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0069691-11.2014.8.19.0001 – JCAN pág 1
APELAÇÃO nº 0069691-11.2014.8.19.0001
APELANTE: UNIMED RIO - COOPERATIVA DE TRABALHO
MÉDICO DO RIO DE JANEIRO LTDA.
APELADA: SONIA MEJDALANI
RELATOR: DES. ANTONIO CARLOS ARRÁBIDA PAES
APELAÇÃO CÍVEIL. PLANO DE SAÚDE. UNIMED RIO.
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 469 DO STJ. PARTE AUTORA
PORTADORA DE TROMBOSE VENOSA DE RAMO
TEMPORAL INFERIOR DO OLHO DIREITO, COM EDEMA
CISTÓIDE DE MÁCULA, NECESSITANDO SE SUBMETER À
TRATAMENTO URGENTE PREVISTO EM LAUDO MÉDICO,
CONSISTENTE EM APLICAÇÕES DE INJEÇÃO
INTRAVITREA DE LUCENTIS, SOB PENA DE REDUÇÃO E
ATÉ MESMO PERDA DA ACUIDADE VISUAL DA PACIENTE.
OPERADORA DO PLANO DE SAÚDE QUE SE RECUSA A
FORNECER O MEDICAMENTO PARA VIABILIZAR O
TRATAMENTO DA PARTE AUTORA PRESCRITO POR SEU
MÉDICO, ALEGANDO QUE NÃO ESTÁ INCLUSO NO ROL
DA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR – ANS.
IRREFRAGÁVEL FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RECUSA MANIFESTAMENTE ABUSIVA, NA MEDIDA EM
QUE CUMPRE AO MÉDICO DA PARTE AUTORA E NÃO AO
PLANO DE SAÚDE, DIAGNOSTICAR A DOENÇA E
PRESCREVER A TERAPÊUTICA E O REMÉDIO A QUE O
PACIENTE DEVE SE SUBMETER, EM FACE DA GARANTIA
CONSTITUCIONAL DO DIREITO À SAÚDE E À VIDA.
APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 211 DO TJRJ: “HAVENDO
DIVERGÊNCIA ENTRE O SEGURO SAÚDE CONTRATADO E
O PROFISSIONAL RESPONSÁVEL PELO PROCEDIMENTO
CIRÚRGICO, QUANTO À TÉCNICA E AO MATERIAL A
SEREM EMPREGADOS, A ESCOLHA CABE AO MÉDICO
INCUMBIDO DE SUA REALIZAÇÃO”. PRECEDENTES
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DESTA CÂMARA CÍVEL ESPECIALIZADA. DANO MORAL
CONFIGURADO “IN RE IPSA”, POIS DECORRE DO PRÓPRIO
FATO QUE O ENSEJOU. NO CASO CONCRETO, A PARTE
AUTORA VIU FRUSTRADA SUA LEGÍTIMA EXPECTATIVA,
AO CELEBRAR O CONTRATO DE SEGURO SAÚDE, DE SE
RESGUARDAR CONTRA OS RISCOS À SUA SAÚDE E À SUA
VIDA, SENDO CERTO QUE JUSTAMENTE NO MOMENTO
EM QUE MAIS PRECISAVA DOS SERVIÇOS DE
ASSISTÊNCIA MÉDICA, SEU DIREITO FOI NEGADO DE
FORMA ABUSIVA PELO PLANO DE SAÚDE RÉU,
VIOLANDO-SE O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, INSCULPIDO NO
ARTIGO 1º, III, DA CARTA MAGNA. ADEMAIS, APLICÁVEL
À ESPÉCIE A SÚMULA Nº 339 DO TJRJ: “A RECUSA
INDEVIDA OU INJUSTIFICADA, PELA OPERADORA DO
PLANO DE SAÚDE, DE AUTORIZAR A COBERTURA
FINANCEIRA DE TRATAMENTO MÉDICO ENSEJA
REPARAÇÃO A TÍTULO DE DANO MORAL”. CONDENAÇÃO
DO PLANO DE SAÚDE RÉU A PAGAR À PARTE AUTORA A
QUANTIA DE R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) A TÍTULO DE
INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS ADVINDOS DA
INDEVIDA RECUSA DA EMPRESA RÉ EM AUTORIZAR O
PROCEDIMENTO INDICADO PELO MÉDICO. REDUÇÃO
QUE SE IMPÕE EM ATENDIMENTO AOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE, BEM
COMO VISANDO AJUSTÁ-LA AOS PARÂMETROS
ADOTADOS POR ESTA AUGUSTA CÂMARA CÍVEL
ESPECIALIZADA, EM CASOS SIMILARES, EVITANDO-SE O
NEFASTO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA, MOTIVOS
PELOS QUAIS ENTENDO ADEQUADA E JUSTA A
ATENUAÇÃO DA VERBA COMPENSATÓRIA DO DANO
MORAL AO PATAMAR DE R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS).
