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© DGAJ/Centro de Formação de Funcionários de Justiça - Todos os direitos reservados Apoio à formação de Oficiais de Justiça Legislação: - Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto - Declaração de rectificação n.º 99/2007, de 23 de Outubro MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DIRECÇÃO-GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA CENTRO DE FORMAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DE JUSTIÇA

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Legislação: - Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto - Declaração de rectificação n.º 99/2007, de 23 de Outubro

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OS RECURSOS EM PROCESSO CIVIL

A REFORMA DE 2007

Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto

—— INTRODUÇÃO

Após a realização de uma avaliação global do regime de recursos em processo civil, o

Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto, definiu medidas administrativas e legislativas que

visam a simplificação das regras processuais e procedimentais que favoreçam a eficiência do

sistema e a qualidade das decisões.

A reforma propõe-se atingir três objectivos fundamentais: a simplificação dos

procedimentos e da tramitação, a celeridade processual e a racionalização do acesso ao

Supremo Tribunal de Justiça, com vista a enfatizar as suas funções de orientação e

uniformização da jurisprudência.

A simplificação do regime dos recursos manifesta-se, entre outras medidas, pela

adopção de um regime monista, ou seja, pela eliminação do recurso de agravo e pela

consequente manutenção dos recursos de apelação e revista.

Por outro lado, foi introduzida a regra geral da impugnação de decisões interlocutórias,

apenas com o recurso interposto da decisão final.

Prevê-se, ainda, como mecanismo significativo da simplificação processual, a

concentração, num só acto processual, da interposição de recurso e apresentação das alegações,

bem como dos despachos de admissão e expedição do recurso.

A falada simplificação permite uma maior celeridade processual proporcionada, não só

na fase de julgamento, mas, também, naquela que decorre perante o tribunal recorrido.

No que toca à opção que visa limitar o acesso ao Supremo Tribunal de Justiça,

permitindo a criação de condições para um melhor exercício da função de orientação e

uniformização da jurisprudência, destaca-se, desde logo, nesse desígnio, o aumento do valor da

alçada da Relação para € 30.000, à qual se alia a regra da fixação obrigatória do valor da causa

pelo juiz, sendo oportuno assinalar o concomitante aumento da alçada do tribunal de 1.ª

instância para € 5.000.

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Finalmente, com o mesmo escopo, destaca-se ainda a regra da “dupla conforme”, pela

qual se consagra a regra da inadmissibilidade de recurso do acórdão da Relação que confirme,

sem voto de vencido e ainda que por diferente fundamento, a decisão da 1.ª instância.

A par destas opções, reforça-se o uso das novas tecnologias, como forma de conferir

maior rapidez, eficiência, transparência e economia aos serviços de justiça, na senda da

prossecução de um dos principais objectivos das reformas que vêm sendo implementadas: o da

desmaterialização progressiva dos processos judiciais, em obediência ao disposto no art.º 138.º

A do C. Proc. Civil e à Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro.

Será que esta reforma tem aplicação no domínio do Código de Processo do Trabalho?

Parece-nos que não, uma vez que apenas se faz referência à legislação avulsa, no art.º 4.º do

Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24/8, que o Processo do Trabalho não é 1.

Aplicação no tempo

O novo regime recursório apenas tem aplicação relativamente aos processos

instaurados após 1 de Janeiro de 2008, por força do disposto no art.º 11.º, n.º 1 do Decreto-Lei

n.º 303/2007, de 24 de Agosto.

Quer isto dizer que vamos ter em aplicação, certamente durante anos, enquanto

durarem os processos que se encontravam pendentes em 1 de Janeiro de 2008, dois regimes

legais em matéria de recursos.

A aplicação dos diferentes regimes prende-se, como é sabido, com o momento em que

a acção se considera proposta, à luz dos comandos conjugados dos art.ºs 267.º, n.º 1 e 150.º do

C.P.C., pelo que a grande maioria dos processos levarão, porventura, anos a chegar à fase de

recurso e à consequente aplicação deste novo regime.

No entanto, casos há em que a sua aplicabilidade vai acontecer brevemente, como são

os casos dos processos dos Julgados de Paz2, que têm um prazo médio de pendência bastante

1 Relativamente a esta questão Cardona Ferreira escreve: “Mas deste art.º 4.º, não resultam, designadamente reflexos no âmbito do Código de Processo do Trabalho, que não é “legislação avulsa” mas, sim, estruturante do sistema judiciário....” (Guia de Recursos em Processo Civil. O novo regime recursório civil – Coimbra Editora, 4.ª edição, pág.14). Sobre o mesmo assunto, Abrantes Geraldes pronuncia-se assim: “Perante tal norma, não há qualquer dúvida quanto à sua aplicação a todos os diplomas que regulam recursos em matérias englobadas na grande categoria do direito civil e comercial, ainda que devam efectuar-se, quando tal se justifique, as “adaptações necessárias”.” (Recursos em Processo Civil - Novo Regime, Almedina, Dezembro 2007, pág. 13). 2 “Uma das vantagens prometidas no recurso aos julgados de paz é, precisamente, a celeridade dos procedimentos e da decisão. Não existe prazo definido para a pendência do processo, mas pretende-se que o mesmo não seja

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baixo, e alguns processos dos Tribunais Judiciais, nomeadamente os processos urgentes, como

as providências cautelares.

Nesta perspectiva, o CFFJ achou oportuno elaborar os presentes textos de apoio à

actividade dos oficiais de justiça, onde serão traçadas algumas linhas orientadoras e

esclarecedoras do novo regime de recursos em processo civil, aliadas a algumas sugestões de

procedimentos, sem esquecer, como sempre, os entendimentos, porventura, diversos, dos

Senhores Magistrados.

Vícios e reforma da sentença Sentença é o acto pelo qual o juiz decide a causa principal ou algum incidente que

apresente a estrutura de uma causa (art.º 156.º, n.º 2).

Logo que proferida a sentença esgota-se imediatamente o poder jurisdicional do juiz no

que se refere à matéria da causa, conforme dispõe o art.º 666.º, n.º1.

Esse poder jurisdicional traduz-se no poder de julgar, de proferir uma decisão sobre um

litígio.

Após esta decisão, apenas é lícito ao juiz rectificar erros materiais, suprir nulidades,

esclarecer dúvidas sobre a sentença e reformá-la quanto a custas e multas, o mesmo se

aplicando, até onde seja possível, aos despachos – art.º 666.º, n.ºs 2 e 3. Vedado está-lhe alterar

a decisão, mesmo que venha a convencer-se de que ela não foi a mais justa ou adequada. É

uma questão de segurança jurídica.

Importa agora distinguir entre o recurso e o requerimento a que se referem os n.ºs 1 do

art.º 667.º e 4 do art.º 668.º e art.º 669.º.

De uma forma geral, tanto o recurso como o requerimento são formas de impugnação

das decisões judiciais visadas. O recurso é dirigido ao tribunal de nível superior (ad quem) ao

que proferiu a decisão (a quo), com base na competência em razão da hierarquia; o

requerimento atrás referenciado é dirigido ao mesmo tribunal que proferiu a decisão.

superior a dois ou três meses.”- Joel Timóteo Ramos Pereira, ”Julgados de Paz, Organização, Trâmites e Formulários”, 3.ª edição, pág. 34). Anota ainda o mesmo autor: “Este é, contudo, também o prazo médio da pendência num tribunal judicial de uma acção sumaríssima ou acção especial para cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos em que não se suscitem incidentes (v.g. citação edital, dificuldades de citação) – que também estão excluídos de ocorrência nos julgados de paz.”

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Erros materiais

O art.º 667.º considera erros materiais a omissão do nome das partes; a omissão da

decisão sobre custas; erros de escrita ou de cálculo; quaisquer inexactidões devidas a outra

omissão ou lapso manifesto.

A correcção destes erros pode ser feita por simples despacho, mesmo oficiosamente.

Quem decide, pode tomar a iniciativa de corrigir.

Deste despacho cabe apelação nos termos gerais – art.º 691.º, n.º 2, al. g).

Havendo recurso, a rectificação apenas pode ter lugar antes da subida, podendo as

partes alegar o que entendam no tocante à rectificação operada; a rectificação pode ter lugar a

todo o tempo no caso de não haver recurso – art.º 667.º, n.ºs 2 e 3.

Nulidades

O art.º 668.º reporta-se, agora, às seguintes causas de nulidade da sentença:

- omissão da assinatura do juiz 3;

- omissão dos fundamentos de facto e de direito que fundamentam a decisão;

- oposição real entre os fundamentos da decisão;

- omissão de pronúncia sobre questões que devessem ser apreciadas ou conhecimento

de questões sobre as quais o Tribunal não podia pronunciar-se;

- condenação em quantidade superior ou em objecto diferente do pedido.

A falta de assinatura do juiz é sanada a requerimento das partes ou oficiosamente,

devendo ser feita no processo declaração indicando a data em que foi aposta a assinatura, que

será dispensada quando forem utilizados meios electrónicos – art.º 668.º, n.ºs 2 e 3.

As restantes nulidades (alíneas b) a e)) só podem ser arguidas perante o Tribunal que

cometeu a nulidade se não couber recurso ordinário. Cabendo recurso ordinário da decisão, só

neste pode a nulidade ser arguida.

3 “Hoje, face à omissão da hipótese nas sucessivas normatividades, concluímos que, afinal, Alberto dos Reis ainda tem razão e que, decerto, a falta de data não constitui nulidade da sentença. Fica, assim, em aberto, apenas, a consideração, nesta caso, de omissão ou lapso manifesto de caracter material”. (J.O Cardona Ferreira, obra citada, pág.53 e 54).

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Esclarecimento ou reforma da sentença

É lícito a qualquer das partes requerer o esclarecimento de obscuridade ou

ambiguidade da decisão ou dos seu fundamentos, bem como requerer a sua reforma quanto a

custas e multa – art.º 669.º n.º1, alíneas a) e b).

Caso a decisão não seja passível de recurso, é ainda lícito às partes requererem a

reforma da sentença nas hipóteses previstas nas alíneas a) e b) do n.º 2 do art.º 669.º, que

contemplam erros de julgamento.

Cabendo recurso da decisão o requerimento a pedir esclarecimento ou reforma da

sentença é feito na alegação – n.º 3 do art.º 669.º.

Processamento subsequente (art.º 670.º)

Nos casos previstos no n.º 4 do art.º 668.º (arguição de nulidades) e no art.º 669.º

(pedido de esclarecimento ou reforma da sentença) deve o juiz indeferir o requerimento ou

proferir despacho a corrigir o vício, a aclarar ou a reformar a sentença, considerando-se o

referido despacho como complemento e parte integrante desta n.º 1.

O despacho de indeferimento não admite recurso – n.º 2.

No entanto, caso tenho sido interposto recurso da decisão, este passa a ter por objecto a

nova decisão. Neste caso, o recorrente pode, no prazo de 10 dias 4, desistir do recurso, alargar

ou restringir o seu âmbito, de acordo com a alteração sofrida, podendo o recorrido responder a

tal alteração no mesmo prazo – n.º 3.

Da sentença aclarada, corrigida ou reformada, pode o recorrido interpor recurso, no

prazo de 15 dias a contar da notificação do despacho referido no n.º 1 do art.º 670.º (n.º 4).

Este despacho é proferido com o que admite o recurso e ordena a respectiva subida.

Caso seja omitido pelo juiz, deve o relator ordenar a baixa do processo para que seja proferido

– n.º 5.5

4 É também de 10 dias o prazo para as partes requererem a rectificação de erros materiais (art.º 667.º), arguirem nulidades (art.º 668.º), pedirem esclarecimentos ou reforma da sentença (art.º 669.º). 5 “De todo o modo, cremos que o sentido conjugado, mormente nos novos n.ºs 1 e 5 do art.º 670.º, implica que o Juiz do Tribunal que emitiu a decisão impugnanda pode corrigir o vício mesmo na hipótese de recurso ordinário. - O recurso interposto para, ex lege, a ter por objecto a nova decisão, sem prejuízo da possibilidade de o recorrente

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RECURSOS

As decisões judiciais podem ser impugnadas através de recursos, os quais se classificam

como ordinários ou extraordinários (art.º 676.º do CPC.).

Os recursos ordinários são aqueles que se podem interpor antes de transitada a

decisão; os extraordinários são interpostos após o trânsito em julgado da sentença.

Recursos Ordinários

O prazo para interposição de recurso é de 30 dias, salvo nos processos urgentes e

demais casos expressamente previstos na lei,6 a contar da data da notificação da decisão;

desistir, alargar ou restringir o recurso. – O problema mais difícil por-se-á quanto à posição do recorrido, que pode passar, com a nova decisão, à situação de perdedor. (.....) – Agora, o novo n.º 4 do art.º 670.º viabiliza que a parte anteriormente recorrida, tendo passado a vencida por nova decisão, desta venha a interpor recurso ordinário.” (J.O. Cardona Ferreira, obra citada, pág.63 e 64). 6 Não havendo recurso da decisão final as decisões interlocutórias que tenham interesse para o apelante independentemente daquela decisão podem ser impugnadas num único recurso a interpor após o trânsito da

Recursos

Ordinários

Extraordinários

Apelação

Revisão

Uniformização dejurisprudência

Revista

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- Se a parte for revel e não dever ser notificada nos termos do art.º 255.º do CPC, o

prazo corre desde a publicação da decisão, excepto se a revelia da parte cessar antes de

decorrido esse prazo, caso em que a sentença ou despacho tem de ser notificado e o prazo

começa a correr da data da notificação.

No caso de despachos e sentenças orais, reproduzidos no processo, o prazo para

interposição de recurso corre do dia em que foram proferidos, se a parte esteve presente ou foi

notificada para assistir ao acto (art.º 685.º, n.ºs 1, 2 e 3).

Trânsito em julgado

Quando as decisões já não sejam susceptíveis de recurso ordinário ou de reclamação,

nos termos dos art.ºs 668.º e 669.º do CPC, consideram-se transitadas em julgado (art.º 677.º

do CPC).

Embora a noção de trânsito em julgado não tenha sido alterada, verifica-se agora que

nem todas as decisões transitam dentro do mesmo prazo. Tal deve aferir-se, casuísticamente,

de acordo com as regras estabelecidas na conjugação do disposto nos art.ºs. 685.º, n.ºs 1 e 7, e

691.º.

Por outro lado, o n.º 4 do art.º 691.º introduziu uma regra inovadora traduzida na

possibilidade de interposição de um único recurso das decisões interlocutórias que tenham

interesse para o apelante, a interpor após o trânsito da decisão final.

Digamos que, na prática, nenhuma decisão judicial interlocutória, passível de recurso,

transita sem que decorra o prazo de 15 dias sobre o trânsito da decisão final.

Notas:

1. “Iniciais são as decisões proferidas na fase introdutória do litígio, como

o despacho de indeferimento liminar ou o que confirma o não recebimento

da petição pela secretaria; nestes casos, a lei admite sempre recurso,

mesmo que o valor da causa não ultrapasse a alçada dos tribunais de 1.ª

instância (art.ºs 234.º-A, n.º 2 e 475.º, n.º 2).

referida decisão. Neste caso, nos processos urgentes e nos previstos nas alíneas a) a g) e i) a n) do n.º 2 do art.º 691.º, o prazo para interposição de recurso e apresentação das alegações é de apenas 15 dias (cfr. n.ºs 4 e 5 do art.º 691.º).

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Interlocutórias são as decisões proferidas no decurso da instância e que

não conduzam à sua extinção, como o despacho saneador que, não pondo

termo ao processo, conheça de excepções dilatórias e de nulidades

processuais [art.º 510, n.º 1.alínea a)].

Finais são as decisões que põem termo ao processo, como a sentença final

que, julgando procedente alguma excepção dilatória, absolva o réu da

instância (art.º 660.º, n.º 1).” (Fernando Amâncio Ferreira, Manual dos Recursos

em Processo Civil, 2.ª edição, págs. 262 e 263).

