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 DIREITO TRIBUTÁRIO

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  • DIREITO TRIBUTRIO

  • 1

    NDICE

    Captulo I Direito Tributrio: Conceito ....................................................................................... 2

    Capitulo II Tributo: Conceito e Espcies ..................................................................................... 3

    1 Conceito de tributo ............................................................................................................. 3

    2 - Espcies Tributrias .............................................................................................................. 3

    2.1. Teorias ......................................................................................................................... 3

    2.2. Espcies: ...................................................................................................................... 3

    Capitulo III Sistema Tributrio Nacional ................................................................................... 12

    1 Sistema Constitucional Tributrio ..................................................................................... 12

    2 - Limitaes ao Poder de Tributar ........................................................................................ 15

    Capitulo IV Fontes do Direito Tributrio .................................................................................. 33

    Capitulo V Vigncia e Aplicao da Legislao Tributria ........................................................ 36

    Captulo VI Interpretao e Integrao da Legislao Tributria ............................................. 38

    Capitulo VII- Obrigao Tributria ............................................................................................... 41

    Captulo VIII Fato Gerador ........................................................................................................ 42

    Captulo IX Sujeitos da Obrigao Tributria............................................................................ 45

    Captulo XI Suspenso da Exigibilidade do Crdito Tributrio ................................................. 56

    Captulo XII Extino da Obrigao Tributria .......................................................................... 58

    Captulo XIII Excluso do Crdito Tributrio ............................................................................. 61

    Captulo XIV Garantias e Privilgios do Crdito Tributrio....................................................... 64

    Captulo XV Administrao Tributria ...................................................................................... 66

    Captulo XVI Impostos Federais no Sistema Tributrio Brasileiro ............................................ 68

    Captulo XVII Impostos Estaduais no Sistema Tributrio Brasileiro ......................................... 72

    Captulo XVIII Impostos Municipais no Sistema Tributrio Brasileiro ...................................... 74

    BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 78

  • 2

    Captulo I Direito Tributrio: Conceito

    O Direito enquanto sistema jurdico no comporta qualquer diviso, o que

    afasta a existncia de ramos do direito, uma cincia una. Todavia, para fins didticos, admite-

    se a existncia de ramos de forma a facilitar sua apresentao aos estudantes. Atualmente A

    presenciamos a especializao da carreira com a criao de Bancas de Advogados para

    determinadas reas ou divises internas dentro de escritrios de grande porte, bem como

    especializao de varas ou Justia (ex: Justia do Trabalho).

    O ramo tributrio no diverge dos demais, sendo sua denominao e a

    definio de seus limites mero exerccio didtico. Assim, apesar de ser considerado um ramo

    autnomo1 do Direito, no h uma diviso que o afaste dos demais ramos. Ao contrrio, as

    normas jurdicas tributrias esto permeadas de conceitos e institutos de outros ramos do

    Direito. Como exemplo, citamos a cobrana do Imposto Predial e Territorial Urbano que tem

    por fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de bem imvel por natureza ou

    acesso fsica (art. 32 do CTN). O artigo tem seus conceitos estabelecidos pelo ramo do Direito

    Civil que define o que propriedade, posse, domnio til, bem como bem imvel. Percebe-se,

    assim, que no h uma diviso estanque do Direito, mas mera diviso didtica. Com base neste

    postulado devemos compreender o conceito de Direito Tributrio dentro de todo o sistema

    jurdico.

    Analisando a doutrina, verificamos diversos conceitos utilizados pelos

    principiais Autores. Paulo de Barros Carvalho conceitua do Direito Tributrio como ramo

    didaticamente autnomo do direito, integrado pelo conjunto das proposies jurdico-

    normativas que correspondam, direta ou indiretamente, instituio arrecadao e

    fiscalizao de tributos. 2 Luciano Amaro, de forma sucinta, define o Direito Tributrio como a

    disciplina jurdica dos tributos.3 Este mesmo doutrinador cita Rubens Gomes de Souza que o

    conceitua como ramo do Direito Pblico que rege as relaes jurdicas entre o Estado e os

    particulares decorrentes de atividade financeira do Estado, no que se refere obteno de

    receitas que correspondem ao conceito de tributos.

    1 A autonomia do Direito Tributrio questo pacifica na doutrina, pois com o crescimento da

    importncia do estudo dos tributos este se descolou do Direito Financeiro. 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. Ed. Saraiva, 18 edio, pg. 15.

    3 AMARO, Luciano. Direito Tributrio Brasileiro, Ed. Saraiva, 14 edio, pg. 2.

  • 3

    A doutrina est repleta de conceituaes diversas, o importante entender

    que este ramo do Direito regula as relaes jurdicas de natureza tributria entre credor e

    devedor.

    Capitulo II Tributo: Conceito e Espcies

    1 Conceito de tributo

    2 - Espcies Tributrias

    2.1. Teorias

    2.2. Espcies: a) Impostos

    b) Taxa

    b1) Taxa pelo exerccio do Poder de Polcia

    b2) Taxa de servio

    c) Contribuio de Melhoria

    d) Emprstimo Compulsrio

    e) Contribuies Especiais

    e1) sociais

    e2) interventivas

    e3) corporativas

    e4) iluminao pblica

    Conceito: Alguns doutrinadores criticam o fato do prprio Cdigo Tributrio

    Nacional conceituar o vocbulo Tributo. De acordo com o art. 3 Tributo toda prestao

    pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua

    sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente

    vinculada.

  • 4

    Apesar de criticado o conceito extremamente til, pois dele podemos retirar

    as principais caractersticas dos tributos, que segundo Paulo de Barros Carvalho so4:

    a) compulsria: devemos compreender a compulsoriedade da obrigao

    tributria no sentido de que esta nasce independente da vontade do devedor. Trata-se de

    obrigao ex lege, decorrente da lei, que para sua formao no depende da vontade do

    agente. As obrigaes de acordo com sua formao podem ser decorrentes da lei ou da

    vontade da parte. Na primeira o nascimento do vnculo obrigacional nasce independente da

    vontade do agente, que o caso da obrigao tributria. J na segunda o nascimento do

    vinculo obrigacional decorre de uma manifestao, tcita ou expressa, da vontade do agente

    (ex. contrato de aluguel).

    b) Pecuniria: todo tributo deve ser expresso em moeda, no h previso no

    nosso ordenamento de tributo in natura ou in labore. Todavia, alguns doutrinadores,

    entendem que ao afirmar que tributo toda prestao pecuniria ou cujo valor nela se possa

    exprimir o Cdigo estabeleceu a possibilidade de criao de tributo in natura.

    c) Que no constitua sano de ato ilcito: o tributo no penalidade, seu

    nascimento decorre de uma ao lcita do contribuinte. No se confunde tributo com sano,

    pois esta decorre de um ilcito que pode ser penal, administrativo, civil, tributrio, etc.

    d) Prestao instituda em lei: decorrncia do princpio da legalidade e

    tipicidade. A instituio ou majorao de um tributo somente pode ocorrer por lei ou ato

    normativo com fora de lei (Medida Provisria). A lei deve esgotar todos os elementos da

    obrigao tributria: definio do fato gerador, alquota, base de clculo, sujeito passivo,

    penalidades, hipteses de excluso (iseno).

    e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada:

    significa que o Agente do Estado tem o deve do cobrar o tributo quando institudo, da mesma

    forma que deve se ater aos procedimentos estabelecido na lei. O lanamento atividade

    exclusiva da administrao.

    Para a definio das espcies tributrias devemos entender que o Tributo o

    gnero que comporta diversas espcies, segundo o CTN: impostos, taxas e contribuio de

    melhoria (artigo 5).

    4 Op cit. Pg. 25/27

  • 5

    Fiscalidade e Extrafiscalidade

    De regra todo tributo tem por objetivo fiscal, que o de obter receitas para

    custear as despesas do Estado. A finalidade da criao dos tributos foi conceder ao Estado um

    instrumento que possibilitasse obter renda para possibilitar atender as suas finalidades.

    Com o desenvolvimento da tributao este instrumento (tributo) comeou a

    ser utilizado com outra finalidade. Com o crescimento do Estado e a necessidade deste

    regulamentar o poder econmico, surgiu a possibilidade da utilizao do tributo como

    instrumento de regulao da atividade econmica, aparecendo o que se conhece como

    aplicao extrafiscal do tributo ou extrafiscalidade.

    Neste caso, o tributo utilizado no com o objetivo de arrecadar fundos ao

    Estado, mas com a finalidade de regulamentar a atividade econmica.

    Exemplos de tributos com esta finalidade so os imposto de importao e

    exportao. Havendo interesse do Estado em facilitar ou dificultar o comrcio exterior de

    determinados produtos poder, respectivamente reduzir ou aumentar a alquota destes

    impostos.

    ESPECIES TRIBUTRIAS

    O debate em torno da definio das espcies tributrias, que j foi acirrado,

    arrefeceu com a Constituio Federal de 1988 que estabeleceu a natureza tributria do

    emprstimo compulsrio e das contribuies sociais.

    O CTN adotou a diviso tripartite das espcies tributrias: Impostos, taxas e

    contribuio de melhoria. Quando a edio do Cdigo percebeu-se que esta classificao no

    incluiria outras contribuies ento cobradas, razo pela qual foi acrescentado o art. 217, pelo

    Decreto-lei n 27/66, que possibilitou a cobrana das contribuies sociais.

    Com o advento da atual Constituio o debate perdeu flego, pois esta incluiu

    as contribuies e o emprstimo dentro do Sistema Tributrio Nacional.

  • 6

    A definio destas espcies, ou seja sua natureza jurdica, obtida pela anlise

    do fato gerador da obrigao. O artigo 4 do CTN dispe que basta o estudo deste parmetro

    para se definir a natureza especfica de cada tributo, porm devemos coteja o fato gerador

    com a base de clculo para confirmar se a classificao est correta. Assim, os tributos so

    divididos em:

    a) vinculados:

    So os tributos vinculados a uma atividade estatal, que para viabilizar a

    cobrana necessrio alguma atividade do Estado a favor do contribuinte. Incluem-se neste

    rol: Taxas e Contribuies de Melhoria

    b) no vinculados: Tributos que independem de uma atividade estatal para

    serem cobrados. Incluem-se neste classificao os Impostos, Emprstimos Compulsrios

    As contribuies sociais, em razo de sua natureza hibrida, poderiam ser

    classificadas ora como taxa, ora como tributo imposto, dependendo de sua formatao.

