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Nulidade dos Atos Processuais (Processo Civil III)escrito em terça 23 setembro 2008 10:51
ato, nulidade
Das nulidades.1. Noções gerais.
O ato processual como todo ato jurídico exige: sujeito capaz, objeto lícito
e forma prescrita ou não defesa em lei.
Com relação aos sujeitos – partes – devem atender requisitos materiais
de capacidade jurídica (maioridade, assistência ou representação), bem como,
a postulatória, salvo o disposto no art. 36 do CPC.
Quanto ao objeto lícito – há dispositivos legais que mandam o juiz
reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça (CPC, art. 125, III, etc).
No que se refere a forma, este é o campo onde mais se mostra
importante a teoria das nulidades.
Os sistemas de invalidades do direito civil e do direito processual são
diversos. No direito civil há uma rígida distinção, pois a nulidade nunca se
convalida, deve ser decretada de ofício e a decretação tem eficáciaex tunc
(retroativo) e dispensa ação para o reconhecimento e no caso da anulabilidade,
pode ser convalidada, depende de provocação e o ato tem efeito ex nunc (não
retroativo) e somente pode ser decretada por meio de ação. No caso do direito
processual, o CPC tem um sistema próprio de invalidades, que não coincide
com o do CC, exemplo disso é a citação inválida que é causa de nulidade
absoluta, cominada (CPC, art. 247), mas que pode ser suprida (CPC, art. 214,
§ 2º)1[1].
Assim embora a doutrina traga a classificação e efeitos abaixo, conclui-
se pela sistemática processual que a distinção entre nulidade e anulabilidade é
irrelevante no processo civil, para determinar-se a sanação, já que não se
afigura correto afirmar-se que a nulidade absoluta é insanável. Tantos as
1[1]Conforme lição de Nelson Nery Jr e outra, in CPC Comentado, 3ª edição, 1997, p. 520.
nulidades absolutas quanto as anulabilidades são passíveis de sanação, pela
incidência do princípio da instrumentalidade das formas2[2].
2. Espécies de vícios processuais3[3]: Atos processuais nulos, anuláveis e
inexistentes, segundo a lição de Couture4[4],de acordo com a violação
ocorrida5[5].
Atos inexistentes6[6]: não reúnem os mínimos requisitos de fato para sua
existência como ato jurídico – afeta assim a própria vida do ato. Jamais se
convalida e não precisa ser invalidado. Caso raríssimo7[7]Ex.: sentença
proferida por quem não é juiz. O CPC considera de forma expressa como
inexistente o previsto no artigo 37, parágrafo único.
Absolutamente nulos: - nulidades absolutas- pertence à categoria dos atos
processuais, mas sua condição jurídica mostra-se gravemente afetada por
defeito localizado em seus requisitos essenciais. Considerado com vício
insanável e pode ser invalidado por iniciativa do juiz, independentemente de
provocação da parte interessada. A vida do ato é aparente, pois não é apta a
produzir a eficácia do ato jurídico. Necessária a invalidação. Pode ser argüida a
2[2]Neste sentido: José Roberto dos Santos Bedaque, in Nulidade processual e instrumentalidade do processo RP 60/36 e Alvim Pinto, in Nulidades, 107 – v. Nelson Nery Jr e outra, op. cit, p. 521. V. ainda Ovídio A. Baptista da Silva, Curso de Processo Civil, vol 1, 4ª edição, p. 217.
3[3]Alvim Pinto, Nulidades, utiliza a seguinte classificação das invalidades processuais:Nulidades de forma e nulidades de fundo. As de forma , que podem serrelativas (não previstas em lei, só podem ser argüidas pelas partes e estão sujeitas à preclusão, caso não argüidas na primeira oportunidade) e absolutas ( previstas em lei, decretáveis de ofício ou a requerimento das partes e são insuscetíveis de preclusão, podendo ser alegadas a qualquer tempo e grau de jurisdição) e a Nulidades de Fundo que podem serabsolutas (pressupostos processuais, condições de ação– podem ser decretadas de ofício ou a requerimento da parte ou interessado; não sujeitas a preclusão, podendo ser alegadas e reconhecidas a qualquer tempo e grau de jurisdição) e asirregularidades defeitos de menor gravidade, não comprometem a higidez do ato (nulidades relativas de forma).
