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Capítulo I A ARTE TESTEMUNHANDO A HISTÓRIA As pinturas abaixo são feitas em paredes. Elas retratam cenas do cotidiano, mas milhares de anos as separam. Maurício Villaça; grafitismo Bisões na gruta de Lascaux França Mesmo que não houvesse legenda nas fotos, com certeza saberíamos dizer qual é a pintura pré-histórica e qual é a pintura do final do século XX. Um artista pré-histórico jamais poderia pintar prédios, mulheres vestidas assim e um artista moderno só conhece o bisão como animal em extinção. Além disso, os materiais utilizados também evidenciam tempos diferentes. Na Pré-história não existia o spray nem as tintas látex e acrílica, usada pelos grafiteiros. As tintas eram retiradas da natureza. A arte é fiel testemunha da história construída pelo homem. Ao esculpir, pintar e desenhar, um artista retrata a realidade. Os acontecimentos políticos, econômicos, sociais influenciam a sua criação. Veja: Irmãos Limbourg/Iluminura Café- Portinari As Respingadeiras-Millet

Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

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Apostila de Arte para ensino médio

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Page 1: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Capítulo I

A ARTE TESTEMUNHANDO A HISTÓRIA

As pinturas abaixo são feitas em

paredes. Elas retratam cenas do cotidiano, mas

milhares de anos as separam.

Maurício Villaça; grafitismo

Bisões na gruta de Lascaux – França

Mesmo que não houvesse legenda nas

fotos, com certeza saberíamos dizer qual é a

pintura pré-histórica e qual é a pintura do final

do século XX.

Um artista pré-histórico jamais poderia

pintar prédios, mulheres vestidas assim e um

artista moderno só conhece o bisão como

animal em extinção. Além disso, os materiais

utilizados também evidenciam tempos

diferentes.

Na Pré-história não existia o spray nem

as tintas látex e acrílica, usada pelos grafiteiros.

As tintas eram retiradas da natureza.

A arte é fiel testemunha da história

construída pelo homem. Ao esculpir, pintar e

desenhar, um artista retrata a realidade. Os

acontecimentos políticos, econômicos, sociais

influenciam a sua criação. Veja:

Irmãos Limbourg/Iluminura

Café- Portinari

As Respingadeiras-Millet

Page 2: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Trabalhadores egípcios

Embora as figuras acima mostrem

pessoas trabalhando, percebemos épocas

diferentes em cada uma delas através dos

ambientes retratados, vestimentas etc.

No entanto, não podemos esquecer que,

além de testemunhar a história por intermédio da

arte, o artista poderá criar uma obra que não

esteja diretamente relacionada à realidade do

meio em que vive. Ele poderá pintar, desenhar,

esculpir, compor uma música e, assim, expressar

novas realidades, seus sentimentos, suas idéias

sobre forma, cor, movimento etc.

Capítulo 2

OS PRIMEIROS ARTISTAS DA HUMANIDADE

Os primeiros artistas da humanidade

foram os homens da Pré-história. Eles viviam em

pequenos grupos e eram nômades, não tinham

lugar fixo para habitar. Alimentavam-se da caça,

da pesca e da colheita de frutos.

Dois fatos foram muito importantes nesse período: o homem aprendeu a fazer o fogo, com o

qual se aquecia e afugentava os animais, e a utilizar as pedras lascadas, com as quais confeccionavam

instrumentos para caçar, guerrear e realizar entalhes nas paredes. Por isso o primeiro período da Pré-

História ser chamado de Período da Pedra Lascada ou Paleolítico.Mesmo construindo um instrumento,

nota-se que o homem primitivo importava-se com a forma e a beleza das peças.

O homem pré-histórico costumava se abrigar

em cavernas e em cabanas construídas com paus e

ossos de mamutes, tendo o teto coberto por ramagens

ou peles de animais. É nas cavernas que encontramos

as primeiras pinturas realizadas pelo homem. São

verdadeiros "Salões de arte" com pinturas de ursos,

cavalos, veados, bisões etc. É desconhecido o motivo

pelo qual os homens pré-históricos desenhavam nas

paredes das cavernas. A teoria mais aceita é a de que

esses desenhos eram feitos por caçadores. Tudo que

conseguissem desenhar poderiam dominar, ou seja,

num sentido mágico, eles poderiam interferir na

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captura de um animal desenhando-o ferido mortalmente, podendo dessa forma, dominá-lo com facilidade.

Assim, as pinturas eram representação da natureza, tudo para garantir uma boa caçada e

conseqüentemente, a sobrevivência.

Para pintar, o homem produzia suas próprias tintas

misturando terra geralmente avermelhada por ser rica em

minérios) com carvão, sangue e gorduras de animais. Utilizava

os dedos e, provavelmente, também pincéis rudimentares (como

tocos de madeira), conforme alguns objetos encontrados por

arqueólogos.

.

Também era muito importante para o homem da pré-história garantir a

continuidade da sua espécie. Demonstrava esse sentimento esculpindo figuras

femininas em pedra ou marfim com formas bem avantajadas : seios, quadris e

ventres enormes, o que ressalta a importância da fertilidade. Essas esculturas

são chamadas de Vênus

Vênus de Willendorf

No Brasil também encontramos pinturas rupestres

(feitas em rochas) que comprovam a existência do homem

na América a milhares de anos.

Page 4: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Aos poucos , o homem descobre como

plantar e domesticar os animais, alterando

completamente sua vida. Ele não precisa

mais viajar em busca de alimentos e passa a

fixar-se em regiões à beira dos rios. Dessa

forma, surgem as primeiras aldeias e a

divisão das tarefas diárias: os homens caçam

e constroem abrigos casas de madeira e

barro) e as mulheres plantam e realizam

trabalhos artesanais, como cerâmica (peças

feitas manualmente para transportar grãos e

utensílios domésticos feitos com madeira e

osso) e a tecelagem (obtida da lã de

carneiros). Se, por um lado, a sobrevivência

diária é garantida pela agricultura e criação de animais, por outro, o homem continua a se preocupar com

as forças da natureza ( sol, chuva, eclipse etc) e com a morte.

Estimulado por essas preocupações, o artista da pré-

história constrói menires (blocos de pedra fincados no chão)

e dólmenes (dois menires com uma pedra apoiada em cima

como uma mesa gigante), que são considerados cemitérios

ou, no caso de Stonehenge, na Inglaterra, um monumento ao

sol.

A aldeias começam a crescer e torna-se necessário que cada uma delas defenda seu território. As

armas passam a ser mais estruturadas e o homem deixa de lascar as pedras e passa a poli-las mediante

atrito (daí esse período ser denominado de Período da Pedra Polida ou Neolítico).

Provavelmente da mesma forma que o homem observou que ao redor do fogo o barro endurecia

e assim descobriu como fazer peças de cerâmica, ele agora observa que certas pedras derretem na

fogueira. Descobre a metalurgia (fundição de metais) e usa essa novidade para confeccionar armas mais

resistentes e perigosas.

Historicamente, entraremos na Idade dos Metais, que compreende o Período do Cobre, o Período

do Bronze e o Período do Ferro.

Com a utilização dos metais, o homem desenvolveu

técnicas e aperfeiçoou seus instrumentos e métodos agrícolas.

Aos poucos, as aldeias passaram a produzir mais, gerando

assim excedentes que eram trocados por produtos de aldeias

vizinhas. Muitas dessas aldeias iriam mais tarde transformar em

cidades e civilizações conhecidas

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Capítulo 3

Arte Egípcia

A arte egípcia esteve fortemente influenciada pelos preceitos

religiosos de sua cultura. No Antigo Egito, a ideia de que o

desenvolvimento das artes constituía um

campo autônomo de sua cultura não

corresponde ao espaço ocupado por esse tipo

de prática. Assim como em tantos outros

aspectos de sua vida, os egípcios

estabeleciam uma forte aproximação de suas

manifestações artísticas para com a esfera

religiosa. Dessa forma, são várias as ocasiões

em que percebermos que a arte dessa

civilização esteve envolta por alguma

concepção espiritual.

A temática mortuária era de

grande presença. A crença na vida após a

morte motivava os egípcios a construírem

tumbas, estatuetas, vasos e mastabas que representavam sua concepção do além-vida. As primeiras

tumbas egípcias buscavam realizar uma reprodução fiel da residência de suas principais autoridades. Em

contrapartida, as pessoas sem grande projeção eram enterradas em construções mais simples que,

em certa medida, indicava o prestígio social do indivíduo.

O processo de centralização política e a divinização da figura do faraó tiveram grande

importância para a construção das primeiras pirâmides. Essas construções, que estabelecem um

importante marco na arquitetura egípcia, têm como as principais representantes as três pirâmides do

deserto de Gizé, construídas pelos faraós Queóps, Quéfren e Miquerinos. Próxima a essas construções,

também pode se destacar a existência da famosa esfinge do faraó Quéfren.

Tendo funções para fora do simples deleite estético, a arte dos povos egípcios era bastante

padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico ou o desenvolvimento de um estilo autoral.

Geralmente, as pinturas e baixos-relevos apresentavam uma mesma representação do corpo, em que o

indivíduo tinha seu tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No estudo da

arte, essa concepção ficou conhecida como a lei da frontalidade.

Ao longo do Novo Império (1580 – 1085 a.C.), passados os vários momentos de instabilidade da

civilização egípcia, observamos a elaboração de novas e belas construções. Nessa fase, destacamos a

construção dos templos de Luxor e Carnac, ambos dedicados à adoração do deus Amon. No campo da

arte funerária, também podemos salientar o Templo da rainha Hatshepsut e a tumba do jovem faraó

Tutancâmon, localizado no Vale dos Reis.