    Todavia esta classificao seria insuficiente, pois no reproduziria com fidelidade as espcies

    acima tratadas. As contribuies s vezes no esto vinculadas a qualquer atividade estatal

    para sua cobrana, como a Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social incidente

    sobre o faturamento das empresas. J a contribuio destinada a Previdncia Social paga pelos

    empregados apesar de no ter como fato gerador a prestao de um servio de Previdncia

    pelo Estado, tem sua cobrana ligada prestao de um servio de Seguro Social (Previdncia

    Pblica).

    A definio da natureza jurdica das contribuies passa pela destinao de

    sua arrecadao, ou seja, a finalidade de sua cobrana direcionada para determinada entidade

    estatal ou paraestatal. Quando se tratar de uma cobrana destinada rea social, interveno

    no domnio econmico ou em interesse de categoria profissional ou econmica, estaremos

    diante de uma contribuio.

    Conhecida a natureza jurdica dos tributos, analisemos cada um

    separadamente.

  • 7

    Imposto: Tributo que tem por fato gerador uma situao independente de

    qualquer atividade estatal especfica relativa ao contribuinte (art. 16 do CTN). Classifica-se no

    rol dos tributos no vinculado. Assim, seu fato gerador composto de uma situao que para

    sua ocorrncia no h qualquer atividade do Estado. Como exemplo podemos citar o Imposto

    de Renda cujo nascimento da obrigao independe de qualquer ao estatal.

    A diviso da competncia dos Impostos definida pela Constituio Federal

    nos artigos 153 a 156, no podendo haver cobrana de impostos diversos dos previstos, salvo

    a Unio que detm a competncia residual. No se admite, tambm, que determinado um

    ente cobre imposto da competncia de outro, ainda que esta competncia no esteja sendo

    exercida pelo titular.

    Os impostos podem ser subdivididos em diversas categorias:

    a) De acordo com a regularidade

    Extraordinrio: o imposto cobrado apenas de forma eventual, em razo de

    fato(s) especfico(s) (ex. Imposto extraordinrio de guerra art. 154, II da

    CF\88).

    Ordinrio: so os impostos que integram de forma permanente o sistema

    tributrio.

    b) Quanto transferncia do encargo:

    Direto: No admite repercusso econmica do valor devido, ou seja, o

    fabricante ou comerciante no repassa ao consumidor o valor do tributo de

    forma destacada do preo.

    Indireto: Admite a repercusso para o contribuinte de fato. Nestes Imposto o

    valor devido cobrado de forma destacada, repassando-se ao consumidor o

    valor devido. O consumidor o contribuinte de fato, aquele que realmente

    paga o imposto. Enquanto o comerciante ou fabricante o contribuinte de

    direito, pessoa prevista na lei como responsvel por arrecadar o tributo. Os

    impostos indiretos incidem sobre consumo e circulao de mercadorias.

    c) Em razo da pessoa:

  • 8

    Pessoais: sua incidncia visa diretamente a pessoa do contribuinte (ex.

    Imposto de Renda)

    Objetivos (Reais): visam unicamente a matria tributvel, a coisa, (Imposto

    Predial Territorial Urbano)

    Taxa

    Tributo de competncia comum da Unio, Estado, Distrito Federal e

    Municpios, cujo fato gerador vinculado a uma atuao especfica do Estado em relao

    contribuinte, consistente no exerccio regular do poder de policia (art. 78 do CTN) ou na

    utilizao efetiva ou potencial de servio pblico divisvel e especfico (art. 77 do CTN).

    O poder de polcia definido no prprio CTN, artigo 78, como a atividade da

    administrao pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a

    prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana,

    higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de

    atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico,

    tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. o

    prprio poder de regulamentao e fiscalizao pelo Estado da atuao do individuo, que

    quando acionado possibilita a cobrana da taxa. Como exemplo podemos citar a taxa cobrada

    pelo Instituto de Metrologia para a aferio da preciso das balanas utilizadas no comrcio ou

    a cobrana efetuada pela expedio de alvar de construo.

    A taxa tem ainda por fato gerador a utilizao potencial ou efetiva de servio

    pblico especfico e divisvel, que segundo o CTN so:

    Servio pblico especfico: quando possam ser destacados em unidades

    autnomas de interveno, de unidade, ou de necessidades pblicas.

    Divisvel: quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada

    um dos seus usurios.

    Utilizao efetiva: quando por ele usufrudos a qualquer ttulo.

    Utilizao potencial: quando, sendo de utilizao compulsria, sejam

    postos sua disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.

  • 9

    Por este dispositivo devemos entender que basta ao Estado se aparelhar para prestar

    o servio, colocando-o disposio do contribuinte para possibilitar a cobrana da

    Taxa. Em alguns casos no h obrigatoriedade na utilizao do servio, mas a Taxa ser

    devida independente de sua utilizao.

    A taxa na sua configurao no pode ter a mesma base de clculo dos

    impostos (art. 145, 2 da Constituio Federal). Sua base de clculo sempre ser vinculada ao

    preo do servio, pois este tributo uma contraprestao pelo servio prestado ao

    contribuinte. Seu valor deve remunerar o servio do Estado.

    A taxa no se confunde com o preo pblico, pois a primeira tem vnculo legal

    (obrigao que nasce por fora da lei), enquanto o segundo tem vnculo contratual. Para

    diferenci-los podemos utilizar o seguinte critrio:

    a) servio pblico nsito soberania (ex. expedio de passaporte):

    remunerado com taxa.

    b) servios essenciais ao interesse pblico (coleta de lixo, servio de esgoto

    etc.): remunerado pela taxa.

    c) servio pblico no essencial (gua, luz, correios etc.): remunerado por

    preo pblico.

    Contribuio de Melhoria

    Tributo de competncia comum da Unio, Estado, Distrito Federal e

    Municpios, incidente sobre a valorizao de determinado imvel decorrente da realizao de

    obra pblica. Trata-se de tributo vinculado a determinada atuao estatal, no caso a execuo

    de obra pblica que acarrete valorizao dos imveis da regio.

    De acordo com o art. 81 do CTN: a contribuio de melhoria cobrada pela

    Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas

    atribuies, instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao

    imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrscimo de

    valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado.

  • 10

    O valor a ser cobrado de cada imvel ser determinado pelo rateio do valor

    global da obra, de acordo com os respectivos fatores individuais de valorizao (art. 82, 1 do

    CTN). Assim, o valor total arrecadado pelo Poder Pblico est limitado ao valor total da obra,

    sendo que o montante individual de contribuio ser pautado pelo fator individual de

    valorizao do bem imvel.

    Emprstimo Compulsrio

    Conforme estabelece o art. 148 da Constituio Federal do 1988, o

    emprstimo compulsrio de competncia privativa da Unio Federal, que dever editar Lei

    Complementar para sua instituio. Somente poder ser institudo para fazer frente a

    despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica ou guerra, bem como para

    investimento pblico de carter relevante e urgente, sendo a arrecadao vinculada a estas

    finalidades

    Sua principal caracterstica o fato de que os valores arrecadados no

    ingressam de forma permanente no tesouro nacional, so considerados receita temporria,

    tendo a Unio a obrigao de restituir os valores aps determinado lapso de tempo. Eis a razo

    de seu nome.

    A Constituio no especifica o fato gerador e base de clculo havendo total

    liberdade para sua definio pela lei complementar. Assim, o fato gerador poder ou no estar

    vinculado determinada atividade estatal, sendo a base de clculo definida de acordo com o

    interesse nacional externado pelo Congresso Nacional.

    Ponto importante a ser ressaltado a impossibilidade de se utilizar Medida

    Provisria para a instituio/majorao de emprstimo compulsrio. A Constituio Federal de

    1988, em seu art. 62, 1, inciso III, veda a edio de Medida Provisria em matria reservada

    a Lei Complementar.

    Contribuies

    Tributo cobrado para financiamento da rea social (previdncia social,

    assistncia social, educao e cultura), interveno no domnio econmico e interesse de

  • 11

    categoria profissional (art. 149 da CF\88). Tem como caracterstica a destinao da

    arrecadao para determinada atividade prestada por entidade estatal ou paraestatal. Da

    uma caracterstica identificada por alguns doutrinadores, que parafiscalidade. Em regra o

    tributo cobrado pela mesma pessoa jurdica que detm a competncia para sua instituio.

    Porm, possvel a delegao da capacidade tributria. Nestes casos o detentor da

    competncia tributria, delega, atravs de lei, a uma terceira pessoa o poder de cobrar,

    fiscalizar e arrecadar o tributo, ficando esta com o produto da arrecadao. Um exemplo

    clssico da parafiscalidade era o da cobrana da contribuio previdenciria efetuada pela

    Autarquia Previdenciria (INSS). Atualmente a capacidade tributria desta contribuio voltou

    para a Unio Federal. Podemos citar como exemplos as contribuies de interesse de categoria

    profissional (OAB, CRM, CRF, CREA etc.).

    A doutrina apresenta outras designaes para este tributo como Contribuies

    Sociais Gerais (Vittorio Cassone) ou Contribuies Especiais (Ricardo Lobo Torres).

    As contribuies dividem-se em trs espcies:

    a) Contribuio Social:

    - para a seguridade social: destinada a custear os gastos com a previdncia

    social, que engloba as seguintes reas: sade, previdncia e assistncia social,

    reguladas nos artigos 194 e seguintes da Constituio Federal de 1988;

    - geral ou genrica: destinadas aos demais setores da rea social, como

    educao, cultura etc..

    b) Corporativa: Contribuies destinadas ao interesse de categoria profissional

    ou econmica. So utilizadas para o custeio das atividades das entidades

    sindicais e dos conselhos de fiscalizao profissional (ex. OAB, Conselho de

    Medicina, Contabilidade etc.). Deve ser paga pelo profissional que integra

    aquele sindicato (metalrgico, comercirio etc.) ou classe profissional (mdico,

    advogado, contador)

    c) Interventiva: Conhecida como CIDE - Contribuio de interveno no

    domnio econmico. devida Unio para financiar sua atuao

    (regulamentao e fiscalizao) em determinadas reas. (Ex. CIDE incidente

    sobre a comercializao de combustveis Lei n 10.336/2001).

