8
ANO X | NÚMERO 111 | MAIO DE 2014 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) CONTAG E MAIS: Seguro de Renda para a Agricultura Familiar (pág 3) • Aprovação do PLP 362/2006 (pág 4) • 20º GTB (pág 7) • Campanha Nacional de Sindicalização (pág 5) • Combate à Informalidade (pág 6) • Quintais Produtivos (pág 8) PRONATEC CAMPO página 3 Parceria entre CONTAG e IFB possibilita formação de alto nível aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. A CONTAG é filiada à 2014 Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena

ANO X | NÚMERO 111 | MAIO DE 2014 CONTAG · Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena. 2 Jornal da Contag ... são rural, assalariamento rural, Plano Nacional

  • Upload
    lekien

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

A N O X | N Ú M E R O 1 1 1 | M A I O D E 2 0 1 4

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG)

CONTAG

E MAIS: Seguro de Renda para a Agricultura Familiar (pág 3) • Aprovação do PLP 362/2006 (pág 4) • 20º GTB (pág 7) • Campanha Nacional de Sindicalização (pág 5) • Combate à Informalidade (pág 6) • Quintais Produtivos (pág 8)

PRONATECcaMpO

página 3

Parceria entre CONTAG e IFB possibilita formação de alto nível aos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

A CONTAG é filiada à

2014Ano Internacional daAgricultura Familiar,Camponesa e Indígena

2 J o r n a l d a C o n t a g

Editorial

Estamos às vésperas da realização da principal ação de massa do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR): o Grito da Terra Brasil. Em 2014, Ano Internacional da Agricultura Familiar, das eleições majoritárias e da Copa do Mundo no Brasil, realizaremos a 20ª edição do GTB no mês de maio. São 20 anos de muitos avan-ços e conquistas de políticas públicas e me-didas que melhoraram a qualidade de vida e de trabalho de milhares de mulheres e homens trabalhadores(as) rurais.

Para esse ano, a expectativa não é diferente. Estamos confiantes de que faremos uma grande mobilização e negociação que resulte no ajuste e melhoria das políticas públicas para a nossa ca-tegoria trabalhadora rural. Nesse sentido, a nossa pauta de reivindicações elenca questões centrais que visam promover o acesso à terra, a produção de alimentos saudáveis e a garantia da soberania e segurança alimentar da população brasileira.

A Reforma Agrária e a Organização Sindical

são o foco desse ano e a negociação desses te-mas ditarão a força e intensidade das nossas mo-bilizações por todo o Brasil. Mas, a nossa pauta traz outras questões importantes para a popula-ção rural. Ao todo, são mais de 300 itens, que se-rão negociados com 19 ministérios, órgãos go-vernamentais e autarquias, que se relacionam com as temáticas do fortalecimento da agricul-tura familiar, meio ambiente, juventude e suces-são rural, assalariamento rural, Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), po-líticas sociais e relações internacionais.

Para marcar essa 20ª edição, a primeira de-pois dos 50 anos da CONTAG, adotaremos uma estratégia diferente e desafiadora. Serão realiza-das ações descentralizadas em todo o País, com mobilizações nas regionais, estados e municí-pios. A ideia é envolver milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais da base, fazendo pressão junto ao governo para que as nossas demandas sejam atendidas.

Neste caminho, no mês de abril, iniciamos o

diálogo com a entrega da pauta de reivindicações à Dilma Rousseff. A pauta teve boa receptividade por parte da presidenta da República, mas sabe-mos que as negociações não serão fáceis, princi-palmente por estarmos às vésperas do processo das eleições majoritárias. Portanto, a nossa ex-pectativa é de que as FETAGs reforcem a nossa Comissão Nacional de Negociação, com a vinda de dirigentes sindicais e assessorias para a jorna-da de audiências que acontecerão no período de 13 a 19 de maio, em Brasília.

Com união, persistência e muita luta faremos um grande Grito da Terra Brasil, o maior de toda a história. Vamos nos empenhar para fortalecer ain-da mais o MSTTR (CONTAG, FETAGs e STTRs), referência na luta pela construção de uma socie-dade mais justa, democrática e igualitária, e na defesa permanente dos interesses e direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG

Rumo ao 20º Grito da Terra Brasil

EntrEvista

Dom LeonarDo Steiner

Por que é importante realizar uma Reforma Política?A reforma política é urgente. Percebe-se com cla-reza que se alarga um fosso entre o Estado e a Nação, entre os representados e seus represen-tantes, entre sociedade civil e governo; quadro que põe em risco a estabilidade  democrática. Diante do perigoso descrédito do sistema políti-co representativo, julgamos urgente despertar a consciência cívica do cidadão e cidadã, impon-do uma cobrança maior do aperfeiçoamento das instituições e da efetividade dos direitos básicos. A sociedade civil, especialmente seus segmentos de juventude, tem reagido contra os escândalos de corrupção que reiteradamente são denuncia-dos, exigindo punição mais efetiva para os res-ponsáveis. Nesse contexto, entidades da socie-dade civil julgaram ser seu dever empenhar-se na recomposição dos valores da Democracia, da Justiça Social, da Ética na Política, da Participação Cívica e da efetividade dos direitos do cidadão. Assim nasceu a ideia de um Projeto de Lei de Ini-ciativa Popular por uma Reforma Política Demo-crática: uma ação coletiva considerando que esta conjuntura impõe uma profunda Reforma Política, com ampla participação da população.

Quais os três principais pontos do Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política?Considerações gerais: a) não se trata de Emenda à Constituição, mas propostas de lei infraconsti-tucionais para mais fácil tramitação no Congres-so Nacional; b) o projeto de lei já foi entregue ao presidente da Câmara com o objetivo de criar um

clima dentro do Congresso ao chegarem as as-sinaturas da sociedade civil (1,5 milhão previsto em lei) com o apoio de muitos parlamentares. Os principais pontos do consenso entre as mais de 90 entidades comprometidas com o Projeto de Lei: a) afastamento do poder econômico das elei-ções; b) adoção do sistema eleitoral do voto em dois turnos - ao partido e depois a um candidato de uma lista formada democraticamente; c) alter-nância de gênero, dando visibilidade às minorias nas listas de candidato/a; d) regulamentação dos instrumentos da democracia direta, previstos no art. 14 da Constituição: projeto de lei de iniciativa popular, referendo e plebiscito. Quanto ao 1º item, vale lembrar que o Supremo Tribunal Federal vem expressando, pelo voto dos ministros, que as do-ações de pessoas jurídicas é inconstitucional. O 2º ponto busca fortalecer os partidos que tenham programas consequentes e determinados.

