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Anuario das Mineradoras
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2010
Anurio ANEPACGuia de Fornecedores / Catlogo de Produtores
ANEPAC
Patrocnio:
Anurio AnepAc 2010 | 3
edi
toria
l
EDITORIAL
A ANEPAC, fundada em 10 de maio de 1995,
completa em 2010 15 anos de existncia. A
entidade, que atua em defesa dos interesses dos
produtores de areia e pedra britada, sucedeu a
Associao Nacional dos Produtores de Brita
(ANABRITA). Nesse momento importante da
vida da ANEPAC, devem ser lembradas as
grandes personalidades que contriburam para
o fortalecimento do setor. Entre elas, destaca-se
Jorge Juliano de Campos Sguin, ex-presidente
do Sindibrita-RJ, j falecido, que lutou para a
criao da ANABRITA e da ANEPAC.
A ANEPAC tornou-se uma entidade respeitada no
Pas. Suas opinies e posies tm sido externadas
em vrios fruns, como Congresso Nacional,
assembleias legislativas estaduais, cmaras
municipais, etc. Entre suas conquistas esto:
a reduo do ICMS em vrios Estados, com
base na ao vitoriosa da Sindibrita/RJ, entidade
coligada;
a modificao total do Projeto de Lei 4862/98
que, na sua redao original, permitia o
exerccio por parte de entes pblicos (prefeituras
principalmente) de atividade de minerao de
agregados sem subordinao legislao
mineral vigente;
a realizao de dois seminrios internacionais
sobre agregados para construo civil, que gerou
resultados positivos superiores s expectativas
e reuniu representantes de associaes de
produtores de agregados da Europa, Amrica
do Norte e Amrica Latina, de governos da
Frana, Canad e Brasil, alm de especialistas
estrangeiros e brasileiros; e
a publicao da revista AREIA & BRITA, que se
tornou o veculo mais importante de divulgao
do setor de agregados.
Para comemorar o aniversrio de 10 anos
da revista, esta edio traz o primeiro anurio
da ANEPAC, que visa oferecer ao pblico um
instrumento de consulta para a localizao dos
principais produtores de areia e brita do Pas.
ANEPAC
4 | Anurio AnepAc 2010
Anurio ANEPAC Especial da Revista Areia e Brita
ISSN 1518-4641ANEPAC ASSOCIAO NACIONAL DAS ENTIDADES DE PRODUTORES DE AGREGADOS PARA CONSTRUO CIVILRua Itapeva, 378 Cj. 131CEP 01332-000 - So Paulo-SPE-mail: [email protected]: www.anepac.org.br
CONSELHO EDITORIALFernando Mendes Valverde Hrcio AkimotoLus Antonio Torres da SilvaOsmar Masson
DIRETORIA PRESIDENTEEduardo Rodrigues Machado Luz1 VICE-PRESIDENTEFabio Rassi 1 DIRETOR SECRETRIOCarlos Eduardo Pedrosa Auricchio2 DIRETOR SECRETRIO Pedro Antonio Reginato1 DIRETOR TESOUREIROLuiz Eullio de Moraes Terra2 DIRETOR TESOUREIROSrgio Pedreira de Oliveira Souza DIRETORES Nilto ScapinCarlos TonioloAdemir MatheusAntero Saraiva JuniorJos Luiz MachadoFabio Luna Camargo BarrosFauaz Abdu HakMarco Aurlio EichstaedtRogrio Moreira Vieira Ednilson Ar tioliOlivo SimosoSandro Alex de Almeida
CONSELHO CONSULTIVOAlexandre Chueire NetoOsvaldo Yutaka TsuchiyaReinaldo Renato CostaWellinghton de O.BlankMoacyr Rabello
CONSELHO FISCALJos Ovdio de BarrosTasso de Toledo PinheiroMoacir Jos da Silva Filho
Editada por: KOS DUBOC COMUNICAO LTDA
EDITORA: CARLA KS DUBOC
TEl: 011 5589-1795
Cel: 011 9723-2506
sum
rio
GuIA dE PRoduToRES do SEToR dE AGREGAdoS
10086
3 - EDITORIAL
6 - 10 ANOS AREIA & BRITA
7 - CARLOS TONIOLO
8 - SRGIO PEDREIRA DE OLIVEIRA SOUZA
10 - EDUARDO MACHADO LUZ
14 - MARCOS REGULATRIOS DA MINERAO
16 - HISTRIA DA ANEPAC
22 - COMO VIVE UMA PEDREIRA NO MEIO DA CIDADE
27 - VIDA, PAIXO E METAMORFOSE DA PEDREIRA ITAQUERA
34 - ITAQUERA: DE PEDREIRA A REA REURBANIZADA
42 - PEDREIRAS TORNAM-SE REAS PARA EDUCAO, CULTURA E LAZER
46 - PARQUE ECOLGICO COSTA: UM CASO EXEMPLAR DE
RECUPERAO AMBIENTAL
56 - SEMINRIO INTERNACIONAL ATRAI MAIS DE 300 PESSOAS
60 - II SEMINRIO SOBRE AGREGADOS PARA CONTRUO CIVIL
74 - SEGURANA APLICADA A PLANTAS DE BRITAGEM
77 - GuIA dE FoRNECEdoRES PARA o SEToR dE AGREGAdoS
85 - CATLOGO DE PRODUTORES DE AGREGADOS
A pesquisa foi efetuada a partir da indicao das empresas associa-
das da ANEPAC, sendo que constam do catlogo as indicadas com
informaes do questionrio e de pesquisa na Internet.
As empresas que no constaram neste primeiro ano pedimos que
entrem em contato para o respectivo cadastro para a 2 Edio -
e-mail [email protected]
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A revista AREIA & BRITA completou dez anos de existncia. Por isso, aproveitamos este nmero especial para relembrar algumas matrias que tiveram
grande repercusso.
As trs reportagens sobre a Pedreira
Itaquera so bons exemplos. Com o
crescimento da cidade de So Paulo,
a empresa acabou incrustada no meio
da megalpole, deixando de figurar na
zona rural do municpio. Alm disso, por insensibilidade das autoridades, construiu-
se um imenso conjunto habitacional junto
pedreira. Mais tarde, a prefeitura quis de todas as formas impedir a companhia
de funcionar. Com persistncia, dilogo
e uso de tcnicas de desmonte e lavra, a
Itaquera provou que sua existncia no era
incompatvel com a presena de habitaes.
Essa foi a reportagem principal do primeiro
nmero da revista.
Anos depois, a prefeitura municipal
precisou de uma rea para depositar
resduos da construo civil. dada a
localizao privilegiada da pedreira, cerca de 30 km da Praa da S, ponto central da cidade de So Paulo, a empresa contratada
para manusear os entulhos procurou
os dirigentes da Itaquera e fechou uma
parceria para a criao de um aterro de
inertes. o projeto foi destaque da edio n
9 da revista. Sete anos depois, preenchida
a cava, foi iniciada uma nova fase no ciclo
da pedreira, com o aproveitamento do
solo criado a partir da reabilitao da rea
minerada. A edio n 35 de AREIA & BRITA destaca a execuo do aterro e os usos
possveis de uma rea renovada, altamente
valorizada pela sua localizao.A histria da Pedreira Itaquera mostra
claramente que a minerao de agregados
para construo utiliza o solo de forma transitria e no h argumento lgico que
justifique impedir a instalao de uma
pedreira ou de uma minerao de areia.
A revista sempre busca bons exemplos
de reas de minerao de agregados
recuperadas para outros usos. Esse
o assunto de outras duas reportagens
publicadas neste nmero especial.
Curitiba, famosa pelo seu planejamento
urbano, tem como carto-postal a pera de Arame, um belssimo teatro construdo
sobre uma pedreira, que era propriedade
da prefeitura municipal. Junto ao teatro
existe tambm um espao cultural,
batizado com o nome do poeta Paulo Leminski, que aproveita outra parte da pedreira para eventos ao ar livre. O n 3 da revista mostra no s essas estruturas, mas
tambm outros exemplos de reutilizao de antigas pedreiras. A revista apresenta
ainda como os representantes municipais
e estaduais encaram o planejamento
urbano de Curitiba. desde a dcada de
70, sucessivas administraes municipais
buscam cumprir um plano estratgico para
a cidade, contando tambm com o apoio
de administradores estaduais.
As mineraes de areia tambm tm
belos exemplos de recuperao ambiental.
A edio n 17 de AREIA & BRITA relata a recuperao de uma antiga rea de
minerao de areia, localizada na regio metropolitana de Curitiba, na vrzea do rio Iguau: o Parque do Costa, que se tornou
rea de lazer para a populao da cidade.Tambm fazem parte da retrospectiva
as reportagens sobre dois grandes eventos
organizados pela ANEPAC: os Seminrios Internacionais sobre Minerao de Agregados para Construo Civil, realizados em outubro de 2001 (edio n 16), sob o tema O Futuro da Minerao de Agregados, e em outubro de 2004 (edio n 28), tendo como mote A Minerao de Agregados e o desenvolvimento Sustentvel. Ambos os
eventos foram realizados em Campinas, SP, e contaram com a presena de produtores de
areia e brita de pases da Amrica do Norte,
Amrica Latina e Europa, bem como tcnicos de renome e representantes de fabricantes
de mquinas e equipamentos e de servios.
10 ANOS AreiA & BritA
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Carlos Toniolo, diretor das empresas Saibrita Minerao e Construo e Ponte Alta Minerao, de Santa Catarina, atua no segmento de pedra e areia h 32 anos. Foi um dos fundadores da Associao Nacional dos Produtores de Brita (Anabrita), entidade que reuniu as associaes e sindicatos dos produtores de brita do Brasil e propiciou a criao da Associao Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construo Civil (Anepac), que, alm dos produtores de brita, passou a representar empresas de areia, com o intuito de divulgar a importncia do segmento de agregados para o desenvolvimento do Pas.
Toniolo foi o primeiro presidente da Anepac e ocupou o cargo por dois anos e meio. Na sua gesto, foi lanada a revista Areia & Brita, que relata as
dificuldades e a importncia do setor. durante seu mandato, ele encontrou-se com o ento vice-presidente da Repblica, Dr. Marco Maciel, atual senador pelo Estado de Pernambuco, e entregou-lhe um documento com a posio do setor de agregados para construo em relao economia.
Ele foi tambm por dez anos presidente do Sindicato da Indstria de Extrao de Pedreiras de Santa Catarina (Sindipedras/SC). Nesse perodo, participou de negociaes polticas que reduziram, por Decreto Lei, atravs de um convnio estadual, a alquota do ICMS da pedra e da areia para 7%.