  • 12

    As contribuies so de competncia da Unio, com exceo da Contribuio

    previdenciria de seus servidores pblicos que poder ser cobrada pelos Estados, Distrito

    Federal e Municpios, para o custeio do regime previdencirio destes (art. 149, 1 da

    Constituio Federal de 1988).

    Capitulo III Sistema Tributrio Nacional

    1 Sistema Constitucional Tributrio

    Do ponto de vista cientfico um sistema conceituado como o conjunto de

    elementos dotados de unidade interna, coerncia lgica, ausncia de contradies e

    independncia do todo com relao s partes5. Assim o sistema jurdico se caracteriza por um

    conjunto de normas, com estrutura interna hierarquizada, coerncia lgica, existncia de

    normas para soluo de conflitos e interdependncia do subsistema em relao ao todo.

    Sistema Tributrio Nacional - Est em grande parte estabelecido no Ttulo VI,

    Captulo I artigos 145 a 162 da Constituio Federal de 1988. Alm destas normas

    nominalmente identificadas podemos incluir outras previstas na Constituio, artigos. 194 e

    195, que tratam das contribuies para a seguridade social.

    Conceito: Conjunto das normas reguladoras e dos tributos cobrados em todo o

    territrio nacional, independente da titularidade deste ou daquele ente pblico e considerada

    exclusivamente a incidncia sobre a riqueza, como vem esboado nos artigos 145, 148 e 149

    da Constituio, posteriormente detalhado no CTN6.

    Da mesma forma que a Constituio, o CTN adotou o critrio de sistematizar

    os tributos de acordo com a sua base econmica, ou seja, de acordo com a hiptese de

    incidncia da norma tributria.

    Podemos, ainda, considerar o Sistema Tributrio do ponto de vista da

    federao, que seria o conjunto de tributos organizados segundo a distribuio do poder

    tributrio (Unio, Estado, DF e Municpios).

    5 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributrio. Ed. Renovar, 13 Ed. Pg. 355

    6.op. cit. p. 356

  • 13

    O Sistema Constitucional Tributrio est topograficamente previsto no

    Captulo I, Ttulo VI da Constituio Federal\88, podendo ser didaticamente estudado em trs

    grupos, que sero analisados a seguir:

    a) a repartio das competncias tributrias entre a Unio, Estados, Distrito

    Federal e Municpios;

    b) a partilha direta e indireta do produto da arrecadao.

    c) os princpios tributrios e as limitaes ao poder de tributar;

    Poder de Tributar

    Podemos conceituar o poder de tributar como a manifestao do ius

    imperium do estado poder que se escora na soberania estatal e se manifesta atravs

    da competncia tributria.

    Na breve histria da humanidade no h conhecimento de uma

    sociedade que conseguiu viver sem a existncia de normas de conduta. A prpria

    organizao demanda a existncia de normas que a regulem.

    Com o desenvolvimento social, a humanidade passou a estabelecer a

    organizao social tendo como centro o Estado, responsvel pela criao e aplicao

    da norma jurdica. A criao do Estado demandou o exerccio da atividade financeira,

    ou seja, a regulamentao da forma como obteria receita para arcar com as despesas

    decorrentes dos servios que deve prestar.

    Dentre as formas de obteno de receita encontra-se a receita de

    origem tributria, que se origina da prpria soberania do Estado, possibilitando que

    atribua seus cidados a obrigao de custear as despesas pblicas. De acordo com a

    Teoria Geral do Estado, a origem da soberania est no povo que se organiza em um

    Estado, criando uma forma poltica de organizao social. Ao estabelecer esta forma, o

    povo concede parcela de sua autonomia para o Estado que passa a deter o monoplio

    para atuao em determinadas reas, dentre as quais a criao de normas. Para

    financiar a atividade estatal concedido a este Estado o poder de estabelecer/criar

    tributos que devem ser pagos pelo cidado. Assim, o poder de tributar decorre da

  • 14

    prpria soberania do Estado se manifestando, atravs da competncia tributria, como

    o poder de estabelecer obrigaes de natureza tributria aos cidados.

    Competncia Tributria: Faculdade atribuda pela Constituio para o

    Estado lato sensu editar leis que criem in abstrato tributos, devendo descrever todos

    os elementos essenciais da norma jurdico-tributria. As leis devem prever a hiptese

    de incidncia, sujeito ativo e passivo, base de clculo e alquota. A competncia

    direito subjetivo da pessoa poltica, sendo assim indelegvel.

    A norma constitucional que estabelece a competncia no cria o

    tributo, este somente e criado por lei. Editada a lei esgota-se a competncia tributria,

    no se falando mais nesse, mas apenas em capacidade tributria, que o poder de

    cobrar e arrecadar o tributo.

    So caractersticas da competncia tributria: exclusividade,

    indelegabilidade, incaducabilidade, inalterabilidade, irrenunciabilidade, facultatividade

    de exerccio.

    a) Exclusividade: caracteriza-se pelo fato de que cada pessoa poltico

    detm sua faixa tributaria privativa. Caso atue fora desta faixa o

    tributo ser inconstitucional.

    b) Indelegabilidade: refora a idia de que a competncia tributria

    no patrimnio absoluto da pessoa poltica que a titulariza. Esta

    pode exercit-la, mas no tem total disponibilidade.

    c) Incaducvel: seu no exerccio no tira da pessoa poltica a

    faculdade de a qualquer dia criar o tributo;

    d) Inalterabilidade: entende-se que no pode ter a dimenso ampliada

    pela prpria pessoa poltica. improrrogvel.

    e) Irrenunciabilidade: no pode o ente renunciar competncia, no

    todo ou em parte. matria de direito pblico e, portanto

    indisponvel.

    f) Facultativa: a pessoa poltica quem decide se vai ou no criar

    tributo. Pode, ainda, utilizar apenas parte de sua competncia,

    criando parcialmente o tributo.

  • 15

    De acordo com o sistema federativo adotado por nossa Constituio

    todos integrante da federao (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) detm

    competncia tributria. A Constituio adotou como critrio quatro modalidades de

    competncia: privativa, extraordinria, residual e comum.

    A competncia privativa a atribuda exclusivamente a determinada

    pessoa jurdica de direito pblico. Os impostos so de competncia privativa, pois a

    Constituio adotou o critrio de enumerar a competncia de cada integrante da

    Federao.

    A competncia residual, como o prprio nome designa, a possibilidade

    de se criar outros impostos e contribuies alm dos previstos na Constituio.

    atribuda Unio Federal, conforme disposio dos artigos 154 e 195, 4 da

    Constituio.

    J a extraordinria estabelecida Unio para a criao de impostos

    em caso de guerra externa ou sua iminncia.

    Na competncia comum todos os entes polticos tm a faculdade de

    estabelecer o tributo, devendo apenas ser responsvel pelo servio ou obra que

    possibilita a cobrana.

    A competncia tributria no se confunde com a capacidade tributria,

    pois esta o poder atribudo a determinada pessoa de arrecadar, cobrar e fiscalizar o

    pagamento de determinado(s) tributo(s). Conforme indicado acima a competncia

    tributria indelegvel, todavia, pode o ente tributante delegar as funes de

    arrecadar ou fiscalizar o tributo (art. 7 do CTN). Assim, a capacidade tributria a

    competncia para arrecadar e fiscalizar tributos.

    Caso a pessoa responsvel pela arrecadao e fiscalizao ficar com o

    produto da arrecadao para fins prprios ocorrer o fenmeno da parafiscalidade.

    2 - Limitaes ao Poder de Tributar

  • 16

    Como dito acima, o Poder de Tributar manifestao da soberania

    estatal e se manifesta atravs da competncia tributria. Ocorre que este poder no

    concedido como um cheque em branco, sem qualquer limite, a prpria constituio

    estabelece limitao a atuao estatal. Inicialmente limita o campo de atuao de cada

    integrante da Federao, estabelecendo a partilha da competncia tributria. Outros

    limites so estabelecidos por um conjunto de princpios constitucionais e imunidades

    que regulamentam o exerccio do Poder de Tributar e da competncia tributria. Essas

    normas que limitam o exerccio da competncia tributria, conhecidas como Estatuto

    do Contribuinte, probem que certas situaes sejam colhidas pela fora tributria do

    Estado. Constituem em vedaes expressas, no caso das imunidades, ou limitam o

    poder de tributar, no caso dos princpios tributrios.

    Repartio da Competncia Tributria.

    O Estado brasileiro constitudo como uma Republica Federativa, ou seja, pela

    unio indissolvel da Unio, dos Estados, Distrito Federal e Municpios.

    da essncia do Estado Federal a descentralizao e distribuio de

    competncias entre os entes estatais. Na federao podem ocorrer quatro campos de

    descentralizao:

    a) Legislativo (produo de normas jurdicas);

    b) Administrativo (administrao prpria);

    c) Poltico (formao de poderes e autogoverno).

    d) Judicirio (aparato judicirio prprio).

    Desta forma, a Constituio estabelece as matrias de competncia privativa,

    concorrente e comum dos entes da federao, Dentre as matrias de competncia

    concorrente encontram-se o Direito Tributrio e Financeiro.

    Desta forma, todos os entes da federao podem legislar sobre o Direito

    Tributrio, cada um dentro do seu limite constitucional. a prpria constituio que

    estabelece o campo de atuao da Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios.

  • 17

    Sabemos que uma Repblica Federativa se caracteriza pela autonomia dos

    Estados-Membros. A Repartio da competncia tributria ponto importante para o

    cumprimento deste princpio federativa, pois resguarda a autonomia financeira, sem a qual

    no existir autonomia poltica e administrativa.

    Repartio da Receita Tributria

    Conceito: Distribuio entre os integrantes da Federao da competncia

    tributria ou impositiva, consiste na partilha da receita tributria.

    O problema da discriminao da renda tributria inerente a todo pas que

    adota o regime federativo. No existe regra pr-definida para partilha tributria, trata-se de

    questo de poltica, solucionada em cada pas de acordo com seu desenvolvimento social.

    Diversos sistemas foram criados para estabelecer regras de partilha. Alguns reservam Unio

    tributos de comrcio exterior ou tributos indiretos, ou ainda, toda a arrecadao que seria

    posteriormente repassada.