Diversas entidades se uniram, a partir da articulação da CNBB, para lutar pela reforma política e eleições limpas. Qual a importância dessa ini-ciativa?Nos últimos anos, a CNBB tem contribuído com propostas que se tornaram leis com participação popular, tais como: a Lei 9840 e a chamada Ficha Limpa. Faz parte da missão evangélica da CNBB colaborar com a formação de critérios éticos a serviço da dignidade da pessoa humana e do conjunto da sociedade. Por isso, ciente da neces-sidade de mudanças mais profundas na realida-de política do Brasil, ela criou uma Comissão de Acompanhamento da Reforma Política. Como vá-

rias iniciativas circulavam pelo país, a Comissão da CNBB convidou representantes de entidades para juntar esforços no que se chamou Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas. Esta Coalizão tem uma coordenação formada por representantes de quatro grandes entidades: a OAB, a Plataforma dos Movimentos Sociais, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a CNBB.

Como está a mobilização da CNBB para arrecadar as assinaturas em fa-vor do projeto de lei de iniciativa po-pular?A direção da CNBB enviou uma carta a todos os bispos valorizando a iniciativa e solicitando empenho nas assinaturas. Esta carta cumpre também o objetivo de informar sobre os acon-tecimentos acerca deste assunto e convidar a todos os bispos a acompanharem o movimento em suas Dioceses. A Coalizão se empenha em formar Comitês congêneres nos vários estados com o objetivo de alcançar mais facilmente a população na formação da cidadania. Já está em circulação, como iniciativa da direção da OAB, assinada pelo conjunto das entidades, uma cartilha com todas as orientações para melhor compreensão e adesão da população. E a CNBB tem apoiado uma Ação de Inconstitucionalidade (ADI), apresentada pela OAB, em tramitação no STF, propondo retirar das eleições o financia-mento de empresas, explicitando a preocupação com o alto custo dos processos eleitorais. Já seis ministros do STF votaram a favor da proposta da OAB, “quorum” suficiente para aprovar a ADI.

Reforma Política é o tema desta entrevista com o secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo auxiliar de Brasília/DF, Dom Leonardo Ulrich Steiner. O sacerdote fala da importância desta reforma para o País, os principais pontos do Projeto de Lei de Iniciativa Popular que trata deste tema e do papel da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas.

ARQ

uIvO

PES

SOAL

3J o r n a l d a C o n t a g

RETR

ATO

S: g

ABRI

ELLA

AvI

LA

Educação do campo

O Programa de Garantia da Atividade Agro-pecuária - Proagro foi criado pela Lei 5.969/1973 e regido pela Lei Agrícola 8.171/1991, ambas re-gulamentadas pelo Dec. 175/1991. Suas normas são aprovadas pelo Conselho Monetário Nacio-nal e disponibilizadas no Capítulo 16 do Manual de Crédito Rural (MCR-16), que é divulgado pelo Banco Central.

O objetivo do Proagro é garantir a exoneração de obrigações financeiras relativas a operação de crédito rural de custeio, cuja liquidação seja dificultada pela ocorrência de fenômenos natu-rais, pragas e doenças sem controle, que atinjam rebanhos e plantações, conforme regras estabe-lecidas pelo CMN.

Mesmo com esses avanços, na visão da CONTAG, o SEAF não garante proteção à renda para parcela significativa da agricultura familiar. É uma modalidade de seguro de caráter obriga-tório mútuo onde todos pagam, mas uma grande parte dos pronafianos é prejudicada devido às distorções do programa. Enquanto alguns têm

cobertura excessiva, outros têm cobertura muito baixa ou nenhuma. Para lavouras permanentes, em muitos casos, olericultura e outras culturas com alta densidade por hectare, o valor segu-rado é baixo. Em muitos casos, se perder a pro-dução, mesmo com SEAF, o agricultor receberá pouco ou simplesmente nada, nem para ajudar a pagar o financiamento.

A propostA dA CoNtAG No GtB/2014 pArA um seGuro de reNdA – Na safra 2013/2014, foram contratadas 447.401 opera-ções com SEAF, no valor de R$ 7,05 bilhões em financiamentos. Neste mesmo período, o SEAF indenizou 27.355 produtores, no valor global de R$ 239,6 milhões.

Tendo em vista a importância do programa para o setor, o secretário de Política Agrícola, Da-vid Wylkerson, disse que, “na visão da CONTAG, é preciso alterar as condições operacionais do SEAF para garantir cobertura de 90% da renda bruta esperada do empreendimento, introduzin-

do-se o conceito de seguro de renda para corri-gir distorções e proporcionar níveis de cobertura adequados para os diferentes tipos de lavouras”.

Veja o exemplo: Para custeio de três hectares cultivados com uva industrial, o agricultor fami-liar tomou financiamento de R$13.350,00, tendo prevista uma Renda Bruta Esperada (RBE) de R$45 mil. Supondo uma perda de 50% da pro-dução, a produção final será de R$22.500,00.

No modelo atual: o valor segurado será R$ 20.350,00, menor que o valor da produção colhida – então, com 50% de perda, o agricultor não recebe nada do seguro.

No novo modelo: o valor segurado seria R$ 40.500,00 (90% da RBE). Como o NOVO SEAF paga a diferença entre esse valor e a produção colhida – o agricultor receberá R$ 18 mil.  So-mando esse valor que o seguro pagou com os R$ 22.500,00 da colheita, o agricultor terá garan-tido o valor segurado de R$ 40.500,00 que havia sido garantido na contratação do seguro.

Por que a CONTAG reivindica um Seguro de Renda para Agricultura Familiar?agricultura Familiar

Uma educação diferenciada que contempla as necessidades do campo e oportuniza a formação dos homens e mulheres que

nele vivem e trabalham. É com base nessa ideia, que se reflete na perspectiva da educação do campo desejada pelo movimento sindical, que a CONTAG, em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB), realiza cursos técnicos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), e mostra que é possível formar pesso-as com alto nível de excelência e possibilitar a elas carreiras profissionais promissoras no meio rural.

