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    EducaoDiversidade no Ensino e na

    Aprendizagem das Pessoas comNecessidades Especiais

    Luciana Rodrigues

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    UNIDADE 1 - PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ............................. 8

    1.1 O Comeo da humanidade ............................................................ 9

    1.2 Idade mdia .................................................................................... 13

    1.3 Idade moderna at o sculo XXI ................................................. 15

    1.4 A ausncia, a negao: a segregao ....................................... 20

    1.5 Ser normal, para poder acontecer a integrao ....................... 21

    1.6 Realidade ou sonho, a incluso? ................................................ 22

    1.7 Reflexo .......................................................................................... 24

    1.8 Leituras recomendadas ................................................................ 25

    1.9 Referncias .................................................................................... 25

    1.10 Na prxima unidade ................................................................... 26

    UNIDADE 2 - DEFICINCIAS SENSORIAIS: AUDITIVA ........................... 27

    2.1 A surdez em questo .................................................................... 29

    2.1.1 Caractersticas clnicas da surdez ........................................... 30

    2.1.2 As filosofias de comunicao para a surdez .......................... 33

    2.2 Reflexo .......................................................................................... 39

    2.3 Leituras recomendadas ................................................................ 40

    2.4 Referncias ..................................................................................... 40

    2.5 Na prxima unidade ...................................................................... 41

    UNIDADE 3 - DEFICINCIAS SENSORIAIS: VISUAL ................................ 423.1 A deficincia visual ........................................................................ 45

    3.2 Baixa viso ..................................................................................... 48

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    3.3 Reflexo .......................................................................................... 52

    3.4 Referncias .................................................................................... 52

    3.5 Na prxima unidade ...................................................................... 53

    UNIDADE 4 - DEFICINCIA FSICA .............................................................. 54

    4.1 Pensando sobre deficincia motora ........................................... 56

    4.2 Deficincia fsica: algumas questes clnicas ........................... 61

    4.2.1.1 As deficincias fsicas ............................................................ 62

    4.2.1.2 Distrofia muscular progressiva duchenne (dmpd) e do

    tipo becker ...................................................................................... 634.2.1.3 Esclerose mltipla .................................................................. 64

    4.2.1.4 Poliomielite ou paralisia infantil ............................................ 65

    4.2.1.5 Epilepsia .................................................................................. 66

    4.2.1.6 Outras deficincias fsicas .................................................... 67

    4.3 Paralisia cerebral ........................................................................... 69

    4.4 Alunos com deficincias fsicas / neuro-motoras e a

    educao ........................................................................................ 71

    4.5 Reflexo .......................................................................................... 72

    4.6 Leituras recomendadas ................................................................ 72

    4.7 Referncias .................................................................................... 73

    4.8 Na prxima unidade ...................................................................... 73

    UNIDADE 5 - DEFICINCIAS MLTIPLAS E SURDOCEGUEIRA .......... 74

    5.1 A deficincia mltipla e deficincia mltipla sensorial ............. 76

    5.2 A comunicao e as deficincias sensoriais ............................. 82

    5.3 Reflexo .......................................................................................... 85

    5.4 Leituras recomendadas ................................................................ 85

    5.5 Referncias .................................................................................... 85

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    5.6 Na prxima unidade ...................................................................... 86

    UNIDADE 6 - ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

    (AEE) E SALAS MULTIFUNCIONAIS ...................................................... 87

    6.1 Quais foram os recursos oferecidos s pessoas comdeficincia na escola? .................................................................. 89

    6.2 Atendimento educacional especializado (AEE) ........................ 93

    6.2.1 AEE para deficincia fsica ....................................................... 94

    6.2.2 AEE para deficincia auditiva ................................................... 97

    6.2.3 AEE para deficincia visual ...................................................... 99

    6.2.4 AEE de deficincia intelectual ................................................ 102

    6.3 Salas multifuncionais .................................................................. 106

    6.4 Reflexo ........................................................................................ 107

    6.5 Leituras recomendadas .............................................................. 108

    6.6 Referncias .................................................................................. 108

    6.7 Na prxima unidade .................................................................... 109

    UNIDADE 7 - TECNOLOGIAS E ACESSIBILIDADE: RECURSOS

    PARA A INCLUSO .................................................................................... 110

    7.1 Acessibilidade e tecnologias na incluso ................................ 112

    7.2 Tecnologia Assistiva (TA) e Comunicao Alternativa (CA) 114

    7.3 Reflexo ........................................................................................ 118

    7.4 Leituras recomendadas .............................................................. 119

    7.5 Referncias .................................................................................. 119

    UNIDADE 8 - A LEGISLAO E A PESSOA COM DEFICINCIA .......... 121

    8.1 As primeiras citaes legais ...................................................... 123

    8.2

    Leis internacionais e a incluso

    ................................................ 1248.3 A legislao educacional brasileira e as pessoas com

    deficincia ..................................................................................... 128

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    8.4 Reflexo ........................................................................................ 131

    8.5 Leituras recomendadas .............................................................. 132

    8.6 Rreferncias ................................................................................. 132

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    Prezado aluno,

    No mdulo I, Diversidade

    no ensino e na aprendizagem das

    pessoas com necessidades especiais, vocter uma viso das diversas reas das

    deficincias; os atendimentos educacionais e

    tecnolgicos, a histria da segregao at a incluso e

    um estudo sobre acessibilidade.

    O objetivo mostrar a quem se destina a Tecnologia

    Assistiva, a Comunicao Alternativa e a Lngua Brasileira de

    Sinais.

    Todo material est voltado para que qualquer pessoa com

    interesse em atuar com pessoas com algum tipo de necessidade

    especial, possa ter conhecimento de tudo que existe de atual e

    inovador nesta rea, tanto na sade, educao como na tecnologia.

    Tendo sempre como meta auxiliar na incluso, na autonomia e no

    desenvolvimento das pessoas com alguma deficincia.

    A diversidade no pode ser negada, porm necessrio que as

    diferenas existentes sejam respeitadas e atendidas para que haja

    respeito e condio para cada pessoa atinja seus objetivos, desenvolva

    suas potencialidades e competncias independentemente de suadeficincia.

    Este mdulo far que com inicie uma reflexo sobre a

    pessoa que tem uma deficincia, e no que ela seja a

    deficincia; vamos mudar o enfoque de enfoque da

    ausncia e priorizar o que se pode fazer.

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    Da Segregao ao Paradigma da Incluso

    Pare e olhe ao seu redor, com quantas pessoas com algum tipo de

    deficincia voc convive ou j conviveu? Para muitos, a resposta pode

    ser eu j vi na rua, na televiso, mas nunca convivi em famlia, na escola

    ou na rua. Na maioria das vezes a resposta no conheo ningum,

    mas voc j parou para pensar que essas pessoas sempre existiram desde

    a antiguidade? E onde elas estavam, onde viviam?

    Agora, daremos incio a uma trajetria de como foi a vida daspessoas com algum tipo de deficincia em cada poca da sociedade e da

    histria, como elas eram tratadas e percebidas.

    Espero que ao trmino desta unidade voc faa uma reflexo de

    como a humanidade caminhou, se foi a passos largos, modestos ou se

    ainda estamos engatinhando.

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    PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

    Nesta primeira unidade iniciaremos

    nosso estudo de como foram as etapas

    histricas da sociedade com relao s pessoas

    com deficincia, e a partir da, conhecer os processos

    da segregao, integrao e incluso das pessoas com

    algum tipo de deficincia. Vamos fazer uma viagem no

    tempo.

    Objetivos da sua aprendizagem

    Trilhar um caminho que mostre os percursos, barreiras edificuldades impostas s pessoas com deficincia da

    Antiguidade at o Sculo XXI, para que hoje possamos pensar

    no paradigma de incluso.

    Voc se lembra?

    Voc se lembra quantos colegas voc teve na escola

    ou faculdade que tinham alguma deficincia? E um filme

    que retrata esse assunto? Uma personalidade? Um

    livro que voc tenha lido, no qual um dos

    personagens tinha deficincia fsica, auditiva,

    intelectual ou qualquer uma delas?

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    1.1 O Comeo da humanidade

    Para melhor entendermos as mudanas ocorridas na educao, na

    sociedade e na vida das pessoas com alguma deficincia necessrioconhecer a trajetria percorrida, para que hoje no sculo XXI tenhamos

    um ensino baseado na Educao para Todos e na Educao Inclusiva.

    Faamos uma viagem no tempo, para conhecer as principais

    concepes que existiam quanto a ser deficiente, fugir da

    normalidade e importante observar as possibilidades sociais,

    educacionais e legais, sempre contextualizando as questes mundiais,

    influncias religiosas e tendncia polticas.

    Podemos citar o que a Teoria Evolucionista de Darwin dizia quanto

    evoluo do homem e de todos os animais que vivem hoje, ambos

    passaram por um processo de Seleo Natural constante e severo e desta

    seleo sobreviveram os mais aptos para viverem segundo as condiesde vida do meio e da poca em que existiam. Era uma guerra pela

    existncia, onde somente os "melhores" sobreviviam.

    Com a evoluo surgiram

    duvidas, questionamentos e

    incertezas quanto a tudo que

    rodeava as pessoas, questes sobre

    a vida, a morte, enfim como se

    dava a formao da sociedade.FIG.1-FONTE:DISPONVEL EMWWW.BRASILESCOLA .COM

    http://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htmhttp://www.brasilescola.com/historiag/evolucionismo.htm
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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    Milhares de anos aps o surgimento da espcie humana, o homem

    j se organizava em grandes e complexas sociedades. Foi ento que

    ele comeou a dar seus primeiros passos na moral e na tica. O

    homem comeou a filosofar, a pensar na sua existncia. O mistrio

    do universo, do insondvel de sua alma e do alm morte

    comeavam a incomodar as primeiras grandes mentes

    humanas.(Disponvel emwww.dspcom.fee.unicamp.br

    Talvez pudssemos citar tambm que o aparecimento de pessoas

    que fugiam aos padres de normalidade, com deficincia, tambm trouxe

    uma grande mudana nas sociedades que estava se formando. E cada um

    desses grupos lidou com essas diferenas de acordo com suas crenas e

    conhecimentos.

    de consenso geral que a relao da sociedade com a parcela da

    populao constituda pelas pessoas com deficincia tem se modificado

    no decorrer dos tempos, tanto no que se refere aos pressupostosfilosficos que a determinam e permeiam como no conjunto de prticas

    nas quais ela se objetiva (ARANHA, 2001,p.160).

