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DIREITO TRIBUTRIO
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NDICE
Captulo I Direito Tributrio: Conceito ....................................................................................... 2
Capitulo II Tributo: Conceito e Espcies ..................................................................................... 3
1 Conceito de tributo ............................................................................................................. 3
2 - Espcies Tributrias .............................................................................................................. 3
2.1. Teorias ......................................................................................................................... 3
2.2. Espcies: ...................................................................................................................... 3
Capitulo III Sistema Tributrio Nacional ................................................................................... 12
1 Sistema Constitucional Tributrio ..................................................................................... 12
2 - Limitaes ao Poder de Tributar ........................................................................................ 15
Capitulo IV Fontes do Direito Tributrio .................................................................................. 33
Capitulo V Vigncia e Aplicao da Legislao Tributria ........................................................ 36
Captulo VI Interpretao e Integrao da Legislao Tributria ............................................. 38
Capitulo VII- Obrigao Tributria ............................................................................................... 41
Captulo VIII Fato Gerador ........................................................................................................ 42
Captulo IX Sujeitos da Obrigao Tributria............................................................................ 45
Captulo XI Suspenso da Exigibilidade do Crdito Tributrio ................................................. 56
Captulo XII Extino da Obrigao Tributria .......................................................................... 58
Captulo XIII Excluso do Crdito Tributrio ............................................................................. 61
Captulo XIV Garantias e Privilgios do Crdito Tributrio....................................................... 64
Captulo XV Administrao Tributria ...................................................................................... 66
Captulo XVI Impostos Federais no Sistema Tributrio Brasileiro ............................................ 68
Captulo XVII Impostos Estaduais no Sistema Tributrio Brasileiro ......................................... 72
Captulo XVIII Impostos Municipais no Sistema Tributrio Brasileiro ...................................... 74
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 78
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Captulo I Direito Tributrio: Conceito
O Direito enquanto sistema jurdico no comporta qualquer diviso, o que
afasta a existncia de ramos do direito, uma cincia una. Todavia, para fins didticos, admite-
se a existncia de ramos de forma a facilitar sua apresentao aos estudantes. Atualmente A
presenciamos a especializao da carreira com a criao de Bancas de Advogados para
determinadas reas ou divises internas dentro de escritrios de grande porte, bem como
especializao de varas ou Justia (ex: Justia do Trabalho).
O ramo tributrio no diverge dos demais, sendo sua denominao e a
definio de seus limites mero exerccio didtico. Assim, apesar de ser considerado um ramo
autnomo1 do Direito, no h uma diviso que o afaste dos demais ramos. Ao contrrio, as
normas jurdicas tributrias esto permeadas de conceitos e institutos de outros ramos do
Direito. Como exemplo, citamos a cobrana do Imposto Predial e Territorial Urbano que tem
por fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de bem imvel por natureza ou
acesso fsica (art. 32 do CTN). O artigo tem seus conceitos estabelecidos pelo ramo do Direito
Civil que define o que propriedade, posse, domnio til, bem como bem imvel. Percebe-se,
assim, que no h uma diviso estanque do Direito, mas mera diviso didtica. Com base neste
postulado devemos compreender o conceito de Direito Tributrio dentro de todo o sistema
jurdico.
Analisando a doutrina, verificamos diversos conceitos utilizados pelos
principiais Autores. Paulo de Barros Carvalho conceitua do Direito Tributrio como ramo
didaticamente autnomo do direito, integrado pelo conjunto das proposies jurdico-
normativas que correspondam, direta ou indiretamente, instituio arrecadao e
fiscalizao de tributos. 2 Luciano Amaro, de forma sucinta, define o Direito Tributrio como a
disciplina jurdica dos tributos.3 Este mesmo doutrinador cita Rubens Gomes de Souza que o
conceitua como ramo do Direito Pblico que rege as relaes jurdicas entre o Estado e os
particulares decorrentes de atividade financeira do Estado, no que se refere obteno de
receitas que correspondem ao conceito de tributos.
1 A autonomia do Direito Tributrio questo pacifica na doutrina, pois com o crescimento da
importncia do estudo dos tributos este se descolou do Direito Financeiro. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. Ed. Saraiva, 18 edio, pg. 15.
3 AMARO, Luciano. Direito Tributrio Brasileiro, Ed. Saraiva, 14 edio, pg. 2.
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A doutrina est repleta de conceituaes diversas, o importante entender
que este ramo do Direito regula as relaes jurdicas de natureza tributria entre credor e
devedor.
Capitulo II Tributo: Conceito e Espcies
1 Conceito de tributo
2 - Espcies Tributrias
2.1. Teorias
2.2. Espcies: a) Impostos
b) Taxa
b1) Taxa pelo exerccio do Poder de Polcia
b2) Taxa de servio
c) Contribuio de Melhoria
d) Emprstimo Compulsrio
e) Contribuies Especiais
e1) sociais
e2) interventivas
e3) corporativas
e4) iluminao pblica
Conceito: Alguns doutrinadores criticam o fato do prprio Cdigo Tributrio
Nacional conceituar o vocbulo Tributo. De acordo com o art. 3 Tributo toda prestao
pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua
sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.
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Apesar de criticado o conceito extremamente til, pois dele podemos retirar
as principais caractersticas dos tributos, que segundo Paulo de Barros Carvalho so4:
a) compulsria: devemos compreender a compulsoriedade da obrigao
tributria no sentido de que esta nasce independente da vontade do devedor. Trata-se de
obrigao ex lege, decorrente da lei, que para sua formao no depende da vontade do
agente. As obrigaes de acordo com sua formao podem ser decorrentes da lei ou da
vontade da parte. Na primeira o nascimento do vnculo obrigacional nasce independente da
vontade do agente, que o caso da obrigao tributria. J na segunda o nascimento do
vinculo obrigacional decorre de uma manifestao, tcita ou expressa, da vontade do agente
(ex. contrato de aluguel).
b) Pecuniria: todo tributo deve ser expresso em moeda, no h previso no
nosso ordenamento de tributo in natura ou in labore. Todavia, alguns doutrinadores,
entendem que ao afirmar que tributo toda prestao pecuniria ou cujo valor nela se possa
exprimir o Cdigo estabeleceu a possibilidade de criao de tributo in natura.
c) Que no constitua sano de ato ilcito: o tributo no penalidade, seu
nascimento decorre de uma ao lcita do contribuinte. No se confunde tributo com sano,
pois esta decorre de um ilcito que pode ser penal, administrativo, civil, tributrio, etc.
d) Prestao instituda em lei: decorrncia do princpio da legalidade e
tipicidade. A instituio ou majorao de um tributo somente pode ocorrer por lei ou ato
normativo com fora de lei (Medida Provisria). A lei deve esgotar todos os elementos da
obrigao tributria: definio do fato gerador, alquota, base de clculo, sujeito passivo,
penalidades, hipteses de excluso (iseno).
e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada:
significa que o Agente do Estado tem o deve do cobrar o tributo quando institudo, da mesma
forma que deve se ater aos procedimentos estabelecido na lei. O lanamento atividade
exclusiva da administrao.
Para a definio das espcies tributrias devemos entender que o Tributo o
gnero que comporta diversas espcies, segundo o CTN: impostos, taxas e contribuio de
melhoria (artigo 5).
4 Op cit. Pg. 25/27
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Fiscalidade e Extrafiscalidade
De regra todo tributo tem por objetivo fiscal, que o de obter receitas para
custear as despesas do Estado. A finalidade da criao dos tributos foi conceder ao Estado um
instrumento que possibilitasse obter renda para possibilitar atender as suas finalidades.
Com o desenvolvimento da tributao este instrumento (tributo) comeou a
ser utilizado com outra finalidade. Com o crescimento do Estado e a necessidade deste
regulamentar o poder econmico, surgiu a possibilidade da utilizao do tributo como
instrumento de regulao da atividade econmica, aparecendo o que se conhece como
aplicao extrafiscal do tributo ou extrafiscalidade.
Neste caso, o tributo utilizado no com o objetivo de arrecadar fundos ao
Estado, mas com a finalidade de regulamentar a atividade econmica.
Exemplos de tributos com esta finalidade so os imposto de importao e
exportao. Havendo interesse do Estado em facilitar ou dificultar o comrcio exterior de
determinados produtos poder, respectivamente reduzir ou aumentar a alquota destes
impostos.
ESPECIES TRIBUTRIAS
O debate em torno da definio das espcies tributrias, que j foi acirrado,
arrefeceu com a Constituio Federal de 1988 que estabeleceu a natureza tributria do
emprstimo compulsrio e das contribuies sociais.
O CTN adotou a diviso tripartite das espcies tributrias: Impostos, taxas e
contribuio de melhoria. Quando a edio do Cdigo percebeu-se que esta classificao no
incluiria outras contribuies ento cobradas, razo pela qual foi acrescentado o art. 217, pelo
Decreto-lei n 27/66, que possibilitou a cobrana das contribuies sociais.
Com o advento da atual Constituio o debate perdeu flego, pois esta incluiu
as contribuies e o emprstimo dentro do Sistema Tributrio Nacional.
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A definio destas espcies, ou seja sua natureza jurdica, obtida pela anlise
do fato gerador da obrigao. O artigo 4 do CTN dispe que basta o estudo deste parmetro
para se definir a natureza especfica de cada tributo, porm devemos coteja o fato gerador
com a base de clculo para confirmar se a classificao est correta. Assim, os tributos so
divididos em:
a) vinculados:
So os tributos vinculados a uma atividade estatal, que para viabilizar a
cobrana necessrio alguma atividade do Estado a favor do contribuinte. Incluem-se neste
rol: Taxas e Contribuies de Melhoria
b) no vinculados: Tributos que independem de uma atividade estatal para
serem cobrados. Incluem-se neste classificao os Impostos, Emprstimos Compulsrios
As contribuies sociais, em razo de sua natureza hibrida, poderiam ser
classificadas ora como taxa, ora como tributo imposto, dependendo de sua formatao.