    A distribuio da competncia tributria no se restringe ao campo da

    tributao, pois importa na distribuio das competncias (poder) para legislar, administrar e

    julgar (com exceo do Municpio neste ltimo caso). De qualquer forma, sempre caber ao

    Congresso Nacional, rgo legislativo da Federao, a edio de normas de natureza geral.

    O sistema de distribuio pode adotar a forma rgida, que se divide em duas

    tcnicas:

    - nominalista: nomeia os tributos pelo nomem iuris;

    - fato gerador: separas os tributos de acordo com o fato jurdico.

    A doutrina j pacificou que no existe um sistema perfeito de distribuio de

    receita tributria, para se evitar maiores distores a Constituio adotou um sistema misto de

    partilha da competncia tributria e de partilha do produto da arrecadao. Na questo da

    competncia a Constituio faz a partilha do poder de tributar entre os vrios entes polticos,

    temos assim a competncia tributria.

  • 18

    A repartio da competncia tributria na ordem constitucional processa de

    forma a estabelecer impostos de competncia exclusiva de cada membro federativo (art. 153 a

    156 da CF\88). Podemos dizer que existem quatro modalidades de competncia: privativa,

    residual, comum e extraordinria.

    A competncia comum encontra-se no campo das Taxas e Contribuio de

    melhoria. J a privativa refere-se aos impostos, emprstimo compulsrio e as contribuies

    especiais, as quais so de competncia exclusiva da Unio.

    O Professor Ricardo Lobo Torres apresenta em sua obra7 um quadro da

    classificao do sistema tributrio que elucida a questo e que a seguir transcrevo.

    Outras regras de repartio da competncia tributria

    Alm das regras gerais de repartio da receita temos algumas questes

    especificas que devem ser tratadas individualmente por serem excees s regras gerais:

    a) art. 147 Estabelece a competncia da Unio sobre os impostos estaduais

    nos Territrios, bem como os impostos municipais, naqueles que no forem divididos em

    municpios.

    b) art. 149, 1 - Estabelece a competncia dos Estados, Distrito Federal e

    Municpios criarem contribuio previdenciria a ser cobrada de seus servidores para

    financiamento de regime de previdncia prprio.

    c) art. 149-A: Institui a possibilidade dos Municpios criarem contribuio para

    o custeio de servio de iluminao pblica.

    Diviso do produto da arrecadao

    Atravs deste instrumento financeiro criou-se o direito de participao dos

    entes polticos na arrecadao tributria de outros, ou seja, a arrecadao no total ou

    parcialmente apropriada pelo prprio ente competente para instituio do tributo, mas

    partilhado com outros.

    7 Op cit. p. 363.

  • 19

    A participao pode ocorrer de forma direta ou indireta. A primeira se

    caracteriza pela entrega dos valores devidos sem qualquer condio (art. 157 e 158). J a

    segunda (indireta) feita atravs de fundos de participao (art. 159 e 160 da CF\88), cabendo

    a lei complementar estabelecer as regras para a participao (Leis Complementares n 61/89,

    62/89 e 91/97), conforme estabelece o art. 161, II da CF/88. As formas de participao esto

    definidas na Constituio.

    Fundos de Participao

    O art. 159 da CF\88 estabelece as participaes dos Estados e Municpios na

    arrecadao da Unio, bem como a participao dos Municpios na arrecadao do Estado.

    De acordo com o art. 160, vedada a reteno ou qualquer restrio entrega

    ou emprego dos recursos objeto da redistribuio. Porm, o mesmo artigo possibilita Unio a

    condicionar a entrega do recurso ao cumprimento de determinadas condies. O inciso

    primeiro estabelece que a condio de quitao dos dbitos com a Unio e suas autarquias.

    Em relao a este caso a lei n 8.212\91, impede a entrega do FPE e FPM para aqueles em

    dbito com o INSS.8

    Outro caso a previso do inciso II, que vincula entrega dos recursos ao

    cumprimento do disposto no art. 198, 2, II e III (aplicao de parte da receita na sade).

    O quadro a seguir, retirado da obra do Prof. Ricardo Lobo Torres, apresenta

    um relao didtica das formas de participao.

    8 Art. 56. A inexistncia de dbitos em relao s contribuies devidas ao Instituto Nacional do

    Seguro Social-INSS, a partir da publicao desta Lei, condio necessria para que os Estados, o Distrito Federal e os Municpios possam receber as transferncias dos recursos do Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal-FPE e do Fundo de Participao dos Municpios-FPM, celebrar acordos, contratos, convnios ou ajustes, bem como receber emprstimos, financiamentos, avais e subvenes em geral de rgos ou entidades da administrao direta e indireta da Unio. Pargrafo nico. Para o recebimento do Fundo de Participao dos Estados e do Distrito Federal-FPE e do Fundo de Participao dos Municpios-FPM, bem como a consecuo dos demais instrumentos citados no caput deste artigo, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios devero apresentar os comprovantes de recolhimento das suas contribuies ao Instituto Nacional do Seguro Social-INSS referentes aos 3 (trs) meses imediatamente anteriores ao ms previsto para a efetivao daqueles procedimentos. (Vide Medida Provisria n 2.187-13, de 24.8.2001)

  • 20

    Princpios Constitucionais Tributrios

    Princpio um enunciado lgico, implcito ou explcito, que por sua

    grande generalidade, ocupa posio de preeminncia nos vastos campos do direito e,

    por isso mesmo, vincula, de modo inexorvel, o entendimento e a aplicao das

    normas jurdicas que com ele se conectam9. Mandamento nuclear de um sistema,

    verdadeiro alicerce que irradia sobre as normas compondo-lhes o esprito e servindo

    de critrio para sua exata compreenso inteligncia. So normas com acentuado grau

    de abstrao que traam as diretrizes do ordenamento jurdico.

    Os princpios esto estabelecidos na Constituio Federal de forma

    explicita ou implcita, devendo ser observados por todos que trabalham com as

    normas jurdicas sob sua influncia. No campo tributrio vigora os seguintes princpios

    explcitos:

    Princpio da Capacidade Contributiva

    Princpio estabelecido no art. 145, 1 da CF/88, de acordo como qual sempre

    que possvel, os impostos tero carter pessoal e sero graduados segundo a capacidade

    econmica do contribuinte, facultado administrao tributria, especialmente para conferir

    efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei,

    o patrimnio, os rendimentos e as atividades econmicas do contribuinte.

    O princpio da capacidade contributiva aplica-se somente aos impostos, no

    influenciando as outras espcies tributrias. Sua eficcia no abrange todos os impostos, mas

    to somente aqueles que tenham estrutura para se verificar a capacidade econmica do

    contribuinte.

    Est intimamente ligado ao princpio da igualdade, sendo um dos

    instrumentos utilizados para se buscar a Justia fiscal. Impondo-se a graduao dos impostos

    de acordo com a capacidade econmica do contribuinte. um princpio objetivo, pois no se

    refere s condies econmicas reais de cada contribuinte, mas as suas manifestaes

    objetivas de riqueza. Por exemplo, podemos ter uma pessoa sem dinheiro, mas que possua um

    9 CARRAZZA. Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. Editora Malheiros. 19 ed.

    2003. p33.

  • 21

    imvel de alto luxo. Dever pagar o IPTU sobre este imvel, mesmo que no tenha capacidade

    econmica real.

    Este mesmo IPTU, com a EC 29/2000, pode ser progressivo em razo do valor

    do imvel esta uma aplicao do princpio da capacidade contributiva.

    A doutrina entende que a aplicao deste dispositivo no se restringe aos

    impostos de natureza pessoal, abrangendo todos os impostos que comportem progressividade

    na alquota, excetuam apenas os impostos sobre o consumo (IPI e ICMS).

    Todavia a jurisprudncia vinha afastando a aplicao da progressividade nos

    impostos de natureza real (que incidem sobre coisa), por entender que no se aplica o

    princpio da capacidade contributiva aos impostos reais. Este posicionamento encontra-se em

    aberto com a recente deciso adotada no julgamento do RE 562045/RS10, no qual foi proferido

    voto do Ministro Eros Grau entendendo que o princpio aplica-se a todos os tipos de impostos.

    Para sua efetiva aplicao no basta que o valor pago pelo contribuinte com

    maior poder econmico seja superior ao que tem menor capacidade. imprescindvel que haja

    efetiva progressividade na cobrana do imposto. Um exemplo claro de progressividade o

    caso do Imposto de Renda da Pessoa Fsica cuja alquota varia de 7,5% a 27,5%. Neste caso,

    aquele que tem maior capacidade econmica pagar efetivamente uma carga superior de

    imposto.

    Princpio da Estrita Legalidade

    10

    O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinrio interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul em que

    se discute a constitucionalidade do art. 18 da Lei 8.821/89, daquele Estado-membro, que prev sistema progressivo de alquotas para o imposto sobre a transmisso causa mortis e doao - ITCD v. Informativo 510. O Min. Eros Grau, em voto-vista, abriu divergncia, e deu provimento ao recurso para declarar a constitucionalidade do dispositivo questionado. Salientou, inicialmente, que o entendimento de que a progressividade das alquotas do ITCD inconstitucional decorre da suposio de que o 1 do art. 145 da CF a admite exclusivamente para os impostos de carter pessoal. Afirmou, entretanto, que todos os impostos esto sujeitos ao princpio da capacidade contributiva, mesmo os que no tenham carter pessoal, e que o que esse dispositivo estabelece que os impostos, sempre que possvel, devero ter carter pessoal. Ou seja, a Constituio prescreve como devem ser os impostos, todos eles, e no somente alguns. Assim, todos os impostos, independentemente de sua classificao como de carter real ou pessoal, podem e devem guardar relao com a capacidade contributiva do sujeito passivo. Aduziu, tambm, ser possvel se aferir a capacidade contributiva do sujeito passivo do ITCD, pois, tratando-se de imposto direto, a sua incidncia poder expressar, em diversas circunstncias, progressividade ou regressividade direta. Aps os votos dos Ministros Menezes Direito, Crmen Lcia e Joaquim Barbosa, que acompanhavam a divergncia, pediu vista dos autos o Min. Carlos Britto. RE 562045/RS, rel.Min. Ricardo Lewandowski, 17.9.2008. (RE-562045)

  • 22

    Decorre diretamente do artigo 5 da Constituio Federal de 1988 que

    estabelece em seu inciso II que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa

    seno em virtude de lei. Assim, o constituinte especificou o referido princpio para o campo

    tributrio incluindo no artigo 150, inciso I da CF/88 que vedado Unio, Estados, Distrito

    Federal e Municpios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabelea.

