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Aplicação de Técnicas de Problema Inverso para a Determinação de Fontes de Contaminantes em um Estuário Radael de Souza Parolin Pedro Paulo Gomes Watts Rodrigues Antônio José da Silva Neto Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Politécnico - IPRJ Nova Friburgo - RJ, Brasil E-mail: [email protected], [email protected], [email protected] David Ernesto Marón Domínguez Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría – CUJAE Havana, Cuba E-mail: [email protected] RESUMO A preservação dos recursos hídricos é um grande desafio da atualidade, tendo em vista que a expansão das cidades e o crescimento populacional, das indústrias, e até mesmo das áreas de plantio, afetam direta ou indiretamente a qualidade da água. De certa forma, todo e qualquer corpo d’água do planeta está submetido a alguma alteração de suas condições naturais. A qualidade de um corpo hídrico é geralmente avaliada através da análise de alguns parâmetros biológicos, físicos e químicos. No entanto, a gestão de recursos hídricos não envolve somente diagnóstico, mas também monitoramento e previsão de cenários futuros. Tal abordagem, embora importante e necessária, tem limitações logísticas e econômicas. Com isso, surgem de forma alternativa, modelos matemáticos e computacionais, os quais podem descrever o comportamento de substâncias nos corpos d’água, tornando-se uma ferramenta útil para a criação de cenários e tomada de decisão. O meio hídrico considerado neste trabalho é um estuário. Estuários são ambientes de transição entre o continente e o oceano, onde rios encontram o mar, e desta forma, estão sujeitos à descarga do rio e às variações oceânicas, resultando na diluição mensurável da água salgada. A preservação de tais ambientes se justifica pela grande diversidade biológica, existente devido às características hidrodinâmicas da circulação predominante que, aprisionando nutrientes, algas e outras plantas, estimula a produtividade desses corpos d’água [2]. O estudo de caso aqui apresentado é o estuário do Rio Macaé, situado na costa norte do estado do Rio de Janeiro. O problema aqui proposto consiste na identificação da procedência e magnitude de um hipotético lançamento de poluente que seja diluído nas águas desse estuário. Para tal é implementada a solução do Problema Direto, aqui modelado pela equação de transporte, versão bidimensional (integrada na vertical). Este modelo descreve o comportamento de um dado contaminante, envolvendo parâmetros hidrodinâmicos, de dispersão e um termo que representa fontes ou sumidouros. O modelo é acoplado a métodos de inteligência computacional para a estimação de parâmetros (Problema Inverso) que possam expressar a localização e intensidade da fonte do poluente considerado. A solução do Problema Direto é obtida através do Método de Elementos Finitos com a discretização espacial [5], e do Método de Diferenças Finitas com a discretização temporal [1,4]. A malha espacial e temporal é escolhida a partir de uma análise de um problema bidimensional simplificado. Já uma análise de sensibilidade mostra a alta influência do termo fonte no comportamento de contaminantes. A determinação da fonte de contaminantes é dada pela estimação da localização (pontos na malha espacial), e da intensidade do termo fonte. Neste trabalho é feita a aplicação dos métodos estocásticos Luus e Jaakola, Recozimento Simulado e Algoritmo Genético [3]. 1227 ISSN 1984-8218

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Aplicação de Técnicas de Problema Inverso para a Determinação de Fontes de Contaminantes em um Estuário

Radael de Souza Parolin Pedro Paulo Gomes Watts Rodrigues Antônio José da Silva Neto

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Politécnico - IPRJ

Nova Friburgo - RJ, Brasil

E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]

David Ernesto Marón Domínguez Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría – CUJAE

Havana, Cuba

E-mail: [email protected]

RESUMO

A preservação dos recursos hídricos é um grande desafio da atualidade, tendo em vista que a

expansão das cidades e o crescimento populacional, das indústrias, e até mesmo das áreas de

plantio, afetam direta ou indiretamente a qualidade da água. De certa forma, todo e qualquer

corpo d’água do planeta está submetido a alguma alteração de suas condições naturais.