Todavia esta classificao seria insuficiente, pois no reproduziria com fidelidade as espcies
acima tratadas. As contribuies s vezes no esto vinculadas a qualquer atividade estatal
para sua cobrana, como a Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social incidente
sobre o faturamento das empresas. J a contribuio destinada a Previdncia Social paga pelos
empregados apesar de no ter como fato gerador a prestao de um servio de Previdncia
pelo Estado, tem sua cobrana ligada prestao de um servio de Seguro Social (Previdncia
Pblica).
A definio da natureza jurdica das contribuies passa pela destinao de
sua arrecadao, ou seja, a finalidade de sua cobrana direcionada para determinada entidade
estatal ou paraestatal. Quando se tratar de uma cobrana destinada rea social, interveno
no domnio econmico ou em interesse de categoria profissional ou econmica, estaremos
diante de uma contribuio.
Conhecida a natureza jurdica dos tributos, analisemos cada um
separadamente.
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Imposto: Tributo que tem por fato gerador uma situao independente de
qualquer atividade estatal especfica relativa ao contribuinte (art. 16 do CTN). Classifica-se no
rol dos tributos no vinculado. Assim, seu fato gerador composto de uma situao que para
sua ocorrncia no h qualquer atividade do Estado. Como exemplo podemos citar o Imposto
de Renda cujo nascimento da obrigao independe de qualquer ao estatal.
A diviso da competncia dos Impostos definida pela Constituio Federal
nos artigos 153 a 156, no podendo haver cobrana de impostos diversos dos previstos, salvo
a Unio que detm a competncia residual. No se admite, tambm, que determinado um
ente cobre imposto da competncia de outro, ainda que esta competncia no esteja sendo
exercida pelo titular.
Os impostos podem ser subdivididos em diversas categorias:
a) De acordo com a regularidade
Extraordinrio: o imposto cobrado apenas de forma eventual, em razo de
fato(s) especfico(s) (ex. Imposto extraordinrio de guerra art. 154, II da
CF\88).
Ordinrio: so os impostos que integram de forma permanente o sistema
tributrio.
b) Quanto transferncia do encargo:
Direto: No admite repercusso econmica do valor devido, ou seja, o
fabricante ou comerciante no repassa ao consumidor o valor do tributo de
forma destacada do preo.
Indireto: Admite a repercusso para o contribuinte de fato. Nestes Imposto o
valor devido cobrado de forma destacada, repassando-se ao consumidor o
valor devido. O consumidor o contribuinte de fato, aquele que realmente
paga o imposto. Enquanto o comerciante ou fabricante o contribuinte de
direito, pessoa prevista na lei como responsvel por arrecadar o tributo. Os
impostos indiretos incidem sobre consumo e circulao de mercadorias.
c) Em razo da pessoa:
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Pessoais: sua incidncia visa diretamente a pessoa do contribuinte (ex.
Imposto de Renda)
Objetivos (Reais): visam unicamente a matria tributvel, a coisa, (Imposto
Predial Territorial Urbano)
Taxa
Tributo de competncia comum da Unio, Estado, Distrito Federal e
Municpios, cujo fato gerador vinculado a uma atuao especfica do Estado em relao
contribuinte, consistente no exerccio regular do poder de policia (art. 78 do CTN) ou na
utilizao efetiva ou potencial de servio pblico divisvel e especfico (art. 77 do CTN).
O poder de polcia definido no prprio CTN, artigo 78, como a atividade da
administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana,
higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de
atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico,
tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. o
prprio poder de regulamentao e fiscalizao pelo Estado da atuao do individuo, que
quando acionado possibilita a cobrana da taxa. Como exemplo podemos citar a taxa cobrada
pelo Instituto de Metrologia para a aferio da preciso das balanas utilizadas no comrcio ou
a cobrana efetuada pela expedio de alvar de construo.
A taxa tem ainda por fato gerador a utilizao potencial ou efetiva de servio
pblico especfico e divisvel, que segundo o CTN so:
Servio pblico especfico: quando possam ser destacados em unidades
autnomas de interveno, de unidade, ou de necessidades pblicas.
Divisvel: quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada
um dos seus usurios.
Utilizao efetiva: quando por ele usufrudos a qualquer ttulo.
Utilizao potencial: quando, sendo de utilizao compulsria, sejam
postos sua disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.
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Por este dispositivo devemos entender que basta ao Estado se aparelhar para prestar
o servio, colocando-o disposio do contribuinte para possibilitar a cobrana da
Taxa. Em alguns casos no h obrigatoriedade na utilizao do servio, mas a Taxa ser
devida independente de sua utilizao.
A taxa na sua configurao no pode ter a mesma base de clculo dos
impostos (art. 145, 2 da Constituio Federal). Sua base de clculo sempre ser vinculada ao
preo do servio, pois este tributo uma contraprestao pelo servio prestado ao
contribuinte. Seu valor deve remunerar o servio do Estado.
A taxa no se confunde com o preo pblico, pois a primeira tem vnculo legal
(obrigao que nasce por fora da lei), enquanto o segundo tem vnculo contratual. Para
diferenci-los podemos utilizar o seguinte critrio:
a) servio pblico nsito soberania (ex. expedio de passaporte):
remunerado com taxa.
b) servios essenciais ao interesse pblico (coleta de lixo, servio de esgoto
etc.): remunerado pela taxa.
c) servio pblico no essencial (gua, luz, correios etc.): remunerado por
preo pblico.
Contribuio de Melhoria
Tributo de competncia comum da Unio, Estado, Distrito Federal e
Municpios, incidente sobre a valorizao de determinado imvel decorrente da realizao de
obra pblica. Trata-se de tributo vinculado a determinada atuao estatal, no caso a execuo
de obra pblica que acarrete valorizao dos imveis da regio.
De acordo com o art. 81 do CTN: a contribuio de melhoria cobrada pela
Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas
atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao
imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de
valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado.
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O valor a ser cobrado de cada imvel ser determinado pelo rateio do valor
global da obra, de acordo com os respectivos fatores individuais de valorizao (art. 82, 1 do
CTN). Assim, o valor total arrecadado pelo Poder Pblico est limitado ao valor total da obra,
sendo que o montante individual de contribuio ser pautado pelo fator individual de
valorizao do bem imvel.
Emprstimo Compulsrio
Conforme estabelece o art. 148 da Constituio Federal do 1988, o
emprstimo compulsrio de competncia privativa da Unio Federal, que dever editar Lei
Complementar para sua instituio. Somente poder ser institudo para fazer frente a
despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica ou guerra, bem como para
investimento pblico de carter relevante e urgente, sendo a arrecadao vinculada a estas
finalidades
Sua principal caracterstica o fato de que os valores arrecadados no
ingressam de forma permanente no tesouro nacional, so considerados receita temporria,
tendo a Unio a obrigao de restituir os valores aps determinado lapso de tempo. Eis a razo
de seu nome.
A Constituio no especifica o fato gerador e base de clculo havendo total
liberdade para sua definio pela lei complementar. Assim, o fato gerador poder ou no estar
vinculado determinada atividade estatal, sendo a base de clculo definida de acordo com o
interesse nacional externado pelo Congresso Nacional.
Ponto importante a ser ressaltado a impossibilidade de se utilizar Medida
Provisria para a instituio/majorao de emprstimo compulsrio. A Constituio Federal de
1988, em seu art. 62, 1, inciso III, veda a edio de Medida Provisria em matria reservada
a Lei Complementar.
Contribuies
Tributo cobrado para financiamento da rea social (previdncia social,
assistncia social, educao e cultura), interveno no domnio econmico e interesse de
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categoria profissional (art. 149 da CF\88). Tem como caracterstica a destinao da
arrecadao para determinada atividade prestada por entidade estatal ou paraestatal. Da
uma caracterstica identificada por alguns doutrinadores, que parafiscalidade. Em regra o
tributo cobrado pela mesma pessoa jurdica que detm a competncia para sua instituio.
Porm, possvel a delegao da capacidade tributria. Nestes casos o detentor da
competncia tributria, delega, atravs de lei, a uma terceira pessoa o poder de cobrar,
fiscalizar e arrecadar o tributo, ficando esta com o produto da arrecadao. Um exemplo
clssico da parafiscalidade era o da cobrana da contribuio previdenciria efetuada pela
Autarquia Previdenciria (INSS). Atualmente a capacidade tributria desta contribuio voltou
para a Unio Federal. Podemos citar como exemplos as contribuies de interesse de categoria
profissional (OAB, CRM, CRF, CREA etc.).
A doutrina apresenta outras designaes para este tributo como Contribuies
Sociais Gerais (Vittorio Cassone) ou Contribuies Especiais (Ricardo Lobo Torres).
As contribuies dividem-se em trs espcies:
a) Contribuio Social:
- para a seguridade social: destinada a custear os gastos com a previdncia
social, que engloba as seguintes reas: sade, previdncia e assistncia social,
reguladas nos artigos 194 e seguintes da Constituio Federal de 1988;
- geral ou genrica: destinadas aos demais setores da rea social, como
educao, cultura etc..
b) Corporativa: Contribuies destinadas ao interesse de categoria profissional
ou econmica. So utilizadas para o custeio das atividades das entidades
sindicais e dos conselhos de fiscalizao profissional (ex. OAB, Conselho de
Medicina, Contabilidade etc.). Deve ser paga pelo profissional que integra
aquele sindicato (metalrgico, comercirio etc.) ou classe profissional (mdico,
advogado, contador)
c) Interventiva: Conhecida como CIDE - Contribuio de interveno no
domnio econmico. devida Unio para financiar sua atuao
(regulamentao e fiscalizao) em determinadas reas. (Ex. CIDE incidente
sobre a comercializao de combustveis Lei n 10.336/2001).
