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APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2ª SÉRIE 2015 1/29 INTRODUÇÃO Essa apostila de Educação Física do Colégio Santa Mônica destinada ao 2º ano do Ensino médio, tem por objetivo, instrumentalizar, conscientizar, informar e orientar aos alunos, quanto aos principais assuntos ministrados durante o ano letivo nas aulas de Ed. física. A disciplina que tem uma grande importância no currículo escolar pretende através das aulas e deste material de apoio estimular e desenvolver uma autonomia crítica do educando, em relação ao funcionamento do organismo humano, estabelecendo uma relação de compreensão entre as atividades físicas disponíveis em nossas vidas e os múltiplos aspectos que compreendem a linguagem corporal presente nas questões, físicas, biológicas, sociais e culturais valorizando-as para as práticas cotidianas. Este material servirá ainda, como fonte de informação para situações cotidianas na vida do alunado. Além de base de estudo para as questões que serão cobradas nas provas de PB, recuperação e P5 de Ed. Física. Mais uma oportunidade para aqueles que por algum motivo não tiveram acesso a essas informações, tirarem suas dúvidas e refletirem sobre a importância desta disciplina. “A Educação Física é o fenômeno sociocultural, que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição o seu elemento essencial e que, nas suas diferentes formas, contribui para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o que o torna um dos meios mais eficazes para a convivência humana. (TUBINO, 2005)”. PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA? A educação física na atualidade deve ser vista como uma área do conhecimento que trabalha com o corpo como fenômeno sócio cultural. Isso quer dizer que seus exercícios devem ser voltados não só aos aspectos fisiológicos, mas também a importância do autoconhecimento corporal e suas necessidades dentro de uma determinada sociedade. Para isso se faz necessária à transmissão de específicos conhecimentos psicossociais e didáticos pedagógicos, além de uma gama de exercícios multidisciplinares. É na fase escolar, que ocorre o desenvolvimento psicomotor da criança, que é essencial para a formação de seu vocabulário motor, isto é, seus conhecimentos básicos de si mesmo e de suas possibilidades motoras. No caso dos adolescentes representa um momento fundamental para o entendimento da importância de se praticar atividade física para melhoria da saúde, do bem estar e da qualidade de vida, além de se preparar para as reflexões teóricas que aparecem nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio, concursos diversos e testes vocacionais. A Educação Física escolar tem como meta que o aluno vivencie e interiorize os movimentos, possibilitando a ele ter inúmeros estímulos para que no futuro possa perceber qual o desporto, atividade física ou exercício físico que mais lhe agrada, tendo inclusive através destas atividades iniciais a possibilidade de transferir a desenvoltura dos movimentos para conseguir uma melhor performance seja a nível de clubes e seleções ou simplesmente adquirir o hábito para a prática permanente da atividade física e lazer, estimulando um convívio social perante as pessoas que o cercam no seu dia a dia. As aulas devem possibilitar a máxima exploração de movimentos fundamentais para o desenvolvimento dos nossos alunos. No mundo moderno e violento de hoje, onde os avanços da tecnologia com computadores e games de última geração deixam as crianças cada vez mais longe de vivenciar atividades e movimentos importantes na formação e manutenção do seu alfabeto motor. Neste sentido, a escola, passa a ter papel fundamental em proporcionar essas atividades, além de discutir, refletir e criar nos alunos uma visão crítica em relação à gama de atividades que são oferecidas dentro e fora da dela.

APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2ª SÉRIE 2015 · APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2ª SÉRIE – 2015 2/29 Observamos nos dias de hoje muitas informações, dicas, instruções

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APOSTILA DE EDUCAÇÃO FÍSICA – 2ª SÉRIE 2015

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INTRODUÇÃO Essa apostila de Educação Física do Colégio Santa Mônica destinada ao 2º ano do Ensino médio, tem

por objetivo, instrumentalizar, conscientizar, informar e orientar aos alunos, quanto aos principais assuntos ministrados durante o ano letivo nas aulas de Ed. física.

A disciplina que tem uma grande importância no currículo escolar pretende através das aulas e deste material de apoio estimular e desenvolver uma autonomia crítica do educando, em relação ao funcionamento do organismo humano, estabelecendo uma relação de compreensão entre as atividades físicas disponíveis em nossas vidas e os múltiplos aspectos que compreendem a linguagem corporal presente nas questões, físicas, biológicas, sociais e culturais valorizando-as para as práticas cotidianas.

Este material servirá ainda, como fonte de informação para situações cotidianas na vida do alunado. Além de base de estudo para as questões que serão cobradas nas provas de PB, recuperação e P5 de Ed. Física.

Mais uma oportunidade para aqueles que por algum motivo não tiveram acesso a essas informações, tirarem suas dúvidas e refletirem sobre a importância desta disciplina.

“A Educação Física é o fenômeno sociocultural, que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição o seu elemento essencial e que, nas suas diferentes formas, contribui para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o que o torna um dos meios mais eficazes para a convivência humana. (TUBINO, 2005)”.

PARA QUE SERVE A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA? A educação física na atualidade deve ser vista como uma área do conhecimento que trabalha com o

corpo como fenômeno sócio cultural. Isso quer dizer que seus exercícios devem ser voltados não só aos aspectos fisiológicos, mas também a importância do autoconhecimento corporal e suas necessidades dentro de uma determinada sociedade. Para isso se faz necessária à transmissão de específicos conhecimentos psicossociais e didáticos pedagógicos, além de uma gama de exercícios multidisciplinares.

É na fase escolar, que ocorre o desenvolvimento psicomotor da criança, que é essencial para a formação de seu vocabulário motor, isto é, seus conhecimentos básicos de si mesmo e de suas possibilidades motoras. No caso dos adolescentes representa um momento fundamental para o entendimento da importância de se praticar atividade física para melhoria da saúde, do bem estar e da qualidade de vida, além de se preparar para as reflexões teóricas que aparecem nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio, concursos diversos e testes vocacionais.

A Educação Física escolar tem como meta que o aluno vivencie e interiorize os movimentos, possibilitando a ele ter inúmeros estímulos para que no futuro possa perceber qual o desporto, atividade física ou exercício físico que mais lhe agrada, tendo inclusive através destas atividades iniciais a possibilidade de transferir a desenvoltura dos movimentos para conseguir uma melhor performance seja a nível de clubes e seleções ou simplesmente adquirir o hábito para a prática permanente da atividade física e lazer, estimulando um convívio social perante as pessoas que o cercam no seu dia a dia.

As aulas devem possibilitar a máxima exploração de movimentos fundamentais para o desenvolvimento dos nossos alunos.

No mundo moderno e violento de hoje, onde os avanços da tecnologia com computadores e games de última geração deixam as crianças cada vez mais longe de vivenciar atividades e movimentos importantes na formação e manutenção do seu alfabeto motor. Neste sentido, a escola, passa a ter papel fundamental em proporcionar essas atividades, além de discutir, refletir e criar nos alunos uma visão crítica em relação à gama de atividades que são oferecidas dentro e fora da dela.

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Observamos nos dias de hoje muitas informações, dicas, instruções e orientações que muitas vezes

nos conduz a práticas desportivas inadequadas. Precisamos estar atentos se as informações que são lançadas diariamente pelos mais diversos veículos de comunicação, buscam atender as indústrias do fitness e farmacológicas ou realmente nos transmitem conhecimentos valiosos para que possamos ter autonomia na escolha e execução da prática esportiva.

BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA De acordo com Santos e Farenatti (1998), os modelos de promoção de saúde não dão conta do ser

humano em sua forma ampla e subjetiva. Há alguns anos, o conceito de saúde era avaliado segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), como ausência de doenças. Ao longo dos anos muitas questões foram sendo incorporadas neste conceito. Hoje podemos afirmar que o conceito mais utilizado embora não definitivo leva em consideração a questão biológica, psicológica e social.

A atividade física é uma das ferramentas que possibilitam apresentar ao indivíduo as condições para que o mesmo possa agir diante de suas reais condições para a busca de uma melhor saúde.

O ser humano, na sua preocupação com o corpo, precisa estar alerta para o fato de que a saúde e longevidade devem vir acompanhadas de qualidade de vida. A atividade física é uma aliada imprescindível para alcançar uma boa forma física e sua prática deve ser desenvolvida de uma forma prazerosa e contínua ao longo de toda vida.

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulte em gasto energético maior que os níveis de repouso. (CASPERSEN et alii, 1985).

Qualquer atividade física bem orientada, se aplicada durante o período de desenvolvimento irá

contribuir de forma positiva no crescimento. Podemos citar dois motivos: primeiro, a atividade física induz a secreção de GH (hormônio do crescimento) e segundo, a atividade física irá impor stress físico aos ossos e articulações o que na medida certa é essencial para um bom desenvolvimento, além de estimular o melhor funcionamento de nosso organismo.

Os benefícios da Atividade Física vão muito além destes aspectos. Uma vida ativa reduz a incidência de várias doenças, bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar a autoestima, o relacionamento social, o respeito às regras e aos limites, reduzir a prevalência de obesidade e doenças respiratórias, etc. Ainda, é, a mais provável certeza de que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo.

1- DITADURA DA ESTÉTICA Ao longo da história a atividade física sempre esteve presente na rotina da humanidade.

Normalmente associada a um estilo de vida, como a caça dos homens das cavernas para a sobrevivência, os Gregos e suas práticas desportivas na busca de um corpo perfeito, ou de cunho militar como, por exemplo, na formação das legiões romanas com suas longas marchas e treinos, mas essa relação entre a atividade física e o homem em sua rotina diária parece ter diminuído gradativamente ao longo de nossa evolução.

E na medida em que as ciências e seus inventos facilitavam nossos afazeres, o progresso trouxe uma situação um tanto dúbia, pois de um lado temos a redução da mortalidade por doenças infecto contagiosas e o aumento da longevidade, do outro o aumento de doenças crônico degenerativas e a perda da qualidade de vida. O fato de viver mais não indica viver melhor. A importância e a necessidade de hábitos como o cuidado com a dieta, pratica de atividade física regular e o cuidado com substâncias e atividades que possam acelerar a degradação do corpo humano, devem ser um motivo de atenção e preocupação de todo ser humano.

Se a tecnologia e o progresso trouxeram facilidades, isso é inquestionável, mas junto incrementaram as doenças silenciosas, formando epidemias que se estabelecem sem maiores sintomas em suas primeiras fases e vão gradativamente se desenvolvendo ao longo dos anos, identificadas como doenças crônicas degenerativas, que tem sua origem em uma série de fatores, como a predisposição genética, influência do meio externo e hábitos de vida e, nesse último, o nosso destaque ao grau de atividade física praticada.

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Mas apesar dessa fórmula milagrosa que é a atividade física estar presente em quase todos os meios

de comunicação, cada vez mais a população apresenta problemas relacionados com a falta de exercícios. A desculpa mais frequente é a falta de tempo ou falta de condições para prática, fatores agravados pela economia de movimentos em nossa rotina, como a comodidade do controle remoto, telefone celular, elevadores e escadas rolantes, sem falar nas horas diárias dedicadas a televisão ou ao computador, o que demonstra ser um fenômeno de dimensão mundial, pois uma das doenças associadas a falta de exercícios, como a obesidade, tem prevalência em quase todo planeta.

Com o avanço dessas epidemias silenciosas, até o conceito de saúde teve de ser revisto e as

instituições de saúde pública governamental e não governamental ressaltam a importância dos conceitos como promoção e prevenção na saúde com um destaque em hábitos mais saudáveis ao logo de toda vida. Essas iniciativas foram divididas em duas frentes, uma de âmbito macro com o destaque em papel de políticas públicas (combate a poluição, preocupação com o meio ambiente) e outra com a necessidade do compromisso pessoal com a manutenção da própria saúde.

Para ressaltar o papel da atividade física, basta comparar uma pessoa ativa fisicamente de 60 anos com um inativo de mesma idade. Quando comparadas as diferenças em termos de índices fisiológicos, são consideráveis as marcas negativas deixadas pelo tempo, pelos que escolheram o caminho do sedentarismo. O que reflete em termos de qualidade de vida é que o ativo provavelmente terá maior mobilidade, autonomia e manutenção de valências físicas como força muscular, flexibilidade e capacidade aeróbia, tão importantes em sua vida diária.

Baseado nesse novo paradigma, diversos programas e projetos foram implantados ao longo dessas últimas décadas em vários países, todos sempre destacando a importância do envolvimento pessoal e a necessidades de hábitos mais saudáveis, como a prática regular de atividades físicas.

Mas por que toda essa preocupação com o grau de condicionamento físico da população mundial? Porque estudos longitudinais apontam para a relação direta e favorável entre o nível de aptidão física, o grau de atividade física praticada e a saúde. Assim, com a prática de exercícios regulares, doenças como diabetes, osteoporose, obesidade, hipertensão, câncer de cólon, mama, próstata e útero, ansiedade e depressão, podem ser evitadas ou minimizadas.

1.1 - Transtorno da imagem corporal (preconceitos e estereótipos) É comum, no meio social, a influência de diversos estereótipos na determinação das relações

humanas e, consequentemente, na constituição da autoimagem dos indivíduos. Vivemos numa sociedade preconceituosa, onde as pessoas que não possuem os padrões físicos valorizados pela cultura podem ser discriminadas de alguma forma. Indivíduos acima do peso ou obesos, não raro, são mal vistos pelos outros, acarretando problemas de socialização e autoestima nos mesmos.

