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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CIVIL ACKFAY NICOLLE NATHASHA RICCIO BERNI ALEXANDRE LUVIZOTTI LOPES CAMILLE STEFEL DANIEL MORO GABRIELA CAVASSIN ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS E SEGURANÇA DA ESTOFARIA DA UTFPR CAMPUS CURITIBA E ANÁLISE FÍSICO- PSICOLÓGICA DO ESTOFADOR TRABALHO DA DISCIPLINA DE ERGONOMIA CURITIBA 2009

Análise das condições ambientais e segurança da estofaria da UTFPR campus Curitiba e análise físico-psicológica do estofador

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Trabalho acadêmico, apresentado à disciplina de Ergonomia, do Curso de Engenharia de Produção Civil do Departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para aprovação na disciplina.

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁDEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CIVIL

ACKFAY NICOLLE NATHASHA RICCIO BERNIALEXANDRE LUVIZOTTI LOPES

CAMILLE STEFELDANIEL MORO

GABRIELA CAVASSIN

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS E SEGURANÇA DA ESTOFARIA DA UTFPR CAMPUS CURITIBA E ANÁLISE FÍSICO-

PSICOLÓGICA DO ESTOFADOR

TRABALHO DA DISCIPLINA DE ERGONOMIA

CURITIBA2009

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ACKFAY NICOLLE NATHASHA RICCIO BERNIALEXANDRE LUVIZOTTI LOPES

CAMILLE STEFELDANIEL MORO

GABRIELA CAVASSIN

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS E SEGURANÇA DA ESTOFARIA DA UTFPR CAMPUS CURITIBA E ANÁLISE FÍSICO-

PSICOLÓGICA DO ESTOFADOR

Trabalho acadêmico, apresentado à disciplina de Ergonomia, do Curso de Engenharia de Produção Civil do D e p a r t a m e n t o A c a d ê m i c o d e Construção Civil – DACOC – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para aprovação na disciplina.Orientador: Prof. Rodrigo Eduardo Catai

CURITIBA2009

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SUMÁRIO

.......................................................................................1 - Introdução! 6

......................................................................................1.1 - Objetivos! 6

.................................................................................1.2 - Justificativas! 7

.....................................................................2 - Revisão da Literatura! 9

..................................................................2.1 - Condições ambientais! 9

.........................................................................................2.1.1 - Ruído! 9

................................................................................2.1.1.1 - Definição! 9

.............................................................................2.1.1.2 - Conceitos! 10

2.1.1.3 - Medições Segundo a NR 15 - Atividades e Operações ..........................................................................................Insalubres! 12

...................................................................2.1.1.4 - Limites Sonoros! 12

...................................................................2.1.1.5 - Efeitos do ruído! 13

......................................................2.1.1.6 - Medidas Contra o Ruído! 14

..............................................................................2.1.2 - Iluminação! 15

.............................................................................2.1.2.1 - Conceitos! 15

....................................................2.1.2.2 - Norma Regulamentadora! 16

........................................................2.1.2.3 - Projetos de Iluminação! 18

...............................................................................2.1.3 - Ventilação! 21

..............................................................................2.1.3.1 - Definição! 21

..............................................2.1.3.2 - Agentes de modificação do ar! 21

....................................................2.1.3.3 - Norma Regulamentadora! 22

..........................................................................2.1.3.4 - Orientações! 23

....2.1.3.5 - Ventilação  Forçada ou Ventilação Natural pelas Janelas! 23

...........................................................................2.1.4 - Temperatura! 24

..............................................................................2.1.4.1 - Definição! 24

.........................................................2.1.4.2 - Processos de Controle! 24

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....................................................................2.1.4.3 - Trocas de Calor! 25

...............................................................2.1.4.4 - Conforto Climático! 26

..................................................2.1.4.5 - Metodologia para Medição! 27

................................2.1.4.6 - Conseqüências e Medidas de Controle! 30

...................................................2.2 - Condições Físico-psicológicas! 31

......................................................................................2.2.1 - DORT! 31

..............................................2.2.1.1 - Fatores Causadores da DORT! 32

...........................................................2.2.1.2 - Diagnóstico da DORT! 32

...........................................................2.2.1.3 - Tratamento da DORT! 33

.....................................................2.2.1.4 - Norma regulamentadora! 33

....................................................................2.2.2 - Ginástica Laboral! 34

..................................................................................2.3 - Segurança! 34

.................................................................................2.3.1 - Definição! 34

....................................................2.3.2 - Normas Regulamentadoras! 35

..................................................................................3 - Metodologia! 35

.....................................................................3.1 - Fatores Subjetivos! 36

..............................................3.1.1 - Localização de áreas dolorosas! 37

..........................................................................................3.2 - Ruído! 38

.................................................................................3.3 - Iluminação! 39

..................................................................................3.4 - Ventilação! 39

..............................................................................3.5 - Temperatura! 39

..................................................................................3.6 - Segurança! 40

...............................................................4 - Resultados e Discussões! 41

...........................................................................4.1 - Fator subjetivo! 41

.................................................4.1.1 - Análise das respostas obtidas! 43

.........................................................4.1.1.1 - Ponto 7 - Pulso Direito! 43

................................................4.1.1.2 - Ponto 15 - Tornozelo Direito! 43

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......................4.1.1.3 - Pontos 24 e 25 - Costas e Região do Pescoço! 46

........................................................4.1.1.4 - Estocagem dos Tecidos! 48

..........................................................................................4.2 - Ruído! 50

..............................................................................4.2.1 - Resultados! 50

...................................................................................4.2.2 - Análises! 51

.................................................................................4.3 - Iluminação! 52

..............................................................................4.3.1 - Resultados! 52

...................................................................................4.3.2 - Análises! 52

......................................................................4.3.3 - Recomendações! 52

..................................................................................4.4 - Ventilação! 53

..................................................................4.4.1 - Resultados obtidos! 53

...................................................................................4.4.2 - Análises! 54

..............................................................................4.5 - Temperatura! 54

.................................................................4.5.1 - Resultados Obtidos! 54

...........................................................4.5.2 - Análise dos Resultados! 55

..................................................................................4.6 - Segurança! 57

.........................................................4.6.1 - Existência e uso de EPIs! 57

....................................................4.6.2 - Posicionamento do estoque! 58

.......................................4.7 - Sugestão de leiaute depois da análise! 58

....................................................................................5 - Conclusões! 61

........................................................................................Referências! 62

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1 - Introdução

A ergonomia é uma área de estudo que utiliza conhecimentos de várias ciências para análise e intervenção em um problema, a fim de proporcionar uma melhor adaptação do posto de trabalho e do ambiente ao homem. Uma análise ergonômica do trabalho (AET) avalia os ambientes psicológicos e fisiológicos, a procura de dados relevantes para a melhoria do posto de trabalho.

Os processos de projeto e de construção necessitam da colaboração de especialistas e discussões para eficiente resolução de conflitos, que podem ser traduzidos na busca pelo conforto do trabalhador, produtividade atendida pelos usuários e minimização de energia e custos.

Sob esse ponto de vista, pode-se considerar que um espaço de trabalho bem elaborado irá propiciar uma melhor relação do homem com seu trabalho. Nem sempre é possível otimizar todos os níveis desta relação, mas sempre se pode buscar melhorias em alguma etapa dos processos. O engenheiro, como profissional, é capaz de dimensionar postos de trabalho e interpretar condições como iluminância, temperatura e ruído.

Este trabalho se deteve a analisar as condições ambientais e a segurança, além de propor um novo leiaute da estofaria, localizada na UTFPR - Campus Curitiba.

1.1 - Objetivos 

A análise de postos de trabalho com uma visão voltada a ergonomia nos permite a comparação de um ambiente de trabalho real com as condições de bem-estar e segurança pré estabelecidas em norma regulamentadora. O objetivo deste trabalho é obter dados  de

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três postos de trabalho da estofaria da UTFPR - Campus Curitiba, e analisá-los para reformular o leiaute existente.

Para tanto, serão feitas análises quanto:

•nível de iluminância;

•nível de intensidade sonora;

•nível de ventilação;

•temperatura;

•estudo da segurança no local.

Além disto, visamos dar uma maior atenção a esta área de atuação da Engenharia, realizando um estudo na Universidade em que estudamos. Para melhor analisar dados psicofisiológicos iremos entrevistar uma especialista da área, que por ser fisioterapeuta poderá nos fornecer um parecer clínico de questões como doenças laborais.

1.2 - Justificativas 

Estofaria é o local onde se guarnecem com estofos objetos como cadeiras, almofadas, etc. Neste ambiente encontram-se diversos postos de trabalho como mesas com morsas, mesas de marceneiros, computador, máquina de costura, mesa de corte de tecidos e mesa para equipamentos pressurizados (grampeadores pneumáticos).Dentre esses postos citados, os três últimos são os mais utilizados na estofaria da UTFPR - Campus Curitiba. Portanto este trabalho se deteve a analisar as condições ambientais e a segurança nestes três postos de trabalho, além de propor um novo leiaute do local analisado.

O estudo justifica-se socialmente, pois nos dá a oportunidade de formular mais adiante uma proposta à Universidade Tecnológica

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Federal do Paraná, utilizando os resultados obtidos, para a melhoria das condições de trabalho dos funcionários que nos prestam serviços. 

Finalmente, podemos implantar os conhecimentos adquiridos em nossos futuros locais de trabalho, aumentando a qualidade de vida, produtividade, saúde e auto-estima dos trabalhadores.

