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APLICAÇÃO DO METHODOSTIME
MEASUREMENT (MTM) PARA O
DIAGNÓSTICO E MELHORIAS DO
SETOR DE ESTOFARIA DE UMA
EMPRESA DO RAMO DE
EQUIPAMENTOS ODONTOLÓGICOS E
MÉDICOS DA GRANDE
FLORIANOPOLIS
Mirna de Borba (UFSC)
Alisson Rocha de Souza (UFSC)
Ebran Augusto Theilacker (UFSC)
Amanda Guimaraes (UFSC)
O presente artigo apresenta a aplicação do método de tempos pré-
determinados MTM (Methods Time Measurement) na análise e
melhoria de um setor produtivo de uma empresa de equipamentos
odontológicos e médicos. O objetivo foi diagnosticar falhas existentes
no processo de montagem de estofados que faz parte do setor de
produção de cadeiras e propor melhorias visando reduzir os
movimentos e tempo na execução das atividades. Inicialmente foram
levantadas informações sobre o processo de fabricação, layout do
setor, ferramentas e materiais utilizados. Para avaliar o método e o
tempo de execução das atividades de trabalho que constituem o
processo, foi utilizado o método MTM-UAS, no qual são levantados os
tempos para os movimentos feitos pelo operador. A partir do
diagnóstico da situação atual foram feitas propostas de melhoria nos
diversos postos de trabalho do setor analisado, apresentando também
os benefícios da aplicação desse método.
Palavras-chave: MTM, Methods Time Measurement, Tempos pré-
determinados, diagnóstico dee setores produtivos)
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
O aumento da produtividade e a otimização dos processos são preocupações constantes nas empresas,
requerendo cada vez mais a aplicação de ferramentas e métodos que reduzam e promovam qualidade e rapidez
nos processos para que possam permanecer de forma competitiva no mercado. A aplicação da ferramenta
Methods-Time Measurement (MTM) vem se tornando uma forte aliada às empresas. Segundo Sugai (2003),
através desta ferramenta, é possível a mensuração detalhada dos tempos dos processos, a definição e
padronização dos métodos e ao utilizar-se tais tempos tem-se um balanceamento da linha produtiva, de forma a
reduzir os custos de ociosidade e desperdício.
O método MTM ou sistemas de tempos pré-determinados, é um método destinado a organizar a sequencia de
movimentos manuais em movimentos básicos, que correspondem a um valor padrão de tempo pré-determinado,
conforme a influência de cada movimento (MTM, 2005). De acordo com Baraldi e Kaminski (2011), no estudo
de análise MTM é possível observar uma grande quantidade de movimentos que não agregam valor ao produto.
Para Sugai (2003), o MTM oferece uma solução ágil e eficaz para a diminuição de custos de produtos com a
redução de tempos de produção e eliminação de desperdícios. O MTM é uma oportunidade de aumentar a
vantagem competitiva, pois com este sistema implantado a empresa possui conhecimento real da sua capacidade
produtiva e a partir disto consegue estabelecer planos de ação frente à concorrência.
As perdas com movimentações podem ser facilmente percebidas através do MTM e o tempo verificado é muito
mais próximo do real do que tempos cronometrados. Diferentemente do mapeamento do processo, a análise
MTM fornece uma visão detalhada de cada etapa do processo (visão micro), o que permite ao técnico analista a
identificação de falhas e desperdícios que não eram percebidos na análise da visão macro do processo
(YALCINKAYA; DURMUSOGLU, 2009).
Este artigo apresenta uma aplicação do sistema de tempos pré-determinados MTM (Methods Time Measurement)
na análise e melhoria de um setor produtivo de uma empresa de equipamentos odontológicos e médicos. O
objetivo foi diagnosticar falhas existentes no processo de montagem de estofados que faz parte do setor de
produção de cadeiras e propor melhorias visando reduzir os movimentos e tempos na execução das atividades.
O estudo está estruturado em quatro partes principais, sendo a Introdução à primeira parte. A revisão teórica,
segunda parte, trata do sistema de tempos pré-determinados MTM e apresenta os conceitos de MTM e o método
MTM-UAS. Os procedimentos metodológicos são mostrados na terceira parte, onde é descrita a metodologia
adotada, os dados levantados no estudo de caso, a aplicação do método MTM-UAS, diagnóstico e propostas de
melhoria. Ao final, são apresentadas algumas considerações gerais.
