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A CONTAG é filiada à: Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) ANO XI • NÚMERO 130 • JANEIRO DE 2016 CONTAG Jornal da César Ramos

Jornal da CONTAG · CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) ANO XI • NÚMERO 130 • JANEIRO DE 2016 CONTAGJornal da ... do curso. “O curso me deu oportunidade

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JORNAL DA CONTAG 1A CONTAG é filiada à:

Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG)ANO XI • NÚMERO 130 • JANEIRO DE 2016

CONTAGJornal da

César Ramos

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JORNAL DA CONTAG2

EDITORIAL

PRESIDÊNCIA

Apossível reforma na Previdência

Social foi o tema que dominou o

debate na CONTAG no final de

2015, tendo em vista a intenção da área eco-

nômica do governo de alterar as regras dos

Segurados Especiais no Regime Geral da

Previdência Social, afetando fortemente os

direitos conquistados pelos trabalhadores e

trabalhadoras rurais na Constituição de 1988.

Com esta crise política e a iminência

de vingar o processo de impeachment, o

Governo Federal ainda não apresentou ne-

nhuma proposta de reforma na Previdência

Social. Porém, é possível que ele apresen-

te a qualquer momento, visto a urgência e

a necessidade de avançar no Ajuste Fiscal

e aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias

para o exercício de 2016.

Entretanto, a CONTAG afirma que é

contra qualquer alteração na Previdência

Rural que venha prejudicar os trabalhado-

res e trabalhadoras rurais. Neste sentido,

alertamos a todas as lideranças sindicais

do Movimento Sindical de Trabalhadores

e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) para que

estejam atentos e mobilizados para en-

frentarmos a luta em defesa desta impor-

tante política.

No final de 2015 também tivemos um

grande avanço com o encerramento da

nossa primeira experiência do Pronatec

Campo, realizado a partir de um ter-

mo de cooperação entre a CONTAG e o

Instituto Federal de Brasília (IFB), tendo

o Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA) como entidade demandante.

Tivemos a formatura das três turmas de

cursos de Formação Inicial e Continuada

preparatórios para os cursos técnicos de

Agroindústria, Cooperativismo e Serviços Alberto Ercílio Broch

Presidente da CONTAG

CONTAG inicia 2016 já mobilizada para enfrentar desafios nacionais

Públicos. Além de duas turmas de cursos

FIC de Espanhol Básico e Operador de

Computadores. A solenidade de forma-

tura foi um momento bem especial para

a CONTAG e as Federações participantes

dessa primeira experiência.

Nessa linha da formação, não podemos

deixar de destacar que nesse ano de 2016

iremos comemorar os 10 anos da nossa

Escola Nacional de Formação da CONTAG,

a nossa querida ENFOC, que é um lugar

de transformação política. Ao longo des-

sa trajetória, formamos milhares de diri-

gentes, lideranças e assessores(as), que

agora compõem a Rede de Educadores e

Educadoras Populares, e contribuem com

as ações de formação em todo o País, for-

talecendo ainda mais o nosso MSTTR.

A grande expectativa do povo brasileiro

é que o governo e as demais instituições

públicas encontrem um caminho para a

superação da crise política e econômica.

Vamos fazer a nossa parte. Temos muita

luta e muitos desafios para esse ano que

se inicia, a começar pela defesa da demo-

cracia e contra qualquer golpe que venha

arruinar ainda mais este País. Estaremos

mobilizados na luta em defesa dos direitos

dos trabalhadores(as) rurais e por políticas

públicas que garantam o desenvolvimento

rural sustentável com a melhoria da quali-

dade de vida para a nossa gente viver no

campo com dignidade.

César Ramos

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JORNAL DA CONTAG 3

Ao se analisar a educação do cam-

po, é necessário chamar a temá-

tica ao debate socioeconômico e

geopolítico, pois milhares de estudantes

trabalhadores e trabalhadoras rurais fa-

zem parte deste processo marginal criado

pela ideologia dominante, que carrega re-

presentações simbólicas na consciência,

reproduzindo discursos e práticas da elite

não condizentes com a vida e ações das

populações do campo, floresta e águas.

Assim, a educação no campo tem se ca-

racterizado com uma metodologia ainda

distante da realidade social para quem vive

e quer estudar sem sair do meio rural.

A CONTAG e o conjunto do MSTTR afir-

mam que a Educação do Campo precisa

contribuir para a construção da identidade

das populações do campo, considerando a

Reforma Agrária, Agroecologia, Segurança e

Soberania Alimentar. Uma educação que pri-

ma pela preservação dos saberes técnicos,

humanos e ambientais; que contribui com

o desenvolvimento; fortalece os valores e

uma nova sensibilidade com os outros, com

a terra, com o diálogo e justiça social entre

Direito nosso, dever do EstadoCésar Ramos

CONTAG EDUCAÇÃO DO CAMPO

mulheres e homens, entre raças, etnias e ge-

rações, que considera os diferentes grupos

humanos no campo, na relação com a terra,

no mundo do trabalho e da cultura; e valoriza

os saberes dos diferentes sujeitos da apren-

dizagem: jovens, adultos, crianças, terceira

idade, homens e mulheres.

Por assim entender, a CONTAG juntamen-

te com o Instituto Federal de Brasília (IFB)

realizaram em, aproximadamente dois anos

para cerca de 100 alunos dos estados do

Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Distrito

Federal e Goiás, a turma do PRONATEC

CAMPO, com formação para os cursos

técnicos de Agroindústria, Cooperativismo,

Serviços Públicos, FIC Espanhol Básico e

Operador de Computadores.

“Esta foi uma experiência abraçada pela

CONTAG que traz uma proposta específica

para o campo, considerando as especifici-

dades e potencialidades produtivas que es-

ses alunos(as) têm. Uma oportunidade de

qualificar suas produções e serviços, para

que assim possam agregar renda e valor.”,

destacou o secretário de Políticas Sociais

da CONTAG, José Wilson Gonçalves.

São muitos os resultados já colhidos

pela CONTAG a partir da formatura do

PRONATEC CAMPO, que perpassam

as vivências compartilhadas ao longo

do curso.

“O curso me deu oportunidade de levar

não só conhecimentos científicos, mas

também valores éticos e profissionais in-

tegrado aos movimentos sociais”, des-

tacou emocionada a formanda, Samara

Graciano, após receber o diploma.

“Quando cheguei no meu município, eu

já comecei a plantar e hoje a gente já pro-

duz em dois hectares de mandioca mansa.

Já estamos vendendo no mercado, entre-

gando para o compra direta”, ressaltou o

formando, Gileane Maciel.

Falas que testemunham o quanto os

alunos(as) saíram motivados(as) a partir

da formatura.

“A partir de agora precisamos consolidar

as mudanças da formação técnica profis-

sional do campo, fazendo mediação com a

rede de ensino técnico do Brasil para rece-

ber as demandas dos trabalhadores e tra-

balhadoras rurais”, destacou José Wilson.

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MEIO AMBIENTE CRIME AMBIENTAL

Passados dois meses do maior

acidente da mineração brasileira

ocorrido em Mariana/MG, após

rompimento de uma das barragens da

Samarco, a CONTAG faz uma avaliação

profunda sobre os impactos ao meio

ambiente, na vida dos agricultores(as)

familiares, e sobre a omissão dos ór-

gãos públicos sobre esse e outros casos

na implantação dos grandes empreendi-

mentos no Brasil.

O rompimento da barragem provo-

cou um mar de lama que devastou o

distrito de Bento Rodrigues, deixan-

do um rastro de destruição, matando

800 quilômetros de rio, sem contar os

prejuízos às famílias e os impactos ao

meio ambiente.

Para a CONTAG, o que aconteceu

em Mariana foi uma tragédia sem pre-

cedentes na história do nosso País.

Sem contar que nunca foi feito pela

Samarco e suas associadas um pla-

no de contingência para proteger a

população local dos reais impactos e

preservar a água, que é um bem fun-

damental para o consumo humano

e animal e para a natureza como um

todo. Também nunca houve um plano

de emergência para barrar os resíduos

e, muito menos, onde captar água em

cidades que o Rio Doce é a única fon-

te de abastecimento na cidade. Para

completar, não foi feito um controle do

volume de resíduos e o tipo de rejeito

encontrado nas barragens. Portanto,

sem esses planos, fica praticamente

impossível calcular de forma justa os

valores para indenização das vítimas,

incluindo os agricultores e agriculto-

ras familiares que perderam suas sa-

fras, animais e moradia. Além de não

saber o nível toxicológico dessa lama

e, agora, dos rios e mar contaminados.

Esse caso trouxe à tona a omissão

do Estado na fiscalização principal-

mente das atividades de risco, como

é o caso da mineração, que é uma

concessão pública. A área do funcio-

namento da barragem e as que foram

atingidas pelo mar de lama estão em

Área de Preservação Permanente

(APP). Portanto, pode ser caracteriza-

do também como um crime ambiental.

“Eu diria que a grande questão des-

sa tragédia não é a falta de fiscaliza-

ção, e sim a falta de responsabilidade

das empresas envolvidas com relação

aos riscos à preservação ambiental.

Esses processos de retenção de re-

jeitos de uma maneira geral, sejam

da mineração, de carvão, de indús-

de emergência para barrar os resíduos

e, muito menos, onde captar água em

jeitos de uma maneira geral, sejam

da mineração, de carvão, de indús-

JORNAL DA CONTAG4

Tragédia em Mariana mata 800 km de rio e impacta o meio ambiente da região atingida em MG e ES

tria química ou de outra atividade,

trabalham com resíduos altamente

tóxicos e danosos para a natureza,

e não só para o ser humano”, desta-

cou o secretário de Meio Ambiente da

CONTAG, Antoninho Rovaris.

