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1 ANO VII | NÚMERO 71 | JULHO/AGOSTO 2010 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) CONTAG PLEBISCITO Contag participa ativamente da organização do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, programado para a primeira semana de setembro em todo o País. Pág. 5 ELEIÇÕES 2010 O Sistema Contag formalizou o apoio à candidata Dilma Rousseff e está trabalhando para aumentar sua representação política no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas. Pág. 4 Festival nacional valoriza protagonismo da juventude rural Págs. 6, 7, 8 e 12

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A N O V I I | N Ú M E R O 71 | j u l h O / A g O s t O 2 010

CONfEdER AçãO NACIONAl dOs tR AbAlhAdOREs NA AgRICultuR A (CONtAg)

CONTAG

plebiscito

contag participa ativamente da organização do plebiscito popular pelo limite da propriedade da terra, programado para a primeira semana de setembro em todo o país.

pág. 5

eleições 2010

o sistema contag formalizou o apoio à candidata Dilma Rousseff e está trabalhando para aumentar sua representação política no congresso Nacional e nas Assembleias legislativas.

pág. 4

BRASIL

®

F e s t i v a l n a c i o n a l v a l o r i z aprotagonismo da juventude rural

págs. 6, 7, 8 e 12

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2 J o r n a l d a C o n t a g

Editorial

Juventude e protagonismo político

PElo Brasil afora

AgriMinasA Federação Estadual dos Trabalhadores na

Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg) promoveu,

pelo quinto ano consecutivo, a Feira de Agricultura

Familiar de Minas Gerais. A AgriMinas recebeu a

visita de cerca de 30 mil pessoas na Serraria Souza

Pinto, em Belo Horizonte, nos dias 2 a 5 de setem-

bro. O objetivo da feira foi mostrar a capacidade

produtiva dos agricultores e agricultoras familiares,

debater as políticas públicas do governo federal

para o setor e expandir os negócios para o merca-

do externo. Os produtos agroindustriais típicos do

estado foram apresentados e comercializados por

100 expositores.

expointerA Federação Estadual dos Trabalhadores na

Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS) tor-

nou-se neste ano coprodutora da maior feira agro-

pecuária da América Latina. A Expointer ocorreu

em Esteio, nos dias 28 de agosto a 2 de setembro,

e recebeu mais de 600 mil visitantes. A feira re-

servou um pavilhão exclusivo para expor produ-

tos e boas práticas da agroindústria familiar. Os

dirigentes da Fetag/RS e da Contag reuniram-se

durante o evento com o ministro do Desenvolvi-

mento Agrário, Guilherme Cassel, para discutir

problemas relacionados com a produção de leite e

fumo e com a questão do endividamento agrícola

dos produtores gaúchos.

campanha salarialA pauta de reivindicação dos trabalhadores e

trabalhadoras da cana de Alagoas será discutida

no dia 8 de setembro, em Maceió. A Fetag/AL prevê

a participação de representantes dos 45 STTRs do

setor na assembleia. A questão do reajuste salarial

será um dos principais pontos discutidos pelas lide-

ranças sindicais. Atualmente, o piso da categoria no

estado é de R$ 527. O passo seguinte será a aná-

lise e aprovação do indicativo da pauta de reivin-

dicação nas assembleias dos sindicatos filiados à

Fetag/AL. As negociações com o setor patronal em

torno da convenção coletiva de trabalho 2010/2011

serão abertas na sequência.

FinançasA Federação dos Trabalhadores na Agricultura

do Estado de Goiás (Fetaeg) realizou o Encontro

Estadual de Finanças, em Goiânia, no dia 1º de

setembro, em Goiânia. Os dirigentes da Fetaeg e

os coordenadores dos Pólos Sindicais debateram

temas importantes como a previsão orçamentá-

ria para o próximo ano, a mensalidade dos apo-

sentados e a melhoria dos sistemas de emissão

das guias de contribuição sindical. A proposta é

incentivar os sindicatos a emitir suas guias por

meio da internet.

O encontro também avançou no debate sobre

a unificação dos valores da contribuição sindical

rural. Os trabalhadores e as trabalhadoras rurais

do estado contribuem atualmente com R$ 46 por

grupo familiar.

Formação no paráA Escola Nacional de Formação da Contag

(Enfoc) e a Secretaria de Formação e Organiza-

ção Sindical da Fetagri/PA já envolveram 250 li-

deranças sindicais dos trabalhadores e trabalha-

doras rurais no Pará nos Cursos de Multiplicação

Criativa. Os cursos de formação tratam de temas

gerais como Estado, sociedade e ideologia, e es-

pecíficos do sindicalismo, como história, concep-

ção e prática sindical, e desenvolvimento rural

sustentável e solidário. Os cursos são realizados

em três módulos de cinco dias cada. A previsão

da Fetagri/PA é começar seis novos cursos até o

final do ano.

A segunda edição do Festival Nacional da Juventude Rural foi coroada de sucesso total. O evento promovido pela Contag

ocorreu em pleno Ano Internacional da Juventu-de da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) e serviu para reafirmar o compromisso do movimento sindical dos trabalhadores e trabalha-doras rurais (MSTTR) com as bandeiras de luta da juventude do campo.

O saldo político foi altamente positivo. Isso foi garantido não só pela mobilização de milhares de jovens de todo o País, mas também pela riqueza dos debates extremamente importantes para a ju-ventude sobre sucesso rural, educação do campo, reforma agrária, direitos humanos e cultura, entre vários outros temas da programação do festival. Considero importante destacar a presença de re-presentantes das centrais sindicais, do governo fe-deral e do meio acadêmico.

As discussões sobre sucessão rural que per-mearam as mesas temáticas e oficinas do festival também trouxeram resultados extraordinários para o MSTTR. Nós conseguimos identificar a verdadei-ra dimensão e significado desse tema não só para o atendimento das demandas da juventude, mas

para a criação das condições necessárias para o fortalecimento da agricultura familiar e do próprio movimento sindical do campo.

Vale registrar, ainda, que os jovens deram uma demonstração de energia, alegria e disciplina du-rante os cinco dias que estiveram em Brasília. A caminhada realizada na Esplanada dos Ministérios foi extremamente importante para dar visibilidade às bandeiras da juventude rural.

Destaco também o excelente trabalho desen-volvido pela Comissão Nacional de Jovens da Contag. Eles deram uma lição de vigor, seriedade e organização para todo o MSTTR. A contribuição dos sindicatos e das federações de todo o País também foi decisiva para o festival acontecer de forma exemplar.

A Contag espera que o espírito de luta da ju-ventude rural contagie o conjunto do movimento sindical do campo nas eleições de 3 de outubro. Não podemos ser meros espectadores dessa dis-puta eleitoral, porque é necessário garantir a conti-nuidade do projeto político liderado pelo presidente Lula nos últimos oito anos.

Portanto, devemos ser protagonistas nesse processo eleitoral que se avizinha. Precisamos

trabalhar para garantir a eleição da companheira Dilma na Presidência da República e dos candida-tos aos governos estaduais que estão comprome-tidos com o projeto democrático popular que vem sendo implementado pelo governo federal.

Mas, além disso, é fundamental apoiarmos e votarmos nos candidatos orgânicos do MSTTR para deputado estadual e federal. Nos estados em que o movimento sindical não tiver lançado can-didatos devemos votar em candidatos realmente comprometidos com o nosso projeto político.

O fortalecimento de nossa representação po-lítica no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas é fundamental para fortalecer a luta do MSTTR para avançar na realização da reforma agrária, no fortalecimento da agricultura familiar, na garantia da soberania e da segurança alimentar, na geração de emprego, trabalho e renda para os as-salariados e assalariadas rurais, assim como, na preservação do meio ambiente.

Até a vitória. Juntos venceremos!

Alberto ercílio brochPresidente da Contag

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PElo Brasil afora

Nova direção da Fetape organiza campanha salarial dos canavieiros

Presidente da Contag prestigia posse da diretoria da Fetagri/MT

A Contag foi representada na posse da nova direção da Federação Estadual dos

Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape) pela vice-presidente e secretária de Relações Internacionais, Alessandra Lunas, e pelo secretário de Finanças e Ad-ministração, Aristides dos Santos. A solenidade ocorreu no Recife, no dia 3 de setembro.