A escultura egípcia, ao longo de seu desenvolvimento, encontrou características bastante

peculiares. Apesar de apresentar grande rigidez na maioria de suas obras, percebemos que as estátuas

egípcias conseguiam revelar riquíssimas informações de caráter étnico, social e profissional de seus

representados. No governo de Amenófis IV temos uma fase bastante distinta em que a rigidez da

escultura é substituída por impressões de movimento.

Passado o governo de Tutancâmon, a arte egípcia passou a ganhar forte e clara conotação

política. As construções, esculturas e pinturas passaram a servir de espaço para o registro dos grandes

feitos empreendidos pelos faraós. Ao fim do Império, a civilização egípcia foi alvo de sucessivas invasões

estrangeiras. Com isso, a hibridação com a perspectiva estética de outros povos acabou desestabilizando a

presença de uma arte típica desse povo.

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Capítulo 4

Arte dos povos Gregos

A arquitetura grega era ligada

basicamente aos templos, construídos

com pedras sobre uma plataforma de dois

ou três degraus com muitas colunas para

garantir a sustentação do teto. O espaço

interno era pequeno, destinado à imagens

de deuses e sacerdotes. Os cultos eram

realizados na parte externaAs colunas

que sustentavam os templos eram

formadas por três partes: base,

fuste ecapitel .

As colunas apresentavam formas diferentes,

caracterizando três estilos gregos:dórico, jônico e coríntio.

Os templos também possuíam frisos e frontões, que

eram ricamente decorados.

Acrópole de Atenas

Partenon

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Além do território que hoje conhecemos como Grécia, os gregos se espalharam pelas ilhas do mar

Egeu, pela Ásia Menor e fundaram as colônias no sul da Itália, chamada de Magna Grécia. Eram unidos

pela língua e crenças religiosas, mas divididos em cidades-estados com independência política e

econômica. Duas dessas cidades merecem destaque: Atenas, berço da arte e da democracia,

e Esparta, cidade dos guerreiros.

Os gregos buscavam no homem e na vida inspiração. O homem era considerado o modelo, o

padrão de beleza. Ele era retratado sem imperfeições, idealizado. Seus deuses eram uma glorificação do

próprio homem e tinham emoções e características humanas.

As esculturas, por exemplo, eram feitas quase sempre em mármore e

bronze, embora utilizassem também outros materiais, como o marfim

e a madeira.

A escultura no período arcaico (séc. VII a.C. ao séc. V a.C.)

são feitas em mármore grandes figuras masculinas. Primeiramente

aparecem esculturas simétricas, em rigorosa posição frontal, com o

peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas

.

Esse tipo de estátua é chamada de Kouros. (palavra grega= homem jovem)

A escultura no período clássico procura maior movimento das estátuas e por

isso passam a utilizar o bronze, por ser mais resistente que o mármore, podendo

fixar o movimento sem quebrar. A escultura no período helenístico os seres

humanos não são representados apenas de acordo com a idade e a personalidade,

mas também segundo as emoções e o estado de espírito de um momento. Surge a

representação de grupos de figuras em grande movimento. Surge também o nu

feminino, pois até então a figura feminina era sempre representada com vestes.

Kouros – período arcaico

Leocarés: Apolo Belvedere, Período Clássico

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Período helenístico

As cerâmicas gregas tinham rara beleza. Eram utilizadas como

recipientes para vinho, azeite, mel, perfume e até como funerária. As formas

eram elegantes e a decoração era feita com figuras geométricas ou cenas

mitológicas (histórias de deuses e heróis).

Teatro Grego Antigo

Os gregos davam grande importância ao teatro.

Não só escreviam o texto das peças como

também construíam teatros para que elas fossem

encenadas.

Durante a encenação das peças, os atores

gregos usavam máscaras que mostravam as

características de deuses e heróis e também seus

sentimentos. Essas máscaras eram feitas de barro,

madeira ou cortiça.

Máscaras do Teatro Grego:

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Capítulo 5

Arte Romana Costuma-se dizer que a arte romana copiou a arte grega, mas isso é apenas parcialmente verdade.

Os romanos conquistaram um vasto território desde a Europa até a Ásia e assimilaram a cultura

dos povos conquistados, principalmente o da cultura grega. Mas com o passar do tempo , adaptaram essas

culturas ao seu próprio modo de vida e necessidade.

A arquitetura

A população da cidade de Roma era muito grande e ,

conseqüentemente , havia a necessidade de se construir

prédios públicos de grandes proporções para abrigar o maior

número de pessoas. Desse modo , os romanos, que admiravam

as colunas gregas( que serviam de sustentação para a

cobertura), desenvolveram uma forma de construção em que

as colunas passam a ser apenas decorativas.

Utilizavam o arco e a abóbada, recursos arquitetônicos

desconhecidos pelos gregos e egípcios, mas transmitidos aos

romanos pelos etruscos. A utilização de arcos e abóbadas

proporcionou às construções amplos espaços internos.

Uma das características da arquitetura veio da arte etrusca,

por meio do uso do arco e da abóbada nas construções. Essas

estruturas diminuiram a utilização das colunas gregas e aumentaram

os espaços internos. Antes, se as colunas não fossem usadas, o peso

do teto poderia causar tensões nas estruturas. O arco ampliou o vão

entre uma coluna e outra e a tensão do centro do teto era concentrado

de formas homogênea.

No final do século I d.C., Roma havia superado as

influências desenvolvendo criações próprias.

Nas moradias romanas, as plantas eram rigorosas e eram

desenhadas sob um retângulo. As estruturas gregas, eram

admiradas pela elegância e flexibilidade e foram implantadas

nessas moradias, o peristilo (espaço formado por colunas

isoladas e aberto na lateral).

Os templos, tinham uma arquitetura diferente: no pórtico de entrada, havia uma escadaria, as

laterais se diferenciavam da entrada e não tinham a mesma simetria. Utilizada pelos gregos,

acrescentaram, então, os peristilos.Ex.: Maison Carré, em Níves – França, feita no final do século I a.C.

As colunas laterais tinham ideia de um falso peristilo.

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Para fugir da inspiração grega, romanos

criaram templos, valorizando os espaços

interiores, como exemplo o Panteão, em Roma,

construída durante o reinado do Imperador

Adriano. Ele é o primeiro templo pagão

ocupado por uma igreja cristã, devido a sua

estrutura arquitetônica.

Teatro

Foram criados os anfiteatros, com o uso das abóbadas e

arcos; o um espaço era amplo e suportava muitas pessoas. O

público se encontrava no auditório, sendo possível construir

os edifícios em qualquer lugar. O evento que eles mais

gostavam eram as lutas dos gladiadores e não era

necessário um palco para apreciar o espetáculo. Em um

espaço central elíptico era circundado pela arquibancada,

com grande número de fileiras. Um grande exemplo é o

Coliseu, em Roma, uma das sete maravilhas do

mundo moderno.

Pintura

Os pintores romanos usaram, ao mesmo tempo que o realismo, a imaginação, dando origem à obras que

ocupavam grandes espaços, enriquecendo mais a arquitetura. A maioria das pinturas originou-se da

cidade de Pompeia e Herculano e foram soterradas pela erupção de um vulcão. Elas desencadearam a

quatro estilos de pintura:

1º estilo - Não era considerada uma pintura: as paredes eram pintadas com gesso, dando impressão de

placas de mármore;

2º estilo - Descobriu-se que a ilusão com gesso poderia ser substituída pela pintura: os artistas pintavam

painéis, com pessoas, animais, objetos sugerindo profundidade;

3º estilo - Valorização dos detalhes: no final do século I a. C., a realidade das representações foi trocada

por detalhes;

4º estilo - Volta da profundidade, dos espaços: a ilusão dos espaços foi combinada a delicadeza, dando

origem ao quarto estilo. Ex.: sala da casa dos Vetti, em Pompéia.

Escultura

Na escultura, os romanos eram muito diferentes dos gregos em

alguns aspectos. Apesar de apreciarem a arte, eles não

representavam o ideal de beleza, mas a cópia fiel das pessoas,

buscando retratar traços particulares. Um exemplo disso é a estátua

do imperador romano, Augusto, criada por volta de 19 a.C.. Numa

cópia do Doríforo, dos gregos, o artista detalhou as feições reais do

Imperador, a couraça e as capas romanas. Essa preocupação também

foi encontrada em relevos esculpidos, pois eles buscavam

representar acontecimentos e pessoas que participaram dele. Ex.:

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Coluna de Trajano: construída no século I da era cristã, apresenta a luta do imperador romano

com os exércitos romanos na Dácia.

Coluna de Marco Aurélio: construída um século depois, retrata a vitória dos romanos sob um

povo da Alemanha do Norte.

Sem dúvida, os romanos contribuíram muito com a arte, tendo um espírito prático e apto para

construir teatros, templos, casas, aquedutos, etc. No início do século III, eles começaram a enfrentar lutas

internas, por causa da entrada dos povos bárbaros. A preocupação com a arte diminuiu e no século V, o

Império Romano entra em decadência e é dominado pelos invasores germânicos.

Capítulo 6

Arte Cristã Primitiva

Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos passaram a divulgar seus ensinamentos.

Inicialmente, essa divulgação restringiu-se à Judéia, província romana onde Jesus viveu e morreu, mas

depois, a comunidade cristã começou a dispersar-se por várias regiões do Império Romano.

No ano de 64, no governo do Imperador Nero, deu-se a primeira grande perseguição aos cristãos.

Num espaço de 249 anos, eles foram perseguidos mais nove vezes; a última e mais violenta dessas

perseguições ocorreu entre 303 e 305, sob o governo de Diocleciano.

