Apostila de Filosofia - 3ª série - Ensino Médio - 1º Bimestre

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  • 7/23/2019 Apostila de Filosofia - 3 srie - Ensino Mdio - 1 Bimestre

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    FILOSOFIA DIRIA - Blog: PROFEMORAIS.BLOGSTPOT.COM e-mail: [email protected] 1

    1 CONFLITO ENTRE TRABALHO E REALIZAO

    O ser humano durante toda sua vida persegue um nicoobjetivo: ser feliz, sentir-se realizado. Mas a realizao humana algo desde sempre incompleto, um eterno vir-a-ser.

    essa constante busca de realizao que permite ao serhumano transformar o seu meio natural e, com isso, fazer histria.Assim, toda a vida em sociedade, assim como o progresso e oretrocesso so resultado dessa transformao que ele coloca emprtica sempre buscando a felicidade.

    nessa ao de transformar a realidade sua volta que o ser humano encontra momentos desatisfao, de realizao de seus projetos, ainda que, paralelamente a isso, esteja gerando novos desejos eansiedades. A realizao de um sonho, de um projeto um estmulo para o incio de um outro. E todarealizao humana se faz por meio do trabalho. Trabalho esse entendido como ao transformadora

    (material ou intelectual) do ser humano, realizada na natureza e nasociedade em que vive.

    Mas apesar de a realizao (a felicidade) somente vir por meio dotrabalho, h uma enorme distncia entre realizao e trabalho. Se analisarmosa etimologia da palavra trabalho, descobriremos que ela tem o sentido detortura. Trabalho tem origem no vocbulo latino tripalium, um antigoaparelho de tortura formado por trs paus que servia tanto para castigarescravos quanto para imobilizar animais difceis de ferrar.

    O conflito gerado entre trabalho e realizao deve-se, alm de ser

    associado tortura e ao sofrimento, ao fato de que na sociedade os trabalhosrealizados pelos trabalhadores no so projetos seus e nem mesmo so seus osfrutos de seus esforos. Longe de ser sinnimo de criao e de transformao, o trabalho que desenvolvemtorna-se opressivo e estafante.

    Mas ser que o ser humano est, nesse sentido, eternamente infeliz? A resposta no, porque o serhumano, mesmo quando se sente impotente, inventivo e produz seus espaos de liberdade e criao, ondeencontra um grau de felicidade. dessa maneira que se explica a existncia de espaos prprios desse oudaquele segmento social, que so verdadeiros guetos de resistncia que possibilitam o prazer.

    2 HISTRIA DO TRABALHO

    O trabalho na antiguidade greco-romana

    Todos aqueles que nada tm de melhor para nos oferecer que o uso do seucorpo e dos seus membros so condenados pela natureza escravido.

    melhor para eles servir que serem abandonados a si prprios. (Aristteles)

    Para o filsofo Aristteles a diferena social entre os homens era natural, nohavendo contradio alguma na diviso que se impunha entre o trabalho manual e asatividades intelectuais e polticas.

    Na cultura grega, cabia aos cidados a organizao e o comando da polis. Aocidado era proibido o trabalho braal, j que ele deveria ter o tempo livre ciopara se dedicar reflexo e ao exerccio da cidadania e do bem-governar.

    As funes dos escravos, entretanto, eram restritas atividade inferior detransformao da natureza em um bem determinado pela vontade das camadassuperiores. Por ser rotineiro e no exigir capacidade reflexiva, o trabalho manual era

    PROFo: Jossivaldo MORAIS

    3a SRIE ENSINO MDIOTEMTICA:

    BIMESTRE:PRIMEIRO

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    considerado atividade degradante (indigna), relegada a escravos e no-cidados.Em Roma, permaneceu a diviso entre a arte de governar e o trabalho braal. Sendo o imprio

    fundado na escravido, o trabalho braal era visto como degradante e destinado aos povos dominados, tidoscomo seres inferiores. Trabalhar, para o cidado romano, era negar o cio (negotium), negar o tempo livre eo lazer.

    O trabalho na Idade Mdia

    A Idade Mdia ocidental-crist no alterou substancialmente o conceitode trabalho. Organizada com base numa economia de subsistncia, grandeparcela da populao, apesar de livre em relao aos senhores proprietrios,encontrava-se presa terra, em luta pela sobrevivncia.

