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70 Anos de A.A. no Brasil (1947-2017) Grupo Sapiens Formado em São Paulo-SP, em 09 de Abril de 1965 O Canteiro da Estrutura de Serviços Gerais de A.A. no Brasil e da sua Inclusão no Serviço Mundial de A.A. Este exemplar pertence a Abril/2017.

Anos de A.A. no Brasil (1947-2017) Grupo Sapiens · Escritório de Serviços Gerais de A.A. em Nova York para fazer a tradução. Um ano e meio mais tarde, em outubro de 1966, Donald

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70 Anos de A.A. no Brasil (1947-2017)

Grupo Sapiens Formado em São Paulo-SP, em 09 de Abril de 1965

O Canteiro da Estrutura

de Serviços Gerais de

A.A. no Brasil e da sua

Inclusão no

Serviço Mundial de A.A.

Este exemplar pertence a Abril/2017.

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Introdução Muito importante: os textos contidos nesta apostila não fazem parte da literatura de A.A. aprovada pela

Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil ou autorizada pela Junaab. Seu conjunto não tem nem

pretende caráter oficial. Trata-se de iniciativa informativa individual de um membro de A.A. dirigida a

membros e amigos de A.A. e sua divulgação não tem origem nem destino institucional (.org) - embora

isto, a apostila pode ser reproduzida e/ou repercutida por quem o deseje.

Em meados de março de 1965, um cidadão norte-americano residente na cidade de São Paulo – Donald

M., se internou no Hospital Samaritano para tratar de problemas decorrentes de seu alcoolismo. Durante os

cinco dias em que lá ficou, aceitou por empréstimo de um padre também norte-americano, Richard

Sullivam, o livro “Alcoólicos Anônimos” ( o Big Book) original, em inglês. Por lá também apareceu para

conversar com ele Dorothy N., uma AA do Rio de Janeiro, que se encontrava em visita de rotina na cidade

para tratar de seus negócios. Dorothy falou com Donald a respeito do programa de A.A. e, após este ter

lido o livro, manifestou seu interesse em abrir um Grupo na Cidade. Por volta de três semanas mais tarde,

Dorothy e Donald formavam o primeiro Grupo de A.A. em São Paulo, em uma sala cedida pela madre

Cristina diretora do Colégio Sede da Sabedoria, na Rua Caio Prado, 102, na região da Consolação. O grupo

recebeu o nome de Grupo Sapiens. Não havendo documento registrando a data de formação, por consenso

dos que depois vieram – com muito pouca variação, considera-se que foi no dia 9 de abril de 1965.

Dorothy voltou para o Rio, mas com Donald ficou como padrinho Harold W., outro A.A. do Rio

que estava fixando residência em São Paulo. Harold, havia trazido a mensagem de A.A. para São Paulo

exatos 15 anos atrás, em 1950, quando as pessoas que lhe haviam pedido ajuda, usaram os matérias de

divulgação de A. A. – o “Livro Branco”, que continha os Doze Passos que ele havia traduzido. Na sua

volta ao Rio naquela época, aquele material foi usado para dar início a outra sociedade – a Associação

Antialcoólica de São Paulo. Curiosamente, foram membros desta Associação que, junto com outros

alcoólicos alheios a essa associação, a partir de abril de1965, começaram a dar vida ao Grupo Sapiens.

Não existindo no Brasil o livro “Alcoólicos Anônimos” traduzido, Donald, se ofereceu ao

Escritório de Serviços Gerais de A.A. em Nova York para fazer a tradução. Um ano e meio mais tarde, em

outubro de 1966, Donald recebeu o aval do ESG-NY para fazer a tradução. Entretanto, entre as várias

condições colocadas para fazer a tradução e distribuir o livro no Brasil, constava que deveria ser feita a

unificação dos Grupos e serviços então existentes no Brasil, em torno de uma Estrutura de Serviços Gerais

assemelhada (mas não necessariamente igual) com a existente na Estrutura sênior – EUA/Canadá.

Tendo como seu grupo-base o Grupo Sapiens, Donald, sua esposa Sonia – não alcoólica, e vários

companheiros de São Paulo, do Rio e de outras cidades, começaram então um périplo pelas várias

estruturas já existentes nos mais diversos Estados e cidades onde a mensagem já tinha chegado, até surgir a

Estrutura de Serviços Gerais e Mundiais que atualmente conhecemos.

Se a história de A.A. no Brasil um dia for contada em dois capítulos, poderia ser considerado que o

Capítulo 1 foi a chegada de Herberth D. no Rio de Janeiro e a formação do Grupo de A.A. Rio de Janeiro

(ou, A.A. Rio Nucleus) em 1947, e o Capítulo 2 seria a formação do Grupo Sapiens em São Paulo,

cofundado por Donald M. e Dorothy N. em 1965, com a preservação da riquíssima herança pioneira

trazida pelos AAs do Rio de Janeiro e a inclusão da atual Estrutura de Serviços Gerais e Mundiais.

Tudo de graça veio e de graça-grata está indo. Se o conteúdo lhe for proveitoso, passe adiante nesse

espírito. Obrigado.

[email protected]

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Índice Introdução .............................................................................................................................................. 2

A primeira semente de A.A. em São Paulo ........................................................................................... 4

Grupo Sapiens: O primeiro Grupo de A.A. em São Paulo .................................................................... 6

Ao Grupo Sapiens Seguiram os Grupos... ............................................................................................. 8

Capital, Litoral e Interior: .................................................................................................................. 9

Outros Estados: ................................................................................................................................ 10

Outro País:........................................................................................................................................ 12

... e também outras Irmandades de Doze Passos ................................................................................. 13

A literatura de A.A. que existia no Brasil: os “Folhetos Brancos” .................................................... 15

O início da implantação dos Serviços Gerais na estrutura de A.A. no Brasil ..................................... 17

A tradução do livro “Alcoólicos Anônimos” – o Livro Azul .............................................................. 17

A publicação do Livro Azul ................................................................................................................ 20

O fortalecimento da Estrutura de Serviços .......................................................................................... 21

Os Conclaves e as Convenções de A.A. no Brasil .............................................................................. 22

1965 - A Convenção Pioneira de A.A. no Brasil ................................................................................. 22

A Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil JUNAAB ........................................................ 28

A inclusão e participação na Reunião de Serviço Mundial ................................................................. 29

Reunião de Serviço Mundial Regional ................................................................................................ 30

REDELA (Reunião das Américas) .................................................................................................. 31

A Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil – CSG .............................................................. 32

A origem da Conferência nos EUA/Canadá: ................................................................................... 32

No Brasil .......................................................................................................................................... 32

Constituição atual da Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil ........................................... 33

Membros da Conferência ................................................................................................................. 33

Comissões da Conferência ............................................................................................................... 33

Locais, datas e temas das Conferências no Brasil ............................................................................... 35

Desmembramento CLAAB/ESG ......................................................................................................... 36

A Junta de Custódios ........................................................................................................................... 37

A Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil - JUNAAB ....................................... 37

A criação dos Comitês de Assessoramento da Junta ........................................................................... 37

Comitês de Assessoramento da Junaab (atual) .................................................................................... 38

A extinção do CLAAB ........................................................................................................................ 40

Adequação da Junta à Estrutura de Serviço Mundial .......................................................................... 40

Configuração das Áreas a partir da CSG/2010 .................................................................................... 41

Todos os endereços do CLAAB e do ESG .......................................................................................... 42

Apêndice .............................................................................................................................................. 43

Donald M. descreve em carta, a formação do Grupo Sapiens ............................................................. 43

Resenhas Biográficas dos cofundadores de A.A. em São Paulo ......................................................... 45

Transcrição das primeiras literaturas de A.A. no Brasil ...................................................................... 46

Texto do “Livro Branco” ................................................................................................................ 46

Texto de “A Tradição de A.A.” ....................................................................................................... 52

Texto de “Alcoolismo: A Doença que Todos Escondem” ............................................................... 67

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A primeira semente de A.A. em São Paulo Em 1945, durante uma visita aos EUA o cidadão paulistano Álvaro Pauperio tomou conhecimento

da existência de Alcoólicos Anônimos. Preocupado com o avanço do alcoolismo no Brasil, de volta a São

Paulo reuniu-se com outros cidadãos atuantes em diversas áreas profissionais – medicina, jornalismo,

política, educação, jurídica, etc., com o propósito de encontrar alguma solução para esse grave problema

social e sugeriu a experiência de A.A.

Alguns anos mais tarde, estas pessoas tomaram conhecimento da chegada de Alcoólicos Anônimos

à cidade do Rio de Janeiro e fizeram contato com seus responsáveis convidando algum membro para

apresentar a filosofia de A.A. em São Paulo. Assim, em dezembro de 1949 viajou do Rio de Janeiro para

São Paulo, Harold W., um cidadão anglo-brasileiro que havia ingressado na Irmandade em março de 1948.

Anteriormente, Herbert L., cidadão norte americano, alcoólico e fundador do primeiro Grupo de A.A.

no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, durante a

abordagem, havia pedido a Harold que, como primeiro

passo para iniciar sua recuperação, fizesse a tradução de

um folheto sobre A.A. produzido no início da década de

1940 que ele, Herbert, havia trazido dos EUA. O

livreto, que ficou conhecido no Brasil como “Livro

Branco”, contém, além da descrição do alcoolismo e de

Alcoólicos Anônimos, os Doze Passos “... que demos e

que são sugeridos como um PROGRAMA DE

REERGUIMENTO”; Após esta publicação, Harold

também traduziu “A Tradição de A.A.” - livreto este

que contem as Doze Tradições na forma longa além de

outros dados sobre a Irmandade tendo como original um

encarte especial publicado por Grapevine em 1947. Estes livretos junto com outros nas origens de A.A. no

Brasil receberam o nome genérico de “folhetos brancos” pelo fato de que as capas eram brancas por serem

mais baratas. Esse material foi a primeira literatura de A.A. no Brasil.

Harold apresentou àqueles cidadãos paulistanos esse material de A.A. e eles mostraram interesse

apenas no Livro Branco ignorando o folheto contendo as Tradições. Em um primeiro momento se deu a

entender aos paulistanos que Alcoólicos Anônimos e o seu programa de recuperação estava chegando à

Capital, com divulgação na imprensa paulistana através de personalidades influentes, como, por exemplo,

a página 3 do Suplemento do jornal “Folha da Manhã” do dia 15-1-1950, trazia um artigo chamado Os

“Alcoólatras Anônimos” assinado pela

escritora Cecília Meireles (1901-1964)

(http://acervo.folha.com.br/fdm/1950/01/15/1/).

(acima, à direita).

Mas, menos de três meses depois, em 01 de março de 1950, tendo como base o “Programa de

Reerguimento dos Doze Passos” de Alcoólicos Anônimos aquele grupo de pessoas que em sua maioria

não sofriam da doença alcoolismo, foi fundada a Associação Antialcoólica de São Paulo – AASP. Foram

fundadores da AASP e seus primeiros diretores: Álvaro Pauperio, Ajax Walter César Silveira, Benedito

Mendes dos Reis, Vitor Modesto Pedoti, Gumercindo Fleuri, James Ferraz Alvim, Flaminio Fávero

"Livro Branco", literatura de A.A. usada

pela Associação Antialcoólica

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(algumas destas pessoas emprestam seus nomes a ruas da cidade de São Paulo) e Santo Grasso – este

último, o único alcoólico.

Os Arquivos Históricos da Junaab abrigam uma cópia da Ata manuscrita relatando a reunião para a

aprovação dos Estatutos realizada em São Paulo e datada (conforme escrito) “Aos 20 (vinte) dias de

Dezembro de 1951, nesta cidade e Capital de São Paulo, à Rua Senador Feijó, 181 – 2º andar, reuniram-

se as pessoas abaixo, com o fim especial de darem personalidade jurídica à organização assistencial

denominada „Alcoólicos Anônimos‟ que por quase dois anos vinha desempenhando o meritório trabalho

de soerguimento do alcoólatra...”. Segue: “...Reaberta a sessão foram os estatutos novamente lidos, agora

por mim, secretário (N.T.: o advogado Ruy Mendes Rey), com as inovações e a indicação do novo nome

de „Alcoólicos Anônimos‟ para Associação Antialcoólica”. Segue: “Estatutos da Associação

Antialcoólica (A.A.)... Art. 1º - Sob a denominação de „Associação Antialcoólica‟, que se designará mais

comumente pela sigla „A.A.‟, fica constituída na Capital... Art. 2º - O objetivo da „A.A.‟ é, extrictamente,

filantrópico e assistencial, sem fim lucrativo: a) promover gratuitamente campanha preventiva contra o

uso de bebidas alcoólicas; b) promover tratamentos dos indivíduos, extremamente viciados no álcool, por

meio de assistência pessoal e reeducação mental e higiênica, readaptando-o e restituindo-o dignamente

para o seio da sociedade onde passará a ser útil a si próprio e aos seus concidadãos; c) manter

assistência gratuita a todos quantos a procurarem, para reeducação do alcoólico, digo alcoólatra; d)

manter contacto com ex-alcoólatras, reabilitados...”. Poderá ver estes estatutos a partir da página 24 em

=>http://www2.camara.sp.gov.br/projetos/1954/00/00/0A/FD/00000AFD9.PDF

Nos anos seguintes, numa relação obscura de compartilhamento, o nome Alcoólicos Anônimos, a

sigla A.A., e o Livro Branco que era literatura de A.A. do Rio de Janeiro, foram usados sem permissão pela

Associação - mesmo após ter criado seus estatutos - em seus cartões de divulgação e nas suas relações com

a imprensa e a comunidade. Conforme a conveniência, num momento chamava-se Alcoólicos Anônimos -

A.A., em outros Associação Antialcoólica – também A.A.

Estes acontecimentos e circunstâncias fizeram com que os membros de A.A. do Rio de Janeiro, ao

tomar conhecimento do uso indevido do nome e da literatura de A.A., decidissem registrar oficialmente o

nome da Irmandade e seu Estatuto no Brasil.

O Estatuto, redigido em quatro páginas foi registrado no dia 8 de Dezembro de 1952 no “Registro

Das Pessoas Jurídicas”, na “Avenida Franklin Roosevelt, 120-2º, Sala 2, no Rio de Janeiro”, continha

cinco Capítulos e terminava com: “A Tradição dos Alcoólicos Anônimos - Doze Pontos para assegurar

nosso futuro” – isto é, as Doze Tradições na forma longa.

O Capítulo I - “Da denominação, fins, sede e duração”, rezava:

Art. 1º - Sob a denominação de “Alcoólicos Anônimos”, fica constituída por tempo indeterminado,

uma entidade civil, de âmbito nacional, com sede à Av. 13 de Maio, 23, 2º and. Sala

332 e Caixa Postal 5218, representada por um Grupo Central e indeterminado número

de grupos distribuídos em todo território nacional que se regerá por este Estatuto e

Tradições.

Art. 2º - A finalidade é essencialmente de caráter filantrópico, altruísta e meritório, não podendo

haver contribuições materiais de nenhuma espécie. Os grupos “AA” destinam-se a

auxiliar e proteger os doentes do álcool, por meio de ensinamentos, fortificando-lhes o

espirito e a moral.

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Os outros Capítulos eram:

Capítulo II – Administração;

Capítulo III – Dos Grupos;

Capítulo IV – Dos Associados, deveres e direitos;

Capítulo V – Disposições Gerais.

No final da década de 1950, mais precisamente a 28 de julho de 1959, toda a diretoria da

Associação Antialcoólica passa a ser composta exclusivamente de alcoólatras recuperados (sua

denominação corrente). Vendo a necessidade de acompanhar o crescimento da metrópole e buscar o

alcoólico onde ele estivesse, assim como facilitar a vida dos companheiros recuperados que moravam

longe e tinham dificuldade de se locomover até o centro, a Associação começa a fundar núcleos em

diversas regiões da Capital e da Grande São Paulo e, indo até o Litoral e o Interior mudou seu nome para

Associação Antialcoólica do Estado de São Paulo – AAESP, como atualmente é conhecida e reconhecida

com gratidão até por muitos membros de A.A. que nela encontraram sua primeira ajuda (N.T.: este

escrevinhador é uma dessas pessoas agradecidas e deixa neste texto constância disso) e de onde alguns

saíram para juntar-se ao pioneiro Grupo Sapiens formado em abril de 1965 onde se transformaram em

“bandeirantes” que levaram A.A. para outros locais na Capital, outras cidades no Estado São Paulo e até

para outros Estados. Entretanto, até essa data, a semente de A.A. trazida por Harold W. no início do ano de

1950, ficou em estado de dormência.

Grupo Sapiens: O primeiro Grupo de A.A. em São

Paulo De acordo com o livro “As origens de A.A. no Brasil”, escrita por Luiz M. (1): “Em 1954, o Comp.

André L., de Catanduva - SP, inicia semanal correspondência comigo e, mais tarde, junto com a M.

Felícia, fundam um Grupo em Bauru – SP”.

“...Maria Felícia, junto com André L., inicia o trabalho do 12º Passo em Bauru (Casa de Saúde Dr.

Smith), Catanduva e Campinas. Lançaram uma boa semente, que deu seus frutos, em 26 de setembro de

1957, fundando o Grupo Catanduva”.

Importante: Procurando maiores esclarecimentos a respeito destes acontecimentos, este transcritor não

encontrou evidências que confirmem ou desmintam documentalmente esta história.

Entretanto, dada a credibilidade de Luiz M., já falecido, seria de bom proceder dar

continuidade às pesquisas, mesmo que seja para encontrar algum relato testemunhal – se

não for possível encontrar algum documento, que possa confirmar ou conduzir a alguma

pista sobre a veracidade desses fatos.

N.T. (1): Luiz M. (1929-1992), foi membro do Grupo Central do Brasil, no Rio de Janeiro,

onde ingressou em 4 de agosto de 1953. Este Grupo fica na Rua Prof.

Clementino Fraga Filho, nº 22, Igreja de Santana, Caixa Postal: 16.070 - CEP:

20.221 – Rio de Janeiro – RJ, e lá poderão ser obtidas maiores informações a

respeito desse valioso trabalho histórico.

A história que segue é a transcrição adaptada de uma carta escrita por Donald M. Lazo, aos

companheiros e seus amigos Ércio B., e Eloy T., datada em 22 de março de 1993 (1), na qual descreve os

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acontecimentos que culminaram na formação do Grupo Sapiens, e que esta, sim, na falta de outra

comprovação avaliada, é considerada por muitos como sendo a história do início de A.A. – em língua

portuguesa, no Estado de São Paulo.

N.T. (1): Veja a transcrição ipsis litteris desta carta no Apêndice, página 43.

“Na segunda semana de março de 1965 veio a São Paulo a empresária residente e estabelecida no

Rio de Janeiro e AA Dorothy (Dolly) N. (1914-1990), brasileira filha de ingleses, para visita de rotina à

filial de sua agência de empregos na capital paulista. À época tinha 51 anos e, grande divulgadora de

A.A., onde tinha ingressado em 1962, mantinha em sua agenda uma extensa lista de amigos religiosos,

médicos, e pessoas interessadas no problema do alcoolismo, a quem avisava de sua chegada, e serviam-

lhe de contato para levar a mensagem da Irmandade.

A pedido de um desses amigos, o padre Richard Sullivan, Dorothy foi visitar o publicitário

americano Donald M. (1928-2001), internado no Hospital Samaritano no dia 18 desse mês de março, em

consequência de mais uma série de bebedeiras e lá ficou por cinco dias. Nesse tempo começou a ler o „Big

Book‟ (original, em inglês), que o padre Sullivan tinha-lhe emprestado – nunca devolvido, e mais tarde

traduzido por ele próprio para o português.

Três dias após sair do hospital, assistiu à primeira reunião de divulgação de A.A., organizada por

Dorothy na capela dos Redentoristas, na Alameda Franca, 889.

Houve uma segunda reunião no bairro de Santa Cecília para a qual Dorothy convidou Harold,

então morando na Capital e que viria ser o padrinho de Donald. Após estas experiências e as conversas

com Dorothy, Donald aceitou a sugestão de abrirem um Grupo de A.A. na cidade. Ela apresentou-o à

madre Cristina, diretora do Instituto “Sedes Sapientiae” situado na Rua Caio Prado, 102, na Consolação,

que lhes cedeu uma sala dentro do prédio e nela deu inicio no dia 9 de abril de 1965, nos moldes de A.A.

do Rio, o Grupo Sapiens cofundado por Donald – então com 21 dias de abstinência contando os cinco de

hospitalização - e Dorothy (ver suas Resenhas Biográficas no Apêndice I), considerado oficialmente o

primeiro Grupo de A.A. em língua portuguesa no Estado de São Paulo.

Na última semana de sua visita à cidade, Dorothy levou Donald

às dependências do „Diário de S. Paulo‟, onde convenceu a redação a

elaborar um artigo sobre alcoolismo. A direção indicou um jornalista a

quem Dorothy contou sua história. No fim do artigo, publicado vários

dias depois, constava o fato de „estar-se realizando reuniões de

Alcoólicos Anônimos em São Paulo, à Rua Caio Prado, 102, todos os

domingos das 10:00 horas às 12:00 horas‟.

Nos próximos meses passaram poucas pessoas pela sala; uma

delas, Leila, veio a ser a segunda pessoa de São Paulo a afiliar-se à

Irmandade (a primeira foi Donald). Num dia do mês de julho, quatro

meses após a fundação do Grupo chegou à sala Melinho, membro da

Associação Antialcoólica desde janeiro de 1957. Fazia tempo que tinha

ouvido falar de A.A. e interessou-se por conhecer a Irmandade e fez uma

visita à sala da Rua Caio Prado. Convidado por Donald ingressou em

A.A. e, a partir daquele dia passou a fazer suas conhecidas abordagens,

não só para a Associação Antialcoólica - à qual ainda continuou afiliado

por aproximadamente mais dois anos - mas também para Alcoólicos

Anônimos, trazendo inclusive companheiros da Associação para a Irmandade”.

Frente e verso de um cartão

de ingresso no Grupo Sapiens

(a data é 22/05/1969)

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Sempre trabalhando, fazendo abordagens e trocando correspondências com os membros do Rio de

Janeiro, o Grupo foi aos poucos atraindo novos companheiros como Stevenson, o Cel. César, Fernando P.,

Vasco Dias, Nascimento, João de Deus, Lafaiete M., Orlando C., G. Brasil, Joaquim, Angelino P., Mário

N., Eloy T., Valdomiro, Barbosa, Cinira, Maria Espanhola, Jefferson, Renatinho, Antero, Miller, e vários

outros que a estes se juntaram posteriormente.

Devido à experiência com divulgação

desses novos membros – especialmente

daqueles provenientes da Associação

Antialcoólica, e do Ambulatório de

Recuperação de Alcoólatras – ARA (atualmente

atendendo unicamente funcionários da

Prefeitura de São Paulo na R. Frederico

Alvarenga, 259, 5º andar - São Paulo - SP), A.A.

começou a andar a passos largos em São Paulo,

embora sua estrutura fosse ainda muito precária

e a informação a respeito da Irmandade

dependesse de poucos folhetos mimeografados

conhecidos como “folhetos brancos” – entre

eles o “Livro Branco” e “A Tradição de A.A.”,

livretos traduzidos e impressos que vinham do

Rio de Janeiro.

O Grupo Sapiens ficou até 1970/71 neste

endereço – Rua Caio Prado, 102, quando a

direção do Colégio pediu sua desocupação para

a execução de obras no local (atualmente - 2017,

é um Campus da PUC). A própria madre

Cristina lhes ofereceu uma nova sala no subsolo

da Pontifícia Universidade Católica – PUC, no

Bairro de Perdizes, na Capital, acessível pela

Rua Ministro Godoi, 1487 (a pouco menos de 4 km a pé da Rua Caio Prado). Neste novo local houve

repetidos roubos e assaltos a mão armada dentro da própria sala e, assim, após a diminuição gradual de

seus membros por causa da insegurança, os remanescentes decidiram desativar o Grupo e entregar a chave

à própria madre Cristina.

Na falta de documentação disponível ou à qual este transcritor não teve acesso, há várias versões

orais (algumas bastante desencontradas) que contam que o Grupo Sapiens esteve em atividade por volta de

dez anos ao todo, somando-se o tempo que permaneceu em ambos os locais.

Ao Grupo Sapiens Seguiram os Grupos... Seus membros ou visitantes levaram a mensagem e direta ou indiretamente, acabaram formando outros

Grupos em outros bairros da Capital, na Região Metropolitana e em outras cidades do Interior e do Litoral

do Estado de São Paulo. Sua mensagem também alcançou outros Estados e até outro país – Lesoto, um

enclave na África do Sul.

Rascunho do diagrama da chegada e da saída da

mensagem de A.A. para várias cidades e Estados a

partir de São Paulo-SP (Do acervo pessoal de Sonia Mª -

autorizado)

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Capital, Litoral e Interior: 1. Em nove de abril de 1965 realizou-se a primeira reunião de A.A. – em língua portuguesa - no

Estado de São Paulo, no Gr. Sapiens, na Rua Caio Prado, 102, Capital, cofundado por Dorothy

Nowill e Donald M. Lazo.

2. Em 27 de maio de 1967, por iniciativa da Irmã Odília da Santa Casa de Misericórdia de São

José dos Campos, foi formado o Gr. São José dando início às atividades de A.A. no Vale do

Paraíba.

3. Em sete de junho de 1968, Lafaiete M. e Orlando C., AAs do Gr. Sapiens realizaram a

primeira reunião de A.A. na Baixada Santista na Sociedade Espírita “Anjo da Guarda” à Rua

Conselheiro Nébias, mudando depois para São Vicente com o nome de Gr. Conselheiro.

4. Em setembro de 1968, a assistente social do Centro de Obras Sociais de Piracicaba, pediu para

Donald e Mellinho realizar algumas palestras informativas, e no dia 26 de outubro desse ano

formou-se o Gr. Piracicaba.

5. Em 15 de novembro de 1969, Donald inicia o Grupo Jardim Paulistano em sua residência; no

começo de 1970 o Grupo se transfere para as dependências da igreja do Perpétuo Socorro à

Rua Sampaio Vidal em Pinheiros com o nome de Grupo Jardim.

6. Em 23 de novembro de 1969, iniciam-se as atividades do Gr. Garça, em Garça.

7. Em dezembro de 1969, por intermédio da irmã Carrijo - que lhes consegue uma sala na Rua

Cajurú - os AAs do Gr. Sapiens Carvalho e João Belém, fundaram o Gr. Belém – que durante

algum tempo chamou-se Gr. Carvalho, e a partir dele formaram-se muitos outros nas zonas

Leste e Sul da capital paulista: Vila Rica, Jerusalém, Gomes Cardim, São Paulo, Bibi (atual

Tabapuã), Vila Nova Conceição. O companheiro Jeferson saiu do Grupo Belém e abriu, na

Rua do Orfanato, o Grupo Vila Prudente de onde se originaram outros Grupos.

8. No dia quatro de janeiro de 1970, G. Brasil, que havia ingressado em 1968 no Gr. Sapiens

funda em Osasco, na Região Oeste da Grande São Paulo, um grupo que algum tempo mais

tarde se chamaria Gr. Cristo Operário. Até essa data G. Brasil reunia e ajudava alcoólicos em

sua casa; a esse agrupamento ele chamava informalmente de Grupo Permanente.

9. Ainda em 17 de maio de 1970, fundou-se o Gr. Hei de Vencer em Mogi das Cruzes.

10. Em 28 de maio de 1971, apresentados por Donald, André D. e Otávio abrem o Gr. Albatroz em

Campinas.

11. Dois médicos psiquiatras de Franca, Dr. Elesbão Barbosa de Paula e Dr. Jacinto Conrado,

interessaram-se por Alcoólicos Anônimos ao conhecer a Irmandade em Casa Branca, e

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incentivaram pacientes seus que se mantinham sóbrios a formar um Grupo de A.A. No dia 17

de outubro de 1975, fundou-se o Gr. Francano.

Outros Estados: 1. Goiás - Em 1967, um membro solitário de A.A. em Goiânia, Cerqueira, foi conversar com a

família de Souza, uma pessoa que tinha sérios problemas com a bebida, a quem falou de um

programa de recuperação que ele tinha conhecido e praticado com sucesso. Cerqueira teve

muitas dificuldades com a resistência de Souza que, depois de muitas conversas ainda fez

“algumas exigências” para aceitar a ajuda do companheiro. A principal delas foi a de que só

aceitaria conhecer Alcoólicos Anônimos em São Paulo e que também não arcaria com as

despesas: estava sem dinheiro. Cerqueira concordou e levou Souza para São Paulo onde,

ingressou no Grupo Sapiens, o primeiro Grupo a ser aberto naquele Estado. Voltando de São

Paulo, Souza formou o primeiro Grupo de A.A. em Goiás – o Grupo Anhanguera, na cidade

de Goiânia, em 09 de setembro de 1967.