Atualmente, Toniolo diretor da Anepac e tambm da Federao das Indstrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), a qual o indicou para o Conselho de Minerao da Confederao Nacional da Indstria (CNI).
CArLOS tONiOLO
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Srgio Pedreira de Oliveira Souzacontribuio e contestao de projetos de lei municipais e estaduais; atendimento a solicitaes de rgos pblicos, como DNPM, Secretaria de Minas e Metalurgia e prefeituras, entre outros.A entidade tambm incentiva programas de desenvolvimento, principalmente os direcionados habitao, infra-estrutura e saneamento. Prioriza a capacitao pro-fissional como fundamento para evoluo da produtividade e competitividade das empresas; apia programas de pesquisas para aperfeioamento tecnolgico; realiza convnio com rgos como o Cetem; e ainda promove e participa de eventos da construo civil e do setor mineral.
Quais as principais aes nos ltimos quatro anos?uma das preocupaes a imagem insti-tucional do setor, o que motivou a criao da revista AREIA & BRITA, que tem tiragem de cerca de 4000 exemplares. Alm disso, lutamos em favor da reduo da excessiva carga tributria; acompanhamos projetos de lei que poderiam causar danos irrepa-rveis ao setor nas diversas esferas do Po-der Legislativo; impetramos aes judiciais para garantir nossos direitos; e nos preocu-pamos com a legislao mineral e ambien-tal, sempre buscando a garantia do desen-volvimento sustentvel, o que pressupe crescimento econmico com preservao do meio ambiente e da qualidade de vida. outra ocupao a difuso de novas tec-nologias e equipamentos que nos permi-tam obter ganhos de qualidade e produti-vidade para melhor servir nossos clientes. Para tanto, temos aproximado fabricantes de equipamentos, softwares e consultores dos produtores de areia e pedra britada.Tambm trabalhamos para a norma-tizao do setor, com a elaborao de normas que comporo um manual de agregados, bem como por um plane-jamento do uso do solo, j que somos uma minerao tipicamente urbana, e por isso sofremos presses e concor-
Exerceu vrios cargos na Federao das Indstrias do Estado da Bahia (FIEB) e tambm foi presidente do Sindicato de Extrao de Pedreiras no Estado da Bahia (Sindibrita-BA) no perodo 1993-2009. Atualmente, ocupa o cargo de 1 vice-presidente da FIEB e representante da entidade junto ao Ibama e na Comisso de Minerao do CNI, alm de presidente do Sindicato da Indstria de Minerao de Calcrio, Cal e Gesso do Estado da Bahia (Sindical-BA). Trabalhou de 1972 a 1987 na odebrecht e, desde ento, ocupou vrios cargos na Peval (Pedreiras Valria S.A.). Hoje, diretor da Peval Investimentos.
Como foi sua gesto na presidncia da ANEPAC?Naquele perodo, a ANEPAC enfrentou o pior momento do setor de areia e pedra britada, insumos que se caracterizam pelo baixo valor e grandes volumes produzidos. Em 2002, foram produzidas no Brasil 386 milhes de toneladas de agregados para construo civil -- montante 3,26% inferior ao de 2001. Desse total, 156,4 milhes de toneladas foram de pedra britada e 229,6 milhes de toneladas de areia. So Paulo, o principal produtor, respondeu por 32,8% da produo nacional. Os fabricantes de material de construo, em geral, movimentam R$ 52 bilhes por ano e o mercado de agregados cerca de R$ 6 bilhes.
A seu ver, qual a importncia da entidade para o segmento?A ANEPAC participa de diversos grupos de trabalho ou comisses que tenham relao direta com a atividade mineral, contribuindo com estudos tcnicos para aperfeioar normas e leis existentes ou diminuir o alcance de aes prejudiciais minerao e rea de agregados, tanto nacional quanto regional. So trabalhos como: cobrana pelo uso da gua; normas para uso de explosivos; alterao da legislao minerria e ambiental e
A ANEPAC - Associao Nacional
das Entidades de Produtores
de Agregados para Construo
Civil foi presidida, no perodo
2000/2004, por Srgio Pedreira de
Oliveira Souza. Nascido em 17 de
setembro de 1948, em Salvador
(BA), Souza administrador,
formado em 1972 pela Escola de
Administrao da universidade
Federal da Bahia.
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rncia pelo uso do solo nas reas das reservas minerais e suas adjacncias por atividades concorrentes e incompa-tveis com a minerao. Lutamos ainda por capitais para financiar nossas ativi-dades, os quais tm sido escassos e ca-ros. Alm disso, realizamos, com grande sucesso, o I Seminrio In-ternacional sobre Agrega-dos para Construo Civil com o tema o futuro da minerao de agregados.
Como o senhor, que atuou como presidente da ANEPAC, avalia a questo do futuro do associativismo no setor de agregados? fundamental para o desenvolvimento do se-tor que avancemos na questo do associativis-mo, ampliando a base de associados da ANEPAC e assim fortalecendo sua representatividade, de forma a influir na agenda nacional e criar um am-biente favorvel aos ne-gcios e ao crescimento econmico. o associati-vismo uma questo de sobrevivncia, principal-mente para as pequenas e mdias empresas.o presidente da CNI, Armando Monteiro, afirmou certa vez que s com estruturas sindicais fortes e atuantes poderemos criar o ambiente favorvel aos negcios e ao crescimento econmico. o associativismo pode contribuir de maneira significativa na defesa dos interesses de qualquer segmento empresarial, pois permite vencer desafios que so difceis de serem superados por empresas em separado.
Em pases, como o Brasil, onde o setor de agregados muito grande e importante, como o senhor avalia a relevncia de uma associao como a ANEPAC para defender a legislao e interesses do setor? de fundamental importncia, pois
construo civil neste ltimo ano. O que o Brasil, como pas emergente, pode esperar em investimentos e crescimento no setor de construo civil nos prximos anos?o governo brasileiro adotou vrias medidas anticrise, em especial no
fomento de habitao, inclusive a popular, por meio do programa Minha Casa Minha Vida e tambm no avano dos financiamentos para a habitao, como tambm no campo de infra-estrutura, com a agilizao de algumas obras do PAC. os eventos mundiais que sero realizados no Brasil nos prximos anos, como a Copa do Mundo e as olimpadas, demandaro obras de construo civil. Assim, vejo com bastante otimismo o crescimento do setor nos prximos anos.
Como o senhor define a relao do setor de construo civil e dos agregados com as crescentes preocupaes acerca do desenvolvimento sustentvel?o compromisso com a susten-tabilidade fundamental para a sobrevivncia, o crescimento e a perpetuao das empresas.
o setor deve estar comprometido com o desenvolvimento econmico e social do Pas, respeitando o meio ambiente.
Quais foram as principais conquistas da associao nos ltimos anos?A ANEPAC tem realizado grandes conquistas nos ltimos anos. Talvez a principal seja o reconhecimento da sociedade como legtima representante do setor de agregados para a construo civil.
a associao deve ser a interlocutora do setor com os poderes executivo, legislativo e at mesmo, nos casos especiais, com o judicirio.A ANEPAC tem um planejamento estratgico com objetivos bem definidos e tambm um programa de ao.
Pases desenvolvidos, como os Estados Unidos e muitos na Europa, sofreram um baque na indstria da
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1. Como o senhor, como presidente da ANEPAC, avalia a questo do futuro do associativismo no setor de agregados?O associativismo a razo primeira da existncia da ANEPAC. As empresas perceberam, num primeiro momento, que suas respectivas dificuldades na defesa do setor exigia experincias e conhecimentos multidisciplinares, quase sempre nunca presentes numa mesma corporao de forma integral. assim
que descobrem-se como parceiras para interesses comuns, juntam esforos, experincias e, com isso economizam tempo, ganham agilidade, fortalecem-se e, principalmente, melhor direcionam esforos para alavancar desde as mais simples at as mais complexas solues para seus problemas tcnicos, operacionais e de gesto institucional. dessa forma, congregar entidades nacionais numa outra supranacional, sempre significar
mais peso especfico para o setor que, de tradicionalmente desconsiderado no passado nas formulaes e decises poltico-setoriais, passou a ter relevante expresso em toda a indstria mineral. A ANEPAC hoje a voz do setor de agregados e assim ser no futuro - graas viso que seus idealizadores tiveram no passado de assentar-se segundo os conceitos do associativismo.
2. Num pas como o Brasil, em que o setor de agregados muito grande e importante, como o senhor avalia a relevncia de uma associao como a ANEPAC, para defender a legislao e interesses do setor?Em um determinado momento de um passado no to distante, rocha para a produo de brita e areia para construo civil foram retirados do amparo da legislao mineral. Viveu-se um verdadeiro limbo, temporrio, porque no houve sensibilidade para entender que esses dois produtos minerais constituem a prpria base e essncia da vida do homem e esto diretamente relacionados civilizao tal qual a conhecemos hoje. Assim, a presena da ANEPAC acompanhando os projetos no Congresso, cmaras legislativas estaduais, na administrao e rgos pblicos em geral de suma importncia para que esses bens minerais possam estar disponveis em condies geogrficas, de preo, qualidade e quantidade para as mltiplas aplicaes responsveis pela manuteno e evoluo dos ndices de qualidade de vida do brasileiro. A vigilncia para que as reservas desses bens minerais no sejam esterilizadas por falta de planejamento, de viso dos legisladores e administradores pblicos tarefa da maior relevncia desempenhada pela ANEPAC.
3. Pases desenvolvidos, como os Estados Unidos e muitos na Europa,
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sofreram um baque na indstria da construo civil neste ltimo ano. O que o Brasil, como pas emergente, pode esperar em investimentos e crescimento no setor de construo civil nos prximos anos?As perspectivas so as melhores poss-veis. E so no s porque sobrevivemos crise - numa condio de privilegiada ateno e sem necessidade de medidas drsticas para suport-la mas porque fomos e somos parte da soluo para crises. A construo civil forte indutor de retomadas e de alavancagem da economia, como sabemos, mas aqui no Brasil h que se acrescentar que temos uma gama imensa de projetos que devem sair, crescentemente, do campo das idealizaes para o das realizaes. Carecemos de aeroportos, expanses de portos, ferrovias, saneamento bsico, melhoria dos equipamentos urbanos em geral, precisamos levar gua tratada e luz s periferias carentes, disponibi-lizar habitaes para as demandas reprimidas e tambm para aqueles que no tm condies de adquiri-las sem um programa governamental
de financiamento, temos um nmero notavelmente relevante de carros demandando mais e mais estradas. Enfim, h muito por fazer em nosso pais e, para isso, temos de esperar esses investimentos e as perspectivas so de que eles cheguem num ritmo crescente. Eventos como a Copa do Mundo, programas habitacionais, ampliao de portos e aeroportos, constituiro parte desses investimentos que esto chegando e assim continuaro em funo dessa necessidade de crescimento que tem o pas.