    O trabalho era visto como meio de subsistncia, de disciplina do corpoe de purificao da mente. Assim, servia de instrumento de dominao sociale de condenao a qualquer rebeldia ordem instituda. Se entre os gregos aescravido era justificada como algo natural, na Idade Mdia crist a servidoera justificada pela ordem divina.

    A ociosidade entre as classes senhoriais, assim como ocorrera na Antiguidade greco-romana, no era

    sinnimo de preguia, mas de absteno s atividades manuais para se dedicar a funes mais nobres, comoa poltica, a guerra, a caa esportiva, o sacerdcio, enfim, ao exerccio do poder.

    A tica capitalista do trabalho

    da poca do Renascimento a crena de que o trabalho inerente ao serhumano, isto , faz parte da essncia humana o desejo e a necessidade dotrabalho.

    O fim da servido medieval determinou ao homem a liberdade deconquistar, com o suor de seu prprio rosto, o reconhecimento como cidado. Acidadania, a partir de agora, no era mais um privilgio natural ou vontade

    divina. O trabalho era a forma legtima de conquistar a cidadania.Nicolau Maquiavel afirmava que os seres humanos trabalham por

    necessidade ou por escolha, afirmando haver mais virtude no trabalho realizadopor escolha. Maquiavel acreditava que o trabalho capaz de promover a virtudee a realizao pessoal.

    Uma outra inovao trazida pela nova tica introduzida pelo capitalismo, a de que a riqueza alcanada por meio do trabalho no mais vista como pecado,mas como realizao da vontade divina. Com isso o trabalho deixa de existir

    apenas para atender s necessidades humanas bsicas e passa a ter como finalidade principal a gerao deriquezas, agora vista como sinnimo de realizao e felicidade.

    Martinho Lutero condenava o enriquecimento custa dos outros, mas pregava a obedincia e

    conformao situao de cada um na sociedade. Para Lutero o trabalho era uma forma de purificao eadquiria sucesso na profisso aqueles que eram dignos da Providncia Divina. O enriquecimento, nessesentido, era resultado do esforo pessoal e da graa de Deus.

    Por conseqncia, a ociosidade (moleza, preguia) passou a ser sinnimo de negao de Deus. S semostrava a verdadeira f pelo trabalho incessante e produtivo.

    Adam Smith afirmava que a riqueza de uma nao dependia essencialmente da produtividade baseadana diviso do trabalho. O que antes era executado por um nico trabalhador, agora decomposta eexecutada por diversos trabalhadores, que se especializam em tarefas especficas e complementares.

    O uso do tempo que no fosse de forma til e produtiva, de acordo com o ritmo imposto pela fbrica,passou a ser sinnimo de preguia e degenerao (diminuio). S o trabalho produtivo, fundado na mximautilizao do tempo, dignificava o homem.

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    ATIVIDADE 1

    1) Que relao podemos fazer entre trabalho e realizao humana ?

    2) Explique baseado no texto por que se diz que entre Trabalho eRealizao h um conflito constante?

    3) O pensar requer o cio. Analise essa frase de Aristteles de acordo com o contexto da sociedade gregaantiga.

    4) Comparando a sociedade grega antiga e a sociedade medieval, em que aspectos elas se diferenciam?

    5) Analise e diferencie as sociedades grega, medieval e moderna (capitalista), no modo como lidam com otrabalho.

    6) Releia o texto acima: A tica capitalista do trabalho e sintetize (resuma) sua ideia principal.

    3 O MUNDO MODERNO E O VALOR DADO AO TRABALHO

    Cada homem vive do seu trabalho, e o salrio que recebe

    deve pelo menos ser suficiente para mant-lo. (...)Adam Smith

    Fornecer ao trabalhador o mnimo necessrio para sobreviver e procriarnovos operrios. Assim como para os escravos da Antiguidade e os servos daIdade Mdia, a realizao que os trabalhadores assalariados deveriam esperar deseus esforos na produo das fbricas era a depoder sobreviver e procriar.

    Do mesmo modo como na sociedade greco-romana, os prazeres do espritoficam reservados elite, e ao trabalhador, em geral, resta o exerccio do trabalhobraal.

    O mundo moderno proporcionou exatamente o contrrio daquilo que os

    trabalhadores sempre desejaram. A mquina, que seria a libertadora do homem deseu esforo fsico, na verdade serviu para aumentar a produtividade, impor um ritmo e uma disciplina dotempo e do esforo.