2. Da noção de trânsito em julgado retira-se que uma decisão judicial, seja

sentença ou despacho, transita em julgado quando se torna insusceptível de

recurso ordinário ou de reclamação7. Uma vez transitada em julgado, a

decisão passa a ter força de caso julgado (art.ºs 671.º, n.º 1 e 672.º).

A questão que aqui pretendemos colocar é a de saber quando é que (em que

momento) a decisão transita em julgado.

É sabido que o decurso do prazo peremptório extingue o direito de praticar

o acto, conforme vem definido no n.º 3 do art.º 145.º. Independentemente

da alegação de justo impedimento, o acto de interposição de recurso ou

reclamação pode ser praticado dentro dos três primeiros dias úteis

subsequentes ao termo do prazo. Porém, a validade de tal acto fica

dependente do pagamento de uma multa cujos montantes e prazos de

pagamento se encontram fixados nos n.ºs 5 e 6 do art.º 145.º.

Esta possibilidade, aberta pela norma em análise, permite ao recorrente

interpor recurso após o decurso do prazo peremptório, último a correr por

força do disposto no art.º 148.º. Será que não se pode considerar esta

possibilidade de prática do acto como uma efectiva extensão do prazo

peremptório? Parece-nos bem que sim.

Ilustremos o nosso raciocínio com o seguinte exemplo: o mandatário de

uma das partes dirige-se à Secretaria Judicial perguntando se a sentença

transitou em julgado. O oficial de justiça, porque era ainda licito à parte

recorrer da decisão por aplicação do n.º 5 do art.º 145.º , informa-o de que

ainda não ocorreu o transito em julgado. Poder-se-á, dias depois, certificar

que o trânsito daquela decisão ocorreu no último dia do prazo peremptório?

Extremando ainda mais as posições: suponha que na hipótese anterior em

7 “O trânsito em julgado da decisão é o momento a partir do qual a decisão passa a revestir-se da certeza e da segurança jurídica que decorre do art.º 671.º.” (António Santos Abrantes Geraldes, ob. Cit., pág. 25).

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vez de informação verbal tinha sido solicitada uma certidão com nota de

trânsito em julgado. Como se iriam conjugar as duas certidões, extraídas do

mesmo processo, em momentos distintos, com a indicação de datas de

trânsito em julgado diferentes?

Face ao que vem de ser dito, de acordo com os princípios da certeza e

segurança jurídicas, sem prejuízo das superiores orientações dos

magistrados respectivos, entende-se que a faculdade prevista no art.º 145.º

n.º 5 não é mais do que uma extensão do prazo peremptório, pelo que o

trânsito em julgado a certificar pelas secretarias judiciais deverá sempre

comportar a dilatação do prazo constante daquele normativo.

Exemplo da certificação do trânsito em julgado:

A decisão transitou em julgado no dia ..../...../......, tendo em consideração

a extensão do prazo prevista no art.º 145.º, n.º 5 do C. Proc. Civil.

É admissível recurso ordinário nas causas com valor superior à alçada do tribunal

de que se recorre8, desde que a decisão impugnada seja desfavorável para o recorrente em

valor superior a metade da alçada desse tribunal. Em caso de dúvida quanto ao valor da

sucumbência, atender-se-á somente ao valor da causa (art.º 678.º, n.º 1 do CPC).

Excepções:

O recurso é sempre admissível, independentemente do valor da causa, quando

interposto das seguintes decisões:

− Que violem as regras de competência internacional ou em razão da matéria ou da

hierarquia, ou que ofendam o caso julgado;

− Respeitantes ao valor da causa ou dos incidentes, com o fundamento de que o seu

valor excede a alçada do tribunal de que se recorre;

− Proferidas no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de

direito, contra jurisprudência uniformizada do Supremo Tribunal de Justiça.

8 Em matéria cível, a alçada dos tribunais da Relação é de € 30.000 e a dos tribunais de 1.ª instância é de € 5.000 (art.º 24.º da Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro (LOFTJ), na redacção dada pelo art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto, com aplicação aos processos iniciados a partir de 1 de Janeiro de 2008).

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É sempre admissível recurso para a Relação, independentemente do valor da causa

e da sucumbência:

− Nas acções em que se aprecie a validade, a subsistência ou a cessação de contratos de

arrendamento, com excepção dos arrendamentos para habitação não permanente ou

para fins especiais transitórios;

− Das decisões respeitantes ao valor da causa nos procedimentos cautelares, com o

fundamento de que o seu valor excede a alçada do tribunal de que se recorre.

Nota:

Com a revogação do art.º 57.º do RAU, o recurso da decisão

proferida em acção de despejo processa-se agora nos termos do art.º

678.º, n.º 3 al.ª a) do CPC. Antes desta última alteração, o n.º 5 do art.º

678.º admitia já a possibilidade de recurso para a Relação,

independentemente do valor, nas acções em que se apreciasse a

validade ou a subsistência de contratos de arrendamento para habitação.

Esta norma vale, agora, não só para os arrendamentos habitacionais

mas também para os arrendamentos não habitacionais (para comércio,

indústria, exercício de profissões liberais, outros fins). E vale não

apenas na hipótese de se apreciar a validade ou a subsistência do

contrato de arrendamento, como também a sua cessação

(maioritariamente na acção de despejo).

Porém, esta regra especial não tem aplicação quando esteja em causa

a apreciação d a validade, subsistência ou cessação de arrendamentos

para habitação não permanente ou para outros fins de carácter

transitório, casos em que é admissível recurso até à Relação nos termos

gerais.9

O recurso interpõe-se por meio de requerimento, dirigido ao tribunal onde foi

proferida a decisão, no qual se indica a espécie, o efeito e o modo de subida do recurso

interposto. (art.º 684.º B do CPC.)

9 Maria Olinda Garcia – “A Nova Disciplina do Arrendamento Urbano” (NRAU anotado), Coimbra Editora, 2006.

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A alegação do recorrente deve ser incluída no requerimento de interposição do

recurso.

O ónus de alegar conjuntamente com o requerimento de interposição do recurso imposto

pelo n.º 2 do art.º 684.º B, trouxe consigo a obrigatoriedade de o mandatário judicial do

recorrente proceder à notificação do mandatário judicial da contraparte, nos termos previstos

no art.º 229.º A 10.

Este requerimento só é submetido a despacho após o decurso dos prazos concedidos

à partes para interposição de recurso. No despacho, o juiz, em regra, ordena a subida do

recurso – art.º 685.º-C, n.º 1 .

Notas:

1. “A modificação do regime legal dos recursos leva a que, em regra, o juiz

apenas tenha intervenção no processo depois de apresentadas as alegações e as

contra-alegações. Assim, rigorosamente, a intervenção do juiz não ocorre logo

que estejam “findos os prazos concedidos às partes para interpor recurso”, mas

mais tarde, depois de decorrido o prazo para apresentação de contra-alegações e,

eventualmente, depois de decorrido o prazo para apresentação de resposta ao

recurso subordinado que seja interposto pela outra parte.” ((António Santos

Abrantes Geraldes, Recursos em Processo Civil, Novo Regime, Almedina, pág.

148). Em anotação, prossegue o mesmo autor, “É manifestamente imperfeita a

redacção do preceito, já que, pelos antecedentes legislativos não é concebível

uma solução que, sobrevalorizando o elemento literal, imponha uma decisão

logo que decorrido o prazo para apresentação das alegações do recorrente.”

2. E acrescentamos nós que, tal interpretação decorre também da intenção do

legislador plasmada no preâmbulo do Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto,

quando se diz que, em matéria de simplificação do regime dos recursos se

pretende “a concentração em momentos processuais únicos dos actos processuais

10 A alteração operada no art.º 229.º-A do C.P.C. veio pôr termo à antiga querela de saber quem deve proceder à notificação da apresentação das alegações. A solução propugnada veio ao encontro daquela que defendíamos e que melhor se coadunava, na nossa modesta opinião, com o pensamento do legislador. Com a actual redacção, os actos processuais que devem ser praticados por escrito (todos) pelas partes após a notificação da contestação do réu ao autor, são notificados pelo mandatário judicial do apresentante ao da contraparte.

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de interposição de recurso e apresentação de alegações e dos despachos de

admissão e expedição do recurso.”.

Tratando-se de despachos ou sentenças orais, reproduzidos no processo, o requerimento

de interposição do recurso pode ser imediatamente ditado para a acta (art.º 684.º -B, n.º 3 do

CPC.).

Os recursos ordinários podem ser independentes, subordinados ou por adesão.

Recurso independente: É o que não depende de qualquer atitude da parte contrária.

Desenvolve-se por si só, tem vida própria, independentemente da posição a assumir pela parte

contrária.

Recurso subordinado: Como o próprio nome indica, depende da interposição de

recurso independente, mantendo-se apenas enquanto este se mantiver. Assim, a sua

interposição deverá ter lugar no prazo de 15 ou 30 dias a contar da notificação da

interposição do recurso da parte contrária, consoante a decisão de que se recorre (cfr.

art.º 691.º). O recurso caducará se o recurso principal ficar deserto ou sem efeito, com custas

por aquele recorrente (art.º 682.º do CPC.).

O recorrido (no recurso independente/principal), pode, em vez de se limitar à defesa,

contraditando a argumentação desenvolvida pelo recorrente em sede de contra-alegações,

interpor recurso quanto à parte da decisão que lhe foi desfavorável. Neste caso, o tribunal

superior reapreciará, na sua totalidade, a decisão impugnada. Se tal vier a ocorrer, o

recorrente principal pode ver alterada em seu prejuízo a decisão recorrida (“reformatio in

pejus”)11.

O facto de não ser provido o recurso principal não obsta ao conhecimento do recurso

subordinado. O tribunal pode começar por julgar a questão posta no recurso subordinado, se o

conhecimento desta preceder o da questão posta no recurso principal, de harmonia com o

disposto no art.º 660.º, n.º 1 do CPC.

11 Reforma da decisão para pior.

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ARTIGO 660.º

(Questões a resolver - Ordem do julgamento)

1. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 288.º, a sentença conhece, em

primeiro lugar, das questões processuais que possam determinar a absolvição da

instância, segundo a ordem imposta pela sua precedência lógica.

2. O juiz deve resolver todas as questões que as partes tenham submetido à

sua apreciação, exceptuadas aquelas cuja decisão esteja prejudicada pela

solução dada a outras. Não pode ocupar-se senão das questões suscitadas pelas

partes, salvo se a lei lhe permitir ou impuser o conhecimento oficioso de outras.

Exemplo:

Se, no recurso subordinado interposto pelo réu, este puser em

causa a sua legitimidade, por esta questão prévia começará o

julgamento do tribunal de recurso, para só depois conhecer da

questão de fundo que constituía porventura objecto do recurso

principal. Caso o réu venha a obter vencimento, o tribunal

superior já não aprecia o recurso independente, excepto se

se verificar o condicionalismo do n.º 3 do art.º 288.º 12.

É facultada pelo n.º 4 do art.º 682.º a interposição de recurso subordinado à parte que

tenha renunciado ao recurso ou que, expressa ou tacitamente, tenha aceitado a decisão. Tal não

se verifica, todavia, no caso de renúncia antecipada por esta só ser eficaz se for bilateral (art.º

681.º, n.º1). Ora, renunciando ambas as partes ao recurso, é inadmissível o recurso

independente, pressuposto do recurso subordinado.

12 ARTIGO 288.º - (Casos de absolvição da instância)

1. O juiz deve abster-se de conhecer do pedido e absolver o réu da instância: a) Quando julgue procedente a excepção de incompetência absoluta do tribunal; b) Quando anule todo o processo; c) Quando entenda que alguma das partes é destituída de personalidade judiciária ou que, sendo incapaz, não está devidamente representada ou autorizada; d) Quando considere ilegítima alguma das partes; e) Quando julgue procedente alguma outra excepção dilatória. 2. Cessa o disposto no número anterior quando o processo haja de ser remetido para outro tribunal e quando a falta ou irregularidade tenha sido sanada. 3. As excepções dilatórias só subsistem enquanto a respectiva falta ou irregularidade não for sanada, nos termos do n.º 2 do artigo 265.º, ainda que subsistam, não terá lugar a absolvição da instância quando, determinando-se a tutelar o interesse de uma das partes, nenhum outro motivo obste, no momento da apreciação da excepção, a que se conheça do mérito da causa e a decisão deva ser integralmente favorável a essa parte.

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Exemplo:

Num tribunal de 1.ª instância, o autor pediu a condenação do réu

no pagamento da quantia de € 10.000, vindo a acção a ser julgada

parcialmente procedente pelo montante de € 8.500.

Numa situação destas, só o réu pode interpor recurso

independente para a Relação, por a sua sucumbência ser do valor

de € 8.500, mas, já não pode fazê-lo o autor por a sua

sucumbência ser apenas de € 1.500, valor que é inferior aos €

2.500 em que se fixa metade da alçada do tribunal recorrido

(fixada em € 5.000,00 - art.º 24.º, n.º1 da LOFTJ).

Todavia, o autor pode recorrer subordinadamente da absolvição

do réu em € 1.500.

Com a apresentação das alegações do recurso subordinado é devida taxa de justiça

inicial (art.ºs 18.º, 23.º, n.º 1 e 24.º, n.º 1-c) todos do CCJ).

Recurso por adesão

Os recursos que acompanhem os independentes, designam-se recursos por adesão e

não caducam com a desistência do recorrente deste, desde que o aderente, no requerimento de

adesão, declare que faz sua a actividade já exercida pelo recorrente independente, bem como a

que vier a exercer. Se o recorrente principal desistir, o aderente deve ser notificado para,

querendo, passar à posição de recorrente principal – art.º 683.º n.º 4 do C.P.C..

Este recurso pode ser interposto, por meio de requerimento ou de subscrição das

alegações do recorrente, até ao início do prazo referido no n.º 1, do art.º 707.º (art.º 683.º, n.º

3 do CPC).

Verifica-se a adesão ao recurso sempre que, havendo vários compartes em regime de

litisconsórcio voluntário ou de coligação e com interesse comum, um dos vencidos, que não

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interpôs atempadamente recurso, venha declarar que deseja aproveitar o recurso interposto pelo

seu comparte.

A lei não permite a adesão a um recurso interposto pela parte contrária, ainda que

eventualmente os interesses se conciliem.

No litisconsórcio voluntário e na coligação há uma simples acumulação de acções,

mantendo cada litigante uma posição de independência em relação aos seus compartes (art.º

29.º, 2.ª parte e 30.º n.º1 do C.P.C.) 13

O aderente, como tal, não pode ser considerado recorrente, uma vez que a simples

adesão não envolve uma situação de litisconsórcio ou de coligação na fase de recursos.

Assim sendo, afigura-se-nos que o aderente só deverá pagar taxa de justiça inicial se

apresentar as suas próprias alegações e, consequentemente, assumir a posição de recorrente

principal, fazendo cessar a adesão (art.ºs 683.º, n.º 4 do C.P.C e 18.º, 23.º, n.º 1 e 24.º, n.º 1-

c) todos do C.C.J).

APELAÇÃO

A apelação é o recurso ordinário interposto da decisão de 1.ª instância que põe

termo ao processo (art.ºs 676.º, n.º 2 e 691.º, n.º 1 do CPC).

A coberto do n.º 2 do art.º 691.º, cabe ainda recurso de apelação das seguintes

decisões do tribunal de 1.ª instância:

a) Decisão que aprecie o impedimento do juiz;

b) Decisão que aprecie a competência do tribunal;

c) Decisão que aplique multa;

d) Decisão que condene no cumprimento de obrigação pecuniária; 14

13 ARTIGO 29.º - (O litisconsórcio e a acção)

No caso de litisconsórcio necessário, há uma única acção com pluralidade de sujeitos; no litisconsórcio voluntário, há uma simples acumulação de acções, conservando cada litigante uma posição de independência em relação aos seus compartes.

ARTIGO 30.º - (Coligação de autores e de réus) 1. É permitida a coligação de autores contra um ou vários réus e é permitido a um autor demandar conjuntamente vários réus, por pedidos diferentes, quando a causa de pedir seja a mesma e única ou quando os pedidos estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência.