    O referido princpio pode ser considerado do ponto de vista formal ou

    material. No sentido formal, garante a segurana do contribuinte diante de ente tributrio,

    pois o tributo s pode ser criado ou aumentado por deliberao do poder legislativo, mediante

    edio de lei. J o material significa que a lei deve estabelecer todos os elementos e supostos

    da norma jurdica tributaria, tais como descrever abstratamente a hiptese de incidncia,

    sujeito passivo, sujeito ativo, base de clculo e alquota (elementos essenciais do tributo). O

    sentido material do princpio da legalidade considerado por alguns doutrinadores como o um

    princpio especfico e implcito, chamado de princpio da tipicidade tributria.

    Tal princpio um dos mais importantes do Direito tributrio, pois a lei fonte

    primria do tributo.

    Assim pela estrita legalidade cada ato concreto do fisco, que importe em

    exigncia ou aumento de tributo deve estar autorizado em lei. Esta deve limitar a atuao do

    fisco.

    Exceo: a previso do art. 153, 1 da Constituio Federal que

    estabelece a possibilidade da Unio alterar as alquotas dos Impostos de Importao

    (II), Exportao (IE), sobre Produtos Industrializados (IPI) e sobre operaes de crdito,

    cmbio, seguro ou relativas a ttulos e valores mobilirios (IOF) considerada exceo

    ao princpio da legalidade. Tal exceo relativa, pois h previso legal estabelecendo

    os limites para a alterao.

    Outro caso interessante de ser analisado a possibilidade de criao de

    tributos atravs de Medida Provisria e sua adequao com o princpio da legalidade.

    Tal possibilidade no uma exceo do princpio da legalidade, mas mera

    interpretao sistemtica da Constituio.

    Sacha Calmon entende que a Medida Provisria, por no ser ato do

    poder legislativo, no por ser instrumento para a criao ou majorao de tributo.

    Todavia, este entendimento no est em consonncia com a Jurisprudncia. O

  • 23

    Supremo Tribunal Federal j se manifestou quanto possibilidade de criao e

    majorao de tributo por meio de medida provisria, atendidas as previses

    constitucionais.

    Desta forma, h plena possibilidade de utilizao da medida provisria

    para a criao e majorao de tributos, exceto em relao aos tributos que exijam lei

    complementar, pois a Constituio veda tal procedimento no art. 62.

    Com a alterao estabelecida pela Emenda Constitucional n 32/2001, a

    utilizao da medida provisria para instituio e majorao de tributo somente surtir

    efeito no exerccio seguinte se convertida em lei at o ltimo dia daquele em que foi

    editada.

    Neste sentido, a partir da referida Emenda Constitucional para a medida

    provisria ser validade ela deve ser convertida em lei no exerccio em que foi editada.

    A referida norma no se aplica aos impostos de importao (II), exportao (IE), sobre

    produtos industrializados (IPI), sobre operaes de crdito, cmbio, seguro ou relativas

    a ttulos e valores mobilirios (IOF) e imposto extraordinrio de guerra.

    Art. 62. Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre matria: (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)

    ... III reservada a lei complementar; (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001) 2 Medida provisria que implique instituio ou majorao de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, s produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daquele em que foi editada. (Includo pela Emenda Constitucional n 32, de 2001)

    Princpio da Isonomia ou igualdade

    Decorre do princpio igualdade, segundo o qual todos so iguais perante a lei,

    sem distino de qualquer natureza (artigo 5 caput da CF/88). De acordo com o princpio no

    pode haver diferena de tratamento entre pessoas que se encontrem em situao

    equivalente.

  • 24

    No campo tributrio, a Constituio Federal de 1988 em seu art. 150, inciso II

    clara em vedar tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situao

    equivalente, proibida qualquer distino em razo de ocupao profissional ou funo por eles

    exercida, independentemente da denominao jurdica dos rendimentos, ttulos ou direitos.

    Com base neste princpio possvel estabelecer diferenas tributrias entre

    pessoas que se encontrem em situao desigual. A legislao deve, com base na capacidade

    econmica do contribuinte, diferenciar os que possuem maior poder para pagar tributos dos

    que so hiposuficientes. Exemplo da aplicao deste princpio o imposto de renda que tem

    alquotas progressivas de acordo com as faixas de renda.

    Outra decorrncia do princpio da isonomia a impossibilidade da concesso

    de vantagens tributrias fundadas em privilgios pessoais, bem como a necessidade de que

    haja uniformidade na cobrana dos tributos (art. 151, I da Constituio federal.

    Art. 151. vedado Unio:

    I - instituir tributo que no seja uniforme em todo o territrio nacional ou que implique distino ou preferncia em relao a Estado, ao Distrito Federal ou a Municpio, em detrimento de outro, admitida a concesso de incentivos fiscais destinados a promover o equilbrio do desenvolvimento scio-econmico entre as diferentes regies do Pas;

    Princpio da Irretroatividade da Lei (art. 150, III)

    Como regra as leis produzem efeitos a partir de sua publicao, todavia

    no h impedimento para que esta produza efeitos passados, desde que

    expressamente previsto no texto sua retroatividade e no atinja direito adquirido, ato

    jurdico perfeito e coisa julgada.

    A regra da irretroatividade est calcada na segurana jurdica, um dos

    pilares do Estado Democrtico de Direito, no podendo a lei retroagir para alcana

    fatos anteriores a sua vigncia. Assim, a aplicao retroativa ser sempre de forma a

    beneficiar aquele que sofre seus efeitos.

    No campo tributrio, o art. 150, III, alnea a impede a retroatividade

    da lei tributria que institua ou aumente tributo. Desta forma, os fatos ocorridos antes

  • 25

    da lei que houver institudo ou majorado o tributo no estaro sob os efeitos desta

    nova legislao.

    Ressalte-se que h possibilidade de retroatividade da lei no Direito

    Tributrio, nos casos previstos no artigo 106 do CTN, que tratam da retroatividade da

    lei mais benfica ao contribuinte.

    Princpio da Anterioridade

    princpio tipicamente tributrio, pois s projeta efeitos no campo dos

    tributos. A razo de ser do princpio da anterioridade a segurana jurdica, pois

    objetiva evitar que o contribuinte seja colhido de surpresa pela norma tributaria, por

    uma despesa que no estava prevista em seu oramento.

    O princpio abrange duas formas de anterioridade: a do exerccio e a

    nonagesimal ou mitigada, conforme estabelece o art. 150, III, alnea b e c da

    Constituio.

    Art. 150. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios:

    III - cobrar tributos:

    b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

    c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b; (Includo pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

    De acordo como o princpio a lei que cria ou aumenta um tributo

    somente produzir efeitos aps decorridos noventa dias de sua publicao e a partir

    do exerccio seguinte11 ao que foi publicada.

    11

    O exerccio financeiro no Brasil vai de 1 de janeiro a 31 de dezembro, coincidindo com o ano civil. (artigo 34 da Lei n 4.320/64)

  • 26

    O prazo da alnea b e c so contados concomitantemente, de forma

    que a lei somente produzir no incio do exerccio seguinte ao que foi publicada se

    houver decorrido 90 dias.

    Exemplo:

    a) havendo aumento de um tributo por uma lei publicada no ms de

    julho, a cobrana poder ocorrer a partir de 1 de janeiro do ano

    posterior. Nesta data ter ocorrido a mudana de exerccio, bem com

    decorridos noventa dias.

    b) J no caso de uma lei publicada no dia de 15 de novembro sua

    cobrana somente poder ocorrer a partir de 12 de fevereiro do ano

    seguinte, quando ter transcorrido o prazo de 90 dias e a mudana de

    exerccio.

    O objetivo do princpio evitar surpreender o contribuinte com uma obrigao

    para a qual no se programou, razo pela qual tambm conhecido como princpio da no-

    surpresa.

    Ocorre que o referido princpio no absoluto, admitindo excees previstas

    no artigo 150, 1 da Constituio12. Traando um quadro didtico deste pargrafo temos que:

    a) Esto excludos do princpio da anterioridade do exerccio e da

    anterioridade nonagesimal os seguintes tributos:

    - art. 148, I, CF/88 - Emprstimo Compulsrio para atender despesas

    extraordinrias decorrentes de calamidade pblica e guerra (art.);

    - art. 153, I, II e V, CF/88 - Impostos incidentes sobre importao (II),

    exportao (IE) e operaes crdito, cmbio, seguro ou relativas a ttulos e

    valores mobilirios (IOF);

    - art. 154, II, CF/88 Imposto extraordinrio de Guerra.

    b) esto excludos da anterioridade do exerccio os seguintes tributos

    12

    1 A vedao do inciso III, b, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedao do inciso III, c, no se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem fixao da base de clculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redao dada pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)

  • 27

    - art. 153, IV da CF/88 - incidente sobre produtos industrializados (IPI).

    - art. 177, 4, I, b da CF/88 a mudana de alquota da CIDE incidente

    sobre importao ou comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural

    e seus derivados e lcool combustvel.

    c) esto excludos da anterioridade nonagesimal:

    - art. 153, III CF/88 Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza

    (IR).

    - fixao da base de clculo dos impostos previstos nos artigos 155, III e 156, I

    da CF/88 Imposto sobre propriedade de veculo automotor (IPVA) e Imposto

    sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU).

    As excees estabelecidas na Constituio tm fundamento no fato do Estado

    utilizar o tributo de forma extrafiscal, como instrumento de interveno na economia.

    Princpio da proibio de tributo com efeito de confisco

    Previsto no artigo 150, IV da Constituio Federal/88, estabelece uma garantia

    ao contribuinte, ao impedir que o Estado chegue ao ponto de expropri-lo de seu patrimnio

    ou renda. O princpio auto-explicativo, no podendo o tributo confiscar o patrimnio do

    contribuinte, excedendo seu poder econmico.

    A dificuldade saber em que momento o tributo se torna confiscatrio. No

    julgamento da ADI-MC n 2010/DF entenderam que a Lei n 9.783/99, ao criar o adicional de

    9% ou 14% sobre as contribuies previdencirias infringiu o princpio do no confisco.

