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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
APORTE, TRANSPORTE E DECOMPOSIÇÃO DE LITEIRA EM
IGARAPÉS NA BACIA AMAZÔNICA
JOANA D`ARC DE PAULA
Manaus, Amazonas
Maio, 2013
ii
JOANA D`ARC DE PAULA
APORTE, TRANSPORTE E DECOMPOSIÇÃO DE LITEIRA EM
IGARAPÉS NA BACIA AMAZÔNICA
ORIENTADOR: DR. FLÁVIO J. LUIZÃO
Coorientadora: Dra. Maria Teresa Fernandez Piedade
Tese apresentada ao Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutora em
Biologia (Ecologia).
Manaus, Amazonas
Maio, 2013
iii
Relação da banca avaliadora (versão escrita)
Neusa Hamada (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) - Aprovado com correções
José Francisco Gonçalves Júnior (Universidade de Brasília) - Aprovado com correções
André Hamado (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) - Necessita Revisão
Jeffrey Richey (University of Washington) - Não emitiu parecer
Relação da banca avaliadora da defesa da tese
Sávio José Filgueiras Ferreira (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) - Aprovado
João Baptista Silva Ferraz (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) - Aprovado
José Francisco Gonçalves Júnior (Universidade de Brasília) - Aprovado
iv
P324 Paula, Joana D’Arc de
Aporte, transporte e decomposição de liteira em igarapés na Bacia
Amazônica / Joana D’ Arc de Paula.--- Manaus : [s.n.], 2013.
xvii, 166 f.
Tese (doutorado) --- INPA, Manaus, 2013
Orientador : Flávio Jesus Luizão
Coorientador : Maria Teresa Fernandez Piedade
Área de concentração : Ecologia
1. Liteira – Decomposição. 2. Ecologia de riachos. 3. Carbono orgânico.
4. Ciclagem de nutrientes. 5. Fertilidade do solo. I. Título.
CDD 19. ed. 574.52642
Sinopse:
Estudou-se a dinâmica da matéria orgânica em 16 riachos na Bacia
Amazônica distribuídos ao longo de um gradiente de pluviosidade e
fertilidade do solo. Aspectos como nutrientes no solo, nutrientes na água e
nutrientes na liteira foram avaliados.
Palavras chave:
carbono orgânico dissolvido, aporte, transporte, decomposição, matéria
orgânica bêntica, riachos tropicais
v
Aos meus queridos pais Zé e Di
(ambos in memorian) e aos meus
queridos irmãos Bito e Mari que
sempre incentivaram a busca dos
porquês e pelo carinho e
companheirismo de todos os
momentos.
vi
AGRADECIMENTOS
Tantas coisas se passaram ao longo desses anos, que fica difícil conseguir escrever
essas páginas de agradecimento. Primeiramente gostaria de agradecer ao professor Flávio
Luizão, que não só aceitou me orientar durante o mestrado, mas aceitou dar continuidade a
essa jornada durante o doutorado. Acho que eu não tinha a dimensão do trabalho que
enfrentaria quando fiz a proposta desse estudo, aliás, por alguns momentos imaginei que
talvez fosse uma loucura, mas se ele concordasse era porque era viável e, além do mais, que
graça teria ficar mais alguns anos nessa imensa Amazônia se não fosse para conhecê-la ao
menos um "pouquinho" melhor. Encarei a jornada e segui em frente, foram anos tensos, cada
preparação de campo parecia que era mais trabalhosa que o campo em si, cada vez que o
dinheiro demorava a ser liberado era o fim da tese sendo prejudicado, cada equipamento
quebrado que angústia! Em alguns momentos o cansaço parecia que estava me vencendo,
mas, apesar de todos os pesares, os dados foram coletados, processados e a tese começou a
tomar corpo, então obrigada professor Flávio por ter me permitido todas essas experiências, e
por acreditar no meu trabalho!
Gostaria de agradecer à Professora Maitê Piedade, seus conselhos foram sempre muito
sensatos, e sem a sua ajuda essa tese não teria a cara que tem hoje, tanto metodologicamente
quanto na essência dos capítulos, sinceramente achei que você não aceitaria essa coorientação
e sou imensamente grata por toda ajuda ao longo de todos esses anos!
Gostaria de agradecer ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e aos
professores da instituição por todo aprendizado ao longo de todos esses anos.
Agradeço à Mari por ser mais que uma irmã com quem sempre pude contar, nos bons
e maus momentos, ao Bito, que sempre foi uma fonte inspiradora e com quem sempre poderei
contar. À Aline que foi minha irmã em Manaus, sempre muito companheira, trazendo alegria
à casa e tentando manter o bom astral! Agradeço aos amigos de perto e de longe que sempre
me auxiliaram com artigos, auxílios estatísticos, com palavras de incentivo, com uma boa
conversa, ou com uma boa música para aliviar a tensão!
Agradeço a todas as pessoas que me auxiliaram durante algum momento desse trabalho,
em especial à Romilda Paiva que foi uma grande companheira de viagem, à Sandra Coral que
vii
ajudou a desenrolar a minha ida ao Peru e à Ana Paula Florentino, que me ajudou sempre que
possível, além da companhia no LBA, assim como Terezinha Monteiro, Erika Schloemp
(sempre me socorrendo com artigos), Yoko Ishida, Ruth, Natam, Ricardo, Rubenildo, Roberta
de Souza, Shirley Pinheiro, Daniele Rebelo, Adriana da Conceição, Nilma França, Viviane
Souza e toda a equipe do LBA/Manaus e à Aline Lopes que auxiliou com a montagem do
experimento em Manaus na fase 1; à equipe do LBA/Santarém; ao Marcos Silveira, Cleber
Salimon e Mizael Louzada, no Acre; ao Fabrício Zanchi, Rodrigo Tartari, Juliane Querino e
Irene Cibelle em Humaitá; à equipe de Los Amigos/CICRA; aos meus auxiliares de campo
Paulo Pinto, Milton Oliveira, Sr Robson Benevituno, Demétrio Araújo, Antônio Nina,
Yamileth Arteaga e Osmar Barbosa, não só pela companhia e auxílio em campo como
também pelas conversas divertidas que aliviavam a tensão além, é claro, da troca de
conhecimento com essas pessoas incríveis, às minhas PIBICs Urânia Cavalcante e Neiliane
Soares, trabalhar com vocês foi uma ótima experiência; ao pessoal do laboratório de triagem,
à equipe do LTSP, à Rejane Freitas e Enir da Costa, companheiras do laboratório no V8; ao
Beto Quesada que me ajudou a definir as áreas de coleta, ao Erick Oblitas que me auxiliou
com os contatos peruanos; ao Luis Vilmar, Jonis Souza e Carmen Conrado pelas análises no
CPRHC; ao Wallace Costa por me socorrer com os aparelhos problemáticos; à Juliana
Schietti com o auxílio na confirmação da ordem dos riachos; ao Luciano Sgarbi que, por
intermédio da Karina Dias, me auxiliou na utilização do R; à Rose Farias e Beverly Franklin
que apesar dos pesares conseguem desenrolar as burocracias na secretaria mantendo o
funcionamento do curso, além de me auxiliarem, sempre que possível.
Agradeço aos projetos e programas LBA, MAUA/Grupo de Ecologia, Monitoramento e
Uso Sustentável de Áreas Úmidas Amazônicas, RAINFOR, Cenários, CNPq/Edital Universal
pelo apoio logístico e financeiro e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior/CAPES pela bolsa concedida e por dar suporte ao curso.
Agradeço aos avaliadores do pré projeto: Daniel Markewitz, Manuel Graça e Neusa
Hamada pelas correções sugeridas, sugestões e conselhos; Agradeço aos avaliadores da aula
de qualificação: Neusa Hamada, Zé Luiz, Maitê Piedade, João Ferraz, Wenceslau Teixeira e
Bruce Forsberg, todos com pontos de vista bem distintos, e todos os comentários foram
valiosos. Agradeço por todos os comentários dos avaliadores da tese: Neusa Hamada, André
Amado e José Francisco Gonçalves Jr. E agradeço por todos os comentários dos avaliadores
da defesa da tese: José F. G. Júnior, Savio J. F. Ferreira e João B. S. Ferraz
viii
Agradeço à Amazônia pelas paisagens maravilhosas, que conseguem fazer dos dias
mais tristes uma esperança, à todos os cheiros e cores que ficarão gravados na minha memória
e a essa "imensidão" das águas porque "perto de muita água tudo é feliz"!
Agradeço a todos que aparecem aqui e àqueles que com certeza devo ter esquecido de
mencionar, mas nem por isso foram menos importantes, muito obrigada!
ix
"Deixa-me, fonte!" dizia,
a flor, tonta de terror,
e a fonte, rápida e fria,
cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!"
"dizia a flor, a chorar:"
"eu fui nascida no monte...
não me leves para o mar!"
e a fonte, rápida e fria,
com um sussurro zombador,
por sobre a areia corria,
corria, levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho",
balanços do berço meu;
"ai, claras gotas de orvalho"
caídas do azul do céu!...
“Carícias das brisas leves"
que abrem rasgões de luar...
"fonte, fonte, não me leves",
não me leves para o mar!...”
(Vicente de Carvalho)
x
RESUMO
A matéria orgânica (MO) alóctone é a principal fonte de energia em ecossistemas
aquáticos florestados. Ao entrar em riachos ela pode ser retida e se manter estocada. E é na
retenção desta e subsequente decomposição que ocorrerá o elo entre consumidores primários
e sua fonte de alimento. A estrutura geológica da Bacia Amazônica resulta em um mosaico de
distintas formações geoquímicas, determinando diferenças que permitem a ocorrência de
gradientes de fertilidade do solo e pluviosidade, na floresta. Mas esses gradientes serão
também refletidos no aporte, transporte e decomposição de matéria orgânica nos riachos de
cabeceira da Bacia Amazônica? Baseado nisso formulamos a seguinte hipótese: a dinâmica da
matéria orgânica em riachos de cabeceira da Bacia Amazônica é influenciada pelos gradientes
de fertilidade do solo e pluviosidade. Para que a hipótese fosse testada foram realizadas
coletas de aporte lateral de MO, experimentos de transporte foliar e decomposição foliar e
realizadas coletas de matéria orgânica estocada e carbono orgânico dissolvido (COD) em
transporte, concomitantemente foram coletadas amostras de solo e água para caracterização
dos riachos e da fertilidade do solo. Experimentos e coletas foram realizados ao longo de 90
dias, em 16 riachos de cabeceira, distribuídos em um gradiente de fertilidade do solo e
pluviosidade. A tese foi formatada em 4 capítulos. Em cada um testamos as seguintes
hipóteses: capítulo 1) Diferenças nas características do solo e pluviosidade se refletem em
diferenças na quantidade e qualidade da liteira que entra em riachos de baixa ordem da Bacia
Amazônica; capítulo 2) Riachos de cabeceira da Bacia Amazônica apresentam alta
retentividade influenciada por fatores locais assim como pela pluviosidade local e fertilidade
do solo; 3) A concentração dos nutrientes dissolvidos na água dos riachos de cabeceira, ao
longo da Bacia Amazônica, é distinta, refletindo os gradientes de fertilidade do solo e
pluviosidade, resultando em diferentes tempos de decomposição; e capítulo 4) A fertilidade
do solo e pluviosidade da Bacia Amazônica promovem distinções da distribuição das frações
de matéria orgânica particulada grossa, particulada fina e COD. A qualidade e quantidade da
liteira que entra lateralmente nos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica se mostrou
influenciada pela fertilidade do solo, textura do solo e pluviosidade. Os riachos apresentaram
alta retentividade que foi explicada pelas características do canal, como frequência de
obstáculos e coluna de água livre, fatores influenciados pelos padrões de pluviosidade e
fertilidade do solo. O tempo de decomposição entre as espécies estudadas foi distinto, o que
se deveu às caracteríticas das espécies e das localidades; diferenças entre localidades foram
decorrentes dos padrões de fertilidade do solo e pluviosidade. Foi observado um alto estoque
de MO no leito e observado que menos de 50% do carbono tem sido realmente computado
quando levados em consideração apenas as frações de carbono orgânico particulado fino e
COD, e que trabalhos que incluam o carbono orgânico particulado grosso estocado no leito de
riachos permitem estimativas mais precisas das concentrações de carbono em ecossistemas
aquáticos, viabilizando a extrapolação dos resultados obtidos em termos do balanço global de
carbono. Assim os gradientes de pluviosidade e fertilidade do solo explicam não só a
dinâmica e diversidade de espécies arbóreas como também podem explicar a dinâmica da
matéria orgânica morta em riachos de cabeceira na Bacia. Mas, é importante salientar que
estes resultados são ainda preliminares, e que mais estudos que possibilitem inclusive uma
xi
melhor verificação da sazonalidade são necessários na região. Ainda assim, tendo em vista a
extensa rede de drenagem e os altos valores de entrada de matéria orgânica nos riachos de
cabeceira, a alta capacidade de retenção desses riachos, bem como os diferentes tempos de
decomposição, promovendo altas concentrações de frações de carbono estocadas no leito,
podemos dizer que a manutenção da integridade dos corpos de água de baixa ordem é de
fundamental importância energética para esses ecossistemas, permitindo a manutenção das
longas teias alimentares neles presentes.
xii
Input, transport and decomposition of litter in streams in the Amazon Basin
ABSTRACT
The allochthnous organic matter (OM) is the main energy source in aquatic forested
ecosystems. When entering streams it can be retained and be kept stored. And it is in its
retention and afterwards decomposition that it will occur the chain between primary
consumers and its food source. The geological structure of the Amazon Basin results in a
mosaic of distinct geochemical formations, which determines differences that allows the
occurrence of soil fertility gradients and rainfall at the forest. But, these gradients will be also
reflected into the contribution, transport and decomposition of the organic matter in headwater
streams of Amazon Basin? Based on this it was formulated the following hypothesis: is the
dynamics of organic matter in headwater streams of the Amazon Basin influenced by the soil
fertility gradients and rainfall. To test the hypothesis there were collected samples from OM
lateral contribution, experiments of leaf transportation and leaf decomposition and it was
performed samples of storage organic matter and Dissolved organic carbon (DOC) in
transport, simultaneously there were collected soil and water samples to characterize the
streams and their soil fertility. Experiments and samples were collected along 90 days, in 16
headwater streams distributed in a soil fertility gradient and rainfall. The thesis was formatted
in 4 chapters. In each one, the following hypothesis were tested: chapter 1) Differences into
the soil characteristics and rainfall reflect into differences in quantity and quality of the input
litter the low order streams of Amazon Basin; chapter 2) Headwater streams of Amazon Basin
present high retentiveness influenced by local factors as well as local rainfall and soil fertility;
3) The concentration of dissolved nutrients into the headwater streams water throughout
Amazon Basin is distinct reflecting into the soil fertility gradients and rainfall, resulting in
different decomposition times; and chapter 4) The fertility of the soil and rainfall of Amazon
Basin promote distinction of the fractions distribution of organic matter coarse particulate,
fine particulate and dissolved (DOC). The quality and quantity of litter that enter laterally into
the low order streams of Amazon Basin showed been influenced by soil fertility, soil texture
and rainfall. The streams presented high retentiveness that was explained by the channel
characteristics as obstacles frequency and free water column, factors influenced by rainfall
patterns. The decomposition time between the studied species was distinct, and it was due to
the characteristics of the species and location; differences between locations were due to the
soil fertility patterns and rainfall. It was observed a high stock of OM on the streambed and
also that less than 50% of carbon has been really computed when considered only the fraction
of fine particulate organic and DOC, and that studies that include the coarse particulate carbon
storage into the streambed of the streams allow more accurate estimates of the carbon
concentration in aquatic ecosystems, enabling the extrapolation of results obtained in terms of
the global carbon balance. Therefore the rainfall and soil fertility gradients explain not only
the dynamic diversity of arboreal species but also the dynamic of the dead organic matter in
headwater streams at the Basin. However, it is important to highlight that these results are still
xiii
preliminary, and more studies that provide even better verification of seasonality are needed
in the region. Still, in view of the extensive drainage network and high input values of organic
matter in headwaters streams, the high retention capacity of these streams, as well as the
different stages of decomposition, promoting high concentrations of carbon stored in fractions
streambed, we can say that the maintenance of the integrity of the water bodies of low-order
has fundamental source importance to these ecosystems, allowing the maintenance of long
food webs present in them.
xiv
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. xv
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... xviii
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 22
OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 27
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 27
Capítulo 1 - Quantidade e qualidade da liteira em riachos de baixa ordem da Bacia
Amazônica ................................................................................................................................ 29
Capítulos 2 - Retenção da liteira foliar em riachos de cabeceira da Bacia Amazônica .......... 59
Capítulo 3 - Decomposição foliar em riachos na Bacia Amazônica. ...................................... 82
Capítulo 4 - É possível detectar padrões de distribuição do carbono nas formas particulada e
dissolvida em riachos da Bacia Amazônica? ......................................................................... 108
SÍNTESE ................................................................................................................................ 140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................... ............................................... ..........145
APÊNDICES...........................................................................................................................161
xv
LISTA DE TABELAS
Capítulo1
Tabela 1. Médias e desvios padrão das frações de folhas e galhos e do aporte lateral (g m-2
), e
% em relação à liteira total, coletadas ao longo de 3 meses, em zonas ripárias, de baixa ordem,
na Bacia Amazônica, estudadas entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental
Catuaba/AC; HM = Área do Exército- 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. ..............................................................39
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das concentrações de nutrientes na liteira coletada
em vegetação ripária de riachos de baixa ordem, na Bacia Amazônica, no período de 2009 a
2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC
= Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM;
CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. C, N, P, K, Ca e Mg,
(g kg-1
); Fe e Zn (mg kg-1
). ......................................................................................................42
Tabela 3. Valores médios e desvios padrão das concentrações de nutrientes no solo coletado
em florestas adjacentes a riachos de baixa ordem, na Bacia Amazônica, no período de 2009 a
2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC
= Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM;
CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. C e N (g kg-1); P, Fe
e Zn (mg kg-1
); K, Ca e Mg (cmolc kg-1
). .................................................................................43
Tabela 4. Características dos locais de coleta na Bacia Amazônica estudados entre os anos de
2009 e 2012 e seus respectivos valores médios e desvios padrão para a textura do solo. RFC =
Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; CICRA =
Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; RFC* = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM, durante o período chuvoso; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; HM = Área
do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM. .........................................................................................45
xvi
Capítulo 2
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão das características físicas dos riachos de baixa
ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal
do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental
Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; RFC* = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM durante o período chuvoso. ................................................................................68
Tabela 2. Descrição dos riachos onde foram realizados os experimentos de transporte de
folhas na Bacia Amazônica. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta
Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército
- 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los
Amigos/Perú, RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período chuvoso. %
folhas retidas = % de folhas que não alcançaram 30m. ...........................................................70
Capítulo 3
Tabela1. Valores médios e desvios padrão do coeficiente de decomposição (-kd-1
), dureza
foliar (g) e nutrientes das folhas das espécies Henriettea spruceana e Irianthera juruensis,.
C= Carbono (%); Nitrogênio (g kg-1
); P = Fósforo (g kg-1
); C:N = razão C:N. ......................95
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das características físicas e químicas dos riachos
de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva
Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; CICRA = Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; HM = Área do Exército - 54
BIS/Humaitá/AM; RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período chuvoso;
FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC. ............................................................................97
Tabela 3. Valores médios e desvios padrão dos nutrientes da coluna de água (µg/L) dos
riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC =
Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda
Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro
xvii
de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; RFC* = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM durante o período chuvoso. ................................................................................99
Capítulo 4
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão do estoque de matéria orgânica particulada
(MOP), particulada grossa (MOPG) e particulada fina (MOPF), carbono orgânico dissolvido
(COD) exportado, carbono orgânico particulado (COP) estocado e razão COD/COP dos
riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC =
Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; CICRA =
Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; FT = Floresta Nacional do
Tapajós/PA; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; RFC* = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM durante o período chuvoso. ..............................................................................122
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das características físicas e químicas dos riachos
de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva
Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda
Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/ Humaitá/AM; CICRA = Centro
de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. ........................................................124
xviii
LISTA DE FIGURAS
Texto da tese
Figura 1. Processamento de detritos foliares submersos em ambiente lótico. MOPG= Matéria
orgânica particulada grossa; MOPF= Matéria orgânica particulada fina; MOD= Matéria
orgânica dissolvida. Adaptado de Allan (1995). .....................................................................23
Figura 2. Teia alimentar de uma cadeia de detritos em rios florestados. MOPG= Matéria
orgânica particulada grossa; MOPF= Matéria orgânica particulada fina; MOD= Matéria
orgânica dissolvida. Os principais componentes do "microbial loop" estão sombreados.
Adaptado de Suberkropp (1998). ............................................................................................25
Figura 3. Divisão das regiões da Bacia Amazônica de acordo com a fertilidade do solo
proposta por Fittkau (1971) e adaptada por Quesada 2008. I) Escudo Guiano; II) Escudo
Brasileiro; III) área ocidental e IV) Amazônia Central. ...........................................................26
Capítulo 1
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da
direita para a esquerda: Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM,
Área do Exército-54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru,
respectivamente.. ......................................................................................................................36
Figura 2. Diagrama de ordenação dos nutrientes da liteira nos eixos de ordenação produzidos
pela Análise de Correspondência Canônica (CCA). fert = fertilidade do solo; rainfall =
pluviosidade; tex = textura do solo. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação
seca; 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área
do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los
Amigos/Peru; 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, durante estação chuvosa.
...................................................................................................................................................41
xix
Figura 3. Diagrama de ordenação das frações de aporte (folhas e galhos) no eixo de
ordenação produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA), dados coletados
durante a estação chuvosa. fert = fertilidade do solo; 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 4
= Área do Exército-54 BIS/Humaitá/AM; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM.
...................................................................................................................................................46
Figura 4. Diagrama de ordenação das frações de aporte (folhas e galhos) no eixo de
ordenação produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA) dados coletados
durante a estação seca. fert = fertilidade do solo; pluv = pluviosidade. 1 = Reserva Florestal
do Cuieiras/AM; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 5 = Centro de Investigación y
Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. ........................................................................................47
Figura 5. Diagrama de ordenação das frações de aporte (folhas e galhos) no eixo de
ordenação produzido pela Análise de Correspondência Canônica (CCA) em todas as
localidades; text = textura do solo; rainfall = pluviosidade; fert = fertilidade; 1 = Reserva
Florestal do Cuieiras/AM durante estação seca; 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 3 =
Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro
de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; 6 = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM, durante estação chuvosa. ..................................................................................48
Capítulo 2
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da
direita para a esquerda: Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM,
Área do Exército-54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru,
respectivamente. .......................................................................................................................65
Figura 2. Curvas de transporte de folhas num percurso de 15 segmentos (2 m), totalizando
uma distância de 30 m, A: entre os riachos da Bacia Amazônica estudados (CICRA = Centro
de Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/Peru, FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC,
FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA, HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM,
RFC/AM = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, RFC*/AM = Reserva Florestal do
Cuieiras/AM durante o período chuvoso) e B: em relação à frequência de obstáculos
encontrada no leito dos riachos (md = moderada, mt = muito frequente, pc = pouco
frequente). ................................................................................................................................72
xx
Figura 3. Curvas de transporte de folhas, num percurso de 15 segmentos (2 m), totalizando
uma distância de 30 m, entre os períodos chuvoso (C) e seco (S) em dois riachos (B e C)
localizados na Reserva Florestal do Cuieiras/AM; A = riacho B, transporte mais efetivo no
período chuvoso, B = riacho C, transporte mais efetivo no período seco. ...............................74
Capítulo 3
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da
direita para a esquerda, Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM,
Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru,
respectivamente. .......................................................................................................................88
Figura 2. Massa foliar remanescente, ao longo de 90 dias, entre as espécies Henriettea
spruceana e Iryanthera juruensis para cada localidade estudada: A= Reserva Florestal do
Cuieiras/AM; B = Floresta Nacional do Tapajós/PA; C = Fazenda Experimental Catuaba/AC;
D = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; E = Centro de Investigación y Capacitación Rio
Los Amigos/Peru; F = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante a estação chuvosa..
...................................................................................................................................................93
Figura 3. Diagrama de ordenação da concentração dos nutrientes na água nos riachos
estudados, nos dois eixos de ordenação produzidos pela Análise de Correspondência
Canônica (CCA). 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação seca; 2 = Flona
Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do Exército - 54
BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; 6 =
Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação chuvosa; fert = fertilidade do solo; pluv =
pluviosidade. ..........................................................................................................................101
Figura 4. Diagrama de ordenação do peso remanescente das folhas estudadas, nos dois eixos
de ordenação produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA). fert = fertilidade
do solo; pluv = pluviosidade. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante a estação seca; 2
= Floresta Nacional do Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los
Amigos/Perú; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante a estação chuvosa.
.................................................................................................................................................102
xxi
Capítulo 4
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da
direita para a esquerda, Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM,
Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru,
respectivamente. .....................................................................................................................118
Figura 2. Diagrama de ordenação das frações de carbono orgânico (particulado grosso,
particulado fino e dissolvido), nos dois eixos de ordenação produzidos pela Análise de
Correspondência Canônica (CCA); coletadas na Bacia Amazônica, durante três meses; entre
os anos de 2009 e 2012. A = estação seca: 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; 3 = Fazenda
Experimental Catuaba/AC; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru;
B = estação chuvosa: 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 4 = Área do Exército - 54
BIS/Humaitá/AM; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; fert = fertilidade do solo; pluvII =
pluviosidade. ..........................................................................................................................126
Figura 3. Diagrama de ordenação das frações de carbono orgânico (particulado grosso,
particulado fino e dissolvido), nos dois eixos de ordenação produzidos pela Análise de
Correspondência Canônica (CCA); coletadas na Bacia Amazônica, durante três meses, entre
os anos de 2009 e 2012. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; 2 = Floresta Nacional do
Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do Exército - 54
BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru, fert =
fertilidade do solo; pluvII = pluviosidade. .............................................................................128
22
INTRODUÇÃO
A Bacia Amazônica contém uma extensa rede de drenagem que compreende grandes
rios, lagos e uma complexa rede de riachos denominados localmente como igarapés. Apesar
dos igarapés de baixa ordem na região central da Bacia Amazônica representarem mais de
80% do total do comprimento da bacia em mesoescala (McClain e Elsenbeer 2001; Gomi et
al. 2002), e compreenderem o maior componente do sistema aquático, representando 65% do
comprimento total dos rios (Johnson et al., 2006), pouco se sabe sobre as estruturas e
processos hidrológicos e biogeoquímicos desses corpos de água (Neill et al. 2006).