4. Como o senhor define a relao do setor de construo civil e dos agregados com as crescentes preocupaes acerca do desenvolvimento sustentvel?os agregados j so hoje, de forma crescente, reaproveitados no setor de construo civil. Mas a reciclagem, que ganha corpo e expresso neste momento no Brasil, no a nico foco de ateno. Constitui preocupao presente do setor de agregados maximizar o aproveitamento das ja zidas minerais, aplicando conceitos
de extrao tecnologicamente compatveis com a preservao ambiental do entorno, com a conscincia de que uma jazida parcialmente aproveitada - ou subaproveitada significa esterilizar uma riqueza mineral que, como se usa dizer, fruto de uma nica safra! A indstria de agregados no Brasil, hoje, produz via modernizao tecnolgica de processos e meios de extrao e beneficiamento, um produto de alta qualidade e que, encaminhado construo civil, permite tambm que esta tenha melhor rendimento na aplicao dessas matrias primas, o que significa, em suma, economizar recursos naturais ao tempo em que se produz condies mais adequadas para a qualidade de vida e para o desenvolvimento humano no pas.
5. Que tipo de medidas podemos esperar do setor em relao justamente ao desenvolvimento sustentvel?Inmeros procedimentos fazem parte do cotidiano desse segmento industrial no atendimento ao conceito de desenvolvi-mento sustentvel. Hoje no processo de produo de brita, por exemplo, aprovei-
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uma gran de diretriz que norteia todo esse segmento e que ainda precisa ser colocado em prtica. A ANEPAC galgou muitas conquistas, especialmente a partir da virada do milnio, com conquistas relacionadas a um tratamento mais adequado e condizente com o uso social desses bens minerais, com participao em fruns tcnicos e polticos de mbito
nacional e internacional, com os trabalhos para melhoria da imagem do setor, fomentando a evoluo tecnolgica nos processos de la-vra, beneficiamento e preservao ambiental, dentre outros. Reputo, porm, que as duas grandes conquistas do setor podem ser resumidas na insero da minerao de brita e areia
ta-se tudo a partir da preservao do solo orgnico que recobre a jazida. O capea-mento, constitudo de alterao de rocha (solo de cobertura), beneficiado, classifi-cado e vem constituir o produto areia para construo civil; a rocha alterada, por sua vez, o produto bica corrida e, adiante no processo, as diversas granulometrias de brita classificada. o p de pedra, que em passado recente constitua rejeito do pro-cesso de classificao, hoje um subproduto importante, a areia artificial. No se pode esquecer ainda que, ao final do processo de minerao, a cava gerada que tambm j foi um problema ambiental tem, agora, inmeras aplicaes ou finalidades. os processos de minerao j pro-gramam esse estgio com ade-quada estabilizao de taludes e conformaes finais de cavas que podem se transformar em ambiente para utilizaes indus-triais, lazer, inclusas como parte de reurbanizao local, intre-grando partes complementares de reas verdes, por exemplo. Ou seja, a mina uma vez exau-rida ter sempre uma outra fina-lidade social.
6. Quais foram as principais con quistas da Associao nos ltimos anos?A maior conquista da ANEPAC foi, certamente, dar uma forte contribuio para inserir a indstria de agregados no cenrio da minerao nacional, transitando de um passado de quase absoluta desconsiderao do setor para um presente em que chamado a opinar e participar das grandes decises na poltica mineral nacional. o caminho para chegar aqui foi rduo, mas hoje o setor j tem um Pla no Nacional de Agregados,
no cenrio da minerao nacional, bem como o reconhecimento da importncia do setor para a melhoria da qualidade de vida da populao e consequente necessidade de se ter um planejamento de uso e ocupao do solo adequados para ter preservadas essa indispensvel fonte de suprimento de minerais para o pas.
7. Algumas consideraes finais?Como comentrio final sobre a indstria de agregados res-salto apenas que tal como o associativismo foi funda-mental para o fortalecimento do setor de agregados, uma nova figura presente no am-biente da minerao cada vez mais indispensvel para a harmonia e longevidade dessa indstria. Como areia e brita, pelo seu baixo valor agregado, precisam estar prximos dos grandes centros de consumo e esto muitas vezes inseri-dos na periferia das grandes cidades, fundamental que a expanso urbana, feita sob um planejamento adequado, no avancem sobre as jazidas antes que elas possam ser exauridas. Protegida a jazida, conduzida a minerao sob a gide do desenvolvimento sustentado, estar tambm emitida a licena social. Esse
ente, que no novo porm foi muito des-considerado no passado, o que permite o reconhecimento por parte da comunida-de da importncia dessa atividade. Nosso trabalho e meta para que toda a inds-tria de agregados conquiste tambm essa modalidade de licena, no institucionali-zada, mas fundamental para o sucesso de nosso setor.
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A agenda para a minerao em 2010 prev o envio de Projeto de Lei ao Congresso Nacional que deve trazer grandes modificaes no sistema de outorga mineral. Entre os pontos centrais
que balizam essas modificaes, est o fortalecimento da ao do Estado na
regulao do setor mineral.
Este ponto, por si s, j traz uma grande preocupao para o setor mineral. o que
significa esse fortalecimento do Estado na
regulao? Pelo que tem sido ventilado, vai
haver uma maior ao intervencionista do
Estado. Como exemplo, podemos citar a
futura agncia que vem substituir o DNPM Agncia Nacional de Minerao (ANM) - com poderes para definir os parmetros e
metas para o aproveitamento dos recursos
minerais. O que isso quer dizer? O produtor mineral no ter liberdade para produzir?
o uso de conceitos similares tambm
assusta. Acesso democrtico s reas
de interesse para o aproveitamento
mineral; ao regulatria compartilhada
e multidisciplinar; estabelecer, quando
couber, ndice obrigatrio de aquisio
de bens e servios em territrio nacional
para as atividades de minerao; definir
o investimento mnimo anual obrigatrio
para a fase de pesquisa; decidir sobre
os conflitos entre os agentes econmicos
do setor de minerao so algumas
das expresses usadas. Esperamos que
elas no constem do Projeto de Lei, pois alguns so pouco claros, dando ensejo a
vrios entendimentos, enquanto outros so
claramente intervencionistas.
Ao contrrio do setor energtico, a
minerao pouco dependeu da ao do
Estado para desenvolver-se. A presena
de companhias estatais na minerao,
mesmo quando empresas como Vale do Rio doce e quase todas as siderrgicas
eram estatais, sempre foi minoritria.
Pequenas, mdias e grandes empresas do
setor mineral sempre investiram quando
as oportunidades surgiam, abastecendo o
mercado brasileiro e exportando.
Com a privatizao, o setor mineral fortaleceu-se muito mais, demonstrando
cabalmente que a iniciativa privada muito
mais competente e eficiente. Ironicamente, a
jornalista Snia Racy, do jornal o Estado de So
Paulo, escreveu que, segundo um economista
que fez as contas, a Vale do Rio Doce foi a empresa que mais nacionalizou no Brasil durante a ltima dcada. Foram 16 empresas que, juntas, representaram investimentos da
ordem de US$ 23 bilhes. Nem a Petrobras gastou tanto nesse tipo de compra. Ento,
a preocupao dos nacionalistas com a
privatizao no tem razo de ser, muito pelo contrrio. A Vale privatizada fez o que a Vale estatal no poderia fazer.
Preocupa sim, e muito, o discurso antigo
contra a presena do capital estrangeiro na
minerao. Esse discurso, que infelizmente teve sucesso na Constituinte, significou
a sada de grandes investidores do pas,
resultando em desemprego de centenas de
profissionais, altamente qualificados, que no
encontraram no mercado de trabalho muito
reduzido oportunidade para emprestar toda sua experincia para o desenvolvimento da
minerao brasileiro.
Modificaes radicais trazem de-sassossego aos que pretendem investir. A
minerao, para desenvolver-se, precisa de
regras claras e duradouras que no estejam
sujeitas aos humores dos governantes da vez. Todos sabem que o perodo de maturao de
um projeto mineral longo, portanto sujeito
a mudanas do cenrio econmico. Todos
sabem tambm que estipular prazos para a vigncia de concesses trazem desestmulo a projetos de longo prazo. Com prazo mximo de 35 anos de concesso, o pas corre o risco de ver suas jazidas dilapidadas, pois, na incerteza, a empresa vai buscar o maior retorno possvel
e, com isso, lavrar preferencialmente as partes
mais ricas da jazida. A prpria industrializao do bem mineral, com maior agregao de valor,
tambm corre risco. Siderrgicas, metalrgicas,
fbricas de cimento, indstria cermica e de
vidro no so construdas para horizontes to curtos como os sugeridos.
Alm, do prazo de lavra, desconfia-se que a frmula de contratos de concesso
deve trazer mais restries para a livre iniciativa. Provavelmente, a empresa estar
amarrada a condies que sero impostas
por burocratas. Nada disso est claro, mas
tudo indica que sim. Nova taxa tambm
est sendo criada, alm dos que j existem:
taxa de ocupao ou reteno de rea.
MArCOS reGULAtriOS DA MiNerAO
Fern
ando
Men
des
Valv
erde
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16 | Anurio AnepAc 2010
HiStriA DA ANePAC eM iMAGeNS
A ANEPAC foi fundada em 10 de maio de 1995. Est completando, em 2010, 15 anos de existncia em defesa dos interesses dos produtores
de areia e pedra britada. Ela sucedeu a
Associao Nacional dos Produtores de
Brita (ANABRITA), como representante
nacional dos produtores. Para relembrar
a luta da ANEPAC para tornar-se uma
entidade respeitada no s na rea da
minerao brasileira mas tambm da
cadeia da construo civil, nada melhor
do que imagens que registram seus
representantes em misses em busca
de conquistas para o setor produtor de
agregados para construo e em inmeros
eventos em que participaram.
uma das grandes personalidades que
contriburam para o fortalecimento do setor
de agregados foi Jorge Juliano de Campos
Sguin, ex-presidente do Sindibrita-RJ, j
hist
ria
Jorge Sguin, presidente da Anabrita, discursa em Assemblia Geral da Anabrita
Anurio AnepAc 2010 | 17
retr
ospe
ctiv
a
falecido, que batalhou para a criao da
ANABRITA e da ANEPAC. Ele aparece em
dois momentos importantes: presidindo
uma Assemblia da ANABRITA no Rio de
Janeiro e participando do lanamento da
Revista Areia & Brita no stand da ANEPAC
no Congresso Brasileiro de Minerao em
Belo Horizonte.
outra figura que ajudou muito nos
primeiros anos da ANEPAC foi o senador
pelo Rio Grande do Norte dario Pereira.