    Taylorismo e Fordismo: domesticao do trabalhador

    TAYLORISMO

    Os princpios de produtividade pensados por Frederick Taylor,pretendem ser um mtodo cientfico de racionalizar a produo atravs daeconomia de tempo e da minimizao de gestos e atitudes improdutivas.

    De acordo com Taylor, a produo dependia muito da boa vontade do

    trabalhador. Como s trabalhava porque era obrigado, o trabalhador,sempre que no estava sob o olhar do patro ou de seu supervisor, faziacorpo mole e matava o servio.

    Para aumentar a produo e garantir ao capitalista a expanso de seumercado e de seus lucros, era preciso quebrar a prtica da indolncia (negligncia) e da preguia entre ostrabalhadores. Era preciso aperfeioar a diviso entre o trabalho intelectual (planeja, interpreta e dirige) e otrabalho manual (no deve pensar, mas obedecer e produzir). A partirdisso, criar o operrio bovino: aquele que forte, dcil, sabe obedecer aordens e no questiona a autoridade de seu superior.

    FORDISMO

    Criado por Henry Ford, o fordismo foi uma continuidade dotaylorismo. A principal inovao foi a linha de montagem, que consistiana incluso de uma esteira rolante que transportava as peas de

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    montagem. Impedido de se movimentar, o trabalhador se confundia com a prpria mquina e era obrigado amanter um ritmo-padro de tempo e produo. O mtodo de Henry Ford exigia apenas atividade motora edispensava qualquer possibilidade de iniciativa prpria.

    ATIVIDADE 2

    1) Segundo Adam Smith, qual a verdadeira utilidade do trabalho para o operrio?

    2) Como voc definiria o taylorismo?

    3) Segundo sua opinio, qual o principal objetivo das teorias de Henry Ford (fordismo) e Frederick Taylor(taylorismo)?

    4) No mundo atual (sculo XXI), ainda encontramos operrios bovinos? Como eles so chamados nosdias atuais?

    4 TRABALHO E ALIENAO

    A desvalorizao do mundo humano aumenta em proporodireta com a valorizao do mundo das coisas.

    Karl Marx

    O trabalho criado com a inteno de tornar o ser humano maisindependente e mais satisfeito com as conquistas realizadas com seu esforoe dedicao. Porm, a partir da revoluo industrial e da evoluo docapitalismo mundialmente, o trabalho tem sido motivo de insatisfao edependncia do ser humano em relao ao seu trabalho.

    O trabalho que por tanto tempo garantiu a independncia, a satisfao e

    a manipulao (transformao) do meio natural e social pelo sujeito dotrabalho, agora vem roubando (limitando ou mesmo inviabilizando) aliberdade e a vontade prpria de cada indivduo.

    Como trabalhador (operrio nas fbricas), o indivduo no possuivontade prpria sobreo que ecomo produzir, esse poder de deciso no lhepertence, como tambm no pertence o fruto de seu trabalho. Em seu local detrabalho, o trabalhador no decide seu ritmo de trabalho, seu salrio, suas

    condies de moradia, de alimentao, seu tempo de lazer etc. Transforma-se, portanto, no que Marxchamou desujeito alienado (alheio).

    Sujeito alienado, para Marx, aquele trabalhador que, diante daquele trabalho que realiza, torna-semuito mais um objeto usado para fabricar mercadorias que geraro riqueza para os capitalistas. O

    trabalhador alienado tanto sente-se como objeto, quanto de fato tratado como tal. Ele funciona nas fbricascomo se fosse mais uma pea de uma engrenagem de produo: deve agir como for instrudo e produzirtanto quanto for exigido; nada seu, nem o que usa para produzir nem o produto de seu trabalho tudo lhe alheio, isto , tudo que produz pertence a outros.

    O valor do trabalho humano, a partir docapitalismo industrial, passa a ser determinadono pelo trabalhador, mas pela prpriamercadoria que ele produz. Nesse sentido amercadoria mais importante que otrabalhador.

    A alienao, diria Marx, o processo decoisificao do ser humano atravs do trabalhoque ele mesmo realiza: a mercadoria, que erauma coisa sem vida, sem importncia, ganha

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    vida e passa a determinar o valor do seu prprio criador, o operrio.Quando o trabalhador se v de fato como coisa nas mos do mercado,

    ele percebe que para se dar bem nesse jogo de interesses no possvel ser, atodo o momento, tico e socivel. Como no jogo de interesses do mercado noh valores, sobretudo morais e culturais, o indivduo vai perdendo suaidentidade e, consequentemente, sua vontade, seus desejos e ansiedade.