2. Santa Catarina - Por volta do ano de 1965, uma senhora alcoólica de nome Charlotte que

residia em Blumenau, foi fazer um tratamento de saúde nos EUA, sendo que lá foi abordada

pelo seu médico psiquiatra assistente, dizendo-lhe que era ela portadora da doença chamada

alcoolismo. Foi orientada pelo médico a participar da terapia de Alcoólicos Anônimos, onde

conseguiu entrar em fase de recuperação. Na sua volta a Santa Catarina, passou a interessar-se

pela obra de A.A. e sempre que possível, participava das reuniões em São Paulo, no grupo

Sapiens, juntamente com os companheiros Horst e Ruth. Charlotte fez seu ingresso na

Irmandade de Alcoólicos Anônimos no dia 02 de outubro de 1965, nos EUA, Ruth em 19 de

agosto de 1967 e Horst em 23 de setembro de 1967. Estes três companheiros ingressaram no

grupo de A.A. Sapiens de São Paulo. Depois de seus ingressos os companheiros tiveram então

a ideia de formar um grupo de A.A. em Blumenau/ SC, porém tiveram muitas dificuldades,

pois tinham pouco conhecimento de A.A. e nenhuma literatura, mas nunca desistiram de seu

objetivo e no dia 30 de setembro de 1967, com o ingresso do companheiro Carlos G., foi

oficializada a fundação do Grupo Benvindo, na cidade de Blumenau.

3. Paraná - O médico e psiquiatra Dr. Djalma Braga trabalhava como clínico no Centro de

Recuperação do Alcoólico de Curitiba, CRA, que internava os casos mais graves de alcoolismo

para desintoxicar no Hospital Adalto Botelho. Em 1967, viajou para o Rio de Janeiro, porque

ouviu dizer que lá funcionava a Irmandade de Alcoó1icos Anônimos, obtendo animadoras

recuperações. Disseram-lhe que, em não sendo ele um alcoólico e nem membro da Irmandade

não poderia fundar um Grupo de A.A. Após vários anúncios em jornais e revistas, um membro

de A.A., dono de uma banca de jornal em Blumenau S/C leu, (por acaso?) um desses anúncios.

No mesmo dia o levou para a companheira Charlotte, uma norte-americana radicada em

Blumenau que ingressou em A.A. em seu país de origem e, após passar pelo Grupo Sapiens em

São Paulo, formou o Grupo Benvindo em Blumenau a qual prontamente, contatou com Dr.

Djalma para os entendimentos iniciais. A companheira Charlotte viajou para Curitiba. O Dr.

Djalma colocou à disposição dela as dependências do CRA. Forneceu-lhe os endereços dos

alcoólicos sob seus cuidados. Providenciou anúncios nos diversos órgãos de comunicação para

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conhecimento da população e principalmente para os alcoólicos que abandonaram o

tratamento. Após todos esses contatos e divulgações, foi formado o primeiro Grupo de A.A. no

Paraná - o Grupo Independência, que se instalou na Rua Visconde do Rio Branco, 1172, em

Curitiba, no dia 05 de setembro de 1968.

4. Rio Grande do Sul - Tudo começou pela boa vontade de um A.A. solitário e alguns familiares

de alcoólicos, em atrair para Porto Alegre o interesse de companheiros de São Paulo e do Rio

de Janeiro. Conseguiu-se a vinda de Donald, cofundador do Grupo Sapiens – o primeiro Grupo

de A.A. em São Paulo, e Sonia, não alcoólica, sua esposa, que aqui realizaram palestras

públicas no Colégio Rosário, culminando com a presença de Wallace, do Rio de Janeiro, que a

18 de outubro de 1970 instalou-se no salão Paroquial da Igreja do Rosário com outros

companheiros: o Grupo Sulino de A.A. Foram pioneiros deste Grupo: Darwin, Ary, Sérgio,

Wallace, Irmã M. Isabela, Ivone, Juracy, João Severiano e João C.

5. Pará – Por volta de 1962, de acordo com informações prestadas por um senhor conhecido

como Zeca, teria existido na Av. Alcindo Cacela, esquina com a Travessa Pariquis, um

possível grupo de A.A., que funcionou por cerca de quatro a cinco anos e que teve seu início

pelo encontro do dono de um bar existente no local acima citado, com um americano que

trabalhava no bairro da Condor. Na época, passou também a fazer parte do grupo um padre

francês, que ajudava na tradução dos livros para o idioma português.

Lembra o informante serem as reuniões destinadas as pessoas que queriam parar de beber e

que, no decorrer delas eram consumidos muitos refrigerantes. Foram citados alguns nomes de

participantes daquelas reuniões, tais como Raimundo, Eládio, João, Armando, Elson e Nilson.

Em setembro de 1964 o paraense e membro do A.A. carioca J. Araguaia, residente no Rio de

Janeiro, em visita a Belém, transmite a mensagem de A.A. a um empregado de uma cervejaria

existente na Rua 1° de Março com a Rua Aristides Lobo, denominada "BRASIL", sem,

contudo ter prosperado.

Em fins de 1966, o padre francês e o americano, dizem ao Zeca que empreenderiam uma

viagem fora de Belém, não mais retornando. Este acontecimento contribuiu para o

enfraquecimento do grupo, iniciado em 1962, com a dispersão de seus membros.

Em outubro de 1968 Donald L., membro do Grupo Sapiens, em São Paulo,, acompanhado da

esposa Sonia, vindo de São Paulo, profere em Belém, no hospital psiquiátrico "Juliano

Moreira", com apoio dos médicos daquele hospital, uma palestra sobre Alcoólicos Anônimos.

Contribuíram para realização da palestra os médicos Dorvalino Frazão Braga, José Edmundo

Cutrim e Maiolino Miranda, alguns pacientes e a médica paulista Dra. Elita Seligman, que

havia estudado no colégio Sede da Sabedoria em cujas dependências se reunia o Grupo Sapiens

e se encontrava em Belém naquela ocasião. Em maio de 1971 regressa do Rio de Janeiro, onde

ingressara o companheiro Almir M. que espalha em alguns pontos de Belém o "slogan": “Se o

seu caso é beber, o problema é seu; se o seu caso é parar de beber, o problema é nosso!”.

Foram feitos em papéis datilografados e identificados com a sigla "A.A.".

Na alfaiataria do Sr. Padoval, na Rua 28 de Setembro, em Belém, o companheiro Rafael recebe

um desses papéis e vai então, procurar o companheiro responsável pela sua distribuição e

encontra Almir M., fato este que concorreu para a formação da primeira corrente de Alcoólicos

Anônimos no Pará.

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Almir M., Rafael e um não alcoólico chamado Rui, secretário da Sociedade São Vicente de

Paula, reuniam-se às sextas-feiras na Rua Diogo Maia, 455, sede da citada sociedade. Nas

terças-feiras, Almir M., Rafael e um novo membro de A.A. do Pará, de nome Eduardo I,

reuniam-se numa oficina de consertos de máquinas de escrever do companheiro Almir, na Rua

Aristides Lobo, 723. Esses grupos, até então, não tinham nomes. Depois, ambos vieram a

chamar-se Grupo Liberdade.

Em maio de 1971, numa manhã de domingo, na cidade de Castanhal/PA, os companheiros

Almir M. e Rafael promoveram uma reunião pública na Sociedade S. Vicente de Paulo. Não

houve ingresso mas, uma semana depois, noutra manhã de domingo, em plena via pública

daquela cidade, acontecida o ingresso do companheiro Sabazinho.

Chega a Belém, egresso de São Paulo, o nosso conterrâneo e membro de A.A. daquela cidade,

Tarcisio, que procurou o Hospital Juliano Moreira. Falou com seu diretor, Dr. Dorvalino

Frazão Braga, a quem expôs sua condição de alcoólico em recuperação, através do programa

de Alcoólicos Anônimos e lhe diz que pretende visitar os pacientes alcoólicos, conseguindo a

devida permissão.

Os pacientes internados com alcoolismo passaram a ser abordados pelo companheiro Tarcísio

que, realizou varias reuniões informais entre eles.

Com o sucesso destas reuniões, o companheiro Tarcísio prepara uma reunião para o dia 6 de

junho de 1971, no citado hospital. Para isso, dias antes, fez publicar no jornal "A Província do

Para" o nosso "slogan" e o nome da Irmandade. As pessoas interessadas em assisti-la, no ato

do comparecimento, deveriam mencionar a senha: Tarcísio.

Em junho, Tarcísio e o companheiro Gomes, do A.A. paulista, procedente do Nordeste

brasileiro, com quem se encontrou em Belém, vão ao Hospital Juliano Moreira, acertam tudo e

combinam com vinte alcoólicos, já selecionados pela casa de saúde, para participarem da

reunião que seria realizada no dia seguinte.

6. Mato Grosso - Em julho de 1973 chega a Cuiabá um membro de A.A., Eloy T. vindo de São

Paulo, onde havia ingressado no Grupo Sapiens, para trabalhar no departamento jurídico da

Secretaria de Justiça, onde conheceu o Dr. Miguel Biancardini. Participa de reunião no Rotary

Clube e conhece o Hospital Adauto Botelho, cujo diretor Dr. Waldemir Oliveira propõe que se

realizem reuniões aos sábados. Entra em contato com a assistência social da extinta LBA, Drª.

Maria José Costa, que coloca à sua disposição uma sala para a formação de um Grupo de A.A.

Em 12 de setembro de 1973 é realizada a primeira reunião nas dependências da LBA com a

presença de um funcionário da mesma. O grupo recebe o nome de Grupo Cuiabá. No dia

19/09/1973 a esposa do companheiro, Ana Maria, não alcoólica, recebe o primeiro visitante,

que retorna abstêmio uma semana depois. Ficando decidido então que essa data, 19 de

setembro de 1973 seria inscrita como a data de início de A.A. mato-grossense.

Outro País: 1. Lesoto – O Grupo Cristo Operário (1), de Osasco, na Grande São Paulo, formado em 4 de

janeiro de 1970 por G. Brasil, um dos primeiros membros do Grupo Sapiens, incorporou

plenamente o espirito bandeirante do grupo mãe. Além de apadrinhar outros Grupos em

diversos bairros de Osasco – S. Paulo da Cruz, Valor da Vida, Luz da Pira, Levar Adiante,

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Viver Sóbrio e outros que não tiveram continuidade, também lançou as sementes de A.A. em

municípios vizinhos como Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi, Cotia, Santana do Parnaíba;

outros mais distantes como Itu e Ribeirão Preto, etc. com resultados imediatos ou em médio

prazo. Chegou aos Estados de Minas Gerais - Gr. Araxá de A.A., em Araxá e ao Paraná – Gr.

Três Fronteiras (atualmente Gr. BPA de A.A.), em Foz do Iguaçu; atravessou o Atlântico

apadrinhando o primeiro Grupo de A.A. em Lesoto, país da África, levado pelo Pe. Luizinho

que se tornou mensageiro da Irmandade através do conhecimento adquirido no Gr. Cristo

Operário.

N.T. (1): Uma curiosidade a respeito do nome do Grupo Cristo Operário. Embora o nome

do Grupo sugira uma ligação religiosa, o uso dessas duas palavras salvou muitas

vidas à época da Revolução instalada em 1964 quando foi usado para uma das mais

nobres causas de solidariedade humana por um grupo de padres holandeses da

congregação dos agostinianos, conhecidos como “padres operários” - porque

realmente trabalhavam nas empresas da região; este grupo acolhia sindicalistas e

contrarrevolucionários que no país todo e em Osasco em particular - uma cidade

tipicamente industrial, operária por excelência e, em consequência altamente

politizada, defensora da liberdade e esclarecida - eram perseguidos pelo regime auto

instituído, e lhes fornecia salvo-condutos para sair do país ou protegê-los com

segurança daquela sanha irracional.

O santo-e-senha para ter acesso a essa ajuda era “Cristo Operário”. Esta senha não

levantava suspeita porque era o nome da escola fundada pelo Pe. Rafael (o pároco da

Igreja Nossa. Sra. da Imaculada Conceição, em Osasco, onde o Grupo se reunia) o

qual, anticomunista e conservador, tinha trânsito livre e acesso irrestrito ao 4º

Regimento de Infantaria localizado nas proximidades. Obviamente, os membros do

Grupo não sabiam desta ligação política, porque seu interesse imediato era outro,

mas depois que a turbulência se acalmou, este detalhe veio à tona.

... e também outras Irmandades de Doze Passos Após a formação do Grupo Sapiens, Donald M. conheceu Sonia Maria (ainda viva em 2017), não

alcoólica, combinaram, casaram, tiveram duas filhas e passaram a compartilhar a vida literalmente juntos –

suas atividades profissionais (juntos criaram uma das primeiras clínicas para o tratamento do alcoolismo no

Brasil, a Clinica REINDAL, em São Paulo) e a dedicação ao programa de recuperação de A.A. – ele como

membro, ela como amiga e colaboradora. Com os conhecimentos da prática do programa adquiridos

através da sua convivência com Donald e com os membros do Grupo Sapiens, Sonia Mª encontrou

inspiração para a introdução de outras Irmandades de Doze Passos no Brasil. Foram elas:

1. Al-Anon – Em 1965, no Rio de Janeiro, o Grupo Vigilante de A.A. em suas reuniões abertas

aos domingos abria espaço para palestras destinadas aos familiares que ali compareciam e

incentivando assim o começo dos Grupos Familiares Al-Anon naquele Estado, o que veio a dar-

se em 18 de dezembro de 1965, com a fundação do 1º Grupo Al-Anon no Brasil. Segundo

consta, o primeiro grupo foi formado com a presença de 11 familiares de alcoólicos, sendo suas

fundadoras Sandra P. e Bernadete A. Entretanto, em julho de 1966 deixava de funcionar.

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Em 17 de agosto de 1966, em São Paulo-SP, Sônia Mª e Lygia (esposa de Stevenson, um

companheiro do Grupo Sapiens. As duas costumavam aguardar seus companheiros em baixo da

escadaria que dava acesso à sala onde eles se reuniam, até que uma noite muito fria, a madre

Cristina lhes ofereceu o abrigo de uma sala ao lado do Grupo – dai surgiu a ideia das primeiras

reuniões) formaram o primeiro grupo de Al-Anon em São Paulo que também foi o primeiro

Grupo Al-Anon do Brasil a ser registrado no ESM - Escritório de Serviços Mundiais em 03 de

novembro de 1966, sendo, por este fato, considerado o pioneiro dos Grupos Familiares Al-Anon

no Brasil.

2. Neuróticos Anônimos N/A - A Irmandade foi introduzida por Sonia Mª. O primeiro Grupo de

N/A no Brasil foi fundado no presídio do Carandiru, em abril de 1969 onde Sonia contou com a

colaboração de Donald e Edita. Esse grupo funcionou durante quatro anos mais ou menos. Uns

seis meses após o seu início, e já não contando mais com a participação de Edita, Sonia e Donald

abriram outro grupo no colégio religioso Sedes Sapientiae, na Rua Caio Prado, 102, onde

funcionava o primeiro Grupo de A.A. e onde receberam apoio e colaboração da madre Cristina

(Célia Sodré Doria, pelo nome civil) da Congregação Cônegas de Santo Agostinho, há muitos

anos dedicada ao estudo de medicina e psicologia. Passados mais seis meses aproximadamente,

esse grupo se transferiu para a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Rua Sampaio

Vidal, 1055, no Jardim Paulistano (1), onde ainda continua realizando suas reuniões. Nesse novo

local, revelou-se valiosa a colaboração prestada pelo Padre João Clímaco Cabral, que não

somente cedeu a sala para as reuniões como também se interessou pelo Programa de recuperação

de N/A, passando a recomendá-lo às pessoas que o procuravam, com problemas mentais e

emocionais.

N.T. (1): Desde o ano 1970, quando o Grupo Jardim de A.A. cofundado por Donald M. se

instalou nas dependências desta casa paroquial, estabeleceu-se um elo de

acolhimento fantástico entre os seus responsáveis pela paróquia e os Grupos de

Anônimos. Atualmente, em 2017, aquela cassa acolhedora disponibiliza salas,

algumas delas exclusivas, para uma verdadeira república de anônimos, além do

Grupo Jardim de A.A.: Neuróticos Anônimos – N/A, Narcóticos Anônimos – NA, Al-

Anon, Alateen, Nar-Anon, Mulheres que Amam Demais – MADA, CoDependentes

Anônimos – Coda, Fumantes Anônimos – FA, Jogadores Anônimos – JÁ, Comedores

Compulsivos Anônimos – CCA, Devedores Anônimos – DA, Emocionais Anônimos –

EA, etc.

3. Toxicômanos Anônimos TA - Em janeiro de 1971, Sonia Mª, iniciou, junto com mais duas

pessoas um Grupo de Toxicômanos Anônimos (TA), que se reunia às terças-feiras numa sala

do primeiro andar da Igreja da Consolação, na Capital; logo se formaram mais grupos na cidade

e se estendeu a outras cidades. O primeiro Grupo com a denominação de Narcóticos Anônimos

(NA), no Brasil estabeleceu-se em 1985, no Rio de Janeiro. Existiam, porém, grupos com

diferentes nomes e o mesmo propósito baseados no programa dos Doze Passos de A.A.. Em

1990, estes grupos uniram-se à irmandade mundial de NA.

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A literatura de A.A. que existia no Brasil: os “Folhetos

Brancos” No início de 1948, Herberth L. o

cofundador do primeiro Grupo de A.A.

no Brasil - na cidade do Rio de Janeiro -

conseguiu publicar o primeiro de uma

serie de artigos sobre o alcoolismo,

primeiro no jornal “O Globo” e depois

no “Brazil Herald” em língua inglesa.

Como resultado dessa publicidade, um

morador de Ingá em Niterói, Kenneth W.

pediu ajuda para assistir seu irmão

arruinado pela bebida, o contabilista e

consultor de empresas Harold R. W.,

anglo-brasileiro, neto de ingleses,

nascido em Santa Teresa no Rio de

Janeiro; na manhã do dia 13 de março de 1948, Herb foi visitar Harold na casa de Kenneth, onde morava

de favor, e lá o esperava com a mão direita estendida muito tremula, enquanto a mão esquerda segurava

com força um copo de cachaça.

Deste encontro saiu um acordo segundo o qual Harold tentaria parar de beber substituindo os goles

de cachaça que fosse tomando por água da bica até que o copo conteve-se apenas água; conseguindo isso,

que traduzisse o panfleto de A.A., que Herb estava deixando, do inglês para o português. Então, na

próxima quarta feira à tarde, ir a novo encontro com Herb no salão de café na sede da Associação

Brasileira de Imprensa (ABI).

Na data marcada Harold bebeu de manhã o que seria seu último gole, e à tarde cumpriu o

prometido, embora não tivesse traduzido o livreto inteiro. Este livreto, produzido em 1940 nos EUA (ver

imagem abaixo) descreve o que é A.A., quem é alcoólico, como funciona A.A. e contendo os Doze Passos,

foi a primeira literatura de A.A. no Brasil e

seria conhecido como “Livro Branco” pela

cor da sua capa que continha a sigla “A.A.”,

o título “Alcoólicos Anônimos” e o

endereço “Caixa Postal 254 – Rio de

Janeiro, Brasil”. Foi a primeira literatura de

A.A. no Brasil e foi impressa, publicada e

distribuída gratuitamente a partir de outubro

de 1948. (Veja a transcrição do texto

deste livreto no Apêndice – página 46).

Harold também traduziu nessa

época “A.A. Tradições”, - as Doze

Tradições escritas na forma longa e que

ainda iriam ser homologadas na Primeira

Convenção Internacional de Cleveland, em julho de 1950 com esse nome, mas que ainda eram conhecidos

Livreto das Tradições publicado pela Grapevine e a

tradução feita no Brasil em 1948/49

1º livreto de A.A. (1940) e capa e contracapa do “Livro

Branco” – considerada a primeira literatura de A.A. produzida

no Brasil - com a assinatura de Harold W., datada em 1948.

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como “12 Pontos Para Assegurar o Nosso Futuro”. O formato deste livreto era exatamente igual ao

anterior, substituindo na capa, também branca, “Alcoólicos Anônimos” por “A.A. Tradições.”. O texto

original para essa tradução foi o livreto com a compilação das Tradições publicadas na Grapevine –

(acima). Este livreto foi publicado entre 1948 e 1949. (Veja a transcrição do texto deste livreto no

Apêndice – página 51).

Nessa mesma época foi traduzido o Capítulo 7 do Big Book que Herberth

L. havia trazido para o Brasil e deixado com uma dedicatória para Harold W.,

quando retornou para os EUA em 1949 – “Trabalhando com os Outros”. Este

livreto recebeu o titulo “Abordagem – Como Cooperar Com Uma Causa

Meritória” (à direita)

Mais tarde, já durante os anos de 1950 e 1960 logo após a formação dos

Grupos Central Do Brasil (Fev./1952), no Rio e Nova Friburgo, em Nova

Friburgo RJ (Ago./1952), e outros no Estado da Guanabara e outros Estados, foi

mantido um relacionamento mais estreito com o Escritório de Serviços Gerais em

Nova York – ESG-NY de onde enviavam folhetos e livretos em espanhol ou

inglês com autorização para serem traduzidos no Rio e, depois de reenviados para

revisão, eram publicados no Rio.

Embora este transcritor desconheça a existência de registros documentados daquela época, percebe-

se pelas amostras encontradas que houve uma boa variedade de títulos que não diferem muito dos

existentes na atualidade. Uma característica de todos esses exemplares são as capas – todas elas são de

baixa gramatura e BRANCAS – sugerindo que, dessa maneira, sua produção seria mais barata. Parece ser

que foi dessa característica que se deu o nome genérico de “Folhetos Brancos” ao se

referir a esses livretos e folhetos. Deve ser notado que, embora também fosse um

“folheto branco”, somente a primeira publicação recebeu o nome de “Livro

Branco”.

Pode-se observar também que quase todos eles seguem o modelo de capa de

livretos publicados na mesma época, e anteriores, nos EUA – por exemplo, o

primeiro folheto de A.A. publicado em 1940 (imagem anexa ao “Livro Branco”,

acima) e o livreto “44 Perguntas”, produzido em 1952 (à direita). Uma outra

característica, esta negativa, é que nenhum deles faz referência a datas de

impressão. Veja a seguir alguns exemplares:

Na ordem: “Apadrinhamento”, “As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos”, “Como Começa

A.A., Como Cresce”, “Os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos”, Isto É A.A.” e “Informações Básicas

Sobre a Sociedade Alcoólicos Anônimos”.

Embora produzido nos anos de 1980, quando já existia no Brasil a estrutura formal de A.A., a

Central de Serviços de A.A. de São Paulo – CENSAA-SP publicou em conjunto com as Intergrupais

44 Perguntas...

(1952)

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(ISAAs) de Campinas, Santos e Sorocaba, um livreto de bolso – 12 cm x 8 cm, com

32 páginas, fora as capas (brancas), que muito ajudou os membros daquela época

(para este escrevinhador, seu conteúdo foi definitivo para o reconhecimento da

doença). O livreto, que poderia ser enquadrado na definição dos “Folhetos Brancos”

era a transcrição traduzida de um artigo - “How To Know An Alcoholic” (ou, algo

como: Como Saber Se É Alcoólico) publicado pelo National Council on Alcoholism

(Conselho Nacional de Alcoolismo), 2 Park Avenue, New York, NY, com a permissão

de Marty Mann. Aqui se chamou “Alcoolismo: A Doença que Todos Escondem”.

(Veja a transcrição do texto deste livreto no Apêndice – página 67).

O início da implantação dos Serviços Gerais na

estrutura de A.A. no Brasil

A tradução do livro “Alcoólicos Anônimos” – o Livro Azul Texto extraído na íntegra da Revista Vivência N° 46 – Especial 50 anos – março / abril de 1997.

Início da transcrição => Desde o início de A.A. no Rio de Janeiro, vários companheiros passaram a

traduzir a literatura original de A.A. Alguns destes livretos constam dos arquivos do ESG:

Apadrinhamento, Os Doze Passos, As Doze Tradições, Abordagem. Eram trechos extraídos do livro

Alcoólicos Anônimos.

A partir do início dos anos sessenta, Alcoólicos Anônimos, com aproximadamente vinte Grupos

espalhados por vários Estados do Brasil, inicia uma fase nova. Era o começo da estrutura de serviços.

Em 1964 os estatutos foram modificados, adequando-se às Tradições e criando um Conselho

Administrativo e logo em seguida encaminhado aos Grupos para aprovação por carta. A partir do ano

seguinte as atenções dos AAs brasileiros voltaram-se à tradução e publicação da literatura oficial no Brasil,

com o aval do G.S.O. (General Service Office), órgão que substituiu a Fundação do Alcoólico em 1954.

Mas isso ainda não foi possível. As traduções dos textos aprovados pela Conferência eram encaminhadas

ao ESG-NY para análise, impressão e retorno para uso nos Grupos. Foi o caso de Eis AA, Você Deve

Procurar AA?, 44 Perguntas e Respostas, A Opinião de um Médico, Carta a uma Mulher Alcoólica,

Conceitos Básicos Sobre AA e As Doze Tradições. Assim que a impressão ficava pronta, certa quantidade

era enviada para o Brasil. Nos anos seguintes, contávamos com várias traduções impressas, dentre elas

A.A. é Para Mim?, A Doença do Alcoolismo e Apadrinhamento.

Numa das cartas recebidas do ESG-NY na época, a então funcionária da Sede, Waneta New,

encarregada da correspondência com membros de língua espanhola, solicita aos companheiros o

orçamento para a impressão de mil unidades do Livro Grande em português, aqui no Brasil, informando

que talvez o Comitê Internacional poderia custeá-lo, o que não prosperou.

Quando se fala sobre o início das publicações de A.A. no Brasil, não poderíamos deixar de dar

atenção especial à publicação do livro Alcoólicos Anônimos em português.

Um companheiro de São Paulo chamado Donald L. que se dispôs a traduzir o livro Alcoólicos

Anônimos, comunicou-se com o GSO. O Comitê Internacional respondeu sua carta em outubro de 1966 (1)

sugerindo-lhe a tradução dos onze primeiros capítulos, após a formação de um comitê de tradução, e

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informando-lhe que a impressão deveria ser feita, após análise, em Nova Iorque. O GSO não permitiu a

impressão no Brasil.

Ao que parece a concessão só veio em fins de 1968, quando Gilberto, um AA brasileiro residente

nos Estados Unidos, voltou à São Paulo, conheceu Donald L. e conseguiu intermediar as relações entre ele

e A.A. World Services Inc., órgão responsável pela literatura oficial de A.A. (2). Tal concessão e o

financiamento de dois mil dólares só foram dados mediante o compromisso de atingir algumas metas

estabelecidas (3). Organizar um Centro de Distribuição de Literatura de A.A para o Brasil com um comitê

responsável por um modesto escritório; publicar a primeira metade do livro (os onze primeiros capítulos,

sem os depoimentos americanos) contendo uma clara advertência acerca da propriedade dos direitos

autorais; distribuí-lo ao preço equivalente a dois dólares e devolver o empréstimo concedido, sendo oitenta

e dois centavos de dólar por unidade, trimestralmente, destinando o restante do lucro para a publicação dos

outros itens da literatura foram algumas das condições estipuladas pelo A.A.W.S. Durante os cinco

próximos anos a concessão seria válida.

No início de 1971, o Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil (CLAAB) havia

vendido os dois mil exemplares da primeira edição e o lucro verificado, deduzidas as despesas da sede, foi

transformado nos folhetos A.A. em Sua Comunidade, Você Deve Procurar o AA? e 44 Perguntas e

Respostas, editados no ano anterior. Por essa razão, liquidado o primeiro empréstimo, um segundo (N.T.:

de três mil dólares), foi feito para possibilitar a segunda edição, agora sem quaisquer regras que regessem

o pagamento, cuja liquidação final se deu em 1979.

A publicação do livro Alcoólicos Anônimos abriu caminho para a comunicação oficial entre os

Grupos existentes na época. O verdadeiro cadastro de grupos iniciou-se com a anotação dos endereços dos

Grupos que solicitavam o livro. Aos poucos os Grupos foram se comunicando com o CLAAB, que anotava

os endereços, dias e horários das reuniões, fornecendo-os aos interessados.

A REB - Revista Eclesiástica Brasileira, órgão oficial de comunicação entre a prelazia brasileira e as

paróquias, publicou uma elogiosa crítica ao livro, recomendando-o como instrumento útil na recuperação

de alcoólicos. Nesta mesma época, graças a amigos de A.A. tivemos acesso ao saguão da PUC, Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, onde se realizava o IV Congresso Latino-Americano de Psiquiatria.

Foi montado um stand com a pouca literatura de que dispúnhamos e os companheiros falaram diretamente

com dois mil médicos, explicando-lhes o conteúdo do livro e oferecendo, gratuitamente, exemplares dos

folhetos disponíveis. Registrou-se um recorde: duzentos e vinte exemplares vendidos em quatro dias (até

aquela data nossa venda não havia passado os vinte exemplares por mês). <= Fim da transcrição.

N.T. (1): Esta carta, datada em 24 de outubro de 1966, tem o seguinte teor:

...

Prezado Don:

É um prazer aceitar o seu oportuno oferecimento para traduzir o Livro Grande ao

português, especialmente neste momento em que o sentimento deste Escritório é o da

necessidade deste livro no Brasil.

Sugerimos que comece pelos primeiros onze capítulos. O restante poderá ser feito mais

tarde. Também lhe sugerimos que envie copias desta tradução a Luiz M. e a Saulo S. no

Rio para que sejam revisadas, assim como também ao Escritório de Serviços Gerais

aqui, em Nova York. O citado livro será impresso e distribuído em Nova York por

enquanto.

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Estou-lhe anexando uma carta que foi enviada a Luiz para sua

informação. Jean Reed, que coordena o nosso Comitê de Traduções

irá contatá-lo com a finalidade de oferecer sugestões para a

formação de um Comitê de Traduções.