PRECEDENTES DESTA CORTE. CONHEÇO DO RECURSO
DE APELAÇÃO E LHE DOU PARCIAL PROVIMENTO, NA
FORMA DO DISPOSTO NO ARTIGO 557, § 1º-A, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.
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DECISÃO MONOCRÁTICA
Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c danos morais e
antecipação dos efeitos da tutela formulada por SONIA MEJDALANI em
face de UNIMED RIO - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO
RIO DE JANEIRO LTDA, alegando, em suma, que é portadora de trombose
venosa de ramo temporal inferior do olho direito, com edema cistóide de
mácula e necessita se submeter ao tratamento com injeções intravitreas de
Lucentis. Alega, ainda, que a seguradora não autorizou o procedimento, por
ausência de previsão de cobertura obrigatória, nos termos do rol divulgado
pela ANS. Desta forma, requer a autorização judicial para realização de
aplicações de injeção intravitrea de Lucentis e a reparação por danos morais.
A peça vestibular foi protocolizada com os documentos de fls.
15/24.
Consta, às fls. 44, decisão deferindo o benefício da gratuidade de
justiça e a antecipação dos efeitos da tutela.
Contestação, às fls. 53/70, suscitando, preliminarmente, a
impossibilidade de exame da matéria pelo Poder Judiciário, visto que já
regulamentada por norma editada pela agência regulardora. No mérito,
alegou, em síntese, que o procedimento não está previsto no rol de cobertura
obrigatória divulgado pela ANS. Pugnou pela improcedência dos pedidos.
Por sentença prolatada, às fls. 107/110, a ilustre juíza de 1º grau
julgou procedente o pedido nos seguintes termos:
“Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para determinar que o
Réu autorize em 48 horas o início do tratamento indicado na inicial,
fornecendo o material necessário para sua realização e pelo período
necessário ao seu restabelecimento, tornando definitiva a tutela
antecipada às fls. 44, sob pena de multa única no valor de R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
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Condeno o Réu ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título
de danos morais, acrescidos de juros de mora legais, a contar da
citação, e corrigidos monetariamente pelos índices oficiais da
Corregedoria Geral da Justiça, a contar da sentença. Em
consequência, julgo extinto o processo, na forma do art. 269, inciso I,
do CPC.
Condeno o Réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios, que
fixo em 10% sobre o valor da condenação, na forma do art. 20, do
CPC.
Certificado o trânsito em julgado, na forma do art. 229-A, § 1º, inciso
I, da Consolidação Normativa da Corregedoria Geral de Justiça,
acrescentado pelo Provimento nº 20/2013, ficam as partes, desde logo,
intimadas de que o processo será remetido à Central de Arquivamento.
Certificada, ainda, a insubsistência de custas, dê-se baixa e arquive-se.
P.R.I.”
Inconformada, a empresa ré apresentou o recurso de apelação
acostado às fls. 113/131, sustentando, inicialmente, que o Poder Judiciário é
incompetente para apreciar a causa que versa sobre norma específica
emanada pela ANS, em face do princípio da separação dos poderes. No
mérito, sustenta a impossibilidade de reputar abusivo comportamento
legalmente previsto na norma específica atinente ao tema. Sustenta, ainda, a
ausência de defeito na prestação do serviço, em face da Resolução nº
262/2011 da ANS, ou seja, o exame prescrito pelo médico está fora das
diretrizes elencadas pela ANS. No tocante ao dano moral, salienta que o
inadimplemento contratual não enseja a indenização da verba compensatória
do dano moral, à luz da Súmula nº 75 do TJRJ. Caso seja mantida a
condenação da apelante, salienta que tal condenação deve ser graduada,
considerando-se o Princípio da Razoabilidade e a extensão do dano,
independente da apelante ser pessoa física ou jurídica, requerendo, assim,
seja reduzida a verba arbitrada a título de dano moral. Desta forma, requer
seja julgado improcedente o pedido formulado na inicial.
