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Antônio Flávio Barbosa Moreira - coloquiocurriculo.com.br · João Gualberto de Carvalho Meneses, (UNICID), Brasil Juan Casassus, Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Santiago,

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  • Antnio Flvio Barbosa Moreira

    Mrcia Angela da Silva Aguiar

    Isabel Carvalho Viana (Organizadores)

    CURRCULO, EDUCAO INFANTIL,

    ENSINO FUNDAMENTAL,

    ENSINO MDIO E AVALIAO

    Srie

    Anais dos XII Colquio sobre Questes Curriculares, VIII

    Colquio Luso-Brasileiro de Currculo e II Colquio Luso-

    Afro-Brasileiro de Questes Curriculares

    Recife - Pernambuco - Brasil

    ANPAE: Prefixo Editorial 87987

    2016

  • ANPAE Associao Nacional de Polticas e

    Administrao da Educao

    Presidente

    Joo Ferreira de Oliveira

    Vice-presidentes

    Marcelo Soares Pereira da Silva (Sudeste)

    Luciana Rosa Marques (Nordeste)

    Regina Tereza Cestari de Oliveira (Centro-Oeste)

    Terezinha Ftima Andrade Monteiro dos Santos Lima (Norte)

    Maria de Ftima Cssio (Sul)

    Diretores

    Erasto Fortes Mendona - Diretor Executivo

    Pedro Ganzeli - Diretor Secretrio

    Leda Scheibe - Diretor de Projetos Especiais

    Maria Dilnia E. Fernandes - Diretora de Publicaes

    ngelo R. de Souza - Diretor de Pesquisa

    Aida Maria Monteiro Silva - Diretora de Intercmbio Institucional ,

    Mrcia ngela da S. Aguiar - Diretora de Cooperao Internacional

    Maria Vieira da Silva - Diretora de Formao e Desenvolvimento

    Catarina de Almeida Santos - Diretora Financeira

    Editora

    Lcia Maria de Assis, (UFG), Goinia, Brasil

    Editora Associada

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima, (UFG), Goinia, Brasil

    Conselho Editorial

    Almerindo Janela Afonso, Universidade do Minho, Portugal

    Bernardete Angelina Gatti, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niteri, Brasil

    Candido Alberto Gomes, Universidade Catlica de Braslia (UCB)

    Carlos Roberto Jamil Cury, PUC de Minas Gerais / (UFMG)

    Clio da Cunha, Universidade de Braslia (UNB), Braslia, Brasil

    Edivaldo Machado Boaventura, (UFBA), Salvador, Brasil

    Fernando Reimers, Harvard University, Cambridge, EUA

    Ins Aguerrondo, Universidad de San Andrs (UdeSA), Buenos Aires, Argentina

    Joo Barroso, Universidade de Lisboa (ULISBOA), Lisboa, Portugal

    Joo Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil

  • Joo Gualberto de Carvalho Meneses, (UNICID), Brasil

    Juan Casassus, Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Santiago, Chile

    Licnio Carlos Lima, Universidade do Minho (UMinho), Braga, Portugal

    Lisete Regina Gomes Arelaro, Universidade de So Paulo (USP), Brasil

    Luiz Fernandes Dourado, Universidade Federal de Gois (UFG), Goinia, Brasil

    Mrcia Angela da Silva Aguiar, (UFPE), Brasil

    Maria Beatriz Moreira Luce, (UFRGS), Brasil

    Nal Farenzena, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil

    Rinalva Cassiano Silva, (UNIMEP), Piracicaba, Brasil

    Sofia Lerche Vieira, Universidade Estadual do Cear (UECE), Fortaleza, Brasil

    Steven J Klees, University of Maryland (UMD), Maryland, EUA

    Walter Esteves Garcia, Instituto Paulo Freire (IPF), So Paulo, Brasil

    XII Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares Presidentes dos Colquios

    Antnio Flvio Barbosa Moreira Universidade Catlica de Petrpolis

    Jos Augusto de Brito Pacheco Universidade do Minho

    Comisso Organizadora Geral

    Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco) - Coordenadora

    Jos Carlos Morgado ( Universidade do Minho)

    Geovana Mendona Lunardi Mendes (Universidade do Estado de Sta. Catarina)

    Isabel Carvalho Viana (Universidade do Minho)

    Joana Sousa (Universidade do Minho)

    Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco)

    Comit Local

    Ada Maria Monteiro Silva (Universidade Federal de Pernambuco)

    Ana de Ftima Abranches (Fundao Joaquim Nabuco)

    Ana Lcia Borba (Universidade Federal de Pernambuco)

    Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)

    Ana Lcia Flix (Universidade Federal de Pernambuco)

    Darci Lira (Universidade Federal de Pernambuco)

    Edson Francisco (Universidade Federal de Pernambuco)

    Edilene Guimares (Instituto Federal de Pernambuco)

    Janete Maria Lins de Azevedo (Universidade Federal de Pernambuco)

    Luciana Rosa Marques (Universidade Federal de Pernambuco)

    Luiz Roberto Rodrigues (Universidade Estadual de Pernambuco)

  • Maria Helena Carvalho (Universidade Catlica de Pernambuco)

    Maria do Socorro Valois (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

    Rita Barreto Moura (SINTEPE)

    Mrcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco)

    Comisso Cientfica

    Angola: Alberto Quitembo (Universidade Katyavala Bwila)

    Augusto Ezequiel Afonso (Universidade de Katyavala Bwila)

    Ermelinda Cardoso (Universidade de Katyavala Bwila)

    Maria Alice Tavares (Universidade Katyavala Bwila)

    Cabo Verde: Ana Cristina P. Ferreira (Universidade de Cabo Verde)

    Bartolomeu Varela (Universidade de Cabo Verde)

    Moambique: Adriano Niquice (Universidade Pedaggica de Moambique)

    Angelo Jose Muria (Universidade Pedaggica de Moambique)

    Hildizina Norberto Dias (Universidade Pedaggica de Moambique)

    Portugal: Almerindo Afonso (Universidade do Minho)

    Bento Duarte da Silva (Universidade do Minho)

    Carlinda Leite (Universidade do Porto)

    Fernando Ribeiro Gonalves (Universidade do Algarve)

    Francisco Jos R. de Sousa (Universidade dos Aores)

    Filipa Seabra (Universidade Aberta)

    Jesus Maria de Sousa (Universidade da Madeira)

    Jos Augusto Pacheco (Universidade do Minho)

    Manuela Esteves (Universidade de Lisboa)

    Maria Joo Mogarro (Universidade de Lisboa)

    Maria Palmira Alves (Universidade do Minho)

    Preciosa Fernandes (Universidade do Porto)

    Rui Vieira de Castro (Universidade do Minho)

    Brasil: Alfredo Veiga Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

    Alvaro Luiz Moreira Hyplito (Universidade Federal de Pelotas)

    Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)

    Alice Casimiro Lopes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Andr Mrcio Favacho (Universidade Federal de Minas Gerais)

    Antnio Carlos Amorim (Universidade Estadual de Campinas)

    Carlos Eduardo Ferrao (Universidade Federal do Esprito Santo)

    Elba Siqueira de S Barreto (Universidade de So Paulo)

    Elisabeth Macedo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

  • Eurize Caldas Pessanha (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

    Fabiany Tavares Silva (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)

    Genylton Odilon Rego da Rocha (Universidade Federal do Par)

    Ins Barbosa Oliveira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Jefferson Mainardes ( Universidade Estadual de Ponta Grossa)

    Lucola Santos (Universidade Federal de Minas Gerais)

    Maria Ins Marcondes de Souza (Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro)

    Mrcia Maria de Melo Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco)

    Maria Rita Oliveira (CEFET-MG)

    Maria Teresa Estban (Universidade Federal Fluminense)

    Marlucy Alves Paraso (Universidade Federal de Minas Gerais)

    Nilda Alves (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Roberto Sidnei Macedo (Universidade Federal da Bahia)

    Rosngela Tenrio (Universidade Federal de Pernambuco)

    Zlia Porto (Universidade Federal de Pernambuco)