Novamente, muito obrigado pelo seu gentil oferecimento. Foi

grandemente apreciado.

Afetuosamente

Hiles Peebles

Presidente do Comitê Internacional

N.T.: A aceitação final da tradução e as condições para

financiamento e distribuição do Big Book (Livro Azul) no Brasil,

constam em carta-contrato enviada no dia 10 de abril de 1969 por

Robert E. Hitchins, Presidente da Junta de A.A.W.S.

N.T. (2): Este episódio foi relatado por Eloy T., companheiro de A.A. e amigo pessoal de Donald

L.- citado na matéria, em um artigo de sua autoria, “O Livro Azul no Brasil”, da seguinte

maneira:

“... Gilberto, um brasileiro funcionário da ONU em Nova Iorque que vinha em férias

para o Rio, passou pelo ESG-NY para saber se havia algo para Grupos do Brasil, sendo

então solicitado a investigar as razões dos pedidos de diferentes Grupos com relação ao

texto base de A.A. (N.T.: estes Grupos eram o Grupo Central do Brasil e o Grupo

Senador Dantas, os dois do Rio de Janeiro - RJ.).

De volta a Nova Iorque, Gilberto, informou ao pessoal do ESG-NY que aqueles grupos

vinham, fazia tempo, guerreando por razões de somenos importância, informando mais,

que naquele momento não havia unidade no A.A. do Rio a recomendar tarefa de

tamanha importância.

Todavia, acrescentou Gilberto, a companheira Dorothy (4) lhe informara que, em São

Paulo, um norte-americano, chamado Donald já tinha parte do livro traduzido para uso

no seu Grupo e que o considerava em condições de empreender essa missão.

O Gerente do ESG-NY, então, escreveu a Donald perguntando-lhe se aceitava o encargo

de traduzir e publicar o livro. Se aceitasse, deveria formar um Comitê para gerir essa

atividade, um LDC (Literature Distribution Center). Donald respondeu que aceitava a

responsabilidade que lhe ofereciam, porém que os Grupos do Brasil não tinham recursos

financeiros para a publicação. O GSO resolveu financiar o empreendimento...”.

N.T. (3): A seguir algumas das condições impostas para a distribuição do livro no Brasil:

1. Que fosse instalado no Brasil um Centro de Distribuição de Literatura (operacional)

2. Que o livro fosse vendido no varejo ao preço unitário de U$ 2,00 (dois dólares

americanos), aos membros e U$1,75 aos Grupos.

3. Que quando fosse criado o Escritório de Serviços Gerais de A.A. no Brasil, o Centro

de Distribuição de Literatura passasse a se constituir parte integrante daquela

organização de serviços.

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4. Que, uma vez aprovada a proposta em questão, fosse a operação considerada “em

confiança”, assumindo todos os participantes da negociação total responsabilidade,

como sendo os representantes de todos os membros de A.A. no Brasil.

Aceitas estas condições, foi liberado o direito de edição e publicação, em português, de

2.000 (dois mil) exemplares do livro Alcoholics Anonymous, ao custo financiado de U$

2000,00 (dois mil dólares), após a assinatura pelas partes de carta-contrato enviada no dia

10 de abril de 1969 por Robert E. Hitchins, Presidente da Junta de A.A.W.S. Para esta

concessão, válida para os próximos cinco anos, o A.A.W.S., Inc., estabeleceu ainda as

condições:

a) Remessa ao A.A.W.S. de U$ 0,82 (oitenta e dois centavos de dólar), por cada livro

vendido ou distribuído.

b) Advertência expressa no livro de que os direitos autorais pertencem ao A.A.W.S. (A.A.

World Services, Inc. - Serviços Mundiais de A.A.), e proteção integral quanto ao citado

direito.

c) Notificar A.A.W.S. no caso de não serem vendidos os 2000 exemplares.

A publicação do Livro Azul O livro “Alcoólicos Anônimos” foi publicado no Brasil em novembro de 1969, encadernado em brochura

da mesma tonalidade da cor azul da capa da segunda edição (1955), do livro original em inglês que nos

EUA/Canadá é conhecido como “Big Book”, ou, “Livro Grande”. Pela característica da cor da capa,

passou a ser conhecido no Brasil como “Livro Azul”. Teve mais duas edições, sendo a segunda uma

tradução da terceira edição do “Big Book”, feita nos EUA em 1976 e a terceira acompanhou a quarta

edição do Big Book feita nos EUA em 2001.

Houve, ainda, uma edição extraordinária em 1996 comemorativa do Cinquentenário de A.A. no

Brasil que foi celebrado em 1997. Nesta edição – de luxo, foram inseridas doze histórias pessoais de

recuperação de membros brasileiros - homes e mulheres.

O acordo para a publicação do livro previa a tradução dos Prefácios à primeira e segunda edição,

“A opinião do Médico”, os onze capítulos do texto básico, “O pesadelo do Dr. Bob” e os Apêndices (1).

Este conteúdo equivale a aproximadamente 30% do livro original. Os outros 70% são histórias e relatos

das experiências vivenciadas pelos primeiros membros da Irmandade – algumas mantidas e outras

substituídas nas sucessivas edições. Uma coletânea destas histórias publicadas na quarta edição do livro,

em 2001, foi autorizada para ser reproduzida no Brasil e recolhida no livro “Das trevas para a luz” –

Junaab, código 122. A Conferência de Serviços Gerais de 2008 recomendou, e o Comitê de Literatura da

Junaab está realizando, a tradução do livro “Experiência, Força e Esperança” (Experience, Strength &

Hope), que contem 56 histórias pessoais das primeiras três edições do Big Book – 1939, 1955 e 1976 que

não foram reproduzidas na 4ª edição.

O cumprimento correto do acordo para a publicação do Livro Azul no Brasil por parte do órgão criado em

1969 especificamente para responsabilizar por isso, o Centro de Distribuição de Literatura de A.A. -

CLAAB possibilitou que outros acordos de licenças para tradução e publicação da literatura de A.A.

fossem feitos com A.A.W.S. – Serviços Mundiais de A.A. em Nova York.

N.T. (1): Muito importante: Note-se que a autorização não foi dada para o livro “Alcoólicos

Anônimos” integralmente. Como Bill W. faz notar no primeiro parágrafo da página 162

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do livro “A.A. Atinge a Maioridade”: “Ainda não tínhamos avançado muito no texto

do livro, quando ficou evidente que alguma coisa faltava. Deveria ser incluída uma

parte de depoimentos pessoais ou histórias. Teríamos que comprovar, por meio de

histórias verdadeiras, testemunhos escritos de membros da Irmandade. Sentiu-se

também que a parte do relato poderia nos identificar com o leitor distante, de tal

maneira que o texto por si mesmo não poderia...”. Assim, o livro é composto pelo texto

básico, as primeiras 164 páginas do Big Book e mais um número

variável de histórias pessoais (29 na 1ª edição, 38 na 2ª, 42 na

terceira e 43 na 4ª edição) No Brasil, embora tenha havido várias

propostas aprovadas por algumas Conferências recomendando a

coleta e inclusão de histórias de membros de A.A. no Brasil, isto

ainda não chegou a se concretizar como procedimento padrão –

assim, o Livro Azul continua incompleto – somente apresenta o

texto básico sem a comprovação da eficácia do programa no país.

Houve uma única edição especial, em 1996, comemorativa do

Cinquentenário de A.A. no Brasil (à direita) que incorporou doze

histórias pessoais de membros de A.A. – entre homens e mulheres, no Brasil, mas foi

uma exceção.

Em 2014, a Junaab homenageou o 75º aniversário da primeira

publicação, do livro “Alcoólicos Anônimos” produzindo uma

edição especial que reproduz em capa dura a sobrecapa da primeira

impressão em 1939 (à direita). Nesta edição especial, a primeira

parte do seu conteúdo é exatamente o mesmo encontrado na terceira

edição em português, no Brasil, e a segunda parte inclui as 43

histórias pessoais (incluindo a história do Dr. Bob) reproduzidas na

quarta edição do livro “Alcoólicos Anônimos” nos EUA/Canadá.

O fortalecimento da Estrutura de Serviços O atendimento às condições impostas para a concretização do empreendimento para a publicação do

“Livro Azul”, fez com que a Estrutura de Serviços no Brasil decola-se baseada em três itens:

1. Fundação em 29 de setembro de 1969, em São Paulo, do Centro de Distribuição de Literatura

de A.A. para o Brasil – CLAAB, Sociedade Civil de natureza literária, cuja primeira diretoria

foi formada por Donald, Nascimento, César, Vasco Dias, Melinho, Fernando P. e José Ferreira,

consultor jurídico e contábil. Em 1970, sai Fernando P. e entram Eloy T., Cecília (do Rio) e

Ana Maria – primeira servidora não alcoólica.

2. Fundação em 20 de junho de 1971, no Rio de Janeiro, do primeiro Escritório Nacional de Serviços

de A.A. – ENSAA, e sua Diretoria foi formada por Diretoria: Isis N.S., Argentino, Marinho, Wala,

Hélio, Coelho, Fernando, Ribamar, J. Cunha, Lewi e Naziazeno.

3. Realização do Primeiro Conclave Nacional em São Paulo, no carnaval, entre os dias 22 e 25 de

fevereiro de 1974, quando o CLAAB passou a exercer as funções de Escritório de Serviços Gerais,

após o ENSAA do Rio de Janeiro encerrar suas atividades. A diretoria do CLAAB passou a ser

constituída pelos Delegados das 9 Áreas (Estados) que compareceram – SC, SP, RJ, AL, PR, PE,

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PA, CE, e MT. Do Conselho Fiscal do CLAAB fizeram parte dois Conselheiros não alcoólicos: Dr.

José Ferraz Salles (SP) e Reverendo José Ribola (SP).

No início de 1971, o Centro de Distribuição de

Literatura de A.A. para o Brasil (CLAAB) havia

vendido os dois mil exemplares da primeira edição e o

lucro verificado, deduzidas as despesas da sede, foi

investido na produção dos folhetos AA em Sua

Comunidade, Você Deve Procurar o AA? e 44

Perguntas e Respostas, editados no ano anterior. Por

essa razão, liquidado o primeiro empréstimo, um

segundo empréstimo foi contratado para possibilitar a

segunda edição, agora sem quaisquer regras que

regessem o pagamento, cuja liquidação final se deu em

1979.

No Segundo Conclave Nacional, no carnaval de

1975, em São Paulo, elevou-se de 9 para 15 o número

de Delegados. Esses acontecimentos serviram de ponto

de partida para o extraordinário crescimento da

Irmandade; nesse ano existiam no Brasil mais de 500

Grupos.

Em 29 de fevereiro de 1976, durante o Terceiro Conclave Nacional, em São Paulo, reuniram-se os

membros do Conselho Diretor do CLAAB e 29 Delegados representando 16 estados, e criaram a Junta

Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB. O Estatuto dispunha que seriam Órgãos da

JUNAAB, uma Assembleia Geral, uma Diretoria e o CLAAB. Assim, A.A. no Brasil credenciava-se a

enviar dois Delegados para a 4ª Reunião Mundial de Serviços, em Nova York, em outubro desse ano;

foram eles, Donald M. (SP) e Joaquim Inácio (RS).

Os Conclaves e as Convenções de A.A. no Brasil 1965 - A Convenção Pioneira de A.A. no Brasil

Antes da formalização dos Serviços Gerais de A.A. no Brasil através da criação do

CLAAB em 1969, o historiador Luiz M. relata em seu livro “Alcoólicos Anônimos no

Brasil – Datas e fatos anotados”, que “Entre 30 de outubro e 2 de novembro de 1965,

foi realizada no Rio de Janeiro-RJ, a Primeira Convenção Nacional de A.A. com a

presença de companheiros de diversos Estados do norte, nordeste, centro-sul, sul e,

principalmente do Rio. Os eventos foram realizados na sede do Pen Club e no Colégio

Talmud Torah. Dito evento só pode ser realizado pelo apoio de diversos amigos de A.A.,

tais como: Dr. Francisco Laport, Embaixadores Paschoal Carlos Magno, e Dr. Oswald

de Moraes Andrade”.

Embora nessa época não existisse uma estrutura formal de A.A. no Brasil conforme os

procedimentos dos serviços mundiais da A.A., este evento faz parte da história de A.A.

no Brasil e assim o reconheceu a Conferência de Serviços Gerais de 1982, em Fortaleza-

CE, quando a sua plenária aprovou a Recomendação nº 8 apresentada pela Comissão de

Política e Admissões com o seguinte texto:

Anteprojeto do organograma da Estrutura de

Serviços Gerais de A.A. no Brasil e a ideia do

fluxograma da Conferência. (Do acervo

pessoal de Sonia Mª - autorizado)

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8.- Recomenda-se a inserção nos anais históricos da JUNAAB do evento ocorrido em

1965 no Rio de Janeiro, então Estado da Guanabara, que constitui a Convenção

Pioneira de Alcoólicos Anônimos no Brasil.

1974 - I Convenção (I Conclave Nacional), São Paulo, SP.

Realização do Primeiro Conclave Nacional em São Paulo, no carnaval, entre os dias 22

e 25 de fevereiro de 1974, quando o CLAAB passou a exercer as funções de Escritório

de Serviços Gerais, após o ENSAA do Rio de Janeiro encerrar suas atividades. A

diretoria do CLAAB passou a ser constituída pelos Delegados das 9 Áreas (Estados) que

compareceram:

1. Santa Catarina - Álvaro K.

2. São Paulo - Arlindo B.

3. Rio de Janeiro - Dolores M.

4. Alagoas - Geraldo L.

5. Paraná - Chico R. (Sigolf R.)

6. Pernambuco - Luiz A.

7. Pará – Magalhães

8. Ceará - Mário H.

9. Mato Grosso - Eloy T.

Do Conselho Fiscal do CLAAB fizeram parte dois Conselheiros não alcoólicos: Dr. José

Ferraz Salles (SP) e Reverendo José Ribola (SP).

Estavam presentes, além de diversos companheiros, Ana Maria T. e Sônia Lazo,

representantes de Al-Anon e o GSO de Nova York nos enviou, como assessora, Mary

Ellen Wesh.

NOTA: Os nove Delegados passaram a constituir o Conselho Nacional do CLAAB

(Centro de Distribuição de Literatura de AA Para o Brasil) ficando a

presidência desse Conselho com Chico R., de Curitiba-PR, tendo como

Secretário Álvaro K. de Florianópolis-SC. Esse Conselho, então elegeu a

Diretoria Executiva do CLAAB, tendo à frente Donald L. A grande novidade foi

a apresentação do primeiro padre membro de A.A. do Brasil, o saudoso Pe.

João. 28 companheiros assinaram a lista de presença, dos quais 21 já

faleceram (1). Dentre os 28 citados não se tem notícias de nenhuma recaída.

N.T. (1): o transcritor não pode precisar a data deste relato.

1975 - II Convenção (II Conclave Nacional), São Paulo-SP.

Eleva-se de 9 para 15 o número de Delegados . Esses eventos serviram de ponto de

partida para o extraordinário crescimento da Irmandade; nesse ano existiam no Brasil

mais de 500 Grupos. Paralelamente à Convenção havia uma reunião de Serviços, ou

seja, uma reunião preparatória às futuras Conferências.

1976 - III Convenção (III Conclave Nacional), São Paulo-SP.

Em 29 de fevereiro de 1976, durante o Terceiro Conclave Nacional, em São Paulo,

reuniram-se os membros do Conselho Diretor do CLAAB e 29 Delegados representando

16 estados, e criaram a Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB.

O Estatuto dispunha que seriam Órgãos da JUNAAB, uma Assembleia Geral, uma

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Diretoria e o CLAAB. Assim, A.A. no Brasil credenciava-se a enviar dois Delegados

para a 4ª Reunião Mundial de Serviços, em Nova York, em outubro desse ano; foram

eles, Donald M. (SP) e Joaquim Inácio (RS).

Também foi decidido que a I Conferência de Serviços Gerais seria realizada em 1977, em

Recife-PE, juntamente com o IV Conclave de Carnaval.

1977 - IV Convenção (IV Conclave Nacional), Recife-PE.

Nos dias 5, 6 e 7 de abril de 1977, realizou-se em Recife (PE) a Primeira Conferência de

Serviços Gerais – CSG. Entre os dias 07 e 10 foi realizado na mesma Cidade o Quarto

Conclave Nacional de A.A.

Pela primeira vez foram apresentadas temáticas escritas com cópias distribuídas aos

companheiros. Foram palestrantes: Roy P. - Os Doze Passos, Eloy T. - As Doze

Tradições e Donald M. Lazo respondendo perguntas e tirando dúvidas. Durante a

Conferência, agora já com o seu corpo de Delegados em número de 40, representando 20

Áreas, ficou decidido que o V Conclave teria lugar em Belo Horizonte-MG, juntamente

com a II Conferência de Serviços Gerais e, em virtude do trânsito nas estradas na ocasião

do Carnaval, foi a data transferida para a Semana Santa. A reprodução dos trabalhos

apresentados foi feita por companheiros de Cuiabá-MT, sem ônus para a Convenção.

1978 - V Convenção (V Conclave), Belo Horizonte-MG.

Contamos com a presença de Dr. Jack Norris, então presidente da Junta de Serviços

Gerais dos EUA/Canadá e sua esposa (ambos falecidos). Mato Grosso, em vésperas de

ser dividido, levou um Delegado do Norte (Eloy T.) e outro do Sul (Mário), sob a mesma

bandeira do Mato Grosso uno. Durante a Segunda Conferência de Serviços Gerais, Eloy

T., Delegado do MT, foi eleito como substituto de Donald M. como Delegado à Reunião

de Serviço Mundial (RSM). Decidiu-se mudar o nome de Conclave para Convenção

Nacional de A.A., e que as Convenções seriam realizadas a cada dois anos, em anos

pares, sendo a próxima, a Sexta, em 1980 em Porto Alegre, e as Conferências seriam

anuais - nos anos impares seriam realizadas em São Paulo e nos anos pares na Cidade

escolhida para a Convenção.

1980 - VI Convenção (VI Conclave) Porto Alegre-RS.

Foi um ótimo encontro realizado no Plenário da Assembleia Legislativa do Rio Grande

do Sul. Foi escolhido o Roy P. para substituir o Joaquim Inácio à RSM – Reunião de

Serviço Mundial. Foi escolhida Fortaleza, Ceará como a sede da VII Convenção.

1982 - VII Convenção, Fortaleza-CE.

Destacamos nessa Convenção, em primeiro lugar a presença de David Puerta da

Colômbia e George Ifrán do Uruguai, ambos Delegados à RSM por seus países, como

convidados. Destacamos mais, a presença pessoal do Sr. Prefeito Municipal nas reuniões

de abertura e encerramento da Convenção. A Convenção, outrossim, editou dois livros a

saber:

a) Serviço, O Coração de A. A., um Relatório dos Delegados à 6ª RSM.

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b) Serviço - Responsabilidade de Todos, contendo todas as temáticas apresentadas na

Convenção.

Por outro lado, em face de grande divulgação e à colocação do evento na agenda do Sr.

Prefeito Municipal, a Convenção passou a ser, daí por diante a maior arma de atração da

Irmandade.

1984 - VIII Convenção, Blumenau-SC.

Grandes enchentes, com o extravasamento das águas do Rio Itajaí, ocorrido nas vésperas

do evento, impediu que a VIII Convenção tivesse o brilho esperado. Todavia o número

de companheiros presentes manteve-se em elevação.

1986 - IX Convenção, João Pessoa-PB.

A Convenção continua a atrair a presença de elevado número de companheiros e, pela

primeira vez tivemos Conferência, Convenção e temáticas todas concentradas na

monumental Praça da Cultura.

N.T.: O propósito de realizar as Convenções a cada dois anos preconizado na V

Convenção, em Belo Horizonte em 1978, foi respeitado até aqui. A adaptação a

outras circunstâncias foi ditando as datas seguintes. Já o calendário da

Conferência tem sido respeitado rigorosamente. No decorrer da Semana Santa

deste ano (2013), estará acontecendo em Serra Negra, SP, a 37ª Conferência de

Serviços Gerais de A.A. no Brasil.

1987 - Festa dos 40 Anos de A.A. no Brasil.

A descoberta de uma ata de um Grupo dos primeiros tempos que teve o nome de Rio de

Janeiro permitiu que se esclarecesse a data correta do início de AA no Brasil. Nela estava

registrado: “Nossa próxima Reunião (cinco de Setembro de 1950), coincidirá com o

terceiro Aniversário da chegada de AA ao Brasil”. Isto motivou a organização de uma

comemoração no intervalo das Convenções de João Pessoa (IX) e Curitiba (X). Foi

organizada no Rio de Janeiro em um dia com Reuniões diversas em Unidades da

Marinha de Guerra (com prestimosa ajuda do então Capitão de Mar e Guerra, Dr. Laís

Marques da Silva que veio a ser nosso Custódio não Alcoólico e 2º. Presidente de

JUNAAB). A coleta de fundos foi feita com a edição de um folheto: “Não me diga que

não sou alcoólico”, originário de Cleveland numa época em que se permitiam edição de

folhetos fora do CLAAB. Os fundos permitiram pagar a ocupação do Maracanãzinho

para a Reunião de Encerramento. Durante o evento foi lançada a 1ª. Edição do Manual de

Serviços.

1988 - X Convenção, Curitiba-PR.

A Convenção atinge o seu clímax. Local favorável na Universidade Federal do Paraná e a

presença destacada da classe médica. Um marco muito importante na divulgação de A.A.

1990 - XI Convenção, Belém-PA.

O Norte e o Nordeste brasileiros disseram presente à Convenção e diversas caravanas

partiram das regiões Sul e Sudeste, assegurando um sucesso de público, atraído também

pela curiosidade turística da região.

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1992 - XII Convenção, Brasília-DF.

Situada a cidade no coração do país, torna-se o ponto mais equidistante de todo o

território facilitando a locomoção, também em razão de ônibus de carreira ancorar

naquela cidade vindos de todos os recantos da pátria.

1994 - XIII Convenção, Terezina-PI.

Nenhuma novidade anotada, salvo o grande interesse despertado, trazendo um público de

3.000 companheiros, aproximadamente.

1997 - XIV Convenção, Rio de Janeiro-RJ (1).

Aproveitou-se para comemorar os 50 anos de AA no Brasil. Como sempre, a cidade

maravilhosa apresentou um trabalho de intensa divulgação, com apoio da média e com a

disponibilidade de espaços adequados ao evento – o Maracanãzinho e o Rio Centro.

Conta-se que 15.000 pessoas estiveram presentes.

N.T. (1): Por ocasião deste evento, a revista Veja, na sua edição

1497 de 28 de maio de 1997, dedicou sua capa ao

tema do alcoolismo com o título “Da cervejinha ao

alcoolismo” e subtítulo “Um mergulho no mundo da

dependência”. Nas paginas 62 a 76 uma brilhante

reportagem, “A crua realidade do alcoolismo” - da

excelente jornalista e documentarista nascida na

Croácia, Dorrit Harrazim - fala com muita

propriedade de Alcoólicos Anônimos, dos 50 anos da

Irmandade no Brasil e do evento comemorativo que

estava sendo celebrado no Rio de Janeiro, com tal

sensibilidade e conhecimento que não deixa absolutamente nada a dever ao

artigo que Jack Alexander escreveu a respeito de Alcoólicos Anônimos na

revista americana The Saturday Evening Post publicado nos EUA em 1º de

março de 1941.

Você pode acessar a revista, ler e imprimir o artigo de capa no sítio:

http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx

Veja: “O artigo de Jack Alexander sobre Alcoólicos Anônimos” – Junaab, código 228

Também poderá ler o artigo de Jack Alexander em:

http://www.alcoolicosanonimos.org.br/component/content/article/45-front-page/158-aa-por-jack-

alexander.html

2000 - XV Convenção, Salvador-BA.

5º. Centenário do Descobrimento do Brasil. A Bahia estava em festa e o AA aproveitou a

oportunidade para incorporar-se às comemorações obtendo um resultado enorme quer

quanto a público, quer pela excelência das apresentações no moderno Centro de

Convenções de Salvador.

2003 - XVI Convenção, São Paulo-SP.

Aconteceu na Assembleia Legislativa e no Ginásio do Ibirapuera. 4.500 inscrições foram

vendidas estimando-se uma presença de mais ou menos 5.000 companheiros.

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2007 - XVII Convenção, Manaus-AM.

Mesmo considerando a distância e a inexistência de transportes além do fluvial e do

aéreo (com alto custo). A Convenção foi realizada com sucesso com cerca de 4.000

presenças.

2012 - XVIII Convenção, Cuiabá-MT.

Foi realizada sob grande expectativa, pela curiosidade do Brasil sobre o decantado

progresso da região, líder absoluto na produção de soja e algodão, tendo os números da

produção agrícola do Estado ultrapassado o Estado de São Paulo. O espaço físico

invejável, com um Centro de Convenções moderno e acolhedor, a atração da culinária

local, faz da capital mato-grossense, um atrativo todo especial. A presença no evento

atingiu 6.000 participantes.

2016 - XIX Convenção, Maceió-AL.

Nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2016, a Área 19 – Alagoas,

realizou em Maceió no Centro de Convenções, a XIX Convenção

Nacional de Alcoólicos Anônimos com participação dos Grupos

Familiares Al-Anon.

Foram quatro anos de intensa preparação, utilizando todos os

meios internos de comunicação da Irmandade, para levar a cada

Grupo, a cada companheiro, todas as informações sobre o evento,

estimulando a presença do maior número de pessoas.

Durante a semana da Convenção, equipes de recepção, tanto no aeroporto Zumbi dos

Palmares como no Terminal Rodoviário João Paulo II, acolhiam cerca de 6.500

companheiros e suas famílias. Enquanto isso, a divulgação da mensagem era propaganda

em todas as emissoras de rádio e TV locais.

2020 - XX Convenção, Belo Horizonte-MG

Está agendada para 2020, em Belo Horizonte/MG. Nesse evento,

encontraremos amigos de longa data e faremos novas amizades;

participaremos de reuniões que darão ênfase aos nossos

Princípios, fortalecendo assim os laços que nos unem. Após o

encontro, partiremos com a certeza de que nunca mais estaremos

sozinhos na busca diária da sobriedade.

Nós, os AAs de Minas Gerais, estamos trabalhando para que

você jamais esqueça os momentos que aqui serão vividos. Dedicação, carinho e amor não

faltarão no nosso trabalho. Lembramos que a Convenção é nacional; sem a sua

participação, nada faremos. O encontro é em 2020, porém os trabalhos já começaram.

Informe-se, faça a sua inscrição, convide mais um membro, seus familiares e os amigos

de A.A., organize sua caravana e venham participar. Estaremos aqui esperando pela sua

chegada e, juntos, veremos que na nossa caminhada sempre existirá um belo horizonte.

Fontes usadas pelo transcritor para as Convenções no Brasil:

http://www.alcoolicosanonimos.org.br/convencao2012/index.php?option=com_contentview

=article&id=109&Itemid=202

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As Origens de Alcóolicos Anônimos no Brasil de Luiz M., do Rio de Janeiro.

A Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil JUNAAB Em 29 de fevereiro de 1976, durante o Terceiro Conclave Nacional, em São Paulo, reuniram-se os

membros do Conselho Diretor do CLAAB e 29 Delegados representando 16 Estados, e criaram a Junta

Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB.

A JUNAAB, ou seja, Junta de Serviços Gerais de A.A. no Brasil, é uma Sociedade Civil sem fins

lucrativos, cujo propósito primordial é o de promover a unidade e a continuidade da Irmandade de

Alcoólicos Anônimos no Brasil, sendo apenas um órgão de Prestação de Serviços, tendo como principais

objetivos:

a) A prestação de serviços gerais de A.A. no plano nacional;

b) Ser a guardiã dos Doze Passos e das Doze Tradições de A.A.

c) Credenciar-se a enviar dois Delegados para a 4ª Reunião de Serviço Mundial, em Nova

York, em outubro desse ano (e nas RSMs seguintes). Nesse ano - 1976, os Delegados

escolhidos foram Donald M. (SP) e Joaquim Inácio (RS).

O Estatuto dispunha que seriam Órgãos da JUNAAB:

1.- Uma Assembleia Geral, composta pelos Delegados Estaduais, denominados “Membros da

Junta”, com mandato de dois anos, que se reúnem anualmente por ocasião da Conferência

de Serviços Gerais de A.A.

2.- Uma Diretoria escolhida pela Assembleia Geral dentre os Delegados Estaduais, que

exercerão os cargos de Presidente, Vice-Presidente, Primeiro e Segundo Secretário, cujo

mandato é de 1 (um) ano. Estes Diretores presidirão as Assembleias da JUNAAB e a

representarão nos intervalos das reuniões anuais.

