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PE. ANTONIO TEIXEIRA DE ALBUQUERQUE TRES RAZÕES PORQUE DEIXEI A IGREJA DE ROMA [Provavelmente escrito em 1884] Pe Antonio Teixeira de Albuquerque [Alagoas: 1840, Maceió - 07.04.1887, Rio Largo] MISSA OU TRANSUBSTANCIAÇÃO CELIBATOOBRIGATORIO CONFISSAOAURICULAR

Antonio Teixeira de Albuquerque Porque Deixei a Igreja de Roma (1)

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Este livro conta a história de conversão do primeiro brasileiro alcançado pelos missionários batistas americanos, vindos do sul dos Estados Unidos da América. Albuquerque era um padre católico.

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  • PE. ANTONIO TEIXEIRA DE ALBUQUERQUE

    TRES RAZES PORQUE DEIXEI A IGREJA DE ROMA

    [Provavelmente escrito em 1884]

    Pe Antonio Teixeira de Albuquerque

    [Alagoas: 1840, Macei - 07.04.1887, Rio Largo]

    MISSA OU TRANSUBSTANCIAO

    CELIBATO OBRIGATORIO

    CONFISSAO AURICULAR

  • 2

    TRES RAZES PORQUE DEIXEI A IGREJA DE ROMA

    [Provavelmente escrito em 1884]

    Pe Antonio Teixeira de Albuquerque [Alagoas: *1840,

    Macei - 07.04.1887, Rio Largo]

    MISSA OU TRANSUBSTANCIAO

    CELIBATO OBRIGATORIO

    CONFISSAO AURICULAR

    As trs razes que servem de epgrafe a este

    livrinho foram as que primeiramente me fizeram vacilar

    sobre a veracidade da Igreja de Roma, ainda que me

    achasse longe da Bblia e sem conhecimento pleno dela.

    Abalado na razo e na conscincia, tive uma hora

    feliz: compenetrei-me do dever de estudar sria e

    cuidadosamente a Palavra de Deus, ora confrontando as

    diversas verses, para certificar-me se havia Bblia falsa,

    ora meditando sobre cada mandamento de Deus, ensinos

    e preceitos de Jesus Cristo. Fiquei surpreendido: pois

    todas as verses vinham do mesmo original (Grego) e

    eram iguais. No havia Bblia falsa. Estas coisas eram

    inteiramente novas para mim.

  • 3

    O vu dos mistrios do Papa foi se rasgando pouco a

    pouco ao passo que ia lendo a Bblia, vendo a vontade de

    Deus revelada aos homens; e, de tal maneira, que pude

    descobrir muitas outras razes porque no devia mais

    me demorar em tal igreja. As ms doutrinas por si

    mesmas se condenam: erros, supersties, idolatrias,

    contradizem-se vista da Bblia e da razo. Vi a

    condenao da igreja de Roma.

    [p. 2] Ento chegou aos meus ouvidos um aviso

    imperioso, mas, consolador, qual nos dias de No e de

    L; um aviso de salvao divina, perfeita e eterna: "Sai

    dela, povo meu; para no serdes participantes dos delitos,

    e para no serdes compreendidos nas suas pragas". (Apoc.

    18:4).

    Educado na solido de um antigo convento dos

    jesutas, sob a direo de seis padres da companhia,

    aprendi a Teologia romana, tendo de obedecer a todos

    os dogmas cegamente. No tive tempo de engolfar-me

    na cobia, nem de enredar-me nos turbilhes polticos

    em que tomaram parte muitos do clero, desamparando

    suas vigararias, para intrometer-se nos negcios

    seculares e nas eleies. Nem a poltica secular ou

    religiosa, nem pretenso alguma de empregos,

  • 4

    categorias ou benefcios eclesisticos, foram a causa da

    minha sada do romanismo; mas, somente a sua

    doutrina, principalmente os trs pontos seguintes: "A

    Missa ou transubstanciao o Celibato obrigatrio, e

    Confisso auricular".

    Caro leitor, cumpre-me tambm declarar-vos, que

    no fui levado a abjurar a igreja de Roma por promessa

    de dinheiro ou emprego nas igrejas evanglicas; ao

    contrrio, desde aquele tempo tenho sofrido muitas

    privaes; e mais: o romanismo, sim, sempre me tem

    oferecido vantagem, vigararias (no princpio, para voltar a

    ele); dinheiro, casa e empregos (hoje mesmo). Todos

    esto enganados; porque no fui arrastado ou

    convencido por homens, mas, pela Bblia, que tambm

    ouvia dizer na Igreja de Roma que era a Palavra de

    Deus.

    Outrossim, importa dizer-vos ainda que no fui

    banido, expulso ou exautorado de padre, por bispo

    algum at hoje (que podiam ter feito, sem que me

    incomodasse com isso); eu mesmo remeti ao bispo um

    ofcio comunicando-lhe a minha retirada definitiva da

    sua igreja, pedindo-lhe que me riscassem da linhagem

    sacerdotal romana, pois no consta na Bblia que Jesus

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    Cristo institusse tal ofcio.

    Ainda mais, caro leitor; deixei o romanismo, no

    por causa duma mulher, como alguns apregoam, no

    achando outro motivo; pois, todos sabem que, quando

    muito, um pa- [p. 3] - dre poder ser suspenso

    (raramente) por algum tempo, e depois pode continuar

    no seu ofcio, embora o crime de honra permanece!!

    Quem pode contestar esta verdade? Verdade triste e

    prejudicial; mas verdade.

    Portanto, retirei-me do romanismo, livre e

    espontaneamente, assim como abracei o Evangelho livre,

    espontnea e cordialmente. - Agora passo a explicar as

    trs razes.

  • 6

    I

    A MISSA OU TRANSUBSTANCIAO

    Este dogma to extraordinrio, em que est

    fundada a igreja de Roma, efeito do poder supositcio

    do padre, nunca foi inteiramente crido por mim, apesar

    de nunca ter lido este ponto na Bblia. Adorava todas as

    hstias e clices consagrados pelos padres, talvez com

    alguma crena; mas, depois que eu mesmo passei a

    possuir o dito poder (?) de transubstanci-los, no pude

    mais ter um s vislumbre de crena.

    Ensinaram-me que aqueles elementos (o po e o

    vinho), depois de consagrados (?) perdiam as suas

    substncias ficando s os acidentes. Vamos ver: -

    Acontecia que eu comia a hstia, e tinha o mesmo gosto

    de farinha de trigo; e bebia o vinho, e sentia o mesmo

    sabor de vinho de uva; e ainda mais - produzia o mesmo

    efeito como quando o bebia em outra qualquer parte.

    Aprendi tudo por obrigao e no por convico, no

    livro da tradio, este infeliz batel vagando sem vela,

    sem bssola, nas ondas encapeladas pelas ventanias,

    que so as paixes humanas no seu orgulho. Eis os livros

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    que estudei. Moral prtica e terica; Moral sacramental;

    Teologia terica e dogmtica; Histria Eclesistica e

    Sagrada (em resumo); Hermenutica e Exegese, que

    tratam daqueles pontos bblicos que convm, para

    aparentemente melhor provar os dogmas da igreja de

    Roma. No estudei a Biblia, por no haver um curso

    especial para isto. Quando eu comia a hstia, j

    consagrada, conhecia e via que no se havia mudado a

    substncia; por- [p. 4] que me sustentava e tinha o

    mesmo gosto que antes; e o vinho, alm de conservar o

    mesmo sabor, perturbava-me a cabea por alguns

    minutos. (Tem o sangue este efeito?) Ento refletia eu:

    Como isto? Que da mudana da substncia? Qual a

    substncia da farinha? No gosto uma parte da

    substncia e a fora alimentcia outra? Qual a

    substncia do vinho? No so o sabor e a fora alcolica

    partes integrantes da substncia dele? Se a subtncia

    estivesse acabada, este vinho no me perturbaria!