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2 - Revisão da Literatura 

2.1 - Condições ambientais 

Fatores como ruído, iluminância, temperatura e ventilação são de extrema importância para a qualidade de um ambiente de trabalho. Eles podem causar desconforto e tensão, riscos à saúde e acidentes considerados graves e/ou fatais. 

O trabalho de um ergonomista é conhecer esses fatores, como afetam a produtividade, saúde e bem-estar do trabalhador. O profissional é capaz de projetar medidas que venham evitar ou minimizar os danos causados.

2.1.1 - Ruído

2.1.1.1 - Definição 

Ruído pode ser caracterizado, de forma mais simples, como um som incômodo. Isto ocorre quando a produção sonora é indesejável ou na situação em que há desconforto auditivo. O ruído vem sendo reconhecido como um agente nocivo à saúde, e mais recentemente tem crescido o interesse pelo debate acerca desse agente. Os problemas decorrentes do ruído estão sendo socialmente mais conhecidos e considerados objeto de atenção da saúde pública (PALMA et al., 2009). 

WHO (1980) citado por Almeida et al. (2000) descreve o som como um agente físico resultante da vibração de moléculas do ar e que se transmite como uma onda longitudinal. É, portanto, uma forma de energia mecânica. 

O receptor periférico sensível a esta forma de energia, captando-a e transformando-a em impulso elétrico nervoso é o orelha. 

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Ruído é uma palavra derivada do latim rugitu que significa estrondo. Acusticamente é constituído por várias ondas sonoras com relação de amplitude e fase distribuídas anarquicamente, provocando uma sensação desagradável, diferente da música (ALMEIDA et al, 2000).

2.1.1.2 - Conceitos 

A intensidade sonora (I) é definida como valor médio do fluxo de energia por unidade de área, sendo utilizado como unidade o Watt por metro quadrado (W/m2). Em vez de falarmos da intensidade de uma onda sonora, é muito muito mais conveniente falar do seu nível sonoro , definido como: 

B = 10 . log (I/I0)  (1)

Nesta equação, dB é a abreviação para decibel, a unidade de nível sonoro. I0 é uma intensidade de referência padrão (I0=10~12 W/m2), escolhida porque está próxima do limite inferior da faixa de audição humana. Para I=I0, tem-se B=0, portanto o nosso nível de referência padrão corresponde a zero decibel (HALLIDAY, 2001).

SITUAÇÃO" B (dB)LIMIAR DA AUDIÇÃO! 0ROÇAS DAS FOLHAS! 10CONVERSAÇÃO! 60CONCERTO DE ROCK! 110LIMIAR DA DOR ! 120MOTOR A JATO ! 130 

Tabela 1 - Alguns valores de níveis sonoros 

O aparelho auditivo humano consegue detectar variações de pressão do ar numa faixa de 0,00002 a 200 N/m2 no limiar de

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audibilidade de frequências que é de 16 a 20.000 Hz. Portanto, nem toda onda sonora evoca a sensação auditiva (ALMEIDA et al., 2000). 

Silva (1994) citado por Ladeia (2006), classifica os ruídos de acordo com a sua variação no tempo, como: 

•contínuo: ruído com pequenas variações dos níveis de ruído ( até 3 dB) durante um período de tempo observado;

•intermitente: ruído que varia continuamente mais que 3 dB durante um período de observação determinado;

•de impacto: ruído com picos de energia com duração inferior a 1 segundo. 

Figura 1 - Tipos de Ruído: como ocorre a variação do nível sonoro (dB) em relação ao tempo.

Fonte: Ladeia (2006) apud SANTOS (1994)

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2.1.1.3 - Medições Segundo a NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (slow). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

Para ruídos de impacto, os níveis deverão ser avaliados em decibéis (dB), será válida a leitura feita no circuito de resposta rápida (fast) e curva de compensação "C".

2.1.1.4 - Limites Sonoros

De acordo com a a Norma brasileira NR 15 - Atividades e Operações Insalubres, limite de tolerância é a intensidade máxima ou mínima, de acordo com a natureza e o tempo de exposição, que não causará dano à saúde do trabalhador.

O exercício de trabalho em condições de insalubridade, assegura ao trabalhador a percepção de adicional, de acordo com o grau constatado pela autoridade regional competente.

A Tabela 2 mostra os valores limites para ruído contínuo ou intermitente. Os limites de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os valores dessa tabela, sem o uso de equipamentos de proteção individual adequados. Todos as medições devem seguir norma vigente.

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Tabela 2 - Limites de Tolerância para Ruídos Contínuos ou Intermitentes.Fonte: NBR 10.152

A tabela 2 trata dos limites de tolerância para ruídos de impacto. Utilizando a metodologia prevista em norma, o limite de tolerância será de 120 dB (para resposta fast). Valores acima de 130 dB, medidos com resposta fast oferecerão risco grave e iminente ao trabalhador.

As condições de conforto acústico para recintos de edificação são normalizadas pela NBR - 10.152 - Nível de Ruído para Conforto Acústico.

2.1.1.5 - Efeitos do ruído

O nível equivalente de ruído de 65 dB é considerado o limiar de conforto acústico para a medicina preventiva. A exposição contínua à valores acima desse limite pode causar distúrbios psicofisiológicos diversos, independente da idade, tais como distúrbios no sono, diminuição da performance laboral, hipertensão, agravamento de doenças cardiovasculares (DA PAZ, 2005).

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MARQUEZ citado por Ladeia (2006) relata que a sensibilidade auditiva é uma característica pessoal, que difere de indivíduo para indivíduo. O autor observou que pessoas especialmente sensíveis ao ruído podem sofrer de uma lesão auditiva já após alguns meses de exposição a um local barulhento, enquanto que outros precisam de anos até apresentar os principais sintomas de uma lesão auditiva. Uma explosão instantânea pode romper os tecidos do ouvido e deixar cicatrizes que podem causar perda permanente da audição. Além disso, níveis de barulho prolongados e prejudiciais podem danificar permanentemente as células do ouvido, e estas não podem se regenerar (IIDA, 2005). 

O início da surdez, caracteriza-se pela perda de sons ao nível de 4000 Hz, mas, progressivamente, o dano auditivo aumenta e também as frequências baixas podem deixar de ser ouvidas, e é só neste estágio que se percebe a perda auditiva. Conclui-se que a surdez se deve a exposição no decorrer dos anos, e não somente ao processo de envelhecimento (GRANDJEAN, 1998). 

2.1.1.6 - Medidas Contra o Ruído

De acordo com Grandjean (1998), os ruídos podem ser combatidos das seguintes maneiras:

•planejamento: As mais importantes medidas técnicas contra a perturbação do trabalho pelo ruído podem ser tomadas no planejamento. Tendo em mente que o nível de ruído diminui com distância da fonte, é vantajoso projetar locais de trabalho mental distantes de altos níveis de ruído. deve-se sempre procurar isolar as salas onde o trabalho exija destreza e concentração.

•combate ao ruído na fonte: A prevenção da formação ou da dispersão do ruído diretamente na fonte é muito eficaz e racional. Em algumas máquinas, a substituição de um material duro por um mais mole pode

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trazer sensível redução do ruído. Em todos os tipos de transmissão deve examinar-se os rolamentos, já que rolamentos velhos e gastos produzem ruído desnecessário. A dispersão do ruído em maquinários pode ser evitado por um ajuste mais perfeito e com aplicação de meios antivibração.

•amortecimento do som ambiente: Quando as medidas técnicas para combate ao ruído se esgotam, pode-se usar placas de material absorvente de sons no teto e nas paredes. As placas absorventes de sons absorvem uma parte do ruído, e portanto, a reflexão do ruído e o efeito do eco. Paredes internas também podem ser forradas com materiais amortecedores de sons.

•proteção individual: Quando é inevitável a presença do trabalhador em uma sala de trabalho ruidosa, e quando todas as medidas técnicas já foram aplicadas, resta como última alternativa, o uso de proteção individual. Uma boa proteção é garantida pelos protetores de ouvidos. No uso correto, podem reduzir o ruído de 40 a 50 dB. 

Para a proteção ao ruído em uma sentido mais amplo pertencem também os exames audiométricos dos trabalhadores expostos. O alvo dessas medidas é:

•a descoberta de lesões devido ao ruído;

•as bases para introduzir proteção individual para os trabalhadores.

2.1.2 - Iluminação

2.1.2.1 - Conceitos

Por iluminância, entende-se a quantidade de luz natural ou artificial no nível da situação de trabalho. Diferentemente das outras ambiências físicas, uma iluminação incorreta induz à fadiga, ao

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desconforto, mas não provoca, a priori, nenhuma doença profissional (FALZON, 2007). 

As variáveis medidas para avaliar a qualidade da ambiência luminosa são a iluminação, a claridade e o contraste. A intensidade de iluminação representa a quantidade de luz que chega ao posto de trabalho e é dada em Lux, que equivale 1 lúmen por metro quadrado. A claridade, dada em cd/m², representa a quantidade de luz que vai finalmente penetrar no olho e estimular a retina. A claridade não corresponde diretamente à iluminação, pois para uma mesma iluminação, a reflexão ou a quantidade de luz refletida por um objeto, em direção ao olho, varia de acordo com a sua natureza. Sendo assim, uma superfície clara e lisa, como uma parede pintada de branco, será muito refletora, enquanto uma superfície escura, fosca, como uma cortina escura, refletirá pouca luz para o olho (FALZON, 2004). 

A luz é uma faixa de comprimentos de onda a que o olho humano é sensível. Trata-se de uma radiação eletromagnética.