14 “Diz-se pecuniária (de pecúnia) a obrigação que, tendo por objecto uma prestação em dinheiro, visa proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais.”. “O fim essencial da obrigação

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e) Decisão que ordene o cancelamento de qualquer registo;

f) Decisão que ordene a suspensão da instância;

g) Decisão proferida depois da decisão final;

h) Despacho saneador que, sem pôr termo ao processo, decida do mérito da causa;

i) Despacho de admissão ou rejeição de meios de prova;

j) Despacho que não admita o incidente ou que lhe ponha termo;

l) Despacho que se pronuncie quanto à concessão da providência cautelar,

determine o seu levantamento ou indefira liminarmente o respectivo

requerimento;

m) Decisões cuja impugnação com o recurso da decisão final seria absolutamente

inútil15;

n) Nos demais casos expressamente previstos na lei16.

Conforme já ficou dito, o recurso é interposto mediante requerimento no

qual são indicados a espécie, o efeito e o modo de subida do recurso (art.º 684.º-

A), e também o fundamento nos casos previstos no art.º 678.º, n.º 2 al.ªs a) [

A espécie será sempre a apelação (terminaram os agravos), o efeito pode ser

meramente devolutivo ou suspensivo, e quanto ao modo de subida ele pode

efectuar-se nos próprios autos ou em separado.

No entanto, não se obriga o recorrente a indicar ao abrigo de que norma

interpõe o recurso, nomeadamente para os efeitos do disposto no artigo 691.º do

C.P.C.

Assim sendo, e uma vez que o despacho de admissão do recurso só tem

lugar após o decurso dos prazos concedidos às partes para o interpor (art.º 685.º- pecuniária consiste em proporcionar ao credor o valor incorporado nas espécies monetárias ou nas notas.” (João de Matos Antunes Varela, Das Obrigações em Geral, Vol.I, 9.ª edição, págs. 874 e 876). Exemplos de condenação no cumprimento de obrigação pecuniária são a sanção pecuniária compulsória do art.º 829.º-A do Código Civil (cfr. artºs. 384.º, nº 2; 805.º, n.º 3; 833.º, n.º 7; 933.º, n.º 1, 939.º, n.º1 e 941.º, n.º1, todos do CPC), e a indemnização atribuída a uma das partes ao abrigo da litigância de má-fé, nos termos do art.º 456.º, n.º3. 15 “Com este preceito o legislador abriu a possibilidade de interposição de recursos intercalares em situações em que a sujeição à regra geral importaria a absoluta inutilidade de uma eventual decisão favorável obtida em sede de recurso. O advérbio empregue (“absolutamente”) marca bem o nível de exigência imposto pelo legislador, em termos idênticos aos que anteriormente se previa no art.º 734.º, n.º 1, al. c), para efeitos de determinar ou não a subida imediata do agravo.” (António Santos Abrantes Geraldes, obra citada, pág. 182). 16 Exemplos: os recursos interpostos nos termos dos art.º 154.º, n.ºs 5 e 6, 262.º, n.º 2 ou 475.º, n.º 2, todos do CPC).

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C, n.º 1), só aí se fixando a espécie, se determinando o efeito e ordenando a subida (n.º

5 do mesmo preceito), convém aqui analisar mais ponderadamente o art.º 691.º,

nomeadamente no que concerne aos prazos para interposição do recurso.

No regime anterior, todos os recursos eram interpostos no prazo de 10 dias de

acordo com o disposto no art.º 685.º então vigente, só depois de admitido o recurso e

fixada a espécie (agravo ou apelação) é que começava a correr o prazo para as

alegações (15 ou 30 dias, respectivamente).

Hoje, não é assim. Apenas existe o recurso de apelação e o prazo para,

cumulativamente, interpor recurso e apresentar as alegações, vai diferir consoante a

decisão de que se recorre. Aqui é que se poderão levantar algumas questões de ordem

prática aos oficiais de justiça, em ordem a saber se o recurso foi interposto dentro do

prazo peremptório, que vai oscilar entre os 15 e os 30 dias, resultante da

conjugação dos art.ºs 685.º e 691.º do C.P.C, a que poderão ainda acrescer 10 dias

se a prova houver sido gravada e o recurso tiver por objecto a sua reapreciação.

As restantes decisões proferidas pelo tribunal de primeira instância, as

interlocutórias, podem ser impugnadas no recurso que venha a ser interposto da

decisão final ou do despacho previsto na alínea l) do n.º 2.

Se não houver recurso da decisão final, as decisões interlocutórias que tenham

interesse para o apelante independentemente daquela decisão podem ser impugnadas,

num recurso único, após o trânsito da decisão final.

Como atrás se disse, o requerimento de interposição de recurso é dirigido ao

tribunal que proferiu a decisão recorrida e apresentado no prazo de 30 dias, devendo

incluir as alegações.

Tratando-se de despachos ou sentenças orais, reproduzidos no processo, ditado

para a acta, o prazo para apresentação das alegações conta-se a partir do dia em que

os despachos ou sentenças foram proferidos (cfr. n.º 3 do art.º 685.º).

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Porém, o n.º 5 do art.º 691.º fixa em 15 dias o prazo de interposição de

recurso nos seguintes casos:

- Todas as alíneas do n.º 2 do art.º 691.º à excepção da alínea h);

- Recurso (único) a interpor, após o trânsito em julgado da decisão final de que

se não recorra, das decisões interlocutórias que tenham interesse para o

apelante (art.ºs 691.º, n.º 4 e 922.º-B, n.º 4);

- Processos urgentes (exemplos: providências cautelares – art.º 382.º; insolvências - art.º 9.º do

CIRE; processos de arrendamento rural - art.º 35.º, n.ºs 1 e 2 do Dec. Lei n.º 385/88, de 25 de

Outubro).

Daqui se retira que o prazo para interposição de recurso é de 30 dias17

quando a decisão da 1.ª instância ponha termo ao processo ou quando o despacho

saneador decida do mérito da causa sem contudo pôr termo ao processo – art.º 685.º,

n.º1 e 691.º, n.ºs 1 e 2-h).

Notas:

1. “Decidir do mérito da causa é julgar o pedido em termos de fundo, de

procedência ou improcedência.

Considera-se que decide do mérito da causa, inclusive, a sentença ou o

saneador que decidam qualquer excepção peremptória, seja em que

sentido for...”- (J.O Cardona Ferreira, Obra citada.)

2. O caso da alínea b) do n.º 2 do art.º 691.º pode comportar uma

excepção a esta regra quando a decisão da questão da competência ponha

termo ao processo, ou seja, quando for julgada procedente a excepção de

incompetência absoluta, com indeferimento liminar da petição ou

declaração de absolvição total da instância (art.º 105.º), ou naqueles em

que, por violação de pacto privativo de jurisdição, também seja declarada

a absolvição da instância (art.º 111.º, n.º 3, 2.ª parte). Nestes casos o

17 Salvo nos processos urgentes e demais casos previstos na lei em que o prazo é de 15 dias – cfr. art.ºs 685.º n.º 1 e 691-n.º 5.

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recurso deve ser interposto no prazo normal de 30 dias – art.º 685.º

n.º1.18

3. As decisões intercalares recorríveis nos termos dos n.º 3 e 4 do

art.º 691.º , ou seja, após a prolação da decisão final, podem configurar

um uso abusivo de direitos processuais que, em face de resultados

desfavoráveis daquela decisão, se traduzem na reapreciação de decisões

meramente instrumentais com o único objectivo de corromper as bases de

apoio que suportaram a apreciação do mérito da causa.

Parece não restarem dúvidas que, com o novo regime recursório, a

instabilidade da instância é bem maior do que a que resultava do regime

anterior dado que, das decisões intercalares impugnáveis não se forma

caso julgado. Delas pode a parte vencida suscitar, no recurso da decisão

final, ou em recurso autónomo interposto após o trânsito em julgado

daquela, o mais variado leque de questões, por via de aspectos de ordem

meramente formal, com o intuito de contrariar os efeitos da decisão

substancial em que decaiu.19

Decide do mérito da causa, sem pôr termo ao processo, a decisão proferida no

despacho saneador que julgue o pedido reconvencional.

Recurso urgente

18 “Por inserção do elemento racional, impõe-se, nestes casos, uma interpretação restritiva do n.º 5 do art.º 691.º, reservando a aplicação do prazo de 15 dias para as demais situações em que a decisão não põe termo ao processo: quando é julgada improcedente a excepção de incompetência absoluta do tribunal, quando a absolvição da instância atinja apenas um dos compartes ou se reporte apenas a algum dos pedidos, quando seja julgada improcedente a excepção de incompetência relativa ou quando seja julgada procedente, remetendo o processo para o tribunal competente (art.º 111.º, n.º 3, 1.ª parte).” (António Santos Abrantes Geraldes, obra citada, pág. 172,) 19 Vejamos o seguinte exemplo: “Por entender que na contestação não foram invocadas excepções, o juiz não admitiu o articulado de réplica ou de resposta à contestação, determinando o seu desentranhamento; por tal motivo, o seu teor não pôde ser considerado na tramitação posterior (base instrutória e sentença final). No recurso eventualmente interposto da sentença final, o autor, que tenha ficado vencido, poderá retomar a questão da admissibilidade da resposta ou da réplica que, no anterior sistema, teria ficado definitivamente resolvida se acaso não fosse interposto de imediato recurso de agravo. Concluindo a Relação pela admissibilidade desse articulado, tal poderá determinar a invalidação da tramitação posterior, com efeitos no próprio julgamento e na sentença final” (António Santos Abrantes Geraldes, obra citada, pág. 189).

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De referir que a lei, embora o processo possa não o ser, classifica de urgente o

recurso interposto da decisão que retire a palavra a mandatário judicial ou lhe

ordene a saída do local onde o acto se realiza – art.º 154.º n.º 6.

***

Quanto ao modo de subida, pode ser nos próprios autos ou em separado (art.º

691.º-A do CPC.)

Sobem nos próprios autos as apelações interpostas:

a) Das decisões que ponham termo ao processo;

b) Das decisões que suspendam a instância;

c) Das decisões que indefiram o incidente processado por apenso;

d) Das decisões que indefiram liminarmente ou não ordenem a providência

cautelar.

APELAÇÃO EM SEPARADO

Sobem em separado as apelações não compreendidas nas alíneas do n.º 1 do

art.º 691.º-A.

Na apelação com subida em separado incumbe às partes o ónus de instrução do

recurso, indicando as peças de que pretendem certidão, logo após as conclusões das

alegações – art.º 691.º-B.

No entanto, não pode o juiz ficar afastado do modo como vai o recurso ser

instruído, embora não haja no actual regime recursório uma norma idêntica à do

revogado art.º 742.º, que se destinava a suprir falhas na instrução do processo devido a

deficiente indicação das peças a certificar pela secretaria.

Nesta perspectiva, no despacho em que, conjuntamente, se admite o recurso e

ordena a remessa ao tribunal superior (art.º 685.º C – n.º 1), o juiz, ordenará a

passagem das certidões pertinentes, a expensas da parte, só então, por uma

questão de economia processual, as mesmas devem ser passadas.

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Os advogados e solicitadores registados no sistema informático CITIUS têm

acesso à consulta dos processos em que sejam patronos ou mandatários (art.º 138.º-A

do C.P.C. e do art.º 22.º da Portaria n.º 114/2008, de 6 de Fevereiro). As peças e

documentos dos processos disponibilizados através das consultas electrónicas valem

como certidão para efeitos de instrução do recurso processuais (art.º 691.º-B), não

estando sujeitas a qualquer tributação.

As peças processuais, documentos, autos, termos e demais elementos que se

encontrarem no processo em suporte físico (cfr. art.º 23.º da Portaria n.º 114/2008),

quer constem ou não do correspondente processo digital, poderão ser consultados pelo

mandatário judicial constituído, no prazo de cinco dias, na secretaria judicial ou fora

dela (art.ºs 171.º, 691.º-B, n.º 2 CPC e 22.º, n.º 1-a) da Portaria n.º 114/2008).

As certidões extraídas do processo em suporte físico são tributadas nos termos do

art.º 106.º do Código das Custas Judiciais.

Tramitação:

• As alegações e contra-alegações são autuados num único apenso.

• Findos os prazos para as partes alegarem, o processo deve ser concluso ao

juiz para admitir o recurso, ordenar a subida ao tribunal superior e,

eventualmente, ordenar a passagem de certidões.

• A secretaria passa as certidões requeridas/ordenadas após o que remete o

processo ao tribunal superior.

Processo electrónico:

• A diferença consiste apenas no facto de, neste caso, os mandatários

procederem ao exame do processo através da aplicação informática

CITIUS, onde são disponibilizadas as peças processuais, documentos e

demais elementos, dentro do prazo de cinco dias.

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• As peças assim disponibilizadas têm o valor de certidão para efeitos de

instrução do recurso20.

***

Quanto ao efeito: admitido o recurso, é-lhe fixado o efeito meramente

devolutivo (art.º 692.º), salvo se for interposto:

a) Da decisão que ponha termo ao processo em acções sobre o estado das

pessoas;

b) Da decisão que ponha termo ao processo nas acções referidas no n.º 3 do

artigo 678.º e nas que respeitem à posse ou à propriedade de casa de habitação;

c) Do despacho de indeferimento do incidente processado por apenso;

d) Do despacho que indefira liminarmente ou não ordene a providência cautelar;

e) Das decisões previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 do artigo 691.º;

f) Nos demais casos previstos por lei.

Nos casos atrás referidos é fixado o efeito suspensivo da decisão (art.º 692-n.º

3).

Fora dos casos previstos no número 3 do art.º 692.º, o recorrente pode requerer,

ao interpor o recurso, que a apelação tenha efeito suspensivo quando a execução da

decisão lhe cause prejuízo considerável e se ofereça para prestar caução, ficando a

atribuição desse efeito condicionada à efectiva prestação da caução no prazo

fixado pelo tribunal e ao disposto no n.º 3 do artigo 818.º.

O novo regime de recursos, no art.º 692.º, distingue expressamente o efeito

suspensivo do processo (n.º 2) e o efeito suspensivo da decisão (n.º 3).

O efeito suspensivo do processo só poderá acontecer em caso previsto na lei,

ou seja, em outra norma, como, por exemplo, o recurso a que alude o n.º 6 do art.º 20 Recorda-se que, no H@bilus, os documentos do histórico do processo que não estiverem em versão final não são visualizados pelos mandatários, assim como os documentos que devendo estar assinados electronicamente ainda o não estejam por todas as pessoas previstas (ex. actas, autos).

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154.º que, além do efeito suspensivo da decisão tem também efeito suspensivo do

processo, devendo ser processado com urgência21.

Quanto ao efeito suspensivo da decisão, a lei prevê os casos das alíneas a) a f)

do art.º 692.º acima referidas.

Nota:

1. Até à entrada em vigor da reforma de 2003, que instituiu o novo

regime da Acção Executiva, o recurso de apelação tinha, por via de

regra, efeito suspensivo da exequibilidade da decisão recorrida,

salvo nas hipóteses contempladas nas diversas alíneas do n.º 2 deste

artigo (692.º), na redacção da reforma de 1995/1996, pois, verificada

alguma dessas hipóteses, o recorrido (vencedor) podia, nos 10 dias

imediatos à notificação da admissão da apelação, requerer que lhe

fosse atribuído efeito meramente devolutivo, e, se a sua pretensão

fosse acolhida, poderia executar a decisão recorrida, embora,

enquanto estivesse pendente o recurso, nem o exequente nem

qualquer credor pudesse ser pago sem prévia prestação de caução

(cfr. art.º 47.º, n.º 3 do C.P.C., na redacção anterior ao Decreto-Lei

38/2003, de 8/3).

2. Este regime-regra privilegiava o valor da segurança jurídica em

detrimento do interesse legítimo do credor à satisfação do seu

crédito, já reconhecido numa primeira decisão jurisdicional, ainda

que provisória, por pendente de reapreciação pelo tribunal superior,

mas, na prática, era aproveitado para a interposição de recursos

meramente dilatórios.

3. Neste contexto, após o inicio da vigência do DECRETO-LEI

38/2003, de 8/3, a situação modificou-se radicalmente. A apelação

passa a ter, como regra geral, efeito meramente devolutivo, excepto

nos casos dos n.ºs 2 e 3 do artigo em análise.