ARTE NAS CATACUMBAS

Por causa dessas perseguições, os primeiros cristãos de Roma enterravam seus mortos em galerias

subterrâneas, denominadas catacumbas. Dentro dessas galerias, o espaço destinado a receber o corpo das

pessoas era pequeno. Os mártires, porém, eram sepultados em locais maiores, que passaram a receber em

seu teto e em suas paredes laterais as primeiras manifestações da pintura cristã.

Inicialmente essas pinturas limitavam-se a representações de

símbolos cristãos: a cruz – símbolo do sacrifício de Cristo; a palma –

símbolo do martírio; a âncora – símbolo da salvação; e o peixe –

símbolo preferido dos artistas cristãos, pois as letras da palavra ―peixe‖,

em grego (ichtys), coincide com a expressão Iesous Christos, Theou

Yios, Soter, que significa ―Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador‖.

Essas pinturas cristãs também evoluíram e, mais tarde,

começaram a aparecer cenas do Antigo e do Novo Testamento. Mas o

tema predileto dos artistas cristãos era a figura de Jesus Cristo, o

Redentor, representado como o Bom Pastor.

É importante notar que essa arte cristã primitiva não era

executada por grandes artistas, mas por homens do povo, convertidos à

nova religião. Daí sua forma rude, às vezes grosseiras, mas, sobre tudo,

muito simples.

A ARTE DO CRISTIANISMO

As perseguições aos cristãos foram aos poucos diminuindo até que, em 313, o Imperador

Constantino permitiu que o cristianismo fosse livremente professado e converteu-se à religião cristã. Sem

as restrições do governo de Roma, o cristianismo expandiu-se muito, principalmente nas cidades, e, em

319, o Imperador Teodósio oficializou-o como a religião do império.

Começaram a surgir então os primeiros templos cristãos. Externamente, esses templos mantiveram

as características da construção romana destinada à administração da justiça e chegaram mesmo a

conservar seu nome – basílica. Já internamente, como era muito grande o número de pessoas convertidas

à nova religião, os construtores procuraram criar amplos espaços e ornamentar as paredes com pinturas e

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mosaicos que ensinavam os mistérios da fé aos novos cristãos e contribuíam para o aprimoramento de sua

espiritualidade. Além disso, o espaço interno foi organizado de acordo com as exigências do culto.

A basílica de Santa Sabina, construída em

Roma entre 422 e 432, por exemplo, apresenta uma

nave central ampla, pois aí ficavam os fieis durante

as cerimônias religiosas. Esse espaço é limitado nas

laterais por uma seqüência de colunas com capitel

coríntio, combinadas com belos arcos romanos. A

nave central termina num arco, chamado arco

triunfal, e é isolada do altar-mor por uma abside,

recinto semi-circular situado na extremidade do

templo. Tanto o arco triunfal como o teto da abside

foram recobertos com pinturas retratando

personagens e cenas da história cristã.

Toda essa arte cristã primitiva, primeiramente tosca e simples nas catacumbas e depois mais ricas

e amadurecidas nas primeiras basílicas, prenuncia as mudanças que marcarão uma nova época na história

da humanidade.

Como vimos, a arte cristã que surge nas catacumbas em Roma não é feita pelos grandes artistas

romanos, mas por simples artesãos. Por isso, não tem as mesmas qualidades estéticas da arte pagã. Mas as

pinturas das catacumbas já são indicadoras do comprometimento entre a arte e a doutrina cristã, que será

cada vez maior e se firmará na Idade Média.

Capítulo 7

Arte Bizantina Em 395, o Imperador Teodósio dividiu em duas partes o imenso território que dominava: o

Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente.

O Império Romano do Ocidente, que ficou com a capital em Roma, sofreu sucessivas ondas de

invasões bárbaras até cair completamente em poder dos invasores, no ano de 476, data que marca o fim

da Idade Antiga e o início da Idade Média. Já o Império Romano do Oriente, apesar das contínuas crises

políticas que sofreu, conseguiu manter sua unidade até 1453, quando os turcos tomaram sua capital,

Constantinopla. Teve início então um novo período histórico: a Idade Moderna.

Constantinopla foi fundada pelo Imperador Constantino, em 330, no local onde ficava Bizâncio,

antiga colônia grega. Por causa de sua localização geográfica entre a Europa e a Ásia, no estreito de

Bósforo, esta rica cidade foi de uma verdadeira síntese das culturas greco-romana e oriental. Entretanto, o

termo bizantino, derivado de Bizâncio, passou a ser usado para nomear as criações culturais de todo o

Império do Oriente, e não só daquela cidade.

O Império Bizantino – como acabou sendo denominado o Império Romano de Oriente –

alcançou se apogeu político e cultural durante o governo do Imperador Justiniano, que reinou de 527 a

565.

A ARTE BIZANTINA: EXPRESSÃO DE RIQUEZA E PODER

A afirmação do cristianismo coincidiu historicamente com o momento de esplendor da capital do

Império Bizantino. Por isso, ao contrário da arte cristã primitiva, que era popular e simples, a arte cristã

depois da oficialização do cristianismo assume um caráter majestoso, que exprime poder e riqueza.

A arte bizantina tinha um objetivo: expressar a autoridade absoluta do Imperador, considerado

sagrado, representante da Deus e com poderes temporais e espirituais.

Para que a arte atingisse melhor esse objetivo, uma série de convenções foram estabelecidas, tal

como na arte egípcia. Uma delas foi a lei da frontalidade, pois a postura rígida da figura leva o

observador a uma atitude de respeito e veneração pelo personagem representado. Por outro lado, quando o

artista reproduz frontalmente as figuras, ele mostra um respeito pelo observador, que vê nos soberanos e

nas personagens sagradas seus senhores e seus protetores.

Além da frontalidade, outras regras minuciosas foram estabelecidas pelos sacerdotes para os

artistas, determinando o lugar de cada personagem sagrado na composição e indicando como deveriam

Page 13: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos. Enfim, o que poderia ser representado

estava rigorosamente determinado.

Imperador Justiniano . Detalhe do

Mosaico da Igreja de São Vital, em Ravena

As personalidades oficiais e os personagens sagrados passaram

também a ser retratados de forma a trocar entre si seus elementos

caracterizadores. Assim, a representação de personalidades oficiais

sugeria que se tratava de personagens sagrados. O Imperador

Justiniano e a Imperatriz Teodora, por exemplo, chegaram a ser

representados na igreja de São Vital com a cabeça aureolada, símbolo

usado para caracterizar as figuras sagradas, como Cristo, os santos e

os apóstolos. Os personagens sagrados, por sua vez, eram

reproduzidos com as características das personalidades do Império.

Cristo, por exemplo, aparecia como um rei e Maria como uma rainha.

Da mesma forma, nos mosaicos, a procissão de santos e apóstolos

aproximava-se de Cristo ou de Maria de forma solene, como ocorria

na realidade com o cortejo do imperador nas cerimônias do corte.

Basílica de Santa Sofia, em Istambul

Esse caráter majestoso da arte bizantina

pode ser observado tanto na arquitetura como nos

mosaicos e nas pinturas que decoram o interior

das igrejas. Um dos melhores exemplos disso é

a basílica de Santa Sofia, construída e

ornamentada de acordo com o gosto das classes

mais ricas.

Essa igreja, edificada no governo de

Justiniano, apresenta a marca mais significativa

da arquitetura bizantina: o equilíbrio de uma

cúpula sobre uma planta quadrada.

A cúpula é formada por quatro arcos e

ampliada por duas absides que, que por sua vez,

são ampliadas por mais cinco pequenas absides. A nave central é circulada por colunas com capitéis

detalhadamente trabalhados, que lembram capitéis coríntios. O revestimento em mármore e mosaico e a

sucessão de janelas e arcos criam um espaço interno de grande beleza.

A ARTE BIZANTINA EM RAVENA

No século VI, Justiniano tentou reunificar o \Império Romano e, por isso, iniciou as guerras de

conquista no Ocidente.

Por ser um importante ponto estratégico, a cidade de Ravena, dominada há muito tempo pelos

ostrogodos, foi um dos alvos mais visados pelo imperador para a conquista da Península Itálica. Após

muitas tentativas, a cidade foi finalmente reconquistada em 540. Ravena tornou-se então o centro do

domínio bizantino na Itália.

Entretanto, antes da época de Justiniano, na primeira

metade do século V, Ravena já tivera contato com a

cultura bizantina. É dessa época o monumento mais

conhecido e significativo de sua arquitetura: o mausoléu

da Imperatriz Gala Placídia. Sua planta segue o desenho

de uma cruz e a característica essencial da construção é

um cubo colocado por cima da pequena cúpula central.

Externamente é um edifício simples, revestido de tijolo

cozido. Mas esta simplicidade externa contrasta

fortemente com a riqueza dos trabalhos artísticos do

interior, recoberto com belíssimo mosaicos de motivos

florais, em que predomina a cor azul.

Page 14: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

No entanto, as igrejas que revelam uma arte bizantina

mais madura são as da época de Justiniano, como a de São Vital,

em Ravena. Devido à sua planta octogonal, o espaço interno

apresenta possibilidades de ocupação diferentes das outras

igrejas. A combinação perfeita de arcos, colunas e capitéis

fornece os elementos de uma arquitetura adequada para apoiar

mármores e mosaicos seu rico colorida fazem lembrar a arte do

Oriente. Como vimos antes, dos mosaicos da igreja de São Vital

dois se destacam por expressar de modo significativo o

compromisso da arte bizantina com o Império e a religião: o do

Imperador Justiniano e o da Imperatriz Teodora, com seus

respectivos séquito, levando oferendas ao templo.

Depois da morte do Imperador Justiniano, em 565,

aumentaram as dificuldades políticas para que o Oriente e o

Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino sofreu

períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu

sobreviver até o fim da Idade Média, quando Constantinopla foi

invadida pelos turcos.