    ATIVIDADE 3

    1) Segundo o texto, por qual razo o trabalho surgiu?

    2) Por qual motivo o trabalho no cumpre mais sua funo original, a funo a ele atribuda quando foicriado?

    3) De acordo com a leitura do texto acima, o que podemos entender por alienao?

    4) Explique o que um trabalhador alienado.5) No jogo de mercado da atualidade, o que precisamos fazer para alcanarmos sucesso profissional?

    5 A REALIZAO NO MERCADO CONSUMIDOR

    Em todos os perodos da Histria humana a realizaosempre esteve ligada satisfao material. Naseconomias de mercado a realizao se reduz, geralmente, ao consumo de bens materiais ou para ostentaraparncia de poder, ou par proporcionar mais lazer (diverso).

    muito comum ouvirmos e pensarmos que realizaosignifica vencer na vida, entendendo vencer como acmulo debens materiais e ostentao de poder. vista como pessoa desucesso aquela que possui carro do ano, veste-se com as melhoresgrifes e, de preferncia, conhea pessoas importantes e frequentelugares badalados.

    A obsesso humana por vencertornou-se nos ltimos temposuma doena social. Ela destri qualquer tica da convivncia, nelaa vontade individual de vencer predomina, no importando osmeios usados para realiz-la. Vence o mais forte ou o maisesperto.

    Essa vitria oferecida pelo mercado no uma vitria paratodos. As condies de vida e de acesso aos bens no oferecida atodos de maneira igual, gerando, assim um processo de excluso.Mas, ao lado dessa realidade prevalece a idia de que todos podem

    vencer de forma igual, basta se esforar e ser competente, respeitando as regras do jogo. Est mais queprovado que atravs do respeito s regras no possvel a todos vencerem!

    6 OS CAMINHOS POSSVEIS PARA SE TORNAR REALIZADO

    Como ser que vivem hoje os trabalhadores assalariados no Brasil? O socilogo Herbert de Souzaposiciona-se assim sobre esse assunto:

    O Brasil tem uma indstria com duas caras e a mesma moeda. Moderna na tecnologia, atrasada nasrelaes de trabalho. Sua classe mdia espreme-se entre a ideologia do senhor e as agruras [dificuldades] dospobres. Teme o destino de um e respeita o poder do outro.

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    A industrializao brasileira no encurtou o abismo entre pobres e ricos.Os senhores viraram empresrios, mas continuam a viver em novas verses dacasa-grande. Os escravos viraram trabalhadores, mas continuam morando nasenzala, em dormitrios feitos para isolar o pobre depois do servio.

    Diante dessa realidade at aqui posta, resta-nos no nos conformar como jogo de mercado. O ser humano durante toda sua histria na Terra temmostrado que um ser de inovao e resistncia s dificuldades que a

    natureza lhe impe. Se o ser humano deixasse de lutar pela vida e por seusobjetivos, poderamos decretar o fim da histria humana! As revolues,revoltas populares, as passeatas, as mobilizaes, os movimentos (hippies,tropicalismo, caras-pintadas) mostram que o ser humano ainda no seentregou e est ainda disposto a lutar por melhorias nas relaes e condies de trabalho.

    Uma relao de trabalho dignificante (enobrecedora, honrada) quando possibilita ao homemdesenvolver de maneira autnoma formas de cultura e de lazer; quando lhe permite morar com decncia eeducar seus filhos para a cidadania, e no para o mercado de trabalho; enfim, quando no desumaniza ossujeitos e lhes d oportunidade para conquistar a cidadania plena. Toda a sociedade s tem a ganhar com

    isso: diminuem a violncia, as doenas, as angstias.E por que ainda no se colocou em prtica essa concepo de

    organizao social? Por causa do egosmo humano que sempre quer mais emais lucros, e pela impotncia das massas, decorrente do processo dealienao.

    O rompimento desse impasse constitui um processo poltico de luta,em que a igualdade social no ser concedida, mas conquistada. Sabemosque a felicidade plena (absoluta) impossvel, mas possvel viver commais dignidade e mais humanidade. Isso requer que haja entre todos os sereshumanos muito mais solidariedade (simpatia, ternura, cooperao).