21 “Sem se poder confundir autoridade/(desejável) com autoritarismo (indesejável), o art.º 154.º prevê a direcção de diligências e a eventualidade de terem de ser aplicadas medidas de gestão desses actos. Como é tradicional, e bem, estão previstas medidas recorríveis. O que continua a suscitar-nos discordância é o efeito suspensivo de recurso, ora da decisão, ora do próprio processo, o que pode ser, exactamente, o que o infractor poderia pretender. ....Cremos que, salvo pedido do requerente e razoável evidência de “prejuízo considerável” casuístico, o efeito de recurso, no âmbito do art.º 154.º, de princípio, deveria ser meramente devolutivo”. (J.O. Cardona Ferreira, obra citada, pág.145.).

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Para servir de base à execução, pode o apelado requerer, a todo o tempo, a

extracção do traslado, indicando as peças que, além da sentença, ele deve abranger –

art.º 693.º n.º 1 do C.P.C..

O requerimento de prestação de caução é autuado por apenso – art.º 990.º n.º 1.

É de salientar que este incidente é urgente 22 por força do disposto no n.º 2 do

art.º 990.º do C.P.C., na redacção que lhe foi dada pelo Dec. Lei n.º 38/2003, de 8 de

Março.

Se a prestação da caução ou a falta dela der causa a demora excedente a 10

dias, extrair-se-á traslado para se processar o incidente e a apelação seguirá os seus

termos.

Este traslado só compreende, além da sentença, as peças que sejam

indispensáveis, designadas por despacho (art.º 693.º A do CPC.).

Com as alegações deverão recorrente e recorrido juntar aos autos documento

comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial devida (art.ºs 23.º n.º 1,

24.º n.º 1, al. c), 27.º e 28.º CCJ.). 23

Notas:

1. O art.º 28.º do C.C.J. remete para as cominações previstas na lei de

processo a omissão do pagamento das taxas de justiça inicial e subsequente.

A lei de processo a que se reporta este normativo é, naturalmente, nesta

sede, o Código de Processo Civil que sobre esta matéria trata nos seus art.ºs

486.º A, 512.º B e 685.º D.

2. Importa aqui relembrar, no que aos recursos se refere, o disposto no art.º

685:º-D, que para maior comodidade de consulta a seguir se transcreve:

Artigo 685.º D

Omissão do pagamento das taxas de justiça

22 Dado o carácter urgente deste incidente, aplica-se-lhe a regra da precedência dos respectivos actos processuais sobre qualquer outro serviço judicial não urgente, à semelhança do que acontece com os Procedimentos Cautelares e Insolvências. Do mesmo modo, é aplicável a regra da continuidade dos prazos e a sua não suspensão durante as férias judiciais, por força do disposto no art.º 144.º - n.º1 do C. Proc. Civil. 23 De realçar que não há lugar ao pagamento de taxa de justiça subsequente e que a taxa devida nos recursos dirigidos aos Tribunais da Relação é de metade da constante da tabela do anexo I prevista no art.º 13.º C.C.J (cfr. art.º 18.º do mesmo Código).

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1 - Quando o pagamento da taxa de justiça inicial ou subsequente ou a

concessão do benefício do apoio judiciário não tenham sido comprovados

no momento definido para esse efeito, a secretaria notifica o interessado

para, em 10 dias, efectuar o pagamento omitido, acrescido de multa de

igual montante, mas não inferior a 1 UC nem superior a 10 UC.

2 - Quando, no termo do prazo de 10 dias referido no número anterior,

não tenha sido comprovado o pagamento da taxa de justiça ou a

concessão do apoio judiciário, o tribunal determina o desentranhamento

da alegação, do requerimento ou da resposta apresentada pela parte em

falta.

3 - A parte que aguarde decisão sobre a concessão do apoio judiciário

deve, em alternativa, comprovar a apresentação do respectivo

requerimento.

Este preceito rege sobre as consequências jurídicas da omissão pelos sujeitos processuais

de apresentação atempada do documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça inicial

ou subsequente nos recursos.

Se tal comprovativo, ou o da concessão do apoio judiciário, não se mostrar junto aos

autos no momento definido para o efeito, a secretaria notifica oficiosamente o faltoso para, no

prazo de 10 dias, contados da data da notificação, proceder ao pagamento omitido, a que

acrescerá multa de igual montante, não inferior a 1 UC nem superior a 10 UC.

Caso não seja cumprido o objecto da notificação, dentro do referido prazo, é

determinado o desentranhamento das alegações em causa. Neste caso, parece-nos não dever ter

lugar o pagamento de qualquer multa por analogia ao preceituado no n.º 7 do art.º 486.º-A, n.º

7 do CPC (art.º 10.º, n.ºs 1 e 2 do Código Civil).

Na hipótese prevista no n.º 3 da norma em análise, a parte deve, em alternativa ao

documento de concessão, juntar aos autos o comprovativo da apresentação do respectivo

requerimento na Segurança Social.

♦♦

Nada obstando à admissibilidade do recurso, o juiz deve proferir despacho fixando o

efeito e regime de subida, bem como ordenar a respectiva subida (art.ºs 685.º C, 691.º A e

692.º).

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O recurso é indeferido quando a decisão não admita recurso, quando for extemporâneo

ou o requerente não tenha as condições necessárias para recorrer; ainda quando o requerimento

de interposição não contenha ou não junte a alegação do recorrente ou quando esta não tenha

conclusões (al.ªs a) e b) do n.º 2 do art.º 685.º C).

O recurso pode ser considerado deserto quando o recorrente não tenha apresentado a

alegação24, nos termos do n.º 2 do art.º 684.º B, ou quando, por inércia sua, esteja parado

durante mais de um ano. É também julgado deserto o recurso se decorrer mais de um ano sem

que se promovam os termos do incidente que tenha surgido com efeito suspensivo (cfr. art.º

291.º n.ºs 2 e 3).

De acordo com o n.º 4 do art.º 291.º, a deserção é julgada no tribunal onde se verificar

a falta, por simples despacho do juiz ou do relator.

Havendo vários recorrentes, ainda que representados por advogados diferentes o

prazo das respectivas alegações é único, incumbindo à secretaria providenciar para que todos

possam proceder ao exame do processo durante o prazo de que beneficiam (art.ºs 171.º e 685.º

n.º 9 do CPC.).

Se a ampliação do objecto do recurso for requerida pelo recorrido nos termos do art.º

684.º-A, pode ainda o recorrente responder à matéria da ampliação, nos 15 dias posteriores à

notificação do requerimento (art.º 685.º, n.º 8 do CPC.).

♦♦

Tramitação

Junção do requerimento de interposição de recurso, juntamente com as

alegações, com o documento comprovativo do prévio pagamento da taxa de

justiça inicial;

Notificação do recorrido, para no mesmo prazo do recorrente, apresentar as suas

contra-alegações (art.º 685.º n.º 5). Esta notificação deve ser efectuada pelo

mandatário do recorrente ao mandatário do recorrido (art.ºs 229-A e 260.º A); 24 Da conjugação dos art.ºs 684.º B e 685.º C, resulta que apenas pode configurar situação de deserção por falta de alegações, o caso de interposição de recurso de despachos ou sentenças orais, reproduzidos no processo, uma vez que, no caso de interposição por requerimento escrito, tal omissão dá lugar ao indeferimento previsto na al. b) do n.º 2 do art.º 685.º.

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Junção das alegações do recorrido com o documento comprovativo do prévio

pagamento da taxa de justiça inicial;

Conclusão (art.º 685.º-C do CPC.);

Expedição para o tribunal superior, com cópia dactilografada e disquete com a

respectiva decisão e indicação do processador de texto utilizado (Of.circ. n.º

24/96-DIT-DGSJ).

Se o recurso tiver por objecto a reapreciação da prova gravada, ao prazo

para interposição do recurso e para resposta, 30 dias, acrescem mais 10 dias

(art.º 685.º n.º 7 do CPC).

Tendo havido gravação da prova, a secretaria aguarda por 40 dias (30+10)

a eventual interposição de recurso.

Neste caso, deverá também ser remetido ao tribunal superior o suporte de registo

magnético ou electrónico destinado às partes, que constitui instrumento de

trabalho da secretaria e do tribunal; o destinado ao tribunal só poderá ser

utilizado com a observância do disposto no n.º 4 do art.º 6.º do Decreto-Lei n.º

39/95, de 15/02, pelo que a sua guarda e utilização deve revestir-se dos maiores

cuidados, ficando sempre seu depositário o escrivão de direito do processo

respectivo.

Havendo necessidade de transcrição da prova gravada, será a mesma efectuada

pela parte.

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RECURSO DE APELAÇÃO (Art.ºs 685.º, 691.º, 691.º-A e 692.º CPC)

DECISÃO RECORRIDA PRAZO DE

INTERPOSIÇÃO E RESPOSTA (a)

MODO DE SUBIDA

EFEITO (b)

Que ponha termo ao processo 30 Nos autos Devolutivo

Processos urgentes 15 Nos autos/ separado Devolutivo

Que aprecie impedimento do juiz 15 Separado Devolutivo Que aprecie a competência do tribunal 15/30 (c) Separado/

Nos autos(d) Devolutivo

Que aplique multa 15 Separado Suspensivo da decisão

Que condene no cumprimento de obrigação pecuniária 15 Separado Suspensivo da

decisão Que ordene o cancelamento de registo 15 Separado Suspensivo da

decisão Que ordena a suspensão da instância 15 Nos autos Devolutivo Proferida depois da decisão final 15 Separado Devolutivo Despacho saneador que, sem por termo ao processo, decida do mérito da causa

30 Separado Devolutivo

Que admita ou rejeite meios de prova 15 Separado Devolutivo

Que não admita incidente ou lhe ponha termo 15 Separado/Nos

autos

Devolutivo/ Suspensivo da

decisão (e) Que conceda, determine o levantamento, ou indefira providência cautelar

15 Separado/Nos autos (f)

Devolutivo/ suspensivo da

decisão (g) Cuja impugnação com o recurso final seria absolutamente inútil 15 Separado Devolutivo

Demais casos previstos na lei 15 Separado Devolutivo Decisões interlocutórias quando não haja recurso a final 15 (h) Separado Devolutivo

Art.º 154.º n.ºs 5 e 6 (i) 15 Separado Suspensivo da

decisão/ processo

(a) A estes prazos acrescem 10 dias se o recurso tiver por objecto a reapreciação da prova gravada. (b) Em regra o efeito é meramente devolutivo (art.º 692.º). (c) Cfr. supra pág. 18. (d) Nos próprios autos se a decisão tiver posto termo ao processo; em separado nos demais casos. (e) Cfr. supra pág. 21. (f) Cfr. supra pág. 19. (g) Cfr. supra pág. 21 e 22. (h) Contados do trânsito em julgado da decisão final. (i) Deve ser processado como urgente.

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RECLAMAÇÃO - Art.º 688.º

Do despacho que não admita o recurso, cabe reclamação.

A reclamação, apresentada na secretaria do tribunal recorrido, é dirigida ao Tribunal

Superior que seria competente para conhecer do recurso, dentro de 10 dias, contados da

notificação do despacho que não admita o recurso (art.º 688.º do CPC.).

O recorrido pode responder à reclamação apresentada pelo recorrente, em prazo idêntico

ao concedido ao recorrente.

A reclamação é apresentada na secretaria do tribunal recorrido, autuada por apenso aos

autos principais e é sempre instruída com o requerimento de interposição de recurso e as

alegações, a decisão recorrida e o despacho objecto de reclamação.

A reclamação é apresentada logo ao relator, que, no prazo de 10 dias, profere decisão

que admita o recurso ou mantenha o despacho reclamado.

Se o relator não se julgar suficientemente elucidado com os documentos referidos atrás

referidos, pode requisitar ao tribunal recorrido os esclarecimentos ou as certidões que entenda

necessários.

Se o recurso for admitido, o relator requisita o processo principal ao tribunal recorrido,

que o deve fazer subir no prazo de 10 dias.

Não há lugar ao pagamento de taxa de justiça inicial face ao disposto no art.º 18.º n.º 3

do C.C.J que recorre à aplicação do art.º 16 do mesmo Código, nos termos do qual cabe ao juiz

a sua fixação.

De salientar, aqui, três aspectos:

1. A reclamação é dirigida ao tribunal superior e não ao Presidente do tribunal

superior como no anterior regime. Será o relator a quem for distribuído o processo que decidirá

e não o Presidente.

2. A lei veda a reparação que antes se encontrava prevista no n.º 3 do art.º 688.º,

mesmo que o juiz tenha motivos para reconsiderar a decisão, pelo que o mesmo não se pode

pronunciar sobre a reclamação.

3. No caso de admissão, o próprio relator requisita o processo principal para posterior

apreciação do recurso.

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Especificidades da Acção Executiva Em matéria de recursos, versam os artigos 922.º-A, B e C. Estas disposições são aplicáveis às execuções para pagamento de quantia certa,

para entrega de coisa certa e para prestação de facto por força do disposto no art.º 801.º.

Salvo o que vai previsto no art.º 922.º-B, ao recurso de apelação de decisões proferidas no processo executivo, aplicam-se as disposições reguladoras do processo declarativo – art.º 922.º - A.

Cabe recurso de apelação a interpor no prazo de 30 dias das decisões que

ponham termo a (art.ºs 922.º-B, n.º 1-a), b) e c) e 685.º, n.º 1): - Liquidação não dependente de simples cálculo aritmético; - Verificação e graduação de créditos; - Oposição à execução. Das decisões que ponham termo à oposição à penhora cabe recurso de apelação

a interpor no prazo de 15 dias – art.º 922.º-B, n.º 1, al. d) e n.º 2. Das decisões interlocutórias proferidas no âmbito dos processos acima referidos

cabe recurso a interpor conjuntamente com a decisão final.25 Não havendo recurso da decisão final, as decisões interlocutórias devem ser

impugnadas num único recurso a interpor, no prazo de 15 dias, contados da notificação prevista no art.º 919.º - n.º 2.

No que diz respeito ao recurso de revista, apenas é admitido dos acórdãos da

Relação proferidos em recurso das decisões referidas nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do art.º 922.º-B, pelo que ficam de fora as decisões respeitantes à oposição deduzida contra a penhora.

25 A propósito das decisões interlocutórias, escreve Cardona Ferreira (obra citada, pág. 271) “Por outro lado, ficam de fora, ao que parece, quaisquer decisões interlocutórias não proferidas no âmbito dos referidos quatro procedimentos.” Prossegue o mesmo autor mais adiante:”De seguros, temos que as redacções dos n.ºs 3 e 4 do novo art.º 922.º-B deveriam ser, autenticamente, clarificadas. – Ainda um ligeiro apontamento para voltar a frisar que, actualmente, não poderia, normalmente, haver decisão jurisdicional recorrível sobre a extinção da execução porque o agente de execução não profere, sob pena de inconstitucionalidade, decisões jurisdicionais (art.º 919.º).”

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DOS RECURSOS NOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Como vimos até aqui, o Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto, veio alterar o

regime dos recursos e dos conflitos em processo civil através, nomeadamente:

⎯ O valor da alçada da Relação foi elevado para € 30.000,00;

⎯ O valor da alçada do tribunal de 1.ª instância foi elevado para €

5.000,00;

⎯ A regra da dupla conforme, pela qual se consagra a inadmissibilidade

de recurso do acórdão da Relação que confirme, sem voto de vencido e ainda que por

diferente fundamento, a decisão proferida na 1ª instância;

⎯ A possibilidade de haver sempre recurso, independentemente do valor

da alçada e da sucumbência nas decisões proferidas contra jurisprudência

uniformizada do STJ;

⎯ A eliminação da figura do recurso de agravo, passando, no novo

regime recursório, a apelação a abranger as decisões elencadas no regime anterior

como susceptíveis de recurso de agravo.