A nova diretoria da Fetape foi elei-ta por mais de mil delegados (as), que participaram do 8º Congresso de Trabalhadores e Trabalhadoras Ru-rais de Pernambuco nos dias 5 a 7 de agosto, no Recife. O dirigente Doriel Barros foi reconduzido ao cargo de presidente para a gestão 2010/2014.

O ex-presidente e atual mem-bro do Conselho Fiscal da Fetape, Aristides dos Santos, aponta os prin-cipais desafios para a nova direção: “Queremos influenciar o debate na-cional para consolidar a agricultura familiar do ponto de vista socioeco-nômico. Precisamos também buscar alternativas de renda para os (as)

A nova diretoria da Federação dos Trabalhadores e Tra-balhadoras Rurais do Esta-

do de Mato Grosso (Fetagri/MT) foi empossada no dia 27 de agosto. O presidente da Contag, Alberto Broch, participou da cerimônia, em Cuiabá.

A posse também contou com a pre-sença do governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, do presidente da As-sembleia Legislativa do estado, depu-tado Mauro Savi, e do presidente da Associação Mato-Grossense de Mu-nicípios, José Aparecido dos Santos. A solenidade também reuniu represen-tantes das centrais sindicais e dirigen-tes do movimento sindical do campo.

O presidente reeleito da Fetagri/MT, Adão da Silva, anotou durante a pos-se as prioridades para sua gestão: “Vamos dar sequência ao trabalho realizado anteriormente, com desta-que para a reforma agrária e o for-talecimento da agricultura familiar.” O apoio ao cooperativismo rural e a ampliação da assistência técnica

Suzana Campos

Arquivo Fetape

assalariados (as) rurais durante o pe-ríodo da entressafra”.

A Fetape também promoveu em Carpina (PE), nos dias 20 a 22 de agosto, o 17° Congresso de Delega-dos e Delegadas Sindicais da Zona da Mata. O evento deu a largada na campanha salarial dos trabalhado- res (as) da cana do estado.

A pauta inclui reivindicações im-portantes para o movimento sindical do campo, como seguro desemprego na entressafra, garantia de trabalho para jovens e mulheres, piso salarial acima do salário mínimo, entre várias outras. Esses pontos serão submeti-dos às assembleias dos sindicatos de trabalhadores (as) rurais da Zona da Mata, no dia 12 de setembro.

Após a aprovação final da pauta de reivindicações, a Fetape notificará o Sindaçucar e o Sindicato dos For-necedores de Cana, para a abertura oficial da discussões da convenção coletiva. A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego deverá inter-mediar as negociações previstas para começar em outubro.

no estado também fazem parte das estratégias de luta para os próximos quatro anos.

A diretoria foi eleita pelos delega-dos e delegadas do 8º Congresso da Fetagri/MT nos dias 21 a 24 de julho. A chapa única encabeçada pelo diri-gente Adão da Silva recebeu 201 vo-tos favoráveis e 27 votos contrários.

O presidente da Contag participou da abertura do congresso e destacou a importância do estado para a agricultura familiar brasileira. Ele também parabe-nizou os dirigentes da Fetagri/MT pela construção do consenso, que resultou na chapa única que foi referendada pe-los delegados e delegadas. “Acima de interesses pessoais prevaleceu o com-promisso com os trabalhadores e traba-lhadoras rurais”, afirmou Broch.

A direção da Fetagri/MT também é composta, entre outros, pelo vice-presidente Romildo Adelino Greselle, pela secretária-geral Eliane Gomes e pelo secretário de Finanças e Admi-nistração Leandro Finkler.

Nota de pêsames e solidariedade da Contag

A contag manifesta seu profundo pesar pelo fale-cimento dos companhei-

ros eliana batista da silva (36) e Manoel Francisco oliveira (43). os dirigentes da Federação estadual dos trabalhadores na Agricultu-ra de Rondônia (Fetagro) foram vítimas de um acidente de carro no dia 20 de agosto, na bR 364, a 30 km do município de Jaru, em Rondônia, quando retornavam de uma atividade sindical.

A companheira eliana batista era casada, tinha duas filhas e cum-pria seu segundo mandato de coor-denadora estadual de Mulheres da Fetagro. A sua militância começou nas pastorais da igreja católica,

que a projetaram para o movimento sindical do campo. ela foi dirigen-te do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras Rurais (sttR) de Jaru e candidata a vereadora pelo partido dos trabalhadores (pt) de seu município nas eleições de 2008.

Manoel de oliveira cumpria seu segundo mandato à frente da secretaria de Formação da Feta-gro. ele era casado e pai de três filhos. seu ingresso na luta tam-bém se deu nos movimentos de base da igreja. ele foi dirigente

do sttR de ouro preto do oes-te e fundador do sttR de Nova União.

o sepultamento da companheira eliana ocorreu no dia 21, no muni-cípio de Jaru. o enterro do compa-nheiro Manoel foi realizado no dia seguinte, em Nova União.

A contag lamenta a tragédia que resultou na morte desses dois honrados cidadãos brasi-leiros, valorosos militantes e queridos pai e mãe de família. A diretoria também presta total so-lidariedade pela inestimável per-da das famílias da companheira eliana e do companheiro Manoel e do movimento sindical do cam-po de Rondônia.

Alberto broch (d) também participou da abertura do 8º congresso dos trabalhadores e trabalhadoras Rurais de Mato Grosso

o 8º congresso da Fetape reuniu mais de mil lideranças sindicais em Recife

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ElEiçõEs 2010

Movimento sindical do campo apoia Dilma Rousseff

Votar em candidatos comprometidos com os trabalhadores e as trabalhadoras rurais

o Sistema Contag oficiali-zou o apoio à candidatu-ra da ex-ministra Dilma

Rousseff (PT) à Presidência da Re-pública. O ato político reuniu cerca de 600 lideranças sindicais rurais de todo o País em Brasília, na terceira semana de julho. O presidente da Contag, Alberto Broch, entregou à candidata documento com análise da realidade do campo e as contribuições do movimento sindical dos trabalha-dores e trabalhadoras rurais (MSTTR) a seu programa de governo.

A decisão de apoiar a candidata foi tomada pelo Conselho Delibe-rativo da Contag, em março deste ano. O ato de apoio a Dilma Rous-seff foi aberto pela secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro,

que destacou a importância históri-ca de uma mulher disputar as elei-ções para presidente com “chances reais de vitória”.

Já o presidente da Contag, Alberto Broch sustentou que a candidatura de Dilma Roussef representa a continui-dade do projeto iniciado pelo presi-dente Lula, que garantiu importantes conquistas para a classe trabalhadora rural brasileira. “A Contag não vai ficar alheia nas próximas eleições, temos posição e vamos cobrar os compro-missos firmados nesse período”, dis-se Broch. O dirigente também concla-mou os trabalhadores e trabalhadoras rurais para apoiarem somente os can-didatos orgânicos do MSTTR ou com-prometidos com os trabalhadores e as trabalhadoras rurais.

coMpRoMissos – A candidata do PT deixou claro qual será a sua re-lação como a Contag e os movimen-tos sociais se vencer as eleições de 2 de outubro. “Minha postura será de sempre ouvir o Grito da Terra Brasil e na medida do possível dar respos-tas positivas para aprofundarmos o desenvolvimento rural sustentável no Brasil”, afirmou.

Dilma não assumiu compromis-sos com a atualização dos índices de produtividade, mas disse que vai continuar fazendo reforma agrária porque isso é “importante para o País”. Ela também se comprometeu em dobrar o número de agricultores e agricultoras familiares beneficiá-

rios do Pronaf e defendeu a manu-tenção do Ministério do Desenvolvi-mento Agrário.

O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, e a secretária de Mulheres da CUT, Rosane Silva, representaram as centrais sindicais no ato político e defenderam a importância de os tra-balhadores e trabalhadoras do campo e da cidade apoiarem a candidatura Dilma Roussef.