    Coordenadores dos Painis de Comunicaes Orais

    1 Currculo e ensino superior

    Assis Leo IFPE

    Cludia da Silva Santos Sansil IFPE

    Edlamar Oliveira dos Santos IFPE

    Everaldo Fernandes da Silva - CAA/UFPE

    Gilvanide Ferreira de Oliveira UFRPE

    Mnica Lopes Folena Arajo UFRPE

    Natlia Jimena da Silva Aguiar PPGE/UFPE

    2 Currculo e escola

    Alcione Mainar CAA/UFPE

    Eugnia Paula Bencio Cordeiro IFPE

    Everaldo Fernandes da Silva CAA/UFPE

    Girleide Torres Lemos CAA/UFPE

    Jaileila de Arajo Santos CE/UFPE

    Jos Nilton de almeida - UFRPE

    Jos Paulino Filho FAFIRE

    Katharine Ninive Pinto Silva CAA/UFPE

    Mrcia Regina Barbosa - CE/UFPE

    Natlia Belarmino - CE/UFPE

  • 3 - Currculo e educao infantil, ensino fundamental e mdio

    Alexandre Viana CAA/UFPE

    Alexandre Zarias FUNDAJ

    Ana Carolina Perrucci Brando CE/UFPE

    Ana Karina Lira CE/UFPE

    Catherine Nnive CE/UFPE

    Edilson Fernandes da Silva CE/UFPE

    Ester Calland de Souza Rosa CE/UFPE

    Lavnia de Melo e Silva Ximenes CAP/CE/UFPE

    Ldia Cerqueira CE/UFPE

    Maria do Socorro Valois UFRPE

    Maria Jaqueline Paes de Carvalho UFRPE

    Pietro Manoel da Silva PPGE/UFPE

    Rita de Cssia Barreto de Moura PPGE/UFPE

    Severina Klimsa CE/UFPE

    4 - Currculo e polticas educacionais

    Ana de Ftima Abranches FUNDAJ

    Conceio Gislane Nbrega de Sales CAA/UFPE

    Denise Maria Botelho UFRPE

    Denise Xavier Torres PPGE/UFPE

    Gabriel Lopes de Santana CE/UFPE

    Henrique Guimares Coutinho FUNDAJ

    Itamar Nunes da Silva UFPB

    Jos Luiz Simes CE/UFPE

    Jlia Calheiros CE/UFPE

    Ktia Silva Cunha CAA/UFPE

    Lucinalva Atade Andrade de Almeida CAA/UFPE

    Maria Jlia de Melo PPGE/UFPE

    Priscilla Maria Silva do Carmo PPGE/UFPE

    Tcia Cassiany Ferro Cavalcante CE/UFPE

    Tlio Augusto Velho Barreto de Arajo FUNDAJ

    5 - Currculo e teorias

    Isabela Amblard CE/UFPE

    Jos Paulino P. Filho FAFIRE

    Ktia Silva Cunha CAA/UFPE

    Maria Lcia Ferreira Barbosa CE/UFPE

    Srgio Paulino Abranches CE/UFPE

  • 6 - Currculo e histria social das disciplinas

    ngela Monteiro PPGE/DH/UFPE

    Jos Henrique Duarte IFPE

    7 - Currculo e espaos no escolares

    Ada Maria Monteiro Silva CE/UFPE

    Clia Maria Rodrigues da Costa Pereira CE/UFPE

    Maria Joselma do Nascimento Franco CAA/UFPE

    8 - Currculo, formao e trabalho docente

    Alcione Alves da Silva Mainar CAA /UFPE

    Camila Ferreira da Silva UTFPR

    Carla Patrcia Acioli Lins - CAA/UFPE

    Conceio Gislane Nbrega Lima de Salles CAA/UFPE

    Elian Sandra Arajo UFRPE

    Emanuelle de Souza Barbosa PPGEDCOM/UFPE

    Etiane Valentim da Silva Herculano CE/UFPE

    Ezir Georg da Silva UFRPE

    Fernanda Guarany Mendona Leite - IFPE

    Gilvaneide Ferreira de Oliveira UFRPE

    Isabel Carvalho Viana IE/UMINHO

    Kthia Barbosa CE/UFPE

    Lada B. P. Machado CE/UFPE

    Lcia Carabas CE/UFPE

    Maria das Graas Soares da Costa FAFIRE

    Maria Julia de Melo PPGE/UFPE

    Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE

    Sandra Patrcia Atade Ferreira CE/UFPE

    Sucuma Arnaldo - PPGE/UFPE

    Vilde Gomes de Menezes PPGE/UFPE

    9 - Currculo e conhecimento escolar

    Jaqueline Barbosa CAA/UFPE

    Lvia Suassuna CE/UFPE

    Rafaella Asfora Siqueira Campos Lima CE/UFPE

    10 - Currculo e avaliao

    Ana Lucia Borba CE/UFPE

    Bruna Tarcilia Ferraz UFRPE

    Carla Figueredo UPCEUP

    Girleide Torres Lemos - CAA/UFPE

  • Katharine Nnive Pinto Silva CAA/UFPE

    Maria da Conceio Carrilho de Aguiar CE/UFPE

    11 - Currculo e culturas

    Andr Ferreira CE/UFPE

    Fbio da Silva Paiva CE/UFPE

    Jos Carlos Morgado IE/UMINHO

    Maria da Conceio Reis CE/UFPE

    Maria Julia de Melo PPGE/UFPE

    Michele Guerreiro Ferreira PPGE/UFPE

    12 - Currculo e tecnologias

    Jos Alan da Silva Pereira PPGE/UFPE

    Maria Auxiliadora Padilha CE/UFPE

    Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra PGECM/REAMEC

    13 - Currculo e diferena

    Aline Renata dos Santos PPGE/UFPE

    Celia Maria Rodrigues da Costa Perena CE/UFPE

    Claudilene Maria da Silva UNILAB

    Delma Josefa da Silva PPGE/UFPE

    Fabiana Souto Lima Vidal CAP/UFPE

    Itamar Nunes da Silva UFPB

    Janssen Felipe Silva CAA/UFPE

    Jos Policarpo Junior CE/UFPE

    Karina Mirian da Cruz Valena Alves CE/UFPE

    Marcia Maria de Oliveira Melo CE/UFPE

    Rebeca Duarte UFRPE

    14 - Currculo e ideologia

    Edilene Rocha Guimares IFPE

    Grasiela A. Morais P. de Carvalho GEPERGES/UFRPE

    15 - Currculo e gesto da escola

    Alice Miriam Happ Botler CE/UFPE

    Lada Bezerra Machado CE/UFPE

    16 - Currculo e incluso

    Allene Lage CAA/UFPE

    Maria do Carmo Gonalo Santos FAFICA

    Maria Zlia Santana CAV/UFPE

    Marlia Gabriela Menezes CE/UFPE

  • Coordenao de Eixos Temticos Coordenao Geral: Edilene Rocha Guimares IFPE

    Coordenao dos Eixos 1 e 2 Monica Lopes Folena Arajo - UFRPE

    Coordenao dos Eixos 3 e 4 Maria do Socorro Valois Alves UFRPE

    Coordenao dos Eixos 5 e 6 Lucinalva Andrade Atade de Almeida CAA/UFPE

    Coordenao dos Eixos 7 e 9 Orqudea Maria de Souza Guimares CAA/UFPE

    Coordenao do Eixo 8 Fernanda Guarany Mendona Leite IFPE

    Coordenao dos Eixo 10 a 13 - Janssen Felipe da Silva - CAA/UFPE

    Coordenao dos Eixos 14 e 16 Ana Paula Abrahamian de Souza UFRPE

    Sobre os Colquios de Currculo

    A partir do V Colquio sobre Questes Curriculares, realizado em Portugal,

    na Universidade do Minho (Fevereiro de 2002), passou a organizar-se Colquio Luso-

    brasileiro sobre Questes Curriculares, resultado de uma parceria entre investigadores

    portugueses e brasileiros. Desde ento, a cada dois anos, o Colquio tem-se realizado

    alternadamente em Portugal e no Brasil, reunindo os mais expressivos investigadores da

    rea dos dois pases. O II Colquio foi realizado na Universidade do Estado do Rio de

    Janeiro (2004). O III Colquio aconteceu mais uma vez na Universidade do Minho

    (2006) e o IV Colquio teve lugar em 2008 na Universidade Federal de Santa Catarina,

    em Florianpolis. Em 2010, o V Colquio foi realizado em Portugal, desta vez na

    Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade do Porto. O VI

    Colquio foi sediado na Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas

    Gerais e o VII Colquio, em 2014, na Universidade do Minho.

    Sobre a Biblioteca ANPAE

    A coleo Biblioteca ANPAE constitui um programa editorial que visa a

    publicar obras especializadas sobre temas de poltica e gesto da educao e seus

    processos de planejamento e avaliao. Seu objetivo incentivar os associados a

    divulgar sua produo e, ao mesmo tempo, proporcionar leituras relevantes para a

    formao continuada dos membros do quadro associativo e o pblico interessado no

    campo da poltica e da gesto da educao.

    A coletnea Biblioteca ANPAE compreende duas sries de publicaes:

    Srie Livros, iniciada no ano 2000 e constituda por obras co-editadas com editoras

    universitrias ou comerciais para distribuio aos associados da ANPAE.

    Srie Cadernos ANPAE, criada em 2002, como veculo de divulgao de textos e

    outros produtos relacionados a eventos e atividades da ANPAE.

  • Apoios Universidade Federal de Pernambuco/CA/ PPGE/UFPE

    Centro Acadmico do Agreste - UFPE

    Universidade do Minho Centro de Investigao em Educao, Portugal

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES

    Associao Brasileira de Currculo ABdC

    Sindicato dos Trabalhadores em Educao em Pernambuco SINTEPE

    Universidades Parceiras

    Universidade Catlica de Petrpolis

    Universidade do Estado de Santa Catarina

    Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Pernambuco

    Universidade do Porto

    Universidade de Lisboa

    Universidade Pedaggica de Moambique

    Universidade Cabo-Verde, (UniCV)

    Universidade Katyavala Bwila, Angola

    Ficha Catalogrfica

    M838c

    Currculo, tecnologias, conhecimento escolar, gesto da escola e

    histria social das disciplinas. - Srie Anais do XII Colquio

    sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de

    Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes

    Curriculares, Organizao: Antnio Flvio Barbosa Moreira,

    Mrcia Angela da S. Aguiar, e Isabel Carvalho Viana [Livro

    Eletrnico]. Recife: ANPAE, 2016.

    ISBN: 978-85-87987-03-7

    Formato: PDF, 950 pginas

    1. Educao. 2. Currculo. 3. Anais. I. Moreira, Antnio

    Flvio. II. Aguiar, Mrcia Angela da Silva. III. Viana,

    Isabel Carvalho. IV. Ttulo

    CDU 37.01(06)

    CDD 375

  • Organizadores

    Antnio Flvio Barbosa Moreira - Professor titular da Universidade Catlica de Petrpolis.

    Doutor em Educao.

    Mrcia Angela da Silva Aguiar - Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco.

    Doutora em Educao. Brasil.

    Isabel Carvalho Viana - Professora e pesquisadora do Instituto de Educao e Psicologia da

    Universidade do Minho, Portugal, Doutora em Educao.

    Todos os arquivos aqui publicados so de inteira responsabilidade dos autores e

    coautores, e pr-autorizados para publicao pelas regras que se submeteram ao XII

    Colquio sobre Questes Curriculares/VIII Colquio Luso-Brasileiro de Currculo/II

    Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares. Os artigos assinados refletem

    as opinies dos seus autores e no as da Anpae, do seu Conselho Editorial ou de sua

    Direo.

    Endereo para correspondncia

    ANPAE - Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao

    Centro de Educao da Universidade Nacional de Braslia

    Asa Norte s/n Braslia, DF, Brasil, CEP 70.310 - 500

    http://www.anapae.org.br | E-mail: [email protected]

    Servios Editoriais

    Planejamento grfico, capa e editorao eletrnica:

    Carlos Alexandre Lapa de Aguiar.

    Nossa pgina na Web: www.coloquiocurriculo.com.br

    Distribuio Gratuita

    http://www.coloquiocurriculo.com.br/

  • Sumrio

    Apresentao

    Comisso Organizadora 23

    Currculo e educao infantil, ensino

    fundamental e mdio

    I - Processos avaliativos na educao infantil: a participao das

    crianas desafiam o currculo

    Adilson De Angelo

    26

    II - Escola Bsica: desenvolvimento curricular a partir da reforma

    educacional dos anos de 1990

    Aline Rabelo Marques e Fabiany de Cssia Tavares Silva

    34

    III - Relao famlia e escola nos textos polticos para a educao

    infantil

    Amanda Leal Coutinho

    42

    IV - Articulao curricular: um desafio

    Ana Cristina Gomes da Penha 50

    V - Inovaes educativas no cotidiano escolar

    Ana Cristina Gomes da Penha 59

    VI - O "Ensino Secundrio" catlico em Gois: o currculo para o

    curso normal (1889-1957)