⎯ A introdução de dois regimes para uniformização de

jurisprudência:

- A ampliação do recurso ordinário de revista previsto nos

art.ºs 732.º-A e 732.º-B; e

- O recurso extraordinário do acórdão do STJ para o pleno das

secções cíveis previsto nos art.ºs. 763.º a 770.º.

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Tribunal da Relação

Os tribunais da Relação são, em regra, tribunais de 2.ª instância - cfr. art.º

47.º da LOFTJ26.

Funcionamento

Os tribunais da Relação compreendem secções em matéria cível, em matéria

penal e em matéria social e funcionam, sob a direcção de um presidente, em plenário e

por secções - cfr. art.ºs 51.º e 52. º da LOFTJ.

O julgamento nas secções é efectuado por três Juízes, cabendo a um Juiz as

funções de relator e aos outros, as de adjunto. –cfr. artºs 57.º e 37.º LOFTJ.

Competências

Ao presidente da Relação compete:

- Conhecer dos conflitos de competência cuja apreciação competia

anteriormente às secções – cfr. art.º 59.º n.º 2 da LOFTJ;

- Conhecer dos conflitos de competência cuja apreciação competia

anteriormente ao plenário – cfr. art.º 55.º da LOFTJ.

Às secções compete, segundo a sua especialização e de acordo com o art.º 56.º

da LOFTJ:

- Julgar recursos;

- Julgar as acções propostas contra juízes de direito e juízes militares de 1.ª

instância, procuradores da República e procuradores-adjuntos, por causa das suas

funções;

26 LOFTJ => Lei n.º 3/99, de 13 de Janeiro, com a redacção dada pela Declaração de Rectificação n.º 7/99, de 4 de Fevereiro, alterada pela Lei n.º 101/99, de 26 de Julho, pelos Decretos -Leis n.ºs 323/2001, de 17 de Dezembro, e 38/2003, de 8 de Março, pela Lei n.º 105/2003, de 10 de Dezembro, pelo Decreto -Lei n.º 53/2004, de 18 de Março, pela Lei n.º 42/2005, de 29 de Agosto e pelos Decretos-Leis n.ºs 76 -A/2006, de 29 de Março, 8/2007, de 17 de Janeiro, e 303/2007, de 24 de Agosto, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 99/2007, de 18 de Outubro.

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- Julgar processos por crimes cometidos pelos magistrados e Juízes militares

referidos na alínea anterior e recursos em matéria contra-ordenacional a eles

respeitantes;

- Julgar os processos Judiciais de cooperação judiciária internacional em

matéria penal;

- Julgar os processos de revisão e confirmação de sentença estrangeira, sem

prejuízo da competência legalmente atribuída a outros Tribunais;

- Conceder o exequatur às decisões proferidas pelos Tribunais eclesiásticos;

- Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos que lhe estejam

cometidos pela lei de processo;

- Praticar, nos termos da lei de processo, os actos jurisdicionais relativos ao

inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir despacho

de pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na alínea c);

- Exercer as demais competências conferidas por lei.

Espécies de processos (área cível)

No Tribunal da Relação existem as seguintes espécies (art.º 224.º):

1.ª- Apelações em processo ordinário e especial

São os recursos ordinários interpostos, em processos ordinários e especiais, das decisões

finais e dos despachos saneadores que, não pondo termo aos processos, decidam do mérito da

causa (cfr. art.º 691.º, n.º 1 e n.º 2-h), e os interpostos das decisões interlocutórias da 1.ª

instância (cfr. art.º 691.º, n.ºs 2, al.ªs a) a g) e i) e a n), 3 e 4).

2.ª - Apelações em processo sumário e sumaríssimo

São os recursos ordinários interpostos em processos sumários e sumaríssimos das

decisões finais e dos despachos saneadores que, não pondo termo aos processos, decidam do

mérito da causa (art.º 691.º, n.º 1 e n.º 2 al.ª h).

São igualmente apelações os recursos das decisões intercalares da 1ª instância previstas

nas alíneas a) a g) e I a n), bem como dos n.ºs 3 e 4 do art.º 691.º.

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No processo sumaríssimo, em geral, não é admissível recurso da sentença a não

ser por violação das regras de competência internacional ou em razão da matéria ou da

hierarquia, ou por ofensa do caso julgado (cfr. art.º 678.º, n.º 2).

3.ª -Recursos em processo penal;

4.ª - Conflitos e revisão de sentenças de tribunais estrangeiros;

Nesta espécie encontram-se os conflitos de jurisdição e competência previstos

nos art.ºs 115.º a 118.º CPC, os quais passam a ser resolvidos pelos Presidentes dos

tribunais superiores para que se recorre. Trata-se de matéria que deixa de estar afecta às

respectivas secções, ao pleno das secções ou ao plenário.

Uma sentença estrangeira, para ter efeitos executivos e de caso julgado em

Portugal, tem de ser revista e confirmada pelo Tribunal da Relação, nos termos

previstos nos art.ºs 1094.º a 1102.º CPC.

5.ª - Causa de que a Relação conhece em 1.ª instância

Nesta espécie de distribuição temos o “ exequatur”.

Por exemplo, de acordo com o n.º 1 do artigo 1626.º do Código Civil as decisões

dos tribunais e repartições eclesiásticas, quando definitivas, sobem ao Supremo

Tribunal da Assinatura Apostólica para verificação e são, depois, com os decretos

desse Tribunal, transmitidas por via diplomática ao tribunal da Relação territorialmente

competente, que as tornará executórias, independentemente de revisão e confirmação, e

mandará que sejam averbadas no registo civil.

Aos Tribunais Eclesiásticos compete, assim, decidir sobre a validade do

casamento canónico e a dispensa do casamento rato e não consumado.

O Tribunal da Relação conhece em primeira instância, entre outros, os seguintes

processos:

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Acção de indemnização contra magistrados prevista nos art.ºs 1083.º e

seguintes.

Perda de direito de asilo (art.º 39.º, n.º 2 da Lei n.º 15/98, de 26/3).

Pedido de escusa (art.º 126.º CPC).

RECURSO APELAÇÃO

TRAMITAÇÃO

Recebidos os autos no tribunal da Relação, procede-se à distribuição nos termos

dos art.ºs 209.º-A e 224.º, e o juiz a quem o processo for distribuído fica a ser o relator

(art.º 700.º, n.º 1).

Com a distribuição ficam também fixados os juízes adjuntos, segundo a ordem

de precedência, seguintes ao relator - cfr. art.ºs 700.º, n.º 2 do CPC e 37.º, n.º 2 e 57.º,

n.º 1 da LOFTJ.

Distribuído e autuado o processo, é o mesmo concluso ao relator para despacho

liminar, em que fará o saneamento de eventuais questões prejudiciais tais como, a

correcção do efeito e do modo de subida do recurso, ou a verificação de quaisquer

circunstâncias que obstem ao conhecimento do objecto do recurso (cfr. art.º 700.º, n.º

1-b), nomeadamente, por:

- A decisão não admitir recurso;

- Ilegitimidade das partes;

- Extemporaneidade do recurso;

- A decisão recorrida não é desfavorável ao recorrente em valor superior a

metade ao valor da alçada do tribunal de 1.ª instância;

- O recorrente não juntar as alegações com o requerimento, e/ou aquelas não

conterem conclusões.

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Entendendo não poder conhecer do objecto do recurso, o relator mandará notificar as

partes para se pronunciarem no prazo de 10 dias (cfr. art.º 704.º, n.º 1 do CPC), salvo se a

questão prejudicial tiver sido suscitada por uma das partes, caso em que apenas será ouvida a

contraparte que não haja tido oportunidade de se pronunciar (cfr. n.ºs 2 dos art.ºs 703.º e 704.º).

A decisão que não conheça do objecto do recurso é irrecorrível, apenas podendo ser

impugnada através de reclamação para a conferência – art.º 700.º, n.ºs 3 e 4.

Vejamos outras situações que podem ocorrer:

• Correcção do efeito atribuído ao recurso e ao modo de subida e convite

ao aperfeiçoamento das conclusões das alegações

Quanto ao erro no modo de subida

Se o recurso tiver subido em separado, quando devesse subir nos próprios

autos, o relator após proferir decisão, que é notificada às partes, requisita o processo ao

tribunal recorrido.

Recebido o processo na Relação, o caderno separado em que o recurso antes

subiu é incorporado naquele e o recurso é, daí em diante, tramitado nos próprios autos

do processo.

Decidindo o relator, inversamente, ou seja, que o recurso que subiu nos próprios

autos deveria ter subido em separado, o tribunal notifica as partes para indicarem as

peças processuais necessárias à instrução do recurso, as quais são autuadas com o

requerimento de interposição do recurso e com as alegações, formando um apenso e

baixando, em seguida, os autos principais à 1.ª instância. – cfr. art.º 702.º.

Quanto ao efeito do recurso

O relator pode entender que o efeito atribuído ao recurso pelo juiz do tribunal da

1.ª instância deve ser alterado, pelo que, antes de proferir uma decisão, poderá mandar

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notificar as partes para se pronunciarem em cinco dias - cfr. art.º 703.º, n.º 1 -, salvo se

já o tiverem feito (n.º 2).

Decidindo o relator que à apelação, recebida pelo juiz no tribunal “a quo” com

efeito meramente devolutivo, deveria ter sido atribuído o efeito suspensivo, o apelante

poderá, depois de notificado deste despacho, requerer, no prazo de 10 dias (art.º 153.º),

requerer a expedição dum ofício ao tribunal da 1.ª instância para ser suspensa a

execução, no qual se identificará a sentença em execução a suspender – cfr. art.º 703.º,

n.º 3.

Quando, ao invés, se julgue que a apelação, recebida nos dois efeitos, devia sê-

lo no efeito meramente devolutivo, o relator, a requerimento do apelado (a apresentar

no prazo de 10 dias a contar da notificação do despacho liminar), mandará extrair

traslado (a expensas do apelado) contendo o acórdão, a sentença recorrida e

eventualmente outras peças que forem indicadas, traslado que baixará à 1.ª instância a

fim de permitir ao apelado a instauração da respectiva acção executiva – cfr. art.ºs

703.º, n.º4 e 693.º e seguintes.27

• Aperfeiçoamento das conclusões das alegações Sendo o recorrente convidado a aperfeiçoar as conclusões das alegações no prazo de

cinco de cinco dias, nos termos do n.º 3 do art.º 685.º-A, o recorrido tem igual prazo (a contar

da notificação feita nos termos dos art.ºs 29.º-A e 260.º-A) para responder.

• Prolação de decisão sumária

27 “A norma reporta-se à situação em que a apelação tenha sido recebida ”nos dois efeitos”, o que à primeira vista, parece contrariar a alternativa antes suposta. Mas, como referem LEBRE DE FREITAS e RIBEIRO MENDES, CPC anot., vol. III, pág. 80, a tal segmento subjaz a constatação de que o “efeito suspensivo” também é “devolutivo”, na medida em que atribui a tribunal superior a tarefa de reapreciar a decisão. A alternativa a tal efeito suspensivo (e também devolutivo) é, assim, a atribuição de efeito “meramente devolutivo” (e por isso, não suspensivo da eficácia da decisão ou da tramitação do processo).” – Abrantes Geraldes, obra citada, nota de rodapé n.º 297, pág. 238.

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Se o relator entender que a questão a decidir é simples, designadamente por ter já

ter sido jurisdicionalmente apreciada, de modo uniforme e reiterado, profere então

decisão sumária, que pode consistir em simples remissão para as precedentes decisões,

de que se juntará cópia - cfr. art.º 705.º.

O relator pode igualmente concluir que o recurso é infundado.

Quer numa situação quer noutra, estamos no âmbito de uma decisão individual

proferida pelo relator, não influindo naturalmente nesta a opinião dos adjuntos. Desta

decisão não cabe recurso para o STJ, a não ser que sobre tal decisão haja impugnação,

caso em que será submetida à conferência (relator e dois adjuntos) de cujo acórdão

cabe recurso - cfr. art.º 700.º, n.ºs 2 e 3.

• Realização de diligências

Esta faculdade prende-se ao art.º 265.º, quanto aos poderes atribuídos ao relator

de direcção do processo, nesta fase (cfr. n.º 1 do art.º 700.º)..

Por exemplo, o relator pode determinar a renovação dos meios de prova nos

termos do n.º 3 do art.º 712.º, ou solicitar ao tribunal “a quo” qualquer certidão que não

tenha acompanhado o processo.

• Autorização ou recusa de junção de documentos e pareceres

A junção de documentos nesta fase do processo deve ser feita em conjunto com a

apresentação do requerimento de interposição de recurso e das alegações , competindo

ao juiz relator pronunciar-se sobre a sua admissibilidade ou rejeição - cfr. art.º 693.º-B.

• Apreciação de incidentes suscitados

Sobre esta matéria, tenha-se em atenção que os incidentes inominados seguem a

disciplina dos art.ºs 302.º a 304.º.

• Suspensão da instância

Estamos perante as situações previstas nos art.ºs 276.º a 279º do CPC.

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• Julgar extinta a instância por causa diversa do julgamento ou julgar

findo o recurso, por não haver que conhecer do seu objecto

Quanto à extinção da instância, os motivos pela qual a mesma se opera estão

reportados no art.º 287.º do CPC.

• Prosseguimento do recurso

Como já vimos, o relator para além de proferir despacho de aperfeiçoamento ou

julgar sumariamente o objecto do recurso, pode entender que o processo se encontra

em condições de prosseguir, ou seja, a seu ver não existem quaisquer circunstâncias

que obstem ao conhecimento do objecto do recurso.

O relator profere, então, despacho de admissão, o qual será depois notificado às

partes. Posteriormente, o processo volta ao relator, dispondo o mesmo do prazo de 30

dias para elaborar o projecto de acórdão (art.º 707.º, n.º 1), ordenando-se a inscrição

do processo em tabela.

Esta tabela, que é assinada pelo presidente do tribunal ou da secção, conforme o

caso, é dada publicidade através da afixação em local próprio do tribunal - cfr. art.ºs

43.º-b), 46.º, n.º 2, 54.º e 59.º, n.º 1 da LOFTJ.

Com a inscrição do processo em tabela, ou seja, com a indicação do dia que for

designado para julgamento, fica-se a saber qual a data correspondente à sessão anterior

à daquele dia, porque é na sessão anterior ao julgamento do recurso que o processo,

acompanhado com o projecto de acórdão, vai com vista simultânea, por meios

electrónicos, aos dois juízes-adjuntos, pelo prazo de cinco dias, ou, quando tal não for

tecnicamente possível, o relator ordena a extracção de cópias do projecto de acórdão e

das peças processuais relevantes para a apreciação do objecto da apelação. Se o volume

das peças relevantes tornar excessivamente morosa a extracção de cópias, o processo

vai com vista aos dois adjuntos, pelo prazo de cinco dias a cada um. O relator pode,

igualmente, dispensar os vistos aos adjuntos - cfr. art.º 707.º.

Havendo necessidade de inscrever um novo processo para julgamento, é

ordenado à secção o aditamento da tabela.

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No dia do julgamento, o relator começa por fazer uma apresentação sucinta do

projecto de acórdão e, de seguida, procede-se à votação seguindo-se a ordem de

intervenção no processo dos juízes-adjuntos – cfr. art.ºs 709.º, n.º 3 e 700.º, n.º 2.

A decisão tanto pode ser tomada por unanimidade, como por maioria. Há

unanimidade, quando todos os intervenientes (relator e adjuntos) têm o mesmo

sentido de voto na decisão que conduzirá ao acórdão definitivo, lavrado pelo juiz

relator – cfr. art.º 709.º, n.º 5. A decisão é tomada por maioria quando há dois votos

conformes contra um voto vencido, sendo que no caso de não ser possível formar-se

maioria entre os três, o presidente desempata - cfr. art.º 709.º, n.º 5.

Aos vícios e à reforma do acórdão aplicam-se as disposições dos art.ºs 666.º a

670.º (cfr. art.ºs 716.º a 718.º).

Se do acórdão não for interposto recurso, o processo baixa à 1.ª instância, sem

ficar na Relação qualquer traslado – art.º 719.º.

