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CRISTIANE DA SILVA MACHADO Estrutura e Funcionamento da Educação Básica

Apostila Estrtura Da Educação Basica ATUAL 2

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Material sobre a estrutura da educação basica no brasil

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CRISTIANE DA SILVA MACHADO Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica APRESENTAO comsatisfaoqueessainstituioofereceavoc,estaapostiladeEstrutura e Funcionamentoda Educao Bsica,comumde umconjuntodemateriais depesquisavoltado ao aprendizado.Nessecontexto,osrecursosdisponveisenecessriosparaapoi-lo(a)noseuestudosoosuple- mentoqueapsgraduaooferece,tornandoseuaprendizadoeficienteeprazeroso,concorrendo parauma formao completa, na qual o contedo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. Centro de Estudos, Formao e Apoio Pedaggico SUMRIO INTRODUO ........................................................................................................ 5 1 ESTRUTURA DIDTICA DA EDUCAO BSICA ........................................... 7 1.1 Resumo do Captulo .............................................................................................................................. 8 1.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................... 9 2 FUNDAMENTOS DA EDUCAO ..................................................................... 11 2.1 Resumo do Captulo ............................................................................................................................ 11 2.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................ 12 3 SISTEMA ESCOLAR ............................................................................................... 13 3.1 Definies Relevantes ............................................................................................................................... 13 3.2 Sistema de Ensino ............................................................................................................................... 14 3.3 Sistema Escolar Brasileiro ......................................................................................................................... 15 3.4 Resumo do Captulo ............................................................................................................................ 16 3.5 Atividades propostas .......................................................................................................................... 16 4 EVOLUO DA INSTITUIO ESCOLAR ................................................... 17 4.1 A Escola Primria ....................................................................................................................................... 17 4.2 A Escola Mdia ............................................................................................................................... 18 4.3 A Educao Pblica ............................................................................................................................. 18 4.4 Resumo do Captulo ............................................................................................................................ 18 4.5 Atividade Proposta .................................................................................................................................... 19 5 A EDUCAO BSICA NO BRASIL ................................................................... 21 5.1 Perodo da Primeira Repblica: 1889 a 1929 ....................................................................................... 21 5.2 Perodo da Segunda Repblica: 1930 a 1936 ....................................................................................... 22 5.3 Perodo do Regime Militar: 1964 a 1985 .............................................................................................. 23 5.4 Perodo da Abertura Poltica: 1986 At Nossos Dias ............................................................................ 24 5.5 Resumo do Captulo ............................................................................................................................ 25 5.6 Atividades Propostas ................................................................................................................................ 25 6 ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA EDUCAO BSICA ........................ 27 6.1 A Estrutura Didtica da Educao Bsica a Partir da Lei 9.394/96 (LDB) .............................................. 27 6.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) ............................................................................................... 28 6.3 Alguns Antecedentes das Diretrizes Curriculares Nacionais........................................................... 29 6.4 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Fundamental ................................................................ 30 6.5 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Mdio ........................................................................ 32 6.6 A LDB e o Ensino Mdio ................................................................................................................. 32 6.7 Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educao de Jovens e Adultos (EJA) ...................................... 35 6.8 Resumo do Captulo ............................................................................................................................ 40 6.9 Atividades Propostas ................................................................................................................................ 41 7 LEI 9.394/96 - LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL (LDB) .... 