    Salientaram que o exame do efeito confiscatrio deve ser feito em relao totalidade da

    carga tributria criada por determinado ente pblico incidente sobre a capacidade econmica

    do contribuinte. O exame se faz pelo conjuntos de tributos incidentes sobre o contribuinte

    (seus bens e rendas) e no de forma isolada para cada tributo.

    Princpio da no limitao de trfego

  • 28

    Previsto no art. 150, V da CF/88 este princpio veda o estabelecimento de

    limitaes ao trfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou

    intermunicipais, ressalvada a cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas pelo

    Poder Pblico.

    No pode o poder pblico instituir um imposto que limite o trfego. A

    cobrana do pedgio no se revela inconstitucional por dois motivos. Esta obrigao no tem

    natureza tributrio, sendo considerada preo pblico, ademais a constituio ressalvou a

    possibilidade de sua cobrana.

    Princpio da no cumulatividade

    Princpio que inicialmente aplicava-se apenas aos impostos sobre consumo (IPI

    e ICMS), de competncia residual e outras fontes de custeio previdencirias. Posteriormente

    este princpio foi ampliado para abarcar as contribuies sociais (art. 195, 12 da CF/88).

    De acordo com o princpio, o valor devido em uma operao ser compensado

    com o que foi pago na operao anterior. Com isto evita-se a incidncia do imposto em

    cascata, o que agravaria a carga tributria.

    Princpio da seletividade

    um princpio decorrente da capacidade contributiva e da isonomia. Aplica-se

    obrigatoriamente ao IPI e de forma faculdade ao ICMS, estabelecendo que a alquota do

    imposto ser inversamente proporcional essencialidade do produto. Assim, quanto mais

    essencial o produto (gneros de primeira necessidade) menor ser o imposto.

    Princpio da transparncia

    Aplicvel aos impostos, este princpio determina que o contribuinte deve ter

    conhecimento dos valores que est pagamento a ttulo de tributo quando adquire um bem ou

    servio. Trata-se de uma decorrncia do direito de informao que tem o consumidor.

  • 29

    IMUNIDADES

    Outra forma de limitao do Poder de Tributar est traduzida nas imunidades

    previstas na Constituio, que se caracteriza por ser uma excluso constitucional de

    determinados fenmenos econmicos ou pessoas do poder tributrio do Estado. a absoluta

    impossibilidade de tributao de determinado fato ou pessoa, por fora de excluso

    constitucional, delimitando o campo tributrio13. Proteo dos direitos fundamentais em face

    do poder tributrio do Estado. Constituindo limitao ao poder de tributar, por limitar seu

    campo de atuao.

    Quando a Constituio estabelece determinada imunidade est buscando

    proteger valores que entende relevantes para a sociedade e o indivduo. Assim, uma

    imunidade sempre ter uma relevante razo poltica que justifica sua criao, conforme

    veremos a seguir.

    Em relao ao objeto de atuao a Imunidade pode se apresentar:

    a) Objetiva: refere-se a coisas (art. 150, VI, d da CF/88)

    b) Subjetiva: refere-se pessoa (art. 150, VI, a e c da CF/88)

    c) Mista: prev na mesma imunidade a conjugao do objeto coisa e pessoa.

    (art. 153, 4, II da CF/88).

    Muito se debate sobre a incidncia da imunidade, se estaria limitada aos

    impostos ou abrangeria outras espcies tributrias. Entendemos que a imunidade, enquanto

    limitador do campo de atuao tributria do Estado, pode abarcar todas as espcies

    tributrias. A prpria Constituio estabelece casos de imunidade de contribuio

    previdenciria (artigo 195, 7).

    Com relao aos impostos, a Constituio Federal estabelece os seguintes

    casos de Imunidade:

    a) Imunidade recproca (art. 150, VI, a 2 e 3): veda a instituio de

    impostos que incidam sobre patrimnio, renda, ou servios dos integrantes da

    federao (Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios). O pargrafo segundo

    13

    CARRAZZA. Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. Editora Malheiros. 19 Ed. 2003. p. 634.

  • 30

    amplia a imunidade as Autarquias e Fundaes, institudas e mantidas pelo

    Poder Pblico.

    Fundamento: dentro do sistema federativo no existe hierarquia entre seus

    integrantes, o que vigora a isonomia. Assim, no h possibilidade de

    exerccio do poder impositivo tributrio entre os integrantes da federao.

    b) templos de qualquer culto (art. 150, VI, b, 4), veda a instituio de

    impostos sobre os templos. A vedao engloba todo culto de natureza

    religiosa.

    Fundamento: a Republica Federativa do Brasil um Estado laico, sem religio

    oficial, no qual vigora o princpio da liberdade religiosa (art. 5, VI a VIII da

    CF/88). A imunidade tem por objetivo evitar benefcio a determinada ordem

    religiosa em detrimento das demais.

    c) partidos polticos (art. 150, VI, c, 4), veda a instituio de impostos

    sobre o patrimnio, renda ou servios dos partidos polticos, inclusive suas

    fundaes.

    Fundamento: O partido poltico o instrumento de organizao poltica da

    sociedade. atravs dele que os cidados podem participar ativamente da

    vida poltica e concorrer aos cargos eletivos da Administrao Pblica. Para

    resguardar seu funcionamento impede-se sua tributao.

    d) entidades sindicais (art. 150, VI, c, 4), veda a instituio de impostos

    sobre o patrimnio, renda ou servios.

    Fundamento: objetiva incentivar o sindicalismo, como forma de contraposio

    do poder do capital, bem como evitar que se estabelece privilegio entre os

    sindicatos.

    e) Instituio de Educao e assistncia social (art. 150, VI, c, 4 e art. 195,

    7) veda a instituio de impostos sobre o patrimnio, renda ou servios

    destas instituies.

    Fundamento: incentivar as instituies filantrpicas que atuam em auxlio do

    Estado na rea de educao e assistncia social. Neste caso o benefcio

  • 31

    somente ser concedido se as instituies cumprirem os requisitos

    estabelecidos no art. 14 do CTN. Posteriormente foram editadas as leis n

    9.532\97 (art. 12, 2) e lei n 9.732\98 (art. 10), que estabeleceram outros

    requisitos, cuja constitucionalidade est sendo contestada.

    g) Livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso. (art. 150,

    VI, d).

    Fundamento: Incentivar a difuso da cultura e garantir a liberdade de

    expresso.

    Sobre esta imunidade importante informar que Inclui o Imposto sobre

    servios de qualquer natureza da fase de elaborao (intermediria) do livro.

    Inclui, ainda, as listas telefnicas, filmes e papel fotogrfico, conforme

    entendimento do STF.

    h) Outras Imunidades dentro do Sistema Tributrio:

    - art. 149, 2, I (receitas de exportao);

    - art. 153, 3, III (IPI sobre produtos industrializados exportados);

    - art. 153, 4, II (ITR sobre pequena gleba rural);

    - art. 155, 2, X, a, b e d (ICMS);

    - art. 156, 2, I (ITBI em incorporao de capital com imvel).

    i) Imunidades fora do Captulo do Sistema Tributrio Nacional:

    - art. 195 7 (Contribuies Previdencirias sobre as entidades beneficentes

    de assistncia social);

    - art. 195, II (contribuio previdenciria sobre aposentadorias e penses do

    RGPS);

    - art. 184, 5 (transferncia de imveis desapropriados); art. 5, XXXIV, LXXVI,

    LXXVII (taxas).

  • 32

    Necessrio se faz sabermos distinguir a imunidade de outros institutos de no

    incidncia que acarretam o mesmo resultado prtico do no pagamento do tributo. J

    estudamos acima o conceito de imunidade, cabe agora conhecermos as demais hipteses para

    saber diferenci-las.

    a) Iseno: No se confunde com a imunidade, pois tem natureza

    infraconstitucional. suspenso da eficcia da norma impositiva. No

    conceito clssico significa dispensa legal do pagamento de tributo.

    Existe a previso legal para o nascimento da obrigao tributria,

    porm a eficcia da norma est suspensa.

    b) No incidncia: a no descrio pela lei de determinado fato como

    gerador de obrigao tributria. Neste caso, havendo falta de

    previso legal, no h nascimento da obrigao tributria.

    c) Alquota zero: Nesta h toda formao dos elementos tributrios:

    incidncia do fato gerador sobre o suporte ftico tributrio, com

    nascimento da obrigao tributria. Somente no momento da

    apurao do valor devido que se verificar a inexistncia de

    dbito. a supresso do elemento quantitativo.

  • 33

    Capitulo IV Fontes do Direito Tributrio

    4.1 Constituio

    4.2 Lei Complementar

    4.3 Lei Ordinria e atos equivalentes

    4.4 Tratados Internacionais

    4.5 Leis Delegadas

    4.6 Atos do Poder Executivo

    4.7 Atos do Poder Legislativo

    Fontes do Direito Tributrio

    Podemos conceituar fontes como sendo o ponto originrio de onde provm

    ou nasce a norma jurdica 14. As fontes se subdividem em:

    a) Fontes reais ou materiais: so os fatos econmicos que ao se submeterem

    s fontes formais ganham eficcia jurdica.15. So os fatos da vida que sofre

    a incidncia da norma jurdica tributria, tornando-se fatos jurdicos

    tributrios (fato gerador).

    b) Fontes formais: Conjunto de normas que compe esse ramo do Direito.

    Dogmtica do Direito Tributrio.

    O art. 96 do Cdigo Tributrio Nacional enumera as fontes principais, que so:

    leis, tratados e convenes internacionais. Alm destas podemos incluir as Medidas Provisrias

    (art. 62 da CF/88), convnios de ICMS (art. 155, 2, XII, g da CF/88) e Resoluo do Senado

    Federal (art. 155, 2, IV da CF/88).

    As fontes secundrias esto tratadas no art. 100 do CTN.

    14

    MORAES. Bernardo Ribeiro de. Compndio de Direito Tributrio. Rio de Janeiro. Ed. Forense. 1994, p. 4-5. 15

    ROSA JR. Luiz Emygdio F. da. Manual de Direito Financeiro e Direito Tributrio. Rio de Janeiro. Ed. Renovar. 2003, p. 174.

  • 34

    Ateno: No toda fonte principal que pode instituir ou majorar tributos,

    definir hipteses de incidncia, sujeito passivo, base de clculo, alquota etc. Pelo princpio da

    legalidade somente lei no sentido formal pode criar tais obrigaes (Lei Ordinria, Lei

    Complementar e Medida Provisria).