Em um contexto geral, a importância da vegetação ripária em riachos de cabeceira de
ambientes temperados é bem documentada (Kaushik e Hynes 1971; Fisher e Likens 1973;
Petersen e Cummins 1974), entretanto, o mesmo não ocorre em ambientes tropicais
(Gonçalves et al. 2006). Riachos de cabeceira, por apresentarem atividade autóctone
suprimida, decorrente do sombreamento, são considerados heterotróficos, utilizando a matéria
orgânica alóctone como principal fonte de energia para o sistema (Minshal 1967; Kobayashi e
Kagaya 2008; Pettit et al. 2012). Essa matéria orgânica representa o elo entre ambientes
aquáticos e terrestres, sendo assim importante para a manutenção da produtividade em riachos
florestados (Wallace et al. 1999). Os nutrientes nesses ecossistemas são então provenientes do
processamento e remineralização dessa matéria orgânica (Canhoto e Graça 1998; Mathuriau e
Chauvet 2002).
Florestas produzem matéria orgânica, também chamada de detrito, serapilheira ou
liteira, representada pelas folhas, galhos, troncos, frutos, flores e sementes (Vieira 1988). No
leito de rios e igarapés, essa matéria orgânica pode ser classificada conforme seu tamanho e
solubilidade, sendo denominada de matéria orgânica dissolvida (MOD) e matéria orgânica
particulada (MOP). Esta última, por sua vez, ainda pode ser subdividida em matéria orgânica
particulada grossa (MOPG) e matéria orgânica particulada fina (MOPF) (Suberkropp 1998;
Webster et al. 1999):
Quando a liteira entra no riacho, o fluxo contínuo e unidirecional tende a transportá-la,
mas, a morfologia do canal, sua irregularidade e sinuosidade, tipo de substrato, ocorrência de
barreiras devido à deposição da matéria orgânica e inorgânica, como bancos de liteira e
23
bancos de areia (Abelho 2001; Mathooko et al. 2001) podem promover sua retenção (Canhoto
e Graça 1998; Graça et al. 2001; Afonso e Henry 2002).
Embora a maioria da matéria orgânica que entra nos rios esteja na forma de partículas
grandes (MOPG), a sua exportação é feita em partículas menores (Fisher e Likens 1973;
Vannote et al. 1980). Assim que entra no leito, o processamento ou decomposição é iniciado,
ocorrendo já nas primeiras 24 horas a perda de 10-30% do peso inicial por meio de lixiviação
dos constituintes solúveis (Petersen e Cummins 1974). Para folhas que entram no sistema
antes da sua senescência, ou seja, retiradas ainda verdes das árvores, essa perda por lixiviação
é menor, porque as membranas das células estão ainda intactas e o material solúvel
permanece ainda retido (Gessner e Schwoerbel 1989). A lixiviação continua ao longo do
processamento devido aos componentes que são solubilizados pela atividade enzimática
microbiana, podendo ser liberados como MOD (Suberkropp 1998). Subsequentemente à
lixiviação inicial, ocorre o condicionamento ou colonização, que é a modificação da matriz
foliar por microorganismos, tornando-a palatável aos invertebrados detritívoros. Durante esse
processo 30 a 50% da matéria orgânica é mineralizada a CO2 pelos decompositores
microbianos, mas uma significante soma é também convertida a MOPF e MOD por uma
variedade de processos físicos e/ou biológicos (Suberkropp 1998; Gessner et al. 1999). Esses
processos ocorrem continuamente, ocasionando a transformação da matéria orgânica
particulada grossa (MOPG) em matéria orgânica particulada fina (MOPF) e matéria orgânica
dissolvida (MOD) (Figura 1).
Figura 1: Processamento de detritos foliares submersos em ambiente lótico. MOPG= Matéria
orgânica particulada grossa; MOPF= Matéria orgânica particulada fina; MOD= Matéria
orgânica dissolvida. Adaptado de Allan (1995).
Queda natural da
folha (MOPG)
Decomposição
Química
Colonização microbiana
e decomposição física
Colonização por invertebrados,
atividade microbiana e
decomposição física
Conversão
para MOPF
Lixiviação de
compostos solúveis
(MOD)
Alimentação animal
Mineralização por
respiração microbiana
para CO2Aumento do
conteúdo protéico
Nova conversão
microbiana
Queda natural da
folha (MOPG)
Decomposição
Química
Colonização microbiana
e decomposição física
Colonização por invertebrados,
atividade microbiana e
decomposição física
Conversão
para MOPF
Lixiviação de
compostos solúveis
(MOD)
Alimentação animal
Mineralização por
respiração microbiana
para CO2Aumento do
conteúdo protéico
Nova conversão
microbiana
Queda natural da
folha (MOPG)
Decomposição
Química
Colonização microbiana
e decomposição física
Colonização por invertebrados,
atividade microbiana e
decomposição física
Conversão
para MOPF
Lixiviação de
compostos solúveis
(MOD)
Alimentação animal
Mineralização por
respiração microbiana
para CO2Aumento do
conteúdo protéico
Nova conversão
microbiana
24
Em regiões tropicais, incluindo a Amazônia, os processos de decomposição em
ecossistemas baseados na cadeia de detritos ainda são pouco estudados (Rueda-Delgado et al.
2006; Landeiro et al. 2008, 2010). Sabe-se que esse processamento é influenciado pelos
nutrientes dissolvidos na água (Suberkropp 1998), por fatores físicos como a velocidade da
corrente (Larned 2000) e temperatura (Graça et al. 2001), pela abundância de fragmentadores
(Canhoto e Graça 1996) e pelo conteúdo nutricional da própria liteira, especialmente sua
razão C:N, e a razão lignina:N (Aertes e De Caluwe 1997; Berg 2000; Gartner e Cardon 2004;
Lan et al. 2006). A lignina e celulose são compostos estruturais que compõem uma parte
substancial do peso seco foliar, conferindo dureza ao tecido, de modo que folhas com altos
teores desses compostos tendem a ser refratárias, diminuindo a atividade microbiana e de
invertebrados fragmentadores, causando decomposição lenta (Gessner 2005). A
disponibilidade dos nutrientes na coluna de água também pode influenciar o tempo de
decomposição sendo influenciada pela composição e concentração destes no substrato
orgânico e inorgânico (Peterson et al. 1993). Assim como, a concentração de nutrientes na
liteira podem determinar as taxas de colonização por microorganismos e por invertebrados,
acelerando o processo de decomposição (Graça et al. 2001a; Bradford et al. 2002; Rosemond
et al. 2002; Stallcup et al. 2006). Acredita-se que uma liteira com alto conteúdo nutricional
tenda a aumentar a biomassa microbiana, aumentando a produtividade secundária (Pearson e
Connolly 2000; Kobayashi e Kagaya 2002), o que, por sua vez, promove uma maior
fragmentação do detrito (Graça et al. 2001).
Todos os tipos de matéria orgânica podem ser mencionados como carbono orgânico
particulado (COP) ou dissolvido (COD) porque de 45 a 50% do seu conteúdo apresenta-se na
forma de carbono (Suberkropp 1998). São os fungos, bactérias e invertebrados
fragmentadores que converterão a maior parte do detrito a CO2, MOD e MOPF, e algumas
dessas partículas poderão ser utilizadas por micro e macro-organismos, realizando assim a
transferência de energia entre os níveis tróficos (Suberkropp 1998; Mathuriau e Chauvet
2002). Essa transferência de energia do COD por meio das bactérias para as cadeias tróficas
superiores, foi primeiro observada em oceanos e denominada de "microbial loop", ou alça
microbiana (Azam et al. 1983) sendo considerada de grande relevância também na ciclagem
de nutrientes em riachos florestados (Suberkropp 1998), (Figura 2). Mas, o COD entra no
sistema aquático não só via cadeia de detritos mas, também, via precipitação direta,
precipitação interna da floresta e escoamento de troncos. Além disso, sua concentração na
25
bactérias
protozoários
meiofauna
coletores
predadores
fragmentadores
fungos
Vegetação terrestre Lençol freático
MOPG MOD
MOPF
fragmentaçãofloculação
lixiviação
“Microbial
loop”
bactériasbactérias
protozoáriosprotozoários
meiofaunameiofauna
coletorescoletores
predadorespredadores
fragmentadoresfragmentadores
fungosfungos
Vegetação terrestre Lençol freático
MOPG MOD
MOPF
fragmentaçãofloculação
lixiviação
“Microbial
loop”
água pode ser decorrente dos horizontes orgânicos do solo e da água subterrânea (Mulholland
et al. 1990).
Figura 2. Teia alimentar de uma cadeia de detritos em rios florestados. MOPG= Matéria orgânica
particulada grossa; MOPF= Matéria orgânica particulada fina; MOD= Matéria orgânica dissolvida. Os
principais componentes do "microbial loop" estão sombreados. Adaptado de Suberkropp (1998).
A Bacia Amazônica é uma região bastante extensa, compreendendo cerca de 7,2 x 106
km2. Apesar da topografia considerada simples, por apresentar pouca heterogeneidade
altitudinal, e do clima bastante uniforme, com pequenas flutuações diárias e anuais, a sua
estrutura ecológica não é tão homogênea (Fittkau 1971). Sua bacia sedimentar é limitada
pelos escudos Guiano e Brasileiro e devido à sua estrutura geológica a Amazônia inclui
grandes áreas com distinções geoquímicas (Figura 3) (Sombroek 1966).
26
Figura 3. Divisão das regiões da Bacia Amazônica de acordo com a fertilidade do solo
proposta por Fittkau (1971) e adaptada por Quesada 2008. I) Escudo Guiano; II) Escudo
Brasileiro; III) área ocidental e IV) Amazônia Central.
Segundo Fittkau (1971) as áreas I e II apresentam solos relativamente pobres em
nutrientes; a área III apresenta solos ricos e a área IV apresenta solos extremamente pobres
em nutrientes. Isso se deve ao fato de que os solos provenientes dos escudos Brasileiro e
Guiano são solos antigos, altamente intemperizados, enquanto que os solos na região
ocidental são mais recentes, originados da deposição de sedimentos derivados da cordilheira
dos Andes, menos intemperizados e, por isso, mais ricos nutricionalmente (Sombroek 1966).
Essas diferenças geomorfológicas são refletidas tanto no ambiente terrestre quanto no
ambiente aquático (Fittkau 1971).
Recentemente alguns gradientes ao longo da Bacia Amazônica têm sido apontados, e a
eles atribuídas diferenças na produtividade e rotatividade vegetal em nível da Bacia. Um dos
gradientes é denominado “gradiente de fertilidade do solo” (ter Steege 2003), que é
congruente com o gradiente leste-oeste da Bacia descrito por Sombroek (1966). Segundo esse
gradiente, os solos mais recentes, originados da deposição de sedimentos derivados das
27
cordilheiras dos Andes são mais férteis que solos antigos, originados pelo intemperismo das
rochas cristalinas provenientes do Escudo Brasileiro e Escudo Guiano (Sombroek 1966,
Malhi, et al. 2002). Outro gradiente observado é denominado de “gradiente de amplitude da
estação seca” (Sombroek 2001), segundo o qual a região noroeste da Bacia Amazônica possui
alta pluviosidade apresentando pouca ou nenhuma estação seca, a região leste possui solo bem
drenado e sazonalidade moderada, e a região sudoeste possui regime pluviométrico sazonal. A
amplitude da estação seca limita a α-diversidade de espécies na floresta pluvial Amazônica
(ter Steege 2003). Ambos os gradientes explicariam a distribuição de espécies arbóreas em
nível de bacia (Baker et al., 2004; ter Steege et al., 2006). Porém, esses gradientes serão
também refletidos na dinâmica da matéria orgânica nos riachos de cabeceira da Bacia
Amazônica? Para responder a essa questão foi formulada a seguinte hipótese: O aporte lateral,
o transporte, a decomposição e acúmulo da matéria orgânica bêntica nos riachos de baixa
ordem da Bacia Amazônica são influenciados pelos gradientes de fertilidade do solo e
pluviosidade.
OBJETIVO GERAL
Avaliar a dinâmica da matéria orgânica em riachos da Bacia Amazônica e avaliar se
existe relação entre essa dinâmica e os gradientes de fertilidade do solo e pluviosidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1- Quantificar o aporte lateral de matéria orgânica em trechos de riachos de cabeceira
na Bacia Amazônica em locais com distintas carcaterísticas edáficas e amplitude da estação
seca;
2- Avaliar a textura do solo e concentração de carbono e nutrientes no solo, nos locais
estudados;
3- Avaliar o transporte da liteira em riachos de baixa ordem na Bacia Amazônica e
quantificar o acúmulo da matéria orgânica particulada grossa (MOPG) e fina (MOPF) no
leito dos riachos estudados;
28
4- Determinar o coeficiente de decomposição das espécies Henriettea spruceana e
Iryanthera juruensis, observando se esse difere em riachos da Bacia Amazônica com distinta
fertilidade e pluviosidade;
5- Avaliar as características químicas da liteira e da água dos riachos, e suas influências
sobre o coeficiente de decomposição;
6- Quantificar o carbono orgânico dissolvido no leito dos riachos estudados.
Capítulo 1 ___________________________________________________________________
Joana D'Arc de PAULA1, Maria Teresa Fernandez
PIEDADE2, Carlos Alberto QUESADA
3; Flávio Jesus
LUIZÃO3. 2013. Quantidade e qualidade da liteira em
riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica. Manuscrito
formatado para a Acta Amazônica
30
1
2
Quantidade e qualidade da liteira em riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica 3
4
Quantity and quality of the litter into low order streams of Amazon Basin. 5
6
7
8
Joana D'Arc de PAULA1*
, Maria Teresa Fernandez PIEDADE
2, Carlos Alberto QUESADA
3, 9
Flávio Jesus LUIZÃO
3 10
11
12
1- Pós-graduação em Ecologia. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André 13
Araújo, 2936, Aleixo, campus II, Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na 14
Amazônia - LBA, CEP 69060-001, fone (92) 36433634, fax (92) 32365131, 15
[email protected], Manaus - AM. 16
2- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus I, 17
Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, CEP 69060-001, 18
fone (92) 36433266, fax (92) 36421503, [email protected], Manaus - AM. 19
3- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus II, 20
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia - LBA, CEP 69060-001, 21
fone (92) 36433618, fax (92) 32365131, [email protected], Manaus - AM. 22
* Autor para correspondência: E-mail [email protected], telefone (+55) 92 36433634, fax 23
(+55) 92 32365131. 24
25
26
27
28
29
31
30
31
Resumo 32
33
34
Pouco se sabe sobre o aporte da liteira em riachos de cabeceira na Bacia Amazônica, 35
apesar desta representar a maior fonte de energia para esses ecossistemas. Tampouco é 36
conhecida a influência da fertilidade do solo e dos índices de precipitação na quantidade e 37
qualidade da liteira entrando nesses riachos. Assim, o objetivo deste trabalho foi quantificar e 38
qualificar o aporte lateral da liteira em 16 riachos florestados de baixa ordem da Bacia 39
Amazônica situados em sítios amostrais distribuídos ao longo de um gradiente de fertilidade 40
do solo e pluviosidade. O estudo foi realizado em sítios ao longo de um eixo de 2100 km na 41
direção leste-oeste da Bacia, compreendendo localidades no Peru e no Brasil (Acre, 42
Humaitá/AM, Manaus e Pará), onde foram feitas 10 coletas semanais de aporte lateral na 43
vegetação ripária durante 3 meses, e coletas de solo na região adjacente aos riachos. Amostras 44
de liteira foram quantificadas e analisadas quanto ao conteúdo nutricional e amostras de solo 45
foram classificadas quanto a textura e conteúdo nutricional. O aporte variou 46
significativamente entre localidades sendo maior em Manaus. As folhas foram a fração mais 47
representativa. A concentração de nutrientes no solo influenciou a concentração de nutrientes 48
na liteira, assim como a textura do solo influenciou a concentração de nutrientes na liteira. 49
Entretanto, individualmente, os nutrientes no solo não apresentaram relação com o aporte. A 50
qualidade e quantidade da liteira que entra lateralmente nos riachos de baixa ordem da Bacia 51
Amazônica se mostrou influenciada pela fertilidade do solo, textura do solo e pluviosidade. 52
53
Palavras chave: aporte lateral, concentração de nutrientes, riachos de cabeceira, floresta 54
tropical. 55
56
57
58
32
59
60
Abstract 61
62
63
There is no much knowledge about the contribution of litter in headwater streams of the 64
Amazon Basin, although this represents the major energy source for the aquatic forested 65
ecosystems. It is also not known the influence of soil fertility and the rainfall rates into the 66
quantity and quality of the litter going to these small streams. Therefore, this study intended 67
to quantify and qualify the lateral contribution of the litter over 16 low order forested streams 68
from Amazon Basin located in random sites distributed along one soil fertility gradient and 69
rainfall. The study was conducted at sites along an axis of 2100 km in an east-west Basin, 70
including locations in Peru and Brazil (Acre, Humaitá/AM, Manaus and Pará), where it was 71
performed 10 weekly samples of lateral contribution in riparian vegetation for 3 months, and 72
sampling of soil in the region adjacent to streams. Litter samples were quantified and 73
analyzed for nutrition content and soil samples were classified regarding texture and 74
nutritional content. The contribution varied significantly between sites being higher in 75
Manaus. The leaves were the most representative fraction. The soil nutrition concentration has 76
influenced the concentration of litter nutrients. However, individually, the soil nutrients did 77
not present relation with the contribution. The quality and quantity of the litter that enters 78
laterally into the low order streams of Amazon Basin showed been influenced by soil fertility, 79
soil texture and rainfall. 80
81
Key words: lateral contribution, nutrients concentration, headwater streams, tropical forest. 82
83
84
33
85
86
Introdução 87
88
89
A entrada de matéria orgânica em riachos de cabeceira em áreas florestadas representa a 90
maior fonte de energia para o ecossistema aquático, onde a baixa luminosidade, decorrente do 91
sombreamento, pode limitar a atividade fotossintética (Fisher e Likens 1973; Cillero et al. 92
1999; Pettit et al. 2012). Essa entrada, também denominada de aporte, e o estoque desta 93
matéria orgânica são bem estudados em zonas temperadas (Webster e Meyer 1997; Webter et 94
al. 1999), o que não ocorre, ainda, em ambientes tropicais (Graça et al. 2002; Colón-Gaud et 95
al. 2008). 96
Florestas produzem matéria orgânica, também conhecida como liteira na forma de 97
folhas, galhos, troncos, frutos, flores e sementes (Vieira 1988). Sua quantidade varia com o 98
clima, a altitude, a vegetação, o tipo de solo, a idade das árvores, a estação do ano e 99
características morfológicas dos riachos (Luizão e Schubart 1987; Webster e Meyer 1997; 100
Abelho 2001; Graça et al. 2002). 101
A liteira pode entrar em riachos por movimento vertical, compreendendo o material que 102
cai diretamente da vegetação ripária no canal do riacho, chamado de aporte vertical, ou por 103
movimentos laterais, deslocado pelo vento ou chuvas e carreado para o canal do riacho, 104
chamado de aporte lateral (Cillero et al. 1999). A importância dessas duas vias de entrada de 105
matéria orgânica varia consideravelmente com a vegetação, com a declividade do terreno, 106
com os ventos, com a sazonalidade e com fatores específicos ao local (Wallace et al. 1992; 107
Benfield 1997). A composição da liteira varia com o tipo de vegetação adjacente e com o 108
local, responsável por características como tipo de solo e idade das árvores (Webster e Meyer 109
1997). 110
Contrastando com ambientes temperados, onde a queda da liteira tende a ser sazonal em 111
um período relativamente curto, no outono, em florestas tropicais úmidas a queda da liteira 112
tende a não ser sincrônica entrando em riachos ao longo de todo ano (Abelho 2001), ainda 113
assim, pode ser mais elevada durante o período seco (Luizão e Schubart 1987), mas 114
dependerá das espécies de plantas no local, podendo ser influenciada também pelo início da 115
estação chuvosa ou até mesmo por tempestades eventuais (Covich 1988). Em riachos de 116
cabeceira as folhas representam, em geral, o maior componente da liteira, compreendendo de 117
34
41 a 98% do valor total desta (Selva et al. 2007; Silva et al. 2009; Kochi et al. 2010), embora, 118
a sua composição varie com o tipo da vegetação. 119
Em um contexto geral, solos mais ricos não implicam necessariamente em uma 120
ciclagem mais eficiente (Vitousek e Sanford 1986). Florestas tropicais que apresentam solos 121
inférteis tendem a apresentar características como esclerofilia das folhas, baixa concentração 122
de nutrientes e uma alta ciclagem de nutrientes (Vitousek e Sanford 1986). No entanto, nesses 123
ecossistemas, a qualidade da liteira foliar é positivamente relacionada com a fertilidade do 124
solo (Vitousek e Sanford 1986; Wood et al. 2006). A Bacia Amazônica apresenta um mosaico 125
de distintas formações geoquímicas, decorrentes das diferentes origens sedimentares. Desta 126
forma, juntamente com solos mais antigos, bastante intemperizados, podem também ser 127
encontrados solos mais recentes, e por isso mais férteis (Fittkau 1971). Porém, ainda assim, 128
em nível de Bacia, a predominância é de solos de baixa fertilidade química natural, em 129
contraste com a exuberante vegetação, decorrente da eficiente ciclagem de nutrientes (Luizão 130
2007). 131
A Bacia Amazônica é limitada ao norte e sul pelos escudos Guiano e Brasileiro, 132
respectivamente. Estes, são formados por rochas cristalinas, do período pré-cambriano, 133
representados por solos bastante intemperizados, sendo considerados pobres em nutrientes. 134
Além disso, a Bacia é limitada ocidentalmente pela Cordilheira dos Andes, formada por 135
rochas sedimentares, originadas na era paleozoica ou mesozoica, sendo os sedimentos 136
resultantes da erosão dessas rochas mais recentes, e considerados ricos em nutrientes 137
(Sombroek 1966). Essa estrutura geológica determina distinções geoquímicas que são 138
refletidas no ambiente terrestre e aquático (Fittkau 1971), e causam mudanças na dinâmica da 139
floresta (Malhi et al. 2004). As diferenças geoquímicas da Bacia determinam um gradiente de 140
fertilidade do solo, que segundo Baker et al. (2004) e ter Steege et al. (2006) explicaria a 141
distribuição de espécies arbóreas ao longo da Bacia, promovendo uma maior produtividade e 142
rotatividade de indivíduos em solos mais férteis, na região oeste da Bacia, em relação à região 143
leste, onde solos mais pobres predominam. Além do gradiente de fertilidade, recentemente foi 144
observado que os padrões de precipitação também geram um gradiente de amplitude da 145
estação seca (Sombroek 2001), segundo este, a região noroeste da Bacia possui alta 146
pluviosidade, apresentando pouca ou nenhuma estação seca; a região leste possui solo bem 147
drenado e sazonalidade moderada; e a região sudoeste possui regime pluviométrico sazonal 148
(Malhi et al. 2002) e, por sua vez, explicaria a limitação da α-diversidade de espécies na 149
floresta pluvial Amazônica (ter Steege et al. 2003). Além desses dois gradientes, as 150
35
propriedades físicas do solo, como a capacidade de drenagem, dureza e posição topográfica, 151
têm sido conhecidas por influenciarem a mortalidade de árvores e a taxa de recolonização 152
(Quesada et al. 2012). 153
Assim, este estudo visa avaliar a seguinte hipótese: Diferenças nas características do 154
solo e pluviosidade se refletem em diferenças na quantidade e qualidade da liteira que entra 155
em riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica. 156
157
158
Material e Métodos 159
160
161
Área de estudo 162
163
164
O estudo foi realizado entre os anos de 2009 e 2012, em riachos situados em distintas 165
regiões geomorfológicas da Bacia Amazônica (Quesada et al. 2011). Foram selecionados 166
riachos prístinos nas seguintes localidades: Floresta Nacional do Tapajós/PA (FT), Reserva 167
Florestal do Cuieiras/AM (RFC), Área do Exército-54 BIS/Humaitá-AM (HM), Fazenda 168
Experimental Catuaba/AC (FEC), e Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 169
Amigos/província de Madre de Dios, no Peru (CICRA) (Figura 1). 170
171
172
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36
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198
199
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da 200
direita para a esquerda: Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM, 201
Área do Exército-54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de 202
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru, 203
respectivamente. 204
205
Em virtude das enormes distâncias e questões logísticas, não foi possível realizar as 206
coletas em ambos os períodos em todos os sítios amostrais para verificarmos se o mesmo 207
ocorre em zonas ripárias, o que seria ideal, dado que a sazonalidade pode promover diferenças 208
no aporte de matéria orgânica em áreas de floresta (Luizão e Schubart 1987). Entretanto, e 209
porque as coletas ocorreram em períodos distintos, optamos por realizar no sítio RFC 210
experimentos em ambos os períodos (seco e chuvoso), servindo assim esta área 211
adicionalmente como área controle para a questão sazonal, sendo o experimento do período 212
seco codificado como RFC e o experimento do período chuvoso de RFC*. Na Flona Tapajós 213
o experimento foi conduzido em apenas um riacho porque somente esse apresentou condições 214
prístinas e era de baixa ordem; para cada uma das demais localidades o experimento foi 215
realizado em três riachos. Desta forma, incluindo o experimento RFC*, 16 observações em 216
riachos foram realizadas. Em RFC, FEC e CICRA as coletas foram realizadas durante o 217
período seco; em RFC*, FT e HM, as coletas ocorreram durante o período chuvoso. Os dados 218
37
de pluviosidade nacionais foram obtidos no Instituto Nacional de Meteorologia/INMET 219
(www.inmet.gov.br) e os dados de pluviosidade do Peru foram obtidos no Instituto de 220
Meteorologia Peruano METAR (www.pt.allmetsat.com/metar-taf). 221
222
223
Métodos de coleta 224
225
226
Para a determinação do aporte lateral, foram colocadas cinco redes (1,5 x 1,5 mm de 227
