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Antologia Escolar 2020 Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem Volume I - Narrativas de Aventura 1

Antologia Escolar 2020 · 2020. 12. 9. · A primeira parte dessa publicação destina-se ao gênero "Narrativas de Aventura , em que os alunos se tornam protagonistas e transformam

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Antologia Escolar 2020Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem

Volume I - Narrativas de Aventura

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Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem

Volume I - Narrativas de Aventura

Antologia Escolar do Sistema Colégio Militar do Brasil

2020

Departamento de Educação e Cultura do Exército

Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial

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Alessandra Feitosa eMônica de CastroOrganizadoras

Cada CM, Cada Aluno, Uma mensagem

Volume I - Narrativas de Aventura

Antologia Escolar do Sistema Colégio Militar do Brasil

2020

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Alessandra Feitosa e Mônica de Castro (Org) Copyright@2020 por Alessandra Martins Gomes Feitosa e Mônica de Castro Guimarães Título original: Antologia Escolar do Sistema Colégio Militar do Brasil 2020 - Cada CM, Cada Aluno, Uma Mensagem Conselho Editorial: Célio Jorge Vasques de Oliveira, Daniel Reis dos Lopes, Elaine Guimarães Motta, Elias Ely Vitório, Gilberto Cardoso. Os Conceitos emitidos nos textos são de exclusiva responsabilidade dos autores Capa do livro: Montagem com os trabalhos dos próprios autores presentes na Antologia

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SUMÁRIO Introdução.......................................................................................................................7 Prefácio ............................................................................................................................9 Notas à primeira edição ....................................................................................10 Uma aventura nos jogos da amizade ......................................................13Aluna Rebeca Sousa Ibiapina (CMB) De uma para toda vida.......................................................................................14Aluno Ricardo Estevão Matos Souto (CMBel)

Sonho realizado.........................................................................................................15Aluna Maria Fernanda Nascimento Lerina (CMC) Cada um, cada aluno, uma mensagem.................................................16Aluno Marcelo Santos Sampaio Filho (CMF) O sumiço que transmite valores....................................................................17Aluno Pedro Henrique Zampier Oliveira (CMJF)

Um dia divisor de uma vida.............................................................................20Aluna Maria Rita Varmes de Carvalho (CMM) A primeira de muitas.............................................................................................22Aluna Teresa Balestro Somensi de Oliveira (CMPA) Marcha em dobro...................................................................................................24Aluna Mel Zion Cordeiro (CMR)

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SUMÁRIO Sem título .....................................................................................................................26Aluna Daniele Lins Vieitos (CMRJ) Primeira apresentação.......................................................................................28Aluna Eva Santiago Ma (CMS)

Segundo lar.................................................................................................................29Aluna Mariah Michelotti Loureiro (CMSM) Um sonho ao alcance..........................................................................................30Aluno Henrique Galvão de Brito (CMSP)

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Introdução (1/2) A presente publicação é oriunda do II Concurso Literário do Sistema Colégio Militar do Brasil(SCMB), cujo título foi "Cada um, Cada Aluno, Uma mensagem", em que os alunos se basearamem suas próprias experiências e criaram textos que mostram sua história de vida, apósingressarem no Colégio Militar, de forma a inspirar outras pessoas. Alinhados com uma Proposta Pedagógica de vanguarda, baseada no ensino porcompetências, os Colégios Militares atuam, ainda, no desenvolvimento de uma educaçãofocada nos valores e tradições do Exército Brasileiro. O Exército Brasileiro é a Instituição mantenedora dos Colégios Militares cujo objetivo maior é ode fortalecer a dimensão humana da Força, ao ofertar ensino de qualidade aos dependentesde seus militares. Foi no atendimento ao sonho do Duque de Caxias que o Exército foi criado, ainda no tempo doImpério, o primeiro Colégio Militar (CM). É do entrelaçamento do Exército com a preocupaçãode seu povo que a História do Brasil se cruza com a História do Exército e, a cavaleiro, aindaparticipam desse cenário os quatorze educandários que estão localizados no Rio de Janeiro -RJ, Porto Alegre - RS, Fortaleza - CE, Manaus - AM, Brasília - DF, Recife - PE, Belo Horizonte - MG,Curitiba - PR, Salvador - BA, Juiz de Fora - MG, Campo Grande - MS, Santa Maria - RS, Belém -PA e, o mais recente, São Paulo - SP. Como participantes da História do Exército e,  especificamente, do Sistema Colégio Militar doBrasil, estão os alunos pertencentes aos quatorze CM, com suas histórias marcadas de esforçopelo crescimento intelectual e de emoção por suas diversas vivências escolares. Assim, o convite será estendido a você, amigo leitor, que se debruçará sobre esses trabalhosselecionados dentre os melhores de seus CM e remetidos à Diretoria de Educação Preparatóriae Assistencial. A primeira parte dessa publicação destina-se ao gênero "Narrativas de Aventura , em que osalunos se tornam protagonistas e transformam em magia suas diversas situações dentro dosColégios. A segunda parte reporta-se aos alunos que contam suas histórias passadas dentro doSistema, as "Memórias", contando-as como são lembradas no presente.  São textos repletos deemoção e saudosismo que retratam momentos fundamentais para o alunado, como o dia deingresso ao CM, as formaturas, as vivências com os colegas, entre outras. A terceira parte destina-se à publicação de "Poesias". Em face de serem textos destinados aosalunos do ensino médio, observam-se escritas mais maduras e repletas de emoção e rimasbem elaboradas, em que são enaltecidas as virtudes dos alunos, a felicidade de ingresso aoSistema, as belezas arquitetônicas dos prédios dos CM, as experiências vividas, os valores doExército, etc. 

