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Cadernos do Tempo Presente ISSN: 2179-2143 Edição n. 04 04 de julho de 2011, www.getempo.org Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos, Rodovia Marechal Rondon, s/nº, sala 06 do CECH-DHI, Bairro Jardim Rosa Elze, São Cristóvão SE, CEP: 49.000-000, Fone: (79) 3043-6349. E-mail: [email protected] 7. Apontamentos sobre a Internet e o Fluxo do Campo de Ensino e Pesquisa de História Medieval no Brasil Bruno Gonçalves Alvaro 1 Este artigo visa analisar o impacto da utilização da Internet nos estudos medievais no Brasil. Eu demonstrarei como a Web tem ajudado os pesquisadores dedicados ao estudo da Idade Média graças a facilitação de acesso documental, o contato mais rápido com outros pesquisadores e instituições da Europa, o acesso às revistas internacionais, etc. Em tempo, eu também mostrarei as dificuldades e problemas que nós medievalistas “tupiniquins” enfrentamos frente à massificação da informação sobre esse período histórico. Palavras-chave: Internet, Idade Média, Pesquisa e ensino. Cet article vise à analyser l'impact de l'utilisation d'Internet en études médiévales au Brésil. Je démontre comment le Web a permis aux chercheurs ont étudié le Moyen Age à travers la facilitation de l'accès aux documents, contacter rapidement avec d'autres chercheurs et institutions en Europe, l'accès à des revues internationales, etc. Dans le temps, je montre aussi les difficultés et les problèmes que nous médiévistes “tupiniquins” face avant de la massification de l'information à propos de cette période historique. Mots-clés: Internet, Moyen Age, Recherche et enseignement. Considerações iniciais O ensaio que se segue é fruto da minha participação no curso de extensão “História e Novas Mídias: desafios metodológicos no ensino e na pesquisa” promovido pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET-UFS), 2 entre os dias 29 de março a 14 de abril de 2011, na Universidade Federal de Sergipe. O texto aqui apresentado não se difere muito do que foi lido por ocasião do evento, porém, gostaria de registrar minha gratidão aos discentes e professores presentes, principalmente, pelo debate desenvolvido, pelas críticas e sugestões apresentadas num diálogo extremamente proveitoso. Assumo aqui as responsabilidades por eventuais erros ou exageros, no entanto, divido com todos os que ali estavam a esperança no acerto. 3

Apontamentos Sobre a Internet e o Fluxo Do Campo de Ensino e Pesquisa de Historia-libre

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  • Cadernos do Tempo Presente ISSN: 2179-2143 Edio n. 04 04 de julho de 2011, www.getempo.org

    Cidade Universitria Prof. Jos Alosio de Campos, Rodovia Marechal Rondon, s/n, sala 06 do CECH-DHI,

    Bairro Jardim Rosa Elze, So Cristvo SE, CEP: 49.000-000, Fone: (79) 3043-6349. E-mail: [email protected]

    7. Apontamentos sobre a Internet e o Fluxo do Campo de Ensino e Pesquisa de Histria Medieval no Brasil

    Bruno Gonalves Alvaro1

    Este artigo visa analisar o impacto da utilizao da Internet nos estudos medievais no Brasil. Eu demonstrarei como a Web tem ajudado os pesquisadores dedicados ao estudo da Idade Mdia graas a facilitao de acesso documental, o contato mais rpido com outros pesquisadores e instituies da Europa, o acesso s revistas internacionais, etc. Em tempo, eu tambm mostrarei as dificuldades e problemas que ns medievalistas tupiniquins enfrentamos frente massificao da informao sobre esse perodo histrico. Palavras-chave: Internet, Idade Mdia, Pesquisa e ensino.

    Cet article vise analyser l'impact de l'utilisation d'Internet en tudes mdivales au Brsil. Je dmontre comment le Web a permis aux chercheurs ont tudi le Moyen Age travers la facilitation de l'accs aux documents, contacter rapidement avec d'autres chercheurs et institutions en Europe, l'accs des revues internationales, etc. Dans le temps, je montre aussi les difficults et les problmes que nous mdivistes tupiniquins face avant de la massification de l'information propos de cette priode historique.

    Mots-cls: Internet, Moyen Age, Recherche et enseignement.

    Consideraes iniciais

    O ensaio que se segue fruto da minha participao no curso de extenso Histria e Novas Mdias: desafios metodolgicos no ensino e na pesquisa promovido pelo Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET-UFS),2 entre os dias 29 de maro a 14 de abril de 2011, na Universidade Federal de Sergipe. O texto aqui apresentado no se difere muito do que foi lido por ocasio do evento, porm, gostaria de registrar minha gratido aos discentes e professores presentes, principalmente, pelo debate desenvolvido, pelas crticas e sugestes apresentadas num dilogo extremamente proveitoso. Assumo aqui as responsabilidades por eventuais erros ou exageros, no entanto, divido com todos os que ali estavam a esperana no acerto.3

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    Segundo Maurice Agulhon, em relao histria h duas opes: Ou procuramos a expatriao, o passado no que ele tem de especfico, ou, procuramos na histria uma outra maneira de nos interessarmos pelo actual, por exemplo, refletindo sobre as origens imediatas de problemas que nos apaixonam.4 Para o tema aqui exposto me colocarei na segunda opo, apesar de, diferentemente do prestigiado historiador, acreditar que abracei na minha carreira acadmica, ainda em construo, as duas opes. E longe de tecer reflexes aprofundadas sobre este fenmeno que atualmente parte integrante do cotidiano de quase todas as sociedades, eu gostaria de destacar que estou distante de tentar ou ser referncia sobre o estudo da utilizao da Internet no campo da Histria, seja como ferramenta ou mesmo como documento de anlise propriamente dito.5 Meu interesse por este assunto surgiu sobremaneira a partir de debates travados com colegas de ofcio a quem, alis, dedico este ensaio.