O ato político promovido pela Contag contou, ainda, com a partici-pação do ministro do Desenvolvimen-to Agrário, Guilherme Cassel, do pre-sidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, de membros da Frente Parla-mentar da Agricultura Familiar, e dos deputados federais Assis do Couto (PT-PR) e Anselmo de Jesus (PT-RR).

DocUMeNto DA coNtAG – O con-teúdo do documento entregue a Dilma Roussef apresenta propostas para a plataforma de governo da candidata e trata de temas como reforma agrária, agricultura familiar, trabalho assala-riado, previdência social rural, saúde, educação do campo e outras políticas públicas para o campo.

o movimento sindical dos trabalhadores e trabalha-doras rurais (MSTTR) pre-

tende ampliar sua representação política na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas na eleição de 3 de outubro. É por isso que o MSTTR vai apoiar mais de 30 candidatos a deputados estadual e federal. “Precisamos ocupar espa-ço nos parlamentos e criar as con-dições políticas necessárias para a implementação do nosso Projeto Al-ternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS)”, explica Alberto Broch.

As candidaturas apoiadas pelo MSTTR são fruto de um processo de discussão que envolveu a Contag, as federações e os sindicatos. A maioria

dos candidatos é formada por dirigen-tes sindicais. Naqueles estados em que não houver candidato orgânico, o movimento sindical apoiará outras candidaturas afinadas e comprome-tidas com os trabalhadores/as rurais.

A vice-presidente e secretária de Relações Internacionais, Alessandra Lunas, concorda e esclarece a estra-tégia aprovada pelo Conselho Delibe-rativo da Contag: “O nosso objetivo é ampliar as nossas bancadas, fortalecer a nossa atuação nas diversas frentes parlamentares, dentre elas a Frente Parlamentar pela Agricultura Familiar na Câmara dos Deputados”.

FichA liMpA – A dirigente da Contag acrescenta ainda, que os candidatos apoiados pelo MSTTR

serviço – o documento na integra pode ser lido no site www.contag.org.br.

devem defender as bandeiras histó-ricas dos trabalhadores e trabalha-doras rurais, como reforma agrária, fortalecimento da agricultura fami-liar, políticas públicas para jovens, mulheres trabalhadoras rurais e ter-ceira idade do campo, entre outras.

Esses candidatos também devem estar comprometidos com o comba-te à corrupção eleitoral e com a de-fesa do projeto da ficha limpa, que barra as candidaturas de políticos condenados pelo Poder Judiciário. “Precisamos combater as práticas fraudulentas de compra de votos e de manipulação da boa-fé dos tra-balhadores e trabalhadoras rurais”, alerta Alessandra Lunas.

O presidente da Contag reite-ra a importância do envolvimento

de todas as lideranças sindicais no processo eleitoral para orientar os trabalhadores e as trabalhadoras rurais a votar somente nos candida-tos comprometidos com o PADRSS. “Somente com a nossa organização e com o compromisso e a vontade política de cada dirigente sindical, seremos capazes de mover uma ação transformadora na base”, afir-ma Broch.

O dirigente considera que essa eleição é mais um desafio e uma oportunidade de mudança para o MSTTR. “Queremos reforçar nos-so protagonismo com a eleição de candidatos orgânicos ou apoiados pelo movimento. Vamos juntos fazer a mudança e construir o Brasil que queremos”, reforça.

Luiz Fernandes

o ato político de apoio à candidata Dilma reuniu dirigentes sindicais, lideranças políticas e representantes do governo federal e das centrais sindicais na sede da contag

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Política de formação do MSTTR avança

Contag exige o fim da estrangeirização das terras no Brasil

Limite do tamanho da propriedade da terra no Brasil: exigência para a soberania territorial e alimentar

Política agrária

dagógica, a Enfoc foi criada, em 14 de agosto de 2006. Nesses quatros anos, a escola possibilitou a criação de uma rede de educadores e edu-cadoras do MSTTR, a recriação dos coletivos de estaduais de formação, a articulação do debate da educação do campo com educação popular e a constituição de dinâmicas formativas próprias nas Fetags.

A escola já realizou duas turmas, e cada uma mobilizou cerca de 1.350 educandos (as). Os participantes vi-venciaram um itinerário de cursos na-

ofim da concentração da ter-ra sempre foi uma bandeira de luta do movimento sindi-

cal do campo. Nos últimos anos, a agenda da Contag em favor da re-forma agrária incorporou a limitação da compra das terras brasileiras por investidores estrangeiros.

cionais em dois módulos, cursos re-gionais em três etapas a multiplicação criativa com a realização de turmas estaduais e a constituição de Grupos de Estudos Sindicais (GES). A terceira turma envolve, inicialmente, 120 lide-ranças que concluíram o primeiro mó-dulo nos dias 2 a 13 de agosto deste ano, em Brasília. O segundo módulo acontecerá em novembro.

O secretário de Formação e Or-ganização Sindical da Contag, Juraci Souto, avalia a importância das ativi-dades da Enfoc para o fortalecimento

da organização do movimento sindi-cal do campo: “A estratégia formati-va adotada envolve grande número de militantes políticos multiplicadores dessa proposta”.

O dirigente também destaca que nessa curta trajetória da escola a Polí-tica Nacional de Formação da Contag orientou o fazer educativo dos educan-dos e dos educadores. “Essa expe- riência reúne professores universitá-rios, educadores populares e pesqui-sadores que integram a Rede de Co-laboradores da Enfoc”, registra Juraci.

A amplitude do território, a qua-lidade das terras, a biodiversidade e a quantidade de água doce e de florestas são fatores que fazem do Brasil um espaço cobiçado por em-presas internacionais. Esse interesse cresceu com o aumento da demanda mundial pela produção de alimentos

serviço – As informações sobre como organizar o plebiscito popular em seu município, os locais de votação e os procedimentos para votar constam do Manual de organização e Apuração do plebiscito popular, que está disponível no endereço www.limitedaterra.org.br.

e de agrocombustíveis e com o po-tencial de serviços ambientais e mer-cado de carbono.

Apesar da falta de controle do Estado, os dados do Incra indicam que mais de 5,5 milhões de hecta-res estão atualmente nas mãos de estrangeiros residentes ou de em-presas estrangeiras. Diante desse quadro, o governo federal e o Con-gresso Nacional estão propondo medidas que pretendem regular o processo de compra de terras ou de investimentos financeiros no campo.

“Há legislação no País que trata do capital estrangeiro, mas ela não regulamenta o processo da estran-geirização das terras como deveria”, critica Willian Clementino, secretário de Política Agrária da Contag. O diri-gente propõe, então, a necessidade de o País “criar marcos regulatórios que impeçam essa forma desorde-nada do capital estrangeiro de che-gar ao País e tomar conta das nos-sas terras”.

sobeRANiA NAcioNAl – William Clementino considera que combater e limitar a estrangeirização das terras no País é uma questão de soberania territorial e alimentar. A terra, segun-do ele, é um bem da sociedade para garantir vida e trabalho digno e, con-sequentemente, deve ser direito de todos e de todas.

“O atual processo de estrangeiri-zação é uma prática de neocolonia-lismo, pois está baseado no controle das terras férteis dos países pobres, subjugando-os aos interesses co-merciais das grandes empresas”, afirma o secretário de Política Agrária da Contag, que considera o controle do território como uma medida “estra-tégica para a soberania do Brasil”.

O dirigente chama a atenção, ain-da, para o fato de que, além de difi-cultar e impedir a ação da reforma agrária, a aquisição de terras por es-trangeiros provoca a supervalorização dos preços das terras. “Precisamos criar uma legislação mais rigorosa para frear esse processo”, conclui.

Você concorda que as grandes propriedades de terra no Brasil devem ter um limite máximo de

tamanho? Esta é uma das perguntas que será feita a todos os brasileiros no Plebiscito Popular pelo Limite da Terra, que ocorrerá na Semana da Pátria (de 1º a 7 de setembro), junto com o Grito dos Excluídos.

