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aposentadoria especial
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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná
1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO B
200770500095148 [IMI©/LMC] 1/3
*200770500095148* https://jef.jfpr.jus.br/download/700000000000018_700000009028744_705100004929389_1.DOC
TURMA RECURSAL (PROCESSO ELETRÔNICO) Nº200770500095148/PR RELATORA : Juíza Luciane Merlin Clève Kravetz RECORRENTE : LOURIVAL DE FARIAS RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS
VOTO
O autor requereu o enquadramento de atividade especial nos períodos de
11/12/76 a 21/04/83, de 02/09/83 a 30/10/83, de 09/07/84 a 19/11/90, de 01/07/94 a
17/05/95 e de 12/06/95 a 03/10/05, com a conversão em tempo comum e a condenação
do INSS na obrigação de lhe pagar aposentadoria por tempo de contribuição.
A sentença extinguiu o processo sem julgar o mérito do pedido referente
ao interregno de 01/07/94 a 17/05/95, cuja análise não foi requerida na via
administrativa. No mais, acolheu parte do pedido, determinando somente a conversão
do período de 12/06/95 a 05/03/97, em razão da exposição a ruídos no valor de 85 dB.
O autor recorreu. Argumentou que é devido o enquadramento especial
dos períodos de 11/12/76 a 21/04/83, 02/09/83 a 30/10/83, 09/07/84 a 19/11/90 porque
desempenhou atividades em pedreira que o expunham a poeiras mineiras nocivas.
Além disso, também deve ocorrer o enquadramento do período posterior a 05/03/97,
pela exposição a ruídos nocivos à saúde.
Razões de voto.
1.
Nos períodos de 11/12/76 a 21/04/83, de 02/09/83 a 30/10/83 e de
09/07/84 a 19/11/90, o demandante foi empregado da empresa Calfibra S/A Mineração
Indústria e Comércio. Trabalhou como servente em pedreira, tendo por funções
auxiliar na quebra das pedras, encher caçambas e fazer limpeza na pedreira. O trabalho
era a céu aberto. Segundo o DSS-8030, preenchido pela empresa, o trabalhador esteve
sujeito, de modo habitual e permanente, a elevação de pó de calcário e poeira.
Com base nas informações fornecidas pelo formulário preenchido pela
empregadora, é devido o enquadramento da atividade no código 2.3.3. e 2.3.4. do
anexo ao Decreto 83.080/79 (perfuradores de rochas, cortadores de rochas,
carregadores e trabalhadores em pedreiras), com previsão de aposentadoria aos 25
anos de serviço. Conseqüência é o direito à conversão em comum, pelo fator 1,4, dos
períodos de 11/12/76 a 21/04/83, 02/09/83 a 30/10/83, 09/07/84 a 19/11/90.
Poder Judiciário
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1ª TURMA RECURSAL – JUÍZO B
200770500095148 [IMI©/LMC] 2/3
*200770500095148* https://jef.jfpr.jus.br/download/700000000000018_700000009028744_705100004929389_1.DOC
2.
De 06/03/97 a 03/10/05, o trabalho do demandante foi desempenhado
junto à Cal Cem Indústria de Minérios Ltda. Exercia a atividade de foguista, no setor
de produção/fornos. Supervisionava o processo de queima de cal e também das
máquinas de serragem automatizadas. Realizava a movimentação de cal com carrinho
apropriado e a descarga no depósito. Entrava em contato permanentemente com ruídos
de 85 dB(A) e com calor de 26° (formulários fls. 06-07 do PA e LAU7-LAU8, evento
23).
Não é possível reconhecer o direito ao enquadramento de atividade
especial para além de 05/03/97, em razão da exposição a ruído. Nos termos da
súmula 32 da TNU, o tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é
considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis:
superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 (1.1.6); superior a 90
decibéis, a partir de 5 de março de 1997, na vigência do Decreto n. 2.172/97; superior
a 85 decibéis, a partir da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003.
Como o autor não esteve exposto a ruído superior a 85 dB(A) depois de
05/03/97, não há direito à aposentadoria especial, porque não superado o limite de
tolerância.
3.
Em relação à contagem realizada administrativamente pelo INSS,
devem-se acrescentar, portanto, os lapsos de tempo de serviço especial, convertidos
pelo fator multiplicador 1,4, ora reconhecidos.
A verificação do direito do segurado ao recebimento de aposentadoria
por tempo de serviço ou de contribuição deve partir das seguintes balizas:
1) A aposentadoria por tempo de serviço (integral ou proporcional)
somente é devida se o segurado não necessitar de período de atividade posterior a
16/12/1998, sendo aplicável o art. 52 da Lei 8.213/91.
2) Em havendo contagem de tempo posterior a 16/12/1998, somente será
possível a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.
3) Cumprido o requisito específico de 35 anos de contribuição, se
homem, e 30 anos, se mulher, o segurado faz jus à aposentadoria por tempo de serviço
(se não contar tempo posterior a 16/12/1998) ou à aposentadoria por tempo de
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200770500095148 [IMI©/LMC] 3/3
*200770500095148* https://jef.jfpr.jus.br/download/700000000000018_700000009028744_705100004929389_1.DOC
contribuição (caso necessite de tempo posterior a 16/12/1998). Se poderia se aposentar
por tempo de serviço em 16/12/1998, deve-se conceder a aposentadoria mais
vantajosa, nos termos do art. 122 da Lei 8.213/91.
4) Cumprido o tempo de contribuição de 35 anos, se homem, e 30 anos,
se mulher, não se exige do segurado a idade mínima ou período adicional de
contribuição (EC 20/98, art. 9º, caput, e CF/88, art. 201, §7º, I).
5) O segurado filiado ao RGPS antes da publicação da Emenda 20/98 faz
jus à aposentadoria por tempo de contribuição proporcional. Seus requisitos
cumulativos: I) idade mínima de 53 (homem) e 48 (mulher); II) Soma de 30 anos
(homem) e 25 (mulher) com o período adicional de contribuição de 40% do tempo que
faltava, na data de publicação da Emenda, para alcançar o tempo mínimo acima
referido (EC 20/98, art. 9º, §1º, I).
Havendo atrasados, sobre eles incidirão correção monetária, pelo INPC,
além de juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação.
Não há honorários.
Ante o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL AO
RECURSO.
Luciane Merlin Clève Kravetz Juíza Federal Relatora