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PRODUÇÃO TEXTUAL PROF. IGOR ARRAES

Apostila de Produção Textual-igor

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apostila de lingua portuguesa

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PRODUO TEXTUAL

PROF. IGOR ARRAESIGUATU - CEAR

UNIDADE IPortugus Instrumental

1. Orientaes ortogrficas

2. Acentuao grfica

3. Pontuao

4. O Acordo Ortogrfico e as alteraes introduzidas na ortografia da lngua portuguesa1. PRINCIPAIS REGRAS ORTOGRFICAS

USO DO S

Palavras derivadas de primitivas j escritas com S

Pesquisa pesquisador, pesquisado

Camisa camisola camisinha

Anlise analisar analisvel

Nos sufixos s esa isa ense oso osa

burgus poetisa paraense ocioso porosa

Aps ditongos

coisa causa nusea - mausolu maisena

Nas conjugaes dos verbos por e querer

puseste quiseste pus repusera repus

USO do Z

Palavras derivadas de primitiva j escrita com Z

raiz - enraizado / baliza abalizado

Nas terminaes EZ e EZA em substantivos abstratos derivados de adjetivos

beleza realeza grandeza viuvez certeza

Nas terminaes IZAR formadora de verbos e IZAO de substantivos

Canal - canalizar / atual atualizao / global - globalizar

Obs: analisar avisar / humanizar

Uso do G

Palavras terminadas em GIO GIO GIO GIO GIO

adgio colgio litgio relgio refgio

Palavras terminadas em GEM

Coragem bagagem viagem* - pajem * -massagem

Palavras derivadas de outras j escritas com G

Tingir tingido / fingir fingido

USO do J

Em palavras de origem tupi ou africana

beiju canjarana canjica jirau Moji

Em verbos terminados em JAR ou JEAR

ultrajar arranjar lajear gorjear lisonjear

Nas palavras derivadas de outra j escritas com J

granja granjeiro / majestade majestoso

USO do X

Depois de ditongo

ameixa deixa queixa baixo caixa

Depois da slaba inicial ME

Mxico mexerica mexilho mexer mecha*

Aps a slaba inicial EM

enxaqueca enxame enxuto encher* - enchouriar*

Em palavras de origem africana ou tupi

abacaxi capixaba macaxeira pixaim xique-xique

Palavras aportuguesadas do ingls

Xampu - xerife

USO do E e do I

Todos os verbos terminados em UIR AIR OER

So escritos com I na 2, 3 pessoas do pres. do ind.

contribuir contribui / moer mi / sair sai

Verbos terminados com IR escrevem-se com E na 2 e 3 pessoas do pres. do ind.

Acudir acode / fugir foge

Verbos terminados em UAR OAR escrevem-se com E na 1 , 2, 3 pessoas do pres. do sub.

perdoar perdoe / atuar atue / jejuar jejue

USO de C, , S, SS, SC, XC

Nos vocbulos de origem rabe, tupi usa-se C ou

Aa ara caiara cacimba juara

Nos sufixos AA, AO, IA, IO, UO, ANA usa-se

Golao preguia, barcaa, canio, soluo, dana

Nos substantivos e adjetivos derivados de verbos terminados em NDER, NDIR usa-se s

Pretender pretenso / expandir expanso

Em substantivos derivados de verbos terminados em DER, DIR, MIR, TIR usa-se S, SS

Regredir- regresso / repercutir repercusso /descomprimir descompresso/ interceder -intercesso

PALAVRAS HOMNIMAS

So as que possuem mesma grafia e som, mas significados diferentes

Ex_____________________________________

HOMGRAFAS - mesma grafia, e sons diferentes

Ex:______________________________________

HOMFONAS mesmo som, grafias diferente

Ex:_______________________________________

PARNIMAS possuem sons e grafias semelhantes, mas com significados diferentes.

Ex:________________________________________

2. ACENTAO GRFICA

Acentuam-se:

MONOSSLABOS TNICOS terminados em:

A(S); E(S); O(S)

Ex: n, p, j

OXTONAS:

A(S); E(S); O(S); EM; ENS

Ex: Bodoc, jacar, vatap, parabns, algum

PAROXTONAS:

X; L; R; I(S); N; U(S); PS; (S); O(S); UM; UNS; ONS; DITONGO.

EX: xrox, carter, hfens, txi, ltus, lbum, eltrons, farmcia, fcil.

Proparoxtonas: todas

EX: msica, lgrima, bbado, lgica.

HIATOS:

I; U: Quando tnicos orais, vierem sozinhos em slabas internas ou no final de palavras oxtonas:

(caso venha sucedido de nh, r ou z, no ser acentuado)

Ex: sade, sada, ba, pas,

NGB no se acentuam o I e o U quando vierem aps um ditongo:

Ex: baiuca, feiura

DITONGOS ABERTOS:

U, I, I

EX: anis, contri, chapu

NGB os ditongos abertos seguidos de vogal no sero acentuados.

Ex: assembleia, ideia.

VERBOS TER E VIR (NO PLURAL):

EX: eles tm, elas vm!

ACENTOS DIFERENCIAIS:

PODE: isso pode acontecer (presente)

PDE: isso pde acontecer (pretrito)

POR: ns passaremos por ali. (preposio)

PR: vamos pr a comida na mesa. (verbo)Atividade de fixao - ortografia

1. Esto corretamente empregadas as palavras na frase:

a) Receba meus cumprimentos pelo seu aniversrio. b) Ele agiu com muita descrio. c) O pio conseguiu o primeiro lugar na competio. d) Ele cantou uma rea belssima.e) Utilizamos as salas com exatido.

2. Todas as alternativas so verdadeiras quanto ao emprego da inicial maiscula, exceto:

a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas datas. b) No comeo de perodo, verso ou alguma citao direta. c) Nos substantivos prprios de qualquer espcie d) Nos nomes de fatos histricos dos povos em geral. e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza.

3. Indique a nica seqncia em que todas as palavras esto grafadas corretamente:

a) fanatizar - analizar - frizar. b) fanatisar - paralizar - frisar. c) banalizar - analisar - paralisar. d) realisar - analisar - paralizar.e) utilizar - canalisar - vasamento.

4. A forma dual que apresenta o verbo grafado incorretamente :

a) hidrlise - hidrolisar. b) comrcio - comercializar. c) ironia - ironizar. d) catequese - catequisar.e) anlise - analisar.

5. Quanto ao emprego de iniciais maisculas, assinale a alternativa em que no h erro de grafia:

a) A Baa de Guanabara uma grande obra de arte da Natureza. b) Na idade mdia, os povos da Amrica do Sul no tinham laos de amizade com a Europa. c) Diz um provrbio rabe: "a agulha veste os outros e vive nua." d) "Chegam os magos do Oriente, com suas ddivas: ouro, incensos e mirra " (Manuel Bandeira).e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na poca de natal.

6. Marque a opo cm que todas as palavras esto grafadas corretamente:

a) enxotar - trouxa - chcara. b) berinjela - jil - gipe. c) passos - discusso - arremesso. d) certeza - empresa - defeza.e) nervoso - desafio - atravez.

7. A alternativa que apresenta erro(s) de ortografia :

a) O experto disse que fora leo em excesso. b) O assessor chegou exausto. c) A fartura e a escassez so problemticas. d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao cu.

8. Assinale a opo cm que a palavra est incorretamente grafada:

a) duquesa. b) magestade. c) gorjeta. d) francs.e) estupidez.

9. (CFC/95) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas do seguinte perodo: "Em _____ plenria, estudou-se a _____ de terras a _____ japoneses."

a) seo - cesso - emigrantes b) cesso - sesso - imigrantes c) sesso - seco - emigrantes d) sesso - cesso - imigrantes

10. Indique o item em que todas as palavras devem ser preenchidas com x:

a) pran__a / en__er / __adrez. b) fei__e / pi__ar / bre__a. c) __utar / frou__o / mo__ila. d) fle__a / en__arcar / li__ar.e) me__erico / en__ame / bru__a.

Exerccios de fixao acentuao

1. (UF-PR) Assinale a alternativa em que todos os vocbulos so acentuados por serem oxtonos:

a) palet, av, paj, caf, jil

b) parabns, vm, hfen, sa, osis

c) voc, capil, Paran, lpis, rgua

d) amm, amvel, fil, porm, alm

e) ca, a, m, ip, abric

2. (SANTA CASA) As palavras aps e rgos so acentuadas por serem respectivamente:

a) paroxtona terminada em s e proparoxtona

b) oxtona terminada em o e paroxtona terminada em ditongo

c) proparoxtona e paroxtona terminada em s

d) monosslabo tnico e oxtona terminada em o, seguida de s

e) proparoxtona e proparoxtona

3. Em qual das alternativas as palavras esto com a acentuao grfica CORRETA?

a) imundcie, enjos, sandiche

b) chapu, msca, coronis

c) caratr, benao, impossvel

d) jiboia, ncleo, ritmo

e) caj, caj, caf

4. Assinale a opo em que as palavras, quanto acentuao grfica, estejam agrupadas pelo mesmo motivo gramatical.

a) problemticos, fcil, lcool b) j, at, s c) tambm, ltimo, anlises d) porm, detm, experincia e) pas, atriburam, cocana

5. So acentuadas graficamente pela mesma razo as palavras da opo:

a) h - at - atrs b) histria - geis - voc c) est - at - voc c) ordinrio - aplogo - insuportvel c) mgoa - cone - nmero

6. Todas as palavras devem ser acentuadas na alternativa:

a) pudico, pegada, rubrica b) gratuito, avaro, policromo c) abdomen, itens, harem d) magoo, perdoe, ecoa e) contribuia, atribuimos, caiste

3. PONTUAO

REGRAS DE PONTUAO

Os sinais de pontuao so empregados na lngua escrita para tentar recuperar recursos especficos da lngua falada, tais como entonao, jogo de silncio, pausas etc.

Diviso e emprego dos sinais de pontuao:

1- PONTO ( . )

a) indicar o final de uma frase declarativa.Ex.: Lembro-me muito bem dele.

b) separar perodos entre si.Ex.: Fica comigo. No v embora.

c) nas abreviaturasEx.: Av.; V. Ex.

2- VRGULA ( , )

usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou orao, no formam uma unidade sinttica.Ex.: Adelanta, esposa de Joo, foi a ganhadora nica da Sena. Podemos concluir que, quando h uma relao sinttica entre termos da orao, no se pode separ-los por meio de vrgula.

