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2010 Anuário ANEPAC Guia de Fornecedores / Catálogo de Produtores ANEPAC Patrocínio:

Anuario-Anepac-2010

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Anuario das Mineradoras

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  • 2010

    Anurio ANEPACGuia de Fornecedores / Catlogo de Produtores

    ANEPAC

    Patrocnio:

  • Anurio AnepAc 2010 | 3

    edi

    toria

    l

    EDITORIAL

    A ANEPAC, fundada em 10 de maio de 1995,

    completa em 2010 15 anos de existncia. A

    entidade, que atua em defesa dos interesses dos

    produtores de areia e pedra britada, sucedeu a

    Associao Nacional dos Produtores de Brita

    (ANABRITA). Nesse momento importante da

    vida da ANEPAC, devem ser lembradas as

    grandes personalidades que contriburam para

    o fortalecimento do setor. Entre elas, destaca-se

    Jorge Juliano de Campos Sguin, ex-presidente

    do Sindibrita-RJ, j falecido, que lutou para a

    criao da ANABRITA e da ANEPAC.

    A ANEPAC tornou-se uma entidade respeitada no

    Pas. Suas opinies e posies tm sido externadas

    em vrios fruns, como Congresso Nacional,

    assembleias legislativas estaduais, cmaras

    municipais, etc. Entre suas conquistas esto:

    a reduo do ICMS em vrios Estados, com

    base na ao vitoriosa da Sindibrita/RJ, entidade

    coligada;

    a modificao total do Projeto de Lei 4862/98

    que, na sua redao original, permitia o

    exerccio por parte de entes pblicos (prefeituras

    principalmente) de atividade de minerao de

    agregados sem subordinao legislao

    mineral vigente;

    a realizao de dois seminrios internacionais

    sobre agregados para construo civil, que gerou

    resultados positivos superiores s expectativas

    e reuniu representantes de associaes de

    produtores de agregados da Europa, Amrica

    do Norte e Amrica Latina, de governos da

    Frana, Canad e Brasil, alm de especialistas

    estrangeiros e brasileiros; e

    a publicao da revista AREIA & BRITA, que se

    tornou o veculo mais importante de divulgao

    do setor de agregados.

    Para comemorar o aniversrio de 10 anos

    da revista, esta edio traz o primeiro anurio

    da ANEPAC, que visa oferecer ao pblico um

    instrumento de consulta para a localizao dos

    principais produtores de areia e brita do Pas.

    ANEPAC

  • 4 | Anurio AnepAc 2010

    Anurio ANEPAC Especial da Revista Areia e Brita

    ISSN 1518-4641ANEPAC ASSOCIAO NACIONAL DAS ENTIDADES DE PRODUTORES DE AGREGADOS PARA CONSTRUO CIVILRua Itapeva, 378 Cj. 131CEP 01332-000 - So Paulo-SPE-mail: [email protected]: www.anepac.org.br

    CONSELHO EDITORIALFernando Mendes Valverde Hrcio AkimotoLus Antonio Torres da SilvaOsmar Masson

    DIRETORIA PRESIDENTEEduardo Rodrigues Machado Luz1 VICE-PRESIDENTEFabio Rassi 1 DIRETOR SECRETRIOCarlos Eduardo Pedrosa Auricchio2 DIRETOR SECRETRIO Pedro Antonio Reginato1 DIRETOR TESOUREIROLuiz Eullio de Moraes Terra2 DIRETOR TESOUREIROSrgio Pedreira de Oliveira Souza DIRETORES Nilto ScapinCarlos TonioloAdemir MatheusAntero Saraiva JuniorJos Luiz MachadoFabio Luna Camargo BarrosFauaz Abdu HakMarco Aurlio EichstaedtRogrio Moreira Vieira Ednilson Ar tioliOlivo SimosoSandro Alex de Almeida

    CONSELHO CONSULTIVOAlexandre Chueire NetoOsvaldo Yutaka TsuchiyaReinaldo Renato CostaWellinghton de O.BlankMoacyr Rabello

    CONSELHO FISCALJos Ovdio de BarrosTasso de Toledo PinheiroMoacir Jos da Silva Filho

    Editada por: KOS DUBOC COMUNICAO LTDA

    EDITORA: CARLA KS DUBOC

    TEl: 011 5589-1795

    Cel: 011 9723-2506

    sum

    rio

    GuIA dE PRoduToRES do SEToR dE AGREGAdoS

    10086

    3 - EDITORIAL

    6 - 10 ANOS AREIA & BRITA

    7 - CARLOS TONIOLO

    8 - SRGIO PEDREIRA DE OLIVEIRA SOUZA

    10 - EDUARDO MACHADO LUZ

    14 - MARCOS REGULATRIOS DA MINERAO

    16 - HISTRIA DA ANEPAC

    22 - COMO VIVE UMA PEDREIRA NO MEIO DA CIDADE

    27 - VIDA, PAIXO E METAMORFOSE DA PEDREIRA ITAQUERA

    34 - ITAQUERA: DE PEDREIRA A REA REURBANIZADA

    42 - PEDREIRAS TORNAM-SE REAS PARA EDUCAO, CULTURA E LAZER

    46 - PARQUE ECOLGICO COSTA: UM CASO EXEMPLAR DE

    RECUPERAO AMBIENTAL

    56 - SEMINRIO INTERNACIONAL ATRAI MAIS DE 300 PESSOAS

    60 - II SEMINRIO SOBRE AGREGADOS PARA CONTRUO CIVIL

    74 - SEGURANA APLICADA A PLANTAS DE BRITAGEM

    77 - GuIA dE FoRNECEdoRES PARA o SEToR dE AGREGAdoS

    85 - CATLOGO DE PRODUTORES DE AGREGADOS

    A pesquisa foi efetuada a partir da indicao das empresas associa-

    das da ANEPAC, sendo que constam do catlogo as indicadas com

    informaes do questionrio e de pesquisa na Internet.

    As empresas que no constaram neste primeiro ano pedimos que

    entrem em contato para o respectivo cadastro para a 2 Edio -

    e-mail [email protected]

  • 6 | Anurio AnepAc 2010

    A revista AREIA & BRITA completou dez anos de existncia. Por isso, aproveitamos este nmero especial para relembrar algumas matrias que tiveram

    grande repercusso.

    As trs reportagens sobre a Pedreira

    Itaquera so bons exemplos. Com o

    crescimento da cidade de So Paulo,

    a empresa acabou incrustada no meio

    da megalpole, deixando de figurar na

    zona rural do municpio. Alm disso, por insensibilidade das autoridades, construiu-

    se um imenso conjunto habitacional junto

    pedreira. Mais tarde, a prefeitura quis de todas as formas impedir a companhia

    de funcionar. Com persistncia, dilogo

    e uso de tcnicas de desmonte e lavra, a

    Itaquera provou que sua existncia no era

    incompatvel com a presena de habitaes.

    Essa foi a reportagem principal do primeiro

    nmero da revista.

    Anos depois, a prefeitura municipal

    precisou de uma rea para depositar

    resduos da construo civil. dada a

    localizao privilegiada da pedreira, cerca de 30 km da Praa da S, ponto central da cidade de So Paulo, a empresa contratada

    para manusear os entulhos procurou

    os dirigentes da Itaquera e fechou uma

    parceria para a criao de um aterro de

    inertes. o projeto foi destaque da edio n

    9 da revista. Sete anos depois, preenchida

    a cava, foi iniciada uma nova fase no ciclo

    da pedreira, com o aproveitamento do

    solo criado a partir da reabilitao da rea

    minerada. A edio n 35 de AREIA & BRITA destaca a execuo do aterro e os usos

    possveis de uma rea renovada, altamente

    valorizada pela sua localizao.A histria da Pedreira Itaquera mostra

    claramente que a minerao de agregados

    para construo utiliza o solo de forma transitria e no h argumento lgico que

    justifique impedir a instalao de uma

    pedreira ou de uma minerao de areia.

    A revista sempre busca bons exemplos

    de reas de minerao de agregados

    recuperadas para outros usos. Esse

    o assunto de outras duas reportagens

    publicadas neste nmero especial.

    Curitiba, famosa pelo seu planejamento

    urbano, tem como carto-postal a pera de Arame, um belssimo teatro construdo

    sobre uma pedreira, que era propriedade

    da prefeitura municipal. Junto ao teatro

    existe tambm um espao cultural,

    batizado com o nome do poeta Paulo Leminski, que aproveita outra parte da pedreira para eventos ao ar livre. O n 3 da revista mostra no s essas estruturas, mas

    tambm outros exemplos de reutilizao de antigas pedreiras. A revista apresenta

    ainda como os representantes municipais

    e estaduais encaram o planejamento

    urbano de Curitiba. desde a dcada de

    70, sucessivas administraes municipais

    buscam cumprir um plano estratgico para

    a cidade, contando tambm com o apoio

    de administradores estaduais.

    As mineraes de areia tambm tm

    belos exemplos de recuperao ambiental.

    A edio n 17 de AREIA & BRITA relata a recuperao de uma antiga rea de

    minerao de areia, localizada na regio metropolitana de Curitiba, na vrzea do rio Iguau: o Parque do Costa, que se tornou

    rea de lazer para a populao da cidade.Tambm fazem parte da retrospectiva

    as reportagens sobre dois grandes eventos

    organizados pela ANEPAC: os Seminrios Internacionais sobre Minerao de Agregados para Construo Civil, realizados em outubro de 2001 (edio n 16), sob o tema O Futuro da Minerao de Agregados, e em outubro de 2004 (edio n 28), tendo como mote A Minerao de Agregados e o desenvolvimento Sustentvel. Ambos os

    eventos foram realizados em Campinas, SP, e contaram com a presena de produtores de

    areia e brita de pases da Amrica do Norte,

    Amrica Latina e Europa, bem como tcnicos de renome e representantes de fabricantes

    de mquinas e equipamentos e de servios.

    10 ANOS AreiA & BritA

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    Carlos Toniolo, diretor das empresas Saibrita Minerao e Construo e Ponte Alta Minerao, de Santa Catarina, atua no segmento de pedra e areia h 32 anos. Foi um dos fundadores da Associao Nacional dos Produtores de Brita (Anabrita), entidade que reuniu as associaes e sindicatos dos produtores de brita do Brasil e propiciou a criao da Associao Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construo Civil (Anepac), que, alm dos produtores de brita, passou a representar empresas de areia, com o intuito de divulgar a importncia do segmento de agregados para o desenvolvimento do Pas.

    Toniolo foi o primeiro presidente da Anepac e ocupou o cargo por dois anos e meio. Na sua gesto, foi lanada a revista Areia & Brita, que relata as

    dificuldades e a importncia do setor. durante seu mandato, ele encontrou-se com o ento vice-presidente da Repblica, Dr. Marco Maciel, atual senador pelo Estado de Pernambuco, e entregou-lhe um documento com a posio do setor de agregados para construo em relao economia.