43 7.1 Estrutura da LDB ............................................................................................................................ 43 7.2 Educao como Direito ................................................................................................................. 44 7.3 Princpios da Educao Nacional ............................................................................................... 44 7.4 Dificuldades Para o Cumprimento da LDB .................................................................................... 45 7.5 Pontos de Destaque na LDB .......................................................................................................... 45 7.6 Resumo do Captulo ...................................................................................................................... 45 7.7 Atividades Propostas ............................................................................................................................ 46 8 A ESCOLA COMO ORGANIZAO ........................................................... 47 8.1 Organizao Administrativa da Escolas .................................................................................... 47 8.2 As Incumbncias dos Docentes .................................................................................................... 49 8.3 A Valorizao do Magistrio ...................................................................................................... 49 8.4 Resumo do Captulo ...................................................................................................................... 50 8.5 Atividades Propostas ............................................................................................................................ 50 9 ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS ................................................ 51 9.1 Resumo do Captulo ...................................................................................................................... 55 9.2 Atividades Propostas ............................................................................................................................ 55 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS .................. 57 REFERNCIAS......................................................................................................... 61 ANEXO.................................................................................................................................... 63 INTRODUO Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, segurana e propriedade. Artigo 5 da Constituio Federal Caro(a) aluno(a), A presente apostila contm o contedo das aulas de Estrutura e Funcionamento do Ensino. Dos estudos da apostila, de indicaes de leituras, das atividades, aulas e discusses. Para melhor aproveitamento e compreenso do contedo da disciplina, necessrio que o aluno providencie o texto da seguinte legislao: Desejo a voc um timo aproveitamento nesta disciplina. Cristiane da Silva Machado 5 Unisa | Educao a Distncia |www.unisa.br ESTRUTURA DIDTICA DA EDUCAOBSICA A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incen- tivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pes- soa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. Artigo 205 da Constituio Federal Vamos refletir! Voc sabia que aLei de Diretrizes e Basesda EducaoNacional(LDB)definetodaaestrutura educacional brasileira? Conforme o artigo 22 desta Lei: A educao bsica tem por finalidades desenvolver o educan- do,assegurar-lheaformaocomumindispen- svel para o exerccio da cidadania e fornecer-lhe meiosparaprogredirnotrabalhoeemestudos posteriores. Essas finalidades devem ser analisa- dasdeacordocomospressupostosfilosficose polticos contidos na Constituio Brasileira vigen- te. Portanto, todas as atividades de ensino-apren- dizagem devem obrigatoriamente convergirpara as finalidades constitucionalmente estabelecidas. AEducaoInfantilaprimeiraetapada Educao Bsica e tem como finalidade o desen- volvimento integral da criana at seis anos, consi- derando os aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social e completando a ao da famlia e da co- munidade. Segundo o artigo 29 da LDB, ofereci- da em dois nveis: I. creches para crianas at trs anos de idade; II. Pr-escolas, para crianas de qua- tro a seis anos de idade.. O Ensino Fundamental, segundo artigo 32da LDB,obrigatrioegratuitonasescolaspblicas, com durao mnima de oito anos e ter como ob- jetivo a formao bsica do cidadoatravs: 1.dodesenvolvimentodacapacidadede aprender, tendo comomeiosbsicoso pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo; 2.dacompreensodoambientenaturale social,dosistemapoltico,datecnologia, das artes e dos valores em que se funda- menta a sociedade; 3.dodesenvolvimentodacapacidadede aprendizagem, tendo em vista a aquisi- o de conhecimentos e habilidades e a formao de atitudes e valores; Lei n 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, institui o Ensino Fundamental de Nove Anos a partir dos seis anos de idade. 7 A At te en n o o A estrutura didtica da Educao Bsica, instituda pela Lei n 9.394 de 20 dede- zembro de 1996, envolve escolas dedi- ferentes etapas: Educao Infantil,Ensino FundamentaleEnsinoMdio,almde modalidades especficas de ensino como a Educao de Jovens e Adultos, aEdu- cao Profissional e a Educao Especial. 