    O principal problema aqui posto parece, no s para mim como para os leitores, o de amarrar esta temtica to contempornea minha rea de atuao como docente e pesquisador: a Idade Mdia. Ora, acredito que j lugar comum a conhecida frase de Croce: toda histria histria contempornea 6 e ancorado nela que justifico aqui a pertinncia para ns, historiadores dedicados ao estudo do medievo, uma participao maior nas discusses que j h algum tempo tem sido travadas sobre a Internet no campo da Histria Contempornea e o que tem se denominado Histria do Tempo Presente.7 Reconheo que faltar aqui uma base terico-bibliogrfica mais profunda sobre o estudo da Rede Mundial de Computadores, porm, pretendo compensar isso me fixando em dois pontos que defendo ser fundamentais para uma melhor compreenso da relao entre Idade Mdia e Internet que neste trabalho pretendo estabelecer.

    O primeiro deles o efetivo crescimento, no Brasil, do interesse sobre a Histria Medieval e a ocupao, nos departamentos das universidades, das disciplinas respectivas a essa matria de ensino por especialistas na rea.8 Em segundo lugar, uma facilidade maior de contato com documentos at ento restritos aos especialistas formados na Europa, local que, sem dvidas, ainda hoje reside como maior referncia de trabalhos acadmicos no campo. claro que no me restringirei em apresentar s os pontos positivos que a Internet tem possibilitado para ns medievalistas brasileiros, mas, em suma, estes so os quesitos que nortearam minhas reflexes na ocasio da redao deste paper.

    A Idade Mdia na internet

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    Quando fui convidado a expor minhas idias no curso de extenso promovido pelo GET-UFS, a primeira atitude que tomei foi clicar no buscador Google o termo Idade Mdia.9 No surpreso observei que em exatos 0,05 segundos, a pesquisa encontrou, aproximadamente, 3.300.000 resultados relacionados com a minha procura. claro que devemos considerar que muita coisa, talvez, grande parte do encontrado, no se relacione diretamente com a disciplina de maneira formal, com o campo ou mesmo o tema, mas inevitvel no considerarmos que o assunto pauta, seja tratado de maneira ortodoxa ou no. Prosseguindo, resolvi utilizar a ferramenta Estou com sorte do famoso site de busca e fui encaminhado para a no menos conhecida Wikipdia,10 cuja parte do texto de apresentao sobre o perodo denominado Idade Mdia reproduzo: 11

    A Idade Mdia, Idade Medieval, Era Medieval ou Medievo12 foi o perodo

    intermdio numa diviso esquemtica da Histria da Europa, convencionada pelos

    historiadores, em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Mdia, a Idade

    Moderna e a Idade Contempornea.

    Este perodo caracteriza-se pela influncia da Igreja sobre toda a sociedade. Esta encontra-se dividida em trs classes: clero, nobreza e povo. Ao clero pertence a

    funo religiosa, a classe culta e possui propriedades, muitas recebidas por

    doaes de reis ou nobres a conventos. Os elementos do clero so oriundos da

    nobreza e do povo. A nobreza a classe guerreira, proprietria de terras, cujos ttulos e propriedades so hereditrios. O povo a maioria da populao que

    trabalha para as outras classes, constitudo em grande parte por servos.

    O sistema poltico, social e econmico caracterstico foi o feudalismo, sistema muito

    rgido em progresso social.

    Fomes, pestes e guerras so uma constante durante toda a era medieval. As invases

    de rabes, vikings e hngaros do-se entre os sculos VIII e XI. Isto trouxe grande

    instabilidade poltica e econmica.

    A economia medieval em grande parte de subsistncia. A riqueza era medida em

    terras para cultivo e pastoreio. O comrcio era escasso e a moeda era rara. A

    economia baseava-se no escambo.

    Muitos Estados europeus so criados nesta poca: Frana, Inglaterra, Dinamarca,

    Portugal e os reinos que se fundiram na moderna Espanha, entre outros. Muitas das

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    lnguas faladas na Europa evoluram nesta poca a partir do latim, recebendo

    influncias dos idiomas dos povos invasores.13

    H muito ns docentes sabemos que tais ferramentas so manuseadas com destreza pelos nossos discentes, seja a fase de conhecimento que for, e no quero e nem entrarei no mrito de tentar corrigir alguns generalismos e esteritipos presentes no trecho supracitado, at porque no esse o meu objetivo no presente trabalho. Quis apenas demonstrar um dos infinitos exemplos de possibilidades que qualquer pessoa comum ou profissional da rea de Histria tem de acesso sobre o tema Idade Mdia e suas muitas representaes. Inevitavelmente, afirmar que o Google o orculo dos tempos atuais no mera inveno!

    Se nos propormos a maior especificidade e digitarmos na caixa de busca o termo Histria Medieval encontraremos um pouco mais de informao e inmeras indicaes de sites que denominarei aqui de escolares.14 O que me chamou ateno, no entanto, nessa segunda etapa, foi encontrar, tambm, alguns sites que conceituei como acadmicos,15 a citar, um administrado por Ricardo da Costa, professor doutor da Universidade Federal do Esprito Santo (UFES)16 e um arquivo em extenso .pdf alocado na pgina do Grupo de Trabalho de Estudos Medievais da Anpuh-RS,17 entre alguns outros arquivos e artigos, destacando-se, inclusive, uma revista do Instituto de Estudos Medievais da Universidade Nova de Lisboa.18 Num quadro mais geral, perceptvel que se algum tentar realizar a impossvel tarefa de mapear os infinitos stios presentes na Rede sobre Idade Mdia no conseguir chegar a 1% da empreitada mesmo que para tal o pesquisador recorra ao conceito de representao.19

    Posso afirmar, assim, mesmo sem ter mergulhado nesse buraco negro virtual, que, grosso modo, encontraremos na Web uma Idade Mdia mais especfica, seja a dita escolar ou a acadmica, e outra mais fantasiosa, como veremos a seguir por meio de um breve relato de pesquisa.

    Em recente tentativa de levantamento sobre as representaes do medievo na Internet, um orientando meu de graduao, Rafael Costa Prata, objetivou analisar numa famosa rede social como o perodo medieval era discutido em inmeras comunidades.20 Os resultados, ainda no expostos em forma de artigo, nos levaram a concluso de que o tema permeia o imaginrio de

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    muitas pessoas no nosso pas, desde como um perodo marcado pelo poderio eclesistico, de bruxarias e monstros, at como o fruto de todas as mazelas do mundo contemporneo!