malha, de polietileno) às margens da vegetação ripária adjacente, de cada riacho, tendo cada 228
uma dessas redes as dimensões de 2 m de comprimento x 1 m de largura, possuindo área 229
amostral de 2 m2. Essas redes possuíam 2 m de altura, visando garantir que em chuvas fortes o 230
material orgânico não fosse perdido para o sistema por arraste. As redes foram colocadas em 231
ambas as margens dos riachos, com uma distância entre elas de 10 m, essa distância difereiu, 232
sendo superior, apenas quando econtradas barreiras para colocação das redes, como troncos 233
muito grossos na margem dos riachos. A cada sete dias todo o material orgânico retido na área 234
amostral era recolhido e seco em estufa a 60o até atingir peso constante. Posteriormente esse 235
material foi limpo com auxílio de pincel, eliminando partículas do solo. Após a limpeza o 236
material foi separado nas frações folhas, galhos e outros (estruturas reprodutivas e raízes). 237
Como as coletas ocorreram em períodos distintos para cada local optamos por excluir a fração 238
outros, diminuindo assim influências fenológicas. Após a separação as frações foram pesadas 239
separadamente para determinação da biomassa, e posteriormente trituradas, em um moedor de 240
café (marca cuisinart) para obtermos pó fino para subsequente análise química. Foram 241
realizadas 10 coletas, dentro de um período de três meses. 242
Para determinação da textura e fertilidade do solo cinco amostras de solo foram tomadas 243
a diferentes distâncias do corpo de água, a primeira amostra foi coletada a 1 metro da margem 244
do riacho e a última a 9 m; as amostras distavam 2 m entre si. As amostras foram coletadas 245
em diferentes intervalos de profundidade (0-5, 5-10, 10-20 cm) por considerarmos que apenas 246
essas profundidades nos indicariam as diferenças na fertilidade química entre os locais 247
(Camargo et al. 1999; Luizão et al. 2007). As amostras de solo foram retiradas com auxílio de 248
um transplantador metálico (possuindo 20 cm de altura e 10 cm de diâmetro), acondicionadas 249
em sacos plásticos, identificadas com as respectivas profundidades, secas ao ar e 250
posteriormente enviadas ao Laboratório Temático de Solos e Plantas (LTSP) do INPA, onde 251
as amostras foram destorroadas, limpas e peneiradas utilizando malha de 2 mm. Após o 252
38
procedimento de limpeza, 10 g das amostras foram utilizadas para a análise granulométrica 253
pelo método de dispersão total (EMBRAPA 1997) e outros 10 g de solo foram moídos e 254
transformados em pó fino para posterior análise química. 255
As concentrações de P, K, Ca, Mg, Fe, Mn e Zn foram determinadas no Laboratório 256
Temático de Solos e Plantas do INPA/LTSP. Na liteira, a determinação de P seguiu o método 257
de digestão nitroperclórica das amostras (Malavolta e Netto 1989), seguido por leitura no 258
espectrofotômetro UV-120-01 (Shimadzu) e a determinação de K, Ca, Mg, Fe, Mn e Zn 259
seguiu o método de digestão nitroperclórica das amostras, e leitura no espectrofotômetro de 260
absorção atômica (Anderson e Ingram 1993). No solo, as amostras de P, K, Fe, Mn e Zn 261
seguiram o método da solução extratora de duplo ácido e leitura por espectrofotometria de 262
absorção atômica, com exceção do P que foi determinado por colorimetria no 263
Espectrofotômetro (EMBRAPA 1999). Ainda no solo as amostras de Ca e Mg seguiram o 264
método de extração por KCl e leitura por espectrofotometria de absorção atômica 265
(EMBRAPA 1999). Tanto para a liteira quanto para o solo a determinação do C seguiu o 266
método Walkley-Black, e a determinação do N seguiu o método Kjeldahl (EMBRAPA 2009), 267
ambas realizadas na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). 268
Para avaliarmos se havia diferenças nas frações de liteira entre localidades utilizamos 269
folhas e galhos como variáveis dependentes e localidades como variáveis independentes no 270
teste inferencial Análises de Variância (ANOVA). O mesmo teste foi utilizado para avaliar se 271
havia diferença na concentração de cada nutriente entre as localidades (utilizando os 272
nutrientes como variáveis dependentes), assim como para avaliar o aporte entre períodos 273
(seco e chuvoso). Utilizamos regressão linear simples para avaliar a relação entre o aporte 274
lateral e os diferentes nutrientes no solo, assim como a relação do aporte com os teores de 275
areia, silte e argila. Quando necessário os dados foram logaritmizados para atender ao 276
pressuposto de distribuição normal dos dados para realização das análises. Foram realizadas 277
ordenações indiretas por meio da Análise de Componentes Principais (PCA), para reduzir a 278
composição de nutrientes no solo, nutrientes na liteira e frações granulométricas a poucos 279
eixos (todos foram representados pelos dois primeiros eixos da PCA que captaram uma 280
variação superior a 68%), que foram utilizados como variáveis dependentes nos testes 281
inferenciais Regressão Multivariada, Regressão Múltipla Multivariada e Análise de Variância 282
Multivariada (MANOVA). 283
Os primeiros eixos resultantes da PCA foram também utilizados no método analítico 284
exploratório multidimensional Análise de Correspondência Canônica (CCA), que relaciona 285
39
uma matriz de dados de espécies com uma matriz de dados ambientais; os eixos resultantes 286
da PCA para nutrientes no solo (que caracterizavam a fertilidade local), para frações 287
granulométricas (que representam a textura do solo) e pluviosidade foram utilizados como 288
matriz de dados ambientais; os dados de aporte nas frações folhas e galhos e os nutrientes na 289
liteira foram utilizados como matriz de espécies. Após a CCA foram realizados testes de 290
permutação para avaliar a significância da CCA, para avaliar se a pluviosidade, textura e 291
fertilidade do solo eram capazes de explicar o aporte de liteira. As análises estatísticas foram 292
realizadas nos programas Systat 11 (Wilkinson 2004), Pcord 5.15 (McCune e Mefford 2006) 293
e programa R (2012), utilizando o pacote estatístico Vegan (Oksanen et al., 2010). 294
295
296
Resultados 297
298
299
As frações de liteira diferiram entre todas as localidades, tendo sido as maiores frações 300
representadas pelas folhas (valores que variaram entre 50 e 71 % da liteira total). Os galhos 301
apresentaram valores entre 22 e 39 % do conteúdo presente na liteira (Tabela 1). A Reserva 302
Florestal do Cuieiras (RFC) apresentou elevados valores de aporte lateral, sendo a localidade 303
com a maior fração de folhas; a Floresta Nacional do Tapajós (FT) apresentou elevados 304
valores para a fração de galhos. A localidade que apresentou menor aporte lateral foi a Área 305
do Exército - 54 BIS/Humaitá (HM). 306
307
Tabela 1. Médias e desvios padrão das frações de folhas e galhos e do aporte lateral (g m-2
), e 308
% em relação à liteira total, coletadas ao longo de 3 meses, em zonas ripárias, de baixa ordem, 309
na Bacia Amazônica, estudadas entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do 310
Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós /PA; FEC = Fazenda Experimental 311
Catuaba/AC; HM = Área do Exército- 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de 312
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. 313
314
315
316
317
318
319
320
local período folhas % galhos % aporte lateral
RFC Seco 163,1 + 54,7 76 50,8 + 11,6 24 213,9 + 58,9
FEC Seco 57,2 + 14,0 64 31,8 + 19,4 36 89,1 + 31,0
CICRA Seco 64,5 + 5,0 75 21,1 + 6,1 25 85,6 + 5,3
RFC* Chuvoso 72,6 + 5,5 70 31,3 + 5,0 30 103,9 + 10,0
FT Chuvoso 101,5 + 2,1 55 83,0 + 13,3 45 184,4 + 13,4
HM Chuvoso 51,8 + 8,8 68 24,5 + 3,7 32 76,3 + 12,5
40
Todos os nutrientes, na liteira, variaram significativamente entre as localidades 321
(ANOVA p < 0,001). A Fazenda Experimental Catuaba (FEC) apresentou os maiores teores 322
de P, Ca, e Fe; a Área do Exército - 54 BIS/Humaitá (HM) apresentou a maior concentração 323
de C, e o Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos (CICRA) apresentou os 324
maiores teores de N, K, Mg e Zn. A Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC) apresentou as 325
menores concentrações de N, P, Mg, Fe e Zn (Tabela 2). Ao avaliarmos o padrão de 326
distribuição dos nutrientes na liteira, caracterizando sua qualidade, em função da 327
pluviosidade, da textura do solo e fertilidade do solo, observamos que estes explicaram a 328
concentração de nutrientes na liteira (CCA χ2 = 0,01, F = 9,0, p = 0,01; significância do eixos: 329
p = 0,01 para as três variáveis). As concentrações de nutrientes da liteira para os dois períodos 330
amostrados na Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC x RFC*) foram mais influenciadas 331
pela textura do solo; as concentrações de nutrientes da liteira nas localidades Área do Exército 332
- 54 BIS/Humaitá (HM), Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC e RFC*) e Floresta 333
Nacional do Tapajós (FT) foram mais influenciadas pela pluviosidade. E as concentrações de 334
nutrientes na liteira na Reserva Florestal do Cuieiras/AM nos dois períodos amostrais (RFC, 335
RFC*) e Área do Exército - 54 BIS/Humaitá (HM) foram mais influenciadas pela fertilidade 336
do solo (Figura 2). 337
Os nutrientes no solo avaliados individualmente também diferiram significativamente 338
entre as localidades estudadas (ANOVA p < 0,001). A Fazenda Experimental Catuaba (FEC) 339
apresentou novamente as maiores concentrações de N, P, K, Ca, Mg, Fe e Zn. Na Reserva 340
Florestal do Cuieiras/AM no período chuvoso (RFC*) observamos os maiores teores de C e 341
menores concentrações de P, enquanto no período seco (RFC) observamos as menores 342
concentrações de K e Fe. O Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos 343
(CICRA) apresentou as menores concentrações de C e N e FT apresentou as menores 344
concentrações de Ca, Mg e Zn (Tabela 3). O aporte lateral não mostrou relação significativa 345
com os nutrientes do solo individualmente (Regressão linear p > 0.05). 346
347
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369
Figura 2. Diagrama de ordenação dos nutrientes da liteira nos eixos de ordenação produzidos 370
pela Análise de Correspondência Canônica (CCA). fert = fertilidade do solo; rainfall = 371
pluviosidade; tex = textura do solo. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação 372
seca; 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área 373
do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 374
Amigos/Peru; 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, durante estação chuvosa. 375
376
42
377
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das concentrações de nutrientes na liteira coletada em vegetação ripária de riachos de baixa 378
ordem, na Bacia Amazônica, no período de 2009 a 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do 379
Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de 380
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. C, N, P, K, Ca e Mg, (g kg-1
); Fe e Zn (mg kg-1
). 381
382
383
384
385
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389
390
391
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395
396
397
Local período C N P K Ca Mg Fe Zn
RFC Seco 33,4 + 1,8 9,1 + 0,6 0,2 1,4 + 0,5 4,8 + 1,2 1,3 + 0,2 186,0 + 34,4 18,8 + 3,5
FEC Seco 31,6 + 3,4 14,6 + 0,8 0,7 + 0,1 4,1 + 1,5 14,5 + 6,1 2,2 + 0,5 2912,3 + 453,9 42,9 + 8,5
CICRA Seco 32,5 + 3,3 15,2 + 1,1 0,6 + 0,1 5,9 + 0,4 7,2 + 5,7 2,3 + 0,5 1393,3 + 359,6 46,7 + 0,6
RFC* Chuvoso 32,4 + 0,6 11,2 + 0,5 0,25 2,4 + 0,7 5,7 + 2,8 1,8 + 0,9 690,7 + 57,9 29,3 + 13,2
FT Chuvoso 25,7 + 2,8 14,6 + 0,8 0,4 1,3 + 0,3 3,9 + 1,6 1,3 + 0,4 790,5 + 183,7 16,9 + 2,8
HM Chuvoso 37,5 + 2,2 11,8 + 0,9 0,4 2,0 + 0,3 3,1 + 0,5 1,3 + 0,2 1402,9 + 820,7 31,2 + 2,8
43
398
Tabela 3. Valores médios e desvios padrão das concentrações de nutrientes no solo coletado em florestas adjacentes a riachos de baixa 399
ordem, na Bacia Amazônica, no período de 2009 a 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do 400
Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de 401
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. C e N (g kg-1
); P, Fe e Zn (mg kg-1
); K, Ca e Mg (cmolc kg-1
). 402
403
Local período C N P K Ca Mg Fe Zn
RFC Seco 54,6 + 14,6 3,0 + 0,6 17,7 + 7,6 0,2 + 0,1 0,2 + 0,1 0,3 + 0,1 17,7 + 7,6 3,4 + 1,9
FEC Seco 76,0 + 25,5 7,1 + 1,8 35,8 + 15,5 0,8 + 0,3 3,8 + 2,6 1,2 + 0,7 1681,7 + 1349,6 15,7 + 7,8
CICRA Seco 22,9 + 9,3 2,8 + 0,7 5,7 + 1,4 0,3 + 0,1 1,8 + 2,4 1,2 + 1,5 754,7 + 350,4 7,5 + 2,6
RFC* Chuvoso 95,8 + 37,1 5,3 + 1,9 2,7 + 1,4 0,4 + 0,2 0,2 + 0,1 0,3 + 0,2 72,3 + 22,0 4,1 + 0,8
FT Chuvoso 34,0 + 12,5 2,9 + 0,4 16,5 + 3,4 0,4 0,1 0,1 434,2 + 90,2 2,4 + 0,2
HM Chuvoso 67,6 + 42,8 5,0 + 1,5 0,7 + 0,3 5,5 + 4,0 0,2 + 0,1 0,6 + 0,5 884,4 + 311,4 7,6 + 5,3
404
44
A concentração de nutrientes no solo diferiu entre localidades de forma significativa 405
(MANOVA Pillai Trace, P-value = 1,174, F = 17,5, p < 0,001). A textura do solo também foi 406
diferente entre as localidades (ANOVA p < 0,001), tendo sido as maiores concentrações de 407
areia observadas na Reserva Florestal do Cuieiras/AM, durante o período chuvoso (RFC*), as 408
maiores concentrações de argila na Fazenda Experimental Catuaba/AC (FEC), enquanto que 409
as maiores concentrações de silte foram encontradas na Área do Exército - 54 410
BIS/Humaitá/AM (HM) (Tabela 4). A concentração de nutrientes da liteira apresentou 411
variação em função da concentração de nutrientes no solo (Regressão Múltipla Multivariada 412
Pillai Trace, P-value = 0,255, F = 3,8, p = 0,002) e em função da textura do solo (Regressão 413
Múltipla Multivariada Pillai Trace, P-value = 0,461, F = 7,7, p < 0,001). 414
Analisando apenas os dados das localidades coletadas durante a estação seca, ou seja, 415
Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC), Fazenda Experimental Catuaba/AC (FEC) e Centro 416
de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru (CICRA) observamos uma variação 417
significativa na produção de liteira entre esses locais (ANOVA p = 0,04, F = 3,5), sendo que 418
RFC apresentou maior aporte lateral do que CICRA e FEC. Durante esse período observamos 419
uma relação significativa entre a concentração de nutrientes na liteira e a concentração de 420
nutrientes no solo (Regressão Múltipla Multivariada Pillai Trace, P-value = 0,688, F = 7,3, p 421
< 0,001), e entre a concentração de nutrientes na liteira e a textura do solo (Regressão 422
Múltipla Multivariada Pillai Trace, P-value = 0,558, F = 5,4, p < 0,001). 423
Analisando apenas os dados das localidades coletadas durante a estação chuvosa, ou 424
seja, Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC*), Floresta Nacional do Tapajós (FT) e Área do 425
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM (HM) também observamos uma variação significativa na 426
produção de liteira entre locais (ANOVA p < 0,001, F = 16,3), com FT tendo apresentado 427
maior aporte de liteira do que RFC* e HM. Durante esse período observamos uma relação 428
significativa entre a concentração de nutrientes e a textura do solo (Regressão Múltipla 429
Multivariada Pillai Trace, P-value = 0,917, F = 9,0, p < 0,001), entre o aporte e a textura do 430
solo (Regressão Múltipla Multivariada Pillai Trace, P-value = 0,441, F = 4,7, p = 0,002), mas 431
não encontramos relação significativa entre a concentração de nutrientes na liteira e a 432
concentração de nutrientes no solo (Regressão Múltipla Multivariada p = 0,09). 433
434
45
435
Tabela 4. Características dos locais de coleta na Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012 e seus respectivos valores 436
médios e desvios padrão para a textura do solo. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 437
CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, durante o período 438
chuvoso; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM. 439
440
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449
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451
452
a = dados de www.inmet.gov.br e www.pt.allmetsat.com/metar-taf ; b = dados retirados de Malhi et al. 2006; c = dados retirados de Quesada et al. 2011. 453
site RFC FEC CICRA RFC* FT HM
Período de coleta set-dez ago-nov ago-out nov-fev abr-jul fev-mai
ano 2009 2010 2011 2011-2012 2010 2011
Estação seco seco seco chuvoso chuvoso chuvoso
Pluviosidade (mm ano-1
) 1959 a 1742
a 4027
b 2779
a 2003
a 2048
a
Pluviosidade período de
coletas a
187 334 344 735 687 604
Fertilidade do solob
baixa média alta baixa baixa média/baixa
Tipo de soloc podzol acrisol fluvisol podzol ferralsol gleysol
% Areia 83,8 + 11,9 41,1 + 16,6 70,4 + 8,1 86,2 + 4,9 84,4 + 3,4 46,9 + 22,0
% Argila 5,9 + 3,8 23,7 + 9,4 8,2 + 2,9 1,4 + 0,7 11,1 + 2,6 12,6 + 7,1
% Silte 10,3 + 8,0 35,2 + 7,9 21,5 + 6,0 12,4 + 4,6 4,6 + 1,1 40,6 + 15,5
46
Ao compararmos as coletas realizadas nas estações seca e chuvosa na Reserva Florestal 454
do Cuieiras (RFC e RFC*) observamos que o aporte lateral foi significativamente diferente 455
entre estações, sendo maior no período seco (Tabela 1); as frações também apresentaram 456
diferença, com valores de folhas e galhos maiores no período seco (ANOVA p < 0,03 para 457
todos). Novamente a fração folhas foi a mais representativa na liteira total. Apenas os teores 458
de C e Ca na liteira não variaram entre estações, mas todos os outros nutrientes apresentaram 459
variação significativa (ANOVA p < 0,05), apresentando maiores concentrações na estação 460
chuvosa. No solo, apenas Mg e Zn não apresentaram diferença nas concentrações entre 461
estações seca e chuvosa, para todos os outros nutrientes verificamos uma variação 462
significativa (ANOVA p < 0,007); os teores de P foram superiores na estação seca, enquanto 463
que todos os demais elementos apresentaram maiores concentrações na estação chuvosa. 464
No período chuvoso, ao avaliarmos o padrão de distribuição das frações de folhas e 465
galhos em função da pluviosidade e da textura e fertilidade do solo, observamos que essas 466
frações foram melhor explicadas pelo parâmetro fertilidade do solo (CCA χ2 = 0,02, F = 8,99, 467
p = 0,05) e a Floresta Nacional do Tapajós (FT) foi a localidade cujo aporte foi mais 468
influenciado por esse parâmetro (Figura 3). 469
470
471
472
473
474
475
476
477
478
479
Figura 3. Diagrama de ordenação das frações de aporte (folhas e galhos) no eixo de ordenação 480
produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA), dados coletados durante a 481
estação chuvosa. fert = fertilidade do solo; 2 = Floresta Nacional do Tapajós /PA; 4 = Área do 482
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM. 483
47
No período seco a pluviosidade e a fertilidade do solo foram os fatores que melhor 484
explicaram a distribuição de liteira (CCA χ2 = 0,07, F = 29,14, p = 0,01; significância dos 485
eixos: pluviosidade p = 0,01; fertilidade do solo p = 0,01); As localidades Fazenda 486
Experimental Catuaba/AC (FEC) e Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 487
Amigos/Peru (CICRA) receberam maior influência da pluviosidade e RFC da fertilidade do 488
solo (Figura 4). 489
490
491
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501
502
Figura 4. Diagrama de ordenação das frações de aporte (folhas e galhos) no eixo de ordenação 503
produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA), dados coletados durante a 504
estação seca. fert = fertilidade do solo; pluv = pluviosidade. 1 = Reserva Florestal do 505
Cuieiras/AM; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 5 = Centro de Investigación y 506
Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru. 507
508
Avaliando todos as localidades juntas a pluviosidade foi o parâmetro que melhor 509
explicou a distribuição da liteira (CCA χ2 = 0,01, F = 6,83, p = 0,05; significância do eixos: 510
pluviosidade p = 0,01). Todas as localidades sofreram influência da pluviosidade (Figura 5). 511
48
512
513
514
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516
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526
527
Figura 5. Diagrama de ordenação das frações de aporte lateral (folhas e galhos) no eixo de 528
ordenação produzido pela Análise de Correspondência Canônica (CCA). text = textura do 529
solo; rainfall = pluviosidade; fert = fertilidade; 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante 530
estação seca; 2 = Floresta Nacional do Tapajós /PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 531
4 = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio 532
Los Amigos/Peru; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, durante estação chuvosa. 533
534
535
Discussão 536
537
538
Contribuição do aporte para o sistema 539
540
Nossos resultados mostraram que o aporte lateral foi elevado, indicando sua relevância 541
para a entrada de matéria orgânica em riachos de cabeceira Amazônicos. Não avaliamos o 542
aporte vertical, o que nos impede de inferir se nesses riachos algum dos compartimentos 543
(vertical ou lateral) tem uma contribuição maior para o sistema. Segundor França et al. (2009) 544
49
e Gonçalves et al. (2006) em ecossistemas de mata atlântica e de cerrado esses dois 545
compartimentos não apresentam diferenças significativas. Em todas as localidades a fração 546
folhas foi dominante indicando que a liteira que entra nos riachos da região amazônica 547
também é dominada por esta fração, corroborando estudos anteriores em outras regiões como 548
Fioretto et al. 2003, na Itália; Dent et al. 2006, na Malásia; Selva et al. 2007, no sudeste da 549
Bacia Amazônica, no Brasil; Colón-Gaud et al. 2008, no Panamá; Silva et al. 2009, no 550
nordeste da Amazônia, no Brasil; França et al. 2009, no sudeste do Brasil; Kanasashi e 551
Hattori 2011, no Japão. 552
Ao analisarmos a Reserva Florestal do Cuieiras entre as estações seca (RFC) e chuvosa 553
(RFC*), foi evidenciado o maior aporte durante a estação seca. Este provavelmente é 554
decorrente do aumento na queda de todas as frações da matéria orgânica, como previsto em 555
estudos anteriores (Luizão e Schubart 1987; Sila et al. 2009). 556
557
Nutrientes do solo, na liteira e textura do solo 558
559
Individualmente nenhum nutriente no solo contribuiu para o maior aporte lateral, 560
contrariando Aragão et al. (2009) e Quesada et al. (2012), que observaram que o P é um 561
indicador da fertilidade do solo em florestas tropicais, promovendo a produção de liteira. Em 562
solos muito jovens ou muito antigos da Amazônia (Mercado et al. 2011) o P também é 563
apontado como limitante da diversidade (Laurance et al. 2010), além de ser considerado um 564
indicador para explicar a variabilidade na produção de troncos e galhos (Mercado et al. 2011). 565
No entanto, nossos resultados corroboram Vitousek e Sanford (1986), que relataram que a 566
concentração de N, P, K, Ca e Mg não implica em uma provável relação com a produtividade 567
da floresta, sendo influenciada por outros fatores também como solo, clima e estágio 568
sucessional da floresta. 569
Observamos uma relação na concentração dos nutrientes na liteira com a concentração 570
dos nutrientes no solo e da textura do solo, corroborando Vitousek e Sanford (1986) e Wood 571
et al. (2006). Segundo Quesada et al. (2010) a fertilidade do solo e o desenvolvimento de 572
características físicas são afetados pela geologia, geomorfologia e desenvolvimento 573
pedogênico, assim solos mais antigos e intemperizados tendem a ser bem agregados e 574
drenados, com baixa fertilidade, em contraposição aos solos mais recentes, que não 575
apresentam essas características. A textura, por sua vez, interage com quase todos os 576
processos de limitação física, influenciando a infiltração da água, e a aeração do solo. Por 577
50
exemplo, solos mais arenosos podem aumentar a instabilidade mecânica e reduzir 578
drasticamente a retenção de água, ocasionando um maior stress hídrico, que pode provocar 579
uma maior perda de folhas e galhos e acelerar a rotatividade de indivíduos (Quesada et al. 580
2012). Apenas para localidades que tiveram sua coleta durante o período chuvoso, não 581
observamos relação entre a concentração de nutrientes na liteira e a qualidade nutricional do 582
solo, o que talvez se deva às características dos solos que proporcionam uma maior 583
capacidade de drenagem. Solos da Amazônia de origem cristalina, provenientes dos escudos 584
Guiano e Brasileiro, por serem muito intemperizados, apresentam boas condições físicas e 585
solos bem agregados e bem drenados, como os solos da Reserva Florestal do Cuieiras/AM 586
(RFC), da Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM (HM) e da Flona Tapajós/PA (FT), o que 587
pode provocar uma maior lixiviação e percolação dos nutrientes do solo (Sombroek 1966, 588
Quesada 2010). 589
590
Influência da fertilidade do solo e pluviosidade sobre as frações de folhas e galhos 591
592
Em geral podemos dizer que a fertilidade do solo influenciou a distribuição das frações 593
de folhas e galhos em locais pobres em nutrientes (FT, RFC e HM), enquanto que a 594
pluviosidade se mostrou um forte parâmetro para a distribuição dessas frações em todos os 595
locais. Acreditamos que a pluviosidade age como um potencializador do aporte lateral, porque 596
está associada a alterações de ventos e tempestades, aumentando a perda de folhas e galhos 597
(Silva et al. 2009). 598
Em locais nutricionalmente pobres as espécies vegetais apresentam baixa concentração 599
de nutrientes (Dent et al. 2006), e tendem a ter crescimento lento da vegetação arbórea, com 600
árvores atingindo tamanhos maiores e troncos mais densos do que em locais mais férteis (Ter 601
Steege 2006). Nossos resultados corroboram essas informações visto que RFC e FT, ambas 602
