Apontamentos Sobre as Aulas de Economia

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ECONOMIA TREINO GESTÃO PROCURA OFERTA EURO

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  • FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL (ANO LECTIVO 2014/2015)

    MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL

    1 PARTE ECONOMIA

    SEBENTA

    RUI AZEVEDO SILVA EMLIA MALCATA REBELO

  • 2

    ECONOMIA E GESTO

    1 PARTE ECONOMIA

    SEBENTA

  • 3

    CONCEITOS E PRINCPIOS BSICOS DE ECONOMIA Todos os dias todas as pessoas tomam decises econmicas. A economia est ligada vida de

    cada um e cada pessoa depende, no seu quotidiano, do funcionamento da economia, na

    medida em que necessitamos de um conjunto de bens para satisfazer as nossas necessidades

    mas no somos capazes de produzir todo o conjunto de bens e de servios de que

    necessitamos. Foi a compreenso desta realidade que esteve na origem da cincia econmica.

    Adam Smith (1723 1790), considerado o pai da economia, reflectiu sobre esta situao a

    partir da fabricao de um casaco de l, que para chegar condio de produto final exige o

    labor combinado de muitos intervenientes, ao longo de grande nmero de actividades e ao fim

    de muitas horas de trabalho. E todas estas operaes necessrias fabricao de um casaco

    ocorrem naturalmente, ou seja os diferentes agentes econmicos, por sua livre iniciativa,

    dedicam-se ao desenvolvimento de todas as actividades necessrias produo do casaco,

    trocando entre si produtos e servios, processo que a todos beneficia. O que est na base desta

    organizao , por um lado, a especializao dos agentes naquilo que sabem fazer melhor e,

    por outro lado, a troca de produtos de forma a satisfazer as necessidades dos diferentes

    agentes.

    1. Princpios bsicos de economia

    A teoria econmica assenta em dois princpios bsicos ou dois postulados base:

    Princpio da racionalidade;

    Princpio do equilbrio.

    De acordo com o princpio da racionalidade, os agentes econmicos adoptam, na sua maioria,

    um comportamento optimizador (menor custo ou maior benefcio) e este comportamento

    racional de cada indivduo, mesmo quando confrontado com outros agentes com o mesmo

    objectivo, adapta-se de forma que a resultante para o conjunto uma situao de equilbrio

    (racionalidade de grupo mas onde cada um decide por si).

    O conceito de mo invisvel afirma que se cada um prosseguir os seus prprios objectivos, a

    resultante o mximo bem-estar para todos. Foi Adam Smith quem formulou, primeiramente,

    este conceito. So as limitaes que se colocam na sociedade ao funcionamento da mo

    invisvel que, segundo Smith, esto na origem de disfuncionamentos na economia.

  • 4

    Assim a economia uma cincia que estuda como as pessoas e a sociedade escolhem o

    emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vrios

    bens e a distribu-los para consumo, agora ou no futuro, entre vrias pessoas e grupos na

    sociedade Samuelson.

    Analisando mais detalhadamente esta definio:

    Estudo do comportamento dos agentes e da sociedade o estudo da economia

    dirige-se compreenso do comportamento humano; estuda os agentes em

    relao e o comportamento individual tem sempre de ser observado na perspectiva

    da relao interpessoal;

    Bens e recursos um bem algo que satisfaz directamente uma necessidade do

    homem; os recursos no satisfazem directamente uma necessidade humana,

    destinam-se produo de bens; pode ainda falar-se de bens intermdios que so

    bens que se destinam fabricao de outros bens destinados ao consumo final

    bens finais; um objecto pode ser simultaneamente bem e recurso (ex: um mineral)

    Escolha e escassez a escolha um elemento fundamental em economia pois ela

    que est na base da deciso; se no h escolha no h problema; para haver lugar

    a escolha tem de haver escassez;

    Consumo ao acto de satisfao das necessidades humanas chama-se consumo; a

    poupana e o investimento s podem ser compreendidas economicamente em

    funo do consumo (actual ou futuro).

    Em economia tudo tem a ver com tudo.

    2. A abordagem cientfica na cincia econmica

    Na cincia econmica no se faz experimentao; no entanto a histria constitui um importante

    espao laboratorial. Em economia recorre-se sobretudo observao dos fenmenos. Mas a

    complexidade da realidade impede um estudo exaustivo pelo que a economia, para analisar a

    realidade, tem de isolar uma parte do problema. Ou seja, vai analisar o comportamento de

  • 5

    determinadas variveis considerando que h um conjunto de outras variveis que se mantm

    sem variao. ceteris paribus.

    Outro problema que se coloca cincia econmica a incerteza. A realidade volvel e

    varivel pelo que o que interessa em economia so os comportamentos dominantes, normais e

    no os comportamentos excepcionais. Finalmente, a cincia econmica possui tambm, como

    cincia humana que , um certo grau de subjectividade. Por isso frequente acontecerem

    alguns erros em economia que convm evitar: a falcia da composio (o que se passa numa

    parte no necessariamente vlida para o todo); a falcia do post hoc (atribuio de um nexo

    de causalidade entre dois factos que apenas so contemporneos).

    3. O problema econmico

    Se existe escassez e as necessidades humanas so ilimitadas, ento h que tomar decises, h

    que escolher entre vrias solues alternativas. Se h que escolher ento essa escolha tem

    associado um custo, ou seja, a satisfao de uma determinada necessidade implica

    obrigatoriamente a no satisfao de outras necessidades conceito econmico de custo, o

    custo de oportunidade.

    O custo de oportunidade define-se pela melhor alternativa que deixou de se fazer. Se em

    economia o que interessa a satisfao das necessidades humanas, o custo da satisfao de

    uma necessidade representado pela renncia satisfao de outra necessidade. Em

    economia no h almoos grtis.

    O problema econmico pode resumir-se, consoante a posio dos agentes, nas trs seguintes

    questes:

    O que produzir (que produtos; em que quantidades);

    Como produzir (que combinao de recursos);

    Para quem produzir (que consumidores).

  • 6

    4. Os limites de possibilidade de produo

    Os recursos de uma economia so escassos. So limitados e determinam um limite mximo de

    produo alm do qual no se pode produzir por ausncia de recursos. A disponibilidade de

    recursos numa economia evolutiva e est associado ao seu maior ou menor nvel de

    desenvolvimento.

    A curva das fronteira de possibilidades de produo define-nos esse limite. Se considerarmos

    uma determinada economia, com uma determinada quantidade de recursos e a possibilidade

    simplificada de produo de apenas dois bens, o limite das possibilidades de produo

    representado pela curva limite das possibilidades de produo (ver grfico), que apresenta duas

    caractersticas essenciais:

    negativamente inclinada, ou seja no posso ter mais de um bem sem ter menos

    do outro;

    cncava, ou seja, medida que vamos sacrificando um bem para ter mais de

    outro bem, cada vez terei de sacrificar mais quantidade desse bem para ter acesso

    mesma quantidade do outro bem lei dos custos relativos crescentes.

    Os pontos sobre a curva indicam as possibilidades mximas de produo com os recursos

    disponveis. Um ponto dentro da curva indica que os recursos produtivos no esto todos a ser

    utilizados. Finalmente um ponto fora da curva um ponto de produo inatingvel com os

    recursos existentes.

    Qtd. Prod. A

    Qtd. Prod. B

    Fronteira de possibilidadesde produo

    Zona de ineficincia

    Zona intangvel

    Fronteira de Possibilidades de Produo

  • 7

    A intensificao da utilizao de factores produtivos quando outros se mantm constantes, d

    sucessivamente menos produo (ex: intensificao do numero de trabalhadores sobre o

    mesmo espao limitado de terra) lei dos rendimentos decrescentes.

    De acordo com esta lei, medida que se intensifica a utilizao de mais factores quando outros

    se mantm constantes, verificam-se aumentos de produo sucessivamente menores (Thomas

    Malthus).

    II. AS GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO ECONMICO

    1. A Escola Clssica (A. Smith, T. Malthus, D. Ricardo, J. B. Say);

    A Escola Clsica surge no sec.XVIII, no quadro do desenvolvimento da revoluo industrial;

    Caractersticas: a diviso de trabalho ( especializao/ aumento da eficincia), a troca ( o que

    d sentido diviso de trabalho; d origem ao bem estar dos indivduos; mo invisvel papel da

    moeda), o valor (valor de troca/ preo natural e preo de mercado) , o mercado, o papel do

    Estado (quanto menor interveno menor);

    2. A Escola Marxista (Marx ; Engels)

    A Escola Marxista tambm surge no sec XVIII por oposio teoria clssica.