•Fluxo Luminoso : (lúmen - lm) : energia luminosa que flui a partir de uma fonte.

•Iluminância : (lux - lx * lúmen/m²) : quantidade de luz que incide em uma superfície.

•Intensidade Luminosa : (Candela - cd) : fluxo luminoso emitido por uma fonte em uma determinada direção.

•Luminância : (cd/m²) : medida física do brilho de uma superfície iluminada. É através disso que os seres são capazes de enxergar. 

2.1.2.2 - Norma Regulamentadora 

A Norma NR 17 - Ergonomia estabelece alguns critérios para uma iluminação eficiente. De acordo com a norma, a iluminação geral

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deve ser uniformemente distribuída e difusa. Deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.

Os níveis mínimos de iluminamento estão previstos na NBR 5413 - Iluminância de Interiores. Para casos gerais, deve-se usar o valor do meio.

Tabela 3 - Iluminâncias por classe de tarefas visuais.Fonte: NBR 5.314

As classes, bem como os tipos de atividade não são rígidos quanto às iluminâncias limites recomendadas, ficando a critério do projetista escolher os valores das tipos de atividade, dependendo das características do local. A medição dos níveis de iluminamento previstos no deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto, este será um plano horizontal a 0,75m do piso.

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A norma estabelece um valor médio de 500 lux para ambientes de tapeçaria e estofamento de móveis. 

2.1.2.3 - Projetos de Iluminação 

Uma boa iluminação apresenta vantagens fisiológicas uma vez que facilita visão, poupa os órgãos visuais, suaviza o trabalho e diminui a fadiga; vantagens técnicas por possibilitar a execução de tarefas de precisão, melhorar a qualidade e aumentar a quantidade de produção, diminuir os riscos, e prevenir acidentes; vantagens psicológicas por determinar uma impressão de bem-estar e inspirar segurança (SOUZA). 

Um projeto de iluminação adequado deve propor níveis de contraste adequados, evitar ofuscamento, fazer uso de cores e sistemas de iluminação adequados (SOUZA). O sistema de iluminação, assim como a escolha de lâmpadas, luminárias e a distribuição das mesmas depende das características do trabalho a ser executado. Além de evitar ofuscamentos e fadiga visual, deve-se sempre priorizar a iluminação natural, evitando a incidência direta sobre superfícies envidraçadas. Segundo Iida (1990), existem muitos fatores que influem na capacidade de discriminação visual, como por exemplo, diferenças individuais, faixa etária, contraste, quantidade de luz e tempo de exposição do objeto.

O rendimento visual tende a crescer, a partir de 10 lux até cerca de 1000 lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa faixa. A partir desse ponto, os aumentos de iluminamento não provocam melhoras sensíveis de rendimento, mas a fadiga visual começa a aumentar. Dessa forma, recomenda-se usar 2000 lux como nível máximo (IIDA, 2005). 

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Gráfico 1 - Relação entre Rendimento, Fadiga, Acuidade Visuais e Nível de Iluminamento (lux).Fonte: Iida (1990)

O tempo de exposição para que um objeto posso ser discriminado, depende de seu tamanho contraste e nível de iluminamento. Na maioria dos casos, é suficiente o tempo de 1 segundo para que haja uma boa discriminação. O gráfico 2 mostra a dependência entre o tempo de exposição e o nível de iluminamento (IIDA, 1990).

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Gráfico 2 - Nível de Iluminação (lux) e Tempo de Exposição (s).Fonte: Iida (1990)

O ofuscamento é a redução da eficiência visual, provocado por objetos ou superfícies de grande luminância, presente no campo visual, à qual, os olhos não estão adaptados. Existem vários níveis de ofuscamento, desde o desconforto até a incapacidade visual (IIDA, 2005). 

Para acabar com o ofuscamento, a medida mais eficiente é eliminar a fonte de brilho do campo visual. Quando isso não for possível porque a fonte, pode-se mudar a posição do trabalhador. Outras medidas possíveis são: reduzir a fonte de brilho, colocar anteparos entre a fonte de brilho e os olhos, eliminar as superfícies refletoras no campo visual (IIDA, 1990).

A fadiga visual é causada pela excessiva sobrecarga visual, e se caracteriza por irritação nos olhos, aumento na frequência do piscar, visão tona-se barrada, e pode provocar dores de cabeça, náusea, depressão e irritabilidade emocional. Rigidez das rotinas e longos períodos de trabalho sem pausa contribuem para a fadiga visual (IIDA, 2005). 

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2.1.3 - Ventilação

2.1.3.1 - Definição

Por ventilação entende-se as trocas de ar entre o meio e o ambiente externo. Ela tem o objetivo de eliminar odores, bactérias e os efeitos da umidade residual, por isso a ventilação para garantir um ar puro é muito importante.

O ar em uma sala de trabalho é principalmente alterado pela excreção de substâncias aromáticas, formação de vapor d’água, liberação de calor, produção de ácido carbônico, que são produzidos por pessoas e assim são dependentes da ocupação da sala, e pelas impurezas do ar que penetram de fora para dentro, que dependem da situação geográfica, ou são produzidas pelo processo do trabalho na sala. (GRANDJEAN, 1998).

2.1.3.2 - Agentes de modificação do ar

Em modificações provocadas por pessoas, a excreção de substâncias aromáticas merece atenção, sendo que mesmo em pequenas quantidades geram sentimentos de mal estar, repulsa, desconforto e nojo. Estas substâncias são uma mistura de gases e vapores orgânicos, que apesar de inofensivos à saúde nas concentrações normalmente existentes, são muito indesejáveis pelos incômodos subjetivos que provocam (GRANDJEAN, 1998).       

As modificações provocadas por agentes químicos são de extrema importância, os diversos agentes químicos que entram em contato com o organismo dos trabalhadores podem apresentar uma ação localizada ou serem distribuídos aos diferentes órgãos e tecidos produzindo uma ação generalizada. A via respiratória é muito importante, pois a área

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alveolar é bastante permeável, ricamente vascularizada e sem defesa às substâncias agressivas (VIEIRA, 2008).

2.1.3.3 - Norma Regulamentadora

A norma NR 17 estabelece que a ventilação não pode ultrapassar 0,75 m/s em um ambiente de trabalho fechado, como a estofaria.

A Norma, NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, estabelece alguns limites de tolerância para as atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos a agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem ultrapassados os limites de tolerância constantes na tabela 4, no qual os valores são válidos apenas por absorção por via respiratória.

Todos os valores fixados no tabela 4 como "Asfixiantes Simples" determinam que nos ambientes de trabalho, em presença destas substâncias, a concentração mínima de oxigênio deverá ser 18 (dezoito) por cento em volume. As situações nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor serão consideradas de risco grave e iminente. Os limites de tolerância fixados na tabela 4 são válidos para jornadas de trabalho de até 48 (quarenta e oito) horas por semana, inclusive. Para jornadas de trabalho que excedam as 48 (quarenta e oito) horas semanais dever-se-á cumprir o disposto no art. 60 da CLT.

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TABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDATABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDATABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDATABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDATABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDATABELA  DE  LIMITES  DE  TOLERÂNCIA  RESUMIDA

AGENTES  QUÍMICOS Valor  tetoAbsorção  também  

p/  pele

Até  48  horas/semanaAté  48  horas/semanaGrau  de  insalubridade  a  ser  considerado  no  

caso  de  sua  caracterização

AGENTES  QUÍMICOS Valor  tetoAbsorção  também  

p/  peleppm* mg/m3**

Grau  de  insalubridade  a  ser  considerado  no  

caso  de  sua  caracterização

Acetato  de  EOla 310 1090 Mínimo

Cloreto  de  Vinila + 156 398 Máximo

Tolueno  (toluol) + 78 290 Médio

Xileno  (xilol) 78 340 Médio

*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.*  ppm  -­‐  partes  de  vapor  ou  gás  por  milhão  de  partes  de  ar  contaminado.

**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.**  mg/m3  -­‐  miligramas  por  metro  cúbico  de  ar.

Tabela 4 – Limites de Tolerância a elementos químicos nas colas. Fonte: NR17

2.1.3.4 - Orientações

Quando a pessoa é essencialmente a fonte das modificações do ar, deve-se orientar a necessidade de ar de acordo com as substâncias aromáticas excretadas, já que muito mais que o gás carbônico ou o vapor d’água, prejudicam o bem estar dos ocupantes da sala (GRANDJEAN, 1998).

Segundo a norma NR 15 - Atividades e Operações Insalubres, agentes químicos que podem ser absorvidos por via respiratória exigem na sua manipulação o uso de EPIs necessários à proteção do corpo.

Como linha geral de orientação, cada pessoa necessita de no mínimo 30m³ de ar fresco por hora, em ambientes fechados. Em uma sala em que haja fumantes, esse valor aumenta para 40m³/h por pessoa, pois o fumo é uma fonte especial de impurezas no ar do local de trabalho (GRANDJEAN, 1998).       

2.1.3.5 - Ventilação  Forçada ou Ventilação Natural pelas Janelas

A localização do local de trabalho e o número de janelas, junto com a densidade de ocupação, têm um papel decisivo para a avaliação

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da necessidade de ventilação forçada ou instalações de ar condicionado. Quando o ruído externo, como o do trânsito, ou quando a taxa de impurezas do ar da cidade torna impossível a abertura de janelas no verão, ventilação forçada ou instalações de ar condicionado são necessárias (GRANDJEAN, 1998). 