    Na era primitivano se sabe como os seres humanos agiam em

    relao s pessoas com deficincia, em funo de toda dificuldade de

    sobrevivncia, ao calor, frio falta de alimentos acredita-se que estas

    pessoas no conseguiam sobreviver.

    As principais e primeiras fontes a escrever sobre deficincia

    constam no Alcoro e na Bblia, esta traz referncias ao cego, ao manco e

    ao leproso os quais eram pedintes ou rejeitados pela sociedade, por medo

    da doena, ou porque se pensava que Deus estava punindo os doentes.

    http://www.dspcom.fee.unicamp.br/cristia/surdos/h_surdo_prof.htmlhttp://www.dspcom.fee.unicamp.br/cristia/surdos/h_surdo_prof.html
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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    No Egito a histria mostra que h mais de 5 mil anos as pessoas

    com deficincia conseguiam fazer parte as sociedade vigente, e isto foi

    comprovado atravs da arte egpcia (pairos, tmulos e as mmias).

    FIG.2ALCORO E A BBLIA

    Nesta placa de calcrio podemos

    observar o Porteiro de Roma, que

    trabalhava normalmente

    independentemente de sua limitao

    fsica. Esta obra est exposta no Museu

    Ny Carlsberg Glyptotek, em

    Copenhagen, Dinamarca. De acordo

    com Gugel (2007), tambm houve

    nesta poca grande incidncia de

    problemas visuais e infeces quelevavam a cegueira.

    Na idade antiga a pessoa com deficincia, como qualquer outra

    pessoa do povo, tambm parecia no ter importncia enquanto ser

    humano, j que sua exterminao (abandono ou exposio) no

    demonstrava ser problema tico ou moral.

    Quando pesquisamos a Grcia dos grandes pensadores,

    encontramos obras como A Republica, de Plato e A Poltica de

    FIG.3PORTEIRO DE ROMA

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    Aristteles, que os disformes como eram chamados, deveriam ser

    eliminados. Mas no, sculo V a.C, Scrates j afirmava que os surdos

    tinham que usar o gesto e a pantomima para se comunicarem.

    Porm, temos tambm na obra Ilada de Homero a criao dopersonagem de Hefesto, o ferreiro divino. Segundo Gugel (2007), a

    histria narra que ele ao nascer foi rejeitado pela me Hera por ter uma

    das pernas atrofiadas, em sua ira Zeus o atira fora do Olimpo. Hefesto,

    mesmo sendo expulso, compensou sua deficincia fsica mostrando altas

    habilidades em metalurgia e artes manuais, casou-se duas vezes, uma

    com Afrodite e outra com Atena. No Vaso de figuras vermelhas, que se

    encontra no Toledo Museum of Art, visto a deficincia de Hefesto.

    Em Roma, nascer com deficincia era permitido as famlias matar

    por afogamento as crianas, aqueles que conseguiam viver eram vistos

    nas cidades como pedintes ou trabalhando em circos. Importante salientar

    que, com as guerras ocorridas nesta poca deficincia fsica, em funo

    das amputaes no encontram atendimento hospitalar adequados.

    FIG.4HEFESTO-VASO

    Com o advento do Cristianismo o sentimento de caridade e amor

    entre as pessoas enfatizado trazendo melhores condies s famlias

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    com filhos com deficincia, no sendo aceito o extermnio destas

    crianas. A situao se modificou, pois todos passaram a ser igualmente

    considerados filhos de Deus, tendo uma alma e, portanto merecedores do

    respeito vida e a um tratamento caridoso.

    Naquele tempo, Jesus encontrou no

    seu caminho um cego de nascena. Os

    discpulos perguntaram-Lhe: Mestre, quem

    que pecou para ele nascer cego? Ele ou os

    seus pais? . Jesus respondeu-lhes: Isso no

    tem nada que ver com os pecados dele ou

    dos pais; mas aconteceu assim para se

    manifestarem nele as obras de Deus. [...]

    Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva

    um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego.

    Depois disse-lhe: Vai lavar-te piscina de

    Silo; Ele foi, lavou-se e voltou a enxergar ...(EVANGELHO Jo 9, 1-41)

    1.2 Idade mdia

    Na poca medieval, a viso com relao s pessoas com alguma

    diferena, fsica, visual auditiva ou mental, com influncia do

    pensamento religioso, viam estas pessoas com um castigo de Deus, umapunio. Nascer com nanismo, ser ano ou mesmo corcunda era ser

    encaminhado para diverso das classes ricas da nobreza como bobos da

    corte.

    FIG.5

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    CONEXO

    Assista ao filme O corcunda de Notre Dame, famosa histriaescrita por Victor Hugo do corcunda de Notre Dame, um

    sofrido deficiente que morava nas dependncias da catedral.O ano 1942, e o Festival dos Tolos j est correndo na

    praa de Notre Dame em Paris. Enquanto muitos brincam eencenam peas, o horroroso corcunda Quasimodo (AnthonyQuinn), o tocador do sino da catedral, est sendo humilhado

    e atormentado por um bando de ciganos. Esta obra foireproduzida por Walt Disney, agora veja esses dois trechos

    para entender um pouco de como as pessoas com

    deficincia eram vistas.

    The Hunchback of Notre Dame - Bells (Brazilian Portuguese)Disponvel em:www.youtube.com

    The Hunchback of Notre Dame - Out There (BR Portuguese)Disponvel em:www.youtube.com

    Aparentemente, pessoas com

    deficincias fsicas e/ou mentais

    eram ignoradas sua sorte,

    buscando a sobrevivnciana caridade humana.

    Devido a essa

    organizao da

    sociedade sucederam-

    se, nesse perodo, dois

    importantes processos,

    decisivos na histria da

    humanidade: a Inquisio

    Catlica e a consequente

    Reforma Protestante.

    No Sculo XV o Prncipe de

    Anhalt, na Alemanha saxnica,

    desafiou publicamente o reformador

    religioso Martinho Lutero, no

    cumprindo sua ordem de afogarcrianas com deficincia mental.

    Lutero afirmava que essas pessoas

    no possuam natureza humana e

    eram usadas por maus espritos,

    bruxas, fadas e duendes.

    Os surdos na era medieval eram considerados pessoas impossveis

    de serem educados, impedidos para o sacerdcio, somente respeitados

    FIG.6PRNCIPE DE ANHALT

    http://www.youtube.com/watch?v=aqb933y6yvQhttp://www.youtube.com/watch?v=7b9QAubiN8chttp://www.youtube.com/watch?v=7b9QAubiN8chttp://www.youtube.com/watch?v=aqb933y6yvQ
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    juridicamente se falassem e o casamento poderia acontecer apenas com a

    permisso do papa. No Sculo XV, Rudolph Bauer em "De Inventione

    Dialectica" faz meno a um "surdo-mudo" que se comunicava por

    escrito.

    1.3 Idade moderna at o sculo XXI

    No sculo XVI no que se refere deficincia, passou a ser

    concebida, a ser tratada atravs da alquimia, da magia e da astrologia,

    mtodos da insipiente medicina.

    Nesta poca surgem os asilos e os hospitais psiquitricos no com

    o objetivo de tratar, mas de segregar as pessoas com qualquer tipo de

    deficincia. Tais instituies eram pouco mais do que prises, segundo

    Aranha (2001, p.165).

    Durante os sculos XVII e XVIII houve grande desenvolvimento

    no atendimento s pessoas com deficincia em hospitais. Havia

    assistncia especializada em ortopedia para os mutilados das guerras e

    para pessoas cegas e surdas.

    Percebe-se o investimento por parte de alguns mdicos e

    educadores que buscam mostrar que as pessoas com deficincia

    poderiam ter uma vida acadmica e se comunicar. Podemos citar omdico Girolano Cardano que escreveu que os surdos poderiam ser

    ensinados. Nessa mesma poca Pedro Ponce de Leon, monge beneditino

    espanhol, inicia um trabalho educacional com surdos da elite, com

    objetivo de [...] ensinar a falar, escrever, ler, fazer, contas, orar e

    confessar pelas palavras, a fim de ser reconhecidos como pessoas nos

    termos da lei e herdar seus ttulos [...] (GUARINELLO, 2007,p.21).

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    Na Europa as mudanas continuam a aparecer, como na Espanha

    onde Jean-Paul Bonet publica a primeira obra impressa sobre a educao

    de deficientes auditivos Reduccin de las letras y artes para ensear a

    hablar a los mudos, em 1620.J na Inglaterra (1644), o mdico John Bulwer publica

    Chironomia, or the Art ofManuall Rhetorique, onde defende e apresenta

    sua teoria de que a linguagem das mos natural para todos os homens e

    principalmente para pessoas com surdez. (CABRAL, 2001).

    Um dos maiores educadores da histria de surdos foi Charles

    Michel de Lpe, conhecido como Abb de L pe,que publicou

    Instruction de Sourds et Muets par la Voix des Signes

    Mthodiques(1776). Fundador da primeira escola pblica para surdos,

    em Paris, tinha como objetivo que os surdos aprendessem a ler e a

    escrever.