2. Referencial teórico
2.1. Sistema de tempo pré-determinados (MTM)
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A execução de atividades de produção caracterizadas pelo uso intensivo de mão-de-obra tem sido objeto de
pesquisa desde inicio do século XX, quando Frederic Taylor desenvolveu os primeiros estudos de tempos e
movimentos. De acordo com Sugai (2003), os sistemas de tempos pré-determinados surgiram da combinação dos
estudos sobre tempos e movimentos. Desde então, diversas técnicas foram desenvolvidas visando auxiliar a
medição e análise dos tempos de operações para determinar formas de racionalizar tarefas.
O sistema de tempos pré-determinados MTM (Methods-Time Measurement) foi desenvolvido na década de 40
nos Estados Unidos por uma consultoria focada em ergonomia que apurou os dados e testou-os na indústria. O
sistema é um instrumento usado para descrever, estruturar, configurar e planejar sistemas de trabalho por meio
de movimentos básicos e módulos definidos de processo (MTM, 2005). Tem como principal objetivo a
determinação de tempo no desenvolvimento das atividades. Segundo Barbosa (2010), este sistema é amplamente
utilizado, tendo como alguns dos principais usuários empresas como a Coca-cola, BMW e Volvo.
O conceito básico da metodologia MTM, para Gironimo et al (2012), é analisar uma tarefa dividindo-as nas
atividades humanas fundamentais, relacionar um tempo base a essas atividades, oriundos da tabelas de tempo
MTM e somar os tempos da tarefa completa. De acordo com Cakmakci e Karasu (2006), uma operação pode ser
facilmente definida pelos elementos básicos e o ciclo para esta operação pode ser calculado apenas pelas somas
dos valores de tempo desses elementos básicos.
O sistema básico MTM é estruturado a partir de movimentos básicos, sendo eles: alcançar, pegar, posicionar e
soltar. A Figura 1 apresenta estes movimentos. Estes cinco movimentos compõem entre 80% e 85% dos
movimentos executados em postos de trabalho.
Figura 1- movimentos básicos da MTM.
Fonte: MTM (2005)
Além desses cinco movimentos básicos, são utilizados os movimentos de premir, separar e torcer, como também
alguns movimentos do corpo e funções mentais. Segundo Almeida (2008), a cada um desses movimentos é
atribuído um valor de tempo padrão, o qual é pré-determinado conforme fatores que influenciam em sua
composição, sendo esses fatores a extensão do movimento e o esforço de controle.
Apesar do MTM ser um sistema de tempos, isto é, visa medir os tempos através de tempos padrões, ele vem
contribuindo com a racionalização da organização do trabalho de maneira geral. Conforme a MTM (2005), o
sistema pode ser aplicado para configuração dos métodos de trabalho e produtos, apuração dos tempos e
instrução do trabalho. Entretanto, não pode ser utilizado em todos os casos, apresentando algumas delimitações,
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pois não é aplicável a atividades intelectuais e o tempo padrão não leva em consideração os tempos de
recuperação e de distribuição. Mesmo com essas delimitações, são inúmeras as vantagens da sua utilização
destacando-se o detalhamento do método de trabalho e dos tempos antes mesmo de sua implantação, a
reprodutibilidade da descrição da sequencia internacionalmente e a clareza dos dados. Outra característica do
método, segundo Almeida (2008), é que ele está em desenvolvimento contínuo.
Para Sugai (2003), o MTM oferece uma solução ágil e eficaz para a diminuição de custos de produtos com a
redução de tempos de produção e eliminação de desperdícios. O MTM é uma oportunidade de aumentar a
vantagem competitiva pois com o sistema implantado a empresa possui conhecimento real da sua capacidade
produtiva e, a partir disto, consegue estabelecer planos de ação frente à concorrência.
Outra vantagem da metodologia MTM é que o usuário pode definir o método de trabalho completamente na fase
de planejamento para obter o tempo padrão. Esse planejamento ajuda a criar um processo padronizado que deve
estar em conformidade com as normas ergonômicas em estações de trabalho (BARALDI E KAMINSKI, 2011).
