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“AS LABORIOSAS CONQUISTAS DO PROGRESSO”: as estratégias para integração
e exploração do território piauiense nas primeiras décadas do século XX
Laila Pedrosa da Silva
E-mail: [email protected]
Casa de Oswaldo Cruz/ COC/ FIOCRUZ
“Sertão Árido e ingratíssimo”
A natureza do solo, sujeito a estação ardentíssima de metade do ano, e a
carência de chuva por todo esse tempo, a disseminação da população por um
extenso território, cujos povoados, muito distantes uns dos outros, não se
ligam por boas vias de comunicação. A indolência proverbial dos filhos da
província, devido talvez a influência do clima, e os melhores proveitos que
auferem da criação de gado, são em minha opinião as principais causas do
atraso (PIAUÍ, 1861, p.16).
O trecho acima retirado do relatório do presidente da província, Manoel Antônio
Duarte de Azevedo, evidencia a caracterização do Piauí a partir da ideia de sertão, ora usada
como espaço geográfico distinto, marcado por uma natureza que determinava o modo de vida
dos sujeitos, ora como lugar isolado e abandonado pelas autoridades públicas. As dificuldades
imposta pelo meio físico compunha discurso que apontava para necessidade de maiores
investimentos do poder central, a fim de romper com o cenário degradante que afetava as
populações.
Janaína Amado destaca que o termo sertão é variante, podendo ter “significados tão
amplos, diversos e aparentemente antagônicos”, dependendo da posição social e espacial do
anunciante, sendo seu uso mais simbólico do que geográfico (1995, p.149). Nesse sentido,
sertão não é aqui entendido somente por meio de sua espacialidade geográfica, nos interessa
compreendê-lo enquanto uma construção social que foi conformada pelos interesses das elites
políticas locais para construir um Piauí que viesse a ser moderno. Sertão enquanto lugar
geográfico ou social configurou-se por meio de um discurso dual, apresentado tanto de forma
positiva como negativa, ou seja, uma representação que sofria modificações, pois “tudo
dependeria do lugar de quem falava” (AMADO, 1995).
Lucia Lippi Oliveira (2015, p.21) enfatiza que os diferentes significados assumidos
pela palavra sertão, nos ajuda a compreender os meios em que se processou a construção de
uma identidade para a nação. Tal identidade foi fortemente evocada com o advento da
2
República, inaugurando uma nova fase na história do Brasil. O antigo sistema político passou
a ser visto como arcaico e estagnado, enquanto o recém regime instituído representava o que
de mais moderno se tinha no período. No entanto, José Murilo de Carvalho aponta que a
República não foi capaz de provocar grandes mudanças do ponto de vista político,
considerando as muitas permanências do sistema monárquico (2002, p.42).
A partir dessa conjuntura se desenvolveu projetos ambiciosos que visavam alcançar as
mais diferentes partes do território brasileiro, levando melhoramentos a fim de integrar e
explorar os recursos naturais da nação. Ocupar as regiões mais distantes do país significava
expandir as fronteiras e implementar elementos que pudessem torna-las civilizadas. Assim os
lideres políticos da jovem República passaram a apostar na construção de grandes
infraestruturas como meio de incorporar esses lugares ao conjunto da nação.
Os projetos de integração nacional que já vinham sendo desenvolvidos desde o século
XIX ganham maior destaque durante a Primeira República, quando o discurso higienista cria
representações sobre o Brasil e suas populações. As mazelas tornam-se o ponto principal do
movimento sanitarista, que passa a pensar a nação a partir da dicotomia litoral/sertão,
saúde/doença, moderno/atrasado (HOCHMAN, LIMA, 2004, p.497). Nesse momento o
estado do Piauí é tomado por projetos que visavam realizar melhoramentos, a fim de combater
inúmeras doenças que afligia sua população, romper com o isolamento que dificultava o
comércio do estado com outras regiões e introduzir novos conhecimentos científicos na sua
produção econômica.
O movimento pelo saneamento do Brasil também teria tido papel primordial para
construção de uma identidade nacional a partir do prisma de um “Brasil doente”, ao
determinar que fosse necessário realizar ações públicas que viessem combater as doenças que
afetavam as populações do interior do país consideradas atrasadas e impermeáveis ao
desenvolvimento e progresso (HOCHMAN, LIMA, 2004). Daí a necessidade de ocupar,
povoar, explorar e integrar essas regiões habitadas pelo homem sertanejo marcado pelo
abandono, espírito de rotina, ociosidade e misoneísmo (NEIVA, PENNA, 1916).