    J no sculo XVII a maioria das

    pessoas com deficincia mental era relegada

    a hospcios, albergues, asilos ou cadeias

    locais. Pessoas com deficincia fsica ou

    eram cuidadas pela famlia ou colocadas em

    asilos (Rubin & Roessler, 1978, p. 7).

    Philippe Pinel (1745-1826) explicouque pessoas com perturbaes mentais

    devem ser tratadas como doentes, ao

    contrrio do que acontecia na poca, quando eram trados com violncia e

    discriminao.

    Houve algumas tentativas em mudar o conceito e tratamento as

    pessoas deficientes como Jacob Rodrigues Pereira, em 1747, na tentativa

    de ensinar surdos congnitos a se comunicar, essas [...] tentativas foram

    FIG.7CHARLES MICHEL DE LPE E SEUS ALUNOS

    FONTE:WWW.YANOUS.COM

    http://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpghttp://www.yanous.com/tribus/sourds/img/Abbe2.jpg
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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    to bem sucedidas que estimulou a busca de formas para lidar com outras

    populaes, especialmente a de pessoas com deficincia mental

    (ARANHA, 2001, p.166).

    Os sculos XVI e XVII foram marcados pela massa de pobres,mendigos e pessoas com deficincia na Europa.

    Esta fase da histria foi caracterizada pelo Paradigma da

    Institucionalizao, que seria o distanciamento da sociedade e da famlia

    das pessoas com problemas mentais, sensoriais ou fsicos.

    No sculo XIX temos avanos na educao das pessoas com

    deficincia visual, m 1819, Charles Barbier, capito do exercito Frances,

    criou um cdigo de comunicao noturna para auxiliar os soldados de

    Napoleo durante a guerra, porm no foi posto em uso por classificarem

    como um sistema muito complexo. O capito no desistiu de sua criao

    levando at o Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris onde estudava

    Louis Braille, este assumiu o projeto transformando em um sistema de

    escrita para as pessoas cegas, usado at hoje chamado Braille.

    No sistema de escrita e,

    principalmente, de leitura Braille, por

    meio de um mtodo lgico de pontos em

    relevo, distribudos em duas colunas detrs pontos para cada smbolo ou letra,

    uma pessoa cega pode, por meio do tato

    das pontas de seus dedos, ler.

    O braille lido no sentido da esquerda para a direita, podendo

    usar uma ou as duas mos. Cada clula permite 63 combinaes de

    pontos. Podem-se designar combinaes de pontos para todas as letras e

    FIG.8LIVRO EM BRAILLE

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    para a pontuao da maioria dos alfabetos. As pessoas cegas com prtica

    conseguem ler at 200 palavras por minuto.

    No Brasil, esta fase marcadapelo inicio da educao de surdos em

    26 de setembro de 1857, quando foi

    criado o Imperial Instituto dos Surdos-

    Mudos, pela lei n839. Esta instituio

    foi fundada durante o Imprio de D.

    Pedro II, com a chegada do professor

    francs Hernest Huet, que era surdo. O

    Instituto era um asilo, onde s eram

    aceitos surdos do sexo masculino que

    vinham de todos os pontos do pas

    sendo que muitos eram abandonados pelas famlias; inicialmente

    utilizava-se a lngua dos sinais, mas em 1911, adotou-se o oralismo como

    forma de comunicao. Nesta poca tambm temos a criao do Imperial

    Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, no Rio de Janeiro, hoje Instituto

    Benjamim Constant.

    No sculo XX vemos na

    Europa muitas instituiesinteressadas em trabalhar com

    pessoas com deficincia,

    comearam a perceber que as

    pessoas com deficincia

    precisavam participar ativamente

    do cotidiano e integrarem-se na sociedade.

    FIG.9ALFABETO EM BRAILLE

    FIG.10IMPERIAL INSTITUTO DOS MENINOS CEGOS

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    Educao Diversidade no Ensino e na Aprendizagem das Pessoas com Necessidades Especiais Unidade 1

    CONEXOAssista ao vdeo sobreDeficincias e faa uma

    reflexo, e depois pense nasatitudes que as pessoas tem

    com relao as pessoas coalguma diferena, seja elafsica, mental ou sensorial.

    Disponvel emwww.youtube.com

    O presidente dos Estados Unidos da Amrica, Franklin Roosevelt,

    1933, iniciou uma transformao na sociedade americana e mundial que

    com um trabalho eficaz, as pessoas com deficincia conseguiriam a

    reabilitao e consequentemente a autonomia.Em 1948, foi criada A Declarao Universal dos Direitos dos

    Homens, com o objetivo maior de minimizar todas as barbries ocorridas

    nas guerras e desvalorizao humana. Neste documento j havia meno

    a pessoas deficientes, chamadas no texto de invlidas. No artigo 25 l-se:

    1. Toda pessoa tem direito a um padro de vida capaz de assegurara si e a sua famlia, sade e bem estar, inclusive alimentao,

    vesturio, habitao, cuidados mdicos e os servios sociais

    indispensveis, e direito segurana em caso de desemprego,

    doena, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos

    meios de subsistncia fora de seu controle.

    O desenvolvimento no atendimento no Brasil, para as pessoas

    com deficincia, acontece principalmente com o trabalho de Helena

    Antipoff, com a criao das Pestalozzi, com a mesma linha ideolgica

    cria-se a primeira APAE, em 1954 no rio de janeiro. Em 1950 fundada

    a Associao de Assistncia a Criana Defeituosa (AACD), em So

    Paulo. Outra instituio de grande importncia foi fundada em 1954, o

    Instituto Educacional de So Paulo-IESP, que em 1969 passa a

    ser chamado de DERDIC, vinculado a Pontifcia

    Universidade Catlica (PUC)/SP. Atualmente

    referncia nacional nos estudos desenvolvidos na

    rea de surdez.Atualmente, no sculo XXI, temos a poltica

    mundial da Educao Inclusiva e a Educao para

    http://www.youtube.com/watch?v=n3WK5ltU6KQhttp://www.youtube.com/watch?v=n3WK5ltU6KQ
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    CONEXOLeia e reflita:

    As pessoas que trazem a marca do dficit orgnicocontradizem a norma, demonstram o que no belo e apontam para a imperfeio da forma. Odesordenado, o sujo e o feio trazem o que existede desarmnico, de anormal, de algo fora dasnormas e do controle da sociedade, que causa

    estranheza e mal-estar. A preocupao dacivilizao em eliminar aquilo que coloca em risco aharmonia e a ordem pode ser mais um fator para

    justificar a persistncia da segregao da pessoa

    com deficincia e esclarece a manuteno dessaspessoas, durante tantas dcadas, em ambientes

    segregados. (BATISTA,2004,p.124)

    Todos, no qual so garantidas, as

    pessoas com deficincia, estudar na

    escola regular com os atendimentos

    educacionais especializados nocontraturno.

    1.4 A ausncia, a negao: a segregao

    Pensar sobre esse tema difcil e complicado, porm precisamos

    analisar as fases que a sociedade imps as pessoas com deficincia para

    podermos entender se evolumos ou somente mudamos a forma de negar,

    afastar ou excluir os deficientes.

    Tentemos entender a etimologia da palavra segregar, vem do latim

    segregare, que significa separar. De acordo com Batista (2004, p.119)Surge na Europa no sculo XIV, com o significado de separar uma

    besta, um anormal do rebanho. Aps o sculo XVI, passou a se referir a

    raa humana, a realizar a separao pela cor; o

    apartheid.

    Mas foi com a escravido

    que, este termo passou a se

    associar a seres humanos. Na

    idade moderna as pessoas so

    separadas em grupos, de acordo

    com a cultura, instruo, nvel

    econmico ou algo que a faa

    diferente no grupo.

    FIG.11CRIANAS INCLUDOS

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    As marcas da intolerncia demonstram que, o [...] poder da lgica

    da classe abstrair diferenas (Macedo, 2005, p. 18). Abstrair

    diferenas abrir mo da convivncia, promovendo a segregao e aconsequente excluso social. Isso nos remete ao crculo vicioso. Trata-se

    do crculo de medo e intolerncia alimentado pelo desconhecimento.

    Durante sculos, as pessoas com deficincia foram colocadas a

    margem da sociedade, por ignorncia, medo e descaso.

    1.5 Ser normal, para poder acontecer a integrao

    Antes de falarmos em integrao, bom lembrarmos da palavra

    desinstitucionalizar, que tem um prefixo desque transforma a palavra em

    sinnimo de afastamento de uma instituio, local onde moravam as

    pessoas que fugiam a norma. O uso desta palavra descrevia os esforos

    para tirar as pessoas de instituies, separados muitas vezes por toda uma

    vida de suas famlias, retornando-as para a sociedade, buscando um estilo

    de vida normal numa comunidade.

    Pensar sobre a normalizao entender que o objetivo introduzir a

    pessoa com deficincia na sociedade, ajudando-a a adquirir as condies

    e os padres da vida cotidiana o mais prximo do normal, quantopossvel.

    Ao se afastar do paradigma da institucionalizao criou-se o conceito

    da integrao, a qual advogava o direito e a necessidade das pessoas

    com deficincia serem trabalhadas para se encaminhar o mais

    proximamente possvel para os nveis da normalidade, representadas pela

    normalidade estatstica e funcional.

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    O ato de integrar significa localizar na pessoa o alvo da mudana,

    embora para tanto se tomasse como necessrio mudanas na comunidade.

    Na realidade, no havia o compromisso da sociedade em dar condies

    pessoa com deficincia, a pessoa que deve se adequar ao mundo que orodeia.

    Com esta proposta, foi muito difcil pensar na participao ativa dos

    alunos nas escolas, uma vez que, eles continuavam a ser de

    responsabilidade da educao especial, ainda no havia um entendimento

    que o aluno possua competncias e habilidades independentes da

    deficincia que tivesse. O foco continuava sendo a deficincia e no a

    pessoa.