Para tal, a CONTAG e o IFB apostam na peda-gogia da alternância, método que intercala perío-dos de convivência e processos de aprendizagem em tempo escola e tempo comunidade. Iniciado ao final de 2013, a dinâmica do projeto consiste em trazer os alunos(as) de vários estados brasilei-ros para Brasília, onde ficam hospedados durante o período de realização das etapas dos cursos no Centro de Estudo Sindical Rural (CESIR), localiza-do na sede da CONTAG. Nesse mesmo espaço, assistem às aulas, direcionadas para diferentes

especialidades. O modelo tem aprovação dos alunos(as). “Se fosse um curso presencial, eu não teria oportunidade de participar, devido à distância da zona rural em que moro. A alternância é funda-mental nesse sentido”, afirma Andréia Aparecida de Campos, de Paracatu-MG.

Os cursOs – Cooperativismo, Agroindústria e Serviços Públicos Subsequente são os cursos téc-nicos oferecidos, cada qual com seus cursos FICs - Formação Inicial Continuada, que acontecem em períodos específicos e com cargas horárias que variam de 250 a 280 horas, durando cerca de 15 dias. O primeiro período, dividido em duas etapas, ocorreu entre outubro e dezembro de 2013, e o se-gundo, também em duas etapas, aconteceu entre fevereiro e abril desse ano. O próximo já está mar-cado para maio, e haverá etapas por todo o ano de 2014, com diferentes estados.

ExpEctativas alcançadas – O clima entre os participantes ao fim da última etapa, realizada entre 31 de março e 16 de abril, e que contou com

alunos(as) da Bahia, Tocantins, Distrito Federal, Piauí, Minas Gerais e Goiás, era de satisfação. “O curso superou todas as minhas expectativas”, con-ta Regina Gomes, de Cristalândia-PI, participante do curso de Técnico em Agroindústria. “Levaremos grandes experiências para casa, para ajudar outras pessoas, principalmente na nossa base” observa.

Os resultados vão de encontro também com as expectativas da CONTAG, que pretende ir além com este trabalho, como conta o secretário de Políticas Sociais, José Wilson Gonçalves: “Que-remos construir, a partir desta experiência, con-dições para uma proposta de negociação com o governo de adequarmos a legislação do Pronatec à realidade do campo, pois observamos que a po-lítica de formação técnica do governo federal atual não atende a essas especificidades. Já estamos formulando propostas que serão levadas para as negociações do 20º GTB e buscando aliados para essa construção”, finaliza.

Pronatec Campo gera bons resultados e CONTAG busca aperfeiçoar o Programa

“O curso de Agroindústria superou minhas expectativas. Já trabalho com leite em meu assentamento e pretendo aplicar o que aprendi no curso aprimorando o trabalho que já faço.”AndréiA Cordeiro, Assentamento Hebert de Souza, Paracatu/MG – Curso de Téc. Agroindústria.

“O curso é uma ótima experiência de amadurecimento pessoal e profissional, principalmente no sentido de levar uma bagagem complementar para o nosso trabalho do dia-a-dia.”AdriAnA AlmeidA, Araçuaí/MG – Curso de Serviços Públicos Subsequente.

“As matérias aplicadas são muito importantes e os professores também têm um grande domínio. É um aprendizado a mais que estamos buscando para levar para nossas comunidades.”domingos Alves BAtistA, Barreiras do Piauí/PI – Curso de Projetos Sociais.

“Fiz o curso de Cooperativismo para aperfeiçoar o trabalho que já faço de acompanhamento de associações na minha região. Saio daqui com muita experiência e com enorme capacidade.”Ademildes de Brito, Cristópolis/BA – Curso Téc. de agente em Cooperativismo.

CÉSA

R RA

MO

S

4 J o r n a l d a C o n t a g 4 J o r n a l d a C o n t a g J o r n a l d a C o n t a g J o r n a l d a C o n t a g

50 ANOS DA FETAEP - Assim como a CONTAg, em 2013, muitas federações completaram 50 anos de fundação. uma delas foi a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), que comemorou o seu cinquentenário em 24 de outubro do ano passado. A CONTAg parabeniza esta importante federação pelas cinco décadas de lutas e conquistas para o campo.

conquista

Após 8 anos de tramitação, Câmara aprova o PLP da Sucessão Rural

O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalha-doras Rurais (MSTTR) ga-

rantiu mais uma conquista para a categoria em 22 de abril desse ano. Após oito anos de tramitação no Congresso Nacional, foi apro-vado na Câmara dos Deputados, por 304 votos, o Projeto de Lei Complementar (PLP) 362/2006, que altera dispositivo da Lei Com-plementar nº 93.

Com esta aprovação, diversos problemas enfrentados há anos na compra de terras por herdeiros poderão ser solucionados, além de permitir melhorias significativas nas condições de financiamen-to da terra pelo Programa Nacio-nal de Crédito Fundiário (PNCF). Até então, a legislação brasileira

impedia que parentes pudessem obter financiamento público para aquisição da fração de outros her-deiros que não possuíam condi-ções ou interesse na manutenção do imóvel herdado, resultando na fragmentação da propriedade com a venda para terceiros. O projeto também prevê a ampliação no pra-zo de financiamento de 20 para 35 anos e o aumento da carência para pagamento de 3 para 5 anos, além da possibilidade de ampliar o teto para a compra de terra. “Com o PLP 362 aprovado, a nossa expec-tativa é de melhorar as condições do Programa Nacional de Crédito Fundiário, atendendo as nossas demandas e ampliando o progra-ma, que é uma importante opção de acesso à terra, também para a

juventude, contribuindo para a sua permanência no campo”, disse Ze-nildo Xavier, secretário de Política Agrária da CONTAG.

Há anos, a CONTAG, as Federa-ções e Sindicatos buscavam a apro-vação deste projeto, essencial para garantir a sucessão rural, dando a oportunidade de a juventude traba-lhadora rural se manter no campo com sustentabilidade e qualidade de vida. “Essa é uma conquista muito importante, foram anos de luta e de articulação junto aos par-lamentares e de negociação com o governo para conseguirmos essa aprovação. Agora, aguardamos a sanção da presidenta Dilma. Com o PLP aprovado, será possível traba-lhar uma sucessão rural com quali-dade, incentivando a luta pela per-

manência da juventude no campo”, comemorou Mazé Morais, secretá-ria de Jovens Trabalhadores(as) Ru-rais da CONTAG.