    Ana Maria Gonalves

    65

    VII - O "Projeto De Vida" desenvolvido como atividade curricular

    em uma escola de ensino integral do estado de So Paulo

    Ana Paula De Souza Ponso

    75

    VIII - Os assuntos mais abordados pelos coordenadores

    pedaggicos na formao continuada e em servio dos professores

    em trs escolas de ensino integral do estado de So Paulo

    Ana Paula de Souza Ponso

    84

    IX - Poltica e prtica curricular na educao de jovens e adultos

    Andria de Santana Santos e Antonio Amorim 92

  • X - Aproximaes de um currculo aventureiro no ensino da

    geografia

    Armando Peres Quintas Neto

    100

    XI - Quando um sentido hegemnico delimita a base curricular: um

    olhar sobre a alfabetizao no PNAIC

    Bonnie Axer

    110

    XII - Modos de subjetivao: o ver e o ver-se no caderno de

    observao e registro da educao de jovens e adultos

    Camila Maria Oliveira

    119

    XIII - Sobre a potncia das redes de conversaes com as crianas:

    entre formas e foras de (re)pensar os currculos praticados na

    educao infantil

    Camilla Borini Vazzoler Gonalves e Nathalia Costa de Arajo

    131

    XIV - Currculo para o ensino mdio: tica e ou moral e cvica

    Carlos Augusto Pereira de Souza 142

    XV - Polticas curriculares e identidades profissionais na formao

    de tcnicos em sade

    Carlos Batistella

    150

    XVI - Educao integral em tempo integral no ensino fundamental

    no Brasil: uma anlise sobre sua implementao e materializao e

    materializao

    Dalcinete Gomes de Souza

    159

    XVII - Currculo da educao infantil: musicalizao e linguagem

    musical com bebs e crianas pequenas em creches e pr-escolas

    Damio Rocha e Renan Rocha Gonalves

    168

    XVIII - Currculo da educao infantil: brinquedos e materiais para

    bebs e crianas pequenas em creches e pr-escolas

    Damio Rocha e Georgia Carneiro

    183

    XIX - Competncias gerais de matemtica: uma perspectiva

    curricular no ensino fundamental

    Daniela Jssica Veroneze e Arnaldo Nogaro

    192

  • XX - Implicaes da jornada escolar ampliada no currculo da escola

    de ensino fundamental

    Danise Vivian

    203

    XXI - O currculo como prxis: o programa mais educao

    possibilitando atividades no contraturno das escolas estaduais do

    municpio de Rio Branco

    Denison Roberto Braa Bezerra, Josenir de Arajo Calixto, Geane Reis de

    Farias e Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra

    209

    XXII - Prticas de iniciao cientfica com estudantes do ensino

    fundamental, no clube de cincia da UFPA

    Diana Gonalves dos Santos e Maria dos Remdios de Brito

    219

    XXIII - Os espaos para a criana: uma anlise das prticas

    discursivas nos documentos oficiais da educao infantil

    Diana Sueli Vasselai Simo

    230

    XXIV - O currculo da secretaria de educao do Distrito Federal:

    construo coletiva

    Edileuza Fernandes da Silva

    239

    XXV - A educao para a humanizao como princpio articulador

    da relao docente-discente na educao de jovens e adultos

    Edineide Souza S Leito e Marlia Gabriela de Menezes Guedes

    248

    XXVI - Desafios e possibilidades de integrao curricular em um

    curso tcnico subseqente

    Edna Vieira da Silva e Fabiula Tatiane Pires

    258

    XXVII - O currculo do ensino mdio noturno e as juventudes

    esquecidas

    Edvaldo Albuquerque dos Santos e Ana Maria do Nascimento Silva

    267

    XXVIII - O currculo do ensino mdio frente s diretrizes

    curriculares nacionais

    Eliane Cleide da Silva Czernisz, Marci Batisto, Isabel Francisco Barion,

    Camila Aparecida Pio, Claudiane Aparecida Erram, Elaine Vieira

    Pinheiro e Lorena Dominique Vilela Freiberger

    276

  • XXIX - Sentidos e significados dos conhecimentos matemticos no

    currculo integrado do PROEJA

    Eliane Maria Pinto Pedrosa Marise Piedade Carvalho

    283

    XXX - Os prottipos de currculo da UNESCO: possibilidades e

    desafios para uma poltica de reorganizao curricular no ensino

    mdio da rede estadual do Cear.

    Elizabete Tvora Francelino, Adriano Barros Carneiro, Alex Freitas Pires,

    Francisca Salete Daniel Barros, Marta Lucas Sousa, Newton Malveira Freire,

    Sueli Incio Barbosa, Joaquim Jos Jacinto e Jlio Wilson Ribeiro

    291

    XXXI - A emergncia da autonomia nas polticas curriculares para

    educao infantil

    Ellen Aguiar da Silva

    301

    XXXII - A infncia do currculo: o que pode o devir-criana no

    currculo da educao infantil?

    Erika Mariana Abreu Soares

    310

    XXXIII- O ensino mdio brasileiro: as finalidades curriculares e

    suas implicaes no conhecimento e rendimento escolar - o caso de

    uma escola pblica de Fortaleza

    Euzene Mendona Barbosa Matos

    316

    XXXIV - Ensino mdio integrado: a experincia de implantao do

    currculo integrado no Instituto Federal do sul de Minas

    Fbio Brazier

    330

    XXXV - O que dizem os documentos curriculares nacionais do

    ensino mdio sobre a oralidade?

    Flvia Barbosa de Santana Arajo

    339

    XXXVI - Deliberao curricular e mutualidade: estudo sobre

    colaborao entre participantes num projeto de investigao ao

    Francisco Sousa

    348

    XXXVII - Dilemas extrusivos e intrusivos nas prticas docentes de

    geografia nos anos iniciais

    Gabriel Brasil de Carvalho Pedro

    357

  • XXXVIII - A educao geogrfica e a formao cidad: uma anlise

    dos currculos estaduais de ensino mdio

    Igor Sacha Florentino Cruz

    367

    XXXIX - Consideraes em torno do currculo do primeiro ano do

    ensino fundamental de nove anos: uma reflexo a partir dos

    aprenderes e fazeres da infncia

    Joane Santos do Nascimento Saturno, Conceio Gislne Nbrega Lima de

    Salles e Thiago Gonalves Silva

    376

    XL - O currculo da educao infantil numa escola da rede jesuta

    de educao

    Jorge Luiz de Paula e Kely-Anee de Oliveira Nascimento

    385

    XLI - Currculo na educao infantil: planejamento na pedagogia de

    projetos

    Jos Batista de Barros

    394

    XLII - A organizao da proposta curricular do municpio pelo

    professor: uma experincia de Itapissuma

    Jos Santos Pereira, Glria Maria Alves Machado, Rilva Jos Pereira Ucha

    Zlia Maria Freitas dos Santos

    401

    XLIII - A experincia de incluir competncia no currculo do curso

    tcnico em vendas de uma escola tcnica de Rondonpolis-MT

    Julianne Caju de Oliveira Souza Moraes Valdera Aparecida Cardoso

    Janaina Monteiro da Silva

    410

    XLIV - Currculo em movimento: novos olhares analticos, em uma

    perspectiva contempornea, para uma pesquisa "concluda"

    Jlio Csar Gomes de Oliveira e Marcio Antonio da Silva

    419

    XLV - O corpo na ps-modernidade: discursos e prticas na

    educao fsica no ensino mdio

    Larissa Beraldo Kawashima e Evando Carlos Moreira

    429

    XLVI - Criaes brincantes: uma composio infantil sobre o

    currculo do ensino fundamental de nove anos

    Larissa Monique de Souza Almeida

    439

  • XLVII - A pobreza no currculo e no discurso docente em

    Macei/AL

    Laura Cristina Vieira Pizzi, Gernura Ribeiro Ramos Neta e Mariclia

    Ribeiro da Silva

    449

    XLVIII - Integrao das tdic no currculo do ensino fundamental:

    avanos, entraves e possibilidades

    Lina Maria Gonalves, Gerlane Romo Fonseca Perrier e Maria Elizabeth

    Bianconcini de Almeida

    457

    XLIX - O tempo de ensino e aprendizagem para a formao

    filosfica no ensino mdio

    Livio dos Santos Wogel

    466

    L - O currculo da educao bsica no Brasil e sua relao com a

    inovao pedaggica

    Magali Maria de Lima Ribeiro

    474

    LI - Geografia monstro: um currculo tenebroso nos anos iniciais

    do ensino fundamental

    Mara Freitas de Arajo Rodrigues

    488

    LII - Do oficial ao real: caminhos e descaminhos do currculo de

    sociologia no ensino mdio

    Marcelo Sales Galdino e Priscilla Silvestre de Lira Oliveira

    496

    LIII - Conflitos entre a manuteno do/a infantil e o dispositivo da

    antecipao da alfabetizao no currculo do primeiro ano do ensino

    fundamental

    Maria Carolina da Silva Caldeira

    506

    LIV- Entre a assepsia e a sistematizao: a construo do currculo

    da educao infantil e as perspectivas de leitura e escrita

    Maria Clara de Lima Santiago Cames e Cristiane Gomes de Oliveira

    515

    LV - Descolonizao, avanos e permanncias:a Lei 10.639/03 no

    currculo do ensino fundamental

    Maria de Ftima Garcia, Juliane Alves de Oliveira Costa e Maria Misaely

    Lucena Arajo

    523

  • LVI - Professora ou artista? A obra de Frida Kahlo potencializando

    a materialidade do currculo aventureiro no 1 ciclo do ensino

    fundamental

    Maria do Rozrio Azevedo da Silva, Ana Paula de Albuquerque Melo e

    Figueiredo Gustavo Vasconcelos Fonseca

    531

    LVII - O currculo do ensino mdio no contexto do modelo de

    gesto adotado em Pernambuco a partir de 2007

    Maria do Socorro Valois Alves

    541

    LVIII - Prticas de subjetivao de crianas em um currculo por

    competncias: auto-regulao e flexibilidade

    Maria Elena Ortiz Espinoza e Marlucy Alves Paraiso

    550

    LIX - A avaliao do spaece e as redefinies do currculo praticado

    nas aulas de geografia do ensino mdio

    Maria Ferreira Gomes e Lenilton Francisco de Assis

    558

    LX - O estado do conhecimento sobre currculo para a educao

    infantil nos anos de 2005 a 2014 ?