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As contribuies so de competncia da Unio, com exceo da Contribuio
previdenciria de seus servidores pblicos que poder ser cobrada pelos Estados, Distrito
Federal e Municpios, para o custeio do regime previdencirio destes (art. 149, 1 da
Constituio Federal de 1988).
Capitulo III Sistema Tributrio Nacional
1 Sistema Constitucional Tributrio
Do ponto de vista cientfico um sistema conceituado como o conjunto de
elementos dotados de unidade interna, coerncia lgica, ausncia de contradies e
independncia do todo com relao s partes5. Assim o sistema jurdico se caracteriza por um
conjunto de normas, com estrutura interna hierarquizada, coerncia lgica, existncia de
normas para soluo de conflitos e interdependncia do subsistema em relao ao todo.
Sistema Tributrio Nacional - Est em grande parte estabelecido no Ttulo VI,
Captulo I artigos 145 a 162 da Constituio Federal de 1988. Alm destas normas
nominalmente identificadas podemos incluir outras previstas na Constituio, artigos. 194 e
195, que tratam das contribuies para a seguridade social.
Conceito: Conjunto das normas reguladoras e dos tributos cobrados em todo o
territrio nacional, independente da titularidade deste ou daquele ente pblico e considerada
exclusivamente a incidncia sobre a riqueza, como vem esboado nos artigos 145, 148 e 149
da Constituio, posteriormente detalhado no CTN6.
Da mesma forma que a Constituio, o CTN adotou o critrio de sistematizar
os tributos de acordo com a sua base econmica, ou seja, de acordo com a hiptese de
incidncia da norma tributria.
Podemos, ainda, considerar o Sistema Tributrio do ponto de vista da
federao, que seria o conjunto de tributos organizados segundo a distribuio do poder
tributrio (Unio, Estado, DF e Municpios).
5 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributrio. Ed. Renovar, 13 Ed. Pg. 355
6.op. cit. p. 356
13
O Sistema Constitucional Tributrio est topograficamente previsto no
Captulo I, Ttulo VI da Constituio Federal\88, podendo ser didaticamente estudado em trs
grupos, que sero analisados a seguir:
a) a repartio das competncias tributrias entre a Unio, Estados, Distrito
Federal e Municpios;
b) a partilha direta e indireta do produto da arrecadao.
c) os princpios tributrios e as limitaes ao poder de tributar;
Poder de Tributar
Podemos conceituar o poder de tributar como a manifestao do ius
imperium do estado poder que se escora na soberania estatal e se manifesta atravs
da competncia tributria.
Na breve histria da humanidade no h conhecimento de uma
sociedade que conseguiu viver sem a existncia de normas de conduta. A prpria
organizao demanda a existncia de normas que a regulem.
Com o desenvolvimento social, a humanidade passou a estabelecer a
organizao social tendo como centro o Estado, responsvel pela criao e aplicao
da norma jurdica. A criao do Estado demandou o exerccio da atividade financeira,
ou seja, a regulamentao da forma como obteria receita para arcar com as despesas
decorrentes dos servios que deve prestar.
Dentre as formas de obteno de receita encontra-se a receita de
origem tributria, que se origina da prpria soberania do Estado, possibilitando que
atribua seus cidados a obrigao de custear as despesas pblicas. De acordo com a
Teoria Geral do Estado, a origem da soberania est no povo que se organiza em um
Estado, criando uma forma poltica de organizao social. Ao estabelecer esta forma, o
povo concede parcela de sua autonomia para o Estado que passa a deter o monoplio
para atuao em determinadas reas, dentre as quais a criao de normas. Para
financiar a atividade estatal concedido a este Estado o poder de estabelecer/criar
tributos que devem ser pagos pelo cidado. Assim, o poder de tributar decorre da
14
prpria soberania do Estado se manifestando, atravs da competncia tributria, como
o poder de estabelecer obrigaes de natureza tributria aos cidados.
Competncia Tributria: Faculdade atribuda pela Constituio para o
Estado lato sensu editar leis que criem in abstrato tributos, devendo descrever todos
os elementos essenciais da norma jurdico-tributria. As leis devem prever a hiptese
de incidncia, sujeito ativo e passivo, base de clculo e alquota. A competncia
direito subjetivo da pessoa poltica, sendo assim indelegvel.
A norma constitucional que estabelece a competncia no cria o
tributo, este somente e criado por lei. Editada a lei esgota-se a competncia tributria,
no se falando mais nesse, mas apenas em capacidade tributria, que o poder de
cobrar e arrecadar o tributo.
So caractersticas da competncia tributria: exclusividade,
indelegabilidade, incaducabilidade, inalterabilidade, irrenunciabilidade, facultatividade
de exerccio.
a) Exclusividade: caracteriza-se pelo fato de que cada pessoa poltico
detm sua faixa tributaria privativa. Caso atue fora desta faixa o
tributo ser inconstitucional.
b) Indelegabilidade: refora a idia de que a competncia tributria
no patrimnio absoluto da pessoa poltica que a titulariza. Esta
pode exercit-la, mas no tem total disponibilidade.
c) Incaducvel: seu no exerccio no tira da pessoa poltica a
faculdade de a qualquer dia criar o tributo;
d) Inalterabilidade: entende-se que no pode ter a dimenso ampliada
pela prpria pessoa poltica. improrrogvel.
e) Irrenunciabilidade: no pode o ente renunciar competncia, no
todo ou em parte. matria de direito pblico e, portanto
indisponvel.
f) Facultativa: a pessoa poltica quem decide se vai ou no criar
tributo. Pode, ainda, utilizar apenas parte de sua competncia,
criando parcialmente o tributo.
15
De acordo com o sistema federativo adotado por nossa Constituio
todos integrante da federao (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) detm
competncia tributria. A Constituio adotou como critrio quatro modalidades de
competncia: privativa, extraordinria, residual e comum.
A competncia privativa a atribuda exclusivamente a determinada
pessoa jurdica de direito pblico. Os impostos so de competncia privativa, pois a
Constituio adotou o critrio de enumerar a competncia de cada integrante da
Federao.
A competncia residual, como o prprio nome designa, a possibilidade
de se criar outros impostos e contribuies alm dos previstos na Constituio.
atribuda Unio Federal, conforme disposio dos artigos 154 e 195, 4 da
Constituio.
J a extraordinria estabelecida Unio para a criao de impostos
em caso de guerra externa ou sua iminncia.
Na competncia comum todos os entes polticos tm a faculdade de
estabelecer o tributo, devendo apenas ser responsvel pelo servio ou obra que
possibilita a cobrana.
A competncia tributria no se confunde com a capacidade tributria,
pois esta o poder atribudo a determinada pessoa de arrecadar, cobrar e fiscalizar o
pagamento de determinado(s) tributo(s). Conforme indicado acima a competncia
tributria indelegvel, todavia, pode o ente tributante delegar as funes de
arrecadar ou fiscalizar o tributo (art. 7 do CTN). Assim, a capacidade tributria a
competncia para arrecadar e fiscalizar tributos.
Caso a pessoa responsvel pela arrecadao e fiscalizao ficar com o
produto da arrecadao para fins prprios ocorrer o fenmeno da parafiscalidade.
2 - Limitaes ao Poder de Tributar
16
Como dito acima, o Poder de Tributar manifestao da soberania
estatal e se manifesta atravs da competncia tributria. Ocorre que este poder no
concedido como um cheque em branco, sem qualquer limite, a prpria constituio
estabelece limitao a atuao estatal. Inicialmente limita o campo de atuao de cada
integrante da Federao, estabelecendo a partilha da competncia tributria. Outros
limites so estabelecidos por um conjunto de princpios constitucionais e imunidades
que regulamentam o exerccio do Poder de Tributar e da competncia tributria. Essas
normas que limitam o exerccio da competncia tributria, conhecidas como Estatuto
do Contribuinte, probem que certas situaes sejam colhidas pela fora tributria do
Estado. Constituem em vedaes expressas, no caso das imunidades, ou limitam o
poder de tributar, no caso dos princpios tributrios.
Repartio da Competncia Tributria.
O Estado brasileiro constitudo como uma Republica Federativa, ou seja, pela
unio indissolvel da Unio, dos Estados, Distrito Federal e Municpios.
da essncia do Estado Federal a descentralizao e distribuio de
competncias entre os entes estatais. Na federao podem ocorrer quatro campos de
descentralizao:
a) Legislativo (produo de normas jurdicas);
b) Administrativo (administrao prpria);
c) Poltico (formao de poderes e autogoverno).
d) Judicirio (aparato judicirio prprio).
Desta forma, a Constituio estabelece as matrias de competncia privativa,
concorrente e comum dos entes da federao, Dentre as matrias de competncia
concorrente encontram-se o Direito Tributrio e Financeiro.
Desta forma, todos os entes da federao podem legislar sobre o Direito
Tributrio, cada um dentro do seu limite constitucional. a prpria constituio que
estabelece o campo de atuao da Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios.
17
Sabemos que uma Repblica Federativa se caracteriza pela autonomia dos
Estados-Membros. A Repartio da competncia tributria ponto importante para o
cumprimento deste princpio federativa, pois resguarda a autonomia financeira, sem a qual
no existir autonomia poltica e administrativa.
Repartio da Receita Tributria
Conceito: Distribuio entre os integrantes da Federao da competncia
tributria ou impositiva, consiste na partilha da receita tributria.
O problema da discriminao da renda tributria inerente a todo pas que
adota o regime federativo. No existe regra pr-definida para partilha tributria, trata-se de
questo de poltica, solucionada em cada pas de acordo com seu desenvolvimento social.
Diversos sistemas foram criados para estabelecer regras de partilha. Alguns reservam Unio
tributos de comrcio exterior ou tributos indiretos, ou ainda, toda a arrecadao que seria
posteriormente repassada.