Do Tribunal da Relação para o Supremo Tribunal de Justiça

De acordo com o n.º 3 do art.º 700.º do CPC e, salvo o disposto no artigo 688.º

do C.P.C., quando a parte se considere prejudicada por qualquer despacho do relator,

que não seja de mero expediente, pode requerer que sobre a matéria do despacho recaia

um acórdão; o relator deve submeter o caso à conferência, depois de ouvida a parte

contrária.

O acórdão da conferência é susceptível de recurso nos termos previstos na

segunda parte do n.º 4 do artigo 721.º, que mais adiante analisaremos. Daqui se infere

que não cabe recurso das decisões individuais.

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REVISTA

De acordo com o estipulado no art.º 721 do CPC cabe recurso de revista para o

Supremo Tribunal de Justiça do acórdão da Relação proferido sobre a decisão do

tribunal de 1.ª instância que ponha termo ao processo de que coube recurso de

apelação, e do despacho saneador que, sem pôr termo ao processo, decida do

mérito da causa.

Prazo para a interposição de recurso

É de 30 dias o prazo para a interposição do recurso, contado a partir da

notificação da decisão às partes pelo Tribunal - cfr. art.º 721.º, n.º 1 ex vi do art.º 685.º,

n.º 1.

Efeito do recurso

Em regra, o recurso tem efeito devolutivo, à excepção das acções sobre o estado

de pessoas em que tem efeito suspensivo - cfr. art.º 723.º, n.º 1.

Modo de subida

Nuns casos sobe nos próprios autos, enquanto noutros sobre em separado, nos

termos previstos no art.º 722.º-A.

Vícios e reforma do acórdão

Tal como acontece na 1.ª instância, em que as decisões proferidas são

susceptíveis de serem rectificadas ou reformadas de acordo nos termos dos art.ºs 666.º

a 670.º, também os acórdãos proferidos na Relação estão sujeitos às mesmas regras -

art.º 716.º.

Também aqui, importa saber se o acórdão admite ou não recurso de revista. No

caso de admitir, a parte terá de interpor recurso e suscitar a questão na sua alegação.

Se, ao invés, o acórdão não admitir recurso, o meio de reacção será através de

requerimento dirigido ao juiz conselheiro que submetê-lo-á à conferência.

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Se na sequência das questões levantadas (reforma, rectificação ou aclaração) a

parte persistir em apresentar reclamações e levante sistematicamente incidentes no

sentido de impedir o trânsito em julgado da decisão, o Relator em conferência ordena

que seja cumprido o disposto no art.º 720.º do CPC, baixando os autos à 1ª Instância,

ficando na Relação o incidente autuado por apenso à acção respectiva, a qual transita,

ficando a aguardar a decisão deste incidente nos termos da parte final do art.º 720.º n.º

2.

Tramitação

- O prazo para interposição do recurso é de 30 dias, após notificação do

acórdão da Relação;

− Junção do requerimento de interposição de recurso que deve ser

acompanhado das alegações, devendo o recorrente indicar a espécie, o efeito e o modo

de subida do recurso28,

- Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo apresentar comprovativo no tribunal da notificação

efectuada (art.ºs 229.º- A e 260.º - A do C.P.C.)29

- Junção das alegações do recorrido, com o documento comprovativo do prévio

pagamento da taxa de justiça inicial; as contra-alegações são notificadas pelo

mandatário do recorrido ao mandatário do recorrente, devendo aquele apresentar o

respectivo comprovativo

− Conclusão e despacho;

− Remessa do processo ao STJ.

2- Quanto aos acórdãos interlocutórios ou intercalares temos três normas:

2.1- Os acórdãos interlocutórios proferidos na pendência do processo na

Relação que acompanham o recurso de revista.

28 No recurso de revista excepcional (art.º 721.º - A) e no recurso para uniformização de jurisprudência (art.º 763.º), devem ser indicados os motivos que devem levar o tribunal a admiti-los. 29 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2.

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Estamos assim, perante acórdãos interlocutórios proferidos pela Relação, que não

são recorríveis autonomamente, ou seja, são acórdãos que acompanham os recursos

proferidos no âmbito de apelações de decisões da 1ª instância que ponham termo ao

processo e apelações de despachos saneadores que sem pôr termo ao processo decidam

do mérito da causa. Exceptuam esta regra as hipóteses previstas nas alíneas a) a c) do

n.º 2 do art. 721.º,que mais adiante falaremos.

Em resumo, são acórdãos, cuja interposição de recurso ocorre

conjuntamente com a interposição de recurso do acórdão final.

Prazo para a interposição de recurso

O prazo para a interposição do recurso é de 30 dias contados a partir da

notificação do acórdão “final “ às partes. Devemos ter em conta que nesta situação o

requerimento de interposição de recurso abrange para além das decisões previstas no

n.º 1 do art.º 721.º , os acórdãos interlocutórios que a parte pretende impugnar em

conjunto com aquelas.

Modo de subida:

O recurso destas decisões acompanha o recurso das decisões finais, por isso, a

subida é nos próprios autos.

Efeito da interposição do recurso:

Por regra, efeito meramente devolutivo, mesmo nos casos em que o recurso da

decisão final tenha efeito suspensivo, esse efeito não se comunica à decisão

interlocutória impugnada conjuntamente com a decisão final.

Tramitação

- O prazo para interposição do recurso “cola-se” ao prazo de 30 dias previsto no

ponto 1, após notificação do acórdão “final”;

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− Junção do requerimento de interposição de recurso que deve ser

acompanhado das alegações, devendo o recorrente indicar a espécie, o efeito e o modo

de subida do recurso,

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo apresentar comprovativo no tribunal da notificação

efectuada (art.ºs 229.º- A e 260.º - A do C.P.C.)30

− Junção das alegações do recorrido, com o documento comprovativo do prévio

pagamento da taxa de justiça inicial;

− Conclusão e despacho;

− Remessa do processo ao STJ.

2.2- Os acórdãos interlocutórios proferidos na pendência do processo que

são “autónomos”.

A lei prevê a possibilidade situações de excepção, ou seja, prevê a hipótese de

haver recursos de acórdãos interlocutórios que não precisam acompanhar recursos de

acórdãos proferidos no âmbito de apelações que tenham posto termo ao processo e

acórdãos que incidiram sobre despachos saneadores que, sem pôr termo ao processo,

decida do mérito da causa.

Essas situações de excepção são (art.º 721.º, n.º2):

a) Dos acórdãos proferidos sobre incompetência relativa da Relação;

b) Dos acórdãos cuja impugnação com o recurso de revista seria absolutamente

inútil;

c) Dos demais casos expressamente previstos na lei, como por exemplo o

estipulado nos art.º 123 - n.º 5 e 124.º - n.º 5 do CPC.

30 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2.

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Prazo para a interposição de recurso

São recursos de revista “autónomos” e o prazo para interposição dos mesmos é

de 15 dias, contados a partir da notificação da decisão às partes pelo Tribunal. - cfr.

artº 724 nº 1 do CPC.

Efeito da interposição do recurso

Efeito meramente devolutivo – art. 723.º-n.º 1 a contrario.

Modo de subida:

O recurso destas decisões tem subida em separado. – cfr. art.º 722º-A, n.º 2.

Tramitação

− Junção do requerimento de interposição de recurso que deve ser

acompanhado das alegações, devendo o recorrente indicar a espécie, o efeito e o modo

de subida do recurso;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo apresentar comprovativo no tribunal da notificação

efectuada (art.ºs 229.º- A e 260.º - A do C.P.C.)31

− Junção das alegações do recorrido no prazo de 15 dias, com o documento

comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do

recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da

notificação efectuada (artºs 229º- A e 260º - A do C.P.C.)

− Conclusão e despacho;

− Remessa do apenso ao STJ.

31 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2.

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2.3. Os acórdãos interlocutórios proferidos na pendência do processo

quando não há ou é inadmissível recurso de revista, de decisões da 1ª Instância que

tenham posto termo ao processo e acórdãos que incidiram sobre despachos saneadores

que, sem pôr termo ao processo, decidam do mérito da causa e que também são

autónomos.

Se não houver ou não for admissível recurso de revista das decisões previstas

no n.º 1, os acórdãos proferidos na pendência do processo na Relação podem ser

impugnados, caso tenham interesse para o recorrente independentemente daquela

decisão, num recurso único a interpor após o trânsito em julgado daquela decisão,

no prazo de 15 dias após o referido trânsito”.

Prazo para a interposição de recurso O recurso é interposto no prazo de 15 dias após o termo do prazo de 30 dias que

a lei estipula para interposição de recurso do acórdãos – cfr. 721.º n.º 4

Efeito da interposição do recurso

Efeito meramente devolutivo – art.º 723.º, n.º 1 a contrario.

Modo de subida

O recurso destas decisões tem subida em separado. – cfr. art.º 722.º-A, n.º 2.

Tramitação (cfr.a tramitação da apelação em separado)

− Junção do requerimento de interposição de recurso que deve ser

acompanhado das alegações, devendo o recorrente indicar a espécie, o efeito e o modo

de subida do recurso;

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− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo apresentar comprovativo no tribunal da notificação

efectuada (art.ºs 229.º-A e 260.º-A do C.P.C.)32

− Junção das alegações do recorrido no prazo de 15 dias, com o documento

comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do

recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da

notificação efectuada (artºs 229º- A e 260º - A do C.P.C.)

− Conclusão e despacho;

- Remessa do apenso ao STJ.

a) Suspensivo em questões sobre o estado de pessoas (art.º 723.º, n.º 1). b) Excepção à “dupla conforme” (art.º 721.º, n.º 3) em que não é admitida revista do acórdão da

Relação, salvo nas 3 situações previstas no art.º 721.º-A, n.º 1. c) Ainda que a decisão final possa ter efeito suspensivo, este terá sempre efeito devolutivo.

32 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2.

ACÓRDÃO RECORRIDO E

RECURSO DE REVISTA

PRAZO DE INTERPOSIÇÃO E RESPOSTA

SUBIDA EFEITO

Proferido ao abrigo de decisão que ponha termo ao processo (art.ºs 721.º/1 + 691.º/1)

30 dias (art.º 685.º/1)

Nos autos art.º 722.º-A

Devolutivo a/b)art.º 723.º/1

Proferido ao abrigo do despacho saneador que, sem por termo ao

processo, decida do mérito da causa (art.ºs 721.º/1 + 691.º/2-h)

30 dias (art.º 685.º/1)

Nos autos art.º 722.º-A

Devolutivo a/b)art.º 723.º/1

Proferido sobre a incompetência relativa da Relação (art.º 721.º, n.º 2-a)

15 dias (art.º 724.º/1)

Separado art.º 722.º-A

Devolutivo art.º 723.º/1

Acórdãos cuja impugnação com o recurso de revista seria inútil

(art.º 721.º, n.º 2-b)

15 dias (art.º 724.º/1)

Separado art.º 722.º-A

Devolutivo art.º 723.º/1

Demais casos previstos na lei (art.º 721.º, n.º 2-c)

15 dias (art.º 724.º/1)

Separado art.º 722.º-A

Devolutivo art.º 723.º/1

Acórdãos intercalares ao abrigo do art.º 721.º/3 30/15 dias Separado

ou nos autos Devolutivo c)

Acórdãos intercalares ao abrigo do art.º 721.º/4

15 dias art.º 721.º/4

Separado art.º 722.º-A

Devolutivo art.º 723.º/1

Processos urgentes (art.º 724.º/1)

15 dias art.º 724.º/1

Separado art.º 722.º-A

Devolutivo art.º 723.º/1

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3- Decisões de que não cabe recurso de revista

Até aqui falámos dos acórdãos, quer finais quer intercalares dos quais cabe

recurso de revista.

Contudo existem situações onde a lei veda a admissibilidade do recurso de

revista, são elas:

3.1- Os acórdãos interlocutórios proferidos na pendência do processo que

acompanham o recurso de decisões da 1ª Instância que tenham posto termo e

acórdãos que incidiram sobre despachos saneadores que, sem pôr termo ao processo,

decidam do mérito da causa. Nestas situações, ou seja, das decisões intercalares da 1ª

instância que acompanham o recurso de apelação nos termos do n.º 3 do art.º 691.º, a

lei veda a possibilidade de haver recurso de revista – cfr. 721.º n.º 5.

3.2- Das decisões proferidas na Relação no âmbito do art.º 712.º do C.P.C.,

também não é admissível recurso de revista. - cfr. 712.º n.º 6.

3.3 -Não é admitida revista do acórdão da Relação que confirme, sem voto de

vencido e ainda que por diferente fundamento, a decisão proferida na 1.ª instância

(dupla conforme), salvo nas situações a seguir descritas e que se integram na:

Revista Excepcional (art.º 721.º-A, n.º1)

- Quando esteja em causa uma questão cuja apreciação, pela sua relevância

jurídica, seja claramente necessária para uma melhor aplicação do direito; 33

- Quando estejam em causa interesses de particular relevância social; 34

- Quando o acórdão da Relação esteja em contradição com outro, já

transitado em julgado, proferido por qualquer Relação ou pelo Supremo Tribunal de

Justiça, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de

33 Por exemplo a necessidade de existência de legislação nova. 34 Por exemplo acções ligadas ao ambiente, saúde e património histórico.

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direito, salvo se tiver sido proferido acórdão de uniformização de jurisprudência com

ele conforme.

Como acabámos de referir, estas três situações de excepção são as contempladas

no art.º 721-A do CPC, e que a lei prevê haver recurso de revista excepcional

independentemente de serem decisões que não estejam abrangidas pela regra da dupla

conforme. Todas elas são excepções à regra de irrecorribilidade em situações de

dupla conforme.

No que diz respeito ao recurso de revista excepcional, este tipo de recurso tem

uma especificidade própria. Quando a parte recorre deve indicar na sua alegação, sob

pena imediata de rejeição do recurso, as razões que em seu entender são fundamento

para a revista excepcional. Assim, conforme os casos, deve mencionar de forma clara

e objectiva quais as razões que no seu entender a apreciação da questão é necessária

para uma melhor aplicação do direito, as razões pelas quais os interesses de particular

relevância social ou ainda quais as razões de identidade que determinam a contradição

do acórdão recorrido com outro já transitado em julgado quer na Relação quer no STJ -

cfr. 684.º-B e 685.º-C, n.ºs 1 e 2.

Prazo para a interposição de recurso O recurso é interposto no prazo de 30 dias – cfr. 685.º n.º 1.

Efeito da interposição do recurso

A regra é o efeito devolutivo. - cfr. 723.º n.º 1.

Modo de subida

Nos próprios autos. - cfr. 722.º - A n.º 1

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Tramitação

− Junção do requerimento de interposição de recurso que deve ser

acompanhado das alegações, devendo o recorrente indicar a espécie, o efeito e o modo

de subida do recurso, bem como as razões da revista excepcional;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo apresentar comprovativo no tribunal da notificação

efectuada (art.ºs 229.º- A e 260.º - A do C.P.C)35.

− Junção das alegações do recorrido no prazo de 30 dias, com o documento

comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do

recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da

notificação efectuada (art.ºs 229.º-A e 260.º-A do CPC)

− Conclusão e despacho;

− Remessa do processo ao STJ.

35 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2.

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3.4- Não podem ser objecto de recurso de revista as decisões interlocutórias

impugnadas com a sentença final nos termos do disposto no nº3 do artº 691º do CPC,

ou seja, as decisões proferidas pelo tribunal de 1.ª instância que são impugnadas no

recurso que é interposto da decisão final ou do despacho previsto na alínea l) do n.º 2

do art.º 691 do CPC. (despacho que se pronuncie quanto à concessão da providência

cautelar)-art.º 721.º - n.º 5.

REVISTA EXECPCIONAL art.º 721-A

Requerimento + alegações

Contra-alegações

Relator

Rejeição do recurso- falta pressupostos gerais;- falta fundamentos;- falta alegações ou conclusões

Recebimento do recursoRemessa ao STJ

STJ

Apreciação preliminarsumária - art.º 721.º/3

Admissão do recurso

Tramitação comorecurso revista

"normal", pelo relator

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Supremo Tribunal de Justiça

Definição

O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão superior da hierarquia dos Tribunais

Judiciais, sem prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional – cfr. art.º

25.º da LOFTJ.