O dirigente reafirmou que, no caso

dessa tragédia em Mariana, a CONTAG

vem cumprindo o seu papel de denun-

ciar e de cobrar providências junto aos

órgãos competentes. “Denunciamos

constantemente a falta de compromis-

so ambiental pelos grandes empreen-

dimentos ao longo da implantação das

suas obras que não levam em consi-

deração as questões ambientais e hu-

manas. Agora, mais especificamente

nesse caso da barragem da Samarco,

divulgamos nota e temos buscado

providências junto aos governos que

venham minimizar o sofrimento das

pessoas atingidas, dos nossos agricul-

tores e agriculturas familiares, princi-

palmente, que praticamente tiveram as

suas propriedades inundadas por essa

lama tóxica. Também buscamos ações

na questão social, como apoio concre-

to na construção de novas moradias,

na busca de reassentamento das fa-

mílias em outras áreas, por exemplo,”,

explicou Rovaris.

Antonio Cruz/Agência Brasil

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JORNAL DA CONTAG 5

PREVIDÊNCIA SOCIAL

TERCEIRA IDADE

Terceira Idade atenta a possíveis restrições e perdas de direitos previdenciários

Os direitos previdenciários da clas-

se trabalhadora rural estão, mais

uma vez, sob forte ameaça de

serem restringidos diante da possibilidade

de uma reforma da Previdência Social, que

vem sendo defendida por alguns setores

do Congresso Nacional e da área econô-

mica do governo como forma de fazer o

ajuste fiscal na economia.

A CONTAG já se posicionou totalmente

contrária a qualquer proposta de mudança

nas regras da Previdência Rural que reti-

rem os direitos históricos garantidos aos

trabalhadores(as) rurais a partir de muita

luta. “São inadmissíveis e equivocadas as

propostas da área econômica do gover-

no federal e do relator do orçamento no

Congresso Nacional, deputado Ricardo

Barros (PP-PR), ao focar o ajuste fiscal

restringindo direitos previdenciários, que

tanto penaliza a classe trabalhadora, es-

pecialmente os rurais e as mulheres”, de-

nuncia o secretário de Políticas Sociais da

CONTAG, José Wilson Gonçalves.

As principais propostas em discussão

são: igualar idade de aposentadoria en-

tre homens e mulheres; igualar idade de

aposentadoria entre urbanos e rurais em

65 anos; impossibilitar que o segurado es-

pecial acumule aposentadoria por idade

com pensão por morte, auxílio-acidente

ou auxílio-reclusão; aumentar a carência

para a aposentadoria de 15 para 20 anos,

mediante regra de transição que aumen-

te três meses por ano até chegar aos 20

anos de contribuição ou de comprovação

de atividade rural; reduzir o valor da pensão

por morte para 60% do salário do bene-

fício quando o segurado deixar um único

dependente, aumentando 10% para cada

dependente adicional; desvincular o sa-

lário mínimo do piso da Previdência e da

Assistência Social, permitindo o pagamento

de benefícios de menor valor; não aceitar a

declaração do STTR como documento de

comprovação do tempo de atividade rural.

Essa possibilidade de mexer ou de retirar

direitos garantidos há décadas, e a partir

de muita luta do MSTTR, gerou grande re-

percussão e preocupação para o Coletivo

Nacional da Terceira Idade da CONTAG.

Na última reunião, realizada no final de no-

vembro de 2015, esse tema foi discutido

profundamente. “Só em pensar nesta pos-

sibilidade, o MSTTR fica arrepiado com a si-

tuação que os trabalhadores e trabalhadoras

podem passar futuramente. Esperamos que

isso possa ser repensado”, diz a secretária

da Terceira Idade da CONTAG, Lúcia Moura.

A Previdência Rural é uma das mais im-

portantes políticas de distribuição de renda

do País, que vem contribuindo para a per-

manência das famílias no campo e estimu-

lando processos produtivos de alimentos

que garantem a soberania e segurança ali-

mentar da população brasileira. Portanto,

para a CONTAG, qualquer proposta que afe-

te os direitos previdenciários da classe traba-

lhadora contraria os objetivos fundamentais

do nosso sistema republicano previstos na

Constituição Federal, que preconiza a cons-

trução de uma sociedade livre, justa e soli-

dária, a erradicação da pobreza e a redução

das desigualdades sociais e regionais.

Nesse sentido, a CONTAG exige do

governo uma abertura ao diálogo com os

movimentos sociais e sindical, entre eles

a CONTAG. Mas, como já havia se posi-

cionado, a entidade não aceita negociar

os direitos garantidos, mas está aberta a

debater, por exemplo, o financiamento da

Previdência Social. “Precisamos ficar aten-

tos! O governo precisa ouvir mais os mo-

vimentos e entender que fazer este ajuste

fiscal retirando direitos da classe trabalha-

dora não é viável para ninguém. Elegemos

o governo na lógica em que ele dialogava

com os trabalhadores(as) e é por isso que

estamos com essa enorme inquietação

dentro de nós”, destaca Lúcia Moura.

A CONTAG integra grupo de trabalho para

tratar do assunto junto a outras organiza-

ções parceiras e está mobilizada e fazendo

o enfrentamento para que o governo repen-

se as propostas e dialogue mais para que

nenhum(a) trabalhador(a) seja ainda mais pe-

nalizado nos seus já escassos direitos.

Lívia Barreto

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JORNAL DA CONTAG6

O próximo passo é levar as informações para os sindicatos

FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS

Oferecer a oportunidade para

que trabalhadores(as) aposen -

tados(as) e pensionistas rurais

possam anular contratos de emprés-

timos consignados feitos de maneira

prejudicial pelas instituições financei-

ras, sem informações suficientes e sem

transparência. Esse é o principal objeti-

vo da ação estratégica coordenada na-

cionalmente pela CONTAG para forta-

lecer o papel do movimento sindical na

defesa dos direitos dos trabalhadores e

trabalhadoras rurais.

Depois de apresentar a possibilida-

de de promover ações anulatórias de

contratos de empréstimos consignados

para as Federações de 24 estados, a

CONTAG termina o ano de 2015 fina-

lizando estratégias para levar as infor-

mações para os sindicatos e para os

aposentados(as) e pensionistas ru-

rais. A estratégia da ação exige que

o MSTTR defina os procedimentos e

todos atuem em conjunto, de acordo

com os procedimentos definidos, para

fortalecer o processo de mobilização

em torno do tema.

Do ponto de vista da sustentabili-

dade do MSTTR, promover a possi-

bilidade de ações anulatórias de em-

préstimos consignados deixa claro

para o(a) trabalhador(a) a importân-

cia dos Sindicatos, Federações e da

CONTAG na defesa de seus direitos

e interesses. Atualmente, milhares de

aposentados(as) e pensionistas rurais

enfrentam dívidas além de suas possi-

bilidades por causa da ma-fé de insti-

tuições financeiras que omitem infor-

mações importantes sobre taxas, juros

e prazos de pagamentos.

Neudja Farias / FETAG-PB

SEGURO VIDA E AUXÍLIO FUNERAL CONTA COM 40 MIL ASSOCIADOS(AS) EM 2015 – Em setembro, quando a ação do Seguro Vida e Auxílio Funeral começou a ser colocada em prá-tica, 23 mil associados(as) aderiram. Neste mês de dezembro, fecharemos o ano com mais de 40 mil segurados(as), o que mostra a importância da ação para o MSTTR. É importante lembrar que a ação está disponível somente para os(as) sócios(as) aposentados(as) e pen-sionistas que têm desconto nas mensalidades feitas diretamente em seus benefícios. Para participar, o STTR precisa, obrigatoriamente, fazer a adesão ao Plano Sustentar e enviar para a CONTAG a ata de adesão ao Seguro Vida e Auxílio Funeral assinada pela Diretoria da enti-dade. Para mais informações, procure a Federação de seu estado.

ORÇAMENTO SINDICAL PARTICIPATIVO COMO ESTRATÉGIA POLÍTICA – No período de 26 a 28 de outubro foi realizada a Oficina Nacional de Autoformação sobre Orçamento Sindical Participativo (OSP) com o objetivo de debater e definir ações estratégicas para a implementa-ção do OSP na CONTAG em 2016. A discussão ampliada possibilitou indicar prioridades para a atuação político-sindical a partir dos trabalhos de grupos com as Regionais da CONTAG. “Ter o OSP como estratégia política é fundamental para fortalecer a sustentabilidade políti-cofinanceira. A adoção do Orçamento Sindical Participativo pelo MSTTR qualifica a ação po-lítico-sindical, fortalece as entidades sindicais e potencializa o processo formativo de base”, afirma o secretário de Administração e Finanças da CONTAG, Aristides Santos.

SISCONTAG: AGILIDADE NA GESTÃO DOS SINDICATOS – O SisCONTAG é o sistema in-formatizado que contém ferramentas para administração dos sindicatos, disponível gratui-tamente para todos os que aderirem ao Plano Sustentar. É importante lembrar que já está disponível para os sindicatos a possibilidade de baixar os certificados individuais dos apo-sentados que participam do Seguro Vida. Está ainda previsto para o início de 2016 a possi-bilidade de STTRs emitirem a autorização dos aposentados, por meio do SisCONTAG, dire-tamente no sistema de arrecadação da CONTAG. Acesse e conheça o SisCONTAG no site sindicatos.contag.org.br.