OS ÍCONES BIZANTINOS

Além dos trabalhos em mosaicos, os artistas bizantinos criaram os ícones, uma nova forma de

expressão artística na pintura.

A palavra ícone é grega e significa imagem. Como trabalho artístico, os ícones são quadros que

representam figuras sagradas como Cristo, a Virgem, os apóstolos, santos e mártires. Em geral são

bastante luxuosos, conforme o gosto oriental pela ornamentação suntuosa.

Ao pintar os ícones, usando a técnica da têmpera ou da encáustica, os artistas recorriam a alguns

recursos para realçar os efeitos de luxo e riqueza. Comumente, revestiam a superfície da madeira ou da

placa de metal com uma camada dourada, sobre a qual pintavam a imagem. Para fazer as dobras das

vestimentas, as rendas e os bordados, retiravam com um estilete a película de tinta da pintura. Assim,

essas áreas adquiriam a cor de ouro do fundo. Às vezes, colocavam na pintura jóias e pedras preciosas, e

chegavam mesmo a confeccionar coroas de ouro para as figuras de Cristo ou de Maria. Essas jóias,

aliadas ao dourado dos detalhes das roupas, conferiam aos ícones um aspecto de grande suntuosidade.

Geralmente, os ícones eram venerados nas igrejas, mas não era raro

encontrá-los nos oratórios familiares, pois popularizaram-se entre os

gregos, balcânicos, eslavos e asiáticos, mantendo-se por muito tempo como

expressão artística e religiosa. Os ícones russos, por exemplo, tornaram-se

famosos, particularmente os de Novgorod, onde viveu, no início do século

XV, André Rublev, célebre pintor desse gênero de arte. Dentre os ícones

de Rublev, dois se destacam pela sua expressividade: o de Nossa Senhora

da Misericórdia e o do Cristo Pantocrator

Nossa Senhora da Misericórdia

Page 15: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Capítulo 8

Arte na Idade Média Durante a Idade Média (século V ao XV), a arte européia foi marcada por uma forte

influência da Igreja Católica. Esta atuava nos aspectos sociais, econômicos, políticos, religiosos e

culturais da sociedade. Logo, a arte medieval teve uma forte marca temática: a religião.

Pinturas, esculturas, livros, construções e outras manifestações artísticas eram influenciados e

supervisionados pelo clero católico.

A vida social e econômica deslocou-se da cidade para o campo. Sem condições propícias

para o desenvolvimento das artes, a evolução cultural no campo manteve-se praticamente nula. Os

mosteiros eram muito pobres e neles também foi difícil estabelecer uma atividade artística.No

século VII, as únicas fontes de preservação da cultura greco-romana eram as escolas voltadas para

a formação do clero. Somente a Igreja continuava a contratar construtores, carpinteiros,

marceneiros, vitralistas, decoradores, escultores e pintores, pois eram os únicos edifícios públicos

que ainda se construíam.

Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, teve inicio um

intenso desenvolvimento cultural. O poder real uniu-se ao poder papal e Carlos tornou-se protetor

da cristandade.

Na corte de Carlos Magno criou-se uma academia literária e desenvolveram-se oficinas

onde eram produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados. Tanto as oficinas ligadas ao

palácio como as ligadas aos mosteiros desempenharam importante papel na evolução da arte após

o reinado de Carlos Magno.

Nessa época eram feitas ilustrações para manuscritos. Um exemplo do tipo de arte

produzida nas oficinas ligadas ao palácio.

No Império Carolíngio não foram criadas obras monumentais. O tamanho reduzido era

característico dos objetos produzidos nas oficinas de arte, fossem elas pinturas, esculturas ou

trabalhos em metal.

Após a morte de Carlos Magno, ocorrida em 814, a corte deixou de ser o centro cultural

do Império e as atividades intelectuais centralizaram-se nos mosteiros. Das atividades artísticas aí

desenvolvidas, a ilustração de manuscritos foi a mais importante. Foram também alvo de interesse

a arquitetura, a escultura, a pintura, a ourivesaria, a cerâmica, a fundição de sinos, a encadernação

e a fabricação de vidros.

O trabalho nas oficinas da corte de Carlos Magno levou os artistas a redescobrir a

tradição cultural e artística do mundo greco-romano. Na arquitetura isso foi decisivo: levou, mais

tarde, à criação de um novo estilo, adotado principalmente na arquitetura das igrejas, que foi

chamado de românico

Estilo Românico

Este estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e

XIII). Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos arcos de

volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilo voltado

para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas e existiam poucas e pequenas janelas. Tanto as

igrejas como os castelos passavam uma ideia de construções ―pesadas‖, voltadas para a defesa. As

igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das ―forças do mal‖, enquanto os

castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras.

Com relação às esculturas e pinturas podemos destacar o caráter didático-religioso.

Numa época em que poucos sabiam ler, a Igreja utilizou as esculturas, vitrais e pinturas,

principalmente dentro das igrejas e catedrais, para ensinar os princípios da religião católica. Os

temas mais abordados foram: vida de Jesus e dos santos, passagens da Bíblia e outros temas

cristãos.

Arquitetura.

O nome românico foi criado para designar as obras arquitetônicas dos séculos XI e XII,

na Europa, cuja estrutura se assemelhava à das construções dos antigos romanos. Seus aspectos

Page 16: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

mais significativos são a utilização da abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes

espessas com aberturas estreitas usadas como janelas.

O primeiro aspecto que chama

a atenção nas igrejas românicas é o

tamanho: elas são sempre grandes e

sólidas. Daí serem chamadas ―fortalezas

de Deus‖.

As igrejas românicas podiam ser

construídas com abóbadas de dois tipos:

a abóbada de berço e a abóbada de

aresta. Figura 1e abóbada de berço - figura 2 abóboda

de aresta

A abóbada de berço era simples: consistia num semicírculo – o arco pleno – ampliado

lateralmente pelas paredes. Apresentava duas desvantagens: o excesso de peso do teto de

alvenaria, que podia provocar sérios desabamentos, e a reduzida luminosidade interna, resultante

das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos era impraticável, por enfraquecer as paredes e

aumentar o risco de desabamento.

Desenvolvida para superar as limitações da abóbada de berço, a abóbada de arestas consistia na

intersecção, em ângulo reto, de duas abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, obtinha-

se certa leveza e maior iluminação interna. Como esse tipo de abóbada exige um plano quadrado

para se apoiar, a nave central ficou dividida em setores quadrados, que correspondem às

respectivas abóbadas. Esse aspecto refletiu-se na forma compactada planta de muitas igrejas

românicas.

Embora diferentes, os dois tipos de abóbadas causam o mesmo efeito no observador:

uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.

As igrejas românicas na rota dos peregrinos.

Durante a Idade Média realizavam-se longas peregrinações a lugares considerados

santos. Muitas das aldeias que ficavam na rota desses lugares construíram igrejas para acolher os

peregrinos.

Entre os lugares santos mais procurados, estavam Jerusalém, onde Jesus Cristo teria

morrido; Roma, onde ficava a sede de Igreja; e Santiago de Compostela, na atual Espanha, onde

se acredita estar enterrado o apóstolo Tiago.

A arte românica de Saint-Sernin.

A basílica de Saint-Sernin, na cidade de Toulouse, era uma

das paradas obrigatórias para os peregrinos que passavam pelo trecho

francês rumo a Santiago de Compostela.

Para que os moradores da cidade assistissem aos oficios

religiosos sem ser perturbados pelos peregrinos em visita às relíquias

locais, essa igreja apresenta importante solução arquitetônica; em torno

da nave central, há um corredor contínuo que também contorna, num

segmento curvo, o altar-mor. Esse corredor, chamado deambulatorio,

dava acesso às capelas onde ficavam expostos os objetos sagrados e as

relíquias, enquanto a nave central era ocupada por quem desejava

assistir às cerimônias religiosas. basílica de Saint-Sernin

Page 17: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

A arte românica do estilo de Cluny.

Em 910 foi fundada na cidade de Cluny uma abadia de beneditinos. No fim do século

XII, a congregação dos beneditinos já contava com mais de mil mosteiros espalhados por toda a

Europa.

Em 1790, a abadia – que havia sido a maior

igreja da Europa e era uma obra-prima da arte

românica – foi quase totalmente destruída,

pouco sobrando de seus edifícios e tesouros

artísticos. Os religiosos de Cluny produziram

muitas obras de arte que ainda podem ser

apreciadas em seus mosteiros. O exemplo mais

característico do estilo cluniacense é o mosteiro

de Saint-Pierre em Moissac, também no trecho

francês do caminho para Santiago de

Compostela. A beleza de suas esculturas pode

ser vista nos capitéis das colunas que cercam o

claustro.

Os capitéis das colunas em torno do claustro de Saint-Pierre apresentam um rico trabalho

em escultura, com representações de folhagens, animais e personagens da Bíblia.

Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura

para narrar histórias bíblicas e transmitir aos fiéis valores religiosos. Um lugar muito usado para

isso era o portal, na entrada do templo. No portal das igrejas românicas, a área mais ocupada pelas

esculturas era o tímpano: a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o

vão superior da porta. Encontra-se ainda em Saint-Pierre um dos mais bonitos portais românicos,

com um belíssimo tímpano e uma pilastra central chamada tremó.

Com um diâmetro de 5,68 metros, o grande tímpano do portal de Saint-Pierre exibe um

conjunto de figuras que representa Cristo em Majestade, tal como narrado por são João

Evangelista no Apocalipse.

Devido ao grande tamanho do tímpano, os construtores fizeram um tremó: pilastra

central que divide a abertura da porta em duas partes iguais. Ele também é ricamente decorado

com esculturas nas quais se veem motivos naturais e um homem descalço, identificado como o

profeta Jeremias.