2.1.4 - Temperatura

2.1.4.1 - Definição

A temperatura define-se como grau de agitação das moléculas de um corpo, é uma característica da matéria. A temperatura do corpo não é igualmente distribuída em todo o organismo. Ela é constante em regiões internar de órgãos como o coração, o cérebro e abdominais.  No entanto, em músculos, membros e especialmente na pele ela apresenta oscilações.(GRANDJEAN, 1998)

2.1.4.2 - Processos de Controle

Para regular a temperatura nuclear, o organismo dispõe de alguns mecanismos de controle. O centro de calor é o principal ponto de regulação térmica. Ele está localizado no mesencéfalo e é responsável por disparar os mecanismos de compensação necessários para manter a temperatura interna constante.(GRANDJEAN, 1998)

O primeiro mecanismo é o transporte de calor pela corrente sanguínea: Os vasos condutores da corrente sanguínea transportam o calor do corpo para a superfície resfriada pela temperatura externa, ou vice-versa. A regulação da irrigação da epiderme é o mais importante mecanismo de controle, pois estabelece as bases que permitem a troca de calor entre o homem e o meio ambiente. O segundo é a produção de suor, através de impulsos nervosos. A terceira é a produção de calor, que só ocorre quando do resfriamento do corpo. Esta elevação é obtida

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pelo aumento do processo de queima dos músculos outros órgãos.(GRANDJEAN, 1998)

Segundo Iida, o equilíbrio térmico é dado pela seguinte equação:

M ± C ± R – E = S = 0, onde:

•M = Calor produzido pelo metabolismo devido a atividade física;

•C = Calor ganho ou perdido por condução-convecção;

•R = Calor ganho ou perdido por radiação;

•E = Calor perdido por evaporação;

•S = Calor no organismo (sobrecarga térmica);

•Se S = 0 tem-se o equilíbrio térmico;

•Se S < 0 o corpo está perdendo calor, pode ocorrer hipotermia;

•Se S > 0 o corpo está recebendo calor.

2.1.4.3 - Trocas de Calor

O calor é um tipo de transferência de energia entre dois corpos que se encontram em diferentes temperaturas. No interior do organismo, a energia química da alimentação é transformada em energia mecânica e calor. O corpo utiliza a produção de calor para manter a temperatura do corpo constante, e o excesso deve ser eliminado. Por isso ocorre a troca de calor entre o organismo e o meio. (GRANDJEAN, 1998). Segundo Incropera e Dewitt (1992) essa troca pode ocorrer por:

•Condução: acontece principalmente em meios sólidos e essa forma de transferência de calor ocorre em razão do contato das partículas (átomos, elétrons e moléculas) que formam o corpo.

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•Convecção: é o fenômeno da transferência de calor que se observa nos fluidos, gases e líquidos, e acontece em razão da diferença de densidade do fluido. Esse tipo de transferência de calor pode ser observado nos condicionadores de ar.

•Radiação: quando há transferência de calor sem suporte material algum. A energia radiante passa através do ar aquecendo a superfície atingida (o trabalhador).

•Evaporação: é a perda de calor que se dá na mudança de fase liquida para vapor. A evaporação depende da umidade do ar, pois ela indica a quantidade de vapor que o ar pode receber. Quanto mais seco o ar, mais fácil se torna a evaporação.

Pode-se concluir que para as trocas de calor entre o organismo e o ambiente os quatro fatores a seguir são definitivos: a temperatura do ar, a movimentação do ar, a temperatura superficial das superfícies limitantes e a umidade relativa do ar.

2.1.4.4 - Conforto Climático

A sensação de desconforto pode ser um incomodo ou até um tormento, que indica ao homem a necessidade de restabelecer o equilíbrio calórico perturbado. Geralmente procura-se essa adaptação através da vestimenta ou atividade, como também o uso de possibilidades tecnológicas para restaurar o equilíbrio.

O excesso de frio ou calor deixa o ambiente desconfortável, provocando sobrecarga energética no corpo do trabalhador, principalmente no coração e pulmões. Além disso, partes do corpo podem sofrer danos, como queimaduras e congelamento. (JAN DUL, 2004)

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O calor excessivo pode causar primeiramente sonolência e cansaço, o que aumenta a tendência de falhas. Em frio intenso, o corpo precisa produzir mais calor, deixando-o mais agitado e menos atento.

A garantia de um clima confortável no ambiente é, assim, um pré-requisito necessário para a manutenção do bem-estar e para a capacidade de produção total. (GRANDJEAN, 1991)

Segundo a NR 17 - Ergonomia, o índice de temperatura efetiva deve estar entre 20° e 23°C, além disso devem ser implementados projetos adequados de climatização dos ambientes de trabalho que permitam distribuição homogênea das temperaturas e fluxos de ar utilizando, se necessário, controles locais e/ou setorizados da temperatura, velocidade e direção dos fluxos.

2.1.4.5 - Metodologia para Medição

De acordo com a Norma Regulamentadora No 15, entende-se por Limite de Tolerância “a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (SEGURANÇA ... , 2000, p. 133, citado por Oliveira, M.Sc. ).

O anexo nº 3 da NR-15 define os limites de tolerância para exposição ao calor através dos seguintes parâmetros:

A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo" - IBUTG, índice esse que “representa o efeito combinado da radiação térmica, da temperatura de bulbo seco, da umidade e da velocidade do ar” (COUTINHO, 1998, p. 176 – 177, citado por Ronald Fred Alves de Oliveira, M.Sc. ) definido pelas equações que se seguem:

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Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg

Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg

onde:

•tbn = temperatura de bulbo úmido natural

•tg = temperatura de globo

•tbs = temperatura de bulbo seco.

Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida.

As avaliações de calor efetuadas através do IBUTG estão sujeitas a variações climáticas que dependem das estações do ano. No entanto, para efeito da estipulação de medidas preventivas, devem ser consideradas sempre as piores condições ambientais (COX,1973, p. 692, citado por Ronald Fred Alves de Oliveira, M.Sc.).

De posse do IBUTG, procede-se a classificação da atividade que está sendo avaliada em uma das três categorias previstas no Quadro N° 3, Anexo N° 3, da NR-15, aqui denominado tabela 5. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.

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Tabela 5 - Quadro Nº 3 anexo nº 3 da NR 15

Finalmente, com o valor do IBUTG e com a classificação da atividade em leve, moderada ou pesada, entra-se com esses dois parâmetros no Quadro N° 1, Anexo N° 3 da NR- 15, aqui denominada tabela 6, que relaciona os Regimes de Trabalho Intermitentes com Descanso no Próprio Local de Trabalho (por hora), verificando-se se o Regime de Trabalho em vigor é compatível com os dados levantados, ou se há necessidade de uma modificação de forma a adequá-lo às características da atividade e dos índices apurados.

Tabela 6 - Quadro Nº 2 anexo Nº 3 da NR 15

No Brasil, a utilização do IBUTG na definição do regime de trabalho tem como objetivo minimizar, controlar ou eliminar, as conseqüências danosas à saúde ocupacional que a exposição a condições térmicas insalubres pode vir a provocar aos indivíduos. Também é com base nesse índice que se avalia o direito do trabalhador à percepção do adicional de insalubridade, se o exercício do trabalho se processar acima dos limites de tolerância previstos na NR-15.

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No entanto, não se encontra na referida Norma nenhuma recomendação a respeito daquelas atividades em que é necessária a utilização de vestimentas especiais. Qualquer que seja a vestimenta utilizada na realização de uma tarefa, a contribuição dessa à dissipação de calor deve ser levada em consideração na avaliação da sobrecarga térmica.

2.1.4.6 - Conseqüências e Medidas de Controle

Quando a temperatura sobe mais que o considerado ótimo de conforto surgem perturbações que primeiro atingem a percepção subjetiva, mais tarde prejudicam a capacidade física de produção do trabalhador. (GRANDJEAN, 1998) Na faixa entre a temperatura confortável e o limite de sobrecarga de calor surgem os sintomas relacionados na tabela contida no anexo nº4.

Para redução de calor podem ser aplicadas algumas soluções técnicas, como a instalação de equipamento de ventilação, a utilização de EPI’s (óculos especiais, vestimentas de proteção e proteção contra queimaduras), fazer a adaptação do organismo do trabalhador ao ambiente, eventualmente a desidratação artificial do ar. Além disso ainda existem as medidas individuais como a redução da jornada de trabalho quando ultrapassar as faixas de tolerância de calor e a ingestão de bebidas a cada 10 ou 15 minutos.

Segundo Iida, quando o corpo é exposto a frio ocorre a redução do fluxo sanguíneo na mesma proporção que o abaixamento da temperatura. A partir dos 35˚C, todas as atividade fisiológicas começam a diminuir, como a freqüência de pulso e pressão arterial. Abaixo dos 29˚C, o indivíduo adquire um quadro de hipotermia, que pode levar a gangrena, paralisação de partes do corpo, ulceras de frio e problemas respiratórios.

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Para a proteção contra o frio recomenda-se a utilização de equipamentos de proteção, como vestimentas para isolamento do corpo, além de limitar o tempo de exposição.

2.2 - Condições Físico-psicológicas

Além da análise dos fatores ambientais em um local de trabalho, é necessária também uma análise físico-psicológica e a verificação da relação homem-máquina. Para isso, aspectos como a satisfação do funcionário, organização do trabalho, doenças laborais, entre outros devem ser levados em conta ao se realizar uma análise ergonômica dos postos de trabalho.

Verifica-se que postos de trabalho mal dimensionados diminuem a produtividade do trabalhador, geram uma alta rotatividade de funcionários neste local, causam absenteísmos, e é uma potencial causa de doenças laborais.