O plebiscito é uma oportunidade de a sociedade brasileira debater e decidir sobre a realidade de concentração de riquezas e de terras que perdura há sé-culos no nosso País. A consulta popular é coordenada pela Contag e pelas de-mais entidades que compõem o Fórum

Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA). A iniciativa também conta com o apoio da Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), da Assembleia Popu-lar e de várias outras organizações.

“Vamos todos à urnas mostrar o nosso poder de força, mobilização e organização popular”, conclama o se-cretário de Política Agrária da Contag, Willian Clementino. O dirigente susten-ta que o plebiscito é pelo direito à terra e à soberania alimentar. “É a forma de dizer que somos contra a concentra-ção de terras, contra o latifúndio e que

queremos a reforma agrária imediata e massiva. Para isso, é fundamental que seja estabelecido um limite para a pro-priedade da terra”, afirma Willian.

O dirigente esclarece que, se a res-posta à questão colocada pelo plebiscito for “não” a população estará dizendo que aceita a situação como está hoje. “Mas, se votarmos ‘sim’, a gente estará dizendo que queremos um outro país, justo, com igualdade e justiça social no campo”.

O movimento sindical do cam-po participou de todo o processo de construção do plebiscito e está mo-bilizando os trabalhadores e traba-lhadoras rurais de todo o País para comparecer às urnas em setembro. “Precisamos que os sindicatos e as federações que fazem parte do Sis-tema Contag apoiem e realizem o plebiscito em seus estados e municí-pios”, convoca William.

A Contag comemorou, na segun-da semana de agosto, o quar-to aniversário de criação da

Escola Nacional de Formação Política Sindical da Contag (Enfoc). O saldo da Enfoc no período é bastante expressivo: cerca de 3 mil lideranças do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhado-ras rurais (MSTTR) já passaram pelos cursos de formação de educadores (as) em ação sindical e desenvolvimento ru-ral sustentável e solidário.

Após anos de debates para a construção da proposta política-pe-

César Ramos

Enfoc

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EsPEcial

Animação, luta e reivindicações marcam abertura do festival

A segunda edição do Festival Nacional da Ju-ventude Rural foi um sucesso total de mobili-zação, organização, qualidade dos debates,

diversidade cultural e resultados políticos. A abertura do evento no dia 27 de julho, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, reuniu 5 mil traba-lhadores e trabalhadoras rurais. O Festival organizado pela Contag foi a maior manifestação de jovens do País

A abertura política foi marcada por uma místi-ca que retratou o processo de organização, valo-

Mesas temáticas aprofundam discussão sobre sucessão rural

A logística e a programação do Festival foram coordenadas pela direção da contag e pela comissão Nacional de Jovens

Luiz Fernandes

rização e fortalecimento da luta da juventude rural brasileira. A solenidade contou com a presença da direção da Contag, das coordenações de Ju-ventude das Fetags, dos presidentes das Fetags do Distrito Federal, Espiríto Santo, Paraná, Ron-dônia e Rio Grande do Sul e dos ministros Luis Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da Re-pública, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimen-to Agrário. O secretário nacional da Juventude, Beto Cury, os secretários da Juventude das cen-

trais sindicais (CUT e CTB) e da Coprofam, e a primeira coordenadora de Jovens da Contag, a capixaba Simone Battestin (gestão 2001/2005) também estiveram presentes no ato de abertura.

O presidente Alberto Broch afirmou durante a sua fala inaugural que o festival tornou-se uma referência nacional e latino-americana de organi-zação da juventude. O dirigente cobrou das auto-ridades governamentais mais comprometimento com as demandas da juventude do campo e para-benizou a Comissão Nacional de Jovens da Con-tag. “A juventude está mostrando para a sociedade brasileira a garra e a capacidade de discutir temas importantes como a sucessão rural e a soberania alimentar”, comemorou.

Ao entregar a carta proposta da juventude ao governo federal, a secretária de Jovens da Contag, Elenice Anastácio, enfatizou que as políticas públicas de acesso à terra, educação, sustentabili-dade ambiental e trabalho decente são essenciais para que os (as) jovens permaneçam no campo com qualidade de vida. “O nosso desejo é permanecer no campo. Mas o pouco acesso ou a inexistência de políticas e programas para a juventude dificultam o acesso a outros direitos”, acentuou a dirigente.

educação do campo e Formação profissional

territorialidade e Agricultura Familiar

Reforma Agrária e crédito Fundiário

Direitos humanos, Diversidades e Violência

sexualidade e saúde crédito Fundiário

trabalho Assalariado Democracia e participação política organização sindical Rural sustentabilidade socio-ambiental

A programação do 2º Festival Nacional da Juventude Rural reservou um espaço especial para o debate da sucessão rural que compõe a agenda de luta dos (as) jovens rurais. As mesas foram coordenadas por dirigentes da contag e contaram com a ativa intervenção dos membros da comissão Nacional de Jovens.

A presença de especialistas do meio acadêmico, de entidades parceiras do conselho Nacional da Juventude (conjuve) e de representantes de órgãos do governo federal foi fundamental para garantir a qualidade das mesas temáticas. As discussões contaram com a contribuição de gestores do Ministério da educação, das secretarias de Reordenamento Agrário (sRA) e de Desenvolvimento territorial (sDt) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do incra e da secretaria especial de Direitos humanos (seDh)

A secretária de Jovens da contag, elenice Anastácio, avalia também que as mesas temáticas foram importantes para promover o diálogo entre o poder público, os estudiosos das universidades e as lideranças jovens do movimento sindical do campo.

serviço – o resumo de todas as mesas temáticas pode ser acessado no hotsite do 2º Festival Nacional da Juventude Rural.

6 J o r n a l d a C o n t a g

Paulo Nunes Luiz Fernandes

Luiz Fernandes Luiz Fernandes Luiz Fernandes Luiz Fernandes Luiz Fernandes

Luiz Fernandes Luiz Fernandes Luiz Fernandes

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Jovens caminham na Esplanada dos MinistériosA cobrança de medidas urgentes

para resolver o problema da su-cessão rural foi o foco da Cami-

nhada da Juventude Rural no segundo dia do Festival. O objetivo foi chamar a aten-ção da sociedade para a realidade dos jovens trabalhadores e trabalhadoras do campo. “Basta de prometer e não cumprir! O Congresso Nacional precisa aprovar o Plano Nacional da Juventude ainda neste ano. O País precisa assumir compromisso com a juventude rural brasileira.” Esse foi o tom da fala da secretária de Jovens da Contag, Elenice Anastácio.

O secretário de Política Agrária da Contag, Willian Clementino, e o coordenador estadu-al de Jovens da Fetaep, Marcos Brambilla, defende-ram a manutenção e o fortalecimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e reivindicaram progra-mas especiais de reforma agrária, acompanhados

Festival cobrou políticas de esporte para o campo

A programação esportiva do 2º Festival Na-cional da Juventude Rural contou com a participação de aproximadamente mil jo-

vens, que disputaram sete modalidades individu-ais e coletivas durante dois dias em três arenas poliesportivas de brasília.

segundo os jovens clébio brambati, do espí-rito santo, e Jeremias silva, do Amazonas, que

coordenaram as atividades coletivas, a prática do esporte como lazer, e a qualidade de vida e a saúde devem ser estimuladas nas comunidades rurais, para que a juventude possa exercer de fato sua cidadania. Nesse sentido, o Festival se apresentou como um espaço de cobrança para que essa política também possa chegar aos jo-vens do campo.

o clima de empolgação e a importância do esporte para a vida dos jovens também foi des-tacado por Natalino cassaro, secretário de ter-ceira idade da contag. “o esporte é um direito de todos e serve de reforço para os jovens co-brarem de seus governantes o incentivo à prati-ca esportiva”, afirmou Natalino. o dirigente foi responsável pela coordenação geral dos jogos.

serviço – A relação dos vencedores das modalidades individuais e coletivas está disponível no site da contag (http://www.contag.org.br/extra/juventude/index.php).

