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Filiada à: Veículo informativo da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES CONTAG ANO XII • NÚMERO 140 • NOVEMBRO DE 2016 Jornal da

Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

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JORNAL DA CONTAG 1Filiada à:

Veículo informativo da

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES

CONTAGANO XII • NÚMERO 140 • NOVEMBRO DE 2016

Jornal da

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JORNAL DA CONTAG2

EDITORIAL

PRESIDÊNCIA

Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG

CONTAG contra a PEC do teto dos gastos públicos

A Câmara dos Deputados apro-

vou em dois turnos a Proposta

de Emenda à Constituição (PEC)

241, que agora tramita como PEC 55 no

Senado Federal e deverá ser votada tam-

bém duas vezes até o final de 2016. A pro-

posta impõe o congelamento por 20 anos

dos gastos da União com a justificativa de

estabelecer um novo regime fiscal para

promover austeridade nas contas públicas

e a retomada do crescimento do País.

A Confederação Nacional dos Traba-

lhadores Rurais Agricultores e Agricultoras

Familiares (CONTAG) é contra a alteração

da Constituição Federal para esse fim,

pois ela limitará investimentos urgentes e

necessários nas políticas públicas. Enten-

demos que a PEC 55 trará um retrocesso

gigantesco, com impactos negativos nas

principais políticas estruturantes, como

educação, saúde, moradia, previdência e

assistência social.

Essa medida visa sacrificar ainda mais a

classe trabalhadora e a população mais vul-

nerável para aumentar o caixa do Governo

Federal para pagar os serviços e os juros

da dívida pública, ou seja, engordar ainda

mais o cofre dos banqueiros privados.

É de conhecimento de todos os cida-

dãos e cidadãs brasileiras de que as polí-

ticas de proteção social, tais como saúde

e educação, precisam, no mínimo, dobrar

os recursos públicos para melhor atender

as demandas da população.

Congelar os gastos por 20 anos seria

aprofundar e mergulhar o sistema de saúde

e educação num profundo caos social. A

PEC 55 afetará todas as políticas públicas

e, sobretudo, as populações mais pobres

e marginalizadas do campo e das cida-

des. Antes mesmo de sua aprovação em

definitivo, já percebemos prejuízos com a

redução drástica de orçamento para 2017

em políticas e programas voltados ao de-

senvolvimento rural e ao fortalecimento da

agricultura familiar.

As medidas anunciadas até o momento

trazem à tona a velha lógica do neolibera-

lismo, que defende o Estado mínimo com

a redução do papel do Estado como indu-

tor do desenvolvimento. Não aceitaremos

essa opção do Governo Temer pela reti-

rada ou restrição de direitos, de atingir a

população mais vulnerável do nosso País,

ou seja, quem mais precisa das políticas

de seguridade social e de uma vida digna.

Os trabalhadores e trabalhadoras rurais,

então, estarão entre os mais impactados.

É por isso que estamos denunciando essa

PEC nos nossos meios de comunicação

e nos espaços que integramos, nacional

ou internacionalmente. Não podemos nos

calar diante de tal ameaça às conquistas

que alcançamos a partir de muita luta.

Precisamos avançar e não retroceder.

Lutamos por mais direitos, por uma vida

melhor, mais digna, por mais respeito, por

igualdade, liberdade e justiça. E essa PEC

prega o contrário: as desigualdades sociais

serão ampliadas, o poder de compra será

reduzido, o investimento no campo estará

com os dias contados. Nesta perspecti-

va, teremos ainda mais dificuldades para

implementar o nosso Projeto Alternativo

de Desenvolvimento Rural Sustentável e

Solidário (PADRSS).

Portanto, mais do que nunca, precisa-

mos fortalecer a CONTAG, as Federações

e Sindicatos para termos um sindicalismo

mais combativo e forte. Precisamos arti-

cular as nossas ações com outros movi-

mentos sindicais e sociais, pois só com a

unidade poderemos avançar e evitar pre-

juízos para a classe trabalhadora e para a

população brasileira como um todo.

Vamos para a luta e juntos seremos

mais fortes!

Barack Fernandes

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JORNAL DA CONTAG 3

Rovena Rosa/Agência Brasil

A Proposta de Emenda à Constituição

(PEC) 241, que agora é chamada

de PEC 55 no Senado Federal,

nem foi aprovada ainda, mas já traz muita

preocupação à população brasileira. Nos

últimos 13 anos foi possível presenciar a

redução da pobreza no País com o aper-

feiçoamento das políticas públicas sociais

e melhor distribuição de renda.

Apesar de problemas estruturantes no

Sistema Único de Saúde (SUS), na falta de

recursos para as escolas públicas, do dé-

ficit na política habitacional e de um antigo

debate sobre a realização de uma reforma

da Previdência Social, o Estado brasileiro

avançou muito na criação de políticas e

programas como o Luz para Todos, Água

para Todos, Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA), do Programa Nacional de

Alimentação Escolar (Pnae), Um Milhão de

Cisternas, Bolsa Família, entre outras. E,

às vésperas de aprovar essa PEC, conhe-

cida como PEC da Morte, estamos diante

da possibilidade de retroceder nos direitos

conquistados, afetando a todos(as): crian-

ças, adolescentes, jovens, adultos(as) e

idosos(as). Toda uma geração que depen-

de do Estado e de políticas públicas.

Se aprovada, a PEC abrirá caminho para

a reforma da Previdência Social e para des-

vinculação dos benefícios sociais e previ-

denciários do salário mínimo. A Previdência

POLÍTICAS SOCIAIS DIREITOS SOCIAIS AMEAÇADOS

Impactos da PEC 55 (ex PEC 241) nas políticas sociaisSaúde, educação, habitação, previdência e assistência social sofrerão com redução

de orçamento e de priorização por parte do governo

Social é uma das principais políticas de dis-

tribuição de renda do País e que faz circular

a economia dos municípios, principalmente

as pequenas cidades. Outra possibilidade

anunciada pelo governo ilegítimo é uma

revisão na concessão de benefícios previ-

denciários por incapacidade. “A CONTAG

não é contra essa revisão desde que seja

feita a partir de critérios. O trabalhador(a)

rural desempenha um trabalho que exige

mais esforço e os peritos devem ter isso em

mente ao dar alta a quem não terá condi-

ções de realizar um trabalho mais penoso”,

explicou o secretário de Políticas Sociais da

CONTAG, José Wilson Gonçalves.

Se essa PEC for aprovada, haverá redu-

ção no orçamento do Ministério da Saúde,

nos próximos anos, e o Sistema Único de

Saúde (SUS) será ainda mais sucateado.

Com a redução de recursos, diminui tam-

bém os repasses para os estados e municí-

pios, que somam 2/3 do orçamento do MS.

Segundo o Conselho Nacional de Saúde,

somente em 2017 há estimativa de perda

entre R$ 15 e 20 bilhões, o que se agrava-

rá a cada ano, pois é preciso considerar o

crescimento e o envelhecimento da popula-

ção e, também, os avanços tecnológicos no

setor. O acesso a consultas, exames, medi-

camentos, entre outras necessidades, ficará

mais difícil com a diminuição de recursos no

orçamento. Para o SUS chegar no campo, é

necessário e urgente o aumento de investi-

mentos na saúde pública, e não o contrário!

A educação, que já foi golpeada com a re-

forma do ensino médio, agora será ainda mais

impactada com o corte de verba, que afetará

o pagamento dos professores, na contrata-

ção de merenda escolar, na oferta de vagas,

na estruturação e conservação das escolas,

o funcionamento das escolas rurais, no finan-

ciamento do ensino superior, entre outros.

“Esse é um governo mal intencionado.

