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Instituto MARVISAN Licenciatura Plena em Psicologia Prof. J.A.R. AMORIM MÉTODO CIENTÍFICO Esboço contendo os principais passos do método científico. O método começa pela observação, que deve ser sistemática e controlada, a fim de que se obtenham os fatos científicos. O método é cíclico, girando em torno do que se denomina Teoria Científica, a união indissociável do conjunto de todos os fatos científicos conhecidos e de um conjunto de hipóteses testáveis e testadas capaz de explicá-los. Os fatos científicos, embora não necessariamente reprodutíveis, têm que ser necessariamente verificáveis. As hipóteses têm que ser testáveis frente aos fatos, e por tal, falseáveis. As teorias nunca são provadas e sim corroboradas. O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja [email protected] 2

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MÉTODO CIENTÍFICO

Esboço contendo os principais passos do método científico. O método começa pela observação, que deve ser sistemática e controlada, a fim de que se obtenham os fatos científicos. O método é cíclico, girando em torno do que se denomina Teoria Científica, a união indissociável do conjunto de todos os fatos científicos conhecidos e de um conjunto de hipóteses testáveis e testadas capaz de explicá-los. Os fatos científicos, embora não necessariamente reprodutíveis, têm que ser necessariamente verificáveis. As hipóteses têm que ser testáveis frente aos fatos, e por tal, falseáveis. As teorias nunca são provadas e sim corroboradas.

O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou uma expansão da área de abrangência de conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis [Nota 1] [Ref. 1] - baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

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Metodologia científica literalmente refere-se ao estudo dos pormenores dos métodos empregados em cada área científica específica, e em essência dos passos comuns a todos estes métodos, ou seja, do método da ciência em sua forma geral, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para outra (as disciplinas científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos encontrados em áreas não científicas, a citarem-se os presentes na filosofia, na matemática e mesmo nas religiões.

A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi posteriormente desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa científica [Nota 2]. Compreendendo-se os sistemas mais simples, gradualmente-se incorpora mais e mais variáveis, em busca da descrição do todo.

O Círculo de Viena acrescentou a esses princípios a necessidade de verificação e o método indutivo.

Karl Popper demonstrou que nem a verificação nem a indução sozinhas serviam ao propósito em questão - o de compreender a realidade conforme esta é e não conforme gostaria-se que fosse - pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja, deve fazer uma hipótese e testar suas hipóteses procurando não apenas evidências de que ela está certa, mas sobretudo evidências de que ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi falseada. Caso não, diz-se que foi corroborada. Popper afirmou também que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona através de sucessivos falseamentos. Nunca se prova uma teoria científica Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas. O método científico é construído de forma que a ciência e suas teorias evoluam com o tempo.

Não apenas recentemente mas desde os primórdios a metodologia científica tem sido alvo de inúmeros debates de ordem filosófica, sendo críticada por vários pensadores aversos ao pensamento cartesiano [Nota 4], a citarem-se as críticas elaboradas pelo filósofo francês Edgar Morin. Morin propõe, no lugar da divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica, do todo. Esse novo paradigma é chamado de Teoria da complexidade (complexidade entendida como abraçar o todo). Embora tal paradigma não implique a a rigor na invalidade do método científico em sua forma geral, este certamente propõe uma nova forma de se aplicá-lo no que se refere às particularidades de cada área quanto ao objetivo é compreender a realidade na melhor forma possível.

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O CONTEXTO DE UMA PESQUISA

Primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições - as hipóteses - para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem experiências ou observações a serem feitas em que testam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis, e juntamente com as evidências associadas, geram as teorias científicas. Embora as hipóteses sejam geralmente formuladas em cima de um subconjunto de fatos de particular interesse ou

relevância, vale ressaltar que o método impõe a integração entre todo conhecimento produzido, e a rigor não há inúmeros subconjuntos de evidências, cada um particular a uma teoria restrita, mas sim um conjunto único de evidências, universal, evidências com as quais, qualquer que seja, uma hipótese válida não pode conflitar, quer seja esteja esta hipótese associada a um sistema em particular que busque esta ser uma explicação geral para os fenômenos naturais. Integrando-se o conjunto de fatos e as hipóteses de diversas áreas em uma única e coerente estrutura de conhecimento formam-se teorias cada vez mais amplas e abrangentes, e ao fim o que se denomina por ciência. Com tal imposição do método colocam-se as hipóteses sempre que possível em um patamar bem mais amplo de abrangência, podendo estas virem a receber o título honorífico de leis científicas, e as teorias pertinentes virem a ser reconhecidas consensualmente pela comunidade científica como um paradigma válido à época em questão.

Outra característica do método é que o processo de produção do conhecimento científico precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na interpretação dos resultados. Sobre a objetividade, que consiste em atenter às propriedades do objeto em estudo e não às do sujeito que as estuda (subjetividade), é conhecida a afirmação de Hans Selye, pesquisador canadense que formulou a moderna concepção de stress: "Quem não sabe o que procura não entende o que encontra" referindo-se à necessidade de formulação de definições precisas (a essência dos conceitos) e que possam ser respondidas com um simples sim ou não, e aos cuidados que se deve ter com a subjetividade inerente ao ser humano. Tanto a imparcialidade (evidência) como a objetividade foram incluídas por René Descartes (1596 – 1649) nas regras lógicas que caracterizam o método científico.

Além disso, o procedimento precisa ser documentado, tanto no que diz respeito à fonte de dados como às regras de análise, para que outros cientistas possam re-analisar, reproduzir e verificar a confiabilidade dos resultados. Assim se distinguem os relatos científicos (artigos, monografias, teses e

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dissertações) de um simples estilo (padrão) ou arquitetura de texto orientados pelo que caracterizam as normas da Retórica ou o estudo do uso persuasivo da linguagem, em função da eloqüência.

É comum o uso da análise matemática ou estatística de forma direta ou mediante aproximação por modelos abstratos idealizados ao qual se acrescem gradualmente as variáveis necessárias para satisfazer à complexidade do problema enfocado e precisão desejada, precisão que depende do objetivo da pesquisa (identificar, descrever, analisar, etc.). Embora os estudos preliminares possam ter natureza qualitativa, o enfoque final deve ser quantitativo, e este é essencial à ciência, sendo "o universo do mais ou menos" um universo a rigor alheio ao método científico.

A divisão da ciência em grandes áreas, áreas de estudo, cadeiras e disciplinas científicas distintas têm levado em consideração, em vista do debatido acima, as adequações dos diferentes pormenores da metodologia científica exigidas pelo alvo dos estudos em cada situação. É comum a afirmação de que em função da evolução e definição atual do método cientifico, num extremo têm-se a física e química seguida da biologia, da geologia, e demais cadeiras das ciências naturais, e no outro, se não violando mantendo-se contudo na fronteira dos rigores do método científico, as ciências sociais, a citar-se a psicologia e as ciências jurídicas, estas quase se aproximando da filosofia e estudo das crenças (senso comum) ou ciências do espírito (sistemas mítico - religiosos), estas últimas já certamente alheias ao que se denomina de área científica de estudo.

Contudo pensadores contemporâneos vêem nessas duas abordagens uma oposição complementar, enquanto que as pesquisas quantitativas que visam descrever e explicar fenómenos que produzem regularidades mensuráveis são recorrentes e exteriores ao sujeito (objetivos), na pesquisa qualitativa o observador (sujeito) é da mesma natureza que o objeto de sua análise e, ele próprio, uma parte da sua observação (o subjetivo).

É importante ter em mente que as pesquisas cientificas se relacionam com modelos, com uma constelação de pressupostos e hipóteses, escalas de valores, técnicas e conceitos compartilhados pelos membros de uma determinada comunidade científica num determinado momento histórico, ou seja, a um paradigma válido à época em consideração.

ELEMENTOS DO MÉTODO CIENTÍFICO

"Ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos." - Carl Sagan

"...ciência consiste em agrupar factos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles." - Charles Darwin

O método científico é composto dos seguintes elementos:

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Caracterização - Quantificações, observações e medidas. Hipóteses - Explicações hipotéticas das observações e medidas. Previsões - Deduções lógicas das hipóteses. Experimentos - Testes dos três elementos acima.

O método científico consiste dos seguintes aspectos:

Observação - Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou pode exigir a utilização de instrumentos apropriados. Contudo deve ser sistemática e controlada a fim de que seus resultados correspondam à realidade e não a ilusões derivadas da deficiência inerente aos sentidos humanos em captar a realidade.

Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido). É importante especificar que fala-se aqui dos procedimentos necessários para testarem-se as hipóteses, e não dos fatos em si, que não precisam ser antropogenicamente reproduzidos, mas apenas verificáveis.

Previsão - As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no presente e no futuro.

Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis passíveis de mascarar o resultado.

Falseabilidade[Ref. 3] - toda hipótese tem que ser testável, e por tal falseável ou refutável. Isso não quer dizer que a hipótese seja falsa, errada ou tão pouco dúbia ou duvidosa, mas sim que ela pode ser verificada, contestada. Ou seja, ela deve ser proposta em uma forma que a permita atribuir-se a ela ambos os valores lógicos, falso e verdadeiro, de forma que se ela realmente for falsa, a contradição com os fatos ou contradições internas com a teoria venha a demonstrá-lo.

Explicação das Causas - Em todas as áreas da ciência a causalidade é fator chave , e não tem-se teoria científica - ao menos até a presente data - que viole a causalidade[Nota 5][Ref. 4]. Nessas condições os seguintes requisitos são vistos como importantes no entendimento científico:

Identificação das causas Correlação dos eventos - As causas precisam ser condizentes

com as observações, e as correlações entre observações e evidências devem realmente implicar relação de causa efeito [Nota 6]

. Ordem dos eventos - As causas precisam preceder no tempo os

efeitos observados.