Sua ao poltica facilitou a marcao de
Encontro da Diretoria da ANEPAC com a ministra Dilma Roussef
18 | Anurio AnepAc 2010
audincia com o ento vice-presidente da
Repblica Dr. Marco Maciel. Ele aparece
em foto tirada durante essa audincia,
assim como no lanamento da Revista
Areia & Brita.
A ao poltica um fator importante
para a ANEPAC. Marcar presena e tornar
conhecida a atividade de extrao de areia
e pedra britada so dois dos objetivos
buscados por seus representantes. Embora
seja o produto mineral mais consumido no
mundo, poucos sabem como o agregado
mineral produzido e a luta que seus
produtores enfrentam para tornar vivel
sua atividade. Ento a ao poltica
fundamental e os dirigentes da ANEPAC
procuram fazer chegar seus propsitos e
reivindicaes s mais altas autoridades.
dois exemplos ilustram bem essa ao
poltica. A audincia com o vice-presidente
da Repblica Marco Maciel e a audincia
com a ento Ministra de Minas e Energia
dilma Roussef. Tambm a ao poltica junto
a autoridades estaduais e municipais no
esquecida. dirigentes da ANEPAC foram
recebidos por prefeitos de capitais como
a prefeita de Florianpolis ngela Amin, o
prefeito de So Paulo Celso Pitta, secretrios
Senador Dario Pereira, Jorge Sguin, Sergio Pedreira, Pedro Couto e Osmar Masson no lanamento da revista Areia e Brita noCongresso Brasileiro de Minerao
Prefeita de Florianpolis Angela Amin recebe diretores
da ANEPAC
Dep. Ricardo Izar entrega prmio a Luiz Eullio Moraes Terra
hist
ria
Assemblia Geral da ANEPAC em Natal, Rio Grande do Norte
audincia com o ento vice-presidente da
Repblica Dr. Marco Maciel. Ele aparece
em foto tirada durante essa audincia,
assim como no lanamento da Revista
Areia & Brita.
A ao poltica um fator importante
para a ANEPAC. Marcar presena e tornar
conhecida a atividade de extrao de areia
e pedra britada so dois dos objetivos
buscados por seus representantes. Embora
seja o produto mineral mais consumido no
mundo, poucos sabem como o agregado
mineral produzido e a luta que seus
produtores enfrentam para tornar vivel
sua atividade. Ento a ao poltica
fundamental e os dirigentes da ANEPAC
procuram fazer chegar seus propsitos e
reivindicaes s mais altas autoridades.
dois exemplos ilustram bem essa ao
poltica. A audincia com o vice-presidente
da Repblica Marco Maciel e a audincia
com a ento Ministra de Minas e Energia
dilma Roussef. Tambm a ao poltica junto
a autoridades estaduais e municipais no
esquecida. dirigentes da ANEPAC foram
recebidos por prefeitos de capitais como
a prefeita de Florianpolis ngela Amin, o
prefeito de So Paulo Celso Pitta, secretrios
Diretores da ANEPAC em audincia com o ento vicepresidente da Republica Marco Maciel em Braslia
Assemblia Geral da ANEPAC em Belo Horizonte
20 | Anurio AnepAc 2010
estaduais e municipais, deputados federais
e estaduais. Meno especial deve ser
feita ao deputado federal Ricardo Izar,
falecido em 2009, que apresentou diversas
moes e projetos em favor dos produtores
de agregados e que, como presidente
da Comisso de defesa do Consumidor,
Meio Ambiente e Minorias e sabedor das
vrias aes de preservao ambiental
desenvolvida pelos mineradores de areia e
pedra britada, incentivou essa prtica com
a outorga do ttulo Prmio Preservao
Ambiental para as empresas com alto nvel
de preservao do meio ambiente.
Dep. Paulo Kobayashi recebe diretores da ANEPAC
Dep. Ricardo Izar
Prefeito de So Paulo Celso Pitta recebe diretores da ANEPAC
Anurio AnepAc 2010 | 21
retr
ospe
ctiv
a
22 | Anurio AnepAc 2010
A atividade de minerao em Itaquera se confunde com a prpria histria do bairro. o nome Itaquera, de origem Tupi-Guarani, significa pedreira, ou local
onde se extrai pedra. o local onde funciona
COMO ViVe UMA PeDreirA NO MeiO DA CiDADe
A PEDREIRA J FUNCIONA NO LOCAL H MAIS DE TRINTA
ANOS QUANDO CONSTRURAM O CONJUNTO
HABITACIONAL.
atualmente o empreendimento utilizado para a explorao de granito desde meados do
sculo XIX, quando a jazida de Itaquera fornecia as pedras da cantaria para suprir as obras civis
na florescente So Paulo de Piratininga.
Foi o comeo da dcada de 50 que a
Pedreira Itaquera S.A iniciou sua atividade
de explorao mineral e produo de brita,
j de maneira mecanizada, com a utilizao de equipamentos de maior porte. Na poca,
a ocupao do local ainda se mostrava
insignificante, ou melhor, era uma fazenda totalmente desabitada. Com o tempo, foram
surgindo pessoas ao redor da pedreira,
depois casas, um conjunto habitacional, que
um dos maiores da cidade. A partir dessa
data, o loteamento de reas perifricas definiu
o tipo de expanso urbana processada em
So Paulo. A ocupao da regio de Itaquera
surgiu esta lgica e hoje, uma das periferias
mais adensadas da cidade. E, depois de 40 anos, tornou-se a pedreira mais urbanizada do Pas.
o local onde est instalada atualmente a
pedreira Itaquera , possivelmente, um dos
mais antigos utilizados para a explorao de granito na Regio Metropolitana de So Paulo. o chamado granito Itaquera, existente
no local, na verdade parte de um corpo
semi-circular que, como vrios outros, ocorre
ao redor da bacia Terciria de So Paulo, na
qual se situam as reas centrais da cidade.
Assim, nas ltimas quatro dcadas, a
pedreira de consolidou como importante
Anurio AnepAc 2010 | 23
retr
ospe
ctiv
a
fornecedor de agregados para o vido
mercado de construo civil da capital
paulistana e cidades vizinhas. Este fato deve-se principalmente sua localizao privilegiada, pois tendo a pedra britada um
baixo valor unitrio, se compararmos com
outros produtos minerais, as distncias
de transporte e o seqente custo do
frete assumem um peso fundamental na
composio do preo do produto colocado
na obra.
PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA PEDREIRA ITAQUERA
dos principais efeitos e impactos
ambientais potencialmente causados por
uma minerao em rea urbana, no caso
da Pedreira de Itaquera, sobressaem
aqueles relacionados perCEPo da
populao residente no entorno imediato.
Assim, constituem-se em causas de
desconforto ambiental, a vibrao do solo
e a sobrepresso atmosfrica causadas
pelo desmonte de rocha, bem como a
gerao de material fragmentado a partir das
operaes de diminuio e classificao,
alm do impacto visual causado pela prpria
alterao da topografia e movimentaes de
terra inerentes a qualquer atividade mineraria
a cu aberto.
durante vrios anos, a pedreira Itaquera se
constituiu em fonte de reclamaes por parte
da vizinhana, principalmente no que se refere vibrao e sobrepresso atmosfrica.
Na poca em que se comeou a
construir um grande conjunto habitacional
em Itaquera, (COHAB), a pedreira j operava no local a mais de 30 anos. A CETESB, rgo responsvel pelo
licenciamento das atividades, proibiu a
implantao desse condomnio.
Mesmo assim, por motivos polticos, o Conjunto Habitacional foi construdo contra as determinaes da CETESB. depois da
construo desse conjunto, tentou-se fechar
a pedreira que ocorreu ao judicirio, foi ao
Supremo Tribunal e manteve o direito de
funcionamento, uma vez que ela j existia quando da construo do conjunto.
o Supremo disse ento que havia
incmodo populao, mas como a COHAB/Itaquera havia sido feita revelia de outros
rgos, a pedreira deveria ser desapropriada
pela prefeitura, que deveria pagar seus direitos
para cessar suas atividades.
A prefeitura no fez na ocasio e ficou, de lado, a comunidade, de outro, a pedreira e o
conflito no meio.
A partir do final da dcada de setenta,
no entanto, a Pedreira Itaquera S.A iniciou a
modificao deste panorama, contratando
tcnicos especializados para gerncia de suas atividades e efetuando investimentos
na rea de controle ambiental. Entre eles
investimentos, pode-se relatar principalmente
a instalao de um sistema de asperso de
gua na unidade de britagem e classificao,
o que reduziu significativamente a quantidade gerada de material fragmentado. outra
alterao foi a adoo, de um planejamento
de lavra e de um plano de fogo de maior
nvel de segurana, com a reduo da
aquele ano, 19 mediaes, todas no mesmo
ponto o piso de edifcio residencial mais prximo da frente da lavra, a 200m e com cargas por espera variando entre 27 e 46 kg. os resultados de velocidade de partcula
sempre estiveram bem abaixo dos valores
preconizados pela norma da ABNT, o mesmo acontecendo com a sobrepresso, exceto
em dois casos, o que pode ser atribudo a
condies atmosfricas desfavorveis. Pode
tambm ter sido captada uma quantidade
significativa de energia em faixa no audvel
do espectro (IPT, 1991; Lacasemin, 1992).Com a elaborao de um Plano de
Recuperao de reas Degradadas (PRAD), em decorrncia de legislao federal, foram
sendo propostas medidas de recuperao
ambiental, tais como a implantao de uma
barreira vegetal no entorno da rea, isolando-a
visualmente e melhorando seu aspecto geral
(considerando inclusive a falta de reas
verdes no bairro), alm do retaludamento e
da implantao de um sistema de drenagem
de guas pluviais nos taludes em solo e a
sua posterior revegetao, que tambm foi
implementada nas reas desprovidas de
cobertura vegetal. Todas essas medidas,
somadas quelas anteriormente adotadas,
integraram a pedreira Itaquera a seu entorno,
com o objetivo de tornar a rea apta a
alguma forma de utilizao futura, a ser definida em conjunto com o poder pblico e
a comunidade.