No se separam por vrgula:a) predicado de sujeito;b) objeto de verbo;c) adjunto adnominal de nome;d) complemento nominal de nome;e) predicativo do objeto do objeto;f) orao principal da subordinada substantiva (desde que esta no seja apositiva nem aparea na ordem inversa)

A vrgula no interior da orao utilizada nas seguintes situaes:a) separar o vocativo. Ex.: Maria, traga-me uma xcara de caf.A educao, meus amigos, fundamental para o progresso do pas.b) separar alguns apostos. Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado. Ex.: Chegando de viagem, procurarei por voc.As pessoas, muitas vezes, so falsas.d) separar elementos de uma enumerao.Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.e) isolar expresses de carter explicativo ou corretivo.Ex.: Amanh, ou melhor, depois de amanh podemos nos encontrar para acertar a viagem.f) separar conjunes intercaladas.Ex.: No havia, porm, motivo para tanta raiva.g) separar o complemento pleonstico antecipado.Ex.: A mim, nada me importa.h) isolar o nome de lugar na indicao de datas.Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.i) separar termos coordenados assindticos.Ex.: "Lua, lua, lua, lua,por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)j) marcar a omisso de um termo (normalmente o verbo).Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omisso do verbo preferir)

Termos coordenados ligados pelas conjunes e, ou, nem dispensam o uso da vrgula. Ex.: Conversaram sobre futebol, religio e poltica.No se falavam nem se olhavam./ Ainda no me decidi se viajarei para Bahia ou Cear.Entretanto, se essas conjunes aparecerem repetidas, com a finalidade de dar nfase, o uso da vrgula passa a ser obrigatrio.Ex.: No fui nem ao velrio, nem ao enterro, nem missa de stimo dia.A vrgula entre oraes utilizada nas seguintes situaes:a) separar as oraes subordinadas adjetivas explicativas. Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas lembranas, mora no Rio de Janeiro.b) separar as oraes coordenadas sindticas e assindticas (exceto as iniciadas pela conjuno e ). Ex.: Acordei, tomei meu banho, comi algo e sa para o trabalho. Estudou muito, mas no foi aprovado no exame.ATENOH trs casos em que se usa a vrgula antes da conjuno e:1) quando as oraes coordenadas tiverem sujeitos diferentes.Ex.: Os ricos esto cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.2) quando a conjuno e vier repetida com a finalidade de dar nfase (polissndeto). Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.3) quando a conjuno e assumir valores distintos que no seja da adio (adversidade, conseqncia, por exemplo) Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim no foi aprovada.

c) separar oraes subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas),principalmente se estiverem antepostas orao principal.Ex.: "No momento em que o tigre se lanava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho."( O selvagem - Jos de Alencar)d) separar as oraes intercaladas. Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em a estar plantando..."e) separar as oraes substantivas antepostas principal.Ex.: Quanto custa viver, realmente no sei.

3- DOIS-PONTOS ( : )

a) iniciar a fala dos personagens: Ex.: Ento o chefe comentou: - Est timo!

b) antes de apostos ou oraes apositivas, enumeraes ou seqncia de palavras que explicam, resumem idias anteriores.Ex.: Meus amigos so poucos: Jorge, Ricardo e Alexandre.

c) antes de citaoEx.: Como j dizia Vincius de Morais: Que o amor no seja eterno posto que chama, mas que seja infinito enquanto dure.

4- RETICNCIAS ( ... )

a) indicar dvidas ou hesitao de quem fala.Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.

b) interrupo de uma frase deixada gramaticalmente incompletaEx.: - Al! Joo est?- Agora no se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...

c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a inteno de sugerir prolongamento de idia.Ex.: Sua tez, alva e pura como um foco de algodo, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa... (Ceclia - Jos de Alencar)

d) indicar supresso de palavra (s) numa frase transcrita.Ex.: Quando penso em voc (...) menos a felicidade. (Canteiros - Raimundo Fagner)

5- PARNTESES ( ( ) )

a) isolar palavras, frases intercaladas de carter explicativo e datas.Ex.: Na 2 Guerra Mundial (1939-1945), morreu muita gente."Uma manh l no Cajapi (Joca lembrava-se como se fora na vspera), acordara depois duma grande tormenta no fim do vero. (O milagre das chuvas no nordeste - Graa Aranha)Dica: Os parnteses tambm podem substituir a vrgula ou o travesso.

6- PONTO DE EXCLAMAO ( ! )

a) Aps vocativoEx.: Parte, Heliel! ( As violetas de Nossa Senhora - Humberto de Campos)

b) Aps imperativoEx.: Cale-se!

c) Aps interjeioEx.: Ufa! Ai!

d) Aps palavras ou frases que denotem carter emocionalEx.: Que pena!

7- PONTO DE INTERROGAO ( ? )

a) Em perguntas diretasEx.: Como voc se chama?

b) s vezes, juntamente com o ponto de exclamaoEx.: - Quem ganhou na loteria?- Voc.- Eu?!

8- PONTO-E-VRGULA ( ; )

a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petio, de uma seqncia, etc.Ex.: Art. 127 So penalidades disciplinares:I- advertncia;II- suspenso;III- demisso;IV- cassao de aposentadoria ou disponibilidade;V- destituio de cargo em comisso;VI- destituio de funo comissionada.

b) separar oraes coordenadas muito extensas ou oraes coordenadas nas quais j tenham tido utilizado a vrgula.Ex.: O rosto de tez amarelenta e feies inexpressivas, numa quietude aptica, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crnica de que sofria desde moo se foi transformando em opressora asma cardaca; os lbios grossos, o inferior um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

9- TRAVESSO ( - )

a) dar incio fala de um personagemEx.: O filho perguntou:- Pai, quando comearo as aulas?b) indicar mudana do interlocutor nos dilogos- Doutor, o que tenho grave?- No se preocupe, uma simples infeco. s tomar um antibitico e estar bomc) unir grupos de palavras que indicam itinerrioEx.: A rodovia Belm-Braslia est em pssimo estado.

Tambm pode ser usado em substituio virgula em expresses ou frases explicativasEx.: Xuxa a rainha dos baixinhos ser me.

10- ASPAS ( )a)isolar palavras ou expresses que fogem norma culta, como grias, estrangeirismos, palavres, neologismos, arcasmos e expresses populares.Ex.: Maria ganhou um apaixonado sculo do seu admirador.A festa na casa de Lcio estava chocante.Conversando com meu superior, dei a ele um feedback do servio a mim requerido.

b) indicar uma citao textualEx.: Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, s pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz a mala. ( O prazer de viajar - Ea de Queirs)

Se, dentro de um trecho j destacado por aspas, se fizer necessrio a utilizao de novas aspas, estas sero simples. ( ' ' )

UNIDADE II

LEITURA E ESCRITA: CONSIDERAES INICIAIS

Costumamos dizer que no sabemos portugus ou que nossa lngua muito difcil. Em contrapartida, frequentemente ouvimos falar e tambm falamos sobre a importncia da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o hbito de ler e sobre o papel da instituio escolar na formao de leitores competentes. No entanto, poucas vezes levantamos questes que favoream o interesse pela leitura e, em seguida, pela prpria produo de textos.

O que ler, afinal? Como e para que ler? Essas perguntas podero ter diferentes respostas, que revelaro uma concepo de leitura decorrente das concepes de sujeito, de lngua, de texto e de sentido que se adote. A concepo mais atual, chamada de interacional ou dialgica, tem como foco a interao autor-leitor-texto, onde os sujeitos so vistos como seres ativos, que constroem socialmente os sentidos dos textos atravs de diferentes tipos de estratgias.

O que importa ressaltar que ler e escrever so atos indissociveis, inseparveis. Quem l muito tem pouca dificuldade em compreender textos e as ideias que lhes subjazem (independentemente de dominar regras gramaticais) e em manifestar, seja pela fala, seja pela escrita, sua prpria opinio sobre o assunto lido.

Trabalhar a leitura, a interpretao e a produo de textos dar ao aluno o instrumento-chave para participar ativa e significativamente da vida social. Ler no apenas decodificar sinais grficos, mas sim colocar-se diante do texto, acionando capacidades cognitivas e emocionais, para interagir com os sentidos dali emergentes. E mais: o material escrito um esquema de pistas, indicaes e vazios que podem ser preenchidos e combinados de inmeras maneiras, segundo as condies do leitor. semelhana da leitura, pode-se dizer tambm que escrever no apenas codificar sinais grficos, mas comunicar-se com o interlocutor: apresentar, aceitar ou discordar de ideias, expressar e provocar sentimentos, instigar perguntas e respostas, etc.

Podemos dizer, portanto, que escrever um ato processual, que se constri por ensaio e erro, no devendo ser privilgio de poucos, mas direito de todos. Ou seja, o texto no nasce pronto; ele planejado, trabalhado, lido, relido, revisado, corrigido, at que se possa chegar ao produto acabado. E, seja na leitura, seja na produo de textos, importa considerar e compreender o uso dos aspectos lingusticos e sua relao com os aspectos situacionais (contextuais).

Assim, nosso estudo do portugus de forma instrumental, neste curso estar mais voltado para as especificidades dos textos (forma, propsito comunicativo, vocabulrio, etc.) e para os meios de reconhecermos e utilizarmos as principais estratgias de sua construo.

PADRES DE TEXTUALIDADE EM LNGUA PORTUGUESA

O texto (do latim textum: tecido, entrelaamento) a unidade bsica de organizao e transmisso de ideias, conceitos e informaes de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um smbolo, um sinal de trnsito, uma foto, um filme, uma novela de televiso so formas textuais. Tal como o texto escrito, todos esses objetos geram um todo de sentido, propriedade a partir da qual iniciaremos nossa reflexo e estudo. Para tanto, ser necessrio definir algumas caractersticas do objeto o texto , salientando as implicaes de cada uma delas, a fim de delimitar o ponto de partida e aprofundar a anlise.

A primeira dessas caractersticas a do texto como um todo gerador de sentido, uma totalidade contextual e no um fragmento aleatrio. A segunda a viso de mundo que o autor constri e revelada em um texto, por mais neutro que se pretenda (como nas instrues de um equipamento ou numa notcia de jornal); todo texto dotado de certo grau de intencionalidade fenmeno mais notvel em textos argumentativos. A terceira a questo ideolgica, atravs da qual ocorre o processo de produo de significados, signos e valores da vida social, que se identificam normalmente com determinada cultura e/ou formao histrica e social. A quarta caracterstica liga-se significativamente terceira: pelo fato de serem produtos de uma poca e de um lugar especficos, os textos carregam marcas desse tempo e desse espao; o que explica que no so totalmente autnomos, mas sim um dilogo estabelecido com outros textos e com o contexto.