Com o passar do tempo, as empresas sentiram necessidades de aplicações específicas do MTM, como por
exemplo, atividades de escritório, logística, produção muito automatizada, etc. Para atender a estas solicitações,
a Associação Alemã MTM passou a desenvolver novos módulos MTM, a partir do MTM básico (MTM, 2005),
tais como: 1) MTM-BW (Standard-Daten-Basisweter), desenvolvidos para utilização nas produções de massa e
grandes séries; 2) MTM-UAS (Sistema de Análise Universal), aplicável à produção seriada; 3) MEK (MTM für
die Einzel-und Kleisenrienfertigung) para produção individual e em pequenas séries; 4) BSD (Büro-
Sachbearbeiter-Daten) ou dados para escritório, voltado às empresas de prestação de serviços, administrações ou
áreas indiretas da atividade industrial; 5) MTM Controle Visual, para casos com significativa quantidade de
atividades de exames visuais, como controle visual de pontos de solda, peças movimentadas em esteiras ou
pinturas de superfícies; 6) MTM PROKON (Produktionsgerechte Konstruction), útil na avaliação da facilidade
de montagem de unidades funcionais e peças no desenvolvimento de produto e; 7) MTM-Logística, voltados ao
transporte e armazenagem. A Figura 2 mostra a compactação dos módulos MTM-SD e MTM-UAS/MEK a partir
do módulo básico.
Figura 2- Compactação dos s MTM
Fonte: MTM(2005)
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A escolha do módulo MTM a ser utilizado depende do nível de método. A MTM (2005) define como nível de
método a qualidade com que é executada uma tarefa dependendo da habilidade de quem realiza e do grau de
otimização do sistema de trabalho. Assim, quanto maior for o nível de método menos compacto será o módulo
MTM, necessitando de um maior nível de detalhamento. Almeida (2008) comenta que existem diversos fatores
que influenciam o nível de método como por exemplo, o tempo de ciclo, tolerâncias em relação as distâncias,
organização do local de trabalho e o tipo de fabricação (em massa, em série ou peças individuais).
2.2. Sistema MTM-UAS
Segundo Gironimo et al (2012), o método MTM-UAS foi criado para suprir a demanda das indústria de
aumentar a produtividade no setor da produção em série como a necessidade de menores quantidades de peças,
redução da vida útil do produto e a produção de lotes menores.
Segundo MTM (2005), as características da produção em série são:
- Produção orientada por pedidos de produtos com caráter de repetição, ou seja, o tipo das tarefas de
trabalho que ocorrem e sua frequência de repetição mudam constantemente, entretanto a quantidade de variantes
das sequências operacionais é limitada;
- Conteúdos de trabalho frequentemente comparáveis apesar da multiplicidade de tipos e variantes dos
produtos;
- A organização do trabalho não alcança o nível encontrado na produção em grandes séries e em massa,
de forma que o operador se desloca com frequência para buscar ou preparar o material que necessita em seu local
de trabalho;
- O grau de rotina dos operários é pequeno. As sequências operacionais são executadas de modo
individualizado (disperso), mas exatamente de acordo com o método de trabalho pré-determinado;
- A instrução de trabalho não tem descrição detalhada de métodos.
O método MTM-UAS foi desenvolvido com base nas características da produção seriada e é adequado para
empresas, como por exemplo, de veículos, fabricantes de autopeças, fabricantes de aparelhos eletrônicos. Mas
através do processo básico UAS também é possível descrever sequencias dos setores de logística e escritório,
oferecidos pela Associação MTM da Alemanha em módulos individuais (MTM, 2005).
Os movimentos do MTM-UAS tem como base o MTM básico. No entanto estes movimentos foram agrupados e
os parâmetros de influência também foram reajustados para nível de uma produção seriada.
Dessa forma, a MTM (2005) classifica os movimentos analisados neste módulo como: alcançar e colocar no
lugar, colocar no lugar, manusear meios auxiliares, acionar, ciclo de movimentos, fixar e afrouxar, movimentos
do corpo e controle visual. Procurando aumentar ainda mais a velocidade de análise, foi desenvolvido o sistema
de módulo de processo UAS. Os módulos desse sistema são : desembalar, tratar, prender e afrouxar, atividade de
colar, montagem de linhas elétricas, marcar, montar peças, examinar ou medir e operações de parafusar.