    Maria Jaqueline Paes de Carvalho

    568

    LXI - Educao infantil: histrias que revelam e tecem caminhos

    Maria Luisa Furlin Bampi e Virginia Georg Schindhelm 577

    LXII - Conecte-se: sentindo, pensando e agindo uma experincia de

    desenvolvimento de habilidades socioemocionais e de valores para

    professores e adolescentes do ensino mdio

    Mariana Marques Arantes Eugnia Paula Bencio Cordeiro Aurino Lima

    Ferreira Adriana Dantas de Oliveira Menezes Cristiane Maria Cardoso

    Soares Michele Fonsca Cmara Brasil de Oliveira Monica Lins Medeiros

    586

    LXIII - Currculo e infncia na educao do campo: reflexes sobre

    a prtica docente

    Maria Natalina Mendes Freitas

    595

    LXIV - Gesto flexvel do currculo do ensino da msica no ensino

    bsico: um estudo de caso luso-brasileiro

    Maristela de Oliveira Mosca, Anabela Pano Ramalho e Jason Desidrio

    Bezerra

    605

  • LXV - Performatividade: atravessamentos de um dispositivo de

    controle na constituio de sujeitos escolares

    Mirele Corra e Luiz Guilherme Augsburger

    613

    LXVI - Atuao das polticas curriculares para o ensino

    fundamental anos iniciais

    Miriam Espindula dos Santos e Maria Zuleide da Costa Pereira

    621

    LXVII - As polticas curriculares para educao profissional e a

    organizao curricular dos cursos tcnicos de nvel mdio

    Nri Emlio Soares Jnior

    628

    LXVIII - Mltiplos aspectos do cotidiano escolar presentes nas

    imagens produzidas por crianas e jovens

    Patrcia Freitas e Sergio Rocha

    637

    LXIX - Diferena e diversidade na educao infantil: uma reflexo a

    partir da perspectiva dos estudos sociais da infncia sobre a BCNN

    Patrcia Maria Ucha Simes, Jardiene Manuela Santos da Silva, Riva

    Resnicke e Milena Carla monteiro de Fraga

    647

    LXX - Gnero e currculo na educao infantil: uma anlise da base

    nacional curricular comum

    Patrcia Maria Ucha Simes, Elaine Suane Florncio dos Santos, Karla

    Cabral Barroca e Maria Thas de Oliveira Batista

    656

    LXXI - Encontros e disputas disciplinares no currculo do ensino

    fundamental no colgio Pedro II

    Pedro Bernardes Pinheiro e Ana Angelita Costa Neves da Rocha

    665

    LXXII - Reforma educativa e mudanas no currculo do ensino

    mdio no estado do acre: anlises preliminares

    Pelegrino Santos Verosa, Geane Reis de Farias, Josenir de Arajo Calixto,

    Luciana Ferreira de Lira, Mizraiam Lima Chaves e Valdiza Ferreira Muniz

    67

    LXXIII - Corpo e movimento em um currculo para educao

    infantil

    Roberta Duarte Paula e Denise de Souza Destro

    685

  • LXXIV - Disputas de sentido sob o significante campos de

    experincias nas polticas de currculo para educao infantil no

    Brasil

    Rosely dos Santos Almeida e rika Virglio Rodrigues da Cunha

    693

    LXXV - A organizao da escola em ciclos e o ensino da escrita

    alfabtica: um enfoque s mudanas pedaggicas presentes na sala

    de aula

    Solange Alves de Oliveira-Mendes

    701

    LXXVI - O currculo na EJA: as tticas dos praticantespensantes

    em direo a justia cognitiva e social

    Valria Campos Cavalcante Marinaide Lima de Queiroz Freitas e Paulo

    Manuel Teixeira Marinho

    710

    LXXVII - Currculo e sexualidades na educao infantil

    Virginia Georg Schindhelm e Maria Luisa Furlin Bampi 720

    Currculo e avaliao

    LXXVIII - Avaliao e currculo: sistematizando o debate

    Adriana Bauer 729

    LXXIX - Currculo e avaliao: implicaes para a tal qualidade do

    ensino

    Alexsandra Lima dos Santos

    742

    LXXX - Significaes de avaliao no Glossary of Curriculum

    Terminology

    Ana Angelita da Rocha

    751

    LXXXI - A construo das diretrizes da avaliao da/para

    aprendizagem na rede municipal de ensino de Macei:

    (des)construindo conceitos e concepes

    Ana Patrcia Calheiros, Eliane Maria Teodoro e Paulo Marinho

    760

    LXXXII - A lngua estrangeira na educao bsica em Oiapoque,

    AP e as contradies na avaliao do ENEM

    Anderson Monteiro Andrade, Mary GonalvesFonseca e Max Silva do

    Esprito Santo

    769

  • LXXXIII - Avaliao e qualidade da educao em Moambique

    Antnio Fernando Zucula 778

    LXXXIV - Avaliao da aprendizagem em sala de pedagogia:

    experienciando trabalho com cadernos de memrias de aulas

    Celia Regina Teixeira

    787

    LXXXV - Avaliao educacional: as concepes veiculadas na

    produo acadmica do programa de ps-graduao em educao:

    currculo

    Celia Regina Teixeira

    796

    LXXXVI - Anlise das produes acadmicas publicadas em

    diferentes espaos discursivos: especificidades da avaliao da

    aprendizagem

    Crislainy de Lira Gonalves, Lucinalva A. A. de Almeida, Priscila M. V. S.

    Magalhes, Geisa Natlia da R. Silva e Wanessa Maria da Silva

    804

    LXXXVII - O contexto da avaliao do ensino fundamental i no

    colquio luso-brasileiro sobre questes curriculares

    Daniela Schiabel e Ana Caroline de Brito Tomaz

    812

    LXXXVIII - O processo de formulao do sistema de avaliao da

    educao bsica no Brasil

    Dayse Marinho Martins

    821

    LXXXIX - Do elogio reclamao: prticas curriculares avaliativas

    ocultas em uma sala de aula heterognea

    Gisele Gomes de Almeida, Hellen Christina Justino Barros e Polyana do

    Nascimento Dias

    831

    XC - Instrumentos avaliativos materializados no cotidiano da sala

    de aula: perspectivas de avaliao da aprendizagem e currculo

    Glaucia Maria dos Santos Cordeiro

    840

    XCI - Avaliao das escolas: enquadramento terico e conceptual

    Joana Sousa 847

    XCII - Currculo e avaliao: algumas implicaes das avaliaes

    externasacerca das prticas curriculares no contexto escolar

    Joelma Miriam de Oliveira

    857

  • XCIII - Implicaes das polticas educacionais de avaliao nacional

    na gesto escolar: o que fazer com os resultados?

    Josefa Roberta Roque dos Santos e Katharine Ninive Pinto da Silva

    862

    XCIV - Avaliao na educao bsica: descompasso entre a teoria e

    a prtica

    Maria Emlia Gonzaga de Souza, Martha Elisa Santos e Gabriel Santos

    Pereira

    871

    XCV - Prticas avaliativas em matemtica na escola bsica

    Maria Isabel Ramalho Ortigo 880

    XCVI - Referenciais curriculares e avaliao em matemtica: anlise

    de trs documentos oficiais

    Maria Joseane Santos Teixeira

    890

    XCVII - Avaliao generalizada, tecnologias digitais e mercado

    educacional em tempos de polticas globalizadas

    Marlia Segabinazzi e Viviane Grimm

    899

    XCVIII - A (re)produo da desigualdade de conhecimento em

    quatro escolas pblicas do estado do Esprito Santo

    Naira da Costa Muylaert Lima e Wellington Silva

    908

    XCIX - As cartas e o motivo do encontro na questo do currculo e

    avaliao

    Roselete Fagundes de Aviz e Maria Conceio Coppete

    922

    C - Poltica curricular e prticas pedaggicas: metamorfoses da

    avaliao escolar

    Tania de Assis Souza Granja e Maria de Lourdes Rangel Tura

    931

    CI - Avaliac ao externa e curri culo: possveis impactos na gesto dos

    cursos de graduao da Universidade Federal de Pernambuco

    Wilma dos Santos Ferreira, Edson Francisco de Andrade e Crislayne Barbosa

    de Santana Lima

    942

  • 23

    Apresentao

    Os XII Colquio sobre Questes Curriculares/ VIII Colquio Luso-Brasileiro de

    Currculo/II Colquio Luso-Afro-Brasileiro de Questes Curriculares foram realizados,

    simultaneamente, nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2016 na

    Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Pernambuco/Brasil. Este

    evento que se realiza, tradicionalmente, de forma alternada, em Universidades

    portuguesas e Universidades brasileiras, congregou, mais uma vez,

    acadmicos, estudantes de ps-graduao e profissionais da rea da educao

    que investigam e debatem questes atinentes ao campo dos Estudos

    Curriculares.

    Ao mesmo tempo em que constitui um espao cientfico privilegiado

    para a socializao de estudos e pesquisas, o evento favorece um intenso

    intercmbio entre pesquisadores/as do Brasil, de Portugal e de Pases

    Africanos. A riqueza, amplitude e complexidade dos temas que foram

    abordados ao longo do evento contriburam para ampliar o debate necessrio

    ante os problemas e desafios que as questes contemporneas trazem para o

    campo do currculo. Sendo um espao privilegiado para a reflexo, discusso e

    troca de experincias, a realizao simultnea destes trs colquios propiciou,

    tambm, maior aprofundamento do debate entre os profissionais de Educao,

    em geral, e do Currculo, em particular, de diferentes pases, com destaque para

    os da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa.

    O tema central dos Colquios CURRCULO: ENTRE O COMUM

    E O SINGULAR constituiu a referncia maior das atividades organizadas a

    partir de dezesseis Eixos Temticos.

    Dentre as mltiplas atividades dos Colquios destacaram-se a

    apresentao e debate de mais de seiscentos trabalhos no formato de

    comunicaes orais, bem como as conferncias plenrias, as discusses nas

    mesas redondas, as reunies de grupos de pesquisadores e reunies poltico-

    organizativas de entidades cientficas e as atividades culturais.

    O evento recebeu apoio do Instituto de Educao da Universidade do

    Minho, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal

    Rural de Pernambuco, da Universidade de Pernambuco, do Instituto Federal de

  • 24

    Educao Tecnolgica, da Secretaria de Educao de Pernambuco, do

    Sindicato dos Trabalhadores em Educao de Pernambuco, da CAPES, dentre

    outros. Concorreu, sobremaneira, para o sucesso dessa edio do Colquio de

    Currculo, o trabalho dedicado do comit cientfico, dos assessores ad-hoc e das

    comisses organizadoras no Brasil e em Portugal.

    Por fim, mediante a entrega destes ANAIS, a Comisso Organizadora

    socializa com o pblico as comunicaes orais que foram apresentadas e

    debatidas nos vrios painis, com a certeza de que mais um passo foi dado na

    direo do fortalecimento do campo do currculo, ao mesmo tempo em que

    novas questes educacionais desafiam os pesquisadores para a busca de

    respostas que se revelam sempre provisrias.

    Comisso Organizadora

  • 25

    CURRCULO E EDUCAO INFANTIL,

    ENSINO FUNDAMENTAL E MDIO

  • 26

    - I -

    PROCESSOS AVALIATIVOS NA EDUCAO

    INFANTIL: A PARTICIPAO DAS CRIANAS

    DESAFIA O CURRCULO

    Adilson De Angelo GEDIN/UDESC (Brasil)

    QUE EDUCAO INFANTIL, PARA QUAL CRIANA?