Na área da saúde a natureza da associação causal foi formulada por Hence e adaptada por Robert Koch em 1877 para demonstração da relação

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causal entre microrganismos e patologias, fundando-se a proposta de Koch basicamente nos mesmos princípios enunciado acima, ou seja: força da associação, ou conectividade (correlação nem sempre implica causalidade); seqüência temporal (assimetria); transitividade (evidência experimental); previsibilidade e estabilidade dos resultados.

Uma maneira linearizada e pragmática de se seguir o método científico está exposto a seguir passo-a-passo. Vale a pena notar que é apenas uma referência, podendo haver, em acordo com a situação, passos necessários, contudo nesta lista não relacionados ou mesmo passos listados; cujos cumprimento não se faz necessário. Na verdade, na maioria dos casos não se seguem todos esses passos, ou mesmo parte deles. O método científico não é uma receita: ele requer inteligência, imaginação e criatividade. O importante é que os aspectos e elementos apresentados anteriormente estejam presentes.

Definir o problema. Recolhimento de dados. Proposta de uma ou mais hipóteses. Realização de uma experiência controlada, para testar a validade da(s)

hipótese(s). Análise dos resultados Interpretar os dados e tirar conclusões, o que serve para a formulação

de novas hipóteses. Publicação dos resultados em monografias, dissertações, teses, artigos

ou livros aceitos por universidades e ou reconhecidos pela comunidade científica.

Observe-se que nem todas as hipótese podem ser facilmente confirmadas ou refutadas por experimentos ou evidências e que em muitas áreas do conhecimento o recolhimento de dados e a tentativas de interpretá-los já é uma grande tarefa como nas ciências humanas e jurídicas (criminologia), contudo a necessidade de fazê-lo é inerente à ciência.

CIÊNCIAS HUMANAS

A limitação ética da realização de experimentos com seres humanos, o estudo das subjetividades ou do essencialmente subjetivo, individual e particular psiquismo humano, ou a natureza histórica do objeto das ciências sociais, conduziram os pensadores a distintos caminhos ou proposições de estudo para o método científico. Contudo, parafraseando Minayo,..."uma base de dados quando bem trabalhada teórica e praticamente, produz riqueza de informações, aprofundamento e maior fidedignidade interpretativa"... [Ref. 5]

As principais divergências na análise dos resultados de pesquisas em ciências sociais ou humanas se dão no plano da contextualização dos dados ou informações obtidas em campo nos diversos sistemas teóricos ou seja conjunto

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de teorias e leis reconhecidas como consensuais em distintos momentos históricos e/ou segmentos das comunidades científicas. Nas ciências sociais identifica-se três grandes correntes de pensamentos:

Positivismo / Auguste Comte. Fenomenologia (Fenomenologia do Espírito / Estruturalismo) Materialismo dialético; Dialéctica / Marxismo

A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MÉTODO

A história do método científico se mistura com a história da ciência. Documentos do Antigo Egito já descrevem métodos de diagnósticos médicos. Na cultura da Grécia Antiga, os primeiros indícios do método científico começam a aparecer. Grande avanço no método foi feito no começo da filosofia islâmica, principalmente no uso de experimentos para decidir entre duas hipóteses. Os princípios fundamentais do método científico se consolidaram com o surgimento da Física nos séculos XVII e XVIII. Francis Bacon, em seu trabalho Novum Organum(1620)-uma referência ao Organon de Aristóteles-especifica um novo sistema lógico para melhorar o velho processo filosófico do silogismo.

A metodologia científica tem sua origem no pensamento de Descartes, que foi posteriormente desenvolvimento empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. René Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa científica.Lê-se no livro o Discurso do método:

...''E como a multiplicidade de leis serve frequentemente para escusar os vícios, de sorte que um estado é muito melhor governado quando, possuindo poucas, elas são aí rigorosamente aplicadas, assim, em lugar de um grande número de preceitos dos quais a lógica é composta, acrediteis que já me seriam bastante quatro, contanto que tomasse a firme e constante resolução de não deixar uma vez só de observá-losO primeiro consistia em nunca aceitar, por verdadeira, coisa nenhuma que não conhecesse como evidente; isto é, devia evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção; e nada incluir em meus juízos que não se apresentasse tão claramente e tão distintamente ao meu espírito que não tivesse nenhuma ocasião de o pôr em dúvida.O segundo – dividir cada uma das dificuldades que examinasse em tantas parcelas quantas pudessem ser e fossem exigidas para melhor compreendê-las.O terceiro – conduzir por ordem os meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e fáceis de serem conhecidos, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais

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compostos, e supondo mesmo certa ordem entre os que não se precedem naturalmente uns aos outros.e o último – fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais, que ficasse certo de nada omitir''."...

Correntemente estas regras são: 1) da evidência; 2) da divisão ou análise; 3) da ordem ou dedução; e, 4) da enumeração (contar, especificar), classificação.

O ACIDENTE

É comum considerar alguns dos mais importantes avanços na ciência, tais como as descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming, como tendo ocorrido por acidente. No entanto, o que é possível afirmar à luz da observação científica é que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a "pensar cientificamente", estando, portanto, conscientes de que observaram algo novo e interessante.

Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso, que segue um caminho mais ou menos sistemático na busca de respostas a questões científicas. É este o caminho denominado de método científico.

A HIPÓTESE

A Hipótese (do gr. Hypóthesis) é uma proposição que se admite de modo provisório como verdadeira e como ponto de partida a partir do qual se pode deduzir, pelas regras da lógica, um conjunto secundário de proposições, que têm por objetivo elucidar o mecanismo associado às evidências e dados experimentais a se explicar.

Literalmente pode ser compreendida como uma suposição ou proposição na forma de pergunta, uma conjetura que orienta uma investigação por antecipar características prováveis do objeto investigado e que vale quer pela concordância com os fatos conhecidos quer pela confirmação através de deduções lógicas dessas características, quer pelo confronto com os resultados obtidos via novos caminhos de investigação (novas hipóteses e novos experimentos).

No método científico, a proposição de hipóteses é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um ou geralmente um conjunto de fatos e prever outros acontecimentos e fatos dele decorrentes (deduzir as consequências). A hipótese deverá ser testada frente a fatos obtidos de observações sistemáticas

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e controladas resultantes de experiências laboratoriais e de pesquisa em campo. Se, após muitas dessas experiências, os resultados obtidos pelos pesquisadores não contrariarem a hipótese, esta então será aceita como válida, promovida à lei se for simples contudo de abrangência geral, e integrada à teoria e/ou sistema teórico pertinente. A promoção da hipótese ao patamar de integrante de uma teoria ou sistema teórico pertinente não lhe aufere, contudo, o título de dogma. Todas as hipóteses científicas estão em perpétuo teste frente aos fatos naturais, frente aos resultados experimentais e frente aos rigores de consistência lógica com as demais hipóteses aceitas como válidas no presente momento! Uma hipótese indubitável hoje pode ser falsa amanhã, e isto vale para todas as hipóteses científicas, independente dos "títulos honoríficos" que possuam. Mesmos as leis científicas não passam de meras hipóteses neste contexto.

AS CRENÇAS E O MÉTODO CIENTÍFICO

Pontos importantes a se considerar são a necessidade da falseabilidade das hipóteses científicas e as consequências advindas desta restrição. Considere como exemplo as seguintes proposições: "A salamandra e o rato são anfíbios" e "A maça é verde ou não é verde". A primeira admite os valores lógicos falso e verdadeiro, sendo possível demonstrar que seu valor lógico é em verdade falso ao constatar-se experimentalmente que o rato não é um anfíbio. Contudo a segunda expressão não é testável pois, conforme proposta, ela sempre será verdadeira, independente da cor da maça obtida experimentalmente. Analise com cautela o exemplo e perceba que, em essência, frases não falseáveis não carregam informação útil (ou seria não carregam informação alguma?), pois uma informação sempre pode ser falsa ou verdadeira. Por tal a primeira é condizente com uma hipótese científica, a segunda não.

Um exemplo de hipótese científica - testável - e até o presente momento com valor lógico verdadeiro é "O valor da velocidade da luz é uma constante que independente do referencial inercial adotado" (ver relatividade restrita). Esta hipótese é testável pois admite os valores lógicos falso e verdadeiro e pode ser mostrada falsa por experimentos, bastando encontrar-se experimentalmente um referencial inercial onde não se verifique o que ela afirma. Como, contudo, até a presente data, este não foi encontrado, esta é, até a presente data, para todos os efeitos, verdadeira.

Seguindo-se os exemplos, mas agora tocando em um assunto delicado para alguns, a hipótese "Há um Deus transcendental, onisciente, onividente, onipresente e onipotente que controla tudo" não é, por princípio, uma hipótese testável frente aos experimentos e fatos naturais pois, qualquer que seja o resultado experimental, ele é condizente com a onisciência, onipotência, onipresença e onividência de Deus, e, conforme postulado pela própria hipótese, Deus diretamente mostra-se inacessível aos experimentos naturais

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devido à sua transcendência, de forma que se fosse verificado diretamente a existência de Deus por algum experimento, a frase estaria falsa em virtude de sua transcendência ser falsa, e mantida a sua transcendência, a frase não é testável. Visto que nunca verificou-se a existência direta de Deus - sendo em verdade esta a razão lógica da transcendência figurar na hipótese - a hipótese é em verdade uma frase não falseável - não testável - e por tal transcende também o escopo da ciência.

Em resumo: Deus não é testável e por tal "a ciência não entra no mérito de Deus", sendo a ciência expressamente cética, por definição; tal consideração coloca praticamente todas as religiões, monoteístas ou não, além do mérito e alheias à ciência. Embora o inverso possa - com muito zelo - ser verdade, não há lugar para as religiões dentro da ciência.