áreas com baixa fertilidade, apresentaram baixas concentrações de nutrientes na liteira. E, 603
corroboram Keeling e Phillips (2007) que observaram que em locais com baixa fertilidade do 604
solo a produtividade apresenta uma relação direta com a biomassa, explicando assim o maior 605
aporte de folhas e galhos nas localidades RFC e FT. No entanto, deixa sem explicação o 606
menor aporte observado em HM, local que também se enquadraria nas descrições 607
mencionadas anteriormente. Acreditamos que o menor aporte desta localidade seja decorrente 608
de características físicas do solo. RFC e FT apresentam solos do tipo podzol e ferralsol, 609
conhecidos por serem bem drenados em oposição ao solo de HM, caracterizado como gleysol, 610
51
conhecido por apresentar oxigenação limitada, saturação de água e compactação (Quesada et 611
al. 2011), fatores que podem influenciar a produtividade, ocasionando uma menor produção 612
de folhas e galhos (Luciano et al. 2012). 613
Além da pluviosidade e das características do solo influenciarem o aporte lateral, 614
acreditamos que características eventuais podem provocar um aumento na sua produção. 615
Nesse estudo, tivemos dados coletados depois de uma forte seca. Acreditamos que o fato de 616
termos observado um aporte tão superior em RFC seja decorrente desse evento observado 617
durante o ano de 2009. Esta influência da forte seca de 2009 pode também ter sido refletida 618
nas coletas em FT, que ocorreram logo após essa seca, demonstrando a importância de 619
quantificações em períodos mais longos, que levem em consideração a variação temporal. 620
No geral, o maior aporte não implicou em maiores concentrações de nutrientes na 621
liteira. Outro fator interessante no presente trabalho foi a observação da maior concentração 622
dos nutrientes no solo durante a estação chuvosa, indicando um possível acréscimo decorrente 623
de deposição por precipitação e/ou precipitação interna da floresta (Mulholland et al. 1990) e 624
decorrente da decomposição, mais acelerada, da matéria orgânica durante esta estação (Luizão 625
e Schubart 1987). Da mesma forma, a maior concentração de nutrientes na liteira foi também 626
medida durante a estação chuvosa, mas isso requer mais estudos para que possamos inferir as 627
prováveis causas. Tanto a fertilidade do solo, quanto a textura e pluviosidade devem ser 628
consideradas para uma melhor compreensão do aporte lateral em riachos de cabeceira da 629
Bacia Amazônica, visto que esses gradientes influenciam a distribuição das frações de matéria 630
orgânica. Além disso, é importante salientar a relevância de estudos sobre a produtividade de 631
florestas, tendo em vista que a maioria dos trabalhos avalia apenas a matéria orgânica viva 632
acima do solo, menosprezando a importância da liteira que, além de ter fundamental 633
importância para a ciclagem de nutrientes em florestas tropicais, tem um importante papel no 634
balanço do carbono tanto num contexto terrestre, quanto aquático. 635
636
637
Conclusões 638
639
640
Concluímos que o maior aporte lateral não é influenciado pela concentração de 641
nutrientes no solo nem por sua textura. As concentrações de P no solo, assim como aquelas 642
dos demais nutrientes individualmente, não afetam a magnitude do aporte lateral de matéria 643
orgânica nos riachos. Mas, a concentração de nutrientes no solo influencia a concentração de 644
52
nutrientes na liteira, assim como a textura do solo influencia a concentração de nutrientes na 645
liteira. Assim a qualidade da liteira é influenciada pelas características do solo e pluviosidade. 646
Além disso, diferenças na fertilidade do solo, textura do solo, e pluviosidade, decorrentes das 647
condições particulares das localidades, influenciam a distribuição de folhas e galhos que 648
entram lateralmente nos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica. 649
650
651
Agradecimentos 652
653
654
Agradecemos aos projetos e programas LBA, MAUA/Grupo de Ecologia, 655
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas Amazônicas, RAINFOR, Cenários, 656
CNPq/Edital Universal e à CAPES pelo apoio logístico e financeiro; ao Paulo Pinto, Milton 657
Oliveira, Sr Robson Benevituno, Demétrio Araújo, Antônio Nina, Yamileth Arteaga, Osmar 658
Barbosa e Romilda Paiva, pelo auxílio em campo, à Neiliane Soares pela limpeza das 659
amostras de RFC. Ao Beto Quesada pela ajuda na escolha das áreas para execução do 660
trabalho, à Sandra Tapia-Coral e Erick Oblitas pelo auxílio na escolha da área peruana. 661
662
663
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665
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846
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848
849
850
851
852
853
854
855
Capítulo 2 856
___________________________________________________________________ 857
858
Joana D'Arc de PAULA1, Maria Teresa Fernandez
859
PIEDADE2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3. 2013. Retenção da 860
liteira foliar em riachos de cabeceira da Bacia Amazônica 861
Manuscrito submetido à Acta Amazônica 862
863
864
865
866
867
60
868
869
Retenção da liteira foliar em riachos de cabeceira da Bacia Amazônica 870
Leaf litter retention in headwater streams of the Amazon basin 871
872
873
Joana D'Arc de PAULA1*
, Maria Teresa Fernandez PIEDADE
2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3 874
875
1- Pós-graduação em Ecologia. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André 876
Araújo, 2936, Aleixo, campus II, Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na 877
Amazônia - LBA, CEP 69060-001, fone (92) 36433634, fax (92) 32365131, 878
[email protected], Manaus - AM. 879
2- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus I, 880
Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, CEP 69060-001, 881
fone (92) 36433266, fax (92) 36421503, [email protected], Manaus - AM. 882
3- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus II, 883
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia - LBA, CEP 69060-001, 884
fone (92) 36433618, fax (92) 32365131, [email protected], Manaus - AM. 885
* Autor para correspondência: E-mail [email protected], telefone (+55) 92 36433634, fax 886
(+55) 92 32365131. 887
888
61
889
890
Resumo 891
892
893
A matéria orgânica alóctone, principal fonte de energia em ecossistemas aquáticos 894
florestados, quando retida, representa o elo entre consumidores primários e sua fonte de 895
alimento. A Bacia Amazônica apresenta uma extensa rede de drenagem com distintas 896
condições de fertilidade do solo e padrões de precipitação. Mas, serão esses gradientes 897
refletidos na retenção de folhas em riachos de cabeceira? Assim, a proposta desse estudo foi 898
testar a hipótese de que riachos de cabeceira da Bacia Amazônica apresentam alta 899
retentividade influenciada por fatores locais, pela pluviosidade e fertilidade do solo. O estudo 900
foi realizado em 16 riachos florestados, distribuídos ao longo de uma distância de 2100 km do 901
Peru ao Pará. O método de liberação e captura de folhas foi utilizado. Para cada observação 902
um segmento de 30 m do riacho foi escolhido onde foram realizadas medidas de: 903
profundidade, largura, fluxo, vazão, ocorrência de obstáculos, porcentagem da coluna de água 904
livre. O experimento foi realizado três vezes em cada local. Mais de 70% das observações 905
apresentaram retentividade superior a 84% e o transporte apresentou diferenças significativas 906
entre locais. Os riachos da Bacia Amazônica apresentaram alta retentividade, esta foi melhor 907
explicada pelo gradiente de pluviosidade, e variou significativamente com a frequência de 908
obstáculos, % da coluna de água livre e com o fluxo de água; vazão e sazonalidade não se 909
mostraram fortes direcionadores da retenção. Características intrínsecas ao local se mostraram 910
boas preditoras para explicar os processos de retenção e para uma melhor compreensão do 911
efeito da sazonalidade estudos futuros se fazem necessários. 912
913
Palavras chave: matéria orgânica particulada grossa, aporte alóctone, riachos tropicais. 914
915
62
916
917
Abstract 918
919
920
The allochthonous organic matter, the main source of energy in aquatic forested ecosystems, 921
when retained, represents the connection between primary consumers and their food source. 922
The Amazon Basin has an extensive drainage system with distinct fertility soil conditions and 923
precipitation patterns. But are these gradients also reflected in the leaf retention in headwaters 924
streams? Thus, the purpose of this study was to test the hypothesis that headwater streams of 925
the Amazon Basin present high retentiveness influenced by local factors, by rainfall and by 926
soil fertility. The study was performed in 16 forest streams, distributed along a distance of 927
2.100 Km from Peru to Pará. The leaf-capture and leaf-release method was used. For each 928
survey, a 30 m segment of the stream was chosen where it was measured: stream depth, 929
width, flow, discharge, the occurrence of obstacles, the percentage of free water column. The 930
experiment was performed three times in each site. More than 70% of the observations 931
presented retentiveness higher than 84%, and the transport curves showed significant 932
differences between sites. The streams from Amazon Basin presented high retentiveness, 933
which was better explained by the rainfall gradient and varied significantly with the obstacles 934
frequency, % of water free column and water flow; water discharge and seasonality did not 935
demonstrate to be strong drivers of the retentiveness. Therefore the intrinsic characteristics of 936
the place were good predictors to explain the retention process and to better understand the 937
effects of seasonality further studies would be necessary. 938
939
Key-words: coarse particulate organic matter, allochthonous inputs, tropical streams. 940
941
63
942
943
Introdução 944
945
946
A matéria orgânica alóctone tem uma importante função em ecossistemas aquáticos 947
(Fisher e Likens 1973; Kobayashi e Kagaya 2008), por manter a produtividade em igarapés 948
florestados (Wallace et al. 1999; Abelho 2001), visto que, o sombreamento causado pela 949
vegetação ripária limita a produção autóctone (Fisher e Likens 1973). Assim, esses 950
ecossistemas dependem da entrada desse detrito, em sua maioria, presente na forma de 951
matéria orgânica particulada grossa (MOPG), e do seu transporte longitudinal (Webster et al. 952
1994; Mathooko 2001). Porém, é a retenção da matéria orgânica que representa o elo entre 953
consumidores primários e sua fonte de alimento na cadeia alimentar (Pretty e Dobson 2004), 954
onde, somente depois de retida, é que poderá ser utilizada pela biota aquática (Raikow et al. 955
1995; Abelho 2001). Portanto, a efetividade da retenção é um importante fator na manutenção 956
da produção secundária e da ciclagem de nutrientes em ecossistemas aquáticos (Pozo et al. 957
1997; Wallace et al. 1999). 958
A retenção da liteira é influenciada pela morfologia do canal, sua irregularidade e 959
sinuosidade, pelo tipo de substrato e pela ocorrência de barreiras decorrentes da deposição da 960
matéria orgânica e inorgânica, como bancos de liteira e bancos de areia (Abelho 2001; 961
Mathooko et al. 2001). Os diferentes graus de retentividade (Elosegi 2005) deve-se a 962
proporção da ocorrência de trechos de remanso (velocidade da água baixa) com elevada 963
deposição de partículase, e de trechos rápidos (velocidade da água alta) favorecendo o 964
transporte (Kobayashi e Kagaya 2008). Outros fatores que podem influenciar a retenção da 965
liteira estão relacionados com características hidráulicas do ecossistema aquático, tais como 966
velocidade da correnteza e a variabilidade do fluxo (Afonso e Henry 2002). Além disso, a 967
composição e abundância da vegetação ripária também exercem importante influência 968
(Webster et al. 1994; Canhoto e Graça 1998), suprindo o riacho com matéria orgânica 969
alóctone de diferentes tamanhos, formas, capacidades de flutuação, em condições úmidas ou 970
secas, determinando um diferente potencial de retenção do material (Pretty e Dobson 2004). A 971
vegetação também provê materiais que se tornarão obstáculos ao transporte, como galhos, 972
troncos e raízes (Canhoto e Graça 1998). 973
A Bacia Amazônica contém uma extensa rede de drenagem que compreende grandes 974
rios, lagos e uma complexa rede de riachos denominados localmente de "igarapés". Contudo, 975
64
apesar dos riachos de baixa ordem na região central da Bacia Amazônica corresponderem a 976
um total de 80% do comprimento da trama hídrica da bacia em mesoescala (McClain e 977
Elsenbeer 2001; Gomi et al. 2002), pouco se sabe sobre as estruturas e processos hidrológicos 978
e biogeoquímicos desses corpos de água (Neill et al. 2006). Baseado nisso, a proposta desse 979
estudo foi testar a hipótese de que a alta retentividade dos riachos de cabeceira da Bacia 980
Amazônica é variável entre regiões da Bacia, sendo influenciada principalmente por fatores 981
locais. 982
983
984
Material e Métodos 985
986
987
Área de estudo 988
989
O estudo foi realizado entre os anos de 2009 e 2012, em riachos situados em distintas 990
regiões geomorfológicas da Bacia Amazônica (Quesada et al. 2011). Foram selecionados 991
riachos prístinos nas seguintes localidades: Floresta Nacional do Tapajós/PA (FT), Reserva 992
Florestal do Cuieiras/AM (RFC), Área do Exército - 54 BIS/Humaitá - AM (HM), Fazenda 993
Experimental Catuaba/AC (FEC), e Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 994
Amigos/província de Madre de Dios, no Peru (CICRA) (Figura 1). 995
996
997
998
999
1000
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1019
1020
1021
1022
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da 1023
direita para a esquerda: Floresta Nacional do Tapajós /PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM, 1024
Área do Exército-54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de 1025
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru, 1026
respectivamente. 1027
1028
Durante o período chuvoso o volume e a vazão de água dos riachos de cabeceira 1029
aumentam reduzindo a retenção. Entretanto, em virtude das enormes distâncias 1030
(aproximadamente 2.100 km de FT/Pará à CICRA/Peru) e questões logísticas, não foi 1031
possível realizar as coletas em ambos os períodos em todos os sítios amostrais. Assim, como 1032
as coletas ocorreram em períodos distintos, optou-se por realizar no sítio RFC experimentos 1033
em ambos os períodos (seco e chuvoso), servindo assim esta área adicionalmente como área 1034
controle, sendo o experimento do período seco codificado como RFC e o experimento do 1035
período chuvoso de RFC*. Na Flona Tapajós o experimento foi conduzido em apenas um 1036
riacho porque somente esse apresentou condições prístinas e era de baixa ordem; para cada 1037
uma das demais localidades o experimento foi realizado em três riachos. Desta forma, 1038
incluindo o experimento RFC*, 16 observações em trechos de riachos foram conduzidas, com 1039
três repetições por avaliação, totalizando n = 48. Em RFC, FEC e CICRA os experimentos 1040
foram realizados durante o período seco; em RFC*, FT e HM os experimentos ocorreram 1041
durante o período chuvoso. 1042
66
1043
Desenho Experimental 1044
1045
O método de liberação e captura de folhas dentro de um trecho fechado no sistema 1046
lótico foi utilizado para avaliar a retenção da liteira foliar (Elosegi 2005). Para cada 1047
observação foi escolhido um trecho de 30 metros do riacho, subdividido a cada 2 metros; em 1048
cada um dos 15 segmentos foi medida a profundidade e a largura com o auxílio de uma trena, 1049
medido o fluxo utilizando o equipamento FP101 Global Flow Probe (Global Water) e 1050
determinada a ocorrência de obstáculos, que foi categorizada em muito frequente, moderada 1051
ou pouco frequente. A caracterização dos locais é apresentada na Tabela 1. Também foi 1052
estimada a porcentagem da coluna de água livre, cujo valor foi associado à facilidade de 1053
passagem das folhas. 1054
Foi utilizado um total de 300 folhas por observação; estas foram recolhidas 1055
aleatoriamente, próximo a cada área de estudo, na tentativa de diversificar ao máximo o tipo 1056
de folhas utilizado. Todas as folhas foram secas ao ar e marcadas com tinta biodegradável 1057
(Afonso e Henry 2002), para facilitar sua visualização no momento de recaptura. As folhas 1058
foram umedecidas 12 horas antes do experimento, conforme metodologia utilizada por 1059
Afonso e Henry (2002) e, então, colocadas nos riachos. Previamente, avaliamos o tempo 1060
mínimo necessário para a realização do experimento, e observamos que as folhas 1061
praticamente não se moviam após a primeira hora, tanto no período seco quanto no chuvoso, 1062
considerando-se assim o tempo de 3 horas suficiente para as coletas (Speaker et al. 1984; 1063
Cushing et al. 1993). As folhas foram recolhidas e contadas, registrando-se em qual trecho 1064
elas permaneceram retidas. 1065
Devido à dificuldade de prever as condições climáticas, os experimentos foram 1066
realizados em dias ensolarados e chuvosos. Em praticamente todos os locais, mesmo quando 1067
o experimento estava sendo realizado no período seco, tivemos ao menos uma das 1068
observações sob chuvas fracas, o que, entretanto, não ocasionou alteração no transporte; 1069
apenas em FT e RFC* presenciamos chuvas intensas durante o experimento. Nenhuma das 1070
observações foi realizada no momento de esvaziamento do riacho, após chuvas muito 1071
intensas, já que isto poderia ter um efeito diferenciado, dependente da estação do ano (seca ou 1072
chuvosa). 1073
1074
1075
67
Análises estatísticas 1076
1077
Para avaliar a possibilidade de cada folha ser transportada até o trecho final do 1078
experimento utilizamos o teste não paramétrico log-rank (Hutchings et al. 1991). Esse teste é 1079
um método de análise de sobrevivência que permite observar se há diferença significativa 1080
entre as curvas de sobrevivência, no caso representando o transporte das folhas. As curvas 1081
foram avaliadas em função dos 6 locais, do período amostrado (seco/chuvoso), e em função 1082
da frequência de obstáculos, da coluna de água livre e do fluxo, variáveis categorizadas. 1083
As variáveis dependentes: largura, profundidade e vazão foram utilizadas no teste 1084
Análise de variância (ANOVA), utilizando como variável independente as localidades. 1085
Regressões simples foram utilizadas para avaliar a relação entre a quantidade de folhas retidas 1086
em cada trecho, após 3 horas de observação, e as variáveis largura, profundidade e vazão. O 1087
teste de correlação simples, utilizando o coeficiente de correlação de Pearson foi aplicado 1088
para medir o grau da correlação entre as folhas retidas e a porcentagem da coluna de água 1089
livre, e entre as folhas retidas e a vazão. 1090
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa R (2012), por meio dos 1091
pacotes estatísticos Vegan (Oksanen et al. 2010) e Survival (Therneau 2012). 1092
1093
1094
Resultados 1095
1096
1097
Valores de profundidade, fluxo, largura e vazão são apresentados na Tabela 1. A 1098
profundidade variou de 0.1 a 0.5 m entre localidades, fluxo variou de 0.1 a 0.2 ms-1
, largura 1099
variou entre 1.0 e 3.2 m e vazão variou entre 0.01 e 0.35 m3s
-1. Os riachos localizados em 1100
Humaitá/AM apresentaram, em média, a maior profundidade, largura e vazão, e os riachos no 1101
Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru apresentaram os menores 1102
valores desses parâmetros, apenas o fluxo não variou significativamente entre localidades 1103
(ANOVA P = 0.4). 1104
68
1105
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão das características físicas dos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre 1106
os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda 1107
Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 1108
Amigos/Perú; RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período chuvoso. 1109
1110
1111
1112
1113
1114
1115
1116
1117
1118
1119
1120
1121
1122
1123
a = dados retirados de Malhi et al. 2006; b = dados retirados de Quesada et al. 2011. 1124
1125
RFC FT FEC HM CICRA RFC*
Profundidade (m) 0,2 + 0,1 0,1 + 0,1 0,3 + 0,0 0,5 + 0,2 0,1 + 0,0 0,4 + 0,1
Fluxo (m s-1
) 1,0 + 1,4 0,12 + 0,1 0,2 + 0,0 0,2 + 0,0 0,2 + 0,0 0,2 + 0,0
Largura (m) 1,6 + 0,6 1,6 + 0,2 1,5 + 0,6 3,2 + 1,2 1,0 + 0,1 2,4 + 1,1
Vazão (m3 s
-1) 0,11 + 0,08 0,03 + 0,02 0,10 + 0,03 0,35 + 0,20 0,01 + 0,01 0,18 + 0,17
Pluviosidade (mm
ano-1
)
1959 2003 1742 2198 4027* 2779
Pluviosidade
período de coletas
424,9 1099,2 376,6 728,2 410 1121,2
Fertilidade do
soloa
baixa baixa média média/baixa alta baixa
Tipo de solob podzol ferralsol acrisol gleysol fluvisol podzol
Período de coleta set-dez abr-jul ago-nov fev-mai ago-out nov-fev
ano 2009 2010 2010 2011 2011 2011/2012
Local/país
Amazonas/BR Pará/BR Acre/BR Amazonas/BR Madre de Dios/PE Amazonas/BR
69
Mais de 70% dos riachos avaliados apresentaram alta retentividade, retendo mais de 1126
84% das folhas dentro dos 30 metros; em mais de 35% dos casos as folhas não conseguiram 1127
chegar à metade do trecho demarcado (15 metros). Apenas dois riachos, um localizado em 1128
Humaitá/AM e outro na Reserva Florestal do Cuieiras/AM (neste último nos períodos seco e 1129
chuvoso), mostraram menor retentividade, onde menos de 40% das suas folhas ficaram retidas 1130
dentro do trecho de 30 metros demarcado para o experimento (Tabela 2). 1131
70
1132
Tabela 2. Descrição dos riachos onde foram realizados os experimentos de transporte de folhas na Bacia Amazônica. RFC = Reserva 1133
Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército 1134
- 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú, RFC* = Reserva Florestal do 1135
Cuieiras/AM durante o período chuvoso. % folhas retidas = % de folhas que não alcançaram 30m. 1136
1137
1138
1139
1140
1141
1142
1143
1144
1145
1146
1147
1148
1149
Reserva Local Ordem
do
riacho
Coordenadas Largura
(m)
Profundidade
(m)
Vazão
(m3s
-1)
%
folhas
retidas
Latitude Longitude
RFC AM 2a -2,60 -60,21 2,23 0,33 0,20 34
RFC AM 1a -2,60 -60,22 1,00 0,19 0,05 100
RFC AM 1a -2,61 -60,19 1,45 0,18 0,09 84
FT PA 1a -2,85 -54,99 1,59 0,10 0,03 100
FEC AC 1a -10,18 -67,85 2,14 0,34 0,13 89
FEC AC 1a -10,10 -67,70 1,02 0,26 0,06 100
FEC AC 1a -10,25 -67,73 1,38 0,32 0,10 59
HM AM 3a -7,65 -63,41 3,78 0,79 0,58 11
HM AM 1a -7,58 -63,34 3,87 0,34 0,24 94
HM AM 1a -7,70 -63,42 1,80 0,43 0,23 72
CICRA PE 1a -12,55 -70,10 0,84 0,04 0,01 100
CICRA PE 1a -12,56 -70,10 1,00 0,08 0,02 100
CICRA PE 1a -12,57 -70,10 1,05 0,05 0,01 100
RFC* AM 2a -2,60 -60,21 3,60 0,47 0,38 35
RFC* AM 1a -2,60 -60,22 1,74 0,32 0,08 100
RFC* AM 1a -2,61 -60,19 1,70 0,25 0,08 98
71
As curvas de transporte apresentaram diferenças significativas entre locais (log-rank 1150
χ2= 6394, gl = 5, p < 0,001) (Figura 2A), indicando que a retenção foi diferente entre os 1151
riachos. As curvas de transporte entre todos os locais apresentaram diferenças significativas 1152
em função da frequência de obstáculos (log-rank χ2= 5635,1, gl = 2, p < 0,001) (Figura 2B), 1153
da coluna de água livre (log-rank χ2= 10030,1, gl = 15, p < 0,001), que apresentou uma 1154
correlação negativa com o transporte de folhas (ρ = -0,08, χ2= 5,4, p = 0,02), e também 1155
apresentaram diferenças significativas em função do fluxo (log-rank χ2= 5724,1, gl = 36, p < 1156
0,001). Porém, a retenção não apresentou variação significativa em relação às variáveis 1157
largura, profundidade e vazão (Regressão p > 0,05) para todos os locais monitorados. 1158
1159
72
1160
1161
1162
1163
1164
1165
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1169
1170
1171
1172
1173
1174
1175
Figura 2. Curvas de transporte de folhas num percurso de 15 segmentos (2 m), totalizando uma distância de 30 m, A: entre os riachos da Bacia 1176
Amazônica estudados (CICRA = Centro de Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/Peru, FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC, FT = 1177
Floresta Nacional do Tapajós /PA, HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM, RFC/AM = Reserva Florestal do Cuieiras/AM, RFC*/AM = 1178
Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período chuvoso) e B: em relação à frequência de obstáculos encontrada no leito dos riachos (md = 1179
moderada, mt = muito frequente, pc = pouco frequente). 1180
A
0 5 10 15
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Distância do ponto de liberação (m)F
un
çã
o d
o tra
nsp
ort
e d
e fo
lha
s
md
mt
pc
B
Distância do ponto de liberação (m)
73
Quando avaliamos a Reserva Florestal do Cuieiras/AM nos dois períodos amostrados 1181
(RFC e RFC*) observamos uma relação significativa entre as curvas de transporte e a 1182
sazonalidade (log-rank χ2= 26,8, p < 0,001, gl = 1) e observamos uma correlação negativa 1183
significativa entre folhas retidas e vazão (ρ = -0,13, χ2= 4,8, p = 0,03). As curvas de transporte 1184
para RFC e RFC* variaram significativamente em função da coluna de água livre, da 1185
frequência de obstáculos e do fluxo (log-rank χ2= 127,4, gl = 14, p < 0,001; log-rank χ
2= 24,4, 1186
gl = 2, p < 0,001; log-rank χ2= 56,7, gl = 34, p = 0,009, respectivamente). Porém, mais folhas 1187
tenderam a ser transportadas em RFC (período seco) do que em RFC* (período chuvoso), por 1188
isso, analisamos os riachos na Reserva Florestal do Cuieiras separadamente. 1189
Dentre os três riachos amostrados em RFC e RFC*, em um deles não foi observada 1190
diferença na retenção de folhas entre os períodos seco e chuvoso (ANOVA p = 0,08), 1191