Contrarrazões, às fls. 142/146, prestigiando a sentença recorrida.
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É o relatório. Decido.
Inicialmente, cumpre observar, que se encontram presentes os
pressupostos de admissibilidade, razão pela qual conheço do recurso
interposto.
A matéria alvo do recurso não possui nenhuma complexidade,
uma vez que já foi amplamente discutida pelo egrégio Superior Tribunal de
Justiça e apresenta entendimento consolidado na jurisprudência deste colendo
Tribunal de Justiça, ensejando o julgamento monocrático pelo Relator, à luz
do disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil.
É incontroverso que o Código de Defesa do Consumidor incide
na relação jurídica celebrada entre as partes litigantes, pois a parte autora se
amolda na figura de consumidora (art. 2º do CDC), enquanto que a empresa
ré se encaixa perfeitamente como fornecedor de serviços (art. 3º do CDC),
fazendo prevalecer os princípios e as regras cogentes nele inseridas e que
possuem o escopo precípuo de favorecer o lado mais vulnerável nesse
vínculo, e, por conseguinte, reequilibrar as forças entre as partes envolvidas
na contenda, sabidamente desproporcional e injusta.
Segundo escólio do eminente Desembargador JOSÉ CARLOS
MALDONADO DE CARVALHO, em sua notável obra Direito do
Consumidor – Fundamentos Doutrinários e Visão Jurisprudencial, 5ª edição,
editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, ano 2012, pág. 08, verbis:
“Exatamente por se sujeitar às práticas do fornecimento de produtos
e serviços no mercado de consumo, como, exemplificando, às práticas
abusivas, é que a norma consumerista passa a considerar o
consumidor a parte vulnerável na relação jurídica com o fornecedor
(art. 4º, I, do CDC).”
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A Súmula nº 469 do egrégio Superior Tribunal de Justiça,
pacificou o tema ao dispor, verbis:
“Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde”.
A operadora de plano de saúde ré, ora apelante, inicia o seu
recurso aduzindo que o Poder Judiciário é incompetente para apreciar a causa
que versa sobre norma específica emanada pela ANS, em face do princípio da
separação dos poderes.
Tal tese é completamente absurda, na medida em que distorce o
princípio da separação dos poderes, além disso não encontra amparo legal em
nosso ordenamento jurídico, muito ao contrário, fere de morte conceitos
basilares insculpidos em nossa Lei Maior.
Cuida-se, o acesso à justiça, de garantia constitucional
fundamental ao Estado Democrático de Direito, com previsão expressa no
artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, verbis:
“Art. 5º - XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”.
Registre-se, outrossim, que ao contrário do que pensa o apelante,
as normas estabelecidas pela agência reguladora dos planos de saúde não
prevalecem diante das regras contidas no Código de Defesa do Consumidor.
É de sabença trivial, que com o advento da Carta Magna de 1988,
a defesa do consumidor foi erigida ao status de direitos fundamentais, à luz
do disposto no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição Federal, verbis:
“Art. 5º - XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”.
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Aliás, como muito bem salientado pela juíza de 1º grau, verbis:
“O acesso à justiça é princípio constitucional e garantido a qualquer
sujeito de direito. As normas editadas pela agência reguladora não se
sobrepõem ao Código de Defesa do Consumidor, e muito menos
afastam o exame da matéria pelo Poder Judiciário”.
A operadora de plano de saúde ré, ora apelante, sustenta em seu
recurso de apelação a impossibilidade de reputar abusivo comportamento
legalmente previsto na norma específica atinente ao tema. Assim, não há que
se falar em defeito na prestação do serviço, em face da Resolução nº
262/2011 da ANS, ou seja, o exame prescrito pelo médico está fora das
diretrizes elencadas pela ANS.
