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MARX, Karl. A chamada acumulação primitiva. - Foi visto como o dinheiro se transforma em capital e como se produz mais-valia com o capital. “Mas a acumulação do capital PRESSUPÕE a mais valia, a mais valia a produção capitalista, e esta a existência de grandes quantidades de capital e de força de trabalho nas mãos dos produtores de mercadorias. Todo esse movimento tem assim a aparência de um círculo vicioso do qual só poderemos escapar admitindo uma acumulação primitiva, anterior à acumulação capitalista, uma acumulação que não decorre do MODO CAPITALISTA DE PRODUÇÃO, mas é seu ponto de partida”. “Essa acumulação desempenha na economia o mesmo papel do PECADO ORIGINAL na teologia [...] por causa dele, a grande massa é pobre e só tem a força de trabalho para vender”. “Desde o início da humanidade, o direito e o trabalho são os únicos meios de enriquecimento”. “Os métodos da acumulação primitiva nada têm de idílicos”. - Mercadoria e dinheiro não são em si capital, deve ocorrer uma transformação nelas. “O sistema capitalista pressupõe a dissociação entre os trabalhadores e a propriedade dos meios pelos quais realizam o trabalho” “O processo que cria o SISTEMA CAPITALISTA consiste apenas no processo que retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, um processo que transforma em capital os meios sociais de subsistência e os de produção e converte em assalariados os produtores diretos. A chamada ACUMULAÇÃO PRIMITIVA é apenas o processo histórico que dissocia o trabalhador dos meios de produção. É considerada primitiva porque constitui a pré-história do capital e do modo de produção capitalista”. TRANSIÇÃO: “A estrutura econômica da sociedade capitalista nasceu da estrutura econômica da sociedade feudal. A decomposição dessa liberou elementos para a formação daquela” “Os que se emanciparam só se tornaram vendedores de si mesmos depois que lhes roubaram todos os seus meios de produção e os privaram de todas as garantias que as velhas

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MARX, Karl. A chamada acumulao primitiva.-Foi visto como o dinheiro se transforma em capital e como se produz mais-valia com o capital. Mas a acumulao do capital PRESSUPE a mais valia, a mais valia a produo capitalista, e esta a existncia de grandes quantidades de capital e de fora de trabalho nas mos dos produtores de mercadorias. Todo esse movimento tem assim a aparncia de um crculo vicioso do qual s poderemos escapar admitindo uma acumulao primitiva, anterior acumulao capitalista, uma acumulao que no decorre do MODO CAPITALISTA DE PRODUO, mas seu ponto de partida. Essa acumulao desempenha na economia o mesmo papel do PECADO ORIGINAL na teologia [...] por causa dele, a grande massa pobre e s tem a fora de trabalho para vender. Desde o incio da humanidade, o direito e o trabalho so os nicos meios de enriquecimento. Os mtodos da acumulao primitiva nada tm de idlicos. - Mercadoria e dinheiro no so em si capital, deve ocorrer uma transformao nelas. O sistema capitalista pressupe a dissociao entre os trabalhadores e a propriedade dos meios pelos quais realizam o trabalho O processo que cria o SISTEMA CAPITALISTA consiste apenas no processo que retira ao trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho, um processo que transforma em capital os meios sociais de subsistncia e os de produo e converte em assalariados os produtores diretos. A chamada ACUMULAO PRIMITIVA apenas o processo histrico que dissocia o trabalhador dos meios de produo. considerada primitiva porque constitui a pr-histria do capital e do modo de produo capitalista. TRANSIO: A estrutura econmica da sociedade capitalista nasceu da estrutura econmica da sociedade feudal. A decomposio dessa liberou elementos para a formao daquela Os que se emanciparam s se tornaram vendedores de si mesmos depois que lhes roubaram todos os seus meios de produo e os privaram de todas as garantias que as velhas instituies feudais asseguravam sua existncia. Eahistria da expropriao que sofreram foi inscrita A SANGUE E FOGO nos anais da humanidade. - Os capitalistas industriais tiveram que tirar o domnio que os mestres das corporaes e os prprios senhores tinham dos mananciais das riquezas.