A arquitetura românica na península Itálica.

Diferentemente do restante da

Europa, a arte românica na península

Itálica não apresenta formas pesadas,

duras e primitivas. Por estarem mais

próximos dos exemplos das arquiteturas

grega e romana, os construtores da região

deram a suas igrejas um aspecto mais

leve e delicado. Também sob a influência

da arte greco-romana, procuraram usar

frontões e colunas. Um dos exemplos

mais conhecidos dessa expressão

românica é o conjunto da catedral de

Pisa.

Catedral de Pisa

Na península Itálica, os construtores da Idade Média costumavam erguer a igreja, o

campanário e o batistério como edifícios separados. O prédio da catedral de Pisa, cuja construção

se iniciou em 1063, tem planta em forma de cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços. A

fachada da frente sugere a forma de um frontão, característico dos templos gregos.

Page 18: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

O edifício mais conhecido do conjunto da catedral de Pisa é o campanário, a famosa

Torre de Pisa, cuja construção se iniciou em 1174. Com o passar do tempo, ela foi sofrendo

inclinação porque o terreno cedeu. Seu elemento arquitetônico mais interessante é a superposição

de delgadas colunas de mármore, que formam sucessivas arcadas ao redor de todos os andares.

O estilo românico na pintura.

Os pintores românicos caracterizaram-se como verdadeiros muralistas. A pintura

românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, favorecidas pelas formas

arquitetônicas: as abóbadas e as paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes

superfícies. Na pintura mural era utilizada a técnica do afresco.

Os murais tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois naquela época

era intensa, nos conventos, a produção de manuscritos decorados à mão com cenas bíblicas.

Cristo em Majestade. Afresco da abside da igreja

de San Clemente de Tahull. Catalunha.

Os motivos usados pelos pintores eram de

natureza religiosa. A pintura românica praticamente

não registrou assuntos profanos. Para as igrejas e os

mosteiros, geralmente eram escolhidos temas como

a criação do mundo e do ser humano, o pecado

original, a arca de Noé, os símbolos dos

evangelistas e Cristo em majestade.O mural tem no

centro a figura de Jesus Cristo, cercado de anjos.

Ele expressa bem as duas características essenciais

da pintura românica: a deformação e o colorismo. A

deformação, na verdade, traduzia os sentimentos

religiosos e a interpretação mística que o artista

fazia da realidade. A figura de Cristo, por exemplo,

era sempre maior que as demais. Sua mão e seu

braço, no gesto de abençoar, tinham proporções

intencionalmente exageradas para que o gesto fosse

valorizado por quem contemplasse a pintura. Os

olhos, muito abertos e expressivos, evidenciavam

sua intensa vida espiritual. O colorismo traduziu-se no emprego de cores chapadas, uniformes,

sem preocupação com meio-tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de

imitar a natureza.

Pintura “a fresco”: uma técnica antiga e de difícil execução.

O termo afresco, hoje é sinônimo de pintura mural. Originalmente, porém, era uma

técnica de pintura sobre paredes úmidas. Vem daí o seu nome.

Nesse tipo de pintura, a preparação da parede é muito importante. Sobre sua superfície é aplicada

uma camada de cal que, por sua vez, é coberta com uma camada de gesso fina e bem lisa. É sobre

esta última camada que o pintor executa sua obra. Ele deve trabalhar com a argamassa ainda

úmida, pois com a evaporação da água, a cor adere ao gesso e o gás carbônico do ar combina-se

com a cal, transformando-a em carbonato de cálcio e completando a adesão do pigmento à parede.

O afresco se distingue das outras técnicas porque, uma vez seca a argamassa, a pintura se

incorpora ao reboco, tornando-se parte integrante dele. Nas demais técnicas, a pintura permanece

como uma película aplicada sobre o fundo. Além disso, como a parede deve permanecer úmida

para receber a tinta, a camada de gesso tem de ser colocada aos poucos: se uma área já pronta não

receber pintura, precisará ser retirada e aplicada posteriormente. Essa é a razão pela qual ao

observar-se um afresco de perto, pode-se notar os vários pedaços em que foi sucessivamente

executado.

Page 19: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Estilo Gótico

O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século

XIII ao XV). As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas

características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com

que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também

foram muitos usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas

apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-

quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados.

Com relação às esculturas góticas, o realismo prevaleceu. Os escultores buscavam dar

um aspecto real e humano às figuras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos).

No tocante à pintura, podemos destacar as iluminuras, os vitrais, painéis e afrescos.

Embora a temática religiosa ainda prevalecesse, observa-se, no século XV, algumas

características do Renascimento: busca do realismo, expressões emotivas e diversidade de cores.

A arquitetura no século XII.

No século XII uma nova arquitetura foi ganhando espaço. No século XVI, os estudiosos

começaram a chamá-la desdenhosamente de gótica: segundo eles, sua aparência era tão ―bárbara‖

que ela poderia até sido criada pelos godos, povo que invadira o Império Romano e destruíra

muitas de suas obras. Mais tarde o nome gótico perderia seu caráter depreciativo e se ligaria à

arquitetura caracterizada pelos arcos ogivais. Abadia de Saint-Denis-Paris

Esta nova maneira de construir surgiu na

França por volta de 1140, quando foi construída a abadia

de Saint-Denis. A primeira diferença que se nota entre

uma igreja gótica e uma igreja românica é a fachada:

enquanto a igreja românica em geral apresenta um único

portal, a igreja gótica tem três portais. Estes, por sua vez,

dão acesso às três naves do interior da igreja: a nave

central e as duas naves laterais.Na fachada dessa igreja

os dois portais são continuados por altas torres – não

construidas conforme o projeto. O portal central tem

acima dos frisos que emolduram o tímpano, uma grande

janela e, acima desta, outra, redonda, chamada rosácea.

A rosácea é um elemento arquitetonico muito

caracteristico do estilo gotico presente em quase todas as

igrejas construidas entre os seculos XII e XIV.O aspecto

mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de

nervuras, que difere muito da abóbada de arestas da

arquitetura românica, pois deixa visíveis os arcos

ogivais, que formam sua estrutura.A construção desse

novo tipo de abóbada foi possível graças ao arco ogival,

diferente do arco semicircular do estilo românico. O

emprego desse arco permitiu a construção de igrejas mais altas Além disso, o desenho das ogivas,

que se alonga e aponta para o alto, acentua a impressão de altura e verticalidade.Os pilares,

chamados tecnicamente de ―suportes de apoio‖ foram outro recurso arquitetônico do estilo gótico.

Dispostos em espaços bem regulares, permitiram dispensar as grossas paredes para sustentar a

estrutura. Em Saint-Denis essa técnica de construção foi usada na cabeceira da igreja.

A consequência estética mais importante da introdução dos pilares foi a substituição das

sólidas paredes com janelas estreitas, do estilo românico, pela combinação de pequenas áreas de

parede com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e trabalhados, chamados vitrais.

Em 1992 a catedral de Saint-Etienne de Bourges com seu campanário, suas esculturas e a

riqueza de seus vitrais foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

Page 20: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Entre os séculos XII e XVI foi construída

a catedral Notre-Dame de Chartres. Entre

os muitos aspectos de sua arquitetura,

destaca-se o portal principal, conhecido

como Portal Régio e considerado pelos

historiadores da arte como um dos mais

belos conjuntos escultóricos do mundo. A

exemplo das demais construções góticas,

o Portal Régio é formado por um portal

central e dois laterais, diversamente dos

portais da igreja Saint-Denis, porém os

três dão acesso à nave central da igreja.Cada um desses portais apresenta um tímpano

inteiramente preenchido por trabalhos de escultura. Os três narram diferentes momentos da vida

de Cristo. O tímpano central apresenta um Cristo em Majestade cercado pelos símbolos que

representavam os quatro evangelistas. O tímpano à esquerda do observador mostra a Ascensão de

Cristo ao céu após a ressurreição. No da direita, está Maria com o Menino Jesus no colo.

As delicadas colunas que ladeiam cada porta atraem a atenção do visitante da catedral de

Chartres. Nelas, veem-se representações de reis e rainhas do Antigo Testamento, requintadamente

trabalhadas nos traços fisionômicos e nos drapeados das roupas. Em 1160 iniciou-se a construção

da catedral de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igrejas góticas do mundo, que introduziu

um novo e importante recurso técnico: o arcobotante.

A catedral de Notre-Dame de Paris tem 150 metros de comprimento e suas principais

abóbadas estão a 32 metros do chão.O arcobotante é uma peça em forma de arco que transmite a

pressão de uma abóbada da parte superior de uma parede para os contrafortes externos. Isso

possibilitou que as paredes laterais não tivessem mais a função de sustentar as abóbadas. Os

edifícios góticos puderam abusar do emprego das grandes aberturas, preenchidas com belíssimos

vitrais.

A arquitetura no século XIII.

No século XIII o estilo gótico já estava

plenamente amadurecido e ricamente

ornamentado por vitrais e esculturas. Para

conhecer melhor o gótico dessa época, é

importante retornar a catedral de Chartres, que

em 1194 foi quase toda destruída por um

incêndio que atingiu grande parte da cidade. Da

mesma igreja restou apenas a fachada oeste onde

fica o Portal Régio, e uma nova catedral foi

construída.

Os vitrais são o aspecto arquitetônico da catedral

de Chartres que mais atrai a atenção do visitante:

os azuis intensos e os vermelhos brilhantes

projetam uma luz violeta sobre as pedras da

construção, quebrando sua aparência de dureza.