O relator da matéria, deputado Bohn Gass (PT-RS), reconheceu, no Plenário, o importante papel da CONTAG na proposição e no pro-cesso de tramitação do projeto no Congresso Nacional.

A Medida Provisória (MP) Nº 636/2013, que trata da liquidação de créditos concedidos aos assentados(as) da reforma agrária, é fruto de um longo processo de debates entre os movimen-tos sociais, entre eles a CONTAG, e o governo. “O texto da medida provisória, no que diz res-peito à remissão e renegociação das dívidas dos assentados(as), é positivo e incorpora parte im-portante das demandas apresentadas pelo mo-vimento sindical”, avalia Zenildo Xavier, secretário de Política Agrária da Confederação. O principal ponto desta MP é o tratamento que ela dá ao cré-dito para os assentados, como o de instalação, a remissão das dívidas de até R$ 10 mil e con-dições favoráveis de negociação para as demais dívidas.

A MP está em tramitação na Comissão Espe-cial Mista do Congresso Nacional, tendo como relator o senador Wellington Dias (PT/PI) e como

relator revisor o deputado Padre João (PT/MG). Em audiência pública realizada em março deste ano, na Câmara dos Deputados, a CONTAG apre-sentou demandas a serem incorporadas ao texto da MP, como:• Necessidade de assegurar mecanismo de estí-mulo aos adimplentes, oferecendo condições de apoio na tomada de créditos futuros, a exemplo de bônus ou descontos;• Assegurar a extensão dos benefícios aos assentados(as) que se encontram inscritos na Dí-vida Ativa da União e que têm condições similares aos atendidos nesta MP;• Assegurar equiparação de direitos entre os beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) com os demais assentados da reforma agrária, agricultores(as) familiares e ou-tros públicos que vêm sendo beneficiados com remissão e redução das dívidas;• Ampliar as condições e os limites de valores previstos para a renegociação das dívidas dos be-neficiários dos grupos C, D e E, assegurando con-dições semelhantes aos atendidos pelo Pronaf A;• Equiparação das condições das resoluções 4.028/4.309 e outras às que devem ser contem-pladas pela MP 636/13;• Solução para as famílias que foram inscritas no Cadastro de Mutuários ou que tiveram acesso a recursos do FGTS para construção ou reforma de moradias e que, por isso, estão impedidas atual-

mente de acessarem o PNHR;• Constar na MP o novo modelo de crédito para os assentamentos, com a criação de modalida-des com recursos não reembolsáveis, garantia de ATER associada à contratação do crédito rural, que já havia sido negociado com o governo; • Instituir critérios de tempo de condições de de-senvolvimento das áreas dos assentamentos para proceder à titulação em forma de título de domínio ou de Concessão Real de Direito de Uso, assegu-rando a efetividade de medidas legais que impe-çam a reconcentração das áreas reformadas;

O relatório da MP 636/13 deve ser apre-sentado nos próximos dias. “A expectativa da CONTAG é que o parlamento considere todas as propostas apresentadas que visam melho-rar o texto. Enquanto isso, convocamos to-das as FETAGs e STTRs para que mobilizem os assentados(as) para que compareçam aos agentes financeiros ou ao Incra para aderirem à negociação e regularizarem sua situação”, destacou Zenildo.

O dirigente disse ainda que o MSTTR manterá o processo de mobilização junto ao Congresso Nacional e ao governo para garantir não apenas a aprovação desta MP, mas também as ações que assegurem a ampliação do direito à terra, o de-senvolvimento e a qualidade dos projetos de as-sentamento, como forma de garantir a soberania alimentar do povo brasileiro.

MP 636/2006 possibilitará a negociação de dívidas de assentadosrEgularização dos assEntamEntos

CONTAG em reunião com acampados, no Rio de Janeiro, levando informações sobre a questão agrária no Brasil.

ARQ

uIvO

PES

SOAL

ARQ

uIvO

CO

NTA

g

Conquistas no Congresso para a juventude ter o direito de permanecer no campo.

5J o r n a l d a C o n t a g

sustEntaBilidadE do msttr

ACONTAG vem construindo uma Campanha Nacional de Sindicalização, já aprovada pelo seu Conselho Deliberativo, em mar-

ço desse ano, que busca a consolidação de uma política de sustentabilidade político-financeira para o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, tendo como princípios a transparência, responsabilidade e zelo com o patrimônio e as finanças das entidades sindicais, além da participação ativa dos trabalhadores(as) nas atividades e mobilizações.

Esta campanha visa, também, aumentar a arrecadação da contribuição social e sindical e discutir novas formas de arrecadação de contri-buições, considerando as diversidades e espe-cificidades das regiões, estados e municípios, bem como assegurar o cumprimento das de-liberações congressuais e dos conselhos deli-berativos. “Além de ser construída com bases sólidas, essa política precisa dar conta dos de-safios que estão colocados para o movimento sindical”, afirma o secretário de Finanças e Ad-ministração da CONTAG, Aristides Santos.

Então, além de consolidar uma política de sus-

tentabilidade político-financeira que assegure a re-presentatividade política e crie a base para a sus-tentabilidade financeira das entidades sindicais, a campanha tem como objetivos a sindicalização e a quitação articulada à ação sindical, fortalecer o processo permanente de sindicalização e aumen-tar a arrecadação da contribuição social (de balcão e de aposentados e pensionistas), sindical, assis-tencial e outras contribuições.

“Portanto, buscamos maior aproximação com os nossos trabalhadores(as) rurais e me-lhor condução dos trabalhos e organicidade do Sistema CONTAG”, explica o secretário de Meio Ambiente, Antoninho Rovaris.

Esta campanha foi aprovada com ca-ráter nacional, estadual e municipal, tendo como público-alvo agricultores(as) familiares, assalariados(as) rurais, jovens, mulheres, apo-sentados e pensionistas. A campanha será de-senvolvida em três etapas, sendo iniciada agora em maio de 2014 e encerrada em dezembro de 2016. Mas, a ideia é que ela seja permanente.

“Nesta primeira fase, o objetivo é trabalhar mais com a contribuição sindical, além de realizar todo

um processo de capacitação e sensibilização com os dirigentes e assessores que temos no movi-mento sindical”, informa Rovaris.