TEXTO E PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE

1. CONCEITO DE TEXTO

Qualquer falante sabe que a comunicao verbal no se faz atravs de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que so produzidas. As manifestaes naturais da linguagem humana so configuraes de uma lngua natural qualquer, dotadas de sentido, e visando um dado objetivo comunicativo. A tais configuraes chamamos de textos ou discursos. Portanto, texto (ou discurso) uma unidade lingustica concreta, dotada de sentido, que tomada pelos usurios da lngua (falante/escritor, ouvinte/leitor), visando a um dado objetivo comunicativo (funo). Um texto, porm, deve possuir um conjunto de propriedades para que seja realmente um texto. A esse conjunto de propriedades chamamos textualidade.

2. PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE

As propriedades da textualidade, isto , os aspectos que fazem com que um texto seja realmente um texto, so: a) conectividade (sequencial=coeso; conceptual=coerncia); b) intencionalidade; c) aceitabilidade; d) situacionalidade; e) informatividade; f) intertextualidade.

a) CONECTIVIDADE

Trata-se da relao lgico-semntica existente entre as ocorrncias textuais, de modo que s haver conectividade entre tais ocorrncias se as interpretaes de ambas forem semanticamente interdependentes. Ex.: Alinhei com a esperana de vencer, mas s se vence quando se corta a linha de chegada. Observe que a ocorrncia textual em negrito inclui uma relao semntica de contraste em relao que no est em negrito.

A conectividade pode se manifestar tanto pela coeso entre os elementos gramaticais do texto que chamamos de conectividade sequencial quanto pela coerncia que tal ligao constri chamada de conectividade conceptual.

1) Conectividade Sequencial (Coeso)

Nesse caso, a interdependncia semntica das ocorrncias textuais resulta de processos lingusticos de sequenciao, isto , abrange todo e qualquer mecanismo em que um componente da superfcie do texto faz remisso a outro(s) elemento(s) do universo textual. Tem-se, assim, uma forma referencial remissa (que aponta para outro termo) e um referente (termo para o qual a referncia feita). Algumas formas remissas remetem para trs, ou seja, para termos anteriores (ANFORA) e outras remetem para frente (CATFORA), para termos posteriores, sendo necessrio dar continuidade para descobrir os referentes. Ex.: Joo bateu em Antnio e este ficou ferido (anfora; este faz referncia a Antnio, termo citado anteriormente) / Ao p dela, a moa loura viu o homem que a perseguia (catfora; dela refere-se moa, citada posteriormente). 2) Conectividade Conceptual (Coerncia)

um fator que resulta da interao entre os elementos cognitivos apresentados pelas ocorrncias textuais e nosso conhecimento de mundo. A coerncia est diretamente ligada possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela o que faz com que o texto tenha sentido para os usurios, devendo, portanto, ser entendida como um princpio de interpretabilidade, ligada inteligibilidade do texto numa situao de comunicao e capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto.

Esse sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerncia global. por isso que uma sequncia como Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa vista como incoerente, pois, apesar de cada uma de suas partes ter sentido, parece difcil ou impossvel estabelecer um sentido unitrio para o todo da sequncia. Portanto, para haver coerncia, preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relao entre seus elementos.

Outro aspecto a ser observado quanto coerncia que a relao a ser estabelecida entre os elementos lingusticos no apenas semntica, mas tambm pragmtica, ou seja, a relao tem a ver com os nossos atos de fala.

Ex.: A: telefone.

B: Estou no banho.

A: Tudo bem.

Como que interpretamos o texto acima? Bem, nesse caso, devemos imaginar uma situao na qual: a) a enunciao da primeira frase (o primeiro comentrio de A) ser interpretada como pedido, uma vez que uma frase declarativa; b) o comentrio de B uma resposta a A e tem a fora comunicativa de desculpas por no poder atender ao seu pedido; c) a segunda interveno de A reconhecida como aceitao das desculpas de B e como um oferecimento pessoal para fazer o que A havia solicitado que B fizesse.

Podemos considerar, ento, que esses discursos esto coerentemente constitudos, uma vez que podemos recuperar os laos proposicionais ausentes e produzir uma verso com coeso:

A: telefone. (Voc pode atender pra mim, por favor?)

B: (No vou poder atender porque) Estou no banho.

A: Tudo bem. (Eu atendo).

Portanto, se h uma unidade de sentido no todo do texto quando este coerente, ento a base da coerncia a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expresses do texto. Por outras palavras, quer-se dizer que atravs da coerncia que percebemos a continuidade de sentido e o encadeamento entre os componentes de um texto.

b) INTENCIONALIDADE

Refere-se ao modo como os emissores usam o texto para realizar suas intenes, produzindo, para tanto, formas verbais adequadas obteno dos efeitos desejados. por essa razo que o emissor procura, de maneira geral, construir seu texto de modo coerente e dar pistas ao receptor que lhe permitam construir o sentido desejado. (Koch, 1990: 79).

Esse fator de textualidade diz respeito tambm s informaes implcitas e explcitas. Quase sempre somos muito diretos em nossa inteno de dizer, at por economia. Contudo, em alguns casos, preferimos no deixar clara a nossa inteno. Ex: Fiz um curso de informtica e aprendi algumas coisas interessantes (informao cuja inteno est explcita) / Fiz um curso de informtica, mas aprendi algumas coisas interessantes (informao cuja inteno est implcita). Se observarmos melhor, veremos que o uso da conjuno mas empresta ao texto outros sentidos: apesar do curso em si ser desinteressante (ou deficiente), aprendi algumas coisas interessantes ou aprendi coisas interessantes, apesar de se tratar apenas de um curso de informtica, etc.

c) ACEITABILIDADE

Constitui a contraparte da intencionalidade. Focada no receptor, essa propriedade est relacionada sua compreenso quanto mensagem enunciada. Ainda que um dos postulados bsicos que regem a comunicao humana seja o da cooperao (isto , sempre que ouvimos ou lemos, procuramos compreender para interagir completamente com nossos interlocutores), bom entendermos que a compreenso adequada no depende apenas do leitor. Um texto precisa ser antes de tudo uma unidade de sentido, em que todas as suas partes sejam coesas e coerentes.

Por exemplo: Digamos que a frase Fiz o curso de informtica, mas aprendi algumas coisas interessantes tenha sido dirigida ao dono ou responsvel pelo curso. O receptor da mensagem poderia chegar aceitabilidade (compreendendo que o curso por algum motivo no foi interessante para o emissor) ou de no aceitabilidade (no percebendo na mensagem a inteno no declarada do falante).

d) INFORMATIVIDADE

Diz respeito ao grau em que as informaes so esperadas/conhecidas ou no. Devemos perceber por esse fator o quanto importante apresentarmos nossas informaes num grau satisfatrio de aceitabilidade, ou seja, sermos claros e objetivos em nossas mensagens, evitando repeties e redundncias. Trata-se de unir quantidade e qualidade nas informaes dadas. Ex.: Este lquido gua. Quando pura, inodora, inspida e incolor. Seria redundante continuar comentando, por exemplo, que, quando a gua no pura, ela pode apresentar caractersticas de cheiro, cor e sabor.

H casos em que a informatividade aparentemente nula. Isso ocorre com frequncia em textos poticos, jornalsticos e tambm em textos publicitrios. Exemplo:

De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento.Quero viv-lo em cada vo momento/ E em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamentoE assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angstia de quem viveQuem sabe a solido, fim de quem ama/ Eu possa me dizer do amor (que tive):Que no seja imortal, posto que chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.

(Soneto de fidelidade, Vinicius de Morais)

Trata-se de um texto que se ocupa em informar?

e) SITUACIONALIDADE

Refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para dada situao de comunicao. Se a condio de situacionalidade no ocorre, o texto tende a parecer incoerente, porque o clculo de seu sentido se torna difcil ou impossvel. No texto oral, a coerncia depende muito mais do contexto situacional do que do escrito, porque, no oral, os elementos da situao cooperam no estabelecimento das relaes entre os elementos do texto em mais alto grau do que no escrito, sobretudo por haver muitos aspectos evocados situacionalmente e por ser decisiva a influncia da situao no clculo do sentido.

Uma evidncia dessa dependncia a dificuldade que se encontra para interpretar a fala gravada. Todavia, h casos de textos escritos muito dependentes da situao, como placas indicativas de direo e de salas, de pedido de silncio em hospitais, de sees em instituies diversas, etc. Esses textos foram chamados pela teoria lingustica tradicional de frases de situao.

f) INTERTEXTUALIDADE

Alm de o texto conter marcas da individualidade do falante/escritor, contm tambm marcas histricas deixadas no segmento textual, pois as ideias expressas no podem ser compreendidas, nem analisadas, sem que estabeleamos uma relao com a sua poca de produo. Para entendermos as relaes sociais, histricas e culturais existentes no texto, preciso entender as relaes estabelecidas entre sociedade, poca e cultura; preciso compreender as relaes de um texto com outros textos. o fator de intertextualidade que permite ao falante/ouvinte recuperar as marcas textuais que assinalam as relaes que um texto estabelece com outros.

A intertextualidade pode ocorrer quanto forma ou ao contedo. Quanto forma, ocorre quando o produtor de um texto repete expresses, enunciados ou trechos de outros textos, ou ento o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de discurso. Exemplos:

[...]

Do que a terra mais garrida

Teus risonhos lindos campos tm mais flores

Nossos bosques tm mais vida,

Nossa vida em teu seio mais amores.

(Hino Nacional Osrio D. Estrada)

Nosso cu tem mais estrelas

Nossas vrzeas tm mais flores

Nossos bosques tm mais vida,

Nossa vida mais amores.

(Cano do Exlio Gonalves Dias)

A intertextualidade de contedo diz respeito s relaes determinadas, por exemplo, por fatores culturais, de poca, de rea de conhecimento, etc. Ex.: Segundo Koch (1990), um subtipo de intertextualidade formal a intertextualidade tipolgica...

O que podemos dizer das figuras acima quanto textualidade?

Exerccios de aplicao

1. Identifique quais ocorrncias abaixo so textos ou no. Justifique sua resposta.

a)

Som

frio.

Rio

Sombrio.

O longo som

do rio

frio.

O frio

bom

do longo rio.