Essa PEC vem com um pacote de malda-

de, pois junto vem uma série de medidas

provisórias. Como já vemos a MP da refor-

ma do ensino médio e outra que vai fazer a

reforma dos benefícios da Previdência por

incapacidade. Não se vê uma medida ou

uma reforma justa dos salários e benefícios

do alto escalão dos três poderes. É um

governo que volta aos tempos do Estado

mínimo, que para os pobres é o mínimo do

mínimo e para os ricos sempre mais. É um

governo que volta para a busca das rique-

zas naturais, do patrimônio público brasi-

leiro, do orçamento público da União para

fortalecer cada vez mais o sistema privado,

o sistema financeiro nacional e internacional

e o empresariado”, denuncia José Wilson.

Por isso, é fundamental que dirigentes,

lideranças e toda a base do MSTTR esteja

mobilizada e combativa na luta em defesa

dos direitos sociais.

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JORNAL DA CONTAG4

POLÍTICA AGRÁRIA PEC 241 OU PEC 55 – A PEC DA MORTE

Impactos da PEC nas ações de reforma agráriaO congelamento de investimentos públicos por 20 anos poderá levar ao desmonte da estrutura de

Estado responsável pela reforma agrária

A Proposta de Emenda à Constituição

241 (Câmara dos Deputados) ou

PEC 55 (Senado) rompe com o

princípio do desenvolvimento progressivo

do País pactuado na Constituição de 1988,

desmonta as estruturas do Estado que

permitem a efetivação das políticas públi-

cas e sacrifica os direitos, especialmente

dos mais pobres, congelando por 20 anos

a aplicação dos recursos e investimentos

referentes aos serviços públicos e à rede

de proteção social.

Esta proposta do governo ilegítimo e de

seus apoiadores produziu indignação no

MSTTR, que vem refletindo sobre os im-

pactos que poderá produzir na realização

da reforma agrária, considerando que sem

participação do Estado esta política não

se concretizará.

A reforma agrária ampla é uma medida

fundamental para atacar as desigualdades

sociais, de poder e de renda, e para as-

segurar a soberania territorial e alimentar

do povo. Para que a reforma agrária se

efetive, é imprescindível uma forte inter-

venção do Estado para que este cumpra

a determinação constitucional de fiscalizar

o cumprimento da função socioambiental

das propriedades rurais, de agir contra o

latifúndio e contra a violência e a exclusão

que ele produz, além de assegurar a cons-

trução e aplicação de outros instrumentos

destinados à população assentada.

No entanto, a depender das imposi-

ções da PEC, este papel determinante do

Estado, que nunca foi cumprido a con-

tento, estará ainda mais comprometido,

podendo sepultar, de vez, qualquer inicia-

tiva de execução de políticas públicas que

assegurem a democratização da terra e as

condições de desenvolvimento sustentável

do campo produzidas a partir da participa-

ção dos assentados(as) da reforma agrária.

Um dos aspectos que evidenciam este

cenário de desconfiança está na determi-

nação da PEC de impedir a elevação dos

valores orçamentários acima dos índices

da inflação aferidos no ano anterior, con-

siderando como ponto de partida para

este cálculo os valores aplicados em 2017.

O mais grave é que a proposta de Lei

Orçamentária – PLOA/2017, enviada pelo

governo ao Congresso Nacional, prevê

profundos cortes nos valores do orçamen-

to aprovado para 2016, principalmente em

áreas estratégicas como desapropriação,

assistência técnica, Pronera, dentre outras

que já contavam com valores muito inferio-

res ao tamanho da demanda.

A proposta do governo para a reforma

agrária em 2017 reduz em quase R$ 334

milhões o valor de 2016 e, se aprovado,

permitirá o assentamento de menos de

5 mil novas famílias nas áreas desapropria-

das, número muito distante da demanda

emergencial de, pelo menos, 120 mil fa-

mílias que encontram-se acampadas em

todas as regiões do País.

Outra imposição da PEC é o congela-

mento de concursos públicos e de corre-

ção salarial, medida que afetará profunda-

mente a estrutura do Incra que encontra-se

com número de servidores profundamente

defasado, sem contar que o nível salarial

desta autarquia é um dos menores pagos

pelo governo federal.

“Desta forma, se vislumbra uma situa-

ção absolutamente grave para os traba-

lhadores e trabalhadoras que dependem

do desempenho da política de reforma

agrária como alternativa para conquis-

tarem o direito à vida digna, com terra,

trabalho e produção de alimentos. Este é

um projeto reacionário e que foi derrotado

em todas as eleições presidenciais desde

2002, e que quer se impor agora por força

do golpe. Não temos outra saída a não

ser fortalecer nossas lutas para preservar

direitos e assegurar conquistas”, avalia o

secretário de Política Agrária da CONTAG,

Zenildo Xavier.

Arquivo Secretaria de Política Agrária

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JORNAL DA CONTAG 5

POLÍTICA AGRÍCOLA PADRSS

Uma nova agenda para o desenvolvimento rural e agricultura familiar

Após 20 anos de conquistas que

mudaram a realidade do rural

brasileiro, em especial com a ins-

titucionalização da categoria Agricultura

Familiar, apoiada por uma série de políti-

cas públicas e programas reconhecidos

nacional e internacionalmente, a CONTAG

retoma o debate sobre os rumos do de-

senvolvimento rural e da agricultura familiar

para as próximas duas ou três décadas.

Para o presidente da CONTAG, Alberto

Broch, “é fundamental o que conquista-

mos por meio das várias políticas públicas,

mas acho que essas conquistas ‘bateram

no teto’: o Pronaf, as compras governa-

mentais, a Anater que não sai do papel...

para onde vamos? Por outro lado, o agro-

negócio ‘dando de braçada’. E agora, o

Governo Temer acabou com o Ministério

do Desenvolvimento Agrário (MDA). Quais

as consequências disso para a Agricultura

Familiar? Como é que podemos trabalhar

o desenvolvimento para fortalecer o nos-

so setor nesse novo cenário? No futuro,

no médio e longo prazos vai ter espaço

para nós da agricultura familiar? Como

trabalhar a organização da produção dian-

te dos grandes conglomerados que vão

se unificando, como Sadia e Perdigão?

Conseguiremos criar um sistema de or-

ganização e agroindustrialização da pro-

dução da agricultura familiar, para agregar

valor e que seja alternativo a esse modelo?

Por onde temos que ir?”

Para tratar dessas temáticas numa con-

juntura política complexa por que passa

o Brasil e pensando na reestruturação da

CONTAG, que no próximo ano realizará

seu 12º Congresso tendo por público so-

mente a Agricultura Familiar, foram convi-

dados quatro dentre os melhores especia-

listas nas temáticas do Desenvolvimento

Rural e Agricultura Familiar para aprofun-

dar o debate e construir referenciais para

o seu futuro. Participaram os professores

Arilson Favareto (UF-ABC), Antônio Márcio

Buainain (Unicamp), Carlos E. Guanzirolli

(UFF) e Sérgio Schneider (UFRGS).

Como resultado dos debates sobre os

grandes desafios apontados para as próxi-

mas décadas, em especial, pensando o futu-

ro da CONTAG, do desenvolvimento rural e o

fortalecimento da Agricultura Familiar, desta-

cam-se as seguintes questões que merecem

atenção especial e urgente aprofundamento:

A TEMÁTICA DO DESENVOLVIMENTO RURAL – o

contexto político; as várias agriculturas; a

inovação e a sucessão rural; uma nova ins-

titucionalidade; tendência à pluriatividade

como nova dinâmica social rural e agroeco-

logia; água, comida, sustentabilidade, segu-

rança alimentar, energia, terra, novo consu-

midor, demografia e inovações tecnológicas.