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3. Procedimentos metodológicos
O tema central deste trabalho é a utilização do método MTM para análise e melhoria de um setor produtivo.
Uma pesquisa exploratória, por meio de um estudo de caso, foi desenvolvida para mostrar a aplicação do método
MTM-UAS como ferramenta para diagnóstico e propostas de melhorias para o setor de montagem de estofados
de uma empresa de equipamentos odontológicos e médicos. O módulo UAS do sistema MTM é designado para
produção seriada e por isto foi utilizado neste trabalho.
As etapas seguidas durante as fases de levantamento e análise dos dados da pesquisa são representadas na Figura
3 e detalhadas a seguir.
Figura 3 - Procedimentos metodológicos
A empresa objeto deste estudo está localizada na cidade de Palhoça, região da grande Florianópolis, em Santa
Catarina. Ela atua no ramo de fabricação de equipamentos odontológicos e médicos e conta com 176
funcionários com uma produção média de cadeiras de 400 por mês. Seus produtos são vendidos em todo o
território nacional através de 140 revendas credenciadas, sendo 30% da produção voltada para a exportação em
mais de cem países. Além disso, possui uma extensa rede de assistência técnica e uma competente equipe de
pós-venda, totalizando 197 pontos de contato em quase todo o território nacional.
3.1. Seleção do modelo de cadeira e tipo de estofamento
A primeira etapa deste estudo consistiu em levantar os modelos de cadeira médicas e odontológicas fabricados
pela empresa e identificar qual o modelo e tipo de estofamento mais produzido. A empresa fabrica 6 (seis)
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modelos de cadeiras odontológicas e 11 (onze) de médicas, sendo que a cadeira odontológica representa a maior
produção. Com relação ao tipo de estofamento, tem-se 2 (dois) modelos: Anatomic e EX. Para escolha do
modelo de cadeira e tipo de estofamento levou-se em consideração o volume total de vendas nos 2 (dois) últimos
anos. A Tabela 1 apresenta o volume de vendas de um período de 1 (um) ano, o percentual da participação
acumulada para cada modelo e o tipo de estofamento. Através da metodologia de curva ABC verificou-se que os
modelos 1, 2 3 e 4 representam 81,15% do volume total de vendas e, o tipo de estofamento EX, 72,88%. Dessa
forma foi selecionado o tipo de estofamento EX da cadeira odontológica como objeto de estudo.
Tabela 1 - Volume de vendas dos modelos
ÍNDICE MODELO DE CADEIRAVOLUME DE
VENDASLINHA ESTOFAMENTO
PARTICIPAÇÃO
ACUMULADA
NO VOLUME
DE VENDAS
0 - - - - 0,00%
1 CAD. SPRINT/SPRINT T 1098 Odontológica EX 29,19%
2 CAD.SIENA/QUAL.FLEX 899 Odontológica EX 53,10%
3 CAD. LOGIC/FEELING 707 Odontológica Anatomic 71,90%
4 CAD.SIENA/QUAL.RETO 347 Odontológica EX 81,12%
5 DSM COL. / RADIOL. 189 Médica - 86,15%
6 CAD. INFINITY CROSS 170 Odontológica Anatomic 90,67%
7 PERFOR. GINECOL. 112 Médica - 93,65%
8 PERFOMANCE 76 Médica - 95,67%
9 OFTAMOLÓGICA 63 Médica - 97,34%
10 HEMODIÁLISE 51 Médica - 98,70%
11 ODONTOPORTATIL 13 Odontológica EX 99,04%
12 MACA CIRÚRGICA 11 Médica - 99,34%
13 MESA VERSATILE 10 Médica - 99,60%
14 PODOLÓGICA 10 Médica - 99,87%
15 LABORATORIAL 3 Médica - 99,95%
16 CIRÚRGICA 1 Médica - 99,97%
17 DSM DOADORA 1 Médica - 100,00%
3.2. Levantamento de dados
Uma vez definido o tipo de estofamento, partiu-se então para o levantamento de dados. Com base na revisão
bibliográfica, foram identificadas as informações necessárias para análise do método e levantamento de tempos
MTM. Dentre estas estão: layout do setor e dos postos de trabalho, processo de fabricação, pesos e o volume das
ferramentas e materiais e distâncias percorridas pelo operador.