To longe,

to bom

to frio

o claro som

Do rio sombrio.

b) Jos viajou para So Paulo, pois gostava do Paran. Ele adora cidades pequenas, por isso escolheu So Paulo.

c) Pedro: Joo, voc me empresta seu carro amanh?

Joo: Se o homem foi Lua h trinta anos, como vou te emprestar meu carro?

2. Discuta os fatores da textualidade (conectividade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, intertextualidade) em cada trecho abaixo:

a) O rapaz correu at o final da rua. L ele parou e caiu.

b) A praa era enorme. No meio havia uma coluna: volta, rvores e canteiros com flores.

c)

Minha terra tem macieiras da Califrnia

onde cantam gaturamos de Veneza.

Os poetas da minha terra

so pretos que vivem em torres de

[ametista.

Os sargentos do exrcito so monistas

[cubistas,

os filsofos so polacos vendendo a

[prestaes.

(Murilo Mendes. Poesias: Cano do Exlio)

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabi;

As aves, que aqui gorjeiam,

No gorjeiam como l

Nosso cu tem mais estrelas,

Nossas vrzeas tm mais flores,

Nossos bosques tm mais vida,

Nossa vida mais amores,

(Gonalves Dias. Poesias: Cano do Exlio)Exerccios de aplicao

1) Leia atentamente o que segue:

Joo Carlos vivia em uma pequena casa construda no alto de uma colina rida, cuja frente dava para leste. Desde o p da colina se espalhava em todas as direes, at o horizonte, uma plancie coberta de areia. Na noite em que completava 30 anos, Joo, sentado nos degraus da escada, colocada frente de sua casa olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As rvores e as folhagens no permitiam ver distintamente, entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que h 20 anos havia partido para alistar-se no exrcito e, em todo esse tempo, no havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente correu at ele e lanou-se no seu brao e comeou a chorar.

Faa uma anlise e responda:

a) um texto de fato? Ou seja, apresenta coeso e coerncia?

Se no, reescreva-o, fazendo os ajustes necessrios.

OS MECANISMOS DE COESO E COERNCIA TEXTUAIS

O texto no simplesmente um conjunto de palavras; se fosse, bastaria que as agrupssemos de qualquer forma, como em: O ontem lanche menino comeu. Veja que, nesse caso, no h um texto, h somente um grupo de palavras dispostas em uma ordem qualquer.

Mesmo que colocssemos essas palavras em uma ordem gramatical correta (sujeito-verbo-complemento), precisaramos ainda organizar o nvel semntico do texto, deixando-o inteligvel. Veja: O lanche comeu o menino ontem. O nvel sinttico est perfeito (sujeito = o lanche; verbo = comeu; complementos = o menino ontem), mas o nvel semntico apresenta problemas, pois no possvel que o lanche coma o menino, pelo menos nesse contexto. Caso a frase estivesse empregada num sentido figurado e em outro contexto, isto seria possvel. Pedrinho saiu da lanchonete todo lambuzado de maionese, mostarda e catchup, o lanche era enorme, parecia que o lanche tinha comido o menino. O ideal para o caso anterior seria, ento, O menino comeu o lanche ontem.Essa ordenao correta, na forma (sintaxe) e no significado (semntica), garante ao texto uma unidade de significados encadeados.

A COESO TEXTUAL

A metfora da tessitura dos textos

Os conectivos estabelecem diversos tipos de relao entre as partes do discurso e so usados como recursos coesivos que contribuem para estabelecer coerncia entre termos ou segmentos na construo de um texto. Portanto, os conectivos conferem unidade ao texto; o que significa que problemas no seu emprego podem dificultar a compreenso da ideia que se deseja expressar. Algumas de suas caractersticas:

a) Servem para ACRESCENTAR ideias, argumentos: alm de, alm disso, ademais, e, ainda.

Alm de sofrer com os constantes choques econmicos a que vem sendo submetida, a classe mdia v-se forada a expandir suas atividades para poder sobreviver.

b) Estabelecem relao de CONCESSO, de resignao: embora, no obstante, apesar de, ainda que, mesmo que, conquanto, por mais que, por menos que, se bem que.

Embora haja empenho das autoridades mdicas em erradicar as doenas tropicais, estas continuam a fazer vtimas.

c) Estabelecem OPOSIO entre ideias: mas, porm, contudo, entretanto, todavia.

O ensino pblico vem apresentando gradativas melhoras, contudo, as escolas particulares ainda vm apresentando melhor qualidade de ensino.

d) Servem para COMPLEMENTAR e CONCLUIR ideias: assim, dessa forma, portanto, logo, por conseguinte, por consequncia.

As injustias sociais so apontadas como a principal causa da violncia. Assim, para combat-la preciso buscar a igualdade social.

e) Estabelecem relao de JUSTIFICAO, de EXPLICAO entre as ideias: pois, que, porque, porquanto.

O exame era difcil, pois nem sequer havamos estudado.

No crie caso, que estamos aqui para ouvi-lo.

f) Servem para ligar ideias que decorrem ao mesmo tempo, estabelecendo relao de PROPORO: medida que, proporo que.

medida que o professor falava, os alunos iam dormindo.

g) Estabelecem relao de CONDIO entre ideias: se, caso, salvo se, desde que, a menos que, sem que, contanto que.

O passeio ser realizado, caso no chova.

h) Expressam circunstncia de TEMPORALIDADE entre as ideias: quando, enquanto, apenas, mal, logo que, depois que, antes que, at que, que.

Quando a vejo, bate-me o corao mais forte.

i) Estabelecem relao de CAUSA entre as ideias: porque, visto que, porquanto, j que, como.

Como no estudou, foi reprovado.

Como podemos ver, h inmeros recursos que garantem o mecanismo de coeso, que pode ocorrer:*por referncia: quando usamos pronomes, advrbios e artigos para construir a unidade do texto, fazendo referncia a termos Fque foram ou sero citados textualmente.

O presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presidente recebeu vrias homenagens.

Esse exemplo apresenta repeties que podem ser evitadas. Observe a atuao do advrbio e do pronome no processo de elaborao do texto: O presidente foi a Portugal. L, ele foi homenageado.

Veja que o texto ganhou agilidade e estilo. Os termos L e ele referem-se a Portugal e a presidente, e foram usados a fim de tornar o texto coeso.

*por elipse: quando omitimos um termo a fim de evitar sua repetio e essa supresso da palavra facilmente depreendida.

O presidente foi a Portugal. L, (o presidente/ele) foi homenageado. O ministro foi o primeiro a chegar. (O ministro/Ele) Abriu a sesso s oito (horas) em ponto e fez ento seu discurso.

Nos exemplos acima, omitiram-se as palavras presidente e ministro ou o pronome equivalente ele, e a palavra horas; todas facilmente subentendidas no contexto.

*por uso lexical (quando usamos palavras ou expresses sinnimas de algum termo para substitu-lo por um termo subsequente) ou por eptetos (quando usamos palavras ou frases que qualificam pessoas ou coisas):

Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada. (Sinonmia entre menininha e garota)

O presidente foi a Portugal. Na Terra de Cames, foi homenageado por intelectuais e escritores.

Glauber Rocha fez filmes memorveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido to cedo.

Veja que Portugal foi substitudo por Terra de Cames para evitar repetio e dar um efeito mais significativo ao texto, pois h uma ligao semntica entre Terra de Cames e intelectuais e escritores. No segundo exemplo, o nome do cineasta foi substitudo por uma expresso que costumava ser atribuda a ele.

*por termo-sntese: quando usamos uma expresso para resumir/abranger algo dito.

O pas cheio de entraves burocrticos. preciso preencher um sem-nmero de papis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitaes acabam prejudicando o importador.

A palavra limitaes sintetiza o que foi dito antes.

*por repetio do nome prprio ou parte dele: usamos quando queremos enfatizar a pessoa; embora, normalmente, a repetio deva ser evitada.

Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prmio da Loto. Peixoto disse que ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.

*por associao: quando usamos uma palavra que retoma a outra porque mantm com ela, em determinado contexto, vnculos precisos de significao.

So Paulo sempre vtima das enchentes de vero. Os alagamentos prejudicam o trnsito, provocando engarrafamentos de at 200 quilmetros. O termo alagamentos relaciona-se semanticamente a enchentes.

*por substituio: quando abreviamos sentenas inteiras, substituindo-as por uma expresso com significado equivalente.

O presidente viajou para Portugal nesta semana e o ministro dos Esportes o fez tambm.

A expresso o fez tambm retoma a sentena viajou para Portugal.

*por nominalizao: quando empregamos um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente.

Eles testemunharam sobre o caso, mas o juiz disse que tal testemunho no era vlido.A COERNCIA TEXTUAL

A coerncia (do latim cohaerentia, o que est junto ou ligado por nexo ou harmonia) est relacionada inteligibilidade (compreenso do sentido) do texto. Estava andando sozinho na rua, ouvi passos atrs de mim... Assustado, nem olhei, sa correndo, pois me perseguia um homem alto, estranho, que tinha em suas mos uma arma... Se o narrador no olhou, como soube descrever a personagem que o seguia?

UNIDADE IIIDIRETRIZES PARA LEITURA, ANLISE, INTERPRETAO E PRODUO DE TEXTOSNo que diz respeito leitura, anlise, interpretao e produo de textos, ainda hoje os alunos demonstram inmeras dificuldades. Se, por exemplo, o estudo de textos literrios parece menos rigoroso em sua abordagem, o mesmo no acontece com textos filosficos e cientficos. Na verdade, os textos de cincia e de filosofia requerem abordagens especficas, mas, nem por isso, insuperveis.

No caso de textos de pesquisa positiva, possvel acompanhar o raciocnio, j mais rigoroso, seguindo a apresentao dos dados objetivos sobre os quais tais textos esto fundados. Os dados e fatos levantados pela pesquisa e organizados conforme tcnicas especficas s vrias cincias permitem ao leitor, devidamente iniciado, acompanhar o encadeamento lgico desses fatos no raciocnio cientfico. [...]

Na realidade, mesmo em se tratando de assuntos abstratos, desde que o leitor esteja em condies de seguir o fio da meada, a leitura torna-se mais fcil, mais agradvel e, sobretudo, mais proveitosa. Por isso preciso criar condies de abordagem e de inteligibilidade do texto, aplicando alguns recursos que, apesar de no substiturem a capacidade de intuio do leitor na apreenso da forma lgica dos raciocnios em jogo, ajudam muito na anlise e interpretao dos textos.