1 Cristiane da Silva Machado 4.dofortalecimentodosvnculosdefam- lia,dos laosdesolidariedadehumanae de tolerncia recproca em que se assen- ta a vida social. OEnsinoMdio,conformeoartigo35da LDB,aetapafinaldaEducaoBsica,comdu- rao mnima de trs anos. Tem comofinalidades: 1.a consolidao e o aprofundamento dos conhecimentosadquiridosnoEnsino Fundamental, tendo em vista oprosse- guimento dos estudos; 2.apreparaobsicaparaotrabalhoea cidadaniadoeducando,demodoaser capazdeseadaptaranovascondies deocupaoeaperfeioamentosneces- srios; 3.oaprimoramentodoeducandocomo pessoa humana, sua formao tica e o desenvolvimento da autonomia intelec- tual e do pensamento crtico; 4.a compreenso dos fundamentos cient- fico-tecnolgicos dos processos produti- vos. A Educao de Jovens e de Adultos (EJA) a modalidade de ensino prevista nos artigos 37 e 38 da LDB para jovens e adultos conclurem o Ensino Fundamental ou Mdio. A Educao Profissional no se coloca como um nvel de ensino, mas tipo de formao que se integra ao trabalho, cincia e tecnologia e con- duz ao permanente desenvolvimento de aptides para a vida produtiva. Est regulamentada nos arti- gos 39, 40 e 41 da LDB. A Educao Especial, de acordo com o artigo 58 da LDB, uma modalidade de educao ofereci- da preferentemente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidadesespeciais. Finalmente,algumasconsideraessobre EducaoaDistnciasefazemnecessrias.Esta modalidadedeensinomaisumaformadiferen- ciadadecomunicaopedaggicaedeinterao professor-aluno,queusanovastecnologiasdeco- municaoescolar,asquaispodemserusadasno nvel da Educao Bsica e do EnsinoSuperior. Caro(a) aluno(a), Nodecorrerdoprimeirocaptulo,vimosqueaestruturabsicadaeducaobrasileiradefinida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB), lei essa subordinada aos princpios filosficos epolticoscontidosnaConstituioBrasileiravigente.ALeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacional envolve,porsuavez,escolasdediferentesetapas:AEducaoInfantil, oEnsinoFundamentale Mdio, assim como outras modalidades, a saber, a Educao de Jovens e Adultos (EJA), a Educao Profissional e a Educao Especial. Cada modalidade representa uma etapa no processo de aprendizagem e, como tal, oferecer finalidades especficas que buscam atender aos princpios vigentes. 1.1 Resumo do Captulo 8 Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica 1.Quais so as etapas da educao bsica, previstas na LDB? 2.Quais so as modalidades de educao previstas na LDB? 9 1.2 Atividades Propostas FUNDAMENTOS DA EDUCAO Sero fixados contedos mnimos para o ensino fundamental, de maneira a asse- gurar formao bsica comum e respeito aos valores culturais e artsticos, nacionais e regionais. Artigo 210 da Constituio Federal Caro(a) aluno(a), Quando pensamos em fundamentos da edu- cao, a que estamos nos referindo? A importncia de se refletir sobre os funda- mentos da educao reside no fato de que quanto mais tivermos clareza sobre eles, mais poderemos estabelecer os princpios gerais que devero norte- ar o ensino em qualquer nvel. Os fundamentos da educao nos remetem aos seus objetivos. Os objetivos da educaopo- dem ser considerados sob uma perspectiva genri- ca, de contedo tico, relacionada com a sacralida- de da pessoa humana, sua dignidade, sua situao particular e histrica e suas exigncias e peculiari- dades. Esses ltimos objetivos so contemplados na lei maior da educao brasileira: a Lei de Dire- trizes e Bases da Educao Nacional (n 9.394/96), que insiste especialmente na formao da cidada- nia, que uma exigncia democrtica indiscutvel, e na preparao para o trabalho voltada para a tec- nologia e a produo modernas. Aeducaodeveproporcionar aoeducan- do os meios necessrios para entender omundo em que vive e o momento histrico em queest situado e lhe oferecer armas para defender-se de influncias nocivas para a sua prpria vida e da sua comunidade, isto especificamente em uma poca em que os meios de comunicao tendem a tratar a todos como seres passivos e manipulveis. Caro(a) aluno(a), No decorrer do segundo captulo, vimos que os chamados Fundamentos da Educao nos reme- tem aos seus objetivos. Tais objetivos, por sua vez, encontram-se regidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (LDB). Essa concepo normativa deriva, genericamente, de um contedo tico 11 2.1 Resumo do Captulo 2 A At te en n o o Liberdade,modificabilidade,desenvol- vimento, valores, finalidade e temporali- dade so categorias existenciais bsicas, condio de possibilidades de umacon- duta humana especfica, portanto, igual- mentecondiesdepossibilidadesou fundamentos da educao. Cristiane da Silva Machado diretamenterelacionadoaocontextohistrico.Demaneirageral,trata-sedeteracidadaniaeademo- cracia como princpios fundamentais, bem como a preparao para o trabalho em um contexto moderno etecnolgico.Emsuma,aeducaodeveproporcionarosmeiosnecessriosparaoentendimentodo mundo e das diferentes relaes nas quais o educando estiverinserido. 1.Qual a importncia de se refletir sobre os fundamentos da educao? 2.Quando falamos em fundamentos da educao, estamos nos referindo tambm aos objetivos da educao. Quais so, de acordo com a leitura deste tpico, os objetivos da educao? 2.2 Atividades Propostas SISTEMA ESCOLAR Caro(a)aluno(a),vamosagorarefletirsobre algunsconceitosimportantesparaentenderaes- trutura e funcionamento daeducao. Junte-seaseuscolegasereflitamsobre:o que um sistema? Para entender esse e outros conceitosimpor- tantes, faa a leitura do texto a seguir: podemosafirmarquea caractersticada intencionalidaderepresentaabssola orientadora de um sistema. ParaDermevalSaviani(2001),sistemaa unidadedevrioselementosintencionalmente reunidosdemodoaformarumconjuntocoerente e operante. Caractersticas bsicas de um sistema Pluralidade de elementos: umsistema no se constitui na unidade isolada; ele requisitaobrigatoriamenteparaasua formao uma pluralidade de elementos; Combinaodeelementos:aplurali- dadedeelementosdosistemarequer tambmquehajaumainter-relao/ combinaoentreesseselementos,ou seja, eles so interdependentes. Ressalta- -sequetalcombinaodeveserinterna e externa; Intencionalidade:significaadefinio claraeinequvocadoquesepretende alcanar (fins ou finalidades). Em sntese, Representaosistmica Vivemos emummundodesistemas, ondea poltica,economia,religio,educao,culturaetc. representama pluralidadede elementosquecom- binadoseinter-relacionadoscompemomaior dos sistemas, ou seja, asociedade. Para a teoria sistmica, tecnicamente, a socie- dadedenominadademacrossistemaesuaspar- tes constitutivas so denominadas desubsistema. Base de sustentaosistmica A estrutura sistmica mxima exige para seu bom funcionamento um conjunto de regras orien- tadoras,normatizadorasdavidaemsociedade. Isso significa dizer que a base de sustentaodo macrossistema vem traduzida na Constituio Fe- deral. Nestamesmalinhadecompreenso,foca- mosaeducaoemsuacomposioformal(es- cola)eapresentamoscomobasedesustentao normativa a LDB. 13 3.1 DefiniesRelevantes 3 A At te en n o o Sistemaprovmdogregosystemae significa reunio, grupo, conjunto de ele- mentosinter-relacionados. 