    Ao adentrarmos no estudo especfico das fontes do direito tributrio, a seguir

    enumeradas, podemos desde j definir a hierarquia existente entres as diversas fontes, de

    forma a estabelecer qual ir prevalecer em caso de conflito de normas:

    a) Constituio e suas emendas

    - Principal fonte formal do Direito, tendo prevalncia sobre as demais normas

    jurdicas. No campo tributrio tem a funo de fixar os princpios bsicos e

    normas nucleares pertinentes aos Tributos. No cria tributo, mas estabelece o

    Poder de Tributar, a competncia tributria e as limitaes deste poder de

    tributar.

    As emendas constitucionais podem ser declaradas inconstitucionais quando

    contrariarem clusulas ptreas da Constituio.

    b) Lei Complementa

    Tem a funo de estabelecer as normas gerais em matria tributria (art. 146

    da CF/88). Possui, ainda, a competncia para criar determinados Tributos (art.

    148, 151, I, 155, 1, III, CF/88)

    c) Lei Ordinria

    Norma por excelncia para a criao dos tributos, que tem a funo de

    estabelecer todos os requisitos para o nascimento da obrigao tributria.

    * De acordo com a posio adotada pelo STF no julgamento do RE 377457/PR

    no h hierarquia entre a Lei Complementar e a Lei Ordinria.

    d) Medida Provisria

    Aps diversas decises da jurisprudncia foi aceita como instrumento

    normativo para a instituio e majorao de tributos. Atualmente a edio de

  • 35

    MP permitida pelo art. 62, devendo ser observados os requisitos do 1, III e

    2.

    e) Lei Delegada

    A doutrina diverge quanto a sua utilizao no Direito Tributrio, pois parte da

    doutrina no a considera como fonte do direito Tributrio por entender que a

    competncia tributria indelegvel (art. 7 do CTN). Com a possibilidade de

    edio de Medida Provisria caiu em desuso.

    f) Decreto Legislativo

    Aplica-se ao Direito Tributrio quando aprova tratados e acordos

    internacionais sobre tributao.

    g) Resoluo: Pode ser do Congresso Nacional ou de uma de suas casas para

    regular determinadas matrias, em especial fixao de alquota mnima e

    mxima (art. 155, 1, IV e 2, IV, V, a e b da CF/88).

    h) convnios interestaduais:

    Utilizado para fixar a forma como os Estados concedero benefcios fiscais no

    ICMS (art. 155, 2, XII g da CF/88).

    i) Decreto: Tem funo meramente regulatria no Direito Tributrio, pois

    neste vigora o princpio da legalidade estrita, devendo toda imposio

    decorrer de lei. Todavia o decreto pode impor obrigao acessria (art. 113, 2

    CTN). Nos casos previstos no art. 153, 1 da CF/88, pode ser utilizado para

    alterar alquota de impostos.

    J as fontes formais secundrias esto previstas no artigo 100 do Cdigo

    Tributrio Nacional. Sua aplicao no Direito Tributrio por demais restrita em razo do

    princpio da legalidade.

  • 36

    Capitulo V Vigncia e Aplicao da Legislao Tributria

    5.1 Vigncia no espao e no tempo

    5.2 vigncia no tempo

    5.3 Aplicao da Legislao Tributria

    Vigncia da Lei

    Lei vigente: aquela suscetvel de aplicao desde que se faam presentes os

    fatos previstos em sua hiptese de incidncia. Publicada uma lei preciso identificar em que

    momento ela passa a vigorar e durante quanto tempo, bem como o espao em que ir viger

    16.

    No mbito do direito tributrio o art. 101 do CTN, determina que a vigncia

    das leis tributrias segue as mesmas regras das demais leis, ou seja, aplicam-se as normas da

    LICC (Lei de Introduo ao Cdigo Civil DL 4.657\47). Por se tratar de norma geral admite

    disposio em contrrio na lei especial.

    Vigncia no espao.

    A vigncia da lei tributria segue o princpio da territorialidade, tendo validade

    no espao, territrio, da pessoa jurdica de direito pblico responsvel pela tributao, todavia

    o prprio CTN, no art. 102, admite a extraterritorialidade.

    O maior problema quanto a extraterritorialidade das normas tributrias, diz

    respeito a sua aplicao internacional. Hoje com a economia globalizada factvel que o

    contribuinte seja tributado sobre um fato que ocorreu no exterior. Ex. Compra e venda de uma

    imvel no exterior com ganho de capital, sendo o vendedor domiciliado no Brasil. Tais casos

    podem gerar vcios de bitributao, pois poderia haver incidncia de tributo do pas de

    localizao do bem e incidncia de tributao sobre o ganho de capital do domiciliado no

    Brasil.

    Estas questes so solucionadas por tratado que asseguram a compensao

    dos tributos pagos no exterior ou previso na legislao nacional de possibilidade de

    16

    AMARO. Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo. Ed. Saraiva. 14 Edio. 2008. p. 193.

  • 37

    aproveitamento do valor pago no exterior, desde que o pas de origem adote o mesmo

    procedimento em relao aos valores pagos no Brasil (princpio da reciprocidade).

    Vigncia no tempo

    Neste ponto aplica-se a previso da Lei de Introduo ao Cdigo Civil que

    tratam a matria de acordo com os seguintes tpicos.

    - vacatio legis de 45 dias, salvo disposio em contrrio (art. 1);

    - se dentro da vacatio legis ocorrer nova publicao destinada a correo, o

    prazo comea a correr novamente (art. 1, 3 e 4);

    - no havendo limite temporal, a lei vigora at que seja revogada de forma

    expressa ou tcita (art. 2);

    - lei de carter geral no revoga a de carter especial, nem o contrrio (art. 2,

    2)

    - no h repristinao, salvo disposio em contrrio (art. 2, 3)

    J as normas complementares possuem vigncia no tempo diversa das normas

    principiais, sendo reguladas pelo que dispe o art. 103 do CTN.

    A vacatio legis da lei tributria deve ser interpretada de forma a obedecer ao

    princpio da anterioridade. Assim, somente pode entrar em vigor no exerccio seguinte e/ou no

    prazo de 90 dias, dependendo do tributo.

    No h qualquer impedimento para que seja fixado na Lei um prazo de

    vigncia superior ao previsto na Constituio, esta trata apenas dos prazos mnimos.

    Aplicao da Legislao Tributria

    No Direito Tributrio a aplicao da lei segue o disposto no art. 105 do CTN: A

    legislao tributria aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes,

    assim entendidos aqueles cuja ocorrncia tenha tido incio mas no esteja completa nos termos

    do artigo 116.

    O artigo no comporta grande debate com relao a sua aplicao a fatos

    futuro, todavia em relao fatos pendentes grassa grande controvrsia na doutrina, pois

  • 38

    muitos entendem que tal norma no est em consonncia com a Constituio. Tratando-se de

    fato complexo, o questionamento que fica qual norma ser a aplicada ao contribuinte, o

    questionamento que fica qual norma ser aplicada ao contribuinte? Entendo que, iniciada

    concretizao da fato gerador aplica-se a norma que ento vigorava, mesmo que no curso

    deste venha ocorrer alterao da lei. No se admite no mbito tributrio que o contribuinte

    seja surpreendido por uma tributao que no tinha conhecimento.

    Como j visto quando do estudo do princpio da irretroatividade no pode

    haver retroatividade no caso de instituio ou majorao de tributos. Todavia o CTN admite

    alguns casos de atividade retroativa da lei no artigo 106, so eles:

    - lei interpretativa: o caso de edio de uma lei pelo Congresso Nacional que

    tem a nica funo de interpretar uma norma j posta. Dispositivo que tem

    forte rejeio, pois a interpretao de uma lei no cabe ao Congresso, mas ao

    Poder Judicirio;

    - lei mais benigna em matria de infrao; caso tpico de retroatividade de

    uma norma, que ser aplicada ao caso no definitivamente julgado quando

    deixar de defini-lo como infrao e reduza a penalidade.

    Captulo VI Interpretao e Integrao da Legislao Tributria

    6.1. Interpretao no Direito Tributrio

    a) analogia

    b) princpios gerais do Direito Tributrio

    c) princpios gerais do Direito Pblico

    d) Equidade

    6.2. Interpretao: Mtodos

    6.3 Interpretao econmica

    6.4 Evaso, Eliso, sonegao e fraude

  • 39

    Interpretao da Legislao tributria

    Interpretar o ato de identificar o sentido e alcance da norma, sempre

    necessria para que se possa aplicar a lei ao caso concreto. No processo de interpretao o

    interprete deve considerar as questes de ordem lxica, lgica, sistemtica, histrica e

    teleolgica17.

    Nas palavras do professor Paulo de Barros Carvalho, interpretar percorrer os

    planos da sintaxe, semntica e pragmtica, compondo a significao adequada do produto

    legislado.18

    O CTN estabelecer, art. 107, que a legislao tributria deve ser interpretada

    de acordo com as disposies do Cdigo, todavia este disciplina a matria de forma deficiente

    apresentando pouqussimas normas de interpretao, o que obriga o interprete a utilizar os

    mtodos da Hermenutica, conjugado com as previses do CTN.19

    De acordo com Luciano Amaro o interprete deve partir do exame do texto

    legal, perquirindo o sentido das palavras utilizadas pelo legislador (na chamada interpretao

    literal ou gramatical), cumpre-lhe, porm, buscar uma inteligncia do texto que no descambe

    para o absurdo, ou seja, deve preocupar-se com dar norma um sentido lgico (interpretao

    lgica), que a harmonize com o sistema normativo em que ela se insere (interpretao

    sistemtica), socorrendo-se da anlise das circunstncias histricas que cercaram a edio da

    lei (interpretao histrica), sem descurar das finalidades a que a lei visa (interpretao

    finalstica ou teleolgica).

    Apesar de pouco tratar da questo da interpretao, o CTN estabelece alguns

    casos que devem ser observados. O art. 111 determina que deve ser adotada a interpretao

    literal nos artigos que tratam de:

    - suspenso ou excluso do crdito tributrio (arts. 151 e 175 do CTN);

    - outorga de iseno;

    - dispensa do cumprimento de obrigao acessria.