A leitura analtica um mtodo de estudo que tem como objetivos:

fornecer uma compreenso global do significado do texto;

treinar para a compreenso e a interpretao crtica dos textos;

treinar para o desenvolvimento do raciocnio lgico, e; fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminrios, no estudo dirigido, no estudo pessoal e em grupos, na confeco de resumos, resenhas, relatrios, etc.

H, portanto, algumas diretrizes que norteiam a atividade de leitura analtica, cujos processos bsicos so:

Delimitao da Unidade de Leitura:

A primeira medida a ser tomada pelo leitor o estabelecimento de uma unidade de leitura, ou seja, de um setor, uma parte do texto que constitua a totalizao de sentido. Assim, pode-se considerar um captulo, uma seo ou qualquer outra subdiviso, determinando-se os limites nos quais se processar o trabalho de leitura e de estudo em busca da compreenso da mensagem.

Anlise Textual (preparao do texto): trabalhar sobre as unidades delimitadas (um captulo, uma seo, uma parte, etc., sempre um trecho com um pensamento completo);

fazer uma leitura rpida e atenta da unidade para se adquirir uma viso de conjunto da mesma;

levantar esclarecimentos relativos ao autor, ao vocabulrio especfico, aos fatos, doutrinas e autores citados, que sejam importantes para a compreenso da mensagem;

esquematizar o texto, evidenciando sua estrutura redacional.

Anlise Temtica (compreenso do texto):

determinar o tema-problema, a ideia central e as ideias secundrias da unidade;

refazer/reconstruir a linha de raciocnio do autor;

evidenciar a estrutura lgica do texto, esquematizando a sequncia das ideias.

Problematizao (discusso do texto):

levantar e debater questes explcitas ou implcitas no texto;

debater questes afins surgidas a partir da interpretao do leitor.

Anlise Interpretativa (interpretao do texto):

situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, bem como no contexto cultural de sua especialidade, tanto do ponto de vista histrico como do ponto de vista terico;

explicitar os pressupostos do autor que justifiquem suas posturas tericas;

aproximar e associar ideias do autor expressas na unidade com outras ideias relacionadas mesma temtica;

exercer uma atitude crtica frente s posies do autor em termos de:

coerncia interna da argumentao;

validade dos argumentos empregados;

originalidade do tratamento dado ao problema;

profundidade de anlise do tema;

alcance de suas concluses e consequncias;

apreciao e juzo pessoal das ideias defendidas.

Sntese Pessoal (reelaborao pessoal da mensagem):

desenvolver a mensagem mediante uma retomada pessoal e um raciocnio personalizado;

elaborar um novo texto, com redao prpria, com discusses e reflexo pessoais.

(Texto adaptado. SEVERINO, Antnio Joaquim. Metodologia do trabalho cientfico. So Paulo: Cortez, 2002. p. 47-61).Faamos agora uma leitura do texto que segue, analisando sua estrutura conforme os processos acima descritos.O PRAZER DE FICAR S FOI DESCOBERTO POR ACASO[...] O homem, graas inquietao ntima que deriva tanto de sua conscincia dual como da conscincia de sua condio csmica, modificou de forma muito intensa seu hbitat. Isso abre novas perspectivas para seu modo de viver, o que determina imediatas repercusses sobre a vida ntima. Surgem facetas de nossa subjetividade que estavam enterradas, quase como fsseis ao contrrio, e que agora podem se expressar. Um exemplo disso exatamente o da solido.

Sempre existiram pessoas que viveram de forma solitria e, no raramente, por vontade prpria. Isso sempre nos causou estranheza, a ns que crescemos h algumas dcadas, ainda na era do elogio da vida familiar e grupal. Acontece que as possibilidades objetivas para podermos viver sozinhos tm se tornado muito atraentes de uns poucos anos pra c, de maneira que crescente o nmero de pessoas que, sempre por vontade prpria, decidem viver ss. [...]

O que acabou acontecendo, mesmo sem que nos dssemos conta? Fomos nos tornando, aos poucos, mais competentes para o estar s. Homens e mulheres j conseguem ficar em paz quando esto sozinhos tanto em casa como em um quarto de hotel; j so capazes de sair com amigos, sem o cnjuge, para um programa descontrado e ingnuo; j conseguem ficar em casa dedicando longas horas a afazeres solitrios, como o caso do uso do computador... [...]

No deixamos de gostar de sentir o aconchego e o prazer da companhia de algum com quem nos sentimos bem e protegidos. No entanto, estamos valorizando mais os momentos individuais, aqueles nos quais podemos pensar sobre nossos projetos pessoais, ouvir nossas msicas favoritas, ler nossos poemas prediletos, etc. [...]

O que isso significa? O ser humano mudou sua essncia? No creio. Significa que nossa subjetividade uma caixa de surpresas para ns mesmos. [...] O antagonismo, aparentemente inconcilivel, entre amor e individualidade parece que vai caminhando na direo da resoluo. medida que nos tornamos mais competentes para ficar com ns mesmos, tendemos a precisar menos do outro para atenuar a dor do desamparo. [...]

A maior parte das pessoas ainda se ressente muito de no ter um parceiro romntico, mas j so muitas as que preferem estar ss a mal acompanhadas. Isso nem sempre foi assim. [...]

Torna-se cada vez mais claro, para todos ns, que o estar s muito importante para nosso equilbrio emocional, uma vez que propicia o encontro com nossa subjetividade e como isso nos ajuda no caminho do autoconhecimento! possvel mesmo que muitas das pessoas que, em um primeiro momento, ficaram sozinhas porque tiveram o curso de seus relacionamentos afetivos interrompido contra sua vontade venham a desenvolver to grande prazer nesse novo estado que dificilmente voltaro a se interessar, de verdade e ao menos por um bom tempo, por novas relaes muito ntimas e fundamentalmente repressoras.

Muitas das pessoas que inicialmente se sentiram rejeitadas e abandonadas acabaram por conhecer uma nova dimenso de si mesmas, tiveram acesso a suas foras, at ento adormecidas, e experimentaram importante crescimento pessoal. O avano assim obtido jamais teria acontecido se no ocorresse a ruptura do elo amoroso.

(Texto extrado e adaptado do livro Ensaios sobre o amor e a solido, de Flvio Gikovate,)

Leitura Analtica do Texto1. Anlise Textual

(delimitao da leitura): Trata-se de um captulo do livro Ensaios sobre o amor e a solido, de Flvio Gikovate.(leitura rpida, esclarecimentos): a) O autor: Flvio Gikovate psiquiatra, conferencista e autor de inmeros livros na rea da psicoterapia; b) Vocabulrio especfico: termos da rea da psicologia e da psiquiatria, como: conscincia dual e csmica; autoconhecimento, etc.; c) Os fatos: anlise da condio de estar s vivida pelo homem contemporneo; d) Doutrina: bases tericas da Psiquiatria e conceitos associados Psicologia e Filosofia.

2. Anlise Temtica

2.1. Tema/Problema: O estar s2.2. Ideia Central: A possibilidade de sentir prazer em estar sozinho.2.3. Ideia Secundria: Os conceitos culturais relacionados ao estar s.2.4. Reconstruindo o Raciocnio Lgico do Autor (resumo de suas ideias):2.5. Esquema das Ideias do Autor:

3. Anlise Interpretativa

3.1. Justificar ou criticar:

3.2. Interpretao:

3.3. Atitude Crtica:

APLICAO DA LEITURA ANALTICA

Texto ENVELHECIMENTO E AO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL

Texto extrado de: GOLDMAN, Sara Nigri. Caderno Especial n 8. O Servio Social e a questo do envelhecimento. Edio 04 a 18 de fevereiro de 2005. Disponvel em: http://:www.assistentesocial.com.br/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf

Os dados demogrficos do IBGE mostram que o segmento de pessoas com sessenta anos e mais tem crescido de forma extraordinria no Brasil. Na medida em que tal populao requer ateno nas inmeras reas de atuao profissional, destacamos, a seguir, algumas possibilidades no campo do Servio Social, lembrando que as demandas so historicamente determinadas e requerem respostas de polticas sociais adequadas.

O atendimento populao idosa teve relevncia desde os primrdios do Servio Social. O carter caritativo e assistencialista, de proteo aos idosos fragilizados, quer seja por questes socioeconmicas, quer seja por abandono dos familiares, foi se modificando, no decorrer de sua histria. Os assistentes sociais, comprometidos com as causas sociais, se assumem como agentes polticos de transformao social, ultrapassam a mera execuo das polticas sociais e aliam-se aos movimentos sociais dos usurios na construo de um projeto que lhes garanta o usufruto da cidadania. A participao de assistentes sociais foi efetiva nos espaos de luta pela cidadania dos idosos e pela aprovao do Estatuto do Idoso, um avano em termos legais, mas ainda distante de ser implementado.

Cabe registrar que os assistentes sociais devem ser solidrios na luta, sem serem os protagonistas das lutas dos idosos, evitando a tutela e a ocupao do espao poltico dos sujeitos idosos.

O assistente social deve atuar, sempre que possvel, com os demais profissionais, numa ao interdisciplinar que congregue esforos no seu fazer cotidiano e na aliana de parceiros para a consolidao dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: sade, previdncia e assistncia social. So importantes tambm aes profissionais na esfera da educao, no s para os idosos, mas para todas as geraes, para que aprendam a conhecer e a respeitar os idosos, para que estabeleam laos sociais de intercmbio intergeracionais e para que se preparem para a velhice.

O campo profissional de atendimento populao idosa bastante amplo com tendncias de ascenso a curto, mdio e longo prazos, devido ao aumento demogrfico e s demandas crescentes de produtos e de servios. Sinalizaremos algumas, a ttulo de exemplo, deixando claro que h reas e sub-reas que emergem de acordo com a realidade social e histrica.

Na rea da Sade: em hospitais, da rede pblica e privada, nos postos de sade, em instituies asilares, nas campanhas comunitrias de vacinao, de preveno de doenas, na preveno de quedas, no acompanhamento domiciliar, na informao junto famlia, na formulao de polticas de sade, na orientao, assessoria e consultoria dos movimentos dos usurios de sade, que contemplem as demandas dos idosos, no de forma exclusiva e outras atividades.

Na rea da Previdncia Social: Nos postos da Previdncia Social, orientando e viabilizando o usufruto dos direitos previdencirios; em todas os locais de atendimento aos idosos, esclarecendo direitos e informando aos usurios quanto aos benefcios da Previdncia, nas campanhas comunitrias de esclarecimento, na formulao da poltica previdenciria, na orientao, assessoria e consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras atividades.