    Quantas vezes j tinha eu lido envenenamentos de

    padres, postos na hstia e no clice?! Mas, dizem eles:

    Desde que entra o veneno a matria fica corrupta, e

    portanto, invlida. que desculpa enganadora! Ento

    acabou-se o poder do padre; por conseguinte o veneno

    mais poderoso! Infeliz religio, onde o poder reside nos

    homens e no em Deus! Ainda assim, dizem que h

  • 8

    padres santos. Pois bem, engulam uma hstia, ou vinho

    envenenado, e vejam se morrem ou no?!

    Aprendi mais: o poder do padre tal, que depois de

    ele pronunciar as palavras - "Este o meu corpo"- Cristo

    desce do cu como est l, em corpo, alma e divindade,

    e vem direitinho para cima da patena: - depois

    oferecido em favor ou para purificar os pecados veniais

    que as almas benditas levaram para as chamas do fogo

    do purgatrio!!! Oh! caro leitor, que remdio cmodo s

    paixes e aos prazeres mundanos! Tal doutrina d lugar

    a que o homem continua nos seus pecados, e pretende

    destruir a doutrina de Jesus Cristo, o nico caminho de

    salvao: - "Arrependei-vos e crde no Evangelho".

    (Marcos 1:15).

    Eu pensava que, depois que fosse padre, poderia

    saber quais os indivduos ou as almas que estavam no

    purgatrio (esta palavra nunca encontrada na Bblia); mas

    qual! Nem eu, nem nenhum dos meus colegas, souberam

    nunca de tal adivinhao; pois ainda no houve padre que

    dissesse, que no precisava mais dizer missa por almas

    de fulano ou sicrano, salvo se no h mais dinheiro para

    ela; mas, se o h, ento, caro leitor, pior, porque o

    purgatrio para a dita alma se converter em inferno,

    pois de l jamais sair. No assim? um mistrio, me

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    diziam. Sendo a Bblia a revelao de Deus aos homens,

    claro est que no [p. 5] deve haver tanto mistrio. Vou,

    porm, abrir a Bblia, disse eu, pois estes mistrios me

    confundem, e minha alma no acha descanso neles. De

    fato, caro leitor, quando li a Bblia com cuidado, ento vi

    com surpresa o erro da religio em que fui educado e

    estava seguindo, e na qual infelizmente, me tinha

    ordenado!

    No achei em lugar nenhum da Bblia a Palavra

    missa; mas vi claramente uma "ordenana" instituda por

    Jesus Cristo; uma "ceia especial" de po e vinho oferecida

    por Ele aos discpulos; e um mandamento para celebrar-se

    a sua memria.

    Vde agora, o que disse nosso Senhor: "Este o meu

    corpo que se d por vs. Fazei isto em memria de mim".

    (Lucas 22:19). Vemos aqui a clareza com que o divino

    Mestre falou aos seus apstolos. Poderemos comemorar

    algum que est presente? No, a comemorao um

    ato que se faz quando algum est ausente ou morto. Era

    justamente o que ia acontecer:

    - Jesus havia de ser entregue, naquela mesma noite,

    acusado, sentenciado e morto. Por isso ele instituiu a

    Santa Ceia [ou Ceia do Senhor?], no s para representar

  • 10

    o gnero de morte que ia padecer - seu corpo ferido e

    seu sangue derramado - como para ser um memorial,

    uma comemorao de sua paixo e morte.

    "Fazei isto em memria de mim". um erro e, mais

    do que isto, um pecado adorar a hstia e o clice,

    depois de consagrados, como ensinam os padres; porque

    Jesus Cristo no est ali em corpo e alma. Esta doutrina

    repugna razo e vai de encontro s Escrituras

    Sagradas. Vejamos: "Cristo est assentado destra de

    Deus". (Col.3:1). "Sa do Pai, e vim ao mundo, e vou para o

    Pai". (Joo 16:28). "E se houve tempo em que conhecemos

    a Cristo segundo a carne, j agora o no conhecemos

    deste modo". ( II Cor. 5:16). "Porque vs outros sempre

    tendes convosco os pobres, mas a mim nem sempre

    me tereis". (Mateus 26:11). Isto mostra claramente que

    Cristo subiu ao cu, onde est "corporal e realmente";

    desta forma s vir no ltimo dia, e no todos os dias,

    em todos os altares, ao mesmo tempo, em todas as

    hstias e clices e fragmentos, merc de qualquer

    indivduo que se intitula de padre, ou intitula- [ p. 6] -

    ram; de maneira que Cristo no se domina - h de

    obedecer aos tais, milhares de vezes depravados! Isto

    mais do que um erro, uma blasfmia!

  • 11

    Faz-me lembrar uma objeo de um lente de

    Dogma: Se um rato penetrar no sacrrio e roubar a

    hstia, o que se dever fazer? - do ritual que quando a

    hstia caia no soalho ou no cho, antigamente engolia-se,

    mas hoje, pela reforma, raspa-se bem o lugar o queima-

    se; mas, o rato fugiu, e at por desgraa desconhecido;

    como se deve proceder? ... Todos os estudantes ficaram

    estupefatos, pois era difcil resolver a tal objeo, seno

    fosse a fleugma de nosso lente causista - "Deus destruir

    o rato". Respondam, senhores que foram meus colegas,

    foi assim ou no?

    Conhecestes bem o Fr. Joo dos mrtires? No

    ridculo isto?

    No blasfnia tambm? Melhor seria responder

    como muito bem escreve o padre Antonio Vieira: "E at

    Deus nos templos e sacrrios no est seguro". (Seleta

    Clssica em portugus, descrevendo a guerra).

    Todos os catlicos romanos, ho de ir

    impreterivelmente para o purgatrio, pois embora

    recebam todos os leos, azeites, guas bentas, cruzes,

    bnos e viticos ou hstias, tm de necessariamente

    mandar dizer, depois de morto, encomendaes, missas e

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    sufrgios; mas o tal j tinha recebido o cristo de farinha,

    logo l se vo o defunto e o tal cristo, ambos, para o

    purgatrio.

    O que isto, senhores? Quantas concluses poderiam

    ser tiradas do tal sistema romano?

    idia romana, que necessrio ao padre ter a

    inteno de consagrar. Como podemos conhecer a

    inteno do padre, se muitas vezes o vemos sair de um

    lugar imundo, reprovado, imoral e cheio de deboches?!

    Em uma cidade de minha provncia sambava um padre

    no meio de muitas mulheres em uma vspera de Natal;

    aproximando-se a hora da missa do galo, o sacristo o

    foi arrancar do meio da orgia para dizer a primeira missa

    e... a.... disse! [p. 7] Outro padre ia dizer uma missa

    distante de Macei, passando em um lugar

    acompanhado do seu sacristo, que fielmente nos

    contou, deparou com um almoo de mocot; e o padre

    que gostava, no recusou - enguliu com aguardente...

    seguiu para o lugar; mas ... em dizendo a missa, e

    bebendo o vinho, no se podendo conciliar com a

    aguardente, l se foi o mocot, aguardente, o vinho e... o

    que mais: - a hstia! O resto no posso contar, bem

    como outros muitos fatos vergonhosos, que a modstia

  • 13

    me manda calar. E quem os no sabe, e quem os no

    v? Cristo, quando instituiu este sacramento [ou

    ordenana?] estava olhando e conversando com os seus

    discpulos; poderiam eles com-lo? "Nem permitirs que o

    teu Santo veja a corrupo". (Atos 2:27, 31; e Sal. 1:10).