Funcionamento

De acordo com o art.º 28.º LOFTJ:

- O Supremo Tribunal de Justiça funciona, sob a direcção de um presidente,

em plenário do Tribunal, em pleno das secções especializadas e por secções.

- O plenário do Tribunal é constituído por todos os Juízes que compõem as

secções e só pode funcionar com a presença de, pelo menos, três quartos dos Juízes em

exercício.

- Ao pleno das secções especializadas ou das respectivas secções conjuntas é

aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto no número anterior.

- Os Juízes tomam assento alternadamente à direita e à esquerda do Presidente,

segundo a ordem de antiguidade.

Competência

De acordo com o art.º 33.º da LOFJT:

Compete ao Supremo Tribunal de Justiça, funcionando em plenário:

- Julgar os recursos de decisões proferidas pelo pleno das secções criminais;

- Exercer as demais competências conferidas por lei.

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Competência do Presidente do STJ

De acordo com o art.º 43.º da LOFTJ:

a) Presidir ao plenário do Tribunal, ao pleno das secções especializadas e,

quando a elas assista, às conferências;

b) Homologar as tabelas das sessões ordinárias e convocar as sessões

extraordinárias;

c) Apurar o vencido nas conferências;

d) Votar sempre que a lei o determine, assinando, neste caso, o acórdão;

e) Dar posse aos vice- presidentes, aos Juízes, ao secretário do Tribunal e aos

presidentes dos Tribunais da Relação;

f) Orientar superiormente os serviços da secretaria judicial;

g) Exercer acção disciplinar sobre os funcionários de justiça em serviço no

Tribunal, relativamente a penas de gravidade inferior à de multa;

h) Exercer as demais funções conferidas por lei.

2- Das decisões proferidas nos termos da alínea g) do número anterior cabe

reclamação para o plenário do Conselho Superior da Magistratura.

3 - Compete ainda ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça conhecer dos

conflitos de jurisdição cuja apreciação não pertença ao tribunal de conflitos e, ainda,

dos conflitos de competência que ocorram entre:

a) Os plenos das secções;

b) As secções;

c) Os tribunais da Relação;

d) Os tribunais da Relação e os tribunais de 1.ª instância;

e) Os tribunais de 1.ª instância de diferentes distritos judiciais ou sediados na

área de diferentes tribunais da Relação.

4 - A competência referida no número anterior é delegável nos vice- presidentes.

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Competência do Presidente de secção

1 - Cada secção é presidida pelo mais antigo na categoria dos seus Juízes.

2 - Compete ao presidente de secção presidir às secções e exercer, com as devidas

adaptações, as funções referidas nas alíneas b), c) e d) do n.º 1 do artigo 43.º.

Compete às secções cíveis

As secções cíveis julgam as causas que não estejam atribuídas a outras secções,

as secções criminais julgam as causas de natureza penal e as secções sociais julgam as

causas referidas no artigo 85.º -cfr. art.º. 34 LOFJT

Compete do pleno das secções

a) Julgar o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o

Primeiro-Ministro pelos crimes praticados no exercício das suas funções;

b) Julgar os recursos de decisões proferidas em 1.ª instância pelas secções;

c) Uniformizar a jurisprudência, nos termos da lei de processo.

Competência das secções

a) Julgar os recursos que não sejam da competência do pleno das secções

especializadas;

b) Julgar processos por crimes cometidos por Juízes do Supremo Tribunal de

Justiça e dos Tribunais da Relação e magistrados do Ministério Público que exerçam

funções junto destes Tribunais, ou equiparados, e recursos em matéria contra-

ordenacional a eles respeitantes;

c) Julgar as acções propostas contra Juízes do Supremo Tribunal de Justiça e dos

Tribunais da Relação e magistrados do Ministério Público que exerçam funções junto

destes Tribunais, ou equiparados, por causa das suas funções;

d) Revogado pelo Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto;

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e) Revogado pelo Decreto-Lei n.º 303/2007, de 24 de Agosto;

f) Conhecer dos pedidos de habeas corpus, em virtude de prisão ilegal.

g) Conhecer dos pedidos de revisão de sentenças penais, decretar a anulação de

penas inconciliáveis e suspender a execução das penas quando decretada a revisão;

h) Decidir sobre o pedido de atribuição de competência a outro Tribunal da

mesma espécie e hierarquia, nos casos de obstrução ao exercício da jurisdição pelo

Tribunal competente;

i) Julgar, por intermédio do relator, os termos dos recursos a este cometidos pela

lei de processo;

j) Praticar, nos termos da lei de processo, os actos jurisdicionais relativos ao

inquérito, dirigir a instrução criminal, presidir ao debate instrutório e proferir despacho

de pronúncia ou não pronúncia nos processos referidos na alínea a) do n.º 1 do artigo

anterior e na alínea b) do presente artigo;

l) Exercer as demais competências conferidas por lei.

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O regime dos recursos para o STJ sofreu de igual modo, com a entrada em vigor

do Decreto-Lei n.º 303/2007, alterações relevantes.

As soluções legislativas, que a nosso ver transporta a marca da inovação para

este novo regime recursório, e de que já demos conta, é o regime do recurso de revista

e a “dupla conforme”.

No regime pretérito a parte podia recorrer até ao STJ, mesmo quando existiam

por exemplo duas decisões convergentes: a decisão do Tribunal da 1.ª Instância e a

decisão da Relação.

Com a entrada em vigor do novo regime recursório assiste-se a uma

racionalização no acesso ao STJ, no sentido de não ser possível recorrer até àquele

Tribunal, sempre que uma decisão da Relação confirme uma decisão da 1ª instância ,e

na decisão tomada n Relação não haja voto vencido.

Esta regra de não admissão do recurso de revista do acórdão da Relação que

confirma, sem voto vencido a decisão proferida na 1ª instância é a dupla conforme.

Contudo, a lei prevê algumas excepções a esta regra. Mais adiante iremos nos debruçar

sobre elas.

Para além da norma impeditiva de admissibilidade de recurso de revista de

acórdãos do tribunal da Relação para o Supremo Tribunal de Justiça, existe uma outra

condição, que é a de o valor da causa ter de ser superior ao valor da alçada do tribunal

da Relação (artigos 678º, nº 1, do Código de Processo Civil).

Nos recursos para o STJ, não há lugar ao acréscimo do prazo de mais 10 dias

para alegar e contra- alegar, previsto no art.º 685 nº 7 do CPC., pois o recurso para o

STJ não pode ter como fundamento a reapreciação da prova gravada.

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No Supremo Tribunal de Justiça existem as seguintes espécies:

1.ª Revistas;

São os recursos interpostos dos acórdãos do Tribunal da Relação sobre decisões

da 1ª instância que tenham posto termo ao processo e acórdãos que incidiram sobre

despachos saneadores, que sem terem posto termo ao processo, tenham decidido do

mérito da causa.

São, também os recursos interpostos das decisões intercalares previstas nos

n.ºs 2 e 4 do art.º 721.º, que mais adiante iremos abordar.

2.ª Recursos em processo penal;

3.ª Conflitos;

Nesta espécie de distribuição encontram-se os conflitos de jurisdição e

competência previstos nos art.ºs 116.º a 118.º, e que de acordo com a alteração

introduzida pelo Dec. - Lei 303/2007, passam a ser resolvidos pelos Presidentes dos

Tribunais Superiores e neste caso, pelo Presidente do STJ. Esta matéria deixa de estar

afecta às respectivas secções, ao pleno das secções ou ao plenário.

4.ª Apelações;

São os recursos interpostos dos acórdãos que o tribunal da Relação conhece em

1ª Instância, como por exemplo acção de indemnização contra Magistrados.

Cabe também nesta espécie de distribuição o recurso “Per saltum”, que é o

recurso interposto das decisões da 1.ª instância que sobe directamente para o STJ.

5.ª Causas de que o tribunal conhece em única instância.

Sempre que os Magistrados Judiciais ou os Funcionários de Justiça não

concordem com avaliação do seu desempenho funcional atribuídos pelos respectivos

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inspectores, bem como, as sanções disciplinares que estão acometidos, e, haja recurso

contencioso vindo do Conselho Superior Magistratura.

Exemplo: A interposição recurso contencioso feita por oficial de justiça, de

acórdão proferido pelo Plenário do Conselho Superior da Magistratura, que nega

provimento ao recurso hierárquico apresentado da deliberação do COJ e que apreciou o

desempenho funcional do oficial de justiça com uma notação inferior aquela que o

funcionário acharia a justa e adequada.

Já no que diz respeito aos Magistrados e de acordo com os art.ºs 164.º e 165.º do

Estatuto dos Magistrados Judiciais, pode reclamar ou recorrer quem tiver interesse

directo, pessoal e legítimo na anulação da deliberação ou da decisão tomada pelo

Conselho Superior da Magistratura.

Das deliberações do Conselho Permanente reclama-se para o Plenário do

Conselho.

Das decisões do presidente, do vice-presidente ou dos vogais do Conselho

Superior da Magistratura reclama-se para o plenário do Conselho. Das deliberações do

Conselho Superior da Magistratura recorre-se para o Supremo Tribunal de Justiça.

À semelhança do que acontece no Tribunal de Relação, quando o recurso é

recebido no STJ, o mesmo fica sujeito às regras da distribuição, a qual obedece às

normas estipuladas no art.º 209º - A, conjugadas com os artºs 225º a 227º. O recurso é

distribuído a um juiz conselheiro que fica sendo o relator.

A REVISTA no STJ

Já analisamos a tramitação da interposição do recurso de revista no tribunal da

Relação. Vejamos agora como se processa no STJ.

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Recebido o processo no STJ, há que proceder à respectiva distribuição, com este

acto, fica-se a saber qual o Juiz Conselheiro a quem é afecto o processo, passando a ser

o relator do processo.

Com a indicação do relator são igualmente seleccionados dois Juízes

conselheiros (são os dois Juízes seguintes ao relator na escala de antiguidade na secção

a que todos pertencem) cfr. 700.º nº 2 do CPC e art.ºs 37.º n.º2 da LOFTJ.

Assim, depois de distribuído e autuado o processo, a secção abre conclusão ao

respectivo Juiz Conselheiro.

Depois de examinados os autos e à semelhança do que está previsto para a

apelação, por força do disposto no art.º 726.º, o Juiz Conselheiro pode:

• Proferir decisão sumária.

• Não conhecer do objecto do recurso

Se entender que o recurso não deveria subir ou tão pouco ser apreciado pelo STJ,

convida as partes no prazo de 10 dias a pronunciarem-se sobre a sua admissibilidade. .- cfr.

art.º 704.º do CPC.

• Aperfeiçoamento das conclusões das alegações

Pode ainda convidar as partes a aperfeiçoarem as suas conclusões das alegações

apresentadas na Relação (art.º 700.º n.º 1, alínea a), parte final), e caso entenda que o

recurso não será de admitir, profere decisão sumária nos termos do art.º 705.º do CPC.

• Manter recurso

O Juiz Conselheiro, após apreciação liminar do recurso e não havendo motivos

para a sua rejeição, profere decisão de admissão do mesmo, dispondo do prazo de 30

dias para elaborar o projecto de acórdão.

Decorrido o prazo para Juiz Conselheiro elaborar o projecto de acórdão, o

processo é inscrito em tabela para o julgamento - cfr. 709.º.

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Têm-se entendido que a inscrição do processo para julgamento, precede uma

decisão do Juiz Conselheiro.

A inscrição do processo em tabela tem publicidade e está disponível, para

consulta, na página electrónica do Supremo Tribunal de Justiça em “ www.stj.pt”, no

item “tabela de sessões” .

Na sessão anterior ao julgamento do recurso, o processo, acompanhado com o

projecto de acórdão, vai com vista simultânea, por meios electrónicos, aos dois juízes-

adjuntos, pelo prazo de cinco dias, ou, quando tal não for tecnicamente possível, o

relator ordena a extracção de cópias do projecto de acórdão e das peças processuais

relevantes para a apreciação do objecto da revista. O relator pode dispensar os vistos

aos Conselheiros adjuntos – cfr. art.º 707.º.

Após a inscrição em tabela nos termos do art.º 709.º, n.ºs 1 e 2, o julgamento

realiza-se nos termos do art.º 709.º n.º 3 do CPC e a decisão é tomada por maioria dos

Juízes (quando os autos são inscritos em tabela são então as partes que alegaram na

Relação notificadas para efectuarem o pagamento da taxa de justiça subsequente (art.º

26.º n.º 1 al. b) do CCJ).

De acordo com o preceituado no art.º 727.º-A CPC, o relator pode, oficiosamente

ou através de requerimento fundamentado de alguma das partes, determinar a

realização de audiência para discussão do objecto do recurso permitindo aos

mandatários das partes efectuar alegações orais.

Após ser proferido acórdão, nos termos do art.º 713.º do CPC, é o mesmo

registado em livro próprio e notificado às partes aguardando-se o prazo para o trânsito

em julgado.

O resultado do acórdão é igualmente divulgado na página informática do

Supremo Tribunal de Justiça www.stj.pt”, na parte “tabela de sessões”

Se, no momento da elaboração do acórdão, o relator ficar vencido será o acórdão

lavrado pelo 1.º adjunto vencedor (cfr. art.º 713.º n.º 3).

Notificado o acórdão, podem as partes, no prazo geral de 10 dias, requerer

alguma rectificação, aclaração ou reforma do acórdão, aplicáveis por força dos art.ºs

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666.º a 670.º, sendo as mesmas questões decididas em conferência (logo, o Relator irá

pronunciar-se sobre as questões levantadas pela parte, e o processamento é igual para a

inscrição dos autos em tabela, com prévia entrega do projecto da decisão sobre a

questão, aos adjuntos que intervieram no acórdão) – conforme dispõe o art.º 716.º n.º 2

e art.º 732.º.

Se não for levantada qualquer uma das situações referidas anteriormente e após

trânsito, os autos baixam à 1.ª Instância nos termos do art.º 719.º.

Julgamento ampliado de revista – art.ºs 732.º-A e 732.º-B

O julgamento ampliado de revista é definido por Abrantes Geraldes, obra citada,

pág.404, como “.....uma forma mais solene de apreciar um determinado caso,

convocando para a decisão não apenas a formação que normalmente integra o

colectivo, mas todos os juízes que desempenham funções nas secções cíveis do

Supremo”.

A função do julgamento ampliado de revista é permitir que sobre uma

determinada questão haja uniformização na interpretação da lei, e consequentemente

que sobre ela recaia um acórdão e que este oriente na - uniformização de

jurisprudência.

Enquanto o recurso de revista é julgado por três juízes conselheiros (relator e

dois adjuntos), no julgamento ampliado de revista intervém o pleno das secções cíveis

do Supremo, composto por todos os juízes das secções cíveis.

Este julgamento alargado tanto pode ser requerido por qualquer das partes, como

pelo Ministério Público, devendo fazê-lo até ao início do prazo que o relator dispõe

para proferir o acórdão. A lei permite, ainda, que o mesmo possa ter lugar por sugestão

do relator ou pelos adjuntos e é obrigatoriamente proposto por estes sempre que se

verifique a possibilidade de vencimento de solução jurídica que esteja em oposição

com jurisprudência uniformizada, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma

questão fundamental de direito - cfr. art.º 732.º-A.

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O requerimento é dirigido ao Presidente do STJ.

Determinado o julgamento pelas secções reunidas, o processo vai com vista ao

Ministério Público, por 10 dias, para emissão de parecer sobre a questão que origina a

necessidade de uniformização da jurisprudência.

Se a decisão a proferir envolver alteração de jurisprudência anteriormente

uniformizada, o relator ouve previamente as partes caso estas não tenham tido

oportunidade de se pronunciar sobre o julgamento alargado, sendo aplicável o disposto

no artigo 727.º-A.

Após a audição das partes, o processo vai com vista simultânea a cada um dos

juízes que devam intervir no julgamento, aplicando-se o disposto nos n.ºs 2 e 3 do

artigo 707.º.