    A internet e os estudos medievais no Brasil

    Porm, nem tudo so males para a pesquisa e ensino de Histria Medieval no Brasil, longe de ser o campo da Histria preferido pelos graduandos nas universidades, h um bom tempo, nossa rea tem crescido em nmero e qualidade perceptivamente.21 O quadro dessa situao pode ser pintado com o exemplo de lugares cujo histrico no o de serem expressivos pontos de produo de conhecimento sobre a temtica, mas, que vem se destacando com o passar dos anos com uma forte elaborao de eventos cientficos, publicao de trabalhos acadmicos, dissertaes e teses de qualidade atestvel. Uma regio cujo histrico de estudos relacionados ao medievo era escasso, mas que tem tido grande expresso desde 2009, o Centro-Oeste, tendo o Departamento de Histria da Universidade Federal de Mato Grosso como um forte exemplo.22 Atualmente, o Vivarium Laboratrio de Estudos da Antiguidade e do Medievo da UFMT conta com quatro professores especializados em Idade Mdia e 25 discentes, sendo 07 alunos de Iniciao Cientfica, 02 monitores, 02 mestrandos, e os demais iniciando ou concluindo por meio de monografias de fim de curso seus primeiros passos nos estudos sobre o perodo.23 Destaca-se ainda que a presidncia da Associao Brasileira de Estudos Medievais (ABREM)24 encontra-se, atualmente, com sede em Cuiab, onde se realizou, no ano de 2010, o I Encontro Regional da ABREM Centro-Oeste e realizar-se- o IX Encontro Internacional de Estudos Medievais, cujo tema de discusso ser O ofcio do medievalista.25

    Atribumos esse crescimento na formao e ocupao de cadeiras de Histria Medieval no s ao fenmeno universitrio dos ltimos anos, mas, tambm, na maior solidificao do campo na ltima dcada.26 Para ns, a Internet tambm tem um papel que no deve ser ignorado neste fenmeno inegvel que, claro, est longe ainda de ser o ideal.

    Em artigo publicado, em 2008, na edio nmero 10 da Signum Revista da Associao Brasileira de Estudos Medievais, os professores e pesquisadores Mrio Jorge da Motta Bastos e Leandro Duarte Rust, traaram um panorama interessante sobre a Histria Medieval no Brasil, atestando, inclusive que o quadro mudou muito daquele exposto nos anos 80 no livro Modo de Produo Feudal, organizado por Jaime Pinsky,27 no qual, segundo os autores do

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    artigo, uma renomada historiadora brasileira parecia vaticinar nas pginas iniciais da obra que:

    [...] as nossas universidades [brasileiras] jamais formariam um especialista em Histria Medieval, por tratar-se esse de um passado que no nos pertencia e que nos

    era alheio por razes diversas. Restar-nos-ia apenas ministrar, conformados, cursos honestos, se que tal paroxismo possvel.28

    A realidade outra. Hoje as fileiras esto preenchidas por especialistas que tiveram todo o curso realizado e orientado no Brasil, saindo do pas apenas para participao de cursos, atelis formadores ou mesmo para ps-doutorados, e muita dessa formao em terras brasileiras destes profissionais dedicados a esse perodo fixa-se na possibilidade maior que se tem atualmente de acesso a documentos e uma bibliografia mais atualizada. evidente que com a Internet ocorreu uma maior democratizao do conhecimento acadmico, seja por meio de revistas especializadas na rea, cujo acesso via Rede foi facilitado, ou mesmo ao processo de digitalizao de muitos documentos at ento apenas acessveis aos estudantes e pesquisadores por meio de viagens ao exterior e compras via importadoras. Sem contar que, atualmente, mesmo as edies crticas de documentos impressos tem seu acesso e conhecimento facilitado via catlogos disponveis na Internet.

    Hoje em dia, posso destacar, ainda, que o dilogo, outrora dificultado pela distncia, foi muito facilitado graas s pginas administradas por Grupos e Laboratrios de Pesquisas mantidos por universidades pblicas brasileiras que, por meio da Web, tem divulgado seus trabalhos, resultados de pesquisa, eventos cientficos, publicaes, etc. Podemos destacar a pgina do Programa de Estudos Medievais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o PEM-UFRJ, que mantm uma consolidada lista de discusso na Internet sobre temas relacionados ao medievo e tem uma grande rotatividade de alunos distribudos entre graduandos, mestrandos e doutorandos29 e o LEME, Laboratrio de Estudos Medievais, que conta com ncleos de pesquisa alocados na USP, UNICAMP, UNIFESP, UFG e UFMG.30 Estes somados a outros grupos e laboratrios de pesquisa espalhados pelo Brasil tem possibilitado a formao de especialistas na rea de Histria Medieval e o intercmbio com instituies estrangeiras, ora trazendo renomados professores para ministrar cursos aqui ou enviando estudantes para cursarem disciplinas fora do nosso pas.

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    Adentrando na discusso sobre a participao da Internet na formao desses jovens especialistas na rea e suas contribuies positivas e negativas no estabelecimento e reconhecimento do campo, o professor doutor Leandro Duarte Rust respondeu alguns dos meus questionamentos sobre essa possvel contribuio no crescimento dos estudos medievais no nosso pas e mesmo como ferramenta indispensvel na formao desses novos medievalistas nos quais ns dois nos inclumos. Segue abaixo a entrevista:31

    Bruno Alvaro: Observando o atual quadro de especialistas em Idade Mdia no Brasil, talvez, ainda longe do fundamental, possvel realizar um balano e perceber alguma contribuio da Internet para tal fenmeno na formao de profissionais nessa rea nas universidades do nosso pas?

    Leandro Rust: Sem dvida. A Internet alterou drasticamente dois aspectos basilares na elaborao do saber medievstico nacional: o acesso s fontes medievais impressas e as ampliao das possibilidades de acesso e atualizao do repertrio bibliogrfico utilizado. Neste sentido, a Internet consolidou-se como um recurso crucial na reformulao das bases de produo e de legitimidade cientfica de ramos de conhecimento usualmente concebidos como uma histria do outro, para a qual no possumos qualquer estrutura em escala nacional relevante de arquivos ou acervos bibliogrficos. Gostaria, portanto, de ressaltar o papel da Internet como meio de expanso dos horizontes intelectuais da medievalstica nacional.