4[4]Humberto Theodoro Jr, in op. cit, 18ª edição, p. 280
5[5]Galeno Lacerda traz a teoria das nulidades processuais como sendo: nulidade absoluta; nulidade relativa e simples anulabilidade e há ainda uma quarta espécie, as irregularidades (p. e., falta de numeração nas folhas), v. E. Moniz de Aragão, Comentários II, n. 349.
6[6]Para Alvim Pinto, Nulidades, o regime jurídico dos atos inexistentes é o mesmo das nulidades absolutas.
7[7]V. Ovídio A. Baptista da Silva, op. cit, p. 218/221.
nulidade absoluta a qualquer tempo, são insuscetíveis de preclusão. Ex.:
citação com inobservância das prescrições legais (CPC, art. 247) e será nula a
sentença que vier a ser proferida no processo, se correr sem citação (CPC, art.
741, I). O ato nulo não pode ser sanado, mas substituído por outro, no caso da
citação, pode ser suprida pelo comparecimento do réu, que faz as vezes da
citação válida.
Relativamente nulos – nulidades relativas - anuláveis– ocorre quando o ato embora viciado em sua formação, mostra-se capaz de produzir os efeitos processuais, se a parte prejudicada não requerer sua invalidação. É ratificável, expressa ou tacitamente. Pode ser convalidado. Esta é a regra geral seguida pelo Código, a nulidade absoluta é a exceção8[8].
Há nulidades que atingem toda a relação processual ou apenas um ato
do procedimento. Atingem toda a relação a falta de outorga uxória, p. e., (CPC,
art.11, p. u.), mas deverão ser verificadas e entendidas de acordo com as
circunstâncias9[9].
3. Sistema de nulidades do Código.
Inspirado no princípio da instrumentalidade das formas e dos atos
processuais – art. 244, CPC – somente será declarado nulo um ato se não
atendeu a sua finalidade (art. 244, CPC) ou causou prejuízo (arts. 249, § 1º e
250, CPC)10[10]. Adicione-se ainda o princípio do legítimo interesse e da
preclusão (arts., 243 e 245, CPC).
Assim, as nulidades podem ser cominadas (art. 245, CPC) ou não
cominadas, mas conforme já exposto acima, os defeitos porventura existentes
nos atos processuais jamais causarão a nulidade absoluta ou insanável, vide
posicionamento dos tribunais sobre o arts. 84 e 246 do CPC, ou seja, a falta de
intervenção do Ministério Público.
4. Argüição das nulidades: somente pela parte prejudicada, nunca pela
causadora – art. 243, CPC. Ex.: ação real imobiliária, não promovida a
citação da mulher, se o autor perder a ação não poderá requerer a
anulação com base no art. 10, § 1º, I, CPC.
8[8]V. Humberto Theodoro Jr, op. cit, p. 281.
9[9]Idem, p. 282.
10[10]V. Moacyr Amaral Santos, op. cit, p. 65/66
5. Momento da argüição: na primeira oportunidade que couber falar nos autos,
no caso de nulidade relativa – art. 245, CPC – princípio da lealdade
processual11[11]. A coisa julgada sana todas as nulidades, possível
reapreciação por rescisória, por violação de lei – art. 485, V e 487, III, CPC.
Observação: falta de citação – não há processo válido.
6. Decretação de nulidade: toda nulidade depende de decretação judicial –
art. 249, CPC –princípio da economia processual12[12].
7. Efeitos da decretação: art. 248, CPC– Princípio da causalidade dos atos
processuais13[13]- anulado um ato, reputam-se de nenhum efeito todos os
subseqüentes, que dele dependam.
Deve-se observar, no entanto, que em caso de conversão de rito, não se
admite o aproveitamento dos atos, quando o prazo para a defesa ou a matéria
argüível eram, no procedimento anulado, menores ou mais restritos do que no
procedimento correto. Impossível a conversão do rito da execução em ação de
conhecimento, pois modificaria o pedido, o que não é possível, no sistema
atual. Possível a conversão de rito ordinário em especial; sumário em ordinário,
mas sempre dentro do mesmo tipo de processo, com a mesma tutela
jurisdicional, com mudança apenas de rito.
11[11]V. Moacyr Amaral Santos, op. cit, p. 69/70
12[12]Ibidem, p. 68/69.
13[13]Ibidem, p. 70.