Nesse período, as viagens científicas contribuíram para o conhecimento das condições
de vida das populações do interior. Com esse intuito em 1912 o Instituto Oswaldo Cruz
promoveu uma viagem científica ao norte e nordeste do Brasil, organizada por Arthur Neiva e
Belisário Penna, percorrendo regiões localizadas no norte da Bahia, sudoeste de Pernambuco,
sul do Piauí e norte a sul de Goiás. Como resultado das pesquisas realizadas durante o período
3
que os médicos do IOC permaneceram nessas regiões, foi publicado um relatório contendo
informações sobre a fauna, flora, geografia e povos do Brasil central, sendo esses
caracterizados como incivilizados e sem perspectiva de progresso (NEIVA, PENNA, 1916).
[...] Ao considerar a dificuldade material de vencer as distancias, de povoar
aqueles ermos, que nunca chegará o dia do caminho de ferro por ali passar,
que, embora velho não percebia a menor diferença para melhor do que
quando era criança, e, certo de que seus netos morrerão anciãos deixando as
coisas como encontraram, acabou encerrando resignadamente em dolorosa
mas verdadeira imagem: “isto aqui, é uma sepultura aberta”(NEIVA,
PENNA, 1916, p.174).
A partir desse quadro de doenças e isolamento foram desenvolvidas políticas voltadas
para tais questões, sendo a retórica do abandono uma das principais causas enfatizadas para
justificar a situação em que se encontravam os sertões. Com isso as elites políticas piauienses
passaram a investir cada vez mais em uma maior divulgação das riquezas naturais do
território, ao mesmo tempo em que, aspectos de miséria e atraso foram destacados como
forma de denunciar o descaso do Governo Federal, a fim de atrair investimentos. Esse sertão
doente, seco, isolado, atrasado e abandonado versus um sertão rico, com grande potencial de
desenvolvimento, constituiu a base do discurso das elites políticas piauienses no início do
século XX.
As autoridades públicas são apontadas como as principais responsáveis pela situação
degradante dos chamados “sertões brasileiros”. O isolamento em que viviam esses indivíduos
teria causado uma ausência de “sentimento de identidade nacional”, pois segundo Arthur
Neiva e Belisário Penna essas populações mal sabiam o que era o Brasil.
Raro o indivíduo que sabe o que é o Brasil. Piauí é uma terra, Ceará outra
terra, Pernambuco outra e assim os demais estados. O governo, é para esses
párias um homem que manda na gente, e a existência desse governo
conhecem-na porque esse homem manda todos os anos cobrar-lhes os
dízimos (impostos). Perguntados se essas terras (Piauí, Ceará, Pernambuco
etc) não estão ligadas entre si, constituindo uma nação um país, dizem que
não entendem disso (NEIVA, PENNA, 1916, p.191).
O quadro de isolamento só seria vencido com a implementação de elementos que
permitissem a penetração do progresso, como, por exemplo, a construção de estradas,
ferrovias e linhas telegráficas que deveriam partir de uma iniciativa do Governo, tendo em
vista que “por iniciativa própria aqueles habitantes seriam incapazes de sair da grande pobreza
em que vivia, o espírito de iniciativa era pequeno, e esse mesmo, anulava-se diante do
isolamento em que jazia” (NEIVA, PENNA, 1916, p.181).
4
A questão do isolamento era um problema que afetava o Piauí desde finais do século
XIX, quando a situação econômica não era boa devido às inúmeras crises financeiras
provocadas pelas secas. O quadro era ainda mais agravado pelas grandes distâncias que se
encontravam as populações, o que acabava impedindo o desenvolvimento de uma atividade
econômica mais planejada, pois a falta de transportes e estradas dificultava a exportação dos
seus produtos (PIAUÍ, 1861, p.16).
Em mensagem apresentada a Câmara dos Deputados, o governador Antonino Freire
da Silva, aponta que não era somente a falta de transportes que prejudicava o comércio e as
indústrias, mas também a falta de meios de comunicação, tendo em vista que, não haviam
ocorrido mudanças nesses serviços nos últimos anos. Assim, o governador defendia a
necessidade da construção de ferrovias e linhas telegráficas que pudessem ligar o Piauí de
norte a sul (PIAUÍ, 1910, p.23).