Antes de se realizar um estudo dessas condições deve-se aprofundar os conhecimentos em questões como DORT, Ginástica Laboral, entre outros.

2.2.1 - DORT

DORT é a sigla para Distúrbio Osteo-muscular Relacionado ao Trabalho que, assim como a LER (Lesão por Esforço Repetitivo), é uma doença que atinge trabalhadores de diversas categorias profissionais. É caracterizada pelo desgaste de estruturas do sistema músculo-esquelético devido a utilização excessiva deste sistema, somada a falta de tempo para recuperação.

Segundo a fisioterapeuta Cássia R. T. Machado, normalmente o trabalhador que possui esta doença busca formas de manter o desenvolvimento de seu trabalho, sem modificar seus hábitos ou seu

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posto de trabalho de forma a reduzir o trauma ocasionado. O que na maioria das vezes pode agravar o quadro do paciente.

2.2.1.1 - Fatores Causadores da DORT

Stachewski (2007), divide as causas da DORT em três grupos: Fatores Mecânicos, Administrativos e Psicossociais.

Dentre os fatores mecânicos estão repetição excessiva de movimentos, movimentos manuais com uso de força, posturas inadequadas e pressão mecânica localizada. Ou seja, são a forma de execussão do trabalho. Já os fatores administrativos seriam remetidos à organização do ambiente de trabalho, como a atualização e adequação das ferramentas de trabalho ao funcionário, campanhas de concientização da detecção das doenças relacionadas àquele posto, incluindo seu tratamento, e a postura da direção da empresa em eliminar riscos potenciais. Fatores psicossocias, como o próprio nome expressa, seriam fatores relacionados a auto estima do funcionário, a pressão no trabalho, à baixa autonomia, falta de ajuda ou apoio dos colegas de trabalho e monotonia nas atividades exercidas.

2.2.1.2 - Diagnóstico da DORT

Conforme diz Gambeta (2009), é necessária, além da realização de exames físicos detalhados, a análise do trabalho responsável pelo aparecimento da lesão.  

Normalmente a lesão é diagnosticada por reclamação de dores, fadiga, sensação de enrijecimento muscular, dormência, cãibras, limitação de movimentos, etc. Porém o que leva o paciente a consulta é a dificuldade para pegar ou segurar pequenos objetos, dificuldade para dormir pela dor, em realizar atividades domésticas e para escrever, afirma Cássia.

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2.2.1.3 - Tratamento da DORT

Especialistas afirmam que após um diagnóstico correto, o paciente deve primeiramente evitar a atividade que lhe ocasionou a lesão. Caso isso não seja possível, é recomendado que se façam pausas estabelecidas pelo fisioterapeuta ou médico responsável, e alongamentos antes e após a execução da tarefa. A fisioterapia por um período preestabelecido e medidas ergonômicas que visem a melhoria do espaço de trabalho também são recomendadas. Cássia ressalta ainda que em casos mais graves o paciente pode ser submetido ao tratamento com corticóides e antidepressivos, que atuam no sistema central causando alívio no caso de dores crônicas, e até intervenção cirúrgica, caso tenha ocorrido alguma deformidade irreversível.

2.2.1.4 - Norma regulamentadora

Uma das principais causas da DORT é o transporte, levantamento e descarga de materiais de maneira irregular, que compromete a saúde do trabalhador. A norma NR 17 - Ergonomia estabelece formas corretas de se realizar essas atividades.

Segundo o item 17.2.1.1 desta norma, o "transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga.". A NR-17 prevê ainda que não deve ser exigido o transporte manual de cargas de forma que a saúde ou a segurança do trabalhador seja comprometida, e que devem ser usados meios técnicos apropriados para limitar ou facilitar o transporte realizado pelo funcionário.

Conforme o item 17.2.3 deve-se oferecer treinamento a qualquer funcionário que necessite realizar o transporte manual regular de cargas não leves, de modo a prevenir acidentes e evitar prejuízos a saúde do trabalhador.

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2.2.2 - Ginástica Laboral

A Associação Nacional de Serviços e Recreação para Empregados dos Estados Unidos afirma que Ginástica Laboral é definida como a prática voluntária de exercícios físicos específicos realizados por um grupo de funcionários no seu local de trabalho e durante seu expediente. Estes exercícios são realizados antes, durante e/ou após o expediente de trabalho dos funcionários, visando o relaxamento e alongamento do sistema músculo-esquelético, de modo a prevenir e/ou amenizar as doenças decorrentes da atividade que desempenham, segundo Gambeta (2009).

A série de exercícios é elaborada a partir da análise das necessidades físicas laborais do trabalhador, e suas "formas de aplicação são: antes do início das atividades de trabalho, aquecendo o corpo e preparando-o para exercer a atividade laboral; durante a jornada de trabalho, com objetivo de distensionar e compensar a musculatura sobrecarregada pelo trabalho; após a jornada de trabalho, com o objetivo de relaxar a musculatura e diminuir as tensões musculares provocadas pelo trabalho." (GAMBETA 2009).

2.3 - Segurança 

2.3.1 - Definição 

Segundo Iida (2005), segurança no trabalho trata-se de avaliar e gerir causas e consequências da ocorrência de acidentes no ambiente de trabalho para diminuir a quantidade desses acidentes, fruto de erros que ocorrem em qualquer parte do processo produtivo. 

Garrigou et allii (2004) colocam “acidente” como um evento não desejado e que cause perdas ou danos, provavelmente causado por omissão ou mal funcionamento de algum sistema; por fator humano, do

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trabalhador ou de outra pessoa; e fatores do meio ambiente, como ruído, vibração, temperaturas extremas e iluminação. 

2.3.2 - Normas Regulamentadoras 

Entre as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, a NR 1 - Disposições Gerais é a que discrimina as obrigações do empregador e do empregado em relação à segurança no ambiente de trabalho, dentre as quais se enquadram, por parte do empregador, informar o empregado dos riscos que ele está sujeito, dos meios de prevenção desses riscos e adversidades e dos resultados de avaliações ambientais (como essa) realizadas nos locais de trabalho e, por parte do empregado, usar os equipamentos de proteção individual e seguir as medidas adotadas pela empresa para garantir sua saúde. 

Também tratando da segurança no ambiente de trabalho e durante a execução das tarefas diárias do empregado, a NR 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI regulamenta que o empregador deve fornecer ao empregado EPIs, que são quaisquer dispositivos de uso individual usado pelo trabalhador destinado à proteção de riscos que possam ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador, instruir o empregado quanto ao seu correto uso e conservação e exigir seu uso pelo empregado. Ao empregado cabe também usá-lo, mas apenas para a finalidade a qual se destina, manter sua manutenção e usabilidade, cumprir as determinações do empregador quanto a seu uso e comunicar o empregador qualquer inapropriedade que torne seu uso impossível ou dificultado.

3 - Metodologia

Todos fatores ambientais foram medidos em três postos de trabalho, como mostrado no leiaute 1.

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Leiaute 1 - Situação atual da estofaria.

3.1 - Fatores Subjetivos

Fatores subjetivos são dados que não podem ser obtidos através de medições realizadas por aparelhos, como o ruído e a temperatura. São sensações, impressões que variam de pessoa para pessoa.

A insatisfação de um funcionário com o seu posto de trabalho ou qualquer incômodo ocasionado durante o expediente são alguns dos principais fatores para se realizar uma análise ergonômica do local de trabalho em questão.

Portanto foi feita uma série de perguntas ao funcionário com o intuito de se verificar primeiramente os principais focos problemáticos.

O seguinte questionário foi realizado:1) Nome:2) Idade:3) Peso:4) Altura:5) Tempo nesta profissão: 6) Possui algum tipo de doença? ( Se sim, qual?)7) Esta doença é decorrente do seu trabalho?8) Você acha que em algum aspecto o local do seu trabalho pode melhorar? E Por quê?7) Como é a temperatura na estofaria durante o inverno?

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8) O senhor não acha que por ser um tipo de porão, este local fica muito úmido?9) O senhor já teve algum tipo de problema respiratório? Constantemente fica gripado?10) E no verão? Como é a temperatura?11) O senhor tem idéia de quanto pesam os rolos de tecido que o senhor tem que carregar?12) Qual o tamanho deles aproximadamente?13) O senhor realiza pausas no seu trabalho? Se sim, de quanto em quanto tempo?14) O senhor costuma utilizar máscara, óculos de segurança e protetor auricular?15) Quando utiliza produtos tóxicos, como cola, o senhor usa máscara de proteção?16) O senhor sabe o que significa ginástica laboral? O senhor realiza esta atividade?

As perguntas 8 e 9 não constavam no questionário inicial. Porém foram necessárias durante a entrevista e, portanto, foram inclusas. Nos tópicos relacionados à elas, explicaremos o fato de serem tendenciosas.

3.1.1 - Localização de áreas dolorosas

O diagrama proposto por Corllet e Manenica (1980), divide o corpo humano em partes afim de facilitar a localização de áreas em que os trabalhadores sentem dor. Com o diagrama, é possível entrevistar os trabalhadores e pedir para que estes apontem para as regiões que sentem desconforto após a jornada de trabalho. Além da região, pode-se pedir para o trabalhador dar uma nota para o nível de dor (IIDA, 1990).