“Após a aprovação no Conselho Deliberativo, a comissão formada por membros da direção e as-sessoria da CONTAG está detalhando a proposta para que, em breve, também possa reunir as su-gestões das federações. Então, a nossa expectati-va é que possamos ter uma proposta com as con-tribuições das FETAGs para o próximo Conselho, em julho”, acrescenta Aristides.

Esta campanha conta, ainda, com um tra-balho articulado entre várias Secretarias da CONTAG, entre elas a de Finanças e Adminis-tração e a de Formação e Organização Sindi-cal, através da Escola Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC) na elaboração de mate-rial educativo a ser utilizado em todas as ativi-dades formativas e mobilização da base. Além do material, o tema sustentabilidade político--financeira fará parte dos cursos estaduais da 4ª terma da ENFOC, que já começaram em al-guns estados e que acontecerão durante o ano inteiro em todo o Brasil.

Conselho da CONTAG aprova Campanha Nacional de Sindicalização

Desde 1988, o Painel Inter-governamental de Mudanças Climáticas (IPPC), órgão das Na-ções Unidas responsável pela produção de informações cientí-ficas, emite relatórios periódicos sobre as causas das mudanças climáticas no planeta Terra. Mais de 2.500 cientistas de vários países avaliam os níveis de poluição mundial com o propósito de buscar maneiras de reduzir o impacto ambiental, especialmente, dos gases de efeito estufa (GEE).

A emissão de gases (GEE) é um dos fatores mais preocupantes observados nesses estudos, que avaliam diversas atividades que produzem poluentes, como a indústria, agricultura, pecuária, florestamento e outros usos da terra decorrentes das atividades humanas. A emissão de gases, no caso da agricultura, se faz através das queima-das, manejo do solo, criação de animais, entre outras questões, que fazem com que essas ca-tegorias sejam responsáveis por ¼ das emissões diretas de CO² constatadas pelo relatório.

Os dados preocupam o mundo e deixam o se-tor agrícola em alerta. É preciso buscar soluções para diminuir o impacto, pois a agricultura e pecu-ária são essenciais para a produção de alimentos e fibras para o mundo. “No caso brasileiro, com a adoção de políticas adequadas, tem conseguido reduzir as emissões de 36,1 a 38,9% até 2020 a fim de atender os compromissos de Copenhague

em 2009. Diante dessa preocupação, vemos que cada vez mais se intensifica a necessidade de a agricultura reduzir suas emissões”, afirma o se-cretário de Meio Ambiente da CONTAG, Antoni-nho Rovaris. “No Brasil, por exemplo, apostamos na Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e na discussão sobre a dimi-nuição de poluentes e do urgente uso racional dos recursos naturais”.

A CONTAG também se preocupa com a si-tuação e leva para a negociação da pauta do 20º Grito da Terra Brasil questões acerca da sustentabilidade, como o aumento do percen-tual do Biodiesel de 5 pra 7% e o investimento em energia solar e eólica, medidas que podem contribuir com o processo de redução de emis-são de poluentes de forma geral. “A queima de combustíveis fósseis, principalmente no meio urbano, é uma grande carga de poluição. O apoio ao aumento da produção de biodiesel e etanol, feito pelo setor agrícola, pode contribuir para a redução dos níveis de gases nocivos ao meio ambiente”, argumenta o dirigente.

mEio amBiEntE Produção de energia e calor25%

49 gt CO, eq(2010)

Energia1,4%

Industria11%

Transporte0,3%

Construções12%

Agricultura e Florestamento

0,57%

Agricultura e Florestamento24%

Construções6,4%

Transporte14%

Industria21%

Outras energias9,6%

Emissões diretas Emissões indiretas de CO2

Emissão de gases de efeito estufa preocupa o mundo

Trabalho infantil na agricultura é tema de audiência

protEção inFanto-JuvEnil

No âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Trabalho Infantil da Câmara dos Deputados, a CONTAg partici-pou, em 9 de abril, de audiência pública vol-tada para a discussão sobre o trabalho in-fantil na agricultura.

Na ocasião, a Confederação, por meio da Secretaria de Políticas Sociais, apresentou os dados do trabalho infantil na agricultura, destacando a importância de se fazer uma distinção entre o trabalho infantil no assala-riamento rural e aquele que ocorre no âm-bito da agricultura familiar, que marcada-mente tem uma dimensão cultural e, muitas vezes, pedagógica, de socialização no nú-cleo familiar. Na audiência, a CONTAg des-tacou que qualquer intervenção social a ser realizada para o enfrentamento ao trabalho infantil na agricultura familiar precisa consi-derar as especificidades da vida no campo.

A Confederação lembrou, ainda, de outras motivações que pesam na persistência do trabalho infantil, como a modernização da agricultura a qualquer custo, fator que pro-move deterioração das relações de trabalho com flexibilização dos direitos trabalhistas, colocando muitas famílias em situação de vulnerabilidade social. Foi ressaltado tam-bém que o papel do Estado é fundamental na garantia de novas estratégias para o en-frentamento ao trabalho infantil na agricultu-ra familiar a partir do fortalecimento ou ela-boração de políticas públicas que promovam a proteção social no campo.

6 J o r n a l d a C o n t a g J o r n a l d a C o n t a g

assalariados(as) rurais

CONTAG continua a luta pelo combate à informalidade no campo

A informalidade nas relações de trabalho no campo apresenta índices elevados. Segun-do estatísticas do IBGE (PNAD 2012), mais

de 60% da força de trabalho rural assalariada não possui carteira de trabalho assinada ou contrato formal.

Os danos causados aos trabalhadores que en-contram-se em relações informais de trabalho são a desproteção trabalhista e previdenciária, como não ter direito a aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte, férias, descanso semanal remu-nerado, 13º salário, hora extra, licenças materni-dade e paternidade, aviso prévio, FGTS e seguro--desemprego, além de serem expostos, em muitas situações, a trabalho análogo ao de escravo.

É importante explicar que assalariado rural é todo trabalhador(a) que obriga-se, mediante acor-do, ou qualquer combinação escrita ou verbal, a prestar um serviço mediante uma retribuição, seja em valor certo ou variável de acordo com o resul-tado da produção. Portanto, o trabalhador rural as-salariado pode ter várias denominações: boia-fria, volante, peão de trecho, safrista, diarista, caseiro ou chacareiro, entre outras.