    Romper com o reinado da alienao e resgatar os princpios dohomem-cidado, esse o grande desafio. Transformar o debate sobre adignidade e a valorizao do trabalho humano em uma questo poltica, poisinteressa a todos aqueles que no somente vivem do trabalho, mas com-vivem em sociedade.

    ATIVIDADE 4

    1) Na sociedade na qual vivemos (uma sociedade de consumo), o que quer dizer vencer na vida? Vocconcorda com essa viso? Justifique sua opinio.

    2) O que as pessoas so capazes de fazer para alcanarem o sucesso (vencer na vida)? O que voc pensa a

    respeito disso?

    3) Leia a seguinte frase: O sucesso prometido pelo mercado no um sucesso que todos podemalcanar. Analise-a e diga o que ela quer dizer com isso. Qual sua opinio sobre esse assunto?

    4) Segundo Herbert de Souza, qual a situao atual dos trabalhadores e dos patres no Brasil?

    5) Acredita-se, popularmente, que o trabalho dignifica o homem, mas o que dignidade no trabalhosegundo o texto?

    6) De acordo com o texto, como possvel vencer a alienao e resgatar a dignidade e a valorizao do

    trabalho humano? E voc, concorda ou no com a afirmao do texto? Comente sua maneira de pensar.

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    LENDO E REFLETINDO A REALIDADE

    A globalizao e a crise do social

    Haroldo Abreu

    O atual padro mundial de acumulao e desenvolvimento, assentado nodomnio das informaes, do saber e das novas tecnologias - reduz aoferta de empregos produtivos e refora as tendncias de excluso de umaparcela cada vez maior de seres humanos das condies e dos frutos dodesenvolvimento, agravando o desemprego, a misria e as diversasformas de alienao. Ao valorizar a competio que favorece o maispoderoso e/ou mais apto (e nesse sentido revalorizando a desigualdadeem detrimento da solidariedade, da justia e da equidade), areestruturao em curso vem estimulando novos e velhos preconceitossociais, religiosos, nacionais, tnicos.O desenvolvimento capitalista - universalizador e diferenciador da

    humanidade - hoje soberano e reina em todos os quadrantes do planeta praticamente sem concorrncia.A globalizao da sociedade humana se consuma sob a gide desse modo de produo e de seu estilo devida social. O planeta configura-se hoje como um espao social unificado e desigualmente dividido. Adiviso do trabalho e da riqueza entre norte e sul articula-se com as profundas diferenas intra-regionais enacionais. Os indicadores de misria e excluso social so assustadores na sia, na frica e na AmricaLatina. Mas tambm esto presentes, embora em outra escala, nas sociedades de capitalismo avanado,de consumo de massa e welfare state.Situao, alis, que vem se agravando nas duas ltimas dcadas, marcadaspor perodos de recesso, endividamento internacional, concentrao dariqueza, reestruturao produtiva e liberalizao indiscriminada dos mercados.O desemprego e o subemprego, estruturalmente crticos e endmicos nochamado 'Terceiro Mundo', crescem em propores ameaadoras estabilidade scio-poltica nas naes capitalistas. A OCDE (Organizao deCooperao e de Desenvolvimento Econmico) admite a existncia de mais de35 milhes de desempregados entre seus 24 pases membros; outros tantosperderam emprego com a reestruturao forada no antigo bloco sovitico;enquanto mais da metade da populao economicamente ativa na frica, sia e Amrica Latina situa-sefora do mercado formal de trabalho e, assim, do acesso aos meios de desenvolvimento e de exerccio dos

    direitos de cidadania.No caso brasileiro, esta crise/esgotamento do modelo de regulao do Estadotornou-se ainda mais explcita com a exigncia da sociedade civil e asreivindicaes de diferentes categorias e movimentos sociais por direitos decidadania. As instituies estatais-corporativas de controle e coero perderam

    progressivamente a sua eficcia, deixando, assim, de serem funcionais reproduo da ordem.Por tudo isso, parece razovel supor que a crise do Estado brasileiro se insereem uma crise dos Estados nacionais de suas formas objetivas de regulao.Esta crise torna-se mais ampla e complexa quando a associamos desarticulao das entidades coletivas das classes subalternas, enquanto

    atores sociais e polticos, e restruturao da economia mundial e das relaes internacionais.

    (IN: Proposta: experincias em educao popular. Rio de Janeiro, ano 23, n.64, mar.1995. p.13-6)