O setor de montagem de estofados possui 4 (quatro) células: marcenaria, colagem, corte do PVC e estofaria. A
Figura mostra o layout deste setor com os respectivos postos de trabalho de cada célula.
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Figura 4- Croqui do Layout
CÉLULA DE COLAGEM
CÉLULA DE ESTOFARIA
CÉLULA DE CORTE DO PVC
POSTO 5 BANCADA DE
PASSAR COLA
POSTO 4 BANCADA DE
COLAGEM
PRA
TEL
EI
RA
POSTO 6PRENSA
POSTO 3 BANCADE DE
CORTE DO PVC
Supermercado do assento EX e tecido
cortado
POSTO 7BANCADE DE PASSAR COLA NO ENCOSTO
SUPERMERCADO DO ENCOSTO EX
POSTO 13BANCADA DE
COLAR O PVC NO ASSENTO
00POSTO 12
CONTRA MOLDE DO ASSENTO
POSTO 8ESTUFA
POSTO 9CONTRA MOLDE
DO ENCOSTO
POSTO 10 BANCADA DE
COLAR O PVC NO ENCOSTO
‘
CÉLULA DA MARCENARIA
POSTO 1BANCADE DE ENCAIXE
PVC EM ROLOS
POSTO 3BANCADE DE
CORTE DO PVC
Cabide dos moldes
Lixo
Estoque de pinos e etc
Estoque de assento/encosto
Chapas prontas
Estoque de “1ª peça branca”
Estoque de chapa de encosto
Estoque de capa do assento
POSTO 2BANCADA PARA
PINTAR A MADEIRA
POSTO 14
PRENSA PARA
EMBALAR Expedição Expedição encosto
POSTO 11
PRENSA PARA
EMBALAR
Pra
tele
ira
Pra
tele
ira
Com relação ao processo de fabricação, como o estofado é constituído de assento e encosto, foi mapeado
separadamente o processo de fabricação de cada item. O mapeamento é fundamental para visualizar todo o
processo e definir a sequencia operacional. Para análise e determinação do tempo, o processo de fabricação do
assento foi dividido em 9 (nove) operações e o do encosto, em 14 (quatorze). Como exemplo, o Quadro 1 detalha
a sequência operacional e os respectivos postos de trabalho do processo de fabricação do assento.
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Quadro 1 - Sequência operacional do assento
1 Pintar a madeira Posto 2
2 Fixação dos componentes na madeira Posto 1
3 Passar Cola Posto 5
4 Fixar a espuma na madeira Posto 4
5 Cortar tecido Posto 3
6 Aquecer o tecido Posto 8
7 Fixar o tecido Posto 12
8 Acabamento Posto 13
9 Embalar Posto 14
Sequência Operacional do Assento
3.3. Apuração dos parâmetros de influência
Parâmetro de influência é a grandeza, característica ou fator dos quais o tempo é dependente. Os parâmetros
essenciais são: esforço de controle e extensão de movimento. O esforço de controle depende das variáveis de
peso e de volume. Já o parâmetro de extensão de movimento está relacionado com as distâncias dos materiais e
ferramentas utilizadas no processo (MTM, 2005). Com base nos dados de peso e volume levantados, os materiais
foram classificados conforme mostrado no Quadro 2.
Quadro 2 - Classificação do peso e volume dos materiais
Não volumoso (<900cm³) Volumoso (>900cm³)
≤ 1 KgMolde do assento, molde do encosto,
espuma
Primeira peça branca, chapa do encosto,
mola da cabeceira, tecido, estilete, pistola de cola, faca,
grampeador, soprador, tesoura, marreta de borracha,
martelinho, vasadores, máscara, encalços, ponto de tudo
de ar, resto de tecido, pote de tinta, rodo, luva,
parafusadeira, parafusos, dispositivo para posicionar
chapa do encosto, prego, broca, furadeira, clip árvore,
acabamento do encosto, plástico para embalar, plático
protetor, fita, folha de aviso.