Diante desse cenário de desproteção de mi-

lhares de trabalhadores(as) rurais assalariados(as), o Dieese e a CONTAG estão trabalhando em parceria com outras entidades dois pilotos de com-bate à informalidade. Um deles é o de Ituporanga/SC, tendo como ponto de partida a aplicação do contrato de tra-balho por pequeno prazo previsto da Lei 11.718/2008, resultando no desen-volvimento de um módulo especial para o pequeno produtor rural dentro do eSocial (www.esocial.gov.br) para unifi-car o envio de informações pelo empre-gador em relação aos seus empregados. Já o piloto de Uruguaiana de Redução da Informalidade por meio do diálogo social foi criado com o intuito de conhecer as condições de trabalho dos assalariados rural nas regiões de fron-teira, bem como estimular a formulação e implan-tação de estratégias que possibilitem o aumento da formalização das relações de trabalho.

“A informalidade é um problema que se arrasta ao longo dos anos e sempre em nível muito alto. Por incrível que pareça, as mudanças na agri-cultura com a evolução no sistema de produção

não conseguiram baixar essa informalidade, que é danosa para os trabalhadores. Portanto, conti-nuamos a luta pelo combate à informalidade para evitar que os trabalhadores sofram as consequên-cias dessa desproteção”, destacou Elias Borges, secretário de Assalariados(as) Rurais da CONTAG.

O tema da informalidade e do trabalho es-cravo serão abordados no Seminário Nacio-nal dos Assalariados(as) Rurais, de 13 a 15 de maio, em Brasília.

ano da agricultura Familiar

Direito à terra, território e sementes no AIAF/CI

No Ano Internacional da Agricul-tura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF/CI), o MSTTR reafirma a sobera-nia e a segurança alimentar como ob-jetivo central do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). O direito à ali-mentação é um direito fundamental da humanidade que pode ser respondi-do com a realização de uma ampla e massiva reforma agrária e o fortaleci-mento da agricultura familiar, que produzem e reproduzem a vida no campo, com sustentabilidade ambiental, social, econômica e política.

Especialmente no AIAF/CI, a Confederação reafirma o compromisso de lutar por mudanças nas definições estratégicas das políticas agrária e agrí-cola assegurando autonomia sobre os territórios, os bens da natureza, das sementes (crioulas e nativas), e das tecnologias, rompendo com interferên-cias externas relacionadas aos interesses de grandes corporações, promo-vendo a soberania alimentar.

A garantia do direito à terra e ao território para os trabalhadores(as) rurais, especialmente mulheres, jovens e pessoas da 3ª idade, e para as popula-ções e povos tradicionais, se relaciona com o próprio direito à vida, à identi-dade, geração de renda e qualidade de vida.

Essa luta sempre esteve presente na vida de Maria do Socorro da Silva Santiago, assentada desde 2009 no Assentamento Riacho Seco, em Sertâ-nia/PE. A história da trabalhadora rural representa bem a situação de várias famílias. Ela lutou pela terra por mais de 20 anos. “Sempre quis ter o meu pedaço de terra. Antes, eu plantava na propriedade dos outros. Minha vida mudou desde que fui assentada”. Mas, apesar de ter realizado o seu so-nho, Socorro e as outras 76 famílias do assentamento enfrentam muitas dificuldades. “Há dois anos enfrentamos a seca, a falta d’água. Quase não lucramos com a produção, perdemos quase tudo. Hoje, ter água seria uma glória”. No entanto, Socorro valoriza o direito à terra para a produção de alimentos e para garantir da liberdade das pessoas, inclusive a dela.

EnvElHEcimEnto ativo

Mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais da terceira idade estiveram reunidos, nos primeiros dias de abril, em São Gonçalo dos Campos, na Bahia. Nesse encontro, que durou três dias, ocorreu uma série de debates sobre direitos da pessoa idosa, Estatuto do Idoso, empréstimos consignados, direitos previdenciários e envelhecimento ativo e saudável. E não parou por aí. Além de todas essas conversas, houve oficinas de artesanato, competições esportivas, apresentações artísticas e até mesmo desfile e eleição do rei e rainha da terceira ida-de. Tudo isso aconteceu no I Festival Estadual da Terceira Idade Rural, organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Esta-do da Bahia (FETAG-BA).

Um festival como esse possui uma série de objetivos, como pro-mover um momento de integração dos idosos e idosas rurais do es-tado com o movimento sindical, estimulando a participação deles nos sindicatos de seus municípios e na Federação, e também entre eles mesmos, sendo uma atividade de importante caráter social e político.

“A Bahia deu o pontapé, sendo o primeiro estado a ter essa inicia-tiva. Foi um importante momento de formação, de diversão, de apren-dizado e, principalmente, de valorização da terceira idade rural que tanto contribui para o fortalecimento desse movimento.”, comenta a secretária de Terceira Idade da CONTAG, Lúcia Moura. “Queremos que essa ideia se espalhe pelo Brasil”, finaliza a dirigente.

CONTAG incentiva a realização de Festivais Estaduais da 3ª Idade

2014Ano Internacional daAgricultura Familiar,Camponesa e Indígena

TAXA DE INFORMALIDADE DOS ASSALARIADOS OCUPADOS NO MEIO RURAL - pessoas de 10 anos ou mais de idade - Brasil - 2012 FO

NTE

: IBg

E/PN

AD20

12.

ELAB

ORA

ÇÃO

: DIE

ESE

SuBS

EÇÃO

CO

NTA

g

ARQ

uIvO

CO

NTA

g

7J o r n a l d a C o n t a g

grito da tErra Brasil

20ª edição do GTB contará com mobilizações em todo o Brasil

E m 2014, Ano Internacional da Agricultura Familiar, o Movi-mento Sindical de Trabalha-

dores e Trabalhadoras Rurais se lança ao desafio de realizar o maior Grito da Terra Brasil dos últimos 20 anos. “Por se tratar de um ano es-pecial, o Conselho Deliberativo da CONTAG definiu pela realização de um GTB com a participação direta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da base, reafirmando para o governo e a sociedade a nossa re-presentação e representatividade no campo brasileiro”, explicou a secretária Geral da CONTAG, Do-renice Flor da Cruz.