    Bruno Alvaro: Na sua opinio, no que diz respeito divulgao, quais os papis prs e contras da Internet na difuso da produo sobre esse perodo?

    Leandro Rust: Este, certamente, um ponto que merece cautela maior em relao ao questionamento anterior. Dispensa qualquer comentrio as facilidades e a extrema agilidade e eficcia da Internet em noticiar a produo do conhecimento neste caso, obviamente, sob uma lgica mercadolgica e apriorsticamente consumista. A Internet tem, de modo cada vez mais veloz, levado a escalas desconhecidas nossas possibilidades de divulgao e acesso a livros, artigos, etc. Todavia, se as contribuies da Web para a acessibilidade de recursos de pesquisa notvel, seus instrumentos para a difuso do conhecimento so ainda extremamente inadequados e insuficientes, sob um ponto de vista intelectual. Note-se, neste sentido, os impactos de banalizao da racionalidade cientfica ocasionados pela Web.

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    Orientado pela premissa de que o conhecimento histrico est calcado em um horizonte epistemolgico racionalista, no posso estender qualquer gesto de aprovao irrestrita quanto a este tpico. Pelo contrrio, so abundantes os indcios de que a Internet exerce um papel direto no ocaso do rigor terico-metodolgico em prol de doses macias de saberes meramente informativos ou descritivos, em disseminar nfase excessiva nos aspectos romnticos ou meramente miditicos das referncias acerca do mundo medieval, na massificao de atitudes intelectuais calcadas na efemeridade e na volatilidade da experincia de estudos sobre um campo que notoriamente requer referenciais de erudio e rigor que a prpria lgica comportamental da Internet tem apresentado como cada vez mais ultrapassados, caducos ou extemporneos sociedade da informao. Quanto a este quesito a Internet, a meu ver, se revela uma fonte de graves riscos para os fundamentos racionalistas e minimamente cientificistas do conhecimento sobre a Idade Mdia. Seu papel aqui se mostra, em minha avaliao, desproporcionalmente negativo.

    Bruno Alvaro: inevitvel no destacarmos que o acesso a documentao medieval tornou-se mais fcil ou mesmo gil aps a Internet. Em termos metodolgicos voc assinala alguma preocupao mais profunda ou mesmo faz distines entre o documento impresso ou digitalizado?

    Leandro Rust: Acredito que as afirmaes aos questionamentos anteriores, em conjunto, podem ser estendidas para responder a esta questo. Mas em sntese: sem dvida, como veculo apotetico de nossa lgica social autoconsumptiva, a Internet alimenta graves riscos aos fundamentos metodolgicos que ainda definem a identidade epistemolgica do conhecimento histrico. Bruno Alvaro: possvel falar em documento primrio via digitalizaes disponveis na Internet? Voc enxerga prs ou contras no que diz respeito ao processo de digitalizao?

    Leandro Rust: Como disse na resposta 1, de forma alguma. O vocbulo primrio precisa ser restitudo sua atmosfera intelectual: o pensamento historicista oitocentista. Sua elevao ao status de fonte no corresponde mais aos contributos tericos oferecidos racionalidade histrica por correntes como o historicismo relativista, a hermenutica crtica ou o linguistic turn. A prpria trajetria da construo cientfica do conhecimento histrico, muito antes da Internet, fez desse dilema uma questo sem maiores propsitos, posto que atrelada a um velho sonho cartesiano do historicismo do sculo XIX. A Internet e a digitalizao deram um novo

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    rosto ao difcil problema epistemolgico da relao entre a construo objetiva de um conhecimento que inevitavelmente est calcado em perspectividades subjetivistas: esse problema a antecede e a ultrapassa j h muito tempo e, a meu ver, por sua deficiente estrutura de critrios epistmicos como apontado na questo 2 a Internet pouco interfere nesse debate. Ela pode nos distanciar dele ou nos levar a omiti-lo, mas ela exerce pouqussimo efeito constitutivo sobre ele.

    Parece-me que ficam evidentes para ns as ressalvas do professor sobre alguns pontos cegos que a Internet possibilita contra o estudo da Idade Mdia. Porm, me pergunto: quem dentre os atuais medievalistas brasileiros tem se atentado para essas implicaes no nosso campo?

    Alguns professores j tem se preocupado em refletir acerca do ofcio do medievalista e a historiografia sobre o medievo,32 o caso, por exemplo, dos artigos presentes no livro A Idade Mdia entre os sculos XIX e XX: Estudos de Historiografia,33 organizado pela professora Nri de Barros Almeida e o resultado das conferncias, mini-cursos e mesas-redondas apresentadas no I Encontro de Histria Antiga e Medieval do Maranho: Cultura e Ensino que culminou no livro Histria Antiga e Medieval: Cultura e Ensino,34 organizado pelos professores Adriana Zierer e Carlos Alberto Ximendes. No entanto, o assunto Idade Mdia e Internet, no nos parece ser, no Brasil, ponto de pauta imediato entre os medievalistas, ao menos, no tive ainda contato com tal tema na prpria Web ou em eventos cientficos por ocasio da preparao deste trabalho, situao que sei que pode mudar at a publicao deste artigo. Este quadro no o mesmo em outras reas de saber historiogrfico produzido em nosso pas. Porm, esta condio, no que diz respeito ao medievo, no a mesma quando transferimos nosso olhar para fora.

    Na Espanha, j possvel encontrar trabalhos que se preocupam em refletir acerca do uso da Internet nos estudos medievais e mesmo a maneira como a Idade Mdia vem sendo divulgada na Rede Mundial de Computadores. o caso, por exemplo, do interessante artigo de Antonio Malalana Urea intitulado La Edad Media en la web. Fuente de informacin o de desinformacin,35 porm, seu trabalho se fixa apenas em rastrear e analisar os stios que armazenam documentos relacionados ao perodo e nisso muito feliz em seu artigo.