    Caractersticas: associa uma leitura do funcionamento da economia luz do ideal socialista (a

    sociedade atravessada por antagonismos de classe; uma classe detm os meios de produo

    e outra apenas possui a fora de trabalho); a noo de valor (tempo de trabalho socialmente

    necessrio para produzir as mercadorias); a noo de mais valia e sua apropriao; a alienao

    do trabalhador; a luta de classes.

    3. A Escola Neoclssica ( L. Walras; Carl Menger; W. Jevons)

    A Escola Neoclssica surge no sc. XIX na linha da Escola Clssica, em resposta Escola

    Marxista.

    Caractersticas: a noo de valor (valor de uso); o equilbrio geral (o papel determinante da

    oferta, o livre jogo dos preos no mercado gera o equilbrio entre a oferta e a procura); a

    moeda neutra; abordagem microeconmica.

  • 8

    4. A Escola Keynesiana (Jonh Maynard Keynes)

    A Escola Keynesiana surge no incio sc xx, no contexto da grande crise de 1929/30.

    Caractersticas: Assume-se como oposio Escola Neoclssica, que no conseguiu explicar

    suficientemente as situaes de desemprego e de inflao; o motor da economia a procura; o

    papel do Estado no relanamento da economia; abordagem macroeconmica.

  • 9

    III - O PAPEL DO MERCADO NA SOLUO DO PROBLEMA ECONMICO: QUESTES

    BSICAS DA OFERTA E DA PROCURA

    1. Solues do problema econmico

    O problema econmico (o que produzir e em que quantidade; como produzir e para quem

    produzir) pode ser resolvido atravs de trs formas distintas: atravs da tradio, da autoridade

    e do mercado:

    A tradio foi uma forma de resolver o problema econmico nas sociedades

    antigas. Eram as regras e os costumes tradicionais que regulavam a maior parte da

    actividade econmica. O sistema econmico apresentava-se relativamente estvel

    mas muito pouco flexvel e eficiente.

    A autoridade, utilizada nas economias socialistas de direco central, o estado

    desempenhava um papel central na definio do que produzir, como produzir e

    para quem produzir.

    Finalmente o mercado baseia-se na livre iniciativa onde cada um tem a liberdade de

    produzir e de consumir o que pretende, de acordo com um conjunto de lgicas e de

    princpios que determinam o funcionamento da economia de mercado: os preos,

    os lucros e prejuzos. O mercado para funcionar exige confiana e exige que as

    regras sejam respeitadas por todos os agentes econmicos. A economia de

    mercado assim mais florescente em meios civilizacionais mais avanados.

    O mercado o espao no qual vendedores e compradores de um determinado bem interagem

    para determinar o preo e a quantidade transaccionada.

    questo sobre o que produzir o mercado responde atravs da aco dos consumidores e das

    suas preferncias.

    questo de como produzir o mercado responde atravs da concorrncia entre as empresas na

    medida em que ser aquela que for mais eficiente, que melhor combinar os factores produtivos

    que ter custos de produo mais baixos, consequentemente preos mais baixos e assim maior

    aceitao junto dos clientes.

  • 10

    Finalmente questo para quem produzir ou quem beneficia com os resultados da actividade

    econmica, o mercado responde atravs da propriedade dos factores produtivos, ou seja do

    trabalho, da terra e do capital.

    O mercado dinmico na medida em que a emergncia de novas ideias, de novos produtos,

    de novas tecnologias que interfere na estabilidade, originando novos processos de

    desenvolvimento.

    2. O papel do Estado

    O Estado assume trs funes essenciais: eficincia, equidade e estabilidade.

    Eficincia existem falhas no funcionamento do mercado, por exemplo em

    situaes de concorrncia imperfeita (monoplios) ou em situaes de utilizao

    por privados de bens pblicos (ex: poluio, utilizao gua de um rio, etc.). Nestas

    situaes o Estado deve intervir no sentido de corrigir estes efeitos e assegurar a

    eficincia de funcionamento do mercado.

    Equidade segundo uma perspectiva de justia social, desejvel que a

    distribuio dos bens produzidos seja o mais equilibrada possvel. A soluo que o

    mercado d do ponto de vista da distribuio dos bens influenciada por factores

    exteriores ao prprio mercado como so a estrutura de propriedade, os dotes

    naturais, etc.. O Estado pode intervir no sentido de assegurar uma distribuio mais

    equilibrada dos resultados da actividade econmica atravs de polticas fiscais mais

    favorveis a quem tem mais baixos rendimentos adoptando, por exemplo, um

    sistema de impostos progressivos ou estabelecendo um sistema de segurana social

    que proteja as classes de menores rendimentos.

    H no entanto que tomar em considerao um potencial conflito entre eficincia e

    equidade na medida que do ponto de vista da eficincia quanto menor for a

    interveno do Estado melhor. Uma interveno do Estado pode ter efeitos

    negativos do ponto de vista do estmulo produo e traduzir-se assim em

    situaes de reduo da produo nessa sociedade.

    Estabilidade a inovao um factor importante do ponto de vista do

    desenvolvimento das sociedades a mdio e longo prazo. No entanto ela

  • 11

    especialmente ameaadora a curto prazo para as empresas menos competitivas,

    que no acompanhem os processos de inovao. O Estado pode intervir no sentido

    de minimizar esses efeitos negativos associados a esses processos atravs, por

    exemplo, do apoio a desempregados, dos apoios criao de emprego, etc. Pode

    assim falar-se tambm de um conflito entre estabilidade e desenvolvimento.

    3. Princpios bsicos da oferta e da procura. A cruz de Marshall

    O mercado funciona pela interaco de dois tipos de agentes: compradores e vendedores ou,

    consumidores e produtores. A teoria da oferta estuda a lgica de produtores ou vendedores e

    permite traar a curva da oferta, enquanto a teoria da procura estuda a lgica de consumidores

    ou compradores e permite traar a curva da procura. A interseco destas duas curvas define a

    cruz de Marshall.

    3.1. A curva da procura

    Existe uma relao entre o preo de um bem e a quantidade procurada desse bem, mantendo-

    se o resto constante. Esta relao entre preo e quantidade comprada define a funo procura

    ou a curva da procura. A curva da procura assim o lugar geomtrico dos pontos de consumo

    de um dado bem, para cada nvel de preo. Capta a melhor utilidade retirada por um

    consumidor do consumo de certo bem. Quanto mais til for o bem para o consumidor mais ele

    estar disposto a pagar por esse bem. A curva da procura subjectiva, ou seja, prpria a

    cada consumidor.

    Curva da procura

    d

    Quantidade

    Preo

  • 12

    A curva da procura decrescente, ou seja, quanto menor for o preo de um bem maior a

    quantidade procurada, desde que tudo o resto se mantenha constante e vice versa lei da

    procura negativamente inclinada.

    Esta lei explica-se por dois efeitos: o efeito de substituio e o efeito rendimento:

    Efeito de substituio na medida em que o aumento de preo de um bem leva a

    que o consumidor passe a consumir (ou a consumir mais) de outro bem

    (substituto).

    Efeito rendimento na medida em que ao subir o preo o consumidor fica mais

    pobre, e portanto com menor rendimento disponvel para continuar a consumir

    desse bem.

    A alterao no mercado de um bem altera o comportamento dos consumidores noutros

    mercados:

    Bens substitutos so os que contribuem para a satisfao da mesma necessidade

    (ex: manteiga e margarina);

    Bens complementares so os que necessitam uns dos outros para satisfazer uma

    necessidade ( ex: automveis e pneus).

    Deslocamentos ao longo da curva e deslocamentos da curva da procura. Verificam-se

    deslocamentos ao longo da curva quando h alteraes ao nvel dos preos. Se se verificarem

    alteraes noutros factores como por exemplo o rendimento ou o preo de produtos

    substitutos, ento teremos deslocamentos da curva.

    Curva da procura

    Preo

    Quantidade

  • 13

    A curva da procura deslocar-se- para a esquerda se, por exemplo, se verificar uma situao de

    diminuio de rendimento ou a diminuio do preo de produtos substitutos. Deslocar-se- para

    a direita no caso de se verificar um aumento de rendimento ou o aumento do preo dos

    produtos substitutos.

    Os principais determinantes da curva da procura so os seguintes:

    O rendimento mdio dos consumidores;

    A dimenso do mercado;

    Os preos e a disponibilidade de bens substitutos;

    Elementos subjectivos como os gostos e as preferncias dos consumidores;

    Influncias especficas relacionadas, nomeadamente, com aspectos meteorolgicos.