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Figura 2 - Diagrama de Corllet e Manenica - Separação das partes do corpo

humano

Apresentamos o diagrama ao funcionário da estofaria para que ele apontasse as áreas em que sentia dores durante e após sua jornada de trabalho. Após isto, realizamos uma entrevista com a fisioterapeuta Cássia Regina T. Machado para obter um parecer de alguém da área. Desta forma pudemos aliar o diagrama à entrevista, de forma a trazer informações confiáveis e redirecionar a análise do posto de trabalho.

3.2 - Ruído

Para a medição do ruído foi utilizado um decibelímetro LUTRON SL-4011, ajustado na curva ”A”. No local avaliado, o ruído esperado é do tipo contínuo.

O decibelímetro foi colocado nas regiões de medição, junto ao ouvido do funcionário para que se avaliasse corretamente os valores

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encontrados, e a leitura foi feita após estabilização (foram anotados 3 valores e utilizada a média) dos valores visualizados no mostrador. Por cada ponto foi efetuado 3 medições diárias.

3.3 - Iluminação

Para a medição de iluminação do ambiente foi utilizado um luxímetro LDR-380 - Instrutherm.

A medição dos níveis de iluminância foram medidos de maneira muito semelhante às medições de ruído. O luxímetro sempre foi colocado sobre a área de trabalho do estofador. Após a estabilização dos níveis de iluminação, foi usada média entre três medições.

3.4 - Ventilação

Para realizar as medições de ventilação no ambiente foi utilizado um Anemômetro, modelo POS 0310 – LAMBRECHT.

As medições foram realizadas em três postos de trabalho diferentes dentro da estofaria e em três horários diferentes da jornada de trabalho, as 9:00, 13:00 e 15:30 horas.

3.5 - Temperatura

Para realizar a medição de temperatura foi utilizado o termômetro de globo TGD-300A medição foi realizada no posto de trabalho onde se verifica maior calor, na mesa 1, em três horários diferentes. O termômetro foi deixado 15 minutos para estabilizar e depois meia hora para medir com precisão a temperatura.

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3.6 - Segurança

Para a avaliação da segurança foi feita uma análise visual no ambiente de trabalho e interrogatória com o trabalhador desse ambiente, em busca de verificar a existência de equipamentos de proteção individual, de seu estado de manutenção e de conferir se tais equipamentos são utilizados durante o expediente desse trabalhador.

Também foram verificadas as condições de armazenagem da matéria prima utilizada (rolos de espumas e tecidos) e dos produtos acabados (cadeiras estofadas) e os possíveis acidentes causados por tal distribuição.

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4 - Resultados e Discussões 

4.1 - Fator subjetivo

Após se aplicar o questionário e se apresentar o diagrama de Corllet e Manenica (conforme explicado na seção metodologia), obtivemos as respostas a abaixo:1) Nome: Antônio2) Idade: 47 anos3) Peso: 95Kg4) Altura: 1,75 m5) Tempo nesta profissão: 28 anos6) Possui algum tipo de doença? (Se sim, qual?)    Sim, tenho DORT no pulso direito. Tenho também muitas dores no tornozelo direito.7) Esta doença é decorrente do seu trabalho?    Sim. Meu médico diagnosticou que tinha DORT, pois trabalho muito com grampeadores, tesouras e máquinas de costura, que necessitam sempre do mesmo movimento.8) Você acha que em algum aspecto o local do seu trabalho pode melhorar? E Por quê?    Sinto uma certa dificuldade em tirar os rolos de tecido do local onde estão colocados. Porém é melhor do que se estivessem embaixo, pois assim não haveria espaço suficiente para me movimentar.7) Como é a temperatura na estofaria durante o inverno?     É bem agradável.8) O senhor não acha que por ser um tipo de porão, este local fica muito úmido?     Para ser sincero não.9) O senhor já teve algum tipo de problema respiratório? Constantemente fica gripado?    Não.10) E no verão? Como é a temperatura?    No verão dá uma esquentadinha, mas ligo o ventilador. Assim fica bom.11) O senhor tem idéia de quanto pesam os rolos de tecido que o senhor tem que carregar?    Cerca de 30Kg12) Qual o tamanho deles aproximadamente?     Quando enrolados tem de 1,5 a 1,7 m de altura (com o rolo em pé)13) O senhor realiza pausas no seu trabalho? Se sim, de quanto em quanto tempo?     Sim, pela manhã para o café ( as 8:30h), na hora do almoço (das 12:00 às 13:00h) e pela tarde ( as 15:30h)14) O senhor costuma utilizar máscara, óculos de segurança e protetor auricular?

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     Uso máscara só. Tenho o óculos e o protetor, mas não costumo usar.15) Quando utiliza produtos tóxicos, como cola, o senhor usa máscara de proteção?    Uso máscara e depois saio daqui, pois o cheiro fica muito forte.16) O senhor sabe o que significa ginástica laboral? O senhor realiza esta atividade?    Sim, mas não faço. Faço apenas esteira em casa.

OBS: As questões 7, 8, 9, 10, 14 e 15 serão abordadas em outros tópicos, onde serão aprofundadas e relacionadas com os dados obtidos através de medições.

Apesar de o funcionário realizar pausas durante o seu expediente e uma vez por semana realizar a ginástica laboral, foi apontado pelo funcionário dores nos seguintes pontos: 7, 15, 25 e 24.

Figura 3 - Localização dos pontos de dor do funcionário

Nota-se claramente que o exercício realizado pela pessoa em questão em casa é insuficiente e que provavelmente este não é o único aspecto problemático encontrado.

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A falta de ginástica laboral aplicada pelo menos uma vez por semana para pessoas que realizam trabalhos de força bruta, nos faz concluir que, o profissional responsável por este tipo de alongamento deveria ir a estofaria, e a locais de trabalho adjacentes, realizando pelo menos 3 vezes por semana essa atividade em grupo. A UTFPR possui funcionários capacitados que já realizam este serviço, portanto essa atividade não implicaria em um aumento de custo considerado inviável. Além de ser bom para a saúde física do funcionário, a ginástica laboral auxilia na melhora da sua autoestima, conforme comenta Gambeta (2009).

4.1.1 - Análise das respostas obtidas

4.1.1.1 - Ponto 7 - Pulso Direito

Conforme a resposta ao questionário e observação no local de trabalho, constatou-se que as dores no ponto 7 (pulso direito) da figura 3 são devidas a esforços repetitivos, como o uso de grampeadores que dão um "tranco" muito forte ao se apertar o gatilho, ao frequente uso da tesoura que necessita sempre do mesmo movimento do polegar, etc.

Ao entrevistarmos a fisioterapeuta Cássia Machado, a questão foi abordada e a especialista afirmou que, como já recomendado pelo  médico do funcionário, o melhor seria fazer pausas no período preestabelecido pelo médico e sempre que possível evitar executar desta mesma tarefa por muito tempo. Procurar sempre variar as atividades de forma a utilizar músculos diferentes em cada uma.

4.1.1.2 - Ponto 15 - Tornozelo Direito

Verificou-se que a dor sentida pelo funcionário no ponto 15 (tornozelo direito) provavelmente tem sua origem na falta de apoio para os pés no pedal da máquina de costurar. Logo a solução mais

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viável e de baixo custo encontrada para este problema seria a instalação de um apoio na parte inferior do pedal. Desta forma o funcionário não precisaria manter os pés suspensos durante o trabalho, e não haveria mais a tendência de escorregamento do membro inferior. Esta solução é representada na figura abaixo:

Figura 4 - Solução para a dor no tornozelo direito

Outro ponto analisado foi a cadeira para se utilizar a máquina de costurar. As seguintes medidas foram obtidas:

Figura 5 - Cadeira utilizada na máquina de costura

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Realizamos a medição da altura entre a sola dos pés do funcionário (com calçado) até a parte superior de seu joelho para verificar se, quando ele se encontrava com os dois pés no chão, sua perna ficava dobrada em em ângulo de 90° conforme o indicado.

Obtivemos a medida de 54 cm, porém posteriormente se constatou que a cadeira possui regulagem de altura, o que a torna mais ergonômica e dispensa a medição realizada. Foi aconselhado ao funcionário que ao se sentar ele procure ficar com a coluna ereta, próxima ao encosto da cadeira, e deixar suas pernas na posição abaixo:

Figura 6 - Posição correta das pernas

Apesar da regulagem encontrada, dois pontos críticos foram percebidos:

1) Falta de apoio para os antebraços. Após ser discutido com o funcionário constatou-se que, se houvessem esses apoios, isto dificultaria a movimentação dos braços para a costura, e forçaria o funcionário a colocar-se em uma postura indesejada e irregular, podendo resultar em novas dores. Por esse motivo opta-se ainda por uma cadeira sem apoio para os braços.

2) A cadeira possui rodinhas que atrapalham o funcionário na hora de apertar o pedal com o pé direito. Como o pedal é inclinado, ao

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se aplicar uma força neste local a pessoa tende a se empurrar para traz, e por a cadeira possuir rodinhas, ela consequentemente é levada para traz, o que faz com que o funcionário tenha que estar constantemente arrumando sua posição (trazendo a cadeira novamente para o local de origem). Portanto, sugere-se trocar esta cadeira por uma sem rodinhas e que, assim como esta, possua regulagem de altura.

Ainda foi recomendado que sempre que possível e necessário o funcionário procure utilizar um apoio para os pés, de forma que suas pernas permaneçam na posição mostrada na figura 6.

4.1.1.3 - Pontos 24 e 25 - Costas e Região do Pescoço

Segundo a fisioterapeuta Cássia Machado, as costas e a região do pescoço são pontos muito comuns de dor. Normalmente isso se deve a posturas inadequadas (as pessoas costumam manter suas costas curvadas para relaxar), a levantamento e transporte inadequados de cargas, etc.