ORIGEM E EVOLUO
DE CONFLITOA partir dos anos 50, o loteamento de
reas perifricas definiu o tipo de expanso
urbana processando em So Paulo. At
o inicio do sculo, a populao paulistana
esteve concentrada na regio central da
cidade ou prxima a ela. Naquele momento
havia um relativo equilbrio entre oferta e
procura de habilitao, com um grande
numero de cortios ligados s redes de infra-
estrutura e prximos aos locais de trabalho.
A crescente valorizao das reas centrais, a diminuio da produo de
moradias de aluguel e a queda acentuada
do poder aquisitivo do trabalhador tornaram
a questo habitacional, j na dcada de
40, um problema social sem precedentes na cidade. o fluxo de migrantes agravou
ainda mais o dficit habitacional. Assim, os
A PREFEITURA PERDEU TODAS
AES QUE MOVEU CONTRA A EMPRESA
POIS A PEDREIRA J FUNCIONAVA NO LOCAL H DCADAS.
altura operacional de bancada, razo de carregamento e a utilizao de explosivos mais modernos e eficientes, alm de prticas
como utilizao de micro-retardos furo a furo e a cobertura do cordel detonante na
amarrao do fogo.
os resultados destas tecnologias mais
adequadas de produo puderam ser
verificados atravs de um programa de
monitoramento de vibraes e sobrepresso
atmosfrica, iniciando em Setembro de 1991.
Foram efetuados, numa primeira fase,
mediaes em pontos situados entre 200 e
700 da frente da lavra, com cargas por espera
variando entre 43 e 63 kg de explosivo.Numa segunda fase, iniciada em Agosto
de 1992, foram realizadas, at Dezembro
24 | Anurio AnepAc 2010
setores populares de baixo poder aquisitivo
foram expulsos efetivamente das reas bem
equipadas com infra-estrutura e prximas aos
locais de trabalho.
Em conseqncia, um novo tipo de
especulao imobiliria tomou impulso,
com a venda de lotes em locais distantes
do centro da cidade, caracterizando um padro perifrico de ocupao do espao
Urbano (Kowarick e Ant, 1982).A ocupao da regio de Itaquera
seguiu esta lgica e, hoje, uma das
periferias mais populosas da cidade. ,
ainda, o locus da construo popular,
ou seja, a quase totalidade das casas
no resultantes do processo de auto-
construo (Taschner e Mautner, 1892). os primeiros loteamentos particulares ali
surgiram durante a dcada de 40. Por outro lado, o poder pblico tambm contribuiu
para o adensamento dessas reas. No
final dos anos 70, a Companhia Municipal destinada ao financiamento de moradias
para a populao de baixos rendimentos
COHAB -, construiu vrios conjuntos habitacionais nessa regio.
o assentamento desses conjuntos, alm
de ampliar a ocupao da rea, aumentou
a demanda por servios e equipamentos
sociais bsicos. o distrito de Itaquera conta
com uma populao aproximada de 320.000 habitantes e uma taxa de crescimento anual
estimada em 1,96%. neste contexto que deve ser entendido
o complexo problema da pedreira Itaquera,
talvez um dos empreendimentos industriais mais antigos da regio. A tonalidade do seu
entorno est comprometida pela urbanizao: conjuntos habitacionais da COHAB, favelas moradias populares e um terminal metrovirio.
O adensamento gradativo das reas vizinhas pedreira conduziu a uma situao de conflito entre a comunidade e a empresa.
A PRESSO SOBRE A PEDREIRA ANTIGA
o primeiro abaixo-assinado visando o
fechamento da pedreira ocorreu em 1956, por iniciativa da Sociedade Amigos do Bairro.
Sucessivamente, cada nova diretoria da
Sociedade realizava um protesto deste tipo sem nunca obter uma resposta efetiva do poder
pblico. os problemas normalmente eram
sempre os mesmos: ultralanameto, vibraes,
falta de segurana nas reas externas
minerao e intenso trfego de caminhes.
o tempo foi passando e, por volta
de 1978, foi a vez da prefeitura entrar em confronto com a pedreira. Atravs de uma
mudana na lei de zoneamento, (1974), modificando tambm a permissibilidade de
uso e ocupao do solo, intimou a empresa
a encerrar suas atividades em um prazo de 30 dias. Novamente o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (Agosto de
1980). Mais uma vez a ao da prefeitura se caracterizaria em desapropriao e haveria de haver indenizao. O assunto morreu por a.
Novamente em 1989, as aes voltadas para o fechamento da pedreira Itaquera
ganharam impulso. A comunidade local,
atravs de uma associao de moradores
do bairro, organizou uma grande assemblia para discutir o problema.
Vrios rgos do poder pblico federal, estadual e municipal foram chamados
a participar, alm de representantes da
Cmara Municipal e outras associaes do bairro.
No bastasse isso, a CETESB, rgo
que at ento acompanhava a fiscalizava as atividades da pedreira, estava
sendo objeto de duas aes judiciais
movidas pela empresa, em funo de
uma divergncia quanto aos padres de
vibrao determinados pelo rgo, muito
mais rgidos que aqueles estipulados na
norma da ABNT.
o envolvimento das diversas agncias
estatais foi provocado por solicitaes
de monitoramento, sobretudo do nvel
de vibrao, de controle de estoques
de explosivos (atravs do Ministrio do Exrcito) e de apoio, estas encaminhadas
inclusive, para o Congresso Nacional.
Estas aes prosseguiram durante os dois
anos subsequentes, sem que qualquer
uma dessas agncias apontasse uma
perspectiva de minimizao do conflito.Com o intuito de atender a legislao
que estipula a elaborao de um PRAd,
a empresa buscou assessoria de uma
equipe multidisciplinar de planejamento
ambiental no final de 1991. durante o
processo de elaborao desse plano, a
equipe sugeriu empresa que realizasse uma consulta comunidade, abrindo um
canal formal de dilogo.
INICIA O PROCESSO DE
NEGOCIAOo primeiro contato com a comunidade do
entorno da pedreira ocorreu em fevereiro de
1992. Naquele momento, a equipe responsvel
pela elaborao do PRAd procurou algumas
lideranas do bairro a fim de recuperar o
Ao fundo, em uma das laterais da pedreira, o pteo de manobras do metr.
Anurio AnepAc 2010 | 25
retr
ospe
ctiv
a
histrico do conflito e conhecer a situao do
momento. Ao mesmo tempo foi comunicada
a disposio da empresa de estabelecer
em canal com a comunidade, atravs da
equipe. durante os dois meses seguintes
foram contatadas algumas associaes de
moradores, j existentes, com o objetivo
de cham-las a participar do processo de
discusso, ento iniciado.
A primeira reunio aconteceu em maio com
a presena de vrios grupos e associaes
representativos do bairro. Assuntos como
atividades da pedreira e seus impactos
ambientais, como minimiz-los, disposio da empresa em promover visitas monitoradas e,
atravs de propostas formuladas pela prpria
comunidade, procurar negociar medidas
compensatrias, foram os principais temas
abordados na reunio.
Comisses foram formadas pelos
grupos de moradores para investigar
na prefeitura se tudo o que a pedreira
estava oferecendo era real, inclusive se a
documentao da mesma estava em ordem.
No final de Junho, foram apresentadas as
propostas da comunidade.
A primeira, de carter mais tcnico, previa
reviso do plano de fogo e acompanhamento
sistemtico das detonaes por um
tcnico especializado, alm do plantio de cortinas vegetais no entorno da pedreira,
da definio de um cronograma de obras e
da instalao de sinalizao de segurana no entorno; ressaltava-se a importncia
da recuperao das reas degradadas,
evitando seu abandono. A segunda,
definida como um projeto social previa a
colaborao de um programa de educao
ambiental que inclusive visitas monitoradas
s instalaes da pedreira e a execuo de
obras e melhorias no bairro. Pensando na
ltima proposta, a comunidade apresentou
varias alternativas, priorizando a reforma de uma importante praa que chega a reunir
3000 pessoas durante os finais de semana.depois de feitas contrapropostas pela
empresa, alguns meses depois, chegaram
a uma concluso que satisfez a todos, a saber: ficou estabelecido que a pedreira
faria uma doao anual de blocos ou o
equivalente em dinheiro e o emprstimo
de mquinas e equipamentos disponveis
para utilizao obras, inclusive a reforma da praa, alm das visitas monitoradas.
o acordo resultou em um termo de
compromisso assinado entre a empresa
e um conselho de entidades, constitudo
especialmente para gerenciar o processo.
No caso de mineraes, h uma
situao muito tpica que envolve o
desmonte de rochas com explosivos.
Isso provoca uma vibrao, que um tipo
de poluio, podendo ser representada
atravs de uma grandeza fsica, passvel de medio e de regulamentao.
o problema que mesmo estando a
pedreira dentro das normas ambiental e
de segurana ao efetuar as detonaes,
a populao continuava a reclamar. Essa
reclamao deve-se a um fator chamado
de desconforto ambiental, fato muito
importante que, normalmente, no levado
em considerao na minerao em reas
urbanas. Ao contrario do que se esperava,
pois estava seguindo risca todas as
regras de segurana e teria todo o direito
de no dar ateno s estas reclamaes,
a pedreira abriu um canal direto de
comunicao entre ela e a populao e,
at o momento, os resultados podem ser
avaliados como bem sucedidos.
A CONTINUAO DOS ERROS E ARBITRARIEdAdES.
o processo de negociao iniciado pela
pedreira Itaquera mostra a viabilidade de
utilizao da mediao ambiental como tcnica ele resoluo de disputas, o que,
sem dvida, dever se imitado por outras
A PARTIR DO MOMENTO QUE DIRIGENTES DA
PEDREIRA PASSARAM A DIALOGAR IRETAMENTE
COM A POPULACO, SEM A INTERFERNCIA
DE POLTICOS, OS RESULTADOS COMEARAM A
APARECER
26 | Anurio AnepAc 2010
empresas atuantes na rea de produo
de britas que esto prestes a enfrentar o
mesmo problema de entrada de grande
populao atravs da construo de
conjuntos habitacionais no seu entorno.
ocorre que no bairro do Jaragu, visinho
Pirituba, o mesmo problema causado
Pedreira Itaquera, que durante anos
sofreu e ainda sofre com todas as
dificuldades criadas por uma atitude no
mnimo impensada, quando foi autorizada a construo de um conjunto habitacional
no entorno da mesma, est para acontecer.
Realmente, parece mentira ou engano.