    3.2. A curva da oferta

    A funo oferta ou curva da oferta de um bem mostra a relao entre o seu preo de mercado

    e a quantidade de mercadoria que os produtores esto dispostos a produzir e a vender

    mantendo-se o resto constante. A curva da oferta o lugar geomtrico dos pontos de produo

    e de venda desejada do bem para cada nvel de preo.

    A forma da curva leva-nos a formular a lei da oferta positivamente inclinada: se o preo de um

    bem sobe, a quantidade oferecida aumenta e vice-versa. Uma razo que justifica a inclinao

    positiva da curva da oferta a lei dos rendimentos decrescentes, na medida em que para

    produzir mais quantidade de um bem, mantendo-se fixo um dos factores produtivos, a

    obteno de maior quantidade de produto implica a utilizao de uma quantidade maior de

    recursos implicando o aumento do preo desse produto.

    Deslocamento ao longo da curva e deslocamento da curva verifica-se um deslocamento ao

    longo da curva sempre que h uma variao do preo e um deslocamento da curva sempre que

    Curva da oferta

    Preo

    Quantidade

    s

  • 14

    se verificam alteraes de outros factores como por exemplo o custo de produo (custo

    associado produo de um produto; no confundir com preo de venda que o preo a que o

    produto vendido no mercado; a diferena entre o preo de custo e o preo de venda est na

    origem do lucro do produtor).

    O deslocamento da curva da oferta para a direita poder explicar-se, por exemplo, pela

    diminuio dos custos de produo, pela evoluo tecnolgica, enquanto o deslocamento da

    curva para a esquerda poder ser explicado, por exemplo, pelo aumento dos custos de

    produo associados ao aumento do preo de matrias primas ou de combustveis.

    Os principais factores que influenciam a curva da oferta so:

    Tecnologia

    Preos dos factores de produo

    Poltica do governo.

    3.3 Equilbrio entre oferta e procura

    A racionalidade dos agentes econmicos permite traar as curvas da oferta e da procura. O

    equilbrio dos mercados definido pelo comportamento e pela interaco entre os agentes.

    Este equilbrio ocorre ao preo a que a quantidade procurada igual quantidade oferecida

    (preo E de equilbrio). O ponto de equilbrio , assim, definido pela interseco das duas

    curvas oferta e procura. Neste ponto no ocorre nem escassez nem excedente. Acima deste

    ponto verifica-se uma situao de excesso de oferta (preo superior ao preo E), enquanto que

    abaixo desse ponto se verifica uma posio de excesso de procura (preo inferior ao preo E).

    Preo

    Quantidade

    s

    Curva da oferta

  • 15

    A figura seguinte regista, utilizando a Cruz de Marshall, situaes de excesso de oferta - acima

    do preo de equilbrio e situaes de excesso de procura - abaixo do preo de equilbrio.

    Deslocamentos das curvas da oferta e da procura e suas implicaes do ponto de vista do

    equilbrio.

    O deslocamento da curva da procura de d para d (por exemplo por quebra de rendimento dos

    consumidores) implica a diminuio da quantidade procurada e uma diminuio do preo.

    Preo

    Quantidade

    Cruz de Marshall

    s d

    E

    Preo

    Quantidade

    Cruz de Marshall

    s

    d

    E

    Excesso de Oferta

    Excesso de Procura

    Pe

    Ps

    Pi

    Preo

    Quantidade

    Cruz de Marshall

    sd

    E

    d

  • 16

    O deslocamento da curva da oferta de s para s (por exemplo em virtude de um abaixamento

    da capacidade produtiva) implica uma diminuio da oferta e um aumento do preo.

    Curva da procura agregada (AD) e curva da oferta agregada (AS).

    A cruz de Marshall permite-nos perceber um conjunto de fenmenos econmicos correntes, que

    seguidamente se apresentam:

    (i) O drama de um bom ano agrcola (Efeito de King)

    Num agrcola normal, representado pela curva da oferta s, produtores e consumidores esto de

    acordo em torno das quantidades q1 ao preo p1. O rendimento a receber pelos produtores

    Preo

    Quantidade

    Cruz de Marshall

    s d

    Es

    Preo

    Quantidade

    Equilbrio Macroeconmico

    AS

    AD

    E

    Pe

    Qe

    Preo

    Quantidadeq1 q2

    p2

    p1E

    E

    s

    s

    d

  • 17

    (preo x quantidade) representado pela rea do rectngulo respectivo. Num bom ano

    agrcola, a curva da oferta desloca-se para a direita, s. O novo ponto de equilbrio E, no qual

    os consumidores esto dispostos a absorver toda a produo q2, mas a um preo inferior, p2. A

    receita a receber pelos produtores ser definida pelo rectngulo respectivo, cuja rea inferior

    do rectngulo anterior. O rendimento recebido pelos agricultores num excepcional ano

    agrcola ser assim inferior ao recebido num ano normal.

    (ii) Evoluo tecnolgica na produo de certo bem

    No caso de se verificar uma melhoria tecnolgica na produo de certo bem, poder-se- colocar

    a questo de saber quem vai beneficiar com a situao: se produtores, se vendedores. Uma

    evoluo tecnolgica tem implicaes no aumento da oferta e consequentemente na diminuio

    do preo do produto como pode ser observado pela nova curva da oferta s. Neste caso e

    mantendo-se a procura constante (procura inelstica ou rgida) o rendimento recebido pelos

    produtores no superior ao da situao antes da inovao, como pode ser verificado

    comparando as reas dos rectngulos. No entanto se o abaixamento do preo provocar um

    aumento da procura, definido pela nova curva da procura d, verificamos que o novo ponto de

    equilbrio definido pela interseco das novas curvas da oferta e da procura corresponde um

    maior rendimento dos produtores, o que pode ser verificado atravs da comparao entre as

    reas dos rectngulos definidos nesta nova situao e na situao anterior.

    (iii) Baratinho mas invisvel

    Preo

    Quantidadeq1 q2

    p2

    p1E

    E

    s

    sd

    d

    Preo

    Quantidadeq1 q2

    p1

    E

    s

    d

  • 18

    Quando um determinado bem considerado essencial e o Estado decide intervir tabelando-o

    abaixo do preo de equilbrio para o tornar acessvel a todos. Ao preo tabelado p1 a

    quantidade procurada q2, enquanto que a esse mesmo preo a quantidade que os produtores

    esto dispostos a oferecer q1. Esta situao est na origem da formao de filas resultantes

    da procura no satisfeita.

    3.3. A elasticidade da procura e da oferta

    Conhecer a forma como a procura e a oferta reagem a variaes de preos uma questo

    muito importante e til em economia e serve para fundamentar o comportamento dos agentes

    econmicos. Os bens no reagem todos da mesma maneira a variaes de preo. Nuns casos

    uma alterao de preos tem grandes repercusses no nvel de consumos dos bens, noutros

    casos essa repercusso muito mais limitada. Os bens alimentares so bens que satisfazem

    necessidades bsicas e que portanto so menos sensveis variao dos preos; a procura de

    bens considerados de luxo muito mais afectada por variaes de preo. Estas relaes entre a

    variao de preos e as quantidades oferecidas e procuradas so analisadas atravs do conceito

    de elasticidade.

    A elasticidade-preo da procura mede a variao percentual da quantidade procurada de

    um bem que decorre da variao percentual do preo desse bem.

    Assim a elasticidade preo da procura Ep definida por:

    Variao percentual da procura/ variao percentual do preo.

    2P2P1P1P2

    2Q2Q1Q1Q2

    Ep

    +

    +

    = (valor a apresentar em mdulo)

    Podem verificar-se trs tipos de situaes:

    (i) Procura elstica em relao ao preo: quando a uma variao do preo de 1%

    corresponde uma variao percentual da procura do bem superior a 1%;

  • 19

    (ii) Procura rgida ou inelstica em relao ao preo: quando a uma variao de

    1% do preo corresponde uma variao percentual da procura desse bem

    inferior a 1%;

    (iii) Procura com elasticidade unitria em relao ao preo: quando a uma variao

    percentual de 1% do preo corresponde uma variao percentual da procura

    desse bem igual a 1%.

    As elasticidades tendem a ser maiores para bens de luxo e quando h bens substitutos. Tende

    a ser menor para os bens de primeira necessidade.

    O clculo das elasticidades de grande utilidade em economia para definir polticas de preos

    dos bens e servios (por exemplo as diferentes tarifas de avio em funo das diferentes

    procuras e segmentos de mercado existentes).