PESQUISA

Uma pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos, e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade regular também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejados pela busca de um conhecimento. Ao profissional da pesquisa (especialmente no campo acadêmico), dá-se o nome de pesquisador.

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas, imagens, manuscritos, etc. Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do estudo.

Por tudo isso, deve ser uma rotina tanto na vida profissional de professores e pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final.

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Encontram-se em Andrade (1999), Gil (1991), Severino (2000), entre outros, importantes diretrizes para o êxito na pesquisa bibliográfica, no que se refere à leitura, análise e interpretação de textos.

PESQUISA DESCRITIVA

O tipo de pesquisa que se classifica como "descritiva", tem por premissa buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007).

A pesquisa descritiva usa padrões textuais como, por exemplo, questionários para identificação do conhecimento. O IBGE realiza pesquisas descritivas. A pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece. É importante que se faça uma análise completa desses questionários para que se chegue a uma conclusão.

PESQUISA LABORATORIAL

Comumente, este tipo de pesquisa é confundido com pesquisa experimental, o que é um equívoco. Embora a maioria das pesquisas de laboratório seja experimental, muitas vezes as ciências humanas e sociais lançam mão de pesquisa de laboratório sem que se trate de estudos experimentais. Na verdade, o que caracteriza a pesquisa de laboratório é o fato de que ela ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso.

Tais pesquisas, quer se realizem em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente adequado, previamente estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado.A Psicologia Social e a Sociologia, frequentemente, utilizam a pesquisa de laboratório, muito embora aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre possam ou, por questões de ética, nunca devam ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório.

PESQUISA EMPÍRICA

A pesquisa empírica se dá por tentativa e erro, e é realizada em qualquer ambiente.São investigações de pesquisa que têm como principal finalidade testar hipóteses que dizem respeito a relações de causa e efeito. Envolvem: grupos de controle, seleção aleatória e manipulação de variáveis independentes. Empregam rigorosas técnicas de amostragem para aumentar a

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possibilidade de generalização das descobertas realizadas com a experiência. Tipos: a pesquisa empírica pode ser realizada no laboratório e no campo.

PESQUISA DE CAMPO

A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Ciência e áreas de estudo, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia Social, Psicologia da Educação, Pedagogia, Política, Serviço Social, usam frequentemente a pesquisa de campo para o estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, com o objetivo de compreender os mais diferentes aspectos de uma determinada realidade. Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social (Franco, 1985:35).

PESQUISA ACADÊMICA

A pesquisa acadêmica é realizada no âmbito da academia (universidade, faculdade ou outra instituição de ensino superior), conduzida por pesquisadores que comumente são docentes, estudantes universitários e pesquisadores independentes. A pesquisa acadêmica é um dos três pilares da atividade universitária, junto com o ensino e a extensão. Visa produzir conhecimento para uma disciplina acadêmica, bem como investigações relacionadas à prática dos processos de ensino-aprendizado. Visa também relacionar os aspectos objetivos e subjetivos da realidade que envolve o objeto a ser pesquisado.

PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE

Psicologia da personalidade ou psicologia diferencial é a parte da psicologia que se dedica a descrever e explicar "as particularidades humanas duradouras, não patológicas e que influenciam o comportamento dentro de uma determinada população"[1]. Além disso tem essa disciplina o objetivo de integrar os resultados empíricos em uma teoria da personalidade e de desenvolver métodos para o psicodiagnóstico e fundamentá-los teoricamente.

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Enquanto alguns autores usam ambos os termos como sinônimos, outros preferem tratá-los como duas disciplinas diferentes.

O termo psicologia diferencial foi introduzido pelo psicólogo alemão W. Stern (1911), que expressava com ele um dos três diferentes campos de estudo em que ele dividia a psicologia:

(i) uma "psicologia individual", que se dedica ao estudo do indivíduo, (ii) uma "psicologia especial", que se deveria dedicar ao estudo de

características de grupos e (iii) uma "psicologia diferencial stricto sensu", que deveria estudar as

diferenças entre indivíduos e entre grupos. Como se vê, a terminologia de Stern não é clara – pois ele usa a palavra diferencial com dois sentidos diferentes – e além disso sua "psicologia diferencial latu sensu" abrange áreas tradicionalmente atribuídas à psicologia clínica, à psicologia social e à psicologia do desenvolvimento. Essa falta de clareza levou o termo a desaparecer da literatura científica anglófona desde a década de 70 do século XX. Em alemão hodierno o termo se refere a uma parte da psicologia da personalidade que trabalha com métodos diferenciais.

Importantes temas são o diagnóstico de inteligência (ver quociente de inteligência), a criatividade, bem como a questão mais genérica a respeito da origem de tais diferenças, por exemplo, se elas se devem mais a diferenças genéticas (ver hereditariedade) ou mais à experiência de vida de cada um.

O uso científico do termo personalidade pela psicologia diferencial difere daquele típico da psicologia do senso comum. A psicologia científica busca a formação de um modelo teórico de personalidade, enquanto as teorias do senso comum se baseiam muitas vezes em processos de atribuição subjetivos: por exemplo, a partir de determinado comportamento de alguém, se diz que ele tem uma "personalidade forte". Exemplos de paradigmas científicos para o estudo da personalidade são: o paradigma psicoanalítico, o interacionista, o comportamental, o evolucionista e o cognitivista.

DESCRIÇÃO DA PERSONALIDADE

A Psicologia da Personalidade conhece três maneiras distintas para classificar a personalidade: a em dimensões, a classificação em tipos e a classificação baseada nos transtornos de personalidade.

Descrição dimensional da personalidade

O objetivo deste método de classificação é reduzir a variedade quase infinita de personalidades a um número mínimo de dimensões estatisticamente independentes. O ponto de partida para gerar tais dimensões é normalmente uma análise do vocabulário que um determinado idioma tem para descrever características da personalidade de alguém. Um grupo representativo da população desse idioma recebe então a tarefa de separar essas palavras em

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categorias de palavras. Os resultados são então analisados através de um método estatístico chamado análise fatorial. Esse método, também chamado de método lexical, foi a base das propostas de Catell, de Guilford e de Eysenck. A classificação atualmente mais em uso no mundo científico foi proposta por T. Norman e L. R. Goldberg e é conhecida como "Big Five", por descrever a personalidade através de cinco fatores ou dimensões:

Extraversão - refere-se a quanto uma pessoa busca contatos, é auto confiante e espontânea;

Amabilidade - refere-se a quanto uma pessoa é gentil, empática, mostra consideração pelos outros;

Conscienciosidade (ou Responsabilidade) - refere-se a quanto uma pessoa é cuidadosa, atenciosa, perseverante, empenhada naquilo que faz;

Instabilidade emocional (ou Neuroticismo) - refere-se a quanto uma pessoa tende a preocupa-se, ser nervosa, ter medo e estar tensa;

Abertura para novas experiências (ou Intelectualidade, ou ainda Cultura) - refere-se a quanto uma pessoa tende a refletir, ser imaginativa, curiosa e original.

A personalidade de uma pessoa pode assim ser descrita na forma de um perfil composto de valores em cada uma dessas dimensões, que são colhidos através de um questionário psicológico como por exemplo o NEO-FFI. A pesquisa do Big Five foi originalmente feita em inglês mas foi repetida com sucesso em vários outros idiomas. A vantagem desse tipo de classificação é a capacidade que ela tem de descrever a personalidade, em geral complexa e multifacetada, através de poucas dimensões variáveis. Seu maior problema é a falta de uma base teórica, que justifique essas dimensões, afinal as dimensões foram geradas através de uma análise linguística e estão assim intimamente ligadas à psicologia do senso comum e a suas limitações.

Descrição tipológica da personalidade

Enquanto o método dimensional classifica características de uma pessoa, o método tipológico classifica a pessoa. Isso pode se dar de duas maneiras diferente: ou se definem as características próprias de cada uma das classes, ou se descreve para cada uma delas um protótipo, ou seja uma pessoa fictícia que representa essa classe de forma ideal. A definição das características ou dos protótipos de cada classe é feita a partir dos pressupostos teóricos dos diferentes autores. Por exemplo pode-se usar o Big-Five como base de um sistema tipológico, levando em conta o perfil da pessoa como parâmetro. Freud e Jung, com base em outros parâmetros relevantes para suas teorias, propuseram outras classificações tipológicas.

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Descrição baseada nos transtornos de personalidade

Os transtornos de personalidade são um determinado tipo de transtorno psíquico definidos nos dois sistemas de classificação mais difundidos hoje em dia: o DSM-IV, da Associação Psiquiátrica Americana (APA), e o capítulo F do CID 10, da Organização Mundial da Saúde. Tais transtornos - ao contrário do que o nome dá a entender - não se definem pelos parâmetros típicos da psicologia da personalidade, como o Big-Five ou outros, mas pela presença ou não de determinados sintomas, como é típico nos sistemas de classificação para diagnose médica. Do ponto de vista da psicologia da personalidade é importante notar que o limite entre cada um dos oito tipos de transtorno de personalidade descritos na CID 10 e variações normais da personalidade é um limite gradual e a diferença entre "normal" e "doente", nesse caso, é antes uma diferença quantitativa do que qualitativa. Isso significa, em outras palavras, que uma determinada variação de personalidade pode ser normal até um determinado ponto e a partir daí tornar-se patológica, observação que já havia sido feita por Freud. Assim, mesmo as pessoas que não apresentam uma alteração patológica da personalidade (como definida nos sistemas de classificação mencionados) podem ter um "estilo de personalidade" que tende mais ou menos na direção de um dos transtornos da personalidade.