3.- O CLAAB, ou seja, Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil é o

órgão executor dos serviços gerais de A.A. no plano nacional, funcionando como

Escritório de Serviços Gerais e como órgão executivo da JUNAAB no Brasil, da qual é

subordinado. O CLAAB tem a mais ampla autonomia administrativa, regendo-se por seus

Estatutos, sendo a sua subordinação a JUNAAB regulada pelos seus Estatutos, e pelos da

Junta. Ao CLAAB compete:

a) Publicar e distribuir em todo o território nacional, devidamente traduzida para o

português, a literatura aprovada pela Conferência de Serviços Gerais de A.A.,

conforme autorização de “Alcoholics Anonymous World Services, Inc. (AAWS)”,

proprietária dos direitos autorais;

b) Resguardar os direitos autorais de AAWS em todo o território nacional;

c) Promover quaisquer atividades que tenham por objetivo a unidade e a continuidade

da Irmandade de A.A. no Brasil;

d) Promover, enfim, a mais ampla divulgação do programa de A.A. para a recuperação

de alcoólicos, estabelecendo e mantendo sólidas atividades de relações públicas no

trato com a imprensa escrita, falada e televisada e outros meios de comunicação,

bem como com as autoridades constituídas e qualquer órgão interessado no

problema do alcoolismo, sem, todavia, se filiar a nenhum deles.

Os órgãos do CLAAB, na esfera administrativa são:

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1.- Diretoria - composta do Presidente, Vice-Presidente, 1º e 2º Secretários, 1º e 2º Tesoureiros

e um Diretor de Relações Públicas. O Presidente, 1º Secretário e 1º Tesoureiro são eleitos

pela Assembleia Geral Ordinária da Junta. Os Diretores podem ser membros de A.A. ou

não, sendo que os primeiros devem ter no mínimo dois anos de sobriedade. O mandato dos

Diretores é de 3 anos e eles participam das Assembleias Gerais da Junta, sem direito a voto,

mas podem tornar parte nos debates;

2.- Conselho Fiscal – composto de 5 membros efetivos e 3 suplentes, membros ou não de

A.A., nomeados pela Junta.

A inclusão e participação na Reunião de Serviço Mundial A Ata de Constituição da Conferência de Serviços Gerais, redigida no começo dos anos de 1950 por

Bill W. e por Bernard Smith – Custódio não alcoólico e Presidente da Junta de Serviços Gerais, adotada

em 1955, propunha que a Conferência dos EUA/Canadá deveria eventualmente ter “seções” em países

estrangeiros. Entretanto, cada país foi desenvolvendo sua própria estrutura autônoma de serviço. A

maioria, em maior ou menos grau, se remeteu ao modelo dos EUA/Canadá, mas todas elas independentes.

Foi sob esta influência que a meados de 1960, Bill W. começou a pensar numa reunião mundial de

serviços. Em outubro de 1967 enviou um memorando ao Escritório de Serviços Gerais – ESG, com o

seguinte teor: “Sugiro que o ESG realize uma pesquisa direcionada a todas as áreas de maior população

de A.A. no mundo todo, perguntando se gostariam de participar de uma reunião de serviço mundial, a

título experimental, a realizar-se em Nova York em 1969”.

A Junta autorizou o projeto e no dia 15 de novembro de 1967 foram enviadas cartas-convite aos

representantes de Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia, França, Bélgica, Alemanha, Finlândia, América

Central (Costa Rica, Honduras, Guatemala, El Salvador, Panamá, Nicarágua), América do Sul, México,

Noruega, África do Sul e Holanda.

O projeto foi aprovado pelos países interessados e pela Conferência de Serviços Gerais de 1968 dos

EUA/Canadá.

Assim, foi criada Reunião de Serviço Mundial – RSM e iniciada em 1969. Realiza-se a cada dois

anos alternando uma reunião em Nova York - cidade sede do Serviço Mundial – outra reunião em qualquer

outra cidade do mundo onde exista estrutura de serviços de A.A. escolhida por consenso dentre os países

participantes.

A RSM congrega Delegados de todos os países do mundo que tenham uma estrutura organizada de

Serviço capaz de legitimar a sua representação como oriunda da “consciência coletiva” dos Grupos de

cada nação.

A RSM tem por objetivo principal unir A.A de todo o mundo e levar a mensagem a todos os

recantos do planeta. O evento se processa através dos seguintes Comitês: Agenda, Comitê de

Política/Admissões/Finanças, Literatura e Publicações, Trabalhando com os Outros, Instituições

Correcionais, de Informação, de Instituições de Tratamento e de Assuntos Novos.

A primeira Reunião de Serviços Mundiais foi celebrada Em Nova York entre os dias 9 e 11 de outubro de

1969 com a participação de 27 Delegados de 16 países. A.A. no Brasil juntou-se a esta Reunião na 4ª

RSM, em 1976 tendo como Delegados, Donald M. e Joaquim Inácio – desde então tem participação ativa

até a atualidade.

Foram realizadas as seguintes Reuniões de Serviço Mundial:

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Reunião de Serviço Mundial

Nº Ano Cidade - País Nº Ano Cidade - Pais

1ª 1969 Nova York - EUA 14ª 1996 Nova York - EUA

2ª 1972 Nova York - EUA 15ª 1998 Auckland - Nova Zelândia

3ª 1974 Londres - Inglaterra 16ª 2000 Nova York - EUA

4ª 1976 Nova York - EUA 17ª 2002 Oviedo - Espanha

5ª 1978 Helsinki - Finlândia 18ª 2004 Nova York - EUA

6ª 1980 Nova York - EUA 19ª 2006 Dublin - Irlanda

7ª 1982 San Juan del Rio - México 20ª 2008 Nova York - EUA

8ª 1984 Nova York - EUA 21ª 2010 Ciudad de México - México

9ª 1986 Ciudad de Guatemala - Guatemala 22ª 2012 Nova York - EUA

10ª 1988 Nova York - EUA 23ª 2014 Varsóvia - Polônia

11ª 1990 Múnich - Alemanha 24ª 2016 Nova York - EUA

12ª 1992 Nova York - EUA 25ª 2018 Durban – África do Sul

13ª 1994 Cartagena - Colômbia

Você pode ver o relatório destas reuniões e seus comitês em:

http://redelaweb.org/rsm/historiarsm.html

Reunião de Serviço Mundial Regional A origem destas reuniões remonta ao ano 1978 quando o Comitê de Política, Admissões e Finanças

da 3ª Reunião de Serviço Mundial realizada em Londres, Inglaterra, recomendou “... que se começa-se a

explorar a possibilidade de reorganizar as Reuniões de Serviço Mundial, para procurar que fossem

efetuadas assembleias regionais de serviço; as regiões seriam formadas de acordo com suas

particularidades linguísticas ou, não sendo possível, por limites geográficos. Todos os países inseridos

nessas regiões participariam dessas assembleias para considerar assuntos de seus interesses e estimular a

evolução da consciência de grupo...”.

Estas reuniões seriam realizadas a cada dois anos, em anos ímpares, alternando com as Reuniões de

Serviço Mundial que se celebram nos anos pares.

Pela ordem cronológica, são as seguintes:

1) REDELA – Reunião das Américas => Celebrou sua primeira Reunião em 1979.

2) Reunião de Serviço Europeia (ESM - European Service Meeting)=> Celebrou sua primeira

Reunião em 1981.

3) Reunião de Serviço Ásia-Oceania (AOSM-Asia/Oceania Service Meeting) => Celebrou sua

primeira Reunião em 1997.

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4) Reunião de Serviço do Leste Europeu => A primeira Reunião celebrou-se em Varsóvia, Polónia,

em 2002.

5) Reunião de Serviço Subsaariana (SSASM- Sub-Saharian Africa Service Meeting) => A

primeira Reunião foi celebrada em Johannesburgo, África do Sul, em 2003.

6) Reunião de Serviço da África Central e Ocidental (WCASMRACO-West Central Africa Service

Meeting)=> A primeira Reunião foi em Paris, em 2007.

N.T.: Para saber mais a respeito destas seis Reuniões, veja em Material de Serviço em:

http://www.aa.org/lang/sp/sp_pdfs/smf-165_sp.pdf

REDELA (Reunião das Américas) Estas Reuniões iniciaram-se em 1979, sendo que a primeira aconteceu em Bogotá, Colômbia. Até a 9ª

Reunião no Uruguai, denominava-se Encontro Ibero-americano, porque, além dos países da América,

incluía também Portugal e España, mas após a reestruturação das diferentes regiões de serviço, estes países

juntaram-se à Reunião de Serviço Europeia. A partir da 10ª Reunião, passou a se denominar REDELA

(Reunión de las Américas).

A REDELA é integrada pelos seguintes países: Estados Unidos/Canadá, México, Cuba, Guatemala,

El Salvador, Nicarágua, Honduras, Costa Rica, Panamá, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia,

Chile, Brasil, República Dominicana, Paraguai, Uruguai y Argentina.

Foram realizadas as seguintes Reuniões de Serviço Mundial Regional (da Américas):

Reunião de Serviço Mundial Regional

Encontro Ibero-americano REDELA - Reunião das Américas

Nº Ano Cidade - Pais Nº Ano Cidade - Pais

1º 1979 Bogotá - Colômbia 10ª 1997 Guadalajara - México

2º 1981 Argentina 11ª 1999 San Salvador - El Salvador

3º 1983 Brasil 12ª 2001 Cartagena de Índias - Colômbia

4º 1985 Uruguai 13ª 2003 Maracaibo - Venezuela

5º 1987 El Salvador 14ª 2005 Puerto Plata – Rep. Dominicana

6º 1989 México 15ª 2007 Cidade de São Paulo - Brasil

7º 1991 Argentina 16ª 2009 Arequipa - Perú

8º 1993 Brasil 17ª 2011 San Salvador - El Salvador

9º 1995 Punta del Este - Uruguai 18ª 2013 Salinas - Ecuador

19ª 2015 Ciudad de México - México

20ª 2017 San José – Costa Rica

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Os países integrantes de cada região elegem um Escritório Central para Informação; o Escritório da

REDELA fica no Escritório de Serviços Gerais de A.A. no México: Central Mexicana de Servicios

Generales de Alcohólicos Anónimos, A.C.

Calle Huatabampo No. 18, Col Roma Sur, México, D.F. 06760; Apartado Postal 2970 Tels.: 5264-

2588, 5264-2406, 5264-2466 fax: 5264-2166.

Página electrónica: www.aamexico.org.mx

Correio eletrônico: [email protected]

Para saber mais sobre a história e o funcionamento da REDELA, veja:

http://redelaweb.org/historia/guia.html

A Conferência de Serviços Gerais de A.A. no Brasil – CSG

A origem da Conferência nos EUA/Canadá: Em 1945 começou a ficar evidente que a responsabilidade e autoridade final pelo serviço dos cofundadores

– Bill W. e o Dr. Bob, nunca deveriam ser entregues totalmente à Junta de Custódios de Fundação do

Alcoólico – embora tivesse que ser dada aos Custódios grande parte da responsabilidade ativa e imediata;

mas a responsabilidade final compartilhada pelo Dr. Bob e Bill W., simplesmente não poderia ser

transferida a uma Junta autonomeada e relativamente desconhecida pela totalidade de A.A. Então, onde se

poderia abrigar a responsabilidade final pelo serviço mundial? E, o que iria acontecer quando Bill W. e o

Dr. Bob morressem?

Entre 1947 e 1948, Bill W. começou a pensar sobre o futuro de A.A., e aproximou-se do Dr. Bob

através de uma carta, apresentando-lhe as seguintes sugestões: 1) que fosse concedido aos Grupos pleno

controle sobre seus assuntos e 2) que os Grupos fossem vinculados aos Custódios e ao escritório central,

através daquilo que ele chamou de Conferência de Serviços Gerais.

A Junta de Custódios aceitou a criação da Conferência de forma experimental pelos próximos

quatro anos. Aceitou também a dissolução da Fundação do Alcoólico – expressão que sugeria obras

beneficentes, paternalismo, talvez grandes capitais, criando uma Junta provisória que em 1954 iria se

transformar na Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

Assim, em 25 de abril 1951, aconteceu a Primeira Conferencia de Serviços Gerais de A.A.

Coordenada pelo presidente da Fundação do Alcoólico desde 1944, Bernard Smith - não alcoólico, único

Custódio a apoiar a criação dessa Conferência desde o surgimento da ideia, foi realizada no Hotel

Commodore de Nova York; foi a primeira vez que a consciência coletiva dos grupos contida na Segunda

Tradição pode ser demonstrada em sua verdadeira amplitude.

No Brasil A partir do Quarto Conclave Nacional de A.A., realizado em Recife-PE, no início de Abril de 1977, a

reunião da JUNAAB e do CLAAB junto com os Delegados Estaduais, recebeu o nome de Conferência de

Serviços Gerais de A.A. no Brasil, os quais se reúnem para resolverem diversos assuntos pertinentes a

A.A. do Brasil, surgidos durante o ano.

Com a experiência trazida pelos Delegados Nacionais que participaram da 4ª Reunião de Serviço

Mundial, realizada em Nova York, a Conferência de Serviços Gerais em Recife, distribuiu os Delegados

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Estaduais e os membros da Diretoria do CLAAB, separadamente, em quatro Comissões de Trabalho.

Foram elas e suas atribuições:

1) Comissão de Agenda:

Avaliação dos questionários para escolha da próxima sede do Conclave e da Conferência;

Problemas de Grupos;

Intergrupais ou Escritórios Centrais;

Conhecimento, preparação e distribuição de assuntos para debate na Conferência.

2) Comissão de Literatura e Publicações:

Programar novas publicações;

Boletim Informativo do Escritório de Serviços Gerais (CLAAB);

Revista Brasileira de A.A.;

Verificar problemas de direitos autorais de publicações e edições clandestinas.

3) Comissão de Finanças:

Apreciação das contas do CLAAB;

Vendas de literatura;

Campanhas financeiras.

4) Comissão de Política e Admissões:

Membros Custódios;

Membros não alcoólicos;

Problemas sobre reconhecimento e/ou participação;

Direitos e deveres dos RSGs e dos Delegados Estaduais;

Revisão estatutária.

Constituição atual da Conferência de Serviços Gerais de A.A.

no Brasil Baseado na edição 2014/2015 do Manual de Serviço – Junaab, código 108

Membros da Conferência

Participam da Conferência, com direito a voz e voto, um Delegado de cada Área, a Junta de

Custódios (em número de 14 membros, sendo 4 Custódios Classe A – não alcoólicos, e 10 Custódios

Classe B, alcoólicos) e a Diretoria Executiva da Junaab. O Gerente Administrativo do ESG e

Coordenadores dos Comitês de Assessoramento da Junta de Custódios participam das Comissões e nelas

têm direito a voz e voto. Podem, também, participar da Conferência, servidores de A.A. convidados de

outros países como observadores.

Comissões da Conferência

Atualmente, no Brasil, as Comissões da Conferência são seis e cada Comissão trata de assuntos

específicos e a maioria delas corresponde aos Comitês de Assessoramento da Junta de Custódios. São

elas:

1.- Comissão de Agenda e Sede: Para funcionar com eficiência, deve trabalhar com base nas

informações recebidas do Comitê de Assuntos da Conferência (CAC) da Junaab. Esta

comissão deverá também analisar as propostas das Áreas para sediar a Convenção Nacional,

levando em conta a infraestrutura oferecida.

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2.- Comissão de Literatura e Publicações: Tem por objetivo apresentar ao Plenário da

Conferência sugestões para recomendações de publicações de novos títulos e atualizações dos

editados, bem como cuidar do cumprimento, pelo Comitê correspondente da Junaab, das

recomendações da conferência anterior.

3.- Comissão de Finanças: É sua responsabilidade, em conjunto com o diretor financeiro e o

Comitê de Finanças da Junaab, prover meios para a manutenção da Irmandade. É dela também

a responsabilidade pelo exame das contas da Junaab e demais órgãos de serviço na reunião da

Conferência. Nesta Comissão, o dinheiro, oriundo da Sétima Tradição e da venda de literatura,

reveste-se em espiritualidade, medindo exatamente o desenvolvimento e crescimento de nós

mesmos e dos novos serviços, providenciando para que os órgãos da Sede tenham recursos

suficientes para se manterem estáveis a qualquer tempo. Os servidores desta Comissão

precisam ser firmes, práticos e com bastante experiência financeira, pois cabe a eles planejar e

calcular a renda e gastos de cada exercício. Além disso, a Comissão de Finanças apresenta

sugestões à conferência para administração das finanças de A. A. em todos os níveis.

4.- Comissão de Normas de Procedimentos: Preocupa-se sempre com os assuntos que estão

despertando interesse geral dentro da Irmandade, mas que não se enquadram claramente nas

atribuições de nenhuma outra Comissão. Todas as alterações no funcionamento de A.A. em

geral, bem como todos os procedimentos que afetem seu desenvolvimento, terão que passar

primeiramente pelo seu crivo, inclusive os assuntos relacionados ao Manual de Serviço de A.A.

Esta Comissão pode propor a ampliação do número de Comissões da Conferência.

5.- Comissão Trabalhando com os Outros: Trata dos assuntos diretamente ligados à Quinta

Tradição, engloba estudos, planificação e avaliação dos trabalhos do respectivo Comitê da

Junaab.

6.- Comissão de Nomeações: Encarrega-se de analisar e emitir parecer sobre os currículos dos

candidatos a Custódio e membros do Conselho Fiscal da Junaab. Após análise, os currículos

dos candidatos a Custódio são encaminhados para a Junta de Custódios, e dos candidatos a

membros do Conselho Fiscal para a Conferência. Analisa, também, a documentação exigida

para formação de novas Áreas, para ser encaminhada à plenária da Conferência.

7.- Manual de Serviço: Trata dos assuntos e análise das recomendações pertinentes ao Manual de

Serviço e Guias para Escritórios de Serviços Locais de A.A., para revisões e edições periódicas

dos mesmos.

Comissões Especiais: Eventualmente nomeadas pela Conferência, estas Comissões podem ser

compostas por Delegados ou não, para projetos ou execução de tarefas específicas, como por

exemplo, a revisão de Estatutos e para a organização da Convenção Nacional. Os

coordenadores ou relatores destas Comissões, não Delegados, têm assento na Conferência e

participam exclusivamente dos debates pertinentes. Terminadas as tarefas, estas Comissões

automaticamente se dissolvem.

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Locais, datas e temas das Conferências no Brasil

Nº Ano Data Local Tema

1ª 1977 5-6 Abr. Recife-PE

2ª 1978 20-21 Mar. Belo Horizonte-MG

3ª 1979 Abr. São Paulo-SP

4ª 1980 Mar. Porto Alegre-RS

5ª 1981 16-18 Abr. São Paulo-SP

6ª 1982 5-7 Abr. Fortaleza-CE

7ª 1983 30 Mar.

a 1º Abr. São Paulo-SP

8ª 1984 16-18 Abr. Blumenau-SC

9ª 1985 1-4 Abr. São Paulo-SP

10ª 1986 24-26 Mar. João Pessoa-PB

11ª 1987 16-18 Abr. São Paulo-SP

12ª 1988 27-28 Mar. Curitiba-PR

13ª 1989 22-24 Mar. Santos-SP Cooperação sem Afiliação

14ª 1990 8-12 Abr. Belém-PA A Mulher e o Terceiro Legado

15ª 1991 25-28 Mar. Santos-SP A Conferência Toma seu Inventário

16ª 1992 13-16 Abr. Brasília-DF O Grupo - Mudança na Matriz

17ª 1993 6-9 Abr. Santos-SP Vivenciando a Literatura e Reformando a

Matriz

18ª 1994 27-31 Mar. Teresina-PI Serviço, Privilégio de Cada Um

19ª 1995 12-16 Abr. Santos-SP A Literatura de A.A. e os Três Legados

20ª 1996 2-7 Abr. Santos-SP Autonomia de Grupo à Luz da Quarta Tradição

21ª 1997 23-26 Mar. Santos-SP O A.A. Brasileiro Faz seu Inventário

22ª 1998 8-11 Abr. Santos-SP Trabalhando Com os Outros, Dádiva de

Gratidão

23ª 1999 31 Mar.

a 3 Abr. São Paulo-SP Liderança à Luz da Segunda Tradição

24ª 2000 19-22 Abr. São Paulo-SP Na Unidade Planejamos o Futuro de A.A.

25ª 2001 10-14 Abr. São Paulo-SP Autossuficiência à Luz da Sétima Tradição

26ª 2002 26-30 Mar. São Paulo-SP Rumo ao Novo Milênio com Amor e Ação

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27ª 2003 13-17 Abr. São Paulo-SP Cooperação sem Afiliação à Luz da Sexta

Tradição

28ª 2004 6-10 Abr. São Paulo-SP Atração em vez da Promoção

29ª 2005 22-26 Mar. São Paulo-SP Sobriedade ao Alcance de Todos: Objetivo

Único de Nossos Serviços

30ª 2006 10-15 Abr. São Paulo-SP 30 Anos de recuperação, Unidade e Serviço

31ª 2007 2-7 Abr. São Paulo-SP Os Princípios Acima das Personalidades

32ª 2008 17-22 Abr. São Paulo-SP Rotatividade no Serviço, Chave para o Nosso

Futuro

33ª 2009 6-11 Abr. Serra Negra-SP Política Financeira de A.A.: Pobreza Coletiva

34ª 2010 29 Mar.

a 3 Abr. Serra Negra-SP

Comunicação: Base Fundamental de Um Bom

Serviço

35ª 2011 18-23 Abr. Serra Negra-SP Liderança em A.A., Sempre Uma Necessidade

Vital

36ª 2012 2-7 Abr. Serra Negra-SP A.A., Um Caminho sem Fronteiras, Uma

Mensagem Universal

37ª 2013 25-29 Abr. Serra Negra-SP Responsabilidade de Todos na Recuperação,

Unidade e Serviço

38ª 2014 14-19 Abr. Serra Negra-SP Apadrinhamento à Luz dos Três Legados

39ª 2015 30 Mar.

a 4 Abr. Serra Negra-SP Refletindo a Nova Estrutura de A.A. no Brasil

40ª 2016 14-18 Mar. São Paulo-SP Os Serviços em A.A. sob a Luz dos Doze

Conceitos

41ª 2017 23-28 Abr. Nazaré Paulista-SP O Bom Exemplo em A.A.: Uma Visão Para o

Futuro

Desmembramento CLAAB/ESG

A Comissão de Política e Admissões da IV Conferência de Serviços Gerais realizada em Porto

Alegre em 1980 recomendou o desmembramento Administrativo Financeiro e Físico do CLAAB/ESG,

ficando o CLAAB apenas como distribuidor de literatura de A.A. para o Brasil, enquanto o ESG assumiria

de fato os Serviços Gerais (Executivo) de A.A. em nível nacional, como segue: “Recomenda-se que a

Diretoria da JUNAAB assuma totalmente as suas funções de Órgão Executivo da Conferência e de toda

a estrutura de A.A. existente e, como tal, passe a responder pelo destino do ESG, traçando as normas

práticas para o seu funcionamento e desvinculação do CLAAB, prestando contas na próxima

Conferência do resultado de sua experiência”.

Em 07 de novembro de 1981 foi inaugurada a nova sede do ESG, que se desmembrou do CLAAB,

constituindo Estatuto próprio, com registro no Terceiro Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas de

São Paulo, sob nº 27.091, em 02/10/1981, com a denominação de "Os Estatutos de Alcoólicos Anônimos

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do Brasil Escritório de Serviços Gerais S/C. AABESG", que funcionou à Rua Itaipu, 31, Praça da Árvore,

Vila Mirandópolis, São Paulo - SP.

A Junta de Custódios

Durante a 6ª Conferência de Serviços Gerais, realizada em Fortaleza em 1982, foi aprovado o

Estatuto da JUNAAB e nele constou, pela primeira vez, legalmente instituída, a Junta de Custódios. No

ano seguinte, 1983, na 7ª Conferência, realizada em São Paulo, foram eleitos nossos primeiros Custódios,

em número de nove, sendo três não alcoólicos e seis membros da Irmandade, cuja posse se deu na 8ª

Conferência, em Blumenau – SC, em 1984.

A primeira composição da Junta de Custódios:

Dr. José Nicoliello Viotti, Presidente da Junta de Custódios, Custódio Classe A;

Dr. Jurandir Barcelos da Silva - 1º Vice-presidente, Custódio classe A (1);

General Olympio de Sá Tavares - 1º Vice-presidente, Custódio classe A (1);

Jefferson Baptista de Carvalho - 2º Vice-presidente, Custódio classe B;

Professor Joaquim Luglio - 1º Tesoureiro, Custódio Classe A;

Adauto de Almeida Machado - 2º Tesoureiro, Custódio Classe B;

Waldir Ferreira Gonçalves - Secretário Geral, Custódio Classe B;

José Washington Chaves 2º Secretário, Custódio Classe B;

Custódios Adjuntos - os companheiros Lúcio Antônio Pinto, Eduardo Guimarães, Custódios Classe

B.

N.T. (1): Na seleção para Custódio Classe A – não alcoólico, tinha sido escolhido o Dr. Jurandir

Barcelos da Silva para ocupar a vaga de 1º Vice-presidente, o qual veio a falecer antes da

sua posse. Para ocupar o seu lugar, foi escolhido e empossado na reunião da Junta

realizada em São Paulo-SP, no dia 8 de julho de 1984, o General Olympio de Sá Tavares.

A Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil -

JUNAAB Nesta 8ª Conferência de Serviços Gerais, em Blumenau, a que deu posse à Junta de Custódios, a

JUNAAB deixa de se denominar Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil, para se chamar Junta

de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Por ser difícil a pronúncia de JSGAAB, optou-se

por mudar o nome e manter a palavra Junaab, mais fácil de pronunciar e já conhecida de todos os

membros.

A criação dos Comitês de Assessoramento da Junta Estes Comitês foram idealizados na primeira reunião de serviços da Junta de Custódios ocorrida em

Baependi-MG entre os dias 17 e 19 de agosto de 1985 e formalizados e aprovados na Conferência de 1986

como parte integrante da estrutura de A.A. no Brasil.

Esses Comitês são:

1.- CAC – Comitê de Assuntos da Conferência

2.- COF – Comitê de Finanças

3.- CCP – Comitê de Cooperação com a Comunidade Profissional

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4.- COI – Comitê de Instituições

5.- CIP – Comitê de Informações e Relações Públicas

6.- COL – Comitê de Literatura

7.- COA – Comitê de Arquivos

Os seis primeiros trabalharão em conjunto e em harmonia com as Comissões da Conferência. O

último, de Arquivos, trabalhará mais diretamente com o ESG na preservação da memória de A.A., me-

diante a coleta e seleção de todo e qualquer material ou documento que possibilite o registro histórico da

Irmandade no Brasil.

Para efeito de centralização de suas atividades, a ideia inicial é que esses Comitês sejam

coordenados por um ou mais Custódios de cada área específica e que eles, juntamente com as Comissões

Permanentes da Conferência, estabeleçam orientação, e eventualmente meios e recursos aos Comitês

iguais ou correspondentes a nível estadual e local. Para isso pode ser editada literatura orientadora, tipo

Guias de A.A., adaptada às nossas necessidades.

Comitês de Assessoramento da Junaab (atual) Os Comitês de Assessoramento da Junta de Custódios devem ser constituídos de companheiros

com experiência em serviços em suas respectivas áreas de atuação. Frequentemente, a Junta tem que

tomar decisões, que abrangem a comunidade no seu todo, e precisa, nestes casos, ser assessorada por

companheiros com experiência no assunto ou no problema a ser resolvido.

Quase sempre esses problemas dizem respeito a:

a) Colaboração de A.A. com instituições públicas e particulares no atendimento à problemática do

alcoolismo e ao alcoólico em particular;

b) Forma e oportunidade da divulgação da irmandade de A.A.;

c) Problemas de finanças;

d) Problemas relacionados com a ética e os princípios de A.A.;

e) Problemas relacionados com órgãos de serviço e com eventos nacionais e regionais.

Para cobrir estas necessidades e solucionar eventuais problemas, é que são formados os seguintes

Comitês de Assessoramento:

1.- CTO - Comitê Trabalhando com os Outros: Encarregado de elaborar a política de relações

públicas para divulgação da Irmandade de Alcoólicos Anônimos, em nível nacional, visando à

Informação ao Público (CIP), Cooperação com a Comunidade Profissional (CCP) e trabalho

em Instituições Correcionais (CIC) e de Tratamento (CIT).

2.- CF - Comitê de Finanças: Encarregado da elaboração da política financeira da Junaab e de

seu acompanhamento.

3.- CL - Comitê de Literatura: Encarregado da tradução, adaptação e revisão de toda a literatura

aprovada pela Conferência e do aconselhamento sobre a edição de títulos novos.

4.- CAC - Comitê de Assuntos da Conferência: Funciona como secretaria da Conferência de

Serviços Gerais e está especialmente encarregado de fazer com que ela aconteça.

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5.- CPP - Comitê de Publicações Periódicas: É o Comitê editorial da revista Vivência e dos

boletins informativos Junaab Informa e BOB Mural.

6.- CAHist – Comitê de Arquivos Históricos: Sua missão é a de documentar de maneira

permanente o trabalho de Alcoólicos Anônimos, tornar a história da organização acessível aos

membros de A.A. e a outros pesquisadores interessados e oferecer um contexto propício para a

melhor compreensão e entendimento da evolução, dos princípios e das Tradições de A.A.

7.- CATI - Comitê de Assuntos da Tecnologia da Informação: Encarregado de todas as

informações pertinentes à Tecnologia da Informação (TI).

8.- CI - Comitê Internacional: Manter a comunicação entre Alcoólicos Anônimos do Brasil, o

GSO (Escritório de Serviços Gerais, em Nova York) e as demais estruturas ao redor do mundo,

com vistas a compartilhar experiências de serviços, exercer o apadrinhamento de estruturas que

necessitem e queiram ser apadrinhadas e promover e ajudar na manutenção da Unidade de A.