Não assiste razão à apelante.
Analisando-se os autos, verifica-se que é irrefragável a falha na
prestação do serviço do plano de saúde demandado.
Os documentos acostados, às fls. 19/21 (índice eletrônico 00015
e 00020) demonstram de forma insofismável que a parte autora é portadora
de trombose venosa de ramo temporal inferior do olho direito, com edema
cistóide de mácula, e necessita se submeter à terapia apontada no laudo
médico com urgência, consistente em aplicações de injeção intravitrea de
Lucentis, sob pena de comprometimento ou mesmo perda da visão.
A urgência do tratamento prescrito pelo médico da parte autora
decorre da própria gravidade da patologia e da consequência em retardar o
início das aplicações, que é a perda da visão.
É manifestamente abusiva a recusa do plano de saúde em
autorizar o tratamento indicado pelo médico da parte autora, pois cumpre ao
médico e não ao plano de saúde, diagnosticar a doença e prescrever a
terapêutica e o remédio a que o paciente deve se submeter, em face da
garantia constitucional do direito à saúde e à vida.
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Aplica-se, à hipótese destes autos, o teor da Súmula nº 211 do
TJRJ, verbis:
“Havendo divergência entre o seguro saúde contratado e o
profissional responsável pelo procedimento cirúrgico, quanto à
técnica e ao material a serem empregados, a escolha cabe ao médico
incumbido de sua realização”.
Nesse particular, vejamos a jurisprudência desta augusta Câmara
Cível Especializada acerca do tema em foco, verbis:
“EMENTA: Apelação cível. Rito ordinário. Direito do Consumidor.
Ação de obrigação de fazer c/c compensação por danos morais com
pedido de tutela antecipada. Plano de saúde que se recusa a fornecer
medicamento para tratamento de segurado prescrito por seu médico.
Alegação de que o remédio não possui indicação e autorização da
ANVISA para os males que acometem o Autor, sendo vedado o
fornecimento de medicamento para uso fora de sua indicação de
bula, bem como proibição legal para a cobertura de tratamentos
experimentais. Recusa que, contudo, se mostra abusiva, porquanto o
médico que atende o paciente é quem deve prescrever o tratamento e
remédio a que se deve se submeter o paciente. Aplicação da Súmula
209 e 211 deste E. Tribunal. Danos morais configurados. Redução, no
entanto, que se impõe, diante da ausência de má-fé da Ré em fornecer
o medicamento. Ante o exposto, na forma do art. 557, § 1º-A, do CPC,
CONHEÇO DO RECURSO E LHE DOU PARCIAL PROVIMENTO
para tão somente fixar o valor base dos danos morais em R$ 3.000,00,
mantendo-se os demais termos da sentença”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0022812-
56.2013.8.19.0202 – Relator Desembargador MURILO KIELING –
julgado em 28.05.2015). (grifo nosso).
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“APELAÇÃO. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE.
NEGATIVA DE COBERTURA DE TRATAMENTO INDICADO
PELO MÉDICO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS
DE COBERTURA E INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
APELAÇÃO DA EMPRESA RÉ. SENTENÇA QUE NÃO MERECE
REFORMA. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0033309-
03.2011.8.19.0202 – Rel. Desembargador MARCOS ANDRÉ CHUT –
julgado em 14.07.2015). (grifo nosso).
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
C/C COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE
TUTELA ESPECÍFICA. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO PARA A
LIBERAÇÃO DE MEDICAMENTO EM REGIME DE HOSPITAL DIA.
NEGATIVA DE COBERTURA. RECUSA DE AUTORIZAÇÃO SOB
A ALEGAÇÃO DE QUE O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NÃO
ESTÁ INCLUÍDO NO ROL DE TRATAMENTOS OBRIGATÓRIOS
DA ANS. DECISÃO QUE DEFERIU A ANTECIPAÇÃO DOS
EFEITOS DA TUTELA PARA DETERMINAR QUE O PLANO DE
SAÚDE RÉU PROMOVA A AUTORIZAÇÃO DE INTERNAÇÃO
EM REGIME DE HOSPITAL/DIA PARA APLICAÇÃO DO
MEDICAMENTO INDICADO EM PRESCRIÇÃO MÉDICA, BEM
COMO DEMAIS PROCEDIMENTOS MÉDICOS NECESSÁRIOS.