> 1 Kg até ≤ 8 Kg Peso para colocar em cima do assento Capa, compensado, encosto, assento
3. 4. Divisão da operação em etapas operacionais
Para facilitar a análise dos dados, as operações foram divididas em etapas operacionais. Isto foi feito através de
observações, entrevistas informais com os operadores e filmagens de cada posto de trabalho. É importante nesta
etapa verificar atividades cíclicas e repetitivas e separá-las em uma etapa. Foram identificadas as etapas
operacionais para todas as operações da sequência operacional do assento e do encosto. Para exemplificar a
análise MTM, escolheu-se a operação cortar tecido do assento que é realizada no posto de trabalho 3. O Quadro
3 mostra a divisão dessa operação em etapas operacionais.
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Quadro 3 - Divisão operação cortar tecidos do assento em etapas operacionais
Nr. Etapas operacionais
1 Posicionar tecido sobre a bancada
2 Posicionar molde do assento na bancada
3 Cortar PVC conforme molde do assento
5. CORTAR TECIDO DO ASSENTO
POSTO DE TRABALHO 3
3.5. Análise e levantamento dos tempos
Nesta etapa, foi analisado o método atual de trabalho e levantados os tempos MTM de cada operação. Cada
etapa operacional foi decomposta em movimentos do operador e a cada movimento associou-se, considerando o
grau de dificuldade e os parâmetros de influência identificados no item 3.3, o código da tabela de tempo MTM-
UAS. Para cada código foram relacionados os tempos correspondentes na tabela MTM-UAS. São identificados
também, os movimentos que poderão ser executados simultaneamente, a quantidade e a frequência com que a
operação é realizada. Os valores de tempos dos movimentos individuais de cada etapa operacional são somados e
representam o tempo para cada operação.
A tabela 2 exemplifica, para cada etapa operacional da operação cortar tecido do assento, os movimentos
básicos, os códigos e tempos associados e o tempo total da operação.
Tabela 2 – Determinação dos tempos
Nr. Etapas operacionais Descrição Código TMU Q F Total TMU
Anda até o rolo de tecido e volta KA 25 3 2 150
Pega o tecido AA2 35 1 1 35
Curva-se para pegar o tecido KB 60 1 1 60
Puxa o tecido até a bancada PA1 10 1 1 10
Anda até o cabide dos moldes e volta KA 25 3 2 150
Pega o molde do assento e posiciona na bancada AD2 45 1 1 45
Pega estilete HA2 45 1 1 45
Corta tecido de acordo com contorno do molde ZA3 20 4 1 80
Pega sobra do tecido que restou do processo PA2 20 1 1 20
Anda até a lixeira e volta KA 25 4 1 100
Joga o resto do tecido na lixeira AE2 55 1 1 55
AD2 45 1 1 45
KA 25 1 1 25
KB 60 1 1 60
AA2 35 1 1 35
PA1 10 1 1 10
KA 25 3 2 150
1075
38,7Total segundos
POSTO DE TRABALHO 3
1 Posicionar tecido sobre a bancada
2 Posicionar molde do assento na bancada
5. CORTAR TECIDO DO ASSENTO
3 Cortar PVC conforme molde do assento Pega o molde do assento, anda até o cabide e coloca o molde
no cabide
Apanha o tecido já cortado conforme o molde e o dobra, anda
até a prateleira e coloca o tecido na prateleira
Total TMU
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Este procedimento foi feito para todas as operações da sequência operacional do assento e do encosto. O tempo
total é obtido somando-se os tempos das operações. O quadro 4 mostra o tempo de cada operação e o tempo total
para fabricação do assento. A tabela 3 apresenta o tempo total de fabricação do assento e do encosto.
Quadro 4 - Tempo das etapas operacionais do assento
Posto Tempo (s)
1 Pintar a madeira Posto 2 18,54
2 Fixação dos componentes na madeira Posto 1 16,92
3 Passar Cola Posto 5 29,34
4 Fixar a espuma na madeira Posto 4 28,44
5 Cortar tecido Posto 3 38,7
6 Aquecer o tecido Posto 8 71,7
7 Fixar o tecido Posto 12 219,16
8 Acabamento Posto 13 47,52
9 Embalar Posto 14 27,28
Tempo total (min) 8,29
Sequência Operacional do Assento
Atividade
Tabela 3 - Tempo total do assento e encosto
Assento 8,29
Encosto 13,34
Tempo total (minutos)
3.6. Análise do método atual e propostas de melhorias
Nesta etapa foi realizado um diagnóstico do método atual, baseado na análise MTM-UAS, a fim de propor
melhorias para o processo.