Dois desses vitrais sobressaem: o que mostra

Maria com o Menino Jesus no colo, na fachada

oeste; e o vitral Árvore de Jessé cujo tema foi

adaptado ao formato da janela. É um conjunto de

três janelas ogivais da fachada oeste e data de

meados do século XII. O tema, extraído do

Antigo Testamento, comenta a genealogia de

Jesus. Na extremidade inferior aparece Jessé em

sua cama. De seu peito sai uma árvore que sobe até o ponto mais alto, onde está Cristo. Nos

pontos intermediários estão os ancestrais de Cristo e nos painéis curvos, de ambos os lados da

árvore, os profetas que anunciaram a vinda do Salvador.

Page 21: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Os vitrais são feitos de vidros coloridos, que ao deixar passar a luz do sol, criam um

ambiente interno sereno e cheio de cores. Sua produção envolvia várias etapas. Primeiro derretia-

se o vidro na fornalha e acrescentavam-se a ele diversos produtos químicos que os tornavam

colorido e translucido. Depois faziam-se as placas de vidro, em geral pelo método que produzia o

chamado vidro antique. Nesse método, o artesão acumulava uma pequena quantidade de vidro

fundido na extremidade de um tubo e imediatamente começava a soprar por ele, até formar uma

bolha de vidro de forma cilíndrica. A seguir, cortava suas duas extremidades, como se tirasse uma

tampa de cada lado, obtendo assim um cilindro oco. Depois cortava esse cilindro ainda quente em

sentido longitudinal e o achatava até obter uma placa. Cada placa depois de resfriada era recortada

com uma ponta de diamante, segundo o desenho previamente determinado para o vitral.

Na etapa seguinte o artesão pintava com tinta opaca preta os detalhes da figura, como os

traços fisionômicos. Por fim todas essas pequenas placas pintadas eram encaixadas umas nas

outras por uma moldura metálica, chamada perfil de chumbo. Juntas formavam grandes

composições – os vitrais – que eram colocadas nas aberturas das paredes das catedrais.

A Saint-Chapelle.

O gótico francês da

segunda metade do século XIII

recebeu o nome de rayonnant

(radiante) numa referência ao

rendilhado das grandes

rosáceas e às delgadas e

delicadas colunas combinadas

com amplas áreas de vitrais.

O mais belo exemplo

do estilo radiante é a Saint-

Chapelle, construída entre

1243 e 1246, no palácio real da

corte de Luis IX, em Paris.

O trabalho dos vitrais

e a harmonia das colunas

revestidas de dourado dão à

arquitetura da Saint-Chapelle grande semelhança com os trabalhos filigranados em metal e

esmalte dos relicários medievais.

As últimas manifestações da arquitetura gótica.

No século XV o estilo gótico deixou de ser

exclusivo dos edifícios religiosos e chegou às

residencias particulares, como o palácio conhecido

como Ca'd'Oro, construído por Matteo Reverti, entre

1422 e 1440 em Veneza.

O nome Ca'd'Oro significa Casa de Ouro. É

uma referência ao rico revestimento dourado que

ornamentava a fachada de pedra branca no tempo de

sua construção. Erguida sobre o Grande Canal, cujas

águas refletem as linhas da fachada, essa residência é

considerada o mais belo edifício gótico de Veneza. Ca' d'Oro: fachada sobre o Grande Canal.

Page 22: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

A escultura.

De modo geral a escultura gótica estava associada à arquitetura. Nos tímpanos dos

portais ou no interior das grandes igrejas, os trabalhos escultóricos enriqueciam as construções e

documentavam na pedra os aspectos da vida humana mais valorizados na época.

É interessante destacar dois exemplos de escultura que ornamentam duas igrejas alemãs:

O cavaleiro, datada de cerca de 1235 que está na catedral de Bamberg e a Nobre Uta esculpida

depois de 1249 que está na catedral de Naumburg.

Plasticamente Cavaleiro revela vigor e equilíbrio na composição do volume do corpo do

cavalo e do cavaleiro medieval. Do ponto de vista do tema, revela a cultura da cavalaria medieval,

organização que estabeleceu uma nova estrutura social nas cortes européias e assumiu a liderança

da vida intelectual, até então dominada pelos monges e confinada nos mosteiros.

Já Nobre Uta impressiona pela naturalidade: com a mão direita apenas sugerida sob a

veste, a figura feminina parece aconchegar ao rosto a gola da capa. Plenamente identificada com

as tendências naturalistas da época, esta obra surpreende por retratar com perfeição o flagrante de

uma pessoa real.

No século XIII já encontra-se algumas obras de escultura com sua autoria identificada. É

o caso dos trabalhos escultóricos de Giovani Pisano. Entre suas muitas obras, despertam interesse

os baixos-relevos do púlpito da igreja de Santo André em Pistóia e uma escultura da Virgem

Maria com o Menino Jesus em Pádua, um belo exemplo escultórico independentemente de

qualquer projeto arquitetônico.

Entre os baixos-relevos do púlpito a cena da crucificação, esculpida entre outras cenas

religiosas, consegue comunicar ao observador com intensidade dramática, os sentimentos de dor e

sofrimento.

A concepção da figura isolada – sem o suporte de uma coluna, tímpano ou parede – e a

postura da imagem são indícios de que Pisano estudou com atenção a escultura greco-romana do

período clássico. Diferentemente de uma estátua românica típica – em que Maria seria

representada rigidamente sentada com o Menino Jesus nos joelhos – a figura está de pé e segura o

menino com o braço esquerdo. Nesse detalhe reside um aspecto de sugestiva naturalidade. Maria

parece segurar o filho com esse braço de modo a ter a mão direita livre.

Os manuscritos ilustrados.

Durante o século XII e até o século XV a arte

desenvolveu-se também nos objetos preciosos – feitos de

marfim, ouro e prata e decorados com esmalte – e nos

ricos manuscritos ilustrados.Um exemplo de manuscrito

medieval ilustrado é o Saltério de Ingeborg, que data de

cerca de 1195. Seu nome está relacionado a seu conteúdo

– uma coletânea de salmos – e ao nome da princesa

Ingeborg, da Dinamarca, para quem foi feito.As cenas

que ilustram esse saltério procuram representar ações

como O massacre dos inocentes e Fuga para o Egito.

Nelas, o trabalho do artista ilustrador revela sua

qualidade em vários aspectos: no drapeado das

vestimentas, no desenho da anatomia do corpo humano e

na combinação do dourado com cores fortes como o

vermelho e o azul-escuro.

A observação dos manuscritos ilustrados

permite-nos chegar a duas conclusões: a primeira é a

compreensão do caráter individualista que a arte da

ilustração ganhava pois destinava-se aos poucos

possuidores das obras copiadas; a segunda é que os

Page 23: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço

tridimensional e na composição de uma cena, que seu trabalho acabou influenciando as criações

de alguns pintores.

Os manuscritos eram feitos em várias etapas e dependiam do trabalho de várias pessoas.

Primeiro era necessário curtir de modo especial a pele dos cordeiros ou vitelas. Essa pele curtida

chamava-se velino. Nas oficinas dos mosteiros ou nos ateliês de artistas leigos, os trabalhadores

cortavam as folhas de velino no tamanho em que seria o livro. O velino tinha a função hoje dada

ao papel. Em seguida os copistas transcreviam textos sobre as páginas já cortadas. Ao realizar

essa tarefa deixavam espaços que seriam preenchidos pelos artistas com as ilustrações, os

cabeçalhos, os títulos e as capitulares – as letras maiúsculas ricamente trabalhadas com que se

iniciava o texto. Todo esse trabalho decorativo ficou conhecido com o nome de iluminura.

A pintura.

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV, quando

começou a ganhar novos aspectos que prenunciavam o Renascimento. Sua principal característica

foi a procura do realismo na representação das figuras.

No século XIII o pintor mais importante foi Cenni di Pepo (1240-1302), nascido em Florença e

conhecido como Cimabue. Seu trabalho ainda foi influenciado pelos ícones bizantinos mas já

apresentava uma nítida preocupação com o realismo ao representar a figura humana. Cimabue

procurou, por meio da postura dos corpos e do drapeado das roupas, dar algum movimento às

figuras de anjos e santos, entretanto não chegou a realizar plenamente a ilusão da profundidade do

espaço.

Suas obras mais importantes foram feitas para a igreja de São Francisco de Assis, mas

em outros museus e igrejas da Itália também existem pinturas de sua autoria. Um belo exemplo da

pintura desse artista florentino, considerado um dos iniciadores da pintura italiana, é a obra

conhecida como A Virgem e o menino rodeado por seis anjos.

Encomendado para a igreja de São Francisco, em Pisa, esse trabalho, uma têmpera sobre

madeira, lá permaneceu até 1882, quando foi levado para a França como parte do saque de

Napoleão. Hoje se encontra no Museu do Louvre.

Outro pintor importante desse período é Giotto di Bondone, conhecido como Giotto. Conta-se que

nasceu em 1266 numa pequena aldeia perto de Florença e que faleceu na mesma cidade em 1337,

tendo vivido a infância entre os campos e as ovelhas do pai.

A maior parte das obras de Giotto foram afrescos que decoraram igrejas. Entre eles estão

A prédica diante de Honório III, para a igreja de São Francisco, em Assis, e O Juizo Final, para a

capela dos Scrovegni, em Pádua.

A principal característica da pintura de Giotto foi a identificação da figura dos santos

com a de pessoas de aparência comum. Esses santos com ar de homem comum eram os elementos

mais importantes nas cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque. São exemplos

dessas características as obras Lamento ante Cristo morto e Retiro de São Joaquim entre os

pastores. Nessa pintura é evidente o destaque dado à figura humana: São Joaquim e os pastores

estão representados em tamanho maior que o das árvores e quase se igualam, em tamanho, às

montanhas que compõem a paisagem.Além dos grandes murais de Giotto, que recobriam as

paredes das igrejas, a pintura gótica expressou-se nos quadros de menores proporções e nos

retábulos.