Nesse 20º Grito da Terra Brasil, os temas em destaque são a Ques-tão Agrária e a Organização Sindi-cal. “Podemos adiantar que o peso das mobilizações em todo o País se dará, principalmente, a partir das negociações sobre esses te-mas. Tenho certeza que este será um grande Grito da Terra”, afirmou

o presidente Alberto Broch.A característica principal des-

se GTB será garantir a unidade do MSTTR mesmo com a diversidade de mobilizações em todo o País. “O Grito da Terra Brasil é uma mar-ca registrada do nosso movimento sindical. E muitas conquistas só foram possíveis por causa da ou-sadia e persistência de homens e mulheres que vislumbraram no GTB um instrumento de luta da ca-tegoria trabalhadora rural, por isso ele se fortaleceu. Nesse sentido, no 20º GTB, convocamos a partici-pação e envolvimento de todos(as) para garantirmos mais conquis-tas”, convocou Dorenice.

aGEnda dO GtB – A abertura do GTB ocorrerá em 12 de maio, em Brasília, com a presença da Comissão Nacional de Negocia-ção – composta por cerca de 200 representantes das 27 FETAGs. As negociações com o governo acon-

tecerão de 13 a 19 de maio, envol-vendo 19 ministérios e diversos ór-gãos governamentais e autarquias.

Já os atos serão realizados de forma descentralizada em todo o País – regionais, estaduais e mu-nicipais, concentrando esforços na Semana Nacional de Mobiliza-ção – 19 a 22 de maio, semana que Dilma Rousseff se comprometeu a dar uma resposta à pauta de reivin-dicações. No entanto, 20 de maio foi escolhido como o Dia D para a grande mobilização e pressão jun-to ao governo.

pauta dO 20º GtB – A pauta de reivindicações conta com 23 pon-tos centrais, que tratam da reforma agrária, fortalecimento da agricultu-ra familiar, meio ambiente, juventu-de e sucessão rural, assalariamento rural, Plano Nacional de Agroecolo-gia e Produção Orgânica (Planapo), políticas sociais, relações interna-cionais, e organização e enquadra-

mento sindical. Ao todo, são mais de 300 reivindicações, entre elas: assentamento de 150 mil famílias; e um montante de R$ 51,4 bilhões para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar, sendo R$ 30 bilhões para crédito de investimento e custeio do Pronaf e R$ 21,4 para as demais políticas e programas.

A Confederação dos Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (COPROFAM) enco-mendou uma pesquisa comparativa das polí-ticas para a agricultura familiar, camponesa e indígena existentes nos países da região, bem como das demandas expostas pelas organi-zações filiadas na perspectiva de orientar suas discussões e deliberações para executar o pla-nejamento e mobilização do setor no Ano Inter-nacional dela Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF/CI-2014). Este estudo está a cargo de Renato Maluf, Claudia Schmidt e Bru-no Padro, pesquisadores do Centro do Pós--Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA) da UFRRJ.

Alessandra Lunas, secretária geral da CO-PROFAM quando a pesquisa foi solicitada, ex-plica que atualmente existem poucos registros fazendo um balanço dos avanços conquista-dos conjuntamente no âmbito do Mercosul am-pliado, principalmente dos países que fazem parte da Reaf. “Por isso, fizemos a solicitação dessa pesquisa, que expandiu a sua abrangên-cia incluindo os países que estão chegando neste espaço, como a Venezuela, Equador e Bolívia. Precisamos ter esses subsídios e fazer um comparativo das proposições das organi-zações da sociedade civil nesses países e a vi-são delas sobre essas mesmas políticas, como formas de termos um panorama mais real das questões que efetivamente avançamos para fortalecer a agricultura familiar.”

“Em geral, este se converte em um estudo que apoia a preparação do plano de luta da COPROFAM nos espaços regionais (REAF – MERCOSUL / CELAC), bem como a constru-ção de alianças entre os países e organizações que integram o Mercosul Ampliado. Alianças para efetuar tarefas de incidência ante os nos-sos governos e parlamentos e para compreen-der a luta das outras organizações e países que fazem parte da região”, complementa Willian Clementino, vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, e recém--eleito secretário de Formação da COPROFAM.

Alessandra informou que foi apresentado um resultado preliminar da pesquisa na As-sembleia da COPROFAM, em março, e que o estudo contribuirá para as incidências das organizações da região nos diversos espaços políticos. O primeiro foi a 33ª Conferência Re-gional da FAO, em Santiago, Chile. Nos dias 3 e 4 de maio ocorreram as atividades paralelas da sociedade civil, e de 6 a 9 as oficiais da FAO.

Estudo orienta o planejamento e mobilização do AIAF/CI no Mercosul ampliado

intErnacionais

O Programa Garantia-Safra mostrou, mais uma vez, sua importância para os trabalhadores(as) rurais, e segue adequando suas dinâmicas para continuar atendendo as demandas da agricultura familiar. Com a mais recente e prolongada estiagem na Região Nor-deste e norte de Minas Gerais, o programa chegou até os locais mais afetados e garantiu a renda das famílias de agricultores que perde-ram suas produções devido à falta de chuvas.

Em razão da permanência da seca em muitos municípios, o comitê gestor do Garantia-Safra tra-balha com a possibilidade de ampliação do nú-mero de adesões para 1,2 milhão de vagas para a safra 2014/2015. No âmbito das ações previstas, passa por discussão, na Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrá-rio (MDA), a proposta de implantação de ações voltadas para a integração entre o programa e as diretrizes de convivência com o semiárido.

Decorrente da seca que ainda se prolonga em vários municípios da região, existe uma grande possibilidade da ampliação de mais duas parcelas do Garantia-Safra e do programa Bolsa Estiagem, em estudo pelo MDA, que responderá a questão na próxima reunião em 16 de maio.

Outra importante decisão é a inclusão do Rio Grande do Sul na lista de estados que possuem cobertura do Garantia-Safra. A aprovação dessa inclusão foi votada por unanimidade pelo comitê. Todas essas decisões foram socializadas pelo co-mitê na última reunião, realizada no início de abril.

Programa Garantia-Safra passa por adequações

polÍtica agrÍcola

Delegação brasileira com o presidente do Uruguai Pepe Mujica, na Assembleia da COPROFAM.