    Ele foi tambm por dez anos presidente do Sindicato da Indstria de Extrao de Pedreiras de Santa Catarina (Sindipedras/SC). Nesse perodo, participou de negociaes polticas que reduziram, por Decreto Lei, atravs de um convnio estadual, a alquota do ICMS da pedra e da areia para 7%.

    Atualmente, Toniolo diretor da Anepac e tambm da Federao das Indstrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), a qual o indicou para o Conselho de Minerao da Confederao Nacional da Indstria (CNI).

    CArLOS tONiOLO

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    Srgio Pedreira de Oliveira Souzacontribuio e contestao de projetos de lei municipais e estaduais; atendimento a solicitaes de rgos pblicos, como DNPM, Secretaria de Minas e Metalurgia e prefeituras, entre outros.A entidade tambm incentiva programas de desenvolvimento, principalmente os direcionados habitao, infra-estrutura e saneamento. Prioriza a capacitao pro-fissional como fundamento para evoluo da produtividade e competitividade das empresas; apia programas de pesquisas para aperfeioamento tecnolgico; realiza convnio com rgos como o Cetem; e ainda promove e participa de eventos da construo civil e do setor mineral.

    Quais as principais aes nos ltimos quatro anos?uma das preocupaes a imagem insti-tucional do setor, o que motivou a criao da revista AREIA & BRITA, que tem tiragem de cerca de 4000 exemplares. Alm disso, lutamos em favor da reduo da excessiva carga tributria; acompanhamos projetos de lei que poderiam causar danos irrepa-rveis ao setor nas diversas esferas do Po-der Legislativo; impetramos aes judiciais para garantir nossos direitos; e nos preocu-pamos com a legislao mineral e ambien-tal, sempre buscando a garantia do desen-volvimento sustentvel, o que pressupe crescimento econmico com preservao do meio ambiente e da qualidade de vida. outra ocupao a difuso de novas tec-nologias e equipamentos que nos permi-tam obter ganhos de qualidade e produti-vidade para melhor servir nossos clientes. Para tanto, temos aproximado fabricantes de equipamentos, softwares e consultores dos produtores de areia e pedra britada.Tambm trabalhamos para a norma-tizao do setor, com a elaborao de normas que comporo um manual de agregados, bem como por um plane-jamento do uso do solo, j que somos uma minerao tipicamente urbana, e por isso sofremos presses e concor-

    Exerceu vrios cargos na Federao das Indstrias do Estado da Bahia (FIEB) e tambm foi presidente do Sindicato de Extrao de Pedreiras no Estado da Bahia (Sindibrita-BA) no perodo 1993-2009. Atualmente, ocupa o cargo de 1 vice-presidente da FIEB e representante da entidade junto ao Ibama e na Comisso de Minerao do CNI, alm de presidente do Sindicato da Indstria de Minerao de Calcrio, Cal e Gesso do Estado da Bahia (Sindical-BA). Trabalhou de 1972 a 1987 na odebrecht e, desde ento, ocupou vrios cargos na Peval (Pedreiras Valria S.A.). Hoje, diretor da Peval Investimentos.

    Como foi sua gesto na presidncia da ANEPAC?Naquele perodo, a ANEPAC enfrentou o pior momento do setor de areia e pedra britada, insumos que se caracterizam pelo baixo valor e grandes volumes produzidos. Em 2002, foram produzidas no Brasil 386 milhes de toneladas de agregados para construo civil -- montante 3,26% inferior ao de 2001. Desse total, 156,4 milhes de toneladas foram de pedra britada e 229,6 milhes de toneladas de areia. So Paulo, o principal produtor, respondeu por 32,8% da produo nacional. Os fabricantes de material de construo, em geral, movimentam R$ 52 bilhes por ano e o mercado de agregados cerca de R$ 6 bilhes.

    A seu ver, qual a importncia da entidade para o segmento?A ANEPAC participa de diversos grupos de trabalho ou comisses que tenham relao direta com a atividade mineral, contribuindo com estudos tcnicos para aperfeioar normas e leis existentes ou diminuir o alcance de aes prejudiciais minerao e rea de agregados, tanto nacional quanto regional. So trabalhos como: cobrana pelo uso da gua; normas para uso de explosivos; alterao da legislao minerria e ambiental e

    A ANEPAC - Associao Nacional

    das Entidades de Produtores

    de Agregados para Construo

    Civil foi presidida, no perodo

    2000/2004, por Srgio Pedreira de

    Oliveira Souza. Nascido em 17 de

    setembro de 1948, em Salvador

    (BA), Souza administrador,

    formado em 1972 pela Escola de

    Administrao da universidade

    Federal da Bahia.

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    rncia pelo uso do solo nas reas das reservas minerais e suas adjacncias por atividades concorrentes e incompa-tveis com a minerao. Lutamos ainda por capitais para financiar nossas ativi-dades, os quais tm sido escassos e ca-ros. Alm disso, realizamos, com grande sucesso, o I Seminrio In-ternacional sobre Agrega-dos para Construo Civil com o tema o futuro da minerao de agregados.

    Como o senhor, que atuou como presidente da ANEPAC, avalia a questo do futuro do associativismo no setor de agregados? fundamental para o desenvolvimento do se-tor que avancemos na questo do associativis-mo, ampliando a base de associados da ANEPAC e assim fortalecendo sua representatividade, de forma a influir na agenda nacional e criar um am-biente favorvel aos ne-gcios e ao crescimento econmico. o associati-vismo uma questo de sobrevivncia, principal-mente para as pequenas e mdias empresas.o presidente da CNI, Armando Monteiro, afirmou certa vez que s com estruturas sindicais fortes e atuantes poderemos criar o ambiente favorvel aos negcios e ao crescimento econmico. o associativismo pode contribuir de maneira significativa na defesa dos interesses de qualquer segmento empresarial, pois permite vencer desafios que so difceis de serem superados por empresas em separado.

    Em pases, como o Brasil, onde o setor de agregados muito grande e importante, como o senhor avalia a relevncia de uma associao como a ANEPAC para defender a legislao e interesses do setor? de fundamental importncia, pois

    construo civil neste ltimo ano. O que o Brasil, como pas emergente, pode esperar em investimentos e crescimento no setor de construo civil nos prximos anos?o governo brasileiro adotou vrias medidas anticrise, em especial no

    fomento de habitao, inclusive a popular, por meio do programa Minha Casa Minha Vida e tambm no avano dos financiamentos para a habitao, como tambm no campo de infra-estrutura, com a agilizao de algumas obras do PAC. os eventos mundiais que sero realizados no Brasil nos prximos anos, como a Copa do Mundo e as olimpadas, demandaro obras de construo civil. Assim, vejo com bastante otimismo o crescimento do setor nos prximos anos.

    Como o senhor define a relao do setor de construo civil e dos agregados com as crescentes preocupaes acerca do desenvolvimento sustentvel?o compromisso com a susten-tabilidade fundamental para a sobrevivncia, o crescimento e a perpetuao das empresas.

    o setor deve estar comprometido com o desenvolvimento econmico e social do Pas, respeitando o meio ambiente.

    Quais foram as principais conquistas da associao nos ltimos anos?A ANEPAC tem realizado grandes conquistas nos ltimos anos. Talvez a principal seja o reconhecimento da sociedade como legtima representante do setor de agregados para a construo civil.

    a associao deve ser a interlocutora do setor com os poderes executivo, legislativo e at mesmo, nos casos especiais, com o judicirio.A ANEPAC tem um planejamento estratgico com objetivos bem definidos e tambm um programa de ao.

    Pases desenvolvidos, como os Estados Unidos e muitos na Europa, sofreram um baque na indstria da

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    1. Como o senhor, como presidente da ANEPAC, avalia a questo do futuro do associativismo no setor de agregados?O associativismo a razo primeira da existncia da ANEPAC. As empresas perceberam, num primeiro momento, que suas respectivas dificuldades na defesa do setor exigia experincias e conhecimentos multidisciplinares, quase sempre nunca presentes numa mesma corporao de forma integral. assim

    que descobrem-se como parceiras para interesses comuns, juntam esforos, experincias e, com isso economizam tempo, ganham agilidade, fortalecem-se e, principalmente, melhor direcionam esforos para alavancar desde as mais simples at as mais complexas solues para seus problemas tcnicos, operacionais e de gesto institucional. dessa forma, congregar entidades nacionais numa outra supranacional, sempre significar

    mais peso especfico para o setor que, de tradicionalmente desconsiderado no passado nas formulaes e decises poltico-setoriais, passou a ter relevante expresso em toda a indstria mineral. A ANEPAC hoje a voz do setor de agregados e assim ser no futuro - graas viso que seus idealizadores tiveram no passado de assentar-se segundo os conceitos do associativismo.

    2. Num pas como o Brasil, em que o setor de agregados muito grande e importante, como o senhor avalia a relevncia de uma associao como a ANEPAC, para defender a legislao e interesses do setor?Em um determinado momento de um passado no to distante, rocha para a produo de brita e areia para construo civil foram retirados do amparo da legislao mineral. Viveu-se um verdadeiro limbo, temporrio, porque no houve sensibilidade para entender que esses dois produtos minerais constituem a prpria base e essncia da vida do homem e esto diretamente relacionados civilizao tal qual a conhecemos hoje. Assim, a presena da ANEPAC acompanhando os projetos no Congresso, cmaras legislativas estaduais, na administrao e rgos pblicos em geral de suma importncia para que esses bens minerais possam estar disponveis em condies geogrficas, de preo, qualidade e quantidade para as mltiplas aplicaes responsveis pela manuteno e evoluo dos ndices de qualidade de vida do brasileiro. A vigilncia para que as reservas desses bens minerais no sejam esterilizadas por falta de planejamento, de viso dos legisladores e administradores pblicos tarefa da maior relevncia desempenhada pela ANEPAC.

    3. Pases desenvolvidos, como os Estados Unidos e muitos na Europa,

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    sofreram um baque na indstria da construo civil neste ltimo ano. O que o Brasil, como pas emergente, pode esperar em investimentos e crescimento no setor de construo civil nos prximos anos?As perspectivas so as melhores poss-veis. E so no s porque sobrevivemos crise - numa condio de privilegiada ateno e sem necessidade de medidas drsticas para suport-la mas porque fomos e somos parte da soluo para crises. A construo civil forte indutor de retomadas e de alavancagem da economia, como sabemos, mas aqui no Brasil h que se acrescentar que temos uma gama imensa de projetos que devem sair, crescentemente, do campo das idealizaes para o das realizaes. Carecemos de aeroportos, expanses de portos, ferrovias, saneamento bsico, melhoria dos equipamentos urbanos em geral, precisamos levar gua tratada e luz s periferias carentes, disponibi-lizar habitaes para as demandas reprimidas e tambm para aqueles que no tm condies de adquiri-las sem um programa governamental

    de financiamento, temos um nmero notavelmente relevante de carros demandando mais e mais estradas. Enfim, h muito por fazer em nosso pais e, para isso, temos de esperar esses investimentos e as perspectivas so de que eles cheguem num ritmo crescente. Eventos como a Copa do Mundo, programas habitacionais, ampliao de portos e aeroportos, constituiro parte desses investimentos que esto chegando e assim continuaro em funo dessa necessidade de crescimento que tem o pas.