    Quando o padre engole a hstia, ficar ela sem

    corrupo? A hstia e o vinho, depois de engolidos, vo

    ao estmago; do estmago ao ventre; e do ventre,

    depois de digeridos, vo parar ao lugar imundo, e por

    conseguinte, o tal deus torna-se corrompido!

    Caros leitores, tal hstia no Jesus Cristo, mas uma

    iluso, um ensino pecaminoso, contrrio a Palavra de

    Deus. Mas preciso esclarecer-vos o ponto, pois, vs, como

    eu estvamos enganados. - Cristo mesmo explicou o

    grande mistrio para o romanismo, e deu a infalvel

    interpretao que fecha a boca do clero inteiro: - "Se

    no comerdes a carne do Filho do homem, e no

    beberdes o seu sangue, no tereis vida em vs

    mesmos". (Joo 6:53). Disseram-lhe seus discpulos: "Duro

    este discurso, e quem o pode ouvir? (6:61). Disse Jesus:

    "O esprito o que vivifica, a carne para nada aproveita; as

    palavras que eu vos disse so esprito e vida". (Joo 6:63).

  • 14

    Os padres devoram o deus que adoram; igualmente

    o povo com eles. So, portanto, (na segunda doutrina)

    uns deicidas! ! - que blasfmia, que cegueira!

    Esta doutrina da hstia transformar-se em corpo de

    Cristo contrria em si mesma, alm de absurda, dizem

    que dogma de f romana, que, depois de consagrado

    o vinho tornou-se sangue.

    [p. 8] ! Caro leitor! sangue, ou no? Para que estas

    subtilezas papais? Se no sangue, no pode ser

    "propiciatrio para a remisso dos pecados de vivos e de

    mortos". Que contrariedade! Se sangue, ento no

    incruento. Ora, segundo Cristo, o po e o vinho da Ceia

    do Senhor so a memria de sua morte; logo no se

    pode dar transubstanciao ou missa; portanto, no pode

    remir os pecados. "Cristo derramou o seu sangue por

    muitos, para remisso dos pecados". (Mat. 26:28).

    A Ceia do Senhor uma ordenana verdadeira. O fim

    para que Jesus Cristo a instituiu no foi para que o seu

    corpo e o seu sangue fossem reproduzidos, ou, o seu

    sacrifcio na cruz do Calvrio pudesse ser repetido; no,

    mas para comemorar a sua morte. "Porque todas as

    vezes que comerdes este po e beberdes este clice,

  • 15

    anunciareis a morte do Senhor, at que ele venha". (I Cor.

    11:26).

    Cristo mesmo propiciao "pelos nossos pecados".

    (Joo 2:2). E esta reconciliao "pelo sangue da sua

    cruz". (Col. 1:20). "Eis aqui o Cordeiro de Deus, eis aqui

    o mesmo que levou os nossos pecados em seu corpo

    sobre o madeiro". (I Pedro 2:24). Pois a missa nada vale.

    Agora, caro leitor quem que salva? Cristo, ou o

    po e o vinho? Vossa conscincia vos dir: Cristo s

    quem pode salvar. "sta uma palavra fiel e digna de

    toda aceitao, que Cristo veio ao mundo para salvar os

    pecadores". (I Tim. 1:15). Ento, Jesus quem tem o

    poder de perdoar e de salvar os pecadores e no a missa

    ou os padres, que fazem a missa. "E chegando Jesus

    falou-lhes dizendo: Todo o poder me dado no cu e na

    terra". (Mat. 28:18).

    Em Jesus temos a redeno dos nossos pecados: -

    "No qual ns temos a redeno pelo seu sangue, a

    remisso dos pecados". (Ef. 1:7).

    Afinal, tudo se encerra em Jesus. E para que esto

    confiando nos homens? "Examinai as Escrituras e elas

  • 16

    mesmas so as que do testemunho de mim". (Joo 5:39).

    [p. 9] A lei dos sacerdotes e dos sacrifcios j

    passou, pois que eram tipos de Cristo, - figuras e

    sombras do Sumo Pontfice (Cristo) que vinha resgatar o

    mundo. Os sacrifcios de animais eram figurativos. Hoje

    j veio o Cristo que realizou tudo isto, dando-nos uma

    redeno eterna, a todos os que crem.

    Nada mais de sacrifcios, cruentos ou incruentos; no

    valem de nada; s o de Jesus Cristo, "feito uma s vez".

    No h mais sacrifcios, seno um corao quebrantado

    e contrito". (Salmo 51:17).

    Cristo ordenou aos apstolos, e estes aos bispos,

    ministros, ancios, e diconos, para pregarem o

    Evangelho, e no para fazerem transubstanciaes.

    "Cristo foi uma s vez imolado para esgotar os

    pecados de muitos". (Hebreus 9:28). Portanto, leitores,

    confiai s em Jesus Cristo e em seu sacrifcio, feito na

    cruz, como o nico que vos pode salvar.

  • 17

    II

    O CELIBATO OBRIGATRIO

    A ignorncia em que vive o povo a causa do clero

    viver como quer, porque no pode ser casado!

    No de instituio divina o celibato obrigatrio, ou

    o padre no poder ser casado; mas s veio do crebro

    papal.

    Eu sabia bem que o padre era obrigado a guardar o

    celibato por causa de dizer-se - "ser um estado mais puro,

    mais santo; consentneo ao ofcio sacerdotal", e tambm

    que eles tomavam este exemplo de Cristo pretendendo

    ser como Ele.

    Lastimo que tantos tem-se obrigado a imit-lo neste

    sentido, mas acabam como Le grenouille qui veut se faire

    aussi grosse que le boeuf.

    Eu sabia e via, porm, outras coisas mais: - sabia e

    via como era que os padres em roda de mim guardavam

    a suposta castidade - com impureza, tendo cada qual sua

    [p. 10] famlia; alguns, hipocritamente, escondendo-a

    algumas lguas distante, outros, como o meu vigrio, o

  • 18

    coadjutor e o meu lente de latim et reliquia, preferiam

    conserv-la em sua prpria casa!

    vista do que, todos os moos ficam sabendo que

    a teoria castidade, mas, a prtica mancebia; de

    maneira que, vista da prtica, no faz muito medo

    ser-se um padre, pois consolar-se-o uns com os outros:

    faro como eles, tendo cada um, logo depois de

    ordenado, sua famlia.

    O estado bonito, lucrativo, respeitvel, aparatoso;

    no h lei civil para os que no querem obedecer ao

    celibato (apelo para o pblico), salvo se o padre prtico

    demais, porque ento o ordinrio ou o bispo, suspende-

    o de suas ordens por algum tempo; por isso, e para

    satisfazer as mais das vezes aos pais, muitos moos

    resolvem ordenar-se.

    Neste caso estava eu, pensando o mesmo; ordenar-

    me e fazer como os outros, para satisfazer a vontade de

    meus pais.

    Quantos moos, ainda no seminrio, me diziam isto

    mesmo, e assim esto fazendo? Ah! justia eclesistica!

    Quando cheguei ordenado a uma cidade, fui casa

  • 19

    de um colega; em vez de alegrar-se por ver-me como ele,

    ficou triste, e me disse: "Ah! meu colega, voc no sabe

    o estado que escolheu: - o mais triste, miservel modo

    de vida que h no mundo; no posso dizer outra coisa

    porque eu mesmo me considero como tal, antes fosse

    um negro de engenho, do que vestir uma batina, subir

    ao altar, vestido de galas, parecendo um santo, quando

    sou um depravado, por necessidade! tenho isto como um

    meio de vida e nada mais"!