Festival valoriza a cultura

de Assalariados(as) Rurais da Contag, Antonio Lucas, e o coordenador da Juven-tude da Fetaes, Clébio Brambati, exigiram trabalho decente no campo. Eles também reivindicaram a implementação do progra-ma Projovem Trabalhador na modalidade do Consórcio Social da Juventude Rural, via organizações sociais e sindicais.

O secretário de Políticas Sociais da Contag, José Wilson Gonçalves, e a secretária de Jovens da Fetape, Cícera da Cruz, cobraram a liberação de mais recursos para as políticas de educação do campo durante a manifestação em

frente ao Ministério da Educação. Os di-rigentes reivindicaram, ainda, a criação de cursos profissionalizantes, a ampliação e fortalecimento do Programa Nacional de Educação em Assenta-mentos da Reforma Agrária (Pronera) e a conces-são de bolsas para jovens rurais.

os (as) jovens participaram de sessões de cinema e de oficinas culturais de frevo, pintura em sementes, gra-fitagem, teatro de bonecos e de atores e danças regionais. Além dessas atividades, 36 lideranças sindicais receberam uma capacitação em comunicação (rádio), que contou com o apoio da Universidade católica de

brasília e a presença de uma equipe do canal Futura. As Noites culturais mostraram a riqueza e a diversidade cultural das cinco regiões do país. elas também foram

utilizadas para reafirmar a necessidade das políticas públicas de incentivo à cultura no campo. Ao som de muita música, declamação de poesias e exibição de danças típicas, os participantes assistiram aos desfiles dos Garo-tos e das Garotas Rurais de 26 federações e exibiram nas suas roupas a simbologia das culturas regionais.

A produção cultural esteve presente nos estandes regionais e institucionais. os (as) jovens expuseram nesses espaços peças de artesanato e produtos da agroindústria familiar, assim como fizeram uma troca de experiências sobre organização da juventude rural.

Durante o Festival foi gravado ao vivo o primeiro cD com músicas que expressam o protagonismo da juventude rural. A quarta edição da Marcha das Margaridas também foi lançada durante o evento. os (as) participantes assu-miram um compromisso político de construir a Marcha a partir de seus estados e municípios.

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Rafael Fernandes

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Luiz Fernandes

Luiz Fernandes

Luiz Fernandes Luiz Fernandes Luiz Fernandes

Paulo Nunes

de assistência técnica e de crédito para garantir a permanência da juventude no campo.

Em frente ao Ministério do Trabalho e Empre-go a denúncia foi contra a ação dos “gatos” e a in-formalidade no trabalho assalariado. O secretário

A caminhada assegurou visibilidade ao Festival da Juventude

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EsPEcial

Antonio lucas – secretário de Assalariados (as) Rurais: 91% dos 800 mil dos trabalhadores (as) assalariados (as) ru-rais são jovens. Diante desse cenário, vale destacar o debate sobre o desemprego causado pela mecanização no campo, sobretudo no setor sucroalcooleiro. O Festival discutiu, ain-da, a criação de programas de qualificação profissional e de assentamentos específicos para jovens assalariados (as) ru-rais, que são vítimas da mecanização.

Antoninho Rovaris – secretário de política Agrícola: A juventude rural da Contag deu conta de tudo o que se propôs a fazer. Ela mostrou que, apesar de as políticas públicas demorarem a chegar no campo, está antenada em tudo o que acontece e que vai continuar cobrando seus direitos do poder público.

Aristides Veras – secretário de Finanças e Admi-nistração: Dou nota 10 para o Festival da Juventude. O evento foi um sucesso, fechou com chave de ouro e mostrou que a juventude tem representatividade, orga-nização, beleza e animação. Essa é uma característica muito positiva da juventude, ou seja, a capacidade de discutir política com alegria, animação e entusiasmo.

Natalino cassaro – secretário de terceira idade: Gostei muito do que vi. Jovens compromissados com a luta sindical, organizados e animados. As discus-sões foram muito boas e especialmente nas ativida-des esportivas pudemos confirmar o que tanto reivin-dicamos, isto é, que as políticas de esporte e lazer também atendam à juventude rural lá na roça.

José Wilson – secretário de políticas sociais: O Fes-tival Nacional da Juventude Rural debateu temas que estão em destaque, como educação do campo e crédito fundiário. Além disso, ficou um saldo político importantís-simo, pois conseguimos colocar a juventude em eviden-cia e reafirmar sua relevância como sujeitos importantes para o desenvolvimento do campo e do País.

Juraci souto – secretário de Formação e organi-zação sindical: A juventude rural mostrou para toda a sociedade que está muito bem organizada, politi-zada e interessada nos temas que dizem respeito à sustentabilidade do meio rural. O evento também foi muito bem organizado. Outro ponto que destaco é a animação e o entusiasmo da juventude que contagia todo mundo.

carmen Foro – secretária de Mulheres: O festival da juventude é um marco, pois mostra para a socie-dade que a juventude está organizada e antenada nas questões que dizem respeito às suas reivindicações. Todo o trabalho da juventude realizado até aqui clama por melhores condições de vida, trabalho decente e superação das desigualdades sociais e das existentes entre homens e mulheres.

Rosicleia dos santos – secretária de Meio Am-biente: O evento trouxe à tona uma realidade de que a sociedade brasileira ainda não tem conhecimento. A juventude revelou uma situação que merece atenção, que é a dificuldade de as políticas públicas chegarem ao campo. Além disso, os jovens reivindicaram o mes-mo reconhecimento e tratamento que o poder público dispensa à população urbana e isso é fundamental para que jovens permaneçam no meio rural.

Alberto broch – presidente: O festival cumpriu todos os seus objetivos. O evento teve excelente repercussão na imprensa e contou com a presença dos ministros Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República. A entrega da Carta Proposta da Juventude ao governo federal foi um momento importante e os debates mostra-ram nível elevado de politização de nossos jovens.

Willian clementino – secretário de política Agrá-ria: O festival mostrou que a juventude do campo está organizada, politizada e tem particularidades que precisam ser atendidas por políticas publicas es-pecificas. Os jovens disseram aos trabalhadores da cidade e ao governo federal que, enquanto as políti-cas públicas não chegarem ao campo, a juventude vai continuar nas ruas e lutando para que suas reivin-dicações sejam atendidas.

Ana Rita Miranda – secretária-Geral (interina): O comprometimento de todas as secretarias da Contag colaborou para o bom andamento do evento. Tudo funcionou muito bem durante todos os dias. O festi-val foi um momento especial para a juventude, pois mostramos nossa força, organização e capacidade de intervenção dentro do movimento sindical.

Alessandra lunas – Vice-presidente e secretária de Relações internacionais: O saldo que ficou foi extremamente positivo. Os jovens demonstraram muito interesse pelos debates das mesas temáticas e as intervenções da juventude mostraram um alto grau de conhecimento. A caminhada na Esplanada dos Ministérios marcou um empoderamento da juventude rural em Brasília. Não tenho dúvida alguma de que essa foi a maior manifestação de jovens do País.

A Secretaria de Jovens da Con-tag entregou ao governo fe-deral a Carta Proposta do 2º

Festival Nacional da Juventude Rural. Os ministros da Secretaria Geral e do Desenvolvimento Agrário, Luiz Dulci e Guilherme Cassel, e o secretário na-cional da Juventude, Beto Cury, re-ceberam o documento, que faz um diagnóstico da realidade dos jovens rurais e que também apresenta pro-postas para garantir a sucessão rural.

O presidente Alberto Broch consi-dera que a Carta Proposta dialoga di-retamente com o projeto de desenvol-

Carta Proposta sintetiza anseios da juventude ruralvimento que a Contag defende. “Esse modelo de desenvolvimento rural sus-tentável passa pela realização da re-forma agrária e pelo fortalecimento da agricultura familiar”, sustentou.

A secretária de Jovens da Contag, Elenice Anastácio, entende que a sucessão rural está relaciona-da com o direito de a juventude per-manecer no campo, com garantia de acesso à terra, sustentabilidade am-biental, condições de trabalho decen-te e políticas públicas diferenciadas, sobretudo a educação do campo. “A sucessão rural não é apenas uma

Diretores da Contag avaliam resultados do Festival

simples questão de responsabilidade familiar, restrita às relações de trans-missão da propriedade da terra e he-rança”, reforçou.