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Introdução (2/2) A quarta parte refere-se a um tipo de texto mais lúdico, as "Histórias em Quadrinhos" (HQ).Desenhadas e escritas por alunos do ensino fundamental, as HQ proporcionam um ponto altodessa antologia, ao trazerem fatos cômicos e sérios caricaturados nos personagens destegênero. A quinta parte apresenta os "Cartazes". Tendo como finalidade principal a divulgação deinformação visualmente, são também relevantes por seu valor estético. Misturando desenhos,fotos, imagens e dizeres, os cartazes montados pelos alunos do ensino médio mostram ascaracterísticas do SCMB como um lugar propício para aprender, debater, fazer amizades paratoda a vida, expressar sentimentos, iniciar uma jornada de vitórias, cultuar valores entre outraspossibilidades, de modo que estes textos deixam claro não só a criatividade dos alunos, comoas diversas qualidades que nosso Sistema de Ensino possui e que são por eles observadas evalorizadas, também. A sexta e última parte intitula-se "Sobre os Leitores" e tem por finalidade apresentar, emalgumas linhas, informações sobre os vencedores do concurso, como sua origem familiar, seusgostos e conquistas, assim como seu nome completo, título e gênero textual de seu trabalho, esua foto. Por oportuno, desejamos a vocês, caros leitores, um bom momento de descanso e de prazer naleitura desses textos que simbolizam o amor de todos os alunos pelo SCMB. Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2020 Alessandra Martins Gomes Feitosa - TC QCO Chefe da Seção de Ensino da DEPA

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Prefácio

Esta Antologia tem um valor afetivo muito caro para todos nós, integrantes do Sistema ColégioMilitar do Brasil: é a segunda publicação que reúne textos temáticos oriundos de uma atividadepedagógica comum a todos os Colégios Militares. A honra de prefaciar esta obra é de uma simbologia muito cara para mim, Diretor de EducaçãoPreparatória e Assistencial. Hoje, tenho a honra de ler esses textos tão criativos, emocionantes e interessantíssimos arespeito do SCMB e dos próprios escritores. Nesta antologia, podemos usufruir da leitura de textos de autores jovens, mas com um futuropromissor para a carreira das letras e da pesquisa historiográfica. Uma temática relacionada asuas próprias vivências como alunos. O teor de cada trabalho reflete o sentimento de pertença ao SCMB e a certeza de que cadaaluno, ainda que adolescente, tem uma mensagem de vida, de alegria, de esperança, temuma mensagem que precisa ser transmitida a todos. Mesmo em um ano conturbado e desafiador como este de 2020, nossos alunos demonstrarama competência e a capacidade de produção de textos belíssimos que passaram por umarigorosa seleção dentro de seus CM. Esta publicação é uma forma de incentivar e estimular nossos futuros escritores e, quem sabe,já antever os futuros grandes professores e autores que ombrearão nossos espaços nasAcademias de Letras. Prossigam nesta senda do estudo e do saber, para que sejam homens e mulheres valorosos esábios. Zum Zaravalho! Rio de Janeiro, 05 de novembro de 2020. Gen Div Francisco Carlos Machado SilvaDiretor de Educação Preparatória e Assistencial

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Notas à primeira edição (1/2)

"Cada um, Cada aluno, Uma mensagem" oferece ao leitor a possibilidade de  conhecer umpouco sobre a trajetória dos alunos do Sistema de Colégios Militares do Brasil, pois seus textosmostram um parte de sua história de vida, após entrarem no Colégio Militar. Também, épossível vislumbrar o quanto esta obra serve de inspiração para outras pessoas. A seleção dos textos aqui presentes se deu após o II Concurso Literário do Sistema do ColégioMilitar do Brasil (SCMB), ocorrido no presente ano. Então, cada CM selecionou o melhor textodentro de cada um dos gêneros "Narrativas de Aventura", "Poesias", "Memórias", "Histórias emQuadrinhos" e "Cartaz" para que estes compusessem a presente obra. Por seu título, é possível perceber o valor que cada experiência possui como construtora daHistória do SCMB. É a valorização da riqueza das singularidades e das subjetividades como asbases de um Sistema de Ensino rico e diversificado, com colégios em cada uma das cincoregiões naturais do país. São múltiplas e variadas as contribuições que estes textos trazem, mas é possível destacar acriatividade e o sonho contidos nas Narrativas de Aventura, como por exemplo o ataque sofridopela família Garança em o "Sumiço que transmite valores"; a alegria do ingresso ao ColégioMilitar de Manaus, sediado próximo da vegetação amazônica em "Um dia divisor de uma vida"e a emoção do vislumbre do "Casarão" (CMPA) situado em Porto Alegre, em "A primeira demuitas". O orgulho e a gratidão de pertencer a um Colégio do SCMB, retratados nas "Memórias", comoem "A família garança", em que a escritora menciona que ingressar no CMF foi o melhor que lheaconteceu, ao acreditar ter sido Deus quem a possibilitou isso e saber que tal realidade muitoa ajudaria no futuro; ou em "O que corre em minhas veias", em que o aluno de Salvadorrelembra ter nascido na "cidade embrenhada na Floresta Amazônica, São Gabriel daCachoeira", onde, ao visitar o pai em seu quartel, começou a perceber possuir também osangue "verde-oliva". São fascinantes os bem estruturados versos e suas rimas, cheios de riqueza vocabular eredigidos por tão jovens escritores como se vê em "Um sonho chamado CMRJ", "Quandocriança, escrevi a Deus uma carta: "quero vestir, do CM, a farda escarlata"; assim como nestaoutra estrofe do poema  de título "de Santa Maria para o mundo", "Já dizia Rubem Alves, Háescolas que são gaiolas e há escolas que são asas, E o Colégio Militar, encorajando-me a voar,Mostrou-me que, de um passarinho, passarão poderia me tornar". Segue o deslumbre ao se observar tão bonitos e criativos desenhos que, nas Histórias emQuadrinhos, como em "Nobre cadinho" , com quase profissionalismo de seus traços, retratam arotina do CMS em um dia de formatura e ainda relembram parte de seu hino "É o Colégiorecinto sagrado, Grande templo de luz e saber...Onde cedo nos é ensinado a cumprir nossodever..."; ou em um momento mais fabuloso e encantador  como em "Minha vida no CMR emquadrinhos apresenta...", quando o aluno promete ao mascote Nicodemos fazer o seu melhorem aula.