Tanto o problema das secas como do isolamento eram pautas das autoridades políticas
piauienses, pois essas consideravam que a partir do momento em que tais dificuldades fossem
solucionadas, seria possível explorar as riquezas naturais do território e desenvolver as
diferentes indústrias. Com o aumento da circulação de capitais poderia realizar outros
melhoramentos que contribuiriam para construção de uma nova imagem para o estado,
diferente do quadro de abandono e decadência descrito. Assim a partir do século XX projetos
nesse sentido tiveram maior visibilidade.
A construção de uma nova imagem para o Piauí
[...] desvaneço-me de verificar que, embora os embaraços de toda sorte que
lhe entravam a marcha progressiva, o Piauhy de hoje não é mais,
absolutamente, a atrazada e empobrecida província de 1889. O regime
federativo implantou-se aqui definitivamente e o nosso estado avança seguro
e desassombrado no caminho futuro. [...] Resta agora que, por um esforço
harmonioso, convirjamos as nossas forças para a acceleração da marcha do
nosso estado, em busca das laboriosas conquistas do progresso e da
civilisação (PIAUÍ, 1910, p.43).
Em 1 de junho de 1910 Antonino Freire da Silva, então governador do Piauí, noticia
euforicamente em mensagem apresentada a câmara legislativa, que o estado não é mais aquela
região pobre, atrasada e isolada do século passado. A consolidação da organização política
republicana teria viabilizado o surgimento de novas ideias e possibilidades de
desenvolvimento para a região. Rompendo com um sistema político que só teria ocasionado
5
seu atraso e isolamento devido ao “excessivo centralismo político e administrativo” relegando
à segundo plano iniciativas que viessem a explorar os seus recursos naturais (QUEIROZ,
1984, p.49).
Marcado desde o início de sua colonização como uma região essencialmente agrária e
pecuarista, o Piauí não teria recebido as devidas atenções do Governo Imperial, o que segundo
as autoridades políticas locais teria impossibilitado o seu desenvolvimento. Na segunda
metade do século XIX o estado foi apresentado como uma região deplorável, sem nenhum
recurso que chamasse atenção e arrasado pelas secas (PIAUÍ, 1861, p.19). A situação precária
passou a ser associada ao antigo “regime decaído”. Neste sentido, o advento da República
causou ânimo nas autoridades piauienses, esperançosos de que o novo regime impulsionasse
as transformações necessárias para o desenvolvimento da região. É o que nos mostra o
governador do Piauí Coriolano de Carvalho e Silva em mensagem apresentada à câmara
legislativa em 1894;
Não me cansarei de atribuir a maior parte dos nossos problemas ao triste
legado que nos deixou o regime decaído [...]. Somos parte integrante da
federação, e dela temos o direito de esperarmos favores que as mãos largas
tem-se derramado em outros estados mais felizes que o nosso. Não é
possível que na República continuemos ainda no estado de abandono em que
vivemos no regime passado; a constituição não estabeleceu preferências em
favor deste ou daquele estado, por isso não é muito que se nos dê hoje aquilo
que nunca conseguimos obter no regime decaído, quando alias vivíamos
cercados de uma atmosfera aparente de imperialismo (PIAUÍ, 1895, p.4).
Mesmo diante das dificuldades de ordem financeira e da falta de auxílio do poder
central, o discurso oficial assume o compromisso de superar todos os empecilhos percebidos
como obstáculos a marcha pelo progresso no Piauí. Tentando romper com a imagem de atraso
atribuída a região, as autoridades governamentais procuram apresentar o estado por meio de
suas riquezas naturais, incentivando a exploração do território com a introdução de novas
tecnologias, visando o melhoramento de sua produção econômica.
O Estado do Piauhy é um dos grandes Estados do Norte do Brasil,
admiravelmente dotado pela natureza para atingir ao mais alto grão de
prosperidade. O Piauhy é, entretanto, um dos menos conhecidos dos Estados
da grande República da América do Sul, dispondo de inúmeras riquezas que
poderiam fazer a fortuna de muitos milhões de indivíduos. Quem visita e
percorre os seus campos de luxuriante vegetação, sente a natureza americana
em toda a sua força, em toda a sua beleza. Do terreno fertilíssimo surge uma
variedade de produções, que encantam a vista e dão confiança no futuro do
trabalho (CORREIO DE OEIRAS, 31de maio de 1909, p.2).