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JORNAL DA CONTAG 7

A última reunião de 2015 do Coletivo

Nacional de Política Agrária foi um

momento para realizar um profun-

do debate e balanço sobre as ações de

reforma agrária e a execução do Programa

Nacional de Crédito Fundiário (PNCF),

além da elaboração de sugestões e defi-

nições de estratégias para as principais

ações do MSTTR para 2016.

Os dirigentes sindicais questionaram o

governo sobre o balanço de ações de ob-

tenção de terras, considerando inadmissí-

vel a baixa meta de atendimento informa-

da. “Os dados apontam que menos de 2

mil famílias devem ser beneficiadas pelo

PNCF no ano e que, provavelmente, não

serão publicados os 100 decretos de de-

sapropriação que o Incra prometeu. O que

demonstra o baixo compromisso político

com o atendimento as nossas demandas

e com a reforma agrária”, disse Zenildo

Xavier, secretário de Política Agrária.

É importante lembrar que na base da

CONTAG encontram-se mais de 70 mil

famílias acampadas. Durante a realização

do Grito da Terra Brasil 2015 foi entregue

ao Incra uma relação com 628 imóveis ru-

rais considerados prioritários para desa-

propriação pelo MSTTR. Segundo o Incra,

POLÍTICA AGRÁRIA REFORMA AGRÁRIA

César Ramos

MSTTR inicia mobilização para realizar grande ação de massa pela Reforma Agrária em 2016

destes, apenas 225 processos estão tra-

mitando e que, se concluídos, poderão

atender a 13.644 famílias, o que é bastan-

te inferior à demanda apresentada.

Os membros do Coletivo também dis-

cutiram as principais perspectivas e de-

safios para o avanço das ações. Dentre

os temas debatidos, encontram-se as

mudanças ocorridas no PNCF com a re-

gulamentação do Decreto 8.500/15, que

trata do perfil de renda e patrimônio dos

beneficiários(as). Tal regulamento não al-

terou a regra da elegibilidade no caso da

Linha de Combate à Pobreza Rural (CPR),

cujo teto da renda permanece em R$ 9

mil/ano, mas elevou o limite do patrimônio

de R$ 15 mil para R$ 30 mil.

Já nas linhas Consolidação da Agri-

cultura Familiar (CAF) e Nossa Primeira

Terra (NPT), os tetos de renda passaram

de R$ 15 mil para R$ 30 mil/ano e de patri-

mônio de R$ 30 mil para R$ 60 mil, poden-

do estender até R$ 100 mil para financiar

imóveis, nos casos de partilha de herança.

O novo decreto estabelece valores da

renda líquida da família como critério de

aferição, o que é positivo em relação ao

anterior que previa renda bruta. No entan-

to, incluiu no cálculo da renda a soma dos

benefícios previdenciários e sociais dos

potenciais beneficiários. Da mesma forma,

na aferição do teto do patrimônio da família

será inserido o valor da casa de morada.

A CONTAG questiona estas regras, enten-

dendo que anulam as conquistas obtidas

e limita o direito de acesso ao programa.

Portanto, vai buscar a publicação de um

novo Decreto para retirar tais limitadores.

LUTA PELA REFORMA AGRÁRIA – Por

conta da lentidão e falta de prioridade do

governo em executar as ações de reforma

agrária, o MSTTR já definiu pela realização

de grande ação de massa em 2016. Com

o intuito de já iniciar a mobilização na base

e fortalecer essa ação, o Coletivo debateu

e retirou sugestões a serem encaminhadas

às Diretorias da CONTAG e das FETAGs.

A proposta do Coletivo e de alguns diri-

gentes, que já estão se mobilizando, é que

esta ação aconteça até agosto, reunindo

em Brasília milhares de trabalhadores(as)

rurais. Esta “marcha” teria um caráter de

protesto e negociação para exigir, princi-

palmente, a atualização do Plano Nacional

de Reforma Agrária, o assentamento das

130 mil famílias acampadas e desenvol-

vimento sustentável dos projetos de as-

sentamento. Além da ação nacional, o

Coletivo sugere a realização de atividades

descentralizadas, mas estrategicamente

articuladas, partindo dos municípios e es-

tados. “Sabemos que só o povo organiza-

do e em luta conquista vitórias. Já estamos

nos mobilizando e prometemos fazer uma

grande ação. Especialmente em momento

de crise como a que estamos passando,

precisamos avançar na luta pela terra e

no desenvolvimento dos assentamentos.

Não podemos esperar mais, essa agora é

a nossa prioridade. Reforma Agrária quan-

do? Já!”, destaca Zenildo.

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JORNAL DA CONTAG8

Saúde pública de qualidade para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro

POLÍTICAS SOCIAIS 15ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

Fotos: Luiz Henrique Parahyba

O grande desafio da CONTAG é con-

tinuar sendo essa entidade nacio-

nal de referência na unificação das

organizações do campo, floresta e águas,

para nós chegarmos ainda mais fortalecidos

junto aos governos, com pautas que ga-

rantam os recursos necessários para fazer

intervenção forte no que se refere ao aten-

dimento à saúde qualificada para o campo,

e seguir no enfrentamento à privatização do

sistema público de saúde. Precisamos for-

talecer o Controle Social, pois ainda somos

muito vulneráveis no enfrentamento aos in-

teresses locais nos municípios e, sobretudo,

defendermos a política pública de saúde,

como uma conquista do povo brasileiro

que está dentro do princípio da segurida-

de social, conquistada na Constituição de

88”. A fala do secretário de Políticas Sociais

da CONTAG, José Wilson Gonçalves, é

uma demonstração do tom afirmado pela

CONTAG, nos caminhos e realização da 15ª

Conferência Nacional de Saúde.

Mais de 1 milhão de pessoas foram mo-

bilizadas desde abril nas plenárias popula-

res regionais, nas conferências municipais

e estaduais e nas conferências livres, even-

tos que resultaram em mais de mil propos-

tas e nos quais foram eleitas as delegadas

e os delegados para a etapa nacional. A

CONTAG esteve a frente desta mobiliza-

ção e realização, através da ex-assessora,

Socorro Souza, que, como presidenta do

Conselho Nacional de Saúde, coordenou

todo o processo da 15ª CNS.

As demandas priorizadas na etapa esta-

dual resultaram em cerca de 216 diretrizes

e 1000 propostas que subsidiaram as dis-

cussões nos 28 grupos de trabalho forma-

dos por usuários(as), prestadores(as) de

serviço, gestores(as) e trabalhadores(as)

do Sistema Único de Saúde (SUS).

O relatório da 15ª CNS será elaborado a

partir de propostas e diretrizes aprovadas

e das 27 moções que passaram pela ple-

nária final e então entregue aos gestores

da Saúde na União, Estados e Municípios

e monitorado pelos respectivos conselhos

de saúde. Assim será acompanhada a

implementação das deliberações e orien-

tações políticas e técnicas da sociedade

para o funcionamento do SUS nos próxi-

mos quatro anos.

“Defender o SUS é defender o estado

democrático de direito e laico. É acreditar

no projeto civilizatório que está em perma-

nente disputa e que exige a construção

democrática com participação social e po-

pular. A luta pela saúde não pode ser trava-

da descontextualizada da realidade política

social e econômica do País e do mundo

globalizado. Por essa razão, o Conselho

Nacional de Saúde estabeleceu uma es-

tratégia, uma agenda de mobilização em

defesa do direito universal à saúde, em de-

fesa do SUS e da democracia, buscando

unificar o povo e impulsionar a retomada

de bandeiras históricas. Denunciamos as

causas e os efeitos das crises. Avaliamos

a situação da saúde na visão do povo.

Propomos diretrizes e ações para incidir

sobre os planos de saúde (2016 – 2019)”,

destacou Socorro Souza na abertura ofi-

cial da 15ª Conferência.

A 15ª CNS trouxe como tema: “Saúde Pública de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo Brasileiro”, e teve início com a Marcha em Defesa do SUS, além de contar com a presença da presidenta Dilma Rousseff e ministros no debate da saúde pública no Brasil. Vale ressaltar que a 15ª CNS aconteceu em etapas (municipais, estaduais, distrital e nacional), discutindo os 8 eixos temáti-cos: Direito à Saúde, garantia de aces-so e atenção de qualidade; Participação social; Valorização do trabalho e da educação em saúde; Financiamento do SUS e relação público-privado; Gestão do SUS e modelos de atenção à saúde; Informação, educação e política de co-municação do SUS; Ciência, tecnologia e inovação no SUS; Reformas democrá-ticas e populares do Estado.

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JORNAL DA CONTAG 9

10 anos da ENFOC: eu faço parte!

FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SINDICAL SABER E PRÁTICA SINDICAL

No dia 14 de agosto de 2016, a

Escola Nacional de Formação

da CONTAG (ENFOC) celebra 10

anos de transformação do saber e prática

sindical, o que só foi possível pelo fazer de

várias mãos.

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

rio que nasce da ousadia das mulhe-

res trabalhadoras rurais na 3ª Plenária

Nacional das Mulheres e é aprovado

no 9º Congresso da CONTAG. Um ipê

plantado pela 1ª turma simbolizou, ain-

da no nascimento da Escola, a beleza,

a resistência, flexibilidade e sintonia

com o jeito de ser da ENFOC.

Uma Escola construída também por

várias lideranças e militantes que acei-

taram o desafio de se constituírem edu-

cadores e educadoras populares para

multiplicar por todo o País o jeito de fazer

escola que a ENFOC criou.