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Notas à primeira edição (2/2)

E, finalizando a obra, encontram-se os cartazes, repletos de corres, desenhos, imagens,  fotos edizeres, retratando os aspectos dos CM que mais saltam aos olhos dos alunos, como no cartazde Fortaleza, em que a artilharia de Mallet, o mascote Nicodemos, o 7 de Setembro, o uniforme,entre outros, surgem; ou como no Cartaz de CMR, em que o respeito, a dignidade, o espírito decorpo, a honra, a lealdade, a justiça e a dedicação são lembrados e exaltados como valorespilares de nossos colégios. Assim, temos nesta obra um legado artístico de alta qualidade, reflexo não apenas do ensinode excelência que o Sistema preconiza, busca e pratica, como dos diversos talentos de nossosalunos que com entusiasmo e dedicação plantam estas sementes de cultura e saber queserão colhidas por seus leitores. Rio de Janeiro, 06 de novembro de 2020 Mônica de Castro Guimarães - MAJ QCOAdjunta da Seção de Ensino da DEPAOrganizadora da II Antologia do SCMB/2020

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Volume I

Narrativas de Aventura

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Uma aventura nos jogos da amizade

Al Rebeca Ibiapina (CMB)

Ouviam-se gritos, ouviam-se palavras, sentia-se emoção. Era uma mistura de raiva e alegria.Do campo, a aflição era total. A cada tic-tac do relógio, um suor frio escorria sobre a testa dePeter. O tempo acabou. A decepção no olhar do time era preocupante, mas felizmente era sóum treino. O mais esperado Jogos da Amizade estava para chegar e o time de basquete do ColégioMilitar de Brasília (CMB) treinava intensamente para a conquista dos troféus. Peter, o novatodo primeiro ano do ensino médio, escolheu entrar para o time de basquete e representar oCMB nos jogos que aconteceriam na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). O grande dia chegou. Os jogadores do CMB se instalaram nos alojamentos da AMAN ecomeçaram os treinos logo cedo. Peter observava os times adversários treinarem e osadmirava. Após constatar que eram mais fortes, perdeu a esperança e os pensamentosnegativos o rodeavam. Foram seis dias intensos, mas o último jogo foi o mais acirrado. O que mais atrapalhou Peterfoi o medo e a ansiedade na hora do jogo. Ele suava frio, como nos treinos, mas agora erareal. O primeiro e o segundo tempo passaram. O capitão do time, Arthur, percebeu o desespero dotime e resolveu encorajá-los a persistir. Arthur falou do tempo em que era calouro e quetambém sofreu com a ansiedade e o medo. Disse ainda, que o capitão do seu time o encorajoua persistir e retirar a palavra desistir do vocabulário, pois somente as quedas os tornariammais fortes e a persistência os daria habilidade. Nos dois últimos tempos de jogo, o time do CMB se ergueu e ganhou a última competição.Assim, levou para o Colégio Militar de Brasília mais um troféu e uma das mais belasrecordações de uma grande aventura aos alunos.

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De uma para toda vida

Al Ricardo Souto (CMBel)Ser aluno do Colégio Militar é para poucos. Adentrar todo dia pelo portão das armas é um atode coragem, assim como todo grande guerreiro, que não sabe o que lhe aguarda dentro deuma guerra. A caminhada é longa, sacrificar-se é necessário. Ter de abdicar de prazeresexternos e distrações não é fácil, porém, preciso. As melhores recompensas são fruto de anosde trabalho, e a maior aventura que já vivi durou sete inesquecíveis anos. E como toda grandejornada, houve grandes reviravoltas, idas e vindas e, com toda certeza, superações. Como todo e qualquer iniciante, tive um choque de realidade. Não esperava tamanha carga,igual a um combatente em seu primeiro combate. O choque é duro, mas a vida segue e logo agente se acostuma e percebe que a preparação é para algo maior e grandioso. O ensino dequalidade e a disciplina são marcas que se concebem de início. Não é um colégio comum,muito pelo contrário, é o colégio mais peculiar existente. Não lhe ensinam apenas matérias, esim o ideal, o convívio, os valores, a lapidação para vida de forma responsável. Em qualquer situação nova, sentimos a virada da chave, o começo de uma nova era. Essasituação ocorreu comigo quando ganhei meu primeiro concurso: fui para Brasília em nome doCMBel! Logo, percebi que ali começava uma nova era, um novo caminho era traçado, como sefosse um guerreiro, quando promovido a um cargo importante na tropa. Senti orgulho de estarali, do reconhecimento, mesmo que pequeno. Nessa uma semana em que estive na capital dopaís, comecei a sentir o bom e recompensador sabor do sucesso. Algo que, mais para frente, setornaria o meu ápice, vestindo a túnica branca. O resultado não foi o esperado, mas sesoubesse o que viria a ocorrer anos mais tarde, me daria por satisfeito. Enfim, durante esses 7 anos de luta, plantei inúmeras sementes todos os dias, e, finalmente, osfrutos germinaram. Como um herói vencedor ao final de uma guerra, todo o mérito e ahonraria fizeram valer a pena o meu esforço, pois finalmente consegui o meu objetivoprincipal: passei na faculdade mais difícil do país. Minha carreira militar estava engatilhada, eassim se fez... Décadas depois, recebo um convite inesperado e resolvo aceitá-lo. Quem diriaque um dia voltaria aqui, contudo, não vestindo a farda garança, e sim o uniforme verde-oliva,fazendo meu discurso neste palanque, no papel de mais novo comandante de um Colégio quesempre amei, que mudou a minha história e onde estarei nos próximos dois anos e, em meucoração, por toda a minha vida.