    No contexto brasileiro, a efetivao do direito da criana pequena

    educao (consagrado na Conveno sobre os Direitos da Criana, aprovada

    pela Assembleia Geral das Naes Unidas, em 20 de novembro de 1989)

    dialoga com as conquistas expressas na Constituio Federal (1988), no

    Estatuto da Criana e do Adolescente (1990), na Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional (1996) quando pensamos na infncia mais alargada e

    com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil (DCNEI -

    1999/2009) , quando tratamos da especificidade educativa da pequena

    infncia. Somam-se a esse dilogo as discusses mais ampliadas sobre os

    direitos das crianas, a eficcia dos servios a elas destinados e a intensidade dos

    estudos e debates que nos informam das experincias que se vo desenhando

    em espaos coletivos de educao e cuidado da criana pequena. (DE

    ANGELO, 2012, 114)

    Desde ento, o campo da Educao Infantil tem mobilizado diferentes

    atores no processo de elucidao das concepes de infncia, criana, educao

    e cuidado, assim como das formas em que se daro as prticas pedaggicas de

    aprendizagem e desenvolvimento infantil. Os conhecimentos produzidos sobre

    a educao das crianas pequenas assinalam contundentemente a marcada

    importncia da relao que se estabelece entre educao e cuidado, como

    principal marca desta etapa de educao. Portanto, a Educao Infantil

  • 27

    constitui-se locus da totalidade dos direitos da criana, no os reduzindo

    somente ao direito educao. Poder mesmo dizer-se, com propriedade,

    que o direito educao em Educao Infantil s se concretiza na exata medida

    em que nos contextos educativos so mobilizados todos os outros direitos da

    criana, nomeadamente, os direitos de proteo da sua integridade fsica e

    psicolgica, o direito a brincar, o direito sade, o direito de ser informada, o

    direito a ter voz, o direito de participar ativamente em todos os aspetos

    relevantes da vida coletiva na creche e pr-escola. (CERISARA, 1999;

    SARMENTO, 2015)

    No movimento de se questionar que Educao Infantil, para qual

    criana?, podemos dizer que inaugurar outra imagem social da criana significa

    dar vazo s formas alternativas de se enderear a Educao Infantil,

    considerando que j no bastam somente as dimenses ativas e participativas

    das crianas nas rotinas dirias das creches e pr-escolas, mas as dimenses

    polticas e de cidadania que a participao infantil nas instituies educativas

    implica. (Dhalberg, Moss e Pence, 2003)

    CURRCULO E PARTICIPAO INFANTIL

    Confirmando algumas questes j asseguradas em documentos

    anteriores, as DCNEI propem o entendimento da Educao Infantil como

    primeira etapa da Educao Bsica, oferecida espaos institucionais no

    domsticos de creches e pr-escolas, que educam e cuidam de crianas de zero

    a cinco anos de idade, regulados e supervisionados por rgo competente do

    sistema de ensino e submetidos a controle social. Toma por definio a criana

    na sua condio de sujeito histrico e de direitos que, nas interaes, relaes e

    prticas cotidianas que vivencia, se constri e construdo em sua identidade

    pessoal e coletiva. Sendo produzida na e sendo produtora de cultura, criana

    se confere, portanto, a condio de sujeito dotado de potencialidades e

    percebido em sua concretude histrica como algum que brinca, imagina,

    fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constri

    sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

    Este encaminhamento pressupe alguns movimentos de ruptura com

    polticas e prticas pedaggicas que historicamente tomaram a criana como

    objeto de tutela, que precisa ser conduzida, governada, ajuizada, vigiada pelos

    adultos, estes, sim, os nicos detentores dos saberes, com poder de governar os

    tempos e de determinar as possibilidades de ser criana (BATISTA, 1998).

  • 28

    preciso levar em conta que o processo de intensificao das aes

    das crianas relativas aos contextos sociais e naturais, no sentido de ampli-los e

    diversific-los, sobretudo atravs das interaes sociais, da brincadeira e das

    mais variadas formas de linguagem e contextos comunicativos, exige considerar

    as crianas como ponto de partida e de chegada, inseridas, como no poderia

    deixar de ser, no mbito de uma infncia determinada (ROCHA, 2010). Ou

    seja, orienta-se elaborao de vivncias educacionais-pedaggicas que tornem

    possveis s crianas a apropriao de elementos significativos de sua cultura, a

    par e passo com a apropriao ou a construo de novos conhecimentos, sendo

    necessria a observao das aes infantis, individuais e coletivas, acolhendo

    suas perguntas e suas respostas, buscando compreender o significado de sua

    conduta.

    Exige-se, portanto, a garantia do desenvolvimento e da aprendizagem

    das crianas a partir da diversificao das experincias prximas e cotidianas,

    em direo apropriao de conhecimentos no mbito mais ampliado e plural,

    sem finalidade cumulativa ou com carter de terminalidade em relao

    elaborao de conceitos (ROCHA, 2010, p. 13).

    Como poderamos, ento, pensar a questo do currculo na Educao

    Infantil levando em conta todas as questes anteriormente apresentadas? Que

    sentido se tem conferido a esse termo nos saberes e fazeres da Educao

    Infantil no contexto em que nos encontramos? Aqui, somos desafiados a

    assumir o que orientam as DCNEI:

    Art. 3 O currculo da Educao Infantil concebido

    como um conjunto de prticas que buscam articular as

    experincias e os saberes das crianas com os

    conhecimentos que fazem parte do patrimnio cultural,

    artstico, ambiental, cientfico e tecnolgico, de modo a

    promover o desenvolvimento integral de crianas de 0 a 5

    anos de idade. (BRASIL, 2009, p. 19)

    Como se faz notar, apregoa-se a vivncia de prticas com as crianas que

    se efetivam nas relaes sociais que elas estabelecem com os seus pares e

    tambm com os adultos, e que integram a construo de suas identidades. Da

    decorre a exigncia de que as vivncias que se efetivam no cotidiano da

    Educao Infantil sejam conferidas de intencionalidade pedaggica,

    responsavelmente planejada e frequentemente avaliadas. Exigncia que se

    estende tambm concepo de currculo como um conjunto de prticas que

  • 29

    possam articular as experincias e os saberes das crianas com os

    conhecimentos que fazem parte do patrimnio cultural historicamente

    construdo.

    Nas suas experincias de aprendizagem, as crianas precisam ser

    reconhecidas e desafiadas em suas possibilidades criativas. necessrio que se

    tenha sempre em conta que h todo um mundo que se descortina e se

    apresenta a elas repleto de perguntas. Nas suas especificidades e interesses

    singulares, em busca de respostas, elaboram hipteses e sentidos pessoais sobre

    si mesmas, sobre as coisas e sobre o mundo.

    Pensar na problematizao ou na elaborao de conceitos em

    Educao Infantil no significa defender um currculo pautado no mero ensino

    de contedos, na perspectiva da escolarizao. Alis, somos contundentemente

    informados pelas DCNEI (art. 11) da necessidade de rompimento com essa

    perspectiva de antecipao de contedos que sero trabalhados no Ensino

    Fundamental (BRASIL, 2009, p. 12). Trata-se de pensar como orientar o

    trabalho junto s crianas de at trs anos em creches e como garantir prticas

    junto s crianas de quatro e cinco anos que se articulem, mas no antecipem

    processos do Ensino Fundamental (BRASIL, 2009, p. 2).

    A mais completa traduo desta diretriz s ser plenamente possvel

    mediante um posicionamento poltico e pedaggico acerca do currculo para a

    Educao Infantil que possa provocar um cotidiano de situaes agradveis,

    estimulantes, que desafiem as crianas (na interao entre elas, com os adultos e

    com o mundo) a se expressarem e a se comunicarem nas diferentes linguagens.

    Que possibilite a emerso da criana como sujeito do direito criao e

    organizao de pensamentos e ideias, ao desejo de conviver, brincar e trabalhar

    em grupo, possibilidade de mediar e resolver problemas e conflitos, ao acesso

    e apropriao dos saberes historicamente construdos pela humanidade e que

    circulam em nossa sociedade.

    PARTICIPAO INFANTIL E AVALIAO

    Na tarefa de se pensar as aes e metas no que tange a aprendizagem e

    o desenvolvimento das crianas, ficam algumas questes: como enderear

    prticas que respeitem os direitos das crianas, sobretudo no que tange sua

    participao efetiva no planejamento, no desenvolvimento e na avaliao dos

    cotidianos educativos? Como se efetivam os processos avaliativos das crianas,

    no que se refere ao seu desenvolvimento e a sua aprendizagem? Que lugar elas

  • 30

    so desafiadas a ocupar nos processos que refletem sobre suas aprendizagens e

    conquistas?

    A construo de possveis respostas a estas questes requer que se leve

    em conta que, conforme as realidades nos informam, as instituies de

    Educao Infantil, sob a tica da garantia de direitos, so responsveis por criar

    procedimentos para avaliao do trabalho pedaggico e das conquistas das

    crianas. Tambm preciso considerar a feitura de um discurso que aponta

    direo de como se deve pensar a prtica para e com e as crianas,

    reconhecendo-as como sujeitos de direitos. Direitos de participao, inclusive!

    Nessa perspectiva, avaliao deve ser tomada como ferramenta de

    reflexo sobre a prtica pedaggica na busca de melhores caminhos para

    orientar as aprendizagens das crianas, sem violentar os direitos infantis

    (ALVES, 2011). Ela deve perpassar todo o contexto de aprendizagem,

    tornando possvel uma reflexo sobre as atividades propostas e o modo como

    foram realizadas, as instrues e os apoios oferecidos s crianas individual e

    coletivamente, a forma como o profissional docente respondeu s

    manifestaes, s interaes e aos agrupamentos das crianas, o material

    oferecido e o espao e o tempo garantido para a realizao das atividades.

    Ainda tomando como referncia as DCNEI, importante recordar

    que, conforme estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    - LDBN n 9.394/96 (BRASIL, 1996), a avaliao na Educao Infantil dever

    ter a finalidade de acompanhar e repensar o trabalho realizado. Assim se

    expressa tal diretriz:

    Art. 10. As instituies de Educao Infantil devem criar

    procedimentos para acompanhamento do trabalho pedaggico e para avaliao

    do desenvolvimento das crianas, sem objetivo de seleo, promoo ou

    classificao, garantindo: I - a observao crtica e criativa das atividades, das

    brincadeiras e interaes das crianas no cotidiano; II utilizao de mltiplos

    registros realizados por adultos e crianas (relatrios, fotografias, desenhos,

    lbuns etc.); III - a continuidade dos processos de aprendizagens por meio da

    criao de estratgias adequadas aos diferentes momentos de transio vividos

    pela criana (transio casa/instituio de Educao Infantil, transies no

    interior da instituio, transio creche/pr-escola e transio pr-

    escola/Ensino Fundamental); IV - documentao especfica que permita s

    famlias conhecer o trabalho da instituio junto s crianas e os processos de

    desenvolvimento e aprendizagem da criana na Educao Infantil; V - a no

    reteno das crianas na Educao Infantil (BRASIL, 2009, p. 22).

  • 31

    Como se pode observar, as diretrizes acima descritas no fazem aluso

    participao das crianas nos processos avaliativos, muito embora oriente a

    utilizao de mltiplos registros realizados por adultos e crianas.

    Verifica-se, portanto, nos documentos oficiais, o enfraquecimento da

    participao das crianas nos processos que se vinculam sua educao como

    um direito. A defesa dos direitos das crianas de serem consultadas e ouvidas,

    de exercerem sua liberdade de expresso e opinio, e o direito de tomarem

    decises em realidades que lhes dizem respeito diretamente, perde eminente

    fora quando se trata das questes da avaliao.

    Ter-se-ia diludo a ideia da criana como sujeito de direito

    participao? Perpetua-se, ento, ideia de que a avaliao no pode se construir

    como espao democrtico?

    Fica a sensao de que a defesa da criana como sujeito de participao

    nas estratgias da ao pedaggica fica relegada somente ao planejamento da

    ao docente. Romper com concepes e prticas de avaliao inadequadas de

    verificao da aprendizagem com vistas promoo ou a reteno das

    crianas na Educao Infantil pressupe adotar como princpio educativo, nas

    creches e pr-escolas, a construo de outros olhares e de outras escutas em

    relao s crianas. Significa tom-las como ator ativo e criativo, como um

    sujeito e cidado de potenciais, direitos e responsabilidades, com sua prpria

    inclinao e poder para aprender, investigar e se desenvolver como ser humano

    em uma relao ativa com outras pessoas (MOSS, 2002, p. 243). Uma criana

    que pode ser parte ativa no processo de criao de conhecimento, que em

    interao com o mundo ao redor tambm ativa na construo, na criao de

    si mesma, de sua personalidade e de seus talentos; uma criana que se constitui

    protagonista sobre o seu prprio processo de aprendizagem e tendo o direito

    de interpretar o mundo (Id. ib.).