- A ascenso do capitalista representa uma vitria contra os mestres e senhores, contra as corporaes e os feudos.- O homem agora poderia ser LIVREMENTE explorado.O processo que produz o assalariado e o capitalista tem suas razes na sujeio do trabalhador... Embora os prenncios da produo capitalista j apaream nos sculos XVI e XV, em algumas cidades mediterrneas, a era capitalista data do sculo XVI. Onde ela surge a servido j est abolida h muito tempo. A expropriao do produtor rural, do campons, que fica assim privado de suas terras, constitui a base de todo o processo.Nos fins do sculo XIV, a servido tinha desaparecido praticamente da Inglaterra.Em todos os pases da Europa, a produo feudal se caracteriza pela repartio da terra pelo maior nmero de camponeses. - O poder do senhor no est na sua renda, mas na quantidade de seus sditos. O preldio da revoluo que criou a base do modo capitalista de produo ocorreu no ltimo tero do sculo XV e nas primeiras dcadas do sculo XVI.- Rompida os laos de vassalagens feudais, lanado ao mercado de trabalho mo-de-obra livre.- O florescimento da manufatura de l e a elevao dos preos dele aumentaram tambm a violncia na Inglaterra.A velha nobreza fora devorada pelas guerras feudais. -Na Inglaterra, pelos idos dos sculos XV e XVI os pastos para as ovelhas substituram as terras das lavouras. REVOLUO AGRCOLA? O processo violento de expropriao do povo recebeu um terrvel impulso, no sculo XVI, com a Reforma e imenso saque dos bens da Igreja que a acompanhou. A propriedade da Igreja constitua o baluarte religioso das antigas relaes de propriedade. Ao cair aquela, estas no poderiam mais se manter. - A Gloriosa Revoluo de Guilherme de Orange Inauguraram a nova era em que expandiram em escala colossal os roubos s terras do Estado at ento praticados em dimenses mais modestas. Essa usurpao das terras da Coroa e o saque aos bens da Igreja constituem a origem dos grandes domnios atuais da oligarquia inglesa. - Os capitalistas ajudaram a transformar a terra em artigo de comrcio. A violncia que se assenhoreia das terras comuns (da poca feudal), seguida em regra pela transformao das lavouras em pastagens comea no fim do sculo XV e prossegue no sculo XVI O progresso do sculo XVIII consiste em ter tornado a prpria lei o veculo do roubo das terras pertencentes ao povo [...] O roubo assume a forma parlamentar que lhe do as leis relativas ao CERCAMENTO DAS TERRAS COMUNS [...] decretos de expropriao do povo. - Foi necessrio um golpe parlamentar para tornar as terras comuns em propriedades privadas. Demais, o roubo sistemtico das terras comuns, aliado ao furto das terras da coroa, contribuiu para aumentar aqueles grandes arrendamentos, chamados, no sculo XVIII, de fazendas de capital ou fazendas comerciais.- As trabalhadores eram expulsos de suas terras e obrigados a procurar empregos nas cidades.No sculo XIX, perdeu-se naturalmente a lembrana da conexo que existia entre agricultura e terra comunal.O ltimo grande processo de expropriao dos camponeses finalmente a chamada LIMPEZA DAS PROPRIEDADES, a qual consiste em varrer destas os seres humanos. Todos os mtodos ingleses culminaram nessa limpeza. - A terra antes povoada por trabalhadores agora era pasto para ovelhas. O ser humano vale menos que uma pele de carneiro. - A limpeza das propriedades foi um mal que se alastrou por toda Europa. Roubo dos bens da igreja, a alienao fraudulenta dos domnios do estado, a ladroeira das terras comuns e a transformao da propriedade feudal e do cl em propriedade privada moderna, levada a cabo com terrorismo implacvel, figuram entre OS MTODOS IDLICOS da acumulao primitiva. - Incorporaram as terras ao capital e proporcionaram indstria das cidades a oferta necessria de proletrios sem direitos. - Aqueles que foram expulsos das terras com a dissoluo das vassalagens feudais no foram absorvidos na mesma proporo pelo trabalho industrial ou comercial. Houve