Em geral, os teóricos concordam que a imagem corporal é a visualização do próprio corpo formada e estruturada na mente do indivíduo, ou seja, a forma como o corpo se apresenta para si mesmo. A imagem corporal também pode ser compreendida como a união das sensações sinestésicas organizadas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar e olfato), consequência das experiências vivenciadas pelo indivíduo. A mesma está em desenvolvimento desde o nascimento até a morte da pessoa, numa complexa estrutura subjetiva que sofre alterações contínuas. Além disso, a imagem corporal é uma construção humana constituída das dimensões cognitivas, afetivas, socioculturais e motoras. Esta é influenciada pelo meio em que a pessoa vive e relacionada às várias etapas da existência humana (ADAMI et al., 2005; FREITAS, 2006; MATURANA, 2004; PALLAZZO, 2003; RUSSO, 2005; SCHILDER, 1999).

Para Adami et al. (2005) a formação da imagem corporal será mais completa quando os estímulos e as possibilidades de novas experiências do recém nascido se derem durante toda a sua trajetória de vida, especialmente sob o ponto de vista psicomotor. A imagem corporal retratada na adolescência e na vida adulta serão confirmações das experiências corporais que foram determinantes na modelação da imagem corporal quando crianças. Transformações poderão ocorrer, porém seus elementos da construção inicial serão preservados, apesar das mudanças ocorridas ao longo da vida.

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A imagem corporal foi caracterizada de diferentes maneiras ao longo da história ocidental. Já na

Grécia antiga, o corpo atlético era valorizado, no modo de educação corporal, em Atenas, predominava o ideal de ser humano bom e belo. Na Idade Média, a preocupação com o corpo passou a ser proibida, pela influência da Igreja Católica. Neste período, ficou clara a separação do corpo e da alma, prevalecendo a segunda sobre a primeira. A moral cristã coibia toda e qualquer prática que visasse o culto ao corpo. Este era visto como corrupto e pecaminoso, um obstáculo ao desenvolvimento da alma. O conceito de corpo no período Renascentista difere das anteriores, pois o avanço técnico – científico fez com que os indivíduos desse período tivessem um apreço tão grande à razão científica, que a usaram como a única forma de conhecimento. Sob esse novo olhar, o corpo serviu de objeto de estudos e experiências. As atividades físicas eram prescritas por um sistema de regras rígidas, visando à saúde corpórea. No final do século XX e começo do XXI, a exposição demasiada de modelos corporais nos meios de comunicação contribuiu para a formação de uma ótica estereotipada do corpo. A mídia atual valoriza corpos que sigam um padrão estético guiado pelos interesses da indústria do consumo, configurando-se um corpo bonito, jovem e malhado, como objeto de desejo. Esses conjuntos de fatores criaram no imaginário social uma ligação entre “corpo ideal” e sucesso, passando a obesidade, ser algo altamente condenável (PAIM, STREY, 2004; PELEGRINI, 2004).

Sob o ponto de vista estético pela sociedade diretamente ligada ao consumo excessivo e desenfreado, quando na realidade essa preocupações e deve passar somente pelo viés da manutenção da saúde e da qualidade de vida).

De acordo com Nahas (1999), a obesidade é vista hoje como um problema de proporção mundial pela Organização Mundial da Saúde, já que ela atinge um número elevado de pessoas e predispõe o organismo a muitas doenças e mortes prematuras. Estatisticamente, dentro de um mesmo grupo etário, é muito maior a mortalidade entre indivíduos obesos. Inúmeros estudos apontam que várias doenças da era moderna estão associadas ao excesso de gordura corporal. Para Silva et al. (2006) a obesidade está associada, fisicamente, não apenas ao aumento da prevalência de algumas doenças, como também ao aumento nos níveis de dor (como síndrome de dor crônica) e aos níveis de mortalidade e morbidade somática e, também psicológica. Na dimensão psicológica, a distorção da imagem corporal ocasionada pela obesidade poderá provocar uma desvalorização da autoimagem e do autoconceito, no obeso, diminuindo sua autoestima.

A distorção da percepção corporal através da sub ou superestimação do peso é muito mais comum

em mulheres e adolescentes, pois estes são mais influenciados por fatores socioculturais. A indústria corporal através da mídia encarrega-se de criar desejos e reforçar a padronização dos corpos. Pessoas que estão “fora de forma” sentem-se pressionadas e insatisfeitas. O reforço dado pelos meios de comunicação ao mostrar corpos atraentes faz com que parte da sociedade persiga uma aparência física idealizada. A beleza estética está associada à possibilidade do sucesso, do dinheiro e da felicidade. Estas condições dificultam o processo de busca pela percepção do corpo real e, consequentemente, sua funcionalidade é meramente exibicionista em detrimento de outras tantas funções que o mesmo possa ter (BARROS, BANKOFF, SCHMIDT, 2005; BOSI et al., 2006; CONTI, FRUTUOSO, GAMBARDELLA, 2005; OLIVEIRA, 2005; RUSSO, 2005).

Segundo Cordas e Ascencio (2006) as primeiras evidências de preconceitos contra obesos já aparecem na infância. Quando, por exemplo, crianças são apresentadas a desenhos, representando crianças em cadeiras de roda, em muletas, desfiguradas, amputadas ou obesas, elas tendem a rejeitar mais as representações de obesos do que qualquer outra figura com exceção dos mutilados. Crianças obesas são frequentemente definidas pelos seus colegas, já nos primeiros anos de escola, como preguiçosas, sujas, estúpidas, feias e burras ou em elogios superficiais, como engraçadas e alegres. Adultos e adolescentes obesos sofrem discriminação em sua vida profissional e acadêmica de forma explícita, esses empobrecimentos sociais, culturais, econômicos e afetivos, estão relacionados diretamente com a gravidade da obesidade, ou seja, quanto maior o IMC, maior o problema psicológico.

No senso comum, crianças obesas ou com sobrepeso, são geralmente subestimadas quanto ao desenvolvimento de suas habilidades motoras. Como consequência, o professor, especialmente de Educação Física, avalia essas crianças deficitárias e inaptas a alcançar sucesso em tarefas motoras (CATENASSI et al., 2007). Segundo Rosenthal e Jacobson (1968) essa expectativa do professor sobre o comportamento das crianças, pode inconscientemente influenciar tal comportamento. Essa influência, que na Psicologia Social é denominada Efeito Pigmaleão ou Profecia Auto Realizadora, pode ter um impacto negativo ou positivo. Ou seja, quando os professores esperam que os estudantes rendam bem, tendem a render bem, quando os professores esperam que falhem, eles tendem a falhar.

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Para Gonçalves (2004), o preconceito que sofre o indivíduo obeso pode ser tão ou mais prejudicial do

que os problemas de saúde física decorrentes do excesso de peso. Os estudos comprovam que as pessoas gordas são vistas como relaxadas, feias, sujas e culpadas de sua condição, o que lhes causa grande sofrimento. Observa-se que o medo de ser confrontada com uma situação humilhante, por exemplo, danificar algo devido ao excesso de peso, leva a pessoa à não sair de casa, a não visitar os amigos. Provavelmente, a vergonha que se sente em quebrar o móvel de alguém, é mais pelo motivo que causou tal dano, o excesso de peso, do que pelo fato de tê-lo quebrado, ou seja, a maior vergonha é pelo fato de ser muito gorda, sendo que se poderia pesar menos e evitar essas situações constrangedoras.

De acordo com Felippe (2003), os indivíduos obesos deixarão de sofrer discriminação, preconceito e exclusão social, assim que a obesidade não for mais condenada. Permitir a manifestação desses sujeitos é abrir uma escuta ao que está sendo dito e sentido, para possibilitar a quebra dessa situação, que pode ser alterada no momento que for discutida, socializada, polemizada e politizada. Apesar do crescimento de pessoas obesas nos últimos tempos, falar em obesidade significa dirigir-se a uma minoria, mas não no sentido numérico, e sim nos excluídos e discriminados, que se encontram marginalizados pela sociedade, sem nenhuma força de representatividade (SANTOS, 2003).

A beleza física está exageradamente valorizada na sociedade atual, e diretamente ligada a um ideal de corpo magro, firme e esbelto. Como consequência, o obeso sofre uma pressão social por estar fora dos padrões impostos pela sociedade, lhe causando mal-estar e ocasionando discriminações sociais, que acarretarão em dificuldades de relacionamento, evitando a realização de tarefas corriqueiras, mas que requerem contatos sociais (SILVA et. al., 2006). Segundo Almeida et al. (2005) a percepção do tamanho corporal vem sendo associada a fortes valores culturais. Em dados períodos, os corpos grandes e arredondados foram estereotipados como sinais de poder, hoje em dia, ele é condenado, já que nas últimas décadas, foram valorizados corpos esbeltos e esguios.

Os estereótipos sociais são construídos de generalizações de observações individuais para todo o grupo ao qual a pessoa observada pertence. Estes são crenças, conjunto de ideias e rótulos usados para determinadas situações de forma mecânica, sem questionamentos. Além disso, costumam estar relacionados a conceitos negativos associados a algum tema, uma determinada pessoa, um grupo e a comportamentos (PAIM, 2004; RODRIGUES, 2003; WALTER, BAPTISTA, 2007).

A instalação do estereótipo seguiria os seguintes passos: inicialmente, as pessoas imaginariam e definiriam o mundo e, logo após, o observariam. A interpretação estaria essencialmente relacionada à cultura.

Giavoni (2002) afirma que o termo estereótipo primeiramente foi usado para explicar um preconceito, ou seja, para definir as manifestações e os fatos que ocorrem no mundo exterior sem antes interpretá-los. Depois o termo estereótipo começou a ser usado como sendo generalizações impróprias de características de um indivíduo para o grupo a qual esse pertence, baseadas em processos motivacionais em oposição aos processos cognitivos. Hoje em dia, os estudos acerca de estereótipos passaram a avaliá-los de uma forma probabilística. Portanto, estereótipo, é a probabilidade de se encontrar algumas características em um grupo de indivíduos, em confrontação à probabilidade de se verificar as mesmas características no restante da população.

Infelizmente, parece que o padrão corporal imposto pela mídia foi aceito quase com unanimidade pela população. A maioria, mesmo inconscientemente, faz julgamentos precipitados acerca dos indivíduos, crendo que o efetivo sucesso dos seres humanos depende exclusivamente de suas condições físicas, ignorando os demais atributos que o mesmo possa ter. Essa suposta relação que existe entre a obesidade e a inaptidão vem crescendo nas últimas décadas, e a exclusão tem sido a principal consequência. No ambiente escolar, essa situação tem prejudicado as crianças obesas em seus desenvolvimentos afetivos, cognitivos e motor. Os professores devem se preparar para evitar situações constrangedoras, incluindo-os nas atividades escolares e oportunizando uma melhor qualidade de vida para esses alunos.

1.2 - Males do sedentarismo e Males da Obesidade O sedentarismo pode ser definido como falta de atividade física suficiente e pode afetar a saúde da

pessoa. A falta de atividade física não está ligada a não praticar esportes. Pessoas com atividades físicas regulares, como limpar a casa, caminhar para o trabalho, realizar funções profissionais que requerem esforço físico, não são classificados como sedentários. O sedentarismo acontece quando a pessoa gasta poucas calorias diárias com atividades físicas. O sedentarismo é um dos fatores de risco intimamente relacionados com o aparecimento de doenças como a hipertensão, doenças respiratórias crónicas e distúrbios cardíacos.

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O principal mecanismo da obesidade é um desequilíbrio entre a formação e a desnutrição de células

adiposas (de gordura) no organismo. Todas as calorias que são ingeridas podem ser transformadas e armazenadas sob forma de células adiposas e o que gastamos (gasto calórico) favorece a destruição destas células. Logo, a obesidade não significa, obrigatoriamente, que o indivíduo coma muito, significa também, que ele gasta pouco do que consome. A obesidade pode ser classificada por hiperfagia quando o indivíduo come muito ou obesidade por gasto ineficiente é quando o indivíduo não faz atividade física suficiente para queimar suas calorias. Vários fatores podem contribuir para causar a obesidade, como doenças endocrinológicas, alterações genéticas, ausência de atividade física, comportamento alimentar alterado e inadequado. A obesidade infantil tem aumentado em todo o mundo. No Brasil também está ocorrendo um aumento marcante da obesidade infantil, além das possíveis complicações clínicas da obesidade, a implicação na auto-estima infantil refletindo na rejeição pelo grupo e no seu baixo rendimento escolar. A vida moderna tem criado condições para o desenvolvimento da obesidade em crianças, na medida em que são impedidas de saírem de casa (por causa da violência) e, desta forma, deixam de correr, andar de bicicleta e de outras brincadeiras que propõem uma atividade física. Também com o acesso aos alimentos não saudáveis como: fast food, alimentos congelados e industrializados. Estima-se que dois terços de todos os brasileiros estão com sobrepeso ou sofrem de obesidade. Isto significa que quando saímos a rua, cada 10 pessoas que vimos, 6 sofrem de sobrepeso ou estão obesos. O mais impressionante é que este número está aumentando e muito brevemente este número passará de 6 em 10 pessoas sofrendo deste problema.

Fonte: ABESO (2002). Fonte: http://www.nutricaoempratica.com.br/alimentacao-correta/o-que-e-sedentarismo

1.3 - O corpo como produtor de cultura

A Linguagem corporal também é tema do ENEM e está ligada à matriz de habilidades da área de

linguagens. Não é necessário participar de um grupo de dança ou praticar várias atividades para entender o que é a linguagem corporal. Nosso corpo se comunica através de cada movimento. A prova do ENEM avaliará a capacidade de interpretação dos movimentos do corpo. É necessário compreender as diversas manifestações culturais (danças, lutas, rituais e cerimônias), num aspecto que deve ser mais ligado às ciências sociais, e reconhecer a importância das atividades físicas para o bem estar, conceito que pode ser cobrado na prova de Ciências.

É importante também diferenciar o termo “expressão corporal” do termo “linguagem corporal”. Enquanto a “expressão corporal” diz respeito apenas aos movimentos do corpo propriamente dito (danças e exercícios da academia), a linguagem corporal abrange a movimentação corporal como meio de comunicação (não verbal). A Linguagem Corporal, segundo Stokoe e Harf (1987), é uma linguagem, através da qual o ser humano expressa sensações, sentimentos e pensamentos com o seu corpo.