    1.6 Realidade ou sonho, a incluso?

    A tolerncia [...] respeito, aceitao e o apreo da riqueza e da

    diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expresso

    e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos

    (ONU, 1995). Pode-se dizer que a intolerncia em relao s pessoas

    com deficincia ainda fato em pleno sculo XXI. As maneiras pelas

    quais as pessoas com deficincia (fsica, sensorial ou cognitiva)

    exprimem suas qualidades de seres humanos, na maioria das vezes, noesto sendo reconhecidas e respeitadas.

    O paradigma da incluso considera a construo da sociedade para

    todos, na qual se reconhece a potencialidade de todas as pessoas,

    independentemente da singularidade de cada um. A educao inclusiva

    contraria as influncias que levam ao medo e excluso do outro quando

    nos remete aos pressupostos epistemolgicos da diversidade e da

    complexidade humanas. Esta nova epistemologia apresenta novos

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    CONEXOAgora vamos assistir ao

    vdeo sobre Caminhos paraa incluso (Toda criana

    nica), disponvel emwww.dominiopublico.gov.br

    conceitos, tais como, incapacidade compartilhada e acessibilidade, que

    podem nos ajudar a educar para a tolerncia. Trata-se de considerar os

    processos pedaggicos inerentes construo de espaos acessveis e,

    portanto, abertos diversidade e vulnerabilidade humana.A poltica da incluso mundial e veio com a Declarao de

    Salamanca, em 1994, em que 88 pases se reuniram com mais 25

    instituies internacionais para juntos discutirem e afirmarem a

    necessidade da educao para crianas, jovens e adultos com

    necessidades educacionais especiais dentro do sistema

    regular de ensino. E em 2001, o Brasil assumi o

    parecer da Conveno da Guatemala ou

    Conveno da Organizao dos Estados

    Americanos, atravs do Decreto n 3.956, de 8 de

    outubro de 2001, dizendo no a todas as formas de

    discriminao contra as pessoas com deficincia.

    Segundo Sassaki (2010),

    [...] o nmero de pessoas com deficincia existentes em uma

    determinada cidade ou regio, j conhecida a estimativa de "10%

    (dez por cento) da populao geral" ou ento "uma em cada dez

    pessoas". E indica como fonte dessa estimativa a Organizao

    Mundial de Sade (OMS) ou a Organizao das Naes Unidas

    (ONU), sem mencionar quando e onde ela foi publicada.

    Dados estatsticos que confirmam e fazem com que saibamos da

    necessidade de mudana para atingir uma educao de qualidade para

    todos, nos remete ao que Werneck, diz As escolas tm que esquecer aideia de que o aluno tem que se adaptar a ela. Pelo contrrio, elas devem

    tornar-se o meio mais favorvel para o aluno, dando-lhe recursos para

    http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=124136http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=124136
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    enfrentar desafios. Podemos complementar com a ideia de Mello

    (2007), que Uma escola inclusiva deve ser o prottipo da escola de

    qualidade, [...] e a esta escola de qualidade aquela na qual, todos entram

    e todos aprendem.

    1.7 Reflexo

    Nesta unidade iniciamos uma contextualizao dos caminhos rduos

    percorridos pelas pessoas com deficincia, seja na famlia, na escola ou

    na sociedade. A questo central sempre foi a aceitao, da diferena.

    Em cada poca, em funo de crenas, objetivos polticos e

    econmicos vimos a forma como essas pessoas que tinham alguma

    deficincia era tratada, uns entendiam a morte como salvao, outros

    deixavam viver, mas em condies subumanas, por fim seus direitos

    nunca foram garantidos e nem eram tidos como membros da sociedade.

    Toda essa trajetria nos levou a perceber o quanto essas pessoas eram

    segregadas. Porm, com o passar do tempo, elas foram aceitas em

    algumas instituies abrigadas, em forma de semi-internato at chegarem

    a poder estudar em classes especiais nas escolas comuns. E a partir de

    1994, iniciou-se a luta pela incluso social e escolar. Ainda caminhando

    pela busca por uma escola onde todos tm benefcios, qualidades econsigam aprender independente de uma condio fsica ou intelectual.

    Estamos construindo uma escola que busque ter acesso a todos com

    respeito s diferenas, porm dando condio para que se desenvolvam.

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    1.8 Leituras recomendadas

    MAZZOTTA, Marcos J Silveira.Educao especial no Brasil

    historia e polticas pblicas. So Paulo, CORTEZ, 5 Edio 2005.Esta obra mostra toda a trajetria da educao especial no Brasil,

    mostrando quais as principais instituies foram a base para o

    atendimento educacional das pessoas com deficincia. Com esta

    trajetria, tambm mostrado o processo de segregao at a discusso

    da diferena entre integrao e incluso.

    MENDES, Enicia Gonalves.A radicalizao do debate sobre incluso

    escolar no Brasil. Rev. Bras. Educ. v.11 n.33 Rio de Janeiro set./dez.

    2006. Disponvel emwww.scielo.br

    ROCHA, Marisa Lopes da. Incluso ou excluso? Produo de

    subjetividade nas prticas de formao. Disponvel emwww.scielo.br

    1.9 Referncias

    ARANHA, M.S. Paradigmas da relao da sociedade com as

    pessoas com deficincia. Revista do Ministrio Pblico do Trabalho, Ano

    XI, no. 21, maro, 2001, pp. 160-173.

    GOFFMAN, E. 1988. Estigma: Notas sobre a manipulao da

    Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro.

    GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas com Deficincia e o

    Direito ao Trabalho. Florianpolis: Obra Jurdica, 2007.

    http://www.livrariagalileu.com.br/home/pesquisa.asp?str_pesq=MAZZOTTA%20,%20MARCOS%20J%20SILVEIRA&cmb_pesq=Autor&origem=detalhehttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782006000300002&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782006000300002&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000300008&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000300008&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782006000300002&lng=pt&nrm=isohttp://www.livrariagalileu.com.br/home/pesquisa.asp?str_pesq=MAZZOTTA%20,%20MARCOS%20J%20SILVEIRA&cmb_pesq=Autor&origem=detalhe
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    MACEDO, Lino de. Ensaios pedaggicos; como construir uma

    escola para todos? Porto

    Alegre: Artmed, 2005.

    SASSAKI, R.K. Quantas pessoas tm deficincia? Disponvel em

    www.educacaoonline.pro.br Acesso 20 jan 2010.

    RENDERS, Elizabete Cristina Costa. Tolerncia e incluso das

    pessoas com deficincia. Re v i s t a d e E d u c a o d o C o g e i m e,

    A n o 16 - n. 30 junho / 2007.

    1.10Na prxima unidade

    Estudaremos as deficincias sensoriais, para entendermos as

    necessidades educacionais, suas caractersticas clnicas e o que est

    sendo feito para auxiliar o processo de incluso dessas pessoas.

    http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=101:quantas-pessoas-tem-deficiencia&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17http://www.educacaoonline.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=101:quantas-pessoas-tem-deficiencia&catid=6:educacao-inclusiva&Itemid=17
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    DEFICINCIASSENSORIAIS: AUDITIVA

    Dificilmente damos o real valor aosnossos sentidos. A audio nos traz informaes

    riqussimas que nossos olhos s vezes no percebem,

    escutamos a msica, o canto dos pssaros, o som da

    buzina, campainha entre outras coisas.

    - Como seria no ter este sentido?

    Nesta unidade falaremos sobre as pessoas que no

    possuem a audio e quais so suas reais necessidades. Aproveite

    para dar mais ateno a perfeio dos seus sentidos e aprender a

    respeitar queles que no a tem.

    Processo de ensino-aprendizagem sabido que cada pessoa aprende de uma forma e tem formas

    distintas para conseguir entender melhor e com mais facilidade. As

    pessoas com deficincias auditivas tm limitaes sensoriais que podem

    ser superadas com o auxlio de uma comunicao diferenciada.

    Estudaremos as caractersticas da deficincia auditiva

    desmistificando histrias e mostrando que essas limitaes

    sensoriais nem sempre esto associadas a problemas intelectuais.

    A aprendizagem dessas pessoas necessita de recursos

    educacionais, econmicos e tecnolgicos, mas acima de

    tudo, de profissionais capacitados.

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    Objetivos da sua aprendizagem

    O objetivo da unidade II traar um perfil da deficincia auditiva

    e de suas necessidades educacionais e sociais.

    Voc se Lembra?

    Voc se lembra de alguma novela que tinha personagens surdos?

    Ou de filmes que retratavam essa realidade? Tem noo de como se

    comunicar ou auxiliar qualquer pessoa com essa deficincia?

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    2.1 A surdez em questo

    Como vimos na unidade I, histria trouxe marcas nas vidas das

    pessoas com surdez. Vale lembrar que, na antiguidade,nascer surdo eravisto como uma punio dos deuses, para Aristteles (384-322 a.C) a

    falta da audio fazia com que o aprendizado fosse comprometido ou

    nem mesmo ocorresse. Para ele, era intil o Estado investir na educao

    da pessoa surda, pois o pensamento impossvel sem a palavra.

    J na idade mdia, os surdos eram considerados pessoas

    impossveis de serem educados, impedidos para o sacerdcio, somente

    respeitados juridicamente se falassem e o casamento poderia acontecer

    apenas com a permisso do papa.

    Porm, houve pessoas na idade moderna como John Bulwer, o

    Abade de L`Epee, e o monge beneditino Pedro Ponce de Leon, que

    acreditavam na educao das pessoas surdas, chegando a criar escolas eaceitar a comunicao atravs de sinais como uma forma desses se

    desenvolverem.

