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alexandra-monteiro
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Quimica organica
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INTRODUÇÃO À QUÍMICA ORGÂNICA
A química orgânica é o ramo da Química que estuda os compostos de carbono.
Os compostos derivados de plantas ou animais (organismos vivos) passaram a ser designados por orgânicos, enquanto os derivados de minerais (matéria morta) foram designados por inorgânicos.
Actualmente a Química Orgânica ou Química do Carbono, é definida como o ramo daQuímica que se dedica ao estudo dos compostos constituídos por átomos de carbonocombinados com um ou mais elementos. Muitos destes compostos resultam de sínteses efectuadas em laboratório e a sua existência na natureza nem sempre é conhecida.
Os compostos orgânicos apresentam, normalmente, propriedades e características bastante diferentes dos compostos inorgânicos. Esta afirmação pode ser verificada ao relembrar que os compostos orgânicos:
• são normalmente combustíveis;
• apresentam pontos de ebulição e de fusão inferiores;
• são menos solúveis em água;
• para a mesma fórmula química, podem apresentar várias fórmulas estruturais;
• participam em reacções de natureza molecular, por oposição ànatureza iónica e, consequentemente, são mais lentas;
• apresentam pesos moleculares frequentemente superiores a 1 000;
• são, frequentemente, uma fonte de alimento das bactérias.
A nomenclatura actualmente adoptada pela comunidade científica é baseada nas recomendações da International Union of Pure andApplied Chemistry (IUPAC).
Como é possível ter tantos compostos de carbono?Relembremos algumas das características deste elemento.O C está no Grupo 14 (IVA) da TP, ou seja apresenta 4 electrões de valência, sendo a sua configuração electrónica:
6C – 1s2 2s2 2p2
A partir da regra do octeto, é pouco provável que este elemento ganhe ou perca 4 electrões para formar respectivamente iões C4– ou iões C4+, se partilhar mais 4 electrões passa a estar rodeado por 8 electrões de valência, tornando‐se estável ao formar quatro ligações covalentes com outros átomos, que poderão ser de carbono ou de outros elementos.
1. Hidrocarbonetos
Os hidrocarbonetos, constituídos por apenas dois elementos (carbono e hidrogénio) são a base de todos os compostos orgânicos.
Cadeias lineares simples: Cadeias lineares ramificadas:
Anéis ou estruturas cíclicas: Anéis ou estruturas cíclicas ramificadas:
A nomenclatura destes compostos passa sempre pela identificação da cadeia mais longa de átomos de carbono ligados, sendo as ramificações objecto de posterior classificação.
1.1. Alcanos – Hidrocarbonetos Alifáticos SaturadosEstes compostos, constituídos por C e H, apresentam apenas ligações simples entre os átomos de carbono que formam a cadeia.
Os alcanos, de fórmula geral CnH2n+2, (n = 1,2,...) , são compostos saturados, ou seja, não é possível adicionar mais átomos de hidrogénio.
A nomenclatura dos alcanos é formada pelo prefixo correspondente ao número de átomos da cadeia principal e pelo sufixo ANO;
Tabela 1. – Primeiros sete alcanos de cadeia linear
As fórmulas estruturais condensadas permitem visualizar a organização espacial da molécula e a correspondente identificação da cadeia carbonada.
Na classe dos alcanos existem os compostos cíclicos, onde a cadeia de carbonos é fechada formando um ciclo ou anel. Estes compostos apresentam a fórmula geral CnH2n (n = 3,4,...) , em que o número de átomos de carbono tem de ser igual ou superior a 3.
O nome do alcano é precedido pela palavra ciclo.
H2C CH2
CH2
H2C
H2C
H2C
H2C CH2
CH2 H2C
H2C
CH2
CH2
CH2
H2C
ciclobutano ciclopentano ciclo-hexano
Um outro grupo de compostos, ainda pertencente à classe dos hidrocarbonetos alifáticos saturados, são os radicais alquilo. Este grupo é derivado do anterior, apenas com a diferença que apresenta menos um átomo de hidrogénio no fim da cadeia e, de uma maneira geral, estes grupos aparecem como ramificação ou radical nas moléculas dos compostos orgânicos.
Os nomes destes grupos terminam em IL ou em ILO, consoante o tipo de molécula em estudo.
NOMENCLATURA DOS ALCANOSOs nomes dos alcanos lineares são bastante fáceis de memorizar, com excepção dos quatro primeiros membros, o número de átomos de carbono é explicitado através de um prefixo grego. No entanto para moléculas mais complexas é necessário recorrer a algumas regras (IUPAC):
1. O nome do composto é constituído pelo prefixo correspondente ao número de átomos de carbono da cadeia contínua mais longa e pelo sufixo ano;2. A numeração tem início a partir da extremidade mais próxima do átomo de carbono que apresenta um hidrogénio substituído;3. Ao substituir um ou mais átomos de hidrogénio por outros grupos o nome do composto deve indicar o número do átomo de carbono que foi objecto de substituição;4. As substituições múltiplas de grupos idênticos são identificadas pelos prefixos di, tri, tetra, … para respectivamente dois, três ou quatro grupos.