A. no mundo.

9.- CMS - Comitê do Manual de Serviço: É o responsável pela revisão da estrutura de serviço

contida no Manual de Serviço de A.A. e pela elaboração de Guias de A. A. para orientação da

Irmandade sobre os serviços locais.

10.- CN - Comitê de Nomeações: Encarrega-se de analisar e emitir parecer sobre os currículos dos

candidatos a custódio, membro do conselho fiscal da Junaab e da documentação exigida para

solicitação de formação de uma nova área. Após análise, os currículos dos candidatos e a

solicitação de formação de nova área serão encaminhados para a comissão de nomeações da

conferência de serviços gerais.

11.- CEC - Comitê Especial da Convenção: Encarregado das ações da parte pré-operacional e

operacional da Convenção. As atribuições deste Comitê estão descritas na norma de

procedimento para realização da Convenção Nacional.

12.- CE - Comitê Executivo: Este Comitê executa as deliberações da Junta no campo de política

geral administrativa. O Comitê Executivo é composto pelos membros da Diretoria Executiva,

Coordenadores dos Comitês e Gerente Administrativo.

13.- CR – Comitê de Regionalização (foi um Comitê transitório): A proposta para criação do CR

– Comitê de Regionalização foi apresentada pela Junta de Custódios na XXXIII Conferência

de Serviços Gerais - 2009 que decidiu pela sua aprovação após apreciá-la. Sua coordenação

esteve à cargo de um Custódio Nacional Delegado à Reunião de Serviços Mundiais e tinha

como principal atribuição efetuar um mapeamento dos Grupos existentes em nossa estrutura e

respectivo cadastramento para definição do novo conceito de Área, utilizando-se de tecnologia

e ferramentas de informática disponíveis na época e que propiciariam o início desse trabalho.

Durante algum tempo o Comitê Permanente de Revisão do Manual de Serviços e o Comitê de

Regionalização trabalharam ativamente no sentido de absorver todas as sugestões da estrutura

em nível nacional para consolidar as bases de um novo conceito de área e de um novo Manual

de Serviços. Nas reuniões da Junta de Custódios realizadas no período de 30/07/2010 à

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01/08/2010 houve a apreciação de proposta para extinção do CR conforme texto transcrito da

mesma:

Passada a palavra ao Custódio de Serviços Gerais, Diretor-Geral do ESG, companheiro

Wagner T., o mesmo apresentou o currículo do companheiro Cláudio M. para Coordenador

do CPMS. Esclareceu que o Comitê de Regionalização será extinto e suas funções passarão

para o âmbito do CPMS – Comitê Permanente do Manual de Serviços, que será coordenado

pelo companheiro Cláudio M., tendo como colaboradores os Custódios José A., Diretor

Financeiro e José E., Custódio da Região Sudeste. Colocada em votação, a proposta foi

aprovada por unanimidade.

Em se tratando de órgãos de assessoramento, cada Comitê deve ser formado, de preferência, por

companheiros com conhecimento profissional nas áreas de atuação respectiva.

A preferência por esses companheiros profissionais não exclui, todavia, a participação de outros

companheiros com reconhecida capacidade e disponibilidade para atuar de forma efetiva e proveitosa.

Os Coordenadores dos Comitês de Assessoramento são de livre escolha da Junta de Custódios, não

dependendo de consulta a outros órgãos, cabendo unicamente a ela estabelecer os critérios, o tempo de

mandato e a oportunidade dessa escolha.

A extinção do CLAAB Em 1995, a 19ª Conferência de Serviços Gerais, realizada em Santos-SP entre os dias 12 e 16 de

abril, aprovou a reestruturação da JUNAAB, a qual incluiu a extinção do CLAAB, sendo seus bens

incorporados à Junta. O Comitê de Literatura, que teve suas funções ampliadas, e o ESG, passaram a

cuidar da revisão e edição de nossos livros.

Adequação da Junta à Estrutura de Serviço Mundial A partir da Conferência de Serviços Gerais de 2007 a Junta de Serviços Gerais de A.A. no Brasil

resolveu se adequar à estrutura mundial de A.A. Nesse sentido resolveu que os nossos Delegados à

Reunião de Serviço Mundial seriam também Custódios Classe B, alcoólicos. Até então nossos DRSM –

denominados Delegados Nacionais, levavam as decisões da Junta de Custódios de A.A. do Brasil para a

RSM, mas não participavam dessa tomada de decisões.

Em 2008, ficou evidente que havia necessidade um adjunto de Tesoureiro Geral, um não alcoólico

que pudesse suprir as ausências do titular e assim foi criado o encargo de Custódio de Serviços Gerais não

alcoólico, Tesoureiro Geral II.

Portanto a nossa atual Junta de Custódios é composta por 14 Custódios, sendo 04 Classe A, não

alcoólicos (Dois Nacionais: Presidente e 1º Vice-Presidente e dois de Serviços Gerais: Tesoureiro Geral I

e Tesoureiro Geral II) e 10 Classe B, alcoólicos, membros da Irmandade (Dois de Serviços Gerais:

Secretário/a (Diretor/a Geral do ESG) e Diretor/a Financeiro/a do ESG; Seis Regionais: Custódios das

Regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte-I e Norte-II (um 2º Vice-Presidente e cinco Diretores

da Junta); Dois Nacionais: Delegados à Reunião de Serviço Mundial e Diretores da Junta). Esta mudança

de condição destes últimos representantes se deu porque na RSM, os Delegados da estrutura do Brasil

eram os únicos entre todos os Delegados dos países participantes que não tinham a função de Custódio. Os

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primeiros Delegados com a nova denominação de Custódios foram Luiz M. de Alagoas e Cláudio M. de

Minas Gerais.

Configuração das Áreas a partir da CSG/2010 A Conferência de Serviços Gerais de 2010 redefiniu o conceito de Área para adequá-lo às

necessidades atuais da maneira que segue:

“Uma Área é o espaço geográfico onde se localiza um número adequado de Distritos -

adequado em termos de habilidade do membro do Comitê de manter-se em contato frequente com

eles, para conhecer os seus problemas e a forma de contribuir para o seu crescimento e bem-

estar.

Uma Área com grande número de Distritos e/ou grande

extensão territorial poderá desmembrar-se em espaços

geográficos menores, formando Setores.

A formação do quantitativo e abrangência geográfica dos

Setores será definida de acordo com a autonomia e

necessidade de cada Área. Após um período experimental, de no

mínimo um ano, obtendo-se um resultado positivo no

funcionamento, esses Setores poderão se transformar em novas

Áreas” (MS 2012).

Nesta readequação, a partir da Conferência de 2013 realizada em Serra Negra – SP, entre os

dias 25 e 29 de março, cada Área passou a ser representada por um Delegado eleito a cada dois

anos na Assembleia de Área correspondente para um mandato de dois anos. O início do exercício

dos Delegados é o dia 01 de Janeiro do ano seguinte à sua eleição. As Áreas identificadas com

número impar elegem seus Delegados em anos pares para iniciar seu exercício em ano ímpar; as

Áreas identificadas com número par elegem seus Delegados em anos ímpares para iniciar seu

exercício em ano par.

Ver: “Manual de Serviço de A.A.”, Capítulo III - Junaab, código 108.

Com essa nova definição, as Áreas passaram a ser identificadas por números e não mais pela sigla

do Estado que representavam. Com exceção da Área do Rio de Janeiro, que por consenso lhe foi atribuído

o número 1 (um), todas as outras foram numeradas através de sorteio, como segue:

Nº Área Nº Área

1 Rio de Janeiro 22 Amazonas

2 Minas Gerais 23 Rondônia

3 Paraíba 24 Tocantins

4 São Paulo 25 Acre

5 Mato Grosso 26 Bahia

6 Pernambuco 27 Ceará

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7 Rio Grande do Sul 28 Santarém / Pará (CSG-2012)

8 Roraima 29 Campinas / São Paulo (CSG-2012)

9 Goiás 30 Taubaté / São Paulo (CSG-2012)

10 Sergipe 31 Pirassununga / São Paulo (CSG-2012)

11 Amapá 32 Região Sul e Oeste da Capital e Grande São Paulo / São

Paulo (CSG-2013)

12 Mato Grosso do Sul 33 Juiz de Fora / Minas Gerais (CSG-2013)

13 Rio Grande do Norte 34 Ipatinga / Minas Gerais (CSG-2013)

14 Santa Catarina 35 Campina Grande / Paraíba (CSG-2013)

15 Piauí 36 Jaú / São Paulo (CSG-2014)

16 Maranhão 37 Curitiba / Paraná (CSG-2014)

17 Paraná 38 Sobral / Ceará (CSG-2014)

18 Distrito Federal 39 Volta Redonda / Rio de Janeiro (CSG-2015)

19 Alagoas 40 Santos / São Paulo (CSG-2016)

20 Pará 41 (esta publicação precede à CSG/2017)

21 Espirito Santo

Todos os endereços do CLAAB e do ESGDesde a criação dos Serviços Gerais de A.A. no Brasil em 1969, o CLAAB - Centro de Distribuição

de Literatura de A.A. no Brasil e o ESG – Escritório de Serviços Gerais de A.A. no Brasil, passaram

pelos seguintes endereços:

1.- Em setembro de 1969, Rua Sampaio Vidal, 481, Jardim Paulistano, São Paulo-SP.

2.- Em abril de 1970, Rua João Adolfo, 118, cj. 1214, Centro, São Paulo-SP.

3.- Em novembro de 1974, o CLAAB foi para a Rua Aurora, 291, 6º andar, Santa Ifigênia,

São Paulo-SP.

4.- O ESG foi para a Avenida Nove de Julho, 4º andar, Centro, São Paulo-SP.

5.- Em 1979, voltaram a se juntar na Rua Alagoas, 124, Higienópolis, São Paulo-SP.

6.- Em 1981, Rua Itaipu, 31, Praça da Árvore, Vila Mirandópolis, São Paulo-SP.

7.- Em 1987, Rua José Getúlio, 447, Liberdade, São Paulo-SP.

8.- Em 1991, Rua Capitão Salomão, 40, 3º andar, Centro, São Paulo-SP.

9.- Em 1993, Av. Senador Queiroz nº 101, 2º andar, Centro, São Paulo-SP.

10.- Em agosto de 2015, Rua Padre Antonio de Sá, 116, Tatuapé, São Paulo-SP.

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Apêndice

Donald M. descreve em carta, a formação do Grupo Sapiens (vem da página 7)

Transcrição integral ipsis litteris (tal como escrito) da carta escrita e enviada por

Donald L. a Ércio B. e Eloy T. descrevendo a formação do Grupo Sapiens - o primeiro

Grupo de A.A. em língua portuguesa (até onde o transcritor alcançou), documentado

no Estado de São Paulo.

Início da transcrição:

São Paulo, 22 de março de 1993.

Amigos Ércio e Eloy:

Já que foi escolhida uma data que não me permite participar da

comemoração da fundação de A.A. em São Paulo, quero pedir-lhes o favor

de, pelo menos, ler este breve relato do evento. O que me leva a fazer o

relato é o folheto que recebi ontem no Grupo Ipiranga, onde consta na

capa “VIII ENCONTRO DE A.A. DO EST. DE SÃO PAULO”. O folheto

contém umas distorções graves, a ver:

1. Dá a entender que os “ANTECEDENTES DO AA PAULISTA” se

encontram na Associação Antialcoólica da época que, na realidade,

absolutamente nada teve a ver com o início de AA nesta cidade.

2. Consta no folheto que “Nesta época, o Dr. João pede a Mellinho

que visite um paciente (no caso seria eu) internado no Hospital

Samaritano”, quando, na realidade eu vim conhecer o Mellinho 4

meses depois de sair do hospital.

3. Consta no folheto que “o 1º Grupo de AA de São Paulo tem sua

fundação oficial em abril de 1965, com os cofundadores Donald e

Mellinho”. Em vista do fato que Mello só veio a conhecer o AA

quase 4 meses após sua fundação, e só passou definitivamente da

Associação Antialcoólica para Alcoólicos Anônimos uns dois anos

depois, tenho certeza que Mellinho seria o primeiro a querer

corrigir tão lamentável distorção dos fatos, não somente porque ele

nada teve a ver com a fundação de AA em São Paulo mas porque

esta versão desonra a memória de Dorothy Nowill, hoje falecida,

que era a verdadeira cofundadora de AA em São Paulo.

Na realidade, os “antecedentes do AA paulista” não se encontram na Associação Antialcoólica de

São Paulo e sim no AA do Rio de Janeiro, frequentado pela Dorothy. Dorothy era dona de uma

Cópia da carta de

Donald a Eloy T. e a

Ércio B. (Do acervo

pessoal de Sonia Mª -

autorizado)

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agencia de empregos no Rio que mantinha um escritório e uma funcionária em São Paulo. Por esse

motivo, Dorothy visitava São Paulo todo ano por 2 semanas, e minha sorte foi que durante uma

dessas visitas eu me encontrava internado. Na visita de Dorothy iniciada na segunda semana de

março de 1965, ela chegou na nossa cidade e imediatamente avisou vários padres e médicos amigos

que se encontrava aqui, pronta para abordar qualquer alcoólatra que encontrassem nesse período.

Acontece que o Padre Richard Sullivan encontrou um (eu) que havia se internado no Hospital

Samaritano na manhã do dia 18 de março, bêbado e desesperado. Dorothy veio me ver no terceiro

dos cinco dias que fiquei internado e, aconselhando-me a tentar ajudar outros alcoólatras prometeu

mostrar-me como criar um grupo de AA.

Três dias após eu sair do Samaritano, Dorothy organizou a primeira reunião de AA de sua visita, na

capela da Igreja dos Redentoristas na Alameda Franca, 889. Além de Dorothy estavam eu e uma

outra senhora, Rose P., dona de uma boate na cidade que, por coincidência, eu havia frequentado

bastante.

Dorothy organizou uma segunda reunião no bairro Sta. Cecília na semana seguinte, à qual ela

convidou Harold W. para conhecer-me e servir como meu padrinho, já que Harold havia frequentado

o AA no Rio uns 17 anos antes e conhecia bem mais do que eu a respeito do AA. Duas outras

pessoas, encontradas por Dorothy, estavam presentes nessa segunda reunião mas não voltaram mais.

Dorothy também me levou a conhecer a maravilhosa Madre Cristina, diretora da Escola Sedes

Sapientiae, que imediatamente nos cedeu uma de suas salas na Rua Caio Prado, para realizar futuras

reuniões.

Durante sua última semana da visita a São Paulo, (uma palavra ilegível) Dorothy me levou às

dependências dos Diários de São Paulo para pedir à redação que fizessem um artigo sobre o

alcoolismo. Os Diários cederam um jornalista, a quem Dorothy contou sua história. No fim do artigo,

que saiu publicado vários dias depois, constava o fato de “estar se realizando reuniões de Alcoólicos

Anônimos em São Paulo, à Rua Caio Prado, 102, todos os domingos das 10:00 às 12:00 horas”.

Antes de voltar ao Rio, Dorothy também cedeu sua caixa postal local para que pudesse ser usada

para receber cartas dirigidas ao AA.

Nos próximos meses passaram poucas pessoas pela sala do AA, mas uma delas (Leila) veio ser a

segunda pessoa de São Paulo a filiar-se ao AA e alcançar a sobriedade.

Em julho, quase quatro meses após a fundação de AA em São Paulo, Mello entrou em contato

comigo por telefone dizendo que soube que (uma palavra ilegível) estava realizando reuniões de AA

em São Paulo e que queria conhecer as reuniões. Convidei-o a assistir uma, e foi assim que vim

conhecer o incansável companheiro Mello que, a partir desse momento, passou a fazer suas famosas

abordagens não só par a Associação Antialcoólica, à qual continuou afiliado por aproximadamente

dois anos mais, mas para Alcoólicos Anônimos também.

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Agradeço a oportunidade de esclarecer estes fatos e desejo a todos uma bela festa. Com um abração

(uma palavra ilegível) para vocês dois. <= Fim da transcrição.

Resenhas Biográficas dos cofundadores de A.A. em São

Paulo Donald Minshall Lazo nasceu em Nova Jersey, EUA, em 22 de julho de 1928, membro de

uma tradicional e rica família, formou-se em Sociologia pela universidade de Yale e em Engenharia

Industrial pelo Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) em 1955. Duas vezes divorciado, viajou

por vários países das Américas até aportar no Brasil onde teve duas internações por alcoolismo.

Além de cofundar o primeiro Grupo de A.A. em São Paulo, foi um dos introdutores do modelo

Minessota para o tratamento do alcoolismo e a dependência química. Fundou a Clinica “Reindal”

Casado com Sonia Maria, com quem teve duas filhas, foi ela que deu continuidade ao

empreendimento depois de sua separação em 1999. Mudou o nome para “Bethany”; localiza-se em

Santo Amaro na zona Sul da cidade de São Paulo.

Sonia Mª foi a Introdutora dos Grupos Familiares de Al–Anon no Brasil, e representou-os na

Convenção Internacional de Denver, EUA, em 1975. Iniciou também os Grupos de Neuróticos

Anônimos (N/A), dos Toxicômanos Anônimos (TA) – hoje Narcóticos Anônimos (NA), Nar-Anon,

além de outras coirmandades.

De volta aos EUA, Donald morreu em Brighton, Michigan, em 22 de dezembro de 2001.

Cremados seus restos, metade das cinzas foi espalhada nas águas do lago Erle, que divide EUA e

Canadá, e a outra metade depositada no cemitério Parque dos Colibris, em São Paulo, SP.

Dorothy Elizabeth Nowill. O patriarca da família, Hubert Jessop Nowill e sua esposa Marie

Martha Nowill vieram para o Brasil em 1914 provenientes da Cidade de Sheffield, no condado de

South Yorkshire, norte da Inglaterra. Ele veio como vice-presidente da companhia canadense Light

and Power Company.

O casal teve três filhos: Alexander (falecido em 2013) - nasceu no Rio de Janeiro, Dorothy

Elizabeth – nasceu em Belém do Pará no dia 13 de julho de 1914, e Hubert, que nasceu em

Pernambuco. Todos estudaram em bons colégios. Em função do trabalho de Hubert, a família viajava

muito e costumava ir duas vezes por ano ao País de Gales. O patriarca Hubert morreu jovem.

Dorothy estudou no Colégio Sion, no Cosme Velho – Rio de Janeiro e precisou deixar o colégio após

a morte do pai. Formou-se em Administração e logo após sua formatura fundou uma Agencia de

Empregos nessa cidade, a ACES e, com o passar do tempo, instalou uma filial na cidade de São

Paulo. Casou-se e divorciou-se duas vezes: primeiro com um sueco e depois com um português;

posteriormente teve outros relacionamentos, mas não teve filhos.

Ela começou a beber na adolescência e logo se tornou dependente do álcool o que causava

muitas desavenças e dissabores entre ela e a mãe e os irmãos, principalmente com Alexander, a quem

era muito chegada, marido de Dorina de Gouvêia Nowill (1919-2010), criadora da Fundação

Dorina Nowill para Cegos; Dorina e Dorothy, além de cunhadas vieram se tornar grandes amigas e

em seu livro “... E Eu Venci Assim Mesmo” - Editora Totalidade, 1996, 290 páginas, dedica um

capítulo a Alcoólicos Anônimos onde trata a Irmandade com muito carinho e gratidão pelo que fez,

não somente por Dorothy, mas pelas pessoas envolvidas na malha do alcoolismo e que venham

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procurá-la e deixa uma mensagem de respeito pela Irmandade a seus netos e a todas as pessoas que

lerem seu livro.

Dorothy ingressou no Grupo IV Centenário de A.A., no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro,

em 27 de novembro de 1962. Fumante inveterada morreu naquela Cidade em 06/01/1990, em

decorrência de enfisema pulmonar.

Transcrição das primeiras literaturas de A.A. no Brasil

Muito importante: A literatura transcrita abaixo (o Livro Branco e A Tradição de A.A.)

não faz parte da “Literatura Aprovada pela Conferência de A.A. no Brasil”, até porque, à

época de sua publicação ainda não existia a Conferência nem na estrutura sênior (a

primeira Conferência experimental foi em 1951, em Nova York e a Constitucional efetiva em

1955, em Saint Louis, Missouri), nem na estrutura de A.A. do Brasil (a primeira Conferência

foi instalada em 1977). Entretanto, foram esses textos que apresentaram a filosofia, os

princípios e o programa de A.A. aos alcoólicos do Brasil entrando pelo Rio de Janeiro em

1947 e os mesmos que havia quando da formação do Grupo Sapiens em São Paulo, em abril

de 1965.

Quanto ao livreto “Alcoolismo – A Doença que todos escondem”, foi uma publicação da

CENSAA-SP e as ISAAs de Campinas, Santos e Sorocaba, durante os anos de 1980, sob a

prerrogativa da autonomia dos órgão de serviço para a criação de matérias de interesse de

seus associados (os Grupos de A.A. registrados nos seus Estatutos).

O registro desses materiais nesta apostila atende unicamente ao propósito de trazer ao

conhecimento dos membros de A.A., em 2015, os textos que, embora não sejam mais

publicados e os exemplares existentes sejam raríssimos, foram úteis a todos aqueles que

ajudaram a você e a mim a conhecer e aceder ao programa de recuperação de A.A. e ficar

na Irmandade.

Texto do “Livro Branco” (vem da página 15)

Transcrição integral ipsis litteris (tal como escrito – exceto a acentuação) do “Livro

Branco”, a primeira literatura de A.A. produzida no Brasil, datada em 1948.

(Início da transcrição)

QUE É ALCOÓLICOS ANÔNIMOS?

Em grupos e às vezes a sós, os “A.A.” almejam ajudar seus colegas ébrios inveterados a recobrar a

saúde. Não somos reformadores de almas ou de hábitos, e por isso só oferecemos nosso auxilio e

experiência àqueles que os queiram. Não há contribuições, “Alcoólicos Anônimos” é uma obra de

altruísmo. Cada “A.A.” salda a sua dívida de gratidão auxiliando outros alcoólicos a se refazerem.

Deste modo mantém ele sua própria sobriedade.

O primeiro agremiado se refez em 1934, e desde este ano até hoje a “A.A.” se tem

desenvolvido rapidamente, passando da América do Norte para a América do Sul e para a Europa.

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Acreditamos que, pelo menos, dois terços de nós, que não retrogradamos, a despeito de termos sido

dado como incuráveis, estabelecemos os alicerces para uma sobriedade permanente.

A nossa luta para tirar outros das garras do alcoolismo é baseada (a) em nossa própria

experiência como alcoólicos, (b) no que nos ensinaram a medicina e a psiquiatria, e (c) nos

princípios espirituais comuns a todos os credos. Arregimentando todos estes recursos, conseguimos

aumentar de muito o número de refeitos entre os alcoólicos que de fato querem parar de beber.

Consideramos o alcoolismo como uma doença esmagadora, física, mental e espiritual. É uma

obsessão mental conjugada a uma “alergia” física. Como se ver livre da obsessão que o compele a

beber contra sua própria vontade? – eis o problema de todo alcoólico. Há somente uma exigência

para o ingresso na agremiação “A.A.” – A VONTADE SINCERA DE PARAR DE BEBER!

Para nós da “A.A.”, o ponto de vista religioso, se existe, é assunto privado de cada qual. Se

bem que existem entre nós todos os padrões político-sociais, não nos colocamos englobadamente

com este ou aquele partido em questões e controvérsias. Não impomos nenhum ponto de vista a

quem quer que seja. Nosso único objetivo é MOSTRAR AO ALCOÓLICO ENFERMO, QUE QUER

REERGUER-SE, COMO PODE CONSEGUIR SEU “DESIDERATUM” (N.T.: Aquilo que é objeto

de desejo; aspiração ou desiderato) À LUZ DO NOSSO SUCESSO. Dezenas de milhares de

desesperados, tanto homens como mulheres, que foram apresentados a “A.A.”, podem agora viver

em paz consigo mesmo e com aqueles com quem estão em contato.

SOU ALCOÓLICO?

Esta é a pergunta tétrica, mas real que cada indivíduo com tendências para beber

descontroladamente faz a si mesmo. Que significa “beber descontroladamente”? Ora, suponhamos,

por exemplo, que tendes um encontro da máxima importância, antes do qual até um trago daria muito

má impressão. Resolveis não beber nada, mas por mais estranho que pareça, tomais somente

“unzinho”, porque achais, na última hora, que dele precisais! Segue-se o desastre! Mas isto não vos

serve de lição definitiva, e passado algum tempo, a “debacle” é repetida. Desta vez é muito pior. Em

vosso prejuízo e para consternação geral, ficais muito embriagado. Vamos presumir que continuais a

fazer a mesma coisa – tomando aquele primeiro “drink”, quando existem razões de sobra para não

toma-lo, ficando desastradamente bêbado quando tendes pleno conhecimento de que absolutamente

não deveis ficar. É evidente que estais bebendo a despeito de vossa própria vontade, em oposição

direta aos vossos melhores interesses. Algo aconteceu. Vós não podeis “TOMAR OU DEIXAR A

BEBIDA” – mesmo compreendendo muito bem que um traguinho é desastroso!

Agora vamos supor que vos embriagueis por estardes magoado, zangado ou preocupado. Ou

somente por estardes aborrecido. E que frequentemente ficais muito mais embriagado do que

planejáveis. “Nunca mais” – dizeis – no sentir os efeitos, no dia seguinte. Mas cedo esqueceis o

castigo e repetis o ato.

COMO AGE A “A.A.”?

São estes alguns dos sintomas do mau presságio, que separam o alcoólico dos seus colegas, os

bebedores controlados. As pessoas normais bebem por “farra” e podem parar ou moderar-se quando

seja necessário. Mas o alcoólico continua a beber, como que impelido por uma força interna estranha

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que o domina. Os agremiados de “Alcoólicos Anônimos” sabem que tal falta de controle e a

misteriosa falta de força de vontade neste particular, são o prelúdio de uma obsessão alcoólica fatal.

Quase todos nós lutamos desesperadamente, quando nos sentimos muito descontrolados, mas

não podemos parar de beber. Cheios de ilusão de que podíamos beber como faziam os nossos

amigos, procuramos reiteradamente “TOMAR OU DEIXAR”, mas não conseguimos nem uma nem

outra coisa! Sempre adveio a recaída para uma fase de embriaguez consecutiva e infeliz. Nossas

famílias, nossos amigos e nossos empregadores levantaram as mãos, impotentemente, magoados e

consternados!

Querendo, acima de tudo, parar de beber, fugir ao tirano que nos aniquilava – compreendendo

que toda razão dada para justificar a bebida era somente uma desculpa maluca – nós também

estávamos desnorteados. Alguns de nós nos submetemos a tratamentos especiais, outros foram

hospitalizados ou internados em sanatórios. Na maioria dos casos, porém, a cura foi somente

temporária. Estudamos as nossas personalidades alcoólicas, procurando as causas básicas de nossas

estranhas obsessões. Julgávamo-nos convencidos de que conhecíamos as razões que nos obrigavam a

beber e ainda assim não conseguíamos deixar de beber. Esta havia ultrapassado de muito a fase de

hábito ou de paliativo para os aborrecimentos, e nós tínhamos ingressado naquele estranho mundo

chamado “Alcoolismo”, onde durante séculos os homens se têm destruído contra sua própria

vontade. Estávamos desesperadamente doentes, física, emotiva e espiritualmente! Alguns

apreciadores de bebida dirão – “Eu não sou alcoólico, porque, se bem que beba em demasia, e esteja

um tanto trémulo na manhã seguinte, não tomo o „traguinho‟ matinal, não perdi minha esposa nem o

emprego. Nunca fui hospitalizado ou internado por causa de bebida”. Sem dúvida, podem estar

certos, e folgamos que assim seja, mas todos nós na “A.A.” podemos agora compreender claramente

que já estávamos descontrolados muitos meses, e mesmo anos, antes de o admitirmos para conosco

mesmo. Esperamos, pois, sinceramente que verificareis cuidadosa e serenamente o vosso controle

sobre o álcool. Sabemos que isto não é tão fácil como parece, pois, por experiência própria,

conhecemos a pouca vontade que um alcoólico potencial tem de enfrentar o fato de que talvez nunca

mais possa beber. No entanto, nós na “A.A.” nos sentimos muito felizes em notar que tantos

apreciadores da bebida estão bem cedo reconhecendo em si os primeiros sintomas que são, quase

sempre, o prelúdio do Alcoolismo. Entram para “A.A.” e compreendem que escaparam de passar

muitos anos de misérias incontáveis, tão bem conhecidas da maioria dos “A.A.”!

Tanto a religião como a psiquiatria contém princípios essenciais para a reabilitação do

alcoólico. Na maioria dos casos, porém, o alcoólico não permite nem à religião nem à medicina

construir aquela sólida ponte de compreensão e confiança mútua que um alcoólico, conversando com

outro, baseado na experiência comum aos dois, pode, muitas vezes, estabelecer. Esta ponte é o meio

eficiente para a transmissão dos princípios recomendados pela medicina e pela religião, os quais, do

ponto de vista da “A.A.”, parecem estar surpreendentemente de acordo. Na “A.A.” o homem

regenerado pode, se quiser, seguir tanto uma como outra. Nós damos valor aos do ponto de vista

espiritual simplesmente porque a nossa experiência na “A.A.”, em toda parte, é que não nos

conseguimos recuperar sem a ajuda de um poder mais forte do que o nosso. Este muito procurado

auxilio de uma força superior nos chega por meio da “Alcoólicos Anônimos”, onde cada homem

regenerado, não importa quão baixo haja descido, cedo pode trazer a esperança e a felicidade para

outros alcoólicos que já tenham desesperado de as encontrar.