    4. Como o senhor define a relao do setor de construo civil e dos agregados com as crescentes preocupaes acerca do desenvolvimento sustentvel?os agregados j so hoje, de forma crescente, reaproveitados no setor de construo civil. Mas a reciclagem, que ganha corpo e expresso neste momento no Brasil, no a nico foco de ateno. Constitui preocupao presente do setor de agregados maximizar o aproveitamento das ja zidas minerais, aplicando conceitos

    de extrao tecnologicamente compatveis com a preservao ambiental do entorno, com a conscincia de que uma jazida parcialmente aproveitada - ou subaproveitada significa esterilizar uma riqueza mineral que, como se usa dizer, fruto de uma nica safra! A indstria de agregados no Brasil, hoje, produz via modernizao tecnolgica de processos e meios de extrao e beneficiamento, um produto de alta qualidade e que, encaminhado construo civil, permite tambm que esta tenha melhor rendimento na aplicao dessas matrias primas, o que significa, em suma, economizar recursos naturais ao tempo em que se produz condies mais adequadas para a qualidade de vida e para o desenvolvimento humano no pas.

    5. Que tipo de medidas podemos esperar do setor em relao justamente ao desenvolvimento sustentvel?Inmeros procedimentos fazem parte do cotidiano desse segmento industrial no atendimento ao conceito de desenvolvi-mento sustentvel. Hoje no processo de produo de brita, por exemplo, aprovei-

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    uma gran de diretriz que norteia todo esse segmento e que ainda precisa ser colocado em prtica. A ANEPAC galgou muitas conquistas, especialmente a partir da virada do milnio, com conquistas relacionadas a um tratamento mais adequado e condizente com o uso social desses bens minerais, com participao em fruns tcnicos e polticos de mbito

    nacional e internacional, com os trabalhos para melhoria da imagem do setor, fomentando a evoluo tecnolgica nos processos de la-vra, beneficiamento e preservao ambiental, dentre outros. Reputo, porm, que as duas grandes conquistas do setor podem ser resumidas na insero da minerao de brita e areia

    ta-se tudo a partir da preservao do solo orgnico que recobre a jazida. O capea-mento, constitudo de alterao de rocha (solo de cobertura), beneficiado, classifi-cado e vem constituir o produto areia para construo civil; a rocha alterada, por sua vez, o produto bica corrida e, adiante no processo, as diversas granulometrias de brita classificada. o p de pedra, que em passado recente constitua rejeito do pro-cesso de classificao, hoje um subproduto importante, a areia artificial. No se pode esquecer ainda que, ao final do processo de minerao, a cava gerada que tambm j foi um problema ambiental tem, agora, inmeras aplicaes ou finalidades. os processos de minerao j pro-gramam esse estgio com ade-quada estabilizao de taludes e conformaes finais de cavas que podem se transformar em ambiente para utilizaes indus-triais, lazer, inclusas como parte de reurbanizao local, intre-grando partes complementares de reas verdes, por exemplo. Ou seja, a mina uma vez exau-rida ter sempre uma outra fina-lidade social.

    6. Quais foram as principais con quistas da Associao nos ltimos anos?A maior conquista da ANEPAC foi, certamente, dar uma forte contribuio para inserir a indstria de agregados no cenrio da minerao nacional, transitando de um passado de quase absoluta desconsiderao do setor para um presente em que chamado a opinar e participar das grandes decises na poltica mineral nacional. o caminho para chegar aqui foi rduo, mas hoje o setor j tem um Pla no Nacional de Agregados,

    no cenrio da minerao nacional, bem como o reconhecimento da importncia do setor para a melhoria da qualidade de vida da populao e consequente necessidade de se ter um planejamento de uso e ocupao do solo adequados para ter preservadas essa indispensvel fonte de suprimento de minerais para o pas.

    7. Algumas consideraes finais?Como comentrio final sobre a indstria de agregados res-salto apenas que tal como o associativismo foi funda-mental para o fortalecimento do setor de agregados, uma nova figura presente no am-biente da minerao cada vez mais indispensvel para a harmonia e longevidade dessa indstria. Como areia e brita, pelo seu baixo valor agregado, precisam estar prximos dos grandes centros de consumo e esto muitas vezes inseri-dos na periferia das grandes cidades, fundamental que a expanso urbana, feita sob um planejamento adequado, no avancem sobre as jazidas antes que elas possam ser exauridas. Protegida a jazida, conduzida a minerao sob a gide do desenvolvimento sustentado, estar tambm emitida a licena social. Esse

    ente, que no novo porm foi muito des-considerado no passado, o que permite o reconhecimento por parte da comunida-de da importncia dessa atividade. Nosso trabalho e meta para que toda a inds-tria de agregados conquiste tambm essa modalidade de licena, no institucionali-zada, mas fundamental para o sucesso de nosso setor.

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    A agenda para a minerao em 2010 prev o envio de Projeto de Lei ao Congresso Nacional que deve trazer grandes modificaes no sistema de outorga mineral. Entre os pontos centrais

    que balizam essas modificaes, est o fortalecimento da ao do Estado na

    regulao do setor mineral.

    Este ponto, por si s, j traz uma grande preocupao para o setor mineral. o que

    significa esse fortalecimento do Estado na

    regulao? Pelo que tem sido ventilado, vai

    haver uma maior ao intervencionista do

    Estado. Como exemplo, podemos citar a

    futura agncia que vem substituir o DNPM Agncia Nacional de Minerao (ANM) - com poderes para definir os parmetros e

    metas para o aproveitamento dos recursos

    minerais. O que isso quer dizer? O produtor mineral no ter liberdade para produzir?

    o uso de conceitos similares tambm

    assusta. Acesso democrtico s reas

    de interesse para o aproveitamento

    mineral; ao regulatria compartilhada

    e multidisciplinar; estabelecer, quando

    couber, ndice obrigatrio de aquisio

    de bens e servios em territrio nacional

    para as atividades de minerao; definir

    o investimento mnimo anual obrigatrio

    para a fase de pesquisa; decidir sobre

    os conflitos entre os agentes econmicos

    do setor de minerao so algumas

    das expresses usadas. Esperamos que

    elas no constem do Projeto de Lei, pois alguns so pouco claros, dando ensejo a

    vrios entendimentos, enquanto outros so

    claramente intervencionistas.

    Ao contrrio do setor energtico, a

    minerao pouco dependeu da ao do

    Estado para desenvolver-se. A presena

    de companhias estatais na minerao,

    mesmo quando empresas como Vale do Rio doce e quase todas as siderrgicas

    eram estatais, sempre foi minoritria.

    Pequenas, mdias e grandes empresas do

    setor mineral sempre investiram quando

    as oportunidades surgiam, abastecendo o

    mercado brasileiro e exportando.

    Com a privatizao, o setor mineral fortaleceu-se muito mais, demonstrando

    cabalmente que a iniciativa privada muito

    mais competente e eficiente. Ironicamente, a

    jornalista Snia Racy, do jornal o Estado de So

    Paulo, escreveu que, segundo um economista

    que fez as contas, a Vale do Rio Doce foi a empresa que mais nacionalizou no Brasil durante a ltima dcada. Foram 16 empresas que, juntas, representaram investimentos da

    ordem de US$ 23 bilhes. Nem a Petrobras gastou tanto nesse tipo de compra. Ento,

    a preocupao dos nacionalistas com a

    privatizao no tem razo de ser, muito pelo contrrio. A Vale privatizada fez o que a Vale estatal no poderia fazer.

    Preocupa sim, e muito, o discurso antigo

    contra a presena do capital estrangeiro na

    minerao. Esse discurso, que infelizmente teve sucesso na Constituinte, significou

    a sada de grandes investidores do pas,

    resultando em desemprego de centenas de

    profissionais, altamente qualificados, que no

    encontraram no mercado de trabalho muito

    reduzido oportunidade para emprestar toda sua experincia para o desenvolvimento da

    minerao brasileiro.

    Modificaes radicais trazem de-sassossego aos que pretendem investir. A

    minerao, para desenvolver-se, precisa de

    regras claras e duradouras que no estejam

    sujeitas aos humores dos governantes da vez. Todos sabem que o perodo de maturao de

    um projeto mineral longo, portanto sujeito

    a mudanas do cenrio econmico. Todos

    sabem tambm que estipular prazos para a vigncia de concesses trazem desestmulo a projetos de longo prazo. Com prazo mximo de 35 anos de concesso, o pas corre o risco de ver suas jazidas dilapidadas, pois, na incerteza, a empresa vai buscar o maior retorno possvel

    e, com isso, lavrar preferencialmente as partes

    mais ricas da jazida. A prpria industrializao do bem mineral, com maior agregao de valor,

    tambm corre risco. Siderrgicas, metalrgicas,

    fbricas de cimento, indstria cermica e de

    vidro no so construdas para horizontes to curtos como os sugeridos.

    Alm, do prazo de lavra, desconfia-se que a frmula de contratos de concesso

    deve trazer mais restries para a livre iniciativa. Provavelmente, a empresa estar

    amarrada a condies que sero impostas

    por burocratas. Nada disso est claro, mas

    tudo indica que sim. Nova taxa tambm

    est sendo criada, alm dos que j existem:

    taxa de ocupao ou reteno de rea.

    MArCOS reGULAtriOS DA MiNerAO

    Fern

    ando

    Men

    des

    Valv

    erde

  • Anurio AnepAc 2010 | 15

    retr

    ospe

    ctiv

    a

  • 16 | Anurio AnepAc 2010

    HiStriA DA ANePAC eM iMAGeNS

    A ANEPAC foi fundada em 10 de maio de 1995. Est completando, em 2010, 15 anos de existncia em defesa dos interesses dos produtores

    de areia e pedra britada. Ela sucedeu a

    Associao Nacional dos Produtores de

    Brita (ANABRITA), como representante

    nacional dos produtores. Para relembrar

    a luta da ANEPAC para tornar-se uma

    entidade respeitada no s na rea da

    minerao brasileira mas tambm da

    cadeia da construo civil, nada melhor

    do que imagens que registram seus

    representantes em misses em busca

    de conquistas para o setor produtor de

    agregados para construo e em inmeros

    eventos em que participaram.

    uma das grandes personalidades que

    contriburam para o fortalecimento do setor

    de agregados foi Jorge Juliano de Campos

    Sguin, ex-presidente do Sindibrita-RJ, j

    hist

    ria

    Jorge Sguin, presidente da Anabrita, discursa em Assemblia Geral da Anabrita

  • Anurio AnepAc 2010 | 17

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    falecido, que batalhou para a criao da

    ANABRITA e da ANEPAC. Ele aparece em

    dois momentos importantes: presidindo

    uma Assemblia da ANABRITA no Rio de

    Janeiro e participando do lanamento da

    Revista Areia & Brita no stand da ANEPAC

    no Congresso Brasileiro de Minerao em

    Belo Horizonte.

    outra figura que ajudou muito nos

    primeiros anos da ANEPAC foi o senador

    pelo Rio Grande do Norte dario Pereira.