DIREITO A SAÚDE CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO.
PRESENTES OS REQUISITOS INSERTOS NO ART. 273 DO CPC.
PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. SÚMULA 59 DESTA CORTE.
"SOMENTE SE REFORMA A DECISÃO CONCESSIVA OU NÃO DA
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA, SE TERATOLÓGICA, CONTRÁRIA À
LEI OU À PROVA DOS AUTOS". RECURSO A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO NA FORMA DO ART. 557 CAPUT DO CPC”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Agravo de Instrumento nº
0045899-94.2015.8.19.0000 – Relator JDS. DES. FABIO UCHOA –
julgado em 24.08.2015). (grifo nosso).
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Por outro lado, o artigo 51, inciso IV, da Lei nº 8.078/90,
considera abusiva a cláusula que posicione o consumidor em desvantagem
exagerada, ou seja, incompatível com a boa-fé e a equidade, verbis:
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;” (grifo nosso).
Sábias as palavras do eminente Desembargador JOSÉ CARLOS
MALDONADO DE CARVALHO, em sua notável obra Direito do
Consumidor – Fundamentos Doutrinários e Visão Jurisprudencial, 5ª edição,
editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, ano 2012, páginas 15 e 18, verbis:
“O princípio da boa-fé, instituído como cláusula geral (art. 51, IV),
torna possível ao julgador – mediante um raciocínio teleológico ou
finalístico da interpretação – aferir, com segurança, se determinada
cláusula contratual impôs ou não ao consumidor obrigação
considerada iníqua ou abusiva, colocando-o em desvantagem
exagerada, ou seja, incompatível com a boa-fé ou a equidade”. (...)
“Daí, o reconhecimento da nulidade absoluta dessas cláusulas (artigo
51, IV, CDC), por ser o resultado contrário às normas de ordem
pública previstas no Código de Defesa do Consumidor”.
Cumpre salientar, que a conduta da apelante viola o princípio da
boa-fé objetiva que norteia as relações contratuais, sendo certo que
descumpriu o dever jurídico de lealdade, confiança recíproca e assistência,
jogando por terra a expectativa que a parte autora mantinha na execução de
um contrato que possuía o intuito de proteger sua saúde.
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Segundo a professora gaúcha CLÁUDIA LIMA MARQUES, a
confiança “está na adequação do produto ou serviço aos fins que
razoavelmente deles se esperam”. (Contratos no CDC, 3ªed, RT, pág. 987).
Por todos os ângulos que se enfrente a questão, vislumbra-se
abusiva a recusa do plano de saúde em autorizar o tratamento prescrito pelo
médico da parte autora. Assim sendo, ao revés do alegado pela apelante, a
sentença guerreada deu a melhor solução à demanda posta, merecendo, pois,
ser prestigiada nesse particular.
No tocante ao dano moral, salienta a operadora do plano de
saúde, ora apelante, que o inadimplemento contratual não enseja a
indenização da verba compensatória do dano moral, à luz da Súmula nº 75 do
TJRJ.
Não assiste razão à apelante.
Ao contrário do sustentado pelo plano de saúde, ora apelante,
entendo que os danos morais restaram configurados, diante da frustração da
legítima expectativa da parte autora, que celebrou o contrato de seguro saúde
no intuito de se resguardar contra os riscos à sua saúde e à sua vida,
entretanto, justamente no momento em que mais precisava dos serviços de
assistência médica, seu direito foi negado de forma abusiva pela apelante,
violando-se o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana,
insculpido no artigo 1º, inciso III, da Carta Magna vigente.
Ademais, aplicável à espécie a Súmula nº 339 do TJRJ, verbis
“A recusa indevida ou injustificada, pela operadora do plano de
saúde, de autorizar a cobertura financeira de tratamento médico
enseja reparação a título de dano moral”.
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É sabido que o mero aborrecimento cotidiano da vida em
sociedade decorrente de descumprimento de cláusula contratual não
configura dano moral.