A PESQUISA EMPÍRICA DA PERSONALIDADE

A coleta de dados

Existem muitas formas de se coletar dados para a pesquisa científica da personalidade. Pervin, Cervone e John[4], baseados em outros autores, apresentam quatro categorias de métodos:

1. Dados biográficos - são dados que se podem obter pela análise de currículos, relatórios escolares e outros documentos que descrevam o desenvolvimento da pessoa (ex. registros policiais sobre os crimes cometidos);

2. Observação - são dados coletados por pessoas treinadas para observar determinados tipos de comportamento. Essas pessoas, dependendo do que deve ser observado, podem ser os pais, amigos, professores ou profissionais mais especializados (ex. relatório dos professores sobre o comportamento de um aluno);

3. Testes - são informações coletadas através de testes psicológicos estandardizados (ex. desempenho em um teste de QI);

4. Informações dadas pelo próprio indivíduo - são dados fornecidos pela própria pessoa, que aqui se torna seu próprio observador. Para esse fim podem ser usados questionários estandardizados.

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Além desses quatro tipos de métodos foram desenvolvidos mais recentemente outras formas de coleta de dados que não se deixam classificar nesse esquema. Um exemplo são os métodos de diário: o sujeito deve preencher todos os dias (ou sempre que um determinado fenômeno ocorra) um "diário", de forma que as informações sejam mais diretas. Além disso, na pesquisa empírica os pesquisadores costumam utilizar mais de um método, a fim de equilibrar as vantagens e desvantagens de cada um[4].

Princípios orientadores da coleta de dados

Dois princípios norteiam o trabalho de coleta de dados: a validade e a fiabilidade (fidedignidade ou confiabilidade) da mesuração. Quando um dado é válido, ele corresponde realmente a um fenômeno existente na realidade empírica; quando um dado é confiável, sua medição foi feita de tal forma que uma nova medição conduziria ao mesmo resultado[4]. Por exemplo uma balança desregulada é válida, porque é capaz de registrar o peso, mas não é confiável, por não produzir dados confiáveis. Um terceiro princípio, a objetividade, só é relevante nos casos em que não se queira uma influência da subjetividade na medição. Na psicologia da personalidade a opinião e a experiência subjetiva são muitas vezes exatamente o que se busca e por isso, nesses casos, a objetividade desempenha um papel secundário.

Problemas éticos na pesquisa da personalidade

A pesquisa científica oferece muitas situações eticamente problemáticas. Independentemente do objeto de estudo, o pesquisador tem a obrigação de zelar pelo bem-estar dos participantes de suas pesquisas. Ele é assim responsável por protegê-los de possíveis perigos durante todo o processo de coleta de dados. Muitas vezes é necessário um parecer favorável de um conselhos de ética oficialmente reconhecido para que uma pesquisa possa ser realizada. Uma vez coletados os dados põe-se o problema de sua divulgação. Não apenas a publicação de dados falsos, um problema infelizmente mais frequente do que o desejado, se coloca como um problema ético, mas também e sobretudo o significado de preconceitos do pesquisador na interpretação desses dados. Uma terceira área de importância cada vez maior é o uso de métodos e conhecimentos psicológicos na vida pública (ex. testes psicológicos são utilizados na escolha de pessoal, na distribuição de vagas em universidades etc.; resultados de pesquisas psicológicas servem de base para decisões políticas). Essa situação exige dos pesquisadores o maior cuidado na divulgação dos resultados de suas pesquisas.

Três abordagens de pesquisaO pesquisador pode usar um de três estratégias na organização de sua

pesquisa. Cada uma delas tem vantagens e desvantagens, que devem ser

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levadas em conta na fase de planejamento - o método utilizado deve ser apropriado para a questão proposta[4]:

O estudo de caso

O estudo de caso tem por fim descrever uma pessoa, em seu pensar, sentir e agir. Para muitos pesquisadores essa é a única maneira de fazer jus à complexidade do ser humano. Os estudos de caso, apesar de servirem à pesquisa de diferentes áreas, foi sobretudo utilizado na pesquisa clínica. Apesar de permitir a observação do comportamento humano em situações naturais, da complexidade da inter-relação entre a pessoa e seu ambiente e de possibilitar uma compreensão mais aprofundada do indivíduo, os estudos de caso têm alguns problemas sérios: a observação, o mais das vezes, não é sistemática, a interpretação dos dados tende a ser mais subjetiva e a relação entre as diferentes variáveis observadas não é claro (fulano é depressivo por não ter amigos ou não tem amigos por ser depressivo?).

A pesquisa correlativa

O principal objetivo da pesquisa correlativa é determinar a relação entre duas ou mais variáveis observadas. A estratégia de pesquisa neste caso é medir duas ou mais variáveis em uma determinada população e calcular através de métodos estatísticos o quanto essas variáveis variam juntas. Esse tipo de pesquisa permite responder a perguntas do tipo "pessoas felizes vivem mais?", "fumantes morrem mais cedo?", "pessoas otimistas sofrem menos de depressão?". Como se vê, esse tipo de pesquisa permite que se analise um grande número de variáveis e a direção da relação entre elas (quanto mais X mais/menos Y) e permite que se pesquise grandes populações; por outro lado a pesquisa correlativa não permite determinar a causa de uma correlação (para maiores detalhes, ver correlação), a validade, a confiabilidade e a objetividade precisam ser muito melhores, aumentando as dificuldades metodológicas, e as pessoas pesquisadas não são vistas em sua completude, mas somente como "portadores de dados".

A pesquisa experimental

A pesquisa experimental caracteriza-se pelo princípio do laboratório: o pesquisador tenta controlar ("desligar") todas as influências externas, de tal modo que ele possa observar o que acontece com uma variável quando ele modifica outra. Por exemplo, para saber se as pessoas trabalham melhor com música ambiente, o pesquisador procura um grupo de pessoas disposta a participar do seu projeto, define uma mesma tarefa para todas as pessoas (de preferência na mesma sala, com o mesmo material) ele define através do acaso ("randomização") quais pessoas vão realizar essa tarefa com música e quais sem. Dessa forma, se as pessoas que trabalharam com música

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trabalharem melhor, o pesquisador saberá que é por causa da música e não por outra razão qualquer. Como se vê, esse tipo de pesquisa permite a observação detalhada e objetiva de apenas algumas variáveis relevantes e, sobretudo, permite que se possa afirmar se uma variável é causa da outra; por outro lado isso implica que fenômenos que não possam ser realizados em laboratório não podem ser pesquisados, a situação é artificial e, por isso, pode ser que as pessoas se comportem de maneira diferente quando estão fora do laboratório.

Teste psicológico

Testagem psicológica é um campo caracterizado pelo uso de amostras de comportamento de forma a aceder a construtos psicológicos, tal como o funcionamento cognitivo e emocional, de um dado indivíduo. O termo técnico para a ciência por detrás da testagem psicológica é a psicometria. Por amostras de comportamento, pode-se significar observações de um indivíduo no desempenho de tarefas que foram normalmente prescritas de antemão, o que muitas vezes se traduz em pontuação num teste. As respostas são frequentemente compiladas em tabelas estatísticas que permitem ao avaliador comparar o comportamento do indivíduo a ser testado às respostas do grupo de referência.

TESTES PSICOLÓGICOS

Um teste psicológico é um instrumento desenhado para medir construtos não-observáveis, conhecidos também como variáveis latentes. Os testes psicológicos são tipicamente (embora não necessariamente) uma série de tarefas ou problemas que o indivíduo que responde tem que resolver. Os testes psicológicos podem-se assemelhar fortemente a questionários, que também são desenhados para medir construtos não-observáveis, mas que diferem na medida em que um teste psicológico pede ao indivíduo o seu desempenho máximo enquanto um questionário pede ao indivíduo um desempenho típico. [1]

Um teste psicológico útil tem que ser ao mesmo tempo válido (ex. existem evidências para apoiar a interpretação especificada dos resultados do teste [2]) e fidedigno (ex. consistente internamente ou que apresenta resultados consistentes ao longo do tempo, em diferentes avaliadores, etc.).

É importante que as pessoas que são iguais no construto medido apresentem também probabilidades iguais de responder aos itens do teste correctamente.[3] Por exemplo, um item de um teste de matemática poderia ser "Numa partida de futebol dois jogadores levam cartão vermelho; quantos jogadores restam no final?"; contudo, este item também requer também conhecimento de futebol para ser respondido correctamente, e não apenas capacidades matemáticas. A pertença a um grupo também pode influenciar a probabilidade de responder correctamente aos itens (funcionamento diferencial

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dos itens). Muitas vezes os testes são construídos para uma população específica e isso deve ser tido em conta quando se administram os testes. Se um teste é invariante para alguma diferença grupal (ex. género) numa dada população (ex. Inglaterra) isso não significa automaticamente que seja invariante noutra população (ex. Japão).

Avaliação psicológica

A avaliação psicológica é semelhante à testagem psicológica, mas implica geralmente uma avaliação mais abrangente do indivíduo. A avaliação psicológica é um processo que implica a integração de informações de várias fontes, tais como testes de personalidade normal e anormal, testes de aptidão ou inteligência, testes de interesses e atitudes, bem como informações a partir de entrevistas pessoais. Também são recolhidas informações colaterais sobre a história pessoal, profissional ou médica, como de registros ou a partir de entrevistas com os pais, cônjuges, professores ou terapeutas anteriores ou médicos. Um teste psicológico é uma das fontes de dados utilizada no processo de avaliação; geralmente mais do que um ensaio é utilizado. Muitos psicólogos fazer algum nível de avaliação na prestação de serviços a clientes ou pacientes, e podem usar, por exemplo, listas de verificação simples para avaliar algumas características ou sintomas, mas a avaliação psicológica é um processo mais complexo, detalhado e em profundidade. Os tipos habituais de enfoque para a avaliação psicológica são fornecer um diagnóstico para as condições de tratamento, avaliar uma determinada área de funcionamento ou deficiência muitas vezes para ambientes escolares, para ajudar a seleccionar um tipo de tratamento ou para avaliar os resultados do tratamento, para ajudar os tribunais a decidir questões como a custódia de crianças ou a competência para comparecer a julgamento, ou para ajudar a avaliar os candidatos a um emprego ou empregados e fornecer aconselhamento de desenvolvimento de carreira ou treino.