    Sua ao poltica facilitou a marcao de

    Encontro da Diretoria da ANEPAC com a ministra Dilma Roussef

  • 18 | Anurio AnepAc 2010

    audincia com o ento vice-presidente da

    Repblica Dr. Marco Maciel. Ele aparece

    em foto tirada durante essa audincia,

    assim como no lanamento da Revista

    Areia & Brita.

    A ao poltica um fator importante

    para a ANEPAC. Marcar presena e tornar

    conhecida a atividade de extrao de areia

    e pedra britada so dois dos objetivos

    buscados por seus representantes. Embora

    seja o produto mineral mais consumido no

    mundo, poucos sabem como o agregado

    mineral produzido e a luta que seus

    produtores enfrentam para tornar vivel

    sua atividade. Ento a ao poltica

    fundamental e os dirigentes da ANEPAC

    procuram fazer chegar seus propsitos e

    reivindicaes s mais altas autoridades.

    dois exemplos ilustram bem essa ao

    poltica. A audincia com o vice-presidente

    da Repblica Marco Maciel e a audincia

    com a ento Ministra de Minas e Energia

    dilma Roussef. Tambm a ao poltica junto

    a autoridades estaduais e municipais no

    esquecida. dirigentes da ANEPAC foram

    recebidos por prefeitos de capitais como

    a prefeita de Florianpolis ngela Amin, o

    prefeito de So Paulo Celso Pitta, secretrios

    Senador Dario Pereira, Jorge Sguin, Sergio Pedreira, Pedro Couto e Osmar Masson no lanamento da revista Areia e Brita noCongresso Brasileiro de Minerao

    Prefeita de Florianpolis Angela Amin recebe diretores

    da ANEPAC

    Dep. Ricardo Izar entrega prmio a Luiz Eullio Moraes Terra

  • hist

    ria

    Assemblia Geral da ANEPAC em Natal, Rio Grande do Norte

    audincia com o ento vice-presidente da

    Repblica Dr. Marco Maciel. Ele aparece

    em foto tirada durante essa audincia,

    assim como no lanamento da Revista

    Areia & Brita.

    A ao poltica um fator importante

    para a ANEPAC. Marcar presena e tornar

    conhecida a atividade de extrao de areia

    e pedra britada so dois dos objetivos

    buscados por seus representantes. Embora

    seja o produto mineral mais consumido no

    mundo, poucos sabem como o agregado

    mineral produzido e a luta que seus

    produtores enfrentam para tornar vivel

    sua atividade. Ento a ao poltica

    fundamental e os dirigentes da ANEPAC

    procuram fazer chegar seus propsitos e

    reivindicaes s mais altas autoridades.

    dois exemplos ilustram bem essa ao

    poltica. A audincia com o vice-presidente

    da Repblica Marco Maciel e a audincia

    com a ento Ministra de Minas e Energia

    dilma Roussef. Tambm a ao poltica junto

    a autoridades estaduais e municipais no

    esquecida. dirigentes da ANEPAC foram

    recebidos por prefeitos de capitais como

    a prefeita de Florianpolis ngela Amin, o

    prefeito de So Paulo Celso Pitta, secretrios

    Diretores da ANEPAC em audincia com o ento vicepresidente da Republica Marco Maciel em Braslia

    Assemblia Geral da ANEPAC em Belo Horizonte

  • 20 | Anurio AnepAc 2010

    estaduais e municipais, deputados federais

    e estaduais. Meno especial deve ser

    feita ao deputado federal Ricardo Izar,

    falecido em 2009, que apresentou diversas

    moes e projetos em favor dos produtores

    de agregados e que, como presidente

    da Comisso de defesa do Consumidor,

    Meio Ambiente e Minorias e sabedor das

    vrias aes de preservao ambiental

    desenvolvida pelos mineradores de areia e

    pedra britada, incentivou essa prtica com

    a outorga do ttulo Prmio Preservao

    Ambiental para as empresas com alto nvel

    de preservao do meio ambiente.

    Dep. Paulo Kobayashi recebe diretores da ANEPAC

    Dep. Ricardo Izar

    Prefeito de So Paulo Celso Pitta recebe diretores da ANEPAC

  • Anurio AnepAc 2010 | 21

    retr

    ospe

    ctiv

    a

  • 22 | Anurio AnepAc 2010

    A atividade de minerao em Itaquera se confunde com a prpria histria do bairro. o nome Itaquera, de origem Tupi-Guarani, significa pedreira, ou local

    onde se extrai pedra. o local onde funciona

    COMO ViVe UMA PeDreirA NO MeiO DA CiDADe

    A PEDREIRA J FUNCIONA NO LOCAL H MAIS DE TRINTA

    ANOS QUANDO CONSTRURAM O CONJUNTO

    HABITACIONAL.

    atualmente o empreendimento utilizado para a explorao de granito desde meados do

    sculo XIX, quando a jazida de Itaquera fornecia as pedras da cantaria para suprir as obras civis

    na florescente So Paulo de Piratininga.

    Foi o comeo da dcada de 50 que a

    Pedreira Itaquera S.A iniciou sua atividade

    de explorao mineral e produo de brita,

    j de maneira mecanizada, com a utilizao de equipamentos de maior porte. Na poca,

    a ocupao do local ainda se mostrava

    insignificante, ou melhor, era uma fazenda totalmente desabitada. Com o tempo, foram

    surgindo pessoas ao redor da pedreira,

    depois casas, um conjunto habitacional, que

    um dos maiores da cidade. A partir dessa

    data, o loteamento de reas perifricas definiu

    o tipo de expanso urbana processada em

    So Paulo. A ocupao da regio de Itaquera

    surgiu esta lgica e hoje, uma das periferias

    mais adensadas da cidade. E, depois de 40 anos, tornou-se a pedreira mais urbanizada do Pas.

    o local onde est instalada atualmente a

    pedreira Itaquera , possivelmente, um dos

    mais antigos utilizados para a explorao de granito na Regio Metropolitana de So Paulo. o chamado granito Itaquera, existente

    no local, na verdade parte de um corpo

    semi-circular que, como vrios outros, ocorre

    ao redor da bacia Terciria de So Paulo, na

    qual se situam as reas centrais da cidade.

    Assim, nas ltimas quatro dcadas, a

    pedreira de consolidou como importante

  • Anurio AnepAc 2010 | 23

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    fornecedor de agregados para o vido

    mercado de construo civil da capital

    paulistana e cidades vizinhas. Este fato deve-se principalmente sua localizao privilegiada, pois tendo a pedra britada um

    baixo valor unitrio, se compararmos com

    outros produtos minerais, as distncias

    de transporte e o seqente custo do

    frete assumem um peso fundamental na

    composio do preo do produto colocado

    na obra.

    PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA PEDREIRA ITAQUERA

    dos principais efeitos e impactos

    ambientais potencialmente causados por

    uma minerao em rea urbana, no caso

    da Pedreira de Itaquera, sobressaem

    aqueles relacionados perCEPo da

    populao residente no entorno imediato.

    Assim, constituem-se em causas de

    desconforto ambiental, a vibrao do solo

    e a sobrepresso atmosfrica causadas

    pelo desmonte de rocha, bem como a

    gerao de material fragmentado a partir das

    operaes de diminuio e classificao,

    alm do impacto visual causado pela prpria

    alterao da topografia e movimentaes de

    terra inerentes a qualquer atividade mineraria

    a cu aberto.

    durante vrios anos, a pedreira Itaquera se

    constituiu em fonte de reclamaes por parte

    da vizinhana, principalmente no que se refere vibrao e sobrepresso atmosfrica.

    Na poca em que se comeou a

    construir um grande conjunto habitacional

    em Itaquera, (COHAB), a pedreira j operava no local a mais de 30 anos. A CETESB, rgo responsvel pelo

    licenciamento das atividades, proibiu a

    implantao desse condomnio.

    Mesmo assim, por motivos polticos, o Conjunto Habitacional foi construdo contra as determinaes da CETESB. depois da

    construo desse conjunto, tentou-se fechar

    a pedreira que ocorreu ao judicirio, foi ao

    Supremo Tribunal e manteve o direito de

    funcionamento, uma vez que ela j existia quando da construo do conjunto.

    o Supremo disse ento que havia

    incmodo populao, mas como a COHAB/Itaquera havia sido feita revelia de outros

    rgos, a pedreira deveria ser desapropriada

    pela prefeitura, que deveria pagar seus direitos

    para cessar suas atividades.

    A prefeitura no fez na ocasio e ficou, de lado, a comunidade, de outro, a pedreira e o

    conflito no meio.

    A partir do final da dcada de setenta,

    no entanto, a Pedreira Itaquera S.A iniciou a

    modificao deste panorama, contratando

    tcnicos especializados para gerncia de suas atividades e efetuando investimentos

    na rea de controle ambiental. Entre eles

    investimentos, pode-se relatar principalmente

    a instalao de um sistema de asperso de

    gua na unidade de britagem e classificao,

    o que reduziu significativamente a quantidade gerada de material fragmentado. outra

    alterao foi a adoo, de um planejamento

    de lavra e de um plano de fogo de maior

    nvel de segurana, com a reduo da

    aquele ano, 19 mediaes, todas no mesmo

    ponto o piso de edifcio residencial mais prximo da frente da lavra, a 200m e com cargas por espera variando entre 27 e 46 kg. os resultados de velocidade de partcula

    sempre estiveram bem abaixo dos valores

    preconizados pela norma da ABNT, o mesmo acontecendo com a sobrepresso, exceto

    em dois casos, o que pode ser atribudo a

    condies atmosfricas desfavorveis. Pode

    tambm ter sido captada uma quantidade

    significativa de energia em faixa no audvel

    do espectro (IPT, 1991; Lacasemin, 1992).Com a elaborao de um Plano de

    Recuperao de reas Degradadas (PRAD), em decorrncia de legislao federal, foram

    sendo propostas medidas de recuperao

    ambiental, tais como a implantao de uma

    barreira vegetal no entorno da rea, isolando-a

    visualmente e melhorando seu aspecto geral

    (considerando inclusive a falta de reas

    verdes no bairro), alm do retaludamento e

    da implantao de um sistema de drenagem

    de guas pluviais nos taludes em solo e a

    sua posterior revegetao, que tambm foi

    implementada nas reas desprovidas de

    cobertura vegetal. Todas essas medidas,

    somadas quelas anteriormente adotadas,

    integraram a pedreira Itaquera a seu entorno,

    com o objetivo de tornar a rea apta a

    alguma forma de utilizao futura, a ser definida em conjunto com o poder pblico e

    a comunidade.

    ORIGEM E EVOLUO

    DE CONFLITOA partir dos anos 50, o loteamento de

    reas perifricas definiu o tipo de expanso

    urbana processando em So Paulo. At

    o inicio do sculo, a populao paulistana

    esteve concentrada na regio central da

    cidade ou prxima a ela. Naquele momento

    havia um relativo equilbrio entre oferta e

    procura de habilitao, com um grande

    numero de cortios ligados s redes de infra-

    estrutura e prximos aos locais de trabalho.