    A elasticidade no sempre igual ao longo da curva da procura. Ela mais elevada na parte

    superior da curva e vai diminuindo medida que se avana na curva.

    A elasticidade-preo da oferta , semelhana do que acontece para a elasticidade preo

    da procura, a variao percentual da quantidade oferecida de um determinado bem quando se

    verifica a variao de 1% do preo desse bem. De forma idntica tambm neste caso se podem

    verificar trs situaes:

    (i) Oferta elstica em relao ao preo: quando a uma variao do preo de 1%

    corresponde uma variao percentual da oferta do bem superior a 1%;

    (ii) Oferta rgida ou inelstica em relao ao preo: quando a uma variao de 1%

    do preo corresponde uma variao percentual da oferta desse bem inferior a

    1%;

    (iii) Oferta com elasticidade unitria em relao ao preo: quando a uma variao

    percentual de 1% do preo corresponde uma variao percentual da procura

    desse bem igual a 1%.

    Os factores que interferem na elasticidade preo da oferta so, nomeadamente, os seguintes:

    Existncia de recursos produtivos fcil e imediatamente mobilizveis;

    Capacidade de produo

  • 20

    Tempo.

    4. Teoria do comportamento do consumidor

    Abordagem neoclssica sobre a deciso do consumidor: o objecto do estudo o processo lgico

    de deciso do consumidor que lhe assegure a mxima vantagem com base num rendimento

    fixo; o consumidor tem por objectivo maximizar a utilidade do seu rendimento. Ao consumidor

    coloca-se, no entanto, o problema da medida da utilidade.

    4.1. A noo econmica de utilidade

    O paradoxo de Smith - A. Smith no conseguiu encontrar uma explicao econmica para o

    facto de a gua, apesar da sua grande utilidade, vital para a vida humana, possuir um pequeno

    valor de troca, enquanto um diamante, com um valor de uso muito mais reduzido, poder obter

    em troca um conjunto muito maior de outros bens.

    Este paradoxo viria a ser resolvido cerca de cem anos mais tarde atravs do contributo de trs

    economistas neoclssicos: Jevons (ingls), Menger (austraco) e Walras (francs) que estiveram

    na origem de duas ideias simples mas revolucionrias, o utilitarismo e o marginalismo.

    De acordo com o utilitarismo a satisfao que cada ser humano retira do consumo de um

    dado bem que lhe confere valor. O valor assim subjectivo, varivel e pessoal. Designa-se por

    utilidade o grau com que os bens do satisfao s necessidades. O valor das coisas no est

    nelas mas sim no consumidor, isto , na utilidade que o consumidor lhes atribui.

    4.2. A deciso do consumidor

    O problema do consumidor consiste em saber como afectar recursos, por vrios bens, com

    diferentes preos, de forma a obter a mxima utilidade. Como distribuir a utilizao dos

    recursos pelos diferentes bens.

    Jevons, Menger e Walras estabelecem a distino entre utilidade total e utilidade marginal. A

    utilidade total a soma das utilidades marginais, enquanto que a utilidade marginal o

    acrscimo de utilidade associado ao consumo de uma unidade adicional de um dado bem.

  • 21

    A lei da utilidade marginal decrescente diz que, medida que aumenta a quantidade consumida

    de um bem, a sua utilidade marginal tende a diminuir.

    Cada bem consumido at ao ponto em que a utilidade marginal do bem por unidade

    monetria igual utilidade marginal de uma unidade monetria dispendida em qualquer outro

    bem. assim definida a regra de ouro da deciso do consumidor :Umi/pi = Umj/pj= ... =

    Umz/pz (em que UMg a utilidade marginal e p o preo do bem):

    z

    Mgz

    j

    Mgj

    i

    Mgi

    pU

    pU

    pU

    === ...

    a revoluo marginalista e a introduo do conceito de utilidade marginal que permite a

    resoluo do paradoxo de Smith. O que d valor aos bens a utilidade marginal. A utilidade

    total da gua superior do diamante mas a utilidade marginal do diamante muito superior

    da gua, uma vez que h muita gua e poucos diamantes. Um bem no escasso assim um

    bem cuja utilidade marginal nula isto , existe em quantidades que permitem satisfazer todas

    as necessidades.

    Leis de Gossen:

    1 - medida que se consome mais de um bem a utilidade marginal desse bem desce;

    2 - Para obter o mximo de satisfao, o consumidor deve consumir at que a utilidade

    marginal do ltimo euro gasto seja igual em todos os bens (regra de ouro do consumidor).

    Relao entre curva da utilidade marginal e a curva da procura - A curva da utilidade marginal

    define a utilidade associada ao consumo de cada unidade adicional do bem. A curva da procura

    define a quantidade que o consumidor est disposto a consumir do bem de acordo com o preo

    desse bem. Mas o consumidor s est disposto a consumir e a pagar pelo bem porque retira

    utilidade do bem. No fundo, as curvas da procura e da utilidade marginal so a mesma coisa

    com a diferena de que a curva da procura representa o valor do bem medido em dinheiro e a

    curva da utilidade marginal representa o valor do bem medido em utilidade.

  • 22

    Excedente do consumidor: a razo da troca benfica. Se o preo de um bem igual utilidade

    marginal desse bem, o preo que se paga representa o que vale a ltima unidade consumida e

    no o que ele vale em mdia. O que se compra mais do que aquilo que se paga. Marshall

    refere-se a este efeito designando-o por excedente do consumidor (que igual diferena

    entre a utilidade marginal e o preo de mercado de um bem). pela existncia deste excedente

    do consumidor que a troca benfica para as duas partes: compradores e vendedores.

    Persiste, no entanto, um problema grave a resolver. Como medir a utilidade? Esta questo foi

    resolvida por Edgeworth (irlands) e Pareto (francs). O que interessa saber a ordem de

    preferncias, na medida em que a avaliao absoluta da utilidade de um bem no tem

    significado, porque a economia s existe enquanto sistema de trocas.

    A Curva da indiferena representa as combinaes de consumo que so indiferentes para o

    consumidor. decrescente e convexa em relao origem. decrescente porque no

    possvel ter mais de um bem sem ter menos do outro bem. convexa porque, de acordo com a

    primeira lei de Gossen, medida que se vai tendo menos de um bem, passa-se a ter

    necessidades cada vez maiores de quantidades do outro bem para compensar.

    A inclinao da curva da indiferena a medida das utilidades marginais relativas dos dois bens

    que nos indica quanto que o consumidor estaria disposto a trocar de um bem por outro,

    mantendo o mesmo nvel de satisfao. A Taxa Marginal de Substituio (TMS) , assim, o rcio

    das utilidades marginais de dois bens.

    Mapa da indiferena: por cada ponto do espao que representa uma quantidade de 2 bens

    passa uma e uma s curva de indiferena. O mapa de indiferena resulta portanto de uma

    multiplicao de curvas da indiferena num determinado espao.

    X

    Curva de Indiferena

    A

    XA

    B

    Y

    XB

    YB

    YA

    u2u1

  • 23

    A recta do rendimento (ou recta oramental) define as possibilidades de consumo de dois bens

    para um dado nvel de rendimento disponvel.

    Vesturio

    Recta Oramental define as possibilidades de consumo dado

    um rendimento limitado e os preo fixos de dois bens

    Po

    A posio de equilbrio definida pelo ponto de tangncia entre a recta oramental e a curva de

    indiferena.

    Nesse ponto, ponto de possibilidades de consumo, que tem associada maior utilidade para o

    consumidor, a taxa marginal de substituio igual ao rcio dos preos, ou seja:

    Alimentao

    u2u1

    Vesturio

    u3

    Alimentao

    u2u1

    Vesturio

    u3A

    B

  • 24

    P

    V

    Mgp

    Mgv

    PP

    UU

    =

    o que traduz a 2 Lei de Gossen ou a regra de ouro do consumidor.

    Variaes no rendimento. A variao do rendimento tem implicaes do ponto de vista de

    novas possibilidades de consumo e leva a novos traados da recta oramental. Alteraes de

    rendimento esto na origem de novos pontos ptimos de consumo definidos por novas

    situaes de tangncia entre as novas rectas limite oramental e as curvas de indiferena.

    Elasticidade rendimento da procura. Mede qual a variao percentual da procura de um bem

    quando o rendimento varia de 1%.