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    Segundo ele, o caso espanhol de armazenamento de dados a respeito da Idade Mdia digitalizao de documentos, sites na Web de divulgao de trabalhos cientficos, etc ainda est longe do ideal se comparado com outras reas como a Contempornea, por exemplo.36 O fato que mesmo com toda a crtica realizada por Malalana Urea luz da realidade brasileira, por diversos fatores, os poucos projetos encabeados por Espanha, Frana, Portugal, Itlia e Alemanha, ainda possibilitam a ns medievalistas brasileiros um sustentculo interessante de acesso documental. Como o caso, por exemplo, do E-codices: Bibliothque virtuelle des manuscrits en Suisse que disponibiliza diversos manuscritos digitalizados para acesso livre e gratuito.37 Ou mesmo diversas outras bases de dados, como a Portada de Archivos Espaoles,38 a Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes,39 etc, que mesmo no sendo especificamente relacionados disponibilizao de documentos medievais digitalizados, possibilitam uma pequena gama de acesso a eles. Eu poderia aqui listar inmeras outras bases diretamente relacionadas ao perodo medieval, porm, qualquer um que se interesse facilmente ter acesso a essas informaes no artigo de Antonio Malalana Urea facilmente encontrado na base de busca Dialnet.40

    Concluses parciais

    Como afirma Antoine Prost na abertura do belssimo livro Doze Lies Sobre a Histria: a histria depende da posio social e institucional de quem a escreve41, Sendo assim, acredito que o interesse sobre as representaes da Idade Mdia na Internet deva ser tambm motivo de ateno por parte de ns historiadores dedicados a esse perodo. No entanto, j possvel notar no Brasil uma nova gerao de estudantes que mesmo caminhando para uma possvel especializao em Histria Medieval, tem voltado o olhar para isso e chamado para si o postulado crociano, citado por mim no incio do texto. Ou seja, uma propensa escolha por um tema como o medievo no foi e nunca ser argumento plausvel para a ausncia de um dilogo mais profundo com nossos colegas de outras reas da Histria sobre temticas aparentemente distantes dos nossos interesses. Alis, sou levado a crer que, atualmente, ningum mais se porte assim, cerrado em seu tema de pesquisa, ignorando novas abordagens empreendidas e aplicadas sobre outros perodos histricos.

    Fica, para mim, tambm, duas certezas, num tempo que nada mais foge s redes sociais, blogs e microblogs: a produo historiogrfica e sua recepo evidentemente se modificou, porm,

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    at que ponto temos percebido isso? Acredito que eventos como este promovido pelo GET-UFS e outros pelo Brasil nos do a chance de refletir um pouco sobre esta questo.

    A segunda evidncia , ao mesmo tempo, que nos foge ao controle, no muito diferente das palavras ditas e escritas, o conhecimento produzido sobre a Idade Mdia, o interesse pelo perodo por nossos estudantes, fenmeno encabeado, defendo eu, em grande parte, pela Internet e pelo Cinema, tem crescido substancialmente mesmo com todos os problemas apresentados pelo professor Leandro Rust em sua entrevista. Ao mesmo tempo fato que a escrita da Histria vem se modificando com o passar dos anos e essa transformao tem, inevitavelmente, atingido todas as reas da nossa disciplina. Como afirma Mara Cruz Rubio Liniers:

    Para que exista una verdadera eficacia en la transmisin de la informacin es

    necesario conocer las caractersticas de la disciplina en la que se trabaja, su crecimiento, evolucin, grado de interdisciplinariedad, el lenguaje que le es propio, as como el tipo de documentos que utiliza y publica el investigador. La

    Historiografa tiene ciertas peculiaridades documentales con entidad y carcter

    propio, y otras comunes con la mayora de las Ciencias Sociales. Los historiadores

    utilizan el documento de archivo como fuente primaria de su investigacin, y por

    tanto es lgico que valoren sobre todo dichos fondos. Consideramos en

    historiografa fuentes primarias aquellas que se crearon en la poca que se investiga

    y que representan el soporte documental de un estudio y el concepto de documento y

    documentacin ha ido unido para el historiador a la documentacin de archivo. Hoy

    los archivos estn empezando a despegar en la utilizacin de las nuevas tecnologas

    de la informacin. Internet permite no solo consultar los catlogos sino incluso

    llegar al documento. Pero no debemos olvidar que las fuentes primarias van mucho

    ms all de la documentacin archivstica sobre todo en Historia Contempornea.

    Los libros, las revistas, los peridicos, las cartas, los programas de TV, la

    informacin que navega por Internet, sern un da fuentes primarias para la

    investigacin histrica.42

    Concordo com a autora, mas penso que a problemtica no se centra apenas na Histria denominada Contempornea, mesmo acreditando que nela se fixe a maior preocupao. Este vento sul tende a atingir tambm reas consideradas mais remotas como a prpria Histria

  • Cadernos do Tempo Presente ISSN: 2179-2143 Edio n. 04 04 de julho de 2011, www.getempo.org

    Cidade Universitria Prof. Jos Alosio de Campos, Rodovia Marechal Rondon, s/n, sala 06 do CECH-DHI,

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    Antiga e a j referida Histria Medieval. J possvel, e diversas dissertaes e teses defendidas h tempos comprovam isso, empreender estudos sobre Grcia e Roma sem tirar os ps do territrio brasileiro. No quero afirmar com isso que a oportunidade de intercmbios ou visitas s instituies estrangeiras no so mais vlidas ou mesmo no se faam mais necessrias. Negativo. Contudo, o que quero defender aqui que a viso de exotismo e mesmo questionamentos como os que ouvi, por exemplo, quando assumi minha vaga de professor assistente de Histria Antiga e Medieval na Universidade Federal de Sergipe, paulatinamente, diminuiro estudar a Idade Mdia no Brasil j no mais visto tanto como uma alienao.43 Pois bem, apesar do grande interesse que a rea tem mobilizado inevitvel no concordarmos com a afirmao dos professores Mrio Jorge e Leandro Rust sobre seu contestado status e limitado reconhecimento no mbito de nossos departamentos e universidades, por tratar-se de um passado que no nos pertenceria.44 Longe de querer transformar um ensaio sobre a relao entre o estudo da Idade Mdia e as possibilidades disponveis na Internet num manifesto em prol da recognio deste campo, se que isso no aconteceu, no meu objetivo, tampouco dos autores citados, acredito eu, generalizar tal situao, que tem se modificado paulatinamente em vrias partes do pas, contudo, apenas alertar para um problema, muitas vezes ignorado por ns professores e pesquisadores nos nossos departamentos.