Nesse sentido, foram diagnosticadas

questões essenciais como o esgotamen-

to dos objetivos do Projeto Alternativo

de Desenvolvimento Rural Sustentável e

Solidário (PADRSS) que precisa ser refor-

mulado para os novos objetivos do futuro

com foco mais preciso em grandes bandei-

ras de luta fundamentais como: o aqueci-

mento global; a construção de um sistema

de organização da agricultura familiar para

acesso aos mercados; e o fortalecimento e

defesa de políticas públicas essenciais para

o desenvolvimento da agricultura familiar.

AS PRINCIPAIS AGENDAS DA CONTAG – construir

uma agenda com a Academia para realizar

estudos e pesquisas sobre a Agricultura

Familiar e Desenvolvimento Rural; o papel

da Agroecologia no futuro da Agricultura

Familiar; e o contraponto à bandeira ideo-

lógica representada pelo agronegócio.

Para o secretário de Política Agrícola da

CONTAG, David Wylkerson, “é necessá-

rio dar continuidade ao aprofundamento

do debate sobre as questões apontadas

como estratégicas para o fortalecimento do

MSTTR e Agricultura Familiar. A CONTAG

levará esses temas nos vários espaços de

formação e em preparação ao 12º CNTTR.

Além disso, serão realizados encontros e

oficinas regionais de planejamento sobre

desenvolvimento rural e agricultura fami-

liar, articulando Universidades, a Embrapa

e outras instituições com influência nas

temáticas do desenvolvimento rural. Da

mesma forma, está articulando uma agen-

da com especialistas para propor estudos

e pesquisas que orientem as ações para o

futuro do desenvolvimento rural”.

César Ramos

Page 6: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

Com o cenário de mudan-

ças na organização sindical

dos trabalhadores(as) rurais, a

CONTAG reuniu os(as) contadores(as) da

própria entidade e das Federações filiadas

para que conhecessem a realidade vivida

pelo Movimento Sindical nesse processo

de dissociação e os impactos na susten-

tabilidade político-financeira.

A Oficina Nacional de Aprofundamento

Temático em Contabilidade, realizada de

6 a 8 de outubro, em Brasília, teve a pro-

gramação dividida em duas partes: os dois

primeiros dias foram voltados para esse

olhar interno para o Movimento Sindical

e de que forma a contabilidade contribui

para o MSTTR; o 3º dia já foi dedicado à

prestação de contas, receita federal, entre

outras temáticas mais práticas.

Para contribuir com o olhar mais interno,

foi apresentado o Plano Sustentar, suas es-

tratégias e desdobramentos, a articulação

do setor contábil com o processo de sua

implementação e manutenção. Dentro das

ações estratégicas, foram apresentados o

SisCONTAG e o Seguro Vida. “Identificamos

que em muitas Federações o tema já estava

FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO SUSTENTABILIDADE POLÍTICO-FINANCEIRA

Contadores(as) aprofundam olhar para o MSTTROficina promoveu debates sobre temáticas internas e formação específica para os profissionais de

contabilidade da CONTAG e Federações

sendo discutido, mas boa parte dos con-

tadores não conhecia o Plano”, divulgou

o secretário de Finanças e Administração

da CONTAG, Aristides Santos. Também fo-

ram tratados temas como a situação dos

segurados(as) especiais junto à Previdência

Social, a contribuição previdenciária de diri-

gentes sindicais rurais, Orçamento Sindical

Participativo (OSP), Legislação e Plano de

Contas Padronizado.

No último dia da oficina ocorreu o trei-

namento com consultor externo sobre

Sistema Público de Escrituração Digital

(SPED), com ênfase na Escrituração

Contábil Digital (ECD) e Escrituração

Contábil Fiscal (ECF). No próximo ano, to-

das as entidades que recebem acima de

R$ 1,2 milhão terão que entregar a ECD à

Receita Federal, e as que não alcançarem

essa arrecadação terão que entregar a ECF,

que substitui a Declaração de Imposto de

Renda Pessoa Jurídica (DIPJ). “A CONTAG

convidou os contadores para a oficina no

sentido de que eles compreendessem me-

lhor o processo da dissociação das cate-

gorias (Agricultura Familiar e Assalariados

Rurais), seus desdobramentos e demais

ações que estão sendo executadas pelo

MSTTR, onde eles podem contribuir com o

fortalecimento da sustentabilidade político-

-financeira.”, explicou Aristides.

Para o secretário, a oficina foi bem exi-

tosa. “A nossa avaliação é muito positiva.

Tiramos encaminhamentos de realizar no-

vos encontros de contadores pelo menos

uma vez ao ano ou à medida que tenha

mudança na legislação. Também ficou o

compromisso de que os estados devem

dialogar sobre a implementação do OSP

em 2017. Também ficou definida a criação

de grupos nas mídias sociais, onde essa

comunicação entre o grupo pode agilizar

contato, esclarecer dúvidas, fazer consul-

tas, entre outras.”, avaliou.

A caminho do 12º Congresso da CONTAG

Para fazer a inscrição de delegados(as) para o 12º CNTTR, os Sindicatos e Federações precisam estar em dia com o repasse de 1% para a CONTAG. Qualquer dúvida, acesse o sistema de arrecadação da CONTAG (www.contag.org.br/arrecadacao) ou entre em contato com a Federação.

ENCONTRO DE FUNCIONÁRIOS: A CONTAG parabeniza a iniciativa da FETAEP na rea-lização de Encontro de Funcionários dos STTRs no período de julho e agosto deste ano, que visou capacitá-los em diversos temas: Organização Sindical, Previdência, Plano Sustentar, Comunicação, Automação em Secretariado, Política Agrícola, Arrecadação, Assalariamento Rural, Contabilidade, Cerimonial de Eventos, Tesouraria e Informática. O encontro foi encerrado com o sorteio de brindes, que serviu de incentivo e reconheci-mento pelo bom serviço prestado por todos(as) no atendimento aos trabalhadores(as) rurais. A Secretaria de Finanças e Administração da CONTAG incentiva que outras Federações também usem dessa estratégia para fortalecer o MSTTR.

FIQUE DE OLHO:12º

CONGRESSO

JORNAL DA CONTAG6

Barack Fernandes

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JORNAL DA CONTAG 7

A organização do 12º Congresso

Nacional dos Trabalhadores

Rurais Agricultores e Agricultoras

Familiares (12º CNTTR) está a todo vapor.

Com a realização das Plenárias Estaduais

a partir do mês de outubro até janeiro de

2017, já é necessário organizar o processo

de inscrição de delegados(as) e também

de inclusão de emendas ao Texto Base.

Para tornar-se delegado(a) do 12º

CNTTR é preciso cumprir uma série de re-

quisitos: o primeiro é estar em dia com a

mensalidade ou contribuição social e tam-

bém ter pago a contribuição sindical do

exercício de 2015 ou 2016. A partir daí, é

preciso participar da Assembleia convoca-

da pelo STTR, onde serão escolhidos qua-

tro representantes – dois homens e duas

mulheres – para participar da Plenária

Estadual ou Regional, considerando a

cota de 20% de jovens e a participação de

trabalhadores(as) rurais da Terceira Idade.

Mas atenção: somente poderão mandar

representantes para as Plenárias Estaduais

ou Regionais os Sindicatos que cumprirem a

cota de 30% de participação de mulheres na

Diretoria. Além disso, os Sindicatos também

terão que estar em dia com suas obrigações

sindicais até o primeiro dia da Plenária.