Interpretação das pontuações

Os testes psicológicos, assim como muitas medidas de características humanas, podem ser interpretados numa maneira "referente à norma" ou "referente ao critério". As normas são representações estatísticas de uma população. Uma interpretação referente à norma de uma pontuação compara os resultados do indivíduo no teste com a representação estatística da população. Na prática, em vez de testar uma população inteira, é testada uma amostra representativa. Isto fornece uma norma grupal ou um conjunto de normas. A Curva de Gauss (também chamada "distribuição normal") é uma representação das normas. As normas estão disponíveis para testes psicológicos padronizados, ajudando a uma compreensão de como se pode comparar a pontuação do indivíduo com as normas do grupo. As pontuações

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referênciadas na norma são transmitidas tipicamente na distribuição normal reduzida (pontuação z) ou uma versão redimensionada dela.

Uma interpretação de uma pontuação de um teste referente ao critério compara o desempenho de um indivíduo com algum critério que não o desempenho de outros indivíduos. Por exemplo, o teste da escola comum fornece tipicamente uma pontuação em referência a um dado domínio; um indivíduo pode ter 80% num teste de geografia. As interpretações de resultados referentes ao critério são mais aplicáveis geralmente aos testes de realização do que aos testes psicológicos.

Muitas vezes, os resultados dos testes podem ser interpretados de ambas as maneiras; uma pontuação de 80% num teste de geografia pode colocar um estudante no percentil 84, ou uma pontuação z de 1.0 ou 2.0.

Tipos de testes psicológicos

Existem várias categorias gerais de testes psicológicos:

Testes de QI/aptidão

Os Testes de QI pretendem ser medidas de inteligência, enquanto os testes de aptidão são medidas do uso e nível de desenvolvimento da utilização da capacidade. Os testes de QI (ou testes cognitivos) e os testes de aptidão são testes comuns de interpretação referente à norma. Neste tipo de testes, é apresentada à pessoa uma série de tarefas a serem avaliadas, e as respostas da pessoa são classificadas de acordo com orientações prescritas cuidadosamente. Após o teste estar concluido, os resultados são compilados e comparados com as respostas de um grupo de norma, geralmente composto de pessoas da mesma idade ou nível de ensino que a pessoa a ser avaliada. Os testes de QI que contêm uma série de tarefas dividem as tarefas tipicamente em verbais (que se apoiam no uso da linguagem) e de desempenho, ou não-verbais (que se apoiam em tarefas do tipo olho-mão, ou no uso de símbolos e objectos). Alguns exemplos de tarefas verbais de testes de QI são o vocabulário e a informação (responder a perguntas do conhecimento geral). Nas tarefas não-verbais temos a conclusão cronometrada de quebra-cabeças (montagem de objectos) e identificar imagens que se encaixem num padrão (raciocínio de matriz).

Os testes de QI (ex. WAIS-IV, WISC-IV, Cattell Culture Fair III, Woodcock-Johnson Tests of Cognitive Abilities-III, Stanford-Binet Intelligence Scales V) e os testes de desempenho académico (ex. WIAT, WRAT, Woodcock-Johnson Tests of Achievement-III) são desenhados para serem administrados ou a um indivíduo (por um avaliador treinado) ou a um grupo de pessoas (testes de lápis e papel). Os testes administrados individualmente tendem a ser mais abrangentes, mais fiáveis, mais válidos e geralmente têm melhores características psicométricas que os testes administrados a grupos.

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Contudo, os testes administrados individualmente são mais caros de administrar por causa da necessidade de um administrador treinado (psicólogo, psicólogo escolar, ou especialista em psicometria).

Testes de empregos de segurança pública

As vocações dentro do campo da segurança pública (ex. bombeiros, polícia, serviços de correcção, serviços de emergência médica) exigem muitas vezes testes de Psicologia do trabalho para o emprego inicial ou para avançar na hierarquia. Alguns exemplos proeminentes deste tipo de testes são o National Firefighter Selection Inventory - NFSI, o National Criminal Justice Officer Selection Inventory - NCJOSI, e o Integrity Inventory (testes usados nos Estados Unidos).

Testes de atitude

Os testes de atitude avaliam os sentimentos do indivíduo acerca de um acontecimento, pessoa ou objecto. As escalas de atitude são usadas geralmente em marketing para determinar a preferência do indivíduo (ou do grupo) por marcas ou itens. Os testes de atitudes usam geralmente ou uma Escala de Thurston ou uma Escala de Likert para medir os itens específicos.

Testes neuropsicológicos

Estes testes consistem em tarefas desenhadas especificamente para medir a função psicológica que se sabe estar ligada a um determinado circuito ou estrutura cerebral. Os testes neuropsicológicos podem ser usados em contexto clínico para avaliar o dano causado por uma lesão cerebral ou uma doença que se sabe afectar o funcionamento neurocognitivo. Quando usado em pesquisa, estes testes podem ser usados para contrastar capacidades neuropsicológicos entre diferentes grupos experimentais.

Avaliação infantil e pré-escolar

Devido ao facto de os bebés e as crianças em idade pré-escolar apresentarem capacidades limitadas de comunicação, os psicólogos não podem usar os testes tradicionais para os avaliar. Assim, foram desenhados alguns testes apenas para crianças com idades compreendidas desde o nascimento até aos seis anos de idade. Estes testes variam geralmente com a idade, respectivamente, de avaliações de reflexões e metas desenvolvimentais, a capacidades motores e sensoriais, capacidades linguísticas e simples capacidades cognitivas.

Os testes comuns para este grupo de idades são divididos em categorias: Capacidades da criança, Inteligência Pré-escolar, e Facilidade Escolar. Alguns testes comuns de capacidades da criança incluem: as Gesell

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Developmental Schedules (GDS) que mede o progresso no desenvolvimento das crianças, a Neonatal Behavioral Assessment Scale (NBAS) que testa o comportamento neo-natal, os reflexos e as respostas, as Ordinal Scales of Psychological Development (OSPD) que avaliam as capacidades intelectuais das crianças, e a Bayley-III que testa as capacidades mentais e as habilidades motoras.

Alguns testes comuns de inteligência pré-escolar incluem: as McCarthy Scales of Children’s Abilities (MCAS) que são semelhantes a um teste de QI para crianças, as Differential Ability Scales (DAS) que podem ser usadas para testar problemas na leitura, a Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence-III (WPPSI-III) e a Stanford-Binet Intelligence Scales for Early Childhood que podem ser vistas como versões para crianças de testes de QI, e a Fagan Test of Infant Intelligence (FTII) que testa a memória de reconhecimento.

Finalmente, alguns testes comuns de facilidade escolar são: os Developmental Indicators for the Assessment of Learning-III (DIAL-III) que medem as capacidades linguisticas, motoras e cognitivas, a Denver II que testa as capacidades motoras, sociais e linguísticas, e a Home Observation for Measurement of Environment (HOME) que mede até que ponto o ambiente doméstico facilita a facilidade escolar.

As avaliações infantis e pré-escolares, uma vez que não prevêem as capacidades da infância mais tardia nem do adulto, são usadas quase exclusivamente para testar se uma criança está a ter atrasos no desenvolvimento ou problemas. Também são úteis para testar a capacidade individual e inteligência, e, tal como dito anteriormente, há algumas especificamente desenhadas para testar a facilidade escolar e determinar que crianças podem vir a apresentar mais dificuldades na escola.

Testes de personalidade

As medidas psicológicas da personalidade podem ser descritas como testes objectivos ou projectivos. Os termos "teste objectivo" e "teste projectivo" têm sido alvo de críticas recentemente no Journal of Personality Assessment. São sugeridos os termos mais descritivos "Escala de avaliação de medidas auto-relato" e "medidas de resposta livre" em vez dos termos "testes objectivos" e "testes projectivos", respectivamente.

Testes objectivos (Escala de avaliação de medidas auto-relato)

Os testes objectivos apresentam um formato de resposta restrito, tal como respostas de verdadeiro ou falso ou uma avaliação de acordo com uma escala ordinal. Os exemplos mais importantes dos testes objectivos de personalidade incluem o Inventário de Personalidade Multifásico do Minnesota, o Inventário Multiaxial Clínico de Millon-III, a Child Behavior Checklist, a

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Symptom Checklist 90 e a Escala de depressão de Beck. Os testes de personalidade objectivos podem ser desenhados para ser usados em contexto de Negócios por potenciais empregados, tal como o NEO-PI, o 16PF, e o OPQ (Questionário de Personalidade Ocupacional), todos baseados na modelo dos Big Five. O modelo dos Big Five, ou modelo dos cinco factores da personalidade normal, tem ganho aceitação desde o início dos anos 90 quando algumas meta-análises influentes (ex. Barrick & Mount 1991) encontraram relações consistentes entre os cinco factores de personalidade e variáveis de critério importantes.

Outro teste de personalidade baseado no modelo dos cinco factores é o Five Factor Personality Inventory – Children (FFPI-C.).

Testes projectivos (Medidas de resposta livre)

Os testes projectivos permitem um tipo de resposta mais livre. Um exemplo disto seria o Teste de Rorschach, no qual uma pessoa refere o que cada uma das dez manchas de tinta pode ser.

Os testes projectivos tornaram-se uma indústria em crescimento na primeira metade do século XX, surgindo dúvidas acerca das suposições teóricas por detrás dos testes projectivos na segunda metade do século XX. [10]

Alguns testes projectivos são menos usados hoje em dia porque consomem mais tempo a administrar e porque a sua validade e fidedignidade são controversas.