    Com todos os avanos feitos pelo Abade de LEpee, na

    Alemanha, Samuel Heinike (1778) dirige em Leipzig, uma escola de

    ensino exclusivamente oral para surdos, rejeitando todos os outros

    mtodos que qualificava de inteis e fraudulentos. Segundo Cabral

    (2001), ambos criaram uma polmica quanto aos mtodos de ensino, que

    ficaram conhecidos como mtodo francs e mtodo alemo. E para

    entendermos um pouco mais das dificuldades enfrentadas pela

    comunidade surda, necessrio que se esclarea que, durante mais de

    110 anos, os surdos foram impedidos de usarem a lngua de sinais em

    locais pblicos e em escolas, pois em 1880, na Itlia, houve o Congresso

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    de Milo onde os pases que l estavam decidiram que os surdos

    deveriam oralizar para se comunicar.

    Foi declarada a superioridade incontestvel da fala para

    incorporar os surdos-mudos na vida social, e, foi considerado que, autilizao simultnea dos gestos e da oralidade prejudicial, pois

    dificultam a fala, a leitura labial e a preciso das ideias; o Congresso

    declarou que o mtodo oral puro era o ideal para a educao dos surdos.

    Essas recomendaes foram aceitas por vrios pases como: Alemanha,

    Itlia, Frana, Inglaterra, Sucia e Blgica, somente o grupo americano,

    liderado por Edward Gallaudet foi contrrio a deciso. Nesse evento dos

    255 participantes, s trs tinham surdos.

    Com todos os movimentos que estavam ocorrendo, em relao s

    pessoas surdas, foi percebida a necessidade de se organizar a educao e

    os rumos a serem tomados mundialmente; quanto comunicao das

    pessoas com surdez, foi fundada a Federao Mundial de Surdos (WFD)

    em Roma, 1951.

    Com os estudos feitos em 1967 por Roy Holcomb, introduz-se a

    expresso Total Communication como filosofia de comunicao e no

    como um mtodo, associados novamente a oralidade e sinais. Porm,

    somente na dcada de 90, inicia-se a discusso de uma educao

    bilngue.

    2.1.1Caractersticas clnicas da surdez

    A audio medida em decibis (db), que a unidade de medida

    referente a intensidade de sons. Uma audio normal est entre 0 e 25db

    e quanto maior for o nmero de decibis maior ser a perda auditiva.

    O perodo de aquisio da linguagem fundamental para a

    organizao dos atendimentos as crianas surdas. A aquisio est

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    dividida em pr-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisio da

    linguagem ou ps-lingual,depois da aquisio da linguagem. Saber esses

    dados auxilia na organizao das formas de comunicao, oral ou

    gestual.A surdez pode ser dividida em dois grandes grupos:

    congnitas: o indivduo j nasceu surdo.

    adquiridas: indivduo perde a audio no decorrer da sua vida.

    A deficincia auditiva, a surdez, pode ter origens ou causas

    diversas, tais como:

    Causas pr-natais (antes do parto): hereditrias, malformaes

    congnitas adquiridas pelo embrio, devido a infeces virais ou

    bacterianas intrauterinas (ex.: rubola, sarampo, sfilis, citamegalovirus,

    herpes simplex, toxoplasmose), intoxicaes intrauterinas (ex.: quinino,

    lcool, drogas), alteraes endcrinas (ex.: patologias da tiride,

    diabetes), carncias alimentares (ex.: vitamnicas), agentes fsicos (ex.:

    raios X);

    Causas peri-natais (durante o parto): traumatismos obsttricos

    (ex.: hemorragias do ouvido interno ou nas meninges), anxia,

    incompatibilidades sanguneas (do factor RH que podem provocar danos

    no sistema nervoso central);

    Causas ps-natais (depois do parto e no decurso da vida doindivduo): doenas infecciosas, bacterianas (ex.: meningites, otites,

    inflamaes agudas ou crnicas das fossas nasais e da naso-faringe),

    virais (ex.: encefalites, varicela), intoxicaes (ex.: alguns antibiticos,

    cido acetilsaliclico, excesso de vitamina D que pode provocar leso

    com hemorragia ou infiltrao calcria nas artrias auditivas), trauma

    acstico (ex.: exposio prolongada a rudos nos locais de trabalho ou em

    recintos de diverso; sons de elevada intensidade e de curta durao, tais

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    como: nas exploses e na caa; diferenas de presso, como no caso dos

    mergulhadores). E muitas das causas ainda continuam sendo

    desconhecidas.

    As caractersticas da surdez dependem do tipo da gravidade doproblema que a causou, pode ser de grau leve, moderada, severa e

    profunda. No grau leve, as pessoas nem se do conta que ouvem menos,

    e tendem a aumentar progressivamente a intensidade da voz. Quando a

    surdez passa de moderada para severa, a dificuldade do deficiente

    aumenta. As palavras se tornam abafadas e mais difceis de entender,

    principalmente em salas com rudos ou eco. Fica difcil ouvir at uma

    campainha ou o telefone tocar. Quem tem surdez profunda deve ser

    tratado desde o nascimento para perceber vrios sons ambientes, com o

    tempo, possvel que aprenda a reconhecer sons da palavra falada.

    GRAUS DA SURDEZ

    Leve 20 a 40 db Dificuldade para ouviro som do tic-tac do

    relgio, ou uma

    conversao silenciosa

    (cochicho).

    Moderada 40 a 70 db Dificuldade para ouviruma voz fraca, o canto

    de um pssaro,

    participar de

    discusses em sala.

    Usa AASI (aparelho

    de amplificao

    sonora individual).

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    Severa 70 a 90 db Dificuldades paraouvir o telefone

    tocando ou rudos das

    mquinas de escrever

    num escritrio.

    Profunda Acima de 90 db Dificuldades paraouvir o caminho, som

    na discoteca, o rudo

    de um avio

    decolando.

    De acordo com dados estatsticos da Organizao Mundial de

    Sade (O.M.S), 1,5% da populao dos pases em desenvolvimento tm

    problemas relativos audio, 42 milhes de pessoas acima de 3 anos de

    idade so portadoras de algum tipo de deficincia auditiva (OMS) e a

    surdez em seus diversos graus atinge 10% da populao mundial (OMS).

    No Brasil, os dados do censo de 2005 mostram que: 5,7 milhes

    de brasileiros tem deficincia auditiva, 500 mil esto na faixa etria entre

    0 e 17 anos, 70 mil (14%) ensino fundamental e mdio, em 2005, e 1000

    estudam nas universidades, sendo 974 nas univ. privadas.

    Portanto, j que conhecemos clinicamente a surdez, vamos

    continuar nossos estudos, agora quanto comunicao.

    2.1.2As filosof ias de comunicao para a surdez

    A comunicao sempre foi o centro das discusses referentes s

    pessoas com surdez, desde a antiguidade at a atualidade, isso porque a

    comunicao a base dos relacionamentos humanos.

    As lnguas surgem pela comunicao e interao de um

    determinado grupo de pessoas, podendo ser oral ou atravs dos sinais.

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    Ambas possuem estruturas que possibilitam segundo Brito (2008), [...] a

    expresso de qualquer conceito - descritivo, emotivo, racional, literal,

    metafrico, concreto, abstrato - enfim, permitem a expresso de qualquer

    significado decorrente da necessidade comunicativa e expressiva do serhumano.

    Tivemos a era que o enfoque estava na fala, depois na oralidade

    com sinais e por ultimo o entendimento do bilinguismo.

    O oralismo foi a filosofia

    precursora na educao dos surdos no

    mundo. A crtica central a esse

    mtodo que, ele enfatiza que,

    somente aps a aquisio da lngua

    oral, os surdos seriam capazes de se

    desenvolver, tanto social quanto

    academicamente.

    A finalidade desta comunicao a fala, para que ela se

    desenvolva, utiliza-se de trs procedimentos para esse aprendizado:

    treinamento auditivo, leitura labial e aparelho de amplificao sonora

    individual (AASI).

    O mtodo oralista, objetiva levar o surdo a falar e a desenvolvercompetncia lingustica oral, o que lhe permitiria desenvolver,

    emocionalmente, socialmente e cognitivamente do modo mais normal

    possvel, integrando-se como um membro produtivo ao mundo dos

    ouvintes.

    Para Quadros (1997, p.21) [...] a proposta oralista fundamenta-se

    na recuperao da pessoa surda, chamada de deficiente auditiva. O

    oralismo enfatiza a lngua oral em termos teraputicos.

    FIG.11AERA DA ORALIDADE

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    Capovilla (2001, p.102) define que: O mtodo oralista objetiva

    levar o surdo a falar e a desenvolver competncia lingustica oral, o que

    lhe permitiria desenvolver-se emocional, social e cognitivamente do

    modo mais normal possvel, integrando-se como um membro produtivo

    ao mundo dos ouvintes.

    FIG12.COMUNICAO TOTAL

    Essa filosofia teve sua expanso no sculo XX, com o declnio

    do oralismo, teve muitas dificuldades no processo de integrao dos

    surdos, pois havia grandes dificuldades para essas pessoas nas esferaslingustica e cognitiva, alm de no poderem usar sua lngua natural, os

    sinais. Talvez, a contribuio mais importante da Comunicao Total

    tenha sido a mudana na concepo do surdo, pois antes, o cerne da

    questo era a deficincia e o deficiente, agora, estudamos a pessoa, de

    acordo com Ciccone (1996 apud Muntaner, 2003, p.58) [...] filosofia

    educacional entende o surdo como uma pessoa, e a surdez como uma

    marca, cujos efeitos adquirem, inclusive, as caractersticas de um

    fenmeno com significaes sociais.

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    CONEXOPara melhor entender as diferenas entre o oralismo e a

    comunicao total, assista ao filme Filhos do Silncio(1986).

    O filme foi estrelado por James (William Hurt),que um professor de linguagem oral para

    surdos, e gosta de usar mtodos poucoconvencionais. Ele vai trabalhar numa escolapara surdos, que se comunicam com lngua

    de sinais. Ele conhece Sarah (Marlee Matlin),uma mulher surda, triste e fechada que

    continua frequentando o lugar apesar de j terse formado. James tenta se aproximar da

    jovem e descobre seu medo do mundo.Nestefilme mostrado tcnicas para o treino dalngua oral e o uso da comunicao total, oprofessor que usa sinais simultaneamente

    com a fala.