    As reflexes advindas da consolidao da Pedagogia da Educao

    Infantil (ROCHA, 2001, 2010; CERISARA, 2004) tem-se mostrado

    fundamentais na defesa de que possvel a construo de prticas pedaggicas

    menos centradas nos pontos de vista dos adultos, uma vez que legitima a voz

    das crianas, alm de consider-las sujeitos de suas prticas.

    Ou seja, a Educao Infantil como um espao e um tempo que valha

    por si mesmo, que tenha seu foco nas relaes pedaggicas, no cuidar e educar

    e no direito das crianas, considerando-as como atores sociais. Um espao e um

    tempo [...] para a ampliao do repertrio vivencial e cultural das crianas a

    partir de um compromisso dos adultos, que se responsabilizam por organizar o

  • 32

    estar das crianas em instituies educativas que lhes permitam construir

    sentimentos de respeito, troca, compreenso, alegria, apoio, amor, confiana,

    solidariedade, entre tantos outros. Que lhes ajudem a acreditar em si mesmos e

    no seu direito de viver de forma digna e prazerosa (CERISARA, 2004).

    ENTO... (?!)

    importante se ter em conta que os processos que envolvem a

    avaliao das crianas presentes nas instituies de Educao Infantil esto em

    constante movimento, tendo como elementos estruturais a observao, o

    planejamento, o registro, a anlise avaliativa e a sua partilha e o replanejamento

    das aes educativas propostas. Ponderando a dimenso polissmica que a

    palavra avaliao pode ter, no se pode perder de vista neste estudo que nos

    processos pedaggicos, incluindo a os avaliativos, no h neutralidade, pois as

    escolhas feitas estaro sempre vinculadas s trajetrias humano-profissionais, a

    posicionamentos polticos e pedaggicos.

    Sobre a possibilidade de participao infantil nos contextos educativos,

    incluindo a os seus processos de planejamento, execuo e avaliao das

    diferentes vivncias, temos conscincia de que este movimento no se

    apresenta como uma mera estratgia pedaggica nem um modismo, mas

    advinda de uma renovada concepo da infncia como gerao constituda por

    sujeitos activos com direitos prprios (no mais como destinatrios passivos da

    aco educativa adulta) e um eixo de renovao da escola pblica, das suas

    finalidades e das suas caractersticas (SARMENTO, TOMS, SOARES, 2007,

    p. 197).

    Ouvir as crianas no interior das instituies uma condio para a

    garantia dos direitos infantis e para um dilogo justo, de compartilhamento do

    poder (MOSS, 2002). Considerar a criana como ator social, permitir que sua

    voz se faa ouvir condio fundamental para a conhecermos e

    compreendermos como se constituem e se organizam estas apreenses,

    construes e significaes, ao mesmo tempo em que passamos a perceb-la

    para alm de nossas certezas pr-estabelecidas configuradas em uma lgica

    adulta.

  • 33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BATISTA, Rosa. A rotina do dia a dia da creche: entre o proposto e o vivido. Florianpolis, SC. Dissertao (Mestrado em educao) Universidade Federal de Santa Catarina, 1998. BRASIL. Ministrio da Educao e Cultura. Secretaria de Educao Bsica. Diretrizes curriculares nacionais para a Educao Infantil; Resoluo CNE/CEB 5/2009. Dirio Oficial da Unio, Braslia, 2009a. CERISARA, Ana Beatriz. Educar e cuidar: por onde anda a educao infantil?. In: Revista Eletrnica PERSPECTNA. Florianpolis, n. 17, n. Especial, p. 11 - 21, jul./dez. 1999, p. 11-22. DAHLBERG, Gunilla; Moss, Peter; Pence, Alan (2003). Qualidade na Educao da Primeira infncia: perspectivas ps-modernas. Porto Alegre. Artes Mdicas. DE ANGELO, Adilson. Educao Infantil e currculo: contribuies freirianas ao debate. In: Dialogia, So Paulo, n. 16, p. 113-125, 2012. MOSS, Peter. Reconceitualizando a infncia: crianas, instituies e profissionais. In: MACHADO, Maria Lcia de A. (Org.). Encontros e desencontros em educao infantil. So Paulo: Cortez, 2002. p. 235-248. ROCHA, E. A. C. Diretrizes Educacionais-Pedaggicas para a Educao Infantil In: Diretrizes educacionais pedaggicas para educao infantil / Prefeitura Municipal de Florianpolis. Secretaria Municipal de Educao. Florianpolis: Prelo Grfica& Editora Ltda., 2010. P. 12. SARMENTO, Manuel Jacinto; FERNANDES, Natlia; TOMS, Catarina. Polticas pblicas e participao infantil. In Educao, Sociedade & Culturas, n 2. Porto: Edies Afrontamento Lda.2007. p.183-206 SARMENTO, Manuel Jacinto. Para uma agenda da educao da infncia em tempo integral assente nos direitos da criana. In ARAJO, Vnia Carvalho de (Org.). Educao Infantil em jornada de tempo integral: dilemas e perspectivas. Vitria: Edufes, 2015.

  • 34

    - II -

    ESCOLA BSICA NO INTERIOR DOS

    CONTORNOS DO DESENVOLVIMENTO

    CURRICULAR A PARTIR DA REFORMA

    EDUCACIONAL DOS ANOS DE 1990

    Aline Rabelo Marques (Observatrio de Cultura Escolar, UFMS)

    Fabiany de Cssia Tavares Silva (Observatrio de Cultura Escolar,

    UFMS)

    NOTAS INTRODUTRIAS

    Este texto apresenta parte de resultados de pesquisa apresentado no

    relatrio de concluso do curso de Mestrado em Educao, que em seus limites,

    recupera anlises sobre a instituio da Educao Bsica no Brasil e sua relao

    com o desenvolvimento curricular, mais especificamente, os contornos da

    Escola Bsica brasileira (conceito e organizao).

    Como norteadores das anlises, elencamos algumas questes, a saber:

    quais as compreenses de Escola Bsica nos contornos do desenvolvimento

    curricular organizado a partir da reforma educacional dos anos de 1990? Qual o

    conceito e que tipo de organizao foi impressa em documentos curriculares

    oficiais? Quais os contornos do desenvolvimento curricular no perodo de 1998

    a 2013?

    Tomamos por objeto para responder a esses questionamentos, um conjunto de

    documentos curriculares nacionais, publicados entre os anos de 1998 a 2013:

    Parmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN),

    Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil (RCNEI) e as

    Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Esses documentos esto propostos

  • 35

    em contexto nacional, desenhando as proposies para a Escola Bsica, que se

    deram a partir de contornos especficos do desenvolvimento curricular,

    organizadas em documentos curriculares propostos em finais dos anos de 1990

    e comeo dos anos 2000.

    Todavia, compreendemos que as inauguraes articuladas nessas

    dcadas tiveram bases legais lanadas em documentos de anos anteriores, o que

    justifica recuperaes histricas e conceituais de discusses para alm do

    recorte temporal delimitado. Sobretudo, discusses tecidas na Constituio

    Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional de 1996.

    Entre os resultados, destacamos a centralidade das noes/concepes/ideias

    de Escola Bsica que foram organizadas, as quais ressignificam discursivamente

    os processos de escolarizao.

    Os contornos da Escola Bsica brasileira, a partir de concepes

    inauguradas e/ou reformuladas em documentos/relatrios de grandes reunies,

    foram articulados por organismos internacionais a partir dos anos de 1990. E os

    documentos produzidos traduziram a noo/conceito de Educao Bsica, que

    serviu de matriz de referncia para a articulao em territrio nacional.

    O CONCEITO DE EDUCAO BSICA NO INTERIOR DOS

    DOCUMENTOS CURRICULARES

    O conceito Educao Bsica inaugurado no campo educativo brasileiro

    com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDBEN), n 9.394/96,

    sancionada em 20 de dezembro de 1996, no que diz respeito aos nveis e

    modalidades de Educao e Ensino no Pas, constituda como um dos nveis

    que dariam forma a Educao Escolar.

    Conforme o Artigo 21 inciso primeiro: A educao escolar compe-

    se de: I - educao bsica, formada pela educao infantil, ensino fundamental e

    ensino mdio; II - educao superior. (BRASIL, 1996, p. 11). Diante disso,

    definiu-se que a Educao Bsica, parte da Educao Escolar, estaria

    subdividida em trs etapas de formao sequenciadas, Educao Infantil,

    Ensino Fundamental e Ensino Mdio.

    Para alm da Educao Escolar, a LDBEN (1996) lanou contornos

    para diferentes modalidades de ensino, a saber: Educao Especial, Profissional,

  • 36

    Indgena, no Campo e Ensino a Distncia. Contudo, investigamos

    especificamente as etapas da Educao Infantil e Ensino Fundamental1 .

    A exposio desta Lei corroborou a ligao entre a Educao Bsica e a

    necessidade das instituies escolares, que contaria com etapas de ensino

    obrigatrias, as quais encontrariam na escola espao privilegiado de efetivao.

    A escola, para alm desse privilgio, assumiu o monoplio da concretizao dos

    projetos educativos, visto que a LDBEN no previa outro espao de relaes

    educativas formais.

    No Artigo 22, foram dados os fins da Educao Bsica. A educao

    bsica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formao

    comum indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meios para

    progredir no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL, 1996, p. 11). A

    partir das finalidades enunciadas, algumas relaes foram estabelecidas entre a

    Educao Bsica e a cidadania, o mercado de trabalho e os estudos posteriores.

    Em verdade, antes de ter sido inaugurada no campo educativo, com a

    publicao da LDBEN, o conceito de Educao Bsica havia sido apresentado,

    no campo jurdico, na Constituio Federal de 1988.

    No texto da Constituio, o termo apareceu em 16 (dezesseis)

    momentos distintos, referindo-se ao dever do Estado, ao regime de

    colaborao, a profissionais da educao bsica, porcentagem de aplicao da

    Unio e dos entes federados, fonte adicional de financiamento, distribuio

    de cotas estaduais e municipais (Artigo 212 pargrafo 6), a projetos de lei

    relativos organizao da seguridade social, universalizao da educao

    bsica, ao financiamento da educao bsica, a princpios basilares do ensino, a

    competncias dos entes federados, entre outros.

    No entanto, definir como funo da Unio realizar os delineamentos

    necessrios educao nacional no foi privilgio da Constituio de 1988, pois

    na Constituio Federal de 1946 ficou definido que competia Unio [...]

    legislar sobre [...] d) diretrizes e bases da educao nacional. (BRASIL, 1946, p.

    1).