Um retábulo consiste em dois, três, quatro ou mais painéis que podem ser fechados uns sobre os

outros e abertos durante as celebrações religiosas. Conforme o número de painéis, ele recebe um

nome especial: se possui dois painéis, díptico; três, tríptico; quatro ou mais, políptico.

Um políptico famoso é o Retábulo do Cordeiro mistico, executado entre 1426 e 1432

pelos irmãos Van Eyck, pintores flamengos, para a igreja de São Bavão, em Gand, na Bélgica.

Nesse retábulo é possível observar a influência da arte da ilustração dos manuscritos: é

evidente o espírito detalhista, por exemplo, nas roupas das figuras, nos adornos das cabeças e nos

elementos da natureza. Ao mesmo tempo, nota-se a superposição do conceito de miniatura: os

artistas abrem o universo da pintura para o mundo exterior e revelam os efeitos que as diferentes

distâncias e a própria atmosfera causam na percepção visual dos seres representados.

Page 24: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

As conquistas realizadas por Jan Van Eyck (1390-1441) e seu irmão Hubert Van Eyck

(1366-1426) permitem afirmar que suas obras inauguraram a fase renascentista da pintura

flamenga.

Além do Retábulo do Cordeiro místico, que começou a pintar junto com o irmão, Jan

Van Eyck produziu outras obras célebres pelo realismo e a riqueza de detalhes. Entre elas estão O

Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.

Realizada segundo os princípios de um evidente realismo, O Casal Arnolfini retrata com

extrema riqueza de detalhes, os aposentos e as vestes de um rico comerciante do século XV. A

representação das personagens e do ambiente é tão minuciosa que o espelho convexo representado

na parede do fundo reflete todo o quarto, dando-nos uma visão completa do ambiente. Assim, o

casal aparece refletido de costas no espelho, e pode-se ver nele também a porta de entrada dos

aposentos e até mesmo duas pessoas que nela se encontram, olhando para o interior do quarto.

Em Nossa Senhora do Chanceler Rolin, o artista realiza um trabalho de perspectiva e

deixa documentada uma paisagem urbana.

As pinturas de Van Eyck registram que no século XV o

centro da vida social era sem duvida a cidade, com seus edifícios,

pontes e torres.

As características da pintura de Giotto e Jan Van Eyck são

um importante testemunho de quanto as sociedades européias se

transformaram e já apontavam para as mudanças que viriam.

O casamento dos Arnolfini de Jan Van Eyck

O divino e o humano segundo Giotto. A Crucificação- Giotto

Para entender a concepção de Giotto em

relação aos santos, precisamos levar em conta o

cenário cultural do século XIII. Com o

crescimento do comércio, deu-se o

desenvolvimento das cidades. A sociedade

tornou-se mais dinâmica, ou seja, com relações

mais complexas e menos rígidas que as

anteriores – entre camponeses pobres e um

senhor feudal poderoso. Começava a surgir uma

nova classe – a burguesia – que acabou

assumindo o poder econômico e político das

cidades. Essa nova classe era composta por

pessoas do povo que fizeram fortuna com

atividades ligadas ao comércio.

Page 25: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Nesse contexto, o ser humano sentia-se forte, capaz

de grandes conquistas, e já não se identificava mais com as

figuras dos santos das artes bizantinas e românica, tão

espiritualizadas e de postura estática e rígida.

A pintura de Giotto veio ao encontro de uma visão

que adquiria mais força e que chegaria ao auge mais tarde, no

Renascimento: a visão humanista do mundo.

A Lamentação- Giotto

Capítulo 9

Arte no Renascimento

Chama-se Renascimento o movimento cultural desenvolvido na Europa entre 1300 e 1650 –

portanto, no final da Idade Média e na Idade Moderna. O termo sugere que, a partir do século XIV, a

Europa teria assistido a um súbito reviver dos ideais da cultura greco-romana. Porém, durante o período

medieval, o interesse pelos autores clássicos não desapareceu. O poeta Dante Alighieri (1265-1321), por

exemplo, manifestou inegável entusiasmo pelos autores clássicos como Cícero, Sêneca e os filósofos

gregos foram muito estudados.

Na verdade, o Renascimento significou muito mais do que o simples reviver da cultura clássica:

nesse período, ocorreram, no campo das artes plásticas, da literatura e das ciências, inúmeras realizações

que superaram essa herança. O ideal do humanismo foi o móvel de tais realizações e tornou-se o próprio

espírito do Renascimento.

Num sentido amplo, o ideal do humanismo pode ser entendido como a valorização do ser

humano e da natureza em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a

cultura da Idade Média. Tanto na arquitetura como na pintura e na escultura, o artista do Renascimento

buscou expressar a racionalidade e a dignidade do ser humano.

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais

da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um

ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século

XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro

de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma

época de "descoberta do mundo e do homem".

O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como

principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e

depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento

da imprensa por Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento

apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também

ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos e, menos intensamente, em Portugal e Espanha, e em

suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo

"Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão europeia dos

ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo. Além disso, estudos

realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a

respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como

uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações.

Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas muito gerais, pela inspiração nos antigos

gregos e romanos, e pela concepção de arte como uma imitação da natureza, tendo o homem nesse

panorama um lugar privilegiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza devia, a fim de ser bem

representada, passar por uma tradução que a organizava sob uma óptica racional e matemática, num

período marcado por uma matematização de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior conquista

Page 26: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

da busca por esse "naturalismo organizado" foi a recuperação da perspectiva, representando a paisagem,

as arquiteturas e o ser humano através de relações essencialmente geométricas e criando uma eficiente

impressão de espaço tridimensional; na música foi a consolidação do sistema tonal, possibilitando uma

ilustração mais convincente das emoções e do movimento; na arquitetura foi a redução das construções

para uma dimensão mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais das catedrais góticas; na

literatura, a introdução de um personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até

onde possível a noção de sujeito.

Dentre os grandes artistas do Renascimento podemos citar:

Fra Angélico, (1387 — Roma,18 de Fevereiro de 1455) foi

um pintor italiano, considerado o artista mais importante da

península na época do Gótico Tardio ao início do

Renascimento.Frade dominicano que iniciou a carreira

ornamentando manuscritos. Seguiu tendências realistas, mas por

respeitar seriamente seus votos, suas obras possuem como tema

principal a religião . Uma de suas obras mais belas é a Anunciação,

que está no mosteiro de São Marcos em Florença.

Anunciação – Fra Angélico

Sandro Filipepi, Botticelli: Botticelli nasceu e

viveu em Florença, Itália. Trabalhou na decoração

da capela Sistina, em 1481. Retratava dois temas em

suas obras: A Antiguidade grega e o cristianismo.

Uma das características comuns em suas obras é a

leveza dos corpos, esguios e desprovidos de força:

eles parecem flutuar, expressando suavidade e graça.

Nascimento de Vênus- Botticelli.1485-86

Leonardo da Vinci( 1452-1519): Foi o talento mais versátil do

renascimento. Desenhista, pintor, escultor, engenheiro e arquiteto,

realizou vários trabalhos e pesquisas aprofundando-se nos mais

diversos setores do conhecimento humano, entre eles anatomia,

botâmica, mecânica, hidráulica, óptica, arquitetura e astronomia.

Nas artes, seus estudos de perspectiva são considerados

insuperáveis. O sfumato, técnica de uso de tons claros e escuros de

forma magistral.

Page 27: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Mona Lisa- Gioconda- Da Vinci 1503-1505 Santa Ceia- Da Vinci- (1452-1519)

Michelangelo Buonarroti (1475-1564): Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos maiores

representantes do Renascimento. Como arquiteto, trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro, em Roma,

e na praça do Capitólio. Como pintor, sua maior obra é apintura do teto da Capela Sistina. Embora tenha

concordado em realizar esta obra, ele se considerava em primeiro lugar escultor . As poses das figuras na

capela Sistina baseiam-se em famosas esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estudava

minuciosamente.

Davi- Michelangelo1501–1504. . Pietá- Michelangelo-1499. Basílica de São Pedro, Vaticano

Galleria dell'Accademia, Florença.

Page 28: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Capela Sistina- Michelangelo - A Criação de Adão. 1511.

Rafael Sanzio (1483-1520): Nasceu em Urbino, centro da Itália, e foi para Florença em 1504. Com

apenas 21 anos de idade, foi considerado um grande artista. Para elaborar poses e expressões , Rafael

planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas de desenhos preliminares a partir de modelos vivos.

Depois, transferia-os para os afrescos, conseguindo, assim, formas equilibradas numa única obra. Em

1534, o papa Leão X nomeou-o arquiteto papal.

Capítulo 10

ARTE BARROCA

O surgimento da arte barroca no século XVII, na Itália, deve-se a uma série de mudanças

econômicas, religiosas e sociais ocorridas na Europa. Com o humanismo, o Renascimento e,

principalmente, a Reforma, a Igreja católica teve seu poder enfraquecido. O grande Império cristão

começou a se fragmentar em diversas religiões, pois a força da razão libertava o homem do autoritarismo.

A Igreja católica, para reconquistar prestígio e poder, organizou a Contra-Reforma, isto é, tomou

iniciativas importantes para difundir sua doutrina. Uma dessas iniciativas envolveu a edificação de

grandes igrejas. É na decoração dessas igrejas que nasce a arte barroca. Arquitetos, escultores e pintores

foram convocados para transformar igrejas em verdadeiras exibições artísticas, cujo esplendor tinha o

propósito de converter ao catolicismo todas as pessoas.