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Sonho Realizado

Al Lerina (CMC)A realização do meu sonho como aluna do Colégio Militar de Curitiba iniciou na metade do anode 2019. Quando soube que seria matriculada no Colégio. Foi impossível não me correrem aslágrimas aos meus olhos. Meu pai trouxe a notícia. Mil coisas se passaram pela minha cabeça:Satisfação. Emoção. Medo. Encorajamento. Responsabilidades. Confiança. Desde já sabia queminha rotina diária seria bastante diferente: precisaria me preocupar com o uniforme; novasinstalações onde iria estudar; conteúdos novos; avalições; novos colegas e novos professores.Realmente 2020 seria um ano repleto de novidades e de muitas responsabilidades.

Quando passei pela primeira vez pelos portões, admito, deu um frio em toda a minha espinha.Porém, esse primeiro passo inseguro foi logo resolvido. Fui muito bem acolhida pelo Colégio.O Comandante, a Divisão de Ensino, a Coordenação dos Alunos, a Coordenação de Ano, osprofessores e os monitores, toda essa grande equipe me orientou em meus direitos e deverescomo aluna desse grande Estabelecimento de Ensino. No entanto, confesso, que todas asminhas preocupações aos poucos foram sendo eliminadas quando comecei a fazer minhasprimeiras amizades. Queria dividir com outros colegas as minhas preocupações e ansiedades.Senti-me melhor quando percebi que não era a única. Tudo aquilo que estava me inquietando,pude perceber era o mesmo que eu ouvia de meus novos amigos. Ufa!!! Que alívio. Não sou aúnica a sentir minhas mãos geladas e pernas bambas.

No entanto, quando pareceu que “realmente caiu a ficha” e que eu consegui ver que tudoaquilo era real e que realmente havia concretizado meu grande sonho, foi quando assistiminha primeira aula. Foi de História com o Professor Dornelles. Não sabia se eu prestavaatenção, se eu anotava ou simplesmente aproveitava esse meu primeiro momento de enormesatisfação. Ao mesmo tempo que era tão normal, afinal já havia estudado em outro colégio,tinha uma mistura, um novo sabor que eu não sabia bem como definir.

Toda aquela primeira manhã de aula foi realmente muito espetacular. E estava bastanteconsciente que quando eu chegasse em casa, eu seria o centro das especulações por parte demeus pais de como teria sido o meu primeiro dia de aula. Do dia em que meu sonho foirealizado.

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Cada CM, cada aluno, uma mensagem

Al Marcelo Sampaio (CMF)Estava eu na minha antiga escola, quando fiquei sabendo da prova para entrar no CMF, aípensei: Nossa! Que legal seria estudar no CMF! Me inscrevi para fazer a prova e embarcarnessa nova aventura sem pensar que passaria pela primeira dificuldade nesse processo:conciliar os estudos da escola e para o CMF ao mesmo tempo. Era uma correria! Assistir asaulas na escola pela manhã, realizar as atividades extraescolares à tarde e estudar a noite eaos fins de semana para a prova do CMF. Ufa! Foi cansativo, mas consegui passar.

Eu estava todo feliz e empolgado com esse novo desafio de entrar em uma nova escola, comonovos amigos, um espaço diferente, outras atividades, enfim, era outro universo para euexplorar. Pensei que eu me adaptaria rapidamente, por já vir de outra escola militar. Essa foi àexpectativa, porém, a realidade foi bem diferente.

O segundo desafio veio com a semana zero, onde, durante uma semana, eu tive que pássarodia na escola, marchando no sol, aprendendo a cantar vários hinos e o grito de guerra do“Zunzaravalho”, sem contar que tive que me tornar independente em várias coisas: ter queacordar mais cedo para chegar à escola, comer, resolver minhas coisas na escola e prestaratenção nos horários das atividades. Foi uma experiência difícil pra mim, tive que superarminha timidez e meus medos. Mas consegui me adaptar e comecei a gostar de fazer parte daescola. Porém, de repente fomos surpreendidos pela suspensão das aulas presenciais porcausa da pandemia de COVID 19. E mais uma vez aparece um novo desafio para mim: asatividades da escola à distância.

No começo eu achava que iria ser fácil fazer as atividades da escola em casa, porém tive queme dedicar mais, pois para assistir as aulas e fazer as atividades é necessário prestar atençãonos horários das aulas e da entrega das atividades, ter disciplina para estudar e fazer astarefas na hora certa, além de ter que aprender a mexer em várias ferramentas virtuais deacesso às atividades.

Apesar de todas as dificuldades, não me arrependo dos desafios que tive e que ainda estouenfrentando para fazer parte desta escola. Tento aproveitar todas as atividades que a escolapropõe e, aos poucos, vou tentando melhorar a cada dia para superar as minhas dificuldades etenho certeza que, como o apoio da escola e da minha família conseguirei vencer todos essesdesafios.

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O sumiço que transmite valores (1/3)

Al Zampier (CMJF)Ela não era uma simples condessa. Era a condessa. Viúva do conde Rodrigo Garança, JosianeGarança utilizava toda a herança deixada por seu falecido marido para ajudar aqueles quemais necessitavam na plebe de sua região. Por isso, todos a idolatravam.

O que não se sabia era que seu cunhado, Américo Dantas, filho adotado de Regina Garança eManoel Garança, morria de inveja de toda boa fama de Josiane, já que considerava que a únicapessoa capaz de tomar o cargo de seu irmão, o grande governante da época, era ele próprio.