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Por isso todo alcoólico deverá ser francamente informado quão pequena possibilidade tem de

se recuperar sozinho. A ilusão de que poderá algum dia vir a beber normalmente, deverá ser

terminantemente destruída. Como aquele que sofre de câncer, ele terá que se apoiar somente naquilo

que lhe trará salvação. ASSIM EXISTEM HOJE NO MUNDO MAIS DE 58.000 EX-BÊBADOS

INVETERADOS, QUE FORAM RECONDUZIDOS À SAÚDE E À FELICIDADE, POR MEIO DE

DOZE PASSOS QUE CONSTITUEM O PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO SUGERIDOS PELA

“ALCOÓLICOS ANÔNIMOS”.

“OS DOZE PASSOS”

São estes os passos que demos e que são sugeridos como um PROGRAMA DE REERGUIMENTO:

1) Reconhecemos sermos impotentes contra o Álcool – e que não podíamos mais conduzir

nossas vidas.

2) Chegamos á conclusão de que um poder mais forte do que nós poderia restaurar nossa

sanidade metal.

3) Tomamos a decisão de entregar nossa vontade e a nossa vida aos cuidados de DEUS,

como cada um de nós o concebia.

4) Fizemos um inventário moral minucioso e desassombrado de nós mesmos.

5) Reconhecemos perante DEUS, perante nós e perante uma terceira pessoa a natureza

exata de nossos erros.

6) Estávamos inteiramente prontos a permitir que DEUS removesse estes defeitos de caráter.

7) Rogamos humildemente a DEUS para remover nossas falhas.

8) Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem causamos mal, e nos prontificamos a

fazer tudo para retificarmos o mal feito a todos.

9) Retificamos imediatamente o mal feito a tais pessoas, quando isto era possível,

excetuando somente os casos em que isto causaria transtornos a nós mesmos ou a

terceiros.

10) Mantivemos o regime de tomada de um inventário pessoal, e quando verificávamos estar

errados reconhecíamos imediatamente a nossa culpa.

11) Procuramos por intermédio de orações e de meditação melhorar o contato com DEUS,

como cada um o concebia, rogando somente conhecimento de SUA vontade para

conosco, e de força bastante para cumprir esta vontade.

12) Tendo passado por uma experiência espiritual em resultado do cumprimento destes

PASSOS, procuramos transmitir estes preceitos a outros alcoólicos, e praticá-los em

todos nossos atos.

Após a leitura dos DOZE PASSOS acima, muitos de nós dissemos – “Quanta coisa! Nunca

poderei cumprir tantas clausulas!”. Não desespera! Nenhum de nós aderiu estritamente a estes

princípios. Não somos Santos! O importante é querermos progredir espiritualmente. O programa dos

Doze Passos é uma diretriz para o progresso.

Procuramos difundir a ideia do Progresso Espiritual em vez da Perfeição Espiritual! Alguns

leitores têm a impressão de que a mudança de personalidade, ou experiência espiritual (ou que outro

nome se lhe dê) toma a forma de uma revolução repentina e espetacular. Devemos dizer, no entanto,

que maioria de nós, esta experiência espiritual foi o que o psicólogo William James chama de

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natureza “educativa”, devido a se ter desenvolvido lentamente durante um período variável de

tempo. O homem regenerado gradativamente compreende que se operou uma profunda alteração na

sua compreensão da vida e que é pouco provável tal alteração pudesse ser conseguida por ele

sozinho.

Com muito poucas exceções, nossos agremiados descobrem que encontraram um recurso

interno cuja existência ignoravam, o qual em tempo, identificam com a sua própria concepção de um

PODER muito mais forte do que eles próprios. Desejamos asseverar categoricamente que todo

alcoólico capaz de honestamente enfrentar os seus problemas à luz de nossa experiência, poderá

recuperar-se, uma vez que não negue guarida em sua mente às concepções espirituais. Somente será

derrotado se assumir uma postura de intolerância ou de negação.

Temos sempre constatado que a parte espiritual do programa rarissimamente apresenta

dificuldade para quem quer que seja. A BOA VONTADE, A HONESTIDADE E UMA

MENTALIDADE SEM PREVENÇÕES, são essenciais para a recuperação. E são os únicos predicados

indispensáveis. Estes e, DESDE O INÍCIO, A VONTADE HONESTA DO ALCOÓLICO QUERER

PARAR DE BEBER.

AOS AMIGOS DOS ALCOÓLICOS

O alcoólico traz, invariavelmente, sofrimento para muitas outra pessoas que o cercam. A seus Pais, a

sua Esposa (ou a seu Esposo, porque tudo que dizemos se aplica a um como a outro sexo), a sua

Família, a seus Empregadores ou Empregados, e a seus Amigos.

Ora, nós em “A.A.” nos certificamos plenamente, em resultado de nossa própria experiência,

assim como da experiência dos 58.000 alcoólicos recuperados que atualmente constituem a família

“A.A.” que o alcoolismo é uma doença esmagadora, física, mental e emocional. Uma vez que este

ponto muito importante nos foi esclarecido, compreendemos a razão porque a nossa vontade própria,

quase sempre forte quando enfrentamos outras situações que reclamam decisões e atitudes firmes de

nossa parte, torna-se completamente ineficaz perante o alcoolismo. Não conhecemos caso algum de

um canceroso, um tuberculoso ou um diabético se curar somente com a repetição para si, ou ouvir da

boca daqueles que o cercam, frases como: “Onde esta sua força de vontade?” – “Seja forte e você se

curará!” – “Não vê que sofrimento a sua fraqueza está causando em torno de si?” – “Lute contra

esta maldita praga, para seu próprio bem e para a paz de espirito daqueles que lhe são caros” –

“Você que é tão prendado, tem oportunidades excelentes e um futuro brilhante vai desprezar tudo

isso por falta de vontade de lutar contra este mal?”. E assim as demais frases e “clichés” que o

alcoólico sabe de cor!

Ninguém mais do que o alcoólico compreende como a sua atitude vacilante e fraca é

desprezível, egoísta e auto aniquilante. As tremendas lutas que são travadas em seu íntimo são tão

exaustivas quanto ineficazes para livrá-lo da doença do alcoolismo! Tendo plena consciência do mal

que está fazendo a si próprio como a infelicidade que está causando a todos que lhe são mais caros e

mais íntimos, ainda assim nada consegue fazer de positivo para seguir o caminho e os conselhos

teoricamente acertados que lhe são apontados.

A constante consciência de sua fraqueza, e da situação de inferioridade em que a mesma o

coloca perante a Sociedade, dia adia mais o desmoraliza, tornando-o mais e mais introspectivo,

ressentido e irritável. E, por cúmulo da ironia, estes sentimentos explodem justamente contra aqueles

que mais o procuram ajudar, quando estes, nunca tendo sentido o terrível flagelo que é o alcoolismo,

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mas só tendo em mente a salvação do ente amigo ou querido que se desgraça perante os seus olhos,

usam das frases e atitudes que acima chamamos de “clichés”!

Assim sendo, sugerimos aos Pais, à Esposa (ou Esposo), à Família, aos Empregadores ou

Empregados e aos Amigos, que têm entre si uma pessoa que mostra indicio de ser um alcoólico

inveterado, a leitura deste panfleto, pois baseados em nossa própria experiência, estamos certos de

que dentro de suas páginas se encontra o verdadeiro caminho para a regeneração da infeliz pessoa

atacada pelo terrível flagelo conhecido por ALCOOLISMO!

E, aos Pais, à Esposa (ou Esposo), à Família, aos Empregadores ou Empregados e aos

Amigos, aconselhamos muita paciência e muita fé. Procurem não criticar nem diminuir, e sim por

meio de conversas construtivas e cheias de otimismo honesto e amizade real, levantar o moral do

paciente. Mostre-lhe por todos os meios ao seu alcance, que não está falando a ele de cima de um

pedestal de probidade. Dê-lhe todo o apoio moral, espiritual e material possível. Sua recompensa,

quando o alcoólico se regenerar, transcenderá todos os esforços e sacrifícios feitos durante o período

de regeneração.

QUE DEUS NOS CONCEDA A SERENIDADE

NECESSÁRIA PARA ACEITAR AS COISAS

QUE NÃO PODEMOS MODIFICAR,

CORAGEM PARA MODIFICAR AQUELAS

QUE PUDERMOS E SABEDORIA BASTANTE

PARA DISTINGUIR ENTRE AQUELA E ESTAS.

SOU UM ALCOÓLICO?

Ninguém na „A.A.‟ tentará dizer-lhe se você é ou não alcoólico. Aqui está parte de um teste sobre

alcoolismo usado pelo hospital Johns Hopkins. A título de verificação responda a estas perguntas e

seja seu próprio juiz:

1) Falta ao serviço devido à bebida ou seus efeitos?

2) Necessita de um „trago‟ na manhã seguinte?

3) Sua vida no lar está se tornando infeliz devido à bebida?

4) Sua reputação está sendo afetada pela bebida?

5) Sua iniciativa e sua ambição têm diminuído em consequência da bebida?

6) Procura companheiros de ambiente inferior ao seu para beber?

7) Sua saúde está sendo abalada pela bebida?

8) A bebida está afetando sua paz de espírito?

9) Está a bebida atrapalhando seu trabalho ou seus negócios?

10) Suas finanças estão embaraçadas por causa da bebida?

11) Procura a bebida para esquecer seus aborrecimentos e desgostos?

12) Tem um desejo imperioso de beber em determinadas horas do dia?

13) Tem lhe acontecido perder completamente a memória do que se passou durante a

embriaguez?

14) Sente remorsos após uma „bebedeira‟?

15) Já sentiu alguma vez a necessidade de discutir estas questões com um médico, um padre

ou outra pessoa amiga?

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Na contracapa lê-se: A finalidade deste panfleto é mostrar como milhares de nós, que

éramos alcoólicos sem esperança, saramos desta doença. Encontramos

um modo de viver que não nos obriga mais a beber. A “Alcoólicos

Anônimos” é a grande realidade que destruiu a nossa obsessão.

(Fim da Transcrição)

Texto de “A Tradição de A.A.” (vem da página 15)

Transcrição ipsis litteris (tal como escrito - exceto a acentuação) do livreto “A

Tradição de A.A.”, a segunda literatura de A.A.

produzida no Brasil, entre 1948-1949

(Início da transcrição)

Verso da capa:

A "Alcoólicos Anônimos" não tem opinião sobre assunto controverso, nem está contra quem quer que

seja. A "Alcoólicos Anônimos" só tem uma finalidade: Ajudar o doente de alcoolismo a sarar, se ele

quiser.

Página 2:

A finalidade deste panfleto é mostrar como milhares de nós, que éramos alcoólicos, sem esperança,

saramos dessa doença. Encontramos um meio de viver que não nos obriga mais a beber. A

"Alcoólicos Anônimos" é a grande realidade que destruiu nossa obsessão.

PREFÁCIO Qual a melhor maneira de nós, os Alcoólicos

Anônimos, preservarmos nossa unidade? Este é o

objetivo destas tradições.

A unidade é tão vital para nós os A.A., que

não podemos nos expor a atitudes e atos que

,algumas vezes, corromperam outras formas de

sociedades humana. Nós, ao contrário, temos sido

bem sucedidos, porque temos sido diferentes. Oxalá

continuemos assim.

Contudo, a unidade dos A.A. não pode

preservar-se a si própria. Com a recuperação

pessoal, teremos, sempre, que trabalhar para mantê-

la. Aqui, também, necessitamos de honestidade, humildade, franqueza, desinteresse e, acima de tudo

- vigilância. Gostaríamos que cada A.A. se certificasse das suas tendências, que poderiam vir a nos

comprometer como um todo, caso ele tenha ciência dos defeitos pessoais que ameaçam sua

sobrevivência e sua paz de espírito. Naturalmente, não pretendemos que cada A.A. torne-se um

"examinador alarmado para o bem do movimento", ou que nos lancemos à obtenção de uma

confissão dos pecados do nosso irmão A.A.

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Porém, cada um de nós pode sondar sua consciência, para ver se ele está fazendo algo que

possa prejudicar nossa solidariedade essencial. Se cada um de nós procedermos honestamente, a

consciência coletiva do nosso movimento será verdadeira.

Os "12 Pontos da Tradição dos A.A", aqui reproduzidos, são a nossa primeira tentativa para

firmar os princípios são da conduta do grupo e das relações públicas.

Muitos dos A.A. já sentem que estas “12 tradições são o suficiente para se tornarem o guia

básico e a proteção para os A.A.; que devemos aplica-las tão seriamente à nossa vida em comum,

como o fazemos a nós, individualmente, com as 12 Etapas de Recuperação”.

Enquanto isto será aconselhável que cada A.A., como um subsídio ao seu próprio

pensamento, leia estes fragmentos, dando especial atenção aos trechos sobre anonimato (revisados

recentemente), conduta pessoal, o uso do dinheiro entre os A.A. e nossas relações denominadas

“empreendimentos exteriores”, porque, no momento, os problemas do nosso grupo se concentram,

na maior parte, nessas edições vitais.

TRADIÇÃO DOS “ALCOÓLICOS ANÔNIMOS”

DOZE PONTOS PARA ASSEGURAR NOSSO FUTURO Ninguém inventou os A.A. Desenvolveram-se espontaneamente. Sofrimentos e erros geraram uma

vasta experiência. Pouco a pouco, fomos adotando as lições dessa experiência: a princípio como

norma, depois como tradição. Este processo continua e esperamos que nunca pare.

Poderíamos enganar-nos com regras insignificantes e proibições; poderíamos pensar ter dito a

última palavra. Poderíamos, mesmo, exigir a aceitação, pelos alcoólicos, das nossas ideias severas

ou, então, que permanecessem afastados de nós. Que jamais retardemos o processo desta maneira!

Até aqui as lições de nossa experiência são de grande valia. Tivemos anos de grande contato

com o problema de viver e trabalhar em conjunto. Se conseguirmos ser bem sucedidos nessa

aventura – e assim nos conservarmos – então, e só então, nosso futuro estará garantido.

Desde que a calamidade pessoal não mais nos prende à escravidão, nosso objetivo principal é

o futuro dos A.A.

Sabemos que os A.A. devem continuar a viver. Senão, salvo algumas exceções, nós e nosso

irmão alcoólico, através do mundo, recomeçaremos a jornada, sem esperança, para o esquecimento.

Terrivelmente relevante é o problema de nossa estrutura básica e nossa atitude para com

aqueles que sempre levantam questões sobre direção, fundos e autoridade. O futuro pode muito bem

depender de como encaramos e agimos em face dos pontos de vista opostos, e de como

considerarmos nossas relações públicas.

Agora surge o ponto crucial de nossa discussão. Ei-lo: Será que já adquirimos experiência

suficiente para estabelecer normas firmes sobre estes, que são os nossos interesses principais?

Podemos, agora, firmar os princípios gerais que se tornarão tradições vitais, tradições estas

arraigadas no coração de cada A.A., por profunda convicção própria e pela aquiescência comum dos

seus companheiros?

Em face da persistência de velhos amigos dos A.A. e certos de que um acordo e uma

aquiescência, entre os nossos membros, tornou-se agora possível, tentarei expressar, com palavras,

estas sugestões para uma “Tradição de Relações dos Alcoólicos Anônimos” - Doze Pontos para

Assegurar nosso Futuro.

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Nossa experiência nos ensinou que:

1) Cada membro dos A.A. é apenas uma partícula de um grande todo. Os A.A. devem

continuar a existir ou, então, a maior parte de nós perecerá. Por isso, nosso bem-estar

vem em primeiro lugar e o bem-estar individual, em seguida.

2) Para a finalidade do nosso grupo há somente uma autoridade fundamental – um Deus

benigno como a Ele nos referimos no nosso Grupo.

3) Nossa sociedade deve abranger todas as vitimas do alcoolismo. Assim, não podemos

recusar ninguém que queira recuperar-se.

Não deve a sociedade, jamais, depender de dinheiro para sua harmonia. Dois ou três

alcoólicos reunidos visando à recuperação denominam-se um grupo de A.A.,

conquanto que, como um grupo, não tem eles nenhuma outra relação.

4) Com relação aos seus próprios negócios, cada grupo A.A. subordina-se à sua

consciência. Porém, quando os planos do grupo afetam o bem-estar de grupos

vizinhos, esses devem ser consultados. E nenhum grupo, comitê regional ou

individual deve, jamais, tomar qualquer iniciativa que possa afetar, em grande parte os

A.A., sem conferenciar com os Conselhos Fiscais da Fundação Alcoólica. Em tais

decisões o nosso bem-estar comum é preponderante.

5) Cada grupo de A.A. deve ser uma entidade espiritual, tendo apenas uma finalidade – a

de levar a sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

6) Problemas de dinheiro, propriedade e autoridade podem, facilmente, desviar-nos do

nosso objetivo espiritual fundamental. Pensamos, portanto, que qualquer propriedade

de uso genuíno dos A.A. deve ser incorporada e dirigida livremente separando, deste

modo, o material do espiritual. Um grupo A.A., como tal, não deve, nunca, imiscuir-

se em negócios. Auxílios secundários para os A.A., assim como clubes ou hospitais,

que exigem propriedade ou administração devem ser incorporados e postos à parte, a

fim de possam ser, livremente rejeitados pelos grupos. Assim, tais facilidades não

devem utilizar o nome dos A.A. sua administração deve caber unicamente às pessoas

que os mantém financeiramente. Para Clubes, prefere-se aqueles que dirigem os A.A.

Porém, hospitais, como também outros lugares destinados à recuperação, devem estar

fora do alcance dos A.A. e sob supervisão médica. Conquanto um grupo dos A;.A.

possa cooperar com quem quer que seja, tal cooperação nunca deve ir ao ponto de

incorporação ou endosso, atual ou futuro. Um grupo de A.A. não deve ligar-se a

ninguém.

7) Os Grupos A.A. devem ser mantidos, inteiramente, pelas contribuições de seus

próprios membros. Achamos que cada grupo deve atingir, com a maior rapidez, este

ideal: que qualquer pedido de fundos públicos, usando o nome dos A.A., é altamente

perigoso, quer seja pelos Grupos, Clubes, Hospitais ou outras Agências externas; que

a aceitação de grandes donativos de qualquer origem ou de contribuições que

envolvam qualquer obrigação, não é aconselhável. Também, observamos com grande

interesse o erário dos A.A. que existe em caixa, além das reservas para acumular

fundos, para finalidades não declaradas. A experiência, muitas vezes, nos tornou

patente que nada pode destruir, tão facilmente, a nossa herança espiritual, como as

disputas sobre dinheiro, propriedade e autoridade.

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8) Os A.A. devem permanecer, para sempre, não profissionais. Definimos

profissionalismo como a ocupação de aconselhar os alcoólicos por dinheiro. Porém,

podemos empregar alcoólicos que possam executar os serviços, para os quais

geralmente, teríamos que empregar não alcoólicos. Tais serviços especiais podem ser

bem recompensados. Entretanto, o trabalho da “12ª Etapa” não deve, jamais ser pago.

9) Cada Grupo A.A. necessita um mínimo de organização possível. A mudança

constante da administração é aconselhável. O pequeno grupo pode escolher seu

Secretário, o grande grupo, seu Comitê de Revezamento e os grupos de uma grande

metrópole seu Comitê Central. Eles são os guardas da nossa Tradição A.A. e os

recebedores das contribuições voluntárias dos A.A., por meio das quais mantemos o

Escritório Central dos A.A. em New York. Eles são autorizados, pelos grupos, a

dirigir as nossas relações públicas e garantem a integridade do nosso principal jornal

“The A.A. Grapevine”. Todos estes representantes devem ser orientados no espírito

do serviço, porque os verdadeiros líderes dos A.A. são servidores experimentados e de

confiança. Dos seus títulos não emana autoridade real; eles não governam. O respeito

universal é a chave do seu sucesso.

10) Nenhum grupo ou membro A.A. deverá jamais (para não comprometer os A.A.)

expressar qualquer opinião, em discussões externas, particularmente sobre política,

reforma alcoólica ou religião. Os grupos dos A.A. não se opõem a ninguém. Sobre tais

assuntos eles não podem expressar quaisquer pontos de vista.

11) Nossas relações com o público em geral devem ser caracterizadas pelo anonimato.

Achamos que os A.A. devem evitar propaganda sensacionalista. Nossos nomes e

retratos, como membros dos A.A. não devem ser irradiados, filmados ou impressos

publicamente. Nossas relações públicas devem ser dirigidas de preferência pelo

princípio de atração e não de promoção. Não é necessário, jamais, glorificar-nos.

Preferimos que nossos amigos nos recomendem.

12) E, finalmente, nós, os A.A., acreditamos que o princípio do Anonimato tem uma

grande significação espiritual. Ele nos lembra que devemos colocar os princípios

acima das personalidades; que devemos, de fato, praticar uma verdadeira humildade.

Isto para que nossos grandes benefícios não nos desvirtuem jamais; que nós vivamos,

para sempre, uma contemplação agradecida a Ele que guia a todos nós.

Conquanto estes princípios tenham sido expostos numa linguagem positiva, eles são apenas

sugestões para o nosso futuro. Nós, os A.A., nunca respondemos entusiasticamente a qualquer

suposição de autoridade pessoal. Talvez seja bom, para os A.A., que isto seja real. Assim, ofereço

estes princípios, não como uma máxima, nem tampouco como uma crenças de qualquer espécie, mas

como uma primeira tentativa de ilustrar o Ideal deste grupo, para o qual fomos levados por uma

Força Superior, e onde permanecemos durante este quinze anos.

BILL

QUEM É UM MEMBRO DOS A.A.?

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A primeira edição do livro “Alcoólicos Anônimos” faz esta pequena asserção sobre o membro: “A

única exigência feita a um membro é um desejo honesto de parar de beber. Nós não somos aliados a

qualquer crença ou seita, como também a nenhuma nos opomos. Unicamente queremos ajudar

àqueles que estão aflitos”. Isto expressava nosso sentir em 1939, ano em que o primeiro livro foi

publicado.

Desde aquele dia todas as espécies de experimentos foram tentadas com os membros. O

número de regras para orientar os sócios, feito por diversos grupos (a maioria das quais quebradas) é

inumerável.

Uma pequena reflexão sobre estas regras conduziu-nos a uma conclusão surpreendente. Se

todas estas citações tivessem entrado em vigor, em toda a parte, simultaneamente, teria sido

praticamente impossível, a qualquer alcoólico, juntar-se aos A.A. Cerca de nove d´cimos de nossos

mais antigos e melhores membros, nunca poderiam ter-se juntado a nós.

Em alguns casos teríamos desistido em face das exigências feitas.

Uma vez ou outra, a maioria dos grupos A.A. continuam a ditar regras. Naturalmente, quando

um grupo começa a desenvolver-se rapidamente, principia a enfrentar problemas difíceis.

Neste ponto o grupo penetra na fase das regras e regulamentos.

A maioria das tentativas “de imposição” geram tais dissenções e intolerâncias no grupo que

isto, é, sabe-se hoje, ser pior para a existência do grupo do que qualquer outra coisa.

Assim, alguns de nós, ainda têm receio do que qualquer novo membro venha a fazer, e

prejudicar a reputação dos A.A. Os que caem em falta, os que pedem auxílios, os que fazem

escândalos, os que se rebelam contra o programa, os que negociam com a reputação dos A.A., todas

essas pessoas, raramente, podem prejudicar um grupo de A.A. por muito tempo. Alguns destes

tornaram-se nossos mais respeitados e queridos amigos. Alguns permaneceram abusando de nossa

paciência, sem nos causar dano. Outros nos abandonaram. Não os encaramos como ameaças, mas

como ensinamentos. Eles nos obrigam a cultivar a paciência, a tolerância e a humildade. Finalmente,

vemos que estas criaturas são apenas mais doentes do que o resto de nós, e nós que os condenamos

somos os fariseus, cuja falsa justiça impõe ao nosso grupo o mais profundo dano espiritual.

Que aconteceria se os A.A. não os tivessem escolhido? Onde estariam eles agora?

Isto é porque todos nós julgamos nossos membros menos e menos. Se o álcool for um

problema incontrolável para ele, e se ele desejar fazer algo contra, isto nos basta. Não nos interessa

se o caso dele é grave ou não, se sua moral é boa ou má, se ele tem outras complicações ou não.

Nossa porta está sempre aberta e se ele a atravessar e começar a fazer algo contra suas preocupações,

será considerado um membro de A.A. Ele nada assina, com nada concorda, nada promete. Ele só se

une a nós se quiser. Hoje em dia, na maior parte dos grupos, ele nem sequer precisa admitir ser

alcoólico. Ele pode juntar-se aos A.A., baseado na suspeita de que pode ser um, de que já pode

revelar os sintomas fatais de nosso mal.

Se um membro insistir em assistir às reuniões bêbado, ele pode ser conduzido para fora,

levado por alguém. Porém, na maior parte dos grupos, ele pode voltar no dia seguinte, caso esteja

bom. Mesmo que ele possa ser expulso de um clube, ninguém pensará em expulsá-lo de A.A. Ele

será membro dos A.A., enquanto ele disser que o é.

Não desejamos privar ninguém do ensejo de abandonar o álcool. Desejamos ser tão Justos

quanto possível.

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N. T. - No rodapé desta página lê-se: Há somente uma exigência para o ingresso na

associação “A.A.” – A VONTADE SINCERA DE PARAR DE BEBER.

ANONIMATO – PRIMEIRA PARTE Nos anos futuros, o anonimato será, sem dúvida, uma parte da nossa tradição vital. Começamos a

perceber que a palavra “anônimo” tem, para nós, uma grande significação espiritual. De maneira

sutil, mas vigorosamente, lembramo-nos de que devemos colocar os princípios antes das

personalidades; que renunciamos à glorificação pessoal em público; que nosso movimento não

apenas prega, porém, pratica uma verdadeira humildade.

O anonimato é o alicerce de nossas relações públicas. Como esta ideia primitivamente originou-se e

subsequentemente se apoderou de nós, é uma etapa interessante da história dos A.A. Nos anos

anteriores à publicação do livro “Alcoólicos Anônimos” não tínhamos nome. Sem nome, sem forma,

nossos princípios essenciais de recuperação ainda sob discussão e provas, éramos, apenas, um grupo

de bêbados procurando o caminho que, esperávamos, ser o da Liberdade. Logo que nos certificamos

de estar no caminho certo decidimos publicar um livro em que poderíamos transmitir aos outros

alcoólicos as boas notícias. À proporção que o livro tomava forma, escrevíamos nele a essência da

nossa experiência. Era o produto de milhares de horas de discussões. Representava ele, de fato, a voz

coletiva, o coração e a consciência daqueles que abriram o caminho durante os quatro primeiros anos

de A.A.

O estudo e a votação, em reuniões, para os títulos, tornaram-se uma das nossas principais

atividades. Discussões e argumentos calorosos nos conduziram, por fim, à escolha de dois títulos.

Devemos chamar nosso novo livro “A Saída” ou “Alcoólicos Anônimos”? Esta era a questão final.

A última votação foi realizada pelos Grupos de New York e Akron. Por pequena maioria, o veredito

foi favorável ao título “A Saída”. Pouco antes da impressão alguém lembrou que poderiam existir

outros livros com esse nome. Um dos nossos mais antigos membros, (o prezado Fritz M., que

naquela época morava em Washington) percorreu a Biblioteca do Congresso, a fim de levar a cabo

uma investigação. Ele achou exatamente 12 livros com o mesmo nome “A Saída”. Quando esta

informação circulou, tivemos receio de ser a 13ª Saída. Assim, o nome “Alcoólicos Anônimos”

tornou-se o preferido. Deste modo achamos no nome para o livro que encerrava nossa experiência,

um nome para o nosso movimento, e, como veremos posteriormente, uma tradição da maior

importância espiritual. Os milagres realizam-se misteriosamente!

Desde a publicação do livro “Alcoólicos Anônimos”, em 1939, fundaram-se centenas de

grupos de A.A. Cada um deles fazia estas perguntas:

Até que ponto devemos ser anônimos?

Afinal, qual a vantagem do anonimato?

Ainda que não mais temamos o estigma do alcoolismo, encontramos pessoas que são

extremamente sensíveis quanto a suas relações conosco. Alguns entram com pseudônimos. Outros

nos pedem segredo profundo. Temos, também, indivíduos que proclamam o anonimato uma

infantilidade. Eles acham que sua obrigação é apontar os membros dos A.A. Eles frisam que os A.A.

possuem pessoas de renome, algumas de importância nacional. “Porque, perguntam-nos, não

devemos tirar proveito de seu prestígio pessoal, como o fazem outras organizações”?