    A crescente valorizao das reas centrais, a diminuio da produo de

    moradias de aluguel e a queda acentuada

    do poder aquisitivo do trabalhador tornaram

    a questo habitacional, j na dcada de

    40, um problema social sem precedentes na cidade. o fluxo de migrantes agravou

    ainda mais o dficit habitacional. Assim, os

    A PREFEITURA PERDEU TODAS

    AES QUE MOVEU CONTRA A EMPRESA

    POIS A PEDREIRA J FUNCIONAVA NO LOCAL H DCADAS.

    altura operacional de bancada, razo de carregamento e a utilizao de explosivos mais modernos e eficientes, alm de prticas

    como utilizao de micro-retardos furo a furo e a cobertura do cordel detonante na

    amarrao do fogo.

    os resultados destas tecnologias mais

    adequadas de produo puderam ser

    verificados atravs de um programa de

    monitoramento de vibraes e sobrepresso

    atmosfrica, iniciando em Setembro de 1991.

    Foram efetuados, numa primeira fase,

    mediaes em pontos situados entre 200 e

    700 da frente da lavra, com cargas por espera

    variando entre 43 e 63 kg de explosivo.Numa segunda fase, iniciada em Agosto

    de 1992, foram realizadas, at Dezembro

  • 24 | Anurio AnepAc 2010

    setores populares de baixo poder aquisitivo

    foram expulsos efetivamente das reas bem

    equipadas com infra-estrutura e prximas aos

    locais de trabalho.

    Em conseqncia, um novo tipo de

    especulao imobiliria tomou impulso,

    com a venda de lotes em locais distantes

    do centro da cidade, caracterizando um padro perifrico de ocupao do espao

    Urbano (Kowarick e Ant, 1982).A ocupao da regio de Itaquera

    seguiu esta lgica e, hoje, uma das

    periferias mais populosas da cidade. ,

    ainda, o locus da construo popular,

    ou seja, a quase totalidade das casas

    no resultantes do processo de auto-

    construo (Taschner e Mautner, 1892). os primeiros loteamentos particulares ali

    surgiram durante a dcada de 40. Por outro lado, o poder pblico tambm contribuiu

    para o adensamento dessas reas. No

    final dos anos 70, a Companhia Municipal destinada ao financiamento de moradias

    para a populao de baixos rendimentos

    COHAB -, construiu vrios conjuntos habitacionais nessa regio.

    o assentamento desses conjuntos, alm

    de ampliar a ocupao da rea, aumentou

    a demanda por servios e equipamentos

    sociais bsicos. o distrito de Itaquera conta

    com uma populao aproximada de 320.000 habitantes e uma taxa de crescimento anual

    estimada em 1,96%. neste contexto que deve ser entendido

    o complexo problema da pedreira Itaquera,

    talvez um dos empreendimentos industriais mais antigos da regio. A tonalidade do seu

    entorno est comprometida pela urbanizao: conjuntos habitacionais da COHAB, favelas moradias populares e um terminal metrovirio.

    O adensamento gradativo das reas vizinhas pedreira conduziu a uma situao de conflito entre a comunidade e a empresa.

    A PRESSO SOBRE A PEDREIRA ANTIGA

    o primeiro abaixo-assinado visando o

    fechamento da pedreira ocorreu em 1956, por iniciativa da Sociedade Amigos do Bairro.

    Sucessivamente, cada nova diretoria da

    Sociedade realizava um protesto deste tipo sem nunca obter uma resposta efetiva do poder

    pblico. os problemas normalmente eram

    sempre os mesmos: ultralanameto, vibraes,

    falta de segurana nas reas externas

    minerao e intenso trfego de caminhes.

    o tempo foi passando e, por volta

    de 1978, foi a vez da prefeitura entrar em confronto com a pedreira. Atravs de uma

    mudana na lei de zoneamento, (1974), modificando tambm a permissibilidade de

    uso e ocupao do solo, intimou a empresa

    a encerrar suas atividades em um prazo de 30 dias. Novamente o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (Agosto de

    1980). Mais uma vez a ao da prefeitura se caracterizaria em desapropriao e haveria de haver indenizao. O assunto morreu por a.

    Novamente em 1989, as aes voltadas para o fechamento da pedreira Itaquera

    ganharam impulso. A comunidade local,

    atravs de uma associao de moradores

    do bairro, organizou uma grande assemblia para discutir o problema.

    Vrios rgos do poder pblico federal, estadual e municipal foram chamados

    a participar, alm de representantes da

    Cmara Municipal e outras associaes do bairro.

    No bastasse isso, a CETESB, rgo

    que at ento acompanhava a fiscalizava as atividades da pedreira, estava

    sendo objeto de duas aes judiciais

    movidas pela empresa, em funo de

    uma divergncia quanto aos padres de

    vibrao determinados pelo rgo, muito

    mais rgidos que aqueles estipulados na

    norma da ABNT.

    o envolvimento das diversas agncias

    estatais foi provocado por solicitaes

    de monitoramento, sobretudo do nvel

    de vibrao, de controle de estoques

    de explosivos (atravs do Ministrio do Exrcito) e de apoio, estas encaminhadas

    inclusive, para o Congresso Nacional.

    Estas aes prosseguiram durante os dois

    anos subsequentes, sem que qualquer

    uma dessas agncias apontasse uma

    perspectiva de minimizao do conflito.Com o intuito de atender a legislao

    que estipula a elaborao de um PRAd,

    a empresa buscou assessoria de uma

    equipe multidisciplinar de planejamento

    ambiental no final de 1991. durante o

    processo de elaborao desse plano, a

    equipe sugeriu empresa que realizasse uma consulta comunidade, abrindo um

    canal formal de dilogo.

    INICIA O PROCESSO DE

    NEGOCIAOo primeiro contato com a comunidade do

    entorno da pedreira ocorreu em fevereiro de

    1992. Naquele momento, a equipe responsvel

    pela elaborao do PRAd procurou algumas

    lideranas do bairro a fim de recuperar o

    Ao fundo, em uma das laterais da pedreira, o pteo de manobras do metr.

  • Anurio AnepAc 2010 | 25

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    histrico do conflito e conhecer a situao do

    momento. Ao mesmo tempo foi comunicada

    a disposio da empresa de estabelecer

    em canal com a comunidade, atravs da

    equipe. durante os dois meses seguintes

    foram contatadas algumas associaes de

    moradores, j existentes, com o objetivo

    de cham-las a participar do processo de

    discusso, ento iniciado.

    A primeira reunio aconteceu em maio com

    a presena de vrios grupos e associaes

    representativos do bairro. Assuntos como

    atividades da pedreira e seus impactos

    ambientais, como minimiz-los, disposio da empresa em promover visitas monitoradas e,

    atravs de propostas formuladas pela prpria

    comunidade, procurar negociar medidas

    compensatrias, foram os principais temas

    abordados na reunio.

    Comisses foram formadas pelos

    grupos de moradores para investigar

    na prefeitura se tudo o que a pedreira

    estava oferecendo era real, inclusive se a

    documentao da mesma estava em ordem.

    No final de Junho, foram apresentadas as

    propostas da comunidade.

    A primeira, de carter mais tcnico, previa

    reviso do plano de fogo e acompanhamento

    sistemtico das detonaes por um

    tcnico especializado, alm do plantio de cortinas vegetais no entorno da pedreira,

    da definio de um cronograma de obras e

    da instalao de sinalizao de segurana no entorno; ressaltava-se a importncia

    da recuperao das reas degradadas,

    evitando seu abandono. A segunda,

    definida como um projeto social previa a

    colaborao de um programa de educao

    ambiental que inclusive visitas monitoradas

    s instalaes da pedreira e a execuo de

    obras e melhorias no bairro. Pensando na

    ltima proposta, a comunidade apresentou

    varias alternativas, priorizando a reforma de uma importante praa que chega a reunir

    3000 pessoas durante os finais de semana.depois de feitas contrapropostas pela

    empresa, alguns meses depois, chegaram

    a uma concluso que satisfez a todos, a saber: ficou estabelecido que a pedreira

    faria uma doao anual de blocos ou o

    equivalente em dinheiro e o emprstimo

    de mquinas e equipamentos disponveis

    para utilizao obras, inclusive a reforma da praa, alm das visitas monitoradas.

    o acordo resultou em um termo de

    compromisso assinado entre a empresa

    e um conselho de entidades, constitudo

    especialmente para gerenciar o processo.

    No caso de mineraes, h uma

    situao muito tpica que envolve o

    desmonte de rochas com explosivos.

    Isso provoca uma vibrao, que um tipo

    de poluio, podendo ser representada

    atravs de uma grandeza fsica, passvel de medio e de regulamentao.

    o problema que mesmo estando a

    pedreira dentro das normas ambiental e

    de segurana ao efetuar as detonaes,

    a populao continuava a reclamar. Essa

    reclamao deve-se a um fator chamado

    de desconforto ambiental, fato muito

    importante que, normalmente, no levado

    em considerao na minerao em reas

    urbanas. Ao contrario do que se esperava,

    pois estava seguindo risca todas as

    regras de segurana e teria todo o direito

    de no dar ateno s estas reclamaes,

    a pedreira abriu um canal direto de

    comunicao entre ela e a populao e,

    at o momento, os resultados podem ser

    avaliados como bem sucedidos.

    A CONTINUAO DOS ERROS E ARBITRARIEdAdES.

    o processo de negociao iniciado pela

    pedreira Itaquera mostra a viabilidade de

    utilizao da mediao ambiental como tcnica ele resoluo de disputas, o que,

    sem dvida, dever se imitado por outras

    A PARTIR DO MOMENTO QUE DIRIGENTES DA

    PEDREIRA PASSARAM A DIALOGAR IRETAMENTE

    COM A POPULACO, SEM A INTERFERNCIA

    DE POLTICOS, OS RESULTADOS COMEARAM A

    APARECER

  • 26 | Anurio AnepAc 2010

    empresas atuantes na rea de produo

    de britas que esto prestes a enfrentar o

    mesmo problema de entrada de grande

    populao atravs da construo de

    conjuntos habitacionais no seu entorno.

    ocorre que no bairro do Jaragu, visinho

    Pirituba, o mesmo problema causado

    Pedreira Itaquera, que durante anos

    sofreu e ainda sofre com todas as

    dificuldades criadas por uma atitude no

    mnimo impensada, quando foi autorizada a construo de um conjunto habitacional

    no entorno da mesma, est para acontecer.

    Realmente, parece mentira ou engano.

    Mas verdade. Sero construdos no 1, mas 2 grandes conjuntos habitacionais em

    reas bem prximas a quatros pedreiras

    em plena atividade e que esto nestes

    locais a muitos anos. Ser possvel? ! um

    dos conjuntos da Prefeitura (PROCAV) e ter nada mais nada menos do que 5.950

    apartamentos. O outro do Estado (CDHU) e ter 1.600 apartamentos.ou seja, numa conta rpida (e otimista),

    teremos em breve, por baixo, 35.000 pessoas morando em um local prximo

    pedreiras. um paraso. Ser que estes

    futuros moradores sabem da existncia

    destas pedreiras? Provavelmente no.