Nesses 10 anos, a Escola nunca aban-

donou os seus princípios, que são defini-

dos pela Política Nacional de Formação

(PNF), fazendo uma formação orientada

pela Educação Popular, na consciência

de classe e na construção de um Projeto

Alternativo de Desenvolvimento Rural

Sustentável e Solidário (PADRSS).

Ainda é uma Escola muito jovem, po-

rém de grandes resultados. Já concluí-

mos cinco Turmas Nacionais, 25 Turmas

dos Cursos Regionais e 112 Turmas dos

Cursos Estaduais. Isso representa mais de

5.500 educadores e educadoras popula-

res, atuando em vários espaços do movi-

mento, inclusive nos Grupos de Estudos

Sindicais (GES).

Uma ENFOC que vem se afirmando en-

quanto um “organismo vivo”, que alimenta

e é alimentada pelas ações presentes no

cotidiano sindical. É “lugar de transforma-

ção política”, de estimular percepção crítica,

rever posturas e buscar uma nova prática

sindical, ancorada na ética, na solidarieda-

de; na democracia; na equidade de gênero,

étnico-raciais e de geração; no respeito às

diversidades culturais, regionais e religiosas.

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

das práticas, da organização e do projeto

político do movimento, como afirma um

dos educadores e educadoras.

Escola que nunca teve medo de viver

diferentes metodologias na maneira de

educar, valorizando o saber popular, nas

suas mais diferentes formas, jeitos e rit-

mos, o que vem possibilitando uma valo-

rização da memória e da história de luta

do Movimento Sindical de Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais.

Que vem contribuindo com a promoção

de mudanças significativas nas posturas

políticas e afetivas das pessoas que coor-

denam e animam o fazer sindical em mui-

tas das entidades sindicais do MSTTR,

e que promete ampliar ainda mais esses

desdobramentos nos próximos 10 anos,

afinal, é “uma história de possibilidades”.

Nos seus 10 anos de caminhada, que

irá completar em 2016, ouvimos muitos

relatos de pessoas falando que a Escola

não provocou apenas mudanças nas suas

práticas sindicais, mas contribuiu para

transformar suas vidas, interferindo no jei-

to de se relacionar com as comunidades,

a família e o mundo.

Celebrar 10 anos da EMFOC signifi-

ca uma estratégia de formação que vem

mudando a vida de pessoas, fortale-

cendo a luta do Movimento Sindical de

Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de

todo o País.

César Ramos

1ª TURMA

mento, inclusive nos Grupos de Estudos

Sindicais (GES).

Uma ENFOC que vem se afirmando en-

1ª TURMA

não provocou apenas mudanças nas suas

práticas sindicais, mas contribuiu para

transformar suas vidas, interferindo no jei-

to de se relacionar com as comunidades,

a família e o mundo.

Celebrar 10 anos da EMFOC signifi-

Que vem contribuindo com a promoção

de mudanças significativas nas posturas

políticas e afetivas das pessoas que coor-

denam e animam o fazer sindical em mui-

tas das entidades sindicais do MSTTR,

e que promete ampliar ainda mais esses

desdobramentos nos próximos 10 anos,

afinal, é “uma história de possibilidades”.

Nos seus 10 anos de caminhada, que

10 anos da ENFOC: eu faço parte!o dia 14 de agosto de 2016, a

Escola Nacional de Formação

da CONTAG (ENFOC) celebra 10

anos de transformação do saber e prática

César Ramos

quanto um “organismo vivo”, que alimenta

e é alimentada pelas ações presentes no

cotidiano sindical. É “lugar de transforma-

ção política”, de estimular percepção crítica,

do Movimento Sindical de Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais.

Que vem contribuindo com a promoção

de mudanças significativas nas posturas

políticas e afetivas das pessoas que coor-

denam e animam o fazer sindical em mui-

do Movimento Sindical de Trabalhadores e

Que vem contribuindo com a promoção

do Movimento Sindical de Trabalhadores e

Que vem contribuindo com a promoção

de mudanças significativas nas posturas

políticas e afetivas das pessoas que coor-

multiplicar por todo o País o jeito de fazer

escola que a ENFOC criou.

Nesses 10 anos, a Escola nunca aban-

donou os seus princípios, que são defini-

dos pela Política Nacional de Formação

res trabalhadoras rurais na 3ª Plenária

Nacional das Mulheres e é aprovado

no 9º Congresso da CONTAG. Um ipê

várias lideranças e militantes que acei-

taram o desafio de se constituírem edu-

cadores e educadoras populares para

multiplicar por todo o País o jeito de fazer

e é alimentada pelas ações presentes no

cotidiano sindical. É “lugar de transforma-

ção política”, de estimular percepção crítica,

rever posturas e buscar uma nova prática

sindical, ancorada na ética, na solidarieda-

Que vem contribuindo com a promoção

de mudanças significativas nas posturas

políticas e afetivas das pessoas que coor-

denam e animam o fazer sindical em mui-

tas das entidades sindicais do MSTTR,

Nacional das Mulheres e é aprovado

no 9º Congresso da CONTAG. Um ipê

mento, inclusive nos Grupos de Estudos

Uma ENFOC que vem se afirmando en-

do Movimento Sindical de Trabalhadores e

plantado pela 1ª turma simbolizou, ain-

da no nascimento da Escola, a beleza,

a resistência, flexibilidade e sintonia

com o jeito de ser da ENFOC.

no 9º Congresso da CONTAG. Um ipê

plantado pela 1ª turma simbolizou, ain-

da no nascimento da Escola, a beleza,

a resistência, flexibilidade e sintonia

mento, inclusive nos Grupos de Estudos

Sindicais (GES).

Uma ENFOC que vem se afirmando en-

irá completar em 2016, ouvimos muitos

relatos de pessoas falando que a Escola

não provocou apenas mudanças nas suas cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

dos pela Política Nacional de Formação

(PNF), fazendo uma formação orientada

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

rio que nasce da ousadia das mulhe-

Nos seus 10 anos de caminhada, que

irá completar em 2016, ouvimos muitos

relatos de pessoas falando que a Escola

mos cinco Turmas Nacionais, 25 Turmas

dos Cursos Regionais e 112 Turmas dos

rém de grandes resultados. Já concluí-

mos cinco Turmas Nacionais, 25 Turmas

Sustentável e Solidário (PADRSS).

Ainda é uma Escola muito jovem, po-

rém de grandes resultados. Já concluí-

Alternativo de Desenvolvimento Rural

Sustentável e Solidário (PADRSS).

(PNF), fazendo uma formação orientada

pela Educação Popular, na consciência

de classe e na construção de um Projeto

quanto um “organismo vivo”, que alimenta

e é alimentada pelas ações presentes no

cotidiano sindical. É “lugar de transforma-

ção política”, de estimular percepção crítica,

rever posturas e buscar uma nova prática

sindical, ancorada na ética, na solidarieda-

de; na democracia; na equidade de gênero,

étnico-raciais e de geração; no respeito às

diversidades culturais, regionais e religiosas.

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

cotidiano sindical. É “lugar de transforma-

ção política”, de estimular percepção crítica,

plantado pela 1ª turma simbolizou, ain-

da no nascimento da Escola, a beleza,

a resistência, flexibilidade e sintonia

com o jeito de ser da ENFOC.

Uma Escola construída também por

várias lideranças e militantes que acei-

taram o desafio de se constituírem edu-

cadores e educadoras populares para

multiplicar por todo o País o jeito de fazer

escola que a ENFOC criou.

Nesses 10 anos, a Escola nunca aban-

com o jeito de ser da ENFOC.

Uma Escola construída também por

várias lideranças e militantes que acei-

étnico-raciais e de geração; no respeito às

diversidades culturais, regionais e religiosas.

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

das práticas, da organização e do projeto

político do movimento, como afirma um

dos educadores e educadoras.

Escola que nunca teve medo de viver

diferentes metodologias na maneira de

transformar suas vidas, interferindo no jei-

to de se relacionar com as comunidades,

a família e o mundo.

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

das práticas, da organização e do projeto

político do movimento, como afirma um

anos de transformação do saber e prática

sindical, o que só foi possível pelo fazer de

várias mãos.

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

rio que nasce da ousadia das mulhe-

anos de transformação do saber e prática

sindical, o que só foi possível pelo fazer de

várias mãos.

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

várias mãos.

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Nesses 10 anos, a Escola nunca aban-

donou os seus princípios, que são defini-

dos pela Política Nacional de Formação

(PNF), fazendo uma formação orientada

pela Educação Popular, na consciência

de classe e na construção de um Projeto

Alternativo de Desenvolvimento Rural

Sustentável e Solidário (PADRSS).

Ainda é uma Escola muito jovem, po-

diversidades culturais, regionais e religiosas.

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

das práticas, da organização e do projeto

político do movimento, como afirma um

Alternativo de Desenvolvimento Rural

pela Educação Popular, na consciência

de classe e na construção de um Projeto

Alternativo de Desenvolvimento Rural

(PNF), fazendo uma formação orientada

pela Educação Popular, na consciência cia, estimulando consciência crítica e um

“olhar criterioso” sobre os rumos da luta,

das práticas, da organização e do projeto

donou os seus princípios, que são defini-

dos pela Política Nacional de Formação

Lugar que pulsa e faz pulsar a militân-

Alternativo de Desenvolvimento Rural

de classe e na construção de um Projeto

das práticas, da organização e do projeto

rever posturas e buscar uma nova prática

tas das entidades sindicais do MSTTR,

e que promete ampliar ainda mais esses

desdobramentos nos próximos 10 anos,

afinal, é “uma história de possibilidades”.