Mas verdade. Sero construdos no 1, mas 2 grandes conjuntos habitacionais em
reas bem prximas a quatros pedreiras
em plena atividade e que esto nestes
locais a muitos anos. Ser possvel? ! um
dos conjuntos da Prefeitura (PROCAV) e ter nada mais nada menos do que 5.950
apartamentos. O outro do Estado (CDHU) e ter 1.600 apartamentos.ou seja, numa conta rpida (e otimista),
teremos em breve, por baixo, 35.000 pessoas morando em um local prximo
pedreiras. um paraso. Ser que estes
futuros moradores sabem da existncia
destas pedreiras? Provavelmente no.
E ento, como ficamos? obvio que vai
comear tudo de novo.
os moradores que vo se instalar por l,
vo chiar, pois no tm culpa de nada.
Muito menos as pedreiras que, volto a afirmar, esto no local instaladas h muitos
anos. Quem vai responder por todos os inmeros problemas que, com toda
certeza, iro comear a ocorrer assim que todos forem instalados?
A Prefeitura, o Estado? Esta uma situao
bastante delicada que precisa ser tratada com
toda seriedade pelos rgos responsveis.
Aproveitamos a realizao desta reportagem e fomos saber da competente opinio de Eduardo Ribeiro Capobianco, atual vice
presidente de economia do SINDUSCON.
Eduardo inicia dizendo que esse problema do grande nmero de moradias no entorno de pedreira s vem prejudicar o prprio bem estar
da populao, pois o aumento do custo de produo repercute diretamente no bolso contribuinte. Se o custo sobe, tem-se uma elevao
no preo das obras pblicas e o governo ter menos capacidade de atender demanda da populao em termos de pavimentao, de
saneamento, ou seja, da estrutura bsica, o que fundamental numa cidade como So Paulo. Por outro lado, existe tambm o problema
do dficit habitacional de So Paulo e da Grande So Paulo que enorme. Se o preo da brita aumentado, consequentemente o custo
da produo sabe e ai, indiretamente se estar prejudicando os mais carentes. O ponto fundamental nesse problema a estabilidade de
preos dos materiais de construo. Quando uma pedraria em atividade normal para de funcionar, ser necessria a abertura de uma nova,
provavelmente mais distante do municpio do que a anterior. Isso tem um custo de implantao elevadssimo que, certamente ser repassado
ao preo do produto. importante tambm ressaltar o aumento da distancia para o transporte, o que apresenta dois problemas: um o
impacto direto no preo do produto: e o outro o aparecimento de outras demandas de infra-estrutura como o maior desgaste nas rodovias,
maior consumo de combustvel. Enfim, criada uma disfuno, uma deseconomia, que gera um impacto muito grande na sociedade como
um todo, cada vez que se fecha uma pedreira prxima, sem falar do desemprego gerado na regio. No esquecendo que tambm existe
o lado do recurso Mineral, que finito. Quando se amplia uma cidade a ponto de impedir o uso da brita, que o que esta acontecendo
hoje, esta sendo impedido o uso de uma jazida que finita, tem limites, ou seja, est se deixando de usar, se jogando fora, um recurso no
renovvel, o que, evidentemente, um mal que deve ser evitado a todo custo. Para a construo fundamental a disponibilidade de recursos
de materiais a preos acessveis e estveis. Quando se elimina uma pedreira ocorre exatamente o contrario; se ter custos ascendentes. E,
num pas como o Brasil ningum h de querer uma situao destas. Um pas que tem uma demanda social monstruosa, com uma enorme
necessidade de construo, no pode se dar ao luxo de liquidar recursos no renovveis como esse. O que preciso sabido uma
racionalizao da ocupao do entorno o que vai maximizar a jazida e seus entornos. Uma boa administrao municipal teria obrigao de
preocupar-se com o uso racional do entorno de uma pedreira e considerar tambm o fato de, em se construdo um conjunto habitacional
neste local, estar colocado o cidado que vai ocupar aquela moradia, sujeito a um incmodo dos quais ele no estaria tendo conhecimento
antecipadamente. Ele s iria perceber e saber, depois que estivesse alojado.
Participao da brita e da areia no custo da edificao:
Brita...........................0,95%
Areia.........................2 ,27%
Total agregados.........3,22%
* Para a construo da casa prpria de 32m2, a participao dos
agregados a seguinte:
Brita 1...........................1,49%
Brita 1...........................4,54%
Areia Mdia..................4,90%
Total Agregados.........10,93% *Estudos da CDHU
Anurio AnepAc 2010 | 27
retr
ospe
ctiv
a
dia 30 de agosto de 1999 foi o ltimo de atividade de uma das mais antigas pedreiras de pedra britada do municpio de So Paulo a Pedreira Itaquera. No houve comemoraes nem
lamentos. Para seus proprietrios, um
captulo de luta e perseverana se encerrava
e um outro captulo, um outro projeto, o da
recuperao da rea lavrada durante mais
de 40 anos iniciava-se no dia seguinte. A cava de onde milhes de toneladas de rocha
grantica foram arrancadas a dinamite vai
ViDA, PAixO e MetAMOrfOSe DA PeDreirA itAqUerA
se tornar durante os prximos seis anos o
depsito oficial de material inerte o popular entulho da Prefeitura do Municpio de So Paulo, substituindo o aterro de Itatinga, cujas
atividades se encerraram no inicio deste
ano. durante o ms de setembro, o estoque
de remanescente foi vendido e a rocha
foi preparada para receber um manto de
impermeabilizao. O conjunto de britagem foi desativado e os equipamentos esto
sendo vendidos. A rea foi entregue bruta
para o empreendedor, conforme contrato.
O aterro vai utilizar uma cava de 6.500.000 metros cbicos de volume foi projetado atendendo a todas as exigncias
da legislao ambiental. Pelas normas
internacionais adotadas pela Companhia
de Tecnologia de Saneamento Ambiental
Cetesb, no pode haver nenhum tipo de contaminao do lenol fretico. Abaixo da
cava de 120 m de profundidade, mais de
200 m de rocha devem ser ultrapassados
para atingir-se o lenol, o que garantiria
teoricamente que no haveria contaminao.
28 | Anurio AnepAc 2010
Entretanto, existe a obrigatoriedade de que
toda base de aterro deve ser protegida por
uma manta natural. Base da cava foi ento
selada utilizando-se 40 mil m3 de material inerte, basicamente silte e argila que, em
uma gigantesca operao, foram retirados
do bota-fora da pedreira. Se a gua passando
por esta capa de material inerte atingir a rocha
e por meio de fraturas eventualmente encontrar
caminho para atingir o lenol, ela j vai estar
filtrada, evitando-se a contaminao.
A LUTA PELA SOBREVIVNCIA
Segundo Marcello Hachem, diretor do grupo que controla a Pedreira Itaquera, a pedreira foi
aberta por seu av o imigrante libans Jean Khoury Farah em 1957 em uma fazenda no bairro de Itaquera, zona leste do Municpio de So Paulo. Foi uma da primeiras pedreiras da cidade
que passaram a britar a rocha extrada. No local,
desde o final do sculo XIX, existia extrao de rocha para produo de paraleleppedos, guias
e lajes, conhecida como Pedreira do Roque.
Boa parte dos edifcios e logradouros pblicos
da cidade de So Paulo tem em sua construo
material proveniente da pedreira.
Itaquera era uma regio tipicamente
desabitada, cuja atividade principal era a
produo de frutas e legumes. Aos poucos, com
a expanso urbana na direo leste, o bairro de
Itaquera comeou a recebe loteamentos e uma
populao crescente, aos poucos, comearam
a envolver a pedreira. Como a maioria das
pedreiras, a Itaquera no deu muita importncia
ao fato e continuou sua atividade confiando
somente na habilidade para produzir e vender a brita. Tcnicas mais modernas de minerao
que reduzissem o impacto no eram utilizadas, muito menos tcnicas administrativas que
levassem em conta o bom relacionamento com
os vizinhos.o pesadelo comeou quando, no final da
dcada de 70, a Cohab decidiu pela implantao
de um enorme conjunto habitacional ao lado
da pedreira, contrariando parecer da CETESB.
Milhares de pessoas passaram a habitar dezenas de prdios de apartamentos e centenas de casas populares e, com o apoio de polticos,
comearam a exigir o fechamento da pedreira.
A Itaquera foi obrigada a recorrer ao Poder
Judicirio, e, no Supremo Tribunal, obteve o direito
de continuar funcionando, j que sua presena
no local era anterior do conjunto habitacional e
a construo desta se dera contra o parecer de
outros rgos. Na sentena, o Supremo afirmou
que a Prefeitura Municipal poderia determinar o fechamento da pedreira, desde que pagasse
as indenizaes que a Itaquera tivesse direito. A Prefeitura no desapropriou a pedreira e o conflito
passou a ser um problema a ser encarado
entre a comunidade que foi levada para l por
administradores imprevidentes e a pedreira.
Segundo Marcello Hachem, que passou a administrar a empresa em 1989, o movimento dos muturios da COHAB obteve forte apoio poltico e conseguiu derrubar
licenas necessrias ao funcionamento da
pedreira, criando inmeros constrangimentos.
Recorrendo Justia, a pedreira conseguiu
sobreviver. Ao mesmo tempo, iniciou um
movimento de aproximao com a comunidade
atravs de pessoas especializadas na soluo de conflitos. Mesmo com todas as dificuldades, conseguiu-se estabelecer um canal de
entendimento pelo qual a comunidade e a
pedreira passaram a dialogar e a solucionar
problemas para minimizar o desconforto causado pela extrao. Experincias tcnicas
fora feitas sob a superviso de rgos oficiais.
Foram discutidas diversas possibilidades para
que a pedreira pudesse continuar trabalhando
e expostos diversos cenrios para o futuro da
rea aps o encerramento da atividade de
extrao mineral.Para Hachem, foi uma experincia nica,
pioneira e coroada de xito. Conforme o dilogo, e o conhecimento mtuo foram se aprofundando, o interesse de polticos foi diminuindo at que finalmente se afastaram. rgos pblicos antes empenhados s no fechamento da pedreira passaram a ser mais flexveis. Exigncias tcnicas antes consideradas como absolutamente necessrias para seu funcionamento foram mudadas em funo dos resultados dos testes executados. A pedreira consegui uma sobrevida, passou a operar
melhor e pode se preparar para o futuro.
O FUTUROHachem relembra que muitas vezes foi
questionado pelos adversrios ao funcionamento
da pedreira sobre a inexistncia de um PRAd
(plano de recuperao de reas degradadas)
Jean Khoury Farah
Marcello e Flavio Hachem, diretores da Pedreira Itaquera S/A.
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ctiv
a
aprovado. Diz que sempre argumento que no valia a pena ter um plano inexeqvel aprovado
ou no, que isto no passaria de um monte
de papis inteis para atender burocracia.