Ele era austero. Era ruim. Difícil de lidar. Era o oposto de toda a sua família. Sempre achavaque o tratamento que recebia era diferente do tratamento recebido pelo falecido irmão. Háquem diga que Américo que planejou a morte de Rodrigo. Nunca se contentava com o quetinha.

Anos se passaram. A popularidade de Josiane só aumentava e a raiva de seu cunhadoaumentava na mesma proporção. Ele sempre planejava algo de ruim para a bela condessa,mas, protegida pelas orações dos pobres da época, nada de mal a perseguia. Até que, certafeita, planejou um ataque à residência da família Garança, onde viviam Josiane e seus doisfilhos, Jéssica e Pablo.

Nesse ataque, foi encarregado aos dois ladrões, Pupo e Luna, por Américo, o roubo de todos osbens preciosos que a condessa possuía. Dentre eles, aquilo de maior valor afetivo paraJosiane: o colar de estrelas de ouro feito à mão por artesãos de outra província, que seumarido a deu quando completaram bodas de porcelana. Sem sombra de dúvidas, este era obem material que a moça mais amava, visto que foi o último presente que seu marido a deuantes de falecer.

O ataque à casa de Josiane ocorreu enquanto ela e as filhas estavam ajudando à população,distribuindo alimentos. Quando retornou à residência, a condessa percebeu que fora furtada,ficando em êxtase quando percebeu que o colar que mais amava havia sido levado junto aoresto. Inconformada, solicitou ajuda ao chefe do exército, Sr. Paulo César Oliva, que nãohesitou e logo procurou pistas para recuperar o que fora roubado.

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O sumiço que transmite valores (2/3)

Al Zampier (CMJF)Ao chegar no local do crime, o comandante da instituição percebeu que havia marcas desapato, borradas com lama. Viu-se, nitidamente, a marca de uma ferradura, exibida na sola dosapato. Tratava-se, claramente, de um sapato Fontenelano, feito pelo melhor sapateiro daregião. Somente um bandido poderia ter tanta fortuna para comprar tal calçado. Paulo nãoteve dúvidas e, já sabendo que Pupo morava juntamente com seu companheiro Luna no altodas montanhas, não perdeu tempo e foi procura-lo, a fim de recuperar os bens de Josiane.

O que o chefe do exército não podia imaginar é que os bandidos, já imaginando que iriamprocurá-los, deixaram várias armadilhas prontas para, caso alguém fosse prendê-los, nãoconseguisse chegar até eles.

Paulo e seus soldados quase foram picados por venenosas cobras, se não fossem por suasarmaduras de ferro, muito resistentes. A cruel dupla de bandidos deixou cerca de quinzecobras peçonhentas, venenosas e famintas na base da montanha. No meio, deixaram umburaco coberto de folhas para que quem sobrevivesse às cobras, caísse e ficasse por toda aeternidade preso lá. Nesse obstáculo, o comandante e seus aliados caíram e ficaram horaspresos lá, gritando por socorro. Nisso, estavam no cume, os dois bandidos que, escutandopelos gritos, deram boas gargalhadas.

Porém, toda a esperteza e habilidade de Paulo César, levaram-no a pensar em uma simplessolução. Uma escada humana, onde, trabalhando em equipe, todos conseguiriam sair dali. Foidifícil, mas no fim, conseguiram. Saíram do buraco e foram até o cume prender os bandidos.

Após prendê-los, Pupo e Luna confessaram que Américo Dantas que tinha dado a ordem, quetambém foi preso e considerado por seus pais adotivos como uma traição à família quepertencia.

A condessa Josiane recuperou seu tão importante e significativo colar, agradecendo muito aochefe do exército Paulo César Oliva.

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O sumiço que transmite valores (3/3)

Al Zampier (CMJF)Hoje, como reflexo deste acontecimento, há quem diga que os estudantes dos ColégiosMilitares, carregam em suas boinas uma estrela bem semelhante às estrelas do colar dacondessa, reflexo também de toda a importância e de todo o significado valioso da instituição;dizem também que o conjunto de alunos de tais colégios chama -se Família Garança, emhomenagem a toda bondade de Josiane Garança para com aqueles que não podiam ter ascondições que ela tinha; e, ainda por cima, há aqueles que também falam que, quando maisvelhos e já dentro da carreira militar, os alunos utilizam um uniforme da cor verde-oliva, comoreferência elogiosa àquele que muito deu de si para ajudar Josiane, transmitindo valores comohombridade, inteligência e perspicácia, valores muito importantes para o Exército. O que leva todos a pensar que o brilho reluzido pela estrela da boina dos alunos de diferentesColégios Militares reflete intensamente na nobreza de pertencer à família garança.

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Um dia divisor de uma vida (1/2)

Al Maria Rita (CMM)Seis de março de 2018, 6 horas da manhã de uma sexta-feira cheia de sol. Era daquelasmanhãs típicas do verão manauara, que exalam o frescor da vegetação amazônica. Para mim,um dia promissor, eu me tornaria oficialmente uma integrante da Família Garança. Realizava osonho de vestir o uniforme oficial do Colégio Militar de Manaus, adentrando o pátio do CMM,muito honrada e feliz por estar usando a tão respeitada farda para receber das mãos dos meuspais a boina de aluna. A solenidade de entrega da boina é um dos momentos mais emocionantes e esperados tantopelos alunos “cotonetes” quanto pelos seus orgulhosos pais. No momento daquela tocantecerimônia, meus pensamentos viajam e me levam a rememorar todo o caminho quepercorremos até chegarmos ali. De repente um brado: "E ao Colégio, tudo ou nada? Tudo! Então como é? Como é que é?” E aí segue aquela ovação enigmática que nos surpreende, quando descobrimos no conjuntohistórico da origem do colégio, o que suas palavras representam. Percebi que tudo era real, intenso e sobretudo muito recompensador! O juramento do alunodespertou o meu melhor para tudo que eu viesse a fazer dentro dessa instituição, sempreseguindo os valores do Exército Brasileiro: - “Incorporando-me ao Colégio Militar e perante seu nobre estandarte, assumo o compromissode cumprir com honestidade meus deveres de estudante...” Meu pensamento voou daquele sentimento de alegria e de satisfação às muitas horas dededicação aos estudos em 2017, com a minha vida de estudo cheia de restrições, cheia demomentos que exigiam muita disciplina, foco e paciência para conseguir passar ali, no portãode entrada do CMM, com os medos de enfrentar um exame bem concorrido. Então, com osbraços pra trás, estufo o peito: “Valeu a pena fazer escolhas, deixar de sair com meus amigos,não viajar nas férias de julho, e, obstinadamente, escolher fazer um curso preparatório comum professor rigoroso e exigente. Professor “Bomfim”... seu nome parecia um sinal bempromissor, com suas aulas ao mesmo tempo engraçadas e estressantes, de piadas e gritos paraexigir de todos nós atenção e concentração na resolução dos exercícios.