Nos seus 10 anos de caminhada, que

irá completar em 2016, ouvimos muitos

relatos de pessoas falando que a Escola

e que promete ampliar ainda mais esses

desdobramentos nos próximos 10 anos,

e que promete ampliar ainda mais esses

Nos seus 10 anos de caminhada, que

irá completar em 2016, ouvimos muitos

afinal, é “uma história de possibilidades”.

desdobramentos nos próximos 10 anos, desdobramentos nos próximos 10 anos,

afinal, é “uma história de possibilidades”.

irá completar em 2016, ouvimos muitos

e que promete ampliar ainda mais esses

desdobramentos nos próximos 10 anos,

afinal, é “uma história de possibilidades”.

desdobramentos nos próximos 10 anos,

anos de transformação do saber e prática

sindical, o que só foi possível pelo fazer de

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

rio que nasce da ousadia das mulhe-

Primeiro, a mão do conjunto dos diri-

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

Sindicatos, que ousaram construir uma

Escola orgânica do Movimento Sindical

de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR). Um projeto embrioná-

Sindicatos, que ousaram construir uma

gentes da CONTAG, das FETAGs e dos

César Ramos

não provocou apenas mudanças nas suas

práticas sindicais, mas contribuiu para

transformar suas vidas, interferindo no jei-

to de se relacionar com as comunidades,

a família e o mundo.

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JORNAL DA CONTAG10

ENFOC 10 ANOS

2ª TURMA

3ª TURMA

“Nos 10 anos de ENFOC, que celebramos oficialmente em 2016, aprovei-

tamos para dizer em nome de toda CONTAG, Federações e Sindicatos filiados que muito nos orgulhamos de ter uma Escola de

Formação reconhecida nacionalmente e internacionalmente. Enaltecemos toda sua força na ação formativa do Movimento Sindical de Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais (MSTTR), pois é impossível não analisarmos o poder trans-formador da ENFOC na vida de militância de quem passa nela, pois fica muito níti-

do o empoderamento político dos educadores e educadoras, que têm uma nova visão do mundo que os(as) cerca. Parabenizamos a ENFOC pelos vários Grupos de Estudo Sindical (GES), turmas estaduais, regionais, nacionais, de mulheres, ENAFOR e reen-

contros das turmas nos estados. Agradecemos, em nome da CONTAG, o esforço coletivo de todos que construíram e constroem nossa ENFOC, nas suas linhas

metodológicas alinhadas com os caminhos do Movimento Sindical e de reafirmação das nossas bandeiras de luta sempre baseados na

atual conjuntura. Vida longa à ENFOC!”, Alberto Ercílio Broch, presidente da CONTAG.

“Refletir sobre os 10 dez anos da ENFOC para o conjunto do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) é parar para pensar sobre a grandeza de construir os passos para man-ter a ENFOC pulsando e em pleno funcionamento, correspondendo às expectativas da Política Nacional de Formação. Ao longo desse história, fizemos várias mudanças, sempre buscando as transformações neces-sárias, quer nos Grupos de Estudo Sindical (GES), quer nas turmas estaduais, regionais e nacionais, na pers-pectiva de desenvolver uma ação formativa com os muitos educandos e educandas, membros da nossa Rede Nacional. Assim, compreendemos que a ENFOC em seus 10 anos vem correspondendo aos anseios das nossas instâncias, pois quem passa por ela é chamado a reconhecer o valor das ações do MSTTR, tor-nando assim nossos sindicatos criativos e inovadores, alinhados com a manutenção da Política Nacional de Formação da CONTAG. Aproveitamos para agradecer a contribuição direta nas ações formativas de todos e todas que por essa fonte passaram, que possam continuar firmes na caminhada formativa. Daqui para frente temos grandes desafios e muitas expectativas, principalmente agora quando a gente caminha na organização das nossas categorias profissionais: agricultores(as) familiares e assalariados(as) rurais. Desta forma, a nossa Rede de Educadores(as) tem uma tarefa importante para ajudar nossos sindicatos a compreenderem o cenário do momento, para ajudar a fortalecer o novo desenho do nosso sistema CONTAG e CONTAR. Desejo uma boa sorte para todos(as) nós”, Juraci Souto, secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG.

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JORNAL DA CONTAG 11

ENFOC 10 ANOS

4ª TURMA

“Para as mulheres

que fazem a luta do Movimento

Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras

Rurais (MSTTR), comemorar 10 anos da ENFOC

é ver um sonho que nasceu da demanda das compa-

nheiras e que hoje é uma realidade. A conquista da garantia

de, no mínimo, 50% de participação em todas as atividades

formativas do Movimento Sindical, em especial na ENFOC, bem

como a realização de cursos específicos demandados pelas mu-

lheres, têm sido fundamental para garantir mudanças necessárias

no cotidiano sindical, potencializando a defesa de relações éti-

cas, morais, democráticas e solidárias em nossas organizações

por meio da garantia de condições igualitárias de Formação

Política, o que vem, assim, contribuindo com o fortale-

cimento da participação das mulheres em todas as

instâncias do MSTTR”, Alessandra Lunas, se-

cretária de Mulheres da CONTAG.

“A conquista dos 10 anos da ENFOC representa o

fortalecimento do Movimento Sindical, pois a partir da Escola percebemos que cada vez mais o

MSTTR vem transformando o seu saber e prática sindical. Uma proposta metodológica que impactou principalmente a

juventude rural, as mulheres, enfim, todos aqueles e aquelas que entenderam a importância na Escola para o fortalecimento da nossa

militância. Além de fortalecer, outro aspecto da ENFOC é o resgate da nossa história, como trabalhadores(as), como MSTTR, para chegar até onde estamos hoje, pois nos permite trazer à memória os caminhos per-corridos por nós até aqui. A partir dessa atualização, a ENFOC também nos aponta para o futuro, mostrando as novas e grandes mudanças no atual cenário político, e isso nos empodera ainda mais para fazer o en-frentamento ao projeto neoliberal e afirmar nosso Projeto Alternativo

de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). Quem conseguiu beber dessa fonte, sem dúvida nenhuma,

renovou seus pensamentos, sua forma de analisar e de querer transformar os caminhos da nossa catego-

ria”, Mazé Morais, secretária de Juventude Rural da CONTAG.

1ª TURMA DE MULHERES

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JORNAL DA CONTAG12

ENFOC 10 ANOS

5ª TURMA

“A terceira idade sente

cada vez mais a necessidade de estar

mais próxima da Formação Sindical. Por assim

entender, no Coletivo da Secretaria de 3ª Idade e Idosos(as)

Rurais da CONTAG, foi deliberada a realização de uma turma

específica para a terceira idade dentro do processo formativo propos-

to pela ENFOC, com temas, metodologias e calendário contextualizado

com essa geração que compõe do Movimento Sindical dos Trabalhadores

e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). Pra mim, a ENFOC que, em 2016, celebra

10 anos de atuação, marcou o período mais importante na minha trajetória

de luta, pois ajudei a pensá-la e a vi nascer. Participei da primeira turma

Nacional e Regional Nordeste, por isso, entendo que falar não é o sufi-

ciente, mas o sentimento é de muito aprendizado nesses 10 anos da

Escola de Formação da CONTAG. Parabéns para a nossa ENFOC,

que forma e transforma os trabalhadores e trabalhadoras

em verdadeiros militantes” Lucia Moura, secretária de

Terceira Idade e Idosos(as) Rurais

da CONTAG.

“Considerando que historica-mente os(as) dirigentes sindicais sempre valorizavam

o trabalho de caráter formativo, de conscientização dos chamados quadros dirigentes, a ideia e construção da Escola Nacional de Formação da

CONTAG (ENFOC) veio preencher uma lacuna conceitual, metodológica e progra-mática de Formação Político-Sindical, através de princípios pedagógicos e metodológicos

sistematizados na Política Nacional de Formação (PNF), que comanda e orienta os proces-sos formativos nos Sindicatos, nas Federações e na CONTAG. A inspiração e referenciais vieram

da educação popular na perspectiva de Paulo Freire, da Escola Quilombo dos Palmares, do Dieese e, principalmente, da Escola Nacional de Formação da CUT. Os resultados são fantásticos! Podendo ser mensurados na qualidade de cada educador(a) popular, pela imensa quantidade de lideranças que passaram pelos Cursos da Escola, pela inovação e renovação dos quadros de dirigentes que passa-ram pelos itinerários, em âmbito nacional, regional, estadual e municipal. Nosso compromisso será fazer a formação de base. Os Grupos de Estudos Sindicais precisam ser colocados como prioridade

nos planejamentos e nas agendas do MSTTR, pois o fundamento da ENFOC é ser fermento na base. Comemoramos que algumas experiências de itinerário já começam a chegar, como

resultado do trabalho incansável da nossa Rede de Educadores(as) Populares que tem imensa capilaridade para o MSTTR e das inovações do processo de sistematiza-

ção dessa caminhada. Viva a ENFOC!”, Aristides Santos, secretário de Administração e Finanças da CONTAG.