Segundo ele, o grupo no abria mo de usar
todas as possibilidades que um terreno de
300.000 m2 situado a poucos quilmetros da cidade, com uma populao de 300.000 mil pessoas ao redor e com duas estaes de metr
situadas em cada extremidade da propriedade
proporcionava. Como a cava ocupava um tero
da rea, no seria inteligente deix-la aberta.
Aterr-la seria necessrio e a soluo de um
aterro de inertes se impunha naturalmente.
A Prefeitura, premida pela necessidade
de um local adequado para depsito de
entulhos, chegou a sondar o grupo sobre
uma desapropriao. Isso no interessava ao
grupo que preferia explorar economicamente a
propriedade. A crise econmica por que passa a
Prefeitura paulistana evitou que a desapropriao
fosse a soluo adotada.
A administrao municipal passou a
priorizar uma soluo em que no necessitasse investir em desapropriaes adotou uma
licitao em que a empresa que vencesse o
servio de tratamento de entulhos deveria
apresentar como requisito bsico da proposta
uma rea de depsito que estivesse o mais
prximo possvel da cidade; que tivesse
acesso fcil; que no estivesse em rea de
manancial; que no tivesse nenhum tipo de
restrio ambiental; e, principalmente, no
representasse custos para ela. o participante
da licitao teria que entregar uma carta em
que o dono da propriedade se comprometia
a ceder a rea gratuitamente pelo prazo de cinco anos.
A cava da Pedreira Itaquera adequava-se
perfeitamente s condies tcnicas exigidas
e vinha ao encontro dos objetivos do grupo.
o pretendente que apresentasse a cava de
Itaquera como rea de depsito teria as melhores
condies de vencer a licitao. Segundo
Hachem, o grupo foi sondado por diversos candidatos e optou pela Construtora Queiroz Galvo pela sua qualificao em operar diversos
aterros pblicos e por ter afinidades com ela, j
que ambas tem relaes comerciais h longo
tempo. Na proposta apresentada, rea da
Itaquera foi colocada disposio da Prefeitura
a custo zero, sem IPTU e sem aluguel. A administrao municipal remunera a empreiteira
pelo servio de colocao, adequao e
manuteno, dentro dos mais altos nveis de
segurana e qualidade. A condio imposta
pelo grupo foi que, aps aterrada, o terreno
tenha condies de suportar construes de at
dois pavimentos.
Hachem fez questo de ressaltar que a deciso de implantar um aterro de inertes
foi discutida com a comunidade que rodeia
a pedreira. A reCEPtividade, segundo ele,
foi muito boa, j que, embora muitos dos
incmodos da explorao mineral persistam,
alguns so totalmente eliminados as vibraes provocadas por exploses, o rudo
e a poeira dos sistemas de britagem outros so atenuados trfego de equipamentos, etc.
No mesmo nvel continuara o trfego externo de
caminhes, mas assumindo outra caracterstica,
j que as carretas que transportavam brita sero
substitudas por caminhes transportando
caambas. Como toda a rea ser pavimentada,
h sensvel reduo de poeira. Completando
o preenchimento da cava, a populao vai
ter como vizinha uma rea reurbanizada, com novos equipamentos urbanos e sua
propriedades sero sensivelmente valorizadas.Segundo Hachem, a pedreira poderia
ser operada ainda por no mnimo oito
anos, produzindo cerca de 20.000 m3 por ms, apesar dos custos crescentes
devido ao aprofundamento da cava e aos
30 | Anurio AnepAc 2010
impostos (R$ 120.000,00 ao ano de IPTu,
em vez de cerca de R$ 6.000,00 das outras pedreiras que recolhem para o INCRA). Sua
proximidade com o consumidor, ou seja,
menor custo de transporte viabilizaria a continuidade.
Para toda a rea de 280.000 m2, o grupo
prev sua transformao em um projeto
imobilirio. A rea lateral cava, cerca de
100.000 m2, est sendo rebaixada. A idia
inicial a construo de um shopping
center com um hipermercado. A rea da
cava aterrada aps cinco anos serviria
de rea de suporte do empreendimento.
Existe ainda a opo da construo de um
hipermercado com a posterior construo
de um centro de compras na rea aterrada.
Para o restante da rea, estuda-se sua
transformao em condomnio residencial
ou industrial, no se descartando tambm
a instalao de um complexo educacional.
Todo aglomerado urbano necessita de agregados minerais para construo civil. Sem a areia e a brita, obras pblicas e privadas no podem ser executadas. Embora
todos concordem com este fato, a presena de
mineraes de areia ou de pedra britada junto a/
ou dentro do permetro urbano, acaba gerando
uma srie de problemas que a maioria dos
administradores pblicos prefere que estas no
se instalem. os argumentos mais usados so:
areia e pedra tem em qualquer lugar. Porque vou
deixar que se instalem aqui?; Meu municpio no consome tudo que produzido aqui. Porque ns devemos pagar para o beneficio de outros.
o primeiro argumento tem um fundo de
verdade. Areias e rochas so abundantes na
natureza. Entretanto, por serem abundantes, tem vai baixo valor e no podem ser transportadas
por longas distancias. A abundancia tambm
relativa. Boa parte delas j no podem ser
extradas, j que a prpria cidade cresceu em
cima delas ou se tornaram reas protegidas
por lei.
o segundo argumento mais uma
desculpa. No em todo lugar que se encontram
condies favorveis para a explorao
mineral. H, tambm o fato de que muitos proprietrios no tem interesse em minerao
e usam suas propriedades para outros fins. H, enfim, o fator econmico. Muitas extraes de areia e rocha para britagem, principalmente
estas ltimas, exigem grandes investimentos,
seja em equipamentos, seja na compra da
propriedade. Estas so muito valorizadas prximas aos centros urbanos. Para que o
projeto seja vivel, preciso que haja escala e
para isso a tendncia a de expandirem para
outros mercados.
Mas com todos os problemas, estas mineraes no trazem somente problemas. Muitas delas foram industrias pioneiras nos
PrefeitUrA e CiDADe GANHAM COM UtiLiZAO De reAS De extrAO MiNerAL
municpios. Para se instalarem, tiveram de trazer energia eltrica e construir acessos com seus
prprios recursos. Tambm, ao encerrarem o
ciclo extrativo, podem se tornar reas de lazer, depsito de diversos tipos, como gua, rejeitos
industriais e entulhos.
o caso da Pedreira Itabatinga e da
Pedreira Itaquera so bons exemplos
desse ultimo. o primeiro foi depsito oficial
de entulhos da Prefeitura de So Paulo
durante muito tempo; o segundo passa a
s-lo agora pelos prximos cinco anos. A
vantagem para a Prefeitura Municipal que tendo um depsito oficial pode exercer um
controle mais efetivo. deixa de depender de
aterros clandestinos ou de depsitos de lixo
domstico onde o entulho ser depositado
em condies inadequadas.
Quando o ciclo do aterro de Itatinga se encerrou, a Prefeitura foi obrigada a depositar
o entulho no aterro de lixo domstico de
Bandeirantes, cerca de 45 km do cento da cidade. Alm de depositar em condies
inadequadas, pois mistura material inerte
com lixo domstico, o custo do transporte se
torna proibitivo, cerca de cinco vezes mais do que o previsto para o aterro de Itaquera.
deve-se ressaltar ainda que reas onde se
possa depositar lixo domstico so muito
difceis de serem conseguidas e usar parte
de sua capacidade com material inerte reduz a vida til do aterro.
As condies dos aterros clandestinos
no so melhores. Estes esto em terrenos
de condies inadequadas, no obedecem
a nenhuma legislao e podem provocar
acidentes srios, como o que ocorreu h cerca
de 10 anos no Morumbi, quando um aterro deslizou sobre uma favela. Trazem transtornos de todo tipo como falta de drenagem,
contaminao de leno fretico, assoreamento
de cursos dgua, poeira, destruio de ruas e avenidas, entupimento de redes de guas
pluviais, presena de ratos e insetos, etc.
mesmo para os usurios destes depsitos
o prejuzo grande. So obrigados a pagar cerca de R$ 20,00 para descarregar e correm o
risco de serem multados por no cumprirem a
legislao ambiental.
Em aterro de inertes oficial, o custo
para o caambeiro zero. Alm disso, toda manipulao de carga ser feita por um
empreiteiro de comprovada qualificao.
A Prefeitura ter condies de oficializar as caambas de registr-las, pint-las com a
cor oficial e numer-las. Haver controle total, seja sobre o aterro, seja sobre o
entulho. Com um nico depsito, o fluxo
de caminhes pode ser medido e medidas
para adequao ao trfego local adotadas.
As cavas de extrao mineral podem
ser teis alm do ciclo de extrao. Podem
servir de reservas estratgicas de reas
para todo o tipo de depsito, reas estas
cada vez mais difceis de se encontrar de mdio e grande porte.
Vista area da Pedreira Itaquara. direita, ptio de manbras do metr
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o fato de uma antiga cava de extrao mineral tornar-se um local onde so despejados dejetos originados numa cidade um fato prosaico. A atividade mineral
no municpio de So Paulo faz parte da histria da cidade e as vrzeas dos rios Tiet e Pinheiros foram locais de suprimento de areia e argila
que a cidade precisou para seu crescimento.
Fora das vrzeas dos rios, alm das pedreiras para extrao de pedra para britagem e para
aparelhamento, minas da caulim e de argila
fizeram parte da paisagem urbana. Muitas destas reas foram abandonadas
aps o fim das reservas ou por contingncia
do crescimento urbano. A obrigao de dar um
destino ao local aps o fim da atividade mais
ou menos recente. Mesmo sem esta obrigao, muito provvel que a maioria absoluta destas
lavras tenham sido incorporadas ao uso urbano,
seja pela valorizao da rea o que levou o proprietrio a tomar as devidas medidas para
transformar a aera para outro uso, seja pela ao
do poder pblico que lhe deu novo uso.
um exemplo da ao do poder pblico
o atual Largo do Sacom, na zona sul de So Paulo. Neste local, onde desembocavam vias
de trfego importantes como a Via Anchieta, Estrada das Lgrimas, Avenida Tancredo Neves, Rua Bom Pastor, etc., foi uma antiga mina de
caulim que, abandonada, virou notcia (e de triste
memria) Lagoa de Sacom, onde dezenas de jovens perderam a vida nos quentes veres da
via paulistana. um exemplo da ao privada
uma rea na Vila das Mercs, zona sul da cidade, onde foi construdo um hipermercado. Era,
tambm, uma antiga mina de caulim, situada s
margens da Via Anchieta, conhecida como Lagoa da Paramount. um exemplo de ao planejada
a Raia olmpica da Cidade universitria que foi
escavada por uma minerao de areia conforme
determinava o projeto.