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O discurso otimista de progresso e a euforia perante novas possibilidades trazidas pela
modernização permeará toda a primeira década do século XX. Tais ideias serão sentidas em
diversos setores da sociedade piauiense, entretanto, as representações criadas em torno desse
projeto modernizador terão alcances diferentes entre as camadas da sociedade. Isso por que o
mesmo foi pensado e desenvolvido por uma elite que tencionava legitimar suas ideias a fim de
alcançar benefícios. Assim ao mesmo tempo em que as novidades trazidas pela modernidade
causavam fascínio com suas inovações, também geravam medo e desconfiança naqueles que
estavam à parte.
Tais novidades estavam mais concentrados na capital, Teresina, compreendendo
também alguns municípios que funcionavam como polos produtores e exportadores da
economia, como, por exemplo, Floriano e Parnaíba. É importante destacarmos que o Piauí do
início do século XX apresentava grandes disparidades entre seus municípios, assim quando
falamos em projetos de melhoramento e desenvolvimento, devemos deixar claro que esses
nem sempre contemplavam todo o território, estando na maioria das vezes concentrados em
partes especificas, tendo em vista os interesses de uma elite política local.
Como exemplo claro de tal discrepância, podemos mencionar as reformas realizadas
em Teresina nas primeiras décadas do século XX. A cidade foi palco de inúmeras mudanças
em sua estrutura urbanística com abastecimento de água canalizada (1903); criação de
serviços telefônicos (1907); iluminação publica (1914) entre outros serviços (FONTINELES
FILHO, 2008, p.33). Surge um novo modo de vida na capital do Piauí com a adoção de
hábitos que passam a ser considerados modernos em contraposição aos costumes tradicionais.
Porém, essas mudanças não ultrapassaram Teresina, ficando restrito aquele espaço,
enquanto outras cidades apresentavam uma estrutura ainda muito precária. Arthur Neiva e
Belisário Penna também deixa em evidencia a existência de uma diferença entre o norte e sul
do estado, apontando que as condições de vida das populações localizadas naquela parte do
território percorrido eram mais rudimentar, consequência do isolamento e da presença de um
maior número de doenças. (NEIVA, PENNA, 1916, p.201).
Quase todas as regiões percorridas foram consideradas abandonadas, com exceção das
capitais dos estados e alguns municípios (NEIVA, PENNA, 1916, p.222). Com isso,
queremos ressaltar a importância de não tomarmos os sertões como um todo, dentro deles
existiam particularidades. Nesse sentido, a imagem que os dois médicos descreveram sobre o
Piauí - doente, abandonado, atrasado, incivilizado – não serve para representa-lo como um
7
todo, tendo em vista que a expedição só esteve na parte sul. Não estamos aqui defendendo a
ideia de que o estado não apresentasse tais características descritas pelos viajantes, apenas
queremos evidenciar até que ponto essa visão reforçava estereótipos sobre o mesmo.
Entre os anos de 1914 e 1920 o engenheiro Agenor Augusto de Miranda esteve no
Piauí, incumbido de construir linhas telegráficas naquela região para dar serviço aos
flagelados pelas secas. Durante esse período, o engenheiro realizou alguns estudos sobre os
aspectos que caracterizavam o estado, publicando um livro com o titulo “Estudos Piauienses”
(1938). Essa obra é de suma importância, pois trás informações sobre diferentes partes do
território piauiense, o que nos possibilita confrontar algumas questões levantadas pelos
médicos do Instituto Oswaldo Cruz.
Diferentemente de Arthur Neiva e Belisario Penna que descreveram a região sul do
Piauí como insalubre e infestada de doenças, Agenor Augusto de Miranda destaca que toda
essa vasta zona do interior era a “mais bela pela amenidade de seu clima, abundancia de águas
cristalinas, vastas campinas de criar e as mais viçosas matas secas” (MIRANDA, 1938, p.70).
O engenheiro apresentava uma visão positiva sobre essa parte do território, destacando que o
único problema era o abandono do Governo e o isolamento causado pela falta de vias de
comunicação.
A solução para tais dificuldades estava na integração desses lugares ao litoral
piauiense, sendo o rio Parnaíba e seus portos importantes elementos dinamizadores do
comercio regional. O eixo da economia acabava sendo orientado pelo rio, o que resultou na
instalação de várias casas comerciais responsáveis pela importação e exportação de produtos
entre o litoral e o interior. A navegação pelo Parnaíba acabou influenciando na vida
econômica, social e na infraestrutura das cidades, inserindo o Piauí no mercado nacional e
internacional (ROCHA, GANDARA, 2009, p.299).