    Hoje me faz lembrar o que Jesus Cristo dizia

    outrora: "E fazem todas as suas obras para serem vistos

    pelos homens; pois trazem largos filactrios, e alargam

    as franjas"... "E as saudaes nas praas, e o serem

    chamados pelos homens - Rabi, Rabi.". Mat. 23:5, 7).

    [p. 11] Este o retrato fiel do padre, do romanismo

    inteiro: tudo contrrio ao ensino de Jesus Cristo.

    Sua hipocrisia: "Ai de vs, escribas e fariseus

    hipcritas; porque sois semelhantes aos sepulcros

    caiados, que por fora realmente parecem formosos,

    mas, interiormente esto cheio de ossos de mortos e de

    toda a imundicia. Assim tambm vs exteriormente

    pareceis justos aos homens, mas interiormente, estais

    cheios de hipocrisia e de iniquidade". Mat. 23: 27,28).

  • 20

    Desde ento fiquei tambm triste vendo no sem

    horror, a prtica do celibato qual era! Logo dvidas,

    receios e pensamentos comearam a abater o meu

    esprito. Muitas vezes procurava lenitivo s minhas

    mgoas, rezando o brevirio; mas qual! Esta devoo

    nunca teve o poder para nada. Eis a segunda dvida: ser

    o celibato obrigatrio? A minha razo respondia-me: no

    possvel. Era preciso obedecer a voz da razo, da

    natureza, e o que mais... voz de Deus. "Por isso

    deixar o homem a seu pai, e a sua me, e se unir sua

    mulher, e sero dois uma carne". (Gen. 2:24). Jesus Cristo

    confirmou. (Mat. 9:4; Mar. 10:7).

    Caro leitor, crde-me: - se eu tivera conhecido a

    bondade de Deus, e o que Ele me dizia nas Escrituras

    Sagradas (I Tim. 3:2), nunca teria feito o que fiz, no;

    antes procuraria um ministro evanglico, e, informando-

    me dele, me casaria de conformidade com a lei de Deus.

    Remorsos, aflies, me acompanhavam por toda

    parte. Logo fui suspenso; mas (desculpai- me) o padre

    que me levou o ofcio de suspenso tinha duas moas

    roubadas; no na casa dele, mas defronte! Permaneci

    quatro anos e poucos meses neste estado, durante os

  • 21

    quais fui muitas vezes incitado a reabilitar-me das ordens,

    por amigos, por padres, com promessas vantajosas; mas

    eu nada disto podia aceitar; pois no podiam

    transquilizar a minha conscincia. Ento procurei estudar

    a religio. Um ministro evanglico ofereceu-me um

    Novo Testamento do grego original para ler; e tambem

    fui assistir ao culto evanglico [p. 12] uma s vez. Depois

    morando em uma pequena cidade por trs anos, onde

    vivendo pobremente, no tinha socorro algum dos

    padres, posto que praticassem quase todos como eu,

    tanto que era um ditado: "Onde virem coeiros, paninhos

    na janela do sobrado, batam, que a a casa de um

    cnego." Comecei a confrontar o dito livro com uma

    Bblia da verso romana. Nem siquer frequentei mais uma

    s vez o culto evanglico, nem to pouco a igreja romana.

    Estava no caso do dizer do apstolo: "Que estveis

    naquele tempo sem Cristo, separados da comunho de

    Israel, estranhos ao concerto, no tendo esperana da

    promessa, e sem Deus neste mundo". ( Ef. 2:12).

    A maior parte dos padres tm este mesmo

    sentimento!

    Fui lendo as Escrituras Sagradas, que como o leitor

    j deve estar informado, o mesmo livro divino que se

  • 22

    chama Bblia; e vi que o Velho Testamento narrava os

    casamentos dos sacerdotes da Antiga Lei da graa; e

    tambm li que os apstolos foram casados. Eis os

    lugares das Escrituras: "Houve no tempo de Herodes, rei

    da Judia, um sacerdote, por nome Zacarias, da turma

    de Abias, e sua mulher da famlia de Aaro, e tinha por

    nome Isabel". (Lucas 1:5). Vemos da passagem citada que

    trs sacerdotes eram casados, e sabemos do Antigo

    Testamento que todos os sacerdotes tinham direito a

    casar-se. Quem pode negar ou quem no sabe que o

    mencionado casal era santo? Vejamos: "E ambos eram

    justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente

    em todos os mandamentos e preceitos do Senhor".

    (Lucas 1:6). Agora vemos no Novo Testamento: importa

    logo que o bispo seja irrepreensvel, esposo de uma s

    mulher...". (ITim. 3:2); e nos versos 4 e 5, lemos o

    seguinte: "Que saiba governar bem a sua casa; que tenha

    seus filhos (legtimos) em sujeio, com toda a

    honestidade. Porque o que no sabe governar a sua

    casa, como ter cuidado da igreja de Deus?" (Vejam a

    diferena entre "casa" de morada, e "igreja" de Deus) V.

    12: "Os diconos sejam esposo de uma s mulher, que

    governem bem a seus filhos e as suas casas." "Eu pelo

    motivo que te vou a dizer que te deixei em Creta, para

    que regulasses o que falta, e estabelecesses presbteros

  • 23

    nas cidades, como [p. 13] te mandei. Aquele que for

    irrepreensvel, marido de uma mulher, que tenha filhos

    fiis, que no possam ser acusados de dissoluo nem so

    desobedientes". (Tito 1:5-7).

    Como se pode interpretar daqui que os sacerdotes

    no devem e no podem ser casados? Mas dizem os

    padres: a esposa de que fala o apstolo a igreja. Que

    falsidade! O apstolo diz: "Porque o que no sabe

    governar bem a sua casa, como ter cuidado da igreja

    de Deus?"

    Logo aqui h duas casas: - a casa da famlia e a casa

    de Deus; h tambem duas esposas: - a esposa, mulher do

    bispo e a esposa, igreja de Cristo.

    Dizem mais os padres: que o meu casamento no

    vlido, por ter sido feito na igreja evanglica e por ser

    proibido pelo papa.

    Est bom; mas respondam-me: em que igreja os srs.

    padres se tm casado? Pois eu vos vejo todos vivendo

    com mulheres! Se eu casei-me legitimamente conforme

    o Evangelho, deixando o jugo do papa, dizem que eu vivo

    amasiado, com que direito ento tm os padres mulheres

  • 24

    e filhos? Isto iluso e cegueira da grande Babilnia

    (Roma), que "tem as sete cabeas, que so os sete

    montes sobre os quais a mulher est assentada". (Apoc.

    17:9).

    Ah, leitor, perdi a f na igreja de Roma; preferi antes

    ser casado conforme o Evangelho de Jesus Cristo, do que

    viver amasiado conforme a lei do papa.

    "Pela f que Moiss, depois de grande, disse que

    no era filho de Fara, escolhendo antes ser afligido com

    o povo de Deus, que gozar da complacncia transitria,

    do pecado; tendo por maiores riquezas o oprbrio de

    Cristo, que os tesouros dos egpcios". (Heb. 11: 24-26).

    Continuei, porm, a ler a Bblia, "Ora o esprito

    manifestamente diz, que nos ltimos tempos

    apostataro alguns da f, dando ouvidos a espritos de

    erro, e a doutrina de demnios, que com hipocrisia

    falaro mentira, e que tero cauterizada a sua

    conscincia, que proibiro casarem-se, que se faa uso

    das viandas que Deus criou...". (I Tim. 4:1-3). A leitura

    desta passagem me abalou muito; vi claramente no

    romanismo a realidade desta profecia: o papa [p. 14]

    proibindo casar-se e tambm comer-se carne nos dias de

  • 25

    sexta-feira e sbado, e na Quaresma.