Uma vez que se desenvolveram os métodos estatísticos e de amostragem, levantou-se uma grande controvérsia sobre a validade e utilidade dos testes projectivos. O uso do julgamento clínico em vez de normas e estatísticas para avaliar as características das pessoas convenceu muitos que os testes projectivos são deficientes e não-fiáveis (os resultados são demasiado diferentes de cada vez que o teste é dado à mesma pessoa). Contudo, muitos praticantes continuam a confiar nos testes projectivos, e alguns especialistas em testes (ex. Cohen, Anastasi) sugerem que estas medidas podem ser úteis no desenvolvimento da relação terapêutica. Estes testes podem também ser úteis na criação de interferências a seguir com outros métodos. O sistema de cotação do Rorschach mais largamente utilizado é o Sistema de cotação de Exner Outro teste projectivo comum é o Teste de Apercepção Temática (TAT), que é cotado frequentemente com as Escalas de Relações de objecto e Cognição Social de Westen e o Manual de Mecanismos de Defesa de Phebe. Quer as medidas de "escala de cotação" quer as de "resposta livre" são usadas na prática clínica, com tendência para a anterior.Outros testes projectivos incluem o Teste Casa-Árvore-Pessoa, o Teste da Metáfora Animal, o Teste de Apercepção de Roberts, e o Teste de Ligação Projectiva.

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Testes de sexologia

O número de testes direccionados especificamente para o campo da sexologia é muito limitado. O campo da sexologia fornece diferentes dispositivos de avaliação psicológica de forma a examinar os vários aspectos do desconforto, problema ou disfunção, independentemente se estes são individuais ou relacionais.

Testes de observação directa

Embora a maioria dos testes psicológicos sejam medidas de "escala de avaliação" ou de "resposta livre", a avaliação psicológica também pode envolver a observação das pessoas enquanto elas realizam actividades. Este tipo de avaliação é geralmente conduzida com famílias, seja em laboratório, em casa, ou com crianças numa sala de aula. O propósito da observação pode ser clínico, como estabelecer uma linha prévia de intervenção de uma criança hiperactiva ou observar a natureza da interacção pais-filhos de forma a compreender perturbações relacionais. Os procedimentos de observação directa são também usados em pesquisa, por exemplo no estudo da relação entre variáveis intrapsíquicas e comportamentos alvo específicos, ou na exploração de sequências de interacção comportamental.O Parent-Child Interaction Assessment-II (PCIA) representa um exemplo de procedimentos de observação directa que é usado em pais e crianças em idade escolar. Os pais e as crianças são gravados através de vídeo enquanto jogam num jardim zoológico faz-de-conta. O Parent-Child Early Relational Assessment (Clark, 1999) é usado para estudar pais e crianças pequenas, e envolve uma tarefa de alimentação e uma tarefa de quebra-cabeças. A MacArthur Story Stem Battery (MSSB) é usada para obter narrativas de crianças. O Dyadic Parent-Child Interaction Coding System-II (Eyberg, 1981) acompanha até que ponto as crianças seguem os comandos dos pais e "vice versa" e é adequado para o estudo de crianças com Distúrbio desafiador e de oposição e os seus pais.

Segurança dos testes

Muitos testes psicológicos não estão disponíveis ao público, pelo contrário, apresentam restrições tanto dos publicadores dos testes como dos conselhos de licenciamento psicológico que impedem a divulgação dos próprios testes e da informação acerca da interpretação dos resultados. [18][19] Os publicadores dos testes consideram que estão envolvidas na protecção dos segredos dos seus testes tanto questões de direitos de autor como de ética profissional, e vendem apenas os testes a pessoas que provem as suas qualificações profissionais e educacionais, para grande satisfação dos criadores dos testes. Os compradores têm obrigação legal de não fornecer os

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testes ou as respostas dos testes ao público, a menos que as condições padrão do criador do teste para administração do mesmo o permitam. [20]

PESQUISA CIENTÍFICA EM PSICOLOGIA – ETAPAS INICIAIS DE UM TRABALHO CIENTÍFICO

A pesquisa científica em psicologia

É uma atividade voltada para a solução de problemas de forma sistemática que permite a divulgação deste conhecimento para que outras pessoas possam aproveitá-lo.

Como é feita a escolha e formulação de um problema de pesquisa em psicologia:

A escolha do tema está relacionada a uma área de pesquisa (área de concentração na psicologia) e faz parte da etapa inicial que ainda é ampla e geral, não necessitando de uma definição operacional.Na Psicologia temos diferentes áreas de concentração entre elas: Psicologia da Saúde, Psicologia Escolar, Psicologia Organizacional, Psicologia Comunitária, Psicologia Social, etc.

O problema de pesquisa:

É a pergunta da pesquisa e que se pretende responder ao longo do trabalho.

Refere-se a um assunto mais definido e específico e tem relação direta com o objetivo.

Objetivo da pesquisa:

É a operacionalização do problema da pesquisa, ou seja, qual é a questão principal e quais as específicas que tentarão ser respondidas ao final da pesquisa.

Definir o problema da pesquisa é delimitar o campo de observação em variáveis a serem estudadas, separando-se o que interessa e o que não interessa.

Para se definir um problema de pesquisa deve-se considerar se o mesmo:

Pode ser resolvido pela ciênciaO momento atual permiteÉ relevante cientificamenteÉ viável ? (custo X benefício)Existe amostra disponível/possívelExiste metodologia para suporteQuais recursos / capacidade técnica / pessoal necessárias

Quanto à delimitação do problema da pesquisa:1). Fenômeno : Tem que ser algo que exista e possa ser estudado2). Tema: Deve ser delimitado o campo da observação e de interesse afunilamento da pesquisa)

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3). Problema : Qual questão será respondida pela pesquisa4). Objetivo: Descrever a pergunta da pesquisa em termos operacionais Iniciando o processo de pesquisa:

Escolha de uma área de interesse: Exemplo: Psicologia da EducaçãoFenômeno a ser estudado: Qual o assunto ou situação (problema) que lhe chama a atenção e que acredita que é possível levantar hipóteses a serem investigadas? Exemplo: A influência da TV nas brincadeiras infantis.Como definir o problema de pesquisa: Formular uma pergunta que seria pertinente ao assunto destacado. Exemplo: O que as crianças assistem na TV influenciam em suas brincadeiras infantis ?

Objetivo principal da pesquisa: Transformar essa pergunta em termos operacionais, ou seja, formular uma frase de forma afirmativa que descreva a forma que pretende abordar o assunto. Exemplo: A presente pesquisa irá identificar a influência da TV nas brincadeiras infantis de pré-escolares.

Objetivo Específico: Elaborar frases afirmativas que delimitam ainda mais o assunto (mais específico). Exemplo: Comparar comportamentos e brincadeiras infantis com comportamentos agressivos de personagens de programas televisivos.

Hipóteses da Pesquisa:• É uma suposição que se faz para explicar o que se desconhece, ou seja, uma solução provisória para um problema. Exemplo: As crianças em suas brincadeiras repetem comportamentos agressivos que assistem em programas televisivos.• Deve ser formulada com base na lógica ou em observações do pesquisador (estudos semelhantes anteriores)

Condições para se estabelecer hipóteses numa pesquisa científica:a) A hipótese deve ser plausível: Deve indicar uma situação possível de ser aceita como científicab) A hipótese deve ter consistência : Sua formulação não deve estar em conflito com a teoria ou com a ciência (Coerência)c) A hipótese deve ser específica: Formulada de modo preciso caracterizando o que será observado (variáveis e componentes fundamentais)d) A hipótese deve ser verificável: Passível de ser testada / verificada cientificamente podendo ser comprovada ou negada.e) A hipótese deve ser clara : Não ter termos de duplo sentido / significadof) A hipótese dever ser simples : Objetiva – Deve conter termos absolutamente necessáriosg) A hipótese deve ser explicativa : Deve servir como explicação ao problema da pesquisa.

A pesquisa e o pesquisador:Fazer ciência é procurar evidências (confiáveis que sustentem um

conhecimento). A escolha do método pelo pesquisador deve colocar a idéia ou questão

da pesquisa “em cheque” para confirmá-la ou não.

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VERDADE

A palavra verdade pode ter vários significados, desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abarcavam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão. Como não há um consenso entre filósofos e acadêmicos, várias teorias e visões a cerca da verdade existem e continuam sendo debatidas.

Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certeza sobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo".

Mas para a filosofia de René Descartes a certeza é o critério da verdade.

Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. A epistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.

O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossa linguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.

Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios e cálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.Filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável.

A refutação do relativismo, como Aquino colocou, basea-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece por que se uma pessoa declara que "Todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa; então, ela se auto-refuta.

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Ela se refuta por que a declaração encontra uma verdade sobre relativismo que determina que uma importante verdade relativista não é relativa.

Por que a declaração não é relativa, o ouvinte é forçado a concluir que a declaração "Todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa.Por outro lado, se todas as verdades são relativas, incluindo a afirmação de que "Todas as verdades são relativas", nesse caso, se for relativa aos desejos do ouvinte, então, se ele não quer acreditar que "Todas as verdades são relativas", ele não é obrigado a crer na afirmação.

Nesse caso é o desejo dele contra o desejo de quem afirma. Por que as verdades são relativas, ele é livre para acreditar em qualquer varição da verdade. Ele pode, inclusive, crer que "Todas as verdades são absolutas"

O portador da verdade

Os filósofos chamam qualquer entidade que pode ser verdadeira ou falsa de portador da verdade. Assim, um portador da verdade, no sentido filosófico, não é uma pessoa ou Deus.