Na rea da Assistncia Social: Nas reparties pblicas de todos as esferas, nas instituies estatais, nas organizaes sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaos que congregam idosos e seus familiares para orientao, prestao de servios e, especificamente sobre o Benefcio da Prestao Continuada. Participar da formulao de polticas da rea, da assessoria, consultoria e orientao aos movimentos dos usurios da Assistncia Social, dos Conselhos da Assistncia em todos os mbitos, alm de outras atividades.

Na rea da Educao: Atuar nos espaos educativos destinados aos idosos, como as Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivncia, os centros-dia, as entidades de cultura e lazer, as associaes de moradores de bairros e das comunidades, as associaes de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes interprofissionais de experincias de educao social e poltica, que envolvam e preparem os idosos para o exerccio pleno da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas as reas da seguridade social, alm das voltadas para as barreiras arquitetnicas, para os transportes, para a insero nos espaos sociopolticos, como os fruns, conselhos e associaes de idosos, aposentados e pensionistas. H que se pensar, tambm, em programas educativos intergeracionais que possibilitem a construo de uma sociedade pautada na solidariedade entre as geraes para diminuir o preconceito que os jovens tm dos idosos e vice-versa.

A educao para a cidadania amplia a ao do Servio Social em programas dirigidos aos idosos. H que se atentar para as demandas que emergiro, certamente, no transcorrer da histria. Mas certamente, o Servio Social ter espao de participao em todas elas e nossa expectativa de que sua atuao seja comprometida com a cidadania dos idosos, seja competente e crtica, rumo a um mundo em que a Justia Social se faa presente no s para os idosos, mas para toda a sociedade brasileira.

*Professora Adjunta da ESS/UFRJ, Doutora em Servio Social e Polticas Sociais pela PUC/SP, Diretora Tcnico-Cientfica da ANG/RJ.

OS PROCEDIMENTOS DE ESCRITA: FASES DA PRODUO TEXTUAL

Antes de falarmos das fases do processo de produo textual, relevante explicar que os textos se realizam concretamente atravs de gneros textuais, definidos como tipos relativamente estveis de enunciados, constitudos de determinado modo (plano composicional), com certa funo comunicativa em esferas de atuao humana, e distinguveis pelo contedo temtico e pelo estilo que apresentam. Em outras palavras, os gneros so uma forma especfica de combinar, indissoluvelmente: contedo, estilo, composio e, principalmente, propsito comunicativo. Em enunciados como recebi seu e-mail hoje, achei aquele anncio muito interessante, fiz o resumo do livro, terminei o relatrio, o poema de Vincius lindo, etc., os termos grifados so exemplares de gneros textuais; prticas sociocomunicativas que convencionamos e utilizamos constantemente, por meio de uma linguagem que tanto pode ser conotativa quanto denotativa.

J os tipos textuais so formas de organizao textual, predominantes em dado gnero. Os tipos mais conhecidos so: narrativo, descritivo, argumentativo, informativo-explicativo, injuntivo (instrucional), etc. Numa bula, por exemplo, predomina a injuno; num artigo de opinio, a argumentao, e assim por diante.

O ato de escrever exige operaes elementares como: organizao e seleo de ideias, produo, reviso do texto (com o objetivo de torn-lo cada vez mais inteligvel) e reescrita. Nesse sentido, o primeiro passo para aprender a produzir um texto distinguir as vrias fases de sua realizao: planejamento (seleo e organizao das ideias), criao do texto ou desenvolvimento, reviso e redao final.

A fase de planejamento serve para economizar e distribuir o tempo disponvel, bem como para clarear as ideias e identificar as caractersticas do texto a ser escrito. mais fcil escrever um texto quando se determina exatamente o que fazer e, para isso, alguns pontos precisam ser esclarecidos e definidos antes do incio do trabalho:

Objeto da redao: assunto e delimitao (tema);

Destinatrio;

Tipo e gnero textual;

Propsito ou funo comunicativa do texto.

Feita ento essa reflexo, passa-se para a busca (gerao) de ideias. Nesse momento, vai-se anotando livremente tudo que vier mente, como numa tempestade de ideias, palavra puxando palavra, ideia puxando ideia. E se as informaes sobre dado tema forem insuficientes, ser necessrio ler e pesquisar mais sobre o assunto.

Depois de geradas as ideias, elas devem ser selecionadas. Quando encaramos um assunto pela primeira vez, normal que as ideias que nos vm mente sejam pouco ligadas entre si. Ento, preciso selecion-las, conforme o objetivo do texto, e organiz-las, recuperando-as em subconjuntos, de forma que todas as informaes tenham algo em comum (seleo e organizao).

A partir dessa organizao, aconselhvel a criao de um roteiro do texto. O roteiro o plano de desenvolvimento das ideias; a definio da ordem ou sequncia em que sero apresentados os aspectos ou detalhes que iro estruturar o texto; um instrumento de controle de desenvolvimento, que evitar a presena de itens desnecessrios ou incoerentes e assegurar aqueles realmente exigidos pelo objetivo do texto. Seus componentes so palavras-chave, frases ou perodos. Durante a sua criao, as ideias do roteiro devem ser definidas, desenvolvidas e exemplificadas.

Aps a seleo das ideias e a sua organizao no roteiro, chega o momento de comear a escrever o texto: a fase de desenvolvimento ou criao. Nela, tudo o que foi colocado em tpicos no roteiro dever ser articulado, ligado devidamente, j que o texto um continuum em que as partes se inter-relacionam. Portanto, ao passar de uma ideia a outra, deve-se estar atento para usar elementos de ligao que ajudam a criar o fio condutor do raciocnio.

Depois de escrito o texto, vem a fase de reviso, um passo fundamental para a sua produo final. Os estudantes, em geral, no revisam seus textos; apenas releem de forma rpida e pouco crtica, em vez de fazerem uma reviso minuciosa. Pode-se falar de dois tipos principais de reviso: a reviso de contedo e a reviso de forma.

Durante a reviso de contedo, deve-se verificar antes de tudo se o texto est bem estruturado, especialmente quanto ordem e organizao dos pargrafos. Cada pargrafo deve desenvolver uma ideia relacionada com a tese do texto, e a sequncia dos pargrafos deve ir construindo progressivamente a tese que se quer desenvolver.

As primeiras verses dos textos contm, s vezes, passagens que no apresentam nenhuma relao com o restante ou que constituem divagaes muito distantes das partes precedentes e seguintes. No primeiro caso, trata-se de trechos que devem ser cancelados; no segundo, passagens que devem ser postas em outra ordem no texto ou integradas com o que segue ou antecede, atravs de conjunes ou frases de ligaes.

A reviso da forma consiste em efetuar transformaes locais nos textos: cortar e simplificar frases longas demais, suprimir palavras suprfluas, colocar frases na voz ativa, corrigir as quebras de paralelismos, as regncias, as concordncias, a ortografia, e assim por diante.

As revises de contedo e de forma so separadas por comodidade de exposio; na realidade, os dois tipos de reviso so realizados ao mesmo tempo.

Depois da reviso e da correo, a redao deve ser finalmente passada a limpo fase da redao final. Uma boa apresentao serve tanto para satisfazer o senso esttico como para facilitar a leitura e apreciao do texto.

Trabalhando as fases do processo de produo textual

Exemplo 01

I. Identificao das caractersticas da redao

Assunto: Drogas Delimitao do tema: Drogas: liberar ou no liberar?

Tipo: Argumentativo Gnero (formato): Artigo de opinio

Destinatrio: Pblico em geral Propsito: Argumentar a favor ou contra a liberao das drogas

II. Gerao de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema)

vulgarizao e descontrole geral

pases com estados onde h liberao esto revendo a situao

quem sairia ganhando?

a posio do governo diante da paralisao da sociedade

nenhum benefcio poderia amenizar os males causados

o governo seria o traficante oficial da nao

sensao de poder X disposio para trabalhar

liberar desistir do combate e juntar-se ao inimigo

a liberdade o bem maior que possumos, no devemos abrir mo desse bem

o futuro das crianas

deciso equivocada e pouco racional

III. Seleo e organizao das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)

IV. Roteiro

1. No liberar, porque...

...ser uma deciso equivocada e pouco racional

...haver vulgarizao e descontrole geral

...nenhum benefcio aliviaria os males causados

...a sensao de poder implicar em indisposio para trabalhar

...pases onde h liberao esto revendo a situao

2. Ao liberar...

...quem sairia ganhando?

...qual seria a posio do governo diante da paralisao da sociedade? de traficante oficial?

3. A liberdade

...bem maior

...jamais abrir mo dela

V. Concluso

Liberar desistir do combate e juntar-se ao inimigo

Qual ser o futuro das crianas?

Verso final do texto

A liberao oficial das drogas , sem dvidas, uma deciso equivocada e pouco racional, uma vez que as tornariam vulgares e ocasionaria um descontrole geral no aumento do consumo. Alm disso, os prejuzos causados com essa liberao seriam incalculveis, por conta da sensao de poder que as drogas proporcionariam e a consequente falta de disposio para o trabalho.

Devemos questionar, no caso de uma provvel liberao para essas substncias: quem sairia ganhando com isso? A sociedade, certamente, nada ganharia. Ademais, qual seria a funo do governo nesse caso? Seria o traficante oficial da nao? Pases que as liberaram esto revendo suas posies, exatamente porque a situao estava ficando catica.

Alm desses questionamentos, devemos refletir em torno da nossa liberdade. Que liberdade tem uma pessoa que vive presa sensao de uma substncia? No abramos mo do nosso bem maior!

Liberar as drogas , portanto, desistir do combate e juntar-se ao inimigo. tolher o futuro brilhante de uma criana. Sejamos mais racionais e no troquemos a beleza do nosso mundo pela obscura trilha que tem a morte como ponto final.

Atividade I. Identificao das caractersticas da redao

Assunto: Delimitao do tema:

Tipo: Gnero (formato):

Destinatrio: Propsito:

II. Gerao de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema)

III. Seleo e organizao das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)

IV. Roteiro

V. Concluso

A COMPOSIO DOS TEXTOSComecemos com a definio de pargrafo dada por Othon Garcia: O pargrafo-padro uma unidade de composio constituda por um ou mais de um perodo, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundrias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

Formalmente, o pargrafo indicado por um afastamento da margem esquerda da folha e facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composio, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estgios. Os pargrafos so moldveis quanto extenso, podendo ser aumentados ou diminudos de tamanho, conforme o tipo de redao, o leitor e o veculo de comunicao onde o texto vai ser divulgado.O pargrafo apresenta algumas partes distintas, dentre as quais, a mais importante o tpico frasal, que consiste na sua ideia principal. As outras partes so: desenvolvimento, que deve conter as frases que iro expressar o pensamento do autor sobre a ideia anunciada, e concluso, que arremata essa ideia. A devida articulao entre pargrafos torna o texto coeso e coerente.