    Mas o que mais diz a palavra de Deus: "Seja por

    todos tratado com honra o matrimnio e o leito sem

    mcula. Porque Deus julgar aos fornicrios, e aos

    adlteros". (Heb. 13:4). Logo, no pecado; e se no

    pecado, um ministro como qualquer outra pessoa, pode

    ser casado vivendo santa, justa e retamente nos

    mandamentos do Senhor, como andaram os santos

    profetas e ministros da Bblia, que eram casados.

    Portanto, no preciso, nem se deve, ou para melhor

    dizer - no se pode obrigar a viver no celibato, para ser-se

    santo, justo e reto. O celibato clerical, longe de produzir

    santidade, tem aberto uma porta larga imoralidade,

    desobedincia e prostituio.

    Qual a religio conhecida que tem obrigado os seus

    ministros a no se casarem, e o povo a no comer carne

    em certos dias? S a religio romana, a religio do papa.

    Li na palavra de Deus o seguinte: "E tendo chegado

    Jesus casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de

    cama, e com febre.". (Mat. 8:14). Com efeito! Pedro, o

    apstolo sobre quem erradamente, presumem os padres,

    Jesus fundou a sua igreja, tinha sogra? Pois bem, se

  • 26

    tinha sogra logo era casado.

    E mais: - se Jesus aborrecesse o homem casado, ou

    se no considerasse o casamento como santo, no

    quereria chamar Pedro ao apostolado. Vemos ao

    contrrio; depois que Jesus chamou, foi com Pedro

    mesmo casa onde estava a sogra.

    Mas dizem os padres: - Desde que Pedro foi

    apstolo, que abandonou sua mulher. Isto revela duas

    coisas: a ignorncia dos padres das Escrituras Sagradas, ou

    a m f para iludir o povo. Vejamos a prova dada por

    Paulo, mais de vinte e cinco anos depois: - "Acaso no

    temos ns poder para levar por toda a parte uma

    mulher, irm (em Cristo), assim como tambm os outros

    apstolos e os irmos no Senhor e Cefas?". (I Cor. 9:5).

    Deveis saber que [p. 15] Cefas era o mesmo Pedro

    apstolo, e que viveu mais de 25 anos casado, depois de

    ser apstolo, tanto que Paulo o menciona.

    Caro leitor, vista disto, j podeis saber que, no s

    o ministro pode ser casado, como pode neste estado viver

    justa, santa e retamente.

    Nada mais claro do que estas declaraes. vista

  • 27

    do que, dispuz-me a casar e tambm a abandonar para

    sempre a lei de ferro que s produz imoralidade, que

    me tinha por tanto tempo retido no pecado!

    No s isto: -Procurei Jesus Cristo, nico refgio dos

    pecadores e Salvador perfeito, todo suficiente e eterno, o

    qual conhecia s de nome, para conhec-lo de corao.

    Implorei a misericrdia de Deus e o seu Esprito

    Santo; achei-o, adorei-o em esprito e verdade, aceitei-o.

    Sim, vos digo, caro leitor, que naquela hora, a mais feliz

    de minha vida, senti os eflvios da graa de Deus e a

    obra do Esprito Santo dando-me, o que ainda no tinha

    - a regenerao de minha alma.

    Desde ento senti paz, alvio e gozo no Senhor.

    No dia 7 de setembro de 1878, na cidade do Recife,

    depois de corridos os proclamas, de conformidade com

    a lei deste Imprio, fui casado, s 7 horas da noite,

    pelo rev. Smith [John Rockwell Smith-presbiteriano]

    ministro evanglico, na presena de mais de cem

    pessoas, com toda ateno e calma. Casei-me

    legitimamente, como se casaram os apstolos, bispos e

    diconos no Novo Testamento, embora sem a presena

  • 28

    do padre romano, porque ento no tempo dos apstolos

    no os havia.

    Realmente, leitor, no temos uma s passagem nas

    Escrituras Sagradas, da qual se depreenda o celibato

    obrigatrio. Tudo tem sido forjado em Roma para formar

    uma milcia pronta e preparada para combate, no o da

    f, mas o dos interesses poltico-eclesisticos do papa!

    Que de consequncias funestas no tm produzido o

    celibato obrigatrio! No segredo: os conventos,

    muitas vezes, tm se tornado o esconderijo dos

    resultados do tal celibato. Porque [p. 16] que as grades

    de ferro nestes conventos so mais fortes que as prprias

    prises? A inocncia precisa de to fortes restries?

    Os efeitos do celibato so to conhecidos, que me

    poupo de enumer-los; basta dizer que nos bailes,

    teatros, carnavais, sambas, jogos, lupanares e... os vereis.

    Quantas vezes tendes ouvido, caro leitor, de prostituies,

    produzidas por padres? E ainda no podeis vos persuadir

    que tal classe prejudicial moralidade que deve ter o

    nosso pas?! , brasileiros, no durmamos mais no sono

    da indiferena, diante de tantos males ocasionados por

    uma religio que no traz o bem, a moralidade, a

    salvao das almas; mas sim, e somente, a perdio e

  • 29

    condenao de nossos patrcios.

    Ah, meus caros ex-colegas, se vos concentrsseis por

    um pouco, lendo as Escrituras Sagradas, vos persuadirieis

    de que a vossa condio diante de Deus terrvel. Um

    homem de conceito me disse: "Eu s vivo para este

    mundo, mas sei bem, que l no cu, no entrarei".

    Quantos de vs no estais neste caso?!

    No confieis no vosso estado, nem nas cerimnias,

    ou sacramentos impostos a vs; confiai num s Salvador

    - Jesus Cristo. Vde o que ele diz: "Arrependei-vos e

    crde no Evangelho.". (Mar. 1:15)

    Depois de ter assim estudado as Escrituras Sagradas,

    no pude de maneira alguma seguir o romanismo.

    Mas, algum me dizia: "No seja tolo, isto um

    meio de vida como outro qualquer". Mas eu respondi-lhe:

    "De que me serve adquirir todos os tesouros deste

    mundo, se depois venho a perder a minha alma".

    Portanto, o celibato clerical era para mim um peso, e

    no o pude mais suportar. Desde ento convenci-me de

    que no devia mais continuar a pertencer a uma igreja

  • 30

    que me obrigava a viver, no s contra as Escrituras

    Sagradas, como tambm contra a moralidade, a

    sociedade e a razo. [p. 17]

  • 31

    III

    CONFISSO AURICULAR E ABSOLVIO

    A confisso feita ao ouvido do padre uma

    inveno perigosa, que no tem fundamento algum nas

    Escrituras Sagradas. O romanismo tem inventado coisas

    prejudiciais e de efeitos mpios. A confisso auricular a

    chave que abre, muitas vezes o tesouro das iniquidades;

    qual sedutora serpe no Eden, assim o padre sibila ao

    ouvido da jovem incauta.

    Quantos casos tristes, negros e horrorosos tinha de

    narrar, efeitos da confisso? O penitente, o padre, o

    segredo!

    ! pais de famlias, tende cuidado e compaixo de

    vossos filhos! Dai-lhes a f e a moral do Evangelho, e

    tereis aberto para eles um tesouro inexgotvel das

    riquezas inefveis de Cristo! No Evangelho achareis para

    vs e para eles todos os remdios capazes para curar as

    vossas enfermidades, que so os vossos pecados e dar-

    vos uma perfeita e completa absolvio deles, sem ser

    preciso a interveno do padre. "Quem pode perdoar

  • 32

    pecados seno s Deus"? (Mar.2:7).