2ª TURMA DE MULHERES

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JORNAL DA CONTAG 13

POR DIREITOS E DIGNIDADE

ASSALARIADOS(AS) RURAIS

Geraldo Magela/Agência Senado

Trabalho degradante e jornada exaustiva: essenciais para caracterizar o trabalho escravo

Em fevereiro de 2016, o

Movimento Sindical de Traba-

lhadores e Trabalhadoras Rurais

e entidades da sociedade civil lutarão

em mais uma batalha pela defesa da

dignidade dos(as) trabalhadores(as) ru-

rais e também urbanos: a conceitua-

ção de trabalho escravo será debatida

no Senado Federal com o objetivo de

evitar a aprovação do PLS 432, que

regulamenta a Emenda Constitucional

81/2014 e retira os elementos jornada

exaustiva e condições degradantes de

trabalho do conceito de trabalho escra-

vo estabelecido na legislação brasileira.

Há lugares no Brasil onde trabalhado-

res e trabalhadoras rurais são obrigados

a dividir a água que bebem com animais.

Ou que não têm acesso a banheiros de-

centes, que precisam dormir em locais

sem qualquer estrutura, sujos, descon-

fortáveis, sem privacidade. Em 2015

ainda existem fazendas brasileiras onde

os patrões cobram o que querem pela

comida dos trabalhadores(as) e não os

deixam sair, alegando que têm dívidas

com a propriedade. Há lugares em que o

trabalho é feito sob gritos e humilhação.

Esses são apenas alguns exemplos

de condições degradantes de trabalho,

condições que tiram a dignidade da

pessoa e diminuem a qualidade de vida,

a saúde física e psicológica de homens

e mulheres que precisam trabalhar para

sustentar suas famílias. A presença de

condições degradantes de trabalho é

um dos critérios para que seja identifica-

da a existência de trabalho escravo em

uma propriedade. Outro critério impor-

tante é a presença da jornada exaustiva,

ou seja, aquela que ultrapassa com fre-

quência o número de horas determina-

do por lei nas quais o trabalhador deve

exercer suas atividades sem compro-

meter sua saúde e o tempo necessário

para sua vida pessoal com a família,

descanso e lazer.

Representantes da CONTAG, das

centrais sindicais e de órgãos como

o Ministério Público do Trabalho, a

Organização Internacional do Trabalho

(OIT), a Associação dos Magistrados

da Justiça do Trabalho (Anamatra), do

Comissão Nacional para a Erradicação

do Trabalho Escravo (Conatrae), além do

ator e embaixador da OIT pela luta con-

tra o trabalho escravo, Wagner Moura, e

do jornalista, conselheiro da ONU e inte-

grante do Conatrae, Leonardo Sakamoto,

reuniram-se no dia 15 de dezembro de

2015 em audiência pública realizada no

Senado Federal e se posicionaram con-

trariamente a qualquer tentativa de flexibi-

lizar o conceito de trabalho escravo.

“É causa de vergonha para o Brasil

que em 2015 ainda seja preciso discutir

no parlamento questões como trabalho

escravo e violação de direitos humanos

e trabalhistas. A exclusão dos concei-

tos de jornada exaustiva e de condições

degradantes da definição de trabalho

escravo é um retrocesso de décadas e

tem o efeito prático de legalizar a escra-

vização de pessoas”, afirma o secretário

de Assalariados e Assalariadas Rurais da

CONTAG, Elias D’Angelo Borges.

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JORNAL DA CONTAG14

Serviços de qualidade, continuidade da oferta, aces-

so às políticas públicas, mudanças na vida dos(as)

agricultores(as) familiares e demais públicos da

Lei Nº 11.326/2006 (Lei da Agricultura Familiar) e da Lei

Nº 12.188/2010 (Lei Geral de ATER), pagamento das presta-

doras em cumprimento aos contratos, coordenação dos traba-

lhos, universalização dos serviços, entre outras, são demandas

que o Brasil vem discutindo e buscando resolver desde a cria-

ção da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).

E isso está longe de ser resolvido. Primeiro, quem vai fazer

o quê? Pois não se trata de uma, duas ou mais instâncias res-

ponsáveis por tratar, operar e coordenar as ações em âmbito

nacional. Pelo contrário, atualmente, o Brasil vive uma situação

de incerteza quanto aos papéis do Departamento Nacional de

ATER (Dater) e da Agência Nacional de ATER (Anater). O pri-

meiro vem coordenando os serviços desde 2003 e o segundo

foi criado em 2014 para cumprir esse papel também. E agora?

Segundo, não temos recursos financeiros suficientes para

ampliar a oferta dos serviços.

Terceiro, não temos agentes de campo na quantidade ne-

cessária para ampliar o atendimento.

Quarto, há quanto tempo os governos estaduais não fazem

concurso público para contratação de técnicos(as) para as

empresas estaduais de ATER? E não fazem porque não en-

tendem que esse serviço é prioritário e não contribuem para

gerar renda para os estados e municípios, ou que basta fazer

campanhas de prevenção e combate às pragas e doenças das

plantas e dos animais.

Quinto, as organizações de ATER da sociedade civil vêm

sofrendo ataques contínuos para sua extinção: sendo crimi-

nalizadas e colocadas todas no mesmo “saco” e, mais recen-

temente, sendo convidadas a falir por conta nos atrasos usu-

ais nos pagamentos. Ora, se todo mundo junto não consegue

atender 20% das famílias, imagine sem essas organizações.

Então, surge a Anater – um serviço social autônomo, que

nem é governo, nem é sociedade civil – num cenário de re-

cessão e de cortes orçamentários. Surge com um custo ini-

cial de R$ 21,4 milhões previstos para 2016. Além disso,

muitos agentes do próprio governo participam desse pro-

cesso de implementação já com a prerrogativa de atrapalhar.

Todos os membros do Conselho de Administração foram

indicados, com exceção do representante do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), cuja ministra

ANATER para quê e para quem?

POLÍTICA AGRÍCOLA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

tem mostrado diariamente a que veio – boicotando a Anater

e o lançamento do Programa Nacional de Redução do Uso

de Agrotóxicos (Pronara).

“São sinais de que o governo federal não está realmente

preocupado com o destino das mais de 4 milhões de famílias

que carecem de ATER no Brasil afora. Isso pode ser constata-

do pelos fatos expostos anteriormente e, também, pelo golpe

imposto na representação da sociedade civil no Conselho de

Administração que nasce com quatro assentos, ‘contra’ sete

do governo e, como se não bastasse, dois desses assentos

são da CNA e da OCB. E quais setores da sociedade essas

instituições representam mesmo?”, destaca o secretário de

Política Agrícola da CONTAG, David Wylkerson.

Outro golpe, segundo o dirigente, refere-se ao público a ser

atendido pela Anater, onde os(as) beneficiários(as) do Pronaf

perderam a regalia de exclusividade, sendo incluídos os mé-

dios produtores rurais. “Ou seja, na prática, quando forem dis-

tribuídos e aplicados os recursos da ATER, quem terá priorida-

de? Infelizmente, isso é um fato e não podemos sair às ruas

gritando NÃO VAI TER GOLPE! Enfim, até o momento, não

temos certezas quanto ao direcionamento, funcionamento e

aos resultados que os trabalhos da Agência Nacional de ATER

trarão para o País. E continuamos com uma questão: ANATER

PARA QUÊ E PARA QUEM?”, desabafa David.

Ronaldo Ramos

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JORNAL DA CONTAG 15

Realizadas em 2004, 2007 e 2011,

as Conferências de Políticas para

Mulheres vêm consolidando o

processo de construção da democracia

participativa no País. O espaço tem sido

fundamental para protagonizar o papel das

mulheres como propositoras capazes de

influenciar na efetivação de políticas mais

igualitárias no desenvolvimento do País,

resultando efetivamente nos planos nacio-

nais I, II e III de Políticas para Mulheres.

Com o tema “Mais direitos, partici-

pação e poder para as Mulheres” - a 4ª

Conferência será realizada em Brasília, de

15 a 18 em março de 2016, e trará para

o centro do debate a discussão de estra-

tégias de fortalecimento das políticas para

mulheres e a democratização dos espaços

de participação, compreendendo que um

dos maiores desafios na construção da

igualdade para as mulheres é fazer com

que as políticas conquistadas aconteçam

de fato nas 27 unidades da Federação e

nos 5.570 municípios do País.

Coordenadas pela Comissão Nacional de

Mulheres Trabalhadoras Rurais (CNMTR),

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA

MULHERES RURAIS

Margaridas do Campo, da Floresta e das Águas preparam-se para a 4ª Conferência

Nacional de Políticas para as Mulheresas margaridas de todo o País participam

ativamente, desde junho, das etapas muni-

cipais e territoriais da conferência.

“Estamos agora fortalecendo nossa

incidência na etapa estadual das confe-

rências, já realizadas na maior parte dos

estados brasileiros. É alarmante o que te-

mos ouvido sobre a dificuldade para que

estados e municípios tomem efetivamente

como prioridade a política para mulheres,

em especial o fortalecimento dos serviços

de enfrentamento à violência contra mulhe-

res. Temos atuado nas conferências refor-

çando esta demanda, já identificada pela

pauta da Marcha das Margaridas, que du-

rante todo o ano pontuou os desafios em

cada estado e município. Aproveitamos os

momentos das conferências para, uma vez

mais, colocarmos nossas proposições na

mesa, além de fortalecer a unidade de luta

entre as mulheres do campo e da cidade

em defesa da democracia enquanto prin-

cipal estratégia para garantir avanços na

igualdade de direitos, em especial para a

vida das mulheres”, afirma a secretária de

Mulheres da CONTAG, Alessandra Lunas.