ARQ

uIvO

PES

SOAL

eXPeDiente

Jornal da CONTAG - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Ângelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretária Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Edição de Arte Julia Grassetti | Reportagem Gabriella Avila | Foto da capa: César Ramos | Projeto Gráfico Wagner Ulisses e Fabrício Martins | Impressão Dupligráfica

www.contag.org.br facebook.com/contagbrasil @ContagBrasil youtube.com/contagbrasil

mulHErEs

Quintais produtivos entram na pauta do GTB como principal demanda das mulheres

A principal demanda das mulheres trabalhadoras rurais no 20º Grito da Terra Brasil está entre os eixos centrais da pauta de reivindicações: for-

talecer a implementação do Plano Nacional de Agro-ecologia e Produção Orgânica (Planapo), por meio da integração de políticas do Ministério da Integração Nacional e/ou do Ministério do Desenvolvimento So-cial, destinando recursos financeiros para a imple-mentação de quintal produtivo junto à construção e/ou reforma de unidade habitacional, fomentando a or-ganização das mulheres na produção agroecológica.

“Como o crédito rural não tem respondido à de-manda das trabalhadoras rurais e como o Pronaf Mulher tem dificuldade de avançar, a nossa proposta é disponibilizar apoio via programa de transferência de renda”, explica Alessandra Lunas, secretária de Mulheres da CONTAG. Segundo a dirigente, as mu-lheres vislumbram essa possibilidade de avançar na questão dos quintais produtivos pois há a exigência de que no Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) seja incluído um projeto social. “Para nós, in-

vestir nos quintais produtivos, além de dialogar com a pauta trazida pela Marcha das Margaridas, respon-de ainda à implementação do Planapo – também pautado pelas trabalhadoras rurais, fortalecendo a autonomia econômica das mulheres”, completa.

A segunda principal reivindicação das mulheres diz respeito ao enfrentamento à violência: efetivar ações intersetoriais na implementação das Unidades Móveis voltadas para a prevenção e atendimento às mulheres do campo e da floresta em situação de violência, em especial da área da saúde, do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural, dentre outros; e fortalecer a articulação e a aprovação dos projetos de lei resultantes da CPMI da Violência contra a Mulher.

“Este tema é uma das nossas prioridades. Já es-tamos trabalhando essa questão ao longo das ofi-cinas estaduais e da implementação das unidades móveis. Então, no GTB, vamos incidir fortemente no Congresso Nacional para que esses projetos de lei de enfrentamento à violência sejam aprovados”, disse Alessandra.

organização sindical

A organização sindical no campo é um dos temas de destaque do 20º Grito da Terra Brasil (GTB). A pauta de reivindicações conta com oito itens re-lacionados a esta temática. Um deles é assegurar a continuidade do Grupo de Trabalho Rural (GT Rural) e dos de-bates sobre critérios de Representati-vidade e sobre a organização sindical dos trabalhadores no campo para a construção de entendimentos junto ao Ministério do Trabalho e Empre-go (MTE), que garantam solução aos inúmeros conflitos de Representação Sindical Profissional no campo. Este fórum funcionou de agosto de 2013 a fevereiro desse ano, sendo realizadas nove reuniões neste período.

“Na avaliação da CONTAG, essa dis-cussão precisa ser aprofundada para que o MTE tenha a compreensão da im-portância desse tema. Afinal, os critérios em questão asseguram que a entidade que tiver a representação sindical do trabalhador(a) rural seja de fato a mais

representativa, respeitando a vontade da base”, explica o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Ju-raci Souto.

Outra reivindicação importante da pasta é a garantia de agilidade na análise e conclusão dos processos de registros sindicais dos Sindicatos dos Trabalha-dores Rurais, por parte do MTE. “Para isso, é importante que este ministério aumente o quadro de pessoal habilitado suficiente para a grande demanda que está represada”, argumenta Juraci.

O dirigente destaca mais dois itens: análise prévia e rápida de admissibili-dade de impugnações – com o arqui-vamento imediato das impugnações não admitidas, além de assegurar efetiva tramitação prioritária e célere das impugnações; e assegurar que os Sindicatos sejam notificados, por cor-respondência, quanto ao arquivamen-to de processos para que os STTRs possam recorrer em tempo hábil e to-marem as devidas providências.

CONTAG cobra continuidade do GT Rural no MTE Antes mesmo da fundação da CONTAg, com a crescente luta dos ope-

rários urbanos, a luta no campo também ganhou qualidade e organiza-ção. Lideranças populares despontaram principalmente contra o regime de meia – entrega de metade da produção, pela regularização fundiária e por melhores salários. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi apro-vada em 1943, mas só valia para a classe trabalhadora da cidade. No en-tanto, 60% dos brasileiros viviam no campo.

A primeira conquista da categoria foi em março de 1963 com a pro-mulgação do Estatuto do Trabalhador Rural pelo governo João goulart, que garantiu aos trabalhadores do campo direitos sindicais, trabalhistas e pre-videnciários assegurados aos trabalhadores urbanos. A CONTAg, ao longo de sua história, intensificou essa luta pelo cumprimento da legislação tra-balhista, por reajustes salariais, a criação das primeiras convenções, acor-dos e dissídios trabalhistas no campo, entre outras ações.

Depois de cinco décadas de luta, existem ainda alguns desafios a se-rem enfrentados por esse público, como a sazonalidade na produção, o desemprego no campo, a informalidade, trabalho escravo e a intensa me-canização.

um dos destaques da organização dos assalariados(as) rurais pelo Sistema CONTAg foi a realização da Primeira Mobilização Nacional dos Assalariados(as) Rurais, em 20 de março de 2012, que resultou na aber-tura de um diálogo com o governo federal sobre a pauta desse públi-co específico e, no ano seguinte, no lançamento da Política Nacional do Trabalhador Rural Empregado, duran-te o 11º Congresso Nacional de Tra-balhadores e Trabalhadoras Rurais.

a luta pElOs assalariadOs(as) rurais

ARQ

uIvO

CO

NTA

g

O III Encontro Nacional de Agroecologia será realizado no período de 16 a 19 de maio em Juazeiro/BA. Ele visa ampliar e fortalecer a articulação, coesão política e expressão pública do campo agroecoló-gico brasileiro, objetivo este que guarda consonância com a estratégia e proje-to político da CONTAG e com o proces-so de construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. O III ENA terá como referência as experiências em agroecologia e as caravanas regio-nais realizadas no seu processo de pre-paração. A CONTAG, as FETAGs e STTRs estarão representados no encontro.

III ENCONTRO NACIONAL DE AGROECOLOGIA (ENA)

Campanha Salarial em São Lourenço da Mata/PE, em 1991.

ARQ

uIvO

FET

AgRO