EXEMPLOS:
2‐metilpropano 5–etil–2–metil–heptano
2,3–dimetil–pentano
trietil–2–dimetil–heptano
1.2. AlcenosEstes compostos são semelhantes aos alcanos, mas apresentam, pelo menos, uma ligação dupla na sua estrutura e agora o sufixo ou terminação é ENO. A fórmula geral dos compostos que contêm apenas uma ligação dupla é CnH2n (n = 2,3,4,...)
A nomenclatura dos alcenos passa, necessariamente, pela identificação das posições das duplas ligações C‐C. Tal como anteriormente o nome do composto é determinado pelo número de átomos de carbono da cadeia mais longa.
CH2 = CH – CH2 – CH3 1 – butenoCH3 – CH = CH – CH3 2 – buteno
Estes 2 compostos têm a mesma fórmula química, C4H8, mas apresentam fórmulas de estrutura diferentes. Esta aparentemente pequena diferença, é responsável pelas diferentes propriedades físicas e químicas que existem entre estes compostos. Pode, portanto, concluir‐se que não é indiferente falar de um ou de outro.
Os compostos químicos que apresentam a mesma fórmula química mas diferentes fórmulas de estrutura, são denominados isómeros.
1.3. AlcinosOs alcinos são compostos análogos aos alcenos com a diferença de conterem ligações triplas ao invés de duplas. A nomenclatura é em tudo semelhante, sendo importante reparar que na diferença da terminação que é, agora, o sufixo INO.A fórmula geral dos alcinos é CnH2n–2 (n = 2,3,4,...)
REGRAS GERAIS DE NOMENCLATURA:
1. A cadeia é numerada de tal forma que a soma dos números que se
atribuem aos grupos substituintes seja a menor possível;
2. Dois substituintes idênticos ligados ao mesmo átomo de carbono
são indicados cada um com um número;
3. A numeração dos substituintes numa cadeia lateral começa no
átomo de carbono ligado à cadeia principal;
4. Dois ou mais substituintes são denominados por ordem alfabética;
5. Os nomes dos substituintes são separados por traços e os números
por vírgulas.
2. Grupos Funcionais
Designa‐se por grupo funcional, o grupo de átomos que é, em grande parte, responsável pelo comportamento químico da molécula em que está inserido. Moléculas diferentes, que contêm o mesmo grupo funcional, apresentam reacções químicas semelhantes. Assim, pode‐se estudar e compreender a maior parte das substâncias orgânicas se se conhecerem as características do grupo funcional.
2.1. Derivados HalogenadosEstes compostos resultam da substituição de um ou mais átomos de hidrogénio da cadeia de um hidrocarboneto alifático, por um elemento do grupo dos halogéneos: flúor, cloro, bromo ou iodo.
2–cloro–butano 3–bromo–4–fluor–4–iodo–1–buteno
4–cloro–5–metil–2–heptino
2.2. Álcoois
Os álcoois, substâncias muito conhecidas e utilizadas no dia‐a‐dia, são compostos derivados dos hidrocarbonetos alifáticos e obtidos por substituição de um ou mais átomos de hidrogénio pelo grupo funcional álcool, –OH, também designado por grupo hidroxilo, hidroxi ou grupo ol.
Propan‐1‐ol Butano‐2,3‐diol
Propan‐1‐ol
Propan‐2‐ol
Butano‐1‐ol
Butan‐2‐ol
Pentan‐1‐ol
Pentan‐2‐ol
Pentan‐3‐ol
Os álcoois podem ser classificados em função do tipo de átomo de carbono ao qual o grupo funcional OH está ligado:
Se o grupo hidroxilo se encontrar ligado a um átomo de carbono que , por sua vez, está ligado a um só átomo de carbono, o álcool é considerado um álcool primário;
Se o grupo hidroxilo se encontrar ligado a um átomo de carbono que, por sua vez, se encontra ligado a dois átomos de carbono, então trata‐se de um álcool secundário;
No caso do grupo funcional OH se encontrar ligado a um átomo de carbono que está ligado a 3 átomos de carbono, então trata‐se de um álcool terciário.
2–metil–propan‐2‐olPropan‐2‐olPropan‐1‐ol
2.3. ÉteresOs éteres são compostos caracterizados por apresentarem um átomo de oxigénio no meio de dois grupos alquilo. O nome pode ser construído utilizando a palavra éter seguida do nome (por ordem alfabética) dos respectivos grupos alquilo, tendo o último a terminação ílico. Quando os dois grupos alquilo são iguais, o nome deste é precedido do prefixo di, para informar da igualdade dos mesmos.
éter metilpropílico
éter etilpropílicoéter dimetílico
2.4. CetonasEstes compostos são caracterizados pela presença de um átomo de carbono secundário com uma ligação dupla a um átomo de oxigénio.A nomenclatura obedece às regras anteriormente enunciadas, mas agora com o sufixo ona.
Pentan‐3‐ona
Pentan‐2‐onaPropan‐2‐ona
2.5. AldeídosOs aldeídos são compostos que apresentam o grupo carbonilo(C=O) sempre num átomo de carbono primário, ou seja, numa das extremidades da molécula e apresentam a terminação al.
butanal 3–bromopentanal
2.6. Ácidos CarboxílicosOs ácidos carboxílicos são compostos que apresentam o grupo funcional carboxilo, –COOH, numa das extremidades da cadeia.O nome destes compostos é sempre precedido pela palavra ácido, seguindo‐se o prefixo indicativo do número de átomos da cadeia principal que contém o carbono do grupo funcional sendo a terminação em óico.
ácido etanóico(também conhecido por ácido acético e
constituinte principal do vinagre)
ácido 2–hidroxi–propanóico(também conhecido por ácido láctico)
2.7. ÉsteresOs ésteres são compostos que apresentam o seguinte grupo funcional:
São substâncias que derivam dos ácidos carboxílicos, por substituição do átomo de hidrogénio do grupo hidroxilo (–OH), por um radical alquilo (R2) e o radical R1, que pode ser um grupo alquilo ou um átomo de hidrogénio.A nomenclatura dos ésteres faz‐se juntando o sufixo ato ao nome do radical do ácido (R1), seguido do nome do radical do álcool (R2).
R1 O
R2
O
propanoato de metilo
Os ésteres são substâncias bastante usadas no fabrico de perfumes e como aromatizantes. O cheiro e sabor característico de alguns frutos deve‐se à presença destes compostos.
2.8. AmidasAs amidas são compostos derivados dos ácidos carboxílicos que apresentam o seguinte grupo funcional:
São obtidos, por substituição do grupo funcional hidroxilo, por um grupo –NH2. Pode, ainda, verificar‐se a substituição de um ou de ambos os átomos de hidrogénio deste grupo por radicais alquilo, originando, respectivamente, amidas secundárias ou terciárias.Se o grupo NH2 não se encontrar substituído, o nome da amidaprimária é construído a partir do correspondente ácido, substituindo a terminação ÓICO por AMIDA:
R1 NH2
O
Butanamida
Se um dos átomos de hidrogénio se encontra substituído por um radical alquilo, o nome da amida secundária é precedido pela letra N (indicativo de que um dos hidrogénios foi substituído) seguindo‐se o nome do radical substituinte.
N–metiletanamida (amida secundária)
N,N–dimetiletanamida (amida terciária)
2.9. AminasAs aminas são substâncias que derivam do amoníaco, NH3, por substituição parcial ou total dos átomos de hidrogénio por radicais alquilo e são representadas por:
N
HR1
H
Quando há a substituição de apenas um átomo de hidrogénio, trata‐se de uma amina primária, de dois trata‐se de uma aminasecundária e dos três átomos de hidrogénio trata‐se de uma aminaterciária.A nomenclatura destes compostos é construída a partir dos nomes, por ordem alfabética, dos radicais alquilo substituintes, sempre com a terminação AMINA.
Metilamina (amina primária)
N
H
C
HH
H
H N
CH3
C
HH
H
H
Dimetilamina (amina secundária)
3. Compostos AromáticosOs hidrocarbonetos aromáticos tomam esta designação devido aos odores intensos que frequentemente apresentam.O benzeno, descoberto em 1826, é o composto cuja estrutura estána origem desta classe de compostos orgânicos. Esta substância, de fórmula química C6H6 pode ser representada por uma estrutura em anel.
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
ou
A ressonância electrónica é que confere à molécula do benzeno o seu carácter de aromaticidade.
4. IsómerosCompostos que apresentam a mesma fórmula química mas diferentes fórmulas estruturais, têm o nome de isómeros. Estas diferenças nas fórmulas estruturais podem ter origens diversas e, consequentemente, podemos ter vários tipos de isomerismo.
ISOMERIA FUNCIONALSão compostos que, apresentando a mesma fórmula química, pertencem a diferentes famílias, ou seja, diferem no grupo funcional.
ISOMERIA DE CADEIASão compostos com a mesma fórmula química mas com cadeias carbonadas principais de diferente tamanho.
ISOMERIA DE POSIÇÃOSão compostos que apresentam uma ou mais ligações múltiplas ou um grupo funcional em diferentes posições na cadeia carbonada principal.