Diferentemente do Renascimento, em que as figuras são apresentadas de forma estática como se

estivessem posando para um retrato, no Barroco elas passam a ser apresentadas de forma teatral, isto é,

parecem sempre estar em movimento. Jogos de luz dão intensidade dramática à cena, destacando os

elementos mais importantes do quadro, os quais formam uma composição diagonal. A simetria e o

equilíbrio entre arte e ciência, metas que o artista renascentista buscava de forma consciente, são

rompidos na arte barroca, que procura retratar temas religiosos, mitológicos e do cotidiano com a

predominância da emoção e não da razão. Através de um colorido intenso e de um contraste de claro-

escuro, a arte barroca consegue expressar de forma peculiar os sentimentos humanos.

Entre as principais características do barroco, portanto, é possível ressaltar:

=> predomínio da emoção através de uma arte que buscava interagir com todos os sentidos de seus

observadores;

=> grandes contrastes de luz e sombras;

=> pintura com efeitos ilusionistas

=> dramaticidade e comoção.

Características da pintura barroca:

=> composição assimétrica diagonal e a busca por um estilo grandioso, monumental, retorcido;

=> acentuado contraste de claro-escuro para intensificar a sensação de profundidade.

Um dos pintores italianos que mais se destacaram na arte barroca foi:

Page 29: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610):

Caravaggio, conhecido pelo nome de sua terra natal, pintou,

entre 1599 e 1610, telas monumentais para a capela da igreja

de S. Luigi dei Francesi. Suas obras possuem um realismo

nunca visto anteriormente. Os temas sagrados são retratados

como um acontecimento contemporâneo entre as pessoas

humildes; as figuras bíblicas assemelham-se a trabalhadores

comuns, com fisionomias curtidas pelo tempo.

Observe na imagem ―Sepultura de Cristo‖ de

Caravaggio, a movimentação das figuras, a luminosidade

dirigida para o corpo de Jesus e a forte expressão no rosto dos

componentes da cena.

Sepultura de Cristo - Caravaggio

Peter Paul Rubens (1577-1640): Rubens nasceu

em Siegen, na Alemanha, lugar em que seu pai, um

advogado holandês, se refugiou para escapar da

perseguição religiosa. Aos 10 anos de idade, após a

morte de seu pai, Rubens vai para a Antuérpia

acompanhado de sua mãe. Foi na Antuérpia que ele

teve como um de seus mestres o pintor Otto van

Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em 1600,

dois anos após ter se tornado mestre, Rubens vai

para Roma, onde conhece as obras renascentistas

que serviriam de base para seu grande estilo.Rubens

costumava dar às vestimentas um colorido

exuberante que contrastava com a pele clara das

figuras retratadas. Trouxeram da Itália a predileção

por telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor

as figuras, a luz e a cor numa vasta escala,

sugerindo um intenso movimento.

Ereção de Cruz – Rubens

Page 30: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Rembrandt van Rijn (1606-1669): Foi o maior artista

da escola holandesa. Nasceu em Leiden e se mudou para

Amsterdã aos 17 anos. Sua obra se caracteriza pela

predominância de expressões dramáticas e pela utilização

de vívidos efeitos de luz. Rembrandt conseguiu

reproduzir em suas telas uma gradação de claridade

nunca vista antes. Embora os retratos e cenas religiosas e

mitológicas constituam a maior parte da obra, ele

também contribuiu de forma original a outros gêneros,

incluindo natureza morta e o desenho.

A Sagrada Família - Rembrandt

(A luminosidade é dirigida para a figura de Maria e o menino.)

Diego Velázquez (1599-1660): O maior pintor da escola

espanhola, mestre na representação de luz e sombra.

Nasceu em Sevilha, e logo na adolescência produziu obras

que impressionam pela elaborada técnica utilizada. Em

1623 foi nomeado um dos pintores da corte do rei Filipe

IV, tornando-se o mais prestigiado pintor do reino

espanhol. Embora tenha se dedicado a pintar retratos da

realeza, também registrou em seus quadros o cotidiano de

pessoas humildes de seu país.

As Meninas - Velázquez

Page 31: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

ESCULTURA BARROCA

O equilíbrio entre razão e emoção, característica da

escultura renascentista, desapareceu com o predomínio

do Barroco, que escolheu a dramaticidade das

expressões e o dinamismo dos movimentos como

elementos básicos de seu espírito. Essas peculiaridades

da escultura barroca se concretizam através da

predominância de linhas curvas, excesso de dobras nas

vestes e a utilização do dourado. Como na pintura, o

impulso inicial para esse desenvolvimento artístico

partiu de artistas italianos, entre os quais Gian Lorenzo

Bernini (1598-1680) foi o mais importante. Arquiteto,

escultor, urbanista e pintor, Bernini tornou-se o

principal artista da corte papal e de Roma.

Características da Escultura barroca, portanto:

=> predomínio das linhas curvas, dos drapeados das

vestes e do uso de cor dourada;

=> rostos e gestos dos personagens mostram emoção e

dramaticidade.

Observe:

Escultura que mostra grande movimentação e vigor.

Compare com a escultura de Davi, de Michelangelo

ARQUITETURA BARROCA .

A arquitetura barroca também se

caracterizou pelas diferentes combinações de

elementos que criaram efeitos de forma e luz,

rompendo com a frontalidade dos estilos

arquitetônicos precedentes e com os valores

renascentistas de simplicidade e racionalidade.

A igreja de Gesú foi a primeira igreja de estilo

barroco construída em Roma e pertencente à

recém fundada Companhia de Jesus, ordem

religiosa que tinha como um dos objetivos

combater a Reforma na Europa

Na igreja barroca é comum a predominância de

cúpulas altas e imponentes. No seu interior, uma

fileira de pequenas capelas estendia-se de um lado

ao outro da nave, cada qual com um altar

ricamente decorado. Em cada um desses altares,

uma imagem de santo era colocada para incentivar

os fiéis à devoção a Deus e à adoração dos santos.

Essas são algumas das características

arquitetônicas que atendiam as necessidades da

igreja católica de proclamar e exibir o seu triunfo e

poder

Igreja de Gesú – Giocomo della Porta

Page 32: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

ROCOCÓ

O estilo artístico Rococó teve sua origem na Fraça. No final do século XVII e início do século

XVIII a França tornou-se a nação mais poderosa da Europa em termos miitares e culturais. Paris se

transformou na capital das artes plásticas, posição que foi ocupada por Roma durante séculos. Nesse

momento que surge o Rococó, estilo artístico que foi ao mesmo tempo um desenvolvimento e uma reação

ao estilo Barroco e que se caracterizou pelo uso de formas curvas e pelo excesso de ornamentos, tais

como conchas, flores e laços. O termo deriva do francês rocaille, que significa “incrustações de

conchas, pedrinhas e fragmentos de vidro com que se enfeitam grutas”, e de uma combinação das

palavras barroco e rocaille.

O Rococó se opôs ao espírito grandioso do Barroco, pois os

franceses passaram a dar valor à elegância e à conveniência,

quando o rei Luís XI começou a perder sua popularidade.Em

1715, quando Luís XV, um jovem amante dos prazeres, foi

coroado rei, a corte francesa mudou-se de Versalhes para Paris.

Os ricos banqueiros e comerciantes parienses encontraram na

arte uma forma de ostentar poder e de serem aceitos pela

aristocracia. Dessa maneira, o Rococó estabeleceu-se como

estilo dominante e permaneceu na França até 1780, período

governado por Luís XVI, neto e sucessor de Luís XV. Por esse

motivo o Rococó também ficou conhecido como estilo Luís XV

.

Em contraste com o Barroco, as cores do Rococó são leves e vivas, o branco e os tons

claros de rosa, azul, verde substituíram as cores sombrias e o excesso de dourado. As decorações se

transferiam das igrejas e palácios para salas privadas. A intimidade, a alegria das expressões e cores e a

predominância de temas que retratavam as futilidades da nobreza francesa são as principais características

que identificam o Rococó.

Quanto à arquitetura, o estilo rococó manifestou-se principalmente nos interiores das

construções. Paredes e tetos de salões eram ornamentados com pinturas suaves e elementos decorativos,

como flores e laços . Em oposição à exuberância e riqueza dos interiores, as fachadas das construções no

Rococó eram simples, as texturas suaves e as numerosas janelas substituíram o relevo abrupto das

superfícies e as cores vivas utilizados anteriormente no Barroco.

Dan]ma e Cavalheiro com Duas Meninas - Lancret

Retratavam em suas telas as festas ao ar livre, muito comuns entre a nobreza do séculoXVIII.

Page 33: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Outra característica que predominou na pintura rococó foi a sensualidade. Frangonard tinha uma forte

inclinação para a natureza, e na maioria de auas obras as figuras humanas se fundem com o volume e a

exuberância da vegetação.

O Balanço - Fragonard

Notamos também a valorização dos objetos de decoração,

móveis, estatuetas e demais utensílios de uso doméstico eram

ricamente decorados. Merecem destaque especial os objetos de

porcelana que, a partir de 1710, passaram a ser fabricados na

Europa ao invés de serem importados do Oriente, como

acontecia até então.

A partir de 1756 a Manufatura Real de Porcelana de Sèvres

passou a produzir as mais finas porcelanas em grande escala.

Dessa maneira a cidade de Sèvres, no norte da França, ficou

famosa por produzir um dos materiais integrantes do Rococó.

Um bonheur-du-jour, secretária para a senhora de metades do século

XVIII, peça feita por Martin Carlin com leve decoração floral e usado

placas de porcelana de Sèvres. A curva suave das pernas sugere o fim do

estilo Rococó.

Page 34: Apostila de Arte 2º e 3º Ano 2014

Jarro de porcelana de Sèvres, par de xícaras francesas e fruteira da Companhia das Índias do século XVIII.

Referencias

http://www.brasilescola.com/historiag/arte-egipcia.htm. Acesso em 17/01/2014.

http://historia-da-arte.info/mos/view/Arte_Romana/