O que estamos querendo afirmar é que esses discursos que buscaram construir uma
nova imagem para o Piauí foram pautados, acima de tudo, por interesses políticos e
econômicos, tendo em vista, que a implementação de mecanismos para uma maior exploração
das riquezas com a construção de estradas, ferrovias, telégrafos e portos de navegação
estavam concentrados em regiões com maior possibilidade de desenvolvimento, pois na
medida em que o isolamento fosse combatido seria possível uma maior convergência de
produtos dos municípios do interior para o litoral.
8
Um dos interesses diz respeito ao incremento da produção pecuária, principal base
econômica. A criação de gado era realizada de forma precária pelo interior, a falta de vias de
comunicação impossibilitava a exportação do gado pelo porto de Parnaíba, sendo esse
transportado pelo rio São Francisco para ser comercializado na Bahia. Dessa forma a
economia acabava sendo prejudicada, pois perdia os impostos que os produtores pagavam
para a Bahia, além disso, ao realizar a exportação pelo Parnaíba havia a possibilidade de
comercializar os produtos diretamente com a Europa ou América Latina (MIRANDA, 1938,
p.73).
A construção de vias de comunicação que interligasse toda a vasta região sul do estado
com o litoral, seria um dos primeiros passos para atrair capitais estrangeiros, o que
possibilitaria maior desenvolvimento e exploração das riquezas. Porém era preciso que o
Governo Federal destinasse recursos que viessem financiar projetos nesse sentido, como pedia
A. Parentes em texto publicado no periódico Andorinha, em 1905.
[...] Tratem os poderes competentes de ir em auxílio de todas as indústrias
viáveis; haja por parte dos representantes federais um pouco de atenção para
em nosso bem vir algum melhoramento, como o de estradas de ferro (quiçá a
maior das nossas necessidades de progresso), que nos liguem a outros pontos
adiantados e inevitavelmente resultará uma nova fase de animo e
engrandecimento para o comércio atrofiado e pequeno que temos, para a
nossa lavoura insignificante, para a indústria pastoril em decadência; enfim
para tudo quanto concorrer possa para fazer a felicidade e o relativo
engrandecimento do nosso caro Piauí (ANDORINHA, 12 de outubro de
1905, p.10).
O suposto descaso que já era denunciado pelas autoridades políticas locais desde finais
do século XIX, acabou sendo reforçado pelos médicos do IOC e o engenheiro das linhas
telegráficas, corroborando com as demandas das elites locais. Portanto, era “interesses de
elites locais, estaduais, bem como da União que, concomitantemente, estabeleciam uma linha
tênue entre o que aquele espaço era e o que o mesmo deveria ser” (SOUZA, 2018, p.18).
Nessa missão civilizadora de expansão das fronteiras, inúmeros interesses se encontraram,
determinando o traçado da integração.
Em busca de uma identidade piauiense
José Murilo de Carvalho (1990, p.33) mostra que a busca por uma identidade coletiva
para o país, de uma base para a construção da nação, foi uma das preocupações da
intelectualidade brasileira durante toda Primeira República. No Piauí não seria diferente, o
9
que podemos observar é um esforço excessivo para construção de uma identidade a partir das
características territoriais, ou seja, daquilo que o diferenciava do conjunto da federação,
apostando na divulgação de um sentimento de “piauiensidade”1.
Paulo Gutemberg de Carvalho Souza (2008) destaca que nas três primeiras décadas
do século XX os chamados “intelectuais-historiadores” desenvolveram uma produção
historiográfica que procurava romper com narrativas monarquistas e viabilizar a construção
de uma história patriótica piauiense republicana. Na escrita dessa história local, o sertão ganha
visibilidade como dinamizador da vida do sertanejo, enquanto as calamidades são evocadas
para introduzir o Piauí na história do Brasil.
Logo surgem as primeiras obras literárias e históricas escritas por intelectuais
piauienses2. Esses sujeitos transitavam pelos diferentes espaços da sociedade, era na maioria
das vezes formados em direito, medicina, engenharia e ocupavam altos cargos na
administração do estado. Embora existissem inúmeras cisões entre eles, possuíam um objetivo
em comum: “construir uma memória histórica a fim de integrar o Piauí na história nacional
sob o ponto de vista republicano” (SOUZA, 2008, p.67). Assim vão introduzir em suas
escritas ideias de abandono, isolamento e atraso como forma de reivindicar um lugar para o
estado.