A partir da análise das etapas operacionais e dos postos de trabalho, procurou-se identificar os movimentos
desnecessários, ineficiências do layout dos postos de trabalho e utilização de materiais volumosos, pesados ou
com pega difícil.
Como a empresa possui a filosofia lean implantada, não foram identificados grandes desperdícios na realização
das atividades. Porém, mesmo com o sistema enxuto, pode-se perceber diversas oportunidades de melhoria para
o processo. Como exemplo, são apresentados alguns diagnósticos e propostas de melhorias:
Com relação a sequencia de atividades da etapa operacional “Colocar tampa do encosto”, observou-se
que esta poderia ser melhorada modificando a ordem de algumas atividades. A tabela 4 mostra a
sequencia de atividades atual e o tempo total para realizar esta etapa operacional.
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Tabela 4 – Sequência de atividades atual
Nr. Etapa operacional Descrição Código F Q TMU TMU Total
Apanha tampa encosto AH3 1 1 55 55
Anda até estufa KA 1 2 25 50
Abre estufa AA2 1 1 35 35
Apanha 2º tecido na estufa e posiciona no posto 10 AH2 1 1 45 45
Fecha Estufa AA2 1 1 35 35
Se abaixa KB 1 1 60 60
Abre e fecha porta de correr AA2 2 1 35 70
Apanha espuma para tampa e posiciona no posto 10 AH2 1 1 45 45
Posiciona tampa de madeira na espuma com tecido AH2 1 1 45 45
440
15,84
Colocar tampa do
encosto4
POSTO DE TRABALHO 10
Total TMU:
Total Segundos
Como proposta de melhoria, sugeriu-se uma nova sequencia de atividades, de forma a eliminar
movimentação desnecessária do colaborador dentro do setor. Calculando o novo tempo com as
propostas de mudanças, verificou-se uma redução de 1,98 segundos. A tabela 5 apresenta a sequencia
proposta e o tempo total.
Tabela 5 - Proposta de melhoria na sequência de atividades
Nr. Etapa operacional Descrição Código F Q TMU TMU Total
Anda até estufa KA 1 2 25 50
Abre estufa AA2 1 1 35 35
Apanha 1º tecido na estufa e posiciona no posto 10 AH2 1 1 45 45
Fecha Estufa AA2 1 1 35 35
Abre e fecha porta de correr AA2 2 1 35 70
Se abaixa KB 1 1 60 60
Apanha espuma para tampa e posiciona no posto 10 AH2 1 1 45 45
Apanha tampa encosto AH2 1 1 45 45
385
13,86Total Segundos
Colocar tampa do
encosto4
POSTO DE TRABALHO 10
Total TMU:
Outra ineficiência no processo foi observada na célula de colagem. O atual layout da célula fazia com
que o operador tivesse que se movimentar mais do que o necessário para alcançar os materiais e as
ferramentas utilizadas nas atividades de colagem. A proposta foi alterar o layout da célula para que
sejam eliminados os deslocamentos e, também, diminuir a distância para levar o assento ou encosto
para o estoque intermediário. A figura 5 apresenta a proposta de mudança do layout da célula de
colagem.
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Figura 5- Proposta de layout para a célula de colagem Es
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CÉLULA DE COLAGEM - ATUAL
POSTO 5 BANCADA DE
PASSAR COLA
POSTO 4 BANCADA DE
COLAGEM P
RA
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IR
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POSTO 6PRENSA
Pra
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CÉLULA DE COLAGEM - PROPOSTA
POSTO 5 BANCADA DE
PASSAR COLA
POSTO 4 BANCADA DE
COLAGEM
PR
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POSTO 6PRENSA
Pra
tele
ira
Essa mudança irá permitir um ganho de 4,5 segundos por assento e 1 segundo por encosto, visto que o
as atividades de colagem diferem de um para o outro.