mudana de estilo de vida, normal que no houvesse adaptao da noite para o dia. Muitos se transformaram em mendigos, ladres, vagabundos, em parte por inclinao, mas na maioria dos casos por fora das circunstncias. Da ter surgido em toda a Europa Ocidental, no fim do sculo XV e no decurso do XVI uma legislao sanguinria contra a VADIAGEM. Os ancestrais da classe trabalhadora atual foram punidos inicialmente por se transformarem em vagabundos e indigentes, transformao que lhes erra imposta. Quem perambule e mendigue ser declarado vadio e vagabundo. Assim, a populao rural, expropriada e expulsa de suas terras, compelida vagabundagem, foi enquadrada na 'disciplina exigida pelo sistema de trabalho assalariado, por meio de um grotesco terrorismo legalizado que empregava o aoite, o ferro em brasa e a tortura. O prolongamento da jornada de trabalho foi outro fator fundamental da chamada acumulao primitiva de capital. Era proibido pagar salrio acima do tabelado. Em 1813, foram abolidas finalmente as leis que regulavam os salrios.A associao de trabalhadores foi, durante muito tempo, proibida.A expropriao da populao rural cria imediatamente as grandes propriedades de terras. GNESE DO CAPITALISTA INDUSTRIAL: a) alguns mestres de corporao;A idade mdia fornecera duas formas de capital que amadurecem nas mais diferentes formaes econmico-sociais e foram as que emergiram como capital antes de despontar a ERA CAPITALISTA, a saber, o capital usurio e o capital mercantil. O CAPITAL DINHEIRO formado por meio da usura e do comrcio era impedido de se transformar em CAPITAL INDUSTRIAL pelo sistema feudal no campo, e pela organizao corporativa na cidade. Esses entraves caram com a dissoluo das vassalagens feudais; com a expropriao e a expulso parcial das populaes rurais. As descobertas de ouro e de prata na Amrica, o extermnio, a escravido das populaes indgenas, foradas a trabalhar no interior das minas, o incio da conquista e pilhagem das ndias Orientais e a transformao da frica num vasto campo de caada lucrativa so os acontecimentos que marcam a aurora da era da produo capitalista. Esses processos idlicos so fatores fundamentais da acumulao primitiva. - Houve diferentes estimuladores da acumulao primitiva. O sistema colonial foi um. Todos eles utilizavam o poder do estado, a fora concentrada e organizada da sociedade para ativar artificialmente o processo de transformao do modo feudal de produo no modo capitalista, abreviando assim as etapas de transio. A fora o parteiro de toda sociedade velha que traz uma nova em suas entranhas. O sistema colonial fez prosperar o comrcio e a navegao. No perodo manufatureiro, ao contrrio, a supremacia comercial que proporciona o predomnio industrial - A dvida pblica, cujas origens esto em Gnova e Veneza, apoderou-se de toda a Europa durante o perodo manufatureiro.O crdito pblico torna-se o credo do capital. A DVIDA PBLICA converte-se numa das alavancas mais poderosas da acumulao primitiva... criou uma classe de capitalistas ociosos, enriqueceu, de improviso, os agentes financeiros que servem de intermedirios entre o governo e a nao. - A dvida pblica deu origem ao sistema internacional de crdito.O sistema colonial, a dvida pblica, os impostos pesados, o protecionismo, as guerras comerciais, etc., esses rebentos do perodo manufatureiro desenvolvem-se extraordinariamente no perodo infantil da indstria moderna. O capital ao surgir escorrem-lhe sangue e sujeira por todos os poros, da cabea aos ps. O que tem de ser expropriado agora no mais aquele trabalhador independente e sim o capitalista que explora muitos trabalhadores.A centralizao dos meios de produo e a socializao do trabalho alcanam um ponto em que se tornam incompatveis com o envoltrio capitalista. O invlucro rompe-se. Soa a hora final da propriedade particular capitalista. Os expropriadores so expropriados. A produo capitalista gera sua prpria negao, com a fatalidade de um processo natural. a negao da negao Antes houve a expropriao da massa do povo por poucos usurpadores, hoje, trata-se da expropriao de poucos usurpadores pela massa do povo