    E ento, como ficamos? obvio que vai

    comear tudo de novo.

    os moradores que vo se instalar por l,

    vo chiar, pois no tm culpa de nada.

    Muito menos as pedreiras que, volto a afirmar, esto no local instaladas h muitos

    anos. Quem vai responder por todos os inmeros problemas que, com toda

    certeza, iro comear a ocorrer assim que todos forem instalados?

    A Prefeitura, o Estado? Esta uma situao

    bastante delicada que precisa ser tratada com

    toda seriedade pelos rgos responsveis.

    Aproveitamos a realizao desta reportagem e fomos saber da competente opinio de Eduardo Ribeiro Capobianco, atual vice

    presidente de economia do SINDUSCON.

    Eduardo inicia dizendo que esse problema do grande nmero de moradias no entorno de pedreira s vem prejudicar o prprio bem estar

    da populao, pois o aumento do custo de produo repercute diretamente no bolso contribuinte. Se o custo sobe, tem-se uma elevao

    no preo das obras pblicas e o governo ter menos capacidade de atender demanda da populao em termos de pavimentao, de

    saneamento, ou seja, da estrutura bsica, o que fundamental numa cidade como So Paulo. Por outro lado, existe tambm o problema

    do dficit habitacional de So Paulo e da Grande So Paulo que enorme. Se o preo da brita aumentado, consequentemente o custo

    da produo sabe e ai, indiretamente se estar prejudicando os mais carentes. O ponto fundamental nesse problema a estabilidade de

    preos dos materiais de construo. Quando uma pedraria em atividade normal para de funcionar, ser necessria a abertura de uma nova,

    provavelmente mais distante do municpio do que a anterior. Isso tem um custo de implantao elevadssimo que, certamente ser repassado

    ao preo do produto. importante tambm ressaltar o aumento da distancia para o transporte, o que apresenta dois problemas: um o

    impacto direto no preo do produto: e o outro o aparecimento de outras demandas de infra-estrutura como o maior desgaste nas rodovias,

    maior consumo de combustvel. Enfim, criada uma disfuno, uma deseconomia, que gera um impacto muito grande na sociedade como

    um todo, cada vez que se fecha uma pedreira prxima, sem falar do desemprego gerado na regio. No esquecendo que tambm existe

    o lado do recurso Mineral, que finito. Quando se amplia uma cidade a ponto de impedir o uso da brita, que o que esta acontecendo

    hoje, esta sendo impedido o uso de uma jazida que finita, tem limites, ou seja, est se deixando de usar, se jogando fora, um recurso no

    renovvel, o que, evidentemente, um mal que deve ser evitado a todo custo. Para a construo fundamental a disponibilidade de recursos

    de materiais a preos acessveis e estveis. Quando se elimina uma pedreira ocorre exatamente o contrario; se ter custos ascendentes. E,

    num pas como o Brasil ningum h de querer uma situao destas. Um pas que tem uma demanda social monstruosa, com uma enorme

    necessidade de construo, no pode se dar ao luxo de liquidar recursos no renovveis como esse. O que preciso sabido uma

    racionalizao da ocupao do entorno o que vai maximizar a jazida e seus entornos. Uma boa administrao municipal teria obrigao de

    preocupar-se com o uso racional do entorno de uma pedreira e considerar tambm o fato de, em se construdo um conjunto habitacional

    neste local, estar colocado o cidado que vai ocupar aquela moradia, sujeito a um incmodo dos quais ele no estaria tendo conhecimento

    antecipadamente. Ele s iria perceber e saber, depois que estivesse alojado.

    Participao da brita e da areia no custo da edificao:

    Brita...........................0,95%

    Areia.........................2 ,27%

    Total agregados.........3,22%

    * Para a construo da casa prpria de 32m2, a participao dos

    agregados a seguinte:

    Brita 1...........................1,49%

    Brita 1...........................4,54%

    Areia Mdia..................4,90%

    Total Agregados.........10,93% *Estudos da CDHU

  • Anurio AnepAc 2010 | 27

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    dia 30 de agosto de 1999 foi o ltimo de atividade de uma das mais antigas pedreiras de pedra britada do municpio de So Paulo a Pedreira Itaquera. No houve comemoraes nem

    lamentos. Para seus proprietrios, um

    captulo de luta e perseverana se encerrava

    e um outro captulo, um outro projeto, o da

    recuperao da rea lavrada durante mais

    de 40 anos iniciava-se no dia seguinte. A cava de onde milhes de toneladas de rocha

    grantica foram arrancadas a dinamite vai

    ViDA, PAixO e MetAMOrfOSe DA PeDreirA itAqUerA

    se tornar durante os prximos seis anos o

    depsito oficial de material inerte o popular entulho da Prefeitura do Municpio de So Paulo, substituindo o aterro de Itatinga, cujas

    atividades se encerraram no inicio deste

    ano. durante o ms de setembro, o estoque

    de remanescente foi vendido e a rocha

    foi preparada para receber um manto de

    impermeabilizao. O conjunto de britagem foi desativado e os equipamentos esto

    sendo vendidos. A rea foi entregue bruta

    para o empreendedor, conforme contrato.

    O aterro vai utilizar uma cava de 6.500.000 metros cbicos de volume foi projetado atendendo a todas as exigncias

    da legislao ambiental. Pelas normas

    internacionais adotadas pela Companhia

    de Tecnologia de Saneamento Ambiental

    Cetesb, no pode haver nenhum tipo de contaminao do lenol fretico. Abaixo da

    cava de 120 m de profundidade, mais de

    200 m de rocha devem ser ultrapassados

    para atingir-se o lenol, o que garantiria

    teoricamente que no haveria contaminao.

  • 28 | Anurio AnepAc 2010

    Entretanto, existe a obrigatoriedade de que

    toda base de aterro deve ser protegida por

    uma manta natural. Base da cava foi ento

    selada utilizando-se 40 mil m3 de material inerte, basicamente silte e argila que, em

    uma gigantesca operao, foram retirados

    do bota-fora da pedreira. Se a gua passando

    por esta capa de material inerte atingir a rocha

    e por meio de fraturas eventualmente encontrar

    caminho para atingir o lenol, ela j vai estar

    filtrada, evitando-se a contaminao.

    A LUTA PELA SOBREVIVNCIA

    Segundo Marcello Hachem, diretor do grupo que controla a Pedreira Itaquera, a pedreira foi

    aberta por seu av o imigrante libans Jean Khoury Farah em 1957 em uma fazenda no bairro de Itaquera, zona leste do Municpio de So Paulo. Foi uma da primeiras pedreiras da cidade

    que passaram a britar a rocha extrada. No local,

    desde o final do sculo XIX, existia extrao de rocha para produo de paraleleppedos, guias

    e lajes, conhecida como Pedreira do Roque.

    Boa parte dos edifcios e logradouros pblicos

    da cidade de So Paulo tem em sua construo

    material proveniente da pedreira.

    Itaquera era uma regio tipicamente

    desabitada, cuja atividade principal era a

    produo de frutas e legumes. Aos poucos, com

    a expanso urbana na direo leste, o bairro de

    Itaquera comeou a recebe loteamentos e uma

    populao crescente, aos poucos, comearam

    a envolver a pedreira. Como a maioria das

    pedreiras, a Itaquera no deu muita importncia

    ao fato e continuou sua atividade confiando

    somente na habilidade para produzir e vender a brita. Tcnicas mais modernas de minerao

    que reduzissem o impacto no eram utilizadas, muito menos tcnicas administrativas que

    levassem em conta o bom relacionamento com

    os vizinhos.o pesadelo comeou quando, no final da

    dcada de 70, a Cohab decidiu pela implantao

    de um enorme conjunto habitacional ao lado

    da pedreira, contrariando parecer da CETESB.

    Milhares de pessoas passaram a habitar dezenas de prdios de apartamentos e centenas de casas populares e, com o apoio de polticos,

    comearam a exigir o fechamento da pedreira.

    A Itaquera foi obrigada a recorrer ao Poder

    Judicirio, e, no Supremo Tribunal, obteve o direito

    de continuar funcionando, j que sua presena

    no local era anterior do conjunto habitacional e

    a construo desta se dera contra o parecer de

    outros rgos. Na sentena, o Supremo afirmou

    que a Prefeitura Municipal poderia determinar o fechamento da pedreira, desde que pagasse

    as indenizaes que a Itaquera tivesse direito. A Prefeitura no desapropriou a pedreira e o conflito

    passou a ser um problema a ser encarado

    entre a comunidade que foi levada para l por

    administradores imprevidentes e a pedreira.

    Segundo Marcello Hachem, que passou a administrar a empresa em 1989, o movimento dos muturios da COHAB obteve forte apoio poltico e conseguiu derrubar

    licenas necessrias ao funcionamento da

    pedreira, criando inmeros constrangimentos.

    Recorrendo Justia, a pedreira conseguiu

    sobreviver. Ao mesmo tempo, iniciou um

    movimento de aproximao com a comunidade

    atravs de pessoas especializadas na soluo de conflitos. Mesmo com todas as dificuldades, conseguiu-se estabelecer um canal de

    entendimento pelo qual a comunidade e a

    pedreira passaram a dialogar e a solucionar

    problemas para minimizar o desconforto causado pela extrao. Experincias tcnicas

    fora feitas sob a superviso de rgos oficiais.

    Foram discutidas diversas possibilidades para

    que a pedreira pudesse continuar trabalhando

    e expostos diversos cenrios para o futuro da

    rea aps o encerramento da atividade de

    extrao mineral.Para Hachem, foi uma experincia nica,

    pioneira e coroada de xito. Conforme o dilogo, e o conhecimento mtuo foram se aprofundando, o interesse de polticos foi diminuindo at que finalmente se afastaram. rgos pblicos antes empenhados s no fechamento da pedreira passaram a ser mais flexveis. Exigncias tcnicas antes consideradas como absolutamente necessrias para seu funcionamento foram mudadas em funo dos resultados dos testes executados. A pedreira consegui uma sobrevida, passou a operar

    melhor e pode se preparar para o futuro.

    O FUTUROHachem relembra que muitas vezes foi

    questionado pelos adversrios ao funcionamento

    da pedreira sobre a inexistncia de um PRAd

    (plano de recuperao de reas degradadas)

    Jean Khoury Farah

    Marcello e Flavio Hachem, diretores da Pedreira Itaquera S/A.

  • Anurio AnepAc 2010 | 29

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    aprovado. Diz que sempre argumento que no valia a pena ter um plano inexeqvel aprovado

    ou no, que isto no passaria de um monte

    de papis inteis para atender burocracia.