A Expressão Corporal desempenha e amplia todas as possibilidades humanas, e é justamente constituída no movimento corporal, (Brikman, 1989). Este movimento corporal é a possibilidade de conhecimento dessa linguagem individual. Por imediato, o corpo tem a capacidade de se manifestar, o que, na expressão corporal, se apresenta através do vivido corporal, da experiência do corpo, seja em situações do cotidiano ou da arte. É necessário que o aluno tenha uma leitura cultural de mundo. Como exemplo, a prova pode mostrar uma imagem de um ritual indígena e pedir interpretações ao aluno. Não apenas sobre o que o ritual mostra, mas de elementos que o circundam, como história, geografia, língua portuguesa e sociologia.

Ao iniciar uma reflexão sobre corpo e cultura, tento idealizar um corpo que não possua nenhum vestígio cultural. Achei impossível pensar de tal forma, pois acredito que todos estão sujeitos a sofrermos alguma interferência externa. Penso como um possível exemplo deste fato, no personagem da Disney chamado Mogli. Mesmo este menino que fora criado por lobos, incorporou nesta criação características próprias da "cultura" da alcatéia. Podemos visualizar o menino andando sobre quatro patas e interagindo com um filhote de elefante.

A partir deste pensamento digo que nos identificamos como sujeitos devido as nossas relações sociais, no caso Mogli, a relação que ele passou a ter com a alcatéia. Como grande parte de nossas características são oriundas do meio, afirmo que o corpo é ele mesmo uma construção social, cultural e histórica (GOELLNER, 2003).

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O corpo está tão inserido e é tão importante para a sociedade que ao mesmo tempo é capaz de

produzir uma cultura e ser influenciado por outras. Concordo com Goellner quando a autora apresenta que "pensar o corpo como algo produzido na e pela cultura é, simultaneamente, um desafio e uma necessidade" (2003, p.28). Podemos compreender essa necessidade com mais clareza quando discutimos o corpo no tempo e suas tendências.

Caracterizando a moda como uma tendência que é ou que deve ser seguida, posso enumerar ao longo da história, diversos momentos, relacionados ao corpo, que possuem características semelhantes com as de uma "moda".

Começo com os gregos onde posso dizer que eles possuíam uma filosofia onde o corpo possuía um papel de destaque, possuindo um valor muito forte para a sociedade Grega. Era necessário que o indivíduo cidadão fizesse uma intima relação entre o trabalho do corpo e os conhecimentos existentes. Platão é um dos mais conhecidos desta relação, pois apesar de ser um dos principais filósofos clássicos também se consagrou campeão olímpico.

Na era industrial, quando a revolução técnico-cientifica cresceu de uma forma rápida, transformando o mundo feudal em um mundo onde o tempo é dinheiro, pois esta sociedade tende a colocar o lucro acima de qualquer valor existente. O corpo não teve nenhuma participação direta neste processo, somente padeceu com o desgaste a ele imposto. Continuou seguindo traços da antiga idade média, onde o corpo era desvalorizado, assim como tudo relacionado a ele.

Olhando registros feitos em pinturas, fotos, ou mesmo em relatos escritos, pode-se notar algumas características existentes em cada época: Mulheres gordas e alvas vistas como sensuais e saudáveis; O esforço físico, que hoje é visto como uma forma de melhorar a condição do corpo, era visto como um indicador de baixo status social (ANZAI, 2000) e o corpo sacralizado, intocável.

O que quero dizer é que a "moda atua na formatação do corpo" (CASTRO, 2005, p.141) e este corpo que antes era visto de diferentes formas pelas sociedades, desde a hipervalorização grega ao sacramento, agora é visto como "objeto de diferentes anseios e desejos" (FIGUEIRA, 2003, p.124), onde "a importância dada ao corpo contrapõe-se ao ofuscamento ao qual esteve submetido no passado" (ANZAI, 2000, p.71).

Essa dessacralização desencadeou uma maior liberdade quanto a valores dentro da sociedade, com isso, ocorreu um fenômeno onde o corpo se tornou objeto vendável, e acaba por promover "uma tendência à hegemonia de certa expectativa corporal" (SILVA, 2001, p.21). O mundo do consumo está inteiramente ligado ao mundo da informação, e estas constantemente instigam a sociedade com estilos de vida, moda, corpo e comportamentos.

Hoje ao olhar uma pessoa se pode enunciar as características que ela possui e a que grupo social ela pertence, claro que são definições subjetivas, mas "na sociedade contemporânea, o corpo é o local de construção de identidades" (FIGUEIRA, 2003, p.127). Um grave problema é que este local está sendo manipulado de uma forma meramente mercadológica, sendo tratado como um mero objeto de consumo.

O indivíduo "aceitável" é aquele que segue ou se enquadra no padrão social dominante. Quem não se adapta a este padrão vive 'a margem da sociedade', sendo culpado por não possuir ou se aproximar deste ideal. Esse indivíduo, em sua grande maioria, tenta de qualquer forma se enquadrar e acompanhar as tendências exigidas.

Essa segregação social deu origem a um grande mercado, o mercado estético, que por sua vez está gerando um processo de naturalização do não biológico (SANT'ANNA, 2005), onde passa a se tornar aceitável todo e qualquer método para manipular e transformar o corpo em algo aceitável.

Venho fazendo referência a um padrão de corpo existente, que por sinal é de fácil identificação. Basta olhar alguns comerciais televisivos ou algumas paginas de revistas para percebermos as características comuns a todos os modelos. Ser magro, bonito e bronzeado, como diz Foucault, são as mais bem observadas, porém não podemos deixar de enunciar algumas outras: Ser bem torneada (o) (com a musculatura bem definida), bem sucedida (o), com roupas despojadas junto ao carro do ano, ser objeto de desejo, entre muitas outras. Abaixo segue uma tira onde se encontra duas características essenciais observadas hoje para a beleza feminina.

Hoje o Brasil é o segundo maior consumidor de cirurgias estéticas no mundo, chegando a realizar mais de 600 mil cirurgias anuais (ELIA, 2006), não que isso seja ruim, mas a procura por estes métodos, em sua grande maioria, não se deve a tentativa de melhorar alguma anomalia genética ou mesmo a correção de alguma sequela causada por determinado fator externo. Não podemos achar normal crianças, mulheres e homens fazendo 'formatações' em seus corpos para ficarem parecidas com os modelos existentes.

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Vivemos em uma sociedade capitalista que se refere ao tempo pensando em dinheiro, associa o lazer

à falta de trabalho e acredita que o status social é mais importante que a qualidade de vida. Lógico que uma sociedade que pensa de tal forma não poderia estar se encaminhando de uma forma diferente.

Não precisamos ir tão longe, segundo Lovisolo (2006) temos inúmeros casos como o de compulsão, anorexia, culpa, auto-centramento, consumo desesperado de medicamentos, vigorexia, entre muitos outros que podem ser relacionados com estes ideais de corpos, mas pouco ainda se discute em relação aos caminhos para se evitar tal mal.

http://www.efdeportes.com/efd109/analise-reflexiva-do-corpo-cultural.htm 1.4. Esteróide e Anabólicos

Nos dias atuais, o culto ao corpo perfeito se tornou moda. Uma moda que leva muitas pessoas a tomarem certos tipos de medicamentos e drogas sem auxilio de um profissional. São vendidos em diversos lugares vários tipos de medicamentos, remédios para emagrecer, para acabar com a flacidez entre outros. Algumas pessoas, que não aceitam o próprio corpo, e querem se tornar mais “fortes” e musculosas, acabam fazendo uso de anabolizantes sem saberem as consequências que o uso desse hormônio poderá acarretar em um futuro bem próximo. Os anabolizantes são hormônios sintéticos fabricados a partir do hormônio sexual masculino, testosterona. Quem os toma terá aumento no tamanho dos músculos, força física e aumento da resistência. Há alguns anos essas drogas eram utilizadas somente para tratamento de algumas disfunções hormonais ou desgaste muscular. Hoje em dia são bastante conhecidas por atletas e fisiculturistas. As pessoas que fazem uso deste tipo de droga estão em busca de um corpo sarado, redução da gordura corporal e melhor desempenho nos esportes. Os anabolizantes podem ser encontrados nas formas de comprimidos, cápsulas ou injeções intramusculares. O uso legal dessas substâncias, ou seja, quando o médico realmente as prescreve, é feito em casos em que o paciente tem um baixo nível de produção de testosterona. Sendo assim, ele precisa recorrer a um hormônio artificial para que seu organismo funcione normalmente. Geralmente são pessoas que sofrem de doenças que desgastam o corpo, como câncer e AIDS. Assim que o esteroide é ingerido, ele entra na corrente sanguínea e vai parar no tecido muscular. Quando entra em contato com as células dos músculos, ele envia informações para o DNA – uma “mensagem” hormonal de que as fibras musculares precisam ser mais fortes – estimulando o crescimento.

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VERDADES SOBRE ANABOLIZANTES

Uso exagerado de anabolizante aumenta a agressividade. O uso prolongado de anabolizantes causam depressão/ suicídio e impotência sexual. Faz mal para o coração, diminui o bom colesterol e aumenta o ruim. Faz mal para o fígado, ocasionando câncer de fígado. Causa acne e perda do cabelo ou aumento do pêlos do rosto. Engrossamento da voz. Irregularidade no ciclo menstrual. Disfunção testicular e infertilidade. Hipertensão e ataque cardíaco. Ginecomastia muscular (mama). Em adolescentes há interrupção no crescimento.

FONTE: http://www.brasilescola.com/biologia/anabolizantes.htm http://www.mdsaude.com/2009/03/esteroides-anabolizantes.html

http://www.hipertrofia.org/blog/2011/04/08/mitos-e-verdades-sobre-os-esteroides-anabolizantes/

2. ESPORTE, NEGÓCIOS E MÍDIA

Neste capítulo abordaremos um assunto muito presente nos dias atuais, que trata do esporte

enquanto negócios. Atualmente o negócio esporte move Bilhões de dólares e invade nossas casas através dos mais diversos veículos de comunicação, seja através de um jogos com atletas com salários volumosos ou através dos megas eventos esportivos. Não podemos deixar de pensar em tudo que esta a volta do segmento esportivo, tais como vestuários, equipamentos da mais alta tecnologia, propaganda e do enorme crescimento das marcas esportivas.

Pretendemos refletir sobre a influência que este segmento promovem em nossas vidas.

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2.1 - Mega eventos esportivos Podemos definir o termo como sendo "grandes eventos culturais (incluindo comerciais e esportivos)

que têm um caráter dramático, apelo popular de massa e significado internacional". Sua organização é feita tipicamente por uma combinação entre governos nacionais e entidades internacionais não governamentais, como a Fifa e o COI (Comitê olímpico internacional).

Duas características importantes para classificar um evento como "mega" são as consequências significantes para a cidade, região ou nação hospedeira e a atração de cobertura considerável de mídia. Já o que define um evento esportivo como um megaevento é que estes são descontínuos, fora do comum, internacionais e grandes em sua composição. Segundo o autor, esses eventos permitem a transmissão de mensagens promocionais para bilhões de pessoas via televisão e outros meios de comunicação.

Copa do Mundo FIFA

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. A Copa do Mundo FIFA, também conhecida como Campeonato do Mundo de Futebol ou ainda

Campeonato Mundial de Futebol, é uma competição internacional de futebol que ocorre a cada quatro anos. Essa competição, criada em 1928 na França, sob a liderança do então presidente Jules Rimet, está aberta a todas as federações reconhecidas pela FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado, em francês: Fédération Internationale de Football Association). A primeira edição ocorreu em 1930 no Uruguai, cuja seleção da casa saiu vencedora.

Com exceção da Copa do Mundo de 1930, o torneio sempre foi realizado em duas fases. Organizada pelas confederações continentais, as eliminatórias da Copa permitem que as melhores seleções de cada continente participem da competição, que ocorre em um ou mais países-sede. O formato atual do Mundial é com trinta e duas equipes nacionais por um período de cerca de um mês.

Oito países são os vencedores do certame. Brasil, a única seleção a ter jogado todas as competições, mantém o recorde de vitórias com cinco edições de sucesso. É também o único proprietário da Taça Jules Rimet (posta em jogo em 1930) e a possui permanentemente após sua terceira, foi a vitória na competição em 1970, com Pelé, o único jogador tricampeão mundial da história. A seleção brasileira é seguida pela Itália, com quatro troféus, um a mais que a Alemanha. A equipe que venceu a primeira edição, o Uruguai, conquistou duas vezes, como a Argentina, outro país sul-americano. Finalmente, França, Inglaterra e a atual campeã Espanha, ganharam uma Copa do Mundo cada. O Brasil e a Espanha são os únicos países que ganharam fora de seus continentes (Brasil em 1958 e 2002 e a Espanha em 2010).

O país anfitrião do Mundial é designado pela FIFA. A última edição da Copa foi realizada na África do Sul, em 2010. O Brasil foi eleito para sediar a próxima edição, em 2014.

A Copa do Mundo é o segundo evento esportivo mais assistido no mundo, atrás apenas dos Jogos Olímpicos. Economicamente, a competição tem efeitos positivos sobre o crescimento de certos setores e para o desenvolvimento do país-sede. Instalações desportivas, incluindo os estádios, são construídos ou reformados para a ocasião. Estradas, aeroportos, hotéis e infraestrutura de um modo geral, também são melhorados para receber a competição. Entretanto, um país menos desenvolvido, de "Terceiro Mundo", pode sofrer mais que o esperado para organizar um Mundial.

A Copa do Mundo tem aspectos políticos. Enquanto pode transmitir os valores da paz e universalismo, a competição pode, ser também, a ocasião de brigas generalizadas e violência em torno das partidas, ou até mesmo desencadear uma guerra entre países. Há várias adversidades para se organizar um Mundial.