Verificou-se que na atividade de “passar cola” o local da máscara utilizada estava localizada no posto de
trabalho 4 ao invés de estar na bancada de passar cola (posto de trabalho 5), fazendo com o operador se
locomovesse até este posto apenas para pegá-la. A proposta foi definir um local para a máscara no
posto 4.
Na célula da marcenaria os compensados utilizados são armazenados no chão, fazendo com que o
colaborador tenha que se curvar para pegá-los. A sugestão foi criar uma prateleira para guardar os
compensados do encosto e do assento. Com isso tem-se uma melhora nas condições de trabalho do
colaborador e uma redução do tempo para realização da atividade.
Também foi observado que no posto de trabalho 1, na marcenaria, os materiais e ferramentas não
tinham local fixo, fazendo com que o operador perca tempo procurando as ferramentas. A proposta foi
definir um local fixo para alocação dessas ferramentas de forma a padronizar este posto de trabalho.
Essa mudança provocaria a exclusão do código de controle visual para encontrar as ferramentas.
Outras propostas foram feitas para melhorias no processo e, se implantadas, poderão diminuir o tempo de
fabricação tanto do assento como do encosto. A Tabela 6 apresenta uma comparação do tempo total de
fabricação do assento e do encosto do método atual e com as melhorias propostas.
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Tabela 6 - Ganhos após as melhorias
Ganho
Assento 8,29 Assento 8,09 2%
Encosto 13,34 Encosto 11,76 12%
Tempo total (minutos)
Antes Depois
4. Resultados e considerações finais
Este trabalho teve como objetivo diagnosticar um processo específico dentro da linha de fabricação de cadeiras
odontológicas. O processo estudado foi a montagem do estofado no setor de estofaria. Além do diagnóstico,
introduzir melhorias no processo produtivo de maneira a reduzir o tempo de execução das atividades.
Através da aplicação do método MTM-UAS, pode-se verificar algumas falhas no processo e propor melhorias
para eliminar movimentos desnecessários, diminuir o deslocamento do operador, alteração do layout das células,
localização de algumas ferramentas e com isso obter uma redução no tempo de fabricação.
As propostas apresentadas podem reduzir 12% do tempo de fabricação do encosto e 2% o do assento e, com isso,
uma redução nos custos. Destaca-se como uma das principais vantagens da aplicação do MTM, o fato de não
haver necessidade de implantar as propostas para demonstrar a redução do tempo. Outra vantagem é análise
minuciosa do método e a rapidez de aplicação.
Portanto, recomenda-se a aplicação do método MTM-UAS na análise de processos produtivos de produção
seriada visto que é possível obter melhorias significativas no que tange ao método e tempo de execução das
atividades. Sugere-se a aplicação do MTM em conjunto com outras áreas da melhoria de processos, como
análise ergonômica do método de trabalho, produção enxuta, técnicas de balanceamento e etc.
REFERÊNCIAS
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casos em empresas de manufatura. Florianópolis: UFSC, 2008. 163p. Dissertação (Mestrado) – Programa de
Pós Graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.
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produção de caixas de chapa de papelão: um estudo de caso em uma empresa do sul do Brasil. In: Encontro
Nacional de Engenharia de Produção, 30, 2010. São Carlos. Anais. 2010.
CAKMAKCI, Mehmet, KARASU, Mahmut Kemal. Set-up time reduction process and integrated predetermined
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International Journal of Advanced Manufacturing Technology, v.33, n.3-4, p. 334-344, 2006.
GIRONIMO, G. D. et al. Improving MTM-UAS to predetermine automotive maintenance times. International
Journal on Interactive Design and Manufacturing, p. 1-9, 2012.
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MTM. Apostila do método básico MTM-A1. São Paulo: Associação MTM do Brasil, 2005.
MTM. Apostila do método MTM-UAS. São Paulo: Associação MTM do Brasil, 2005.
SUGAI. Miguel. Avaliação do uso do MTM (methods-time measurement) em uma empresa de metal-
mecânica. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 2003. 115 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Mecânica) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.
YALCINKAYA, A. & DURMUSOGLU, M.B. Production Smoothing Decisions with Seasonal variation
through Value Stream Management. Computers & Industrial Engineering, 2009. CIE 2009. International
Conference on 6-9 July 2009.