    Numa certa cidade foram assassinados cinco

    indivduos ao menos, por causa de uma confisso, ou de

    um segredo revelado no confissionrio. Um ricao teve

    conhecimento de que sua filha fora trada, havia j

    algum tempo; mas no sabia por quem. Mas, para que

    pudesse chegar ao conhecimento, chamou o vigrio e

    declarou-lhe a sua inteno, pediu-lhe para confessar a

    filha e... mais ... que exigisse dela o contar-lhe o autor da

    tragdia do fato ocorrido. Findo o ato, o padre revelou

    tudo ao ricao; este, incontinente, mandou matar o moo

    cmplice; mas achando-se ele cercado de alguns amigos,

    resistiu. Travou-se a luta, caindo mortas cinco pessoas

    afinal! Que horror! Efeito de uma falsa instituio! Uma

    s coisa digo: que no h oportunidade melhor para o

    padre fazer o que quer do que a [p. 18] ocasio em que

    est confessando. Um vigrio de uma cidade estava

    confessando uma moa, quando ela, de repente, se

    levanta, gritando: "Este padre est me seduzindo,

    perguntando onde est minha casa, se tem quintal e

    porto"! No posso contar mais: quantas prostituies,

    filhas de tal confisso! Tais fatos me abalavam o esprito

    sobremaneira a no dar mais crdito ao romanismo. Eu

    j havia lido que esta instituio tinha sido feita no

  • 33

    sculo da clebre e tenebrosa Inquisio; quo mpia e

    condenada, quais monstros ferozes que tragam a carne

    viva, assim os tais padres faziam com aqueles que no

    queriam adorar os seus crucifixos. Para saberem dos

    segredos das cidades inventaram a tal confisso. O

    desejo do ouro, o poder, a cobia, e mais... a

    concupiscncia, embebedava o crebro daqueles frades!

    A mulher casada muitas vezes revela ao padre

    segredos que no contaria ao marido; de tal maneira que

    constitui o padre principal sabedor e superior na famlia

    destrudo desta arte o amor conjugal e a confiana que

    deve haver entre o marido e a mulher: e o que mais...

    planta a dissenso no lar domstico, como fizeram os

    jesutas em Pernambuco (1873) com diversas famlias

    importantes do Recife, de modo que as senhoras casadas

    j estavam preferindo obedecer e sujeitar-se mais aos

    jesutas do que aos seus prprios maridos. "As mulheres

    sejam sujeitas a seus maridos, como ao Senhor" e no aos

    padres. (Ef. 5:22).

    O povo pernambucano colocou-se na altura que

    devia; pediu a expulso definitiva dos jesitas daquela

    provncia, o que foi concedido, por despacho do

    presidente de ento. Honra a um povo que sabe guardar

  • 34

    os seus brios. O elo mais forte da corrupo , no Brasil,

    o romanismo.

    Apelo para os homens sensatos, que me digam, se

    exato ou no? O rio na sua correnteza leva podres e

    midos; assim o romanismo, na carreira que tem

    tomado, leva honras e infanticdios. Os cristos

    evanglicos oram e se confessam diriamente a Deus, s

    tendo como seu Mediador nico, perfeito [p. 19]

    Intercessor e Advogado, Jesus Cristo, "cujo sangue

    purifica de todo o pecado". (Joo 1:7).

    "E assim cada um de ns dar conta a Deus de si

    mesmo". (Rom. 14:12). "Quem pode perdoar pecados,

    seno s Deus?". (Marcos 2:7). - "Eis aqui o Cordeiro de

    Deus, eis aqui o que tira o pecado do mundo". (Joo

    1:29). Esta a verdadeira absolvio - de Cristo.

    O padre pecador como os outros homens. Certos

    disto, como pode perdoar, se ele necessita tambm do

    perdo?

    Dizem eles que tm poder, por serem sucessores

    dos apstolos. A! ingratos! os sucessores tm o mesmo

    direito do antecessor; e se os apstolos fossem como os

  • 35

    padres... o! blasfmia! Leiam as Escrituras e vejam se h

    a menor comparao dos apstolos com os padres. Os

    padres tm sido sucessores de outro (Joo 8:44); isto sim,

    mas dos apstolos, no.

    Os apstolos, caros leitores, no tiveram sucessores

    nesse respeito de obrar milagres, falar diversas lnguas, e

    de beber qualquer veneno sem lhes fazer mal; no, pois

    que nenhum padre pode fazer isso. Queria s que algum

    padre quizesse me dar a sua prova de sucesso - fazendo

    algum milagre, ou bebendo veneno, ou sendo mordido

    de alguma cobra. Qual! Tudo supositcio. Tudo cessou

    com Joo, o evangelista, ou com a introduo do

    Evangelho. (Mar. 16:17,18). Estes eram os sinais que

    distinguiam os apstolos. A Bblia, caro leitor, s falsa

    para os padres; e s no pode ser a regra de f e

    doutrina, quando combate e condena os erros e

    escndalos do romanismo.

    "E assim todo o sacerdote se apresenta cada dia a

    exercer o seu ministrio, e a oferecer muitas vezes as

    mesmas hstias (sacrifcios), que nunca podem tirar os

    pecados. Mas este (Cristo), havendo oferecido uma s

    hstia (sacrifcio do seu corpo) pelos pecados, est

    assentado para sempre destra de Deus". (Heb. 10:11-

  • 36

    12). Os verdadeiros ministros de Deus, que so s

    ministros do Evangelho, so os legtimos sucessores dos

    apstolos; quanto a pregar o Evangelho, administrar as

    duas ordenanas (O Batismo e a Ceia do Senhor) e a

    praticar os mes- [p. 20] -mos deveres. No fazem

    milagres nem confessam, porque no h mandamento

    para isto.

    Sujeitar-se aos homens confiar na matria. Rejeitar

    a Deus, desprezar o cu. Deus quer salvar, os homens

    querem perder. O orgulho humano tem chegado a ponto

    de esquecendo do poder de Deus, se fazerem a si

    mesmos Deus. "Aquele que se ope e se eleva sobre tudo

    que se chama Deus, ou que adorado, de sorte que

    se assentar no templo de Deus, ostentando-se como se

    fosse Deus". ( II Tess. 2:4).

    "Tm zelo de Deus, mas no segundo a cincia.

    Porque no conhecendo a justia de Deus, e querendo

    estabelecer a sua prpria, no se sujeitam justia de

    Deus". "Porque o fim da lei Cristo, para justificar a todo

    o que cr". (Rom. 10:2-4).

    Deus no recusa ningum que se chega a Ele,

    pedindo perdo, pois que todos somos pecadores.

  • 37

    "Se dissermos que no temos pecado, ns mesmos

    nos enganamos, e no h verdade em ns. Porm, se

    ns confessarmos os nossos pecados Ele fiel e justo

    para nos perdoar estes nossos pecados e para nos

    purificar de toda a iniquidade". (Joo 1:8,9). "No h mais

    que um Legislador, um Juiz, que pode condenar e que

    pode salvar". (Tiago 4:12).

    Caiu por terra a Babilnia do Apocalipse (Roma), o

    trono dos papas, diante da Palavra de Deus!

    "Bendize, minha alma, ao Senhor, e no te

    esqueas de nenhum dos seus benefcios. ele que

    perdoa todas as tuas iniquidades, e sara todas as tuas

    enfermidades". (Sal. 103:2,3).

    Tiago diz o seguinte: "Confessai, pois, os vossos

    pecados uns aos outros". (Tiago 5:16). Porm, como se

    deve fazer? Os homens so maus por sua prpria

    natureza: H, pois, a

    confisso pblica, particular e secreta, segundo a

    palavra de Deus, e so estas as que os

    cristos evanglicos praticam.