Nas Plenárias Estaduais ou Regionais

será eleito(a) um(a) representante de cada

STTR para formar a delegação que par-

ticipará do Congresso. É preciso desta-

car que cada Plenária Estadual deverá

escolher um número igual de homens e

mulheres para formar as delegações, ga-

rantindo também a cota de, no mínimo,

20% de jovens e a participação da Terceira

Idade. Em alguns estados serão realizadas

Plenárias Regionais ou de Polo. Tanto nas

plenárias estaduais, quanto nas regionais

SECRETARIA GERAL PREPARATIVOS PARA O 12º CNTTR

A caminho do 12º Congresso da CONTAGO que você precisa saber para participar do 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais

Agricultores e Agricultoras Familiares

ou de polo, caso haja um número ímpar

de Sindicatos, será necessário eleger

um(a) delegado(a) a mais para assegurar

o cumprimento da paridade na delegação

do estado. No caso das plenárias regionais

ou de polo, só será possível saber se o nú-

mero total de sindicatos habilitados é par

ou ímpar na realização da última plenária,

quando o(a) delegado(a) será eleito(a).

Ou seja, o 12º CNTTR será um momen-

to para a afirmação da paridade de gênero

no Movimento Sindical de Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais.

O processo de organização do Congresso

contou, ainda, com um momento muito im-

portante nos dias 3 e 4 de novembro, quan-

do foi realizado na CONTAG o Coletivo da

Secretaria Geral, tendo como parte de sua

programação a Oficina de Capacitação so-

bre Sistema de Inscrição de Delegados(as)

e Emendas ao Texto Base do 12º CNTTR.

Participaram os(as) secretários(as) e os(as)

responsáveis pelo sistema de inscrição do

12º CNTTR, que discutiram todos os crité-

rios de participação de delegados(as); tira-

ram dúvidas sobre o Regimento Interno do

Congresso e consolidaram o entendimento

de todos os procedimentos para a realiza-

ção do 12º CNTTR.

Para a secretária Geral da CONTAG,

Dorenice Flor da Cruz, a participação das

27 FETAGs demonstra o compromis-

so das mesmas com a realização do 12º

CNTTR. “As Secretarias Gerais ou as pes-

soas que cumprem esse papel dentro de

cada STTR ou Federação têm um papel

muito importante na articulação das infor-

mações, na fluidez do diálogo, no cum-

primento dos prazos, na organização de

documentos e em todo o processo de or-

ganização desse que é um dos principais

momentos políticos do MSTTR. A reunião

do Coletivo deixou ainda mais evidente a

importância da atuação das Secretarias

Gerais de forma articulada para o sucesso

do 12º CNTTR”, afirmou.

César Ramos

Page 8: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

JORNAL DA CONTAG8 JORNAL DA CONTAG8

JUVENTUDE RURAL PREPARAÇÃO PARA O 12º CNTTR

Protagonismo da Juventude RuralPlenária Nacional de Jovens promoverá participação, troca de experiências da organização juvenil do campo e

contribuições ao documento base do Congresso da CONTAG

Juventude na luta por sucessão

rural: nenhum direito a menos!

Esse é o lema da 3ª Plenária

Nacional de Jovens Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais, a ser realizada

de 29 de novembro a 2 de dezembro de

2016, em Brasília, reunindo mais de 400

jovens, entre eles(as) dirigentes sindi-

cais, membros das Comissões Estaduais

de Jovens, sócios(as), participantes do

Programa Jovem Saber e dos itinerá-

rios formativos da Escola Nacional de

Formação da CONTAG (ENFOC).

A plenária tem um caráter propositivo,

avaliativo, formativo e organizativo, bem

como visa organizar a participação da ju-

ventude nas etapas preparatórias para o

12º Congresso Nacional de Trabalhadores

Rurais Agricultores e Agricultoras Fami-

liares (12º CNTTR), que acontecerá em

março de 2017. Portanto, durante

quatro dias, a Plenária terá como

objetivos centrais fazer com que

os(as) jovens debatam temas

estratégicos, diante da conjun-

tura nacional e dos desafios

para a agricultura familiar, a

partir da perspectiva da juven-

tude trabalhadora rural brasilei-

ra e do fortalecimento das lutas

do MSTTR; orientar e qualificar a

participação dos(as) jovens nos pro-

cessos de preparação e realização do

12º CNTTR; propor estratégias de for-

talecimento da organização juvenil no

MSTTR e das lutas sindicais; e definir

agenda estratégica em defesa das

políticas públicas para a juventude e

sucessão rural.

Além disso, a programação conta com

momentos de análise de conjuntura,

apresentação de experiências protagoni-

zadas pela juventude rural nos estados, e

painéis sobre sucessão rural, trajetória e

novos desafios na organização juvenil no

sindicalismo. Todos esses debates con-

vergem para fortalecer a organização e

luta da juventude rural em defesa dos di-

reitos conquistados pela classe trabalha-

dora. Como afirma a secretária de Jovens

da CONTAG, Mazé Morais: “defendemos

um campo com jovens, com qualidade

de vida para a promoção de sucessão

rural. Repudiamos o atual cenário de re-

trocessos que vem sendo imposto pelo

Executivo e Legislativo nacional, que afe-

tará as camadas populares, em especial

das populações do campo. Por isso, a

nossa Plenária lança o grito de: nenhum

direito a menos!” Estão previstos o lan-

çamento do livro “Juventude rural e sua

caminhada na CONTAG” -que traz a tra-

jetória de lutas e conquistas dos jovens

trabalhadores e trabalhadoras rurais do

MSTTR-, e uma exposição fotográfica

para celebrar os 15 anos da Comissão

Nacional de Jovens Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais (CNJTTR).

A realização da Plenária Nacional de

Jovens está sendo antecedida pelas eta-

pas estaduais, que já estão dando o tom

do que a juventude irá propor e lutar no

Congresso da CONTAG, que ocorre-

rá em março de 2017.

“A 3ª Plenária Nacional

de Jovens é um momento

muito importante para o

MSTTR de preparação

para o 12º Congresso

da CONTAG. A juven-

tude presente terá a

oportunidade de pautar

as demandas e rumos

estratégicos para as lu-

tas sindicais do próximo

período. Sem dúvida algu-

ma, será um momento rico,

de fortalecimento da juven-

tude rural e do Movimento

Sindical, de entusiasmo

e disposição para a luta”,

disse, com bastante expec-

tativa, Mazé Morais.

Page 9: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

JORNAL DA CONTAG 9

PREPARAÇÃO PARA O 12º CNTTR

MULHERES RURAIS

Margaridas trabalhadoras rurais por Paridade rumo à IgualdadeMargaridas realizam debates para fortalecimento de sua organização e luta no MSTTR e na sociedade

durante a 6ª Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais

Com o principal objetivo de for-

talecer a luta e a organização

das mulheres trabalhadoras ru-

rais no MSTTR, contribuindo para a sua

participação qualificada no processo de

construção do 12º Congresso Nacional

de Trabalhadores Rurais Agricultores e

Agricultoras Familiares (12º CNTTR), mais

de 400 mulheres de todo o País esta-

rão em Brasília, de 8 a 11 de novembro,

para participar da 6ª Plenária Nacional de

Mulheres Trabalhadoras Rurais.

A plenária terá como público prioritário

as mulheres dirigentes das Federações

filiadas à CONTAG, em especial aquelas

que compõem as Comissões Estaduais

de Mulheres ou as coordenações de polo.

Reafirma-se, ainda, o compromisso com a

efetiva participação em todas as delega-

ções de mulheres jovens, da terceira idade

e assalariadas rurais.

“O lema ‘Margaridas trabalhadoras ru-

rais por paridade rumo à igualdade: a

luta é todo dia!’ demonstra a luta unitária

e permanente das mulheres do MSTTR

para avançar na construção da igualdade,

que tem como um de seus instrumentos

a implementação da paridade de gêne-

ro nas instâncias do Movimento Sindical.