Seus argumentos também serão pautados em elementos “raciais e mesológicos”, sendo
a natureza definidora da personalidade dos sujeitos. Entretanto, esses conceitos serão
evocados de forma paradoxal nas inúmeras narrativas do período, uma vez que, os aspectos
físicos da região serão descritos tanto de forma negativa como positiva, o que nos leva a
pensar que no Piauí não houve uma única identidade, as tensões entre os grupos locais gerou
um debate mais complexo. O que podemos ver são narrativas que vão ao encontro de
interesses políticos e econômicos das elites. Desse modo, a população piauiense foi
caracterizada de formas diferentes dependendo da região (ARAÚJO, 2018, p.23).
1A piauiensidade foi um processo de constituição de uma identidade histórica-cultural para a sociedade
piauiense, visando dar maior visibilidade ao estado expondo suas mazelas para reivindicar maior atenção do
poder central. 2Entre os sujeitos que despontaram na vida política e intelectual e se ocuparam em escrever uma história
republicana local podemos citar Abdias Neves, Antonino Freire, Miguel Rosa, Matias Olímpio, Clodoaldo
Freitas e Higino Cunha.
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O primeiro a discutir sobre o assunto foi Abdias Neves3, elegendo elementos
geográficos como determinantes da “piauiensidade”. Em “A guerra do Fidié”(1907) o autor
descreve o piauiense como um “reflexo do meio”, apontando que a abundancia de recursos
naturais disponíveis era responsável pela degeneração dos habitantes, tornando-os fracos,
pacíficos, indolentes, preguiçosos e incapazes de uma reforma, tendo em vista, que não
precisavam de muitos esforços para obterem os meios de sobrevivência.
[...] Tinha, apenas, que cruzar os braços e ceder a fatalidade das
circunstâncias. Não era preciso a sua intervenção. Nenhum esforço se lhe
exigia. E como por toda parte abundavam frutos, sobrava a caça, e
serpeavam os rios piscosos, a luta pela vida não tinha grandes exigências e o
homem, amolentado pelo calor, perdia, pouco a pouco, os traços de seu
caráter de origem. De irrequieto, corajoso, aventureiro e esforçado, fizeram-
no o calor, a facilidade dos meios de subsistência e a vida monótona das
fazendas um temperamento morno, um caráter passivo, um tipo indolente.
[...] E como as suas necessidades eram prontamente satisfeitas, desde que
encontrava ao alcance da mão o gado, as frutas, a caça e a pesca de que se
alimentava; como se vestia e se veste de algodão grosseiro (tecido em
rústicos aparelhos de madeira) e do couro curtido dos veados; como de nada
mais necessitava, foi recuando cada vez mais o horizonte das ambições e
perdendo o espírito de iniciativa (NEVES, 1907, p.219-220).
Abdias Neves tencionava a integração do Piauí a história nacional, pois evidenciava a
importância da participação dos piauienses nas lutas pela independência, conferindo ao estado
um lugar na história do Brasil a fim de romper com narrativas que excluíam o seu
protagonismo. Porém, teria elegido somente a elite local como responsável por conduzir o
movimento, tendo em vista, que considerava o povo incapaz de tal ato (SOUZA, 2008, p.67).
O intelectual também era defensor da tese de que a herança pecuarista seria
delineadora da cultura local, ao afirmar que a história do Piauí, desde sua colonização, teria
sido construída em torno do gado, contribuindo ainda mais para a decadência dos sujeitos
piauienses, pois a economia pecuária não demandava grandes esforços ou investimentos dos
3“Abdias da Costa Neves foi Jurista, político, jornalista, poeta, professor, romancista e historiador. Dedicou toda
sua vidas as letras, onde figurou como uma das mais cintilantes culturas de sua época. Foi uma das mais altas
expressões do jornalismo piauiense, distinguiu-se pelo seu estilo enxuto, pela cultura, pela linguagem elevada e
pela argumentação incisiva. Teve uma atuação ativíssima na imprensa piauiense. Fundou os jornais A Crisálida,
A Ideia, A Notícia, O Dia. Foi co-fundador de O Redator, A Luz, O Norte, O Estafeta e o Jornal de Notícias. Nas
revistas da Academia Piauiense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí, encontramos preciosos
trabalhos de Abdias Neves. Entre as obras publicadas, podemos citar: A Guerra de Fidié, 1907; Imunidades
Parlamentares, 1908; O Padre perante a História, 1908; Um Manicaca, 1909; Psicologia do cristianismo, 1910;
Elegibilidade do Marechal, 1910; Autonomia Municipal, 1913; O Brasil e as Esferas de Influencias na
Conferência de Paz, 1919; O Piauí na Conferência do Equador, 1921; Aspectos do Piauí, 1926. Foi Senador da
República por seu estado natal (1915-1923)” (GONÇALVES, 2003, p. 278-279).