    Joo Batista e os apstolos recebiam muitas pessoas

  • 38

    [p. 21] para serem batizadas, pessoas que confessam

    "arrependidas de seus pecados". No se confessavam ao

    ouvido do padre no tal confissionrio!

    O romanismo to astuto, qual o demnio na

    serpente no paraso, que ilude, seduz, engana, dizendo:

    "Os meus ministros tm poder de absolver ou perdoar"

    os pecados de qualquer pessoa que se chega "aos

    ouvidos" deles!!! E dizem que se apoiam nas Escrituras

    Sagradas. O apstolo diz "Confessai-vos uns aos outros".

    Se eu ofender a Joo, no vou pedir perdo a Samuel ou

    a Manoel. Neste caso devo confessar-me a quem ofendo.

    O diabo tambm citou as Escrituras, quando tentou

    a Cristo (Mat. 4:6). Por que os padres no se confessam

    tambm ao povo, como manda Tiago? Se algum tem

    cometido alguma coisa contra o padre, ento deve pedir

    perdo a ele; e do mesmo modo, ele deve pedir perdo

    a ns, se nos ofende! E quantos no nos tm ofendido!!!

    Quando, porm, ofendemos a Deus, s a Deus devemos

    pedir perdo, pois no temos ofendido ao padre. de

    admirar que, um povo, como este, ainda se iluda com

    tais homens! Mas, por que acontece isto? Porque um

    povo sem Bblia.

  • 39

    Quando o Evangelho for pregado livremente, ento o

    povo brasileiro poder contar com as bnos de Deus, e

    raiar uma nova esperana da verdadeira religio, que

    resgatar este povo do poder de Roma prostituta, me

    das condenaes - "com quem fornicaram os reis da terra,

    e que tem embebedado os habitantes da terra com vinho

    da sua prostituio". (Apoc. 17:9). "E a mulher, que viste,

    a grande cidade (Roma), que reina sobre os reis da

    terra". (Apoc. 17:16).

    Ai, ai, daquela grande cidade, na qual se

    enriqueceram todos os que tinham navio no mar, dos

    presos dela: que em uma hora foi desolada". (Apoc.

    18:19).

    Qual a cidade que tem sete montes? Roma. E

    Roma somente. Ento est claro que Roma est prxima

    condenao.

    Finalmente, digo-vos: Fugi dos tais, e ouvi a voz

    do [p. 22] Esprito Santo: "E que consenso tem o templo

    de Deus com os dolos? Porque vs sois o templo do

    Deus vivente como Deus disse: Neles habitarei, e entre

    eles andarei; e eu serei seu Deus e eles sero meu povo.

    Pelo que sa do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e

  • 40

    no toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei

    para vs Pai e vs sereis para mim filhos e filhas, diz o

    Senhor Todo-poderoso". (II Cor. 6:16-18).

    E a voz do anjo: "Sa dela, povo meu, para que no

    sejais participantes dos seus pecados, e para que no

    incorrais nas suas pragas". (Apoc. 18:4).

    Refleti sobre meu estado, minha condio, no

    diante de autoridade alguma acima de si; mas diante de

    Deus. Resolvi o problema dificultoso para muitos, porm,

    para mim fcil, segundo a palavra de Deus; deixar a

    igreja de Roma, era o meu dever, e abraar o santo

    Evangelho eterno do Filho de Deus, Jesus Cristo, para

    poder nele achar paz tranquilidade de esprito neste

    mundo, e no outro salvao eterna, nica felicidade que o

    homem deve almejar.

    Dissiparam-se completa, inteira e perpetuamente as

    trevas do erro, da ignorncia, da superstio, idolatria e

    pecados que em mim existiam desde minha infncia,

    com todas as circunstncias, preconceitos, famlia, poltica

    e bem estar.

    Nada mais quiz seno ouvir a voz terna, infalvel e

  • 41

    consoladora do Filho de Deus - "Vinde a mim, todos os

    que andais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai

    sobre vs o meu jugo, e aprendei de mim, que sou

    manso e humilde de corao; encontrareis descanso para

    as vossas almas. Porque o meu jugo suave e o meu

    fardo leve". (Mat. 11:28-30).

    Dia feliz! Quando pude dizer: Minha alma descansa

    em Jesus, e ele em mim. ! caro leitor, eu no tenho

    expresses bastante claras que possam significar o gozo

    de que minha alma se acha possuda desde aquele

    momento que aceitei o meu Salvador, Jesus Cristo: em

    que abri as portas do meu corao [p. 23] para ele entrar,

    e o Santo Esprito fazer a grande obra da regenerao de

    minha alma.

    Qual Nicodemos, eu procurava e desejava mesmo a

    salvao de minha alma: mas como? Os homens, os

    padres, a igreja de Roma, tudo para ela incapaz;

    pecadores como eu no podiam dar-me o que eu mais

    suspirava - a salvao de minha alma; pois que eles

    tambm tinham necessidade do mesmo.

    Mas, no fiquei como Nicodemos - assustado,

    medroso do mundo, como hoje em dia muitos, que

  • 42

    conhecendo plenamente que a nica religio que nos

    mostra o nico caminho da salvao a do Evangelho de

    Jesus Cristo, se escondem com receio de perder os

    amigos, empregos e convenincias polticas; no, no

    trepidei: sem mais detena ca aos ps do Salvador: ",

    Deus, tem misericrdia de mim, pecador".

    "No meu abatimento conheci o Senhor" Ouvi aquela

    voz: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que no

    nascer da gua e do Esprito, no pode entrar no reino de

    Deus". (Joo 3:5).

    Este o novo nascimento, no da carne, mas do

    Esprito - uma nova natureza - que preciso ter para

    salvar as nossas almas, cheias de pecado por nossa antiga

    natureza, herdada dos nossos pais.

    Desde o momento feliz que deixei o fardo, no s

    de Roma, mas do pecado, tendo-me lanado sobre a

    misericrdia de Deus, que ento "meu esprito se

    alegrou em Deus meu Salvador", minha alma sentiu paz e

    alegria, e as sombras e trevas dissiparam-se para

    sempre.

    Do exposto se v claramente, que a confisso

  • 43

    auricular no satisfaz ao esprito, no aproveita ao

    homem; inteiramente incapaz de salvar ou perdoar o

    pecador; mas, somente habilita a cometer mais e mais

    pecados.

    "Eu sou o caminho, a verdade e a vida: ningum vem

    ao Pai, seno por mim". (Joo 14:6). "Porque s h um

    Mediador entre deus e os homens, que Jesus Cristo,

    homem". (I Tim. 2:5). [p. 24]

  • 44

    CONCLUSO

    As trs razes que se acham explanadas foram as

    que me fizeram deixar a igreja de Roma; mas, logo a

    continuao da leitura das Escrituras Sagradas me

    certificaram de outras muitas, pelo que no devia

    continuar a pertencer igreja de Roma, como no

    pretendo, e jamais pertencerei.

    Por hora contento-me em dar publicidade s a estas

    trs, esperando que sirvam de utilidade e exemplo ao

    povo e aos meus ex-colegas, a quem, recomendo a

    meditao destas verdades, comparando-as com as

    Escrituras Sagradas, nico estandarte pelo qual ns

    havemos de justificar nesta vida a nossa f.

    Termino este folheto declarando que estou muito

    contente e plenamente satisfeito no s por ter deixado

    o romanismo, mas por ter abraado a religio nica e

    verdadeira de Jesus Cristo, como contm o Evangelho, a

    qual professo, prego e hei de pregar at o dia em que

    Deus me "desatar desta carne para ir habitar eternamente

    com meu Senhor Jesus".