A distribuio da competncia tributria no se restringe ao campo da
tributao, pois importa na distribuio das competncias (poder) para legislar, administrar e
julgar (com exceo do Municpio neste ltimo caso). De qualquer forma, sempre caber ao
Congresso Nacional, rgo legislativo da Federao, a edio de normas de natureza geral.
O sistema de distribuio pode adotar a forma rgida, que se divide em duas
tcnicas:
- nominalista: nomeia os tributos pelo nomem iuris;
- fato gerador: separas os tributos de acordo com o fato jurdico.
A doutrina j pacificou que no existe um sistema perfeito de distribuio de
receita tributria, para se evitar maiores distores a Constituio adotou um sistema misto de
partilha da competncia tributria e de partilha do produto da arrecadao. Na questo da
competncia a Constituio faz a partilha do poder de tributar entre os vrios entes polticos,
temos assim a competncia tributria.
18
A repartio da competncia tributria na ordem constitucional processa de
forma a estabelecer impostos de competncia exclusiva de cada membro federativo (art. 153 a
156 da CF\88). Podemos dizer que existem quatro modalidades de competncia: privativa,
residual, comum e extraordinria.
A competncia comum encontra-se no campo das Taxas e Contribuio de
melhoria. J a privativa refere-se aos impostos, emprstimo compulsrio e as contribuies
especiais, as quais so de competncia exclusiva da Unio.
O Professor Ricardo Lobo Torres apresenta em sua obra7 um quadro da
classificao do sistema tributrio que elucida a questo e que a seguir transcrevo.
Outras regras de repartio da competncia tributria
Alm das regras gerais de repartio da receita temos algumas questes
especificas que devem ser tratadas individualmente por serem excees s regras gerais:
a) art. 147 Estabelece a competncia da Unio sobre os impostos estaduais
nos Territrios, bem como os impostos municipais, naqueles que no forem divididos em
municpios.
b) art. 149, 1 - Estabelece a competncia dos Estados, Distrito Federal e
Municpios criarem contribuio previdenciria a ser cobrada de seus servidores para
financiamento de regime de previdncia prprio.
c) art. 149-A: Institui a possibilidade dos Municpios criarem contribuio para
o custeio de servio de iluminao pblica.
Diviso do produto da arrecadao
Atravs deste instrumento financeiro criou-se o direito de participao dos
entes polticos na arrecadao tributria de outros, ou seja, a arrecadao no total ou
parcialmente apropriada pelo prprio ente competente para instituio do tributo, mas
partilhado com outros.
7 Op cit. p. 363.
19
A participao pode ocorrer de forma direta ou indireta. A primeira se
caracteriza pela entrega dos valores devidos sem qualquer condio (art. 157 e 158). J a
segunda (indireta) feita atravs de fundos de participao (art. 159 e 160 da CF\88), cabendo
a lei complementar estabelecer as regras para a participao (Leis Complementares n 61/89,
62/89 e 91/97), conforme estabelece o art. 161, II da CF/88. As formas de participao esto
definidas na Constituio.
Fundos de Participao
O art. 159 da CF\88 estabelece as participaes dos Estados e Municpios na
arrecadao da Unio, bem como a participao dos Municpios na arrecadao do Estado.
De acordo com o art. 160, vedada a reteno ou qualquer restrio entrega
ou emprego dos recursos objeto da redistribuio. Porm, o mesmo artigo possibilita Unio a
condicionar a entrega do recurso ao cumprimento de determinadas condies. O inciso
primeiro estabelece que a condio de quitao dos dbitos com a Unio e suas autarquias.
Em relao a este caso a lei n 8.212\91, impede a entrega do FPE e FPM para aqueles em
dbito com o INSS.8
Outro caso a previso do inciso II, que vincula entrega dos recursos ao
cumprimento do disposto no art. 198, 2, II e III (aplicao de parte da receita na sade).
O quadro a seguir, retirado da obra do Prof. Ricardo Lobo Torres, apresenta
um relao didtica das formas de participao.
8 Art. 56. A inexistncia de dbitos em relao s contribuies devidas ao Instituto Nacional do
Seguro Social-INSS, a partir da publicao desta Lei, condio necessria para que os Estados, o Distrito Federal e os Municpios possam receber as transferncias dos recursos do Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal-FPE e do Fundo de Participao dos Municpios-FPM, celebrar acordos, contratos, convnios ou ajustes, bem como receber emprstimos, financiamentos, avais e subvenes em geral de rgos ou entidades da administrao direta e indireta da Unio. Pargrafo nico. Para o recebimento do Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal-FPE e do Fundo de Participao dos Municpios-FPM, bem como a consecuo dos demais instrumentos citados no caput deste artigo, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devero apresentar os comprovantes de recolhimento das suas contribuies ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS referentes aos 3 (trs) meses imediatamente anteriores ao ms previsto para a efetivao daqueles procedimentos. (Vide Medida Provisria n 2.187-13, de 24.8.2001)
20
Princpios Constitucionais Tributrios
Princpio um enunciado lgico, implcito ou explcito, que por sua
grande generalidade, ocupa posio de preeminncia nos vastos campos do direito e,
por isso mesmo, vincula, de modo inexorvel, o entendimento e a aplicao das
normas jurdicas que com ele se conectam9. Mandamento nuclear de um sistema,
verdadeiro alicerce que irradia sobre as normas compondo-lhes o esprito e servindo
de critrio para sua exata compreenso inteligncia. So normas com acentuado grau
de abstrao que traam as diretrizes do ordenamento jurdico.
Os princpios esto estabelecidos na Constituio Federal de forma
explicita ou implcita, devendo ser observados por todos que trabalham com as
normas jurdicas sob sua influncia. No campo tributrio vigora os seguintes princpios
explcitos:
Princpio da Capacidade Contributiva
Princpio estabelecido no art. 145, 1 da CF/88, de acordo como qual sempre
que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade
econmica do contribuinte, facultado administrao tributria, especialmente para conferir
efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei,
o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.
O princpio da capacidade contributiva aplica-se somente aos impostos, no
influenciando as outras espcies tributrias. Sua eficcia no abrange todos os impostos, mas
to somente aqueles que tenham estrutura para se verificar a capacidade econmica do
contribuinte.
Est intimamente ligado ao princpio da igualdade, sendo um dos
instrumentos utilizados para se buscar a Justia fiscal. Impondo-se a graduao dos impostos
de acordo com a capacidade econmica do contribuinte. um princpio objetivo, pois no se
refere s condies econmicas reais de cada contribuinte, mas as suas manifestaes
objetivas de riqueza. Por exemplo, podemos ter uma pessoa sem dinheiro, mas que possua um
9 CARRAZZA. Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. Editora Malheiros. 19 ed.
2003. p33.
21
imvel de alto luxo. Dever pagar o IPTU sobre este imvel, mesmo que no tenha capacidade
econmica real.
Este mesmo IPTU, com a EC 29/2000, pode ser progressivo em razo do valor
do imvel esta uma aplicao do princpio da capacidade contributiva.
A doutrina entende que a aplicao deste dispositivo no se restringe aos
impostos de natureza pessoal, abrangendo todos os impostos que comportem progressividade
na alquota, excetuam apenas os impostos sobre o consumo (IPI e ICMS).
Todavia a jurisprudncia vinha afastando a aplicao da progressividade nos
impostos de natureza real (que incidem sobre coisa), por entender que no se aplica o
princpio da capacidade contributiva aos impostos reais. Este posicionamento encontra-se em
aberto com a recente deciso adotada no julgamento do RE 562045/RS10, no qual foi proferido
voto do Ministro Eros Grau entendendo que o princpio aplica-se a todos os tipos de impostos.
Para sua efetiva aplicao no basta que o valor pago pelo contribuinte com
maior poder econmico seja superior ao que tem menor capacidade. imprescindvel que haja
efetiva progressividade na cobrana do imposto. Um exemplo claro de progressividade o
caso do Imposto de Renda da Pessoa Fsica cuja alquota varia de 7,5% a 27,5%. Neste caso,
aquele que tem maior capacidade econmica pagar efetivamente uma carga superior de
imposto.
Princpio da Estrita Legalidade
10
O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinrio interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul em que
se discute a constitucionalidade do art. 18 da Lei 8.821/89, daquele Estado-membro, que prev sistema progressivo de alquotas para o imposto sobre a transmisso causa mortis e doao - ITCD v. Informativo 510. O Min. Eros Grau, em voto-vista, abriu divergncia, e deu provimento ao recurso para declarar a constitucionalidade do dispositivo questionado. Salientou, inicialmente, que o entendimento de que a progressividade das alquotas do ITCD inconstitucional decorre da suposio de que o 1 do art. 145 da CF a admite exclusivamente para os impostos de carter pessoal. Afirmou, entretanto, que todos os impostos esto sujeitos ao princpio da capacidade contributiva, mesmo os que no tenham carter pessoal, e que o que esse dispositivo estabelece que os impostos, sempre que possvel, devero ter carter pessoal. Ou seja, a Constituio prescreve como devem ser os impostos, todos eles, e no somente alguns. Assim, todos os impostos, independentemente de sua classificao como de carter real ou pessoal, podem e devem guardar relao com a capacidade contributiva do sujeito passivo. Aduziu, tambm, ser possvel se aferir a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidncia poder expressar, em diversas circunstncias, progressividade ou regressividade direta. Aps os votos dos Ministros Menezes Direito, Crmen Lcia e Joaquim Barbosa, que acompanhavam a divergncia, pediu vista dos autos o Min. Carlos Britto. RE 562045/RS, rel.Min. Ricardo Lewandowski, 17.9.2008. (RE-562045)
22
Decorre diretamente do artigo 5 da Constituio Federal de 1988 que
estabelece em seu inciso II que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
seno em virtude de lei. Assim, o constituinte especificou o referido princpio para o campo
tributrio incluindo no artigo 150, inciso I da CF/88 que vedado Unio, Estados, Distrito
Federal e Municpios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabelea.