    2R2R1R1R2

    2Q2Q1Q1Q2

    Er

    +

    +

    =

    em que Q a quantidade consumida e R o rendimento. Os bens podem classificar-se como:

    Bem superiores (se Er > 1);

    Bem normais (se 0 < Er 1);

    Bem inferiores (se Er 0) Paradoxo de Giffen. (economista ingls 1837-1910)

    Vesturio

    Po

  • 25

    A finalizar a teoria do consumidor faz-se referncia ao paradoxo de Giffen que se traduz no

    facto seguinte: em determinadas situaes, o aumento do preo de um bem pode provocar o

    aumento do consumo do mesmo bem. Esta situao foi explicada por um economista russo,

    (Slutsky 1850-1948) ao verificar que em determinadas situaes extremas as pessoas ficam to

    pobres que o aumento de preos de bens inferiores leva a que as pessoas deixem de poder

    aceder a bens superiores, o que lhes liberta algum rendimento para passarem a consumir uma

    maior quantidade de bens inferiores (ex. consumo de batatas e carne).

    5. Teoria do Produtor

    Como se comporta o produtor perante o problema da produo? O produtor simultaneamente

    consumidor (consumo dos factores produtivos) e vendedor do seu bem. Assim colocam-se duas

    questes essenciais ao produtor: quanto produzir e como produzir. Esta segunda questo

    assemelha-se questo do consumidor na medida em que deste ponto de vista o produtor

    um consumidor de factores produtivos (trabalho, terra, capital e capacidade/iniciativa

    empresarial). A produo de uma quantidade de bem s conseguida atravs da utilizao de

    combinaes de factores produtivos (dependendo essa combinao da soluo tecnolgica

    adoptada).

    Funo de produo a relao entre a quantidade de recursos ou factores produtivos

    necessria para a produo de uma certa quantidade de um bem.

    A curva do produto total relaciona produto (Q) e trabalho (L) mantendo constantes os outros

    factores produtivos (terra, capital, e iniciativa e capacidade empresarial).

    A curva do produto marginal regista o acrscimo de produto trazido por cada unidade adicional

    de trabalho. A curva do produto marginal negativamente inclinada em virtude da lei dos

    Q

    LA B

  • 26

    rendimentos marginais decrescentes. Mantendo constantes os outros factores produtivos,

    medida que se acrescentam novas unidades de trabalho, o rendimento adicional gerado por

    cada uma dessas unidades decrescente.

    Quando variam todos os factores produtivos ao mesmo tempo est-se perante um fenmeno

    diferente que o dos rendimentos de escala. Podem verificar-se trs situaes:

    Rendimentos de escala crescentes a produo aumenta mais que

    proporcionalmente ao aumento dos factores produtivos;

    Rendimentos de escala constantes a produo aumenta na mesma proporo do

    aumento dos factores produtivos;

    Rendimentos de escala decrescentes a produo aumenta menos que

    proporcionalmente ao aumento dos factores produtivos.

    Estas situaes tm a ver com o prazo de anlise (com o tempo). No curto prazo, a empresa

    no pode alterar alguns factores que so rgidos (por exemplo as suas instalaes), da que

    sofra a lei dos rendimentos marginais decrescentes. No entanto, a longo prazo, a empresa pode

    fazer variar todos os factores produtivos e este problema j no se coloca da mesma forma (a

    longo prazo todos os factores produtivos so considerados como variveis)..

    5.1. Como produzir

    Qual a quantidade de factores produtivos a utilizar na produo? Um mesmo bem pode ser

    produzido atravs de diferentes combinaes de factores produtivos, dependendo da tecnologia

    utilizada (pode ser mo-de-obra intensiva ou capital intensiva). Se se considerarem as

    diferentes combinaes de factores produtivos necessrios produo de um bem possvel

    traar uma curva - isoquanta que traduz a quantidade de produto que possvel obter atravs

    das diferentes combinaes dos dois factores produtivos (so assim semelhantes s curvas de

    indiferena). Na fig. seguinte a Quantidade Q1 pode ser atingida com diferentes combinaes

    dos factores produtivos Capital (K) e Trabalho (L).

    L

    Isoquanta

    A

    LA

    B

    K

    LB

    KB

    KA

    Q2Q1

  • 27

    As isoquantas so negativamente inclinadas porque se se diminuir a quantidade de um factor

    tem de se aumentar a quantidade do outro, e so convexas devido lei dos rendimentos

    marginais decrescentes.

    Da mesma forma que se traa o mapa da indiferena, tambm possvel traar um mapa das

    isoquantas. A taxa marginal de substituio tcnica d a relao de troca de um factor

    produtivo por outro mantendo a mesma quantidade produzida, e dada pelo quociente entre as

    produtividades marginais dos dois bens.

    De forma idntica ao afirmado para a teoria do consumidor, possvel definir uma recta de

    isocusto para um dado oramento disponvel e para o preo dos dois factores produtivos. A

    isocusto representa as possibilidades de consumo dos dois factores produtivos pela empresa, de

    acordo com o oramento disponvel e o preo dos factores.

    O ponto ptimo de produo o ponto de tangncia da recta de isocusto com a isoquanta.

    Nesse ponto as duas inclinaes so iguais, ou seja:

    B de Preo Ade Preo

    PP

    MgB

    MgA=

    Quantidade de X

    Q2Q1

    Quantidade de Y

  • 28

    5.2. Quanto produzir

    A questo de quanto produzir uma questo de tecnologia e de custos. Tecnologia e custos

    so duas faces da mesma moeda. Uma certa tecnologia permite obter uma certa quantidade de

    produo a um certo custo. Do mesmo modo possvel, para um dado custo e atravs de uma

    certa tecnologia, obter uma determinada quantidade de produo. Esta questo pode assim ser

    tratada pelo lado dos custos, ou seja, ou se maximiza a produo para certos custos ou se

    minimizam os custos associados a certa produo.

    Capital Capital

    Trabalho Trabalho

    Maximizao da produo para certos custos Minimizao de custos para certa produo

    5.3. Custos em economia

    A funo custo total relaciona quantidade do bem com o seu custo de produo e inclui a

    soluo ptima de como produzir.

    Mas o que se entende por custos? H que distinguir vrios tipos de custo:

    Custo de oportunidade o custo da melhor alternativa que deixou de se fazer

    (conceito introduzido por Stuart Mill);

    Custos fixos (CF) so os custos associados aos elementos que so rgidos num

    processo produtivo, isto , no variam com a quantidade produzida (esta distino

    tem, no entanto, a ver com o tempo na medida em que, a prazo, todos os

    elementos podem ser mudados (por ex: renda; pessoal permanente).

  • 29

    Curva Custo Fixo

    Custos variveis (CV) so os custos associados aos elementos que variam com a

    quantidade produzida (por ex: matria-prima; energia,).

    Custos totais (CT) so os custos fixos mais os custos variveis.

    Custo unitrio ou custo mdio (CMd) o custo total a dividir pela quantidade

    produzida.

    Custo varivel mdio (CVMd) o total dos custos variveis a dividir pela

    quantidade produzida.

    Custo fixo mdio (CFMd) o total dos custos fixos a dividir pela quantidade

    produzida.

    Custo marginal (CMg) o custo associado produo de mais uma unidade de

    produto.

    Custo fixototal

    Quantidade

    Custo

    Quantidade

    CMd

    CVMd

    CFMd

    Custo

    Quantidade

    CMd

    CVMd

    CMg

  • 30

    Relao entre custo mdio e custo marginal. As curvas do custo mdio e do custo marginal tm

    configuraes diferentes. A curva de custo mdio tem a forma de U, enquanto a curva do custo

    marginal tem a forma de V. Esta diferena resulta dos rendimentos marginais decrescentes.

    Enquanto o custo marginal menor que o custo mdio a curva do custo mdio decrescente.

    A partir do momento em que o custo marginal maior que o custo mdio, o custo mdio passa

    a ser crescente. A curva do custo marginal corta a curva do custo mdio no mnimo desta. O

    ponto ptimo de produo, que est associado ao custo mnimo de produo o ponto em que

    a curva do custo marginal corta a curva do custo mdio (custo mdio = custo marginal).

    A regra de lucro mximo do produtor diz que o produtor deve produzir at ao ponto em que o

    benefcio marginal de produo de uma unidade seja igual ao custo marginal. A partir da o

    produtor comear a ter prejuzo.

    Consoante a evoluo do preo do produto, assim a quantidade de produto que o produtor est

    disposto a produzir vai tambm evoluindo ao longo da curva dos custos marginais. Ou seja a

    curva dos custos marginais configura a curva da oferta.

    CustoPreo

    Quantidade

    CMd

    CVMd

    CMg

    P

    Q

  • 31

    IV. MACROECONOMIA

    1. Conceitos bsicos

    A macroeconomia estuda a economia como um todo, o crescimento econmico e os ciclos

    econmicos. Desenvolve-se a partir da grande crise de 1929 sob o impulso do economista J. M.