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Um dia divisor de uma vida (2/2)

Al Maria Rita (CMM)Dia da prova! Respirei fundo e, sutilmente, sem demonstrar que estava muito nervosa,caminhei confiante para a prova com o único objetivo de obter êxito. Depois é só um branco,um borrão... e a ansiedade de aguardar o resultado final. Dias difíceis de espera e aflição nacontagem de pontos ganhos e pontos perdidos. Choro pelos vacilos!

Nem quis ver quando minha mãe acessou cedinho o site do CMM para ver o resultado. Depoissó emoção! Minha aprovação! Abraçamos todos e pulamos juntos: eu, minha mãe e minha avó.Gargalhadas, danças e ligação para meu pai. A intensidade da minha emoção pelo resultado domeu esforço foi de tal ordem que aquele momento foi “a festa” da minha vida! Tudo agora erao antes e o depois do CMM.

Hoje, para o CMM, meu sentimento continua vigoroso e reforça a minha gratidão por tudo queessa instituição tem-me proporcionado: da formação preparatória, da disciplina, cuja forja docaráter de seu discente é sempre moldado em prol do benefício da sociedade e, sem dúvida, daconvivência leal e harmônica com todos: diretoria, professores e alunos.

No CMM eu percebo que todos são uma verdadeira família e que, ao longo desse período, eupude experimentar diversos ambientes que me engrandeceram. Olho a entrada do Colégio eme vejo projetada para o futuro, minhas opções de profissão, que poderei seguir e servir aoBrasil, sempre com retidão, braço forte e mão amiga!

Selva!

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A primeira de muitas (1/2)

Al Teresa (CMPA)Finalmente havia chegado o dia, o tão esperado dia. A única coisa entre mim e aquele grandeCasarão era uma multidão de crianças, iguais a mim. Não iguais fisicamente, mas crianças quecompartilhavam o mesmo sentimento que eu naquele momento.

Comecei a pensar no que poderia ter dentro do Casarão, como seriam os professores, asprovas, as formaturas... Nisso, acabei voltando os olhos para a farda de um militar. Derepente, a cidade a minha volta não parecia mais uma cidade, parecia uma selva. Não estavaentendendo o que acontecia. Como em um passe de mágica, o colégio dos meus sonhos haviadesaparecido!

Respirei fundo e comecei a observar as coisas ao meu redor. Uma mistura de pensamentosinvadiu a minha mente. “E se as provas fossem tão difíceis quanto fugir de um leopardo?” Oupior, “se, nas aulas de natação, os professores exigissem que eu prendesse a respiração tantotempo quanto um hipopótamo?” Estava assustada e com medo, mas lembrei do que meus paisme ensinaram: “Não desista!” e segui em frente.

O caminho escolhido começou a ficar embaçado, como se coberto de fumaça. “Onde háfumaça, há fogo”, pensei e segui a direção por ela indicada. Logo cheguei a uma cabana; nasua frente, uma fogueira. Resolvi me abrigar nela e descobri que não estava vazia.Primeiramente, me apresentei. A habitante da moradia fez o mesmo e me convidou paraentrar. Serviu-me de chá e deu-me um pouco de alimento. Conversamos por horas e ela meemprestou um mapa para me ajudar a sair daquela selva. Fiquei muito mais confiante. Como ébom fazer amigos!

Seguia o caminho indicado no mapa quando ouvi um barulho parecido com uma corneta. Apósa corneta terminar de tocar, ouvi o som de tiros. Logo imaginei que estivesse ocorrendo umaguerra. Agora a situação ficava cada vez pior. Para onde iria fugir? A cabana de minha amigaestava muito distante. Desesperada, me escondi atrás de uma moita, mas não foi uma boaideia, pois, atrás de mim, havia alguém chamando pelo meu nome! A voz que chamava pormim não era a de minha nova amiga, era uma voz de homem, a voz do meu pai.

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A primeira de muitas (2/2)

Al Teresa (CMPA)Foi num piscar de olhos que tudo voltou ao normal. A selva havia sumido e, no lugar dela,estava o Casarão, o meu colégio. Mas agora não tinha nada entre mim e o Casarão: estava caraa cara com a porta e, com apenas um passo, entrava naquela “grande selva”, cheia de desafios,aventuras e alegrias.

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Marcha em dobro (1/2)

Al Mel Zion (CMR)Com o céu ainda escuro, ela acordou naquele 7 de setembro especialmente significativo. Esseseria o dia do seu primeiro Desfile da Independência após entrar no Colégio Militar. Narealidade, o primeiro de toda a vida. Anteriormente, ela nunca participara ou mesmo assistiraa um evento daquele gênero.

Animadamente, arrumou-se, pôs a farda e foi de carro, junto com seus pais, para o ponto deconcentração. Com coragem e felicidade inabaláveis, ela se preparou para os desafios que aesperavam ao longo do dia. Chegando lá, juntou-se aos seus colegas de série. Conformetranscorriam as horas, sentiu o ar ficar mais quente e a sede aumentar dessincronizadamenteem relação às reservas de água disponíveis.