tampouco uma relação significativa entre a vazão e a retenção de folhas (p = 0,08). Os outros 1192
dois riachos apresentaram diferentes curvas de retenção de folhas entre períodos seco e 1193
chuvoso e uma correlação significativa entre a vazão e a retenção de folhas (p < 0,001 para 1194
ambos); mas, esses riachos apresentaram relações opostas, de modo que no riacho A o 1195
transporte foi mais efetivo no período chuvoso (Figura 3A) e no riacho B o transporte foi mais 1196
efetivo no período seco (Figura 3B). No riacho A, cujo transporte foi mais efetivo no período 1197
chuvoso, observamos uma variação significativa em função da frequência de obstáculos 1198
(ANOVA p < 0,001, F = 24,8), mas não observamos variação significativa em função da 1199
coluna de água livre e do fluxo de água (ANOVA p > 0,05 para ambos), e essa frequência de 1200
obstáculos foi maior durante o período seco, diminuindo o transporte durante essa estação 1201
(Figura 3A). No riacho B, cujo transporte foi mais efetivo durante o período seco, observamos 1202
uma variação significativa em função do fluxo de água (ANOVA p = 0,003, F = 9,2), que foi 1203
maior no período seco facilitando assim o transporte de folhas (Figura 3B), mas não 1204
observamos variação significativa em função da coluna de água livre e da frequência de 1205
obstáculos (ANOVA p > 0,05 para ambos) entre os períodos. 1206
1207
1208
1209
1210
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1213
74
1214
1215
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1221
1222
1223
1224
1225
1226
Figura 3. Curvas de transporte de folhas, num percurso de 15 segmentos (2 m), totalizando 1227
uma distância de 30 m, entre os períodos chuvoso (C) e seco (S) em dois riachos (B e C) 1228
localizados na Reserva Florestal do Cuieiras/AM; A = riacho B, transporte mais efetivo no 1229
período chuvoso, B = riacho C, transporte mais efetivo no período seco. 1230
1231
1232
Discussão 1233
1234
1235
Os riachos estudados apresentaram uma alta retentividade, o que era esperado por se 1236
tratarem de riachos de baixa ordem, sob forte influência da vegetação da floresta na qual estão 1237
inseridos (Webster et al. 1994; Canhoto e Graça 1998; Gomi et al. 2002). Muitos estudos têm 1238
demonstrado que a retenção da MOPG está relacionada com a quantidade acumulada de 1239
galhos e folhas no canal, e sua reduzida frequência implica em uma menor retenção (Bilby e 1240
Likens 1980; Canhoto e Graça 1998; Larned 2000). Os resultados do presente estudo 1241
corroboram essas observações, visto que observamos que a frequência de obstáculos 1242
influencia a retenção de folhas, tanto entre locais quanto entre períodos (quando avaliada a 1243
Reserva Florestal do Cuieiras/AM entre estações), assim como observamos que a 1244
porcentagem da coluna de água livre influencia a retenção de folhas. Essas duas variáveis 1245
influenciam a probabilidade de uma folha encontrar um obstáculo (Webster et al. 1994). 1246
0 5 10 15
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Distância do ponto de liberação (m)
Fu
nçã
o d
o tra
nsp
ort
e d
e fo
lha
s
c
s
0 5 10 15
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Distância do ponto de liberação (m)
Fu
nçã
o d
o tra
nsp
ort
e d
e fo
lha
s
c
s
A B
Distância do ponto de liberação (m)
75
Embora alguns estudos mostrem que a vazão é um fator determinante para explicar a 1247
retenção (Ehman e Lambert 1992; Steart et al. 2002; Larrañaga et al. 2003), os mecanismos 1248
que causam essa maior retenção ainda não são claros. Segundo Webster et al. (1994) o efeito 1249
da vazão sobre a retenção está amplamente relacionado com a profundidade em rios grandes 1250
mas não em riachos, cuja retenção da MOPG não é passiva, ou seja, os detritos não são 1251
simplesmente depositados no leito, mas dependem da probabilidade de encontrar um 1252
obstáculo. Por outro lado, o fluxo de água no canal do riacho foi uma das variáveis capazes de 1253
explicar o transporte de folhas. Maior vazão, implica em maiores valores de fluxo, 1254
profundidade e largura, podendo influenciar positivamente o transporte uma vez que, em rios 1255
maiores a largura e a profundidade diminuem a probabilidade da folha em suspensão ficar 1256
retida (Webster et al. 1994). Já em riachos pequenos, onde a probabilidade da folha encontrar 1257
um obstáculo é maior, variações no fluxo podem influenciar a probabilidade da folha se 1258
desprender de um eventual obstáculo (Webster et al. 1994). 1259
Um padrão distinto de retenção conforme a sazonalidade e as chuvas fortes também 1260
foi registrado por vários autores (Webster et al. 1987; Ehman e Lambert 1992; Raikow et al. 1261
1995). Para Webster et al. (1994), este padrão está relacionado à alteração na vazão, 1262
profundidade e acúmulo de MOPG no leito. Em nosso estudo, ao avaliarmos RFC 1263
separadamente pudemos observar que a sazonalidade por si só não foi um fator capaz de 1264
explicar o transporte, visto que no riacho B o transporte foi maior no período chuvoso, 1265
enquanto que no riacho C esse foi maior no período seco. Além disso, a sazonalidade não 1266
causou uma diferença significativa entre as curvas de transporte no riacho A. Nesses riachos 1267
as variáveis capazes de explicar o transporte foram a frequência de obstáculos e o fluxo de 1268
água. Assim, o maior transporte de folhas observado no período seco se deveu ao fato do 1269
riacho C ter apresentado maior fluxo de água, enquanto no riacho B o transporte foi maior no 1270
período chuvoso porque neste havia menos obstáculos, já que apresentou uma menor 1271
frequência de partículas retentoras. Assim, nossos resultados corroboram os de Webster et al. 1272
(1994) que observaram que o transporte de partículas é diretamente influenciado pela 1273
frequência de obstáculos no ambiente aquático, pela profundidade da coluna de água e pelo 1274
fluxo. 1275
A falta de um padrão claro que explique diferenças no transporte em função da 1276
sazonalidade nos leva a acreditar que um conjunto de informações que considere o fluxo, a 1277
frequência de obstáculos e a coluna de água livre são bons preditores para explicar 1278
mecanismos de retenção e transporte. Além disso, observações de campo durante chuvas 1279
76
fortes indicam que o transporte é mais acelerado não durante, mas após as chuvas fortes, 1280
quando o nível de água dos riachos está abaixando, indicando mais uma vez a importância de 1281
se levar em consideração o fluxo e a coluna de água livre. O nível de água de pequenos 1282
riachos da Bacia Amazônica aumenta rapidamente durante as chuvas fortes, podendo 1283
ultrapassar o limite do canal; o volume só volta às condições iniciais algumas horas após o 1284
término das chuvas (Walker 1995) e possivelmente durante a vazão destes corpos de água o 1285
transporte seja mais efetivo. Sugerimos que sejam executados estudos adicionais plurianuais, 1286
que levem em consideração as estações secas e chuvosas, já que estes podem vir a produzir 1287
informações mais robustas sobre o real papel da sazonalidade no processo de retenção em 1288
riachos da Bacia Amazônica. 1289
A alta retentividade da grande maioria dos riachos da Bacia Amazônica avaliados no 1290
presente estudo é certamente um fator primordial nesses sistemas, garantindo a ocorrência de 1291
cadeias tróficas longas (Walker 1985), onde, mesmo riachos com teores muito baixo de 1292
cátions, como os de água preta da RFC foram descritos como contendo entre sua fauna 1293
associada organismos de topo de cadeia como o Paleosuchus trigonatus, um jacaré com 1294
ampla dieta, típico de riachos florestados (Magnusson et al. 1987), indicando claramente a 1295
necessidade de preservação desses ambientes críticos. Além disso, a incorporação do carbono 1296
nessas cadeias tróficas é uma forma de evitar que os detritos cheguem aos corpos de água 1297
maiores ainda pouco fragmentados, o que contribuiria com uma maior emissão de CO2 para a 1298
atmosfera (Richey et al. 2002). 1299
1300
1301
Conclusões 1302
1303
1304
Concluímos que a hipótese de estudo foi corroborada, mostrando que os igarapés da 1305
Bacia Amazônica apresentam grande retentividade de folhas interceptando-as a curtas 1306
distâncias, de modo que estas ficaram retidas logo nos primeiros metros após sua entrada no 1307
riacho. As curvas de transporte foram distintas para cada área estudada, e foram influenciadas 1308
pelos fatores locais representados pela frequência de obstáculos, pela porcentagem de coluna 1309
de água livre e pelo fluxo, fatores que atuam diretamente na probabilidade dos detritos virem 1310
a ser fixados. 1311
A vazão não mostrou um padrão claro atuando no direcionamento do transporte e 1312
retenção de folhas na Bacia Amazônica. Detectar fatores direcionadores dos mecanismos de 1313
77
transporte e retenção de detritos em uma bacia tão diversa como a Amazônica é de grande 1314
importância para uma melhor elucidação desses processos, o que geraria um maior 1315
conhecimento inclusive em escala tropical global, elucidando a importância dos detritos na 1316
transferência de energia para as cadeias tróficas superiores, o que deve merecer estudos 1317
futuros mais detalhados e abrangentes. 1318
1319
1320
Agradecimentos 1321
1322
1323
Agradecemos aos projetos e programas LBA, MAUA/Grupo de Ecologia, 1324
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas, RAINFOR, Cenários, CNPq/Edital 1325
Universal e à CAPES pelo apoio logístico e financeiro; ao Paulo Pinto, Milton Oliveira, Sr 1326
Robson Benevituno, Demétrio Araújo, Antônio Nina, Yamileth Arteaga, Osmar Barbosa e 1327
Romilda Paiva, pelo auxílio em campo. Ao Beto Quesada pela ajuda na escolha das áreas para 1328
execução do trabalho, ao Wallace Costa pelo auxílio na manutenção dos equipamentos, ao 1329
Luciano Sgarbi e Karina Dias pelo auxílio com o programa R, à Ana Paula Florentino pelo 1330
auxílio com os gráficos e ao Sisbio pela concessão de licença sob o número de registro 1331
4381037. 1332
1333
1334
Bibliografia Citada 1335
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1452
Capítulo 3 ___________________________________________________________________
Joana D'Arc de PAULA1, Maria Teresa Fernandez
PIEDADE2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3. 2013. Decomposição
foliar em riachos na Bacia Amazônica. Manuscrito
formatado para Acta Amazônica
83
1
2
Decomposição foliar em riachos na Bacia Amazônica 3
4
Leaf decomposition in streams of Amazon Basin 5
6
Joana D'Arc de PAULA1*
, Maria Teresa Fernandez PIEDADE
2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3 7
8
1- Pós-graduação em Ecologia. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/INPA, Av. 9
Efigênio Sales, campus III, CEP 69011-970, Manaus - AM. 10
2- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus I, 11
Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, CEP 69060-001, 12
Manaus - AM. 13
3- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus II, 14
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia - LBA, CEP 69060-001, 15
Manaus - AM. 16
* Autor para correspondência: E-mail [email protected], telefone (+55) 92 36433634, fax 17
(+55) 92 32365131. 18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
84
29
30
Resumo 31
32
33
Riachos de cabeceira utilizam a matéria orgânica alóctone como sua principal fonte de 34
energia, dependendo então da eficiência do processamento. Entretanto, pouco se sabe sobre os 35
principais preditores que determinam a decomposição, particularmente em riachos tropicais. 36
Para isso, avaliamos a decomposição de duas espécies comuns em zonas ripárias Henriettea 37
spruceana e Iryanthera juruensis, em 13 riachos distribuídos em locais com diferentes 38
condições de fertilidade do solo e pluviosidade, na Bacia Amazônica. Um total de 896 sacos 39
de liteira foram utilizados, e réplicas (4) de cada tratamento foram removidas depois de 1, 7, 40
15, 30, 45, 60 e 90 dias em cada riacho, variáveis químicas e físicas da água do riacho e das 41
folhas foram medidas e o conteúdo nutricional foi avaliado. Diferenças na fertilidade do solo 42
e pluviosidade foram refletidas na concentração de nutrientes na água dos riachos. Isso causou 43
diferenças no tempo de decomposição das espécies em todas as localidades. A concentração 44
de nutrientes, individualmente, nas folhas e na água, não explicaram o processo de 45
decomposição nos riachos, bem como parâmetros físicos e químicos da água, demonstrando 46
que regiões tropicais não têm bons preditores para o processo. Provavelmente a combinação 47
de nutrientes, e não necessariamente a maior concentração destes, pode explicar melhor a 48
decomposição do que nutrientes individualmente. 49
50
51
Palavras chave: matéria orgânica, nutrientes na água, fertilidade do solo, pluviosidade 52
53
54
85
55
56
Abstract 57
58
59
Headwater streams rely on the allochthonous organic matter entering the system, since the 60
efficiency of processing of this material constitutes the main energy source entering the 61
system. However, little is known about the main process predictors to evaluate 62
decomposition, particularly in tropical streams. In order to address this issue we used the 63
leaves of two common tree species Henriettea spruceana and Iryanthera juruensis and 64
followed their decomposition in 13 pristine streams distributed in sites with different soil 65
fertility and rainfall conditions in the Amazon Basin. A total of 896 litter bags were used, and 66
replicates (4) of each treatment were removed after 1, 7, 15, 30, 45, 60 and 90 days in each 67
stream; chemical and physical variables from streams and leaves were measured and nutrient 68
contents were assessed. Differences in soil fertility and rainfall were reflected in stream 69
waters nutrient concentrations. This caused differences in decomposition time of the species 70
in all locations. The nutrient concentrations alone, in leaf and water, do not explain the 71
decomposition process in streams, as well as physical and chemical parameters of the water, 72
demonstrating that tropical regions have not yet a good predictor for the process. Probably the 73
combination of nutrients, and not necessarily the high concentrations of individual nutrients 74
may explain better the decomposition than nutrients alone. 75
76
Key words: organic matter, nutrients in the water,soil fertility, rainfall regime 77
78
79
86
80
81
Introdução 82
83
84
A importância da vegetação ripária como fonte de energia para as cadeias tróficas em 85
riachos de cabeceira é bem documentada (Gonçalves et al. 2006a; Moretti et al. 2007; Pettit et 86
al. 2012). Estes, por apresentarem atividade autóctone suprimida, decorrente do 87
sombreamento, são considerados heterotróficos, utilizando a matéria orgânica alóctone como 88
principal fonte de energia para o sistema (Minshal 1967; Fisher e Likens 1973; Petersen e 89
Cummins 1974). O fluxo de nutrientes nesses ecossistemas é então determinado pelo 90
processamento e remineralização da matéria orgânica particulada grossa, composta 91
principalmente por folhas de árvores (Furch et al. 1989; Abelho 2001; Mathuriau e Chauvet 92
2002). 93
Quando as folhas das árvores caem no riacho, elas tendem a ser inicialmente retidas 94
(Canhoto e Graça 1998; Graça et al. 2001a; Afonso e Henry 2002). O processamento ou 95
decomposição é então iniciado e já nas primeiras 24 horas pode ocorrer uma perda de 10-96
30% do peso inicial por meio de lixiviação dos constituintes solúveis (Petersen e Cummins 97
1974). Subsequentemente, ocorre o condicionamento, ou colonização, da matriz foliar por 98
micro e macro-organismos, facilitando o processo de fragmentação, que pode ser física e/ou 99
biológica (Suberkropp 1998; Gessner et al. 1999). Esses processos ocorrem continuamente, 100
ocasionando a transformação da matéria orgânica particulada grossa em particulada fina e 101
matéria orgânica dissolvida. 102
Estimativas da eficiência do processamento da matéria orgânica em ecossistemas 103
aquáticos vêm sendo avaliadas por meio da medida da perda foliar ao longo do tempo de 104
exposição (Webster e Benfield 1986; Baldy et al. 1995; Mathuriau e Chauvet 2002; Currie et 105
al. 2010; Ligeiro et al. 2010) e/ou observando a natureza qualitativa dos compostos solúveis 106
durante o processamento da matéria orgânica (Suberkropp et al. 1976; Furch et al. 1989; 107
Torres-Ruiz e Wehr 2010). 108
Em regiões tropicais, incluindo a Amazônia, os processos de decomposição em 109
ecossistemas florestados ainda são pouco estudados (Rueda-Delgado et al. 2006; Landeiro et 110
al. 2008, 2010). A extensa rede de drenagem da região Amazônica compreende grandes rios, 111
lagos e uma complexa rede de pequenos corpos de água sombreados por florestas. Esses 112
87
riachos de baixa ordem representam mais de 80% do total do comprimento da malha hídrica 113
da Bacia Amazônica em mesoescala (McClain e Elsenbeer 2001; Gomi et al. 2002); 114
entretanto, pouco se sabe sobre as estruturas e processos hidrológicos e biogeoquímicos 115
desses riachos (Neill et al. 2006). 116
Em outras regiões estudos mostram que os nutrientes na coluna de água podem 117
estimular a biomassa e atividade de micro-organismos heterotróficos, e o aumento da 118
atividade microbiana pode ocasionar o aumento de invertebrados fragmentadores devido ao 119
incremento na qualidade do alimento (Rosemond et al. 2002). Contudo, a maioria desses 120
estudos, têm enfocado o papel dos micro-organismos e dos invertebrados fragmentadores e 121
avaliado as concentrações de C, N e P (Walker 1987; Rosemond et al. 1998; Graça 2001b; 122
Gratan e Suberkropp 2001; Dobson et al. 2002; Rueda-Delgado et al. 2006; Wantzen e 123
Wagner 2006). No entanto, outros fatores que influenciam o processamento como demais 124
nutrientes na coluna de água e factores climáticos como precipitação são negligenciados. 125
A estrutura geológica da Bacia Amazônia resulta em um mosaico de distintas 126
formações geoquímicas, cujas características se refletem tanto no ambiente terrestre quanto 127
aquático (Fittkau 1971). Os diferentes tipos de formação geológica, promoveram áreas com 128
distintos teores de fertilidade, gerando um gradiente. A porção norte e sul da Bacia é 129
composta por solos antigos, pobres nutricionalmente, por serem resultantes do intemperismo 130
de rochas cristalinas do Escudo Guiano e Brasileiro, respectivamente. A região ocidental da 131
Bacia possui solos mais férteis, originados da deposição de sedimentos da Cordilheira dos 132
Andes (Sombroek 1966; Malhi et al. 2002). Nos solos mais férteis nesse gradiente observa-se 133
uma maior produtividade de plantas e alta rotatividades de indivíduos arbóreos, limitando a α-134
diversidade de espécies em áreas mais pobres na floresta pluvial Amazônica (ter Steege et al. 135
2003). Além do gradiente de fertilidade do solo podemos observar também o gradiente de 136
amplitude da estação seca (Sombroek 2001). Neste, a região noroeste da bacia amazônica 137
possui alta pluviosidade apresentando pouca ou nenhuma estação seca, a região leste possui 138
solo bem drenado e sazonalidade moderada, e a região sudoeste possui regime pluviométrico 139
sazonal (Malhi et al. 2002). Ambos os gradientes explicam a distribuição de espécies de 140
árvores ao longo da Bacia (Baker et al. 2004; ter Steege et al. 2006). Mas esses gradientes 141
serão também refletidos na química da água podendo assim implicar em diferenças na 142
decomposição da matéria orgânica nos corpos de água Amazônicos? Para responder essa 143
questão a seguinte hipótese foi formulada: a concentração dos nutrientes dissolvidos na água 144
dos riachos de cabeceira, ao longo da Bacia Amazônica, é distinta, refletindo os gradientes de 145
88
fertilidade e precipitação descritos, resultando em diferentes tempos de decomposição. Para 146
examinar essa hipótese utilizamos duas espécies de folhas em 13 riachos de baixa ordem 147
distribuídos ao longo de um gradiente de fertilidade do solo e pluviosidade na Bacia 148
Amazônica, avaliando fatores químicos que podem direcionar o processo de decomposiçao. 149
150
151
Material e Métodos 152
153
154
Área de estudo 155
156
157
O estudo foi realizado entre os anos de 2009 e 2012, em 13 riachos de baixa ordem, 158
em áreas não perturbadas, localizados nas seguintes localidades da Bacia Amazônica: Floresta 159
Nacional do Tapajós/PA (FT), Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC), Área do Exército - 160
54 BIS/Humaitá/AM (HM), Fazenda Experimental Catuaba/AC (FEC), e Centro de 161
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/província de Madre de Dios, no Peru (CICRA) 162
(Figura 1). 163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da 176
direita para a esquerda, Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM, 177
Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de 178
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru, 179
respectivamente. 180
89
181
Durante o período chuvoso o volume e a vazão de água dos riachos de cabeceira 182
aumentam, podendo ampliar a largura dos canais e influenciar as características físicas, 183
químicas e biológicas dos riachos, alterando o ecossistema lótico. Entretanto, em virtude das 184
enormes distâncias e questões logísticas, não foi possível realizar as coletas em ambos os 185
períodos em todos os sítios amostrais. Assim, como as coletas ocorreram em períodos 186
distintos, optou-se por realizar no sítio RFC experimentos em ambos os períodos (seco e 187
chuvoso), servindo assim esta área adicionalmente como área controle, sendo o experimento 188
do período seco codificado como RFC e o experimento do período chuvoso de RFC*. Na 189
Flona Tapajós o experimento foi conduzido em apenas um riacho porque somente este 190
apresentou condições prístinas e era de baixa ordem; para cada uma das demais localidades o 191
experimento foi realizado em três riachos. Desta forma, incluindo o experimento RFC*, 16 192
observações em trechos de riachos foram conduzidas. Em RFC, FEC e CICRA as coletas 193
foram realizadas no período seco; em RFC*, FT e HM, as coletas ocorreram durante o 194
período chuvoso. Em todos os locais o período de coleta teve a duração de 90 dias. Os dados 195
de fertilidade do solo foram retirados da literatura (Malhi et al. 2006), os dados de 196
pluviosidade nacionais foram obtidos no Instituto Nacional de Meteorologia/INMET 197
(www.inmet.gov.br) e os dados de pluviosidade do Peru foram obtidos no Instituto de 198
Meteorologia Peruano/METAR (www.corpac.gob.pe). 199
200
201
Experimento de decomposição 202
203
204
Foram utilizadas folhas de Henriettea spruceana Cogn. (Melastomataceae) e Iryanthera 205
juruensis Warb. (Myristicaceae), por serem espécies abundantes em vegetação ripária, e de 206
ampla distribuição na Bacia Amazônica (M.Silveira, 2008, pers.comm.). Utilizamos folhas 207
verdes, devido à sua maior disponibilidade, permitindo seu uso em múltiplas amostras para 208
todos os riachos. Adicionalmente, esta homogeneização buscou evitar grandes variações de 209
concentração de nutrientes evidenciadas em folhas de diferentes idades. As folhas foram 210
retiradas de árvores de um mesmo local, tendo sido coletadas folhas de pelo menos 5 211
indivíduos adultos. As folhas foram secas ao ar, pesadas em grupos de 3 + 0,03 g, e 212
acondicionadas em sacos de tela plástica (30 x 20 cm; com malha de10 mm). Quinze 213
subamostras foram utilizadas para determinar o fator de conversão peso seco ao ar/peso seco 214
em estufa por meio de regressão linear simples para estabelecer a equação de correção dos 215
90
dados para cada espécie. No total, 896 sacos de decomposição (448 sacos por espécie) foram 216
utilizados. Os sacos de decomposição foram presos ao fundo do leito, evitando-se colocá-los 217
muito próximos às margens, quatro réplicas de cada tratamento foram retiradas após 1, 7, 15, 218
30, 45, 60 e 90 dias, em cada riacho. Em cada retirada, as amostras foram acondicionadas 219
individualmente em sacos plásticos e transportadas até o laboratório, onde foram lavadas em 220
água corrente. Posteriormente as folhas foram secas em estufa a 60 ºC até atingirem peso 221
constante, para a determinação do peso seco remanescente e dos coeficientes de 222
decomposição, sendo subsequentemente trituradas para posterior análise química. Amostras 223
no tempo 0 foram utilizadas para quantificar a dureza foliar, que foi estimada utilizando a 224
medida de força necessária para romper o tecido foliar (Graça e Zimmer 2005); e analisados 225
os teores de C, N e P no tempo 0 e ao longo do experimento. A determinação do C foliar 226
seguiu o método Walkley-Black e a de N foliar seguiu o método Kjeldahl (EMBRAPA 2009), 227
ambos realizados na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/EMBRAPA. A 228
determinação de P seguiu o método de digestão nitroperclórica das amostras (Malavolta e 229
Netto 1989), seguido por leitura no espectrofotômetro UV-120-01 (Shimadzu) e foi realizada 230
no Laboratório Temático de Solos e Plantas do INPA/LTSP. 231
232
233
Características químicas e físicas dos riachos 234
235
236
Antes de cada retirada dos sacos de decomposição foram mensurados, em todos os 237
riachos: o pH da água (utilizando aparelho da marca YSI 60); a % O2; a condutividade 238
(aparelho YSI 85); o fluxo de água (aparelho FP101 Global Flow Probe /Global Water); e sua 239
largura e profundidade com o auxílio de trena. Foram também coletadas, mensalmente, ao 240
longo de três meses, três amostras de água, de 100 mL utilizando uma seringa, totalizando 9 241
amostras para cada riacho. As amostras foram filtradas por meio de um filtro calcinado de 242
vidro (Whatman tipo GF/F), com porosidade nominal de 0.7 μm, acondicionadas em frasco de 243