    Keynes. Os objectivos da macroeconomia so:

    Promover o crescimento do produto;

    Manter elevado o nvel de emprego;

    Assegurar a estabilidade do nvel de preos.

    Emprego: Conceitos

    - Taxa de Actividade = Populao activa (entre 15 e 64 anos)/Populao total x100

    (expressa em %)

    - Taxa de Desemprego = Desempregados/Populao activa x100 (expressa em %)

    - Mercado de emprego Oferta de emprego (empresas); Procura de emprego

    (trabalhadores)

    - H desemprego se a procura de emprego maior que a oferta de emprego.

    - Verifica-se uma relao entre crescimento econmico e emprego; Lei de Okun: o

    aumento do produto em 3% leva ao aumento do emprego em 1%.

    Consideram-se trs tipos de desemprego: voluntrio; friccional e involuntrio. O preocupante

    o desemprego involuntrio.

    Verifica-se um conflito entre crescimento do produto e emprego. O crescimento do produto est

    associado a situaes de inovao, elas mesmo geradoras de desemprego a curto prazo, mas

    com efeitos benficos a mdio e longo prazo.

    Produto

    Produto a soma dos valores acrescentados nos trs sectores de actividade econmica:

    primrio, secundrio e tercirio (de forma a evitar o problema da dupla contagem).

  • 32

    O produto pode ser medido a preos constantes Produto real, ou a preos correntes

    Produto nominal; conceito de deflator.

    O diagrama seguinte apresenta o PIB (Produto Interno Bruto) em paridade de poder de compra

    (indicador que permite comparar a capacidade de um estado para criar riqueza) e a sua

    evoluo recente para um conjunto de estados.

    Produto Bruto Amortizaes= Produto Lquido.

    Produto Interno o valor do que se produziu no Pas, enquanto o Produto Nacional = Produto

    Interno + o que portugueses produzem no exterior o que os estrangeiros produziram em

    Portugal.

    Despesa

    A despesa tem o mesmo valor que o produto e mede o fluxo do ponto de visa do consumo.

    D = consumo das famlias (C ) + gastos pblicos (G) +Investimento (I)+ Exp. Imp.

  • 33

    Rendimento

    Tem a mesma expresso quantitativa do produto e da despesa mas mede o fluxo do ponto de

    vista do mercado dos factores produtivos. O Rendimento (R) o somatrio da remunerao dos

    diferentes factores produtivos (w salrios; r rendas; j juros; l lucros)

    R= w+r+j+l ( remunerao dos factores produtivos)

    O rendimento disponvel = R Impostos + transferncias.

    Diferena entre rendimento (fluxo) e riqueza (stock).

    Inflao

    Trata-se de uma subida generalizada de preos, autosustentada e interdependente. Traduz-se

    por uma depreciao da moeda. Retira confiana e estabilidade economia. No afecta de

    igual forma os grupos econmicos e sociais. A inflao um imposto escondido.

    Zona Euro 16-01-2008 10:472007 termina com inflao nos 3,1%

    A taxa de inflao anual da Zona Euro fixou-se nos 3,1% em Dezembro de 2007, o mesmo valor do ms anterior e muito acima do registado um ano antes (1,9%), anunciou hoje o Eurostat.

    Os dados divulgados pelo gabinete oficial de estatsticas da Unio Europeia revelam uma subida da taxa de inflao no conjunto da UE a 27 para 3,2% em Dezembro, quando em Novembro era de 3,1% e em Dezembro de 2006 de 2,2%. Portugal registou no ms passado uma taxa de inflao de 2,7%, a terceira mais baixa da Zona Euro apenas acima de Holanda (1,6%) e Finlndia (1,9%). Os valores mais elevados verificaram-se na Letnia (14%), Bulgria (11,6%) e Estnia (9,7%). Chipre e Malta, que no passado dia 1 se tornaram os 14. e 15. membros da Zona Euro, s sero includos nos clculos de inflao da Eurolndia do ms de Janeiro de 2008. Este o quarto ms consecutivo em que a taxa de inflao da Zona Euro fica acima da meta dos 2,0% - valor desejvel segundo o Banco Central Europeu (BCE).

  • 34

    Bruxelas antecipa a manuteno de uma taxa de inflao elevada nos prximos meses, s devendo regressar a valores mais baixos, perto dos 2%, em meados de 2008. Na tera-feira, o Instituto Nacional de Estatstica (INE) indicou que a taxa de inflao mdia em Portugal se situou em 2,5% em 2007, acima da previso de 2,3% do Governo para o conjunto do ano. A taxa de 2007 ficou, no entanto, seis dcimas de ponto percentual abaixo da verificada em 2006 (3,1%, segundo os dados do INE).

    Poltica econmica

    A poltica econmica constituda pelas polticas oramental, monetria e cambial (entretanto

    desaparecida no mbito da criao da moeda nica).

    O principal instrumento da poltica oramental o Oramento. Estabelece as receitas e as

    despesas do Estado. De entre as receitas so especialmente importantes as receitas fiscais,

    constitudas pelo conjunto de impostos directos, nomeadamente o IRS e o IRC (incidem sobre o

    rendimento do contribuinte e os resultados das empresas, respetivamente) e de impostos

    indirectos, principalmente o IVA, (incide sobre a despesa).

  • 35

    Do lado da despesa h que considerar o peso relativo e a evoluo das despesas correntes (de

    funcionamento) e de capital (investimento PIDDAC Programa de Investimentos e Despesas de

    Desenvolvimento da Administrao Centra.).

    O diagrama seguinte fornece informao sobre a repartio do OGE (Oramento Geral do

    Estado) de 2015, por Ministrios.

    A Poltica monetria incide sobre o controle da moeda, a quantidade de moeda em circulao, a

    emisso de moeda e a taxa de juro. Aps a criao da moeda nica a poltica monetria passou

    a ser da responsabilidade do Banco Central Europeu. Os bancos nacionais perderam poder de

    interveno na definio de polticas monetrias nacionais.

  • 36

    2. Ciclos econmicos

    A economia no evolui linearmente. Ela afectada de forma cclica por situaes de

    crescimento e de retraco.

    O ciclo econmico traduz-se em desfasamentos entre a oferta e a procura de bens. um

    fenmeno complexo com implicaes sobre um grande n de variveis como o emprego, o

    consumo, o investimento, a produo, o rendimento.... Tem uma dimenso internacional.

    As principais caractersticas do ciclo so as seguintes:

    alternado;

    Reproduz-se em intervalos relativamente regulares;

    A sua amplitude no ultrapassa certos limites;

    persistente.

    O ciclo econmico tem quatro fases:

    Expanso;

    Crise;

    Recesso;

    Retoma.

    Mecanismo do ciclo. O ciclo surge da conjugao de dois efeitos: o efeito multiplicador e o

    efeito de acelerao.

    O efeito multiplicador traduz-se no seguinte: o aumento da procura leva a um aumento

    da produo. Por sua vez o aumento da produo permite distribuir mais rendimento o

    que est na origem de um novo aumento da procura e assim sucessivamente.

    O efeito de acelerao verifica-se quando se est a produzir no pleno da capacidade de

    produo utilizando todos os bens de capital disponveis. Ento h que aumentar a

    quantidade de bens de capital incrementando a sua produo, o que por sua vez vai

    aumentar a quantidade de produo, a distribuio de rendimento e, finalmente a

    procura.

  • 37

    A combinao destes dois fenmenos faz com que, a dada altura, a economia no possa

    produzir mais por falta de mo de obra, o que implica o no crescimento do investimento, a

    diminuio da produo, a diminuio do rendimento e, consequentemente a reduo da

    procura e assim sucessivamente. A economia entra em fase de recesso at ao momento em

    que se verifique de novo a necessidade de aumentar os bens de capital e portanto o

    investimento, o que vai estar na origem da retoma e da expanso.

    2. Economia Keynesiana

    A anlise dos problemas da economia exige uma teoria nova na medida em que os

    pressupostos da economia neoclssica no se verificam: os mercados no equilibram; a

    economia est sempre a ser perturbada, e instvel.

    O mercado j no ptimo. necessrio manipular o sistema para o melhorar, e esse papel

    compete ao Estado.

    Contrariamente ao que afirmam os neoclssicos, o motor da economia no a oferta mas sim a

    procura, principalmente o consumo privado das famlias, que depende essencialmente do

    rendimento global da sociedade.

    O que leva os produtores a produzir a expectativa de venda dos seus produtos, a existncia

    de uma procura potencial.