Contudo, no caso em exame, tal entendimento não é aplicável,
pois a falha na prestação do serviço da operadora do plano de saúde, ora
apelante, reitere-se, atentou contra o princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana, direito fundamental, insculpido no artigo 1º, inciso III, da
Carta Magna.
Portanto, não há que se falar em simples inadimplemento
contratual, uma vez que ultrapassada a esfera do mero aborrecimento,
consoante a parte final da Súmula nº 75 deste Egrégio Tribunal de Justiça,
verbis:
“O simples descumprimento de dever legal ou contratual, por
caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano
moral, salvo se da infração advém circunstância que atenta contra a
dignidade da parte.” (grifo nosso).
Em verdade, estamos diante do chamado dano moral in re ipsa,
uma vez que decorre do próprio fato que o ensejou. Assim é que não depende
de prova do prejuízo, de comprovação de determinado abalo psíquico sofrido
pela vítima, o dano é presumido, pois afeta a dignidade da pessoa humana.
O ilustre Desembargador SÉRGIO CAVALIERI FILHO, em sua
indispensável obra Programa de Responsabilidade Civil, 5ª edição,
Malheiros, ano 2004, páginas 100/101, não deixa qualquer dúvida acerca da
matéria, verbis:
“(...) por se tratar de algo imaterial ou ideal a prova do dano moral
não pode ser feita através dos mesmos meios utilizados para a
comprovação do dano material. Seria uma demasia, algo até
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impossível, exigir que a vítima comprove a dor, a tristeza ou a
humilhação através de depoimentos, documentos ou perícia; não
teria ela como demonstrar o descrédito, o repúdio ou o desprestígio
através dos meios probatórios tradicionais, o que acabaria por
ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano moral em razão
de fatores instrumentais. Neste ponto, a razão se coloca ao lado
daqueles que entendem que o dano moral está ínsito na própria
ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de
repercussão, por si só justifica a concessão de uma satisfação de
ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe
“in re ipsa”; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal
modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano
moral à guisa de uma presunção natural, uma presunção “hominis”
ou “facti”, que decorre das regras de experiência comum”.
(grifo nosso).
Entretanto, a operadora do plano de saúde réu, ora apelante,
requer a redução da verba destinada por entender ser exorbitante e ensejar o
enriquecimento indevido da apelada.
Assiste razão à apelante, nesse tópico, pois efetivamente a
quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de dano moral, na espécie,
mostra-se excessiva e em dissonância com os parâmetros adotados por esta
augusta Câmara Cível Especializada em casos semelhantes.
É cediço que a fixação da verba compensatória do dano moral,
deve o magistrado atender aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade. Desta forma, cumpre ao julgador analisar a capacidade
econômico/financeira do autor do dano e a repercussão da ofensa no campo
ético e social da vítima.
Em outras palavras, o dano moral deve ser fixado de acordo com
o bom senso e o prudente arbítrio do juiz, sob pena de se tornar injusto para a
vítima e insuportável para o causador do dano.
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Portanto, considerando as peculiaridades do caso concreto, e
notadamente o caráter punitivo do instituto, como forma de coibir o
desrespeito ao consumidor, compelindo-se, assim, à operadora do plano de
saúde a adotar medidas administrativas visando a melhoria dos serviços
prestados, entendo que a condenação da verba de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais) a título de dano moral, mostra-se adequada e justa, sendo compatível
com a hipótese destes autos, atendendo aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, à capacidade econômica/financeira do ofensor e à
repercussão da ofensa no âmago da vítima, estando em harmonia com os
parâmetros adotados por esta Câmara Cível Especializada, em casos que tais.
A propósito, este Relator ao julgar a apelação cível nº 2228536-
52.2011.8.19.0021, que versa sobre caso semelhante, fixou o dano moral em
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme ementa abaixo transcrita, verbis:
“DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL. RITO
ORDINÁRIO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E TUTELA ANTECIPADA.
PLANO DE SAÚDE. AUTORA QUE NECESSITA REALIZAR
ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DE CÂNCER NO OVÁRIO.