Depois de uma longa espera, o desfile começou. Pisando firmemente o asfalto, empossou-sedos sentimentos de júbilo e garbo que a motivavam a estar ali. Ao longo de três quilômetros,percorridos com os pés já calejados e com a garganta sedenta por água, a menina entooucanções e dobrados, que a lembravam a razão de ser daquela celebração e dos incansáveisesforços.

Cerca de uma hora e meia depois, a marcha se concluiu. O grande objetivo do dia havia sidocumprido. Com a mente satisfeita e o corpo fatigado, porém com a certeza de que todos osobstáculos do dia haviam sido superados, ela encontrou a mãe, que orgulhosamenteacompanhara o Batalhão Escolar, e abraçou-a. Vendo-a cansada, a mulher falou, um tantoencabulada, que o carro, no qual vieram, ficara no ponto de partida do desfile, portanto,precisariam retornar a pé para o local.

Atônita, a garota pediu por água, mas soube que a carteira e o dinheiro ficaram no carro.Incrédula, olhou para a avenida diante de si. Suas pernas mal se sustentavam e ainda teria queaguentar aquela sede insuportável. Percorrer o caminho de volta parecia impossível.Desesperançada, porém iniciou a caminhada.

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Marcha em dobro (2/2)

Al Mel Zion (CMR)Observando os prédios que testemunharam a passagem dos altivos alunos, bem como osespectadores humanos, que aos poucos iam se dispersando, voltando aos seus lares e às suasrotinas habituais para um sábado ensolarado, ela fazia o trajeto de volta. Ninguém mensuravaa batalha física e mental por que passava a garota. Também eles não faziam ideia de que, poroutro lado, à medida que avançava, ela sentia desabrochar na alma uma força, uma resiliência,uma bravura que até então ignorava e que ofuscavam o esgotamento de energias.

Em meio a tais reflexões, chegou ao carro. Então, ela pousou o olhar sobre ele e pensouagradecida pelo carro não estar no fim da cerimônia, forçando-a àquela aventuraquilométrica, que influenciara sua concepção de mundo, dando-lhe, ao fim do dia, umacerteza: ainda que a desconhecesse no momento, ela estava mais do que preparada para osdesafios do porvir.

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Sem título (1/2)

Al Vieitos (CMRJ)Olhei para o meu relógio de pulso (preto, como instrui o manual do aluno) outra vez. Atrasa-do, de novo! Apesar de me chatear, não fiquei surpresa. Vida de Quequé é ocupada, e sei quenão posso esperar que ele esteja sempre livre para passar os intervalos comigo. Mas seriapedir demais que as ventanias de começo de tarde atrasem um pouco para que aquele grifopudesse almoçar com uma velha amiga? Se você nunca ouviu falar no Quequé, aqui vai: ele éum majestoso e companheiro grifo que vive no alto da Pedra da Babilônia e controla os ventosdo CMRJ. Também tem o irritante poder de restringir suas redações no Jornal do Thomaz.

Nos conhecemos no Clube Literário alguns anos atrás. Ele adorava comer os “Es” e “Os” dasminhas redações, quando não me roubava os “As”! Tinha um gosto especial por “Is”, também.Os “Us” não tinham muito sabor, mas quem o conhece sabe como come de tudo. Desse jeito,demorou um pouco para sermos amigos, mas não tem como realmente ver as cores do CMRJse o Quequé não está na sua rotina. Além do mais, ele pode ser muito divertido quando nãoestá se divertindo às suas custas. Depois de algumas coberturas, textos e (sejamos francos)alguns sufocos, começamos a passar mais tempo juntos, mesmo com os irreparáveis atrasos.

Ele espiava por cima do meu ombro enquanto eu tentava descobrir o Pinguelim (outrahistória) e batalhou ao meu lado na Guerra das Varetas. É impressionante como a imaginaçãocria amigos na diversidade. E que amigo! Apesar de ter escondido a minha boina algumasvezes (É impossível pressentir as ventanias), sei que posso contar com ele para tudo. Uma vezele quase intimidou um professor por ter me dado uma nota baixa, mas felizmente o caos foicontido. Ninguém ganhou um rosnado e eu me manti na média, então eu diria que o saldo finaldo dia foi bem positivo.

Sempre tento arranjar um tempo para ele (Apesar de a recíproca ser duvidosa). Ele nuncaadmitiria isso, orgulhoso como é, mas a vida pode ser bem solitária quando você vive sozinhono alto da Pedra da Babilônia. Parece estranho pensar num grifo grande e forte desse jeito,mas nunca existiu uma só alma que não precisa de carinho. Nos divertimos muito juntos, e éassim que deve ser. Não se pode ser realmente amigo se não der risada e ouvir o outro rir. Eleé um pouco implicante, e sei que se atrasa de propósito, mas está tudo bem. Também tenhomeus meios de deixar ele louco.

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Sem título (2/2)

Al Vieitos (CMRJ)Se leu até aqui, pode estar dando falta da tão esperada aventura, então permita-me expli-car:No CMRJ, isso é aventura. É rir enquanto batalha pra ter boas notas. É torcer para que umamigo não se atrase para que você chegue a tempo no clube de RI. É usar a pessoaextraordinária que você conheceu como inspiração para fazer uma redação tocante. É forçar avista para poder enxergar as fadas no Bosque, e tentar impedir o grande Quequé de beber aágua da piscina. Aliás, não é muito fácil fazer com que não persiga as fadas também, mas,bem, isso é história para outro dia.