polietileno de alta densidade e preservadas com 6 mg de timol; a concentração de íons foi 244
então determinada pela técnica de cromatografia líquida, com supressão de íons no 245
equipamento Dionex DX-500. A detecção foi feita por condutividade elétrica e as colunas 246
analíticas para ânions e cátions foram medidas respectivamente nos modelos IonPac AS14HC 247
(4 mm) e CS12A (4 mm) (Dionex, 2000). Todas as amostras de água foram analisadas no 248
91
Laboratório de Química de Água do INPA/CPCR sendo quantificados os teores de sódio, 249
amônio, potássio, magnésio, cálcio, cloreto, nitrito, nitrato, fosfato e sulfato. 250
251
252
Análises estatísticas 253
254
255
Os coeficientes de decomposição foram determinados ajustando-se os dados de peso 256
seco remanescente na liteira ao modelo exponencial negativo (Jenny et al. 1949; Olson 257
1963). As equações foram calculadas utilizando o programa Microsoft Office Excel 11.0 258
(Microsoft Corporation). Para avaliar se havia diferença na porcentagem da massa 259
remanescente entre as espécies e entre os riachos ao longo do tempo do experimento foi 260
realizada uma Análise de Covariância (ANCOVA), utilizando o tempo como covariável. 261
Para avaliar se havia diferença nas características físico-químicas da água entre os 262
riachos foram realizadas ANOVAs. As variáveis independentes utilizadas foram: pH, % 263
oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura, largura, profundidade, fluxo e vazão. 264
Quando os tratamentos apresentaram diferenças significativas (p < 0,05), foi aplicado o teste 265
de Tukey a posteriori. 266
O teste de correlação simples, utilizando o coeficiente de correlação de Pearson, foi 267
aplicado para medir o grau da correlação entre a massa remanescente e as concentrações de C, 268
N e P nas duas espécies de folhas, durante o processo de decomposição. A razão C:N foi 269
logaritimizada para atender aos pressupostos das análises testadas. Regressões lineares 270
simples foram utilizadas para testar a relação entre Log C/N e a % massa remanescente, entre 271
C e a % de massa remanescente, entre N e entre P também em relação a massa remanescente. 272
ANOVAs foram utilizadas para avaliar se Log da razão C:N, C, N, e P variaram entre locais e 273
entre espécies. Para avaliar se havia diferenças nas concentrações dos nutrientes na água estes 274
foram testados por ANOVAs. Nutrientes na água que não possuíam distribuição normal 275
(nitrato e fosfato), mesmo após transformação dos dados, foram analisados pelo teste não 276
paramétrico Kruskal-Wallis. 277
Foi realizada uma ordenação indireta através da Análise de Componentes Principais 278
(PCA) para reduzir a composição de nutrientes a poucos eixos. Os três primeiros eixos da 279
ordenação explicaram 85,9% da variação e os dados foram usados como variáveis 280
dependentes no teste inferencial Análise de Variância Multivariada (MANOVA) para avaliar 281
se houve diferença na química da água entre os riachos (variável independente: localidade). 282
92
Realizamos o método analítico exploratório multidimensional Análise de Correspondência 283
Canônica (CCA), que relaciona uma matriz de dados de espécies a uma matriz de dados 284
ambientais; utilizamos como matriz de dados de espécies os nutrientes na coluna de água e o 285
peso remanescente da liteira nas duas espécies estudadas, e como matriz de dados ambientais 286
utilizamos a fertilidade do solo e pluviosidade. Após as CCAs, foram realizados testes de 287
permutação para avaliar a significância da CCA, das variáveis e dos eixos avaliando se a 288
fertilidade do solo e a pluviosidade foram capazes de determinar a distribuição dos nutrientes 289
e determinar a decomposição. As análises estatísticas foram realizadas utilizando os 290
programas Systat 11 (Wilkinson 2004), Pcord 5.15 (McCune e Mefford 2006) e o programa 291
R (2012), utilizando o pacote estatístico Vegan (Oksanen et al. 2010). 292
293
294
Resultados 295
296
297
O coeficiente de decomposição (k) foi diferente entre as espécies (ANOVA, p < 0,001, 298
F= 45,7) (Figura 2): A espécie H. spruceana apresentou k = 0,009 dia -1
e I. juruensis 299
apresentou k = 0,003 dia -1
. A massa remanescente diferiu entre espécies e localidades ao 300
longo do tempo do experimento (ANCOVA, p < 0,001, F= 13,9), (Figura 2). A espécie H. 301
spruceana perdeu mais que 50% da sua massa inicial no fim de 90 dias; a espécie I. juruensis 302
mostrou uma perda de massa mais lenta, perdendo menos de 30% da sua massa inicial ao fim 303
de 90 dias de experimento. A ordem dos locais em função da velocidade de decomposição foi 304
a seguinte: RFC e FT > CICRA, HM e RFC* > FEC. Na Flona tapajós/PA (FT), na Fazenda 305
Experimental Catuaba/AC( FEC) e no Centro de Investigación y Capacitación Rio Los 306
Amigos (CICRA) ambas as espécies receberam um incremento de massa já nas primeiras 24 307
horas. 308
93
309
310
311
312
313
314
315
316
317
318
319
320
321
Figura 2. Massa foliar remanescente, ao longo de 90 dias, entre as espécies Henriettea spruceana e Iryanthera juruensis para cada localidade 322
estudada: A= Reserva Florestal do Cuieiras/AM; B = Floresta Nacional do Tapajós/PA; C = Fazenda Experimental Catuaba/AC; D = Área do 323
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; E = Centro de Investigación y Capacitación Rio Los Amigos/Peru; F = Reserva Florestal do Cuieiras/AM 324
durante a estação chuvosa. 325
94
Avaliando apenas a Reserva Florestal do Cuieiras (RFC e RFC*) observamos que a 326
massa remanescente diferiu entre espécies e localidades ao longo do tempo do experimento 327
(ANCOVA, P < 0.001, F = 37.9). A espécie H. spruceana se decompôs mais rápido que I. 328
juruensis, e a decomposição foi mais rápida na Reserva Florestal do Cuieiras durante a 329
estação seca (RFC) do que na chuvosa (RFC*). 330
Em todos os locais H. sprucena apresentou uma decomposição mais acelerada do que 331
I. juruensis. A espécie H. spruceana apresenta, no tempo 0, maiores concentrações de 332
Carbono do que I. juruensis (ANOVA p = 0,04) (Tabela 1), a espécie I. juruensis apresenta, 333
também no tempo 0, maiores teores de Nitrogênio e Fósforo, contudo os teores de Nitrogênio 334
não se mostraram diferentes estatisticamente (ANOVA p = 0,5), além disso, apresenta maior 335
dureza foliar (1644,9 + 108,4 g) do que H. spruceana (628,0 + 277,7g). Não observamos 336
correlação entre a massa remanescente e a concentração de C (p = 0,86); porém, encontramos 337
uma relação positiva entre massa remanescente e concentração de N e relação negativa entre a 338
massa remanescente e a concentração de P nas folhas durante o processo de decomposição (p 339
= 0,002, F = 10,3, R2 = 0,05, p = 0,045, F = 4,1, R
2 = 0,02) e encontramos uma relação 340
negativa entre massa remanescente e log da razão C:N (p = 0,009, F = 6,9, R2 = 0,04). Os 341
nutrientes N, C, P e log da razão C:N variaram significativamente entre localidades (p < 0,001 342
para todos) e entre espécies (p < 0,001 para todas). 343
95
344
345
Tabela1. Valores médios e desvios padrão do coeficiente de decomposição (-kd-1
), dureza foliar (g) e nutrientes das folhas das espécies 346
Henriettea spruceana e Irianthera juruensis, C= Carbono (g kg-1
); Nitrogênio (g kg-1
); P = Fósforo (g kg-1
); C:N = razão C:N 347
348
349
350
351
352
353
k Toughness C N P C:N
H. spruceana 0.009 + 0.003 628.0 + 277.7 323.9 + 26.9 13.9 + 1.8 0.45 + 0.01 23.8 + 4.7
I. juruensis 0.003+ 0.001 1644.9 + 708.4 277.6 + 42.6 14.3 + 1.2 0.52 + 0.04 19.4 + 2.6
96
Entre as variáveis físico-químicas nos riachos (pH, % oxigênio dissolvido, 354
condutividade, temperatura, largura, profundidade, fluxo e vazão da água), apenas o fluxo da 355
água não apresentou variação significativa entre os locais (ANOVA, p = 0,9); para todas as 356
outras variáveis encontramos variação significativa desses fatores (ANOVA, p < 0,001). A 357
Reserva Florestal do Cuieiras (RFC) apresentou os menores valores de pH (para ambos os 358
períodos seco e chuvoso), sendo classificada como pH ácido e a Fazenda Experimental 359
Catuaba (FEC) apresentou os maiores valores de pH sendo o único local que apresentou 360
riachos com águas básicas (Tabela 2). Os teores da % de O2 foram maiores para RFC (período 361
seco) e menores para RFC* (período chuvoso). A condutividade foi maior na Flona Tapajós 362
(FT) e menor em Humaitá (HM). A vazão foi maior em HM e menor em CICRA. 363
97
364
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das características físicas e químicas dos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os 365
anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; CICRA = Centro de Investigación y 366
Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período 367
chuvoso; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC. 368
RFC FT CICRA HM RFC* FEC
pH 4,0 + 0,3 4,7 + 1,7 5,6 + 0,4 5,4 + 0,2 4,2 + 0,4 6,4 + 0,8
O2 (mg/L) 4,8 + 0,6 3,6 +0,2 7,0 + 0,2 2,7 + 0,3 5,0 +0,2 3,5 + 1,1
%O2 48,5 + 11,1 43,7 + 2,7 17,4 + 0,7 32,5 + 3,3 12,1 + 0,8 43,3 + 12,6
Condutividade (µ S cm-1
) 11,4 + 1,8 22,5 + 0,5 10,9 + 3,7 8,3 + 0,3 15,0 + 1,4 8,8 + 2,5
Temperatura (oC) 25,6 + 0,3 25,3 +0,3 22,3 + 2,0 26,0 + 0,8 25,0 + 0,1 26,2 + 1,8
Profundidade (m) 0,2 + 0,1 0,1 + 0,1 0,1 + 0,0 0,5 + 0,2 0,4 + 0,1 0,3 + 0,0
Fluxo (m s-1
) 1,0 + 1,4 0,12 + 0,1 0,2 + 0,03 0,2 + 0,04 0,2 + 0,02 0,2 + 0,03
Largura (m) 1,6 + 0,6 1,6 + 0,2 1,0 + 0,1 3,2 + 1,2 2,4 + 1,1 1,5 + 0,6
Vazão (m3 s
-1) 0,1 + 0,08 0,03 + 0,02 0,01 + 0,01 0,4 + 0,2 0,2 + 0,17 0,1 + 0,03
Período de coleta set-dez abr-jul ago-out fev-mai nov-fev ago-nov
Estação durante a coleta seca chuvosa seca chuvosa chuvosa seca
ano 2009 2010 2011 2011 2011/2012 2010
Local/país
Amazonas/BR Pará/BR Madre de
Dios/PE
Amazonas/BR Amazonas/BR Acre/BR
369
370
371
98
Individualmente todos os nutrientes apresentaram variação significativa entre 372
localidades (ANOVA, p < 0,001 para amônio, nitrito, cálcio, sódio, cloreto, magnésio, 373
potássio e sulfato; Kruskal-Wallis, p < 0,001 para nitrato e fosfato). A Flona Tapajós/FT 374
apresentou as maiores concentrações de nitrato e sulfato (> 70%), cloreto (> 60%) e sódio (> 375
50%) (Tabela 3). 376
377
99
Tabela 3. Valores médios e desvios padrão dos nutrientes da coluna de água (µg/L) dos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados 378
entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = Fazenda Experimental 379
Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; RFC* = 380
Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante o período chuvoso. 381
382
Nutriente RFC FT FEC HM CICRA RFC*
Na 0,35 + 0,22 0,83 + 0,09 0,71 + 0,42 0,53 + 0,16 0,40 + 0,1 0,25 + 0,07
NH4+ 0,01 + 0,01 0,02 + 0,01 0,11 + 0,09 0,07 + 0,04 0,05 + 0,03 0,01 + 0,0
K 0,06 + 0,05 0,08 + 0,01 0,79 + 0,23 1,28 + 0,36 1,70 + 0,73 0,03 + 0,01
Mg 0,02 + 0,01 0,07 + 0,01 0,25 + 0,08 0,25 + 0,08 0,39 + 0,14 0,04 + 0,04
Ca 0,06 + 0,05 0,13 + 0,04 0,53 + 0,22 0,41 + 0,09 0,52 + 0,11 0,15 + 0,31
Cl-1
0,4 + 0,12 1,51 + 0,02 0,58 + 0,18 0,41 + 0,18 0,28 + 0,12 0,31 + 0,06
NO2-1
0,02 + 0,02 0 0,01 + 0,0 0,06 + 0,05 0,04 + 0,03 0,01 + 0,01
NO3-1
0,06 + 0,06 0,97 + 0,02 0,01 + 0,0 0 0,27 + 0,19 0,03 + 0,01
PO4-3
0,01 + 0,01 0,46 + 0,93 0,12 + 0,1 0,11 + 0,06 0,58 + 0,43 0,03 + 0,02
SO4-2
0,06 + 0,02 0,44 + 0,01 0,13 + 0,14 0,06 + 0,03 0,44 + 0,16 0,09 + 0,1
383
384
385
100
A Fazenda Experimental Catuaba/FEC apresentou as maiores concentrações do íon 386
amônio ( ~ 50%) e cálcio (88%), do que nos riachos da Reserva Florestal do Cuieiras (RFC), 387
que apresentou os menores níveis para cálcio. A Área do Exército - 54 BIS/Humaitá (HM) 388
apresentou a maior concentração de nitrito (> 70%). O Centro de Investigación y 389
Capacitacíon Rio Los Amigos/CICRA apresentou as maiores concentrações de potássio, 390
magnésio e fosfato. Os teores de potássio representaram mais de 80% do que foi encontrado 391
em RFC, para os dois períodos (seco e chuvoso), FEC e HM apresentaram 65% dos teores de 392
magnésio encontrados em CICRA, os outros locais não apresentaram sequer 20% da 393
concentração encontrada em CICRA e apenas FT apresentou teores mais elevados de fosfato. 394
Todos os outros locais apresentaram menos de 21% da concentração observada em CICRA. A 395
RFC* apresentou as menores concentrações de sódio, amônio, potássio e RFC apresentou as 396
menores concentrações de magnésio, cálcio e sulfato. Ao avaliarmos RFC e RFC* 397
separadamente observamos que os nutrientes na água Na, K, Mg, Cl-1
, NO3-1
, PO4-3
, SO4-2
398
variaram significativamente entre períodos (p < 0,05 para todos); apenas o íon amônio, Ca e 399
nitrito não apresentaram variação significativa entre os períodos; também observamos 400
variação significativa entre os teores de condutividade (p = 0,03), temperatura (p < 0,001), 401
largura (p = 0,005) e profundidade (p < 0,02). Em todos os riachos o pH e os níveis de amônio 402
na água foram considerados os melhores fatores influenciando a decomposição. En FEC, 403
encontramos o maior valor de pH e íon amônio e decomposição mais lenta e em RFC e FT 404
encontramos os menores níveis de ambos, pH e íon amônio, e ambos apresentaram 405
decomposição mais acelerada. Os resultados da Análise de Variância Multivariada mostraram 406
que a concentração dos nutrientes variou significativamente entre localidades (MANOVA, 407
Pillai Trace = 2.8, p < 0,001, F = 23,1), indicando que o conjunto de nutrientes promove 408
mudanças na qualidade das águas dos riachos ao longo da Bacia. 409
Ao avaliarmos se os nutrientes na coluna de água nos riachos é influenciada pela 410
pluviosidade e fertilidade do solo encontramos uma relação significativa em função de ambos 411
(χ2 = 0,11, F = 16,1, p = 0,01; eixos de pluviosidade p = 0,05; eixo de fertilidade do solo p = 412
0,01); As localidades CICRA, HM e FEC receberam maior influência da fertilidade do solo e 413
RFC* recebeu maior influência da pluviosidade (Figura 3). 414
415
416
417
101
-3 -2 -1 0 1 2
-3
-2
-1
0
1
2
CCA1
CC
A2
local
potassiosodio
nitrato
-10
1
fert
pluv
1
1
1
2
3
3
3
4
44
5
5
5
666
418
419
420
421
422
423
424
425
426
427
428
429
Figura 3. Diagrama de ordenação da concentração dos nutrientes na água nos riachos 430
estudados, nos dois eixos de ordenação produzidos pela Análise de Correspondência 431
Canônica (CCA). 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação seca; 2 = Floresta 432
Nacional do Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do Exército - 54 433
BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Perú; 6 = 434
Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante estação chuvosa; fert = fertilidade do solo; pluv = 435
pluviosidade. 436
437
Ao avaliarmos se o peso remanescente das folhas, das duas espécies estudadas, é 438
influenciado pela pluviosidade e fertilidade do solo encontramos uma relação significativa em 439
função de ambos os parâmetros ambientais (χ2 = 0,05, F = 63,2, p = 0,01; ambos os eixos 440
apresentaram p = 0,01), as localidades CICRA e RFC* receberam maior influência da 441
fertilidade, e HM, RFC* e FEC receberam maior influência da pluviosidade (Figura 4). 442
443
444
445
102
-10 -5 0 5
-5
0
5
CCA1
CC
A2
-10
1
pluv
fert
1
1
1
2
3
3
34
4
4
55
5
6
6
6
446
447
448
449
450
451
452
453
454
455
456
Figura 4. Diagrama de ordenação do peso remanescente das folhas estudadas, nos dois eixos 457
de ordenação produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA). fert = fertilidade 458
do solo; pluv = pluviosidade. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante a estação seca; 2 459
= Floresta Nacional do Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do 460
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 461
Amigos/Perú; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante a estação chuvosa. 462
463
Ambas as análises nos mostram uma relação muito semelhante entre locais e os 464
gradientes. As localidades CICRA, HM, RFC* e FEC, sofreram maior influência dos 465
gradientes, indicando que a condição causada pela concentração dos nutrientes nesses locais 466
não promove uma decomposição mais acelerada, visto que RFC e FT, locais que não sofreram 467
influência dos gradientes, apresentaram decomposição mais acelerada. 468
469
470
471
472
473
474
103
Discussão 475
476
477
Ambas as espécies de folhas utilizadas apresentaram diferenças no processo de 478
decomposição: de maneira consistente, H. spruceana se decompôs mais rapidamente que I. 479
juruensis. A relação encontrada entre massa remanescente e a concentração de nitrogênio, a 480
concentração de fósforo e Log da razão C:N sugerem que a decomposição é limitada pela 481
viabilidade destes nutrientes nas folhas, como já foi observado por outros autores (López et 482
al. 2001; Rejmánková e Houndková 2006). No entanto, talvez os teores de P e N encontrados 483
nas águas destes riachos não sejam um fator limitante para a fauna que utiliza o detrito, visto 484
que os maiores teores de P e N observado em I. juruensis não pomoveram sua maior 485
fragmentação (Ardón et al. 2006). Outra possibilidade é que a fauna detritívora seja 486
primariamente limitada por C (Ardón, et al. 2006) favorecendo a colonização de H. 487
spruceana e consequentemente sua decomposição. No entanto, como não avaliamos a fauna 488
detritívora, não é possível aprofundarmos nessa questão. A espécie H spruceana apresentou 489
uma menor dureza em relação a I juruensis o que pode ter favorecido seu processo de 490
decomposição, corroborando os resultados de Quinn et al (2000) que observou que a dureza 491
foi um importante preditor da decomposição para 10 espécies, em um experimento na Nova 492
Zelândia. Segundo esse autor a dureza está relacionada a resistência física da folha a fatores 493
físicos como abrasão provocada pelo fluxo de água. 494
A localidade também influenciou a decomposição das folhas. Não somente as 495
variáveis físicas, mas também as variáveis químicas indicaram que os nutrientes na água dos 496
riachos promovem mudanças químicas nestes, tornado-os distintos uns dos outros, e essas 497
diferenças são refletidas no processamento da matéria orgânica. Suberkropp e Chauvet (1995) 498
observaram que o pH e a alcalinidade influenciam a riqueza e composição de hifomicetos 499
aquáticos, regulando a decomposição, em áreas que variavam entre pH 6 a 8. Paradise e Kuhn 500
(1999) encontraram que em locais com alta qualidade de recurso há uma negativa relação 501
entre baixo pH (4,0) e o crescimento de organismos fragmentadores, influenciando o processo 502
de decomposição; no entanto, suas observações demonstram que fatores sozinhos são 503
insuficientes para determinar efeitos nos organismos. Nossos resultados demonstram uma 504
tendência do pH influenciar negativamente o processo de decomposição, FEC, foi o local que 505
apresentou o maior pH e decomposição mais lenta, e RFC e FT foram locais com pH mais 506
baixo e decomposição mais acelerada. No entanto, CICRA foi o local que apresentou o 507
segundo maior valor de pH e não foi um dos locais com a decomposição mais lenta, o que nos 508
104
leva a acreditar que este fator sozinho não é o melhor preditor do processo. Adicionalmente, 509
os resultados do presente estudo contrariam o padrão esperado, que pressupunha uma relação 510
positiva entre a concentração de fosfato e compostos nitrogenados com o processo de 511
decomposição (Suberkropp e Chauvet 1995; Ardón et al. 2006; Rejmánková e Houndková 512
2006; Gonçalves et al. 2007). Essa suposição é baseada em riachos Neotropicais, sem 513
influência antrópica, cuja cadeia de detritos é controlada pela concentração de P na coluna de 514
água (Rosemond et al. 2002). Mas, Gonçalves et al. (2006b) estudando riachos de baixa 515
ordem, na região tropical, observaram que o N é um fator mais importante que o P no controle 516
do processo de decomposição. Nossos resultados tendem a corroborar Gonçalves et al. 517
(2006b), visto que os teores do íon amônio demonstraram uma tendência a explicar o 518
processamento, diferentemente do P. No entanto, essa tendência não foi tão clara, o que nos 519
leva novamente a acreditar que os teores de N e P, não são limitantes nesse sistema e que 520
outros fatores devem explicar melhor o processo. Desta forma, nossos resultados corroboram 521
Ardón et al. (2006) que considera que não é possível garantir que algum desses nutrientes seja 522
melhor preditor para as regiões tropicais. 523
Os nutrientes na água variaram em função da fertilidade do solo e pluviosidade, 524
corroborando nossa hipótese. A influência da fertilidade do solo foi mais evidênciada nas 525
localidades que apresentam fertilidade variando de alta a média/baixa (Malhi et al. 2006). A 526
influência da pluviosidade foi mais evidente em locais que apresentam sazonalidade 527
moderada. Em outras palavras, nossos resultados mostram que riachos de cabeceira são 528
ecossistemas abertos, fortemente influenciados pelos sistemas adjacentes como mencionado 529
por vários autores (Kaushik e Hynes 1971; Fisher e Likens 1973; Acuña et al. 2007; Duval e 530
Hill 2007). Distinções na fertilidade do solo são refletidas em diferenças na concentração dos 531
nutrientes na coluna de água, e a pluviosidade promove diferenças físicas e químicas nos 532
riachos, como por exemplo alterações na largura e profundidade do canal, vazão, temperatura, 533
condutividade, pH, fatores conhecidos por influenciarem a biota aquática e assim determinar 534
diferenças na fragmentação do detrito, ou simplesmente influenciar a fragmentação física 535
(Royer e Minshall 2003). Todos esses fatores promoverão diferenças entre locais na bacia, 536
refletindo diferenças no processamento da matéria orgânica. Assim a variação na 537
concentração de nutrientes ao longo da Bacia não só foi evidenciada, como também 538
demonstrou sua relação com o processo de decomposição. No entanto, observamos que os 539
gradientes tiveram uma relação oposta ao processo de decomposição, ou seja, RFC e FT, que 540
não se mostraram influenciados por esses gradientes se decompuseram mais rapidamente, 541
105
possivelmente indicando que os nutrientes promovidos tanto pela pluviosidade quanto pela 542
fertilidade do solo os tornam menos limitantes nutricionalmente. Ou seja, novamente estamos 543
tendenciados a acreditar que o conjunto de nutrientes, e não nutrientes individualmente, 544
indicariam melhor o processo de decomposição. 545
A estrutura geológica da Bacia Amazônia foi bem representada pelos diferentes 546
riachos estudados, diferenças na fertilidade do solo foram refletidas em diferenças nas 547
concentrações de nutrientes na água dos riachos. Isso promoveu diferenças no tempo de 548
decomposição em todas as localidades, promovendo uma congruência com o gradiente de 549
fertilidade do solo e com o gradiente de precipitação; este, por sua vez, define diferentes 550
durações da estação seca, o que influencia a decomposição. Então, nós acreditamos que a 551
interação dos nutrientes crie condições que propiciem uma decomposição mais acelerada ou 552
retardada. Enquanto em regiões temperadas estudos estequiométricos conseguem evidenciar 553
padrões que explicam os processos de decomposição em pequenos riachos, esses processos 554
ainda são pouco conhecidos em regiões tropicais. Além disto, enquanto muita ênfase é dada à 555
análise e papel dos compostos nitrogenados e fosfatados, devido à sua grande importância 556
para a microbiota decompositora, outros nutrientes são negligenciados. Isto indica claramente 557
que mais estudos são necessários para que se possa conhecer de forma mais abrangente os 558
diversos fatores que influenciam e determinam a decomposição em riachos tropicais. 559
560
561
Conclusões 562
563
564
A concentração de nutrientes nos riachos ao longo da Bacia Amazônica se mostrou 565
distinta e promoveu diferenças no tempo de decomposição de H. spruceana e I. juruensis. A 566
estrutura geológica da Bacia Amazônica foi bem representada pelos diferentes riachos 567
estudados: diferenças na fertilidade do solo e na pluviosidade foram refletidas na 568
concentração de nutrientes nas águas dos riachos. Isso causou diferenças no tempo de 569
decomposição de H. spruceana e I. juruensis, em todos as localidades, promovendo uma 570
congruência com o gradiente de fertilidade do solo e pluviosidade, que influencia a 571
decomposição. 572
A concentração de nutrientes individualmente (na liteira e na água) não explicam o 573
processo de decomposição em riachos, demonstrando que regiões tropicais não tem ainda um 574
106
bom preditor para o processo. Provavelmente a combinação de nutrientes possa explicar 575
melhor a decomposição do que nutrientes individualmente. 576
577
578
Agradecimentos 579
580
581
Agradecemos aos projetos e programas LBA, MAUA/Grupo de Ecologia, 582
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas, RAINFOR, Cenários, CNPq/Edital 583
Universal e à CAPES pelo apoio logístico e financeiro; ao Paulo Pinto, Milton Oliveira, Sr 584
Robson Benevituno, Demétrio Araújo, Antônio Nina, Yamileth Arteaga, Osmar Barbosa e 585
Romilda Paiva, pelo auxílio em campo. Ao Beto Quesada pela ajuda na escolha das áreas para 586
execução do trabalho, ao Wallace Costa pelo auxílio na manutenção dos equipamentos e ao 587
Luis Vilmar pela execução das análises de água. 588
589
590
Bibliografia Citada 591
592
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Capítulo 4 ___________________________________________________________________
Joana D'Arc de PAULA1, Maria Teresa Fernandez
PIEDADE2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3. 2013. É possível
detectar padrões de distribuição do carbono nas formas
particulada e dissolvida em riachos da Bacia Amazônica?