    17

    Op. Cit. p. 205 18

    CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. Ed. Saraiva, 18 edio, pg. 101. 19

    AMARO. Luciano. Direito Tributrio Brasileiro. So Paulo. Ed. Saraiva. 14 Edio. 2008. p. 209.

  • 40

    Prev, ainda, o CTN (art. 112) que a interpretao deve se dar de forma mais

    benigna ao contribuinte sempre que se tratar de infraes.

    Integrao da norma tributria

    J a integrao se caracteriza como o processo mediante o qual se busca

    preencher eventual lacuna ou omisso da lei. A integrao no feita margem do Direito,

    deve o aplicador buscar o direito que melhor se ajuste ao caso, tendo em vista o sistema em

    que est inserido.

    O art. 108 do CTN estabelece de que forma se dar a integrao das normas

    tributrias lacunosas. Entende-se, a par do que dispe o artigo, que tal dispositivo no

    dirigido apenas ao agente pblico, mas a todo intrprete da norma.

    Outra questo relevante encontra-se no fato do CTN estabelecer uma

    hierarquia nas fontes de integrao da norma tributria, a questo muito debatida na

    doutrina, que afirma no existir fundamento jurdico, lgico e filosfico para tal

    hierarquizao. Tal hierarquizao pode gerar erros no processo de integrao, pois nem

    sempre o melhor instrumento a analogia. Esta pode se chocar com um princpio do Direito

    Tributrio que no caso prevalecer, pois de hierarquia constitucional, superior. Assim, restaria

    afastada a aplicao sucessiva dos instrumentos.

    O CTN prev os seguintes instrumentos de integrao:

    a) analogia: aplicao em um determinado caso, para o qual inexiste preceito

    expresso, de norma legal prevista para situao semelhante. vedada como forma de

    exigncia de tributo. Da mesma forma no pode no seu uso prever iseno, anistia ou

    dispensar o cumprimento de obrigao acessria (art. 111 do CTN);

    b) princpios gerais de direito tributrio: A doutrina distingue duas forma de

    analogia: juris e legis. A analogia jris a que busca a conformao do caso concreto ao

    conjunto do sistema, em especial dos princpios que o regulam;

    c) princpios gerais de direito pblico: Devem ser utilizados da mesma forma

    que o item anterior, incluindo-se os princpios gerais do direito;

  • 41

    d) a equidade: corresponde ao conceito de justia, a deciso mais justa para o

    caso concreto. Deve o interprete ter em mente que nem sempre a legalidade, o direito posto,

    corresponde ao conceito de justia. Mesmo porque este extremamente subjetivo. Na

    integrao deve o interprete buscar a norma que seja mais justa s partes. Sua aplicao

    vedada para dispensar pagamento de tributo devido. (art. 108, 2)

    Capitulo VII- Obrigao Tributria

    7.1 Conceito e noo

    7.2 Obrigao Principal e Obrigao Acessria

    Obrigao

    O vocbulo obrigao pode ser entendido de duas formas que seriam: a)

    relao jurdica (vnculo) que une em plos opostos o credor (sujeito ativo) e o devedor

    (sujeito passivo), tendo o primeiro o direito ao recebimento de determinada prestao e o

    segundo a obrigao de prest-la; b) pode tambm representar a prpria prestao que tem

    de ser cumprida pelo devedor.

    Podemos, ainda, conceitu-la como relao entre pessoas, por fora da qual se

    atribuem direitos e deveres respectivos. As obrigaes podem se originar em razo da vontade

    do agente ou por fora da lei, respectivamente obrigao ex voluntatis ou ex leges.

    As obrigaes tributrias, como j visto, caracterizam-se por ser uma

    obrigao decorrente da lei (ex leges), portanto seu nascimento independe da vontade do

    agente. Ocorrido o fato gerador nasce a obrigao tributria, ainda que no seja desejo do

    devedor, portanto trata-se de obrigao de nascimento compulsrio.

    No direito tributrio as obrigaes se dividem em:

    - Obrigao Principal (art. 113, 1 do CTN): Esta nasce com a ocorrncia do

    fato gerador ou pela imposio de penalidade pecuniria em razo de descumprimento da

  • 42

    obrigao acessria. Ser sempre uma prestao de natureza pecuniria (obrigao de dar

    dinheiro).

    - Obrigao Acessria (art. 113, 2 do CTN): So as prestaes negativas ou

    positivas (obrigaes de fazer ou no fazer). No esto, necessariamente, ligadas ocorrncia

    do fato gerador, mas deve existir uma ligao ainda que indireta. Como exemplo podemos

    citar a obrigao de declarar a renda no final do exerccio (declarao de imposto de renda),

    aceitar que o fiscal adentre a empresa e lhe disponibilizar a contabilidade, prestar declaraes

    Fazenda Pblica etc.

    A obrigao acessria quando descumprida d ensejo incidncia de uma

    penalidade administrativa, caso a penalidade seja pecuniria (ex. multa) se converter em

    obrigao principal (art. 113, 3 do CTN). Esta converso ocorre em razo da natureza das

    obrigaes. Como a obrigao principal ser sempre uma prestao pecuniria e a obrigao

    acessria ser sempre uma prestao (obrigao) de fazer ou no fazer, a imposio da

    penalidade pecuniria se torna uma obrigao principal.

    Captulo VIII Fato Gerador

    8.1. Noes e Espcies

    8.2 Elementos e efeitos do fato gerador

    Fato Gerador

    Como vimos a obrigao tributria pode ser principal ou acessria, seguindo

    esta lgica o CTN estabelece dois tipos de fato gerador:

    a) Fato gerador da obrigao principal (art. 114);

    b) Fato gerador da obrigao acessria (art. 115).

    O fato gerador da obrigao principal sempre estudado no aspecto material

    (elemento objetivo): a descrio legal de situao material que d nascimento obrigao

  • 43

    tributria (ex. adquirir renda, propriedade de bem imvel etc.). Em torno deste aspecto

    material h outros fatores necessrios para a identificao da obrigao tributria, que so:

    a) o elemento subjetivo: refere-se s pessoas presentes nos plos da relao

    obrigacional. O sujeito ativo a pessoa (estatal ou no) credora da obrigao. J o sujeito

    passivo o devedor. A identificao feita em funo do aspecto material.

    b) o elemento quantitativo: so os elementos utilizados para apurar o valor a

    ser pago. Pode ocorrer da norma j fixar o valor devido (taxa) ou estabelecer uma operao

    matemtica para se chegar ao valor, mediante a aplicao de um percentual (alquota) sobre

    uma medida de grandeza (base de clculo).

    c) o elemento espacial: est ligado rea de atuao do sujeito ativo. o lugar

    de ocorrncia do fato gerador.

    d) o aspecto temporal: o momento da ocorrncia do fato gerador.

    importante para verificar a lei aplicvel ao caso.

    O fato gerador pode ser classificado de diversas formas, algumas so

    importantes para conhecermos a estrutura de certos tributos. Assim podemos dividi-lo,

    segundo Luciano Amaro20, em:

    a) Quanto forma de incidncia

    - instantneo: que ocorre em determinado momento do tempo, caracterizado

    por um negcio jurdico singular (ex. importao de mercadoria).

    - peridico: quando sua realizao ocorre em longo espao de tempo. A soma

    de todos os fatos ocorridos d nascimento a obrigao tributria (ex. imposto

    de renda).

    c) continuado: se caracteriza em situaes que se mantm perene no tempo,

    sendo mensurado por um corte temporal, determinado dia do ano (ex. IPTU).

    20

    Op. Cit. 267 a 271.

  • 44

    Qual o momento da ocorrncia do fato gerador? O CTN prev (art. 116) dois

    momentos especficos:

    a) nas situaes fticas, quando presente as circunstncias matrias para que

    produza os efeitos que lhes so prprios;

    b) nas jurdicas, quando presentes todos os requisitos previstos na lei.

    No caso das situaes jurdicas, tratando-se de negcio jurdico sujeito a

    condio, fato gerador ser considerado ocorrido quando:

    a) se suspensiva a condio desde o momento de seu implemento. Na

    condio suspensiva o negocio produz efeitos somente a partir da ocorrncia da condio, pois

    foi realizado e teve sua eficcia suspensa at a ocorrncia do evento. Assim, do ponto de vista

    tributrio, o fato gerador ir ocorrer futuramente.

    b) se resolutria a condio, considera-se ocorrido o fato gerador desde o

    momento da realizao do negcio, pois este produziu plenos efeitos. A ocorrncia da

    condio era resolver (terminado) o negcio, com efeitos no retroativos.

    A ocorrncia do fato gerador acarreta alguns efeitos que so importantes na

    sua definio, entre os principiais podemos citar:

    - fixa o momento em que se materializa a Obrigao Tributria Principal (art.

    113, 1 do CTN);

    - identifica o sujeito passivo (devedor);

    - determina o regime jurdico (legislao) a ser aplicado Obrigao Tributria.

    - permite a definio do aspecto quantitativo.

    Fato gerador e a Tributao de atos ilcitos.

  • 45

    Prev o artigo. 118 do CTN que a interpretao do fato gerador feita

    abstraindo-se a validade jurdica e efeitos dos atos praticados. Qual seria o alcance desta

    norma, haveria possibilidade de tributao de atos nulos ou ilcitos?

    A referida norma no tem a amplitude que lhe tentou dar alguns

    doutrinadores. O referido preceito no positiva a tributao de fatos ilcitos, posto que o

    tributo nasce da ocorrncia de uma situao ftica estabelecida em lei. Seria ilgico o Estado

    estabelecer uma situao que considera ilcita como hiptese de incidncia, pois seria o

    mesmo que legitimar a prtica.

    Sabemos que determinados atos para serem validos devem ser praticados por

    agente capaz, forma prescrita ou no defesa (proibida) em lei e objeto lcito. Faltando algum

    destes requisitos o ato ser nulo ou anulvel, conforme o caso. Todavia, para fins tributrios

    este ato tem plena validade, sendo exigido o tributo decorrente de sua concretizao, ainda

    que eivado de vcio.

    Captulo IX Sujeitos da Obrigao Tributria

    9.1 Sujeito Ativo

    9.2 Sujeito Passivo

    9.2.1 Contribuinte

    9.2.2 Responsvel

    9.2.3 Responsabilidade no CTN

    A relao obrigacional se caracteriza pela bipolaridade, no mnimo, com a

    presena do credor e do devedor. No plo ativo est aquela pessoa