Para alguns filósofos, alguns portadores da verdade são primitivos; outros são derivados. Filósofos dizem, por exemplo, que as proposições são as únicas coisas literalmente verdadeiras. Uma proposição é uma entidade abstrata a qual é expressa por uma frase, defendida em uma crença ou afirmada em um juízo. Nossa capacidade de apreender proposições é a razão ou entendimento. Todas essas manifestações da linguagem são ditas verdadeiras apenas se expressam, defendem ou afirmam proposições verdadeiras. Assim, frases em diferentes línguas, como por exemplo o português e o inglês, podem expressar a mesma proposição. A frase "O céu é azul" expressa a mesma proposição que a frase "The sky is blue".

Já para outros filósofos proposições e entidades abstratas em geral são misteriosas, e por isso pouco auxiliam na explicação. Por isso tomam as frases e outras manifestações da linguagem como os portadores da verdade fundamentais.

Tipos de verdade

A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdade), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas.[carece de fontes]

Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.

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Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regras de inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.

É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".

É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.

Sofisma é todo tipo de discurso que se baseia num antecedente falso tentando chegar a uma conclusão lógica válida.

Teorias metafísicas da verdade

Verdade como correspondência ou adequação

A teoria correspondentista da verdade é encontrada no aristotelismo (incluindo o tomismo). De acordo com essa concepção, a verdade é a adequação entre aquilo que se dá na realidade e aquilo que se dá na mente.

A verdade como correspondência foi definida por Aristóteles no tratado Da Interpretação, no qual ele analisa a formação das frases suscetíveis de serem verdadeiras ou falsas. Uma frase é verdadeira quando diz que o que é é, ou que o que não é não é. Uma frase é falsa quando diz que o que é não é, ou que o que não é é.

O problema dessa concepção é entender o que significa correspondência. É um tipo de semelhança entre o que é e o que é dito? Mas, que tipo de semelhança pode haver entre as palavras e as coisas?

O método científico, por exemplo, estabelece procedimentos para se realizar essa correspondência. Nesse caso um juízo de verdade V é então legitimado, de forma tal que a comunidade de cientisitas (que partilham entre si conhecimento e experiências) aceita/certifica como verdadeira a proposição P, oriunda da correspondência realizada entre P(V) e a "realidade empírica", via método científico.

Verdade por correspondência

1ºO conceito de verdade como correspondência é o mais antigo e divulgado. Pressuposto por muitas das escolas pré-socráticas, foi pela primeira vez, explicitamente formulado por Platão com a definição do discurso verdadeiro que dá no Cratilo: "Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso é aquele que as diz como não são." (Crtas.,385b;v.Sof.,262 e; Fil.,37c). Por sua vez Aristóteles dizia: "Negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é a verdade." (Met.,IV,7,1011b 26 e segs.;v.V,29.1024b 25).

Aristóteles enunciava também os dois teoremas fundamentais deste conceito da verdade. O primeiro é que a verdade está no pensamento ou na

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linguagem, não no ser ou na coisa (Met.,VI,4,1027 b 25). O segundo é que a medida da verdade é o ser ou a coisa, não o pensamento ou o discurso: de modo que uma coisa não é branca porque se afirma com verdade que é assim; mas se afirma com verdade que é assim, porque ela é branca. (Met., IX, 10,1051 b 5).

Desmenção

De acordo com a teoria desmencionista da verdade, para chegarmos à verdade de uma proposição basta tirarmos as aspas da mesma. Por exemplo, a proposição "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.

Deflacionismo

De acordo com o deflacionismo, o predicado de segunda ordem "É verdade que …" não acrescenta nada à frase de primeira ordem à qual ele é aplicado. Por exemplo, não há nenhuma diferença lógica entre a frase "É verdade que a água é molhada" e a frase "A água é molhada".[5]

Desvelamento

Segundo esta concepção, verdade é desvelamento. Conhecer a verdade é deixar o ser se manifestar. É estar aberto para o ser. Nas versões modernas do desvelamento, mais pragmáticas, a verdade é algo "sempre em construção", e que portanto sempre vai possuir "valor verdade" inferior a 100%.Posição típica de Martin Heidegger (em Ser e tempo, parágrafo 44, e na conferência "A essência da verdade").

Pragmatismo

Para o pragmatismo a verdade é o valor de uma coisa.[6] Em Habermas a verdade se confunde com a validade intersubjetiva, ou consenso. Se uma proposição não é submetida ao crivo da comunidade, nada se pode dizer sobre sua falsidade.

No Empirismo o pragmatismo não se opõe à correspondência, mas se funde a ela: a "verdade empírica" como correspondência obtida por consenso na comunidade científica.

PERSONALIDADE

Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a

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individualidade pessoal e social de alguém[1]. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum com o sentido de "conjunto das características marcantes de uma pessoa", de forma que se pode dizer que uma pessoa "não tem personalidade"; esse uso no entanto leva em conta um conceito do senso comum e não o conceito científico aqui tratado.

O presente artigo descreve uma série de características que foram tratadas como componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes teorias que procuram explicar o desenvolvimento e a estrutura da personalidade, ver o artigo teoria da personalidade.

Definição

Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições científicas do termo. Assim na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão.

Carver e scheier dão a seguinte definição: "personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa". Esta definição de trabalho salienta que personalidade :

É uma organização e não uma aglomerado de partes soltas; É dinâmica e não estática, imutável; É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com

o corpo e seus processos; É uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da

pessoa com o mundo que a cerca;

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Mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes

Expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.

ASENDORPF complementa essa definição. Para ele personalidade são as particularidades pessoais duradouras, não patológicas e relevantes para o comportamento de um indivíduo em uma determinada população. Esta definição acrescenta àquela de carver e scheier alguns pontos importantes:

Os traços de personalidade são relativamente estáveis no tempo;

As diferenças interpessoais são variações frequentes e normais - o estudo das variações anormais é objeto da psicologia clínica (ver também transtorno mental e transtorno de personalidade)

A personalidade é influenciada culturalmente. As observações da psicologia da personalidade são assim ligadas apenas à população em que foram feitas; para uma generalização de tais observações para outras populações é necessária uma verificação empírica.

Etimologia

Latim personare, persona = ressoar, máscara. mkLatim per se esse = ser por si.

Aspectos da personalidade

Personalidade é, como se viu, um conceito complexo, com várias facetas. A seguir serão apresentados alguns aspectos que costumam ser considerados como partes da personalidade ou que a influenciam de maneira especial. Os parágrafos individuais são apenas introduções mínimas aos assuntos relacionados e links são oferecidos para artigos onde cada um dos temas é tratado com mais profundidade.

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Forma física e personalidade

A relação entre forma física e personalidade estimula a imaginação de filósofos e pensadores desde a antiguidade. Kretschmer propôs nos anos 20 do século xx uma classificação dos tipos físicos que, supunha ele, estavam relacionados com diferentes transtornos mentais, posteriormente com diferentes temperamentos. Ele classifica três tipo físicos:

1. Tipo longilíneo ou leptossômico, de corpos delgados, ombros estreitos, peito aplainado, rosto alargado e estreito, membros longos e delgados. Teria uma maior tendência para a esquizofrenia e um temperamento mais sensível;

1. Tipo atlético ou muscular, de sistema ósseo e muscular desenvolvidos, ombros largos, cadeiras estreitas e pescoço grosso. Teria tendência para a epilepsia e um temperamento intermediário entre os outros dois;

1. Tipo brevelíneo ou pícnico, de rosto arredondado, abdome saliente, membros curtos. Tenderia à ciclotimia e a um temperamento mais tranquilo.

A relação correlativa entre essas características foi inicialmente empiricamente comprovada. Análises posteriores mais exatas, que levavam em conta outras variáveis - como a idade - e usavam métodos mais objetivos, acabaram por derrubar a teoria de kretschmer.

No entanto a possibilidade de haver uma real relação entre forma física e características psicológicas não é improvável, mas não de maneira direta, como pensava kretschmer. A forma física pode, através de um processo de autopercepção, ser considerada positiva ou negativa e, assim, influenciar a autoestima, influenciando assim os traços de comportamento; pode ainda ser influenciada pela percepção que a pessoa tem de si, influenciar os motivos e interesses da pessoa, influenciando assim também as tendências de comportamento da pessoa. No entanto não apenas a autopercepção pode influenciar a autoestima e os interesses de alguém; o juízo de outras pessoas e a reação destas desempenham também um importante papel nesse processo, de forma que as

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características de comportamento estáveis (assim a personalidade) são influenciadas indiretamente e de quatro maneiras diferentes pela forma física:

Forma física → autopercepção → autoestima → comportamento

Forma física → autopercepção → interesses e motivos → comportamento

Forma física → juízo alheio (reação dos outros ao indivíduo) → autoestima → comportamento

Forma física → juízo alheio → interesses e motivos → comportamento

Temperamento

Temperamento designa as disposições do indivíduo ligadas à forma do comportamento, principalmente as ligadas aos "três as da personalidade": afetividade, ativação (excitação) e atenção.

Competências ou habilidades

Competências ou habilidades são traços da personalidade que exprimem a capacidade de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho.

Inteligência

Inteligência é um construto complexo que descreve a capacidade intelectual do indivíduo.

Criatividade

Criatividade, apesar ser um termo muito difundido e discutido, é um construto de difícil definição, porque cada autor parece defini-lo de uma maneira diferente. Alguns autores chegam mesmo a se perguntar se criatividade não seria um conjunto de traços de personalidade ao invés de um só[8] guilford (1950)[9] define criatividade como a capacidade de pensar divergentemente, ou seja, de encontrar soluções diferentes e novas para um problema, em oposição ao pensamento convergente que encontra soluções

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para problemas para os quais há apenas uma resposta correta. Já russ (1993) trabalha com um conceito mais amplo, que inclui traços afetivos do indivíduo, como a tolerância de ambiguidade, a abertura diante de novas experiências, grande números de interesses e baixa tendência para o uso de mecanismos de defesa.

