-sidentifi cação que evitam o en-durecimento do sistema e, com isso, sua ruína. Ela expande-se em momentos onde a sensação de conquistas e felicidade conta-gia seus membros e retrai-se nas fases onde a escassez e a desespe-rança lhe tomam de assalto.

Empurrada em sentido opos-to pelos de cima e pelos de baixo, a classe média vive no não-lugar, caracterizada pela ausência de coesão, sem identifi car as pautas mobilizadoras que a tirariam do exercício constante de acomo-dação. Decantada em várias ca-madas com desejos e aspirações diversos, tolerâncias e intolerân-cias fl exíveis, a classe média atua para impedir as rupturas que se fazem necessárias para a trans-formação do sistema social bra-sileiro. Por suas características, torna-se impossível de ser co-optada em seu todo, impedindo um sentimento de unidade.

Vivendo de generalizações convenientes que oferecem ní-

veis de aglutinação e atomi-zação insufi cientes para

despoletar algum mo-vimento massivo em qualquer direção, a “en-tidade” classe média se-

gue amortecendo o país, dando conforto para os que

se deitam sobre ela, e evitando a explosão dos ódios e desespe-ro dos que sucumbem embaixo dela.

No caso específi co da parali-sação dos caminhoneiros, sobre a qual iniciamos este texto, pude

Marcos MarinhoPesquisador e professor em Comunicação Política