O ministro-chefe da Secretaria Ge-ral da República, Luiz Dulci, afirmou que a luta do movimento sindical do campo é imprescindível para os avan-ços políticos e sociais de todo o País. No entanto, ele admitiu que ainda há muita coisa para ser feita a fim de atender às demandas da juventude. “É por isso que precisamos dar con-tinuidade ao projeto político existente atualmente no País”, defendeu.

Luiz Fernandes

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O ministro do Desenvolvimen-to Agrário, Guilherme Cassel, também recebeu o documento e adiantou as medidas que serão to-madas: “Vamos reunir o governo, estudar essas propostas, chamar a Contag e responder, na medida do possível, afirmativamente a todas as reivindicações.”

seRViço – A íntegra da carta pro-posta está disponível no site da contag (www.contag.org.br).

Luiz Fernandes

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MulhErEs

finanças E adMinistração

A Contag quer capacitar 540 lideranças do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) em gestão

política, sindical e financeira integrada ao Projeto Al-ternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e So-lidário (PADRSS). Essa meta será atingida por meio dos Encontros Estaduais em Formação Social para Multiplicadores (as) das Regionais e Polos Sindicais.

Esse processo começou em junho deste ano e faz parte da continuidade do PNFES. A proposta é debater a importância da sustentabilidade política e

Sistema Contag prioriza debate sobre sustentabilidade financeira

financeira para o MSTTR. A Secretaria de Finanças e Administração deve concluir os cursos nos esta-dos até o final do ano.

A partir dos encontros estaduais as Fetags darão continuidade à efetivação das estratégias formativas nas Regionais e nos Polos Sindicais. As lideranças capacitadas vão trabalhar como agentes multiplica-dores das ações do PNFES em todo o País.

O secretário de Finanças e Administração Aristides Santos esclarece que o objetivo é fortale-cer os sindicatos, as federações e, consequente-

Luta contra a violência conquista importante vitória

A ministra Nilcéa Freire assinou, na segun-da semana de agosto, uma portaria que institucionaliza as diretrizes e as ações

de enfrentamento à violência contra as mulheres do campo e da floresta. A assinatura foi formaliza-da durante um seminário nacional promovido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), em Brasília.

A secretária de Mulheres da Contag, Carmen Foro, considera que a portaria representa um gran-de avanço para as trabalhadoras rurais. “Saímos de um patamar de invisibilidade e hoje temos um marco para a garantia de que o enfrentamento à violência chegue às mulheres do campo, afirmou.

O evento organizado pela SPM marcou a prin-cipal ação do Fórum Permanente de Enfrentamen-to à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta. Carmen Foro reconhece o esforço do go-verno federal para atender às demandas do movi-mento sindical do campo, mas cobrou durante o se-minário maior compromisso da SPM para resolver os problemas seculares das trabalhadoras rurais: “Já avançamos em muitos pontos, mas é preciso que as políticas cheguem de fato até a ponta”.

MARchA DAs MARGARiDAs – As dirigentes da Comissão Nacional das Mulheres da Contag que participaram do II Seminário Nacional de Enfrenta-mento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta também discutiram temas importantes da Marcha das Margaridas como objetivos, lema, eixos temáticos, parcerias e rede de colaboradoras. A largada dos preparativos para Marcha 2011 foi dada pela juventude durante o 2° Festival da Juven-tude Rural, que aconteceu no período de 26 a 30 de julho. “O compromisso das lideranças sindicais jo-vens com a Marcha nos dá a certeza de que alcan-çaremos a tão sonhada igualdade”, aposta Carmen.

Contag garante representação no Conselho dos Direitos da Mulher

Carmen Foro assumiu uma cadeira no Con-selho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) no dia 3 de agosto. A secretária de Mulheres da Contag vai cumprir um mandato de três anos como membro titular desse importante espaço de discussão e proposição de políticas públicas para as mulheres.

A sindicalista considera que o conselho vem ampliando sua intervenção na discussão dos te-mas de interesse da mulher nos últimos anos. “A minha indicação é um reconhecimento da impor-

tância da luta da Contag em favor dos direitos das trabalhadoras rurais”, explicou Carmen.

A dirigente também comemorou a aprova-ção, em julho, da Medida Provisória 483/2010 pela Câmara dos Deputados. A MP, que ainda será apreciada pelo Senado, confere à Secre-taria de Política para Mulheres (SPM) o status de ministério. “Isso é importante porque, além de orçamento maior, a SPM terá melhores con-dições de enfrentamento às desigualdades de gênero existentes no nosso País”, afirmou.

mente, a Contag. “É importante reconhecer e valori-zar a construção coletiva, que tem como referência as resoluções congressuais e do Conselho Delibe-rativo. Vamos continuar a mobilizar nossa base para consolidar a sustentabilidade político-financeira do MSTTR”, afirma.

Além das ações da Secretaria de Finanças e Administração, o trabalho está sendo feito por meio da articulação com as Fetags e as secretarias de Assalariados (as), Formação e Organização Sindi-cal, Mulheres, Jovens e Terceira Idade da Contag.

Secretaria de Finanças e Administração dá continuidade às atividades do Programa Nacional de Fortalecimento das Entidades Sindicais (PNFES)

Elza Fiuza Agenciabrasil-Abr

lideranças feministas do MsttR protestam contra a violência de gênero no campo e na floresta

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assalariados E assalariadas rurais

Contag aposta na qualificação das lideranças sindicais que negociam com o setor patronal

PNAE gera mercado emergente para a agricultura familiar

A Secretaria de Assalariados da Contag e o Dieese concluíram, em agosto, a primei-ra etapa do processo de capacitação dos

dirigentes dos sindicatos e das Fetags e de traba-lhadores rurais assalariadas que atuam nas nego-ciações coletivas com o setor patronal. Os cursos começaram em meados de maio desse ano, foram aplicados em 25 unidades da federação e envolve-ram cerca de 1.000 lideranças do movimento sindi-cal do campo.

A renda dos (as) agricultores (as) familiares dos Territórios da Cidadania Alto Sertão, Baixo São Francisco, Sertão Ociden-tal e Sul Sergipano vem crescendo significativamente nos últi-

mos meses em função do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O trabalho da Cooperativa Nossa Terra também garantiu a Erechuim, no Rio Grande do Sul, o status de primeiro município do País a comercializar 100% dos recursos do PNAE com produtos da agricultura familiar. Essa experiência foi classificada como caso de su-cesso pelo Ministério da Educação.

Esses exemplos mostram que o PNAE representa um potencial de mercado extraordinário para os agricultores e agricultoras familia-res. Só em 2010, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-ção (FNDE) liberou R$ 3 bilhões para a compra de gêneros alimentí-cios da merenda escolar. O secretário de Política Agrícola da Contag, Antoninho Rovaris, reconhece a importância do programa e faz um alerta aos dirigentes dos STTRs. “Os sindicatos precisam acelerar o processo de organização para acessar o PNAE.”

O PNAE foi criado pela Lei nº 1.947/09, em junho de 2009, logo após o Grito da Terra Brasil. A legislação estabelece que, no míni-mo, 30% dos recursos repassados pelo FNDE devem ser utilizados para adquirir produtos da agricultura familiar. Portanto, o programa já está funcionando há mais de um ano e várias prefeituras já co-meçaram a adquirir produtos de cooperativas ou associações de produtores familiares.

cApAcitAção – A Contag promoveu até o momento nove semi-nários e 66 encontros de capacitações na Região Nordeste. Após as eleições, mais 30 seminários serão realizados em parceria com o Mi-nistério da Educação. “Fizemos nossa parte na luta por mais essa con-quista, agora é preciso maior atuação dos sindicatos nos municípios, pois já temos inúmeros exemplos que deram certo”, convoca Rovaris.