O evento global também está presente na cultura popular, em vários filmes e documentários, e é uma oportunidade para criar canções ou hinos. Jogos eletrônicos e álbuns de figurinhas dos futebolistas, por exemplo, são colocados à venda antes da Copa do Mundo e geram uma excelente oportunidade econômica.

No entanto não podemos ignorar as dificuldades e deficiências dos paizes sedes, que em alguns casos leva a insatisfação por parte da população, pois o investimento feito em infraestrutura muitas vezes gera um sentimento de falta de atenção com setores básicos como saúde e educação, principalmente em países em fase de desenvolvimento como o Brasil que ainda enfrenta problemas graves nessa dimensão social.

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Olimpíada

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Olimpíada é o nome dado ao período de quatro anos compreendido entre duas edições dos Jogos Olímpicos. O termo "Olimpíada" também costuma ser utilizado para designar uma edição dos Jogos Olímpicos, conhecidos coletivamente como "Olimpíadas".

As Olimpíadas acontecem de quatro em quatro anos, onde atletas de centenas de países se reúnem num país sede para disputarem um conjunto de modalidades esportivas. A própria bandeira olímpica representa essa união de povos e raças, pois é formada por cinco anéis entrelaçados, representando os cinco continentes e suas cores. A paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos são os princípios dos jogos olímpicos. Os jogos olímpicos são originários da Grécia Antiga. Você sabia que foi no estádio Panathenaic em Atenas que ocorreu a primeira Olimpíada?

Os Jogos Olímpicos tiveram inicio na cidade de Olímpia na Grécia, os participantes o realizavam para homenagear o Deus Zeus. Somente os homens participavam dos jogos. O vencedor recebia uma coroa de louro ou de folhas de oliveira. Modalidades praticadas: arremesso de dardo, salto em altura, lançamento de disco, corridas, lutas e muitas outras ( e muitas outras é uma informação muito frágil).

A primeira olimpíada aconteceu em 1896, na época da era moderna em Atenas, com a participação de 14 países. Jogos Olímpicos Modernos

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre. Os Jogos Olímpicos são um grande evento internacional, com esportes de verão e de inverno, em

que milhares de atletas participam de várias competições. Atualmente os Jogos são realizados a cada dois anos, em anos pares, com os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno se alternando, embora ocorram a cada quatro anos no âmbito dos respectivos Jogos sazonais. O Barão Pierre de Coubertin fundou o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1894. O COI se tornou o órgão dirigente do Movimento Olímpico, cuja estrutura e as ações são definidas pela Carta Olímpica.

A evolução do Movimento Olímpico durante o século XX obrigou o COI a adaptar os Jogos para o mundo da mudança das circunstâncias sociais. Alguns destes ajustes incluíram a criação dos Jogos de Inverno para esportes do gelo e da neve, os Jogos Paralímpicos de atletas com deficiência física e visual (atualmente atletas com deficiência intelectual e auditiva não participam) e os Jogos Olímpicos da Juventude para atletas adolescentes. O COI também teve de acomodar os Jogos para as diferentes variáveis econômicas, políticas e realidades tecnológicas do século XX. Como resultado, os Jogos Olímpicos se afastaram do amadorismo puro, como imaginado por Coubertin, para permitir a participação de atletas profissionais. A crescente importância dos meios de comunicação gerou a questão do patrocínio corporativo e a comercialização dos Jogos.

O Movimento Olímpico é atualmente composto por federações esportivas internacionais, comitês olímpicos nacionais (CONs) e comissões organizadoras de cada especificidade dos Jogos Olímpicos. Como o órgão de decisão, o COI é responsável por escolher a cidade anfitriã para cada edição. A cidade anfitriã é responsável pela organização e financiamento à celebração dos Jogos coerentes com a Carta Olímpica. O programa olímpico, que consiste nos esportes que serão disputados a cada Jogos Olímpicos, também é determinado pelo COI. A celebração dos Jogos abrange muitos rituais e símbolos, como a tocha e a bandeira olímpica, bem como as cerimônias de abertura e encerramento. Os Jogos têm crescido em escala, a ponto de quase todas as nações serem representadas. Tal crescimento tem criado inúmeros desafios, incluindo boicotes, doping, corrupção de agentes públicos e terrorismo. A cada dois anos, os Jogos Olímpicos e sua exposição à mídia proporcionam a atletas desconhecidos a chance de alcançar fama nacional e, em casos especiais, a fama internacional. Os Jogos também constituem uma oportunidade importante para a cidade e o país se promover e mostrar-se para o mundo.

Ao todo são 28 esportes que para se tornarem olímpicos devem ser existir em pelo menos 4 continentes, serem práticados por homem e mulheres e estarem organizados em suas categorias de base.

Jogos Paralímpicos

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os Jogos Paraolímpicos ou Paralímpicos são o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. Incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de deficientes mentais. Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, Itália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares atingidos na Segunda Guerra Mundial.

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O sucesso das primeiras competições proporcionou um rápido crescimento ao movimento

paralímpico, que em 1976 já contava com quarenta países. Neste mesmo ano foi realizada a primeira edição dos Jogos de Inverno, levando a mais pessoas deficientes a possibilidade de praticar esportes em alto nível. Os Jogos de Barcelona, em 1992, representam um marco para o evento, já que pela primeira vez os comitês organizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos trabalharam juntos. O apoio do Comitê Olímpico Internacional após os Jogos de Seul, em 1988 proporcionou a fundação, em 1989, do Comitê Paralímpico Internacional. Desde então os dois órgãos desenvolvem ações conjuntas visando ao desenvolvimento do esporte para deficientes.

Vinte e oito modalidades compõem o programa dos Jogos Paralímpicos, sendo que vinte e cinco já foram disputadas, duas irão estrear na edição de 2016 e uma não tem previsão para a inclusão. Além de modalidades adaptadas, como atletismo, natação, basquetebol, tênis de mesa, esqui alpino e curling, há esportes disputados exclusivamente por deficientes, como bocha, goalball e futebol de cinco. Ao longo da história, diversos atletas com deficiência física participaram de edições dos Jogos Olímpicos, tendo conseguido resultados expressivos. O único caso registrado de atleta profissional que fez o caminho inverso, ou seja, competiu primeiro em Jogos Olímpicos e depois em Jogos Paralímpicos, é o do esgrimista húngaro Pál Szekeres, que conquistou uma medalha de bronze em 1988 e, após os Jogos, sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico. Szekeres já participou de cinco Jogos Paralímpicos.

O Brasil tem conseguido destaque nas últimas edições dos Jogos Paralímpicos. O país estreou em 1976 e conquistou sua primeira medalha na edição seguinte. Em 2008, pela primeira vez encerrou uma edição entre os dez primeiros no quadro de medalhas, ficando em nono lugar com 47 medalhas. Os nadadores Clodoaldo Silva e Daniel Dias e os corredores Lucas Prado, Ádria Santos e Terezinha Guilhermina são alguns dos destaques paraesportivos do país. Portugal também tem obtido bons resultados, com destaque para a natação e a bocha, que deram seis das sete medalhas do país em 2008. Angola compete apenas desde 1996, mas já conquistou seis medalhas, todas no atletismo. Cabo Verde, Timor-Leste e Macau também já participaram de Jogos Paralímpicos, mas nunca ganharam medalhas.

O legado da Copa e seu impacto no futuro da cidade de São Paulo

Fonte: http://m.espn.com.br/noticias/353360

Muito se fala sobre legado, mas afinal o que vem a ser isso? Os legados, estruturas criadas para o evento e que permanecem após o mesmo, são um dos

principais aspectos positivos alardeados pelos organizadores de megaeventos esportivos. Porém, existem poucos estudos que analisam quais as chances destas promessas, não só serem realizadas, mas como estes legados serem de mais valia para o Brasil.

Pesquisa realizada em conjunto com os professores Marcos V. Cardos e João Manuel Malaia analisa a situação atual dos legados prometidos pelas diversas instâncias do governo para a cidade de São Paulo, cidade-sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, e projeta quais são os legados que se efetivarão na cidade.

Legado tangível e intangível Legado são "estruturas, planejadas e não planejadas, positivas e negativas, intangíveis e tangíveis,

criadas mediante um evento esportivo que permanecem após o evento". Essa definição mostra que os resultados prometidos e esperados pelos organizadores não estão sob seu total controle. , estando sujeitos a externalidades trazidas pelos diversas parcerias envolvidos na execução das obras e atividades implicadas nos jogos.

O conceito de legado está ligado a impactos positivos associados aos jogos. Esses impactos podem ser econômicos, socioculturais, ambientais, físicos, políticos, psicológicos, assim como relacionados ao turismo. é um fenômeno multidimensional, pois está relacionado a diversas fases, da proposta para a realização do evento até o plano para a utilização após o evento.

Porém, os megaeventos esportivos podem deixar legados considerados positivos. Há muitos exemplos de estudos que sugerem legados positivos de megaeventos esportivos em relação à imagem da cidade e ao desenvolvimento do turismo, aos chamados legados culturais, aos resultados políticos e econômicos dos megaeventos e à regeneração urbana.

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Em nosso país, partes significantes dos legados tangíveis estarão prontas para a realização do

evento. Outra parte foi preterida pelas mudanças no planejamento, com a mudança do estádio paulista para a Copa, ou por uma implementação malfeita, como os atrasos no caso do trem-bala. Alguns dos legados terão impactos limitados para a vida da cidade, como pode ser observado pelas obras de mobilidade ao redor do estádio, enquanto outros terão um maior impacto no longo prazo caso haja outras estratégias dando suporte a seu êxito, como no investimento do aeroporto de Viracopos ou a vias BrT e Transolímpica no Rio de Janeiro.

Os legados intangíveis, por suas características menos mensuráveis, são mais complicados de projetar. Uma melhor avaliação deve ser feita durante e após o evento para que melhores conclusões sejam tiradas. As percepções e desejos da sociedade impactam diretamente o resultado esperado desses legados, e mudanças no ambiente social podem alterar rapidamente a forma de avaliar se os impactos foram positivos ou negativos.

2.2 - INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO ESPORTE O esporte é hoje uma manifestação sociocultural importante no mundo. Ele evoluiu tornando-se

elemento de democratização e agregador de países e povos. Essa evolução foi acompanhada pela mídia que enxergou no esporte um dos grandes filões para gerar consumo, ideias e paradigmas. O sucesso de alguns eventos esportivos passou a depender exclusivamente da presença dos meios de comunicação de massa. A televisão passou a ter papel determinante até na formulação de algumas regras de esportes, para se adaptarem às grades de programação e por consequência ao consumo. As imagens se tornaram os grandes aliados na produção de atletas heróis e exemplos a serem seguidos pelos apaixonados por esportes.

Com essa indústria do esporte consolidada, a televisão passou a interferir em alguns esportes. As super imagens das modernas câmeras passaram a ser tira-teimas de polêmicas e dúvidas em lances do esporte. O futebol tem se mantido bem longe dessa tecnologia e recebe várias críticas por isso. O futebol americano, se rendeu totalmente à TV. Toda e qualquer dúvida nesse esporte é tirada com as imagens. Uma questão polêmica que nos faz pensar até que ponto a televisão pode interferir no jogo. Na divisão entre os esportes propostos pelo pesquisador Manoel Tubino (2007), o futebol americano aparece como esporte de identidade cultural, assim como a capoeira no Brasil. É um esporte que, apesar do avanço e da proliferação para outros países por causa das transmissões esportivas, é tipicamente americano. Ele reflete os maiores valores da sociedade dos EUA: conquista com sucesso, trabalho em grupo, o orgulho cívico e eficiência. Vemos também em vários filmes que os chamados “populares” nos colégio e faculdades são os jogadores de futebol americano com suas jaquetas características, as meninas mais belas são as cheerleaders (líderes de tocida) e os losers (perdedores) são aqueles que não têm aptidão para esse esporte, que não são tão belas ou não têm desenvoltura para serem líderes de torcida. A espetacularização do esporte

A mídia, cada vez mais influencia o espetáculo esportivo. Antes, um torcedor precisava ir até à banca de jornal ou ir ao estádio para saber o resultado do jogo. Com o rádio, depois a televisão e hoje a internet, ele não precisa sair de casa para acompanhar seu esporte preferido. A presença da televisão é fundamental para o sucesso do esporte. É o que afirma NUZMANN (1996:15), presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) “...o Presidente do Comitê Olímpico Internacional COI, Marques Juan Antônio Samaranch ressaltou que os esportes que não se adaptarem à televisão estarão fadados ao desaparecimento. Da mesma forma, as televisões que não souberem buscar acesso aos programas esportivos jamais conseguirão sucesso financeiro e de público.

A televisão procura o tempo todo espetacularizar suas imagens para vendê-las e isto não é diferente com o esporte. Dessa forma o esporte passou a ser uma mercadoria e se tornou um show de entretenimento. A partir desse momento podemos analisar e entender qualquer atleta como um produto que pretende ser vendido, que quer ser visto como o melhor, e que todos, para serem tão bons quanto ele, devem ser como ele. Surgem assim, os grandes astros e celebridades do esporte: o “fenômeno”, o “rei”, o “imperador”, o “atleta do século”, o maior de todos os tempos em todos os esportes.

Dessa forma, o espetáculo, como parte da sociedade, de acordo com o cientista Guy Debord (2006), para ser compreendido na sua totalidade, precisa ser percebido numa relação social entre pessoas, midiatizada por sons e imagens. Debord ainda afirma que, à medida que o consumo aumenta, aumenta também o número de espetáculos, o que nos coloca na “Era do Espetáculo”. A sociedade hoje preza muito mais a imagem, vale mais parecer do que ser.