PeDreirAS UrBANAS COMO DePSitO De iNerteSEntretanto, muitas reas de minerao
serviram como locais onde eram jogados
os dejetos que a cidade de So Paulo
produzira. Vrias lagoas nas margens do Rio Tiet originadas pela extrao de areia foram
aterradas com lixo no tratado sem nenhum
cuidado. Na criao do Parque Ecolgico do
Tiet, vrios exemplos desse pssimo hbito
foram observados. os administradores da
cidade no podem ser culpados por isso, j
que a preocupao com meio ambiente fato
relativamente recente. Antes de 1970, ningum
se preocupava com isso.
Mesmo em relao utilizao de pedreiras, o caso da Itaquera no
pioneiro. Em meados da dcada de
70, utilizou-se uma cava de uma antiga pedreira, a Pedreira Mantiqueira, localizada na zona norte, como destino final de lixo domstico. Mesmo no podendo ser considerada uma situao ideal, no lixo
da Vila Albertina, foi utilizada uma tcnica de deposio em que as camadas de lixo
eram separadas por camadas de material
argiloso e tubos foram colocados para
retirar o gs que a decomposio do lixo
orgnico produzia. Era o que se dispunha de tecnologia na poca.
uma situao parecida com a da Itaquera
o caso do depsito de inertes utilizado pela Prefeitura at recentemente, o de Itatinga.
Neste local, na zona sul da cidade, funcionou a pedreira Itatinga. o fim da atividade de
extrao foi causada pela formao de uma
favela em propriedades ao redor da pedreira,
principalmente, na parte superior da face mais
alta da cava. A pedreira no podia mais se
expandir e se criou uma situao de perigo. o
local foi transformado em local de depsito de
entulho de construo civil, onde tambm foi
feita uma instalao para permitir a reutilizao deste material (ver Areia & Brita n 7).
Todos os exemplos citados demonstram
que a extrao mineral em rea urbana nada
mais nada menos do que um uso transitrio do
solo. Encerrado o ciclo extrativo, a rea pode ser
reaproveitada para diversos fins. o n 5 da Areia
& Brita traz exemplos da Regio Metropolitana de Curitiba.
Evidentemente, um dos usos mais
adequados para pedreiras a sua utilizao como depsito de material inerte, pois se
trata de um novo uso transitrio que pode
criar melhores condies para o uso futuro
do terreno reabilitado. o diretor da Pedreira
Itaquera, Marcelo Hachem, diz que este tipo de uso quase se impe naturalmente.
Entretanto, alerta que o uso de pedreira
para este fim deve ser muito bem planejado.
Para Hachem, uma cidade do porte de So Paulo necessita de somente uma rea de
depsito de entulho com as dimenses da
cava de sua pedreira. Argumenta que uma
reutilizao planejada deve prever que o aterro deve ser desativado em um perodo
no muito longo, no mximo, seis anos,
o que possibilita retorno financeiro mais
rpido para o proprietrio da rea. A cava
de Itaquera dever estar aterrada em cinco
anos. Se existirem trs ou quatro reas de
depsito, a vida til de cada uma ser de
15, 20 anos, com todos os inconvenientes
e sem nenhum retorno social e financeiro,
diz. Segundo Hachem, um uso planejado de pedreiras para este fim deve prever identificar
as cavas com caractersticas adequadas e
prever seu uso seqencial de preferncia
das mais prximas para as mais afastadas,
observando-se o custo de transporte e a
vida til da jazida.
32 | Anurio AnepAc 2010
o aterro de resduos inertes de Itaquera foi iniciado oficialmente em 22 de outubro ltimo. A responsabilidade de receber e selecionar o resduo, operar e
administrar o aterro da Construtora Queiroz Galvo, vencedor da licitao aberta pela
Prefeitura Municipal de So Paulo. Todo o entulho e todo o material escavado no
contaminado gerados dentro do municpio
devero ser encaminhados para o aterro de
Itaquera.
o primeiro passo para que o material
inerte pudesse comear a ser depositado foi a
impermeabilizao da rocha do fundo da cava da pedreira com argila para assegurar que o lenol
fretico no seja contaminado. Foram utilizados cerca de 40.000 m3 de material argiloso retirado do bota-fora, local para onde foi encaminhado o
material terroso que capeava a rocha durante os
anos de explorao comercial da pedreira.
o entulho lanado na cava onde
cuidadosamente compactado com o objetivo
de ampliar a vida til do aterro, alm de permitir
que, aps o fim da atividade, a rea possa ser
utilizada para empreendimentos comerciais. o processo de compactao praticamente
o mesmo usado em compactao de aterros
rodovirios. Entretanto, dado heterogeneidade
do material recebido (entulho, restos de
construo, material escavado, etc.), sua
compactao muito difcil e o resultado no
pode ser comparado a aterros mais comuns.
Espera-se, contudo, que, pela movimentao
vertical do macio aterrado, os efeitos da
compactao inadequada seja minimizados.Para a compactao, so utilizados o com-
pactador vibratrio p-de-carneiro dynapac CA
25 e trator de esteiras, alm de equipamentos de
apoio como p carregadeira, retroescavadeira e
caminhes-pipa. A taxa de compactao mnima
que deve ser conseguida de 1,2 kg/m, o que
permitiria a construo de edificaes de at dois
pavimentos. Para propiciar a reciclagem do mate-
rial que chega ao aterro, a instalao de recicla-
gem que existia no aterro de Itatinga dever ser
transferida para Itaquera.
DRENAGEM DAS GUASoutro ponto muito importante para que o
aterro seja bem executado o sistema de drena-
gem. Durante a impermeabilizao inicial do fun-do da cava da pedreira, tornou-se o cuidado de
O AterrO De iNerteS De itAqUerA
direcionar o fluxo das guas para um nico pon-
to de acumulao e captao, onde est sendo
construdo uma caixa e instalado um sistema de
bombeamento. O sistema utiliza bombas sub-mersveis que recalca a gua depositada a uma
altura de cerca de 90 m para fora da cava atra-
vs de uma chamin de 1,20 m de dimetro. As
guas pluviais vo percolar atravs do material
inerte com facilidade dada a sua granulao e
vo ser captadas e direcionadas para este siste-
ma. Alm da drenagem principal, outras vo ser
executadas durante a construo do aterro, ora
com o emprego de drenos cegos brita gradu-ada envolvida por bidim ora com a construo de valas a cu aberto, todas elas direcionadas
para o ponto de captao principal.
A OPERAO DO ATERROA entrada dos resduos inertes feita
pela antiga entrada da pedreira, situada na
Av. Itaquera. os caminhes caambeiros
ou basculantes percorrem cerca de 200 m
de acesso pavimentado at a entrada do
aterro. Ali foram instaladas duas balanas
Entrada para o aterro
Vista do aterro: na parte baixa a direita construo do dreno.
Anurio AnepAc 2010 | 33
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a
eletrnicas de 600.000 kg de capacidade cada, ligadas aos computadores da Companhia de
Processamento de Dados do Municpio de So Paulo Prodam. Elas controlam e medem a entrada do material para que a Prefeitura
Municipal possa acompanhar a construo do aterro e fazer os pagamentos para a Queiroz Galvo pelo servio. Este sistema foi instalado
pela Prodam e por ela controlado.
Para que todo o complexo de trabalho
do aterro pudesse ser instalado, a antiga
instalao de britagem foi desmontada,
escritrios e oficinas reformados, de mode
a dar todo o conforto para que vo trabalhar
no aterro, desde os administradores e
trabalhadores do aterro at os fiscais que vo
fazer o monitoramento do aterro. A capacidade de armazenamento do aterro
de Itaquera de cerca de 4.600.000 toneladas de material inerte classe III. Sua vida til prevista
de cinco anos.
MONITORAMENTOPor tratar-se de um aterro de materiais
inertes, o monitoramento mais simples, j que
no h formao do chorume liquido que se forma na decomposio do lixo orgnico. Para
Edson de Baptisti, gerente do aterro, o potencial
de poluio quase no existe no aterro de inertes.
Mesmo havendo contaminantes no interior da massa, sua concentrao pequena, conclui.
No caso do aterro de Itaquera, o
monitoramento uma atividade que visa
estabelecer parmetros de controle para
acompanhar o projeto como um todo. Isto
permitir que aes preventivas e corretivas
sejam tomadas pelas equipes de geotecnia
e de controle ambiental. Engenheiros
especializados faro visitas tcnicas peridicas para verificar as condies de
execuo do projeto. No monitoramento,
sero feitos relatrios tcnicos em que todos
Caminhopipa usado no controle da poeira.
os aspectos verificados so analisados, aes
que devero ser tomadas indicadas, solues
para os problemas do aterro equacionados.
Tudo isso ser ainda complementado com
documentao fotogrfica de todas as fases
de execuo do aterro.
PREOCUPAO COM A COMUNIDADE
A construo do aterro foi amplamente
discutido com a comunidade que a
circuvizinha.todas as explicaes sobre o tipo de material que ali seria depositado
foram dadas, as vantagens e desvantagens
expostas. o projeto continua a gerar
um grande trfego de caminhes como
acontecia com a operao da pedreira, com
a sensvel diferena de que antes se tratavam
de grandes carretas transportando brita.
os caminhes que transportam entulhos e
material escavado so de menor porte. de
qualquer forma, o trfego cria transtorno
e insegurana para comunidade. Essa
insegurana fica ainda mais realada pela
existncia de uma escola bem em frente
ao porto principal do aterro. Para prevenir
possveis acidentes, as vias de acesso
foram sinalizadas e as condies em frente escola melhoradas com a colocao de
guias e caladas. observe-se que a avenida
Itaquera que serve de acesso ao aterro no
possua caladas, obrigando os pedestres
a usarem o leito carrovel. Toma-se um
cuidado especial com a limpeza para evitar-se a formao de poeira, evitando-se o
incmodo populao e ao meio ambiente.
A EMPREITEIRAA Construtora Queiroz Galvo possui
grande experincia na operao de aterros
pblicos. Na cidade do Rio de Janeiro,
opera o aterro de Gramacho para lixo
orgnico de classe 2. Ainda no Estado
do Rio de Janeiro, na cidade de Friburgo,
opera o aterro de Friburgo, tambm para
lixo orgnico classe 2.
Na cidade de So Paulo, a empresa faz a manuteno do aterro de Vila Albertina de lixo orgnico classe 2 e operava o aterro de
Itatinga para resduos ine