    Multiplicador de Keynes

    Se se verificar um aumento de gastos pblicos (G) verifica-se um aumento de rendimento e

    portanto um aumento de consumo que, por sua vez relana a produo, aumenta a distribuio

    de rendimento e aumenta a procura, e assim sucessivamente.

    Mas o rendimento disponvel para consumo no aumenta indefinidamente porque a propenso

    marginal ao consumo (isto , o montante que afectado a consumo por cada unidade

    monetria de rendimento) menor que 1 (PMC

  • 38

    Quando se atinge uma situao limite, em que mais procura no pode ser satisfeita porque no

    h recursos para produzir mais, verifica-se uma presso da procura com efeitos sobre o nvel de

    preos inflao.

    O multiplicador de Keynes apresenta-se assim relevante em situaes em que a economia se

    encontra em situao de depresso

    Quando o Investimento (I) varia, o Produto varia mais fortemente que a variao inicial

    de I ( multiplicado por um valor superior a 1, que se designa por multiplicador de

    Keynes)

    1/1-PMC

    Variao do Produto= (1/1-PMC)* variao de I

    . Em situao de pleno emprego as receitas keynesianas podem ter efeitos inflacionistas.

    O equilbrio do modelo Keynesiano estabelecese, ento, em torno da relao Despesa =

    Rendimento. No caso da oferta de bens ser superior ao rendimento disponvel afecto ao

    consumo, as empresas no conseguem vender, pelo que deixam de produzir, o que implica

    desemprego.

    As situaes de desemprego tm tendncia a permanecer. nestas circunstncias que,

    segundo Keynes, o Estado deve intervir, procurando criar novos equilbrios, pondo a funcionar o

    multiplicador.

    3. Inflao e desemprego: perspectivas neoclssica e keynesiana

    3.1. Inflao

    Posio Neoclssica a inflao est associada a um aumento da massa monetria superior ao

    aumento do produto.

  • 39

    Posio Keynesiana os preos so considerados constantes uma vez que no utilizada toda

    a capacidade produtiva; s haver efeitos inflacionistas quando no houver possibilidade de

    aumentar a produo; nesse caso os preos sobem por efeito da presso da procura.

    3.2. Desemprego

    Posio neoclssica s h desemprego se o mercado no ajustar, o que , dentro deste

    modelo, inconcebvel. A justificao est nos impedimentos institucionais que impedem que

    esse ajustamento se verifique (por ex: salrio mnimo elevado; contratos colectivos de trabalho,

    etc.);

    Posio Keynesiana A explicao para o desemprego dada pelo facto de se estar a produzir

    abaixo do limite das possibilidades de produo. A forma de resolver o desemprego estimular

    a procura, que ter efeitos sobre o aumento da produo e, consequentemente sobre o

    emprego. Ao Estado cabe um papel importante no relanamento da procura atravs da

    dinamizao do investimento pblico.

    4. Poltica Monetria

    4.1. Moeda

    A moeda est estreitamente ligada soberania e ao Estado. A partir de determinado momento,

    a moeda passou a ser inconvertvel em ouro; a emisso de moeda passa a fazer-se em funo

    das necessidades da economia.

    As funes da moeda so trs: intermedirio nas trocas, unidade de conta, reserva de valor.

    O comportamento dos agentes econmicos face moeda, isto , a maior ou menor procura de

    moeda depende da capacidade da moeda para conservar e reservar valor. Se a inflao alta,

    a capacidade da moeda para reservar valor baixa o que leva os agentes econmicos a

    desfazerem-se da moeda e a adquirir outros activos.

    A moeda para os neoclssicos um vu; ela neutra, intervm sobretudo enquanto facilitador

    das trocas comerciais. Verifica-se a seguinte relao. MV=PQ (M- quantidade de moeda; V

    velocidade de circulao da moeda; P= nvel geral de preos Q= quantidade de produo); o

  • 40

    aumento de quantidade de moeda afecta os preos no mesmo sentido. A variao da

    quantidade de M s tem implicaes sobre o aumento dos preos.

    Para Keynes a moeda vista segundo uma perspectiva central, que a de combater o

    desemprego. A moeda, contrariamente ao que dizem os neoclssicos no age sobre o nvel de

    preos, mas age sobre a economia real. Existe uma relao entre a abundncia de moeda e o

    crescimento da produo. O nvel de produo e de emprego numa dada economia esto

    assim, condicionados, pela quantidade de moeda e pela taxa de juro. Um aumento da

    quantidade de moeda leva ao aumento da procura, e o aumento da procura provoca o

    crescimento da produo das empresas e da economia. A massa monetria composta por

    duas componentes: transaco e precauo (especulao).

    A posio dos monetaristas tem como perspectiva fundamental o controle da inflao. De

    acordo com esta posio, a inflao provocada por uma criao monetria demasiado

    importante associado ao financiamento dos dfices oramentais. Para se sair de situaes

    inflacionrias necessrio manter o equilbrio entre aumento de massa monetria e produto.

    Deve limitar-se o aumento de moeda para corrigir a inflao: uma poltica monetria restritiva,

    que limite os rendimentos, abranda a procura, restabelece o equilbrio entre oferta e procura,

    levando ao abrandamento da inflao, mas tem implicaes do ponto de vista da contraco da

    produo e da subida do desemprego.

    As principais fontes de criao de moeda so:

    O crdito bancrio;

    A emisso de moeda para financiar o dfice oramental;

    As operaes com divisas (quando a entrada de divisas superior sada de divisas)

    4.2. Objectivos e meios da poltica monetria

    O objectivo da poltica monetria o de fornecer moeda suficiente para permitir a expanso da

    economia sem gerar efeitos inflacionistas. Os monetaristas privilegiam a actuao sobre o

    controle do crescimento da massa monetria. Os keynesianos so mais favorveis aco

    sobre a taxa de juro de forma a estimular o investimento, a produo e consequentemente o

    emprego.

  • 41

    Os principais meios de influenciar a quantidade de moeda em circulao so os seguintes:

    Taxa de redesconto condio segundo qual os bancos podero recorrer ao crdito

    junto do banco central

    Poltica de open market interveno do BC no mercado monetrio de forma a

    aumentar ou restringir o volume de liquidez em circulao: resgata ttulos que esto em

    poder dos bancos e assim distribui moeda; ou vende ttulos e retira moeda de

    circulao

    Taxa de reserva legal

    Alterao da taxa de juro

    Enquadramento do crdito estabelece plafonds para o crdito a conceder pelos

    bancos

    Regulamentao do crdito ao consumo estabelece as condies de compra a crdito.

    Os principais elementos de diferenciao entre Keynesianos e monetaristas so os seguintes:

    Keynesianos

    Poltica monetria activa, atravs da variao das taxas de juro pode aumentar o

    consumo e assim relanar a economia

    Poltica monetria combinada com poltica oramental de forma a financiar os dfices

    pblicos

    Poltica monetria deve privilegiar o emprego face inflao, embora mantendo esta

    ltima em limites razoveis.

    Monetaristas

    O ajustamento ao acrscimo da massa monetria faz-se atravs dos preos e no das

    quantidades produzidas

    O aumento de M mais rpido que o aumento da produo tem efeitos inflacionistas.

  • 42

    4.3.Poupana e crescimento

    Anlise neoclssica

    Poupana absteno de consumo, na expectativa de um rendimento mais elevado a prazo. A

    poupana permite desencadear um crculo virtuoso: Poupana permite Investimento, que

    aumenta o rendimento, que por sua vez permite aumentar a poupana.

    Anlise Keynesiana

    Um processo de poupana no gera automaticamente um processo de Investimento. Pode at

    gerar recesso. E isto porque a poupana depende do rendimento e o Investimento depende da

    rentabilidade do capital, da possibilidade de gerao de lucros. Torna-se assim necessrio

    estimular o Consumo e o Investimento em perodos recessivos, atravs da baixa da taxa de juro

    e da poltica fiscal de encorajamento do consumo. Uma poupana no investida pode ser factor

    de crise.

    5. Poltica oramental

    Instrumento: Oramento do Estado (OE). Regista o conjunto de despesas e receitas pblicas

    para um ano econmico. Compreende dois grandes tipos de contas: as contas correntes

    (receitas e despesas de funcionamento) e as contas de capital ( receitas e despesas de capital

    relacionadas com emprstimos, investimentos, transferncias). O oramento deve verificar um

    equilbrio entre receitas e despesas.

    Processo que consiste em manipular os impostos e as despesas pblicas de forma a :

    Contribuir para amortecer as oscilaes econmicas

    Garantir um elevado grau de emprego.