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“E sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem a coisa, a cópia ao original, a representação à

realidade, a aparência ao ser...Ele considera que a ilusão é sagrada, a verdade é profana. E mais: a seus olhos o sagrado aumenta à medida que a verdade decresce e a ilusão cresce, a tal ponto que, para ele, o cúmulo da ilusão fica sendo o acúmulo do sagrado” (DEBORD, 2006, p.13) Com a espetacularização do esporte, os salários dos jogadores se multiplicaram na mesma proporção que a evolução da cobertura e o número de câmeras analisavam cada imagem dos atletas. O aumento da audiência trouxe mais telespectadores do que espectadores ao mundo esportivo. Esse fator tornou eventos mais televisivos e mais preocupados com quem acompanha, sob a ótica dos meios de comunicação, do que quem acompanha o esporte ao vivo e a cores no estádio ou ginásio.

Foi o que aconteceu com o vôlei. Antes disputado em “sets” com vantagem e somente o “set” decisivo sem vantagem. A vantagem significava que somente quem efetuasse o saque, poderia marcar pontos. Isso fazia com que uma partida durasse horas, não se encaixando nas grades de programação televisiva, pois o jogo tanto poderia terminar em uma hora quanto durar mais de três. Independentemente se o espectador acompanhasse um grande jogo de 4 horas ou 2 horas, a visão de consumo do produto mostrado ao telespectador fez o esporte se adaptar à televisão. Assim como o basquete, que recentemente adotou quatro tempos, como no basquete profissional americano, para poder vender mais intervalos. O futebol também sofreu algumas alterações, como o gol marcado fora de casa como critério de desempate em competições no estilo mata-mata. Embora afirmem que a regra é para incentivar as equipes a marcarem gols fora de seus domínios, ela foi feita para dificultar ao máximo uma chance de prorrogação e disputa de pênaltis, o que atrapalha toda a grade de programação. Portanto, a presença decisiva da televisão para o sucesso e o esporte como negócio é mais do que uma constatação: é uma lei.

A condição pós-moderna conferida ao esporte atual pode ser justificada pela relação de dependência estabelecida com os meios de comunicação de massa e o conseqüente ajustamento de sua prática em função das exigências e necessidades desses meios. (RUBIO, 2002, p.6)

Dentro dessa “lei” e imposição do mercado em vender imagens e espetacularizá-las a todo momento, a TV, com toda sua tecnologia, passou a ir além do olho humano. O grande número de câmeras dispostas em um evento esportivo passou a nos mostrar dois tipos de jogos: o visto ao vivo e o visto pela tela.

Supressão dos tempos mortos, inserção de sequências pré-gravadas, entrevistas ao vivo, focalização sobre os atletas vedetes, replay das imagens decisivas, tomadas múltiplas e diferenciadas em vários planos os replays e as diferentes velocidades conferem uma força estética e sensitiva, ao mesmo tempo que hiper-real, á imagem esportiva. Acabaram-se as retransmissões uniformes: a cobertura deve ser agora polimorfa e o estilo ritmado (LIPOVETSKY e SERROY, Apud BEDENDO, 2010)

O pesquisador Ricardo Bedendo afirma que a dependência do olhar/byte chega ao ponto de assistirmos a um jogo na arquibancada esperando o replay e a câmera lenta tirar a dúvida em um lance polêmico. “o cardápio oferecido por essas teles altera radicalmente as transmissões e consequentemente os comportamentos de todos os envolvidos no jogo, como imprensa, atletas, dirigentes, árbitros, comissões julgadoras e instituições promotoras” (BEDENDO,2010) A televisão encontrou no esporte espetáculo sua maior consagração, reescrevendo o espaço-tempo de competições de alto nível.(LIPOVETSKY e SERROY, Apud BEDENDO, 2010)

Não é difícil observar durante os grandes eventos esportivos como NBA e a Copa do Mundo FIFA, que atletas se olhem nos telões espalhados no estádio ou no ginásio após um lance para saber como “ficou na foto”. E não só os jogadores se valem dessa visão de telespectador, mas também os jornalistas presentes no estádio, congelando e repetindo imagens para tirarem a dúvida da sua primeira impressão no lance. Os dirigentes passaram a se queixar com frases típicas como “todos vocês viram na televisão”. Os Tribunais de Justiça Desportiva também usam as cenas para punir o jogador e imagens para identificarem torcedores que não se comportam dentro dos estádios ou para punirem clubes. Todos esses efeitos da televisão dentro do esporte são notórios. Mas, quando a televisão, além de imortalizar os ídolos do esporte pelas imagens, passa a entrar dentro dele, definindo se um lance foi legal ou não? Em alguns esportes o recurso tecnológico já tem essa influência e em muitos casos o voto final. No Tênis, um atleta pode desafiar a arbitragem para saber se uma bola foi dentro ou foi fora, e nessa hora a tecnologia entra em campo para tirar a dúvida. No Basquete alguns lances são vistos no telão para analisar melhor se o cronômetro zerou antes ou não.

No Turfe, Atletismo e Fórmula 1 temos uma máquina de alta precisão na linha de chegada que decide quem chegou em primeiro lugar. Mas de todos os esportes não existe nenhum que a televisão tenha tanta influência quanto no futebol americano.

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Este esporte se tornou o mais popular dos EUA desde os anos 90, com os times universitários, que

têm uma liga televisionada e com grandes números de audiência. Isso mostra a forma como a TV se incorporou a este esporte e passou a ser parte integrante do mesmo. Mas engana-se quem pensa que a presença da TV retira os torcedores do estádio. Em qualquer jogo, seja universitário, colegial ou na liga profissional é raro ver estádio vazios.

Fica bastante claro que no esporte deixamos de ser espectadores para sermos telespectadores e é no futebol americano da NFL (Liga nacional de futebol americano -EUA) que constatamos o maior efeito da TV dentro de um esporte. Além de transformar as imagens, e os passes em imagens espetaculares, não existe nenhum esporte que esteja tão aliado à TV quanto o futebol americano.

No futebol foi amplamente discutida a tecnologia durante a última Copa. Os erros de arbitragem como o gol legal de Frank Lampard no jogo contra a Alemanha, quando o jogo estava 2 a 1 para os alemães. O uruguaio Jorge Larrionda e seu auxiliar não viram o que as 32 câmeras espalhadas no estádio mostraram para todos os telespectadores do mundo: a bola entrou. Assim como o impedimento no gol Argentino contra o México, mostrado nas telas do estádio e o que levou aos mexicanos a mostrarem o imenso telão do estádio como argumento maior de sua reeinvindicação.

Além disso a Irlanda já tinha sido eliminada da disputa da fase final do Mundial na África do Sul por uma mão absurda do francês Thierry Henry. Todos esses lances inflamaram os comentaristas esportivos e envolvidos com futebol no mundo todo. O tema tecnologia no futebol ganhou força, como a implantação de um chip na bola, que também foi discutido. Mas, todas essas tecnologias, que fizeram parte da Copa do Mundo da FIFA, como jogos em 3D, supertelões nos estádios, jabulani, transmissões em HD, câmera superlenta com imagens espetaculares continuaram somente para os telespectadores em casa. Nada disso foi para dentro de campo.

2.3 - INDUSTRIA DO ESPORTE Ligas, marcas e negócios milionários no esporte As transferências de Kaká e Cristiano Ronaldo, respectivamente do Milan e do Manchester United

para o Real Madrid envolveram cifras altíssimas e reativaram antigo debate sobre tetos salariais e outras medidas de controle. No caso do jogador português foi o maior negócio de todos os tempos na história do futebol.

"A surpresa negativa ficou por conta dos Jogos Olímpicos, que foi avaliado em US$ 1,04 bilhão e ficou na 15ª colocação"

Para nós que, no Brasil, estamos sempre às voltas com discussões sobre as dificuldades financeiras dos nossos clubes mais tradicionais, que precisam vender cada novo candidato a ídolo tão logo apareça apenas para fechar as contas do mês e que assistimos algumas modalidades lutando apenas para sobreviver, tal quantia de dinheiro chega a parecer obscena. Na verdade, nas ligas mais organizadas e com gestão profissional é que a história é muito diferente.

A revista inglesa SportsPro publicou recentemente um ranking de valor das principais propriedades esportivas. Balanço financeiro e prestígio da marca foram quesitos de importância na elaboração do ranking. No primeiro lugar está a National Football League (Nfl), liga de futebol americano profissional, avaliada em US$ 4,5 bilhões.

O ranking com as 200 maiores propriedades esportivas traz também a Major League Baseball (MLB)

e clubes de futebol como o Manchester United e também eventos do porte e importância da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Até atletas como David Beckham e Tiger Woods estão listados. Na sequência da Nfl, aparecem três propriedades também ligadas ao esporte dos Estados Unidos: a MLB, a liga profissional do beisebol com seus US$ 3,9 bilhões, depois a NBA, a liga profissional de basquete, com US$ 3,4 bilhões e a Nascar, mais importante categoria do automobilismo norte-americano, com US$ 1,9 bilhão

A Copa do Mundo Fifa ficou em 5º lugar, com US$ 1,7 bilhão seguida da surpresa da lista: a Indian Premier League (IPL), competição de críquete que tem apenas dois anos e já está avaliada em US$ 1,6 bilhão. No sétimo lugar ficou a Scuderia Ferrari, a mais antiga, mais tradicional e maior vencedora da Fórmula 1, avaliada em US$ 1,55 bi (mais valiosa do que a própria categoria), seguida pelo Manchester United Football Club da Inglaterra, avaliado em US$ 1,5 bi. A mais badalada competição entre clubes de futebol, a Champions League, promovida pela entidade européia da modalidade, a UEFA, com US$ 1,1 bi aparece na 13ª posição.

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A surpresa negativa ficou por conta dos Jogos Olímpicos, que foi avaliado em US$ 1,04 bilhão e ficou

na 15ª colocação. Outro evento internacional de muita tradição e grande cobertura de mídia, o torneio de Wimbledom de tênis aparece na 22ª posição com US$ 900 milhões. Em termos de time americano propriamente dito, considerando qualquer modalidade esportiva, o primeiro a aparecer na lista é o Dallas Cowboys, da Nfl, na 10ª colocação geral.

Em se tratando do nosso futebol, nas colocações mais significativas, o ranking ainda mostra Real Madrid (US$ 1,07 bi), Arsenal (US$ 910 mi), Liverpool (US$ 801 mi) e Chelsea (US$ 634 mi). Ou seja, contando o Manchester United, de cinco clubes, quatro são ingleses. O primeiro atleta relacionado é o golfista Tiger Woods na 11ª colocação, seguido pelo seu maior rival, Jack Nicklaus, que vem na 16º posição * MARCO AURELIO KLEIN é Professor de Marketing da FGV e Diretor de Excelência Esportiva no Ministério do Esporte ([email protected])

Fonte: http://revistagestaoenegocios.uol.com.br/gestao-motivacao/15/artigo152261-1.asp

Mais do que as outras marcas, Adidas e Nike dependem dos atletas

Patrocinar um grande evento como Copa do Mundo, Olimpíadas, Super Bowl e outros custa muito

dinheiro e, mesmo assim, não assusta marcas de diversos segmentos. Porém, se para companhias aéreas, indústria automobilística, rede de fast-food, empresa financeira e outros diversos setores o importante é estar no evento, para marcas como Nike e Adidas são os personagens deste enredo que mais interessam.

O motivo é óbvio, os atletas são os ídolos dos seus principais consumidores, e por este mesmo motivo o valor que ambas destinam em seu planejamento de marketing para o patrocínio é cada vez maior. Elas não abrem o quanto exatamente investe, mas estima-se que cada uma delas tenha contratos individuais com mais de 300 atletas somente nos EUA, das mais diversas modalidades.

Não quer dizer que elas são necessariamente as marcas que mais gastam no esporte. Um plano quadrienal da Coca-Cola de patrocínio da Copa do Mundo e ativação em diversos países (eventos, criação e mídia) pode chegar a US$ 600 milhões. McDonald's, Pepsico (Gatorade), Amex, Mastercard e Visa também estão na lista das que mais investem, mas a estratégia, como falamos, é outra.

A briga entre eles é feroz e começa já nas categorias de base, por mais difícil que seja acertar quem realmente vai virar um ídolo, mas não se pode correr o risco de acontecer o mesmo que a própria Adidas sofreu com MIchael Jordan no passado, quando perdeu a chance de fechar com o atleta (ainda jovem) e abriu as portas para a rival.

E assim a dualidade é presente em todas as modalidade, como no futebol com Cristiano Ronaldo e Neymar (Nike) e Messi (Adidas) no tênis com Federer (Nike) e Murray (Adidas), no basquete com Kobe Bryant e LeBron James (Nike) e Derrick Rose (Adidas). Desta forma, não só os amadores querem estar vestidos como seus ídolos, mas também os mais jovens, que entendem este primeiro contrato com uma das duas gigantes como o primeiro passo na carreira.

Fonte: http://terramagazine.terra.com.br/jogodenegocios/blog/2013/05/20/mais-do-que-as-outras-marcas-adidas-e-nike-dependem-

dos-atletas/

2.4. OLIMPISMO (FAIR PLAY, ESPIRITO ESPORTIVO) Olimpismo

Herdada dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, a filosofia utiliza o esporte como instrumento para a

promoção da paz, da união, e do respeito por regras, e adversários. As tolerâncias com as diferenças culturais, étnicas e religiosas são de grande importância nesta forma de pensar baseada na combinação entre esporte, cultura e meio ambiente.

O objetivo é contribuir na construção de um mundo melhor, sem qualquer tipo de discriminação, e assegurar a prática esportiva como um direito de todos.

A educação, a integração cultural e a busca pela excelência através do esporte são ideais a serem alcançados. O Olimpismo tem como princípios a amizade, a compreensão mútua, a igualdade, a solidariedade e o "fair play" (jogo limpo). Mais que uma filosofia esportiva, o Olimpismo é uma filosofia de vida. A ideia é que a prática destes valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e influencie a vida de todos.