Arquivo Contag

pAsso A pAsso Do pNAeconfiram, abaixo, o caminho que o sttRs devem seguir para acessar o programa:

1 MApeAMeNto – Fazer levantamento da produção local, identificando o que, quanto, onde e quando é produzido, para subsidiar a elaboração e/ou adaptação do cardápio es-colar à realidade da agricultura familiar local.

2 elAboRAção Do cARDápio – procurar a nutricionista do município para que a lista dos produtos locais seja contemplada no cardápio das escolas.

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chAMADA públicA – As prefeituras precisam fazer chamadas públicas para comprar os alimentos. este é um processo simplificado de licitação, bem menos burocrático do que os leilões e pregões. os documentos necessários para participar desse processo são cpF, DAp e o projeto de venda para os grupos informais. No caso de associações, cooperativas e empreendimentos rurais também é preciso apresentar cNpJ, DAp-Jurídica, estatuto, ata de posse e certidões negativas do empreendimento. o papel do sttR é articular o conteúdo da chamada pública com a prefeitura e divulgar as informações para os (as) agricultores (as).

pRoJeto De VeNDA – É a comunicação de como o grupo (formal ou informal) pretende atender à chamada pública. ele deve descrever os produtos, suas respectivas quanti-dades e valor, que cada agricultor (a) pretende ofertar. No caso dos grupos informais é obrigatório que eles tenham assistência do sttR ou da entidade de assistência técnica e extensão rural (AteR), que não podem ser legalmente responsabilizados pelo projeto. portanto, para os grupos informais cada agricultor deve assinar o projeto.

A capacitação tratou de temas importantes como técnicas de argumentação, estratégias de negocia-ção e comportamento das lideranças sindicais nas reuniões de negociação. O planejamento de uma campanha salarial e a preparação das pautas de reivindicações também foram outras questões de-batidas pelos participantes. A metodologia dos cur-sos casou teoria e prática com direito, inclusive com simulação de processos de negociação entre traba-lhadores e patrões.

O secretário de Assalariados (as) Rurais da Contag, Antônio Lucas, avalia que a decisão política de pro-mover os cursos foi acertada. Ele também considera surpreendente o envolvimento das Fetags e dos sindi-catos e afirma que os resultados, mesmo para os diri-gentes que já tinham larga experiência em negociação, foram extremamente positivos. “Um dos participantes, que acompanha negociações salariais desde 1983, me disse que o curso lhe forneceu uma visão muito mais abrangente do processo”, relatou Lucas.

DesDobRAMeNtos – O próximo passo do proje-to será aprofundamento da discussão sobre temas relacionados à negociação coletiva. Os encontros nas cinco regiões do País foram agendados para os meses de setembro a novembro deste semestre. Os dirigentes da Contag e das Fetags vão analisar a possibilidade de ampliar o número de participantes dos cursos, garantido maior quantidade de dirigen-tes e trabalhadores e trabalhadoras rurais nos cur-sos de capacitação que estão por vir.

O secretário de Assalariados e Assalaria-dos da Contag anuncia, também, que a capaci-tação dos dirigentes sindicais deve continuar em 2011. “O planejamento dos cursos para o próximo ano e a avaliação geral será feita no curso nacio-nal, que deve acontecer em dezembro”, projeta Antônio Lucas.

5 AssiNAtURA Do coNtRAto – É a formalização do compromisso de compra e venda, definindo a relação entre a entidade executora e os (as) agricultores(as), como a questão da logística e do pagamento, cláusulas de modificação, rescisão e multa contratual.

6 eNtReGA Dos pRoDUtos – As operações de entrega dos produtos e do pagamento da com-pra são feitas diretamente com a prefeitura do município, conforme estabelecido no contrato.

Antônio lucas: o objetivo dos cursos é qualificar a atuação dos (as) dirigentes das Fetags e dos sttRs

Política agrícola

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Contag propõe campanha mundial para combater a fome

o presidente da Contag, Alberto Broch, propôs ao se-cretário-geral da Organiza-

ção das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, uma campanha para fortale-cer a agricultura familiar e implemen-tar políticas públicas de segurança alimentar em escala mundial. “A ONU tem autoridade política incontestá-vel para liderar uma estratégia global para resolver o problema da fome no mundo”, argumenta Broch.

A proposta foi apresentada em Nova Iorque, na primeira semana de julho. Os representantes de 65 países do mundo discutiram na ONU o papel dos Conse-lhos Econômicos e Sociais (CES) no novo modelo econômico, social e am-biental de governança mundial.

O presidente da Contag foi convida-do pelo presidente Lula para chefiar a delegação brasileira que representou o Conselho de Desenvolvimento Econô-mico e Social (CDES) na assembleia da Aicesis. Essa foi a primeira vez que um dirigente sindical de trabalhadores rurais do Brasil ocupou a tribuna da ONU para falar em nome do Brasil.

rElaçõEs intErnacionais

Políticas sociais

Alberto Broch também defendeu, na sede da ONU, a necessidade de construção de uma nova ordem econômica mundial durante a assembleia anual da Associação Internacional dos Conselhos Econômicos e Sociais e Instituições Similares (Aicesis)

O sindicalista também foi escolhi-do para relatar o tema “desenvolvi-mento e sustentabilidade ambiental”. O relatório apresentado por Alberto Broch partiu do pressuposto de que a construção de políticas públicas para promover o desenvolvimento susten-tável é um dever do Estado e da so-ciedade civil.

O documento apontou a necessi-dade de discussão de um novo pa-drão de consumo e de distribuição de riqueza. Ele defende, ainda, que o desenvolvimento tenha como objetivo central a “preservação do meio am-biente, a equidade na distribuição da riqueza para reduzir as desigualdades e a pobreza; e a promoção da sobera-nia e a segurança alimentar para erra-dicação da fome”.

AGRicUltURA FAMiliAR – O pre-sidente da Contag destacou a neces-sidade de a sociedade civil monitorar as políticas públicas e o fortalecimen-to e expansão da agricultura fami-liar, como base para a soberania e segurança alimentar. “Nós também

defendemos que o desenvolvimento sustentável seja prioridade na agen-da global e tema central nas agendas dos Estados e governos nacionais”, esclareceu Broch.

As conclusões finais do relatório rea-firmam a necessidade da construção de novos espaços de diálogo multilateral, que “assegurem a participação de orga-

nizações representativas da sociedade civil do campo e da cidade para cons-truir uma nova governança mundial que permita melhor coordenação dos esfor-ços nacionais e internacionais.” Esse documento deverá ser votado na próxi-ma reunião da Aicesis, que vai aconte-cer na Bélgica no período de 8 a 10 de setembro deste ano.

A Associação Internacional dos Conselhos Econômicos e Sociais e Ins-tituições Similares (Aicesis) é uma organização intergovernamental que reúne os conselhos econômicos e sociais (CES) de 65 países na África, Europa, América Latina e Ásia. Atualmente é presidida pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Arquivo Contag

Pacto pelo combate a fome no Mercosul

Luta pela educação do campo avança

A Contag, a Confederação das Organizações de Produtores Fami-liares, Camponeses e Indígenas do Mercosul Ampliado (Coprofam), as demais entidades que compõem a Reunião Especializada da Agricultu-ra Familiar (Reaf) e o governo brasi-leiro participaram da 26ª. Reunião da Seção Nacional da Reaf, em Brasí-lia, nos dias 11 a 13 de agosto.

O objetivo dessa reunião foi iniciar os preparativos da 14ª. Seção Regio-

nal da Reaf. Este encontro será reali-zado nos dias 15 a 19 de novembro, sob a presidência pró-tempore do Bra-sil e será o último sob o governo Lula.

Tanto a Contag como a Coprofam entendem que o próximo encontro da Reaf é uma excelente oportunidade para que os países integrantes do Mercosul possam firmar um pacto po-lítico de combate à fome e pela sobe-rania e segurança alimentar na região. “O Mercosul pode tirar de letra esse

tema e mostrar ao mundo que o bloco não faz apenas acordos de comércio, mas também acordos que propiciem a criação de políticas públicas que assegurem a segurança e soberania alimentar e a melhoria de vida e renda dos nossos povos”, afirma Alessandra Lunas, vice-presidente da Contag e secretária-geral da Coprofam.