Garantir a paridade para além dos núme-

ros demonstra o compromisso político das

organizações de agricultoras e agriculto-

res familiares na luta permanente pela su-

peração dos impactos do patriarcado na

vida das mulheres, na busca por superar

o desafio da construção de relações mais

democráticas no cotidiano sindical e, con-

sequentemente, na sociedade”, afirma

Alessandra Lunas, secretária de Mulheres

da CONTAG.

MARGARIDAS TRABALHADORAS RURAIS POR PARIDADADE RUMO À IGUALDADE: A LUTA É TODO DIA!

6ª PLENÁRIA NACIONAL DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS

A preparação das mulheres para o 12º

CNTTR foi iniciada em meados desse ano

com a realização das Plenárias Regionais

de Mulheres, onde foram realizados balan-

ços políticos da participação das mulheres

no MSTTR com base na trajetória “de onde

viemos”, “onde estamos” e “para onde va-

mos”. Em uma segunda etapa estão sendo

realizadas as Plenárias Estaduais específi-

cas que devem multiplicar este processo

avaliativo de participação das mulheres e

discutir propostas para qualificar sua in-

cidência estratégica nas Plenárias mistas,

onde serão retiradas(os) delegadas e de-

legados para o Congresso, como previsto

no Regimento Interno.

A Plenária Nacional de Mulheres

Trabalhadoras Rurais tem como objeti-

vo analisar e compreender a conjuntura

atual do País, considerando o impac-

to do processo de avanço do conser-

vadorismo, do ataque à democracia e

da retirada de direitos conquistados na

vida das mulheres; refletir sobre os de-

safios para o avanço da luta feminista

na construção de estratégias políticas e

incidência no processo do 12º CNTTR;

fortalecer a organização e a unidade de

luta das mulheres em um debate políti-

co que nos possibilite intervir de forma

qualificada no processo de construção

do Congresso da CONTAG; aprofundar

debates e temas programados para o

12º CNTTR para que as mulheres se em-

poderem e possam contribuir a partir de

suas realidades, perspectivas e anseios;

e reafirmar a estratégia política coletiva

de incidência das trabalhadoras rurais no

MSTTR e na sociedade; entre outros.

Além dos debates, estudo dos textos e

trabalhos em grupos, estão sendo planeja-

dos momentos culturais, oficinas, troca de

sementes, ato público e lançamento do ví-

deo documentário sobre Margarida Alves,

com depoimentos de familiares, amigas(os)

e sócias(os) do STTR de Alagoa Grande.

Page 10: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

JORNAL DA CONTAG10

VICE-PRESIDÊNCIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Sociedade civil avança nos debates mundiaisInclusão das temáticas de gênero e juventude e monitoramento da

implementação das DVGT avançam no CSA/FAO

O Mecanismo da Sociedade

Civil do Comitê de Segurança

Alimentar da FAO definiu como

um dos principais desafios a melhoria do

funcionamento e da estrutura da partici-

pação social no CSA/FAO. Essa declara-

ção é do secretário geral da COPROFAM,

Fernando López, que participou do 43º

CSA/FAO em Roma, Itália, de 12 a 23 de

outubro de 2016.

Alguns momentos importantes foram

a abertura da Sessão Plenária do Fórum

do MSC, que aconteceu no dia 15 de

outubro, com a presença do diretor ge-

ral da FAO, José Graziano da Silva; e

reunião no dia 18, com o Fórum Rural

Mundial (FRM), para trabalhar uma nota

sobre o Ano Internacional da Agricultura

Familiar (AIAF + 10) e as ações a serem

realizadas. Essa reunião contou com a

presença do coordenador do FRM, da

COPROFAM, do Roppa e AFA. No últi-

mo dia do encontro, o secretário geral

da COPROFAM fez uma intervenção em

plenário como parte do MSC sobre a im-

portância do desenvolvimento sustentá-

vel nas dimensões econômica, social e

ambiental, bem como o seu impacto na

concentração de cadeias alimentares, de

criação de oportunidades para a juven-

tude rural e a importância de parcerias,

reconhecendo o MSC como espaço de

participação equilibrada e de interlocu-

ção válida em todo o mundo.

“Conquistamos a inclusão de Gênero e

Juventude, bem como a criação de gado

nos relatórios do CSA. Também defen-

demos as parcerias na luta pelo acesso

e defesa dos mercados locais para os

PROTOCOLO SANITÁRIO: A FAO, Reaf e Senasa/Argentina realizaram o Seminário Regional sobre Saúde e Segurança da Produção Alimentar e Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena, em Buenos Aires, Argentina, nos dias 4 e 5 de outubro, para discutir uma série de políticas públicas de saúde e segurança na produção de ali-mentos, visando a construção de uma proposta de protocolo sanitário a ser seguido pelos agricultores e agricultoras familiares.

DIRETRIZES VOLUNTÁRIAS: A CONTAG e movimentos da América Latina e Caribe participaram do Encontro Regional sobre as Diretrizes Voluntárias de Governança Responsável da Terra, a Pesca e os Bosques (DVGT), organizada pela FAO Chile e Reaf Mercosul em Santiago, Chile, realizado nos dias 6 e 7 de outubro. O objetivo foi capacitar técnicos dos governos da região, representantes de agências internacio-nais e movimentos sociais para a avaliação e monitoramento da implementação das DVGT nos seus países.De acordo com o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino, “as DVGT são um importante instrumento apresenta-do pelo Brasil na 40ª Sessão do CSA e representam um acordo internacional sobre princípios e práticas que os países devem usar como referência na administração dos direitos sobre a terra. Os governos, em especial o do Brasil, devem implementar esse compromisso assumido internacionalmente e garantir às populações do campo o acesso e o uso dos bens naturais.”

pequenos produtores, a importância do

monitoramento da implementação das

Diretrizes Voluntárias de Governança

Responsável da Terra, a Pesca e os

Bosques (DVGT) em cada país signatário

e a sua vinculação ao desenvolvimento

agrícola sustentável com a agenda 2030

(ODS), tendo como foco a agroecologia.

Para a COPROFAM, é de suma importân-

cia a participação ativa sobre esses temas

no maior âmbito de debate intercontinen-

tal sobre SAN”, avaliou López.

Arquivo Coprofam

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11JORNAL DA CONTAG

Até quando teremos água?

Nos últimos anos ouvimos muito falar em mudanças cli-

máticas ou em aquecimento global. O que isso significa?

De maneira simples, é o aumento de temperatura média

global, causada pela ampliação das emissões de gases de efeito

estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que

acabam prendendo o calor na atmosfera da Terra.

A emissão excessiva desses gases é causada por desmata-

mento, queima de combustíveis fósseis para geração de energia

(petróleo, carvão mineral e gás natural), atividades industriais e

transportes, descarte de resíduos sólidos, ou por práticas ou, ain-

da, pelo uso de adubos nitrogenados na agricultura.

E os principais reflexos das mudanças climáticas já podem

ser sentidos por todos(as) nós! Haverá uma frequência maior

de fenômenos naturais como seca, ondas de calor, enchentes,

furacões, tempestades tropicais, entre outros. O aumento da

temperatura média do planeta também tem elevado o nível do

mar devido ao derretimento das calotas polares, podendo

ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades de litoral.

E todos os eventos climáticos citados, entre outros, podem

ocasionar a extinção de espécies animais e vegetais.

Devido à importância do tema, da necessidade de se

ampliar o debate sobre o que vem ocorrendo no planeta

e o que cada um(a) pode fazer para minimizar os impac-

tos, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura (FAO) escolheu o lema “O clima está mudando.

A alimentação e a agricultura também devem mudar” para

a celebração do Dia Mundial da Alimentação desse ano. A

CONTAG também entende que essa relação entre a agricul-

tura e o meio ambiente precisa ser internalizada no MSTTR e

com os próprios agricultores(as) familiares.