Manuscrito formatado para Acta Amazônica
113
1
2
É possível detectar padrões de distribuição do carbono nas formas particulada e 3
dissolvida em riachos da Bacia Amazônica? 4
Is that possible to detect the distribution carbon patterns in particulate form and 5
dissolved form in Amazon Basin streams? 6
7
8
Joana D'Arc de PAULA1*
, Maria Teresa Fernandez PIEDADE
2, Flávio Jesus
LUIZÃO
3 9
10
1- Pós-graduação em Ecologia. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André 11
Araújo, 2936, Aleixo, campus II, Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na 12
Amazônia - LBA, CEP 69060-001, fone (92) 36433634, fax (92) 32365131, 13
[email protected], Manaus - AM. 14
2- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus I, 15
Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas - MAUA, CEP 69060-001, 16
fone (92) 36433266, fax (92) 36421503, [email protected], Manaus - AM. 17
3- Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, campus II, 18
Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia - LBA, CEP 69060-001, 19
fone (92) 36433618, fax (92) 32365131, [email protected], Manaus - AM. 20
* Autor para correspondência: E-mail [email protected], telefone (+55) 92 36433634, fax 21
(+55) 92 32365131. 22
23
24
25
26
27
28
29
114
30
31
Resumo 32
33
34
A Bacia Amazônica possui uma extensa rede de drenagem com grande 35
representatividade de riachos de baixa ordem. Nesses ambientes a matéria orgânica alóctone 36
representa a principal fonte de energia e ocorre nas formas particulada grossa (MOPG), 37
particulada fina (MOPF) e dissolvida (MOD). Mas existirão padrões detectáveis para explicar 38
a distribuição das frações de carbono nos riachos desta Bacia? Para responder a esta pergunta 39
foram quantificados os estoques de MOPG, MOPF e COD exportado em 16 riachos de baixa 40
ordem ao longo da Bacia Amazônica, e relacionados aos valores de pluviosidade e fertilidade 41
do solo, de forma a verificar a existência de padrões de distribuição das frações do carbono 42
nesses riachos ao longo desses gradientes. Foram coletadas amostras de estoque bêntico, que 43
foram posteriormente fracionadas (matéria orgânica > 1 mm = MOPG e < 0.45 μm = MOPF), 44
e coletada água para quantificação de COD. As maiores frações de matéria orgânica foram 45
encontradas na forma MOPG, seguida por MOPF e COD. As análises mostram que os 46
gradientes de pluviosidade e fertilidade do solo determinam a distribuição da matéria orgânica 47
nos riachos da região amazônica. Os resultados deste trabalho revelam que estimativas para 48
quantificação de carbono na Bacia podem estar subestimadas por considerar frações de 49
carbono orgânico que representam menos de 50% do carbono estocado e transportado nos 50
riachos da bacia. 51
52
53
Palavras chave: Matéria orgânica bêntica, matéria orgânica particulada grossa, matéria 54
orgânica particulada fina, carbono orgânico dissolvido, riachos tropicais. 55
56
57
115
58
59
Abstract 60
61
62
The Amazon Basin has an extensive drainage system with high representativeness of low 63
order streams. In these environments the allochthnous organic matter represents the main 64
energy source and occurs in coarse particulate (CPOM), fine particulate (FPOM) and 65
dissolved (DOC) forms.; But, there will be detectable patterns to explain the fraction 66
distribution of carbon on the streams of the Basin? To answer this question it was quantified 67
the storages of CPOM, FPOM and DOC exported in 16 low order streams throughout the 68
Amazon Basin, and related to the rainfall values and soil fertility, to verify the existence of 69
patterns of carbon fraction distributions at this stream throughout these gradients. It was 70
collected samples of benthic storage witch were subsequently fractioned (organic matter > 71
1mm = CPOM and < 0.45 μm = FPOM and collected water to quantify the DOC. The higher 72
fraction of organic matter was found at the CPOM form, followed by FPOM and DOC. The 73
analyses show that the rainfall gradients and soil fertility determine the organic matter 74
distribution at streams from Amazon region. The results of this study reveal that estimates for 75
organic carbon quantification in Amazon Basin may be underestimated due to consider 76
carbon organic fractions that represents less than 50% of the storage carbon and transported 77
on the Basin streams. 78
79
Key-words: Benthic organic matter, coarse particulate organic matter, fine particulate organic 80
matter, dissolved organic carbon, tropical streams. 81
82
83
116
84
85
Introdução 86
87
88
Riachos de cabeceira apresentam vegetação ripária bem desenvolvida; fato que 89
dificulta a penetração de luz na coluna de água, o que afeta a produção autóctone. Assim a 90
matéria orgânica alóctone produzida externamente ao canal representa a principal fonte de 91
energia para as cadeias tróficas superiores desses corpos de água (Fisher e Likens 1973; 92
Canhoto e Graça 1998; Abelho 2001; Richardson et al. 2009). 93
Quando entra no canal a matéria orgânica pode ser estocada, sendo chamada de 94
matéria orgânica bêntica (MOB), e o seu acúmulo depende de vários fatores como 95
características da composição e abundância da vegetação ripária, morfologia do canal e 96
características hidráulicas (Webster et al. 1994; Mathooko et al. 2001; Abelho et al. 2002; 97
Afonso e Henry 2002). Após a sua retenção a MOB, na forma de matéria orgânica particulada 98
grossa (MOPG) pode ser transformada em matéria orgânica dissolvida (MOD) por meio de 99
lixiviação, ou convertida em matéria orgânica particulada fina (MOPF), devido à 100
fragmentação física e/ou biológica (Webster et al. 1999; Graça et al. 2001; Abelho et al. 101
2002). 102
A MOPG compreende partículas maiores que 1 mm de diâmetro, a MOPF partículas 103
entre 0,45 µm e 1 mm de diâmetro e a MOD partículas < 0,45 µm (Cummins 1974; Webster 104
et al. 1999). Todos os tipos de matéria orgânica podem ser mencionados como carbono 105
orgânico particulado (COP) ou dissolvido (COD), porque de 45 a 50% do seu conteúdo 106
apresenta-se na forma de carbono (Suberkropp 1998). 107
Os fungos, bactérias e invertebrados fragmentadores são responsáveis pela conversão 108
da maior parte da MOB a CO2, MOD e MOPF, e algumas dessas partículas poderão ser 109
utilizadas por outros organismos, realizando assim a transferência de energia entre os níveis 110
tróficos subsequentes (Suberkropp 1998; Mathuriau e Chauvet 2002). A transferência de 111
energia do COD por meio das bactérias para as cadeias tróficas superiores é denominado de 112
“microbial loop” sendo essencial para a ciclagem de nutrientes em riachos florestados (Azam 113
et al. 1983). 114
Atualmente tem havido um crescente interesse em quantificar o carbono na atmosfera 115
e biosfera, e ainda existem muitas controvérsias sobre locais que atuariam como fonte ou 116
sumidouro desse carbono (Rice et al. 2004). Richey et al. (2002) hipotetizaram que a evasão 117
117
de CO2 na Bacia Amazônica é controlada pela respiração do C orgânico fixado 118
originariamente no ambiente terrestre ou ao longo das margens de rios e mobilizado para o 119
leito de riachos; esses autores, estudando os principais tributários da região central da Bacia 120
Amazônica, computaram uma evasão de CO2 em torno de 1,2 + 0,3 Mg C Ha -1
ano -1
, 121
constituindo um fluxo de saída de 0,5 Gt. ano -1
de carbono desta Bacia. Entretanto, como a 122
extensa rede de drenagem da Bacia Amazônica possui mais de 80% do total do comprimento 123
em mesoescala composta por riachos de baixa ordem, é evidente que muitos estudos ainda são 124
necessários para uma melhor elucidação desses valores e seus quantitativos (McClain e 125
Elsenbeer 2001; Gomi et al. 2002). 126
A Bacia Amazônica possui áreas com grandes distinções geoquímcas, decorrentes da 127
sua estrutura geológica (Fittkau 1971). Sua bacia sedimentar é limitada à norte e à sul pelos 128
escudos Guiano e Brasileiro, estes possuem sua formação no período pré-cambriano, sendo 129
considerados solos antigos, altamente intemperizados e, consequentemente, pobres 130
nutricionalmente (Sombroek 1966). E a Bacia é limitada ocidentalmente pela Cordilheira dos 131
Andes, formada na era paleozoica ou mesozoica, e seu solo, de origem mais recente, tende a 132
ser mais fértil (Sombroek 1966). Esses fatores permitem que sua estrutura ecológica não seja 133
homogênea (Fittkau 1971). 134
Essas diferenças na fertilidade do solo, geram um gradiente que atualmente é 135
mencionado como "gradiente de fertilidade do solo" que promove distinções quanto à 136
distribuição de espécies arbóreas ao longo da Bacia permitindo uma maior produtividade e 137
rotatividade de indivíduos em solos mais férteis (Baker et al. 2004; ter Steege et al. 2006), 138
este gradiente é congruente com o gradiente leste-oeste descrito por Sombroek (1966), onde a 139
região leste apresenta solos mais pobres e a região oeste solos quimicamente mais ricos. Além 140
do gradiente de fertilidade, também foi observado na Bacia Amazônica o "gradiente da 141
amplitude da estação seca" que refere-se ao fato da região noroeste da Bacia Amazônica 142
possuir alta pluviosidade apresentando pouca ou nenhuma estação seca, enquanto que a região 143
leste possui solo bem drenado e sazonalidade moderada, e a região sudoeste possui regime 144
pluviométrico sazonal (Sombroek 2001), essas características limitam a α-diversidade de 145
espécies na floresta pluvial Amazônica (ter Steege et al. 2003). Diante disso, uma pergunta é 146
imperativa: esses gradientes podem explicar a distribuição das frações de carbono na Bacia 147
Amazônica? Nesse estudo avaliamos a seguinte hipótese: A fertilidade do solo e pluviosidade 148
da Bacia Amazônica promovem distinções da distribuição das frações de MOPG, MOPF e 149
DOC. Para isso quantificamos o estoque de MOPG, MOPF, COP e COD exportado em 150
118
riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica, sob diferentes condições de pluviosidade e 151
fertilidade do solo, e relacionamos os resultados com os gradientes pressupostos. 152
153
154
Material e Métodos 155
156
157
Área de estudo 158
159
160
O estudo foi realizado entre os anos de 2009 e 2012, em riachos situados em distintas 161
regiões geomorfológicas da Bacia Amazônica (Quesada et al. 2011). Foram selecionados 162
riachos prístinos nas seguintes localidades: Floresta Nacional do Tapajós/PA (FT), Reserva 163
Florestal do Cuieiras/AM (RFC), Área do Exército - 54 BIS/Humaitá - AM (HM), Fazenda 164
Experimental Catuaba/AC (FEC) e Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los 165
Amigos/província de Madre de Dios, no Peru (CICRA) (Figura 1). 166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
180
Figura 1. Distribuição das áreas de estudo na Bacia Amazônica. Os pontos representam, da 181
direita para a esquerda, Floresta Nacional do Tapajós/PA, Reserva Florestal do Cuieiras/AM, 182
Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM, Fazenda Experimental Catuaba/AC, e Centro de 183
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos - CICRA/província de Madre de Dios, no Peru, 184
respectivamente. 185
119
Durante o período chuvoso o volume e a vazão de água dos riachos de cabeceira 186
aumentam, podendo ampliar a largura dos canais e influenciar as características físicas, 187
químicas e biológicas dos riachos, alterando o ecossistema lótico. Entretanto, em virtude das 188
enormes distâncias e questões logísticas, não foi possível realizar as coletas em ambos os 189
períodos em todos os sítios amostrais. Assim, como as coletas ocorreram em períodos 190
distintos, optou-se por realizar no sítio RFC experimentos em ambos os períodos (seco e 191
chuvoso), servindo assim esta área adicionalmente como área controle, sendo o experimento 192
do período seco codificado como RFC e o experimento do período chuvoso de RFC*. Na 193
Flona Tapajós o experimento foi conduzido em apenas um riacho porque somente esse 194
apresentou condições prístinas e era de baixa ordem; para cada uma das demais localidades o 195
experimento foi realizado em três riachos. Desta forma, incluindo o experimento RFC*, 16 196
observações em riachos foram conduzidas. Em RFC, FEC e CICRA as coletas foram 197
realizadas durante o período seco; em RFC*, FT e HM, as coletas ocorreram durante o 198
período chuvoso. 199
200
201
Métodos de coleta 202
203
204
Para avaliar o estoque de matéria orgânica vegetal depositada no leito do igarapé 205
(MOB) foi utilizado amostrador do tipo Surber (0,09 m2, com malha de 0,25 µm) (Abelho e 206
Graça 1998). Foram coletadas dez amostras mensais ao longo de um trecho de 400 m do leito 207
dos riachos, por três meses. As amostras foram coletadas segundo a disponibilidade da 208
matéria orgânica, ou seja, previamente às coletas o substrato dos trechos era caracterizado e 209
percentualizado. Com base nesse fato, as coletas foram realizadas com intensidade 210
proporcional aos percentuais, assim trechos com maior proporção de bancos de liteira tiveram 211
mais amostras coletadas nesse substrato, trechos que apresentavam menor proporção de 212
ocorrência de raízes tiveram menor proporção de amostras coletadas nesses locais e assim por 213
diante, tentando representar da melhor forma cada leito. As amostras foram levadas para o 214
laboratório e lavadas sequencialmente em peneiras de 1 mm e 0,45 μm. O conteúdo superior a 215
1 mm foi classificado como MOPG, o conteúdo maior que 0,45 μm e menor que 1 mm foi 216
classificado como MOPF. Após a separação as amostras foram secas em estufa a 60 oC até 217
atingirem peso constante, pesadas e trituradas em moinho de café (Cuisinart), para 218
subsequente análise química. As análises de C foram realizadas pelo método Walkley-Black 219
120
(EMBRAPA 2009), na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e nos 220
permitiu determinar dados quantitativos de COPG, COPF e POC (COPG + COPF). 221
Concomitantemente às coletas de MOB foram mensurados os seguintes parâmetros 222
físicos e químicos de cada riacho: pH da água (YSI 60); % O2; condutividade (YSI 85); fluxo 223
de água (FP101 Global Flow Probe/Global Water); largura e profundidade com auxílio de 224
trena. 225
Para quantificar o carbono orgânico dissolvido (COD), em cada riacho estudado foram 226
coletadas mensalmente nove amostras de água de 25 mL utilizando uma seringa, totalizando 227
27 amostras para cada riacho. Estas amostras foram filtradas por meio de um filtro calcinado 228
de vidro (Whatman tipo GF/F), com porosidade nominal de 0,7 μm, acondicionadas em frasco 229
de vidro pré-calcinado, e preservadas com HgCl2 a uma concentração final de Hg de 300 μm. 230
O COD foi analisado no equipamento Total Organic Carbon Analyzer (TOC-VCPH) da 231
marca Shimadzu, no Laboratório de Águas da Coordenação de Pesquisas em Recursos 232
Hídricos e Clima – CPRHC/INPA, Manaus/Amazonas. 233
Para avaliar se havia diferenças nas características físicas e químicas entre os riachos, 234
nas frações de MOPG, MOPF e COD entre locais e para comparar as frações entre os 235
períodos seco e chuvoso foram feitas análises de Variância (ANOVA), sendo utilizadas como 236
variáveis independentes localidades e período sazonal e como variáveis dependentes as 237
frações de matéria orgânica. Para observar se havia uma relação entre a vazão e as frações de 238
matéria orgânica, entre o pH e a concentração de COD foram realizadas regressões lineares 239
simples. Utilizamos o método analítico exploratório multidimensional Análise de 240
Correspondência Canônica (CCA), que relaciona uma matriz de dados de espécies, no nosso 241
caso representado pela distribuição de COD, COPF e COPG, a uma matriz de dados 242
ambientais, representada pela fertilidade do solo e pluviosidade; após a CCA foi realizado um 243
teste de permutação para avaliar a significância da CCA, das variáveis e dos eixos avaliando a 244
influência das variáveis fertilidade do solo e pluviosidade na distribuição de COD, COPF e 245
COPG. Avaliamos a pluviosidade tanto para o período estudado de três meses quanto para o 246
período de um ano. Os dados de fertilidade do solo foram retirados da literatura (Malhi et al. 247
2006), os dados de pluviosidade nacionais foram obtidos no Instituto Nacional de 248
Meteorologia/INMET (www.inmet.gov.br) e os dados de pluviosidade do Peru foram obtidos 249
no Instituto de Meteorologia Peruano METAR (www.corpac.gob.pe). As análises foram 250
realizadas no programa R (2012), utilizando o pacote estatístico Vegan (Oksanen et al. 2010) 251
e Systat 11 (Wilkinson 2004). 252
121
253
254
Resultados 255
256
257
Matéria orgânica particulada e dissolvida por estação 258
259
Amostras coletadas durante a estação seca foram realizadas na Reserva Florestal do 260
Cuieiras/AM (RFC), na Fazenda Experimental Catuaba/AC (FEC) e no Centro de 261
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru (CICRA), amostras coletadas durante a 262
estação chuvosa foram realizadas na Reserva Florestal do Cuieiras/AM (RFC), na Flona 263
Tapajós/PA (FT) e na Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM (HM). Ao analisamos as 264
amostras por período coletado, em ambas as estações as maiores concentrações de carbono 265
orgânico foram encontradas na forma particulada grossa (CPOG), seguida por COPF e COD; 266
a razão COD/COP apresentou uma relação de 10-4
(Tabela 1). 267
122
268
Tabela 1. Valores médios e desvios padrão do estoque de matéria orgânica particulada (MOP), particulada grossa (MOPG) e 269
particulada fina (MOPF), carbono orgânico dissolvido (COD) exportado, carbono orgânico particulado (COP) estocado e razão 270
COD/COP dos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do 271
Cuieiras/AM; FEC = Fazenda Experimental Catuaba/AC; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; FT 272
= Floresta Nacional do Tapajós/PA; HM = Área do Exército - 54 BIS/Humaitá/AM; RFC* = Reserva Florestal do Cuieiras/AM durante 273
o período chuvoso. 274
275
276
277
278
279
280
281
282
283
284
Período MOP
(g m-2
mês-1
)
MOPG
(g m-2
mês-1
)
MOPF
(g m-2
mês-1
)
COD
(mg L-1
)
COP
(%)
COD/COP
(10-4
%)
RFC Seco
393,9 + 133,4 351,4 + 133,2 42,6 + 18,1 2,7 + 0,4 65,3 + 3,0 0,4 + 0,1
FEC Seco 842,2 + 126,3 638,3 + 97,7 203,8 + 68,4 1,8 + 0,1 45,6 + 4,1 0,4
CICRA Seco 158,7 + 33,2 145,8 + 30,2 12,9 + 4,9 3,1 + 0,7 43,3 + 12,3 0,7 + 0,2
FT Chuvoso 439,0 + 117,3
374,5 + 111,1 64,5 + 10,5 0,8 + 0,1 57,1 + 3,3 0,1
HM Chuvoso 793,7 + 471,1 547,4 + 265,2 246,3 + 224,0 4,4 + 1,1 54,5 + 3,9 0,8
RFC* Chuvoso 553,1 + 177,1 484,6 + 167,5 68,4 + 39,6 13,4 + 2,7 50,6 + 5,3 1,8 + 1,4
123
Para as coletas realizadas em RFC, FEC e CICRA (estação seca), todas as frações 285
apresentaram variação significativa entre as localidades (COPG p < 0,001, F = 101,07; COPF 286
p < 0,001, F = 26,73; COD p < 0,001, F = 16,96). Para coletas realizadas em FT, HM e RFC* 287
(estação chuvosa) novamente todas as frações variaram em função da localidade (COPG p < 288
0,001, F = 19,2; COPF p = 0,007, F = 6,55; COD p < 0,001, F = 12,39). Para MOP (MOPG + 289
MOPF), durante a estação seca, os maiores valores foram encontrados na Fazenda 290
Experimental Catuaba/AC, seguida pela Reserva Florestal do Cuieiras/AM e Centro de 291
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; os maiores valores de COP não 292
apresentaram a mesma tendência que MOP, indicando que a maior proporção de matéria 293
orgânica não implica necessariamente em maior concentração de carbono nesta. Durante a 294
estação chuvosa os maiores valores de MOP foram encontrados na Área do Exército em 295
Humaitá/AM, seguidos pela Reserva Florestal do Cuieiras/AM e Flona Tapajós/PA, 296
novamente valores de COP não mostraram a mesma tendência que MOP. Os maiores valores 297
de DOC não seguiram a mesma sequência sendo CICRA > RFC > FEC durante a estação seca 298
e RFC* > HM > FT na estação chuvosa. 299
Em relação às localidades as variáveis pH, % oxigênio dissolvido, largura, 300
profundidade e vazão da água, variaram significativamente durante a estação seca (ANOVA, 301
p = 0,006 para largura e p < 0,001 para todas as outras variáveis), o fluxo da água, 302
condutividade e temperatura não apresentaram variação significativa. Durante a estação 303
chuvosa, também em relação às localidades fluxo e temperatura não apresentaram variação 304
significativa (ANOVA, p = 0,1 para ambos), todas as outras variáveis apresentaram diferença 305
significativa entre os localidades (ANOVA, p < 0,01 para todos). Dentre as localidades 306
analisadas durante a estação seca os riachos da Reserva Florestal do Cuieiras/AM 307
apresentaram os maiores valores % de oxigênio dissolvido na água, maior condutividade e 308
maior largura, os riachos da Fazenda Experimental Catuaba/AC apresentaram os maiores 309
valores para pH, temperatura, profundidade, fluxo e vazão; durante o período chuvoso, os 310
riachos da Flona Tapajós/PA apresentaram maiores teores de condutividade e concentração de 311
oxigênio dissolvido, os riachos da área do exército em Humaitá/AM apresentaram maior pH, 312
temperatura, profundidade, fluxo, largura e vazão (Tabela 2). 313
314
124
315
Tabela 2. Valores médios e desvios padrão das características físicas e químicas dos riachos de baixa ordem da Bacia Amazônica 316
estudados entre os anos de 2009 e 2012. RFC = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; FT = Floresta Nacional do Tapajós/PA; FEC = 317
Fazenda Experimental Catuaba/AC; HM = Área do Exército - 54 BIS/ Humaitá/AM; CICRA = Centro de Investigación y Capacitacíon 318
Rio Los Amigos/Peru. 319
320
321
322
323
324
325
326
327
328
329
330
331
332
333
334
§= coletas realizadas durante período chuvoso; * = coletas realizadas durante o período seco; a = dados de www.inmet.gov.br e www.pt.allmetsat.com/metar-taf ; b = dados retirados de 335
Malhi et al. 2006; c = dados retirados de Quesada et al. 2011. 336
337
RFC§ FEC
§ CICRA
§ FT* HM* RFC*
pH 4,0 + 0,3 6,4 + 0,8 5,6 + 0,4 4,7 + 1,7 5,4 + 0,2 4,2 + 0,4
%O2 48,5 + 11,1 43,3 + 12,6 17,4 + 0,7 43,7 + 2,7 32,5 + 3,3 12,1 + 0,8
Condutividade
(µ S cm-1
)
11,4 + 1,8 8,8 + 2,5 10,9 + 3,7 22,5 + 0,5 8,3 + 0,3 15,0 + 1,4
Temperatura (oC) 25,6 + 0,3 26,2 + 1,8 22,3 + 2,0 25,3 +0,3 26,0 + 0,8 25,0 + 0,1
Profundidade (m) 0,2 + 0,1 0,3 0,1 0,1 + 0,1 0,5 + 0,2 0,4 + 0,1
Fluxo (m s-1
) 1,0 + 1,4 0,2 0,2 0,12 + 0,1 0,2 0,2
Largura (m) 1,6 + 0,6 1,5 + 0,6 1,0 + 0,1 1,6 + 0,2 3,2 + 1,2 2,4 + 1,1
Vazão (m3 s
-1) 0,14 + 0,05 0,1 + 0,04 0,01 + 0,01 0,05 + 0,01 0,37 + 0,22 0,11 + 0,05
Pluviosidade (mm
ano-1
)a
1958,5 1742,3 4027,0* 2003,2 2048,3 2779,0
Pluviosidade no
período de coletasa
187,1 334,1 344,0 687,2 603,7 735,4
Fertilidade do solob
baixa média alta baixa média/baixa baixa
Tipo de soloc podzol acrisol fluvisol ferralsol gleysol podzol
Período de coleta set-dez ago-nov ago-out abr-jul fev-mai nov-fev
ano 2009 2010 2011 2010 2011 2011/2012
Local/país
Amazonas/BR Acre/BR Madre de
Dios/PE
Pará/BR Amazonas/BR Amazonas/BR
125
Ao realizarmos a Análise de Correspondência Canônica (CCA) observamos que as 338
frações de carbono (COPG, COPF e COD) apresentaram sua distribuição em função da 339
fertilidade do solo e da pluviosidade durante o período seco (χ2 = 0,02, F = 70,5, p = 0,01, 340
com siginificância de ambos os eixos de p = 0,01), CICRA foi o local cujas frações de matéria 341
orgânica receberam a maior influência da fertilidade do solo e CICRA e FEC receberam 342
maior influência da pluviosidade (Figura 2A). No período chuvoso fertilidade do solo e 343
pluviosidade também explicaram a distribuição das frações de carbono (χ2 = 0,05, F = 20,0, p 344
= 0,01, com siginificância de ambos os eixos de p = 0,01) atenção especial é dada para HM 345
que recebeu maior influência da fertilidade e RFC* e HM que receberam maior influência da 346
pluviosidade (Figura 2B). 347
348
126
349
350
351
352
353
354
355
356
357
358
359
360
Figura 2. Diagrama de ordenação das frações de carbono orgânico (particulado grosso, particulado fino e dissolvido), nos dois eixos de 361
ordenação produzidos pela Análise de Correspondência Canônica (CCA); coletadas na Bacia Amazônica, durante três meses; entre os 362
anos de 2009 e 2012. A = estação seca: 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 5 = Centro de 363
Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru; B = estação chuvosa: 2 = Floresta Nacional do Tapajós/PA; 4 = Área do Exército - 364
54 BIS/Humaitá/AM; 6 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; fert = fertilidade do solo; pluvII = pluviosidade. 365
A B
127
366
367
Matéria orgânica particulada e dissolvida em todas as localidades 368
369
370
Ao analisarmos todos os locais juntos as maiores frações de matéria orgânica foram 371
encontradas na forma particulada grossa (MOPG), seguida por MOPF e COD e todas as 372
frações apresentaram variação significativa entre localidades (MOPG p < 0,001, F = 8,1; 373
MOPF p = 0,04, F = 2,1; COD p < 0,001, F = 675,9). Para os valores de MOP (MOPG + 374
MOPF) os maiores valores foram encontrados em FEC e HM, seguidos por RFC*, FT, RFC e 375
CICRA. 376
Os maiores valores de COD foram encontrados em RFC* seguido por HM, CICRA, 377
RFC, FEC e FT. Entre as variáveis pH, % oxigênio dissolvido, condutividade, temperatura, 378
largura, profundidade, fluxo e vazão apenas o fluxo não apresentou variação significativa 379
entre os locais (ANOVA, p = 0,9). Para todas as outras variáveis encontramos variação 380
significativa desses fatores (ANOVA, p < 0,001). A RFC apresentou os menores valores de 381
pH (para ambos períodos seco e chuvoso) (Tabela 2), sendo os riachos classificados como 382
tendo pH ácido; A FEC apresentou os maiores valores de pH sendo o único local que 383
apresentou riachos com águas básicas. Os teores da % de O2 dissolvido foram maiores para 384
RFC e menores para RFC*. A condutividade foi maior em FT e menor em HM. A vazão foi 385
maior em HM e menor em CICRA. 386
As frações de COP e COD apresentaram variação significativa entre localidades (p < 387
0,001). O COP variou significativamente em função do pH (p = 0,006, F = 8,4, r2 = 0,2), com 388
a porcentagem de O2 dissolvido (p = 0,003, F = 9,6, r2 = 0,2) e com a temperatura (p = 0,03, F 389
= 4,7, r2 = 0,1) o COD variou em função do pH (p = 0,003, F = 9,9, r
2 = 0,2) e da 390
porcentagem de O2 dissolvido (p < 0,001, F = 18,4, r2 = 0,3). Ao realizarmos a CCA 391
observamos que as frações de carbono (COPG, COPF e COD) apresentaram sua distribuição 392
em função da pluviosidade (χ2 = 0,02, F = 26,5, p = 0,01, com siginificância de ambos os 393
eixos de p = 0,01), RFC*, HM e CICRA foram os locais onde as frações de matéria orgânica 394
receberam maior influência da pluviosidade (Figura 3). 395
128
-1 0 1 2 3 4
-2
-1
0
1
2
CCA1
CA
1
+CPOC
DOC
0pluvII1
1
1 11
111
1
222
3 33
3
3
3
33
3
44
44
44
4
4 45
55
5
5
5
55
5
6
6
6
6
6
6
6
6
6
396
397
398
399
400
401
402
403
404
405
406
407
Figura 3. Diagrama de ordenação das frações de carbono orgânico (particulado grosso, 408
particulado fino e dissolvido), nos dois eixos de ordenação produzidos pela Análise de 409
Correspondência Canônica (CCA); coletadas na Bacia Amazônica, durante três meses, entre 410
os anos de 2009 e 2012. 1 = Reserva Florestal do Cuieiras/AM; 2 = Floresta Nacional do 411