As conferências têm sido ainda um

espaço fundamental para análise da atu-

al conjuntura brasileira sob a ótica das

mulheres, sendo espaço de definição de

estratégia entre as organizações de mu-

lheres para enfrentamento da forte onda

conservadora na sociedade que, a exem-

plo da reação com relação às questões do

ENEM a respeito da violência contra mu-

lheres, bem como a ação orquestrada do

Congresso Nacional sobre diversas ques-

tões, a exemplo das aprovações do Plano

Nacional de Educação e, consequente-

mente, nos planos estaduais e municipais,

que seguirão mantendo as escolas como

um espaço que continuará fechando os

olhos para o seu papel na construção da

igualdade de gênero, além dos retrocessos

impostos por projetos votados na Câmara

dos Deputados, tais como o PL 5069, o

Estatuto da Família, a contrarreforma elei-

toral, entre outros.

PARA DEFINIR ESTRATÉGIAS PARA AVANÇAR NA CONSTRUÇÃO E EFETI-VAÇÃO DE POLÍTICAS PARA MULHERES, A 4ª CNPM ESTABELECE QUATRO EIXOS CENTRAIS DE DEBATES:

1) Contribuição dos Conselhos dos Direitos da Mulher e dos movimentos femi-nistas e de mulheres para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios.

2) Estruturas institucionais e políticas públicas desenvolvidas para mulheres no âmbito municipal, estadual e federal: avanços e desafios.

3) Sistema político com participação das mulheres e igualdade: recomendações.

4) Sistema Nacional de Política para as Mulheres: subsídios e recomendações.

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JORNAL DA CONTAG16

SECRETARIA GERAL O QUE MUDA PARA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES?

>> TEMPO DE CAMPANHA – A duração da campanha eleitoral fica reduzida de 90 para 45 dias.

>> REDUÇÃO DO PERÍODO DE EXI-BIÇÃO E DA DURAÇÃO DOS PRO-GRAMAS DE RÁDIO E TELEVISÃO – Diminuiu de 45 para 35 dias.

>> REDUÇÃO DO TEMPO DA CAMPA-NHA ELEITORAL NA TV – Ficou deter-minado que, no primeiro turno, candi-datos a prefeito terão dois blocos de 10 minutos cada. Além disso, haverá 80 minutos de inserções por dia, sendo 48 minutos (60%) para prefeitos e 32 minutos (40%) para vereadores, com duração de 30 segundos a um minuto para cada candidato.

>> GASTOS NAS CAMPANHAS – Para presidente, governadores e prefeitos pode-se gastar 70% do valor decla-rado pelo candidato que mais gas-

Asociedade brasileira exige uma

ampla e significativa Reforma

Política que permita maior parti-

cipação popular nas decisões de temas

importantes para o País. Além dis-

so, é preciso que os parlamentares

eleitos(as) para o Congresso Nacional

efetivamente representem a população

brasileira, por isso a CONTAG permanece

na luta por uma verdadeira reforma polí-

tica junto com a Coalizão pela Reforma

Política Democrática e Eleições Limpas

e do movimento por uma Constituinte

Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

Apesar da conquista do fim do fi-

nanciamento empresarial para cam-

panhas eleitorais, a luta permanece

porque a lei aprovada em setembro de

tou no pleito anterior, se tiver havido só um turno, e até 50% do gasto da eleição anterior se tiver havido dois turnos. Em campanhas de prefeito, em municípios com até 10 mil habi-tantes, o teto de gasto passa a ser de R$ 100 mil.

>> PROPAGANDA EM VIAS PÚBLICAS – Permitidas bandeiras e mesas para distribuição de material, desde que não atrapalhem o trânsito e os pedestres. Bonecos e outdoors eletrônicos estão proibidos.

>> PROIBIÇÃO DO FINANCIAMENTO EMPRESARIAL DE CAMPANHAS ELEI-TORAIS – A presidente Dilma Rousseff vetou os dispositivos que autorizavam a doação de pessoas jurídicas aos partidos políticos. Além disso, a lei determina que o limite para doação por pessoas físicas de recursos esti-máveis em dinheiro de bens móveis ou

imóveis de propriedade do doador pas-sa a ser de R$ 80 mil.

>> REDUÇÃO DO PRAZO DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA – A pessoa que pretende se candidatar deve estar filiado(a) a um partido por pelo menos seis meses an-tes das eleições.

>> CABOS ELEITORAIS – Em municí-pios de até 30 mil eleitores podem ser contratados como cabos eleitorais um número limite de trabalhadores de até 1% do eleitorado. Nos municípios com mais de 30 mil eleitores, é permitido contratar um cabo eleitoral a mais para cada grupo de mil eleitores que exce-der os 30 mil.

>> PROPAGANDA EM CARROS – Só com adesivos comuns de até 50cm X 40cm ou microperfurados no tama-nho máximo do parabrisa traseiro. “Envelopamentos” estão proibidos.

2015, pela Câmara dos Deputados -

13.165/2015, promove não uma refor-

ma política, mas apenas uma pequena

reforma eleitoral. As mudanças trazi-

das por esta lei significaram apenas

uma renovação conservadora, com o

suposto objetivo de diminuir os custos

das campanhas eleitorais, mas que na

verdade apenas beneficiam os parla-

mentares que já têm mandatos.

“Não houve uma reforma verdadeira, nem

mesmo uma minirreforma. Com exceção do

fim do financiamento empresarial às campa-

nhas, persistem as distorções que permitem

que o Poder Legislativo atue, principalmente,

na defesa dos interesses de grandes empre-

sas e das elites que impõem um modelo de

desenvolvimento excludente e desigual para

todo o País”, afirma a secretária Geral da

CONTAG, Dorenice Flor da Cruz.

CONFIRAM AQUI AS PRINCIPAIS MUDANÇAS IMPOSTAS PELA LEI 13.165/2015, QUE JÁ DEVEM SER CUMPRIDAS NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES:

Precisamos continuar lutando por uma verdadeira Reforma Política

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JORNAL DA CONTAG 17

VICE-PRESIDÊNCIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

COP 21: sem compromissos concretos dos grandes poluidores

Após um longo debate, os países participantes da 21ª

Conferência do Clima (COP 21), realizada em dezembro

de 2015, em Paris, se comprometeram a assumir metas

vinculantes para que a elevação da temperatura da Terra seja

de, no máximo, 1,5 °C até o ano 2100 por meio da redução da

emissão de gases causadores do efeito estufa.

O Brasil se comprometeu em reduzir em 37% até 2020,

43% até 2025, com base nos níveis de 2005, as emissões

de gases de efeito estufa. Além disso, o Brasil se com-

prometeu também em reflorestar 12 milhões de hecta-

res, recuperar 15 milhões de hectares de pastagens

degradadas e implantar 5 milhões de hectares de

integração de lavoura, pecuária e floresta.

A COP 21 também foi um espaço onde a

Agricultura Familiar foi reconhecida por ter

uma relação diferenciada com o respeito

e manutenção da terra, e como guar-

diã dos bens da natureza.

Mesmo com o o reconhecimen-

to da Agricultura Familiar, as me-

tas não parecem ter animado a

CONTAG e outros movimentos so-

ciais que, afirmam que mesmo com

os anúncios do acordo histórico, a COP

21 não salva o planeta do aquecimento

global, já que a meta estabelecida de 1,5°C é

apenas um slogan, pois não foi acompanha-

da das obrigações e dos mecanismos ne-

cessários para torná-la uma

realidade, sendo apenas um

acordo político.

“O acordo não compro-

mete os países desenvolvi-

dos a cumprir suas responsabilidades históricas como maiores

emissores de CO2 e a financiar os países em desenvolvimento

nas suas ações de mitigação e adaptação. Os 100 bilhões de dó-

lares acordados para o Fundo Verde do Clima, a partir de 2020,

são só promessas”, destacou o vice-presidente e secretário de

Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino.

Na visão da CONTAG, outro grande problema é o financia-

mento para agenda ambiental, pois poucos têm sido os recur-

sos públicos, destinados aos Fundos de Financiamentos

para fazer as ações de mitigação e adaptação.

“O Brasil precisa seguir pressionando para que países

como Estados Unidos, China, entre outros grandes

poluidores, possam colocar recursos para solucio-

nar as questões climáticas. Dentro desse cenário

de reivindicação, a CONTAG também trava de-

bate junto ao Governo brasileiro para incluir a

produção de energias renováveis produzidas

através da agricultura familiar”, destaca o

secretário de Meio Ambiente da CONTAG,

Antoninho Rovaris.

Provocado pela CONTAG, recentemen-

te o MDA falou em produzir energia reno-

vável pela agricultura familiar. Além dessa

reivindicação, o MSTTR também chama

a atenção para os pagamentos por servi-

ços ambientais.

As negociações da COP 21 giraram em

torno dos três temas em que não havia con-

senso: a ambição do futuro acordo do clima, a

diferenciação entre países desenvolvidos e em de-

senvolvimento ao assumir responsabilidades e o finan-

ciamento destes últimos.

A partir de 2016, o processo das COPs estará

mais voltado à implementação, monitoramento e

revisão das contribuições nacional-

mente determinadas pelas partes,

mas num processo coletivo que

não tratará de cada proposta na-

cional individualmente.

A próxima COP já está marcada para acontecer em Marrocos,

em dezembro de 2016.

Até lá, a CONTAG seguirá acompanhando os resultados

para garantir, na próxima COP, o reconhecimento da Agricultura

Familiar como um setor relevante na manutenção do clima, e que

precisa ser valorizado.