    Para Quadros (1997), esse

    tipo de sistema inadequado,

    pois desconsidera a estruturalingustica da lngua de

    sinais e desestrutura o

    portugus.

    Para Freeman,

    Carbin e Boese (1999,

    p.171):

    A Comunicao

    Total implica em que a

    criana com surdez

    congnita seja introduzida

    precocemente em um sistema de smbolos

    expressivos e receptivos, os quais ela aprender a manipular

    livremente e por meio dos quais poder abstrair significados ao

    interagir irrestritamente com outras pessoas. A Comunicao Total

    inclui todo o espectro dos modos lingsticos: gestos criados pelas

    crianas, lngua de sinais, fala, leitura oro-facial alfabeto manual,

    leitura e escrita [...] incorpora o desenvolvimento de quaisquer

    restos de audio para a melhoria das habilidades de fala ou deleitura oro- facial, atravs [...] de aparelhos auditivos individuais

    e/ou sistemas de alta fidelidade para amplificao em grupo.

    A comunicao total, talvez, no tenha atingido seus objetivos,

    porque a criana / pessoa com deficincia auditiva, exposta a essa

    filosofia educacional, no consiga adquirir uma ampla compreenso ou

    da lngua falada ou dos sinais, o que dificulta seu desenvolvimento

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    acadmico. Para Behares (1993) e Marchesi (1987), ela beneficia mais os

    familiares e os professores ouvintes e no o surdo.

    At chegarmos nessa filosofia dobilinguismo, muito se discutiu at entender

    que os gestos tm caractersticas de uma

    lngua, com estrutura prpria e que se

    desenvolvia. No eram movimentos

    aleatrios e sim uma lngua estruturada

    como qualquer outra, a principal diferena

    estava no canal de comunicao, nas

    lnguas de sinais so: a visual e a espacial, enquanto as lnguas orais so:

    a oral e a auditiva.

    O bilinguismo foi estudado e relatado, em pesquisas, quanto

    complexidade lingustica da lngua de sinais na dcada de 60, por Stokoe.

    Nessa poca, tem-se como lngua primeira, materna, para o surdo, a

    lngua de sinais. Assim, o idioma do pas passa a ser o segundo cdigo de

    comunicao desse indivduo. Nessa, proposta, a criana surda exposta

    no contexto escolar s duas lnguas. O objetivo central perceber essa

    pessoa enquanto cidado que faz parte de uma comunidade surda com

    uma cultura prpria.A educao bilngue pressupe que o desenvolvimento cognitivo,

    afetivo, sociocultural e acadmico das crianas surdas no depende,

    necessariamente, da audio, mas do desenvolvimento espontneo da sua

    lngua. A lngua de sinais propicia o desenvolvimento lingustico e

    cognitivo da criana surda, facilita o processo de aprendizagem de lngua

    oral, serve de apoio para leitura e compreenso de textos e favorece a

    produo escrita.

    FIG.13ORECONHECIMENTO DA LNGUA MATERNA-BILINGISMO

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    A compreenso que se tem que, a educao bilngue, no pode

    ser vista apenas como um ponto de chegada, mas sim como um ponto de

    partida, cuja perspectiva poltica reflita as condies socioeconmicas,

    lingusticas e culturais dos prprios surdos. uma proposta que precisaser construda com a comunidade surda, para que os projetos poltico

    pedaggicos de educao bilngue no se restrinjam apenas

    implantao de escolas, mas que possam aprofundar e criar, de forma

    massiva, as condies de acesso a la lengua de senas y a la segunda

    lengua, a la identidad personal y social, a la informacin significativa, al

    mundo del trabajo y a cultura de los sordos. (Skliar, 1997, p.7)

    Hoje no Brasil, temos atendimentos especficos educacionais para

    a rea da surdez. A L. D. B (Lei de Diretrizes e Bases) descreve auxlios

    especializados para surdos: a LIBRAS (Lngua Brasileira de Sinais),

    intrprete de LIBRAS, instrutor de LIBRAS e ensino da lngua

    Portuguesa para surdos. Destaca tambm a importncia do instrutor de

    LIBRAS, de preferncia surdo e com escolaridade concluda.

    Outro tipo de recurso utilizado para auxiliar na insero do surdo

    na classe comum a presena do Professor Intrprete, que, segundo a

    Res. CNE/CEB n 2 (11/09/01), [...] so profissionais especializados

    para apoiar alunos surdos, surdocegos e outros que apresentem srios

    comprometimentos de comunicao e sinalizao. Ainda podemos citaruma definio mais completa para professor intrprete, encontrada nas

    publicaes da SEESP/MEC (2005) [...] profissional bilnge (lngua de

    sinais e lngua portuguesa) que atua na interpretao/ traduo dos contedos

    curriculares e atividades acadmicas, envolvidas na escola. Sua funo principal

    a de permitir o acesso s informaes veiculadas, principalmente, em sala de

    aula, no mesmo nvel e complexidade que as recebem os demais alunos.

    Porm, todas essas mudanas foram possveis porque o Brasil

    reconheceu a lngua brasileira de sinais (LIBRAS) atravs da lei n.

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    CONEXO

    Assista ao filme O som dosilncio disponvel em

    www.youtube.comEste material mostra como lidar

    com a diferena e uma dica parser trabalho nas escolas

    regulares, falando sobre aincluso dos surdos.

    10.436, de 24 de abril de 2002, sancionada pelo Presidente Fernando H.

    Cardoso, mas nesta lei tambm consta que o surdo deve ler e escrever na

    lngua oficial do pas, a lngua portuguesa. Ento passamos a ter o surdo

    como um indivduo bilngue que tem a lngua materna L1 (LIBRAS) e aL2 (lngua portuguesa).

    Perceber a necessidade e importncia da lngua portuguesa pode

    ser o primeiro passo para o surdo, iniciar sua aprendizagem nesse idioma.

    A insero no mercado de trabalho, leituras de

    revistas, jornais, receitas de bolo, cartas, emails,

    bula de remdio, enfim, o mundo que o rodeia

    na forma escrita da lngua do pas, no caso do

    Brasil, a LP. A escrita deve ser incorporada a

    uma tarefa necessria e relevante para a vida

    (Vygotsky, 1984, p.133)

    2.2 Reflexo

    Nessa unidade o objetivo foi mostrar um pouco da deficincia

    auditiva, suas causas, e necessidades mais elementares.

    Apresentar as formas de comunicao existentes para a rea da

    surdez, lngua oral e lngua de sinais, e evidenciar que uma lngua noimpede a outra de se desenvolver e que atravs da lngua de sinais o

    surdo consegue participar na integra do contexto escolar e social.

    Conhecendo um pouco desse universo, fica mais simples de perceber

    que, essas pessoas tm total condio de estarem inseridas na sociedade

    desde que suas necessidades especficas sejam respeitadas.

    http://www.youtube.com/watch?v=_DADdyUiPkohttp://www.youtube.com/watch?v=_DADdyUiPko
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    2.3 Leituras recomendadas

    CAVALCANTI, M.C. Estudos sobre educao blingue e

    escolarizao em contexto de minorias lingsticas. DELTA, 1999,vol.15, no.spe, p.385-417. ISSN 0102-4450. Disponvel em

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

    44501999000300015&lng=pt&nrm=iso

    Este texto muito rico e deve ser lido por todos, pois fala da

    diversidade de lnguas, dialetos que encontramos no Brasil sendo que

    muitas vezes acreditamos morar em um pas monolngue, que somente

    fala a lngua portuguesa. A autora professora da UNICAMP faz

    vrios estudos na rea de lngua estrangeira.

    2.4 Referncias

    BUENO, J.G.S. Surdez, linguagem e cultura. Cad. CEDES vol.19

    n46, Campinas set, 1998.

    CAPOVILLA. F.C. Filosofias educacionais em relao ao surdo:

    do oralismo comunicao total ao bilinguismo. Revista Brasileira de

    Educao Especial, v.6, n.1, p. 99-116, 2000.

    LACERDA, C.B.F. Um pouco da histria das diferentes

    abordagens na educao dos surdos. So Paulo, 1996.

    LODI, A.C.B. Plurilinguismo e surdez: uma leitura bakhtiniana da

    historia da educao de surdos. Educao e Pesquisa, So Paulo, v.31,

    n.3, p.409-429 set/dez.2005.

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    QUADROS, R.M.de. Idias para ensinar portugus para alunos

    surdos. Braslia: MEC, SEESP, 2006.

    2.5 Na prxima unidade

    Estudaremos a deficincia visual, para entendermos as

    necessidades educacionais, suas caractersticas clnicas e o que est

    sendo feito para auxiliar o processo de incluso destas pessoas.

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    DEFICINCIASSENSORIAIS: VISUAL

    Dificilmente damos o real valor aosnossos sentidos. Atravs da viso temos a

    possibilidade de ver a cor do cu, o sorriso, as

    expresses humanas, enfim, tudo o que nos rodeia.

    Daria para imaginar a ausncia desse sentido e

    como conseguiramos viver?

    Talvez valha a pena citar Helen Keller, que escreveu um

    texto chamado Trs dias para ver:

    Vrias vezes pensei que seria uma beno se todo ser humano,

    de repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no principio da vida

    adulta. As trevas o fariam apreciar mais a viso e o silencio lhe

    ensinaria as alegrias do som.

    De vez em quando testo meus amigos que enxergam para

    descobrir o que eles vem. H pouco tempo perguntei a uma amiga que

    voltava de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. Nada de

    especial, foi resposta.