Competência social e inteligência emocional

O termo competência social, na psicologia do senso comum normalmente entendido como a capacidade de lidar com outras pessoas, é de difícil definição, por conter dois componentes distintos, que têm entre si uma correlação muito pequena: a capacidade de defender e/ou de impor os próprios interesses e a capacidade de construir relacionamentos.Inteligência emocional é um termo problemático. Ele foi definido de diferentes formas por diferentes autores (salovey & mayer, 1990; mayer et al. 2000; van der zee et al., 2002) e em todas as suas definições não representa uma atividade intelectual - ou seja, não corresponde à idéia de inteligência (ver acima). O termo "inteligência emocional" refere-se sobretudo a determinadas competências no lidar com emoções que, apesar de serem estáveis na personalidade do indivíduo, costumam variar de acordo com as emoções envolvidas - ou seja a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas não com a raiva.

Disposições ligadas à ação

Necessidades, motivos e interesses

Enquanto "temperamento" refere-se à forma do comportamento ou da ação, necessidades, motivos e interesses dizem respeito à direção da ação, ou seja, aos seus objetivos - estando assim intimamente ligados à motivação. As pessoas variam com relação ao significado pessoal de diferentes necessidades, que determinam, por sua vez, suas ações e seu comportamento. Motivos são disposições ligadas ao valor atribuído às consequências dos atos - como por exemplo a "busca de sucesso" ou a "evitação de fracassos" podem ser fins mais ou menos desejáveis - e são fruto de uma interação entre necessidades e

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pressões externas. Interesses também incluem uma valoração, mas direcionadas para a ação em si, independente do resultado - por exemplo jogar xadrez ou escrever na wikipédia podem ser consideradas ações mais ou menos agradáveis, independentemente do sucesso atingido.

Convicções ligadas à ação

Os motivos são, como visto, disposições ligadas ao valor dado às consequências de uma ação. Eles estão assim intimamente ligados às expectativas do indivíduo com relação a suas ações. Há diferentes estilos de expectativas (al. Erwartungsstile), como por exemplo é o caso de a pessoa ser mais ou menos pessimista ou otimista. Durante a realização de uma atividade agem os chamados mecanismos de controle da ação (al. Handlungskontrolle), que têm por objetivo, por assim dizer, proteger a ação contra intenções concorrentes. Aqui podem manifestar-se diferentes estilos de controle da ação. Por exemplo, pessoas perseverantes são capazes de "desligar" por algum tempo outras atividades a fim de alcançar um determinado resultado enquanto pessoas menos perseverantes distraem-se mais facilmente. Quando a ação atinge o seu resultado surgem juízos relacionados a sua causa: por que determinada coisa aconteceu? A esse tipo de juízo dá-se o nome de atribuição. Também quanto à atribuição há diferentes estilos - por exemplo algumas pessoas tendem a colocar a culpa sempre nos outros ou a se sentir sempre responsáveis. Esses três grupos de características da personalidade (estilos de expectativas, de controle da ação e de atribuição) foram chamados por asendorpf convicções ligadas à ação (handlungsüberzeugungen). Um tipo especial de expectativas são as chamadas expectativas de autoeficácia, autoeficácia percebida ou ainda expectativas subjetivas de competência. Estes termos designam a expectativa que uma pessoa tem de ser capaz de realizar determinada tarefa. Esta característica da personalidade está intimamente ligada aos diferentes estilos de atribuição: uma pessoa que tende a se considerar incapaz de realizar um tarefa (ex. Ser aprovado em um exame) irá, com maior probabilidade, considerar um sucesso

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(passar no vestibular) como obra do acaso do que uma realização pessoal.

Estilos de superação (coping)

O termo coping foi gerado no contexto da pesquisa sobre o estresse e designa os mecanismos que auxiliam o indivíduo a superar uma situação estressante. Lazarus (1966)[11] diferencia entre dois tipos de coping: coping orientado para o problema, que é a busca de uma modificação da situação que causa o estresse, e coping intrapsíquico, que é praticamente uma mudança na maneira da pessoa lidar com a situação - quer por uma mudança na maneira de lidar com a situação ou com as emoções provocadas pela situação (ex. Técnicas de relaxamento, tentativa de ver o lado positivo da situação, etc.). Por exemplo uma pessoa estressada por morar em más condições, em uma rua barulhenta e não conseguir dormir pode tentar resolver esse problema mudando de casa (coping orientado para o problema) ou, por exemplo, tentar aprender alguma forma de relaxar apesar do barulho ou começar a direcionar sua atenção para os bons amigos que moram no bairro e os bons momentos vividos na casa (coping intrapsíquico). Posteriormente um terceiro tipo de coping, o "coping por expressão emocional" foi acrescentado, que é uma mudança na forma da reação emocional ao estresse - ex. Sorrir quando se está triste.Essas três categorias de coping reúnem uma série de diferentes formas de lidar com uma situação de estresse. Dentre essas inúmeras formas o indivíduo tende a esolher e dar preferência a algumas - a esse traço da personalidade se dá o nome de estilo de coping.

Disposições ligadas à valoração (ou ao juízo de valor)

Temperamento, competências e as disposições ligadas à ação são traços de personalidade ligados ao comportamento. Um outro grupo de traços está ligado às particularidades da valoração ou do juízo de valor. Valorar um objeto da percepção ou imaginário é dar-lhe um valor e esse valor gera preferências - e estas podem tornar-se relevantes para o comportamento.

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Postura

Por postura de valores (werthaltungen) entende-se a tendência individual de se julgarem determinados objetivos (ex. Liberdade, igualdade) ou disposições de ação (ex. Honestidade, prestatibilidade) como desejáveis ou indesejáveis. Entre os diferentes tipos de postura e as disposições de comportamento correspondentes há uma relação de correlação - ou seja, pessoas que valorizam novidades (postura) tendem a ser curiosas (disposição de comportamento); pessoas ansiosas (disposição de comportamento) costumam valorizar a segurança (postura)[2].

Atitude

Atitude designa as particularidades individuais na valoração de objetos específicos, quer da percepção, quer da imaginação. As atitudes influenciam não o comportamento diretamente em uma dada situação, mas o comportamento em uma série de situações diferentes. Assim uma pessoa com uma atitude positiva com relação a uma alimentação saudável pode gostar de comer frituras (comportamento isolado), mas pode cozinhar ela própria, comprar alimentos naturais e integrais e fazer cursos sobre a alimentação (série de situações). Atitudes coletadas através de perguntas não influenciam o comportamento real quando tal comportamento é socialmente desejável ou indesejável. Assim, pessoas com atitudes preconceituosas contra um determinado grupo de pessoas talvez não se comporte de acordo com essa atitude por ser um tal comportamento socialmente condenado.Como se vê, a principal diferença entre postura e atitude é o grau de abstração dos objetivos a que se referem, referindo-se a atitude a elementos mais concretos. No entanto a difereça entre "mais" e "menos" concreto é uma diferença quantitativa e assim a distinção entre as duas disposições nem sempre é clara.

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Disposições ligadas à própria pessoa

"eu", "mim" e "autoimagem"

Eu designa a instância interna da pessoa que é responsável pela ação e pelo conhecimento; mim (inglês me) (ou si-mesmo quando dito na terceira pessoa) designa a parte interna da pessoa que é objeto do conhecimento, ou seja, aquilo que eu sei sobre mim[12]. Esse conhecimento tem, por sua vez, duas parte: uma descritiva, a autoimagem, e outra valorativa, a autoestima (ver abaixo)[13]. A autoimagem, essa descrição de si mesmo que cada um faz, é também disposicional, ou seja, é uma tendência relativamente estável que a pessoa tem de se ver de uma determinada maneira em determinadas situações. Ela é composta tanto de conhecimento universal, que diz respeito a todas as pessoas que são como eu (estudantes são críticos, brasileiros são simpáticos, etc.), como de conhecimento individual, ou seja, relativo somente a mim (eu tenho medo de altura, sou bom esportista, etc.). Como se vê esse conhecimento também é influenciado por preconceitos e idéias préconcebidas[2].

Bem-estar

O bem-estar designa a parte subjetiva da saúde mental. Apesar de ser também influenciado por fatores externos ao indivíduo e de suas capacidades, o bem-estar representa também um determinado traço da personalidade relativamente independente de tais fatores[2].

Desenvolvimento da personalidade

A estabilidade da personalidade

A pesquisa empírica conseguiu determinar quatro pincípios para descrever a estabilidade dos traços de personalidade[2]:

1. Quanto maior o intervalo entre a primeira e a segunda medição, maior a mudança - ou seja, os traços da personalidade se modificam com o passar do tempo;

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2. Em diferentes áreas da personalidade a estabilidade também é diferente - por exemplo: durante a vida a inteligência tem uma estabilidade muito alta; já o temperamento tem uma estabilidade mediana enquanto a autoestima pode variar muito.

3. Muitos traços da personalidade são tanto mais instáveis quanto mais instável é o ambiente social - assim mudanças bruscas no ambiente podem trazer consigo mudanças na personalidade da pessoa;

4. Na infância, quanto mais cedo é feita a primeira medição, mais instáveis são os traços da personalidade - isto é, com o aumento da idade há uma tendência de estabilização das características da personalidade, se bem que na puberdade possa haver alguns momentos passageiros de instabilidade. Duas razões são apresentadas para esse aumento na estabilidade da personalidade:

1. No decorrer do desenvolvimento a autoimagem torna-se cada vez mais estável - o conhecimento que a criança tem de si mesma cresce com o tempo e, se o ambiente for relativamente estável, também a estabilidade nas formas de reação a ele cresce;

2. Com o aumento da idade aumenta também a possibilidade de a criança modificar o seu ambiente a fim de que ele se adeqúe à própria personalidade - a criança pode escolher as atividades que lhe agradam, os amigos, etc.

apenas os traços individuais tendem a se tornar cada vez mais estáveis - o perfil geral da personalidade também tende a uma crescente estabilidade.

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