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JUVENTUDE RURAL JUVENTUDE RURAL SE POSICIONA

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A juventude rural foi às ruas em de-

fesa da democracia e para mos-

trar seu apoio a um projeto político

de inclusão do povo brasileiro no desen-

volvimento social e econômico do País.

Em Brasília, a delegação do MSTTR, de

cerca de 150 jovens do campo, da floresta

e das águas, juntou-se a mais de 15 mil

pessoas, no dia 16 de dezembro, em um

ato de apoio à presidenta Dilma Rousseff

e contra o presidente da Câmara Eduardo

Cunha. Uma manifestação que também

destacou a defesa dos direitos dos traba-

lhadores e trabalhadoras de nosso País.

“Estamos em busca de um país onde

todos os jovens, do campo e da cidade,

tenham oportunidades, tenham garanti-

dos os seus direitos à educação, ao traba-

lho, à saúde, ao lazer, à dignidade. É para

isso que estamos na luta, porque somos

o presente e o futuro do Brasil e quere-

mos desenvolvimento solidário e susten-

tável para todos(as)”, afirma a secretária

de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da

CONTAG, Mazé Morais.

O ato político ganhou força logo após a

cerimônia de abertura da 3ª Conferência

Nacional de Juventude, que contou com

a presença da presidenta Dilma Rousseff,

de diversos ministros, do secretário

Nacional de Juventude, Gabriel Medina,

e o presidente do Conselho Nacional de

Juventude, Daniel Souza, e do presiden-

te do Uruguai entre 2010 e 2015, José

Mujica. “A luta deve ser diária, porque ela

significa compromisso com uma vida éti-

ca. A juventude está aberta a mudanças

de comportamento, que são hoje muito

necessárias para que o mundo seja um

lugar de maior justiça e igualdade entre to-

das as pessoas”, afirmou Mujica.

“Não vai ter golpe, vai ter luta!”

Para a 3ª Conferência, os(as) jovens

rurais levaram suas bandeiras de luta

em favor de um futuro digno no campo.

“Queremos condições e estrutura para

que a juventude possa permanecer no

meio rural, para produzir alimentos sau-

dáveis, gerar renda, contribuir para a pre-

servação dos recursos naturais de nosso

país. Não apoiamos um ajuste fiscal feito

às custas de direitos dos trabalhadores,

que modificam as regras para acesso ao

seguro-desemprego e propõe alterações

das idades mínimas para aposentadoria, o

que prejudica trabalhadores e trabalhado-

ras rurais, que enfrentam condições muito

diferentes daquelas dos trabalhadores ur-

banos”, destacou Mazé.

A sucessão rural é uma das principais ban-

deiras de luta do MSTTR. É preciso valorizar

a luta da juventude para garantir um campo

com gente, um campo produtivo e onde a

população tenha qualidade de vida e com

dignidade. A reforma agrária, a assistência

técnica e extensão rural, a agroecologia, o

cuidado com o meio ambiente, a educação

do campo, o crédito para a agricultura fami-

liar: todos esses elementos são fundamentais

para que daqui a 10, 20 ou 50 anos o campo,

a floresta e as águas do Brasil sejam próspe-

ros, para essa e para as futuras gerações.

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JORNAL DA CONTAG 19

ENTREVISTA

Arquivo pessoal

Neste momento em que se discu-

te no âmbito do governo federal e

do Congresso Nacional o ajuste fis-

cal da economia, como a senhora

avalia a seguridade social brasileira

e a sustentabilidade desse sistema?

A Constituição Federal criou o cha-

mado Sistema de Seguridade Social,

que integra Saúde, Previdência Social e

Assistência Social. Ao mesmo tempo em

que criou direitos, também previu contri-

buições para dar conta dos benefícios.

Pelo menos aqui não se pode concordar

com a afirmação de que a Constituinte

só criou direitos. Se cumprido o determi-

nado pela Constituição, que manda fa-

zer um orçamento único incluindo as três

áreas, sobram recursos todos os anos,

na ordem de mais de R$60 bilhões. Se

faltam recursos na Previdência é porque

são desviados para outras áreas. Há

duas maneiras utilizadas para fazer isso:

a Desvinculação das Receitas da União

(DRU), que vem sendo aprovada, com o

prazo de vigência até 31 de dezembro

de 2015, mas com Proposta de Emenda

Constitucional de prorrogação até 2023;

a desoneração da folha de pagamento,

que substitui a contribuição sobre a folha

de pagamento das empresas por outra,

sobre o faturamento. O problema, nesse

caso, é que o valor dessa substituição

não está sendo repassado integralmente

para o orçamento da Seguridade Social.

Em relação à Previdência Rural,

que avaliação a senhora faz sobre

essa política considerando o im-

pacto na vida dos trabalhadores e

trabalhadoras rurais e as regras de

acesso aos benefícios?

Os benefícios previdenciários trou-

xeram uma nova realidade para o meio

rural. Recuperou-se uma dívida histórica

para com essas pessoas que por muitos

anos tiveram pouco acesso à proteção

social. Milhões de pessoas deixaram a

pobreza para viver, pelo menos na ve-

lhice, com maior dignidade. A legislação

previdenciária cumpre a determinação

da Constituição Federal quanto ao ob-

jetivo da Seguridade Social de garantir a

“uniformidade e equivalência dos bene-

fícios e serviços às populações rurais”.

Hoje, os trabalhadores do campo têm

praticamente os mesmos direitos dos

urbanos. Embora na maioria dos casos

Jane Lucia Wilhelm Berwanger é graduada em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (1998) e Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2005), Doutora em Direito Previdenciário pela PUC-SP, tendo defendido tese sobre o Segurado Especial. Atualmente, é presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP). É professora da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões e de Direito Previdenciário de diversos cursos, como Atame, IMED, IESA, Esmafe, PUC/PR, UNIRITTER, da Universidade Feevale, dentre outras. Atuou por muitos anos como assessora jurídica da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul, atuando atualmente como consultora. Também é Autora de várias obras de Direito Previdenciário, como Previdência Rural, Inclusão Social e Segurado Especial.

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JORNAL DA CONTAG20

EXPEDIENTE / Jornal da CONTAG – Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch| 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Angelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretaria Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Veronica Tozzi e Barack Fernandes | Reportagem Lívia Barreto | Projeto Gráfico e Diagramação Fabrício Martins | Impressão Viva Bureau e Editora

www.contag.org.br facebook.com/contagbrasil @contagBrasil youtube.com/contagbrasil

se trata de salário-mínimo, a repercussão

social é enorme: as pessoas passaram

a ter acesso melhorado à alimentação e

à saúde e o reconhecimento da contri-

buição que deram à Nação por longos

anos. A lei não dificulta a concessão dos

benefícios, mas na prática, muitas vezes,

tanto servidores do INSS como do Judi-

ciário impõem restrições.

Quais os riscos e vantagens de se

fazer uma reforma da Previdência

Social neste momento?

Reformas previdenciárias são neces-

sárias, mas devem ser pensadas sempre

a longo prazo e não na perspectiva de

reduzir direitos, já tão básicos, como os

benefícios rurais que são em geral de sa-

lário-mínimo. Recentemente foram apro-

vadas mudanças nas pensões por mor-

te e nas aposentadorias urbanas. Fazer

nova reforma prejudica a credibilidade do

ENTREVISTAsistema previdenciário. As pessoas ficam

inseguras de contribuir: por mais que

seja obrigatório na maioria dos casos,

muitos só pagam a previdência se acre-

ditam que vão receber benefícios no futu-

ro. Pensar uma reforma para tirar direitos

de quem ganha salário-mínimo chega

a ser cruel. E fazer isso sem discussão

aprofundada pode implicar em mudan-

ças muito drásticas ou, como já ocorreu,

praticamente sem alterações. Queremos

dizer que tudo pode acontecer, se não

houver clareza de onde se quer chegar.

Como a senhora avalia algumas

propostas de reforma da Previdên-

cia Social vindas de setores do Con-

gresso Nacional e do Governo, que

propõem a equiparação da idade de

aposentadoria entre mulheres e ho-

mens e entre urbanos e rurais?

A aposentadoria por idade existe

porque há uma presunção de que, após

uma idade avançada, o segurado já

não tem mais capacidade de trabalho,

já alcançou o seu limite. E isso é o que

justifica que as mulheres se aposentam

mais cedo que os homens: elas perdem

a capacidade de trabalho mais cedo.

Pela mesma razão, os trabalhadores

rurais devem se aposentar mais cedo

que os urbanos, ou seja, a longa vida de

esforço físico, que causa maior desgas-

te físico que dos demais trabalhadores.

Por isso, tanto a diferença de idade en-

tre homens e mulheres e entre urbanos

e rurais deve ser mantida.

O que poderia ser destacado

para o aprimoramento do financia-

mento da Previdência Rural e da

Seguridade Social?

Sempre que se fala em reformas, o

enfoque é apenas nos benefícios, me-

lhor dizendo, na redução de direitos.

Pouco se fala na arrecadação. Deve-

riam ser pensados mecanismos para

aumentar as receitas da Previdência

Social, dentre os quais: retomar re-

cursos desviados para obras públicas;

melhorar o sistema de arrecadação,

inclusive na área rural; aumentar o nú-

mero de contribuintes, com campa-

nhas de esclarecimento e incentivo;

deixar de desviar recursos para outras

áreas (a desoneração de folha de pa-

gamento e a desvinculação das re-

ceitas da União, por exemplo, não se

sustentam diante do discurso do défi-

cit da Previdência). São apenas algu-

mas ideias, mas muitas outras devem

ser pensadas.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal