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Direito da União Europeia Introdução 1 Noção e Natureza do Direito da União Europeia - Para Maria Luísa Duarte, o Direito da União Europeia é o conj regras e princípios que regulam a existência e o uncionamento União Europeia! - " Direito da União Europeia não é um ramo de Direito, como Direito #i$il ou o Direito %dministrati$o & é uma 'r$ore, é uma jurídica per se, sendo a expressão do ordenamento jurídico eur - Um ordenamento jurídico pleno (para Maria Luísa Duarte) tem d preenc*er os seguintes pressupostos+ - istema de ontes - %utonomia - ierarquia - Unidade - Plenitude - % União Europeia tem um sistema próprio de fontes , como as directri.es, os regulamentos, etc! -Autonomia & o Direito da União Europeia tem autonomia ace aos ordenamentos jurídicos com que se relaciona - /o entanto, a sua rela0ão com outros ordenamentos (nomeadamente o Direito 1nterno) não é inexistente & os ordenamentos jurídicos podem ser aut2nomos mas não estanques, uncionando em rede & a c*amada internormati$idade -Hierarquia & no seio da União Europeia $eri3cam-se, de acto, rela04es de su5ordina0ão e, especialmente, de supraordena0ão - Exemplo+ princípio do primado do Direito da União Europeia princípio da prioridade aplicati$a 6 Maria Luísa Duarte, União Europeia: Estática e Dinâmica da Ordem Jurídica Eurocomunitária, pp 67-89, 6: Edi0ão, %lmedina, 8;66 6

Apontamentos Direito da UE

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Apontamentos referentes à regência da Professora Maria Luísa Duarte.

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Direito da Unio Europeia

Introduo[footnoteRef:1] [1: Maria Lusa Duarte, Unio Europeia: Esttica e Dinmica da Ordem Jurdica Eurocomunitria, pp 17-23, 1 Edio, Almedina, 2011]

Noo e Natureza do Direito da Unio Europeia- Para Maria Lusa Duarte, o Direito da Unio Europeia o conjunto de regras e princpios que regulam a existncia e o funcionamento da Unio Europeia. - O Direito da Unio Europeia no um ramo de Direito, como o Direito Civil ou o Direito Administrativo uma rvore, uma ordem jurdica per se, sendo a expresso do ordenamento jurdico europeu.- Um ordenamento jurdico pleno (para Maria Lusa Duarte) tem de preencher os seguintes pressupostos: - Sistema de fontes - Autonomia - Hierarquia - Unidade - Plenitude- A Unio Europeia tem um sistema prprio de fontes, como as directrizes, os regulamentos, etc.- Autonomia o Direito da Unio Europeia tem autonomia face aos ordenamentos jurdicos com que se relaciona - No entanto, a sua relao com outros ordenamentos (nomeadamente o Direito Interno) no inexistente os ordenamentos jurdicos podem ser autnomos mas no estanques, funcionando em rede a chamada internormatividade- Hierarquia no seio da Unio Europeia verificam-se, de facto, relaes de subordinao e, especialmente, de supraordenao - Exemplo: princpio do primado do Direito da Unio Europeia, princpio da prioridade aplicativa- Unidade a Unio Europeia gira em torno de valores comuns integrao, livre-mercado, democracia e respeito pelos direitos humanos; a existncia do Tribunal de Justia confere alguma unidade e coerncia ao Direito da Unio, atravs da sua jurisprduncia uniformizadora.- Plenitude - exaustividade reguladora e capacidade de manter o funcionamento da ordem jurdica - Apesar do princpio da competncia por atribuio, tem-se verificado uma expanso do nmero de competncias da Unio Europeia - Tribunal de Justia interpreta os tratados sempre extensivamente, atravs de um critrio in dubio, pro U.E. - Hoje em dia a Unio Europeia tem quase todas as competncias e o Direito da Unio Europeia um vrus que contamina o direito interno, mas sempre com respeito do princpio da subsidariedade.

Concluso- Direito da Unio Europeia a expresso de um ordenamento jurdico prprio, no sendo, portanto, um ramo de Direito. Contudo, existem ramos de Direito da Unio Europeia, como o Direito Europeu da Concorrncia, Direito do Mercado nico, etc., sendo o Direito da Unio Europeia a rvore.

Os Fundamentos Histricos do Desgnio Europeu[footnoteRef:2] [footnoteRef:3] [footnoteRef:4] [2: Maria Lusa Duarte, Direito da Unio Europeia e das Comunidades Europeias, pp 25- 80, 1 Edio, Lex] [3: Joo Mota de Campos, Manual de Direito Europeu, pp 19-65 , 6 Edio, Coimbra Editora] [4: Maria Lusa Duarte, Unio Europeia, pp 23-80]

- Pode-se dizer que o comeo da integrao europeia deu-se em 1950, com a famosa Declarao Schuman. Contudo, existem uma srie de antecedentes que convm ver.

At 1 Guerra Mundial- Maria Lusa Duarte chama a esta fase pr-histria da integrao europeia- difcil definir Europa. Geograficamente no nada mais do que uma pennsula asitica mas desde a Idade Mdia que se foi perdendo a noo puramente geogrfica de Europa, e com o humanismo renascentista, j se caracteriza a Europa como entidade histrico-cultural e poltica.- Desde a Antiguidade Clssica que tem havido um desejo de uma Europa unida, Europa unida essa que tem sido tentada pela fora das armas e pela fora das palavras. Depois de uma Idade Mdia onde houve uma certa unidade sob a autoridade do Papa, a chamada Res Publica Christiana, a Idade Moderna das soberanias nacionais absolutas e das guerras religiosas fratricidas cria uma nostalgia de unidade europeia.- Pela fora das armas, j vrios imprios tentaram unir a Europa o Imprio Romano, Imprio Carolngio, Sacro-Imprio Romano-Germnico, Frana Napolenica, III Reich, etc.- Pela fora das palavras, a ideia de unidade europeia j h algum tempo que vinha a ser proposta, havendo muitos filsofos e pensadores a apresentarem projectos de congregao europeia variados, numa era em que os Estados eram deixados aos seus impulsos beligerantes. - Ainda numa base muito precoce, pensadores como Antoine Marini, o Duque de Sully, William Penn, o Abade Saint-Pierre, entre outros, foram os prmeiros a propor proto-projectos de uma Europa Unida. - No sculo XVIII vrios pensadores, como Jean-Jacques Rousseau, Jeremy Bentham e Immanuel Kant, fazem passar pela unidade de Estados europeus a possibilidade de uma paz perptua. - No sculo XIX, essas ieias so divulgadas, atravs de autores como Saint-Simon, Benjamim Constant, Ernest Renan, e at se realizaram Congressos da Paz, em 1849 e 1850. No primeiro, o escritor francs Victor Hugo props uma unio europeia com capital em Paris, o que mostra que, apesar das intenes, havia muita dificuldade em conseguir erguer o europesmo no meio de nacionalismos. No entanto, todos estes pensadores pensaram a integrao poltica europeia em torno dos seguintes valores consentimento dos cidados no seio dos seus Estados, consentimento dos Estados, de todos os Estados, em relao ao acto fundador da Federao, etc.

No Perodo Entre as Guerras Mundiais- A Prof. Maria Lusa Duarte designa tambm esta era por proto-histria da integrao europeia- A 1 Guerra Mundial derrota completamente o pensamento pacifista, e o europesmo sofre um grande revs.- Depois de tal devastadora guerra, gera-se um certo pessimismo, com autores como Oswald Spengler e Albert Demangeon a publicarem obras que falam sobre o declnio do ocidente, mais precisamente, da Europa. Entretanto, a Europa ia ficando para trs na corrida do desenvolvimento, com uns Estados Unidos cada vez mais fortes.- Contudo, em 1923 um diplomata, o Conde Coudenhove-Kalergi, publica o livro Pan-Europa, desenhando uma estrutura concreta para uma Federao Europeia, o que faz nascer mais movimentos europestas daqui que sai a ideia que mais tarde inspirar Schuman, a ideia de que a construo europeia feita de confiana. - A estrutura proposta por Coudenhove-Kalergi profeticamente prxima da U.E. actual: cidadania europeia ligada cidadania nacional, bicameralismo, tribunal federal.

Depois da 2 Guerra Mundial- A 2 Guerra Mundial resultou em danos incalculveis para a Europa humanos e materiais. A Europa estava em runas, endividada e dividida, tendo o seu aparelho destrudo.- Perante essa situao era preciso reconstruir a economia europeia, era preciso acabar com as clssicas inimizades e era preciso criar uma estrutura de contra-peso contra a influncia sovitica.Antecedentes- BENELUX unio aduaneira entre a Blgica, a Holanda e o Luxemburgo criada em 1948, que mostra que a integrao econmica e poltica possvel.- Discurso de Churchill em Zurique em 1946: preciso criar uns Estados Uidos da Europa... uma estrutura que permita a Europa viver e crescer em paz, segurana e liberdade... Para isso acontecer, preciso haver reconciliao entre a Frana e a Alemanha. - No entanto, com o falhano da Comunidade Europeia de Defesa, o Reino Unido afasta-se cada vez mais da integrao europeia, e mesmo como membro da U.E. desde 1973, a sua posio sempre mais afastada resumida na expresso: we are with them, but we are not one of them.- Congresso da Europa em Haia 1947, do qual saram duas correntes: a corrente federalista, que advogava uma entidade supranacional, com relaes de supraordenao, citando casos de sucesso como a Zollverein alem, a Confederao Germnica e os Estados Unidos; e uma corrente unionista, que advogava uma cooperao inter-governamental na onda de uma clssica organizao internacional. - Pouco depois, a criao do Conselho da Europa em 1948 concretizou as aspiraes dos unionistas e a criao da CECA em 1951 as aspiraes dos federalistas, agora menos idealistas e convertidos ao mtodo dos pequenos passos.- OCDE (Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico) e Plano Marshall de 1948 inicialmente designada em OECE (Organizao Europeia de Cooperao Europeia), tornando-se OCDE. Era originalmente uma organizao anexa ao Plano Marshal, mas posteriormente autonomizou-se como organizao de cooperao econmica.- Comunidade Europeia de Defesa foi para ser criada entre a Frana e a Alemanha, mas a rejeio da Assembleia Nacional francesa deitou por terra esforos de to grande integrao poltica, dando mais nimo ao mtodo dos pequenos passos. A Criao das Trs Comunidades EuropeiasA Declarao Schuman- Diz-se que a integrao europeia propriamente dita se iniciou com a Declarao Schuman- A Declarao Schuman proferida por Robert Schuman, Ministro dos Negcios Estrangeiros francs, a 9 de Maio de 1950, sendo ela um convite aberto a todos os pases europeus, mas principalmente dirigida Alemanha- Ela define o modelo de integrao europeia, o modelo dos pequenos passos: A Europa no se far num s golpe- Lido por Schuman, ela , no entanto, idealizada por Jean Monnet, com a ajuda tcnica do jusinternacionalista Paul Reuter.- uma ideia audaz e um discurso jurdico-poltico perfeito marcando o incio do sucesso europeu.- Qual a sua ideia? Nos ltimos sculos a Europa conheceu guerras devastadoras. Sendo assim, a alternativa s pode ser a solidariedade, quebrando antagonismos tradicionais (como o antagonismo franco-alemo) o Europesmo est intimamente ligado ao pacifismo, pois a ideia de Europa nasceu para garantir a paz duradoura e a prosperidade.- E os seus objectivos? - Objectivo Imediato criao de uma Alta Autoridade que gerisse a comercializao e fabrico do carvo e do ao francs e alemo, como matrias primas de guerra que so, sendo essa cooperao uma prova de confiana entre velhos inimigos. - Objectivo Mediato proposta, a prazo, lanar as bases de uma Federao Europeia a CECA seria s o incio, seria s o fermento. - A declarao Schuman apresenta tambm a ideia nova de supranacionalidade, falando da Alta Autoridade como rgo supranacional e no inter-governamental.

As Etapas do Processo de Integrao EuropeiaEtapa de Transio (1951-1968)(os tratados esto enunciados com a data da sua assinatura e a data da sua entrada em vigor)Tratado de Paris 1951-1952- A 1951 celebrado o Tratado de Paris, concretizando a Declarao Schuman e criando a Comunidade Europeia do Carvo e do Ao. O tratado vigorou entre 1952 e 2002, sendo a primeira realizao do projecto europeu e contou com a participao de Itlia, Blgica, Holanda e Luxemburgo.- O falhano da Comunidade Europeia de Defesa, criada por medo da ameaa sovitica, levou aos pases do BENELUX a proporem um relanamento europeu e, em 1955 foi convocada uma conferncia dos Seis para Messina.Tratado de Roma 1957-1958- Assinado o Tratado de Paris, em 1957 assiste-se a outro marco histrico para a integrao Europeia. A 25 de Maro de 1957, os seis pases fundadores da CECA (Frana, Alemanha, Itlia, Blgica, Holanda e Luxemburgo) assinam dois tratados, criando a Comunidade Econmica Europeia e a Agncia Europeia para a Energia Europeia (EURATOM), entrando em vigor a 1958. O Tratado de Roma iniciou a existncia de trs comunidades a a CECA, a CEE e a EURATOM- Com a criao da CEE e a entrada em vigor do Tratado de Roma, inicia-se o caminho at ao Mercado Comum. Esse caminho faz-se, como se preconizava na Declarao Schuman, atravs do chamado mtodo funcionalista, ou mtodo dos pequenos passos, mtodo esse que ganhou fora aps o fracasso da Comunidade Europeia de Defesa em 1954. - Assim, da zona de comrcio livre passa-se para a unio aduaneira, depois para o mercado comum e, por fim, para a unio econmica e monetria e, quem sabe no futuro, o governo econmico. - O Mercado Comum pressupunha ainda uma srie de polticas comuns: Poltica Agrcola Comum, Poltica Comum das Pescas e Poltica Comercial Comum.- Esta etapa conheceu dois momentos crticos, com a Frana como protagonista: em 1963 com a recusa francesa ao pedido de adeso do Reino Unido e em 1965 com a poltica da cadeira vazia (o nacionalismo de De Gaulle e a sua Europa das Ptrias levou a uma certa reserva da Frana em dar mais poderes CEE)

Etapa da Consolidao (1969-1992)- Com a sada de De Gaulle do poder, e a ascenso de Georges Pompidou, o projecto europeu pde avanar, com as polticas de acabamento (concluir realizao do Mercado Comum), aprofundamento de polticas e alargamento (73 Reino Unido, Irlanda e Dinamarca; 81- Grcia; 86 Espanha e Portugal)- Passou-se a eleger o Parlamento Europeu por sufrgio universal em 1979, institucionalizao, em 1974, do Conselho Europeu e o Acto nico Europeu em 1987Acto nico Europeu - 1987- O Acto nico Europeu consagrou no texto dos tratados a existncia do Conselho Europeu, alargou os poderes do Parlamento, clarificou a funo executiva da Comisso e criou o Tribunal de 1 Instncia associado ao Tribunal de Justia.

Etapa da Idade Futura e da Unio Europeia[footnoteRef:5] [5: Jean-Claude Piris, The Lisbon Treaty: A Legal and Political Analysis, pp 9-25, 1 Edio, Cambridge]

Tratado de Maastricht 1992-1993- Todo o processo foi impulsionado por Jacques Delors, Presidente da Comisso Europeia, e motivado pelas transformaes polticas da Europa de Leste.- Com o Tratado de Maastricht, as comunidades europeias juntam-se na Comunidade Europeia. - tambm, em Maastricht, assinado o Tratado da Unio Europeia, alargando-se as competncias e a cooperao para l da vertente econmica, criando-se paralelamente a Unio Europeia.- Consagra-se a chamada estutura pilarizada, havendo trs pilares que suportam o Quadro Institucional Comum a Comunidade Europeia, Poltica Externa e Segurana Comuns e Justia e a Assuntos Internos com cada um a seguir uma metodologia diferente: - No seio da Comunidade Europeia segue-se o modelo comunitrio, delibera-se por maioria e o seu principal protagonista a Comisso Europeia - No mbito da Poltica Externa e Segurana e Comum e da Justia e Assuntos Internos segue-se o mtodo da cooperao inter-governamental, atravs da aco concertada dos Estados-Membros no seio do Conselho Europeu, que emite soft law e segue a regra da unanimidade.- Comea-se a pensar na Unio Econmica e Monetria, o chamado Plano Delors.- Para Maria Lusa Duarte, o Tratado de Maastricht foi a mais importante e alargada reforma dos tratados.Tratado de Amsterdo 1997- Limitou-se a aprofundar pressupostos de um funcionamento mais eficaz da Unio, alargando o mbito de limitao da soberania dos Estados s matrias de asilo, imigrao, vistos comunitarizou parte do pilar da JAI- D mais poderes ao Parlamento EuropeuTratado de Nice 2001-2003- O principal propsito do Tratado de Nice foi adaptar as instituies ao alargamento que iria ocorrer em 2004.A Constituio Europeia e o Seu Fracasso[footnoteRef:6] [6: Maria Lusa Duarte, Estudos de Direito da Unio Europeia e das Comunidades Europeias Vol. II, pp 393]

- Com a chamada Declarao Laeken em Dezembro de 2001 (Declarao n23 anexa ao Tratado de Nice), inicia-se o projecto para uma Constituio Europeia, baseada num objectivo de clarificar e simplificar os Tratados e de democratizar a Unio e criar maior transparncia, convocando uma conveno para discutir esse projecto. A Declarao Laeken reflecte uma percepo que os lderes europeus iam tendo: que os cidados estavam cada vez menos entusiasmados com a construo europeia.- Na altura perguntava-se: seria a Constituio um tratado ou uma verdadeira constituio?- Maria Lus Duarte temos que ver qual a definio prvia de Constituio. Se lidarmos como uma acepo material, de Constituio como estatuto jurdico do poder poltico, podemos falar de Constituio Europeia, porque de facto, o que ela era, respondendo s exigncias de uma Constituio material: tutela dos direitos fundamentais, formas de limitao jurdica do poder poltico e previso de um quadro institucional de rgos.- Mas seria uma Constituio na acepo formal da palavra? Maria Lusa Duarte define trs critrios: critrio gentico, critrio ontolgico e critrio supraordenacional. Na origem do Tratado para a Constituio Europeia (gentico) esteve a vontade soberana dos Estados-Membros, reunidos numa conferncia inter-governamental, no havendo um poder constituinte europeu e autnomo, nem sendo possvel haver, pois no existe um povo europeu autnomo; critrio ontolgico remete para uma Constituio a existncia como fundamento do poder poltico autnomo e auto-referencial na U.E. no foi assim que funcionou, sendo ela uma criatura moldada e accionada pelos Estados-Membros, seus criadores (por exemplo, a UE no tem base territorial prpria, o seu territrio o territrio dos Estados-Membros), j para no falar do princpio das competncias por atribuio. Quanto ao ltimo critrio, ele implica que essa Constituio gozaria de uma fora jurdica especifica que envolve, por um lado, a primazia da norma constitucional em situao de litgio e a garantia do processo de reviso s nesse que a Constituio Europeia assumiria, em parte, as caractersticas de uma Constituio. Sendo assim, ela era uma fico, sendo, do ponto de vista jurdico-formal, um tratado internacional negociado pelos Estados que integram a UE na sua qualidade de sujeitos de DIP.- A Constituio Europeia tinha muitas referncias a smbolos, criava um Ministro dos Negcios Estrangeiros, associao dos parlamentos nacionais ao processo de deciso, codificao do primado, etc.- Com a rejeio da Constituio em dois referendos, entra-se num perodo de reflexo, at gnese do Tratado de Lisboa.

O Tratado de Lisboa e a Afirmao da Identidade da Unio Europeia Como Espao de Integrao Poltica[footnoteRef:7] [footnoteRef:8] [7: Jean-Claude Piris, The Lisbon Treaty: A Legal and Political Analysis, pp 36-111, 1 Edio, Cambridge] [8: Maria Lusa Duarte, Estudos Sobre o Tratado de Lisboa, pp 9-45, 1 Edio, Almedina]

- Com o falhano do projecto constitucional europeu, era precisa uma nova soluo comea-se ento a falar do Tratado Reformador, durante a presidncia alem.- Para Maria Lusa Duarte, o Tratado de Lisboa herdou a forma jurdica dos tratados clssicos Roma, Nice, etc. e foi importar o contedo Constituio Europeia, num esquema laborioso de engenharia juridica ou (...) um trabalho paciente de cerzidura normativa basicamente, as diferenas em relao Constituio no so assim to grandes, apenas havendo modificaes em questes ideolgicas, neutralizando esse sentido do texto. - Em nome do compromisso poltico teve de se sacrificar o objectivo postulado na Declarao de Laeken de maior transparncia e simplificao do estatuto jurdico da Unio, continuando o modelo Dois Tratados, Uma Unio.- Com o Tratado de Lisboa: - Abolem-se quaisquer referncias constitucionais - Quanto ao princpio do primado do Direito da Unio, ele j no est codificado, apesar de continuar jurisprudencialmente consagrado. - Art. 4 e 5/2 TUE competncia da Unio Europeia uma competncia por atribuio e sublinha-se que a segurana nacional da exclusiva responsabilidade dos Estados - No incluso da Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia. Contudo, o art. 6/1 TUE d-lhe valor jurdico igual ao dos tratados. - Art. 12 TUE d-se maior papel aos parlamentos nacionais - Competncia regulada no art. 2 TFUE- O mtodo de cooperao inter-governamental manifesta-se em muitos aspectos, nomeadamente o abandono de ideias e termos constitucionais, a possibilidade de sada de um Estado-Membro da Unio Europeia, o facto de algumas das funes dos Estados permanecerem na sua competncia ou sujeitos regra da unanimidade (nomeadamente a PESC e algumas questes de cooperao judiciria e policial em matria penal art. 31 TUE) e a consagrao do princpio da subsidariedade- Mas o mtodo comunitrio tambm ganha pontos, nomeadamente com a criao do Presidente do Conselho Europeu e da Alta Representante para Negcios Estrangeiros e Poltica de Segurana, maior possibilidade de cooperao em matria de Poltica Externa e Segurana Comum e mais assuntos decididos por maioria qualificada, j para no falar da dispilarizao desaparecem as Comunidades para sair fortalecido o mtodo comunitrio.Sendo assim:- Por um lado, o novo enquadramento jurdico consagra muitas das reformas substanciais da Constituio Europeia, dotando a Unio de mecanismos que lhe permitiro crescer no futuro d a possibilidade de, se houver vontade poltiva, fazer crescer a influncia e visibilidade da Unio.- Por outro lado, a primeira vez que os federalistas foram obrigados a recuar, fazendo desaparecer referncia a smbolos que aproximariam a Unio de um Estado a ideia de uma Federao Europeia sai derrotada.- Diferentemente da Constituio Europeia, o Tratado de Lisboa no revoga os outros tratados, modifica-os, como tem sido sempre feito. - O Tratado de Lisboa, nas palavras de Piris, um tratado muito complexo, seguindo o padro dos tratados anteriores, no revogando nem substituindo nenhum, apenas emendando-os. Sendo assim, abandona-se o propsito simplificador da Constituio Europeia dando muita complexidade, parece-me, constituio material da U.E., i.e., o TUE e o TFUE. Contudo, simplifica uma srie de assuntos:Personalidade Jurdica nica- Antes havia duas pessoas jurdicas a Comunidade Europeia e a Unio Europeia, que s o era atravs de um ius tractum limitado.- Agora s h uma pessoa jurdica a Unio Europeia com a Unio a absorver a Comunidade Europeia. Contudo, a EURATOM continua com personalidade jurdica prpria art. 47 TUE- J tendo a ex-Comunidade Europeia personalidade jurdica, e sendo a Unio sua sucessora, era natural este passo, pelo que facilitar a eficcia da actuao da Unio. - O art. 216 TFUE codifica a doutrina jurisprudencial sobre a habilitao da Unio na poltica externa.Despilarizao- Maria Lusa Duarte a dispilarizao est incompleta: os pilares agora so invisveis, deixando marcas de uma forma subreptcia:- Em relao PESC, ao olharmos para os arts. 21ss TUE, vemos que nestas matrias o Conselho Europeu decide por unanimidade (art. 31 TUE) e actos legislativos ficam excludos, que o Parlamento Europeu no co-decide, que a Comisso no tem iniciativa e que o Tribunal de Justia no tem jurisdio (arts. 275 e 276 TFUE) - Alis, se firmos o segundo sub-pargrafo do art. 24/1 TUE, adicionado expressamente pelos Estados-Membros na CIG de Junho de 2007, vemos: A poltica externa e de segurana comum est sujeita a regras e procedimentos especficos. definida e executada pelo Conselho Europeu e pelo Conselho, que deliberam por unanimidade, salvo disposio em contrrio dos Tratados. Fica excluda a adopo de actos legislativos. (...) O Tribunal de Justia da UE no dispe de competncia no que diz respeito a estas disposies, com excepo do art. 40 TUE a incluso da referncia ao art. 40 (permitindo ao TJUE pronunciar-se sobre poucos casos de PESC) leva-nos a pensar se um julgamento audaz ser possvel.- Em matrias de Justia e Assuntos Internos, os arts. 82 ss do TFUE abrem a possibilidade de cooperao reforada (basicamente, andar a ritmos diferentes) - Jean-Claude Piris acha que o terceiro pilar desaparece efectivamente, pois os actos adoptados em matria de JAI so agora regulamentos, directivas e decises, adoptadas em co-deciso pelo Parlamento e pelo Conselho, sob iniciativa da Comisso.- Sendo assim, temos uma Unio, mas que pode andar a velocidades diferentes consoante a matria, e os princpios que regulam as relaes entre instituies, entre Estados-Membros e Unio aplicam-se agora a todas as matriasImportncia Dada aos Direitos Humanos- Art. 6 TUE - atribui Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia o mesmo valor jurdicos dos tratados. agora, a Unio Europeia dispe, finalmente, de um catlogo prprio de tratados. - O art. 6/2 TUE prev a adeso da Unio Conveno Europeia dos Direitos do Homem (no confundir com a Carta) acordo internacional de adeso requer deliberao unnime do Conselho, seguido de aprovao de todos os Estados-Membros (art. 218 TFUE). Isso, curiosamente, colocaria o TJUE sujeito ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.Delimitao de Competncias art. 2 TFUE- Os Estados-Membros, titulares originrios das competncias, aceitam delegar na Unio novos e mais alargados poderes, mas reconhecem-se o direito de definir limites, jurdicos e polticos, mais exigentes no que toca ao exerccio dos poderes pelo decisor da Unio e, por conseguinte, mais restritivos em relao expansibilidade da esfera de actuao da Unio em detrimento da rea de deciso prpria dos Estados-Membros.- V. art. 4/1 e 5/2 TUE que repetem a ideia da competncia por atribuio. - O art. 5 sujeita as competncias ao chamado teste da competncia, fazendo trs perguntas: quem tem a competncia? (princpio da competncia por atribuio) quem deve exercer a competncia (princpio da subsidariedade) e como deve ser exercida? (princpio da proporcionalidade)- Exclusivas matrias sobre as quais s a Unio pode legislar e vincular. Os Estados-Membros s o fazem com autorizao ou para executar no seu prprio territrio o que foi estatudo pela Unio. Exemplos: unio aduaneira, mercado interno, unio econmica e monetria, etc.- Partilhadas tanto a Unio Europeia como os Estados-Membros podem emitir actos vinculativos; se a Unio j tiver legislado, os Estados-Membros s legislam no que ela no legislou ou decidiu no legislar. Exemplos: ambiente, energia, transportes, etc.- Complementares Unio Europeia no legisla, mas pode cooperar e ajudar Estados-Membros. Exemplos: turismo, cultura, proteco civil, poltica industrial.- Alargamento ou reduo das competncias? - Em relao s competncias exclusivas, verifica-se um retraimento do mbito que, tradicionalmente, doutrina e jurisprudncia admitiam como matrias de monoplio comunitrio. Exemplo: poltica agrcola comum (com excepo de conservao de recursos) e poltica comum de transportes agora esto nas competncias partilhadas. - Em relao s competncias partilhadas, h um alargamento nas reas de poltica de energia (194 TFUE), cooperao judiciria e policial em matria penal (82 TFUE), problemas comuns de segurana em matria de sade pblica (189 TFUE), poltica espacial europeia (189 TFUE), ajuda humanitria (214 TFUE), etc. - O alargamento mais significativo verifica-se no mbito das competncias complementares: novo ttulo relativo ao turismo (art. 195 TFUE), desporto (art. 165/2 TFUE), proteco civil (197 TFUE)- Maria Lusa Duarte frisa o facto da passagem da PESC da esfera intergovernamental para a esfera comunitria e a proteco de direitos fundamentais passar a estar vinculada a um bloco de fundamentalidade, de fonte nacional e internacional.- Quanto s competncias partilhadas, preciso enunciar trs coisas. - Declarao n 18 a CIG sublinha que a Unio pode decidir de deixar de exercer uma competncia partilhada revogando um acto legislativo, para melhor respeitar o princpio da subsidariedade. Alis, os Estados-Membros at podem pedir ao Conselho para pedir Comisso, de acordo com o art. 241 do TFUE, para submeter uma proposta de revogao a um acto legislativo j em vigor, exigindo maior rigor na aplicao do princpio da subsidariedade apenas mostra um grau de desconfiana poltica por parte dos Estados-Membros. Para Piris, juridicamente, no traz nada de novo, pois isso sempre se pde fazer. - Princpio da Subsidariedade o art. 5/3 impe o princpio da subsidariedade. O Protocolo 2 desenvolve melhor esta matria, especialmente no que toca participao dos Parlamentos Nacionais, que podem controlar a aplicao, ou no, do princpio da subsidariedade. - Princpio da Proporcionalidade o art. 5/4 dispe que o contedo e a forma dos actos da Unio no exceder o que necessrio para atingir os objectivos dos tratados. Tambm desenvolvido no Protocolo n2.

Princpio do Primado- Ele confirmado, mas no formalmente consagrado no Tratado de Lisboa, ao contrrio da Constituio. No entanto, a jurisprudncia uniformizadora do Tribunal de Justia reafirma o princpio, especialmente atravs do famoso acrdo Costa v. ENEL: A fora executiva do Direito Comunitrio no pode variar de um Estado para outro devido a leis domsticas posteriores sem prejudicar a concretizao dos objectivos do Tratado.- A razo da remoo do princpio do primado do Tratado foi principalmente poltica, depois dos referendos falhados em Frana e na Holanda.

A Estrutura Decisria da Unio EuropeiaInstituies, rgos e Organismos[footnoteRef:9] [footnoteRef:10] [footnoteRef:11] [footnoteRef:12] [9: Jean-Claude Piris, The Lisbon Treaty..., pp 204-238] [10: Maria Lusa Duarte, EsTL, pp 50-69] [11: Joo Mota de Campos, MDE, pp 65-202] [12: Maria Lusa Duarte, Unio Europeia, pp 156-292]

Caractersticas Comuns da Arquitectura InstitucionalO Quadro Institucional nico- Segundo o art. 13 TUE, so sete as instituies da Unio Europeia: Conselho Europeu, Conselho, Parlamento Europeu, Comisso Europeia, Tribunal de Justia, Tribunal de Contas e Banco Central Europeu.Instituies, rgos e Organismos- H que lembrar que, desde a declarao de Laeken que um dos objectivos da reforma da Unio era a maior democratizao. No que toca estrutura institucional, o Tratado de Lisboa preocupou-se mais com questes de eficcia do que propriamente com o reforo da componente democrtica. Contudo, a componente democrtica saiu reforada do Tratado no que toca aos procedimentos de deciso.- Verifica-se que o Tratado de Lisboa alimenta uma certa ambio de reformulao do quadro institucional. O traado que dele emerge mais conservador no que toca existncia das instituies e rgos e mais inovador no que toca as relaes entre eles.- O art. 13 TUE define as caractersticas gerais do quadro institucional: - Identifica a sua funo - Enumera as suas instituies - Subordina a actuao das instituies observncia do princpio da competncia, da separao de poderes e da cooperao leal. - Define o Comit Econmico e Social e o Comit das Regies como rgos consultivos.- O art. 13 deveria conter alguma referncia ao sentido da nova distino entre instituies, rgos e organismos, inovao do Tratado. - Desde sempre, as instituies designaram os rgos mais importantes da Unio, nem sempre sendo claro o critrio, mais poltico que jurdico. - O art. 13 adiciona lista das instituies o Conselho Europeu e o Banco Central Europeu, ficando mais coerente o quadro institucional da Unio, que agora integra os rgos verdadeiramente mais relevantes.- Quanto ao conceito de organismos, encontramos nele variadas entidades jurdicas e funcionais, com duas caractersticas, pelo menos: no esto previstas no texto dos tratados e so criados por deciso das instituies competentes da Unio. Existem cada vez em maior nmero e aparecem sob os mais diversos nomes: agncia, instituto, observatrio, etc. - Art. 263 TFUE permite impugnao dos actos dos organismos por iniciativa dos particulares.

Estrutura Institucional e Fontes de Legitimidade- Legitimidade judicial aplicao Direito Unio Europeia- Legitimidade Democrtica- Legitimidade Inter-Governamental- Legitimidade Integrativa defesa dos interesses da Unio

Regime Comum de Funcionamento das Instituies, rgos e Organismos- Autonomia as instituies europeias tm autonomia externa e interna. A primeira resulta do grau de independncia da prpria Unio em relao aos Estados-Membros e s suas instituies jurdicas, merc da personalidade jurdica que lhe expressamente reconhecida pelo art. 47 TUE; a autonomia interna envolve o poder de auto-organizao, que implica aprovao dos prprios estatutos internos.- Funo Pblica o regime est mais prximo do regime do funcionalismo pblico de um Estado do que de uma organizao internacional clssica- Privilgios e Imunidades art. 343 TFUE e Protocolo n7- Regime Lingustico art. 342 TFUE; o Jornal Oficial da Unio Europeia publicado nas 23 lnguas oficiais- Sedes 341 TFUE: - Bruxelas servios da Comisso, do Conselho e do CES, reunies do Conselho de Ministros - Luxemburgo Tribunal de Justia, Tribunal de Contas, Servio de publicaes, alguns servios da Comisso, secretariado geral do Parlamento, Banco Europeu de Investimento - Estrasburgo sesses plenrias do Parlamento

As Instituies, rgos e OrganismosO Parlamento Europeu[footnoteRef:13] [13: Jean-Claude Piris, The Lisbon Treaty..., pp 114-122]

Composio- a nica instituio dotada de plena legitimidade democrtica.- Eleito por sufrgio universal, ele o representante de todos os cidados europeus, tendo no mximo 751 membros, incluindo o Presidente. - Alterao significativa o nmero de deputados j no est nos Tratados, apenas se enunciando critrios, como o limite acima exposto e o facto de a representao dos cidados ser degressivamente proporcional e com limite mnimo por Estado-Membro de 6 deputados e mximo de 96, para garantir um maior equilbrio entre Estados mais e menos populosos (Ex: um deputado luxemburgus representa 71.000 pessoas, enquanto que um alemo representa 826.000) - De frisar que, de acordo com os critrios acima expostos, o Conselho Europeu adopta por unanimidade a composio do Parlamento, com o seu consentimento 14/2 TUE - Uma dvida no foi resolvida pelo Tratado de Lisboa que critrio usar: nacionalidade ou residncia? (primeiro favorceria pases de emigrao, como Itlia ou Portugal; e segundo favoreceria pases de imigrao, como a Frana e a Alemanha)Funes e Procedimento de Deciso- Desde as primeiras eleies europeias em 1979, os sucessivos pedidos de alargamento de competncias comeam a fazer sentido devido sua democratizao (faz sentido que, se se quiser democratizar a Unio, se d mais poderes ao Parlamento) e a sua estratgia passou sempre por condicionar o Conselho, aliando-se Comisso.- Agora, no plano geral, o Parlamento logrou avantajar a sua expresso, destacando-se a generalizao do procedimento de co-deciso no que respeita funo normativa. - Segundo o art. 14 TUE, o Parlamento exerce, juntamente com o Conselho, a funo legislativa e a funo oramental, aplicando-se-lhe o procedimento legislativo ordinrio atravs de deciso conjunta sua e do Conselho 289 e 294 TFUE - O domnio da co-deciso foi agora alargado mais trinta casos de importncia varivel, estatudo em quatorze novas bases legais, sendo o sector mais significativo aquele da Liberdade, Segurana e Justia, coordenao em matria de segurana social, especialmente no que toca a trabalhadores migrantes, cultura, matrias de Euro, fundos de coeso, propriedade intelectual, etc. - Isto ignifica que o Parlamento e o Conselho, para poderem ser eficientes tm de cooperar mais, tentando entender-se primeira leitura dos actos. Isso faz-se atravs de encontros informais entre a Presdincia do Conselho, representantes da Comisso e do Parlamento. - Agora, a sua Comisso est sujeita ao Parlamento Europeu e o Parlamento pode nomear comisses de inqurito, receber peties, eleger o Provedor de Justia, questionar a Comisso e o Conselho, etc. - de frisar que, quanto Comisso, os poderes do Parlamento aumentam: agora, ele competente para eleger o candidato proposto pelo Conselho Europeu art. 17/7 TUE - Parlamento pode interpor uma moo de censura sobre as actividades da Comisso art. 234 TFUE - Direito de petio e inqurito art. 226-227 TFUE qualquer cidado da Unio (v. art. 24 TFUE) pode dirigir peties ao Parlamento Europeu; o Parlamento pode constituir, por iniciativa prpria, comisses de inqurito temporrias para averiguar, com respeito das competncias cometidas a outras instituies ou rgos, alegaes de infraces ou m administrao na aplicao do Direito da Unio.- Tem alguns poderes adicionais: - 289 TFUE estende-se o escopo da co-deciso, como j vimos - 314 TFUE o novo procedimento aumenta os poderes oramentais do Parlamento, que agora co-decide com o Conselho todas as despesas. - 17/7 TUE Presidente da Comisso eleito em funo do resultado das eleies - 218/6 TFUE aprovao de um grande nmero de tratados internacionais - 48/7 TUE aprovao de alteraes aos tratados por processo simplificado - 50/2 TUE aprovao do acordo de retira de um Estado-membro - 352/1 TFUE aprovao do exerccio de poderes novos pela Unio - 290 TFUE Parlamento ganhou papel de controlo de poderes delegados e co-deciso para a adopo da nova comitologia da Unio, ver tambm art. 291 TFUE - Para Jean-Claude Piris, a principal razo para o aumento dos poderes do Parlamento o facto de na Conveno que preparou a Constituio Europeia (cujas propostas em relao ao Parlamento no foram muito modificadas) estavam membros do parlamento muito espertos e activos; e porque os lderes dos Estados-Membros precisavam de convencer os cidados de que a Unio Europeia uma instituio verdadeiramente democrtica.

O Conselho EuropeuComposio- Tem uma legitimidade inter-governamental, de forma a preservar o equilbrio de poderes dentro da Unio.- Rene Chefes de Estado e de Governo, representando os Estados-Membros a mais alto nvel art. 15/2 TUE- Maria Lusa Duarte acha que o Conselho a instituio que mais beneficia com o regime institudo no Tratado de Lisboa.- Jean-Claude Piris concorda, afirmando que o Tratado de Lisboa consagra o papel do Conselho Europeu como nica instituio que tem liderana poltica geral da Unio Europeia. - Mesmo assim, o Tratado de Lisboa tornou-o uma instituio, o que tambm significa que os seus actos jurdicos podem ser fiscalizados pelo Tribunal de Justia art. 263 e 265 TFUEFunes e Procedimento de Deciso- Art. 15 TUE define principal funo do Conselho Europeu: dar impulso poltico e estabelecer as orientaes gerais e prioridades da Unio - O Conselho Europeu conserva a sua tradicional funo de instncia superior de impulso poltica da Unio, reforada pela atribuio de poderes efectivos de conformao de outras instituies, que antes no tinha. Assim, deixa de ser s uma instituio de impulso poltico. - Define a composio do Parlamento Europeu art. 14/2 - Define as formaes do Conselho e o sistema de presidncias rotativas art. 236 TFUE - No que toca Comisso, define o sistema de rotao de Comissrios art. 244 TFUE, e, alm disso, nomeia e pe termo ao mandato do Alto Representante (18/1 TUE) e prope o cargo de Presidente da Comisso (17/7 TUE). Alm disso, nomeia a Comisso Executiva do BCE (art. 283/2 TFUE) - De frisar tambm as chamadas clusulas de passerelle, em que o Conselho Europeu tem competncia para alargar os domnios de deciso por maioria qualificada no Conselho (31/3 TUE), bem como no processo de reviso simplificada (48/2 e 6 TUE) - Art. 15/2 no exerce funes legislativas art . 15/2 e s emite actos vinculativos em certos casos- No domnio da PESC (art. 21 ss TUE) ainda muitas competncias, cabendo-lhe, nos termos dos arts. 21 ss identificar os interesses estratgicos, estabelecer os objectivos e definir as orientaes gerais da poltica externa e de segurana comum, adoptando por unanimidade as decises necessria.- No que toca reviso dos tratados, o art. 48/2 TUE prev que os projectos de reviso sejam enviados ao Conselho Europeu, nos termos a estabelecidos. Mas, no mbito da reviso simplificada (48/6), o Conselho Europeu pode, deliberando por unanimidade, adoptar uma deciso que altere todas ou parte das disposies da Parte III TFUE Polticas da Unio. - No tocante adeso de novos membros ou abandono, cabe ao Conselho, aps consulta Comisso e aprovao do Parlamento Europeu, pronunciar-se por unanimidade sobre os pedidos de adeso Unio, mas tendo sempre em conta os critrios de elegibilidade aprovados pelo Conselho Europeu art. 49 TUE. Quanto ao abandono, ver art. 50 TUE- Quanto ao espao de liberdade, segurana e justia, o Conselho Europeu define as orientaes estratgicas art. 68 TFUE e 61 ss TFUE- O seu processo de deliberao continua a ser o consenso art. 15/4 TUE. O consenso adequa-se melhor a uma demanda de compromissos polticos.- Nos casos tipificados nos Tratados de votao por maioria simples art. 235/3 TFUE por maior qualificada 236 TFUE ou por unanimidade 244 TFUE no participam na deliberao nem o Presidente, nem o Presidente da Comisso, apenas vontando os Chefes de Estado e de Governo, em nome do princpio inter-governamental.Presidente do Conselho Europeu- Aparece o Presidente do Conselho Europeu, que tal como o Presidente da Comisso, que tambm compe o Conselho Europeu, no tem poder de voto 15/2 TUE - O Presidente do Conselho Europeu eleito por maioria qualificada, por mandato de 2 anos e meio, renovvel uma vez 15/5 TUE - O Presidente do Conselho Europeu tem um papel de acentuado relevo poltico, seja no plano interno da dinamizao das polticas da Unio, em articulao com o Presidente da Comisso (15/6 TUE) seja na representao externa, sem prejuzo do Alto Representante. - 15/5 TUE in fine: incompatvel com qualquer mandato nacional e regional e europeu? preciso maior clarificao.- As competncias do Presidente do Conselho Europeu esto delineadas no art. 15/6

O Conselho (de Ministros ou da Unio Europeia)Composio- tambm dotado de legitimidade inter-governamental- Composto por Ministros (dependendo da configurao) dos Estados-Membros representando os mesmos. Eles actuam como representantes dos Estados-Membros, como acontece nas organizaes internacionais clssicas. - O Tratado de Lisboa vem enfraquecer o Conselho, restringindo a sua autonomia estatutria. Antes, o Conselho, atravs da aprovao de regulamento interno, podia decidir sobre a respectiva organizao interna e a presidncia rotativa decidia quem presidia a cada configurao. - Agora, est nas mos do Conselho Europeu a lista de formaes do Conselho art. 236 a) TFUE. S h duas formaes que tm existncia garantida pelos tratados o Conselho dos Assuntos Gerais e o Conselho dos Negcios Estrangeiros (16/6 TUE e art. 236 a) TFUE) - Reunies em que Conselho vote e delibere sobre actos legislativos so pblicas art. 16/8 TUE- Alto Representante preside o Conselho dos Negcios Estrangeiros 18/3 TUE; com essa excepo, a Presidncia das diferentes formaes do Conselho definida pelo Conselho Europeu art. 236 b) TFUE, adoptando um sistema de rotao igualitria 16/9 TUE. - Agora, o sistema de presidncia rotativa funciona numa lgica de troika, ou seja, prev-se que a Presidncia do Conselho seja assegurada por grupos pr-determinados de 3 Estados-Membros durante um perodo de 18 meses. - Todas as outras configuraes continuam a ser presididas pela (passe a redundncia) presidncia rotativa 236 TFUE e 16/9 TUE, adoptando-se agora o modelo da tri-presidncia.Funes e Procedimento de Deciso- Art. 16/1 TUE funo legislativa e oramental, definindo polticas- Tem poderes de coordenao nos domnios econmico e social, como estatui o art. 1/5 e 121 TFUE; tem poderes de deciso, mas que s raramente so autnomos, i.e., a maioria das veses s age por proposta da Comisso 17/2 TUE- Tem ainda poderes de execuo, mas s excepcionalmente os exerce 290 ss TFUE- Para Mota de Campos, acaba por ganhar relevo como centro de concertao de interesses nacionais - O Tratado de Lisboa inclui provises feitas para melhorar a eficcia do funcionamento do Conselho. A principal medida o aumento do nmero de matrias onde o conselho age por voto por maioria qualificada, em vez de unanimidade 16/3 TUE. Isto, juntamente com um novo sistema de voto por maioria qualificada mais simples, ir, em princpio facilitar a tomada de decises.- Agora, estende-se a maioria qualificada para novos 20 casos, nomeadamente na rea da Liberdade, Segurana e Justia.- No entanto, existem uma srie de reas onde ainda funciona a regra da unanimidade, nomeadamente em questes de PESC v. art. 31 paqu?- At Outubro de 2014, nos termos do disposto no art. 16/5 TUE e do art. 3/3 do Protocolo Relativo s Disposies Transitrias, cada Estado-Membro dispor, no seio do Conselho um certo nmero de votos num total de 345. - Se o Conselho deliberar sobre uma proposta da Comisso, a formao da maioria qualificada exige 255 votos favorveis provenientes da maioria (14) dos Estados-Membros - Caso contrrio, o Conselho s pode deliberar validamente se os 255 votos emanerem pelo menos de 2/3 dos Estados (18). - Porqu? Presume-se que as propostas da Comisso ou do seu Vice-Presidente (o Alto Representante) so elaboradas tendo em conta o interesse geral da Unio, admitindo-se que os interesses e preocupaes dos Estados mais pequenos j tenham sido ouvidas- A partir de Outubro de 2014, a maioria qualificada corresponder a, pelo menos, 55% dos membros do Conselho num mnimo de 15, devendo estes representar Estados-Membros que renam, no mnimo, 65% da populao da Unio art. 16/4 TUE

A Comisso EuropeiaComposio- Legitimidade integrativa (defender interesses da Unio)- Os comissrios so indicados pelos Estados, aprovados pelo Presidente da Comisso e pelo Parlamento Europeu- Supostamente o art. 17/5 TUE mudou o nmero de comissrios (inc. o Presidente e o Alto Representante) de um por Estado-Membro para 2/3 dos Estados-Membros. Contudo, aps o referendo irlands, o Conselho Europeu decidiu abandonar essa deciso.- Comissrios no representam os Estados, mas sim o interesse colectivo da Unio art. 17/1 com a excepo da PESCFunes e Procedimentos de Deciso- Supostamente, o Tratado de Lisboa d-lhe mais poderes, com a comunitarizao do ex-terceiro pilar e com o art. 293 TFUE que requer unanimidade do Conselho para emendar uma proposta da Comisso quando a Comisso no concorda com ela, o que d mais relevncia Comisso no procedimento de tomada de deciso.- Tem um poder de iniciativa que, para Mota de Campos, fundamental. S excepcionalmente que os Tratados prevem que o Conselho e o Parlamento tenham iniciativa ver art. 289/1 TFUE e 17/2 TUE - Quando os tratados prevejam que o Conselho ou o Conselho e o Parlamento decidem sobre proposta da Comisso, no lhes permitido deliberar seja o que for enquanto a Comisso no lhes tiver submetido uma porposta nesse sentido. Caso contrrio, a adopo do acto ser ferida de nulidade, ilegalidade ou inaplicabilidade. - Ela vista como a guardi dos tratados (v. art. 17/1 TUE), tendo poderes de controlo como o poder de fiscalizao (337 TFUE) e o direito de aco. O direito de aco composto por aces por incumprimento (258 TFUE), recursos de anulao (263 e 264 TFUE), recursos de anulao, quando o Conselho, o Parlamento ou o BCE, em violao dos tratados, se abstenham de agir (265 TFUE). - Tem ainda poderes para autorizar a adopo de medidas derrogatrias das disposies dos tratados, como autorizaes de medidas de salvaguarda (44 e 347 TFUE), fiscalizao da concesso de ajuda estatal a empresas nacionais (107 TFUE), derrogao de certas regras de concorrncia 101/3 TFUE - Detm ainda poderes de sano contra operadores do mercado interno, poderes de gesto e, atravs do Alto Representante, que seu Vice-Presidente, participar na elaborao e aplicao da poltica externa e de segurana comum da Unio.- Teoricamente tambm, o Tratado de Lisboa d mais poder ao Presidente: - Como o Alto Representante Vice-Presidente da Comisso, o Presidente tem de aceitar a sua nomeao 18/1 TUE - Pode pedir demisses de qualquer comissrio 17/6 TUE - Presidente eleito pelo Parlamento Europeu art. 17/5 assim, mandato do Presidente da Comisso depende muito da configurao poltica em Estrasburgo.- De sublinhar tambm que o Tratado dispe uma regra geral segundo a qual a Comisso com excepo da PESC e outros casos previstos nos tratados assegura a representao externa da Unio art. 17/1.- Contudo, pode-se afirmar que a Comisso a instituio que mais sai prejudicada do Tratado de Lisboa em termos comparativos, pois no ganha tantos poderes quanto as outras instituies.- Quanto ao Alto Representante, Maria Lusa Duarte acha que tem poucas hipteses de se afirmar como verdadeiro representante externo da Unio Europeia, perdido no labirinto de competncias e apanhado na sobreposio de poderes entre o Conselho e a Comisso. O Tribunal de Justia da Unio Europeia- Divide-se em Tribunal de Justia, Tribunal Geral e Tribunal da Funo Pblica um regresso frmula uma instituio, vrios tribunais. Ateno que possvel que aumente o nmero de tribunais especializados v. art. 19 TUE- Com a nova redaco do art. 19/1 TUE recupera-se um princpio basilar de unidade institucional no sistema comunitrio de aplicao judicial do Direito, que se reflecte, com coerncia, no regime definido para os tribunais integrantes do sistema, especialmente sob a forma de garantia de recurso para tribunal superior art. 256/2 e 257 TFUE.- Para a seleco dos membros do Tribunal de Justia e do Tribunal Geral intervm um comit nos termos do art. 255 TFUE, composto por 7 personalidades, tanto ex-membros do Tribunal ou membros de Supremos Tribunais nacionai ou juristas de reconhecida competncia sujeita-se os candidatos a um escrutnio prvio de idoneidade funcional.- Agora a sua jurisdio cobre toda a rea da liberdade, segurana e justia, sendo que, antes, esta rea encontrava-se excluda da sua competncia, o que so boas notcias para a aplicao uniforme do Direito da Unio e proteco dos direitos individuais. - A nica excepo so matrias de cooperao judicial e policial, no podendo o tribunal rever validade ou proporcionalidade de operaes policiais 276 TFUE- Apesar da PESC estar fora da jurisdio do Tribunal, ele agora pode rever a legalidade das decises que restrinjam direitos pessoais art. 275 TFUE- As aces de anulao trazidas por pessoas singulares e colectivas contra regulamentos da Unio aumentaram, removendo a condio de que o acto em questo deveria ser preocupao do indivduo que interpunha a aco 263 (tambm inclui Conselho Europeu)

O Banco Central Europeu- Ganha personalidade jurdica- Com o Tratado de Lisboa, v-se elevado a instituio, o que faz com alguma reluctncia, com medo de perder a sua independncia, estando agora sujeito a todas as provises dos tratados relativas s instituies.- Jean-Claude Piris acha que elevao a instituio no muda muito da sua situao jurdica e legal, e a friza que a sua independncia est garantida art. 130 e 282/3 TFUE e art. 7 Protocolo n4 independncia institucional, operacional, pessoal, financeira e de gesto interna.- Tem competncia na gesto da poltica monetria

O Tribunal de Contas- Patinho feio da Unio Europeia. E sim, foi a Maril que disse isto.- Composto por 27 membros, um por cada Estado, escolhidos por quem j tenha exercido funes semelhantes nos Tribunais Constitucionais nacionais art. 286/1 ss TFUE- Estatuto de independncia- Funes de controlo financeiro muito amplia, pois abrange a fiscalizao da totalidade das receitas e despesas da Unio art. 287 TFUE. Controla tanto a legalidade como a oportunidade das contas art. 287/2 TFUE - O controlo levado a cabo pelo Tribunal de Contas externo, competindo o controlo interno estrutura competente de cada instituio, rgo ou organismo, e feito a posteriori, porque incide sobre as contas. - Apesar de no ter poderes de natureza decisria ou sancionatria pode defender as suas prerrogativas atravs da interposio de recursos de anulao art. 263 TFUE e de recursos por omisso art. 265- Funes Consultivas exercidas a pedido de outras instituies sob a forma de pareceres. A consulta pode ser obrigatria art. 322 TFUE por exemplo ou facultativa art. 287 TFUE p ex. rgos Complementares- Comit Econmico e Social, composto por representantes das organizaes de empregadores, trabalhadores e de outros sectores da sociedade civil. - Tem um funo consultiva (304 TFUE) e poder de iniciativa relativo emisso de pareceres (304 TFUE)- Comit das Regies, composto por representantes das autarquias regionais e locais que sejam quer titulares de um mandato eleitoral a nvel regional ou local, quer politicamente responsveis perante uma assembleia eleita. - Funo consultiva 307 TFUE- Fundo Social Europeu art. 162 TFUE- Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional - Ver regras relativas a eses comits art. 300 TFUE

Organismos- Aqueles observatrios e agnicas estranhos que s servem pa gastar dinheiro.

Concluso de Maria Lusa Duarte- Maria Lusa Duarte acha que o Conselho Europeu sai reforado com o Tratado de Lisboa, pois tem um Presidente permanente e nomeia o Alto Representante- Tratado de Lisboa tirou alguns poderes de iniciativa Comisso que j no tem o exclusivo da iniciativa, fazendo depender muito do factor personalista a relevncia de cada instituio debilitao da Comisso debilitao dos pequenos Estados e fortalecimento do Directrio.- Do Tratado de Lisboa sai tambm reforada a legitimidade democrtica e a legitimidade inter-governamental, em deterimento da legitimidade integrativa.- Um problema gerado pelo Tratado a multiplicao e sobreposio de Presidncias da Comisso, do Conselho Europeu, a presidncia rotativa do Conselho, o Alto Representante, o Presidente do Eurogrupo, etc ou seja, h 3 individualidades a disputar o palco europeu, e da a relevncia do factor personalista.

Princpios Gerais de Vinculao InstitucionalO Princpio do Equilbrio Institucional- No tem base jurdica expressa, apesar de haver uma referncia tcita no art. 13/2 TUE.- Tem uma dimenso esttica (o que os tratados definem) e uma dimenso dinmica (competncias em aco)- Os rgos devem exercer as suas competncias de modo a respeitar as prerrogativas das outras instituies.- luz da jurisprudncia comunitria, definida pelo Tribunal de Justia, o princpio do equilbrio institucional funciona como uma garantia das prerrogativas de participao de cada instituio no processo de decisao. - Acrdo Meroni do TJUE Tribunal apelou ao princpio do equilbrio de poderes para excluir a legalidade de um acto de delegao de poderes discricionrios em favor de entidades diferentes das previstas nos Tratados. - Possibilidade de acordos inter-institucionais art. 295 TFUE eles podem, dependendo da vontade das instituies, revestir carcter vinculativo ou manter a sua natureza de instrumentos de soft law, de carcter indicativo; o respeito pelo disposto nos Tratados, maxime as regras aplicveis repartio horizontal de competncias, pelo que so contrrios aos Trados os acordos que alterem o equilbrio institucional - Tem de ser triangular? Sim, para evitar golpes e alianas (do gnero Parlamento e Comisso)

O Princpio do Respeito pelo Acervo Comunitrio- Princpio histrico. Acervo significa adquirido.- Probe uma aceitao parcial aquando da adeso de um novo Estado-Membro, apesar de haver clusulas de opting out aceitam, sem reserva, os tratados e as finalidades...- Estados aderentes tm de aceitar o que j est em vigor. No entanto, isso no prejudica a existncia de uma fase de transio os chamados tratados de adeso so essas excepes necessrias.- O princpio foi consagrado no Tratado de Maastricht, mas j no est no Tratado de Lisboa, sendo a sua nica referncia o art. 20/4 TUE. Mas precisamente por ser to importante que no normativamente previsto.- No entanto, h que atentar ao art. 48, que com a possibilidade de reduo de atribuies da Unio assassina qualquer teoria de limites materiais de reviso.

O Princpio da Cooperao Leal- Tem uma base jurdica o art. 4/3 e 13/2 TUE- Regula a relao entre a Unio e os Estados- No plano da execuo do Direito da Unio Europeia, os Estados devem tomar todas as medidas necessrias para a plena aplicao do Direito da Unio Europeia, no devendo por obstculos (exemplo: no legislar contra Direito da Unio Europeia) - Consequncia: Aco por incumprimento - Art. 47 TUE e 216 e 218 TFUE celebrar tratados internacionais quando h conflito de competncias, h um procedimento de acordo misto. - O Ac. Zwartveld do TJUE definiu que este princpio obriga no apenas os Estados-membros a tomar todas as medidas capazes de garantir a eficcia do direito comunitrio, mas impe igualmente s Instituies deveres recprocos de cooperao leal com os Estados membros)

O Princpio da Transparncia- A actuao institucional segundo critrios de transparncia recente. A declarao n 17 anexa ao Tratadode Maastricht registava que a transparncia do processo decisrio refora o carcter democrtico das Instituies e a confiana do pblico na Administrao. - Art. 42 CDF, com as devidas excepes. - Art. 5/1 TFUE - V. 16/8

Os Procedimentos de Tomada de Deciso[footnoteRef:14] [footnoteRef:15] [14: Maria Lusa Duarte, EsTL, pp 70-75] [15: Joo Mota de Campos, MDE, pp 209-226]

Procedimentos de Deciso, Funo Poltica e Separao de Poderes na Unio Europeia Consideraes Gerais- O Parlamento, o Conselho Europeu, o Conselho e a Comisso dispem de poderes autnomos de deciso, mas de sublinhar que, normalmente, as instituies participam conjuntamente, para a formao da vontade da Unio Europeia. - Para Maria Lusa Duarte, no que respeita aos procedimentos de deciso, o Tratado de Lisboa adopta decises que, de forma equilibrada, traduzem o objectivo de Laeken maior transparncia, mais democracia e mais eficcia.

O Procedimento de Aprovao de Actos Legislativos- Por fora dos arts. 14/1 e 16/1 TUE, o Parlamento Europeu exerce a funo legislativa, juntamente com o Conselho.- O art. 289 TFUE dispe que o processo legislativo ordinrio consiste na adopo de um regulamento, de uma directiva ou de uma deciso conjuntamente pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, sob proposta da Comisso.- A par deste processo legislativo ordinrio, vemos tambm, ao longo dos Tratados, casos especficos em que os referidos actos legislativos regulamento, directiva e deciso so adoptadas pelo Parlamento com a participao do Conselho segundo um processo legislativo especial.- Em qualquer um dos casos, os actos resultantes so actos legislativos 289/2 TFUE

O Procedimento Legislativo Ordinrio A ex-co-deciso art. 294 TFUE- O processo legislativo ordinrio aplicvel em todos os casos que os Tratados submetem a tomada de deciso tramitao respectiva.- H que sublinhar que, aqui, o Conselho delibera por maioria qualificada. s 63 bases jurdicas j subordinadas a esta regra deliberativa, juntam-se mais 39 domnios de aco comunitria agora, a unanimidade a excepo, limitada s matrias directamente associadas ao cerne da soberania. - Ela exigida na reviso dos tratados, definio de sedes, regime lingustico, harmonizao fiscal, PESC, etc. - O processo, regido pelo art. 294 TFUE, comea com a apresentao de uma proposta ao Parlamento por parte da Comisso.- Essa proposta ir dar lugar a um extenso e complexo dilogo, que iremos j analisar, dilogo que implica uma primeira leitura, eventualmente uma segunda, e at uma terceira.

Primeira Leitura- Olhando para a proposta da Comisso, o Parlamento estabelece a sua posio que transmite ao Conselho. - Se o Conselho disser que sim, o acto considera-se adoptado com a formulao correspondente a essa posio e o processo termina. - Se o Conselho no aprovar a posio do Parlamento Europeu, vai adoptar a sua prpria posio, transmitindo-a ao Parlamento, devidamente fundamentada. - De frisar que a Comisso no alheia a este dilogo, informando as duas instituies da sua posio. Segunda Leitura- No prazo de 3 meses, o Parlamento Europeu pode: - Aprovar expressamente a posio do Conselho ou no se pronunciar, que vale como uma aprovao tcita o acto considerar-se- adoptado com a formulao dada pelo Conselho, e o processo termina. - Mas, o Parlamento pode rejeitar pura e simplesmente a posio do Conselho, o que implica que o acto proposto pela Comisso no foi adoptado e que, por isso, o processo terminou. - Pode tambm propor emendas posio do Conselho, transmitindo o texto alterado ao Conselho e Comisso (que emite pareceres sobre as emendas propostas pelo Parlamento). - Se no prazo de 3 meses o Conselho aprov-las todas, o acto em questo considera-se adoptado com a formulao decorrente das emendas do Parlamento. - Se no prazo de 3 meses o Conselho no aprovar todas as emendas, o Presidente do Conselho, em acordo com Presidente do Parlamento, convoca o Comit de Conciliao.Tentativa de Conciliao e Terceira Leitura- O Comit de Conciliao rene os 27 membros do Conselho ou os seus representantes e outros tantos membros representando o Parlamento Europeu. - Tem por misso chegar a acordo sobre um projecto comum de acto com base nas posies divergentes tomadas pelas duas instituies em segunda leitura. A Comisso trabalha no Comit e toma todas as iniciativas tendentes aproximao de posies. - Tem 6 semanas para tentar a conciliao: - Se nesse prazo no acontecer, considera-se que o acto proposto pela Comisso no foi adoptado e o processo chega ao seu termo. - Se se aprovar um projecto comum, as duas instituies vo aprovar em terceira leitura.- A contar da aprovao do projecto comum, o Parlamento e o Conselho tm 6 semanas para adoptar o acto em causa. - Se nesse prazo uma das instituies no o aprovar, o acto proposto no foi adoptado o processo chega ao seu termo.

Os Procedimentos Legislativos Especiais- 289/2 TFUE nos casos especficos previstos pelos Tratados, a adopo de um acto jurdico da Unio pelo Parlamento Europeu com a participao do Conselho, ou vice-versa, exige o recurso a um processo legislativo especial.- Nesse processo so aplicveis as disposies dos Tratados sobre o papel da Comisso. Assim, em todos os casos em que se determine que o Conselho adopta um acto sob proposta da Comisso, o Conselho s pode deliberar se a Comisso lho tiver realmente proposto art. 292 TFUE. Nesses casos, o Conselho s poder alterar essa proposta deliberando por unanimidade 293/1 TFUE - Enquanto o Conselho no tiver deliberado, a Comisso pode alterar a proposta as vezes que quiser e quando quiser art. 293/2 - Em qualquer caso, o acto jurdico adoptado constitui um acto legislativo.- H inmeros casos, nomeadamente: deliberao de movimento de capitais, poltica comum de vistos, medidas relativas ao direito da famlia, cooperao judiciria e penal, etc, em que o Conselho recorre ao procedimento legislativo especial, sendo a a regra de deliberao a unanimidade, apesar de haver algumas de maioria qualificada (concorrncia, pex. 103/1 TFUE).- H dois casos em que o Parlamento Europeu est autorizado a deliberar autonomamente: definio, por meio de regulamentos, do estatuto e condies gerais dos seus prprios membros 223/2 TFUE e definio, por regulamento, do estatuto do Provedor de Justia Europeu art. 228/4 TFUE

Concluso- Com o Tratado de Lisboa, houve um reforo na natureza democrtica do procedimento de deciso, com uma maior participao do Parlamento Europeu na qualidade de co-deciso, bem como pela possibilidade dos Parlamentos Nacionais intervirem com fundamento na eventual violao do princpio da subsidariedade.- O Tratado tambm reconhece o direito a uma espcie de petio popular, assinada por um milho de cidados da Unio, Comisso art. 11/4 TUE e 24 TFUE

Os Procedimentos de Aprovao de Actos No LegislativosO Procedimento Relativo aos Actos Delegados e Executivos art. 290 e 291 TFUE- O acto delegado um acto de desenvolvimento do regime jurdico desenvolvido no acto. Trata-se de um acto no legislativo de alcance geral que completa ou altera certos elementos essenciais do acto legislativo a sua aprovao compete Comisso, mediante delegao concedia pelo rgo legislativo, devendo o acto legislativo de delegao definir os objectivos, o contedo, o mbito de aplicao e o perodo de vigncia da delegao de poderes em favor da Comisso. [footnoteRef:16] [16: Maria Lusa Duarte, EsTL, p 77-78]

- O acto de execuo um acto normativo, mas de execuo. um acto normativo da funo administrativa. A competncia regra de adopo dos actos de execuo pertence aos Estados-Membros art. 291/1 TFUE. Numa aplicao do princpio da subsidariedade, o n 2 do mesmo artigo limita a competncia de execuo da Comisso adopo de actos quando sejam necessrias condies uniformes de execuo de actos juridicamente vinculativos da Unio a Comisso perde assim o seu tradicional estatuto de instncia vocacionada para aprovar os actos de execuo, pelo que o exerccio comum da funo administrativa eurocomunitria passa para o nvel nacional v. n 3 do art. 291 TFUE - Mostra que em primeira linha esto os Estados, que definem as normas de execuo. Contudo podem ser consideradas necessrias normas comuns e a que entra a competncia de execuo da Unio. Os actos de execuo da Unio so aprovados pela Comisso e em alguns casos o Conselho- Apesar da distino operada pelo art. 290 e 291 TFUE entre actos delegados e actos de execuo, a sua distino depende dos procedimentos de comitologia, devidamente adaptados o art. 290 tem a vantagem de enunciar o direito de participao do Parlamento Europeu, enquando co-autor do acto legislativo, no procedimento de delegao, embora uma tal participao nos suscite reservas do ponto de vista funcional como rgo parlamentar no deveria o Parlamento, na opinio de Maria Lusa Duarte, intreferir no exerccio da funo executiva, ainda que de forma difusa de acto delegado, o que levanta uma srie de questes em relao ao exerccio de poderes pelo Parlamento Europeu, pela Comisso e pelos Estados-Membros.

O Procedimento de Comitologia e os Actos de Execuo art. 291/3 TFUE- o procedimento onde intervm os comits tcnicos (realidades institucionais em largo nmero, da realidade jurdica europeia, e so compostos por peritos ou tcnicos, reunindo-se quando convocados, sendo cada um presidido por um representante da Comisso) - O Regulamento 182/2011 de 16 de Fevereiro de 2011, substitui a deciso de comitologia e simplifica os processos. Por fora deste regulamento, h basicamente dois procedimentos: procedimento de exame e consultivos. - Os pareceres dos comits so importantes, pois, por exemplo, se um comit der um parecer negativo, num procedimento de exame, esse parecer obriga a Comisso a refazer a proposta e a atender ao sentido do parecer. - A comitologia foi uma questo discutida no processo de reviso, porque a Comisso queria acabar com os comits por ser uma forma indigna de tutela. O regulamento de Fevereiro, j mencionado, tipifica os procedimentos.- Jean-Claude Piris fala de duas funes essenciais dos comits tcnicos: controlo dos actos delegados e dos actos de execuo.

O Procedimento de Vinculao Internacional da Unio EuropeiaPersonalidade Jurdica da Unio Europeia art. 47 TUE- J tnhamos visto que, com o Tratado de Lisboa, e segundo o disposto no art. 47 TUE, a Unio Europeia tem personalidade jurdica e, em funo da sua qualidade de maior bloco comercial do mundo e do papel que desempenha na cena internacional, precisa de se poder exprimir em acordos.- Esses acordos podem ser acordos comerciais (207 TFUE), acordos de cooperao com 3s Estados (208 TFUE), acordos de associao (198 TFUE), acordos monetrios (art. 38 TFUE) e tratados de adeso, claro (art. 49 TUE)

Concluso de Acordos Internacionais art. 218 TFUEFase da Negociao- Iniciativa da Comisso ela apresenta uma recomendao ao Conselho no sentido de que este a autorize a encetar as negociaes necessrias art. 207/3 e 218/2 TFUE - Ela manifesta-se outra vez quando a Comisso, concludas as negociaes, prope ao Conselho a celebrao do acordo negociado 218/2 TFUE- Quando o acordo incida exclusiva ou principalmente sobre PESC, o Alto Representante apresenta recomendaes ao Conselho art. 218/3 TFUE- Apesar da Comisso conduzir as negociaes, ela agir na conformidade das directrizes que o Conselho lhe fornece ao autoriz-la a abrir as negociaes, podendo rev-las e negociar em consulta permanente com comits especiais designados pelo Conselho art. 218/4- Pode ainda acontecer o caso dos acordos mistos, em que os Estados-membros participam nas negociaes v. art. 217Fase da Concluso- Encerradas as negociaes, cabe ao Conselho concluir o acordo alcanado pela Comisso. Mas, salvo no caso de acordos comerciais, antes de decidir o Conselho fer intervir o Parlamento Europeu 218/6 a) e b) para dar parecer ou aprovar o acordo negociado. - Cabe ao Conselho concluir o acordo negociado, aprovando-o e comunicando outra ou outras partes interessadas essa aprovao. Ele deliberar por maioria qualificada, mas exigida a unanimidade nos acordos referidos no 218/8 (adopo de normas internas).- Para evitar a concluso de acordos, o TFUE prev no art. 218/11 que qualquer Estado-Membro, o Parlamento Europeu, o Conselho ou a Comisso podem obter o parecer do Tribunal de Justia sobre a compatibilidade de um projecto de acordo com os Tratados. Em caso de parecer negativo do Tribunal, o acordo no entra em vigor.- Os tratados concludos vinculam a Unio.

A Ordem Jurdica da Unio EuropeiaAs Fontes de Direito da Unio[footnoteRef:17] [footnoteRef:18] [17: Joo Mota de Campos, MDE, pp. 296-351] [18: Jean-Claude Piris, The Treaty of Lisbon..., pp 92-104]

Direito PrimrioNoo- O Direito Primrio (ou originrio) formado pelos tratados e instrumentos afins. E de que tratados falamos? Todos os tratados que sejam relevantes para a definio da estrutura jurdica da Unio Europeia, Tratados de Adeso e Protocolos art.51 TUE. - Ao contrrio do direito derivado, que unilateral, o direito primrio convencional- Aqui, os Tratados so convenes internacionais de tipo clssico, produto exclusivo da vontade soberana dos Estados contratantes, concludas sob as regras de DIP e respectivas normas constitucionais.- Esses Tratados foram completados com diversas declaraes, protocolos, anexos, etc, j para no falar da Conveno Europeia dos Direitos do Homem, que tem o mesmo valor jurdico dos tratados.

Sobre a Natureza dos Tratados Institutivos: Tratado ou Constituio?- Uma questo que se discute na doutrina a questo da natureza dos tratados: saber se eles so meros tratados ou so constituies? - Formalmente, no h dvidas de que os Tratados sejam s isso, tratados. A questo tem pertinncia do ponto de vista material, do ponto de vista do objecto de regulao a, tero os tratados natureza constitucional? Depende do critrio que se considere relevante para que se diga que constituio. O critrio para Maria Lusa Duarte quanto ao poder constituinte, o critrio gentico: s h constituio se houver poder constituinte. E a Unio tem poder constituinte? No, a Unio no tem, porque esta uma entidade poltica derivada, e o poder constituinte encontra-se nos Estados-Membros e no num povo ou assembleia constituinte da Unio. O estatuto jurdico resulta num encontro de vontade resultantes dos tratados. - Por outro lado, Mota de Campos afirma a natureza constitucional dos Tratados, visto que contm o enunciado dos objectivos fundamentais da Unio, a definio da sua estrutura institucional (constituindo um direito institucional ou mesmo constitucional), disposies relativas s relaes entre a Unio e os seus Estados-Membros, bem como s relaes internacionais da Unio, as bases essenciais do direito econmico, financeiro e social da Unio e as disposies relativas salvaguarda da ordem jurdica que os Tratados instituram.- Mota de Campos faz a distino entre Tratado-Lei/Regra (enuncia com bastante pormenor as regras essenciais de dado assunto, como o tratado da EURATOM) e Tratado-Quadro (como o Tratado da UE ou o TFUE)

Processo de Reviso art. 48 TUE- Os tratados podem ser objecto de reviso: no s pelo estatudo no art. 48 mas tambm pelas alteraes informais criadas pela prtica, da que Maria Lusa Duarte fale em mutao. - Essa reviso informal feita pela jurisprudncia (especialmente o Tribunal de Justia cuja jurisprudncia vinculativa e obrigatria), que estabelece novos rumos atravs da interpretao, nomeadamente actualista e finalstica; e atravs da pratica poltica. Este possvel em espaos de anemia poltica, que no fazem revises, e por isso as jurisprudncia mais importante encontra-se nos anos 80. - A jurisprudncia importante e uma fonte material, mas o tribunal tem de conhecer os seus limites sob pena de pisar o terreno da ilegitimidade e sob perigo da desautorizao. Tem havido legislao travo actividade do Tribunal de JustiaProcesso Ordinrio de Reviso- O art. 48 prev a reviso atravs do processo ordinrio e a reviso atravs de processos simplificados. - No processo ordinrio a reviso comea com uma conferncia inter-governamental que rene representantes dos Estados, sendo a essa conveno que prepara o anteprojecto, e sendo o Conselho Europeu que a aprova internamente. - um processo mais solene, com mais etapas e que permite a alterao de qualquer disposio, podendo alargar as competncias da Unio ou restringi-las. Processos de Reviso Simplificados- Nos processos simplificados, a deciso de reviso pertence ao Conselho Europeu, s permitindo alterar disposies da parte terceira e no podendo alargar as competncias da Unio. - Exemplo: Conselho Europeu aprovou o ano passado, um protocolo que altera a proibio constante do art. 123 (proibio de resgate), permitindo que atravs de um fundo permanente a Unio possa, num contexto de grande excepcionalidade, dar ajuda a um Estado que esteja em dificuldade, tendo sido aprovada com base no art. 146. A deciso sujeita a aprovao interna nos Estados. - Continuando no exemplo, se a Unio passa a ter o poder de resgatar os estados atravs de um fundo, isso no passa por um aumento das suas competncias? At que ponte faz sentido esta limitao, quando no artigo sobre os novos poderes (352) se permite ao Conselho, desde que o faa por unanimidade, assumir poderes novos, para prosseguir objectivos que esto nos tratados? - Maria Lusa Duarte encontra aqui uma contradio, e o sentido de se ir esquecendo a disposio do art. 48. O processo simplificado est no n 7, que uma clusula passarelle, permitindo ao Conselho Europeu, por unanimidade e por deciso unilateral, modificar o processo decisrio com a limitao de que basta um estado levantar a clusula-travo e opor-se para que a deliberao fique sem efeito.

Direito DerivadoActos Tpicos 288 TFUE- Para Maria Lusa Duarte, o Tratado de Lisboa fez uma espcie de milagre, alterando e ao mesmo tempo conservando os actos tpico, mantendo no art. 288 a nomenclatura dos actos tradicionais comunitrios. - Alis, ainda afirma, com base dos arts. 289 ss TFUE que a definio de um acto como legislativo ou no no feita em funo da matria, nem do rgo que o aprova, mas sim do procedimento de aprovao. Na opinio de Maria Lusa Duarte, este critrio ser claro e fcil de aplicar, mas curto como critrio de definio de acto legislativo. Sublinhe-se que este formalismo restritivo da noo de acto legislativo tem implicaes prticas, por exemplo, no exerccio de poderes de controlo do princpio da subsidariedade pelos Parlamentos nacionais.Regulamentos- Actos gerais e abstractos, obrigatrios e directamente aplicveis correspondem a actos de funo normativa- Impe obrigaes ou estabelece direitos a todos os que se incluam ou possam no futuro a incluir-se na categoria de destinatrios que o regulamento define em abstracto e objectivamente.- O regulamento, sem visar quem quer que seja, impe-se a todos aqueles UE e instituies, Estados-Membros e rgos, pessoas pblicas e privadas.- Note-se que um regulamento no perde o seu carcter regulamentar pelo facto de num dado momento ser possvel identificar as pessoas sujeitas aplicao das normas que nele se contm.- O carcter geral e obrigatrio do regulamento expresso de um poder normativo perfeito que permite s Instituies da UE impor autonomamente, prescindindo da participao das instituies nacionais, a observncia das disposies do acto aos Estados Membros essa a grande marca de distino da directiva.- Alm disso, como o regulamento vigora directamente na ordem interna, o TJE exigiu que a sua entrada em vigor e a sua aplicao a favor ou contra quaisquer sujeitos de direito se realizem sem interveno de qualquer medida de recepo no Direito nacional Caso Variola, TJUE 10/10/1973, Proc. 34/74- Podem ser regulamentos do Conselho (art. 290 TFUE), do Parlamento e do Conselho (289/1), do Parlamento (223/2 TFUE), da Comisso (290/1 regulamento de execuo) e do BCE (132 TFUE)- Tm de estar fundamentados art. 296 - o que implica que a Comisso e o Conselho so podero adoptar um regulamento aps haverem procedido s consultas exigidas pelo Tratado violao implica nulidade, declarada pelo TJUE, pois trata-se de uma formalidade essencial 263- Assinatura, publicao e entrada em vigor nos termos do art. 297 TFUEDirectiva- Actos caractersticos da Unio Europeia, tendo como destinatrios os Estados e sendo um instrumento de harmonizao/aproximao das relaes internacionais, precisando de ser transposta para os Estados por no ser obrigatria.- A directiva no um acto de alcance geral, pois obriga apenas os destinatrios que ela mesma enuncia, sendo esses destinatrios exclusivamente os Estados.- Para Mota de Campos, a directiva exprime uma forma de federalismo vertical, distinguindo dois nveis de regulamentao a fixao, em termos vinculativos do resultado a atingir, que responsabilidade da Unio; e a determinao e adopo de medidas destinadas a alcanar tal resultado, que incumbem aos Estados destinatrios.- Baseia-se um pouco no princpio da subsidariedade- Quando a directiva dirigida a todos os Estados-Membros (arts. 113 e 115 TFUE), opera-se uma modificao geral da situao jurdica no conjunto da Unio, acabando por produzir um irrecusvel efeito normativo geral.- O TJUE considera que quando os particulares estejam em condies de invocar uma directiva contra o Estado podem faz-lo qualquer que seja a qualidade emque o Estado tenha agido, autoridade pblica, pblico-patronal, etc Estado significa Estado e tudo o que ele coordene, tutele ou supervisione Ac. Foster, 1990- A directiva, basicamente, impe aos Estados uma obrigao de resultado.- Os Estados tm liberdade de forma no que toca directiva, podendo-a concretizar por via legislativa, regulamentar ou simples via administrativa.- Podem ser directivas do Parlamento e do Conselho, do Conselho e da Comisso art. 289 e 290; no que toca sua natureza jurdica, existem directivas de base e de execuo.Decises- um acto obrigatrio, vinculativo, individual e concreto- Os destinatrios tanto podem ser Estados como pessoas colectivas de direito pblico ou simples particulares.- A deciso tem normalmente por finalidade aplicar as regras do Direito da UE a casos particulares, sendo comparvel a um acto administrativo de carcter individual. - Mas ela tambm pode ser utilizada para prescrever a um Estado ou grupo de Estados-Membros um objectivo cuja realizao passa pela adopo de medidas nacionais de alcance geral, apresentando-se como um instrumento de legislao indirecta prximo da directiva, com a diferena que a deciso obrigatria em todos os seus elementos.- Podem ser decises do Conselho (podendo ser sob proposta da Comisso, como no 293 ou por iniciativa do Conselho TFUE); decises tomadas em conjunto pelo Parlamento e pelo Conselho (previstas no art. 289 e 294 TFUE); decises da Comisso (agrupando-se nas que dependem da competncia exclusiva da Comisso e nas competncias delegadas ao abrigo do art. 290 e 291 TFUE); decises do BCE (132 TFUE)- Nos termos dos arts. 296 e 297 as decises devem ser precedidas de consultas, devendo tambm ser fundamentadas e devero ser publicadas no Jornal Oficial.Recomendaes e Pareceres- A recomendao adoptada por iniciativa do autor, e um acto do Conselho dirigido aos Estados-Membros ou acto da Comisso dirigido quer ao Conselho quer aos Estados-Membros, apontando-lhes medidas reclamadas pelo interesse da Unio, sugerindo ou prescrevendo comportamentos.- O parecer solicitado, e engloba diversas modalidades de actos que tm em comum a ausncia de fora vinculativa, pelo que no constitutem per se os respectivos donatrios em qualquer obrigao jurdica. - Os tratados contemplam, nomeadamente, os pareceres da Comisso dados aos Estados-Membros, da Comisso ao Conselho do Conselho Comisso, etc.

Actos Atpicos- So todos os actos da Unio Europeia que no esto no 288. - H que fazer uma distino: os actos fora do 288 como aqueles que esto no 295; e outros que esto fora dos tratados (exemplo: orientaes gerais). - Regulamentos internos, que organizam a vida interna das instituies. Podem tambm ser regulamentos financeiros e processuais no so regulamentos normais porque no tm alcance geral, no tm aquelas exigncias de formae porque respeitam organizao interna dos rgos. Cada caso est previsto nos tratados. - Actos preparatrios nos processos, integrando-se aqui as propostas da Comisso, projectos que desencadeiam as revises dos tratados, etc.- Actos que no estejam previstos: decises de criao de comits consultivos, por exemplo.

Actos Legislativos, Actos Delegados e Actos de Execuo- Artigos: 288, 290 e 291 - hierarquia que se baseia, actos legislativos VS actos no legislativos (delegados e executivo)- Um regulamento pode derrogar uma directiva? Ou uma directiva prevalecer sobre um regulamento? Art. 288 d a resposta a este problema: - Do ponto de vista da hierarquia o artigo neutro mas h j uma soluo hierrquica (distino implcita entre funo normativa primria e secundria que se l tambm na prtica institucional com regulamentos de base e regulamentos de execuo, sendo que os ltimos tinham de respeitar aquilo que os regulamentos de base regulavam). - O artigo 263 apresenta tambm uma soluo. Actualmente, desde a aprovao do Tratado de Lisboa, o problema foi ultrapassado, com a distino entre actos legislativos, delegados e de execuo. Veja-se o artigo 289 sobre actos legislativos, 290 sobre actos delegados e 291. De modo simplificado pode-se distinguir entre actos legislativos (aprovado de acordo com o processo legislativo tem uma natureza vinculativa); e no legislativos, que so passveis de ser impugnados se atentarem contra os actos legislativos.- O acto delegado adoptado pela Comisso, por delegao dos rgos decisores (Conselho e Parlamento Europeu) e pode regular matrias de dignidade legislativa desde que no sejam elementos essenciais do regime jurdico. Os actos de execuo so aprovados pela Comisso, depois de ter submetido essa proposta aos comits tcnicos. O acto executivo deve sempre respeitar o acto delegado, sob pena de ser impugnado junto dos tribunais competentes. Um dos objectivos subjacentes nesta distino nova (e pouco trabalhada na doutrina), justamente a de estabelecer um critrio hierrquico entre os actos da Unio, para saber qual prevalece numa situao de conflito entre normas.

Regime Jurdico dos Actos Eurocomunitrios- Quanto ao regime jurdico dos actos euro-comunitrios (arts. 296 e 297) - a adopo dos actos jurdicos obedece a um dado processo (294) mas mesmo depois de adoptados, tm de respeitar determinadas caractersticas que determinam a sua eficcia jurdica e que condicionam a sua prpria legalidade ou convencionalidade.- Os actos jurdicos se violarem as regras podem vir a ser declarados nulos o art. 296 estatui que os actos devem ser adequados, tendo em conta os princpios da proporcionalidade, princpio que recomenda que, se o objectivo puder ser alcanado atravs de uma directiva, no deve ser adoptado um regulamento - no fundo, a ideia a proibio do excesso, sendo que aqui o excesso a sobrecarga imposta aos Estados ou aos particulares. - O artigo 296 tem uma outra vertente: obrigaes de fundamentao todos os actos jurdicos da Unio carecem de fundamentao e tm de remeter para os pareceres ou propostas que tiveram na origem desse acto. Questo problemtica de saber se o acto est bem fundamentado. Se no tiver formalidades, simples, nulo por falta de formalidade. A questo mais importante a da fundamentao insuficiente. A apreciao da fundamentao feita caso a caso pelos tribunais que verificam se a fundamentao considerada suficiente. A fundamentao basicamente a exigncia de tutela jurdica. Artigo 297 exigncias procedimentais actos do Conselho e Parlamento tem de ser assinados pelos presidentes respectivos e h a exigncia de publicao para efeitos da sua eficcia.

Direito de Fonte ConvencionalAs Convenes Internacionais Celebradas pela Unio Europeia art. 216 TFUE- O art. 47 (personalidade jurdica) e 216 (competncia de vinculao internacional) fundamentam essa possibilidade. - Os acordos celebrados pela Unio aplicam-se a todo o espao da Unio, isto pelo princpio de cooperao leal (art. 4).

As Convenes Internacionais Celebradas pelos Estados-Membros- No que toca s convenes celebradas entre Estados-Membros, temos as convenes anteriores concluso dos Tratados Comunitrios elas subsitem na medida em que sejam compatveis com eles. Caso contrrio, verifica-se uma ab-rogao implcita dos acordos anteriores.- No que toca s convenes celebradas depois dos Tratados, devem respeitar o art. 4/3, sendo resolvidas pelo TJUE com base nesse artigo, sujeitando-se, caso no procedam, a que contra eles seja instaurada uma aco por incumprimento (258 TFUE). - A questo das convenes celebradas com Estados terceiros antes da concluso dos Tratados foi resolvida pelo art. 351 TFUE: na medida em que tais convenes no sejam compatveis com o presente Tratado o Estado ou os Estados-Membros em causa recorrero a todos os meios adequados para eliminar as incompatibilidades verificadas.- Quanto s convenes posteriores concluso dos Tratados no de prever que em convenes celebradas com terceiros posteriormente concluso dos Tratados, os Estados-Membros assumam compromissos incompatveis com as obrigaes decorrentes dos Tratados, sem prejuzo da competncia exclusiva da Unio para concluir, em certos domnios, acordos com terceiros pases ou organizaes internacionais. - Finalmente, as convenes concludas por todos os Estados-Membros no seio de uma organizao internacional a Unio respeitar ela prpria, no desenvolvimento da sua aco, os compromissos anteriormente assumidos pelos Estados-Membros, na medida em que tais compromissos tenham por objecto matrias que passaram a ser da competncia da UE e da esfera de aco das suas instituies foi o que sucedeu com a Conveno Europeia dos Direitos do Homem, subscrita por todos os Estados-Membros e que a Unio se obrigou a respeitar enquanto ela prpria no aderir formalmente Conveno.

Os Chamados Acordos Mistos Caracterizao Breve e Sua Relevncia na Prtica Institucional Mais Recente- So acordos internacionais sobre matrias que em partes resultam da competncia da Unio e noutra parte pertence esfera interna dos Estados-membros.- Devido a estes acordos, colocou-se o problema da vinculao, e foi a que se descobriu a frmula mgica do acordo misto, sobre a competncia da Unio a Unio que celebra nos termos do 218, se o acordo versa sobre matrias que pertencem s atribuies dos Estados estes tem de se vincular como sujeitos autnomos de Direito Internacional. - O acordo misto por vincular a Unio e os Estados, sendo o seu processo moroso e complicado. A violao dos acordos cria outro problema dada a natureza destes acordos.

Outras FontesA Jurisprudncia- Fausto de Quadros diz que o papel que a jurisprudncia teve na formao do Direito da Unio Europeia afasta-se da funo que assume nos pases da famlia jurdica romano-germnica para se aproximar mais da sua funo nos pases de famlia anglo-saxnica. Assiste-se, assim, a uma criao de Direito por via pretoriana se o direito comunitrio alcanou a densidade e o progresso que hoje apresenta, isso deve-se muito jurisprudncia comunitria que soube suprir, tantas vezes, a paralisia dos rgos polticos de deciso.[footnoteRef:19] [19: Fausto de Quadros, Direito da Unio Europeia, pp 388-390]

Os Princpios Gerais de Direito Origem e Fora Conformadora- Como diz Mota de Campos, a UE no um corpo estanque, isolado do Direito Internacional e do Direito Interno quer pela sua origem, quer pelos seus objectivos e campo de aplicao territorial, o Direito da Unio est intimamente vinculado ao direito interno e ao Direito Internacional, sendo normal que de um e outro o TJUE se socorra. Deste modo, o TJUE faz frequentemente referncia aos princpios gerais de direito, especialmente de DIP e outros princpios gerais que o Tribunal capte no direito interno dos Estados; quer princpios que deduz das exigncias da prpria construo europeia e ordem jurdica que a rege.- A Unio desde sempre se socorreu com muito proveito dos princpios gerais de direito. Os tratados, desde a verso originria que fazem referncia, que hoje se encontra no artigo 340 TFUE, a propsito da responsabilidade extracontratual da Unio. - O TJUE tem feito apelo aos princpios gerais de direito em trs hipteses diferentes: - Quando oportuno reafirmar o carcter obrigatrio dos Tratados - Quando se trata de resolver um conflito entre os Tratados e um outro tratado ligando os Estados-Membros entre si ou a terceiros. - Sempre que seja necessrio para interpretar os Tratados, utilizar os mtodos de interpretao consagrados no DIP.- Em certos casos, o Direito da Unio prev expressamente que uma questo relativa sua aplicao seja resolvida com base no direito interno dos Estados membros ou que se aplique os princpios que o prprio TJUE deduz desse direito corresponde ao reenvio expresso pelo Direito da Unio ao direito nacional dos Estados-Membros art. 340 TFUE (responsabilidade extra-contratual), em matria de responsabilidade contratual, o reenvio feito pelo Direito da UE ao direito nacional de um Estado-Membro cujo direito seja aplicvel; o segundo caso corresponde aplicao dos princpios gerais que o TJUE deduz dos direitos nacionais dos Estados-Membros- Vrios princpios deduzidos dos direitos nacionais: princpio do respeito pelos direitos fundamentais (jurisprudncia muito repetida e agora consagrada no art. 6 TUE), princpio do respeito da confiana legtima e princpio da segurana jurdica, princpio da no retroactividade dos actos da Unio, princpio de respeito pelos direitos adquiridos e da imutabilidade das situaes jurdicas subjectivas, princpio da proporcionalidade, princpio do enriquecimento sem causa, princpio do estoppel, princpio da confidencialidade em certas situaes, etc.- Quando aos princpios decorrentes da natureza especfica da UE: princpios da igualdade de tratamento e da no discriminao, da solidariedade e da coeso da Unio.- Se h uma fonte que importante e reveladora os princpios gerais de direito.- Mas desde a verso originria dos anos 50 que se tem feito aluso a princpios gerais comuns. Isto serviu como directriz de interpretao, como elemento de criao de uma ideia de sistema e integrao de lacunas. At proclamao da Carta dos Direitos Fundamentais, em 2000, esses direitos eram garantidos pelos princpios gerais de direito. Foram estes que permitiram ao Tribunal de Justia integrar muitas lacunas, relativamente aos direitos fundamentais.

O Costume- uma fonte residual e no tem grande expresso. Isto porque, ao contrrio do Direito Internacional Pblico, que exprime a vontade de uma Comunidade internacional pouca instituc