    Esta e outras duas definies, definir a educao como direito de todos

    e adotar princpios de obrigatoriedade e gratuidade para o ensino primrio,

    foram vitais para que se comeasse, desde 1946, a vislumbrar uma organizao

    1 Possveis apontamentos de outras modalidades, nveis e da etapa do Ensino Mdio podero ser feitos se julgarmos contribuir na compreenso do objeto desta pesquisa.

  • 37

    e instalao de um sistema nacional de educao como instrumento de

    democratizao da educao pela via da universalizao da escola bsica.

    (SAVIANI, 2000, p. 6)2.

    O delineamento jurdico organizado no texto constitucional e nos

    demais documentos legais teve por funo assegurar o direito educao, tendo

    em vista seu carter fundamental de natureza social. Quando falamos em

    carter fundamental, nos referimos a direitos inerentes vida humana, pautados

    na liberdade, na igualdade e, especialmente, na dignidade.

    Na Constituio Federal de 1988, a educao passou a ser mencionada

    como primeiro direito fundamental de ordem social. Art. 6 - So direitos

    sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o lazer, a

    segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a

    assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio (EC n26/2000 e

    EC n64/2010). (BRASIL, 1988, p. 20). A educao, dessa forma, ficou

    circunscrita como um dos direitos universais bsicos, passando a ser vista como

    uma das questes de carter nacional.

    A democratizao da educao como bem social pblico requeria a

    [...] organizao de uma educao pblica democrtica no mbito nacional.

    (SAVIANI, 2000, p. 7), o que justificava o texto constitucional ao atribuir

    Unio e aos entes Federados, responsabilidades diante da organizao da

    educao nacional.

    A Constituio de 1988 anunciou em seu artigo 205 que a educao,

    direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada

    com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,

    seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    (BRASIL, 1988, p. 136). A seguridade do direito educao se daria na

    perspectiva de garantia do acesso aos processos democrticos, traduzidos pela

    cidadania ativa e no preparo dos sujeitos para o mercado de trabalho. Questes

    que tratamos, particularmente, nos pargrafos que trataram da distribuio de

    conhecimentos, organizada nos documentos curriculares nacionais.

    2 Especialmente no conjunto dessas trs definies, o campo educativo nacional conquistou no espao jurdico a possibilidade de constituir as bases da Educao Bsica. A concretizao desta possibilidade exigiu a formulao das Leis de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, a primeira em 1961 e a segunda em 1996.

  • 38

    O desafio no se limitou erradicao do analfabetismo, pois foram

    destacados alguns outros pontos considerados crticos e possveis obstculos

    para o xito de estratgias de desenvolvimento da Educao Bsica, a saber:

    qualidade e heterogeneidade da oferta, efetividade e relevncia do ensino,

    magistrio (formao e gesto, livro didtico, apoio ao educando,

    financiamento, integrao vertical dos sistemas de ensino, continuidade e

    sustentao das polticas educacionais e da gesto dos sistemas e das unidades

    escolares).

    Nos Parmetros Curriculares Nacionais para as sries iniciais, a

    Educao Bsica teria por funo [...] garantir condies para que o aluno

    construa instrumentos que o capacitem para um processo de educao

    permanente. (BRASIL, 1997, p. 28).

    Concordamos com o exposto, por entender que uma Educao Bsica

    calcada em princpios democrticos e de cidadania extrapolaria os limites de

    uma etapa de ensino ou uma modalidade, mas ofereceria condies de um

    pleno desenvolvimento para o decorrer de toda vida dos sujeitos e no somente

    durante sua trajetria escolar.

    J a verso dos PCN para as sries finais do Ensino Fundamental

    afirmou que a Educao Bsica teria por finalidade desenvolver o educando,

    assegurar-lhe a formao indispensvel para o exerccio da cidadania e fornecer-

    lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL,

    1998, p. 41).

    Ao articular o conceito de Educao Bsica, o Referencial Curricular

    para a Educao Infantil reafirmava como sua finalidade de existncia o

    desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade. (BRASIL, 1998, p.

    11), previsto para acontecer em parceria entre instituies de Educao Infantil

    e as famlias das crianas.

    Nos Subsdios para Diretrizes Curriculares Nacionais Especficas da

    Educao Bsica de 2009, a Educao Bsica [...] corresponde a um direito

    social e a um requisito fundamental para o pleno desenvolvimento da pessoa

    como indivduo, cidado e sujeito social. Inclui trs etapas que se sucedem: a

    Educao Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Mdio. (BRASIL, 2009,

    p. 3).

    [...] para ser cidado, isto , para participar ativamente da vida da cidade, do mesmo modo que para ser trabalhador produtivo, necessrio o ingresso na cultura letrada. E sendo essa um processo formalizado, sistemtico, s pode

  • 39

    ser atingida atravs de um processo educativo tambm sistemtico. A escola a instituio que propicia de forma sistemtica o acesso cultura letrada, reclamado pelos membros da sociedade moderna. (SAVIANI, 2000, p. 3).

    Nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educao Bsica

    (2013), no tocante Educao Bsica,

    relevante destacar que, entre as incumbncias prescritas pela LDB aos Estados e ao Distrito Federal, est assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Mdio a todos que o demandarem. E ao Distrito Federal e aos Municpios cabe oferecer a Educao Infantil em Creches e Pr-Escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental. Em que pese, entretanto, a autonomia dada aos vrios sistemas, a LDB, no inciso IV do seu artigo 9, atribui Unio estabelecer, em colaborao com os Estados, o Distrito Federal e os municpios, competncias e diretrizes para a Educao Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Mdio, que nortearo os currculos e seus contedos mnimos, de modo a assegurar formao bsica comum. (BRASIL, 2013, p. 7, grifo do autor).

    O esforo de universalizao do Ensino Fundamental pressupunha que

    todos os indivduos fossem alfabetizados e tivessem oportunidade, ainda que

    mnima, de ir escola e acessar conhecimentos considerados necessrios.

    NOTAS FINAIS

    Em tese, a reorientao curricular buscou prticas, mais consequentes,

    com a garantia do direito educao.Se de um lado, as proposies reformistas

    cooperaram com a seguridade do direito educao por meio da

    democratizao dos processos de escolarizao, ao menos da etapa do Ensino

    Fundamental, de outro, no promoveram grandes mudanas com a adoo de

    novas prticas.

    A funo da educao a partir das reformas educacionais dos anos de

    1990 continuou a mesma, perseguindo a promoo de mobilidade social, uma

    formao para a cidadania, equidade e democracia.

    Ancorados na Teoria Crtica do Currculo, entendemos que a educao

    torna-se condio para a emancipao dos sujeitos, o que pressupe conceb-la

    a partir de princpios democrticos, que assegurem o acesso indiscriminado a

    todos, priorizando a qualidade, prioritariamente, a qualidade da escola pblica.

  • 40

    No questionamos os princpios de democracia, cidadania e qualidade

    que, hipoteticamente, sustentam o conceito de Escola Bsica delineado nos

    documentos. Todavia, questionamos as finalidades da educao esboada a

    partir destes princpios, uma vez que entendemos que a democracia prev uma

    liberdade para alm da liberdade de consumo. A cidadania no se limita

    participao nas relaes produtivas e espordicas manifestaes eleitorais.

    No estabelecimento dessas relaes consolidou seu sentido de urgncia

    diante de demandas individuais e coletivas, uma vez que havia potencial de

    desenvolvimento dos sujeitos e da nao, por exemplo. As escolas passaram a

    ser consideradas indispensveis formao de sujeitos desenvolvidos,

    produtivos, que saberiam exercer sua cidadania e teriam condies de seguir

    progredindo nas diferentes etapas e modalidades do sistema educativo.

    A inaugurao da educao bsica ressignificou os objetivos atribudos

    educao nacional, uma vez que o projeto educativo nacional no se resumiu

    ao nvel da Educao Bsica, mas apenas para este nvel foi previstas etapas de

    ensino obrigatrio, o destaque se deu nela e a partir dela. A no obrigatoriedade

    de todas as etapas pressups que nem todos chegariam ao fim da Educao

    Escolar, isto , ao Ensino Superior. Assim, as finalidades atribudas Educao

    Bsica seriam as de carter comum aos sujeitos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BRASIL. Constituio (1946). Constituio dos Estados Unidos do Brasil: Texto Constitucional promulgado em 18 de Setembro de 1946. Disponvel em: . Acesso em: 14 set. 2015. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Lei nmero 9394, 20 de dezembro de 1996. Disponvel em: . Acesso em: 12 ago. 2015. ______. Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: introduo aos parmetros curriculares nacionais. Braslia: MEC/SEF, 1997a. 126p. ______. Ministrio da Educao e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil. Braslia: MEC/SEF, 1997b. 126p.

  • 41

    ______. Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introduo aos parmetros curriculares nacionais. Braslia, DF: MEC/SEF, 1998c. 174 p. ______. Ministrio de Educao e do Desporto. Referencial curricular nacional para educao infantil. Braslia, DF: MEC, 1998d. ______. Ministrio da Educao. Resoluo CNE/CEB n 01/1999, de 7 de abril de 1999. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educao Infantil. DirioOficial da Unio, Braslia, Sesso 1, 1999. Disponvel em: . Acesso em: 12 jan. 2015. ______. Subsdios para Diretrizes Curriculares Nacionais Especficas da Educao Bsica. Diretrizes Curriculares Nacionais Especficas para a Educao Infantil. Braslia: MEC/SEB, 2009f. Disponvel em: . Acesso em: 29 jan. 2016. ______. Parecer CNE/CEB n 7/2010.Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educao Bsica. Braslia: aprovado em 07/04/2010f. Disponvel em: . Acesso em: 29 jan. 2016. ______. Ministrio da Educao. Secretaria de Educao Bsica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educao Bsica. Diretoria de Currculos e Educao Integral. Braslia: MEC, SEB, DICEI, 2013. 562p. SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educao (LDB): trajetria, limites e perspectivas. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 2000.

  • 42

    - III -

    RELAO FAMLIA E ESCOLA NAS POLTICAS DE

    CURRCULO PARA EDUCAO INFANTIL.

    Amanda Leal Coutinho PROPED - UERJ (Brasil)

    INTRODUO

    Ao longo da minha formao profissional, pude observar a dificuldade

    que professores e gestores encontram para manter a parceria que precisam para

    contriburem com o desenvolvimento social, cultural, psquico, emocional e

    cognitivo de nossos alunos. Cada indivduo formado por um somatrio de

    experincias que o constituem e pelo qual compreendem e atuam no mundo

    em que vivem.

    Em pesquisa ao portal do Ministrio da Educao disponibilizado em

    consulta on-line para o acesso, encontramos documentos que trazem para

    Educao Infantil discusses da poltica ainda pouco exploradas. Elaborado

    pelo Ministrio de Educao e a Secretaria de Educao Bsica e publicado

    em 2006, selecionamos o documento: Poltica Nacional de Educao Infantil: pelo

    direito das crianas de zero a seis anos Educao (2006)para iniciarmos nossa

    discusso. Esse documento aponta diretrizes, objetivos, metas e estratgias para

    a rea poltica, buscando contribuir para um processo democrtico de

    implementao das polticas pblicas para as crianas de 0 a 6 anos no Brasil

    (BRASIL, 2006, p. 4). Partindo do princpio de que o aprofundamento da

    excluso social gera um panorama de discriminao e negao dos direitos das

    crianas que precisa ser combatido com uma poltica que promova a incluso,

    combata a misria e coloque a educao de todos no campo dos

    direitos (BRASIL, 2006, p.5).