Um dos bens naturais mais impactados pelas mudanças cli-

máticas é a água, que é um bem finito e que possui grande va-

lor econômico. Segundo dados da Agência Nacional de Águas

(ANA), 72% das águas no território brasileiro são utilizadas na

agricultura. Com a persistência da seca nos últimos cinco anos

na Região Nordeste, expandindo para a Região Sudeste, e longo

período de estiagem na Região Sul, convivemos com um proces-

so de escassez de água cada vez mais grave. Por outro lado, en-

frentamos problemas com enchentes no sul do País. O que está

acontecendo é uma exacerbação dos fenômenos e uma desca-

racterização das estações do ano.

Um dos nossos principais bens, essencial para o consumo humano e produção agrícola, está cada vez mais escasso

MEIO AMBIENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Até quando teremos água?

os últimos anos ouvimos muito falar em mudanças cli-

máticas ou em aquecimento global. O que isso significa?

De maneira simples, é o aumento de temperatura média

global, causada pela ampliação das emissões de gases de efeito

estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), que

A emissão excessiva desses gases é causada por desmata-

mento, queima de combustíveis fósseis para geração de energia

(petróleo, carvão mineral e gás natural), atividades industriais e

transportes, descarte de resíduos sólidos, ou por práticas ou, ain-

E os principais reflexos das mudanças climáticas já podem

ser sentidos por todos(as) nós! Haverá uma frequência maior

de fenômenos naturais como seca, ondas de calor, enchentes,

furacões, tempestades tropicais, entre outros. O aumento da

temperatura média do planeta também tem elevado o nível do

mar devido ao derretimento das calotas polares, podendo

ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades de litoral.

E todos os eventos climáticos citados, entre outros, podem

Devido à importância do tema, da necessidade de se

Um dos nossos principais bens, essencial para o consumo humano e produção agrícola, está cada vez mais escasso

Além disso, a Lei

9.433/97, que re-

gula o uso da água,

demanda a participação

qualificada nos comitês de Bacias

Hidrográficas, onde é definida a política de uso e cobrança dos

serviços da água. E esta cobrança será estendida a todos os agri-

cultores como o que já vem ocorrendo da Bacia do Paraíba do

Sul, que já arrecadou R$ 62 milhões, arrecadados com a cobran-

ça pelo uso da água de 2003 a 2010.

O QUE FAZER? – A CONTAG defende a melhoria do sistema de uso

da água para evitar desperdícios, bem como a participação efeti-

va dos STTRs nos comitês de Bacias Hidrográficas, como forma

de garantir a melhor forma possível de democratização do uso da

água para todos. “A agricultura, por exemplo, precisa avançar na

política de irrigação, adotando sistemas como o de gotejamento

ou de micro aspersão, que são mais eficientes e econômicos.

Também é preciso recompor a vegetação, pois onde não há ár-

vore não há água. Já onde há ocorrência de enchentes, é preciso

criar mecanismos para conservar a água. É urgente a criação de

uma política nacional de uso, manejo e conservação de solos.

Portanto, é importante e urgente ter uma política agrícola estrutu-

rante, com programas articulados, que dê conta do conflito entre

a necessidade de uso e a disponibilidade de água”, explica o se-

cretário de Meio Ambiente da CONTAG, Antoninho Rovaris.

Page 12: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

JORNAL DA CONTAG12

CONTAG é reeleita para o CNDI

A Gestão 2014-2016 do Conselho

Nacional dos Direitos do Idoso

(CNDI) foi encerrada no dia 26 de

outubro com a eleição e posse dos(as)

novos(as) conselheiros(as). A CONTAG foi

reeleita como a única entidade habilitada de

representação de trabalhadores(as) urbanos

e/ou rurais para mais dois anos. Aliás, esse

é um espaço que a CONTAG ocupa desde

a criação do Conselho, em 2002, como re-

sultado do seu trabalho e dedicação às pes-

soas da terceira idade e idosos(as) rurais.

Ao longo de 14 anos de existência,

o CNDI contabilizou avanços importan-

tes na política de promoção dos direi-

tos das pessoas idosas no País. Entre

eles, destacam-se a criação do Estatuto

do Idoso, do Fundo Nacional do Idoso

(FNI) e teve papel fundamental na articu-

lação do Compromisso Nacional para o

Envelhecimento Ativo, em 2013.

A Gestão 2014-2016, encerrada ago-

ra, avançou bastante. Uma das principais

ações foi a realização da 4ª Conferência

Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa,

ocorrida em abril de 2016, em Brasília. A

DIREITO DA PESSOA IDOSA

TERCEIRA IDADE

Conselho vem avançando nas políticas voltadas às pessoas idosas e vem investindo nos espaços estaduais e municipais com recursos do FNI

Conferência propiciou um amplo debate e

a definição de prioridades que estão postas

nas deliberações finais. “O documento final

ainda está sendo finalizado e a nova gestão

já assume com o compromisso de colocar

em prática essas deliberações. Afinal, não

foram aprovadas por apenas meia dúzia

de pessoas, mas sim por mais de sete mil

delegados(as) representando todos os es-

tados”, argumenta a secretária de Terceira

Idade da CONTAG, Lucia Moura.

Para a dirigente da CONTAG, outros

destaques na última gestão do CNDI foram

as reuniões descentralizadas que ocorre-

ram em 2015 em Rio Branco (AC) e em

Florianópolis (SC), que visaram conhecer

a realidade dos Conselhos Estaduais e

Municipais mais de perto e ampliar o diá-

logo entre as instâncias; capacitação dos

atendentes do Disque 100 e monitoramen-

to das denúncias como ação de enfrenta-

mento da violência contra a pessoa idosa;

o trabalho das Comissões Permanentes do

CNDI em diferentes áreas; e divulgação e

conscientização para doações ao Fundo

Nacional do Idoso (FNI).

Segundo Lucia, com essa arrecadação

de doações pelo FNI, o Conselho aprovou

a compra de 53 kits para equipar os con-

selhos estaduais e os conselhos das capi-

tais. Esse kit é composto por carro, com-

putador, impressora, webcam, televisão,

mesa e cadeiras para reunião, armário,

arquivo, mesa e cadeira para atendimen-

to, banco e bebedouro. “Os conselhos

estaduais e os das capitais sequer tinham

estrutura para atender ou fazer reuniões,

muito menos de averiguar denúncias ou

participar de eventos para dar visibilidade

ao trabalho desempenhado pelo conse-

lho”, explica.

Foi lançado edital para contratar projetos

voltados ao público da terceira idade. As

propostas devem ser enviadas do dia 10

de novembro até 10 de janeiro de 2017. O

valor mínimo será de R$ 400 mil e o má-

ximo de R$ 900 mil e podem participar

entidades que em seu estatuto comprove

algum trabalho com as pessoas idosas ou

que irá realizar ação nesse sentido.

EXPECTATIVA – A secretária de Terceira

Idade da CONTAG, Lucia Moura, foi a con-

selheira titular da CONTAG nas duas ges-

tões anteriores. Como não pode ocupar o

assento por mais de dois mandatos segui-

dos, a entidade agora será representada

pela secretária de Jovens, Mazé Morais,

como titular, e pela assessora de Terceira

Idade, Viviane Rodrigues, como suplente.

“Mesmo com o cenário adverso que vive-

mos hoje, dentro do Conselho, a CONTAG

vai fazer a diferença enquanto entidade que

representa um público enorme. A nossa ex-

pectativa é que possamos continuar contri-

buindo para o fortalecimento do CNDI e da

Política Nacional do Idoso”, destaca Lucia.