    Como possvel, pensei, caminhar durante uma hora pelosbosques e no ver nada digno de nota? Eu, que no posso ver,

    apenas pelo tacto encontro centenas de objetos que me

    interessam. Sinto a delicada simetria de uma folha. Passo as

    mos pela casca lisa de uma btula ou pelo tronco spero

    de um pinheiro. Na primavera, toco os galhos das

    rvores na esperana de encontrar um boto, o

    primeiro sinal da natureza despertando aps o

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    sono do inverno. Por vezes, quando tenho muita sorte, pouso suavemente

    a mo numa arvorezinha e sinto o palpitar feliz de um pssaro cantando.

    [...] Eu, que sou cega, posso dar uma sugesto queles que vem:

    usem seus olhos como se amanh fossem perder a viso. E o mesmo seaplica aos outros sentidos. Oua a msica das vozes, o canto dos

    pssaros, os possantes acordes de uma orquestra, como se amanh

    fossem ficar surdos. Toquem cada objeto como se amanh perdessem o

    tacto. Sintam o perfume das flores, saboreiem cada bocado, como se

    amanh no mais sentissem aromas nem gostos. Usem ao mximo todos

    os sentidos; goze de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo

    lhes revela pelos vrios meios de contacto fornecidos pela natureza.

    Nesta unidade falaremos sobre as pessoas que no possuem a viso

    e quais so suas reais necessidades. Aproveite para dar mais ateno a

    perfeio dos seus sentidos e aprender a respeitar queles que no a tem.

    Processo de ensino-aprendizagem

    sabido que, cada pessoa aprende de uma forma, existem formas

    distintas para conseguir entender melhor e com mais facilidade. As

    pessoas com deficincias visuais tm limitaes sensoriais que podem ser

    superadas com o auxlio de uma forma de escrita distinta e leitura que

    passa pelas pontas dos dedos.

    Estudaremos as caractersticas da deficincia visual,

    desmistificando histrias e mostrando que essas limitaes sensoriais,

    nem sempre esto associadas a problemas intelectuais. A aprendizagem

    dessas pessoas necessita de recursos educacionais, econmicos e

    tecnolgicos, mas acima de tudo, de profissionais capacitados.

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    Objetivos da sua aprendizagem

    O objetivo da unidade III traar um perfil da deficincia visual e

    de suas necessidades educacionais e sociais.

    Voc se lembra?

    Voc se lembra de alguma novela que tinha personagens cegos?

    Ou de filmes que retratavam esta realidade? Tem noo de como auxiliar

    qualquer pessoa com esta deficincia?

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    3.1 A deficincia visual

    A estrutura e o funcionamento do

    olho so complexos e fascinantes. O olhoajusta constantemente a quantidade de

    luz que deixa entrar, foca os objetos

    prximos e distantes e gera imagens

    contnuas que instantaneamente so

    transmitidas ao crebro. considerado cego quele que, apresenta desde ausncia total de

    viso at a perda da percepo luminosa. Na medicina duas escalas

    oftalmolgicas estabelecem a existncia de dois grupos de deficientes

    visuais: acuidade visual (ou seja, aquilo que se enxerga a determinada

    distncia) e campo visual (a amplitude da rea alcanada pela viso).

    O termo cegueira no significa total incapacidade para ver,poderemos encontrar pessoas com vrios graus de viso residual.

    Engloba prejuzos dessa aptido a nveis incapacitantes para o exerccio

    de tarefas rotineiras.

    Uma pessoa considerada cega se corresponde a um dos critrios

    seguintes: a viso corrigida do melhor dos seus olhos de 20/200 ou

    menos, isto , se ela pode ver a 20 ps (6 metros), o que uma pessoa de

    viso normal pode ver a 200 ps (60 metros), ou se o dimetro mais largo

    do seu campo visual subentende um arco no maior de 20 graus, ainda

    que sua acuidade visual nesse estreito campo possa ser superior a 20/200.

    Esse campo visual restrito muitas vezes chamado "viso em tnel" ou

    "em ponta de alfinete", e a essas definies chamam alguns "cegueira

    legal" ou "cegueira econmica".

    FIG.14OOLHO

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    Nesse contexto, caracteriza-se como indivduo com viso

    subnormal aquele que possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala

    mtrica) e/ou um campo visual entre 20 e 50. Pedagogicamente,

    delimita-se como cego aquele que, mesmo possuindo viso subnormal,necessita de instruo em Braille (sistema de escrita por pontos em

    relevo) e como possuidor de viso subnormal aquele que l tipos

    impressos ampliados ou com o auxlio de potentes recursos pticos.

    Por representar a perda de um dos sentidos mais teis no

    relacionamento do homem com o mundo, cegueira considerada uma

    deficincia grave, que pode ser amenizada por tratamento mdico e

    reeducao. Em qualquer processo, a viso das cores a primeira

    sensao visual a ser comprometida e a ltima a ser recuperada.

    As causas mais frequentes da cegueira

    so: catarata (causa mais frequente e pode

    ser curada com cirurgia); infeco (causa

    mais comum e evitvel); diabetes (uma das

    causas mais freqentes pode-se evitar

    atravs do controle da doena e o

    tratamento com laser atrasa a perda de

    viso); degenerescncia macular (afeta aviso central, no a perifrica. Pode ser evitada e tratada em menos de

    10% das pessoas) e glaucoma (pode-se tratar muito bem, se tratado a

    tempo, no deve conduzir cegueira).

    FIG.15CRIANA COM CEGUEIRA

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    VISO NORMAL

    PERDA DA VISO CENTRAL (EX:DMRI,STARGARDT)

    PERDA DA VISO PERIFRICA

    PERDA DIFUSA DE CAMPO VISUAL (EX:RETINOPATIA (EX:GLAUCOMA,RETINOSE PIGMENTRIA)

    DIABTICA)

    DIMINUIO GLOBAL DA SENSIBILIDADE (CATARATA)

    FIG.16COMO NS VEMOS

    FONTE:LMCDISPONVEL EM WWW.LMC.ORG.BR/BV.HTM

    http://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htmhttp://www.lmc.org.br/bv.htm
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    CONEXOVamos assistir ao filme A primeira

    vista, que retrata a vida de um jovemcego Virgil (Val Kilmer), que atravs deuma cirurgia volta a enxergar. Veremoseste jovem no trabalho, na sociedade,

    no amor e no seu dia-a-dia. Poderemostambm pensar sobre a quem a

    deficincia incomoda ao deficiente ou aquem esta ao seu lado. No filme a

    namorada a Amy (Mira Sorvino), quepassara por este drama.

    3.2 Baixa viso

    A Organizao Mundial de Sade

    (OMS) considera baixa viso (ou viso subnormal)

    o comprometimento do funcionamento visual em ambos os olhos, mesmo

    aps correo de erros de refrao comuns com uso de culos, lentes de

    contato ou cirurgias oftalmolgicas.

    Trata-se de uma definio tcnica e quantitativa. Baixa viso

    para quem tem uma acuidade visual menor que 0,3 (Snellen), at a

    percepo de luz ou, um campo visual menor que 10 graus do ponto de

    fixao.

    FIG.17SNELLEN.

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    Os principais indcios relacionados deficincia visual so:

    constante irritao ocular, excessiva aproximao junto ao rosto para ler

    ou escrever, dificuldade para leitura distncia, esforo visual,

    inclinao da cabea para tentar enxergar melhor, dificuldade deenxergar pequenos obstculos no cho, nistagmo (olho constantemente

    trmulo), estrabismo ou dificuldade de enxergar em ambientes claros.

    Mdicos especialistas em viso subnormal, estimam que os casos de

    deficincia visual possam ser reduzidos em at 30%, caso sejam adotadas

    todas as medidas preventivas e eficientes nas reas de educao e sade.

    A baixa viso de acordo com a Organizao Mundial de Sade

    usa as seguintes classificaes de deficincia visual, baseado sempre no

    melhor olho com a melhor correo possvel com uso de culos:

    Existem tambm niveis de deficiencia visual baseados na perda do

    campo visual ( perda da viso perifrica). Nos Estados Unidos, qualquer

    20/30 a 20/60 Considerado leve perda de viso ou prximo da viso

    normal;20/70 a 20/160 Considerada baixa viso moderada, baixa viso

    moderada;

    20/200 a 20/400 Considerado grave deficincia visual, baixa viso

    grave;

    20/500 a 20/1000 Considerado viso profunda, baixa viso profunda;

    Inferior a 20/1000 Considerado quase total deficiencia visual, cegueira

    total ou quase;

    Nenhuma

    Percepo da luz

    Considerado cego total.

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    pessoa com a viso que no possa ser corrigida para melhorar de 20/200

    no melhor olho, ou tenha 20 graus de diametro ou menos de campo

    visual considerado legalmente cego ou elegiveis para a deficiencia e

    classificao possivel na incluso de certos programas governamentais.As pessoas com baixa viso ou cegueira necessitam de recursos pticos e

    no somente para poderem ler e escrever. Podemos citar como recursos

    opticos: culos com lentes especiais, telescpios, lupas manuais de apoio

    ou eletrnica que possibilitam o aumento da imagem para facilitar sua

    identificao.

    Os recursos no pticos so aqueles que melhoram o dsempenho da

    pessoa com viso subnormal sem a utilizao de lentes, como impressos

    (livros e revistas) e materiais (caneta, baralho, teclado do computador)

    ampliados de alto contraste. Iluminaes adequadas, escritas em Braille,

    lentes filtrantes; chapu e viseira tambm so considerados recursos no

    pticos.

    RECURSO PARA BAIXA VISO

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    RECURSO PARA BAIXA VISO

    MAQUINA BRAILLE

    J conhecemos um pouco da deficincia visual e da baixa viso,

    os recursos tecnolgicos e a acessibilidade sero abordados nas prximas

    unidades.