    Nesse contexto, escolhemos pesquisar, tendo por base a abordagem do

    ciclo de polticas de Stephen Ball, como a relao famlia-escola representada

    nas polticas curriculares brasileiras para a Educao Infantil em documentos

  • 43

    oficiais e a sua contribuio para o processo de formao pessoal, emocional e

    social, contrapondo s ideias descritas no documento: Poltica Nacional de

    Educao Infantil: pelo direito das crianas de zero a seis anos Educao

    (BRASIL, 2006).

    RELAO FAMLIA E ESCOLA NAS POLTICAS DE CURRCULO

    DA EDUCAO INFANTIL

    As famlias, cujas configuraes tambm se modificam ao longo dos

    anos, cada vez mais buscam nos espaos urbanos, a creche como espao de

    educao e cuidado para os seus filhos, por diferentes motivos. No caso das

    creches e pr-escolas pblicas, o motivo mais frequente aquele que envolve a

    necessidade de trabalho de seus pais, causando uma grande procura s

    instituies municipais direcionadas primeira infncia. Vivemos em uma

    sociedade em constante transformao, o que afeta diretamente as interaes

    que estabelecemos com o ambiente e com os outros nossa volta.

    O conjunto desses fatores movimentou a sociedade civil e os rgos

    governamentais para que o atendimento s crianas de zero a seis anos fosse

    reconhecido na Constituio Federal de 1988. A partir de ento, a Educao

    Infantil em creches e pr-escolas passou a ser, ao menos do ponto de vista

    legal, um dever do Estado e um direito da criana (artigo 208, inciso IV). O

    Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), de 1990, tambm apontam para o

    direito da criana a essa necessidade (BRASIL, 1998, p. 11).

    Em 1998, atendendo s determinaes da Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional (LDB - Lei 9.394/96), pela primeira vez na histria do

    pas, se estabelece que a Educao Infantil passa a ser a primeira etapa da

    Educao Bsica. O atendimento s crianas de zero a seis anos de idade torna-

    se dever do Estado, com garantia de atendimento gratuito em creches e pr-

    escolas, organizando-se em propostas polticas em todos os estados brasileiros.

    Ao longo do processo histrico de desenvolvimento da Educao

    Infantil foram construdos textos curriculares que legitimaram um novo

    projeto-poltico social para as creches e pr-escolas. A produo desses

    documentos se configurou em um movimento de negao s prticas

    curriculares vigentes, a fim de legitimar o discurso da mudana e da nova

    poltica curricular, assim como dos novos ideais de educao que se

    pretende implementar (LOPES, 2004).

  • 44

    Entendemos o territrio de produes de documentos de orientao e

    referenciais curriculares como um campo de lutas polticas onde diferentes

    comunidades disciplinares atuam nas polticas de currculo e produzem novos

    sentidos no jogo poltico, inclusive, pela introduo de suas interpretaes, de

    forma hbrida, em documentos curriculares (LOPES; MACEDO, 2011,

    p.50). Compreendemos o currculo como prtica discursiva, prtica de

    significao, de construo de sentidos. O currculo, ento, segundo Lopes e

    Macedo (2011),

    (...) constri a realidade, nos governa, constrange nosso comportamento, projeta nossa identidade, tudo isso produzindo sentidos. Trata-se, portanto, de um discurso produzido na interseo entre diferentes discursos sociais e culturais que ao mesmo tempo, reitera sentidos postos por tais discursos e os recria (p. 41).

    Nos apoiamos tambm nos estudos culturais em dilogo com os

    grupos sociais e culturais, uma negociao que se d em contextos de assimetria

    de poder e que precisam ser reconhecidos como tal (LOPES & MACEDO,

    2011, p. 192). Sendo o currculo escolar um texto poltico, no poderia deixar

    de considerar os estudos culturais e articular economia, poltica e cultura,

    entendendo as complexidades e mltiplos sentidos do binmio educao e

    cultura alm das polissemias, desacordos e ressignificaes existentes, como a

    questo das diferenas e da imposio de valores.

    Hall (1997), quando escreve sobre identidade e subjetividade, destaca

    que o impacto das revolues culturais sobre as sociedades globais e a vida

    cotidiana local, no final do sc. XX, nos conduz a compreenso da relevncia

    da cultura na construo da subjetividade, da prpria identidade e da pessoa

    como ator social. O autor define identidade no apenas como a constituio do

    ser individual, mas, para ele:

    ...a identidade emerge, no tanto de um centro interior, de

    um eu verdadeiro e nico, mas do dilogo entre os

    conceitos e definies que so representados para ns

    pelos discursos de uma cultura e pelo nosso desejo

    (consciente ou inconsciente) de responder aos apelos

    feitos por estes significados, de sermos interpelados por

    eles, de assumirmos as posies de sujeitos construdos

    para ns por alguns dos discursos (HALL, 1997, p. 8).

  • 45

    Sendo os movimentos interculturais compreendidos como um campo

    de debate, identificamos que os processos de aprendizagem tambm

    desenvolvem hibridismos e ambivalncias na construo de identidades,

    atuando com temticas transversais de cultura, de etnia, de geraes, de gnero

    e de movimento social gerando possibilidades de transformao e de criao

    cultural.

    A construo da sociedade se d pela interao e pela ao de dar

    significado ao mundo em que vivemos. No h, porm, uniformidade nesse

    processo, j que cada pessoa se apropria dos novos conhecimentos de forma

    diferente e baseada nas suas estruturas cognitivas, na sua realidade e nos

    conhecimentos previamente estabelecidos; possibilitando, assim, uma infinidade

    de ressignificaes.

    Esse conjunto de ideias mobiliza a prtica escolar e a formao dos

    sujeitos, que atuaro nessa sociedade, de forma conservadora ou

    transformadora.

    No caso da Educao Infantil, devemos considerar que a relao entre

    famlias e escola imprescindvel para a formao pessoal e social dos sujeitos,

    considerando a faixa-etria dos alunos desse segmento e a relevncia dessa

    parceria na primeira infncia. Compreendemos tambm que as dificuldades e os

    conflitos que permeiam essas relaes no surgem apenas no contexto da

    prtica, mas em outras dimenses.

    Dessa forma, no havendo estruturas fixas e centradas, a ordem social

    s pode ser criada por relaes hegemnicas precrias. [...] Toda e qualquer

    representao provisria da sociedade ou de qualquer outro fenmeno social

    sempre apenas uma parte limitada da possibilidade de significao (LOPES;

    MACEDO, 2011, p.253). O currculo resultado de lutas polticas e embates

    por significaes que constroem o que viria ser justia, equidade, transformao

    social e identidade.

    SENTIDOS ATRIBUDOS RELAO FAMLIA E ESCOLA NO

    TEXTO POLTICO SELECIONADO

    Se a famlia a primeira organizao social em que a criana est

    exposta, ao chegar creche e pr-escola, a criana necessita da cooperao e

    parceria desses dois grupos sociais em que est inserida para construir as bases

    emocionais, sociais e individuais necessrias ao seu desenvolvimento integral.

  • 46

    Por meio da explorao que faz no contato com outras pessoas e na

    observao daqueles com quem convive, a criana constri sua prpria

    aprendizagem sobre o mundo, sobre si mesma e passa a comunicar-se com ele

    atravs das diferentes linguagens e inteligncias. Esses avanos dependem tanto

    das interaes socioculturais como da vivncia de experincias nos primeiros

    ncleos de sociedade que esto inseridos, desde a famlia at a comunidade

    escolar. Porm, que espao essa famlia encontra para interagir e contribuir com

    a Escola e seu Currculo no processo de conscincia e aprendizado dessas

    crianas? Como os documentos oficiais estimulam essa parceria?

    A partir do documento Poltica Nacional de Educao Infantil(2006),

    encontramos em sua definio inicial o compromisso de contribuir para um

    processo democrtico de implementao das polticas pblicas para as crianas

    de 0 a 6 anos (BRASIL, 2006,p.4) e atravs de construes coletivas tem por

    objetivo propiciar o cumprimento do preceito constitucional da

    descentralizao administrativa, bem como a participao dos diversos atores

    da sociedade envolvidos com a Educao Infantil na formulao de polticas

    pblicas (BRASIL, 2006, p.4). Para isto, a promoo do crescimento e do

    desenvolvimento saudvel das crianas na instituio educativa passa por suas

    necessidades de afeto, alimentao, segurana, integridade corporal e psquica

    durante o tempo que permanecem na instituio para assim,

    desenvolverem a sua identidade em busca da autonomia atravs de

    relaes inter/intrapessoais no processo de socializao e enriquecimento de si

    prprio.

    A dificuldade na interao famlia-escola e a ideia de uma escola que

    prepare para o mundo contemporneo se reflete na centralidade que este

    elemento tem na produo de polticas curriculares. Elemento esse que

    observamos a partir da anlise minuciosa do documento, que a todo momento

    enuncia a necessidade de complementao de deveres entre Estado e famlia na

    garantia dos direitos infantis.

    Ao Estado, portanto, compete formular polticas, implementar programas e viabilizar recursos que garantam criana desenvolvimento integral e vida plena, de forma que complemente a ao da famlia. (BRASIL, 2006, p.4)

    O texto poltico faz um breve panorama histrico e descreve que a

    partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional a Educao Infantil

    ganhou uma dimenso mais ampla no sistema educacional, qual seja: atender

  • 47

    s especificidades do desenvolvimento das crianas dessa faixa etria e

    contribuir para a construo e o exerccio da sua cidadania (BRASIL, 2006, p.

    10). Nessa nova dimenso proposta articula-se tambm com a valorizao do

    profissional que atua com essa faixa-etria alm da necessidade de uma

    proposta pedaggico-curricular especfica para a rea.

    Uma resposta a essas questes foi dada pela prpria LDB (art.12 e 13), ao incumbir as instituies de Educao Infantil de elaborar as propostas pedaggicas com a participao dos professores. Dessa forma, a Lei reconheceu, ao mesmo tempo, a ao pedaggica de professores, construda no cotidiano das instituies de Educao Infantil, juntamente com as famlias e as crianas. (BRASIL, 2006, p. 12)

    Posteriormente aponta as Diretrizes da Poltica Nacional de Educao

    Infantil (BRASIL, 2006 p.17) aonde reitera que a Educao Infantil tem

    funo diferenciada e complementar ao da famlia, o que implica uma

    profunda, permanente e articulada comunicao entre elas (BRASIL, 2006, p.

    17), alm de objetivos de fortalecimento das relaes entre escola e famlia e

    metas de programas de orientao e apoio aos pais com filhos entre 0 e 6

    anos, oferecendo, inclusive assistncia financeira, judiciria e de suplementao

    alimentar nos casos de pobreza, violncia domst