11
criadores, uma vez que os animais eram criados soltos em imensos pastos. Neste sentido, tal
narrativa “encontra na força do meio físico, na vida sertaneja e na atividade pecuarista os
elementos naturais e históricos fora dos quais parecia impossível pensar o Piauí, a sua cultura
e seus habitantes” (SILVA, 2013, p.91).
Mas, ao lado do calor, ao lado da excessiva facilidade da alimentação, veio
colocar-se a indústria pastoril. Coisa alguma pudera servir melhor a sua
indolência, nas condições especialíssimas em que a criação se realizava. O
gado, uma vez solto, não precisava de cuidados. Passava todo o verão
embrenhado nas catingas e o vaqueiro só o procurava no inverno para trazer
os monjolos, amansá-los e assinalá-los (NEVES, 1907, p.220).
No entanto, Paulo Gutemberg (2008) enfatiza que o principal legado da tese de Abdias
Neves não está na adoção de determinismos geográficos ingênuos, mas na ideia de que a
relação da atividade pecuária com o meio e o abandono dos poderes públicos seria
constituidora de uma marca identitária para esses povos. Com isso, podemos ver como a
“retórica do abandono-isolamento-atraso” vai sendo elaborada para demarcar o Piauí e seu
povo no início do século XX.
Artigos e ensaios de intelectuais piauienses eram constantemente publicados em
revistas e periódicos do estado, acompanhados por um movimento cultural que buscava cada
vez mais afirmar uma tradição republicana com a realização de vários eventos oficiais, entre
eles podemos citar a Exposição Nacional de 1908, as comemorações em torno do Centenário
da Independência do Brasil, em 1922, e do Centenário da Independência do Piauí, em 1923. O
incremento na produção cultural pode ser entendido como uma forma de criar elementos
simbólicos para sociedade4.
A fim de consolidar ideias que pudessem criar um sentimento de pertencimento a
comunidade, esses intelectuais também encabeçaram campanhas sobre assuntos que
mobilizavam a opinião pública, por meio de debates na imprensa local. A questão da pecuária
era pauta recorrente nos artigos, sempre voltados para tratar das péssimas condições da
economia em decorrência do suposto abandono com a região, como pode ser observado no
ensaio “Indústria Pecuária”, escrito por Abdias Neves e publicado no periódico “Nortista”
entre os anos de 1901 e 1902.
Essas providências mais se fazem necessárias no Piauí, estado principiante,
paupérrimo, cuja indústria única é a pastoril. Desgraçadamente, porém,
4Como exemplo podemos citar a criação da Bandeira (1922) e do Hino do Piauí (1923) para as comemorações do
Centenário da Independência no Piauí.
12
apesar de contar mais de dois séculos de existência, ela não tem saído de um
período por demais rudimentar. O gado nasce e cresce pelos campos, sem
cuidados higiênicos, sem a assistência de um veterinário, entregue em
definitivo a boa vontade do vaqueiro que comumente sabe derribar uma vez,
capar um garrote, curar bicheiras com a aplicação do mercúrio, e nada mais
(NORTISTA, 23 novembro de 1901, p.2).
Combinando o discurso de abandono ao geográfico, os intelectuais constituíram a base
para formação das narrativas sobre a identidade piauiense, definindo a atividade pecuária
como delimitadora das peculiaridades do Piauí enquanto sertão. Assim, a construção da
“piauiensidade” passa a ser evocada como forma de chamar atenção para aquela parte do
território brasileiro, considerada isolada e abandonada, mas de grandes riquezas e que tinha na
sua história aspectos primordiais que diferenciava do conjunto da federação. No entanto, o
que é importante frisar é que “a consolidação de ideias aptas a criarem sentimentos de
pertencimento à comunidade imaginada estava ligada a uma prática social de um grupo
distinto na sociedade” (SOUZA, 2008, p.81), ou seja, era um projeto elaborado pela elite
política-intelectual piauiense.