A reunião também aprofundou outros assuntos comuns aos paí-ses do Mercosul, como acesso da

juventude do campo à terra, orga-nização produtiva das mulheres e inclusão da agenda da agricultura familiar na Universidade Latino-Americana (Unila). Além desses temas, os participantes também trataram de outras questões, como uniformização do registro da agricultura familiar e a política de seguro agrícola para compor a po-sição do Brasil na Seção regional da Reaf, no final do ano.

o ato político de oficialização do Fórum Na-cional de Educação do Campo ocorrerá em novembro deste ano. Ele foi criado no

dia 17 de agosto, em Brasília, durante o encontro que contou com a presença da Contag e mais 13 organizações sociais que atuam na educação do campo, 14 universidades e institutos federais e or-ganismos internacionais como a Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco), Orga-nizações Internacional do Trabalho (OIT) e Organi-zação dos Estados Ibero-Americanos (OEI).

A criação do Fórum é resultado de um longo pro-cesso de discussão que começou em 2009 com o II Fórum Contag de Educação do Campo. O secretá-rio de Políticas Sociais José Wilson Gonçalves con-sidera que o fórum pode contribuir para transformar as reivindicações do movimento social em políticas

de Estado. “Esse será um espaço para fortalecer o debate e avançar na consolidação da educação do campo, que assegure a diversidade e especificida-des do campo”.

O dirigente também aponta outros desafios para o fórum. “Fortalecer a articulação dos movimentos e entidades que atuam na educação do campo, articu-lar bandeiras de lutas em nível nacional e nos estados, ampliar e qualificar as demandas da educação do cam-po nos estados e municípios”, acrescenta Zé Wilson.

No final do encontro, foi criada uma comissão pro-visória integrada pela Contag, MST, União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas (Unefab), Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro (Resab), Fórum Estadual de Educação do Campo do Pará e de Santa Catarina, e pelo Observatório da Educação do Cam-po, representado neste espaço, pela Universidade de Brasília. Além da instalação do fórum, as entidades preveem a realização de um seminário nacional de educação do campo no próximo ano e a preparação da 3ª Conferência Nacional de Educação do Campo.

César Ramos

Alberto broch representou o brasil na assembleia da Aicesis, em Nova iorque

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convErsa dE Pé dE ouvido

A juventude é estratégica para as mudanças no campo e no País

Qual foi o saldo político do Festival da Juventude?

O festival mostrou que em cada canto deste país há jovens rurais, ho-mens e mulheres, que sonham com a transformação de suas realidades. Ele também renovou o nosso desejo por mudanças no campo, na medi-da em que fortaleceu nossa atuação frente às proposições e ao controle social das políticas públicas. O evento foi importante, ainda, para fortalecer a organização da juventude, dentro dos sindicatos, federações e também da Contag. Essa atividade teve uma visibilidade muito grande no Brasil e fora dele. A mídia repercutiu nossa ação em Brasília e no mundo. Isso nos fortalece e indica para a socieda-de a importância da juventude rural para o País e a necessidade de pro-mover políticas específicas para que esse segmento possa permanecer no campo com qualidade de vida.

Qual é a importância da sucessão ru-ral para a agricultura familiar e para o movimento sindical do campo?

A sucessão rural é muito mais do que garantir a herança da terra. Trata-se de discutir os valores sociais e o campo que queremos, baseado nos princípio de sustentabilidade ambien-tal e econômica e da igualdade social e de gênero para consolidar o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Ru-ral Sustentável e Solidário. Para nós, jovens, a política fundamental é a de acesso à terra. A reforma agrária pre-cisa acontecer e deve levar em conta

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expediente

os anseios da juventude. Mas a terra, por si só, não basta. É preciso tam-bém a garantia dos direitos sociais e as políticas públicas para que tenha-mos crédito, assistência técnica, casa boa para morar, energia, saúde de qualidade, trabalho decente, educa-ção, acesso as novas tecnologias, es-porte e valorização de nossa cultura.

A mobilização e a participação dos jovens atenderam às expectativas da contag?

A Comissão Nacional de Jovens se empenhou para reunir 5 mil jovens de todos os cantos deste país, em Brasília. Os debates nas mesas temáticas, ofici-nas e painéis sobre as políticas que pre-cisam chegar até a juventude do campo foram feitos com alto nível de qualidade e de participação dos e das jovens.

Qual foi o principal diferencial da segunda edição do Festival?

A participação de jovens com de-ficiência merece destaque. Esse fato indica a necessidade de utilizarmos os mecanismos de acessabilidade para incorporar esses segmentos nas ações do movimento sindical do campo. A discussão de políticas públicas para o meio rural também deve levar em contar essas realida-des específicas

Qual é a contribuição que o meio acadêmico tem dado para a juven-tude rural?

Temos poucos estudiosos que se detêm no estudo da juventude do

campo, mas posso citar alguns como Valmir Stropasolas, Marcelo Miná, Eli-sa Guaraná e a Nazaré Wanderley. O dialogo constante com a Contag pos-sibilitou uma troca de experiência com as lideranças juvenis e as suas pes-quisas específicas qualificaram ainda mais o debate da sucessão rural, que teve início com a juventude da Fetag, na Regional Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. Esses trabalhos aca-dêmicos foram fundamentais para acumularmos conhecimento sobre essa temática nos seminários e festi-vais estaduais que o MSTTR realizou.

passado o festival, quais são os de-safios da juventude rural?

Ampliar, qualificar e fortalecer a participação da juventude dentro do MSTTR, investindo na formação das lideranças juvenis e principalmen-te na implementação da cota de, no mínimo, 20% de jovens em todas as instâncias do movimento sindical. A efetiva aplicação desse instrumento fortalece a juventude e a luta dos tra-balhadores e das trabalhadoras rurais da Contag.

E os desafios para fora do movi-mento sindical?

O primeiro é eleger nas eleições deste ano pessoas comprometidas com as lutas e com as causas da ju-ventude rural e urbana. Precisamos que o Congresso Nacional aprove com agilidade os marcos legais da ju-ventude, a exemplo do Plano Nacional da Juventude e do Estatuto para que

tenhamos instrumentos que regulem as políticas de juventude neste país.

Qual é o balanço que você faz da luta da juventude brasileira neste ano?

A PEC da Juventude acabou de ser aprovada pelo Congresso. Des-se modo, conquistamos a inclusão do jovem como sujeito de direitos no texto constitucional. O presidente Lula assinou decreto convocando a 2ª Conferência Nacional de Juventude para o ano 2011. Este é um espaço de grande participação e articulação juvenil. Outro ponto positivo é o Pacto pela Juventude, que é uma ação dos movimentos juvenis para consolidar compromissos perante as políticas de juventude com candidatos e candida-tas nas eleições 2010 .

A luta da juventude rural faz parte de uma campanha mundial?

A Organização Mundial das Na-ções Unidas (ONU) escolheu 2010 como o Ano Internacional da Juven-tude. O debate em torno da juven-tude está efervescendo não só no Brasil, mas em todos os países do mundo. Nesse sentido, a Contag deu um passo à frente ao realizar o 2º Festival Nacional da Juventude Rural e priorizar a organização dos (as) jovens desde o município até o nível nacional. Essa ênfase nos for-talece como seres e sujeitos de di-reitos dentro do movimento sindical e estratégicos para as mudanças que precisamos fazer no campo e na so-ciedade brasileira.

A secretária de Juventude da Contag, Elenice Anastácio, reafirma de forma categórica a importância dos (as) jovens para fazer as transformações sociais no Brasil. Ela considera que o Festival Nacional da Juventude Rural representou um avanço político extraordinário para a organização da juventude do campo. A repercussão na mídia também foi importante para dar visibilidade às demandas e à organização da juventude trabalhadora no movimento sindical do campo. Além de avaliar esta ação de massa, a dirigente apresenta nessa entrevista os desafios que estão colocados para os (as) jovens do campo dentro e fora do movimento sindical.

Luiz

Fer

nand

es

Leia a íntegra desta entrevista no site www.contag.org.br/entrevistas.