A norma NR 17 - Ergonomia regulamenta a forma mais correta de levantamento, descarga e transporte de cargas. Porém este é um caso muito específico, onde o estoque da carga se encontra em um mesanino acima da cabeça de nosso funcionário, e as bobinas possuem um grande momento  (sua carga é grande e são muito compridas) :

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Fotografia 1 - Estocagem das bobinas de tecido em mezanino.

Conforme a resposta do entrevistado na pergunta 11 do questionário e a posterior verificação em notas fiscais, as bobinas de tecido pesam em média 30Kg cada uma, o que representa aproximadamente 31,6% do seu peso. Como sabemos, o levantamento de cargas com mais de 10% do peso do seu corpo já são prejudiciais à saúde. Então em média, teríamos o triplo do máximo permitido, o que torna este levantamento um potencial risco à saúde do funcionário e a provável causa das dores sentidas nas costas e pescoço.

Após a realização do questionário, durante a análise da estocagem, perguntamos ao funcionário se ele havia recebido algum tipo de orientação em como movimentar os materiais pesados. A resposta obtida foi que nenhuma orientação lhe foi passada.

Sugerimos então que seja realizado um treinamento com todos os funcionários da UTFPR que necessitam transportar, levantar e descarregar cargas pesadas, conforme prevê a norma NR 17 -

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Ergonomia, afim de diminuir o potencial risco a saúde a que essas pessoas estão expostas.

Analisando-se a questão, e discutindo com o senhor Antônio, verificamos que o melhor seria deixar os rolos estocados no chão mesmo. Assim ele não teria que subir na escada do mezanino e realizar a força para retirar a bobina de cima deste local, sem deixá-la cair. Porém, como comentado pelo funcionário, deixar o material no chão iria estragá-lo, pois sujaria e poderia rasgar o tecido, e caso deixássemos as bobinas em pé, estas poderiam tombar, e poderiam causar acidentes sérios por serem pesadas.

Mesmo assim, não descartamos a hipótese de deixar os rolos de tecido mais usados próximos ao chão, de um modo que ocupasse pouco espaço e que fosse de fácil alcance.

4.1.1.4 - Estocagem dos Tecidos

A partir do exposto e das análises realizadas, foi desenvolvido o seguinte projeto para a estocagem dos tecidos:

Figura 7 - Esteira de Tecidos

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Uma esteira que permita a fácil visualização e troca de tecidos, sem necessitar de grande esforço por parte do funcionário para a movimentação das bobinas, e de forma que os tecidos armazenados estivessem seguros de danos.

O funcionamento é simples: são duas esteiras, uma na parte superior e uma na parte inferior, fixadas e seguras por hastes na parte interna da máquina (conforme o desenho). Entre as duas esteiras haveriam eixos, onde se fixariam os rolos de tecido da seguinte forma:

Figura 8 - Modo de colocação das bobinas de tecido

A máquina teria ainda um painel lateral onde o trabalhador poderia, acionando um botão, movimentar as bobinas, analogamente a um carrossel. Assim, a movimentação das bobinas de tecido seria facilitada e não ocuparíamos tanto espaço se analisada sua eficiência.

A "estocadora" teria cerca de 1,2m por 1,2m. Nela caberiam de 6 a 8 rolos, com cerca de 45 cm de diâmetro (diâmetro do maior rolo de tecido encontrado no local). Os mais utilizados seriam colocados nela, enquanto os menos usados e os de espuma se concentrariam no local já

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existente, de forma que o esforço realizado seria diminuído consideravelmente.

Desta forma também solucionaríamos o potencial risco de incêndio que existe atualmente com as espumas muito próximas, e até mesmo apoiadas, sobre as instalações elétricas do local.

Fotografia 2 - Atual estocagem de rolos de espumas

4.2 - Ruído

4.2.1 - Resultados

Na tabela 7, são apresentados os resultados da medição do ruído na estofaria:

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posto 1 posto 2 posto 3manhã 50 48 46almoço 79 66,5 50tarde 59,7 52,3 54,3

Tabela 7 - Valores de ruído para a estofaria

4.2.2 - Análises

Durante a entrevista, o responsável relatou usar a máquina de costura com uma média de 4 horas por dia e o grampo 4 horas por semana.

Analisando os resultados encontrados para ruído na estofaria, nota-se que todos os valores de ruído medido estão de acordo com os limites impostos pela norma NBR 10.152.

No posto 1, durante a medição no horário do almoço, percebeu-se o nível mais elevado de ruído, explicado pelo uso do grampo. Quando este equipamento está em uso, o ruído no local se eleva perceptivelmente, causando incômodo e desconforto.

No posto 2, a máquina de costura estava sendo utilizada, o que explica a elevação o ruído.

Durante a entrevista, o responsável relatou usar a máquina de costura com uma média de 4 horas por dia e o grampo 4 horas por semana.

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4.3 - Iluminação

4.3.1 - Resultados

A tabela 8 mostra os valores referentes a iluminância:

posto 1 posto 2 posto 3manhã 243 200 204almoço 258 240 199,1tarde 266 270 195

Tabela 8 - Valores de iluminância para a estofaria

4.3.2 - Análises

A norma estabelece um valor médio de 500 lux para ambientes de tapeçaria e estofamento de móveis. Portanto, todos os valores encontrados estão abaixo do recomendado em norma vigente.

4.3.3 - Recomendações

Quanto à iluminação, que foi deficiente em todos os pontos analisados, é proposto uma reorganização das luminárias para que os valores de iluminância fiquem dentro dos padrões estabelecidos em norma. 

Visto que, não é possível utilizar a luz natural devido a estofaria se localizar no subsolo, pode-se pensar em redefinir o leiaute do local para que este esteja adequado aos valores da norma.

O método Phillips é capaz de dimensionar uma quantidade de luminárias dependendo do seu tipo e de acordo com as características do ambiente. Foram escolhidas luminárias TCW 502 - 2TL 40 W e lâmpadas TLRD 40/34 com 2020 lm (lúmen), o ambiente foi

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caracterizado como normal,. com paredes e teto claros e piso escuro. Aplicando o método, foi possível encontrar 16 luminárias como sendo o ideal para o espaço, e prevendo uma iluminância de 500 lux, como previsto em norma. O arranjo das luminárias é ilustrado na figura 9 abaixo:

Figura 9 - Locação das luminárias pelo método Phillips. Luminárias com afastamento entre centros de 1,1 m verticalmente (na figura) e 0,55 m da paredes horizontais (na figura). Luminárias com afastamento entre centros

de 2,65 m horizontalmente (na figura) e 1,32 m da paredes verticais (na figura).

Outra recomendação seria a inclusão de luminárias localizadas nos pontos de mais uso.

4.4 - Ventilação 

4.4.1 - Resultados obtidos

Em todas as medições realizadas, incluindo os três postos de trabalho, os valores apontados pelo Anemômetro apontaram zero metro por segundo, mesmo com o ventilador ligado, entretanto podia-se ter a sensação do vento sobre a pele.

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4.4.2 - Análises

O limite de ventilação está dentro da norma NR 17 que estabelece que a velocidade do ar deve estar abaixo de 0,75 metro por segundo.

Um problema referente à ventilação surge quando o trabalhador faz uso de produtos, “Cascola” e “Dundun”, que contém agentes químicos prejudiciais à saúde, como demonstrado no Quadro N°1 - TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA RESUMIDA.

Os produtos trazem no rótulo que em uma escala de 0 a 4, têm risco 2 para saúde, entretanto o risco específico é inexistente.

O trabalhador relata que quando utiliza tais produtos usa máscara de proteção, como determina a norma, mas o cheiro no ambiente fica muito forte, então logo depois de terminar o trabalho ele sai da sala por intervalo de tempo até o cheiro passar, o que é uma solução aceitável, já que ele não usa os produtos com muita freqüência.  

4.5 - Temperatura

4.5.1 - Resultados Obtidos

As tabelas 9, 10 e 11 apresentam os resultados obtidos com o termômetro:

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Mesa 1 Bulbo Úmido Globo Bulbo Secomanhã 23,5°C 24,5°C 23,1°Calmoço 22,5°C 24,8°C 24,6°Ctarde 23°C 27,1°C 25,5°C

Mesa 2 Bulbo úmido Globo Bulbo Secomanhã 23°C 24,2°C 24°Calmoço 22,7°C 24,6°C 24,7°Ctarde 22,8°C 26,9°C 25,4°C

Mesa 3 Bulbo úmido Globo Bulbo Secomanhã 23,2°C 24,1°C 23,8°Calmoço 22,6°C 24,3°C 24,3°Ctarde 23,6°C 28,4°C 26,2°C

Tabelas 9, 10 e 11 - Resultados da temperatura

4.5.2 - Análise dos Resultados

O gráfico abaixo apresenta os valores do Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo (IBUTG).

Gráfico 3 - IBUTG

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Segundo as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (NR 15, anexo 3), o limite de tolerância para exposição ao calor no interior de postos de trabalho, são de 30°, 26,7° e 25°C para atividades leve, moderada e pesada respectivamente. Em função das atividades na estofaria serem moderadas, e com base nos dados IBUTG, verificou-se que as condições climáticas em toda a jornada de trabalho e em todas as mesas estão de acordo com a NR 15.

Ainda assim, o trabalhador afirmou que, no verão, "dá uma esquentadinha" e para isso ele utiliza um ventilador. O ventilador está disposto conforme mostrado na imagem do leiaute, porém a região da mesa 3 não recebe ventilação. O ideal seria colocar dois ventiladores, para que a temperatura fosse amenizada em todos os lugares.