UNIDADE IV

Como vimos, a relao entre tipos e gneros textuais essencial para a produo escrita. Um texto pode apresentar-se narrativamente, com todos os elementos que lhe so peculiares (como o foco narrativo, o enredo, os personagens, a intriga, o clmax, o desfecho); descritivamente, enumerando detalhes concretos de um objeto, pessoa, situao ou lugar; injuntivamente, oferecendo instrues a serem seguidas; ou dissertativamente, expondo uma opinio, com base em observao, anlise e argumentos.

Ns, neste curso, vamos nos deter na produo desse ltimo tipo: o dissertativo.

O PROCESSO DE PRODUO DE TEXTOS DISSERTATIVOS

1 O TEXTO DISSERTATIVO

Dissertar exercer nossa conscincia crtica, questionar um tema, debater um ponto de vista, desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertao: o dissertativo expositivo e o dissertativo argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar ideias e pode ser identificado como demonstrativo; no se dirige a um interlocutor definido e se constitui de provas impessoais. O segundo tipo transcende o dissertativo por tentar, explicitamente, formar a opinio do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razo est com o produtor do texto.

Para a argumentao ser eficaz, os argumentos devem possuir consistncia de raciocnio e de provas. O raciocnio consistente aquele que se apoia nos princpios da lgica, que no se perde em especulaes vs, no bate-boca estril. As provas, por sua vez, servem para reforar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas so: os fatos, os exemplos, os dados estatsticos e o testemunho. A estrutura dos dois tipos de composio a mesma: introduo, desenvolvimento e concluso.

1.1 Assunto, tema, recorte, tese, ttulo

Para alcanar um bom texto, necessrio relembrar alguns pontos fundamentais que favorecem a organizao daquilo que se pretende comunicar. Observe:

Assunto algo amplo, genrico; Tema o assunto j delimitado; Recorte o que interessa ao autor discutir no texto; Tese o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema; Ttulo o nome dado ao texto, que visa atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referncia ao tema abordado.

Exemplos:

1. Assunto: Centros urbanos. (Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos. Recorte: A violncia em So Paulo. Tese: A cidade de So Paulo enfrenta srios problemas em relao segurana da populao. Ttulo: O desenvolvimento urbano e a violncia).

2. Assunto: Tecnologia. (Tema: O avano tecnolgico no sculo 21. Recorte: Os meios de comunicao e as relaes sociais. Tese: Na era da comunicao, o homem contemporneo encontra-se cada vez mais sozinho. Ttulo: O paradoxo da era da comunicao)

1.2 Tcnicas de planejamento de um texto

Vimos que criar uma espcie de roteiro de nossas ideias nos auxilia na construo de um texto. Outra possibilidade de planejamento de texto a utilizao da tcnica do POR QU?

Considere a seguinte estrutura textual:

INTRODUO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3

DESENVOLVIMENTO: argumento 1

argumento 2

argumento 3

CONCLUSO: Expresso inicial + reafirmao do tema + observao final

(Adaptado de: OLIVEIRA, Luciana Scognamiglio de. Material de apoio e produo textual II. So Paulo: Universidade Nove de Julho, 2007).

Vejamos, agora, os passos desse tipo de planejamento textual.Tese: O mundo caminha para a prpria destruioPergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRPRIA DESTRUIO?

Responde-se: (argumento 1) tem havido inmeros conflitos internacionais.

(argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaado por srio desequilbrio ecolgico.

(argumento 3) permanece o perigo de uma catstrofe nuclear.Conclui-se: Expresso inicial + retomada do tema + sugesto ou possibilidade (previso) de soluo do problema.

Vejamos esse esquema sendo utilizado no texto:DESTRUIO: A AMEAA CONSTANTEO mundo caminha atualmente para a sua prpria destruio, pois tem havido inmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaado por srio desequilbrio ecolgico e, alm do mais, permanece o perigo de uma catstrofe nuclear.

Nestas ltimas dcadas, temos assistido, com certa preocupao, aos inmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memria a triste lembrana das guerras do Vietn e da Coreia que provocaram grande extermnio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potncias internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de propores incalculveis.

Outra ameaa constante o desequilbrio ecolgico, provocado pela ambio desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as guas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agresses, acabe por se transformar em um local inabitvel...

Alm disso, enfrentamos srio perigo relativo utilizao da energia atmica. Quer pelos acidentes que j ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos.

Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso prprio extermnio. desejo de todos ns que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas foras destrutivas, para podermos sobreviver s adversidades e construir um mundo que, por ser pacfico, ser mais facilmente habitado pelas geraes futuras. (Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Tcnicas bsicas de redao. So Paulo: Scipione,1988)

Analisemos agora o processo de construo do texto abaixo.

Eu ensinei a todos eles

Lecionei no ginsio durante dez anos. No decorrer desse tempo, dei tarefas a, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladro e um imbecil.

O assassino era um menino tranquilo que se sentava no banco da frente e me olhava com seus olhos azuis-claros; o evangelista era o menino mais popular da escola, liderava as brincadeiras dos jovens; o pugilista ficava perto da janela e, de vez em quando, soltava uma risada rouca que espantava at os gernios; o ladro era um jovem alegre com uma cano nos lbios; e o imbecil, um animalzinho de olhos mansos, que procurava as sombras.

O assassino espera a morte na penitenciria do Estado; o evangelista h um ano jaz sepultado no cemitrio da aldeia; o pugilista perdeu um olho numa briga em Hong Kong; o ladro, se ficar na ponta dos ps, pode ver minha casa da janela da cadeia municipal; e o pequeno imbecil, de olhos mansos de outrora, bate a cabea contra a parede acolchoada do asilo estadual.

Todos esses alunos outrora se sentaram em minha sala, e me olhavam gravemente por cima de mesas marrons. Eu devo ter sido muito til para esses alunos ensinei-lhes o plano rtmico do soneto elisabetano, e como diagramar uma sentena complexa.

Observaes:

1) O texto construdo com as palavras-chave: assassino, evangelista, pugilista, ladro e imbecil. O importante para a existncia desse texto so essas cinco palavras.

2) O texto foi desenvolvido da seguinte forma:

a) no primeiro pargrafo: so colocadas as palavras-chave;

b) no segundo pargrafo: diz-se de cada palavra-chave algo relacionado com o passado. As palavras-chave aparecem na mesma ordem em que foram enunciadas no primeiro pargrafo;

c) no terceiro pargrafo: as mesmas palavras, na mesma ordem, so explicadas em relao ao que aconteceu depois.

3) Do princpio ao fim, o texto atm-se a explicar situaes relativas s personagens enunciadas no primeiro pargrafo; utilizando-se do paralelismo.

4) Ao final, o autor acrescenta um recuso novo: a ironia; provavelmente com o objetivo de possibilitar uma reflexo.

1.4 Proposta de produo de textos

Reflita sobre as leituras que fez.

Delimite o tema.

Estabelea a tese que ser apresentada.

Selecione o caminho que o levar comprovao de sua ideia, usando para isso a tcnica do Por qu? (aqui se define a proposta argumentativa, quando a articulao de ideias busca convencer e persuadir o leitor)

Estabelea a que deseja chegar com a exposio que far em seu texto.

Organize esse raciocnio por meio do grfico.

Articule as ideias que organizou no grfico e, a seguir, escreva seu texto.

1.5 Expresses que ajudam a construir sua redao

" possvel que... no entanto..."; " certo que... entretanto..."; " provvel que... porm..."

"Em primeiro lugar...; em segundo...; por ltimo..."; "Primeiramente,...; em seguida,...; finalmente,..."

"Por um lado... por outro..."; " preciso considerar que os seguintes aspectos..."; "Tambm no devemos esquecer estes elementos essenciais:..."; "No podemos deixar de lembrar que..."

"Segundo..."; "Conforme..."; "De acordo com o que afirma..."

"Compreende-se ento que..."; " bom acrescentar ainda que..."; " interessante reiterar..."

"Com este trabalho objetiva-se..."; "Pretende-se demonstrar..."; "O presente trabalho objetiva..."

"A fim de comprovar o que foi dito,..."; "Para exemplificar,..."; "Exemplo disso ..."

"Por outro lado,..."; "Em contrapartida,..."; "Ao contrrio do que se pensa,..."; "Em compensao,..."

"Para tanto,..."; "Para isso,..."; "Alm disso,..."; "Se assim,..."; "Na verdade,..."

" fundamental que..."; "Tudo isso ..."; "Nesse momento,..."

"De toda forma,..."; "De tal forma que..."; "Em ambos os casos,...";

"Assim,..."; "Portanto,..."; "Mediante os fatos expostos,..."; "Dessa forma,..."; "Diante do que foi dito..." "Resumindo,..."; "Em suma,..."; "Em vista disso, pode-se concluir que..."; "Finalmente,..." "Nesse sentido,..."; "Com esses dados, conclui-se que..."

2 O TEXTO ARGUMENTATIVO

O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese e a busca pela adeso total do receptor (ou interlocutor), com a inteno de convenc-lo, persuadi-lo (lev-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que passe a aceit-lo como verdadeiro). Ao elaborar um texto argumentativo visando conseguir a adeso de determinado(s) interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimenso deles e estabelecer uma ordem de apresentao dos mesmos. Em outras palavras, deve ter conscincia da pertinncia e da fora desses argumentos. Sem esse conhecimento prvio, uma argumentao pode fracassar.Os argumentos so, portanto, as provas (raciocnio, dados, fatos) apresentadas para demonstrar que a ideia que voc pretende defender correta. Como diz Aristteles, os argumentos servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas.

Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a sade e a doena, no precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a sade. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas mais desejvel. O argumento pode, ento, ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais vantajosa que a outra.

O objetivo da argumentao no demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador est propondo.