14 Cristiane da Silva Machado Tipos de sistemas existentes no tocante edu- cao Sistemaeducacional:omaisamplodeto- dosossistemasexistentesnotocanteeducao, poisabarcaprocessos deensinaredeaprender que tm raiz na famlia, na escola, nos partidos po- lticos, na mdia, nas relaes interpessoais, nas as- sociaes dos mais diferentes matizesetc. O sistema educacional, portanto, vincula-se educao formal, informal e no formal. Sistema educacional formal Educao formal aquela edificada dentro da instituio socialmente reconhecida como escola. O processoensino-aprendizagemtraduzidoporesse sistema obrigatoriamente sistematizado, ouseja, vemorganizadodentrodeparmetrosespecficos encontrados no mundo da escola, ou seja: currculo, disciplinas, metodologias, objetivos, avaliao e pla- nejamento, tudo isso apropriado emumcorpode recursos humanos tecnicamente preparado para al- canar um grau de ensino e de aprendizagem desej- vel ao sujeito mximo do processo o aluno. O corpo normativo de sustentao deste sistema a LDB. Sistema educacional no formal O sistema de educao no formal est vincu- ladosdemaisinstituiessocialmentereconheci- das como: famlia, igreja, mdia, partidos polticos e associaes dos mais diferentesmatizes. O processo ensino-aprendizagem que se es- truturanessemodelosistmico dispensa origor da sistematizao das aes presentes no sistema educacional formal, porm o processo de aprendi- zagem se estrutura efetivamente a partir das espe- cificidades de cada uma dessas instituies. Sistema educacional informal O processo de ensinar e aprender neste sis- tema dispensa a representao institucional; ele se estrutura basicamente nas relaesinterpessoais travadas no cotidiano de cada indivduo e se pau- ta no senso comum, no conhecimento ou cultura popular, nas interpretaes e nas dedues que o homem faz das coisas e sobre as coisas, dos acon- tecimentos do seu mundo dirio. Diz respeito ao como o aluno percorre o sis- temaeducacionalformalemseus diferentes nveis e modalidades. O sistema de ensino pode ter uma compo- siomltipla,ouseja,admite-seaorganizao do sistema de ensino brasileiro em sries anuais, perodos semestrais, ciclos, alternncia regular de perodo de estudos, com base na idade, na compe- tncia e em outros critrios, sempre que o processo de aprendizagem assim recomendar. Sistemaescolar Diz respeito a uma rede de escolas e suaes- truturadesustentao, estruturaessarepresenta- dapelaesferaadministrativadoensino(sentido macro) e pela esfera normativa. Essas duasesferas referidastmvinculaosdiferentesestruturas depoder,quaissejam:PoderFederal,Estaduale Municipal. Na esfera ou nvel federal temos o Minis- triodaEducao(MEC)comorgoMximoda administraodoensinobrasileiro,cabendo-lhe formulareavaliarapolticanacionaldeeducao e zelar pela qualidade do ensino. Esse rgo se co- municadiretamentecomoConselhoNacionalde Educao(CNE)oqualpossuiatribuiesnormati- vas, deliberativas e de assessoramento aoMEC. Emnvelestadual,nopoloadministrativo, encontramosaSecretariaEstadualdeEducao,a qual possui no estado competncia no que se refe- readministrao,coordenaoesupervisodas polticas educacionais estaduais. No polo normativoestadual, temos oCon- selhoEstadualdeEducao,rgoconsultivo, deliberativo e fiscalizador do sistema estadual de educao. 3.2 Sistema de Ensino Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica Em nvel municipal, temos a Secretaria Muni- cipal de Educao como rgo executivo da admi- nistrao do ensino. Como rgo normativomu- nicipal, temos o Conselho Municipal de Educao com competncia para orientar normativamente toda a rede municipal de ensino. Observe as vinculaes darede deescolas que compem o sistema escolar: InstituiesPblicasFederaisdeNvel Superior (IFES) MEC/CNE; InstituiesPblicasEstaduaisdeEnsino Fund. e Mdio SEED/CEE; Instituies Pblicas Municipais de Ens. Inf. e Fund. SEMEC/CME. Em se tratando de instituies educacionais de natureza privada, registra-se que sua vinculao administrativaprende-senumprimeiroplano mantenedora da referida organizao educacional; no entanto, no que diz respeito ao polo normativo, a iniciativa privada deve obrigatoriamente voltar- -se para um dos rgos normativos do ensino (CNE, CEE ou CME), dependendo do nvel ou modalidade de educao ou ensino que oferea. Se adotarmos a definio de que sistema conjunto de elementos que formam um todo or- ganizado (LALANDE apud DIAS, 1998, p. 127), va- mos observar que ser difcil justificar a existncia de um sistema escolar brasileiro. Contudo, existem alguns fatores que contribuem pra a unificao do sistema escolar brasileiro: a)Ofatodeasescolasestaremlocalizadas dentro dos limites do territrio nacional; b)Ofato deossistemasestaremaservio daculturabrasileira,detalmaneiraque escolaeculturaseinfluenciammutua- mente; c)O fato de o ensino ser ministrado em ln- gua nacional; d)Ofatodequetodasasescolasestarem sujeitas a uma legislao comum; e)O fato de existirem disposies legais que determinam, pelo menos formalmente, a articulaoentreosgrauseaequivaln- cia entre as modalidades de ensino. Fundamentos do sistema escolar brasileiro Para funcionar em sua plenitude, umsistema escolardeveriaapresentarasseguintescaracters- ticas: a)Do ponto de vista das entradas para o sis- tema (input): Entrada de recursos financeiros em quan- tidadesuficienteparamanterosistema em plena atividade; Recrutamentodepessoalemnmeroe qualidadeadequadosparaasdiferentes funes; Admisso de alunos de maneira que no houvesse falta ou excesso de vagas, com atendimentode100%dademandana idade certa. b)Do ponto de vista do processo: Currculoseprogramasconstantemente atualizados,emfunodasnecessidades individuais e sociais; Pessoalcomqualificaoadequadas suas funes; ndicessatisfatriosdedesempenhodos alunos,respeitadasasdiferenasindivi- duais; Ausncia de evaso e repetncia. 