    REGLETE E PUNO

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    CONEXOAssista ao filme A cor do paraso

    Filho espera o pai vir busc-lo para asfrias, numa escola especial para

    crianas cegas. O pai, no entanto ficarelutante em lev-lo para casa, porpensar que isso poder atrapalhar

    suas pretenses de se casar de novo.Filme iraniano com fotrografias

    perfeitas e uma historiamemocionantes.

    3.3 Reflexo

    Nesta unidade o objetivo foi mostrarum pouco da deficincia visual, mostrando

    suas causas, e necessidades mais

    elementares.

    Para os deficientes visuais os materiais so

    imprescindveis para estes perceberem o mundo

    atravs do tato. Conhecendo um pouco deste universo, fica mais simples

    de perceber que essas pessoas tm total condio de estarem inseridas na

    sociedade, desde que suas necessidades especificas sejam respeitadas.

    3.4 Referncias

    AMIRALIAN, Maria Lucia Toledo Moraes. Deficincia Visual -

    Perspectivas na Contemporaneidade. So Paulo, Vetor, _____.

    MASINI, E. F. S. O Perceber e o Relacionar-se com o Deficiente

    Visual. Braslia: Corde, 1994.

    ____________. Pessoa com Deficincia Visual - Um livro para

    educadores. So Paulo, Vetor,_______.

    MARUYAMA, A. T; SAMPAIO, P.R.S; REHDER,J.R.L.

    Percepo dos professores da rede regular de ensino sobre os problemas

    visuais e a incluso de alunos com baixa viso. Rev. bras.Oftalmol. vol.68 no.2 Rio de Janeiro mar./abr. 2009 Disponvel em

    www.scielo.br

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72802009000200002&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72802009000200002&lng=pt&nrm=iso
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    NUERNBERG, Adriano Henrique. Contribuies de Vigotski para

    a educao de pessoas com deficincia visual. Psicol.

    estud. v.13 n.2 Maring abr./jun. 2008 Disponvel emwww.scielo.br

    3.5 Na prxima unidade

    Estaremos estudando as deficincias fsicas, para entendermos as

    necessidades educacionais, suas caractersticas clnicas e o que est

    sendo feito para auxiliar o processo de incluso destas pessoas.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000200013&lng=pt&nrm=isohttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722008000200013&lng=pt&nrm=iso
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    DEFICINCIA FSICA

    Andar, correr, saltar, andar debicicleta, pular, nadar tantas as atividades que

    dependemos de nossos membros superiores e

    inferiores, que nem nos damos conta.

    A mdia nos mostra o belo, a perfeio, corpos

    perfeitos o tempo todo e ainda impe padres sobre o que

    belo. As pessoas com deficincia fsica fogem a esse padro e

    nossos olhos cobram isso destas pessoas, vemos a ausncia de um

    membro e nos parece o fim; ignoramos muitas vezes que dentro

    daquele corpo, mesmo com suas limitaes, tem qualidades,

    capacidades e habilidades.

    Nesta unidade pensaremos, conheceremos este universo dasdeficincias fsicas e iniciaremos uma percepo quanto ao belo, que

    passa pelo que somos e no por nossa aparncia.

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    Processo de ensino-aprendizagem

    Vamos iniciar, agora, um assunto muito importante. Est

    relacionando a populao que cresce muito em nosso pas e em todo

    mundo. Talvez vocs pensem que o nmero seja insignificante, porm, a

    Deficincia Fsica (DF) ou Motora est em primeiro lugar entre todas as

    deficincias em incidncia na populao brasileira, uma vez que o

    nmero cresce pelo aumento de acidentes de carro e uso de armas

    brancas e de fogo. Claro que todo nosso contexto em torno da busca por

    uma sociedade mais justa, humana e democrtica, e que acima de tudo,acredite na incluso ou no termo que mais utilizo: diversidade humana.

    Objetivos da sua aprendizagem

    O objetivo da unidade III traar um perfil das deficincias

    fsicas e suas necessidades educacionais e sociais.

    Voc se lembra?

    Voc se lembra de ter quebrado a perna ou o brao e ter

    necessitado de ajuda constante por um determinado tempo? E o quanto

    isso tirou sua liberdade e privacidade? Este exemplo foi por um tempo,mas e as pessoas com deficincia fsica, que passam uma vida em

    cadeiras de rodas, camas totalmente dependentes? Pense sobre isso...

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    CONEXO

    Vamos assistir a um vdeoApenas diferentes. Disponvelemwww.dominiopublico.gov.brRefletia sobre esta deficincia

    que marcada pela forma

    como ns encaramos o quefoge a regra, tem uma forma

    diferente.

    4.1 Pensando sobre deficincia motora

    Por vez limitamos uma pessoa pelo que vemos, esquecemos que

    essa pessoa mesmo com uma deficincia ou comprometimento fsicoacentuado, possui desejos, sonhos e habilidades.

    O nmero de pessoas com deficincia fsica (DF) ou motora est

    entre os primeiros lugares entre todas as deficincias em incidncia na

    populao brasileira, uma vez que o nmero cresce pelo aumento de

    acidentes de carro e uso de armas brancas e de fogo.

    Mas, quando consideramos uma pessoa com deficincia fsica?

    Segundo o Ministrio da Educao (MEC) a

    definio de deficincia fsica o

    Comprometimento do aparelho

    locomotor que compreende o sistema

    osteoarticular, o sistema muscular e o

    sistema nervoso. As doenas ou leses que

    afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou

    em conjunto, podem produzir quadros de limitaes fsicas de grau

    e gravidade variveis, segundo(s) segmentos(s) corpora(is)

    afetado(s) e o tipo de leso ocorrida (2004).

    Porm, no decreto n 3.298/99, encontra-se o conceito de

    deficincia e de deficincia fsica da seguinte forma:

    Art. 3: - Para os efeitos deste Decreto, considera-se:

    I - Deficincia toda perda ou anormalidade de uma estrutura oufuno psicolgica, fisiolgica ou anatmica que gere incapacidade

    http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20275http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20275http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20275http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=20275
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    para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado

    normal para o ser humano;

    Art. 4: - Deficincia Fsica alterao completa ou parcial de

    um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o

    comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de

    paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,

    tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia,

    amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, membros

    com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades

    estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho

    de funes.

    Atualmente pensamos a deficincia com relao funcionalidade

    que tambm uma forma de definio,

    [...] terminologia deficincia fsica bem como a funcionalidade e

    participao social desta pessoa, entendendo que suas restries

    no so somente impostas pela condio fsica (alterao da

    estrutura e funo do corpo biolgico), mas os aspectos

    psicolgicos, educacionais e sociais tambm determinam

    possibilidades e impedimentos de desenvolvimento de habilidades

    e de incluso do aluno com deficincia (BRASIL, 2007).

    Ou seja, O comprometimento da

    funo fsica poder acontecer quando

    existe a falta de um membro (amputao),

    sua malformao ou deformao

    (alteraes que acometem o sistemamuscular e esqueltico) (BERSCH; MACHADO, 2007, p.22).

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    A nfase na palavra deficincia trs consigo a marca, a ideia da

    perda de uma das funes, fsica, psicolgica ou sensorial. Entretanto,

    pode-se ter uma deficincia, sem que, obrigatoriamente, isso signifique

    incapacidade, que poder ser minimizada quando o meio lhe possibilitaracessos mais diversos. A conceituao da deficincia serve, portanto,

    para definirmos polticas de atendimentos, recursos materiais, condies

    sociais e escolares (BRASIL, 2007, pg.21).

    Falar em incluso de pessoas com deficincia passa,

    primeiramente, por uma questo de linguagem, de como nos referimos s

    pessoas com algum tipo de sequela.

    A questo to importante que Sassaki (2001) fez um estudo

    sobre como as pessoas e os meios de comunicao comumente se

    referem s pessoas com deficincia, mostrando a trajetria ocorrida no

    Brasil quanto aos termos utilizados.

    Observe o quadro abaixo, que foi organizado a partir da pesquisa

    de Sassaki (2006).

    poca Termos e significados Valor da pessoa

    Incio da histriapor sculos.Os invlidos

    Pessoa sem valor, e

    mesmo no sculo XX,

    usava-se esse termo,porm sem nfase no

    pejorativo.

    Socialmente intil

    peso morto, um

    fardo para a famlia,sem valor

    profissional.

    Sculo XX at1960.

    Os incapacitados

    Pessoa sem capacidade

    e depois pessoa com

    capacidade residual.

    Ainda as pessoas

    eram vistas como

    incapazes em todos

    os aspectos fsico,

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    social, psicolgico e

    profissional,

    independente de qual

    fosse sua deficincia. 1960 at 1980.crianas efeituosas

    Em 1950 foi criada a

    Associao de

    Assistncia a Criana

    Defeituosa (AACD),que depois passou a

    ser Associao de

    Assistncia a Criana

    Deficiente (AACD) e

    tambm foram

    fundadas vrias

    Associaes de Pais e

    Amigos dos

    Excepcionais (APAE)

    pelo pas.

    Pessoa com

    deformidade.

    Os deficientes se

    referiam as pessoas com

    deficincia fsica, mental,

    auditiva, visual e

    mltipla.

    Os excepcionais,

    pessoa com deficincia

    mental.

    Focalizava a

    deficincia, porm

    sem fazer

    comparao com as

    pessoas sem

    deficincia.

    1981 a 1987Em 1981 foi

    proclamado pelas

    Naes

    Unidas Ano

    Internacional das

    Pessoas Deficientes.

    Pessoas deficientes, osubstantivo deficiente

    passou a ser utilizado

    como adjetivo acrescido

    de pessoas.

    Igualdade de direitose dignidade como

    qualquer outra

    pessoa.

    1988 a 1993 Pessoa portadora de

    deficincia, usado em

    O termo portador de

    deficincia era como

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    pases de lngua

    portuguesa para substituir

    pessoa deficiente.

    se a deficincia

    tivesse sido agregada

    pessoa. Foram

    utilizados em leis,documen