Arquivo pessoal

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JORNAL DA CONTAG 13

FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SINDICAL

LUGAR DE TRANSFORMAÇÃO POLÍTICA

Por uma educação que nos ensine a pensar!VI Turma Nacional Coração Valente foi uma das mais politizadas na trajetória de 10 anos da ENFOC

Sexta Turma: eu faço parte! Foi com

esse sentimento de pertencimento

e com muita alegria que a Escola

Nacional de Formação da CONTAG (ENFOC)

realizou a Transformatura de mais de 100 no-

vos educadores e educadoras populares da

VI Turma do Curso Nacional de Formação

em Desenvolvimento Rural Sustentável e

Solidário, no dia 30 de outubro.

Segundo o secretário de Formação e

Organização Sindical da CONTAG, Juraci

Souto, sem dúvida alguma essa foi uma

das turmas mais politizadas que já pas-

sou pela Escola. “Acredito que seja um

pouco por conta do perfil da turma onde

quase 80% eram dirigentes de Sindicatos

e de Federações, e pelo contexto políti-

co vivenciado por ela, que participou das

manifestações contra o impeachment

da presidenta Dilma Rousseff, da inau-

guração dos 10 anos da ENFOC e do

Seminário Internacional com a presen-

ça de convidados(as) e especialistas em

Educação Popular de vários países latino-

-americanos”, explica Juraci.

Para Juraci, esses fatos contribuíram

para que a turma desenvolvesse uma

consciência política crítica, e que enrique-

cessem os debates na base nas ativida-

des intermódulos no Tempo Comunidade.

Essa turma também foi protagonista da

experimentação sobre o uso das novas

tecnologias com a plataforma Moodle e

de maior integração internacional com a

participação de quatro lideranças jovens

latino-americanos.

“Essa trajetória justifica a escolha do

nome da VI Turma ‘Coração Valente’, bem

como o seu lema ‘Por uma educação que

nos ensine a pensar e não por uma edu-

cação que nos ensine a obedecer’ (Paulo

Freire). Devemos acreditar na formação

como um processo de transformação polí-

tica, e foi isso o que aconteceu com essas

pessoas”, defende o dirigente.

A nova educadora popular, transfor-

mada na VI Turma, Preta, do Paraná,

disse que a cada módulo foi se envol-

vendo mais e percebendo o papel que

o(a) educador(a) popular tem. “Qual será

o nosso papel agora, além de promover

Grupos de Estudos Sindicais e de fazer

parte dessa Rede de Educadores(as)

Populares? Além do teórico, o que mais

preenche mesmo a gente é essa preocu-

pação que o grupo tem de nos oferecer

uma formação humana. Você sentir o

outro, cuidar do outro, viver no coletivo,

aprender com o coração, desenvolver o

poder da escutatória são coisas que não

aprendemos na Academia. Eu pretendo

levar para mim, na minha vida, todos os

olhares brilhantes que eu encontrei na

ENFOC. E que eu sempre tenha brilho no

olhar para me permitir conhecer o outro e

me abrir a esses conhecimentos.”

No dia 31 de outubro, encerramento do

3º módulo, foi construída uma agenda de

compromissos para que todos(as) voltem

aos seus estados com ações definidas

para os próximos 10 anos da ENFOC.

“Devemos continuar a luta e fortalecer a

formação política e popular no Brasil e em

outros países”, destaca Juraci.

10 anos ENFOC: eu faço parte!

César Ramos

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JORNAL DA CONTAG14

DIREITOS TRABALHISTAS

ASSALARIADOS(AS) RURAIS

Negociações coletivas avançam pelo PaísTodas as regiões brasileiras garantem reajustes nos pisos salariais e avanços nas cláusulas sociais

Em todo o País estão acontecendo

as negociações coletivas de traba-

lho acompanhadas pela CONTAG

e pela CONTAR, com grande empenho

e participação por parte das Federações

e Sindicatos, que vem trazendo muitos

avanços para os trabalhadores e trabalha-

doras rurais, mas também com muitas difi-

culdades por conta da justificativa da crise

econômica por parte dos empregadores,

como em determinados casos onde só foi

possível aprovar a reposição da inflação

sob o piso salarial. Mas, a CONTAG sem-

pre defende um reajuste com ganho real

para a categoria, principalmente porque a

agricultura e a pecuária são setores que

não estão sofrendo com a crise.

“Pelo contrário, os índices de avaliação

mostram crescimento de produção e bons

preços de produtos agrícolas e da pecu-

ária. A única exceção está em algumas

culturas no nordeste por conta de período

de seca prolongada. Fora isso, é um setor

que tem crescido e que tem mais expec-

Danilo Guimarães

tativa de crescimento”, explica o secretário

de Assalariados e Assalariadas Rurais da

CONTAG, Elias D’Angelo Borges.

No geral, os pisos salariais negociados

estão acima do salário mínimo nacional. As

negociações de Convenções e Acordos

Coletivos também estão avançando nas

cláusulas sociais, pagamento de horas ex-

tras e nos benefícios. Muitos trabalhadores

e trabalhadoras rurais estão recebendo

cesta básica ou alimentação no local de

trabalho, vale-transporte, plano de saúde,

entre outros.

Em alguns estados, não foi possível

aprovar com os empregadores a liberação

para participar de assembleias do sindica-

to, bônus por insalubridade, auxílio-mora-

dia e redução da jornada de trabalho, prin-

cipalmente no período fora de safra.

A maioria das negociações é de reno-

vação de acordo, mas em alguns estados

esta experiência está ocorrendo pela pri-

meira vez, e a CONTAG e a CONTAR estão

assessorando para que os trabalhadores e

trabalhadoras rurais tenham a sua pauta

atendida e os seus direitos respeitados.

NOVIDADES – É importante divulgar al-

gumas iniciativas inovadoras neste ano.

Para garantir alguns avanços que esta-

vam difíceis de negociar, como nos anos

anteriores, foi usada a tecnologia a favor

dos trabalhadores e trabalhadoras rurais,

como imagens de celular do local de tra-

balho para reivindicar melhorias. Quanto à

cesta básica ofertada pelo empregador, o

movimento sindical usou da estratégia de

comprar uma cesta no momento da reu-

nião e apresentar os produtos e nota fis-

cal para mostrar que é possível melhorar a

qualidade e quantidade com o valor pago

pela empresa.

“Esse é o papel do movimento sindical:

lutar por melhores condições de vida, tra-

balho e renda para os trabalhadores e tra-

balhadoras rurais. E precisamos sempre re-

ver e fortalecer as nossas estratégias para

avançar cada vez mais”, destaca Elias.

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JORNAL DA CONTAG 15

CONTAG DEMANDAS EMERGENCIAIS

Agricultura Familiar em debate na Câmara dos DeputadosComissão Geral discute os desafios do setor, as dificuldades para manter a juventude no campo

e os impactos com uma possível reforma da Previdência Social

Os desafios da Agricultura Familiar,

as dificuldades para a sucessão

nas pequenas propriedades com

a manutenção dos jovens no campo e a

aposentadoria do(a) trabalhador(a) rural,

esse foi o tema de debate de Comissão

Geral requerida pelos deputados federais

Heitor Schuch (PSB-RS) e Assis do Couto

(PDT-PR), respectivamente presidente e

vice-presidente da Frente Parlamentar da

Agricultura Familiar, realizado no dia 19 de

outubro, na Câmara dos Deputados.

“Essa foi uma importante agenda, pois

deu visibilidade à pauta da Agricultura

Familiar no Parlamento e tivemos a opor-

tunidade de apresentar reivindicações

mais emergenciais demandadas pelo meio

rural brasileiro”, avaliou o presidente da

CONTAG, Alberto Broch.