O referido princpio pode ser considerado do ponto de vista formal ou
material. No sentido formal, garante a segurana do contribuinte diante de ente tributrio,
pois o tributo s pode ser criado ou aumentado por deliberao do poder legislativo, mediante
edio de lei. J o material significa que a lei deve estabelecer todos os elementos e supostos
da norma jurdica tributaria, tais como descrever abstratamente a hiptese de incidncia,
sujeito passivo, sujeito ativo, base de clculo e alquota (elementos essenciais do tributo). O
sentido material do princpio da legalidade considerado por alguns doutrinadores como o um
princpio especfico e implcito, chamado de princpio da tipicidade tributria.
Tal princpio um dos mais importantes do Direito tributrio, pois a lei fonte
primria do tributo.
Assim pela estrita legalidade cada ato concreto do fisco, que importe em
exigncia ou aumento de tributo deve estar autorizado em lei. Esta deve limitar a atuao do
fisco.
Exceo: a previso do art. 153, 1 da Constituio Federal que
estabelece a possibilidade da Unio alterar as alquotas dos Impostos de Importao
(II), Exportao (IE), sobre Produtos Industrializados (IPI) e sobre operaes de crdito,
cmbio, seguro ou relativas a ttulos e valores mobilirios (IOF) considerada exceo
ao princpio da legalidade. Tal exceo relativa, pois h previso legal estabelecendo
os limites para a alterao.
Outro caso interessante de ser analisado a possibilidade de criao de
tributos atravs de Medida Provisria e sua adequao com o princpio da legalidade.
Tal possibilidade no uma exceo do princpio da legalidade, mas mera
interpretao sistemtica da Constituio.
Sacha Calmon entende que a Medida Provisria, por no ser ato do
poder legislativo, no por ser instrumento para a criao ou majorao de tributo.
Todavia, este entendimento no est em consonncia com a Jurisprudncia. O
23
Supremo Tribunal Federal j se manifestou quanto possibilidade de criao e
majorao de tributo por meio de medida provisria, atendidas as previses
constitucionais.
Desta forma, h plena possibilidade de utilizao da medida provisria
para a criao e majorao de tributos, exceto em relao aos tributos que exijam lei
complementar, pois a Constituio veda tal procedimento no art. 62.
Com a alterao estabelecida pela Emenda Constitucional n 32/2001, a
utilizao da medida provisria para instituio e majorao de tributo somente surtir
efeito no exerccio seguinte se convertida em lei at o ltimo dia daquele em que foi
editada.
Neste sentido, a partir da referida Emenda Constitucional para a medida
provisria ser validade ela deve ser convertida em lei no exerccio em que foi editada.
A referida norma no se aplica aos impostos de importao (II), exportao (IE), sobre
produtos industrializados (IPI), sobre operaes de crdito, cmbio, seguro ou relativas
a ttulos e valores mobilirios (IOF) e imposto extraordinrio de guerra.
Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)
... III reservada a lei complementar; (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) 2 Medida provisria que implique instituio ou majorao de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, s produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daquele em que foi editada. (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)
Princpio da Isonomia ou igualdade
Decorre do princpio igualdade, segundo o qual todos so iguais perante a lei,
sem distino de qualquer natureza (artigo 5 caput da CF/88). De acordo com o princpio no
pode haver diferena de tratamento entre pessoas que se encontrem em situao
equivalente.
24
No campo tributrio, a Constituio Federal de 1988 em seu art. 150, inciso II
clara em vedar tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situao
equivalente, proibida qualquer distino em razo de ocupao profissional ou funo por eles
exercida, independentemente da denominao jurdica dos rendimentos, ttulos ou direitos.
Com base neste princpio possvel estabelecer diferenas tributrias entre
pessoas que se encontrem em situao desigual. A legislao deve, com base na capacidade
econmica do contribuinte, diferenciar os que possuem maior poder para pagar tributos dos
que so hiposuficientes. Exemplo da aplicao deste princpio o imposto de renda que tem
alquotas progressivas de acordo com as faixas de renda.
Outra decorrncia do princpio da isonomia a impossibilidade da concesso
de vantagens tributrias fundadas em privilgios pessoais, bem como a necessidade de que
haja uniformidade na cobrana dos tributos (art. 151, I da Constituio federal.
Art. 151. vedado Unio:
I - instituir tributo que no seja uniforme em todo o territrio nacional ou que implique distino ou preferncia em relao a Estado, ao Distrito Federal ou a Municpio, em detrimento de outro, admitida a concesso de incentivos fiscais destinados a promover o equilbrio do desenvolvimento scio-econmico entre as diferentes regies do Pas;
Princpio da Irretroatividade da Lei (art. 150, III)
Como regra as leis produzem efeitos a partir de sua publicao, todavia
no h impedimento para que esta produza efeitos passados, desde que
expressamente previsto no texto sua retroatividade e no atinja direito adquirido, ato
jurdico perfeito e coisa julgada.
A regra da irretroatividade est calcada na segurana jurdica, um dos
pilares do Estado Democrtico de Direito, no podendo a lei retroagir para alcana
fatos anteriores a sua vigncia. Assim, a aplicao retroativa ser sempre de forma a
beneficiar aquele que sofre seus efeitos.
No campo tributrio, o art. 150, III, alnea a impede a retroatividade
da lei tributria que institua ou aumente tributo. Desta forma, os fatos ocorridos antes
25
da lei que houver institudo ou majorado o tributo no estaro sob os efeitos desta
nova legislao.
Ressalte-se que h possibilidade de retroatividade da lei no Direito
Tributrio, nos casos previstos no artigo 106 do CTN, que tratam da retroatividade da
lei mais benfica ao contribuinte.
Princpio da Anterioridade
princpio tipicamente tributrio, pois s projeta efeitos no campo dos
tributos. A razo de ser do princpio da anterioridade a segurana jurdica, pois
objetiva evitar que o contribuinte seja colhido de surpresa pela norma tributaria, por
uma despesa que no estava prevista em seu oramento.
O princpio abrange duas formas de anterioridade: a do exerccio e a
nonagesimal ou mitigada, conforme estabelece o art. 150, III, alnea b e c da
Constituio.
Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b; (Includo pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)
De acordo como o princpio a lei que cria ou aumenta um tributo
somente produzir efeitos aps decorridos noventa dias de sua publicao e a partir
do exerccio seguinte11 ao que foi publicada.
11
O exerccio financeiro no Brasil vai de 1 de janeiro a 31 de dezembro, coincidindo com o ano civil. (artigo 34 da Lei n 4.320/64)
26
O prazo da alnea b e c so contados concomitantemente, de forma
que a lei somente produzir no incio do exerccio seguinte ao que foi publicada se
houver decorrido 90 dias.
Exemplo:
a) havendo aumento de um tributo por uma lei publicada no ms de
julho, a cobrana poder ocorrer a partir de 1 de janeiro do ano
posterior. Nesta data ter ocorrido a mudana de exerccio, bem com
decorridos noventa dias.
b) J no caso de uma lei publicada no dia de 15 de novembro sua
cobrana somente poder ocorrer a partir de 12 de fevereiro do ano
seguinte, quando ter transcorrido o prazo de 90 dias e a mudana de
exerccio.
O objetivo do princpio evitar surpreender o contribuinte com uma obrigao
para a qual no se programou, razo pela qual tambm conhecido como princpio da no-
surpresa.
Ocorre que o referido princpio no absoluto, admitindo excees previstas
no artigo 150, 1 da Constituio12. Traando um quadro didtico deste pargrafo temos que:
a) Esto excludos do princpio da anterioridade do exerccio e da
anterioridade nonagesimal os seguintes tributos:
- art. 148, I, CF/88 - Emprstimo Compulsrio para atender despesas
extraordinrias decorrentes de calamidade pblica e guerra (art.);
- art. 153, I, II e V, CF/88 - Impostos incidentes sobre importao (II),
exportao (IE) e operaes crdito, cmbio, seguro ou relativas a ttulos e
valores mobilirios (IOF);
- art. 154, II, CF/88 Imposto extraordinrio de Guerra.
b) esto excludos da anterioridade do exerccio os seguintes tributos
12
1 A vedao do inciso III, b, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedao do inciso III, c, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem fixao da base de clculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)
27
- art. 153, IV da CF/88 - incidente sobre produtos industrializados (IPI).
- art. 177, 4, I, b da CF/88 a mudana de alquota da CIDE incidente
sobre importao ou comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural
e seus derivados e lcool combustvel.
c) esto excludos da anterioridade nonagesimal:
- art. 153, III CF/88 Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza
(IR).
- fixao da base de clculo dos impostos previstos nos artigos 155, III e 156, I
da CF/88 Imposto sobre propriedade de veculo automotor (IPVA) e Imposto
sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU).
As excees estabelecidas na Constituio tm fundamento no fato do Estado
utilizar o tributo de forma extrafiscal, como instrumento de interveno na economia.
Princpio da proibio de tributo com efeito de confisco
Previsto no artigo 150, IV da Constituio Federal/88, estabelece uma garantia
ao contribuinte, ao impedir que o Estado chegue ao ponto de expropri-lo de seu patrimnio
ou renda. O princpio auto-explicativo, no podendo o tributo confiscar o patrimnio do
contribuinte, excedendo seu poder econmico.
A dificuldade saber em que momento o tributo se torna confiscatrio. No
julgamento da ADI-MC n 2010/DF entenderam que a Lei n 9.783/99, ao criar o adicional de
9% ou 14% sobre as contribuies previdencirias infringiu o princpio do no confisco.