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“Fair Play”

Fonte: site FIFA

O fair play é um elemento essencial do futebol. Ele representa os benefícios de cumprir as regras, ter bom senso e respeitar jogadores, árbitros, adversários e torcedores.

Para dar maior visibilidade ao jogo limpo, a FIFA criou um programa que transformou a noção genérica em um código de conduta simples e fácil de entender e que deve obrigatoriamente ser conhecido e respeitado por jogadores e torcedores.

O fair play deve fazer parte do futebol o ano todo. Mesmo assim, desde 1997 a FIFA dedica uma semana do seu calendário internacional a celebrá-lo e promovê-lo. Nesses dias de homenagem ao fair play, a FIFA solicita que as federações nacionais organizem atividades para realçar a importância da desportividade dentro e fora de campo.

O jogo limpo também é reconhecido e recompensado em todos os torneios da FIFA. O Grupo de Estudos Técnicos avalia o comportamento dentro e fora de campo de todos os participantes das competições da entidade, e um troféu é concedido à equipe com o melhor escore de desportividade.

O Prêmio FIFA Fair Play, entregue na cerimônia da Bola de Ouro FIFA, homenageia exemplos de jogo limpo e muito frequentemente vai para indivíduos ou grupos que não costumam aparecer nas manchetes.

3. ALTO RENDIMENTO ESPORTIVO. O QUE É ISSO?

Desde que o Rio de Janeiro, foi escolhido como sede dos jogos Olímpicos de 2016, muitas transformações tomaram conta da cidade. Na questão urbanista (urbanística) vemos uma cidade modificada, melhor estruturada e com mais mobilidade, porém a grande mudança que devemos estar atentos é em relação ao aumento pela procura da prática de atividades esportivas, para a formação de novos talentos e renovação dos atletas e do sistema esportivo Brasileiro. Este capitulo tratará deste assunto que envolve as diversas questões relacionada ao Alto rendimento esportivo.

O Colégio Santa Mônica, possui o setor de equipes que é destinado a formação de jovens talentos esportivos, são aproximadamente 9 equipes esportivas e culturais de diversas modalidades que representam a escola nas competições estudantis. Atualmente o CSM é Duo-decacampeão do Intercolegial que é uma das maiores competições estudantis do Brasil.

3.1 - Esporte de rendimento X Qualidade de vida

Antes de qualquer informação, precisamos estabelecer o que é Esporte ou desporto. “Desporto

(português europeu) ou esporte (português brasileiro): É uma atividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa à competição entre praticantes. Para ser esporte tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competitividade entre opostos. Algumas modalidades esportivas se praticam mediante veículos ou outras máquinas que não requerem realizar esforço, em cujo caso é mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico.”

O esporte de alto rendimento ou de alta performance é aquele cuja finalidade é de se preparar fisicamente para determinada modalidade esportiva. Seja qual for essa atividade esportiva pretendida, os desafios e dificuldades a serem trilhadas serão bastante similares.

O indivíduo que se envolve num esporte de alto nível deve ter em mente duas características importantes em todo o processo ao qual será submetido. Primeiro fator é ter plena disciplina e perseverança nos seus objetivos. Segundo, estar bem claro de que poderá haver grandes dificuldades e que essas deverão ser superadas.

O atleta para que se torne competitivo precisa submeter-se a uma exaustiva rotina de treinamentos físicos. Nos quais os resultados, caso sejam bem planejados por um professor de educação física, normalmente aparecerão após 3 a 5 anos de total disciplina aos treinos.

A carga extenuante de treinamento diário para se atingir um nível de rendimento ótimo (performance), muitas vezes está associado a ocorrências de lesões traumáticas. É o caso das lesões osteomusculares que afetam boa parte dos atletas. O momento da preparação e a gravidade da lesão são os fatores limitantes de todo o planejamento e em algumas situações inclusive psicológicas.

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O uso indevido de substâncias ilegais com finalidades de elevar ilicitamente os níveis das

capacidades físicas (força/resistência muscular, condição aeróbia, etc.), normalmente, quando flagrados em exames antidoping bloqueiam parte de sua carreira desportiva e deixa algumas sequelas psicológicas, como: sentimento de derrota, frustração e fracasso. Além das sansões aplicadas ao atleta pelo comitê antidoping.

Diante dos traumas físicos e psicológicos, aos quais o atleta de alto rendimento está sujeito, será mesmo o esporte capaz de promover favoráveis padrões de saúde? Resta, pois, decidirmos praticar esporte para obter ganhos saudáveis ou realizar o desejo de ser atleta: conquistar medalhas, quebrar recordes e de entrar para a história do esporte daquela modalidade.

Já, qualidade de vida é o método usado para medir as condições de vida de um ser humano, esse método envolve o bem físico, mental, psicológico e emocional, relacionamentos sociais, como família e amigos e também saúde, educação e outras circunstâncias da vida.

Geralmente, saúde e qualidade de vida são dois temas muito relacionados, uma vez que a saúde contribui para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e esta é fundamental para que um indivíduo ou comunidade tenha saúde. Mas, não significa apenas saúde física e mental, mas sim que essas pessoas estejam bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas que os cercam, enfim, ter qualidade de vida é estar em equilíbrio.

Para garantir uma boa qualidade de vida, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter uma alimentação equilibrada, relacionamentos saudáveis, ter tempo para lazer e vários outros hábitos que façam o indivíduo se sentir bem, que tragam boas consequências, como usar o humor para lidar com situações de stress, definir objetivos de vida e fazem com que a pessoa sinta que tem controle sobre sua própria vida.

Fonte: James Fernandes – Profº Educação física, especialista em fisiologia. disponível em: nitrofitness.com.br/artigos/esporte_de_alto_rendimentoesaudavel

3.2 - Órgãos e entidades Esportivas

Os órgãos e entidades esportivas foram criadas, para organizar e regular as modalidades esportivas de forma a unificar sua regras e regulamentos para que possam ser praticadas de forma igualitária em todo o mundo. As principais entidades existentes são:

FEDERAÇÔES: As Federações são organizações não governamentais internacionais reconhecidas

pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como responsáveis por administrar os esportes que representam no estado. Segundo a Carta Olímpica, deve haver uma federação para cada esporte olímpico. As federações têm a responsabilidade de administrar e monitorar todas as disciplinas do esporte, incluindo a prática durante os Jogos Olímpicos. Elas também devem observar o trabalho das federações nacionais do esporte. Federações de esportes que estão no programa olímpico recebem o estatuto de Federações Olímpicas Internacionais. Como tal, participam de encontros anuais do Conselho Executivo do COI, opinam sobre a capacidade das cidades candidatas a receber os Jogos e participam de atividades das Comissões. Entidade de âmbito regional (normalmente estadual) que administra uma ou mais modalidades esportivas, possuindo personalidade jurídica e patrimônio próprio, gozando, nos termos do artigo 217, inciso I, da Constituição Federal, de autonomia administrativa, quanto à sua organização e funcionamento, e se rege pelas normas legais no País e adotando as regras desportivas vigentes e por seu Estatuto.

CONFEDERAÇÕES: As confederações Esportivas são organizações não governamentais

reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional, responsáveis por organizar os esportes que representam em nível nacional, onde as agremiações, clubes e instituições devem estar filiados e seguir as orientações referenciadas através da carta olímpica. A confederação era a entidade brasileira responsável pela organização de todo esporte no país. Atualmente, cada modalidade tem a sua própria confederação, sendo que a entidade que faz o papel de desenvolver o esporte hoje através de uma estratégia global e articulando com todas as modalidades é o Comitê Olímpico Brasileiro.

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ASSOCIAÇÂO: Formação social que congrega pessoas interessadas em agir coletivamente a

favor de um fim compartilhado. Em termos jurídicos, é definida como pessoa jurídica criada por grupo de indivíduos que partilhem ideias e unem esforços com um objetivo comum, sem finalidade lucrativa.

LIGA ESPORTIVA: Entidades de prática desportiva. São pessoas jurídicas de direito privado, com

organização e funcionamento autônomo, tendo suas competências definidas em seus estatutos. Formadas normalmente pela reunião de Clubes, Academias, Escolas de Esportes e outras entidades de prática desportiva.

COI: Segundo a Carta Olímpica, o Comité Olímpico Internacional (português europeu) ou Comitê

Olímpico Internacional (português brasileiro) (COI) é uma organização não governamental. Foi criada em 23 de Junho de 1894, por iniciativa de Pierre de Coubertin, com a finalidade de reinstituir os Jogos Olímpicos realizados na antiga Grécia e organizar e promover a sua realização de quatro em quatro anos.

CARTA OLÍMPICA: A Carta Olímpica, atualizada pela última vez em 11 de fevereiro de 2010, é um conjunto de regras e guias para a organização dos Jogos Olímpicos, e para o comando do Movimento Olímpico. Adotada pelo Comitê Olímpico Internacional, é o código dos Princípios Fundamentais, Regras e Estatutos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/

3.3 - Organização de Campeonato SISTEMAS DE DISPUTA

Nas competições normalmente são utilizadas três formas de disputas: o Campeonato, o Torneio e Jogos.

◊ Campeonato Competição onde há o encontro de cada participante com os demais (todos com todos). Quando o campeonato é dividido em etapas, possuindo vários grupos, o encontro pode se limitar às

equipes do mesmo grupo. É considerado competição de longa duração.

◊ Torneio Competição geralmente desenvolvida: a- De curta duração. b- Através do sistema das eliminatórias. c- Pelo rodízio simples com a diminuição do tempo oficial de jogo (ou diminuição dos escores estabelecidos).

◊ Jogos Competição onde são disputadas várias modalidades desportivas simultaneamente. São, geralmente, de curta duração, lembrando os torneios, podendo, ou não, apurar um vencedor

geral, além dos vencedores por modalidades. A palavra Jogos deve ser escrita com a inicial maiúscula para diferenciar de jogo – partida, disputa.

Exemplo: Jogos Olímpicos. A realização de competições depende de vários fatores: duração; tipo de atividade; das instalações;

do pessoal responsável; do dinheiro disponível; do objetivo ou propósito do campeonato; quantidade de participantes; das características de organização, entre muitas outras variáveis ou fatores.

Antes de iniciar a organização de uma competição o responsável deve, prioritariamente: a) Conhecer a quantidade de participantes. b) Saber o tempo disponível para realizar a disputa.

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Existem basicamente três tipos de sistemas de disputa: Básico, Misto e Derivado.

◊ Sistema Básico É formado pelos subsistemas de disputa: Rodízio e Eliminatória. Subsistema de disputa Rodízio Os competidores se encontram com os demais – todos com todos. Quando a competição é dividida em fases e os participantes separados em grupos, os encontros

podem acontecer apenas entre os participantes do mesmo grupo.

◊ Subsistema de disputa Eliminatória Após cada etapa realizada, esse subsistema prevê a eliminação dos perdedores, permanecendo na

competição apenas os vencedores. As eliminatórias podem ser “simples” e “duplas”. Na eliminatória simples a equipe é eliminada na 1ª derrota; na eliminatória dupla é eliminada após a

2ª derrota.

◊ Sistema Misto Sistema de disputa onde, em uma fase da competição se utiliza um dos subsistemas básicos de

disputa e, em outra fase, se utiliza o outro subsistema básico de disputa. Por exemplo, na primeira fase da competição se utiliza o Rodízio entre todos os participantes da

competição. Na outra fase, as equipes pra tal classificadas se enfrentam em Eliminatória Simples até a definição do vencedor. Isso ocorre, por exemplo, na Copa do Mundo de Futebol.

◊ Sistema Derivado Sistema de disputa gerado a partir de um dos subsistemas do sistema básico.

Exemplo: Bagnall-wild ou Suíço, Shuring ou Americano, e Handicap.

Organização de campeonatos recreativos ou esportivos.

A classificação dos campeonatos depende de vários fatores: duração; tipo de atividade; das instalações; do pessoal responsável; do dinheiro disponível; do objetivo ou propósito do campeonato; quantidade de participantes; das características de organização, entre muitas outras variáveis ou fatores.

Dentre os mais conhecidos estão: campeonato por acúmulo de pontos (pontos corridos) e eliminatória simples.

Campeonato por acúmulo de pontos ou pontos corridos

São campeonatos onde os pontos obtidos em cada encontro se somam. Podem ser coletivos ou

individuais. É também denominado “todos contra todos”, isto são todos os jogadores ou equipes jogando o mesmo número de partidas. Vence o jogador ou a equipe que somar mais pontos. É um tipo de campeonato muito fácil de organizar e pode ser realizado num curto período de tempo ou durante toda uma temporada, incluindo-se várias rodadas.

Campeonatos por eliminação

Em cada rodada é eliminada a metade dos participantes, se não tem outra chance de participar o

campeonato se chama de Eliminatória Simples, se os perdedores fazem outro campeonato paralelo se chama de Eliminatória Dupla.

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3.4. Doping e Overtraining Overtraining é o termo usado para designar um excesso de treinamento. Ocorre quando a pessoa treina de forma inadequada, não respeitando os intervalos ou tempo de recuperação.

Este exagero poderia ser evitado com um bom planejamento em relação a volume, intensidade e pausas de recuperação dos treinos.

Observado constantemente em atletas o overtraining é causado por fatores relacionados ao treinamento e também agravados com uma dieta inadequada, estresse e excesso de competições.

Por isso é muito importante fazer uma avaliação física antes de iniciar qualquer atividade física e montar um treino seguro e eficiente de acordo com o seu nível de condicionamento físico.

Desta forma a pessoa que inicia um treinamento já começa de forma correta e adequada. Já um atleta de ponta deve ter uma equipe de profissionais entre nutricionistas, técnicos,

fisioterapeutas e especialistas que possam planejar o treino, dieta etc. Fazendo com que estes tenham um maior rendimento e de forma saudável.