    Concluindo, nos resta o questionamento dos colegas de ofcio supracitados: Como conceber que esta histria no nos diz respeito? Ora, eles mesmos nos respondem:

    Assumir uma tal perspectiva constitui (...) viso estreita e limitada, incompatvel com a amplitude visionria dos pioneiros historiadores ensastas brasileiros que, voltados conceitualizao e caracterizao de nosso passado e herana coloniais,

    no hesitaram em debruar-se com afinco no estudo da estruturao feudal das

    metrpoles europias poca da Conquista. Dentre estes, merecem destaque as teses

    de Nelson Werneck Sodr e, em especial, aquelas devidas a Alberto Passos

    Guimares, na medida em que atribuem ao sistema colonial um carter feudal, cujos resqucios, duradouros mazelas de longa durao seriam responsveis pelo nosso atraso e subdesenvolvimento.45

    Sendo assim, conceber, por exemplo, a Histria Colonial do Brasil sem o auxlio, em algum momento, do estudo empreendido por medievalistas ignorar um ponto crucial no

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    estudo.46 Exemplo demasiado longo, eu sei, mas que serve simplesmente para afirmar que pensar Histria Medieval, no Brasil ou em qualquer outro local de produo que seja e esquecer-se do contexto no qual estamos inseridos no campo da Histria (nas suas teias polticas e institucionais), como bem afirmou Prost, , com o perdo da metfora, dar voltas em torno do prprio rabo. As especialidades no corpo da Histria como disciplina, ao contrrio do que muitos defendem, no uma demasiada fragmentao do nosso ofcio, mas, sim, apenas uma possibilidade maior de dilogo. Se assim no o , pelo menos deveria ser, esse o meu posicionamento, como professor e pesquisador na rea de Medieval, isso o que eu defendo aqui. Idade Mdia e Internet no so plos distantes, pontas de novelos perdidos. So a possibilidade futura/presente de um debate que, espero, se inicie aqui.

    Notas

    1 Mestre e doutorando em Histria pelo PPGHC-UFRJ. Prof. efetivo de Histria Antiga e Medieval no DHI-

    UFS desde 2009. Pesquisador (Vivarium) Laboratrio de Estudos da Antiguidade e do Medievo da UFMT e no Programa de Estudos Medievais da UFRJ. E-mail: [email protected] 2 O Grupo de Estudos do Tempo Presente coordenado pelo Prof. Dr. Dilton Cndido S. Maynard e realiza

    atividades de pesquisa e extenso desde 2008, sediado na Universidade Federal de Sergipe e cadastrado no

    diretrio de Grupos de Pesquisa do CNPq. O grupo conta ainda com a participao de diversos professores e

    graduandos. Cf. http://www.getempo.org/. ltimo acesso: 11 de abril de 2011. 3 Meus agradecimentos ao Prof. Dr. Augusto da Silva, colega de departamento na Universidade Federal de

    Sergipe, pela leitura do manuscrito antes e aps o evento em que ele foi apresentado, ao Prof. Dr. Leandro

    Duarte Rust, da Universidade Federal de Mato Grosso, por se prontificar em responder s questes da entrevista

    exposta nesse texto e ao Prof. Dr. Dilton Cndido S. Maynard, pelo convite e a confiana depositada em mim

    para escrever sobre um tema to novo e no qual meu domnio praticamente mnimo. Aos trs, minha sincera

    gratido. 4 AGULHON, Maurice. Viso dos Bastidores. In: ___. et al. Ensaios de Ego-Histria. Lisboa: Edies 70, 1989.

    p. 13-62. p. 13-14. 5 Nesse sentido sugiro dois interessantes artigos: FERNNDEZ IZQUIERDO, Francisco. Investigar, escribir y

    ensear historia en la era de internet. Presentacin. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222,

    enero-abril, p. 11-30 e PONS, Anaclet. La historia maleable. A propsito de internet. Hispania: Revita Espaola

    de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 109-130. 6 CROCE, Benedetto. Histria como Histria da Liberdade. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.

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    7 Sobre a Histria do Tempo Presente indicamos a sntese apresentada no artigo escrito por CRUZ, Marcus;

    RODRIGUES, Cndido. Tempos e Histrias do Presente. Reflexes acerca da constituio da Histria do Tempo

    Presente e de suas temporalidades. In: HARRES, Marluza Marques; NETO, Vitale Joanoni. Histria, Terra e

    Trabalho em Mato Grosso: Ensaios Tericos e Resultados de Pesquisa. So Leopoldo: Oikos; Ed. Unisinos/

    Cuiab: EdUFMT. 8 Cabe ressaltar que no caso do Departamento de Histria da Universidade Federal de Sergipe, em sintonia com

    muitos departamentos universitrios de outras regies do pas, o que temos at o momento uma mesma matria

    de ensino para as reas de Antiga e Medieval denominada Histria Antiga e Medieval comportando assim as disciplinas de Pr-Histria, Histria Antiga I e II (esta optativa) e Medieval I e II (tambm optativa). Em alguns departamentos de Histria brasileiros j possvel contar com a saudvel separao entre os dois campos. 9 http://www.google.com.br/. Limitei-me a realizar tal busca apenas por meio dessa ferramenta. Existem muitas

    outras como sabemos. ltimo acesso: 11 de abril de 2011. 10 http://www.wikipedia.org/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 11 Procurei deixar os hiperlinks para demonstrar a infinitas possibilidades de informaes que um texto publicado

    no ciberespao oferece. 12 Grifos da Wikipdia. 13 Verbete Idade Mdia. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 14 apenas uma classificao no qual no levei em considerao qualidade, contedo, etc. Ou seja, no quero dizer que esses sites sugeridos pelo Google no tenham sua pertinncia. Cabe apenas dosar para qual tipo de

    pesquisa eles sero utilizados. 15 Neste caso, por apresentarem informaes mais elaboradas ou mesmo especficas sobre o tema Idade Mdia. 16 A pgina pessoal do reconhecido professor (http://www.ricardocosta.com/) d acesso a conhecida revista acadmica Mirabilia: Revista Eletrnica da Antiguidade e Idade