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Primeira Apresentação

Al Eva Santiago (CMS)Era uma daquelas semanas em que eu estava com tantas atividades pendentes que não tinhamuito tempo para mais nada. Ainda assim eu tentava conciliar tudo para me preparar para ogrande dia. O colégio receberia uma visita importante de um coronel e a banda de músicaprecisaria ensaiar como nunca. Foram dias de muito entusiasmo e animação. Partituras passavam rapidamente de mão emmão a cada ensaio e repassávamos a mesma melodia diversas vezes seguidas. Nos ensaio final,toda banda do colégio estava reunida para o ultimo dia de preparo, foi o dia mais longo ecansativo ate o momento. Quando chegou o dia da apresentação, meu coração batia acelerado: seria também a minhaprimeira apresentação como integrante da banda de música do colégio. O dia começou comaquela expectativa de fazer o coração disparar. Acordar mais cedo do que de costume e me arrumar em menos de metade do tempo rotineiro,sendo uma das primeira a chegar na banda com o tempo os outros alunos foram chegando erepassando as músicas uma ultima vez. Enfim chegou o momento, todos sentaram-se em seus lugares e fez-se aquele silencio mortalpara aguardar o sinal de início da primeira música. Parei de sentir nervosismo a partir doprimeiro sopro em meu instrumento metálico, de repente o medo se dissipara. A apresentaçãoterminou sendo mais tranquila do que o esperado e conseguimos agradar ao nosso visitante,mas o que realmente me agradou foi perceber que naquele momento eu me tornara uma realintegrante da banda de música.

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Segundo lar

Al Loureiro (CMSM)Era uma manhã fria de inverno enquanto eu passava pelos portões do Colégio Militar. Acerração cercava o carro e, com ela, iam-se meus pensamentos tomados por lembranças, mefazendo recordar a primeira vez em que fiz aquele mesmo trajeto. Na época, eu usava asimples roupa de cotonete, mas carregava um coração repleto de euforia e com inúmerosplanos.

Depois daquilo os dias se passaram rápido, conheci pessoas novas e fiz amizades duradouras.Entrei para a banda do colégio, onde me realizei, aprendendo a tocar o instrumento que, hoje,tenho honra de levar comigo abrilhantando cada formatura. Comecei a treinar basquete e, como time, pude participar de inúmeras competições representando o colégio. As vezesvencíamos, as vezes perdíamos, mas o que sempre permaneceu foi o espírito decompanheirismo entre os integrantes do time, e também com os adversários.

O que prevaleceu durante os anos que estudei no Colégio Militar foram, com certeza, osestudos. Eu queria aproveitar cada oportunidade de aprendizado que meus professoresdisponibilizaram. Mas nem tudo foi fácil, pois sempre há a frustração de uma nota ou outraque foge das nossas expectativas. Felizmente, são elas que nos fazem melhorar, procurandoacertar após cada erro.

Estudar no Colégio Militar me ensinou a aspirar sempre mais alto, pois assim alcançarei meussonhos. Desde a primeira vez que ultrapassei aqueles portões eu já sabia que lá seriamproporcionadas para mim as melhores oportunidades, a melhor formação para meu futuro.Mas o que descobri com a minha própria experiência é que não se trata apenas de um lugarpara estudar, mas sim de uma segunda casa. Eu, me sinto privilegiada de fazer parte dessesistema e por ter encontrado um segundo lugar para chamar de lar.

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Um sonho ao alcance (1/2)

Al Henrique Galvão (CMSP)Esta é a história de dois irmãos, Henrique e Helena, que desde pequenos sonhavam em sermilitares: ele do Exército e ela da Aeronáutica. Quando tinham sete anos, descobriram que existe um conjunto de colégios espalhados pelopaís, formando o Sistema Colégio Militar do Brasil. Então, começaram a pesquisar tudo sobreessas escolas e aprenderam desde a saudação colegial até os toques da corneta. No aniversário de oito anos do Henrique, o menino desejou que ele e sua irmã estudassem emum Colégio Militar quando crescessem. Depois de um tempo, todos foram dormir. No meio danoite, um clarão engoliu Henrique. De repente, ele foi parar em uma praia, seus pais tambémestavam lá, com duas crianças, que pareciam ele e sua irmã, só que estavam mais velhos. Seu pai estava falando algo como “4º sorteado” para o Henrique mais velho. Então, o meninoreparou algo: ele tinha viajado para o futuro. Quando a família do futuro já estava indoembora, Henrique entrou escondido no carro e partiu junto com eles. Ao olhar para seu relógio, percebeu que estava atrasado. Para dar um jeito nisso, ele mexeu osponteiros para frente e algo surpreendente aconteceu: ele foi parar na casa dos seus avós. Viunovamente seus pais e a sua versão mais velha. Dessa vez, o que ele conseguiu ouvir foi: o CMSP disponibilizou 17 vagas. No início, a versãomais velha do Henrique ficou triste porque não queria entrar no CMSP. O agora viajante do tempo mexeu mais uma vez nos ponteiros e novamente avançou para ofuturo. O Henrique de 2020 estava se arrumando para ir à solenidade de entrada no CMSP. Eleviu tudo bem de perto: desde a saudação colegial até o presidente do Brasil entrando noAuditório. Enquanto isso reparou em algo. - Como eu vim para no futuro? Pera aí... eu só preciso mexer os ponteiros. Então, ele mexeu de novo os ponteiros, avançando um pouco mais. E assim foi parar napassagem de comando do CPOR-SP/ CMSP. Percebeu logo que sua versão mais velha estavalendo algo... até que a sua mãe do futuro o viu. O viajante do tempo se assustou...

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Um sonho ao alcance (2/2)

Al Henrique Galvão (CMSP)E, em um piscar de olhos, o clarão apareceu novamente e o levou para casa. Assim que chegoufoi direto para cama e percebeu que o Henrique do futuro quase havia deixado de estudar noCMSP por ter se acomodado na sua outra escola. E isso teria sido um grande erro!

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