SINTOMAS DO OVERTRAINING:

• Perda de apetite; • Perda de peso; • Insônia; • Cansaço; • Irritabilidade; • Ansiedade; • Depressão; • Agressividade; • Pequenas lesões; • Resfriados constantes; • Dores de cabeça; • Perda no rendimento; • Impedimento do crescimento muscular; • Disfunções hormonais. Caso o atleta esteja com a síndrome do overtraining, o descanso é essencial. Embora para alguns

atletas a ideia de parar os treinos seja muito difícil. É preciso um tempo de recuperação de pelo menos duas semanas para que este se recupere.

Fonte: http://maisequilibrio.terra.com.br/overtraining-o-que-e-isso-3-1-2-119.html

3.3.2 - DOPPING: A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CAMPEÕES

Considera-se como doping a utilização de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho esportivo, sejam eles potencialmente prejudiciais à saúde do atleta ou a de seus adversários, ou contra o espírito do jogo. Quando duas destas três condições estão presentes, nós temos o doping, de acordo com o código da Agência Mundial Antidoping (AMA).

Não é de hoje que o homem utiliza substâncias para melhorar seus resultados nos esportes. Sabe-se que, nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, os atletas bebiam chás e comiam certos tipos de cogumelos para aumentar seu rendimento. Alguns milênios depois, empresas farmacêuticas de ponta desenvolveram medicamentos quase invisíveis aos exames antidopings e passaram a vender pacotes do tipo: “Torne-se campeão em cinco meses”.

Durante as Olimpíadas de Seul, em 1988, o brasileiro Joaquim Cruz declarou à imprensa: “No esporte, e principalmente no atletismo, a maioria dos atletas se dopa”. A frase do então dono da medalha de ouro nos 800 metros, conquistada em Los Angeles quatro anos antes, chocou muita gente, causando um grande escândalo. Mas o brasileiro nem precisou explicar muito do que estava falando, pois, apenas alguns dias depois de sua declaração, o exame antidoping do corredor canadense Ben Johnson — que acabara de ganhar o ouro nos 100 metros, batendo o recorde mundial — teve seu resultado positivo para o uso de esteróides anabolizantes. Johnson, na ocasião, defendeu-se dizendo que tinha se dopado a pedido do seu treinador e com a supervisão de seu médico. Suspenso, o corredor voltou às pistas dois anos mais tarde, para ser flagrado novamente no exame antidoping e ser banido de vez das pistas. Descobriu-se que Johnson já fazia uso de anabolizantes desde o início de sua carreira profissional, só sendo descoberto em Seul porque, na ânsia de vencer, drogou-se na véspera da prova. Esse se tornou o mais famoso caso confirmado de doping do esporte.

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Por trás deste mundo do belo e da auto perfeição que assistimos através da televisão e que

constantemente escutamos nos discursos de profissionais da área, existe outro mundo de negociações comerciais milionárias, de drogas, sem se falar na guerra ideológica, política e econômica travada entre países que tentam mostrar, através dos Jogos Olímpicos, sua supremacia para o mundo. Os casos de doping e a intervenção de instituições como o COI e a AMA revelam aspectos significativos para compreendermos o esporte contemporâneo e as implicações biológicas, éticas e sociais dessa questão. Uma vez que o esporte de rendimento tem se configurado como modelo para o desenvolvimento das práticas corporais, em especial no universo da Educação Física, faz-se necessário desmistificar crenças e valores que perpassam os discursos na área, ampliando-se os sentidos atribuídos às práticas corporais para além dos princípios e da racionalização do treino esportivo.

Fonte:http://cev.org.br/biblioteca/doping-esporte-impactos-biologicos-eticos-sociais/ e

http://www.educacional.com.br/reportagens/doping/default.asp 4. ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA No decorrer da história da humanidade surgiram diversos entendimentos de cidadania em diferentes

momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no contexto do surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.

O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.

A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa.

A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T.H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político.

A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente às dominações, seja do próprio Estado ou de outras instituições.

No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está muito distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos políticos, sociais e civis não consegue ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, altos índices de desemprego, da taxa significativa de analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional das vítimas da violência particular e oficial.

Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no Brasil a trajetória dos direitos seguiu lógica inversa daquela descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que se tornou popular (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a expansão do direito do voto deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de repressão política foram transformados em peça decorativa do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça para baixo”.1

Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T. H. Marshall afirma que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito:

1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça; que foi instituída no século 18; 2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, no conjunto das instituições de autoridade pública, constituída no século 19; 3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes na sociedade, que são conquistas do século 20.

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4.1 - Esporte como instrumento de manipulação

A melhor maneira de entendermos como o esporte pode de certa forma afetar diversos aspectos da

vida cotidiana, optamos voltar no tempo e relembrar na história o poder de manipulação e de influência do esporte em nosso país. O Texto abaixo nos fará refletir sobre essas questões.

FUTEBOL E DIDATURA MILITAR NO BRASIL

Além de conduzir os militares ao poder, a nova ordem instituída após a queda do presidente João Goulart, em 31 de março de 1964, foi também decisiva para os rumos do futebol brasileiro. O Estado, reorganizado pelos novos donos do poder, estabeleceu a partir daí uma série de imposições disciplinadoras no universo esportivo. Uma dessas primeiras demonstrações, com vistas a enquadrar nosso futebol às novas diretrizes governamentais, foi o cancelamento, pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), de uma partida entre as seleções brasileira e soviética. A medida, que expressava o zelo anticomunista da chamada linha-dura no poder, desarticulou a aproximação esportiva do Brasil com os países do bloco socialista, iniciada pelos governos anteriores.

Logo em seguida, foi a aproximação da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, que passou a mobilizar o governo. Em princípio, nada havia a temer, pois o Brasil se apresentava como o grande favorito na competição. Chegou-se até a propor a confecção antecipada de uma nova taça - se chamaria Winston Churchill -, já que era dado como certo que a Jules Rimet voltaria com a delegação brasileira para casa, consumando a posse definitiva do troféu. Contrariando a expectativa, a Seleção apresentou um futebol muito aquém de 1958 e 1962 nos gramados ingleses, sendo eliminada nas oitavas-de-final pela seleção portuguesa. De volta ao Brasil, nossos jogadores desembarcaram no Aeroporto do Galeão, vigiados por agentes do Serviço Nacional de Informações (SNI), um dos órgãos da repressão mais atuantes da ditadura.

Acalmados os ânimos e demovidas as intenções governamentais de formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o fracasso brasileiro na Inglaterra, João Havelange, presidente da CBD, impôs uma série de mudanças na estrutura da Seleção, principalmente a partir da criação da Comissão Selecionadora Nacional (Cosena), estrutura esportiva claramente inspirada no modelo militar que caracterizava a política brasileira no período. Sofrendo a pressão de interesses, clubes, dirigentes, federações, o órgão não conseguiu os resultados que dele se esperava, uma vez que a seleção brasileira colecionou uma série de maus resultados em uma excursão feita à Europa, coroando o fiasco com uma derrota para o México, em pleno Maracanã, no Rio de Janeiro.

Dissolvida a Cosena, Havelange procurava acertar a seleção brasileira a qualquer preço. Nesse sentido, nenhuma estratégia era descartável, até mesmo a possibilidade de contratar um técnico contrário aos valores golpistas, que ainda àquela altura a propaganda governamental insistia em chamar de valores revolucionários. Foi nessas circunstâncias que o jornalista e radialista João Saldanha assumiu a Seleção, sendo bombardeado por todos os lados. Os paulistas lamentaram que a CBD tivesse se rendido a um carioca, enquanto os militares mais conservadores também falavam em rendição, só que a um comunista. Em outro plano, jornalistas surpresos e técnicos que cobiçavam o cargo insistiam em que Saldanha era bom de microfone, mas que treinar uma equipe de futebol, ainda mais com os problemas que enfrentava a seleção brasileira, era coisa muito diferente.

Assumindo o cargo, o novo técnico fez bom uso da geração privilegiada de jogadores que tinha em mãos e angariou uma série de triunfos, aproximando a Seleção do homem comum, dos militares e até mesmo dos militantes de esquerda. Estádios ficaram lotados e o Hino Nacional voltou a ser cantado sem a pecha de adesão à ditadura que passou a caracterizá-lo a partir de 1964. Uma pesquisa feita no Rio de Janeiro apontava a popularidade de Saldanha: 71%. Os paulistas, enfim rendidos ao bem-sucedido desempenho do técnico, não ficaram muito atrás: 68%. Mesmo com estes índices, por mais que Saldanha estivesse consolidado no cargo, as tensões políticas cresciam em um país marcado pela repressão, que viera à tona na esteira do AI-5, de dezembro de 1968. Detentor do bicampeonato, o futebol brasileiro não podia passar incólume pela obsessão legitimadora que o governo militar perseguia permanentemente, passando a interferir cada vez mais nas esferas do esporte.

Futebol e política se encontrariam quase sempre nos meses seguintes, logicamente com atritos crescentes entre o técnico e o governo federal. Este, aliás, passando por atribulações desde o dia 27 de agosto de 1969, quando o presidente Costa e Silva sofreu o que se diagnosticara como um acidente vascular cerebral. Viajando para o Rio de Janeiro - um cachecol no pescoço sugeria gripe, mas escondia a paralisia do lado direito da face -, o presidente foi encaminhado ao Palácio Laranjeiras. Em poucas horas, entraria em estado de coma, abrindo uma grave crise governamental. Seu vice, o político mineiro Pedro Aleixo, não era encarado como homem de confiança pelos militares, o que tornou necessária uma solução imediata para o caso, encaminhado para o comando das Forças Armadas.

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No dia 31 de agosto, o Ato Institucional nº 12, que transferia os poderes presidenciais para uma Junta Militar,

foi anunciado à nação. Talvez não tenha sido mera coincidência que neste mesmo dia, no Maracanã, o Brasil jogasse sua última partida das eliminatórias para a Copa de 70. Pouco antes de a Seleção entrar em campo, já circulava no estádio o boato de que alguma coisa acontecera ao presidente Costa e Silva. Enquanto alguns falavam em gripe e outros em infarto, havia quem dissesse que o presidente já estava morto, apesar do governo não se pronunciar oficialmente. Segundo o jornalista João Máximo, biógrafo de João Saldanha, o general Elói Menezes, presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND), procurou o técnico antes do jogo: - Saldanha, o presidente Costa e Silva acaba de falecer - teria dito. - O que acha de prestarmos a ele um minuto de silêncio antes do jogo?

Saldanha fez-lhe ver que não era boa ideia. Maracanã cheio, decisão com Paraguai, Hino Nacional, clima de festa, tudo aquilo. Melhor não. Citava o amigo Nelson Rodrigues: "No Maracanã vaia-se até minuto de silêncio".

A acreditar-se em Saldanha, depois foi desmentido pelo general, o anúncio no Maracanã da morte do presidente (que ainda estava em coma) seria o balão-de-ensaio da ditadura para testar a reação popular diante de uma notícia que envolvia os rumos do governo. Sem minuto de silêncio ou pronunciamento oficial, o público que foi ao estádio viu o que de fato queria.

A seleção brasileira venceu o Paraguai por 1 a 0 - gol de Pelé. A classificação do Brasil sugeria que o treinador tinha agora um período de estabilidade pela frente,

preocupando-se apenas com o Mundial do México. De fato, poderia ter sido assim, mas não foi. Ao mesmo tempo em que a repressão política aumentava, a relação entre o esporte mais popular do país e a política se intensificou. Emílio Garrastazu Médici, que tomou posse como presidente da República no dia 30 de outubro de 1969, sucedendo a Costa e Silva, era um apaixonado pelo esporte, a ponto de interromper reuniões ministeriais para saber os resultados dos jogos. Grudado no radinho de pilha - imagem que o aproximava do "homem comum" -, o novo presidente se arriscou várias vezes a frequentar estádios lotados, não raro tendo sua presença anunciada pelos alto-falantes. Promovia-se assim uma importante estratégia de propaganda da Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência (AERP), no sentido de transformar o general Médici em torcedor número 1 da nação, articulando os trunfos futebolísticos à imagem de Brasil-potência que o governo se esforçava em difundir.

À medida que a Copa de 1970 se aproximava, as possibilidades da interação futebol-poder se ampliavam. Ainda em 1969, apresentou-se uma oportunidade sem igual para o governo: a festa comemorativa em torno do milésimo gol de Pelé, conquistado pelo craque em novembro, no Maracanã, em partida contra o Vasco. Nos dias seguintes ao seu feito sensacional, Pelé desfilou em carro aberto em Brasília, sendo recebido pelo presidente Médici, que lhe concedeu a medalha de mérito nacional e o título de comendador. No jogo seguinte do Santos no Mineirão, o atleta recebeu uma coroa de ouro do tempo do Império, ao mesmo tempo em que era produzida uma infinidade de marcos comemorativos, como medalhas, selos, bustos, placas e troféus.

Enquanto os ecos do milésimo gol ainda se faziam ouvir no mundo todo, disputando espaço com a epopéia do homem na lua em todas as retrospectivas de fim do ano, 1970, pelo menos no campo esportivo, foi aberto sob o signo da expectativa. Médici assinava o decreto que instituía a Loteria Esportiva no país, procurando conciliar o esporte com a sorte, o enriquecimento fácil e a chance de mobilidade social para todos. Válido inicialmente para Rio de Janeiro e São Paulo, o presidente prometia que até a Copa o jogo lotérico seria ampliado para todo o Brasil. A Seleção, entretanto, vinha acumulando uma série de problemas, entre derrotas em amistosos, polêmicas com outros treinadores, e divisões internas. Tudo parecia conspirar contra a tranquilidade que Saldanha precisava para trabalhar o time, ainda considerando-se que não contava com uma comissão técnica de sua inteira confiança.