    Mdia: http://www.revistamirabilia.com/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 17 A pgina pessoal do reconhecido professor (http://www.ricardocosta.com/) d acesso a conhecida revista acadmica Mirabilia: Revista Eletrnica da Antiguidade e Idade

    Mdia: http://www.revistamirabilia.com/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 18 Medievalista On-Line. http://www2.fcsh.unl.pt/iem/medievalista/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 19 No caso em questo me refiro conceitualizao chartiana, j muito conhecida e utilizada nos crculos acadmicos brasileiros, talvez, at de forma desgastada, reconheo. Sobre o conceito sugiro o j demasiadamente lido CHARTIER, Roger. A Histria Cultural: Entre Prticas e Representaes. Lisboa: Difel, 2002. 20 O estudante se dedicou, aproximadamente, cinco meses levantando e acompanhando os tpicos de debates em

    diversas comunidades do Orkut e encontrou as mais variadas perspectivas sobre o medievo.

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    21 Um estudo sobre este crescimento j foi analisado, em 2006, num interessante artigo escrito pelo Prof. Dr. Jos Rivair Macedo. Ver: MACEDO, Jos Rivair. Os Estudos Medievais no Brasil: tentativa de sntese. Reti

    Medievali Rivista, v. 7, n. 1, gennaio-giugno, 2006. Disponvel

    em: http://www.dssg.unifi .it/_RM/rivista/saggi/RivairMacedo.htm. ltimo acesso: 15 de maro de 2011. Ver ainda, FERNANDES, Ral Cesar Gouveia. Reflexes sobre o Estudo da Idade Mdia. Videtur, n. 6, 1999.

    Disponvel em:http://www.hottopos.com.br/videtur6/raul.htm. ltimo acesso: 14 de maro de 2011. 22 No ignorei aqui a Universidade Federal de Gois, tampouco a Universidade de Braslia, locais de excelncia e

    formao de diversos especialistas na rea. Como no citar os trabalhos do professor Jos Antnio de C. R. de

    Souza grande nome e incentivador dos estudos medievais no nosso pais? Ou mesmo os trabalhos da professora

    Maria Filomena Coelho da UnB? 23 Informaes obtidas por meio de correio eletrnico em 5 de abril de 2011, com os professores doutores

    Leandro Duarte Rust e Marcus Silva da Cruz. 24 A Associao Brasileira de Estudos Medievais foi criada em 1996 e tem carter interdisciplinar comportando

    pesquisadores principalmente das reas de Histria, Letras e Filosofia. Ela realiza encontros internacionais

    bienalmente, possui um jornal semestral contendo matrias sobre eventos e publicaes relacionadas ao medievo e at 2008 mantinha uma revista impressa anual, a Signum, que era distribuda exclusivamente aos scios e

    instituies de ensino superior no Brasil e no exterior. A partir de 2010, a revista converteu-se em uma

    publicao digital e semestral e pode ser acessada por todo o pblico

    em: http://www.revistasignum.com/.Atualmente, a associao conta com, aproximadamente, 611 scios.

    Cf. http://www.abrem.org.br. ltimo acesso: 11 de abril de 2011. 25 Cf. http://www.abrem.org.br/eiem/. ltimo acesso: 11 de abril de 2011. 26 o caso das regies Norte e Nordeste que vem crescendo muito no mbito nacional, sendo celeiros de concursos tanto para a rea de Histria Medieval como de Antiga, uma vez que nessas regies, como j dito, rarssimos so os casos de departamentos que separam os dois campos. 27 PINSKY, Jaime. (Org.). Modo de Produo Feudal. 3 Edio. So Paulo: Global, 1984. 28 BASTOS, Mrio Jorge da; RUST, Leandro Duarte. Translatio Studii. A Histria Medieval no Brasil. Signum,

    So Paulo, n. 10, p. 163-188, 2008. p. 164. 29 O PEM-UFRJ foi criado em 1991 e atualmente coordenado pelas professoras doutoras Andria Cristina L.

    Frazo da Silva e Leila Rodrigues da Silva contando com a participao de outros 27 pesquisadores, distribudos

    entre vrias instituies brasileiras: UFRJ, UFF, UERJ, USP, UMESP, UNESP, UFRGS, UFPR, UFMT, UnB,

    UFS, UFBA e UFPA e estrangeiras: cole des Hautes tudes en Sciences Sociales (EHESS), Faculdad de Filosofia e Humanidades de la Universidad de Crdoba e Universidad Autnoma de Madrid (UAM). Alm de um total de 41 estudantes, em 2011, divididos entre doutorandos, mestrandos e graduandos realizando pesquisas

    no mbito do Programa. Cf. www.pem.ifsc.ufrj.br. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. Ressaltamos, ainda, que o

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    estado do Rio de Janeiro ainda comporta outros dois importantes laboratrios: o Translatio Studii Dimenses do Medievo (http://www.historia.uff.br/dimensoes/), coordenado pelo professor doutor Mrio Jorge da Motta Bastos e o Laboratrio de Estudos Medievais e Ibricos (Scriptorium), coordenado pela professora Vnia Leite Fres, todos os dois no mbito da Universidade Federal Fluminense. 30 O LEME foi criado em 1999 e coordenado pelo professor doutor Marcelo Cndido da Silva.