Essa sessão, acompanhada por agri-

cultores e agricultoras familiares de vários

estados brasileiros, e que contou com a

participação de especialistas, pesquisa-

dores e de representantes de entidades

do campo, tratou de temas como a volta

do Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA), a reforma da Previdência Social, os

impactos com a aprovação da PEC 241, a

educação do campo, saúde, entre outros.

“O MDA é o maior símbolo da Agricultura

Familiar, que articula e coordena todas as

políticas públicas voltadas e este público,

desde a reforma agrária, o desenvolvimen-

to dos assentamentos, de fortalecimento

da Agricultura Familiar, da política de as-

sistência técnica e extensão rural (ATER),

de compras governamentais e, ainda, arti-

cula a execução de programas com outros

ministérios e faz interface com os governos

estaduais e municipais”, destaca o presi-

dente da CONTAG.

Para o dirigente, além de perder com a

extinção do MDA, os trabalhadores e tra-

balhadoras rurais serão ainda mais preju-

dicados caso seja aprovada a reforma da

Previdência Social, que é uma das princi-

pais políticas de distribuição de renda no

campo. “Produzimos mais de 70% dos ali-

mentos saudáveis que estão na mesa do

povo brasileiro e os agricultores e agricul-

toras familiares estão tendo as suas apo-

sentadorias ameaçadas por uma reforma

da Previdência que pode restringir os seus

direitos como segurados especiais. Viemos

aqui lembrar que o tratamento contributivo

concedido aos produtores(as) rurais é re-

ferente à sazonalidade de suas atividades,

o que dificulta que tenham rendimento re-

gular e contribuam mensalmente com a

Previdência Social”, explica Broch.

Em seu discurso, o presidente ainda de-

fendeu a política de educação do campo

como uma das medidas para assegurar

a sucessão rural, bem como o fortaleci-

mento do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Sem educação do campo não teremos

sucessão rural porque os(as) jovens bus-

carão educação na cidade. E o desmon-

te do SUS significa o desmonte da saúde

como um todo, principalmente para a po-

pulação rural, que é 100% usuária do sis-

tema”, enfatizou o presidente.

“Viemos aqui lutar pelos direitos da gen-

te, porque desde pequena trabalhamos

na roça. Se não viermos em busca, não

conseguiremos nada e ficaremos longe

dos nossos direitos. Participar do debate

nos possibilita dizer que queremos apo-

sentadoria, políticas públicas e programas

que vão garantir nossa permanência e dos

nossos filhos no campo”, disse emociona-

da a agricultora familiar Esther Francisca

da Costa, de Jaraguá (GO).

Barack Fernandes

Page 16: Jornal da CONTAG - contag.org.br · mente ao dar alta a quem não terá condi-ções de realizar um trabalho mais penoso”, explicou o secretário de Políticas Sociais da CONTAG,

JORNAL DA CONTAG16

O que propõe a PEC 241 (PEC 55)?

Trata-se de uma mudança constitucio-

nal e legislativa que altera profundamente

a maneira como o governo federal elabora

e aplica o orçamento da União. Já apro-

vada na Câmara dos Deputados e agora

para análise do Senado, a nova regra con-

gela o gasto do governo federal nos valo-

res atuais. Nos próximos 20 anos, o gasto

será do mesmo tamanho do gasto atual.

Como há inflação, o valor global poderá

ser corrigido pela variação da inflação para

que o orçamento global não seja reduzido.

Para isso, por exemplo, mudam-se as vin-

culações de receita para a educação e a

saúde previstas na Constituição.

Se aprovada, quais os impactos para

a população brasileira?

O orçamento da União aplica os im-

postos que pagamos em políticas públi-

cas de educação, saúde, previdência,

assistência, segurança, cultura, na infra-

estrutura social, como saneamento, habi-

tação, transporte público, luz, água etc,

em infraestrutura econômica, como estra-

das, portos, aeroportos e usinas hidroelé-

tricas. Não se poderá gastar mais do que

é gasto atualmente. Três questões: 1- há

muito ainda para melhorar em todas as

áreas cobertas pelas políticas públicas, o

que exige investimentos; 2 - a população

cresce, aumenta o número de idosos e

os gastos precisam subir para atender a

ENTREVISTAA

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ssoa

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EXPEDIENTE / Jornal da CONTAG – Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Angelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretaria Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Reportagem Lívia Barreto | Projeto Gráfico e Diagramação Fabrício Martins | Impressão Viva Bureau e Editora

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essas pessoas; 3 - quando houver am-

pliação da receita, mesmo assim, o gas-

to não poderá aumentar. O governo fará

uma enorme economia, mas para quê?

Para pagar os juros estratosféricos da

dívida pública. No ano passado, o País

gastou mais de R$ 500 bilhões com ju-

ros, valor maior do que todo o gasto com

previdência social. É bom que fique claro:

o gasto e custo da dívida não fazem par-

te do que será limitado, ou seja, teremos

que economizar para pagar a divida, cus-

te o que custar.

E para os trabalhadoras(es) rurais,

quais políticas serão mais afetadas?

Todas as políticas que enfrentarão

restrição orçamentária afetam a vida das

pessoas que vivem no campo. Além dis-

so, as políticas de crédito rural, seguro,

assistência técnica poderão ser impacta-

das. Isso porque, como o orçamento não

pode aumentar e há despesas que vão

crescer (saúde, previdência, educação)

devido à elevação do número de pessoas

e de benefícios, as outras despesas terão

que diminuir.

O Dieese vem publicando alguns es-

tudos sobre a PEC. O que eles alertam?

Os estudos estão no site www.dieese.

org.br. Alertam que essa medida promo-

verá um profundo ajuste no tamanho do

Estado brasileiro, reduzindo-o significati-

vamente. Esse ajuste garantirá que o Esta-

do pague aos rentistas, de forma segura,

os juros extorsivos. As políticas públicas

serão afetadas gravemente. Por exemplo,

se essa regra tivesse sido aplicada ao sa-

lário mínimo nos últimos 20 anos, em vez

de ser de R$ 880, ele equivaleria a pouco

mais de R$ 450. É uma redução dessa

proporção que a PEC 241 promoverá no

Estado brasileiro. O Estado ficará menor,

a maioria da população mais pobre, a de-

sigualdade aumentará e os ricos terão a

segurança de ficar mais ricos.

Existe a necessidade de alterar a

Constituição para fazer um ajuste fis-

cal no País?

Desde a crise de 2008, muitos pa-

íses implantaram regras para conter o

aumento dos gastos fiscais. O equilíbrio

fiscal deve ser buscado como princípio

geral, considerando todas as receitas e

despesas, inclusive com juros e dívidas.

Nosso atual grande problema é de enor-

me queda de receita, decorrente da grave

recessão econômica. Nesse momento de

crise, o papel do gasto público é animar

a economia para retomar o crescimento,

o contrário do que o Brasil faz hoje. No

geral, os países que implantaram esse

tipo de regra o fizeram com validade para

o mandato presidencial ou para alguns

poucos anos, limitando o aumento do

orçamento ao crescimento da economia.

Não por 20 anos! Desde 2015, o gover-

no tem tratado dessa medida. Entretanto,

agora, o atual governo encaminhou uma

medida extremamente dura, talvez a mais

dura aplicada entre os países desde 2008

e destaque-se que a maioria dos países

se encontra em situação fiscal muito mais

crítica do que a nossa. Para essa medi-

da radical que a PEC 241 materializa, a

Constituição é alterada e será necessário

mudar a previdência social, o salário mí-

nimo, entre muitas outras políticas públi-

cas. Poderia e deveria ser diferente, mas

para isso é necessária outra visão política.

CLEMENTE GANZ LÚCIO, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), faz uma análise dos impactos da PEC 241 (agora PEC 55) para a população brasileira e reafirma não haver necessidade de mudar a Constituição brasileira para realizar um ajuste fiscal no País. Confira na entrevista.