A qualidade de um corpo hídrico é geralmente avaliada através da análise de alguns

parâmetros biológicos, físicos e químicos. No entanto, a gestão de recursos hídricos não envolve

somente diagnóstico, mas também monitoramento e previsão de cenários futuros. Tal

abordagem, embora importante e necessária, tem limitações logísticas e econômicas. Com isso,

surgem de forma alternativa, modelos matemáticos e computacionais, os quais podem descrever

o comportamento de substâncias nos corpos d’água, tornando-se uma ferramenta útil para a

criação de cenários e tomada de decisão.

O meio hídrico considerado neste trabalho é um estuário. Estuários são ambientes de

transição entre o continente e o oceano, onde rios encontram o mar, e desta forma, estão sujeitos

à descarga do rio e às variações oceânicas, resultando na diluição mensurável da água salgada.

A preservação de tais ambientes se justifica pela grande diversidade biológica, existente devido

às características hidrodinâmicas da circulação predominante que, aprisionando nutrientes, algas

e outras plantas, estimula a produtividade desses corpos d’água [2]. O estudo de caso aqui

apresentado é o estuário do Rio Macaé, situado na costa norte do estado do Rio de Janeiro. O problema aqui proposto consiste na identificação da procedência e magnitude de um

hipotético lançamento de poluente que seja diluído nas águas desse estuário. Para tal é

implementada a solução do Problema Direto, aqui modelado pela equação de transporte, versão

bidimensional (integrada na vertical). Este modelo descreve o comportamento de um dado

contaminante, envolvendo parâmetros hidrodinâmicos, de dispersão e um termo que representa

fontes ou sumidouros. O modelo é acoplado a métodos de inteligência computacional para a

estimação de parâmetros (Problema Inverso) que possam expressar a localização e intensidade

da fonte do poluente considerado.

A solução do Problema Direto é obtida através do Método de Elementos Finitos com a

discretização espacial [5], e do Método de Diferenças Finitas com a discretização temporal

[1,4]. A malha espacial e temporal é escolhida a partir de uma análise de um problema

bidimensional simplificado. Já uma análise de sensibilidade mostra a alta influência do termo fonte no comportamento de contaminantes. A determinação da fonte de contaminantes é dada

pela estimação da localização (pontos na malha espacial), e da intensidade do termo fonte.

Neste trabalho é feita a aplicação dos métodos estocásticos Luus e Jaakola, Recozimento

Simulado e Algoritmo Genético [3].

1227

ISSN 1984-8218

Os diferentes métodos aplicados na estimação de fontes apresentam diferentes características

de busca da solução do problema, que leva à minimização do funcional dado pela soma dos

resíduos quadrados entre os dados experimentais (sintéticos) e os valores calculados para as

concentrações dos contaminantes em diferentes pontos do meio e em diferentes instantes de

tempo. Estas diferentes características são importantes na análise e escolha dos métodos mais

precisos e eficientes, devido ao menor erro e ao menor custo computacional. O estudo do

comportamento de contaminantes, e principalmente da identificação de fontes externas, torna-se

uma importante ferramenta para a gestão dos recursos hídricos, possibilitando, inclusive, a

identificação de possíveis responsáveis por passivos ambientais.

Palavras-chave: Transporte de Poluentes, Determinação de Fontes, Inteligência

Computacional, Método de Elementos Finitos, Método de Diferenças Finitas

Referências

[1] D. A. Anderson; J. C. Tannehill; R. H. Pletcher, “Computational Fluid Mechanics and Heat

Transfer”, Hemisphere Publishing Corporation, 1984.

[2] L. B. Miranda; B. M. Castro; B. Kjerfve, “Princípios de Oceanografia Física de Estuários”,

USP, São Paulo, 2002.

[3] A. J. Silva Neto; J. C. Becceneri, “Técnicas de Inteligência Computacional Inspiradas na

Natureza: Aplicação em Problemas Inversos em Transferência Radiativa”, Notas em

Matemática Aplicada, v. 41, SBMAC. São Carlos, 2009.

[4] G. F. Smith, “Numerical Solution of Partial Differential Equations”, Clarendon Press, 1985.

[5] O. C. Zienkiewicz; R. L. Taylor, “El Método de los Elementos Finitos: Mecânica de Sólidos

y Fluidos. Dinámica y No Linearidad”, Vol. 2, 4ª Ed, CIMNE, Barcelona, 1994.

1228

ISSN 1984-8218