Salientaram que o exame do efeito confiscatrio deve ser feito em relao totalidade da
carga tributria criada por determinado ente pblico incidente sobre a capacidade econmica
do contribuinte. O exame se faz pelo conjuntos de tributos incidentes sobre o contribuinte
(seus bens e rendas) e no de forma isolada para cada tributo.
Princpio da no limitao de trfego
28
Previsto no art. 150, V da CF/88 este princpio veda o estabelecimento de
limitaes ao trfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas pelo
Poder Pblico.
No pode o poder pblico instituir um imposto que limite o trfego. A
cobrana do pedgio no se revela inconstitucional por dois motivos. Esta obrigao no tem
natureza tributrio, sendo considerada preo pblico, ademais a constituio ressalvou a
possibilidade de sua cobrana.
Princpio da no cumulatividade
Princpio que inicialmente aplicava-se apenas aos impostos sobre consumo (IPI
e ICMS), de competncia residual e outras fontes de custeio previdencirias. Posteriormente
este princpio foi ampliado para abarcar as contribuies sociais (art. 195, 12 da CF/88).
De acordo com o princpio, o valor devido em uma operao ser compensado
com o que foi pago na operao anterior. Com isto evita-se a incidncia do imposto em
cascata, o que agravaria a carga tributria.
Princpio da seletividade
um princpio decorrente da capacidade contributiva e da isonomia. Aplica-se
obrigatoriamente ao IPI e de forma faculdade ao ICMS, estabelecendo que a alquota do
imposto ser inversamente proporcional essencialidade do produto. Assim, quanto mais
essencial o produto (gneros de primeira necessidade) menor ser o imposto.
Princpio da transparncia
Aplicvel aos impostos, este princpio determina que o contribuinte deve ter
conhecimento dos valores que est pagamento a ttulo de tributo quando adquire um bem ou
servio. Trata-se de uma decorrncia do direito de informao que tem o consumidor.
29
IMUNIDADES
Outra forma de limitao do Poder de Tributar est traduzida nas imunidades
previstas na Constituio, que se caracteriza por ser uma excluso constitucional de
determinados fenmenos econmicos ou pessoas do poder tributrio do Estado. a absoluta
impossibilidade de tributao de determinado fato ou pessoa, por fora de excluso
constitucional, delimitando o campo tributrio13. Proteo dos direitos fundamentais em face
do poder tributrio do Estado. Constituindo limitao ao poder de tributar, por limitar seu
campo de atuao.
Quando a Constituio estabelece determinada imunidade est buscando
proteger valores que entende relevantes para a sociedade e o indivduo. Assim, uma
imunidade sempre ter uma relevante razo poltica que justifica sua criao, conforme
veremos a seguir.
Em relao ao objeto de atuao a Imunidade pode se apresentar:
a) Objetiva: refere-se a coisas (art. 150, VI, d da CF/88)
b) Subjetiva: refere-se pessoa (art. 150, VI, a e c da CF/88)
c) Mista: prev na mesma imunidade a conjugao do objeto coisa e pessoa.
(art. 153, 4, II da CF/88).
Muito se debate sobre a incidncia da imunidade, se estaria limitada aos
impostos ou abrangeria outras espcies tributrias. Entendemos que a imunidade, enquanto
limitador do campo de atuao tributria do Estado, pode abarcar todas as espcies
tributrias. A prpria Constituio estabelece casos de imunidade de contribuio
previdenciria (artigo 195, 7).
Com relao aos impostos, a Constituio Federal estabelece os seguintes
casos de Imunidade:
a) Imunidade recproca (art. 150, VI, a 2 e 3): veda a instituio de
impostos que incidam sobre patrimnio, renda, ou servios dos integrantes da
federao (Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios). O pargrafo segundo
13
CARRAZZA. Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. Editora Malheiros. 19 Ed. 2003. p. 634.
30
amplia a imunidade as Autarquias e Fundaes, institudas e mantidas pelo
Poder Pblico.
Fundamento: dentro do sistema federativo no existe hierarquia entre seus
integrantes, o que vigora a isonomia. Assim, no h possibilidade de
exerccio do poder impositivo tributrio entre os integrantes da federao.
b) templos de qualquer culto (art. 150, VI, b, 4), veda a instituio de
impostos sobre os templos. A vedao engloba todo culto de natureza
religiosa.
Fundamento: a Republica Federativa do Brasil um Estado laico, sem religio
oficial, no qual vigora o princpio da liberdade religiosa (art. 5, VI a VIII da
CF/88). A imunidade tem por objetivo evitar benefcio a determinada ordem
religiosa em detrimento das demais.
c) partidos polticos (art. 150, VI, c, 4), veda a instituio de impostos
sobre o patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas
fundaes.
Fundamento: O partido poltico o instrumento de organizao poltica da
sociedade. atravs dele que os cidados podem participar ativamente da
vida poltica e concorrer aos cargos eletivos da Administrao Pblica. Para
resguardar seu funcionamento impede-se sua tributao.
d) entidades sindicais (art. 150, VI, c, 4), veda a instituio de impostos
sobre o patrimnio, renda ou servios.
Fundamento: objetiva incentivar o sindicalismo, como forma de contraposio
do poder do capital, bem como evitar que se estabelece privilegio entre os
sindicatos.
e) Instituio de Educao e assistncia social (art. 150, VI, c, 4 e art. 195,
7) veda a instituio de impostos sobre o patrimnio, renda ou servios
destas instituies.
Fundamento: incentivar as instituies filantrpicas que atuam em auxlio do
Estado na rea de educao e assistncia social. Neste caso o benefcio
31
somente ser concedido se as instituies cumprirem os requisitos
estabelecidos no art. 14 do CTN. Posteriormente foram editadas as leis n
9.532\97 (art. 12, 2) e lei n 9.732\98 (art. 10), que estabeleceram outros
requisitos, cuja constitucionalidade est sendo contestada.
g) Livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso. (art. 150,
VI, d).
Fundamento: Incentivar a difuso da cultura e garantir a liberdade de
expresso.
Sobre esta imunidade importante informar que Inclui o Imposto sobre
servios de qualquer natureza da fase de elaborao (intermediria) do livro.
Inclui, ainda, as listas telefnicas, filmes e papel fotogrfico, conforme
entendimento do STF.
h) Outras Imunidades dentro do Sistema Tributrio:
- art. 149, 2, I (receitas de exportao);
- art. 153, 3, III (IPI sobre produtos industrializados exportados);
- art. 153, 4, II (ITR sobre pequena gleba rural);
- art. 155, 2, X, a, b e d (ICMS);
- art. 156, 2, I (ITBI em incorporao de capital com imvel).
i) Imunidades fora do Captulo do Sistema Tributrio Nacional:
- art. 195 7 (Contribuies Previdencirias sobre as entidades beneficentes
de assistncia social);
- art. 195, II (contribuio previdenciria sobre aposentadorias e penses do
RGPS);
- art. 184, 5 (transferncia de imveis desapropriados); art. 5, XXXIV, LXXVI,
LXXVII (taxas).
32
Necessrio se faz sabermos distinguir a imunidade de outros institutos de no
incidncia que acarretam o mesmo resultado prtico do no pagamento do tributo. J
estudamos acima o conceito de imunidade, cabe agora conhecermos as demais hipteses para
saber diferenci-las.
a) Iseno: No se confunde com a imunidade, pois tem natureza
infraconstitucional. suspenso da eficcia da norma impositiva. No
conceito clssico significa dispensa legal do pagamento de tributo.
Existe a previso legal para o nascimento da obrigao tributria,
porm a eficcia da norma est suspensa.
b) No incidncia: a no descrio pela lei de determinado fato como
gerador de obrigao tributria. Neste caso, havendo falta de
previso legal, no h nascimento da obrigao tributria.
c) Alquota zero: Nesta h toda formao dos elementos tributrios:
incidncia do fato gerador sobre o suporte ftico tributrio, com
nascimento da obrigao tributria. Somente no momento da
apurao do valor devido que se verificar a inexistncia de
dbito. a supresso do elemento quantitativo.
33
Capitulo IV Fontes do Direito Tributrio
4.1 Constituio
4.2 Lei Complementar
4.3 Lei Ordinria e atos equivalentes
4.4 Tratados Internacionais
4.5 Leis Delegadas
4.6 Atos do Poder Executivo
4.7 Atos do Poder Legislativo
Fontes do Direito Tributrio
Podemos conceituar fontes como sendo o ponto originrio de onde provm
ou nasce a norma jurdica 14. As fontes se subdividem em:
a) Fontes reais ou materiais: so os fatos econmicos que ao se submeterem
s fontes formais ganham eficcia jurdica.15. So os fatos da vida que sofre
a incidncia da norma jurdica tributria, tornando-se fatos jurdicos
tributrios (fato gerador).
b) Fontes formais: Conjunto de normas que compe esse ramo do Direito.
Dogmtica do Direito Tributrio.
O art. 96 do Cdigo Tributrio Nacional enumera as fontes principais, que so:
leis, tratados e convenes internacionais. Alm destas podemos incluir as Medidas Provisrias
(art. 62 da CF/88), convnios de ICMS (art. 155, 2, XII, g da CF/88) e Resoluo do Senado
Federal (art. 155, 2, IV da CF/88).
As fontes secundrias esto tratadas no art. 100 do CTN.
14
MORAES. Bernardo Ribeiro de. Compndio de Direito Tributrio. Rio de Janeiro. Ed. Forense. 1994, p. 4-5. 15
ROSA JR. Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Financeiro e Direito Tributrio. Rio de Janeiro. Ed. Renovar. 2003, p. 174.
34
Ateno: No toda fonte principal que pode instituir ou majorar tributos,
definir hipteses de incidncia, sujeito passivo, base de clculo, alquota etc. Pelo princpio da
legalidade somente lei no sentido formal pode criar tais obrigaes (Lei Ordinria, Lei
Complementar e Medida Provisria).