Tapajós/PA; 3 = Fazenda Experimental Catuaba/AC; 4 = Área do Exército - 54 412
BIS/Humaitá/AM; 5 = Centro de Investigación y Capacitacíon Rio Los Amigos/Peru, fert = 413
fertilidade do solo; pluv II = pluviosidade. 414
415
416
Matéria orgânica particulada e dissolvida entre estações 417
418
419
Quando avaliamos apenas RFC e RFC* observamos variação significativa entre os 420
teores de % de oxigênio dissolvido (p < 0,001) e condutividade (p = 0,003) entre os períodos, 421
além de variações na temperatura (p < 0,001), largura (p = 0,005) e profundidade (p < 0,02), o 422
que se refletiu em diferenças significativas nas frações de MOP, COP e COD (p = 0,04, F = 423
4,6; p < 0,001, F = 52,7 e p < 0,001, F = 22,2, respectivamente); novamente não foram 424
observadas variações no fluxo e vazão da água. Maiores concentrações de MOP foram 425
129
encontradas durante a estação seca (RFC), e maiores concentrações de COD foram 426
encontradas durante a estação chuvosa (RFC*). 427
428
429
Discussão 430
431
432
As maiores frações de matéria orgânica foram encontradas na forma particulada grossa 433
(MOPG), seguida por particulada fina (MOPF) e dissolvida (COD), intra períodos (seco e 434
chuvoso) e para todas as localiaddes juntas. Riachos de cabeceira tendem a possuir muitas 435
estruturas que agem como obstáculos como raízes, troncos, galhos, bancos de areia e de 436
vegetação, promovendo uma alta retenção (Webster et al. 1994; Abelho 2001; Gomi et al. 437
2002). Além disso, a área superficial e comprimento relativamente grande desses riachos de 438
cabeceira os tornam zonas coletoras de MOPG (Golladay 1997), como é o caso dos riachos do 439
presente estudo, que permanecem por mais de 7 km como riachos de baixa ordem, possuindo 440
assim uma extensa área captadora de matéria orgânica nas diversas frações. Segundo Speaker 441
et al. (1984) e Cushing et al. (1993) a MOP tende a ficar retida nas primeiras 3 horas após a 442
sua entrada em riachos de cabeceira, podendo causar um acúmulo de até 90% da MOPG que 443
entra no canal (Canhoto e Graça 1998), explicando assim os seus altos valores encontrados no 444
presente estudo. 445
A MOPF, apesar de também tender a ficar retida nas primeiras horas, quando 446
ressuspendida pode ser transportada por trechos de 4 a 8 km (Cushing et al. 1993), sendo mais 447
facilmente exportada, justificando assim os menores valores obtidos, em comparação à 448
MOPG. A concentração da matéria orgânica estocada no leito de riachos da região 449
Amazônica se mostrou superior à encontrada em um riacho remanescente de Mata 450
Atlântica/Brasil avaliado por França et al. (2009) durante nove meses, cujo valor encontrado 451
foi de 138 + 57 g m-2
mês-1
, mas foi inferior ao que foi mencionado por Jones (1997) 452
comparando trabalhos realizados em 31 riachos, com dados coletados durante dois anos, nos 453
Estados Unidos e sudeste do Canadá, onde a variação foi de 20 g MOB m-2
ano-1
até 35.000 g 454
MOB m-2
ano-1
ocasionada por variações na latitude, precipitação e características hidráulicas 455
e morfológicas dos riachos. 456
A razão COD/COP se apresentou muito baixa, indicando que os valores de COP foram 457
muito superiores aos de COD. Neste estudo os dados de COP representam o material estocado 458
130
no leito. Na Bacia Amazônica existem dados de COD e COP exportados derivados dos 459
trabalhos de Richey et al. (1980), Schlesinger e Melack (1981), Richey et al. (1990), Hedges 460
et al. (2000) e Johnson et al. (2006). O COP estocado geralmente apresenta valores superiores 461
àqueles registrados para COP exportado, isso porque a exportação da matéria orgânica, ou 462
transporte, ocorre, geralmente, na forma particulada fina (< 0.1 mm), o que excluiria as 463
partículas de MOPG (Sedell et al. 1978; Wallace et al. 1982; Golladay 1997). Portanto, a 464
ausência de trabalhos que relatem valores de estoque bêntico impede maiores comparações 465
com nossos resultados. A diferença entre as frações de COP e COD pode ser um indicativo de 466
que a matéria orgânica dos riachos estudados é altamente recalcitrante, dificultando assim a 467
sua transformação nas frações particulada fina e dissolvida (Bilby e Likens 1979; Alvarez-468
Cobelas et al. 2012). 469
Observamos maiores concentrações para COD na Reserva Florestal do Cuieiras/AM 470
no período chuvoso (RFC*), cerca de 300 % superior à concentração observada na Área do 471
Exército - 54 BIS/Humaitá/AM (HM). Acreditamos que as maiores concentrações de COD 472
encontradas em RFC* e HM em relação a FT se devam à precipitação no dia de coleta, em 473
RFC a precipitação variou entre 7 e 35 mm por dia e em HM variou entre 4 e 21 mm, 474
enquanto em FT/PA a precipitação foi inferior a 8 mm diários de chuva nos dias coletados. 475
Mas não explica os altos valores de RFC*, acreditamos que estes sejam oriundos do 476
lixiviamento de ácidos orgânicos da vegetação e do solo, como mencionado em literatuta 477
(Mulholland et al. 1990; Austnes et al. 2010; Tobón et al. 2004; Kawasaki et al. 2005; 478
Alvarez-Cobelas et al. 2012), tendo em vista que a floresta envolvendo os riachos de RFC* é 479
mais densa do que a floresta envolvendo os riachos de HM, no entanto, não mensuramos o 480
COD externo ao canal, dificultando assim, uma maior compreensão sobre variações nos 481
teores de COD. Segundo Kawasaki et al. (2008), durante os períodos de seca, a infiltração 482
vertical de COD é insignificante. Assim o COD das águas subterrâneas é o que mais 483
influencia sua concentração em riachos, apresentando baixas concentrações (Moore 1989). As 484
coletas em RFC, FEC e CICRA ocorreram durante secas prolongadas, com pluviosidade ao 485
longo dos três meses de coleta de 187, 334 e 344 mm, respectivamente, o que pode explicar as 486
baixas concentrações de COD medidos nesses locais. Dentre essas localidades CICRA foi a 487
área que apresentou as maiores concentrações de COD, tendo os três riachos desse local 488
apresentado volumes de água muito pequenos, com colunas de água médias menores do que 489
10 cm, menos da metade da coluna de água das demais localidades durante a estação seca. 490
131
Segundo Johnson et al. (2011) a diminuição do fluxo pode levar ao aumento dos valores de 491
COD. 492
A relação da MOPG com a vazão corrobora os resultados de Magana e Bretschko 493
(2003) e Small et al. (2008), assim como a relação entre COD e vazão corroboram Johnson et 494
al. (2006), Austnes et al. (2010) e Alvarez-Cobelas et al. (2012). Nossos resultados também 495
mostraram uma relação entre COD e pH, corroborando o que foi observado por Paradise e 496
Kuhn (1999), Norström et al. (2010) e Pace et al. (2012), que observaram uma relação 497
inversamente proporcional entre COD e pH; isso porque quando o COD é de origem terrestre, 498
forma compostos húmicos, que são ácidos, então quanto maior a concentração dessas formas 499
de carbono (comum em florestas) maior será a acidificação da água, diminuindo o pH do 500
meio. Isso explicaria o fato de RFC e FT, ambos com baixo pH, não apresentarem as maiores 501
concentrações de COD, demonstrando que, não é o pH em si, que influencia os valores de 502
COD, mas que outros fatores estão atuando na determinação das concentrações de COD. As 503
diferenças significativas observadas nas frações de COP e COD na área considerada controle 504
(RFC x RFC*), tendo em vista as variáveis que se mostraram diferentes entre períodos (% de 505
oxigênio dissolvido, condutividade e temperatura), indicam que, provavelmente, fatores 506
externos aos riachos promovam essas diferenças, como aporte diferenciado de matéria 507
orgânica (Luizão e Schubart 1987) e percolação de COD devido à lavagem de folhas durante 508
eventos de precipitação (Brinson 1976; Mulholland et al. 1990; Tobón et al. 2004). 509
Ambos os gradientes explicam a distribuição de espécies arbóreas e segundo nossos 510
resultados ocasionam diferenças na distribuição das frações da matéria orgânica. Segundo 511
Malhi et al. (2004) as florestas localizadas na porção ocidental da Bacia são mais dinâmicas, 512
com árvores jovens e de crescimento rápido, apresentando menor densidade de troncos que a 513
região central e leste da Bacia, essa variabilidade é observada também na produtividade da 514
floresta. Essa variação na produtividade da floresta foi refletida no estoque de matéria 515
orgânica bêntica nos riachos estudados. Os padrões de precipitação também promovem 516
distinas composições na comunidade de árvores (ter Steege et al. 2003), e consequentemente 517
variações na produtividade da floresta, o que se refletiu na MOB. Assim confirmamos que 518
riachos de cabeceira são ecossistemas abertos, fortemente influenciados pela vegetação e solo 519
da região de entorno (Kaushik e Hynes 1971; Fisher e Likens 1973; Acuña et al. 2007; Duval 520
e Hill 2007). Isso pode ser observado principalmente para os valores de MOPG e MOPF que, 521
mesmo em locais onde essas frações apresentaram baixa concentração, como em CICRA, o 522
padrão de distribuição pela fertilidade e pluviosidade foi mantido. 523
132
A maioria dos trabalhos sobre quantificação do carbono orgânico concentra-se nas 524
formas de carbono exportado. Como destacado por Wallace et al. (1982) isso compromete 525
estimativas pois estas consideram a MOP < 0.1 mm, quantificando apenas MOPF e MOD. Os 526
resultados deste trabalho nos revelam que menos de 50% do carbono é realmente computado 527
quando levamos em consideração apenas essas duas frações, e que percentagens ainda 528
menores são representadas quando consideramos apenas o carbono exportado, 529
menosprezando o carbono estocado. Desta forma, trabalhos que enfatizem também o COPG 530
estocado no leito de riachos permitem estimativas mais precisas das concentrações de carbono 531
em ecossistemas aquáticos, viabilizando uma extrapolação dos resultados obtidos em termos 532
do balanço global de carbono. Finalmente, observando os valores encontrados das frações de 533
matéria orgânica, que variaram entre 160 e 845 g C m-2
mês -1
, para estes riachos, e tendo em 534
vista a extensa rede de drenagem da Bacia Amazônica pode-se dimensionar a importância de 535
uma melhor compreensão sobre a matéria orgânica, não só para melhor elucidação do papel 536
dos riachos no ciclo do carbono, como também a importância da manutenção das zonas 537
ripárias tendo em vista a sua influência na cadeia de detritos e de toda uma teia alimentar. 538
539
540
Conclusões 541
542
543
Concluímos que a MOPG foi a fração dominante em todos os locais, seguida por 544
MOPF e COD. A distribuição das frações de matéria orgânica foi explicada pelos padrões de 545
precipitação e fertilidade do solo da Bacia Amazônica, indicando que ecossistemas aquáticos 546
são fortemente influenciados pela vegetação e solo da região de entorno. Os resultados deste 547
trabalho nos revelam que as estimativas para quantificação de carbono na Bacia Amazônica 548
em termos do balanço global de carbono podem estar subestimadas, por considerarem frações 549
de carbono orgânico que representam menos de 50% do carbono estocado e transportado nos 550
leitos dos riachos. 551
552
553
Agradecimentos 554
555
556
Agradecemos aos projetos e programas LBA, MAUA/Grupo de Ecologia, 557
Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas, RAINFOR, Cenários, CNPq/Edital 558
133
Universal e à CAPES pelo apoio logístico e financeiro; ao Paulo Pinto, Milton Oliveira, Sr 559
Robson Benevituno, Demétrio Araújo, Antônio Nina, Yamileth Arteaga, Osmar Barbosa e 560
Romilda Paiva, pelo auxílio em campo, à Urânia Cavalcante pela ajuda com as amostras de 561
RFC Ao Beto Quesada pela ajuda na escolha das áreas para execução do trabalho, à Sandra 562
Tapia-Coral e Erick Oblitas pelo auxílio à escolha da área peruana, ao Wallace Costa pelo 563
auxílio na manutenção dos equipamentos, aos Jonis Souza e Carmen Conrado pela execução 564
das análises de DOC, à Adriana Castro pela ajuda com a técnica de coletas de DOC e Nilma 565
França pelo empréstimo de reagentes. 566
567
568
Bibliografia citada 569
570
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764
765
140
SÍNTESE
Nossos resultados mostraram que o aporte lateral foi elevado, indicando sua relevância
para a entrada de matéria orgânica em riachos de cabeceira Amazônicos. Evidenciamos a
ocorrência de maior aporte durante a estação seca ao avaliarmos a Reserva Florestal do
Cuieiras/AM, nossa área controle, corroborando outros autores (Luizão e Schubart 1987;
Silva et al. 2009). E, na região Amazônica, a fração folhas também foi dominante em todas as
localidades como observado em outras regiões do mundo (Fioretto et al. 2003; Dent et al.
2006; França et al. 2009; Kanasashi e Hattori 2011).
Apesar do P ser mencionado como indicador da fertilidade do solo (Aragão et al. 2009;
Quesada et al. 2012), limitando a produtividade em florestas tropicais e sua diversidade
(Vitousek e Sanford; 1986; Laurance et al. 2010), nossos resultados indicaram que não só o P,
como todos os nutrientes avaliados, não apresentaram, individualmente, nenhuma relação com
o aporte lateral. Mas o conjunto de nutrientes se mostrou eficiente para inferir sobre a
fertilidade do solo. Em geral podemos dizer que a fertilidade do solo influenciou a
distribuição das frações de folhas e galhos em locais pobres em nutrientes (FT, RFC e HM), e
a pluviosidade se mostrou um forte parâmetro para a distribuição dessas frações em todos os
locais. Acreditamos que a pluviosidade age como um potencializador do aporte lateral, porque
está associada a alterações de ventos e tempestades aumentando a perda de folhas e galhos
(Silva et al. 2009). Nossos resultados corroboram Dent et al. (2006), que mostraram que áreas
com baixa fertilidade apresentaram baixas concentrações de nutrientes na liteira. Além de
corroborar a relação observada por Keeling e Phillips (2007) que prevê uma relação direta
entre a produtividade e a biomassa para locais com baixa fertilidade do solo.
A retentividade da folhas se mostrou diferente entre as localidades. Mas todos os
riachos apresentaram alta retentividade, o que era esperado por se tratarem de riachos de baixa
ordem da Bacia Amazônica, sob forte influência da vegetação da floresta na qual estão
inseridos (Webster et al. 1994; Canhoto e Graça 1998; Abelho 2001; Gomi et al. 2002). Em
média, os riachos de HM apresentaram a menor retenção e os riachos de CICRA apresentaram
a maior retentividade. Muitos estudos têm demonstrado que a retenção da MOPG está
relacionada com a quantidade de galhos e folhas acumulados no canal, e sua reduzida
141
concentração implica em uma menor retenção (Bilby e Likens 1980; Canhoto e Graça 1998;
Larned 2000). Os resultados do presente estudo corroboram essas observações, visto que
nossos resultados indicam que a frequência de obstáculos, assim como a coluna de água livre
influenciam a retenção. Essas duas variáveis influenciam diretamente a probabilidade de uma
folha encontrar um obstáculo (Webster et al. 1994).
Embora alguns estudos mostrem que a vazão é um fator determinante para explicar a
retenção (Ehman e Lambert 1992; Steart et al. 2002; Larrañaga et al. 2003), não observamos
tal padrão, indicando que os mecanismos que causam essa maior retenção ainda não são
claros. Mas o fluxo, diferentemente da vazão, foi uma das variáveis capazes de explicar o
transporte de folhas, por influenciar a probabilidade da partícula se desprender de um eventual
obstáculo. Também é demonstrado na literatura um distinto padrão de retenção conforme a
sazonalidade e as chuvas fortes (Webster et al. 1987; Ehman e Lambert 1992; Raikow et al.
1995; Webster et al. 1994). No presente estudo, apesar da sazonalidade ter influenciado as
curvas de transporte, ela, por si só, não foi um fator capaz de explicá-lo, por apresentar uma
relação controversa quando analisamos apenas nossa área controle (RFC x RFC*). Os
gradientes de fertilidade do solo e pluviosidade também influenciam o transporte e retenção
de folhas nos riachos amazônicos, indicando que esses gradientes promovem diferenças nas
características intrínsecas dos riachos ao longo da Bacia, sendo capazes de interferir no
metabolismo dos mesmos.
As duas espécies de folhas utilizadas no experimento de decomposição apresentaram
diferenças no processamento, H. spruceana se decompôs mais rapidamente que I. juruensis.
A massa remanescente diferiu entre espécies e localidades ao longo do tempo do experimento.
A relação encontrada entre massa remanescente e a concentração de nitrogênio, a
concentração de fósforo e Log da razão C:N sugerem que a decomposição é limitada pela
viabilidade destes nutrientes nas folhas, como já foi observado por outros autores (López et
al. 2001; Rejmánková e Houndková 2006). No entanto, talvez os teores de P e N encontrados
nas águas destes riachos não sejam um fator limitante para a fauna microbiológica, visto que
os maiores teores de P e N observado em I. juruensis não pomoveram sua maior fragmentação
(Ardón et al. 2006). Além das características das folhas a localidade também influenciou o
processo de decomposição. Não somente as variáveis físicas dos riachos, mas também as
variáveis químicas da água indicaram que os nutrientes na água dos riachos promovem
mudanças químicas nestes, tornado-os distintos uns dos outros. Diferenças que puderam ser
refletidas no processamento da matéria orgânica. Nossos resultados demonstram uma
142
tendência do pH influenciar negativamente o processo de decomposição, FEC, foi o local que
apresentou o maior pH e decomposição mais lenta, e RFC e FT foram locais com pH mais
baixo e decomposição mais acelerada. Porém acreditamos que este fator sozinho não é o
melhor preditor do processo. Os nutrientes na água variaram em função da fertilidade do solo
e pluviosidade, corroborando nossa hipótese. A influência da fertilidade do solo foi mais
evidênciada nos locais que apresentam fertilidade variando de alta a média/baixa (Malhi et al.
2006). A influência da pluviosidade foi mais evidente em locais que apresentam sazonalidade
moderada. Em outras palavras, nossos resultados mostram que riachos de cabeceira são
ecossistemas abertos, fortemente influenciados pelos sistemas adjacentes como mencionado
por vários autores (Kaushik e Hynes 1971; Fisher e Likens 1973; Acuña et al. 2007). No
entanto, observamos que os gradientes tiveram uma relação oposta ao processo de
decomposição, ou seja, RFC e FT, que não se mostraram influenciados por esses gradientes se
decompuseram mais rapidamente, possivelmente indicando que os nutrientes promovidos
tanto pela pluviosidade quanto pela fertilidade do solo os tornam menos limitantes
nutricionalmente. Ou seja, novamente estamos tendenciados a acreditar que o conjunto de
nutrientes, e não cada nutriete individualmente, indicariam melhor o processo de
decomposição. Então, acreditamos que a interação dos nutrientes crie condições que
propiciem uma decomposição mais acelerada ou retardada.
As maiores frações de matéria orgânica foram encontradas na forma particulada
grossa, seguida por particulada fina e carbono orgânico dissolvido, intra períodos (seco e
chuvoso) e entre todas as localidades, demonstrando novamente a alta retentividade desses
corpos de água. A área superficial e comprimento relativamente grande desses riachos de
cabeceira os tornam zonas coletoras de MOPG (Golladay 1997). Os riachos do presente
estudo permanecem por mais de 7 km como riachos de baixa ordem, possuindo, assim, uma
extensa área captadora de matéria orgânica nas diversas frações. Segundo Speaker et al.
(1984) e Cushing et al. (1993) a MOP tende a ficar retida nas primeiras 3 horas após a sua
entrada em riachos de cabeceira, podendo causar um acúmulo de até 90% da MOPG que entra
no canal (Canhoto e Graça 1998), explicando assim os seus altos valores encontrados no
presente trabalho. Já a MOPF, apesar de também tender a ficar retida nas primeiras horas,
quando ressuspendida pode ser transportada por trechos de 4 a 8 km (Cushing et al. 1993),
sendo mais facilmente exportada, justificando assim os menores valores obtidos, em
comparação à MOPG. A razão COD/COP se apresentou muito baixa, indicando que os
valores de COP (carbono orgânico particulado) foram muito superiores aos de COD (carbono
143
orgânico dissolvido). Neste estudo os dados de COP representam o material estocado no leito.
Na Bacia Amazônica existem dados de COD e COP exportados derivados dos trabalhos de
Richey et al. (1980), Schlesinger e Melack (1981), Richey et al. (1990), Hedges et al. (2000)
e Johnson et al. (2006). O COP estocado geralmente apresenta valores superiores àqueles
registrados para COP exportado, isso porque a exportação da matéria orgânica ocorre,
geralmente, na forma particulada fina (< 0.1 mm), o que excluiria as partículas de MOPG
(Sedell et al. 1978). Portanto, a ausência de trabalhos que relatem valores de estoque bêntico
impede maiores comparações com nossos resultados. A grande diferença entre as frações de
COP e COD pode ser um indicativo de que a matéria orgânica dos riachos estudados é
altamente recalcitrante, dificultando assim a sua transformação nas frações particulada fina e
dissolvida (Bilby e Likens 1979; Alvarez-Cobelas et al. 2012).
A maior concentração de COD observada em RFC* nos indica, que a pluviosidade
exerce uma forte influência nessa fração de matéria orgânica, por proporcionar o maior
lixiviamento de ácidos orgânicos do sistema foliar e material orgânico, da floresta adjacente
como mencionado na literatura (Austnes et al. 2010; Tobón et al. 2004; Kawasaki et al. 2005;
Alvarez-Cobelas et al. 2012), no entanto, a ausência de medidas de COD externo ao canal,
dificultam compreensões mais aprofundadas. Já na estação seca, segundo Kawasaki et al.
(2008), a infiltração vertical de COD é insignificante, e o COD das águas subterrâneas é o que
mais influencia sua concentração em riachos, apresentando assim baixos valores (Moore
1989). As coletas em RFC, FEC e CICRA ocorreram durante secas prolongadas, o que pode
explicar as baixas concentrações de COD nessas localidades. Dentre elas CICRA foi a
localidade que apresentou as maiores concentrações de COD, tendo os três riachos desse local
apresentado volumes de água muito pequenos, com colunas de água médias menores do que
10 cm, menos da metade dos valores encontrados nos outros locais durante o período seco, o
que pode explicar os maiores valores de COD, conforme salientado por Johnson et al. (2011).
As diferenças significativas observadas nas frações de COP e COD na área considerada
controle (RFC x RFC*), tendo em vista as variáveis que se mostraram diferentes entre
períodos (% de oxigênio dissolvido, condutividade e temperatura), indicam que,
provavelmente, fatores externos aos riachos promovam essas diferenças, como aporte
diferenciado de matéria orgânica (Luizão e Schubart 1987) e percolação de COD devido à
lavagem de folhas durante eventos de precipitação (Brinson 1976; Tobón et al. 2004).
Ambos os gradientes explicam a distribuição de espécies arbóreas. Essa variabilidade
é observada também na produtividade da floresta, e segundo nossos resultados ocasionam
144
diferenças na distribuição das frações da matéria orgânica. Assim confirmamos que riachos de
cabeceira são ecossistemas abertos, fortemente influenciados pela vegetação e solo da região
de entorno (Kaushik e Hynes 1971; Fisher e Likens 1973; Acuña et al. 2007; Duval e Hill
2007). Isso pode ser observado principalmente para os valores de MOPG e MOPF que,
mesmo em locais onde essas frações apresentaram baixa concentração, como em CICRA, o
padrão de distribuição pela fertilidade e pluviosidade foi mantido.
Como padrão geral resultante do presente estudo, observamos uma relação entre os
gradientes de fertilidade do solo e de pluviosidade e a dinâmica da matéria orgânica. Contudo,
o tipo de relação não se mostra claro. Esses gradientes aceleram ou retardam a dinâmica da
matéria orgânica? Segundo os experimentos de decomposição, aparentemente esses
gradientes agiriam desacelerando o processo. Avaliando dados de estoque de matéria orgânica
(MO) e COD em transporte, também observamos que em localidades que apresentam maior
fertilidade do solo (CICRA e FEC) as concentrações de COP são menores, ou seja, existem
outros fatores influenciando a dinâmica da floresta. Como mencionado por Keeling e Phillips
(2007) em florestas com baixa fertilidade do solo a produtividade apresenta uma relação
direta com a biomassa, e isso explicaria a maior disponibilidade de COP em RFC e FT. No
entanto, apesar das relações não serem tão claras em relação aos gradientes, pudemos
observar que o estoque bêntico de MO apresentou uma relação com o aporte, em todas as
localidades. Ou seja, assim como RFC e FT contribuíram com maiores aportes aos riachos,
estas localidades também apresentaram maiores estoques de MO nos leitos, das frações
particuladas grossa e fina. Além de uma decomposição mais acelerada acompanhando
maiores estoques bênticos nos leitos. Os valores de COD não mostraram uma relação direta
com o aporte, estoque e decomposição da MO. Acreditamos que esta fração seja mais
influenciada por características edáficas e pela composição da vegetação ripária adjacente aos
riachos. O mesmo ocorre para a retenção de MO, que depende da vegetação, que em algumas
localidades apresentam uma trama de raízes diferenciada, além de outras características que
influenciam diretamente o transporte.
É importante salientar que esses resultados não podem ser considerados como
definitivos. Em uma bacia tão extensa como a Bacia Amazônica, a continuidade desse
trabalho seria indispensável para um conhecimento mais aprofundado sobre a dinâmica da
matéria orgânica. Para a elaboração desta tese acreditamos que o desenho amostral respondeu
ao que nos propusemos a fazer, no entanto, acreditamos que pesquisas futuras na região,
visando determinar a dinâmica da matéria orgânica, deveriam levar em consideração estudos
145
plurianuais que possam caracterizar melhor os riachos, permitindo a visualização de fatores
externos ao processo, garantindo, assim, que estes não influenciem na quantificação e
qualificação dos resultados e tendências. Acreditamos, assim, que o aumento de estudos na
região permitirá inferir sobre a real influência desses padrões. Ainda assim, a combinação das
várias carcterísticas determinadas neste estudo para riachos de cabeceira representativos da
extensa rede de drenagem amazônica (altos valores de entrada de matéria orgânica; alta
capacidade de retenção nos leitos; diferentes tempos de decomposição, promovendo altas
concentrações de frações de carbono estocadas no leito), mostra que a manutenção e proteção
dos corpos de água de baixa ordem é de fundamental importância para o fluxo energético
desses ecossistemas aquáticos. São estas características que asseguram a sustentação das
longas teias alimentares existentes nos riachos sombreados e com baixos conteúdos de
nutrientes minerais, predominantes na Amazônia, e nos rios nos quais estes desaguam
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APÊNDICES*
* Pareceres emitidos pelas bancas examinadoras da aula de qualificação, da versão da tese
escrita e da defesa pública da tese, respectivamente
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