Ao ser realizado o questionário com o trabalhador, ele respondeu que no inverno a temperatura fica agradável. Por contrariar nossas expectativas, afinal a estofaria se encontra em um lugar abaixo do solo e deveria ter o comportamento de um porão: local frio e úmido, realizamos mais duas perguntas:

"8) O senhor não acha que por ser um tipo de porão, este local fica muito úmido?"

"9) O senhor já teve algum tipo de problema respiratório? Constantemente fica gripado?"

As perguntas eram tendenciosas para realmente termos certeza da resposta anterior nos fornecida: Temperatura agradável no inverno. Analisando a umidade do local e se existe alguma doença respiratória constantemente relacionada a temperaturas baixas e alta umidade, podemos ter uma idéia da temperatura média do local. Para nosso espanto as respostas foram:

"8) Para ser sincero não."

"9) Não."

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O que nos faz crer que a temperatura deve ser amena conforme dito pelo trabalhador.

4.6 - Segurança 

4.6.1 - Existência e uso de EPIs 

Pela inspeção visual do local de trabalho, foi detectada a presença de uma máscara de proteção respiratória em bom estado de conservação (Fotografia 3), um protetor auricular e dois pares de óculos de segurança (Fotografia 4) funcionais, mas visivelmente empoeirados, indicando pouco ou nenhum uso. 

Fotografias 3 e 4 - Máscara de proteção respiratória e óculos de segurança 

Pela indagação feita ao ocupador dos postos de trabalho analisados, transcrita no item 4.1, tem-se contemplada a intuição primária de que os óculos e o protetor auricular não são usados pelo trabalhador, comprometendo sua saúde e prejudicando seus esforços laborais. 

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4.6.2 - Posicionamento do estoque 

Os materiais estocados (rolos cilíndricos de espuma ou tecido, com aproximadamente 1,6 m na dimensão longitudinal) são posicionados sobre o espaço de trabalho, seja em uma plataforma especialmente construída para esse propósito (sobre o posto de trabalho número 2), seja apoiados sobre as calhas do sistema elétrico-iluminante do ambiente. Por ter seu peso reduzido em relação aos rolos de tecido, somente os rolos de espuma são colocados sobre as calhas. 

Ainda, estando esses rolos em contato, ou muito próximos, de fios elétricos, lâmpadas fluorescentes e seus respectivos reatores, essa espuma está sujeita a possíveis fagulhas elétricas que saltem desses equipamentos, incendiando-se instantaneamente, por serem um material facilmente inflamável. A esse iminente perigo soma-se o fato de não haver dentro do ambiente um extintor de incêndio, tornando o usuário do local dependente de intervenção externa em caso de fogo, em que esse material, além de alimentar o fogo, libera gases tóxicos que ficariam presos no ambiente por não haver vias aéreas diretamente para o ar livre. 

Como mostrado na transcrição da entrevista do item 4.1 e como pode ser visto no leiaute atual da estofaria, não há outro espaço para colocação de tal quantidade de rolos sem prejudicar a movimentação no ambiente. Possíveis soluções para esse empasse são discutidas em seguida, na apresentação de uma sugestão de leiaute para esse local.

4.7 - Sugestão de leiaute depois da análise

Com base nos resultados e análises dos problemas encontrados foi desenvolvida uma nova organização para o ambiente de trabalho da estofaria:

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Leiaute 2 - Reorganização do ambiente de trabalho

Como mostra o leiaute 2, acima, o novo ambiente vai proporcionar mais segurança e praticidade para o trabalhador, tendo os seguintes problemas encontrados resolvidos:

•Os rolos de espuma para estofamento estavam muito próximos da instalação elétrica, além de estarem apoiados em um suporte inadequado, o que levava ao risco de incêndio, com início nas espumas, e também de caírem e atingirem o trabalhador. Agora os rolos de tecido foram realocados para a máquina estocadora e os rolos de espuma para o mezanino;

•O ventilador estava mal posicionado e não distribuia ventilação para todos os postos de trabalho. Com a inserção de mais um ventilador de local variável o problema foi resolvido.

•Os tecidos estavam desorganizados e ocupavam uma área muito grande, além de exigirem um esforço muito grande para serem transportados. Com a colocação dos tecidos na máquina estocadora, o estofador não terá problemas de coluna por movimentar os rolos pesados em grandes alturas;

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•A iluminação do local era insuficiente e estava abaixo do previsto em norma. O novo projeto de distribuição das luminárias resolve esse problema.

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5 - Conclusões

Um ambiente ergonomicamente correto desempenha um papel fundamental para a melhor concentração e uso dos sentidos do funcionário, o que consequentemente gera menos erros por parte do trabalhador e torna o ambiente menos propício a acidentes.

Ao ser realizada uma comparação entre os parâmetros preestabelecidos em normas regulamentadoras de iluminação, temperatura, transporte de cargas, etc., e os resultados de nossas medições, pudemos inferir que a maioria dos dados obtidos encontram-se dentro do permitido.

Além das medidas realizadas, foi possível obter várias informações na entrevista realizada com a fisioterapeuta, que pode nos explicar questões como a DORT e nos dar um parecer clínico sobre situações que podem ser prejudiciais a saúde do funcionário.

Assim, após se realizar um levantamento dos principais problemas ergonômicos e de segurança encontrados, pudemos sugerir formas de corrigir e/ou melhorar estes dados.

Ao unirmos todas as soluções sugeridas, foi formulado um novo leiaute para estofaria que irá dar ao trabalhador melhores condições de trabalho, o que consequentemente gera menos acidentes de trabalho.

Como dito anteriormente, a partir deste estudo realizado poderemos mais adiante formular uma proposta para a Universidade de modo a garantir melhores condições de trabalho aos funcionários.

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REFERÊNCIAS

(1) VIEIRA, Sebastião Ivone. Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 2° Edição. Editora LTr, São Paulo, 2008.

(2) LER/DORT. Protocolo de atenção integral à saúde do trabalhador. Ministério da Saúde. 2006.

(3) SVARTMAN, B. Grupos de supervisão: espaço continente. A função transformadora do supervisor. Vínculo, dez. 2004, vol.1, n°.1, p.30-36.

(4) GAMBETA, Isabella. Ginástica Laboral. Termo in: Isabella Gambeta. Ação do Supervisor de Ginástica Laboral em uma Empresa da Cidade de Curitiba. Ed. 1. Curitiba- PR: UTFPR, 2009, p. 12-20.

(5) Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa - enciclopaedia britannica do Brasil - Ed. Mirador - 8ª edição, 1983 - São Paulo, volume 1.

(6) PALMA, Alexandre et al . Nível de ruído no ambiente de trabalho do professor de educação física em aulas de ciclismo indoor. Rev. Saúde Pública,  São Paulo,  v. 43,  n. 2, Apr.  2009 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102009000200016&lng=en&nrm=iso>. acesso em  23  Nov.  2009.  doi: 10.1590/S0034-89102009000200016.

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(8) PAZ, Elaine Carvalho da; FERREIRA, Andressa Maria Coelho; ZANNIN, Paulo Henrique Trombetta. Estudo comparativo da percepção do ruído urbano. Rev. Saúde Pública,  São Paulo,  v. 39,  n. 3, June  2005 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102005000300019&lng=en&nrm=iso>. acesso em  23  Nov.  2009.  doi: 10.1590/S0034-89102005000300019.

(9) HALLIDAY, D; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física 2. Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Científicos LTDA, 2001.

(10) Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 5.413 - Iluminância de Interiores. Maio, 1992

(11) Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 10.152 - Nível de Ruído para Conforto Acústico. Dezembro, 1987

(12) Norma Regulamentadora NR 1 - Disposições Gerais. Ministério do Trabalho, Brasil, 1978

(13) Norma Regulamentadora NR 6 - Equipamentos de Proteção Individual. Ministério do Trabalho, Brasil, 1978

(14) Norma Regulamentadora NR 15 - Atividades e Operações Insalubres. Ministério do Trabalho, Brasil, 1978

(15) Norma Regulamentadora NR 17 - Ergonomia. Ministério do Trabalho, Brasil, 1978

(16) SOUZA, R. V. G. de. Ergonomia e Ambiente Construído: uma análise de parâmetros de conforto ambiental. Curso de pós-graduação em enganharia civil - UFSC, Florianópolis. Disponível em <http://www.eps.ufsc.br/ergon/revista/artigos/ergonomia_roberta.PDF> acess on 23 Nov. 2009.

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(17) OLIVEIRA, Ronald Fred Alves de; PESSOA, Valdemberg Magno do Nascimento. A Influencia do Indice de Bulbo Umido Termometro de Globo (IBUTG) na Perda de Peso de Eletricistas do Grupo de Manutencao de Linhas Energizadas da Companhia Energetica de Alagoas (CEAL). Disponível em <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/producaoonline/article/viewFile/5825/5347> acess on 24 Nov. 2009.

(18) FALZON, Pierre. Ergonomia. Editora Blucher. São Paulo, 2007.

(19) GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4ª Edição. Editora Bookman. Porto Alegre, 1998.

(20) IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 1990

(21) IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005

(22) LADEIA, Eduardo J., SANTOS, Michelle F., HINZ, Suelen. Análise Ergonômica dos Níveis de Ruído e Iluminação em Bibliotecas Públicas na Cidade de Curitiba - Faróis do Saber. 2006. 53 p. Dissertação (Graduação em Engenharia Civil) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2006.

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