    Disse Jesus: "Examinais as Escrituras, porque vs

  • 45

    cuidais ter nelas a vida eterna, e so elas que de mim

    testificam". (Joo 5:39).

    Os padres nos dizem que o povo no pode entender

    a Bblia: mas todos aqueles que a tm lido entendem

    muito bem. J viste o conselho de Jesus, lde tambm

    agora o que se diz a respeito dos cristos de Beria: "Ora

    estes foram mais nobres do que os que estavam em

    Tessalnica, porque de bom grado receberam a palavra,

    examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram

    assim". (Atos 17:11).

    Aqui termino esperando que Deus vos abenoe, e

    vos conduza ao caminho da verdade, iluminando-vos

    com o Esprito Santo.

    **************************************************************

    Observaes:

    Cpia feita em 21.06.1994, Rio, do opsculo Trs

    Razes porque deixei a Igreja de Roma, de autoria

    de Antonio Teixeira de Albuquerque. Trata-se de

    cpia de um exemplar editado pela Casa Publicadora

    Batista - Caixa 320 - Rio de Janeiro - l951 - Tiragem

    20.000.

  • 46

    Os nmeros que aparecem no texto, como [p. 1]

    indicam a pgina no original mencionado.

    Os colchetes [ ] encontrados neste texto indicam

    alguma insero do copista.

    Provavelmente o opsculo foi escrito por A. T.

    Albuquerque, em 1884. Ver Anexo n. 5, pginas 84,

    85, do livro ANTONIO TEIXEIRA DE

    ALBUQUERQUE, o Primeiro Pastor Batista

    Brasileiro - 1880, de Betty Antunes de Oliveira.

    Edio particular. Rio de Janeiro. 1982.

    No final est, tambm a cpia do seu ltimo artigo,

    sob ttulo "Um S Mediador".

  • 47

    UM S MEDIADOR

    [ltimo artigo de A.T.Albuquerque, falecido em 07-

    04-1887. Pub. em o "Echo da Verdade", maio/1887, p.

    11,12; transcrito no livro ANTONIO TEIXEIRA DE

    ALBUQUERQUE, o primeiro pastor batista brasileiro - 1880,

    de Betty Antunes de Oliveira, ed. particular, Rio de Janeiro,

    1982, p. 71, 72.]

    ***

    "Porque s h um Deus, e s h um Mediador entre

    Deus e os homens, que Jesus Cristo homem." I Tim. 2:5

    A idia de religio sempre permaneceu entre os

    homens como coisa necessria sua meditao, pelo

    simples fato da existncia de um Deus. A idia da

    existncia de um Deus, que nasce com o homem, inocula-

    se no corao de tal maneira, que produz esta indagao

    constante: o que a Religio?

    A unio do homem com Deus, no estreito lao de

    amor, de obedincia e de esperana, o que se chama

    religio segundo as Escrituras Sagradas. A religio

    verdadeira est estabelecida numa base infalvel e

  • 48

    indubitavelmente divina, que : A Palavra de Deus.

    Esta Palavra nos conduz a um Deus Trino - Pai, Filho e

    Esprito Santo, trs pessoas distintas em um s e

    verdadeiro Deus. O Pai o Juiz, o Filho o Advogado e

    o Esprito Santo o Instruidor. Esta se diz verdadeiramente

    a religio emanada de Deus durante 4 mil e 4 anos depois

    da criao do mundo, realizada por Jesus Cristo h 19

    sculos. Este Cristo, nico descido do cu, constituiu-se,

    depois de cumprir o decreto de seu Pai e de esmagar a

    cabea da Serpente, triunfando da morte e do pecado,

    elevando-se ao cu, Nosso nico Mediador. "Porque s

    h um Deus, e s h um Mediador entre Deus e os

    homens, que Jesus Cristo homem". (I Tim. 2:5).

    Eis, caros leitores, a religio que chamam de

    protestantes; mas que, ao contrrio, celestial e divina,

    infalvel e eterna; que inspira e consola, e enche de gozo

    e esperana; e, por fim, eleva a alma ao trono de Deus e

    do Cordeiro, onde permanece eternamente.

    No assim a religio Papal, que, alm de compor-

    se de muitas inovaes humanas, induz o homem a ir por

    diversos mediadores, por suas prprias obras, coisas

    inteis e falsas, que impedem a salvao. So Paulo

  • 49

    descreve, no ano 60 depois de Cristo, esta religio

    humana nos seguintes termos: "Porquanto, depois de

    terem reconhecido a Deus, no no glorificaram como a

    Deus, ou deram graas; antes, se desvaneceram nos seus

    pensamentos, e o obscureceu o seu corao insensato.

    Porque atribuindo-se o nome de sbios, se tornaram

    estultos. E mudaram a glria do Deus incorruptvel em

    semelhana e figura de homem corruptvel, e de aves, e

    de quadrpedes e de serpentes.

    Pelo que os entregou Deus ao desejo dos seus

    coraes, imundcie, de modo que desonraram os seus

    corpos em si mesmos; os quais mudaram a verdade de

    Deus em mentira, e adoraram e serviram a criatura antes

    que ao Criador, que bendito por todos os sculos.

    Amm". (Rom. 1:21-25).

    Jesus o Mediador, guiando-nos ao Pai: "Eu sou o

    caminho, e a verdade, e a vida: ningum vem ao Pai

    seno por mim. Se me pedirdes alguma coisa em meu

    nome, essa vos farei". (Joo 14:6,14). Portanto,

    precisamos orar a Deus por meio de Jesus Cristo. . . .

    [prejudicado]. . . Jesus Cristo o nico Mediador para a

    salvao: "E no h salvao em nenhum outro. Porque

    do cu abaixo nenhum outro nome foi dado aos

  • 50

    homens, pelo qual ns devemos ser salvos". (Atos 4:12).

    Portanto, as mediaes ou intercesses, que a igreja

    de Roma ensina que se devem fazer aos santos e s

    imagens, no podem salvar. Jesus Cristo constitudo

    Mediador por ser o nico fundamento da igreja de Deus:

    "Porque ningum pode pr outro fundamento seno o

    que foi posto, que Jesus Cristo". (I Cor. 2:11). "Em

    verdade em verdade vos digo: o que cr em mim tem a

    vida eterna". (Joo 6:47).

    Ento, Srs. Padres, onde est o vosso Pedro como

    fundamento de vossa igreja, quando ele mesmo protesta

    contra tal doutrina, e se firma sobre Cristo? Cristo o

    Mediador para perdoar os pecados: "A este elevou

    Deus com a sua destra por Prncipe e por Salvador, para

    dar o arrependimento a Israel, e a remisso dos

    pecados". (Atos 5:31). Finalmente, Jesus Cristo ofereceu-

    nos uma salvao verdadeira, eficaz e eterna.

    Tudo de Graa: "Porque pela graa que sois salvos

    mediante a f, e isto no vem de vs, porque um dom

    de Deus. No vem de nossas obras, para que ningum

    se glorie". (Ef. 2:8,9).

  • 51

    Portanto, caros leitores, deixai os erros nos quais

    fortes criados, e abraai a Cristo como vosso nico

    Mediador, que est pronto para ouvir e atender,

    interceder, advogar, perdoar e salvar as vossas almas.

    Macei, 17-3-87. [1887]

    Antonio Teixeira de Albuquerque

    TRES RAZES PORQUE DEIXEI A IGREJA DE ROMAA MISSA OU TRANSUBSTANCIAOO CELIBATO OBRIGATRIOCONFISSO AURICULAR E ABSOLVIOCONCLUSOUM S MEDIADOR