15 3.3 Sistema Escolar Brasileiro Cristiane da Silva Machado c)Do ponto de vista das sadas do sistema (output): Formaodeprofissionaisemquantida- desuficienteparaasnecessidadesso- ciais; Desenvolvimento cultural da populao em nvel suficiente para que cadaindi- vduo pudesse se expressar, oral ou por escrito, com fluncia e em condies de usufruir do patrimnio artstico e cultu- ral; Suficiente orientao individual no sen- tido do emprego dos prpriosrecursos para construir um projeto de vida e para uma fruio plena da existncia. Umexamesuperficialnosmostraqueesta- moslongedeumfuncionamentoqueseaproxime doquadroacimadescrito.Estasituaoresultade errosacumuladosdesdeumpassadodistante,por faltadeplanejamento,mastambmreflexode nossacondiodepasemdesenvolvimento.O crescimentodaeconomianopodeprescindirde umrazovelaperfeioamentodosistemaescolar. Nopodemosficarpassveisesperandocondies melhores; cada um, dentro de sua rea de atuao, devedespenderoesforonecessrioparamelho- rar o funcionamento do sistema escolarbrasileiro. Caro(a) aluno(a), Noterceiro captulo, discutimosaEducaoenquanto sistema,cujascaractersticasfundamentais seriamapluralidadede elementos,combinao de elementoseintencionalidade.Paraobom funciona- mento desse sistema, so necessrias regras orientadoras normatizadoras cuja maior expresso a Constituio Federal. Assim, no plano da Educao, temos a escola (unidade formal) e a LDB como base de sustentao normativa. O sistema educacional, portanto, o sistema mais amplo de todos os sistemas ligados educao, vinculando-se educao formal, informal e no formal. O Sistema de Ensino diz res- peito ao como o aluno percorre o sistema educacional em seus diferentes nveis e modalidades. O Siste- ma Escolar, por sua vez, diz respeito a uma rede de escolas e sua estrutura de sustentao (administrativa e normativa), vinculadas s diferentes estruturas de poder Federal (MEC e CNE), Estadual (CEE e SEE) e Municipal(CMEeSEMEC).Finalmente,temosoconjuntomximo,dedifcilpercepo,queconstituo SistemaEscolarBrasileiro,umaunidadetotalfundamentadaapartirdecritriosdeentrada(input),do processo e de critrios de sada (output). 1.Vimos que os sistemas tm algumas caractersticas bsicas. Cite pelo menos trs. 2.Alguns fatores contribuem para a unificao do sistema escolar brasileiro. Quais soeles? 3.Cite alguns exemplos de sistema de educao no formal. 3.5 Atividades propostas 3.4 Resumo do Captulo 16 EVOLUO DA INSTITUIO ESCOLAR Comoeraaescolanapocaemquevoc aprendeu a ler e a escrever? A escola passa por transformaes lentas ou rpidas? De que forma isso acontece? Parasabermaissobreisso,vamosacompa- nharumaevoluodaagnciaespecficaparaa educao: a escola! A educao sempre foi um processo duplo: primeiro ela significa a atividadedesempenhada por adultos para assegurar a vida e odesenvolvi- mentodageraomaisnova.Nessesentido,os pais se constituem os primeiros educadores, logo auxiliados, e mesmo substitudos, por colaborado- res como, por exemplo, os sacerdotes, os guerrei- ros e os professores. Nessa linha de continuidade, vem surgir a escola como nova instituiosocial especfica daeducao. A escola primria surge no Ocidente, quan- do na Grcia clssica surgem os primeiros profes- sores leigos que inauguraram o grupo profissional pedaggico, a classe dos professores dedicados formao fsica, intelectual e moral de crianas e jovens. J em Roma, no perodo republicano, os pais educavam os filhos ensinando-lhes as letras, o di- reito e as leis. Por volta de 100 a.C. existiamem Roma escolas de retrica do tipo grego, precedidas pelo ensino elementar, ludus, que passou acha- mar-se de schola, escola. O professor primrio era o ludimagister, logo chamado de gramatista,por influncia grega. Em Roma, o ensino elementar era de iniciativa privada, mas no perodo imperial ele se enquadrava no programa didtico dos grandes estabelecimentos pblicos mantidos pelo Estado. Nasescolasorganizadaspeloscristos,as crianas aprendiam a ler, escrever e cantar salmos. No fim do mundo antigo, os meninos cristos fre- quentavam as escolas do gramtico e do retrico. NaIdadeMdia,oensinotornou-sequase monopliodosmosteiros.Ascrianasaprendiam a ler, escrever, contar e entoar salmos. J no sculo XII,oscomerciantesenviavamosfilhosaomostei- ro. Nessa mesma poca, a florao de escolas urba- nas, paroquiais e cannicas facilitou o aparecimen- todemuitosprofessoresparticulares,clrigosque davamaulasdegramticaeoutrasmatrias;eles davamaulasparticularesaosfilhosdoshabitantes mais ricos. No sculo XIII, a partir da Revoluo Francesa, passou-seaenalteceroidealdaeducaosecula- rizada,massemnenhuminteressepelaeducao dos filhos dostrabalhadores. O ideal e a prtica de um tipo deeducao universal, democrtica, surgem no sculo XIX, nos Estados Unidos da Amrica e se tem difundido com dificuldades para o mundo, desde ento. 17 A At te en n o o na Grcia que surge o termo escola schol, que significa: lazer,tempo livre para designar um estabelecimento de ensino. 