"Argumentar a arte de convencer e persuadir. Convencer saber gerenciar informao, falar razo do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e no contra o outro. Persuadir saber gerenciar a relao, falar emoo do outro". A origem dessa palavra est ligada preposio per, 'por meio de, e a 'Suada', deusa romana da persuaso. (...) Mas em que 'convencer' se diferencia de persuadir'? Convencer construir algo no campo das ideias. Quando convencemos algum, esse algum passa a pensar como ns. Persuadir construir no terreno das emoes, sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos algum, esse algum realiza algo que desejamos que ele realize". (ABREU, Antnio Suarez. A arte de argumentar - gerenciando razo e emoo. So Paulo. Ateli, 1999.)

comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinnimos. Na teoria da argumentao, entretanto, eles adquirem sentidos especficos, associando-se o primeiro conceito mais razo, e o segundo, emoo. Koch (1984) adota essa distino: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente razo, atravs de um raciocnio estritamente lgico e por meio de provas objetivas (...), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausveis ou verossmeis, e tem carter ideolgico, subjetivo, temporal".Textos para anlise e discusso

Folha ONLINE

A OFERTA DE ENERGIA ELTRICA VAI AFETAR O CRESCIMENTO ECONMICO BRASILEIRO?

(Argumentao 01: SIM)

PARA FUGIR DE UM NOVO RACIONAMENTO Newton DuarteA CARNCIA de oferta de energia pode afetar negativamente o crescimento econmico. A necessidade de um eventual novo racionamento colocaria em risco a recuperao em curso da economia brasileira e inviabilizaria o desejado ciclo de desenvolvimento sustentado.

Para atingir os objetivos de crescimento sustentado do PIB a taxas superiores a 4,5% ao ano e evitar um dficit entre a oferta e a demanda de energia no mdio e longo prazos, o Brasil precisa gerar, pelo menos, quatro gigawatts (GW) ao ano em gerao hidrulica, trmica e demais fontes renovveis, de forma a expandir a capacidade instalada.

Levando em conta as premissas do Plano Decenal de Energia Eltrica da EPE (Empresa de Pesquisa Energtica), dos atuais 47,5 GW mdios de demanda, atingiremos, em 2011, 61 GW mdios, representando um crescimento mdio de 6,5% ao ano, superando assim a previso de rgos governamentais quanto ao acrscimo de gerao de apenas 2,9% ao ano no perodo. Tal cenrio apresenta srios riscos de abastecimento energtico, se levarmos em conta a dependncia hdrica do sistema eltrico brasileiro.

Tendo em vista esse cenrio, grandes projetos hdricos, como Madeira e Belo Monte, devem ser priorizados. Caso contrrio, o pas ter que buscar fontes alternativas para suprir a demanda energtica. No entanto, vale ressaltar, essa alternativa implicaria um aumento relevante do custo da energia, gerando perda da competitividade da indstria.

Outra grande preocupao o dficit na oferta de gs natural. Em 2006, o Brasil teve dficit de 30 milhes de m3/dia. Esse dficit se intensificaria para cerca de 66 milhes de m3/dia em 2015 e s seria minimizado, mas no totalmente solucionado, com o incremento significativo da oferta de gs natural liquefeito (GNL).

Fora da agenda energtica do Brasil h muitos anos, a gerao de energia a carvo permanece tmida. Segundo o primeiro balano do PAC, recentemente divulgado pelo governo, s a usina de Candiota 3 contemplada. Embora as questes ambientais e os custos representem barreiras para essa fonte, o carvo merece ateno especial pelo potencial que significa para a acelerao da expanso de oferta energtica e a reduo da dependncia de fontes hidreltricas.

A malfadada experincia do racionamento de energia eltrica de 2001 representou impactos significativos para a economia brasileira. O ritmo de crescimento do PIB se contraiu de 4,3% em 2000 para apenas 1,3% em 2001. Mais intenso ainda foi o impacto na reduo do ritmo de crescimento da produo industrial, que caiu de 6,6% para 1,5 no mesmo perodo.

O risco de um novo racionamento pode afetar negativamente as decises de novos investimentos por parte das empresas, com todos os reflexos negativos decorrentes. Um outro impacto potencial o aumento dos custos de abastecimento energtico. Em suma, o racionamento representaria no s um freio no crescimento econmico mas tambm um aumento dos custos da produo industrial. Enfrentar o problema da oferta de energia urgente. Vale destacar, as medidas de produtividade adotadas por ocasio do racionamento de 2001 j foram incorporadas aos processos industriais, o que diminui o potencial para futuras economias. preciso garantir a efetiva realizao dos investimentos previstos, o que no exclui as iniciativas de melhoria da eficincia.

imprescindvel tratar com prioridade as solues eficazes para simplificar os processos de concesso de licenciamento ambiental. A longa maturao dos investimentos exige rapidez nas decises para ampliar a oferta de energia e mant-la sempre frente da demanda.

A desonerao dos investimentos em infra-estrutura um elemento incentivador das decises. Da mesma forma, fundamental melhorar as condies de financiamento de projetos e propiciar um ambiente regulatrio claro e estvel. No podemos deixar que o Brasil seja preterido de um futuro prspero por falta das aes necessrias e dos investimentos em infra-estrutura. Para progredir, o pas precisa reconhecer os desafios presentes e atac-los na raiz.

(Newton Duarte, 52, engenheiro eltrico, diretor do Departamento de Infra-Estrutura do Ciesp (Centro das Indstrias do Estado de So Paulo) e diretor de Energia e Transporte da Siemens)).

(Argumentao 02: NO)A OFERTA (E O PREO JUSTO) DA ENERGIA Mauricio TolmasquimEM 1999 e 2000, fui dos poucos a alertar para o alto risco de falta de energia no pas, o que, afinal, se concretizou em forma do racionamento de 2001. Hoje, sinto-me muito vontade para me contrapor ao "efeito manada" que atinge o conjunto de especialistas e comentaristas do setor energtico e afirmar que o nvel de risco de dficit para os prximos anos est dentro do nvel aceitvel.

Sofre-se atualmente no Brasil de uma espcie de "trauma ps-racionamento". Especialistas e empresrios em unssono veem a falta de energia como uma questo inexorvel - discordam apenas quanto data em que essa fatalidade atingir o pas.

Em parte, compreensvel a apreenso dos menos informados. Afinal, como diz o ditado popular, gato escaldado tem medo de gua fria. Porm, a situao hoje muito diferente da que existia em 2001. O Brasil tem, desde 2004, um novo modelo para o setor eltrico, que visou reduo dos riscos para os investidores e das tarifas para os consumidores. Os vencedores das licitaes tm, agora, contratos de longo prazo, que constituem recebveis aceitos pelo BNDES para a concesso de financiamentos.

Antes, as usinas eram concedidas para os investidores que aceitassem pagar o maior gio pelo uso do bem pblico (UBP). Agora, os novos aproveitamentos hidreltricos so concedidos aos investidores que aceitam construir e operar as plantas pela menor tarifa. Isso reduziu drasticamente o valor estratosfrico do UBP que os investidores se viam obrigados a pagar - interessante para o Tesouro Nacional, mas perverso para o consumidor e para o investidor.

A exigncia de licena ambiental prvia para um empreendimento ser colocado em licitao outro fator que reduziu o risco para o investidor e deu um fim ao faz-de-conta de antes, quando o governo concedia usinas que simplesmente no tinham viabilidade ambiental, criando um conflito entre empreendedores e rgos licenciadores. Outras usinas licitadas eram passveis de ser viabilizadas, mas o nus da obteno das licenas era exclusivo dos empresrios.

O setor eltrico est cada vez mais atrativo para os investidores. Entre 2003 e 2006, foram instalados, em mdia, 3.667 MW por ano de nova capacidade de gerao no Brasil, o que cerca de 40% superior mdia entre 1995 e 2000, perodo que antecedeu o racionamento. Para o perodo de 2007 a 2010, j existem 11.078 MW com plenas condies de entrar em operao e uma quantidade maior ser viabilizada com os dois leiles marcados para 18 e 26 prximos.

O aumento dos preos da energia eltrica em geral apontado por grandes consumidores como um gargalo para o desenvolvimento. Mas preos artificialmente baixos significam um grande custo para todo o setor energtico. Um bom exemplo o segmento dos eletrointensivos. Por duas dcadas, algumas dessas indstrias tiveram acesso a energia muito barata, com preos fortemente subsidiados.

Consumidores residenciais chegaram a pagar entre quatro e cinco vezes mais pela mesma energia. Em 1985, essas indstrias compravam energia por cerca de US$ 10/MWh e suas tarifas permaneceram, em grande parte do perodo, entre esse valor e US$ 25/MWh. A energia eltrica era vendida a tarifas muito inferiores ao custo da gerao de usinas hidreltricas, de cerca de US$ 60/MWh. Essa situao mudou em 2004, quando essas indstrias tiveram que negociar novos contratos de fornecimento.

Sem dvida, seria timo se todos pudessem ter energia barata. No entanto, vale lembrar outro ditado: "no existe almoo grtis". A energia barata, vendida no passado aos grandes consumidores pelas geradoras estatais, levou, em boa medida, ao endividamento e perda de capacidade de investimento dessas empresas.

A oferta de energia para os prximos anos suficiente para atender ao crescimento econmico esperado, sendo igualmente necessrio que ela se expanda de forma contnua. O novo modelo implantado em 2004 tem os mecanismos necessrios para assegurar que isso ocorra.

(Mauricio Tolmasquim, 48, doutor em socioeconomia do desenvolvimento, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energtica). Foi secretrio-executivo do Ministrio de Minas e Energia (2003-2005) e coordenou o grupo de trabalho que elaborou o novo modelo do setor eltrico).

Formas de argumentao

Os argumentos so recursos lingusticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais persuasivo e conquistar a adeso do auditrio. Enumerar todos os tipos de argumentos uma tarefa quase impossvel, tantas so as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa outra. Qualquer recurso lingustico destinado a fazer o interlocutor dar preferncia tese do enunciador um argumento. Os argumentos mais utilizados so:

a) Argumento de autoridade

a citao, no texto, de afirmaes de pessoas reconhecidas pelo auditrio como autoridades em certos domnios do saber, para servir de apoio quilo que o enunciador est propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista. Para o auditrio, o efeito positivo, uma vez que se acredita que as consideraes de um expert so verdadeiras.

A estratgia adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da considerao de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que, por meio da argumentao, se constri um determinado objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. Observe:

Administrar dirigir uma organizao, utilizando tcnicas de gesto para que alcance seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental.

Lacombe (2003, p.4) diz que a essncia do trabalho do administrador obter resultados por meio das pessoas que ele coordena. A partir desse raciocnio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua capacidade de gesto com as pessoas, consegue obter os resultados esperados.

b) Argumento baseado no consenso

aquele que corresponde a va