CANCELAMENTO DE PLANO DE SAÚDE POR
INADIMPLEMENTO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA QUE FIXOU
O VALOR DE R$10.000,00 (DEZ MIL REAIS) COMO REPARAÇÃO
PELO DANO MORAL. APELAÇÃO DO RÉU. NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA NÃO COMPROVADA. RESCISÃO ILEGÍTIMA DO PLANO
DE SAÚDE. DANO MORAL IN RE IPSA. VERBA INDENIZATÓRIA
ARBITRADA EM VALOR EXCESSIVO. REDUÇÃO PARA R$
5.000,00 (CINCO MIL REAIS), O QUAL SE MOSTRA MAIS
CONDIZENTE COM OS CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. (...)”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 2228536-
52.2011.8.19.0021 – Relatoria de minha autoria – julgado em
26.08.2015). (grifo nosso).
0069691-11.2014.8.19.0001 – JCAN pág 15
Vários são os julgados desta 23ª Câmara Cível Consumidor
arbitrando o dano moral, em casos que tais, na ordem de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), porém, apenas para ilustrar, vale a transcrição das ementas abaixo,
verbis:
“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. PLANO DE SAÚDE. TRATAMENTO. TÉCNICA
MODERNA. CIRURGIA. NEGATIVA DE COBERTURA.
CLÁUSULA ABUSIVA. SENTENÇA QUE CONDENOU O RÉU NA
OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE EM AUTORIZAR A
REALIZAÇÃO DO TRATAMENTO E INTERVENÇÃO CIRÚRGICA
INDICADA À PARTE AUTORA E AO PAGAMENTO DA QUANTIA
DE R$ 7.000,00 (SETE MIL REAIS) A TÍTULO DE COMPENSAÇÃO
POR DANOS MORAIS. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES.
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO EM R$ 7.000,00 (SETE MIL
REAIS) QUE MERECE REPARO. REDUÇÃO PARA R$ 5.000,00
(CINCO MIL REAIS), EM CONSONÂNCIA COM O QUE VEM
SENDO ADOTADO POR ESTA COLENDA CÂMARA EM CASOS
SEMELHANTES. PRECEDENTES. NEGADO PROVIMENTO AO
RECURSO DO AUTOR. PROVIDO PARCIALMENTE O RECURSO
DO RÉU”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0014194-
62.2013.8.19.0028 – Rel. Desembargador MARCOS ANDRÉ CHUT –
julgado em 10.09.2015). (grifo nosso).
“APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE.
NEGATIVA DE FORNECIMENTO DO MATERIAL PARA
CIRURGIA. AUTOR COMPROVOU O CARÁTER
EMERGENCIAL DA CIRURGIA. LAUDO PERICIAL
COMPROVANDO NECESSIDADE DO USO DO MATERIAL.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RÉ, NA FORMA DO ARTIGO
14 DO CDC. DEVER DE INDENIZAR. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS E FIXADOS EM R$ 5.000,00 (CINCO MIL
REAIS). ASTREINTE BEM APLICADA (R$ 100,00). PRINCÍPIOS DA
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RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. DECISÃO
MONOCRÁTICA. NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO, COM
FUNDAMENTO NO ART. 557 CAPUT DO CPC”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0001014-
12.2008.8.19.0009 – Relator JDS. DES. FABIO UCHOA – julgado em
23.07.2015). (grifo nosso).
“APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL. PLANO DE SAÚDE.
RELAÇÃO DE CONSUMO. RECUSA DE FORNECIMENTO DE
MEDICAÇÃO INDISPENSÁVEL AO TRATAMENTO DE SAÚDE DA
PACIENTE. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA PARA
CONDENAR A RÉ AO CUSTEIO DO MEDICAMENTO
INDICADO ENQUANTO PERDURAR A NECESSIDADE DO
TRATAMENTO, BEM COMO AO PAGAMENTO DE R$ 5.000,00
(CINCO MIL REAIS), A TÍTULO DE REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS. APELO DA PARTE RÉ QUE NÃO PROSPERA.
ABUSIVIDADE DE CLÁUSULA RESTRITIVA. ORIENTAÇÃO
CONTIDA NO VERBETE SUMULAR Nº112 DESTA CORTE DE
JUSTIÇA. FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
CARACTERIZADA. DANO MORAL CONFIGURADO E
ARBITRADO EM CONSONÂNCIA COM OS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE.