Ao adentrarmos no estudo especfico das fontes do direito tributrio, a seguir
enumeradas, podemos desde j definir a hierarquia existente entres as diversas fontes, de
forma a estabelecer qual ir prevalecer em caso de conflito de normas:
a) Constituio e suas emendas
- Principal fonte formal do Direito, tendo prevalncia sobre as demais normas
jurdicas. No campo tributrio tem a funo de fixar os princpios bsicos e
normas nucleares pertinentes aos Tributos. No cria tributo, mas estabelece o
Poder de Tributar, a competncia tributria e as limitaes deste poder de
tributar.
As emendas constitucionais podem ser declaradas inconstitucionais quando
contrariarem clusulas ptreas da Constituio.
b) Lei Complementa
Tem a funo de estabelecer as normas gerais em matria tributria (art. 146
da CF/88). Possui, ainda, a competncia para criar determinados Tributos (art.
148, 151, I, 155, 1, III, CF/88)
c) Lei Ordinria
Norma por excelncia para a criao dos tributos, que tem a funo de
estabelecer todos os requisitos para o nascimento da obrigao tributria.
* De acordo com a posio adotada pelo STF no julgamento do RE 377457/PR
no h hierarquia entre a Lei Complementar e a Lei Ordinria.
d) Medida Provisria
Aps diversas decises da jurisprudncia foi aceita como instrumento
normativo para a instituio e majorao de tributos. Atualmente a edio de
35
MP permitida pelo art. 62, devendo ser observados os requisitos do 1, III e
2.
e) Lei Delegada
A doutrina diverge quanto a sua utilizao no Direito Tributrio, pois parte da
doutrina no a considera como fonte do direito Tributrio por entender que a
competncia tributria indelegvel (art. 7 do CTN). Com a possibilidade de
edio de Medida Provisria caiu em desuso.
f) Decreto Legislativo
Aplica-se ao Direito Tributrio quando aprova tratados e acordos
internacionais sobre tributao.
g) Resoluo: Pode ser do Congresso Nacional ou de uma de suas casas para
regular determinadas matrias, em especial fixao de alquota mnima e
mxima (art. 155, 1, IV e 2, IV, V, a e b da CF/88).
h) convnios interestaduais:
Utilizado para fixar a forma como os Estados concedero benefcios fiscais no
ICMS (art. 155, 2, XII g da CF/88).
i) Decreto: Tem funo meramente regulatria no Direito Tributrio, pois
neste vigora o princpio da legalidade estrita, devendo toda imposio
decorrer de lei. Todavia o decreto pode impor obrigao acessria (art. 113, 2
CTN). Nos casos previstos no art. 153, 1 da CF/88, pode ser utilizado para
alterar alquota de impostos.
J as fontes formais secundrias esto previstas no artigo 100 do Cdigo
Tributrio Nacional. Sua aplicao no Direito Tributrio por demais restrita em razo do
princpio da legalidade.
36
Capitulo V Vigncia e Aplicao da Legislao Tributria
5.1 Vigncia no espao e no tempo
5.2 vigncia no tempo
5.3 Aplicao da Legislao Tributria
Vigncia da Lei
Lei vigente: aquela suscetvel de aplicao desde que se faam presentes os
fatos previstos em sua hiptese de incidncia. Publicada uma lei preciso identificar em que
momento ela passa a vigorar e durante quanto tempo, bem como o espao em que ir viger
16.
No mbito do direito tributrio o art. 101 do CTN, determina que a vigncia
das leis tributrias segue as mesmas regras das demais leis, ou seja, aplicam-se as normas da
LICC (Lei de Introduo ao Cdigo Civil DL 4.657\47). Por se tratar de norma geral admite
disposio em contrrio na lei especial.
Vigncia no espao.
A vigncia da lei tributria segue o princpio da territorialidade, tendo validade
no espao, territrio, da pessoa jurdica de direito pblico responsvel pela tributao, todavia
o prprio CTN, no art. 102, admite a extraterritorialidade.
O maior problema quanto a extraterritorialidade das normas tributrias, diz
respeito a sua aplicao internacional. Hoje com a economia globalizada factvel que o
contribuinte seja tributado sobre um fato que ocorreu no exterior. Ex. Compra e venda de uma
imvel no exterior com ganho de capital, sendo o vendedor domiciliado no Brasil. Tais casos
podem gerar vcios de bitributao, pois poderia haver incidncia de tributo do pas de
localizao do bem e incidncia de tributao sobre o ganho de capital do domiciliado no
Brasil.
Estas questes so solucionadas por tratado que asseguram a compensao
dos tributos pagos no exterior ou previso na legislao nacional de possibilidade de
16
AMARO. Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo. Ed. Saraiva. 14 Edio. 2008. p. 193.
37
aproveitamento do valor pago no exterior, desde que o pas de origem adote o mesmo
procedimento em relao aos valores pagos no Brasil (princpio da reciprocidade).
Vigncia no tempo
Neste ponto aplica-se a previso da Lei de Introduo ao Cdigo Civil que
tratam a matria de acordo com os seguintes tpicos.
- vacatio legis de 45 dias, salvo disposio em contrrio (art. 1);
- se dentro da vacatio legis ocorrer nova publicao destinada a correo, o
prazo comea a correr novamente (art. 1, 3 e 4);
- no havendo limite temporal, a lei vigora at que seja revogada de forma
expressa ou tcita (art. 2);
- lei de carter geral no revoga a de carter especial, nem o contrrio (art. 2,
2)
- no h repristinao, salvo disposio em contrrio (art. 2, 3)
J as normas complementares possuem vigncia no tempo diversa das normas
principiais, sendo reguladas pelo que dispe o art. 103 do CTN.
A vacatio legis da lei tributria deve ser interpretada de forma a obedecer ao
princpio da anterioridade. Assim, somente pode entrar em vigor no exerccio seguinte e/ou no
prazo de 90 dias, dependendo do tributo.
No h qualquer impedimento para que seja fixado na Lei um prazo de
vigncia superior ao previsto na Constituio, esta trata apenas dos prazos mnimos.
Aplicao da Legislao Tributria
No Direito Tributrio a aplicao da lei segue o disposto no art. 105 do CTN: A
legislao tributria aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes,
assim entendidos aqueles cuja ocorrncia tenha tido incio mas no esteja completa nos termos
do artigo 116.
O artigo no comporta grande debate com relao a sua aplicao a fatos
futuro, todavia em relao fatos pendentes grassa grande controvrsia na doutrina, pois
38
muitos entendem que tal norma no est em consonncia com a Constituio. Tratando-se de
fato complexo, o questionamento que fica qual norma ser a aplicada ao contribuinte, o
questionamento que fica qual norma ser aplicada ao contribuinte? Entendo que, iniciada
concretizao da fato gerador aplica-se a norma que ento vigorava, mesmo que no curso
deste venha ocorrer alterao da lei. No se admite no mbito tributrio que o contribuinte
seja surpreendido por uma tributao que no tinha conhecimento.
Como j visto quando do estudo do princpio da irretroatividade no pode
haver retroatividade no caso de instituio ou majorao de tributos. Todavia o CTN admite
alguns casos de atividade retroativa da lei no artigo 106, so eles:
- lei interpretativa: o caso de edio de uma lei pelo Congresso Nacional que
tem a nica funo de interpretar uma norma j posta. Dispositivo que tem
forte rejeio, pois a interpretao de uma lei no cabe ao Congresso, mas ao
Poder Judicirio;
- lei mais benigna em matria de infrao; caso tpico de retroatividade de
uma norma, que ser aplicada ao caso no definitivamente julgado quando
deixar de defini-lo como infrao e reduza a penalidade.
Captulo VI Interpretao e Integrao da Legislao Tributria
6.1. Interpretao no Direito Tributrio
a) analogia
b) princpios gerais do Direito Tributrio
c) princpios gerais do Direito Pblico
d) Equidade
6.2. Interpretao: Mtodos
6.3 Interpretao econmica
6.4 Evaso, Eliso, sonegao e fraude
39
Interpretao da Legislao tributria
Interpretar o ato de identificar o sentido e alcance da norma, sempre
necessria para que se possa aplicar a lei ao caso concreto. No processo de interpretao o
interprete deve considerar as questes de ordem lxica, lgica, sistemtica, histrica e
teleolgica17.
Nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho, interpretar percorrer os
planos da sintaxe, semntica e pragmtica, compondo a significao adequada do produto
legislado.18
O CTN estabelecer, art. 107, que a legislao tributria deve ser interpretada
de acordo com as disposies do Cdigo, todavia este disciplina a matria de forma deficiente
apresentando pouqussimas normas de interpretao, o que obriga o interprete a utilizar os
mtodos da Hermenutica, conjugado com as previses do CTN.19
De acordo com Luciano Amaro o interprete deve partir do exame do texto
legal, perquirindo o sentido das palavras utilizadas pelo legislador (na chamada interpretao
literal ou gramatical), cumpre-lhe, porm, buscar uma inteligncia do texto que no descambe
para o absurdo, ou seja, deve preocupar-se com dar norma um sentido lgico (interpretao
lgica), que a harmonize com o sistema normativo em que ela se insere (interpretao
sistemtica), socorrendo-se da anlise das circunstncias histricas que cercaram a edio da
lei (interpretao histrica), sem descurar das finalidades a que a lei visa (interpretao
finalstica ou teleolgica).
Apesar de pouco tratar da questo da interpretao, o CTN estabelece alguns
casos que devem ser observados. O art. 111 determina que deve ser adotada a interpretao
literal nos artigos que tratam de:
- suspenso ou excluso do crdito tributrio (arts. 151 e 175 do CTN);
- outorga de iseno;
- dispensa do cumprimento de obrigao acessria.
17
Op. Cit. p. 205 18
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. Ed. Saraiva, 18 edio, pg. 101. 19
AMARO. Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo. Ed. Saraiva. 14 Edio. 2008. p. 209.