Para tumultuar ainda mais o ambiente, veio à tona toda uma polêmica envolvendo o artilheiro Dario, jogador que encantava o próprio presidente Médici, que, aliás, na sua paixão pelo futebol, também admirava o esquema de jogo de Saldanha e os resultados obtidos nas eliminatórias. Dizia-se que o presidente queria ver o jogador na Seleção. Na verdade, se tudo estivesse correndo bem nas quatro linhas, possivelmente o caso Dario não ganhasse a projeção que ganhou. Mas com o time em desacerto, tudo era motivo para o questionamento, levando Saldanha a retrucar as opiniões que os repórteres diziam ser do presidente com a mais célebre de suas tiradas: "Pois olha: o presidente escala o ministério dele que eu escalo o meu time". Não se sabe ao certo se Médici estava tão empenhado na escalação de um jogador específico, em um momento em que os desafios governamentais eram muito grandes. Certo sim é que a figura de Saldanha era considerada muito inconveniente pelo seu destempero e por sua propalada independência política. Temia-se que o treinador chegasse ao México com uma lista de presos políticos no bolso, e, em entrevista coletiva, diante de microfones e câmeras do mundo todo, denunciasse o desrespeito aos direitos humanos que vinha ocorrendo no Brasil. Mais do que Dario ou episódios envolvendo outros jogadores e técnicos, esta era uma preocupação muito séria para a imagem que a ditadura queria promover de si mesma no exterior. E como bem ou mal Saldanha era popular, pretextos paralelos ganharam mais projeção do que deviam, condicionando a queda do treinador principalmente a problemas com Pelé, com Yustrich - técnico que cobiçava o cargo - ou com um amistoso contra o Bangu, em que a seleção brasileira jogou muito mal. Alguns dias depois a comissão técnica foi "dissolvida" e Mário Jorge Lobo Zagallo, que treinava o Botafogo, foi apresentado como sucessor de Saldanha.

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Com as transformações na comissão técnica, João Havelange tinha agora o caminho aberto para a

militarização da delegação que conduziria o Brasil ao México. Esta era chefiada pelo major-brigadeiro Jerônimo Bastos, com a segurança ficando a cargo do major Ipiranga dos Guaranys, além de contar ainda com os militares Cláudio Coutinho, Raul Carlesso e José Bonetti, alguns deles integrantes da antiga Cosena. Cabelos cortados no estilo da caserna, preparação física coordenada por militares, contraditoriamente a Seleção se transformaria, dentro de campo, em paradigma do verdadeiro futebol-arte que tanto se fala desde então. A cada vitória, uma aclamação popular que parecia legitimar o próprio regime. Tudo indica que a Presidência fez questão de aproveitar o embalo da seleção brasileira para anunciar à nação o projeto da Transamazônica em junho de 1970, temendo talvez que o encanto propiciado pelo fantástico desempenho da Seleção no México se quebrasse. Consumada a vitória, o governo explorou o tricampeonato de todas as formas possíveis, procurando potencializar o futebol como um fator capaz de promover a "unidade na diversidade". Paralelamente o presidente Médici, que recebeu todos os jogadores em Brasília antes de qualquer outra autoridade, já que a delegação voou direto do México para a capital, instituindo feriado nacional para valorizar a recepção, não foram poucos os governadores, prefeitos e vereadores que fizeram de tudo para posar do lado dos craques. Para os mais diretamente ligados ao governo, repetir o discurso oficial era fácil, uma vez que bastava relacionar o desempenho da Seleção ao momento de euforia econômica que se convencionou chamar de "Milagre Brasileiro".

Em 1971, como demonstração que a interação futebol-poder para a ditadura não se limitaria à Copa do Mundo, tinha início um campeonato com clubes da maioria dos estados brasileiros, substituindo a fórmula anterior que só agregava os cinco maiores estados da federação. Paralelamente, estádios eram inaugurados em todo o Brasil, geralmente com a presença de autoridades do governo, em muitos casos do próprio presidente. Morumbi, em São Paulo; Rei Pelé, em Maceió; Castelão, no Ceará, além de vários outros, eram monumentos que aproximavam o governo do conjunto da população, enquadrando-se no modelo de grandes obras que marcava o período. Em 1972, procurando ainda canalizar a fórmula do tricampeonato, tão satisfatória para o governo, João Havelange organizou a Taça Independência, comemorando o sesquicentenário da Independência do Brasil e pavimentando seu caminho para a presidência da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Vinte seleções atuaram nesta verdadeira Minicopa, embora Alemanha, Inglaterra e Itália não participassem, afirmando que a competição possuía fins políticos que se sobrepunham aos esportivos. Pelé também se negou a jogar, alegando que sua imagem vinha sendo utilizada pelo regime para legitimar a ditadura no exterior. Sem empolgar a nação como o governo esperava, a competição teve um jogo emblemático: Brasil e Portugal. Cento e cinquenta anos depois, Colônia e Metrópole se encontravam, marcadas por um trágico destino comum: os dois sob governos ditatoriais - Portugal ainda vivia sob o regime salazarista.

Apesar de não ter jogado a Taça Independência, Pelé foi uma figura central na eleição de Havelange para a FIFA. Desde o final dos anos 60, a relação entre os dois vinha se estreitando, muito em parte em função das necessidades financeiras do jogador, que perdera um bom dinheiro em uma série de negócios realizados em Santos. Em 1969, em um dos lances mais citados da carreira do Rei, Havelange organizou uma excursão da equipe santista à África, já pensando nos votos que poderiam ser colhidos nas federações africanas. Após passarem por diversos países, o pretendente ao cargo maior da FIFA divulgou a história de que o carisma de Pelé interrompera a guerra civil na Nigéria, versão até hoje repetida como demonstração não só do mito em torno do jogador, mas também da capacidade de conciliação que o esporte pode propiciar. Posteriormente, à medida que a relação entre os dois foi esfriando, Pelé apresentou uma versão um pouco menos romântica da história.

"Nós jogamos na capital da Nigéria [a região de Biafra estava em guerra, iniciada em 1967 e encerrada três anos mais tarde], e o que aconteceu foi que o governo destacou um baita contingente militar para nos proteger, impedindo que a cidade fosse invadida enquanto estivéssemos lá."

Em 1974, quando Havelange conseguiria ser finalmente eleito para a FIFA, vencendo o então presidente Stanley Rous, o desgaste com o governo militar, já na presidência de Ernesto Geisel, chegou ao auge. A esta altura, tanto o dirigente como Pelé eram vigiados pelo DOPS, um dos braços repressores do regime. Em janeiro de 1975, Havelange acabou finalmente sendo afastado da CBD, tendo o comando da entidade passado para o almirante Heleno Nunes. Neste novo quadro, a interferência do governo ditatorial no esporte ganharia ainda mais relevo.

Revista Nossa História, nº. 14, dezembro 2004 Gilberto Agostino é historiador associado ao Laboratório de Estudos do Tempo Presente da

Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de Vencer ou morrer, futebol, geopolítica e identidade nacional. Rio de Janeiro: Mauad, 2002.

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4.2 - Esporte e segregação social Com a socialização e o desenvolvimento dos povos, ocorreu uma evolução nos fatores que compõem

esta sociedade moderna. O esporte não poderia ser deixado de lado, pois se constitui num fenômeno e como tal, acompanha e desenvolve-se, de acordo com o contexto que está inserido.

O primeiro ponto abordado será a divergência política entre os povos. Até alguns anos atrás o mundo era dividido em dois blocos, capitalista e socialista. Os países deveriam se posicionar de um lado ou do outro, chegando a casos extremos de uma cidade ser literalmente dividida por um muro, como o caso de Berlim. Como o esporte estava inserido neste contexto político, acabou passando também por profundas transformações. Com a chamada Guerra Fria, observou-se alguns acontecimentos que poderiam ser classificados como banais, por se realizarem no mundo esportivo, contrariando os preceitos do ideal olímpico e da confraternização mundial. Para ilustrar esses acontecimentos, citamos o caso de boicote dos Estados Unidos e seus aliados aos Jogos Olímpicos de 1980 (Moscou) e em represália, o boicote da antiga URSS e de seus aliados aos Jogos Olímpicos de 1984 (Los Angeles). São fatos inaceitáveis, pois os Jogos Olímpicos, que são o maior acontecimento esportivo internacional, perdeu o seu brilho e foram classificados como jogos políticos, nesse dois casos. Outras situações desse tipo marcaram o triste período da Guerra Fria. A briga entre americanos e soviéticos, era para provar a superioridade do capitalismo sobre o socialismo e vice-versa

Outro aspecto que prejudica o brilhantismo do esporte é a utilização em competições de práticas ou propagandas políticas. Um dos fatos mais marcantes foi o movimento Black Power, que tentou por meio do esporte demonstrar a superioridade de uma raça ao mesmo tempo a discriminação racial. Esse acontecimento pode causar uma certa aversão das outras etnias, pois o fator racial suprime o da competição saudável, sem características de revanche ou demonstração de superioridade. A política interna de um país pode sofrer sanções internacionais, como foi o caso da política de segregação racial na África do Sul. Os africanos foram impedidos de participar dos Jogos Olímpicos, enquanto não adotassem uma política mais democrática. A África do Sul voltou aos Jogos Olímpicos no momento em que o apartheid foi praticamente suprimido de seu país. A atitude de sanção imposta à África do Sul visava acabar com o domínio dos interesses opressores e racistas, a fim de dar oportunidade igual a todos os possíveis atletas.

A busca de um reconhecimento social e uma ascensão política faz com que o esporte seja utilizado de maneira incorreta para alcançar seus objetivos. Os políticos usam do esporte para melhorar sua imagem e os não-políticos usam também do esporte para alcançar a política, ou seja, observa-se muitos casos em que um dirigente utiliza o clube para defender seus interesses, sem pensar obrigatoriamente no benefício do clube e desse esporte em questão.

Os interesses políticos às vezes atingem proporções absurdas, como é o caso do presidente do Milan, time de futebol da Itália, que foi eleito primeiro ministro da Itália. Certamente o cargo de dirigente de um clube bem sucedido foi utilizado como forma de propaganda política. Apenas um aspecto neste caso deve ser questionado, o Milan e o próprio futebol, ganharam o que com isto?

A conquista da Copa do Mundo, por um país subdesenvolvido, pode ser utilizada pelo governo desse país como uma distração popular, desviando a atenção da opinião pública para a importante conquista a nível esportivo. No Brasil existe uma “briga” interna com nossas próprias leis. O caso brasileiro não apresenta aspectos internacionais como os da Guerra Fria, nosso esporte afunda na própria política interna ou mesmo a falta dela.

No ano de 1993, o Congresso Nacional aprovou a chamada “Lei Zico”. Essa emenda constitucional tentou ajudar o desenvolvimento esportivo do Brasil.

Observa-se que a política e o esporte caminham lado a lado. O esporte sem política não pode ser entendido, e sim se deve pensar num esporte aliado a uma política correta. Deve-se repensar os preceitos a fim de entendermos quais os verdadeiros propósitos das competições esportivas e como a influência da política poderá auxiliar positivamente nas atividades esportivas. Deve-se pensar ainda, na prática desportiva despretensiosa, sem interesse competitivo e sim pelo prazer da prática ou pelos inúmeros benefícios relacionados a prática de atividade física que vem a ser um direito de todo cidadão brasileiro garantido pela nossa constituição.

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4.3 - Esporte e Qualidade de vida: geo-referenciamento no seu bairro. Para falarmos do esporte em seu bairro precisamos entender alguns conceitos e o primeiro deles é de

que as políticas públicas podem ser conceituadas como o conjunto de ações desencadeadas pelo Estado, no caso brasileiro, nas escalas federal, estadual e municipal, com vistas ao atendimento a determinados setores da sociedade civil e devem atender a todos. Neste sentido a nossa constituição nos garante o direito a prática esportiva. Conforme disposto no Título II, capítulo II, Art. 6º: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Conforme citado na Constituição Federal, no caput do Título VII, Capítulo III, Seção III, Art. 217: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:...”.

O esporte em nossa cidade atualmente esta segmentado em três eixos: Educacional, Valorização de Talentos e Esporte e Participação.

Esporte Educacional – A finalidade do esporte escolar é o desenvolvimento integral do homem

como ser autônomo, democrático e participante.

Valorização de Talentos – Assim como outras nações, o Brasil tem como meta se utilizar dos inúmeros eventos esportivos que ocorrem em solo nacional, para trabalhar a cultura do esporte no país.

Esporte Participação - A mudança do sentido na prática cotidiana do esporte de auto rendimento para esporte de lazer ocorreu através da projeção do lazer enquanto elemento intrínseco à atividade humana, transformando as práticas esportivas no tempo livre em entretenimento, diversão, participação, bem estar e qualidade de vida.

Cada um desses eixos recebe a influência das instâncias públicas e privadas que se organizam de forma a promover o acesso a atividade física a toda população.

A cidade do Rio de janeiro é um dos 92 munícipios do Estado e:

• Possui 160 bairros; • Está dividida em 34 Regiões Administrativas (R.A.); • Está dividida em 5 Áreas de Planejamento (A.P.); • Possui uma população de 5.940.224 IBGE 2010;

Para organizar o esporte na cidade é preciso entender um outro importante conceito, o Geo-

referenciamento, que pode ser de uma imagem ou um mapa ou qualquer outra forma de informação geográfica, conhecidas num dado sistema de referência. Os pontos de controle são locais que oferecem uma feição física perfeitamente identificável, tais como intersecções de estradas e de rios, represas, pistas de aeroportos, edifícios proeminentes e locais de práticas de atividades esportivas.

O Rio de janeiro e sua característica praiana é um incentivo a prática esportiva, o que possibilita o constante crescimento de espaços para atividades esportivas, sejam público ou privados que se espalham pela cidade promovendo a possibilidade de participação de toda a sociedade. Neste sentido temos as praças, parques, pistas, praias, campos, quadras, clubes, academias, vilas olímpicas, escolas, etc. que são espaços, organizados ou não, para oferecer a prática de atividades esportivas orientadas ou não, de diversas modalidades e para todas as idades.

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