    Segundo ele, o grupo no abria mo de usar

    todas as possibilidades que um terreno de

    300.000 m2 situado a poucos quilmetros da cidade, com uma populao de 300.000 mil pessoas ao redor e com duas estaes de metr

    situadas em cada extremidade da propriedade

    proporcionava. Como a cava ocupava um tero

    da rea, no seria inteligente deix-la aberta.

    Aterr-la seria necessrio e a soluo de um

    aterro de inertes se impunha naturalmente.

    A Prefeitura, premida pela necessidade

    de um local adequado para depsito de

    entulhos, chegou a sondar o grupo sobre

    uma desapropriao. Isso no interessava ao

    grupo que preferia explorar economicamente a

    propriedade. A crise econmica por que passa a

    Prefeitura paulistana evitou que a desapropriao

    fosse a soluo adotada.

    A administrao municipal passou a

    priorizar uma soluo em que no necessitasse investir em desapropriaes adotou uma

    licitao em que a empresa que vencesse o

    servio de tratamento de entulhos deveria

    apresentar como requisito bsico da proposta

    uma rea de depsito que estivesse o mais

    prximo possvel da cidade; que tivesse

    acesso fcil; que no estivesse em rea de

    manancial; que no tivesse nenhum tipo de

    restrio ambiental; e, principalmente, no

    representasse custos para ela. o participante

    da licitao teria que entregar uma carta em

    que o dono da propriedade se comprometia

    a ceder a rea gratuitamente pelo prazo de cinco anos.

    A cava da Pedreira Itaquera adequava-se

    perfeitamente s condies tcnicas exigidas

    e vinha ao encontro dos objetivos do grupo.

    o pretendente que apresentasse a cava de

    Itaquera como rea de depsito teria as melhores

    condies de vencer a licitao. Segundo

    Hachem, o grupo foi sondado por diversos candidatos e optou pela Construtora Queiroz Galvo pela sua qualificao em operar diversos

    aterros pblicos e por ter afinidades com ela, j

    que ambas tem relaes comerciais h longo

    tempo. Na proposta apresentada, rea da

    Itaquera foi colocada disposio da Prefeitura

    a custo zero, sem IPTU e sem aluguel. A administrao municipal remunera a empreiteira

    pelo servio de colocao, adequao e

    manuteno, dentro dos mais altos nveis de

    segurana e qualidade. A condio imposta

    pelo grupo foi que, aps aterrada, o terreno

    tenha condies de suportar construes de at

    dois pavimentos.

    Hachem fez questo de ressaltar que a deciso de implantar um aterro de inertes

    foi discutida com a comunidade que rodeia

    a pedreira. A reCEPtividade, segundo ele,

    foi muito boa, j que, embora muitos dos

    incmodos da explorao mineral persistam,

    alguns so totalmente eliminados as vibraes provocadas por exploses, o rudo

    e a poeira dos sistemas de britagem outros so atenuados trfego de equipamentos, etc.

    No mesmo nvel continuara o trfego externo de

    caminhes, mas assumindo outra caracterstica,

    j que as carretas que transportavam brita sero

    substitudas por caminhes transportando

    caambas. Como toda a rea ser pavimentada,

    h sensvel reduo de poeira. Completando

    o preenchimento da cava, a populao vai

    ter como vizinha uma rea reurbanizada, com novos equipamentos urbanos e sua

    propriedades sero sensivelmente valorizadas.Segundo Hachem, a pedreira poderia

    ser operada ainda por no mnimo oito

    anos, produzindo cerca de 20.000 m3 por ms, apesar dos custos crescentes

    devido ao aprofundamento da cava e aos

  • 30 | Anurio AnepAc 2010

    impostos (R$ 120.000,00 ao ano de IPTu,

    em vez de cerca de R$ 6.000,00 das outras pedreiras que recolhem para o INCRA). Sua

    proximidade com o consumidor, ou seja,

    menor custo de transporte viabilizaria a continuidade.

    Para toda a rea de 280.000 m2, o grupo

    prev sua transformao em um projeto

    imobilirio. A rea lateral cava, cerca de

    100.000 m2, est sendo rebaixada. A idia

    inicial a construo de um shopping

    center com um hipermercado. A rea da

    cava aterrada aps cinco anos serviria

    de rea de suporte do empreendimento.

    Existe ainda a opo da construo de um

    hipermercado com a posterior construo

    de um centro de compras na rea aterrada.

    Para o restante da rea, estuda-se sua

    transformao em condomnio residencial

    ou industrial, no se descartando tambm

    a instalao de um complexo educacional.

    Todo aglomerado urbano necessita de agregados minerais para construo civil. Sem a areia e a brita, obras pblicas e privadas no podem ser executadas. Embora

    todos concordem com este fato, a presena de

    mineraes de areia ou de pedra britada junto a/

    ou dentro do permetro urbano, acaba gerando

    uma srie de problemas que a maioria dos

    administradores pblicos prefere que estas no

    se instalem. os argumentos mais usados so:

    areia e pedra tem em qualquer lugar. Porque vou

    deixar que se instalem aqui?; Meu municpio no consome tudo que produzido aqui. Porque ns devemos pagar para o beneficio de outros.

    o primeiro argumento tem um fundo de

    verdade. Areias e rochas so abundantes na

    natureza. Entretanto, por serem abundantes, tem vai baixo valor e no podem ser transportadas

    por longas distancias. A abundancia tambm

    relativa. Boa parte delas j no podem ser

    extradas, j que a prpria cidade cresceu em

    cima delas ou se tornaram reas protegidas

    por lei.

    o segundo argumento mais uma

    desculpa. No em todo lugar que se encontram

    condies favorveis para a explorao

    mineral. H, tambm o fato de que muitos proprietrios no tem interesse em minerao

    e usam suas propriedades para outros fins. H, enfim, o fator econmico. Muitas extraes de areia e rocha para britagem, principalmente

    estas ltimas, exigem grandes investimentos,

    seja em equipamentos, seja na compra da

    propriedade. Estas so muito valorizadas prximas aos centros urbanos. Para que o

    projeto seja vivel, preciso que haja escala e

    para isso a tendncia a de expandirem para

    outros mercados.

    Mas com todos os problemas, estas mineraes no trazem somente problemas. Muitas delas foram industrias pioneiras nos

    PrefeitUrA e CiDADe GANHAM COM UtiLiZAO De reAS De extrAO MiNerAL

    municpios. Para se instalarem, tiveram de trazer energia eltrica e construir acessos com seus

    prprios recursos. Tambm, ao encerrarem o

    ciclo extrativo, podem se tornar reas de lazer, depsito de diversos tipos, como gua, rejeitos

    industriais e entulhos.

    o caso da Pedreira Itabatinga e da

    Pedreira Itaquera so bons exemplos

    desse ultimo. o primeiro foi depsito oficial

    de entulhos da Prefeitura de So Paulo

    durante muito tempo; o segundo passa a

    s-lo agora pelos prximos cinco anos. A

    vantagem para a Prefeitura Municipal que tendo um depsito oficial pode exercer um

    controle mais efetivo. deixa de depender de

    aterros clandestinos ou de depsitos de lixo

    domstico onde o entulho ser depositado

    em condies inadequadas.

    Quando o ciclo do aterro de Itatinga se encerrou, a Prefeitura foi obrigada a depositar

    o entulho no aterro de lixo domstico de

    Bandeirantes, cerca de 45 km do cento da cidade. Alm de depositar em condies

    inadequadas, pois mistura material inerte

    com lixo domstico, o custo do transporte se

    torna proibitivo, cerca de cinco vezes mais do que o previsto para o aterro de Itaquera.

    deve-se ressaltar ainda que reas onde se

    possa depositar lixo domstico so muito

    difceis de serem conseguidas e usar parte

    de sua capacidade com material inerte reduz a vida til do aterro.

    As condies dos aterros clandestinos

    no so melhores. Estes esto em terrenos

    de condies inadequadas, no obedecem

    a nenhuma legislao e podem provocar

    acidentes srios, como o que ocorreu h cerca

    de 10 anos no Morumbi, quando um aterro deslizou sobre uma favela. Trazem transtornos de todo tipo como falta de drenagem,

    contaminao de leno fretico, assoreamento

    de cursos dgua, poeira, destruio de ruas e avenidas, entupimento de redes de guas

    pluviais, presena de ratos e insetos, etc.

    mesmo para os usurios destes depsitos

    o prejuzo grande. So obrigados a pagar cerca de R$ 20,00 para descarregar e correm o

    risco de serem multados por no cumprirem a

    legislao ambiental.

    Em aterro de inertes oficial, o custo

    para o caambeiro zero. Alm disso, toda manipulao de carga ser feita por um

    empreiteiro de comprovada qualificao.

    A Prefeitura ter condies de oficializar as caambas de registr-las, pint-las com a

    cor oficial e numer-las. Haver controle total, seja sobre o aterro, seja sobre o

    entulho. Com um nico depsito, o fluxo

    de caminhes pode ser medido e medidas

    para adequao ao trfego local adotadas.

    As cavas de extrao mineral podem

    ser teis alm do ciclo de extrao. Podem

    servir de reservas estratgicas de reas

    para todo o tipo de depsito, reas estas

    cada vez mais difceis de se encontrar de mdio e grande porte.

    Vista area da Pedreira Itaquara. direita, ptio de manbras do metr

  • Anurio AnepAc 2010 | 31

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    o fato de uma antiga cava de extrao mineral tornar-se um local onde so despejados dejetos originados numa cidade um fato prosaico. A atividade mineral

    no municpio de So Paulo faz parte da histria da cidade e as vrzeas dos rios Tiet e Pinheiros foram locais de suprimento de areia e argila

    que a cidade precisou para seu crescimento.

    Fora das vrzeas dos rios, alm das pedreiras para extrao de pedra para britagem e para

    aparelhamento, minas da caulim e de argila

    fizeram parte da paisagem urbana. Muitas destas reas foram abandonadas

    aps o fim das reservas ou por contingncia

    do crescimento urbano. A obrigao de dar um

    destino ao local aps o fim da atividade mais

    ou menos recente. Mesmo sem esta obrigao, muito provvel que a maioria absoluta destas

    lavras tenham sido incorporadas ao uso urbano,

    seja pela valorizao da rea o que levou o proprietrio a tomar as devidas medidas para

    transformar a aera para outro uso, seja pela ao

    do poder pblico que lhe deu novo uso.

    um exemplo da ao do poder pblico

    o atual Largo do Sacom, na zona sul de So Paulo. Neste local, onde desembocavam vias

    de trfego importantes como a Via Anchieta, Estrada das Lgrimas, Avenida Tancredo Neves, Rua Bom Pastor, etc., foi uma antiga mina de

    caulim que, abandonada, virou notcia (e de triste

    memria) Lagoa de Sacom, onde dezenas de jovens perderam a vida nos quentes veres da

    via paulistana. um exemplo da ao privada

    uma rea na Vila das Mercs, zona sul da cidade, onde foi construdo um hipermercado. Era,

    tambm, uma antiga mina de caulim, situada s

    margens da Via Anchieta, conhecida como Lagoa da Paramount. um exemplo de ao planejada

    a Raia olmpica da Cidade universitria que foi

    escavada por uma minerao de areia conforme

    determinava o projeto.