O acórdão proferido sobre o objecto da revista é publicado na 1.ª série do Diário

da República (art.º 732.º-B, n.º 5).

Tramitação

- Junção do requerimento de interposição de recurso acompanhado das

alegações, contendo estas o pedido do julgamento ampliado de revista (cfr. art.º 684.º-

B, n.º 2) ou em requerimento autónomo até ao início do prazo para o relator elaborar o

projecto de acórdão – cfr. art.º 732.º, n.º 1.

- Conclusão ao Presidente do STJ, podendo a sua decisão ser de:

- Não recebimento do pedido - a secretaria após notificação da

mesma aos mandatários das partes, conclui novamente o

processo ao relator, dispondo este de 30 dias para elaboração do

acórdão.

- Recebimento do pedido, sendo que, neste particular, podem

ocorrer duas situações:

- Ou o Supremo já anteriormente uniformizou jurisprudência na questão

em apreciação e pretende agora confirmar ou revogar o anteriormente

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decidido, podendo a questão nunca ter sido abordada e a deliberação ir

no sentido da necessidade da existência de acórdão uniformizador.

• Ordenado julgamento de recurso, o processo vai com vista ao Ministério

Público por 10 dias, para emissão de parecer, sobre a questão que determinou a

necessidade de jurisprudência -cfr.732.º-B n.º1.

• Notificações das partes que não tenham tido oportunidade de se pronunciar

sobre o julgamento alargado, para comparecerem no tribunal no dia designado para o

efeito. A audição das mesmas é efectuada de acordo com o previsto no art.º 727.º A, ou

seja, no dia designado o tribunal procede à audição e discussão oral das questões que

entende deverem ser discutidas.

• Decorrido o prazo para Juiz Conselheiro elaborar o projecto de acórdãos, o

processo é inscrito em tabela para o julgamento..- cfr. 709.º.

A inscrição do processo em tabela tem publicidade e está disponível no site do

Supremo Tribunal de Justiça em “ www.stj.pt”, na parte “tabela de sessões”

• Na sessão anterior ao julgamento do recurso, o processo, acompanhado com o

projecto de acórdão, vai com vista simultânea, por meios electrónicos, aos Juízes

conselheiros que integram o pleno das secções cíveis, pelo prazo de cinco dias, ou,

quando tal não for tecnicamente possível, o relator ordena a extracção de cópias do

projecto de acórdão e das peças processuais relevantes para a apreciação do objecto do

recurso cfr.- art.º 732.º- B n.º 3.

• O julgamento só se realiza com a presença de, pelo menos, três quartos dos

juízes em exercício nas secções cíveis.

• O acórdão proferido pelas secções reunidas sobre o objecto da revista é

publicado na 1.ª série do Diário da República.

• O acórdão proferido é registado no livro de registo de acórdãos competente e é

notificado às partes.

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Recurso Per Saltum – art.º 725.º

Para poder haver recurso de uma decisão da 1ª instância directamente para o STJ,

a lei prevê que tal situação só possa ocorrer se:

• A decisão recorrida haja posto fim ao processo ou seja um despacho saneador

que sem por fim ao processo decida do mérito da causa, desde que, cumulativamente:

a) O valor da causa seja superior à alçada da relação;

b) O valor da sucumbência seja superior a metade da alçada da relação;

c) As alegações e contra-alegações só podem suscitar questões de direito;

d) Não pode haver impugnação de quaisquer decisões interlocutórias

conjuntamente com a decisão prevista no art.º 691.º - n.º 1.

Após conclusão do processo ao relator a sua decisão pode ser orientada em dois

sentidos:

• Admissão do recurso, ordenando o seu processamento como revista, excepto

no que concerne aos efeitos de subida ao qual se aplica o regime disposto para a

apelação;

• Indeferimento do recurso por o mesmo não preencher os requisitos definidos

no art.º 725.º n.º 1 al. a) a d) e, em consequência, ordenar a remessa do processo ao

Tribunal da Relação, para aí ser julgado como apelação.

Se o requerimento for apresentado pelo recorrente, o mandatário do recorrido

pronuncia-se nas contra-alegações. Se inversamente, for o recorrido a suscitar a

questão nas contra-alegações, a lei prevê que o mandatário do recorrente, notificado

que seja das mesmas, dispõe do prazo de 10 dias para se pronunciar - cfr. art.º 725.º, n.º

2.

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RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS

Como já referido anteriormente, os recursos extraordinários são os que podem ser interpostos

após o trânsito das decisões.

Recurso para “uniformização de jurisprudência”.

Regra geral as decisões proferidas pelo STJ são irrecorríveis.

Contudo com a entrada em vigor do Decreto-Lei 303/2007, de 24 de Agosto, as

partes passam a dispor de um novo recurso extraordinário, nos casos em que o

Supremo, em secção, profira acórdão contraditório com outro anteriormente proferido,

no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito – cfr.

art.º 763.º, n.º 1 do CPC.

Assim a lei prevê que excepcionalmente, as partes possam recorrer das decisões

do STJ sempre que este proferir acórdão contraditório com outro anteriormente

proferido, não sendo admitido se o acórdão recorrido estiver de acordo com

jurisprudência uniformizada do STJ .

Os acórdãos proferidos no âmbito de julgamento ampliado de revista não são

passíveis deste tipo de recurso extraordinário, bem como o não é admitido se a

orientação perfilhada no acórdão recorrido está de acordo com jurisprudência

uniformizada do Supremo Tribunal de Justiça. – cfr. art.º 763.º, n.º 3.

O requerimento de interposição do recurso para uniformização de jurisprudência,

é dirigido ao pleno das secções cíveis do STJ e é acompanhado da alegação do

recorrente, a qual deverá obrigatoriamente, sob pena de rejeição, identificar os

elementos que determinam a contradição alegada e a violação imputada ao acórdão

recorrido, bem como juntar cópia do acórdão “fundamento” – cfr. art.ºs. 765.º e 767.º

n.º 1.

O recurso para uniformização de jurisprudência é interposto no prazo de 30

dias, contados do trânsito em julgado do acórdão recorrido.

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A parte recorrida dispõe também do prazo de 30 dias para responder à alegação

do recorrente, contado a partir da data em que tenha sido notificado da respectiva

apresentação.

O requerimento de interposição, que é autuado por apenso, deve conter a

alegação do recorrente, na qual se identificam os elementos que determinam a

contradição alegada e a violação imputada ao acórdão recorrido devendo o recorrente

juntar cópia do acórdão anteriormente proferido pelo Supremo, com o qual o acórdão

recorrido se encontra em oposição - cfr. art.º 765.º, n.º 2

Para além das partes, o Ministério Público também pode recorrer.

O recurso de uniformização de jurisprudência deve ser interposto pelo Ministério

Público, mesmo quando não seja parte na causa, destinando-se unicamente à emissão

de acórdão de uniformização sobre o conflito de jurisprudência – cfr. art.º 766.º.

Prazo para a interposição de recurso O recurso é interposto no prazo de 30 dias após trânsito em julgado do acórdão

do Supremo.

Efeito da interposição do recurso

O recurso tem efeito meramente devolutivo. - cfr. 768.º.

Tramitação

− Junção do requerimento de interposição de recurso acompanhado das

alegações e cópia do acórdão anteriormente proferido pelo STJ (certidão), com o qual o

acórdão recorrido se encontra em oposição.

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrente ao mandatário do

recorrido das alegações, devendo ser apresentado comprovativo no tribunal da

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notificação efectuada (art.ºs 229.º- A e 260.º - A do C.P.C.)36, embora haja situações

em que a notificação deverá feita pela secretaria (ex. recurso contra despacho de

indeferimento liminar da petição – cfr. art.º 234.º-A).

− Autuação do requerimento, alegações e cópia do acórdão, por apenso ao

processo;

− Junção das alegações do recorrido no prazo de 30 dias, com o documento

comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça inicial ou expirado prazo;

− Notificação, a efectuar pelo mandatário do recorrido ao mandatário do

recorrente das contra-alegações devendo apresentar comprovativo no tribunal da

notificação efectuada (art.ºs 229.º-A e 260.º-A)

− Conclusão ao relator para exame preliminar;

− A decisão do relator pode ser de:

- Rejeição liminar do recurso – aqui podemos estar perante acórdãos onde

não há a oposição invocada que lhe serviu de fundamento, ou se o

acórdão recorrido está de acordo com jurisprudência uniformizada do

STJ. Nestas situações pode haver reclamação para a conferência. - cfr.

767.º n.º 3 do CPC.

Há igualmente lugar à rejeição do recurso, se o relator entender que a

decisão não admite recurso, que este foi interposto fora de prazo ou se o

requerente não tem as condições necessárias para recorrer, ou ainda se não

contenha ou junte a alegação do recorrente ou quando esta não tenha

conclusões.

- Admissão do recurso- se o recurso for admitido por decisão do relator ou

por deliberação da conferência37, a fase seguinte é a do julgamento, sendo

efectuado de acordo com o disposto no art.º 732.º-B.

36 A junção do documento comprovativo da notificação à parte contrária fica dispensada se as peças processuais forem tramitadas electronicamente nos termos definidos na Portaria n.º 114/2008, de 6/2. 37 Da decisão do relator de não admissão do recurso, o recorrente pode reclamar para a conferência, podendo esta deliberar em sentido contrário à decisão do relator, e assim sendo, no sentido de admissão do recurso - cfr. 767 nºs 2 e 3 do CPC.

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- Vista do processo ao Ministério Público, por 10 dias, para emissão de parecer,

salvo se for recorrente ou recorrido.

- Elaboração do projecto de acórdão no prazo de 30 dias.

- Inscrição processo em tabela, ou seja, inscrição do processo para julgamento.

- Na sessão anterior ao julgamento do recurso, o processo, acompanhado com o

projecto de acórdão, vai com vista simultânea, por meios electrónicos, a todos os Juízes

que compõem o pleno das secções cíveis, pelo prazo de cinco dias, ou, quando tal não

for tecnicamente possível, o relator ordena a extracção de cópias do projecto de

acórdão e das peças processuais relevantes para a apreciação do objecto da apelação. O

relator pode dispensar os vistos aos desembargadores adjuntos - cfr. art.º 707.º CPC.

- O julgamento só é realizado com a presença de, pelo menos três quartos dos

juízes em exercício nas secções cíveis.

- A decisão pode ser de rejeição ou provimento do recurso. Se o recurso não

obtiver provimento, o mesmo é dizer que se não reconhece ao acórdão recorrido

qualquer contradição com outro anteriormente proferido do recurso. Se contrariamente,

o recurso tiver provimento, estamos perante a existência de contradição

jurisprudencial, revogando este acórdão o acórdão recorrido e uniformizando

jurisprudência. – art.º 770.º.

- O acórdão de uniformização de jurisprudência deve ser publicado no D.R., I

série – cfr. art.º 732.º-B, n.º 5.

REVISÃO

Como recurso extraordinário que é, destina-se a atacar decisões já transitadas em

julgado.

De acordo com o estipulado no art.º 771.º, a decisão transitada em julgado só

pode ser objecto de revisão quando:

a) Outra sentença transitada em julgado tenha dado como provado que a decisão

resulta de crime praticado pelo juiz no exercício das suas funções;

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b) Se verifique a falsidade de documento ou acto judicial, de depoimento ou das

declarações de peritos ou árbitros, que possam, em qualquer dos casos, ter determinado

a decisão a rever, não tendo a matéria sido objecto de discussão no processo em que foi

proferida;

c) Se apresente documento de que a parte não tivesse conhecimento, ou de que

não tivesse podido fazer uso, no processo em que foi proferida a decisão a rever e que,

por si só, seja suficiente para modificar a decisão em sentido mais favorável à parte

vencida;

d) Se verifique nulidade ou anulabilidade de confissão, desistência ou transacção

em que a decisão se fundou;

e) Tendo corrido a acção e a execução à revelia, por falta absoluta de intervenção

do réu, se mostre que faltou a citação ou que é nula a citação feita;

f) Seja inconciliável com decisão definitiva de uma instância internacional de

recurso vinculativa para o Estado Português;

g) O litígio assente sobre acto simulado das partes e o tribunal não tenha feito uso

do poder que lhe confere o artigo 665.º, por se não ter apercebido da fraude. (no

sistema anterior é o recurso extraordinário de oposição de terceiro)

Prazo para a interposição

O recurso, é interposto no tribunal que proferiu a decisão a rever, e, não pode ser

interposto se tiverem decorrido mais de cinco anos sobre o trânsito em julgado da

decisão, sendo o prazo para a interposição do recurso de 60 dias, contados:

a) No caso da alínea a) do artigo 771.º, do trânsito em julgado da sentença em

que se funda a revisão;

b) No caso da alínea f) do artigo 771.º, desde que a decisão em que se funda a

revisão se tornou definitiva;

c) No caso da alínea g) do artigo 771.º, desde que o recorrente teve

conhecimento da sentença;

d) Nos outros casos, desde que o recorrente obteve o documento ou teve

conhecimento do facto que serve de base à revisão.

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O requerimento de interposição de recurso, que é autuado por apenso, é

apresentado no tribunal onde o processo estiver, mas é dirigido ao tribunal que

proferiu a decisão a rever, e deve especificar quais os fundamentos do recurso

bem como as provas que possui – cfr. art.ºs 772.º e 773.º.

As decisões proferidas em processo de revisão admitem os recursos

ordinários a que estariam originariamente sujeitas no decurso da acção em que foi

proferida a sentença a rever –cfr. art.º 772.º n.º 5.

Tramitação

− Apresentação do requerimento de interposição e alegações no tribunal onde se

encontra o processo, especificando os fundamentos do recurso, juntando as provas que

possui (art.ºs 772.º e 773.º CPC.). No caso da alínea g) do art.º 771.º deve mencionar o

prejuízo resultante da simulação processual. No casos das alíneas a), c), f) e g) do

artigo 771.º, o recorrente, com o requerimento de interposição, apresenta certidão,

consoante os casos, da decisão ou do documento em que se funda o pedido.

− Junção do documento comprovativo do prévio pagamento da taxa de justiça

inicial (art.ºs 23.º - n.º 1, 24.º - n.º 1, al. c), 27.º e 28.º CCJ.);

− Autuação, por apenso ao processo onde foi proferida a decisão a rever;

− Remessa do processo ao tribunal a que for dirigido o recurso, se for diverso

daquele onde foi interposto;

− Conclusão e despacho de admissão;

− Notificação pessoal da parte contrária para responder em 20 dias;

− Conclusão após resposta do recorrido ou após termo do respectivo prazo.

O recurso de revisão não tem efeito suspensivo (art.º 774.º)

Fora dos casos previstos nas alíneas b), d) e g) do art.º 771.º, logo em seguida à

resposta do recorrido ou ao termo do prazo respectivo, o tribunal conhece do

fundamento da revisão, procedendo às diligências que foram consideradas

indispensáveis; Nos casos das al. b), d) e g) do C.P.C, após a resposta do recorrido ou

Page 72: Apoio à formação de Oficiais de Justiça - e-learning.mj.pt · Cabendo recurso ordinário da decisão, só neste pode a nulidade ser arguida. 3 “Hoje, face à omissão da hipótese

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DIRECÇÃO-GERAL DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

CENTRO DE FORMAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS DE JUSTIÇA

Processo Civil Recursos

72

Dec

reto

-Lei

n.º

303/

2007

, de

24 d

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o

ao termo do prazo respectivo, seguem-se os termos do processo sumário (art.º 775.º,

n.ºs 1 , 2 e 3).

Se o recurso tiver sido dirigido a algum tribunal superior, pode este requisitar as

diligências, que se mostrem necessárias, ao tribunal de 1.ª instância donde o processo

subiu – cfr. n.º 3 art.º 775.º.

Se o recurso for julgado procedente é revogada a decisão recorrida, com os

efeitos constantes do art.º 776.º.

Ser estiver pendente ou for promovida a execução da sentença a rever, não pode

o exequente ou qualquer credor obter a satisfação do seu crédito sem prestar caução, a

qual poderá ser prestada por qualquer dos meios consignados no art.º 623.º do Código

Civil – cfr. art.º 777.º. CPC.