PRECEDENTE DESTA CORTE DE JUSTIÇA ACERCA DO
TEMA. RECURSO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO NA FORMA DO
ARTIGO 557, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL”.
(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0054572-
41.2013.8.19.0002 – Relatora JDS. DES. MARCIA ALVES SUCCI –
julgado em 27.08.2015). (grifo nosso).
“EMENTA RECURSO DE APELAÇÃO. Relação jurídica de consumo.
A temática que nutre a demanda está afeta a contrato de plano de
assistência à saúde. Internação hospitalar de emergência em CTI.
Negativa de autorização. Alegação de pendência de prazo de cobertura
parcial temporária quanto à doença preexistente. Sentença de parcial
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procedência, condenando as rés ao pagamento de verba
compensatória no valor de R$ 15.000,00. Ilegitimidade passiva ad
causam arguida pela unidade hospitalar apartada. Hipótese legal de
solidariedade passiva pela reparação dos danos sofridos pelo
consumidor de todos aqueles que tenham participado, direta ou
indiretamente, em qualquer fase da relação de consumo. Inteligência
dos artigos 7º, parágrafo único, do CDC e em consonância com o
disposto no artigo 942, parágrafo único, do CC. Nosocômio inserido
na cadeia de consumo, que igualmente recusou-se a proceder à
internação da autora em Centro de Tratamento Intensivo (CTI), sem a
prévia anuência da paciente ao custeio particular das despesas
médicas, conquanto sabedor do grave quadro clínico que ostentava, o
qual foi constatado, inclusive, por um de seus prepostos. Conquanto
admita-se a possibilidade de cobertura parcial temporária nas
hipóteses de doenças preexistentes, na forma preceituada no artigo 11
da Lei nº 9.656/98, tem-se que a situação de emergência ou urgência,
inclusive, com indicação de internação do paciente em unidade de
terapia intensiva, afasta a imposição de cumprimento de qualquer
cláusula contratual limitativa de cobertura de procedimentos médicos.
Inobstante reconhecida como lídima cláusula restritiva de prestação de
serviços, sua aplicação há de ser mitigada quando se revela
circunstância excepcional, consubstanciada na necessidade de
tratamento de urgência decorrente de doença grave, que se não
tratada a tempo, tornará inócua a finalidade principal do ajuste
celebrado, que é a de assegurar o amparo à saúde e à vida. Cláusula
que perde eficácia diante da gravidade do quadro clínico e do risco de
morte da paciente. Inteligência dos artigos 12, inciso v, alínea ¿c¿ e
35-C, ambos da Lei nº 9.656/98. Ilegalidade da recusa de internação.
Dano extrapatrimonial configurado. Aplicação dos verbetes nº 209 e
302, da súmula de jurisprudência desta Corte Estadual. Minoração
da verba reparatória ao valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) é
medida que se impõe, sob pena de enriquecimento sem causa em
favor da consumidora. Observância aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade e ao montante comumente arbitrado por este
Tribunal de Justiça em hipóteses símiles. RECURSO DAS RÉS
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDOS”.
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(TJRJ – 23ª Câmara Cível Consumidor – Apelação nº 0022200-
26.2010.8.19.0008 – Relator Desembargador MURILO KIELING –
julgado em 14.07.2015). (grifo nosso).
Isto posto, CONHEÇO O RECURSO E LHES DOU
PARCIAL PROVIMENTO, na forma do disposto no artigo 557, § 1º-A, do
Código de Processo Civil, para, reformando parcialmente a sentença atacada,
reduzir a verba destinada ao dano moral, passando a condenar a empresa ré,
ora apelante, ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a esse título,
acrescidos de juros de mora legais desde a citação, por se tratar de
responsabilidade contratual, calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês,
por força do disposto no artigo 406 do Código Civil c/c artigo 161, § 1º, do
Código Tributário Nacional, bem como correção monetária a contar a partir
da publicação desta decisão, à luz da Súmula nº 362 do STJ, até a data do
efetivo pagamento.
Rio de Janeiro, 07 de outubro de 2015.
Desembargador ANTONIO CARLOS ARRÁBIDA PAES
Relator