    Segundo a teoria Keynesiana numa situao de diminuio do Rendimento Nacional o estado

    deve intervir de forma a sustentar a economia, atravs do incremento dos gastos pblicos.

    Quando se verifica uma situao em que o rendimento cresce muito depressa, o Estado dever

    gastar menos.

  • 43

    O que se deve procurar, segundo Keynes o crescimento equilibrado do emprego o que at

    pode justificar uma situao de desequilbrio oramental em que as D > R.

    O dfice pblico pode ser financiado ou atravs de aumento de impostos, ou da contraco de

    emprstimos junto do pblico ou do aumento da moeda em circulao, o que poder provocar

    efeitos inflacionistas. A inflao um imposto escondido que afecta desigualmente os diferentes

    agentes econmicos, favorecendo os que tm dvidas (especialmente o Estado) e penalizando

    quem tm rendimentos fixos.

  • 44

    V. INTEGRAO EUROPEIA

    1. Prinicipais marcos do processo de integrao europeia

    O processo de construo da EU assenta, de acordo com o tratado de Mastricht em 3 grandes

    pilares:

    Mercado interno, unio econmica e monetria

    Poltica externa e de segurana comum

    Cooperao judiciria e policial.

    2. Unio Econmica e Monetria

    Critrios de convergncia Instrumento para assegurar nveis razoveis de coerncia

    econmica entre os estados do espao euro. Os principais critrios so os seguintes:

    Dfice oramental < 3%

    Dvida pblica < 60%

    Inflao mxima 1,5% acima da mdia dos 3 melhores resultados da EU.

    O critrio do dfice oramental muito importante na medida em que ele controla os Gastos do

    Estado (G). A necessidade de controlar as finanas pblicas e especialmente o endividamento

    justifica-se pelo facto de permitir um crescimento econmico sustentvel sem problemas

    decorrentes de presses inflacionistas.

    1957 Tratado de Roma cria a Comunidade Econmica Europeia 1979 Sistema Monetrio europeu assegura maior estabilidade cambial 1985 Acto nico criao do mercado nico; deciso de criar a unio monetria; coeso

    econmica e social 1992 Tratado de Maastricht criao da Unio econmica e monetria 1995 Conveno de Schengen 1996 Pacto de Estabilidade Dublin 1997 Tratado de Amsterdo ratifica Pacto de Estabilidade; deciso em favor do crescimento e

    do emprego 1999 Criao do Euro 2000 Agenda de Lisboa 2002 Abolio das moedas nacionais 2005 Agenda de Lisboa renovada 2007 Alargamento da Unio para 27 membros 2007 Tratado de Lisboa 2009 Ratificao do Tratado de Lisboa 2013 Tratado s/ estabilidade, coordenao e governao na UEM

  • 45

    Pacto de Estabilidade

    Visa assegurar que os pases da moeda nica continuaro, aps a sua criao, a respeitar a

    disciplina imposta pelos critrios de convergncia, o que constitui uma condio fundamental

    para assegurar a credibilidade do Euro nos mercados internacionais.

    O estado que no cumprir o Pacto de Estabilidade fica obrigado a:

    Depositar 0,2% do PIB + 0,1% por cada ponto acima dos 3%, at ao limite

    mximo de 0,5% do PIB;

    Se ao fim de 2 anos o dfice pblico se mantiver, o depsito anterior passar a ter

    natureza de multa.

    Um dos objectivos da criao do euro a concorrncia com o dlar enquanto reserva mundial.

    O euro para ser forte e credvel no pode estar sujeito a tenses inflacionistas.

    Os avanos que se verificam em matria de integrao monetria escala europeia no foram

    acompanhados por uma integrao das polticas econmicas. A coordenao da poltica

    econmica, nomeadamente em matria de controlo do ciclo econmico, depende

    exclusivamente da responsabilidade dos Estados Membros, cuja aco est fortemente

    condicionada e limitada poltica oramental.

    2.3. Implicaes em matria de poltica econmica

    A integrao de Portugal na UEM tem implicaes decisivas em matria de poltica monetria.

    De facto o Banco de Portugal perdeu autonomia em matria de emisso de moeda e de

    controlo das taxas de juro. Do mesmo modo a criao da moeda nica retira todo e qualquer

    espao para alterar a cotao das moedas dentro do espao euro, o que impossibilita a

    utilizao da poltica cambial como instrumento de poltica de apoio competitividade das

    exportaes nacionais. Estas polticas passam agora a ser determinadas pelo Banco Central

    Europeu. Em matria de poltica oramental os Estados mantm autonomia, mas uma

    autonomia condicionada porque tm de imperativamente obedecer ao Pacto de Estabilidade.

  • 46

    O controle da inflao constitui um objectivo central da UEM. Isto deve-se, nomeadamente ao

    conjunto das razes seguintes:

    - A manuteno da inflao controlada um factor importante do ponto de vista das

    opes dos agentes econmicos, consumidores e investidores;

    - Em situaes de instabilidade os agentes econmicos retraem-se com a consequente

    diminuio de investimentos e consumo e diminuio do bem-estar;

    - A inflao tem implicaes em matria de justia social na medida em que penaliza

    diferenciadamente os agentes econmicos;

    - A tendncia para a subida da taxa de juro com implicaes em matria de diminuio

    do investimento, afectando o crescimento econmico e o emprego.

    2.4. Vantagens e desvantagens da UEM

    As principais vantagens que em geral esto associadas criao da UEM so as seguintes:

    - Uma s moeda que facilita as trocas comerciais, evitas custos cambiais e elimina o

    risco cambial, criando condies para o crescimento do comrcio internacional;

    - Diminui significativamente a necessidade de reservas cambiais;

    - Introduz uma maior transparncia ao funcionamento da economia;

    - Aumenta o poder negocial da EU face aos EUA e ao Japo.

    As principais desvantagens associadas criao da UEM so as seguintes:

    A necessidade de polticas restritivas que tem implicaes em matria de limitao do

    crescimento econmico e do emprego;

    Desaparecimento da taxa de cmbio como instrumento de poltica econmica e perda

    da autonomia da poltica monetria;

    Possibilidade de ocorrncia de choques assimtricos resultantes de especializaes em

    virtude de processos de integrao das economias europeias.

    Do ponto de vista de Portugal a integrao na Unio Europeia e Monetria (UEM) coloca um

    grande desafio ao Pas. Ele encerra um conjunto de benefcios mas tem tambm associados um

    conjunto de constrangimentos. Os benefcios e os custos que a integrao na UEM representa

    para Portugal so os que seguidamente, em sntese, se apresentam:

  • 47

    Benefcios

    Benefcios relativos ao desaparecimento do risco cambial e ao custo das moedas ( o

    escudo era uma moeda pouco utilizada nas transaces internacionais );

    Estabilidade de preos o que favorvel expanso do investimento e da actividade

    econmica;

    Acrscimo do peso poltico e da fora negocial;

    Benefcios associados atribuio do Fundo de Coeso.

    Custos

    Desaparecimento da poltica cambial enquanto instrumento de regulao de choques

    sobre a economia nacional. O recurso desvalorizao da moeda com finalidade de

    manter a competitividade das exportaes portuguesas deixa de poder ser utilizado;

    Restries introduzidas na poltica oramental e principalmente na poltica monetria

    em virtude da necessidade de observao dos critrios de convergncia e do pacto de

    estabilidade;

    As vulnerabilidades que se colocam ao tecido produtivo nacional que podero colocar

    dificuldades num espao de concorrncia aberta com as restantes economias dos

    estados membros e dificultar a convergncia real da economia portuguesa. Num

    processo de integrao econmica os efeitos de polarizao tendem a superar, nas

    economias perifrica, os efeitos de difuso. A abertura de mercados, as economias de

    escala, a intensificao de concorrncia podem significar dificuldades acrescidas de

    competio. Do mesmo modo a concentrao da actividade econmica e as

    externalidades favorecem as empresas localizadas nos espaos centrais.

    O alargamento da EU aos pases do Leste europeu coloca tambm algumas ameaas e

    oportunidades economia portuguesa. Como principais ameaas destacam-se a concorrncia

    de produtos, o desvio de investimentos e ainda o desvio de fundos estruturais. Novas

    oportunidades de mercados e de investimentos constituem oportunidades a considerar. Do

    mesmo modo a tendncia de liberalizao do comrcio mundial (eliminao do proteccionismo)

    vem colocar srias ameaas s empresas do sector txtil que no se modernizaram. A abertura

    de novos mercados constitui tambm uma oportunidade para as empresas portuguesas

    expandirem as suas actividades.

  • 48