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Entre estes extremos há um sem número de opiniões. Alguns grupos, especialmente os mais

novos, conduzem-se como sociedades secretas. Eles não desejam que suas atividades sejam

conhecidas, nem mesmo pelos amigos. Eles não admitem, nem mesmo a presença de pregadores,

médicos ou suas esposas às reuniões. Quanto a convites a jornalistas – nem se cogita! Outros grupos

são de opinião que suas comunidades devem saber tudo sobre os A.A. Ainda que não divulguem

nomes, aproveitam toda oportunidade para propalar as atividades de seu grupo. De quando em

quando, organizam reuniões públicas ou semi-públicas, onde os A.A. aparecem, à medida que são

chamados pelo nome. Médicos, sacerdotes e funcionários públicos são, com frequência, convidados

para falar nestas reuniões. De quando em quando, alguns A.A. abandonam por completo, o

anonimato. Seus nomes, retratos e atividades pessoais aparecem nos jornais. Como membros dos

A.A., muitas vezes, muitas vezes, apõem suas assinaturas em artigos que versam sobre sua

organização.

Assim, sendo quase evidente que a nossa maior parte acredita no anonimato, a prática dos

nossos princípios varia muito. E, de fato, devemos compreender que a segurança e a efetividade

futura dos A.A. pode depender de sua preservação.

A questão vital é: “Onde devemos estabelecer o ponto em que a personalidade termina e o

anonimato começa?”.

Aliás, alguns de nós são anônimos até o ponto onde vão os nossos contatos diários. Nessa

altura, abandonamos o anonimato porque pensamos que os nossos amigos e associados devem saber

algo sobre os A.A. e o que os mesmos fizeram por nós. Desejamos, também, perder o desejo de

admitir que somos alcoólicos. Ainda que solicitemos, com insistência, aos jornalistas, a não

divulgação das nossas identidades, falamos, frequentemente, diante de aglomerações semi-públicas,

usando nosso verdadeiro nome. Desejamos convencer os ouvintes de que o alcoolismo é um mal que

não devemos recear, discutir diante de quem seja. Se, contudo, formos além deste limite,

perderemos, prontamente, o princípio do anonimato para sempre. Se cada A.A. tivesse a liberdade de

publicar o seu próprio nome, retrato e história, seríamos, muito em breve, lançados numa vasta orgia

de publicidade pessoal. Não é aqui onde, pelo bem da tradição, devemos estabelecer o limite?

ANONIMATO – SEGUNDA PARTE O anonimato tem para nós, os A.A., uma vasta significação espiritual. Que o princípio seja

preservado como parte da nossa tradição vital.

Necessitamos, por isso, de uma perfeita tradição que seja reverenciada por todos os A.A.

1) Deve ser privilégio de cada A.A. cercar-se de anonimato até o ponto que ele deseja.

2) Mutuamente os A.A. devem respeitar o sentimento do grupo local acerca do

anonimato. Se seu grupo desejar ser menos conspícuo (N.T.: menos visível, menos

perceptível), na sua localidade, do que ele desejar, ele deve concordar com o grupo, a

menos que este mude de opinião.

3) Deve ser norma universal que nenhum A.A. de publicar em combinação com qualquer

atividade de A.A., seu nome e retrato em meio de circulação pública. Isto,

naturalmente, não restringirá o uso de seu nome em outras atividades públicas,

conquanto, naturalmente, que ele não publique sua qualidade de membro dos A.A.

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A maior parte dos A.A. concorda em que a ideia do anonimato é sã, porque a mesma encoraja

os alcoólicos e suas famílias a se aproximarem de nós em busca de ajuda. Ainda com receio de serem

estigmatizados, eles consideram o anonimato como uma segurança de que seus problemas serão

mantidos em segredo.

O anonimato é uma proteção para a nossa causa. Ele evita que nossos fundadores ou líderes

tornem-se nomes familiares que possam, em qualquer época, embebedar-se o que viria resultar em

detrimento para os A.A. Ninguém pode afirmar que isto não poderia acontecer entre nós. Poderia?

Quase todos os jornalistas que de nós se ocupam queixam-se, de início, da dificuldade de

escrever sua história sem nomes; porém, rapidamente, eles esquecem esta dificuldade quando

constatam que aqui há um grupo de pessoas que não se prende a benefícios pessoais. Possivelmente,

é a primeira vez na vida que eles escrevem sobre uma organização que não aspira a nenhuma

publicidade pessoal. Esta sinceridade, instantaneamente transforma-os em amigos dos A.A. portanto,

seus escritos são escritos de amigos, nunca de rotina. É um escrito entusiástico, porque o próprio

jornalista se entusiasma. Muitas vezes perguntam como os A.A. são capazes de manter uma

publicidade tão grande. A resposta parece ser que quase todos que escrevem sobre nós transformam-

se em A.A. não será a política de anonimato a principal responsável por este fenômeno?

Porque o público, de modo geral, nos olha com simpatia? Será simplesmente porque estamos

levando a recuperação a tantos alcoólicos? Não, isto não é certo. Contudo, ele pode estar

impressionado com as nossas recuperações, Zé Ferreira está muito mais interessado no nosso modo

de vida. Cansado da agitação constante em que vive, ele se sente bem na nossa quietude, modéstia e

anonimato. É bem possível que ele sinta que uma grande força espiritual está sendo gerada – a algo

novo surgiu na sua vida. Sob o sentido espiritual, o anonimato une-se à renuncia do prestígio pessoal

como um instrumento de política geral.

Agora, que há com relação à sua aplicação? Já que falamos do anonimato a cada novo

membro, devemos, naturalmente, preservar o anonimato do novo membro enquanto ele assim o

desejar. Ainda que a maioria dos novos membros não ligue para o fato de que alguém saiba algo

sobre o seu alcoolismo, outros, ao contrário, dão muita importância a este pormenor. Protejamo-los

até que eles não mais se sintam deste modo. Devemos aconselhá-los a encarar tudo com calma; que

em primeiro lugar meditem antes de falar sobre os A.A. a quem quer que seja; que não pensem em

publicar algo sobre os A.A. sem estar seguros da aprovação do seu próprio grupo.

Em seguida, o problema do anonimato do grupo. Como acontece com o indivíduo, é provável

que o grupo deva seguir seu caminho cuidadosamente até que obtenha força e experiência. Não deve

haver muito empenho em introduzir estranhos ou realizar reuniões públicas. Porém este

conservantismo primitivo pode ser exagerado. Alguns grupos continuam, ano após ano, evitando

toda publicidade e quaisquer reuniões, exceto aquelas destinadas unicamente aos alcoólicos. Estes

grupos desenvolver-se-ão vagarosamente. Eles se tornam antiquados porque não recebem sangue

novo. Desejando manter segredo, esquecem-se de suas obrigações para com os outros alcoólicos em

suas comunidades, que nunca souberam da existência dos A.A. na cidade. Porém, este cuidado

desarrazoado, eventualmente, desaparece. Pouco a pouco, realizam-se algumas reuniões para as

famílias e os amigos íntimos. Sacerdotes e médicos podem, de vez em quando, ser convidados.

Finalmente, um grupo atrai o jornal local.

Na maioria dos lugares, é costume dos A.A. usar seus próprios nomes, quando falam a

agremiações públicas ou semi-públicas.

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Na prática, então, o princípio do anonimato nos conduz ao seguinte: com uma exceção muito

importante, a questão de como até onde cada indivíduo ou grupo abandonará o anonimato, fica a

critério do indivíduo ou do grupo interessado. A exceção é: que todos os grupos ou indivíduos

quando falam ou escrevem para publicação, como membros dos A.A., nunca se sintam inclinados a

revelarem seus verdadeiros nomes. É ai que devemos fixar o anonimato. Não devemos nos mostrar

ao público em geral por meio da imprensa, do cinema ou do rádio.

Modéstia e humildade são necessárias a todo o A.A. para sua própria recuperação. Se estas

virtudes são necessidades tão vitais para os indivíduos, assim devem ser para os A.A. como um todo.

O princípio do anonimato, em face do público em geral, pode, se nós o tomarmos a sério, garantir o

movimento dos A.A. para sempre. Nossa política de relações públicas deve, principalmente, basear-

se no princípio da atração e, raras vezes, se necessário, na promoção.

O DINHEIRO – PRIMEIRA PARTE Onde o uso de dinheiro acaba – e seu abuso começa – é o ponto, no campo espiritual, que nós todos

procuramos.

Sabendo que discussões sobre coisas materiais esmagaram o espirito de muito boas

organizações, concluímos que dinheiro, em demasia, pode ser-nos prejudicial.

Pouco adianta aspirar ao impossível. O dinheiro penetrou no nosso meio e nós estamos

definitivamente resolvidos a gastá-lo comedidamente. Nenhum de nós pensaria, seriamente, em

abolir nossos locais de reuniões e clubes com o fim de evitar dinheiro. A experiência nos mostrou

que temos grande necessidade dessas facilidades, de modo que devemos aceitá-las mesmo que nelas

haja algum risco.

Porém, como devemos reduzir ao mínimo estes riscos? Como devemos limitar o uso do

dinheiro, para que ele nunca destrua a base espiritual de que depende a vida de cada A.A.? este é o

nosso problema real hoje em dia.

Suponhamos que começamos com contribuições voluntárias. Cada A.A. ajuda a pagar o

aluguel do local de reunião, de um clube, ou a manutenção de sua sede. Mesmo que muitos de nós

não acreditem em clubes e conquanto alguns A.A. não vejam a necessidade de termos qualquer

escritório local ou nacional, podemos dizer francamente que a maioria dos A,.A. acredita que estes

serviços são necessidades básicas, É evidente, naturalmente, que tais contribuições não são, de modo

algum, obrigações dos A.A.

Todavia alguma empresa permanece, a maior parte surgindo em combinação com os nossos

clubes, escritórios central e locais.

Nota-se que às vezes ficamos presos a um “controle burocrático” ou, pior ainda, uma

profissionalização categórica de A.A. Mesmo assim deve-se dizer que estas dúvidas nem sempre são

desarrazoadas, porque já tivemos bastante experiência para eliminá-las em grande parte.

Para começar é certo que não necessitamos ser subjugados pelos nossos clubes, escritórios

locais ou central de New York. Estes são locais de serviço, eles não podem realmente controlar ou

governar os A.A.

Já que os A.A. não dependem de honorários ou obrigações, podemos sempre “lançar mão de

nossas facilidades especiais ou deixá-las aparte”.

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Já que ninguém está sujeito a manter os serviços, eles nunca podem ditar, nem se afastar das

tradições de A.A.

Paralelamente com o principio “lançar mão de nossas facilidades especiais ou deixá-las

aparte”, há uma tendência encorajadora para incorporar todas estas funções especiais separadas se

elas envolverem grandes somas de dinheiro, propriedade ou direção. Mais e mais, os grupos A.A.

verificam que são entidades espirituais e não organizações comerciais.

À proporção que o progresso se patenteia, é aconselhável incorporar e separar o clube dos

grupos vizinhos. A manutenção do clube torna-se, então, antes um assunto individual do que do

grupo.

Nossa evolução, nos grandes centros dos A.A., está começando a mostrar, claramente, que

enquanto ela for uma função apropriada dos grupos ou do seu Comitê Central, para manter um

secretário remunerado, destinado à sua área, não é função de um grupo ou comitê central manter os

clubes financeiramente.

A maioria não deve tentar submeter a minoria na manutenção dos clubes que ela supões

desnecessários.

De modo geral, a diretoria de um clube cuida da direção financeira e da vida social local.

Porém, os assuntos estritamente dos A.A. permanecem sendo função dos grupos. Esta divisão das

atividades não é regra geral: é apresentada apenas como uma sugestão, guardando as características

da tendência atual.

Um grande clube ou escritório central significa um ou mais funcionários remunerados. Que

há com eles – estão profissionalizando A.A.?

Para cada um de nós, o ideal dos A.A., é uma coisa bela e perfeita. É uma força superior que

nos tirou da areia movediça e nos pôs a salvo na terra. O mais leve pensamento no sentido de

desfigurar o nosso ideal, e muito menos, de permutar o ideal por ouro é, para a maioria, inadmissível.

Porém, existe um princípio sobre o qual, creio, podemos resolver, honestamente, o nosso

dilema. Ei-lo: um servente pode varrer um assoalho, um cozinheiro pode fritar um bife, uma

secretária pode dirigir um escritório, um tipógrafo pode editar um jornal – todos, estou certo, sem

profissionalizar os A.A. Se não fizéssemos este serviços, teríamos que contratar não alcoólicos para

executá-los. Não pediríamos a nenhum não alcoólico para executar estas funções, sempre, sem

pagamento.

Assim, porque os que, entre nós, percebem bons salários no mundo externo, esperam que

outros A.A. sejam administradores, cozinheiros ou secretários? Porque devem estes A.A. trabalhar

gratuitamente em tarefas que outra parte de nós não tentaria ou poderia desempenhar? Ou porque

devem estes ganhar menos do que os outros que executam trabalhos idênticos no mundo externo? E,

que diferença faria se, no curso de suas obrigações, eles fizessem algum trabalho além da “12ª

Etapa”? o princípio parece ser que podemos pagar bem por serviços especiais, porém, nunca por

serviços da“12ª Etapa”.

Como, então, poderiam os A.A. profissionalizarem-se? Bem simples. Posso, por exemplo,

alugar um escritório e, na porta, pendurar a seguinte tabuleta: “João A., Terapeuta do A.A. Preço

Cr$ 100,00 por hora”. Isso seria tratamento face a face do alcoolismo, por dinheiro. Eu estaria,

seguramente, negociando com o nome dos A.A., uma organização puramente amadora, para alargar

minha prática profissional. Isso seria a profissionalização dos A.A. – e como! Seria legal, porém,

sem ética.

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Então, significa isto que devemos criticar os terapeutas como uma classe mesmo dos A.A.

que escolhessem este campo? Absolutamente. “A questão é que ninguém deve identificar-se como

um terapeuta dos A.A.”.

Conquanto eu duvide que muitos A.A. penetrem no campo de terapia alcoólica, ninguém

de3ve sentir-se excluído, especialmente se eles estiverem empenhados em serviços sociais,

psicológicos ou psiquiátricos. Porém, certamente, eles nunca deverão usar suas relações como A.A.,

publicamente ou de modo perceba que os A.A. possuem uma classe especial dentro de suas fileiras.

É aqui que devemos fixar todos os limites.

O DINHEIRO – SEGUNDA PARTE

Resumo a) O uso do dinheiro nos A.A. é um assunto de grade importância – onde seu uso acaba e

seu abuso começa, é o ponto que devemos vigiar atentamente.

b) Aos A.A. já está confiado o uso qualificado do dinheiro, porque nós não pensaríamos

em acabar com nossos escritórios, lugares de encontro e clubes, simplesmente para

evitar as finanças em geral.

c) Nosso verdadeiro problema, hoje em dia, consiste em fixar limites inteligentes e

tradicionais, sobre o uso de dinheiro, limitando, assim, ao mínimo, sua tendência

destrutiva.

d) As contribuições voluntárias, ou donativos, devem ser nossa principal e,

eventualmente, única ajuda; essa espécie de automanutenção evitaria que nossos

clubes e escritórios passassem para outras mãos, porque seus fundos poderiam ser

prontamente cortados, quando eles não nos servissem bem.

e) Achamos aconselhável incorporar separadamente essas facilidades especiais que

exigem muito dinheiro ou administração; um grupo de A.A. é uma entidade espiritual,

não uma casa de negócios.

f) Devemos, a todo custo, evitar a profissionalização dos A.A.; o serviço da 12ª etapa

jamais deve ser pago; os A.A. que entram na terapêutica alcoólica nunca devem

negociar com suas ligações com os A.A.; não há e jamais poderá haver um terapeuta

A.A.

g) Os membros dos A.A. podem, contudo, ser por nós empregados como funcionários

efetivos, conquanto que eles tenham obrigações legitimas, além e aquém da 12ª etapa.

Podemos, por exemplo, admitir secretários, garçons e cozinheiros, sem torna-los A.A.

profissionais.

Continuamos agora a discussão do profissionalismo: os A.A. constantemente consultam os

comitês locais ou a Fundação Alcoólica, dizendo que lhes foram oferecidas posições em campos

conexos. Podemos nós, agindo como indivíduos, aceitar tais ofertas? Muitos de nós não vemos a

razão porque não podemos aceita-las.

Seguramente nenhum A.A. deve ser impedido de ocupar tal emprego, pelo fato de ser um

A.A. Ele necessita apenas evitar a “Terapia A.A.” e qualquer ação ou palavra que comprometa A.A.

Há anos pensávamos que os A.A. deviam ter seus próprios hospitais, sanatórios e fazendas.

Hoje em dia, estamos convencidos de que não devemos ter nada disso. Mesmo os nossos clubes

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dentro dos A.A., são um pouco afastados. E, na opinião de quase todos, os lugares de hospitalização

devem estar bem fora dos A.A. e sob supervisão médica.

Em toda parte, cooperamos com os hospitais. Muitos nos oferecem privilégios e concessões.

Alguns nos consultam. Outros empregam enfermeiras A.A. ou subalternos. Relações como estas, em

geral, dão bons resultados. Porém, nenhuma destas instituições é conhecida como “Hospitais A.A.”.

Também tivemos algumas experiências com fazendas e lugares de descanso que, mesmo fora

do alcance dos A.A. e de supervisão médica, foram, no entanto, administradas e financiada por

membros de A.A. Algumas dessa experiências ofereceram bons resultados, outras não. Com uma ou

outra exceção, as piores organizações possíveis foram aquelas em que os grupos A.A., com dinheiro

e administração do grupo começaram a fazer uma exploração comercial. A despeito das exceções,

tais hospitais A.A. são os que menos prometem. O grupo que admite um novo projeto usualmente

acha que contraiu um responsabilidade desnecessária. Sendo um projeto do grupo não pode ser

abandonado. Ou este projeto será abandonado ou representará uma infecção na politica do corpo.

Estas experiências demonstram que o grupo A.A. terá que ser uma entidade espiritual e não um

centro de negócios.

Que diremos, agora, sobre donativos ou pagamentos aos A.A., vindos de fontes externas?

Naturalmente, pode ser tida como uma exceção ao principio de automanutenção, se um amigo

não alcoólico comparecer a uma reunião e contribuir com Cr$ 200,00. Também temos dúvidas sobre

se devemos recusa Cr$ 100,00 enviados por um parente, em reconhecimento pela recuperação de um

intimo. Talvez, parecêssemos mal agradecidos recusando-os.

Porém, não são estes pequenos donativos que nos interessam. São as grandes contribuições,

especialmente aquelas que nos acarretam obrigações futuras, que nos fariam vacilar. Também há o

fato de pessoas ricas reservarem somas para os A.A., em seus testamentos pensando que nós

poderíamos usar uma grande soma de dinheiro se o tivéssemos. Não deveríamos desencorajá-los? E

já foram feitas algumas tentativas alarmantes, em solicitações públicas, de dinheiro, em nome dos

A.A. Poucos A.A. imaginarão aonde tal conduta nos levaria. De vez em quando recebemos ofertas de

dinheiro de fontes “a favor ou contra o uso do álcool”. Isto é, evidentemente, perigoso. Devemos

nos afastar desta controvérsia desastrosa. De vez em quando, os pais de um alcoólico, cheios de

gratidão, querem fazer um grande donativo. Será isto bom para ele e para nós? Não nos sentiríamos

em, débito com ele, e não pensaria ele, especialmente se fosse um novato, que havia comprado um

bilhete para um destino feliz, a sobriedade?

Não seriamos, de modo algum, capazes de por em dúvida a generosidade desses doadores.

Porém, é aconselhável aceitar as suas doações? Ainda que haja poucas exceções, compartilho da

opinião dos A.A. mais antigos que a aceitação de grandes donativos, venham de onde vierem, é

muito discutível e quase sempre é uma politica perigosa. De fato, o clube que luta pela existência

pode necessitar, permanentemente, um donativo ou um empréstimo. Mesmo assim, é melhor que o

paguemos, conforme possamos. Nunca devemos deixar que qualquer vantagem imediata, mesmo

atrativa, não nos faça ver que estamos criando um desastroso precedente para o futuro. A disputa de

dinheiro e propriedade arruinou, muitas vezes, melhores sociedades do que a nossa de alcoólicos

temperamentais.

É com a mais profunda gratidão e satisfação que eu vos relato agora uma recente resolução

que passou pelo nosso comitê de serviços gerais, o Conselho da Fundação Alcoólica, que é o guarda

dos fundos dos A.A. Como norma, eles resolveram rejeitar todos os presentes que impliquem na

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mínima obrigação. E, ainda, que a Fundação Alcoólica não aceitará nenhum tributo de origem

comercial. Como a maior parte dos leitores sabe, fomos procurados por várias companhias

cinematográficas, acerca da possibilidade de fazer um filme sobre os A.A. Naturalmente, falou-se em

dinheiro. Porém, nosso Conselho foi da opinião de que os A.A. nada têm para vender; que todos nós

desejamos evitar o comercio, e que, em qualquer caso, os A.A., de modo geral, se mantêm.

A meu ver, isto é uma decisão de grande importância para o nosso futuro – um grande passo

no caminho certo. Quando tal atitude, com relação ao dinheiro, tornar-se universal, teremos

finalmente nos afastado da rocha de ouro traiçoeira, chamada materialismo.

Nos anos futuros, os A.A. farão frente a uma grande prova – sua prosperidade e sucesso. Eu

acho que isto se evidenciará como a maior de todas as experiências. Podemos afirmar que o tempo e

as circunstancias podem bater sobre nós em vão. Nosso destino estará seguro!

N. T. - No rodapé desta página lê-se: A BOA VONTADE, A HONESTIDADE E

UMA MENTALIDADE SEM PREVENÇÕES, são essenciais para a recuperação.

HOSPITALIZAÇÃO ADEQUADA: UMA GRANDE NECESSIDADE

Apesar da eficácia geral do programa dos A.A., muitas vezes necessitamos da ajuda de agencias

amistosas fora dos A.A.

Conquanto mais de um alcoólico tenha vencido seu vicio sem auxilio medico, e que alguns de

nós sejam de opinião que o método “cortar de uma vez” é melhor, a maioria dos A.A. é de opinião

que o novo membro, cujo caso é bastante serio, tem muito mais oportunidade de alcançar o grau se

for bem hospitalizado no principio.

A finalidade primaria da hospitalização não é privar o alcoólico do trabalho de tornar-se são;

sua finalidade verdadeira é coloca-lo em estado de maior receptividade ao nosso programa A.A.

É um reconhecimento de que ele necessita de ajuda, de que seu vicio é incontrolável; de que

ele não pode completar a tarefa sozinho. A hospitalização, muitas vezes, é o acontecimento que

ilumina o caminho à aceitação de toda essa importante 1ª Etapa.

“Admitimos que não tínhamos força sobre o álcool – que nossas vidas tinham-se tornado

descontroladas”.

Em cada ano que passa, verificamos, cada vez mais, a imensa importância de apresentar

adequadamente o programa a cada novo alcoólico, que está disposto a nos escutar. Muitos de nós

acham que isto é a nossa maior obrigação para com ele e o não fazê-lo, a nossa maior falta. A

diferença entre uma boa e uma má aproximação pode significar vida ou morte, para aqueles que

procuram nosso auxilio.

Cada vez mais, os grupos A.A. estão adotando a ideia do “Padrinho”. Cada novo membro é

encaminhado a um membro A.A. moderado, sob cuja proteção ele fica durante seu curto período de

adaptação ao nosso modo de vida. O “Padrinho” ajuda a fazer os preparativos no hospital, leva o

doente para lá,. Visita-o frequentemente e providencia para que ele seja visitado por outros A.A.,

cujas experiências podem ser de grande utilidade.

Assim, tiramos as seguintes conclusões desta vasta experiência: Esta hospitalização é, em

muitos casos, imperativa e porque o hospital proporciona uma base tão firme para um bom

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“Padrinho” que é mesmo desejável nos casos menos sérios. Eles definitivamente terão melhores

oportunidades se forem hospitalizados.

Enquanto abordamos este tema devemos notar que todos os esquemas do grupo, para

financiar as despesas do hospital para os companheiros, fracassaram. Não só muitos dos empréstimos

deixam de ser pagos, mas sempre há, no grupo, a questão de quais são os que merecem o primeiro

lugar.

Em outros casos os grupos A.A., forçados pela necessidade de auxílio médico, iniciaram

campanhas públicas de levantamento de dinheiro para construir “hospitais dos A.A.” em suas

comunidades. Quase invariavelmente, estes esforços são infrutíferos. Estes grupos não pretendem

apenas entrar no ramo de hospital, mas também de financiar suas aventuras, pedindo ao público em

nome de A.A. Instantaneamente todas as espécies de dúvidas são geradas; os projetos submergem.

Os A.A. conservadores verificam que as aventuras comerciais ou solicitações que levam sua sanção,

são, de fato, perigosas para os A.A. Se isto se tornasse prática geral tudo estaria perdido.

Outras perspectivas promissoras para boa hospitalização e de preço razoável estão em vista.

Estes são os diversos hospitais gerais que continuam a abrir suas portas para nós. Muito cedo na

história dos A.A., hospitais católicos, em algumas cidades do interior, viram a nossa necessidade e

acolheram-nos, indiferentes à denominação. Seus exemplos levaram outras instituições religiosas a

procederem de modo idêntico, pelo que somos profundamente reconhecidos. Recentemente, outros

hospitais particulares ou semi-particulares começaram a demonstrar grande interesse. Às vezes eles

chegam ao ponto de dividir enfermarias para uso dos A.A., só admitindo alcoólicos sob nossa

recomendação, dando-nos privilégios de visitas e preços muito razoáveis. Acordos desta espécie, já

em funcionamento, foram tão satisfatórios, para os hospitais e para os A.A., que muitas destas

instituições tornar-se-ão ativas brevemente. Nestas situações, não participamos da direção do

hospital. Oferecem-nos privilégios especiais em troca de nossa cooperação. Enquanto que os A.A.

tradicionalmente não exerçam nenhuma pressão politica ou “promocional”, podemos como

indivíduos, mostrar nossa grande necessidade de hospitalização suficiente a todos que se interessem,

frisando, naturalmente, que se bem que acreditemos ser a hospitalização, primariamente, um

problema médico, a ser resolvido pelas comunidades e pelos médicos, nós, os A.A., gostaríamos de

cooperar com eles de qualquer maneira possível.

PERIGOS EM UNIR OS A.A. A OUTROS PROJETOS

Nossas experiências A.A. levantaram a seguinte série de importantes, porém não resolvidas questões.

Primeiramente: devem os A.A., como um todo, lançar-se no campo externo da hospitalização,

pesquisa e educação não contenciosa (N.T.: incerta, duvidosa.) do álcool? Segundo: está um A.A.

agindo estritamente como um individuo, justificando, ao levar sua experiência e conhecimento a tais

empresas? Terceiro: se um membro dos A.A. aceita estas faces do problema do álcool, sob quais

condições deve ele trabalhar?

Podemos dizer que tanto aos A,A,, em conjunto, como a qualquer dos seus grupos, é livre,

exercer outra atividade que não seja as dos A.A. Como grupos, não podemos endossar, financiar ou

formar uma aliança com qualquer outra causa, mesmo sendo boa; não podemos unir o nome dos

A.A. a quaisquer outras empresas no campo alcoólico, ao ponto que o público tenha a impressão de

que abandonamos nossa única aspiração. Devemos sim, desencorajar nossos membros e nossos

amigos nesses campos de ressaltar o nome de A.A. em publicidade ou em apelos financeiros. Agir de

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outro modo será pôr em perigo nossa unidade, quando, manter essa unidade, é, precisamente, nossa

maior obrigação para com os nossos irmãos alcoólicos e para com o público em geral. Achamos que

a experiência já tornou estes fatos evidentes.

Já que penetramos num campo mais discutível, devemos perguntar a nós próprios, como

indivíduos, se devemos levar nossa experiência especial para outras fases do problema alcoólico.

Não devemos tudo isto à sociedade, e pode isto ser feito sem envolver os A.A. em geral?

Parece-nos que alguns de nós devem atender chamadas de outros campos. E aqueles que

necessitam unicamente lembrar, do princípio ao fim, que são A.A.? Que nas suas novas atividades

são unicamente individuais? Isto significa que eles respeitarão o princípio do anonimato na

imprensa? Que se eles aparecerem perante o público em geral não se dirão A.A.? que eles não

pedirão dinheiro nem buscarão publicidade, usando sua qualidade de membro dos A.A.?

Estes simples princípios de conduta, se aplicados conscientemente, podem, em breve, dissipar

todo receio razoável ou não, que muitos A.A., no momento, nutrem. Em tal base, os A.A. em

conjunto podem permanecer ainda desconfiando de qualquer coisa não contenciosa, procurando

escrever uma página mais brilhante, nas crónicas obscuras do alcoolismo.

Em resumo, estamos certos de que a nossa politica, em relação a projetos externos, será a

seguinte: os A.A. não esboçam projetos em outros campos. Porém, se estes projetos forem

construtivos e não contenciosos, os membros dos A.A. podem empenhar-se com eles, se agirem

apenas como indivíduos. Talvez seja isto. Devemos tentá-lo?

TERÃO OS A.A. SEMPRE UM GOVERNO PESSOAL?

A resposta para esta pergunta é quase, invariavelmente, “não”. Este é o veredicto claro de nossa

experiência.

Para começar, cada A.A. tem sido um individuo que, devido ao seu alcoolismo, poucas vezes

pode governar-se a si próprio. Nem poderia qualquer outro ser humano, governar a obsessão para

beber, seu desejo de ter as coisas ao seu modo. Há muito que famílias, amigos, empregadores,

médicos, sacerdotes e juízes tentam disciplinar os alcoólicos. Quase sem exceção, o fracasso em

conseguir qualquer coisa pela pressão, tem sido completo. Mesmo assim, nós, os alcoólicos,

podemos ser dos A.A., e com prazer, nos submetemos à vontade de Deus. Por isso, não se deve

estranhar que uma única autoridade real, entre os A.A. é a do Principio Espiritual. Não é nunca uma

autoridade pessoal.