4.1 A Escola Primria 4 18 Unisa | Educao a Distncia |www.unisa.br Cristiane da Silva Machado Porescolamdia,entende-seainstituio dedicadafasedeescolarizaosituadaentrea escolaelementareasuperior.Essetipodeescola, que corresponde faixa etria da adolescncia, co- meouaesboar-senomundoocidentaldurante o perodo medieval, assumiu forma tpica na poca renascentistaeperdurouporvriossculosatos dias de hoje. Atualmente, no Brasil, a escola mdia dividiu- -seemduaspartes,ficandoumadelasligada escola elementar, constituindo-se o ensino de pri- meiro grau, enquanto a outra passou a constituir o ensino de segundo grau, com novas caractersticas que a distinguem da escola mdia renascentista. A escola comeou a ser custeada pelos cofres pblicoseasermantidapeloEstadonospases protestantes. Como o momento luterano destruiu a rede de escolas paroquiais e monsticas existentes desdeaIdadeMdia,Luteroapelouaosprncipes que aderissem sua Igreja, para que fundassem es- colaseassustentassem,emboraessesestabeleci- mentosfossemessencialmente religiosos. S no sculo XVIII, na Alemanha, comeou a educaopblicapuramenteestatalcomosreis da Prssia, Frederico Guilherme I e Frederico II.Na Frana, na mesma poca, esse tipo de educao foi puramente tericoe existiu nos discursos.Somen- tecomNapoleoBonapartequeseorganizouo sistema pblico oficial. No entanto, um sistema de educaopblicaeverdadeiramentedemocrtico s comeou a existir de fato nos Estados Unidos, no sculo XIX. Caro(a) aluno(a), No quarto captulo, vimos que a Escola constitui-se enquanto um elemento histrico mutvel, um processo social que sofreu e sofrer constantes transformaes. No caso da escola primria, na Grcia antiga que, por exemplo, surge o termo escola para designar um estabelecimento de ensino: schol, que significava lazer, tempo livre. Ainda no mundo antigo possvel observar formaes distintas de ensino, como em Roma. Modalidades diversas de ensino podem ser identificadas como resultado de sua forma de orientao, a exemplo do ensino organizado por grupos sociais, a exemplo dos cristos. J na Idade Mdia, o ensino tornou-se quase que monoplio dos mosteiros e, j durante a efervescncia cultural/ poltica da Revoluo Francesa, o ideal enaltecido foi o do ensino secularizado. J o ideal de educao universal surge no decorrer do sculo XIX, nos Estados Unidos. A Escola Mdia, voltada para a fase de es- colarizao, situada entre a escola elementar e a superior, comeou a ser esboada no Ocidente apenas durante a Idade Mdia, assumindo uma maior definio durante o perodo Renascentista. A Escola Pbli- ca teve seu incio nos pases protestantes, como fruto da dissoluo das escolas paroquiais e monsticas. Porm, apenas na Alemanha do sculo XVIII que teria comeado a educao pblica puramente Estatal. Na Frana, Napoleo seria o responsvel pela organizao do ensino pblico. No entanto, a educao pblica, sob a orientao democrtica, apenas se iniciaria nos EUA do sculo XIX. Vamos agora avaliar a sua aprendizagem. 4.4 Resumo do Captulo 4.3 A Educao Pblica 4.2 A Escola Mdia Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica 1.Em que pas surgiu o termo escola? 2.A que perodo da Histria podemos vincular o surgimento da escola pblica, custeada pelos cofres pblicos e mantida pelo Estado? 19 4.5 Atividade Proposta A EDUCAO BSICA NO BRASIL O ensino religioso, de matrcula facultativa, constituir disciplina dos horrios nor- mais das escolas pblicas de ensino fundamental. 1 do artigo 210 da Constituio Federal Caro(a) aluno(a), Agora que voc j tem algumas informaes sobre a evoluo da escola enquanto sistema p- blico, vamos analisar mais de perto e commais detalhescomoissoaconteceunoBrasildesdea Primeira Repblica at os dias dehoje. A Repblica proclamada adota o modelo po- ltico americano baseado no sistema presidencia- lista. Na organizao escolar percebe-se influncia da filosofia positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princpios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como tambm a gratuidade da escola pri- mria. Esses princpios seguiam a orientaodo que estava estipulado na Constituio brasileira. UmadasintenesdaReformaeratrans- formaroensinoemformadordealunosparaos cursossuperioresenoapenaspreparador.Outra intenoerasubstituirapredominncialiterria pela cientfica. Essa Reforma foi bastantecriticada: pelospositivistas,jquenorespeitavaosprinc- piospedaggicosdeComte;pelosquedefendiam apredominncialiterria,jqueoqueocorreu foi oacrscimodematriascientficasstradicionais, tornando o ensino enciclopdico. OCdigoEpitcioPessoa,de1901,incluia lgica entre as matrias e retira a biologia, a socio- logia e a moral, acentuando, assim, a parte literria em detrimento dacientfica. A Reforma Rivadvia Correa, de 1911, preten- deuqueocursosecundriosetornasseformador do cidado e no fosse apenas simples promotor a um nvel seguinte. Retomando a orientao positi- vista,pregaaliberdadedeensino,entendendo-se comoapossibilidadedeofertadeensinoqueno sejaporescolasoficiaisedefrequncia.Almdis- so, prega ainda a abolio do diploma em troca de umcertificadodeassistnciaeaproveitamentoe transfereosexamesdeadmissoaoensinosupe- riorparaasfaculdades.OsresultadosdestaRefor- ma foram desastrosos para a educao brasileira. 21