Considerações finais
Nos primeiros anos da República, as ideias modernizantes estiveram vinculadas a uma
perspectiva de integração nacional, que buscou levar para os “sertões brasileiros” elementos
que viessem sanar as mazelas que afligiam as populações. No Piauí, as elites políticas-
intelectuais, reforçaram a ideia de que a região era isolada e abandonada como forma de
reivindicar maior atenção do poder central. Tal retórica foi sendo formulada de acordo com os
interesses de grupos que determinaram as principais necessidades do estado.
A percepção de que o Piauí era abandonado foi ainda mais reforçada com o declínio
da produção pecuária. O isolamento, as secas e a falta de investimentos advindos do poder
central, foram apontados como os principais motivos da crise econômica. A saída encontrada
seria realizar uma modernização na produção, com a introdução de novas técnicas,
cruzamento de raças bovinas e expansão das vias de comunicação para um maior escoamento
da produção. Assim, as elites políticas-intelectuais passaram a mobilizar um sentimento de
identidade piauiense por meio da escrita de uma história local, a fim de realizar uma maior
regionalização dos interesses estaduais.
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Nesse sentido, o Piauí é percebido como uma região que poderia vir a ser moderna e
desenvolvida a partir do momento que suas riquezas fossem exploradas de forma mais
adequada. No entanto, tal objetivo só seria concluído a partir do momento em que vias de
comunicação permitissem o acesso às zonas interiores mais isoladas, pois segundo Neiva e
Penna “até hoje, aquelas regiões tem sido desamparadas pela nação” [...] (1916, p.182).
Mais do que um projeto nacional que visava expandir as fronteiras e explorar as
riquezas do Brasil central, o discurso de integração no Piauí passou constantemente a atender
interesses econômicos locais. O suposto isolamento era mais imaginado do que real, pois
desde a segunda metade do século XIX os produtores piauienses já comercializavam com os
estados vizinhos e até mesmo com outros países, ou seja, mantinha constantes trocas
comercias.
O Piauí já não mais negocia tão somente, pelo interior, com a Bahia,
Pernambuco, Ceará e Maranhão, e, por meio de navegação costeira, com
estas duas últimas províncias. Os seus gados são exportados também para a
Caiena Francesa e o seu algodão em rama para a Inglaterra; e estas duas
nações importam-lhe diretamente as suas mercadorias (PIAUÍ, 1864, p.24).
O sertão do Piauí não era tão isolado como se desejava destacar, pois sua elite estava
atenta e participava das discussões e projetos que eram elaborados em âmbito nacional, o que
significa que esses sujeitos circulavam e trocavam ideias em diferentes espaços da sociedade.
Assim o discurso de isolamento e abandono regional constituiu-se como ferramenta de
representação daquela região que buscava suplantar sua condição de sertão por meio da
materialização de projetos modernizadores. Por fim, a narrativa que buscamos destacar nos
ajuda a diversificar os modos de contar a história do Piauí que por muitas vezes foi escrita
sem levar em consideração a atuação de sujeitos locais.
FONTES
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Duarte de Asevedo passou administração ao Exm. Vice-presidente Dr. José Marianno Lustoza
do Amaral, no dia 15 de abril de 1861. Theresina:Typ. Conservadora, 1861.
PIAUÍ. Relatório apresentado a Assembleia Legislativa do Piauhy, no dia 01 de junho de
1864, pelo Presidente da província Franklin Américo de Menezes Doria. Typ. de B. de
Mattos, 1864.
PIAUÍ. Mensagem Apresentada a Câmara Legislativa do Estado do Piauí pelo seu
Governador Dr. Coriolano de Carvalho e Silva, no dia 7 de setembro de 1895, Teresina.
PIAUÍ. Mensagem Apresentada a Câmara Legislativa pelo Exm. Sr. Dr. Antonino Freire da
Silva, Governador do Estado, no dia 1 de Junho de 1910. Theresina: Typ. Do Piauhy, 1910.
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ilustrada e comentada. Teresina, 2003, 460p.
DAD/COC – Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz:
NEIVA, Arthur; PENNA, Belisario. Viagem cientifica pelo Norte da Bahia, sudoeste de
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