Mesmo agora, sóbrios, possuímos vestígios da forte ressaca destas características pessoais, as

quais nos fizeram resistir à autoridade. Nisto provavelmente há uma sugestão para nossa carência de

governo pessoal nos A.A.: sem honorários, sem obrigações, sem normas e regulamentos, não se

exige que os alcoólicos se conformem com os princípios de A.A. Ninguém é posto em autoridade

pessoal, acima de outro. Mesmo sem ser puros, nossa aversão à obediência garante-nos a liberdade

do domínio pessoal de qualquer espécie.

Nós nos conformamos porque queremos.

A maior parte dos grupos A.A. resolveram seguir “12 Pontos para Assegurar Nosso Futuro”.

Os grupos estão dispostos a evitar controvérsias sobre assuntos externos como: politica, reforma ou

religião; eles se prendem ao seu único objetivo, que é ajudar a recuperação dos alcoólicos; eles cada

vez mais, confiam na automanutenção, do que na caridade externa. Mais e mais eles persistem na

modéstia e anonimato, em suas relações publicas. Os grupos dos A.A. seguem nestes princípios, pela

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mesma razão que um individuo dos A.A. segue as “12 Etapas para a Recuperação”. Os grupos, em

breve, verão que a fidelidade à nossa tradição e experiência, é o fundamento para uma vida de grupos

mais feliz e mais efetiva e eles sentem que se desintegrariam se não a seguissem.

Em parte alguma dos A.A. pode ser vista qualquer autoridade humana que possa obrigar um

grupo A.A. a fazer algo. Alguns grupos A.A., por exemplo, escolhem os seus orientadores. Porém,

mesmo com tal mandato, cada orientador logo conclui que enquanto ele puder guiar pelo exemplo e

persuasão, nunca deve impor senão, no momento das eleições ele será posto de lado.

A maioria dos grupos A.A. nem sequer escolhe os seus chefes. Eles preferem comitês de

rodizio para cuidar dos seus assuntos simples. Estes comitês são invariavelmente julgados como

empregados – eles têm apenas a autorização de servir, nunca de mandar. Cada comitê realiza o que

ele pensa ser o desejo do grupo. Isto é tudo. Mesmo assim, os comitês tentavam disciplinar os

membros indisciplinados, ainda que, eles, algumas vezes, tivessem elaborado normas

pormenorizadas e regulamentos e, de vez em quando, se colocado mesmo como juízes da moral dos

outros; não nos recordamos de caso algum em que tais empenhos tenham proporcionado efeito

durável, exceto a eleição de um comitê completamente novo.

O poder pessoal sempre falhou. Posso ver um sorriso dos meus amigos A.A. mais velhos.

Eles estão lembrando os tempos em que também sentiam o chamado poder para “salvar o

movimento A.A.” de uma ou outra coisa. Porém, seus dias de bancarem os Fariseus, passaram. Assim,

as pequenas máximas: “Devagar se vae ao longe – e deixe o barco correr”, tornaram-se

significativas para eles e para mim. Assim, todos aprendemos que nos A.A. cada um de nós só pode

ser um empregado.

(Fim da Transcrição)

Texto de “Alcoolismo: A Doença que Todos Escondem” (vem da página 17)

Transcrição integral ipsis litteris (tal como escrito, exceto a palavra alcoólatra que foi

substituída por alcoólico, tal como no original) do livreto

“Alcoolismo: A Doença que Todos Escondem”,

traduzido e publicado pela CENSAA-SP na década de 1980

(Início da transcrição)

Subtítulo: “Esqueça tudo que você pensa saber sobre os que bebem exageradamente e

comece a aprender de novo, agora!”.

UMA EMERGÊNCIA

NACIONAL

Suponhamos que uma nova doença subitamente se alastrasse aqui no Brasil – uma doença

cuja causa fosse desconhecida, porém que tivesse um tal efeito sobre o sistema nervoso que 10

milhões de pessoas se tornassem loucas por períodos variáveis de algumas horas até semanas e

meses, períodos estes que se repetissem, cada vez com maior frequência, durante 15 a 30 anos.

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Suponhamos, ainda, que durante esses períodos de loucura, se

cometessem atos tão autodestrutivos que as vidas, material e

espiritual, de 50.000.000 de brasileiros fossem cruelmente afetadas, e

o trabalho, no mundo dos negócios, da indústria, das profissões e das

fábricas, fosse sabotado ou deixasse de ser realizado a um custo

incalculável para a Nação. Finalmente, suponhamos que esta doença

tivesse a capacidade peculiar de poder alterar o juízo de suas vítimas

de tal maneira que se tornassem incapazes de se reconhecerem

doentes, chegando a querer, a todo transe, tornarem-se cada vez mais

doentes.

Uma tal emergência seria classificada como uma catástrofe das

mais sérias, e bilhões de cruzados seriam gastos para que milhares de

cientistas pudessem procurar as causas do mal, tratar de suas vítimas e

evitar que a doença se propagasse.

A terrível emergência, figurada acima, já está conosco. Tal doença é o alcoolismo. Ataca uma

em cada 13 pessoas que bebem. Não é por ser nova que se tem feito tão pouco para combater esta

doença no Brasil. Permanece sem solução porque não queremos encará-la.

Esperamos que este folheto ajude a desencadear, no nosso país, um interesse crescente por

esta doença, a qual a Organização Mundial de Saúde classifica como a TERCEIRA doença que mais

seres humanos mata, no mundo.

TODOS TEMOS UM CONHECIDO

OU PARENTE ALCOÓLICO

Estima-se que há mais de 1.000.000 de alcoólatras somente na cidade de São Paulo. Isto

significa que 5.000.000 de pessoas, que convivem ou trabalham com eles (ou elas), são afetadas pelo

comportamento dos mesmos. A maioria sofre desesperadamente, pois pouco ou nada conhece da

doença do alcoolismo. No entanto, poderia fazer muita coisa se tivesse os conhecimentos

necessários. E esses conhecimentos existem. Falta unicamente serem divulgados... e postos em

prática.

Foi dado um passo na direção certa com a publicação, pela primeira vez em português, do

livro ALCOÓLICOS ANÔNIMOS (Copyright – 1965 – A.A. World Services, Inc.). Este livro,

escrito por alcoólicos recuperados, é dirigido não somente às pessoas que estão encontrando

dificuldades em abandonar a bebida, mas também a seus parentes e amigos não alcoólicos. Ele

explica como através do programa de vida dos 12 Passos sugeridos por Alcoólicos Anônimos – mais

de 2.000.000 de sofredores no mundo todo conseguiram sair das trevas desta doença. O livro se

consegue através do C.L.A.A.B. (Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil), Caixa

Postal 3180, São Paulo, Capital.

Nas páginas seguintes do folheto que você tem em mãos se oferece, por outro lado, uma

explicação compreensiva de vários aspectos da doença, com a finalidade de orientar os que queiram

ajudar um alcoólico, os que se suspeitam ou se saibam alcoólicos, e os que gostariam de conhecer

mais sobre o assunto.

QUE É O ALCOOLISMO?

A capa do livreto

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O alcoolismo é uma doença que se manifesta principalmente na maneira incontrolada de

beber da vítima, a quem se dá o nome de alcoólatra. É uma doença progressiva que, se não for

tratada, torna-se com o passar do tempo mais violenta, afastando suas vítimas do mundo normal e

deixando-as cada vez mais baixo num abismo que só tem duas saídas: a loucura ou a morte

prematura. Além do mais, é uma doença incurável. Uma vez que uma pessoa se torne alcoólico,

sempre o será. Nem mesmo depois de muitos anos de abstenção poderá voltar a beber normalmente.

Logo estará bebendo mais do que nunca.

No entanto, igual a várias outras doenças incuráveis, o alcoolismo pode ser detido em sua

marcha.

Requer abstenção total do alcoólico, e para que não volte a beber, parece também requerer

uma mudança na personalidade do doente.

Cabe dizer que não há necessidade de ter medo da bebida em si. A ciência médica já eliminou

a bebida como a “causa” do alcoolismo. O mundo sabe, porque pode ver com seus próprios olhos,

que os que bebem moderadamente não desequilibram as suas vidas. Já a bebida exagerada não deve

ser tratada com a mesma indiferença. Mas, de qualquer maneira, a doença do alcoolismo não está na

garrafa. Está no homem.

QUEM É ALCOÓLICO?

Qualquer um poderá ser alcoólatra. Todo tipo de pessoa pode cair vitima desta doença que

ataca, indistintamente, uma em cada 13 pessoas que bebem: ricos e pobres, analfabetos e intelectuais,

brancos e negros, descrentes e religiosos, jovens e velhos, gente “boa” e gente “ruim”.

Este fato parece sempre surpreender a muita gente. Constantemente se ouvem frases como

estas: “Ele não pode ser alcoólatra. Veja só quanto dinheiro ganha!”. Ou então: “Ela simplesmente

não se enquadra. Não lhe faltava nada em criança. Casou-se bem. Tem três filhos. Não é possível”.

Ou, ao outro extremo: “Ele bebe por sem-vergonhice. Não parou várias vezes já? Bebe porque não

tem força de vontade e não quer parar”.

Todas estas frases vêm de suposições erradas e hoje desmentidas, embora sejam mantidas,

consciente ou inconscientemente, pela grande maioria da população. Baseiam-se na ideia totalmente

falsa de que o alcoólico é aquele que está caído na sarjeta e que ali não estaria se tivesse “força de

vontade”. Estas ficções morrem devagar. As pessoas encontram dificuldades em aceitar que podem

ser alcoólatras: a esposa do presidente do banco, o padre da paróquia, um famoso político ou o

próprio psiquiatra que tratou de seu amigo. O fato é que a doença ataca seres humanos, e não a certos

grupos ou classes da sociedade.

O alcoólico é notavelmente sensível. Mas, para ele, esta sensibilidade não é uma

característica saudável e construtiva. Em vez de ampliar seus horizontes e aumentar sua capacidade

criativa, como a sensibilidade faz em pessoas saudáveis, ela limita os horizontes do alcoólico,

virando-o para dentro, onde escapa do mundo que não o compreende.

Como poderá este mundo ajuda-lo? Em primeiro lugar, reconhecendo que é portador de uma

doença que se define simplesmente:

O ALCOÓLICO É UMA PESSOA CUJA MANEIRA DE BEBER CAUSA UM

CONTÍNUO E CRESCENTE CONFLITO EM QUALQUER ASPECTO DA SUA VIDA.

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A lógica por detrás desta definição é tão simples como a própria definição. Se o beber levasse

a problemas na vida de uma pessoa normal, ou ela procuraria beber menos, ou desistiria totalmente

da bebida. Para o bebedor normal, isso não apresentaria dificuldade alguma.

Porém, se o bebedor for alcoólico, poderá reconhecer essa solução óbvia e, inclusive, estar

convencido de que irá diminuir ou desistir. Porém, jamais o fará por muito tempo, porque não o

poderá fazer. A própria doença lhe tira a capacidade de controlar-se. Desistirá totalmente da bebida

com frequência, e pensará que isso prova que não é alcoólico. Mas, acabará sempre voltando a beber,

provando justamente o contrário. O problema para o alcoólico não é parar de beber... é não voltar a

beber.

Ameaçar um alcoólico, apelar para o seu bom senso, implorar-lhe a usar sua “força de

vontade” é ridículo, como seria ridículo dizer a um epiléptico que deva usar sua força de vontade

para evitar futuros ataques.

COMO SABER SE VOCÊ É

OU NÃO É ALCOÓLICO

Como alerta, este folheto deverá ser útil. Porém, sugere-se muita cautela e paciência. Pois é

extremamente difícil diagnosticar o alcoolismo. Diz-se que é a única doença em que somente o

paciente pode estar certo do diagnóstico. Os próprios membros de Alcoólicos Anônimos sempre

aguardam que o alcoólatra se defina. Especialmente porque não adianta tentar convencer um

alcoólatra a largar a bebida até que ele mesmo reconheça a sua incapacidade perante o álcool.

Se desconfiar que você mesmo possa ser um alcoólico, existe uma maneira quase infalível de

se testar. Não tente parar de beber por certa temporada, pois isto não provará nada. Como já foi

mencionado, até os alcoólicos mais avançados conseguem se abster da bebida, às vezes por períodos

consideráveis.

O teste é o seguinte: Durante pelo menos os próximos três meses, tente beber diariamente um

número fixo de bebidas alcoólicas que não varie de um dia para outro e que não seja mais de três. É

preciso beber o mesmo número de bebidas todos os dias durante todo o período do teste – digamos

duas bebidas por dia. Não deverá exceder esta quantidade em hipótese alguma, e isto inclui

casamentos, funerais, heranças inesperadas, mortes súbitas na família, promoções no emprego,

encontros com velhos amigos, etc. Se se permitir uma só exceção, falhou o teste.

O teste é tão fácil para o não alcoólico como seria para o alcoólico fazê-lo com guaraná.

Porém, serão pouquíssimos os alcoólicos que conseguirão fazer, ainda que a bebida escolhida fosse

cerveja.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS

DO ALCOOLISMO?

FASE INICIAL

(Que dura aproximadamente 10 a 15 anos)

Começa bebendo socialmente. Mais tarde bebe habitualmente, e faz muitas promessas aos

outros e a si mesmo: “Da próxima vez me controlarei”. Engana-se constantemente com as palavras:

“Bebo quando quero e paro quando quero”. Começa a mentir, minimizando o número de tragos que

ingeriu. Bebe antes de ir para uma festa na qual sabe que haverá bebida. Começa a sentir necessidade

de beber em horários determinados: antes das refeições, após o trabalho, durante um evento

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qualquer, seja um jogo de futebol, uma boda ou um velório. Bebe para aliviar o cansaço: “Foi um

dia de morte no escritório”. Bebe para superar seu nervosismo: “Preciso tomar um pouco de

coragem”. Bebe para acabar com sua depressão: “Vamos levantar o espirito”. São muitas as

desculpas. Experimenta os primeiros “apagamentos”, momentos de amnésia em que não lembra das

coisas que fez a noite anterior.

FASE INTERMEDIÁRIA

(Que dura aproximadamente 5 anos)

Continuam, em forma agravada, os sintomas iniciais. Mente a toda hora: para esconder o fato

de que sua maneira de beber é exagerada, para evitar as críticas, para tentar convencer-se que domina

o álcool, para salvar seu valor em seu emprego. Precisa beber onde não o conhecem para que

ninguém o fiscalize. Perde a fome e come irregularmente. Costuma chegar em casa “alto”, ou tarde,

ou ambos.... Bebe por qualquer motivo: num dia de chuva, para esquentar; num dia de calor, para

refrescar; por perder um grande negócio; por ganhar um grande negócio; para esquecer, ou para

celebrar. Anda sempre nervoso, agitado ou deprimido, e sempre culpando os outros pelo seu estado.

Bebe justamente quando não devia como, por exemplo, antes de uma entrevista importante. E

começam as paradas, desistindo completamente da bebida por períodos de semanas, meses e até

anos. Porém, ao melhorar a situação, acaba sempre voltando à bebida. E, em breve, está bebendo

mais do que nunca.

FASE FINAL

(Que termina na loucura, na morte,

ou no desejo sincero de se recuperar)

Sua vida se tornou intolerável com a bebida, e impossível sem ela. Bebe para viver e vive

para beber. Geralmente não se lembra do que aconteceu na noite anterior. As bebedeiras aumentam

em frequência, intensidade e duração. Começam as internações em hospitais e sanatórios “para

tratar dos nervos”. Ao sair desintoxicado, entra no primeiro botequim para tomar uma só, e na

mesma noite chega em casa totalmente bêbado. Perde o emprego e não consegue outro. Passa a

depender totalmente da família que, por ignorância, tenta encobrir o caso, evitando que o alcoólatra

sofra as consequências das suas bebedeiras. Com o resultado de que, não tendo motivos para parar,

ele segue bebendo. Os amigos o abandonam. Torna-se rebelde e agressivo, sobretudo com as pessoas

das quais mais depende. Perde totalmente o sentido de responsabilidade. Em casa, chora facilmente.

Mas, no botequim, sob o efeito do álcool, torna-se um verdadeiro professor de todas as disciplinas, e

amigo íntimo das maiores autoridades da cidade, do país e do mundo.

AS FASES PROGRESSIVAS

DA DOENÇA

POR QUE O

ALCOÓLICO BEBE?

Primeira Fase

Durante os primeiros anos, a maioria dos alcoólicos (toda regra tem suas exceções) mostra

uma capacidade crescente de beber. Apesar das quantidades que ingere, não gagueja, não perde o

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equilíbrio, não fica tonto e não tem ressacas. Porém, os “apagamentos” podem começar nessa fase.

Os outros não notam, pois o comportamento do alcoólatra é normal. Contudo, no dia seguinte ele

reconhece que certos acontecimentos da noite anterior desapareceram inteiramente da sua

consciência, a partir de alguma hora.

Depende do álcool para fazer por ele o que as pessoas normais fazem por si mesmas. Existe

uma tendência para beber em vez de enfrentar a situação. O alcoólico frequentemente reconhece que

não deve beber numa hora ou num lugar determinado. Porém, não consegue superar a compulsão de

tomar “uma só”. E, depois dessa, não tem mais controle. A bebedeira que segue lhe traz sentimentos

de incapacidade, de inferioridade, de “não prestar”.

Segunda Fase

Bebe mais rápido e em maiores quantidades que os outros, muitas vezes escondido. Começa a

sofrer ressacas dolorosas que se distinguem das ressacas dos não alcoólicos por serem acompanhadas

do remorso mental, o nojo de si mesmo, e fortes ataque de tremedeiras. Os “apagamentos” agora são

frequentes. Agora acorda de manhã tremendo, e precisa de álcool (ou qualquer outra sedativo) para

acalmá-lo. Se tomar calmantes enquanto seguir bebendo, colocará sua vida em perigo, pois esta

combinação é, frequentemente, fatal.

O alcoólico acha que não funciona bem sem uns golezinhos. A vergonha que sente faz com

que não queira, contudo, que ninguém toque no assunto das bebidas dele. Quanto mais inferior se

sentir, mais se utiliza das armas da arrogância, grandiosidade e agressividade. Sentindo-se isolado,

procura o convívio de pessoas que bebem com ele. Pensa que são as únicas pessoas que o

compreendem, e não está longe da verdade. Aliás, esta é uma das chaves do êxito de Alcoólicos

Anônimos.

Terceira Fase

Agora existe a necessidade imperiosa de conseguir e manter certa quantidade de álcool no

corpo o tempo todo. As ressacas, que ocorrem cada vez que o alcoólico acorda, são sempre apagadas

por mais bebida. O doente começa a ver coisas e ouvir sons inexistentes. O colapso físico está se

aproximando. Suas tremedeiras são violentas, não lhe permitindo levantar o primeiro copo do dia à

boca com uma mão só. Quase não se alimenta mais, nem se banha. Uma mudança brusca na

quantidade de álcool pode causar o delirium tremens – um estado físico muito perigoso que requer

a atenção médica imediata.

Convencido de que ele não tem mais condições de controlar-se, se entrega à bebida como

coisa inevitável. São extremos seus sentimentos de vergonha, degradação, isolamento e auto piedade.

Pensa constantemente no suicídio, mas gostaria de morrer bêbado ou inconsciente, sem passar por

dor. É difícil convencê-lo de que poderá voltar a uma vida feliz, pois há muito tempo que não sentiu

a felicidade nos seus períodos de sobriedade.

COMO AJUDAR

UM ALCOÓLICO

Se você for parente ou amigo

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O “Tratamento do Lar” é o nome dado com ironia por estudiosos do alcoolismo aos métodos

geralmente usados por familiares desesperados. Quase tudo que a família faz para fazer o alcoólico

parar, só serve como motivo para que siga bebendo. Os conselhos, os apelos e as ameaças são

contraproducentes. O alcoólico interpreta tudo aquilo como interferência dos outros num assunto que

não compreendem, o que o leva a beber mais ainda.

Um alerta especial: NUNCA se devem pôr remédios (como Abstenil, Antabuse e Antietanol)

na sopa ou comida de um alcoólico sem ele saber, sobretudo se ele sofre do coração! Esses remédios

ajudam unicamente quando o próprio alcoólatra os tome conscientemente, para fortalecer sua decisão

de parar de beber.

Se puder, entre em contato com um dos Grupos Familiares Al-Anon. Estes grupos são

compostos de esposas, maridos, pais, filhos e amigos de alcoólicos – pessoas com experiências

iguais às suas. Eles se reúnem com duas finalidades: para trocar experiências e conhecimentos a

respeito do alcoolismo, e (praticando o mesmo programa de vida espiritual que recupera os AAs)

para tornarem-se pessoas serenas e equilibradas. Reconhecem que o alcoólico torna neuróticas todas

as pessoas que convivem com ele durante muitos anos. E pessoas neuróticas, ou pessoas que sejam

apenas nervosas, simplesmente não reúnem as condições mínimas para ajudar um doente alcoólatra.

O alcoolismo pode ser considerado uma doença da família toda. São todos afetados, e se não se

recuperarem todos, é possível que não se recupere o alcoólatra.

As experiências dos Grupos Familiares Al-Anon sugerem o seguinte: jamais se deve tratar

mal um alcoólico. É preciso reconhecer que é uma pessoa doente, e que seu comportamento, por

irracional que seja, é parte da doença. Por outro lado, DEVEM PERMITIR QUE ELE SE TRATE

MAL. Assim, não devem tirá-lo dos seus apertos. Não devem, por exemplo, cobrir seus cheques sem

fundo. Sua esposa não deve telefonar ao seu chefe para dizer que o marido “está gripado”. Não deve

nem evitar que ele perca seu emprego por causa de suas bebedeiras. Não deve evitar que seja preso.

Deve começar imediatamente aprender a viver sem os ganhos dele, porque amanhã, fatalmente, ele

não estará ganhando mais. E não devem permitir que ele viva à custa dos outros. Se não seguirem

estes conselhos, estarão adiando o dia em que ele procurará solucionar seu caso. Tudo isto porque ele

só vai querer parar de beber quando ele sentir na alma as consequências de suas bebedeiras.

Em São Paulo, os Grupos Familiares Al-Anon mantém um Serviço de Informação (1) na:

Rua Capitão Salomão, 40 – 8º andar, Sala 803.

Fone: 228-7425; Cx. Postal 2304

CEP 01051 – São Paulo-SP

Se você for o empregador

Tão logo note os sinais do alcoolismo (ausências frequentes nas segundas feiras: o

nervosismo e a irritabilidade; o cheiro de álcool quando estiver por perto; as “fugidinhas” do

escritório “para sair a comprar cigarros”, a toda hora, etc.), tome logo uma medida. Trate-o como

trataria qualquer outro empregado doente, julgando-o pelo seu trabalho e não pelo aspecto “moral”

do problema. Conte-lhe o que aprendeu a respeito da doença, ou entregue-lhe um exemplar deste

folheto. Mande-o fazer um exame médico e encaminhe-o a um grupo de Alcoólicos Anônimos. Se

notar que se está esforçando sinceramente para deixar a bebida (nem que recaia nela uma ou duas

vezes) siga incentivando-o. Porém, se se mostrar desinteressado em procurar a ajuda dos outros, e se

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seguir, por consequência, negando suas responsabilidades no emprego, demita-o. A crise que passará

poderá salvar sua vida.

Se você for o alcoólico

Fatalmente chegará, se seguir bebendo, ao ponto de precisar de um tratamento físico para a

desintoxicação do seu organismo. Na maioria dos casos, o tratamento médico reconstitui o corpo do

alcoólatra em menos de uma semana, embora os casos mais graves possam requer uma internação

mais prolongada num sanatório.

Estes tratamentos, de forma alguma, poderão ser considerados “curas”. Porém, podem ser de

grande valor na preparação física e mental do alcoólico, para que ele compreenda e dote um

programa de recuperação como o de Alcoólicos Anônimos.

Tratamento da aversão

Este tratamento geralmente consiste em dar ao paciente uma droga que produz uma náusea

violenta em conjunto com qualquer bebida alcoólica. Pode produzir uma aversão forte ao cheiro, ao

sabor e até à vista da bebida, especialmente aquela usada no tratamento. Sendo perigoso, o

tratamento só deve ser feito sob os cuidados de um médico.

Infelizmente, porém, a aversão não perdura e, eventualmente, esvanece por completo. Varia

de pessoa para pessoa, e – a não ser que ela já tenha procurado, neste interim, uma solução definitiva

– acabará voltando à bebida.

Tratamento psiquiátrico

O diagnóstico psiquiátrico é valioso em qualquer caso suspeito de alcoolismo. Muitas vezes o

psiquiatra pode distinguir entre o alcoolismo e alguma outra desordem emocional que requeira um

tratamento diferente. No caso de ser diagnosticado o alcoolismo, o tratamento psiquiátrico poderá

ajudar o paciente a reconhecer a necessidade de solucionar o problema, e a decidir qual o caminho de

recuperação mais adequado.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

No Congresso Internacional de Alcoolismo, realizado em setembro de 1968 em Washington,

D.C. (EUA), e assistido por médicos do mundo inteiro, o Presidente da Associação Médica

Americana, Dr. Dwight L. Wilbur, que presidiu a conferência, se dirigiu aos colegas de sua profissão

com estas palavras:

“De todas as organizações, profissionais e não profissionais, que lidam com a

doença do alcoolismo, nenhuma tem mostrado o êxito de Alcoólicos Anônimos”.

Pessoas de todas as idades, desde 17 até 50 anos, dos mais pobres aos mais aristocratas, de

todas as profissões e ocupações e de ambos os sexos, se recuperaram do alcoolismo e voltaram a uma

vida feliz e produtiva com a ajuda desta Irmandade mundialmente conhecida.

Alcoólicos Anônimos tem um só propósito do qual não se desvia e ao qual são dirigidos

todos os esforços dos membros. É uma Irmandade de alcoólicos, e somente de alcoólicos, unidos

voluntariamente a fim de se ajudarem mutuamente, e de ajudar a outros a conseguir e manter uma

sobriedade serena.

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O único requisito para pertencer a A.A. é ter o sincero desejo de parar de beber. Não cobram

nada, pois consideram seus esforços em benefício dos outros, necessários para conseguir suas

próprias recuperações. Os membros não pagam mensalidades, e A.A. não aceita a ajuda financeira de

fora. A Irmandade sem mantém com as contribuições voluntárias dos próprios membros.

Nas reuniões informais de A.A., os participantes contam experiências próprias às vezes

dramáticas, às vezes tristes e humilhantes e às vezes engraçadíssimas. Não existe Diretoria em

Alcoólicos Anônimos. Ninguém manda nesses grupos, pois reconhecem que o alcoólico, no início de

sua recuperação, não tem a maturidade para aceitar imposições.

Alcoólicos Anônimos não está ligada a religião, partido político ou organização alguma. Não

deseja apoiar e nem combater qualquer causa. Nem mesmo combate o álcool, reconhecendo que para

a maioria das pessoas, ele não faz mal. Não é uma associação antialcoólica.

Os membros de A.A. se dispõem a responder a qualquer convite da parte de médicos,

religiosos, assistentes sociais, diretores de pessoal da indústria, ou pessoas de outras entidades, para

discutir individualmente, ou proferir palestras em reuniões, sobre suas vidas como alcoólicos ativos,

e a solução que encontraram e que possa servir de auxilio aos que precisem. Visitam – a qualquer

hora e em qualquer lugar – a qualquer alcoólico que deseja a ajuda deles, sempre que o próprio

alcoólico solicite tal ajuda.

Para entrar em contato com Alcoólicos Anônimos em São Paulo (2), basta escrever para

Alcoólicos Anônimos, Caixa Postal 9008, São Paulo Capital. Ou, então, telefonar para 227-5601 ou

228-3804. (Fim da Transcrição)

N.T. (1): O endereço atual (2017) é:

Rua Antônio de Godoi, 20 – 5º andar,

Caixa Postal 658, CEP 01031-970

Fone: (11) 3331 8799

São Paulo-SP

N.T. (2): Em 2017, a maneira mais rápida e imediata para obter informação, é ligando para

(0xx11) 3315 9333, uma Linha de Ajuda (Plantão Telefônico) com atendimento

24 horas por dia, todos os dias do ano. É um serviço criado pelo Setor “A” da Área

4 – SP, realizado por membros de A.A. voluntários.

Endereços de Grupos e seus horários de reunião em todo o Brasil podem ser

acessados em => http://www.alcoolicosanonimos.org.br/localizar-grupos/localizar-

por-estado-cidade

Também pode acessar http://www.alcoolicosanonimos.org.br/ e entrar e “Fale

Conosco” http://www.alcoolicosanonimos.org.br/index.php/fale-conosco/assuntos-

diversos um serviço do Escritório de Serviços Gerais de Alcoólicos anônimos do

Brasil - ESG, cujo endereço é:

Alcoólicos Anônimos do Brasil

Rua Padre Antônio de Sá, 116, Tatuapé,

São Paulo - SP - CEP 03066-010

Caixa Postal 580 - CEP 01031-970

Tel.: 55 11 3229 3611/3313/3395