    PeDreirAS UrBANAS COMO DePSitO De iNerteSEntretanto, muitas reas de minerao

    serviram como locais onde eram jogados

    os dejetos que a cidade de So Paulo

    produzira. Vrias lagoas nas margens do Rio Tiet originadas pela extrao de areia foram

    aterradas com lixo no tratado sem nenhum

    cuidado. Na criao do Parque Ecolgico do

    Tiet, vrios exemplos desse pssimo hbito

    foram observados. os administradores da

    cidade no podem ser culpados por isso, j

    que a preocupao com meio ambiente fato

    relativamente recente. Antes de 1970, ningum

    se preocupava com isso.

    Mesmo em relao utilizao de pedreiras, o caso da Itaquera no

    pioneiro. Em meados da dcada de

    70, utilizou-se uma cava de uma antiga pedreira, a Pedreira Mantiqueira, localizada na zona norte, como destino final de lixo domstico. Mesmo no podendo ser considerada uma situao ideal, no lixo

    da Vila Albertina, foi utilizada uma tcnica de deposio em que as camadas de lixo

    eram separadas por camadas de material

    argiloso e tubos foram colocados para

    retirar o gs que a decomposio do lixo

    orgnico produzia. Era o que se dispunha de tecnologia na poca.

    uma situao parecida com a da Itaquera

    o caso do depsito de inertes utilizado pela Prefeitura at recentemente, o de Itatinga.

    Neste local, na zona sul da cidade, funcionou a pedreira Itatinga. o fim da atividade de

    extrao foi causada pela formao de uma

    favela em propriedades ao redor da pedreira,

    principalmente, na parte superior da face mais

    alta da cava. A pedreira no podia mais se

    expandir e se criou uma situao de perigo. o

    local foi transformado em local de depsito de

    entulho de construo civil, onde tambm foi

    feita uma instalao para permitir a reutilizao deste material (ver Areia & Brita n 7).

    Todos os exemplos citados demonstram

    que a extrao mineral em rea urbana nada

    mais nada menos do que um uso transitrio do

    solo. Encerrado o ciclo extrativo, a rea pode ser

    reaproveitada para diversos fins. o n 5 da Areia

    & Brita traz exemplos da Regio Metropolitana de Curitiba.

    Evidentemente, um dos usos mais

    adequados para pedreiras a sua utilizao como depsito de material inerte, pois se

    trata de um novo uso transitrio que pode

    criar melhores condies para o uso futuro

    do terreno reabilitado. o diretor da Pedreira

    Itaquera, Marcelo Hachem, diz que este tipo de uso quase se impe naturalmente.

    Entretanto, alerta que o uso de pedreira

    para este fim deve ser muito bem planejado.

    Para Hachem, uma cidade do porte de So Paulo necessita de somente uma rea de

    depsito de entulho com as dimenses da

    cava de sua pedreira. Argumenta que uma

    reutilizao planejada deve prever que o aterro deve ser desativado em um perodo

    no muito longo, no mximo, seis anos,

    o que possibilita retorno financeiro mais

    rpido para o proprietrio da rea. A cava

    de Itaquera dever estar aterrada em cinco

    anos. Se existirem trs ou quatro reas de

    depsito, a vida til de cada uma ser de

    15, 20 anos, com todos os inconvenientes

    e sem nenhum retorno social e financeiro,

    diz. Segundo Hachem, um uso planejado de pedreiras para este fim deve prever identificar

    as cavas com caractersticas adequadas e

    prever seu uso seqencial de preferncia

    das mais prximas para as mais afastadas,

    observando-se o custo de transporte e a

    vida til da jazida.

  • 32 | Anurio AnepAc 2010

    o aterro de resduos inertes de Itaquera foi iniciado oficialmente em 22 de outubro ltimo. A responsabilidade de receber e selecionar o resduo, operar e

    administrar o aterro da Construtora Queiroz Galvo, vencedor da licitao aberta pela

    Prefeitura Municipal de So Paulo. Todo o entulho e todo o material escavado no

    contaminado gerados dentro do municpio

    devero ser encaminhados para o aterro de

    Itaquera.

    o primeiro passo para que o material

    inerte pudesse comear a ser depositado foi a

    impermeabilizao da rocha do fundo da cava da pedreira com argila para assegurar que o lenol

    fretico no seja contaminado. Foram utilizados cerca de 40.000 m3 de material argiloso retirado do bota-fora, local para onde foi encaminhado o

    material terroso que capeava a rocha durante os

    anos de explorao comercial da pedreira.

    o entulho lanado na cava onde

    cuidadosamente compactado com o objetivo

    de ampliar a vida til do aterro, alm de permitir

    que, aps o fim da atividade, a rea possa ser

    utilizada para empreendimentos comerciais. o processo de compactao praticamente

    o mesmo usado em compactao de aterros

    rodovirios. Entretanto, dado heterogeneidade

    do material recebido (entulho, restos de

    construo, material escavado, etc.), sua

    compactao muito difcil e o resultado no

    pode ser comparado a aterros mais comuns.

    Espera-se, contudo, que, pela movimentao

    vertical do macio aterrado, os efeitos da

    compactao inadequada seja minimizados.Para a compactao, so utilizados o com-

    pactador vibratrio p-de-carneiro dynapac CA

    25 e trator de esteiras, alm de equipamentos de

    apoio como p carregadeira, retroescavadeira e

    caminhes-pipa. A taxa de compactao mnima

    que deve ser conseguida de 1,2 kg/m, o que

    permitiria a construo de edificaes de at dois

    pavimentos. Para propiciar a reciclagem do mate-

    rial que chega ao aterro, a instalao de recicla-

    gem que existia no aterro de Itatinga dever ser

    transferida para Itaquera.

    DRENAGEM DAS GUASoutro ponto muito importante para que o

    aterro seja bem executado o sistema de drena-

    gem. Durante a impermeabilizao inicial do fun-do da cava da pedreira, tornou-se o cuidado de

    O AterrO De iNerteS De itAqUerA

    direcionar o fluxo das guas para um nico pon-

    to de acumulao e captao, onde est sendo

    construdo uma caixa e instalado um sistema de

    bombeamento. O sistema utiliza bombas sub-mersveis que recalca a gua depositada a uma

    altura de cerca de 90 m para fora da cava atra-

    vs de uma chamin de 1,20 m de dimetro. As

    guas pluviais vo percolar atravs do material

    inerte com facilidade dada a sua granulao e

    vo ser captadas e direcionadas para este siste-

    ma. Alm da drenagem principal, outras vo ser

    executadas durante a construo do aterro, ora

    com o emprego de drenos cegos brita gradu-ada envolvida por bidim ora com a construo de valas a cu aberto, todas elas direcionadas

    para o ponto de captao principal.

    A OPERAO DO ATERROA entrada dos resduos inertes feita

    pela antiga entrada da pedreira, situada na

    Av. Itaquera. os caminhes caambeiros

    ou basculantes percorrem cerca de 200 m

    de acesso pavimentado at a entrada do

    aterro. Ali foram instaladas duas balanas

    Entrada para o aterro

    Vista do aterro: na parte baixa a direita construo do dreno.

  • Anurio AnepAc 2010 | 33

    retr

    ospe

    ctiv

    a

    eletrnicas de 600.000 kg de capacidade cada, ligadas aos computadores da Companhia de

    Processamento de Dados do Municpio de So Paulo Prodam. Elas controlam e medem a entrada do material para que a Prefeitura

    Municipal possa acompanhar a construo do aterro e fazer os pagamentos para a Queiroz Galvo pelo servio. Este sistema foi instalado

    pela Prodam e por ela controlado.

    Para que todo o complexo de trabalho

    do aterro pudesse ser instalado, a antiga

    instalao de britagem foi desmontada,

    escritrios e oficinas reformados, de mode

    a dar todo o conforto para que vo trabalhar

    no aterro, desde os administradores e

    trabalhadores do aterro at os fiscais que vo

    fazer o monitoramento do aterro. A capacidade de armazenamento do aterro

    de Itaquera de cerca de 4.600.000 toneladas de material inerte classe III. Sua vida til prevista

    de cinco anos.

    MONITORAMENTOPor tratar-se de um aterro de materiais

    inertes, o monitoramento mais simples, j que

    no h formao do chorume liquido que se forma na decomposio do lixo orgnico. Para

    Edson de Baptisti, gerente do aterro, o potencial

    de poluio quase no existe no aterro de inertes.

    Mesmo havendo contaminantes no interior da massa, sua concentrao pequena, conclui.

    No caso do aterro de Itaquera, o

    monitoramento uma atividade que visa

    estabelecer parmetros de controle para

    acompanhar o projeto como um todo. Isto

    permitir que aes preventivas e corretivas

    sejam tomadas pelas equipes de geotecnia

    e de controle ambiental. Engenheiros

    especializados faro visitas tcnicas peridicas para verificar as condies de

    execuo do projeto. No monitoramento,

    sero feitos relatrios tcnicos em que todos

    Caminhopipa usado no controle da poeira.

    os aspectos verificados so analisados, aes

    que devero ser tomadas indicadas, solues

    para os problemas do aterro equacionados.

    Tudo isso ser ainda complementado com

    documentao fotogrfica de todas as fases

    de execuo do aterro.

    PREOCUPAO COM A COMUNIDADE

    A construo do aterro foi amplamente

    discutido com a comunidade que a

    circuvizinha.todas as explicaes sobre o tipo de material que ali seria depositado

    foram dadas, as vantagens e desvantagens

    expostas. o projeto continua a gerar

    um grande trfego de caminhes como

    acontecia com a operao da pedreira, com

    a sensvel diferena de que antes se tratavam

    de grandes carretas transportando brita.

    os caminhes que transportam entulhos e

    material escavado so de menor porte. de

    qualquer forma, o trfego cria transtorno

    e insegurana para comunidade. Essa

    insegurana fica ainda mais realada pela

    existncia de uma escola bem em frente

    ao porto principal do aterro. Para prevenir

    possveis acidentes, as vias de acesso

    foram sinalizadas e as condies em frente escola melhoradas com a colocao de

    guias e caladas. observe-se que a avenida

    Itaquera que serve de acesso ao aterro no

    possua caladas, obrigando os pedestres

    a usarem o leito carrovel. Toma-se um

    cuidado especial com a limpeza para evitar-se a formao de poeira, evitando-se o

    incmodo populao e ao meio ambiente.

    A EMPREITEIRAA Construtora Queiroz Galvo possui

    grande experincia na operao de aterros

    pblicos. Na cidade do Rio de Janeiro,

    opera o aterro de Gramacho para lixo

    orgnico de classe 2. Ainda no Estado

    do Rio de Janeiro, na cidade de Friburgo,

    opera o aterro de Friburgo, tambm para

    lixo orgnico classe 2.

    Na cidade de So Paulo, a empresa faz a manuteno do aterro de Vila Albertina de lixo orgnico classe 2 e operava o aterro de

    Itatinga para resduos ine