40
Prev, ainda, o CTN (art. 112) que a interpretao deve se dar de forma mais
benigna ao contribuinte sempre que se tratar de infraes.
Integrao da norma tributria
J a integrao se caracteriza como o processo mediante o qual se busca
preencher eventual lacuna ou omisso da lei. A integrao no feita margem do Direito,
deve o aplicador buscar o direito que melhor se ajuste ao caso, tendo em vista o sistema em
que est inserido.
O art. 108 do CTN estabelece de que forma se dar a integrao das normas
tributrias lacunosas. Entende-se, a par do que dispe o artigo, que tal dispositivo no
dirigido apenas ao agente pblico, mas a todo intrprete da norma.
Outra questo relevante encontra-se no fato do CTN estabelecer uma
hierarquia nas fontes de integrao da norma tributria, a questo muito debatida na
doutrina, que afirma no existir fundamento jurdico, lgico e filosfico para tal
hierarquizao. Tal hierarquizao pode gerar erros no processo de integrao, pois nem
sempre o melhor instrumento a analogia. Esta pode se chocar com um princpio do Direito
Tributrio que no caso prevalecer, pois de hierarquia constitucional, superior. Assim, restaria
afastada a aplicao sucessiva dos instrumentos.
O CTN prev os seguintes instrumentos de integrao:
a) analogia: aplicao em um determinado caso, para o qual inexiste preceito
expresso, de norma legal prevista para situao semelhante. vedada como forma de
exigncia de tributo. Da mesma forma no pode no seu uso prever iseno, anistia ou
dispensar o cumprimento de obrigao acessria (art. 111 do CTN);
b) princpios gerais de direito tributrio: A doutrina distingue duas forma de
analogia: juris e legis. A analogia jris a que busca a conformao do caso concreto ao
conjunto do sistema, em especial dos princpios que o regulam;
c) princpios gerais de direito pblico: Devem ser utilizados da mesma forma
que o item anterior, incluindo-se os princpios gerais do direito;
41
d) a equidade: corresponde ao conceito de justia, a deciso mais justa para o
caso concreto. Deve o interprete ter em mente que nem sempre a legalidade, o direito posto,
corresponde ao conceito de justia. Mesmo porque este extremamente subjetivo. Na
integrao deve o interprete buscar a norma que seja mais justa s partes. Sua aplicao
vedada para dispensar pagamento de tributo devido. (art. 108, 2)
Capitulo VII- Obrigao Tributria
7.1 Conceito e noo
7.2 Obrigao Principal e Obrigao Acessria
Obrigao
O vocbulo obrigao pode ser entendido de duas formas que seriam: a)
relao jurdica (vnculo) que une em plos opostos o credor (sujeito ativo) e o devedor
(sujeito passivo), tendo o primeiro o direito ao recebimento de determinada prestao e o
segundo a obrigao de prest-la; b) pode tambm representar a prpria prestao que tem
de ser cumprida pelo devedor.
Podemos, ainda, conceitu-la como relao entre pessoas, por fora da qual se
atribuem direitos e deveres respectivos. As obrigaes podem se originar em razo da vontade
do agente ou por fora da lei, respectivamente obrigao ex voluntatis ou ex leges.
As obrigaes tributrias, como j visto, caracterizam-se por ser uma
obrigao decorrente da lei (ex leges), portanto seu nascimento independe da vontade do
agente. Ocorrido o fato gerador nasce a obrigao tributria, ainda que no seja desejo do
devedor, portanto trata-se de obrigao de nascimento compulsrio.
No direito tributrio as obrigaes se dividem em:
- Obrigao Principal (art. 113, 1 do CTN): Esta nasce com a ocorrncia do
fato gerador ou pela imposio de penalidade pecuniria em razo de descumprimento da
42
obrigao acessria. Ser sempre uma prestao de natureza pecuniria (obrigao de dar
dinheiro).
- Obrigao Acessria (art. 113, 2 do CTN): So as prestaes negativas ou
positivas (obrigaes de fazer ou no fazer). No esto, necessariamente, ligadas ocorrncia
do fato gerador, mas deve existir uma ligao ainda que indireta. Como exemplo podemos
citar a obrigao de declarar a renda no final do exerccio (declarao de imposto de renda),
aceitar que o fiscal adentre a empresa e lhe disponibilizar a contabilidade, prestar declaraes
Fazenda Pblica etc.
A obrigao acessria quando descumprida d ensejo incidncia de uma
penalidade administrativa, caso a penalidade seja pecuniria (ex. multa) se converter em
obrigao principal (art. 113, 3 do CTN). Esta converso ocorre em razo da natureza das
obrigaes. Como a obrigao principal ser sempre uma prestao pecuniria e a obrigao
acessria ser sempre uma prestao (obrigao) de fazer ou no fazer, a imposio da
penalidade pecuniria se torna uma obrigao principal.
Captulo VIII Fato Gerador
8.1. Noes e Espcies
8.2 Elementos e efeitos do fato gerador
Fato Gerador
Como vimos a obrigao tributria pode ser principal ou acessria, seguindo
esta lgica o CTN estabelece dois tipos de fato gerador:
a) Fato gerador da obrigao principal (art. 114);
b) Fato gerador da obrigao acessria (art. 115).
O fato gerador da obrigao principal sempre estudado no aspecto material
(elemento objetivo): a descrio legal de situao material que d nascimento obrigao
43
tributria (ex. adquirir renda, propriedade de bem imvel etc.). Em torno deste aspecto
material h outros fatores necessrios para a identificao da obrigao tributria, que so:
a) o elemento subjetivo: refere-se s pessoas presentes nos plos da relao
obrigacional. O sujeito ativo a pessoa (estatal ou no) credora da obrigao. J o sujeito
passivo o devedor. A identificao feita em funo do aspecto material.
b) o elemento quantitativo: so os elementos utilizados para apurar o valor a
ser pago. Pode ocorrer da norma j fixar o valor devido (taxa) ou estabelecer uma operao
matemtica para se chegar ao valor, mediante a aplicao de um percentual (alquota) sobre
uma medida de grandeza (base de clculo).
c) o elemento espacial: est ligado rea de atuao do sujeito ativo. o lugar
de ocorrncia do fato gerador.
d) o aspecto temporal: o momento da ocorrncia do fato gerador.
importante para verificar a lei aplicvel ao caso.
O fato gerador pode ser classificado de diversas formas, algumas so
importantes para conhecermos a estrutura de certos tributos. Assim podemos dividi-lo,
segundo Luciano Amaro20, em:
a) Quanto forma de incidncia
- instantneo: que ocorre em determinado momento do tempo, caracterizado
por um negcio jurdico singular (ex. importao de mercadoria).
- peridico: quando sua realizao ocorre em longo espao de tempo. A soma
de todos os fatos ocorridos d nascimento a obrigao tributria (ex. imposto
de renda).
c) continuado: se caracteriza em situaes que se mantm perene no tempo,
sendo mensurado por um corte temporal, determinado dia do ano (ex. IPTU).
20
Op. Cit. 267 a 271.
44
Qual o momento da ocorrncia do fato gerador? O CTN prev (art. 116) dois
momentos especficos:
a) nas situaes fticas, quando presente as circunstncias matrias para que
produza os efeitos que lhes so prprios;
b) nas jurdicas, quando presentes todos os requisitos previstos na lei.
No caso das situaes jurdicas, tratando-se de negcio jurdico sujeito a
condio, fato gerador ser considerado ocorrido quando:
a) se suspensiva a condio desde o momento de seu implemento. Na
condio suspensiva o negocio produz efeitos somente a partir da ocorrncia da condio, pois
foi realizado e teve sua eficcia suspensa at a ocorrncia do evento. Assim, do ponto de vista
tributrio, o fato gerador ir ocorrer futuramente.
b) se resolutria a condio, considera-se ocorrido o fato gerador desde o
momento da realizao do negcio, pois este produziu plenos efeitos. A ocorrncia da
condio era resolver (terminado) o negcio, com efeitos no retroativos.
A ocorrncia do fato gerador acarreta alguns efeitos que so importantes na
sua definio, entre os principiais podemos citar:
- fixa o momento em que se materializa a Obrigao Tributria Principal (art.
113, 1 do CTN);
- identifica o sujeito passivo (devedor);
- determina o regime jurdico (legislao) a ser aplicado Obrigao Tributria.
- permite a definio do aspecto quantitativo.
Fato gerador e a Tributao de atos ilcitos.
45
Prev o artigo. 118 do CTN que a interpretao do fato gerador feita
abstraindo-se a validade jurdica e efeitos dos atos praticados. Qual seria o alcance desta
norma, haveria possibilidade de tributao de atos nulos ou ilcitos?
A referida norma no tem a amplitude que lhe tentou dar alguns
doutrinadores. O referido preceito no positiva a tributao de fatos ilcitos, posto que o
tributo nasce da ocorrncia de uma situao ftica estabelecida em lei. Seria ilgico o Estado
estabelecer uma situao que considera ilcita como hiptese de incidncia, pois seria o
mesmo que legitimar a prtica.
Sabemos que determinados atos para serem validos devem ser praticados por
agente capaz, forma prescrita ou no defesa (proibida) em lei e objeto lcito. Faltando algum
destes requisitos o ato ser nulo ou anulvel, conforme o caso. Todavia, para fins tributrios
este ato tem plena validade, sendo exigido o tributo decorrente de sua concretizao, ainda
que eivado de vcio.
Captulo IX Sujeitos da Obrigao Tributria
9.1 Sujeito Ativo
9.2 Sujeito Passivo
9.2.1 Contribuinte
9.2.2 Responsvel
9.2.3 Responsabilidade no CTN
A relao obrigacional se caracteriza pela bipolaridade, no mnimo, com a
presena do credor e do devedor. No plo ativo est aquela pessoa