A At te en n o o importante saber que o percentualde analfabetos no ano de 1900, segundoo Anurio Estatstico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatstica, era de 75%. 5.1 Perodo da Primeira Repblica: 1889 a 1929 5 Cristiane da Silva Machado AReformadeCarlosMaximiliano,em1915, surgeemfunodeseconcluirqueaReformade Rivadvia Correa no poderia continuar. Esta refor- ma reoficializa o ensino noBrasil. Num perodo complexo da Histria do Brasil, surge a Reforma Joo Luiz Alves, que introduz a ca- deira de Moral e Cvica com a inteno detentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes. Adcadadevintefoimarcadapordiversos fatosrelevantesnoprocessodemudanadasca- ractersticaspolticasbrasileiras.Foinestadcada queocorreuoMovimentodos18doForte(1922), aSemana deArte Moderna(1922),afundaodo PartidoComunista(1922),aRevoltaTenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927). Almdisso,noqueserefereeducao,fo- ramrealizadasdiversasreformasdeabrangncia estadual,comoadeLourenoFilho,noCear,em 1923; a de Ansio Teixeira, na Bahia, em 1925; a de FranciscoCamposeMarioCasassanta,emMinas, em 1927; a de Fernando de Azevedo, no Distrito Fe- deral (atual Rio de Janeiro), em 1928; e a de Carnei- roLeo,noPernambuco,em1928.Oclimadessa dcadapropiciouatomadadopoderporGetlio Vargas,candidatoderrotadonaseleiesporJlio Prestes, em 1930. A caractersticatipicamente agrria do pase as correlaes de foras polticas vo sofrer mudan- as nos anos seguintes, o que trar repercusses na organizaoescolarbrasileira.Anfaseliterriae clssica de nossa educao tem seus dias contados. A dcada de 1920, marcada pelo confronto de ideias entre correntes divergentes,influencia- das pelos movimentos europeus, culminou com a crise econmica mundial de 1929. Esta crise reper- cutiu diretamente sobre as foras produtoras rurais que perderam do Governo os subsdios que garan- tiam a produo. A Revoluo de 1930 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no mundo ca- pitalista de produo. A acumulao de capital, do perodo anterior, permitiu que o Brasil pudesse in- vestir no mercado interno e na produo industrial. Anovarealidadebrasileirapassouaexigir uma mo de obra especializada e para tal era preci- so investir na educao. Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministrio da Educao e Sade Pblica e, em 1931, o governo provisrio sanciona decretos organizando o ensino secundrio e as universida- des brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos fi- caram conhecidos como Reforma Francisco Cam- pos: O Decreto n 19.850, de 11 de abril,cria oConselhoNacionaldeEducaoeos ConselhosEstaduaisdeEducao(que s vo comear a funcionar em 1934); ODecreto n19.851, de11 deabril,ins- tituioEstatutodasUniversidadesBrasi- leiras, que dispe sobre a organizao do ensinosuperiornoBrasileadotaoregi- me universitrio; O Decreto n 19.852, de 11 de abril, dis- pe sobre a organizao da Universidade do Rio de Janeiro; O Decreto n 19.890, de 18 de abril, dis- pe sobre a organizao do ensinose- cundrio; O Decreto n20.158, de 30 dejulho,or- ganizaoensinocomercial,regulamenta aprofissodecontador edoutraspro- vidncias; O Decreto n 21.241, de 14 de abril, con- solida as disposies sobre o ensino se- cundrio. Em 1932, um grupo deeducadores lana naooManifestodosPioneirosdaEducao Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assina- do por outros conceituados educadores da poca. 5.2 Perodo da Segunda Repblica: 1930 a 1936 22 Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica O Governo Provisrio foi marcado poruma srie de instabilidades, principalmente para exigir uma nova Constituio para o pas. Em 1932, eclo- de a Revoluo Constitucionalista de So Paulo. Em 1934, a nova Constituio (a segundada Repblica) dispe, pela primeira vez, que a educa- o direito de todos, devendo ser ministrada pela famlia e pelos PoderesPblicos. Ainda em 1934, por iniciativa dogovernador ArmandoSallesOliveira,foicriadaaUniversidade de So Paulo. A primeira a ser criada eorganizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935, o Secretrio de Educao do Distri- to Federal, Ansio Teixeira, cria a Universidadedo Distrito Federal, com uma Faculdade de Educao na qual se situava o Instituto de Educao. Em funo da instabilidade poltica deste pe- rodo, Getlio Vargas, num golpe de Estado, instala o Estado Novo e proclama uma nova Constituio, tambm conhecida como Polaca. Algumacoisaacontecianaeducaobrasi- leira.Pensava-seemerradicardefinitivamenteo analfabetismoatravsdeumprogramanacional, levando-seemcontaasdiferenassociais,econ- micas e culturais de cada regio. AcriaodaUniversidadedeBraslia,em 1961, permitiu vislumbrar uma nova proposta uni- versitria, com o planejamento, inclusive, do fim do examevestibular,valendo,paraoingressonaUni- versidade,orendimentodoalunoduranteocurso de 2 grau (ex-Colegial e atual Ensino Mdio). Operodoanterior,de1946aoprincpiodo ano de 1964, talvez tenha sido o mais frtil da hist- riadaeducaobrasileira.Nesteperodo,atuaram educadoresquedeixaramseusnomesnahistria daeducaoporsuasrealizaes.Nesteperodo atuarameducadoresdoportedeAnsioTeixeira, FernandodeAzevedo,LourenoFilho,Carneiro Leo,ArmandoHildebrand,PaschoalLeme,Paulo Freire,LaurodeOliveiraLima,DurmevalTrigueiro, entre outros. Depois do Golpe Militar de 1964 muitos edu- cadores passaram a ser perseguidos em funo de posicionamentosideolgicos.Muitoforamcalados parasempre, algunsoutrosseexilaram,outrosse recolheram vida privada e outros, demitidos, tro- caram de funo. O Regime Militar espelhou na educao o ca- rterantidemocrticodesuapropostaideolgica de governo: professores foram presos e demitidos; universidadesforaminvadidas;estudantesforam presos, feridos, nos confrontos com a polcia, eal- guns foram mortos; os estudantes foram calados e aUnioNacionaldosEstudantesproibidadefun- cionar; o Decreto-Lei n 477 calou a boca de alunos eprofessores;oMinistrodaJustiadeclarouque estudantestmqueestudar e nopodemfazer baderna. Esta era a prtica doRegime. Neste perodo deu-se a grande expansodas universidades no Brasil. E, para acabar com os ex- cedentes(aquelesquetiravamnotassuficientes, mas no conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibularclassificatrio. Paraerradicaroanalfabetismo,foicriadoo MovimentoBrasileirodeAlfabetizao(MOBRAL). Aproveitando-se,emsuadidtica,noexpurgado MtodoPauloFreire,oMOBRALpropunhaerradi- caroanalfabetismonoBrasil...Noconseguiu.E entredennciasdecorrupo,foiextinto(BELLO, 1993). noperodomaisdifcildaDitaduraMilitar, noqualqualquerexpressopopularcontrriaaos interessesdogovernoeraabafada,muitasvezes pela violncia fsica, que instituda a Lei n 4.024, aLeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacional, em1971.AcaractersticamaismarcantedestaLei eratentardaraformaoeducacionalumcunho profissionalizante.Dentrodoespritodos slogans propostospelogoverno,comoBrasilgrande, Ame-ooudeixe-o, Milagreeconmico etc.,pla- nejava-sefazercomqueaeducaocontribusse, deformadecisiva,paraoaumentodaproduo brasileira. 