    Cf. http://leme.vitis.uspnet.usp.br/.ltimo acesso: 13 de abril de 2011. 31 A entrevista foi realizada no dia 07 de abril de 2011 via e-mail. 32

    Como j citado, o tema do IX Encontro Internacional da Associao Brasileira de Estudos Medievais, ser, justamente o ofcio do medievalista. Destaco, ainda, a oferta do minicurso Introduo Pesquisa em Histria Medievalque ser ministrado pelo Prof. Dr. Mrio Jorge da Motta Bastos, da UFF, e pesquisador do NIEP-Prk Translatio Studii. 33

    ALMEIDA, Nri de Barros. (Org.). A Idade Mdia entre os Sculos XIX e XX: Estudos de Historiografia. Campinas: Unicamp/ Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, 2008. 34

    XIMENDES, Carlos Alberto; ZIERER, Adriana. (Orgs.). Histria Antiga e Medieval: Cultura e Ensino. So Luis: Editora UEMA, 2009. 35

    MALALANA UREA, Antonio. La Edad Media en la web. Fuente de informacin o de desinformacin. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 59-108. 36

    Ver: MELO FLORZ, Jairo Antonio. Historia digital: la memoria en el archivo infinito. Historia Critica, 2011, n. 43, enero-abril, p. 83-103 ePONS, Anaclet. Guardar como. La historia y las fuentes digitales. Historia Critica, 2011, n. 43, enero-abril, p. 38-61. Agradeo o Prof. Dr. Antnio Fernando de Arajo S, do Departamento de Histria da Universidade Federal de Sergipe, pela sugesto deste nmero da Revista Historia

    Critica no qual me deparei com diversos artigos discutindo o tema Internet e Histria. Tal colega, alis, foi o

    primeiro a me instigar a refletir sobre o tema Idade Mdia e Internet por ocasio do XIII Encontro Sergipano de

    Histria, em 2010, fica aqui a dvida expressa em palavras. 37

    Cf. http://www.e-codices.unifr.ch/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 38

    Cf. http://pares.mcu.es/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011. 39

    Cf. http://www.cervantesvirtual.com/. ltimo acesso: 12 de abril de 2011 40

    Cf. http://dialnet.unirioja.es/. ltimo acesso: 13 de abril de 2011. 41

    PROST, Antoine. Doze Lies Sobre a Histria. Belo Horizonte: Autntica, 2008. p. 7. 42

    RUBIO LINIERS, Mara Cruz. Fuentes bibliogrficas para la historia en internet. Estado de la cuestin.

    Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 131-154. p. 132. 43 Refiro-me ao questionamento de alguns alunos sobre se eu havia cursado meu mestrado fora do pas e se meu

    doutorado tambm estava sendo realizado fora do territrio nacional. 44

    BASTOS; RUST, op. cit. p. 169.

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    45 Idem.

    46 No estou defendendo aqui o mito do eterno retorno. No quero dizer que para entender a Histria Colonial

    Brasileira seja necessrio um progressivo curso sobre feudalismo europeu na Idade Mdia, entretanto, no posso deixar de ressaltar, como bem demonstrado pelos colegas em seu artigo, que muitas das caractersticas presentes

    na sociedade colonial possam ser explicadas por meio de uma comparao com as estruturas da Idade Mdia

    Tardia, algo que parece atualmente ignorado pela historiografia. Sobre o debate a respeito do mito do eterno retorno, ver: ELIADE, Mircea. Le Mythe De L'Eternel Retour. Paris: Gallimard, 1989.

    Referncias Bibliogrficas

    AGULHON, Maurice. Viso dos Bastidores. In: ___. et al. Ensaios de Ego-Histria. Lisboa: Edies 70, 1989. ALMEIDA, Nri de Barros. (Org.). A Idade Mdia entre os Sculos XIX e XX: Estudos de Historiografia. Campinas: Unicamp/ Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, 2008. BASTOS, Mrio Jorge da; RUST, Leandro Duarte. Translatio Studii. A Histria Medieval no Brasil. Signum, So Paulo, n. 10, p. 163-188, 2008. CHARTIER, Roger. A Histria Cultural: Entre Prticas e Representaes. Lisboa: Difel, 2002. CROCE, Benedetto. Histria como Histria da Liberdade. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006. CRUZ, Marcus; RODRIGUES, Cndido. Tempos e Histrias do Presente. Reflexes acerca da constituio da Histria do Tempo Presente e de suas temporalidades. In: HARRES, Marluza Marques; NETO, Vitale Joanoni. Histria, Terra e Trabalho em Mato Grosso: Ensaios Tericos e Resultados de Pesquisa. So Leopoldo: Oikos; Ed. Unisinos/ Cuiab: EdUFMT. ELIADE, Mircea. Le Mythe De L'Eternel Retour. Paris: Gallimard, 1989. FERNANDES, Ral Cesar Gouveia. Reflexes sobre o Estudo da Idade Mdia. Videtur, n. 6, 1999. Disponvel em: http://www.hottopos.com.br/videtur6/raul.htm. ltimo acesso: 14 de maro de 2011. FERNNDEZ IZQUIERDO, Francisco. Investigar, escribir y ensear historia en la era de internet. Presentacin. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 11-30. MACEDO, Jos Rivair. Os Estudos Medievais no Brasil: tentativa de sntese. Reti Medievali Rivista, v. 7, n. 1, gennaio-giugno, 2006. Disponvel

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    em: http://www.dssg.unifi.it/_RM/rivista/saggi/RivairMacedo.htm. ltimo acesso: 15 de maro de 2011. MALALANA UREA, Antonio. La Edad Media en la web. Fuente de informacin o de desinformacin. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 59-108. MELO FLORZ, Jairo Antonio. Historia digital: la memoria en el archivo infinito. Historia Critica, 2011, n. 43, enero-abril, p. 83-103. PINSKY, Jaime. (Org.). Modo de Produo Feudal. 3 Edio. So Paulo: Global, 1984. PONS, Anaclet. Guardar como. La historia y las fuentes digitales. Historia Critica, 2011, n. 43, enero-abril, p. 38-61. _____. La historia maleable. A propsito de internet. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 109-130. PROST, Antoine. Doze Lies Sobre a Histria. Belo Horizonte: Autntica, 2008. RUBIO LINIERS, Mara Cruz. Fuentes bibliogrficas para la historia en internet. Estado de la cuestin. Hispania: Revita Espaola de Historia, 2006, v. 66, n. 222, enero-abril, p. 131-154. XIMENDES, Carlos Alberto; ZIERER, Adriana. (Orgs.). Histria Antiga e Medieval: Cultura e Ensino. So Luis: Editora UEMA, 2009.