23 5.3 Perodo do Regime Militar: 1964 a 1985 Cristiane da Silva Machado A ditadura militar se desfez por si s. Tamanha era a presso popular, de vrios setores da socieda- de,queoprocessodeaberturapolticatornou-se inevitvel.Mesmo assim, os militares deixaramo governoatravsdeumaeleioindireta,naqual concorreram somente dois civis (Paulo Maluf e Tan- credo Neves). Com o fim do Regime Militar, a eleio indi- reta de Tancredo Neves, seu falecimento e a posse de Jos Sarney, pensou-se que poderamos nova- mente discutir questes sobre educao deuma forma democrtica e aberta. A discusso sobre as questes educacionais j havia perdido o seu sen- tido pedaggico e assumido umcarterpoltico. Para isso, contribuiu a participao mais ativade pensadores de outras reas do conhecimento que passaram a falar de educao num sentidomais amplo do que o das questes pertinentes escola, sala de aula, didtica e dinmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em suas funes, por questes polticasdurante o RegimeMilitar, profissionais da rea de sociologia, filosofia, antro- pologia, histria, psicologia, entre outras, passaram a assumir postos na rea da educao e a concreti- zar discursos em nome da educao. O Projeto de Lei da nova LDB foi encaminha- do Cmara Federal, pelo Deputado Octvio Elisio em 1988. No ano seguinte, o Deputado Jorge Hage envia a Cmara um substitutivo ao Projeto e,em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que acaba por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos aps o encaminhamento do De- putado Octvio Elisio. O Governo Collor de Mello, em 1990,lana o projeto de construo de Centros Integrados de Apoio Criana (CIACs) em todo o Brasil, inspirados nomodelodosCentrosIntegradosdeEducao Pblica (CIEPs) do Rio de Janeiro, existentes desde 1982. Neste perodo, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na edu- cao foi o trabalho do Ministro Paulo Renatode Souza frente do Ministrio da Educao. Logo no incio de sua gesto, atravs de uma Medida Provi- sria, extinguiu o Conselho Federal de Educao e criou o Conselho Nacional de Educao, vinculado ao Ministrio da Educao e Cultura. Esta mudana tornou o Conselho menos burocrtico e mais pol- tico. Mesmoquepossamosnoconcordarcoma formacomovemsendoexecutadosalgunsprogra- mas, temos que reconhecer que, em toda a Histria daEducaonoBrasil,contadaapartirdodesco- brimento,jamaishouveexecuodetantosproje- tosnareadaeducaonumasadministrao. Entre esses programasdestacamos: Fundo de Manuteno e Desenvolvimen- to do Ensino Fundamental e Valorizao do Magistrio (FUNDEF); ProgramadeAvaliaoInstitucional (PAIUB); Sistema Nacional de Avaliao da Educa- o Bsica (SAEB); Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM); ParmetrosCurricularesNacionais (PCNs). 5.4 Perodo da Abertura Poltica: 1986 At Nossos Dias 24 Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica Caro(a) aluno(a), No decorrer do quinto captulo, observamos com maior preciso o desenvolvimento histrico do cenrio educacional brasileiro, desde a primeira repblica at o perodo de abertura poltica, inaugura- do aps o final do regime militar. A educao na Primeira Repblica (1889-1929) caracterizou-se pelas inmeras reformas que objetivavam a superao do modelo educacional Imperial e, assim, substituir o ensino de carter literrio pelo cientfico. As transformaes sociais que ocorreriam nos anos seguin- tes, que deram a tonalidade das ebulies culturais da dcada de 1920, transformariam o cenrio so- cial, econmico, cultural e educacional do pas. Durante a Segunda Repblica (1930-1936), observa-se a industrializao e a urbanizao do pas, seguidos pela Revoluo de 1930, assim como decretos que buscavam regimentar o ensino. Em 1934, pela primeira vez, a educao compreendida como direito de todos. No mesmo ano, cria-se a Universidade de So Paulo. No ano de 1935, funda-se a Universidade do Distrito Federal. Com um golpe de Estado, Getlio Vargas cria o Estado Novo. Entre os anos de 1946 e 1964, observa-se a forte presena de educadores no cenrio educacional brasileiro, dando origem a um frtil perodo de inovaes. Interrompido pelo Golpe Militar de 1964, inaugura-se um perodo de perse- guies, controle, e, sobretudo, de um forte carter antidemocrtico que se fez presente no cenrio edu- cacional. A Abertura Poltica, que se seguiu ao ano de 1986 at os dias atuais, pode ser caracterizada pela criao do sistema educacional atual, constitucionalmente amparado e seguido por inmeros projetos de aperfeioamento voltados para o mundo do ensino. 1.Que reforma caracterizou o perodo da Primeira Repblica? 2.Que reforma caracterizou o perodo da Segunda Repblica? 25 5.6 Atividades Propostas 5.5 Resumo do Captulo ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DA EDUCAOBSICA O ensino fundamental regular ser ministrado em lngua portuguesa, assegurando s comunidades indgenas tambm a utilizao de suas lnguas maternas e proces- sos prprios de aprendizagem. 2 do artigo 210 da Constituio Federal Caro(a) aluno(a), Comojestudamos,aLDBintroduziuuma sriedemudanasnaestruturaadministrativae didtica da educao brasileira.Porisso,dizemos que uma das suas principais caractersticas a fle- xibilidade.Vamosvercomoissoacontecerevendo algunsconceitoseampliandoaindamaisessas questes. AEducaoBsicanoBrasilcompostapor trsetapas:EducaoInfantil(queatendehoje cercade5milhesdecrianasde0a6anosem crechesoupr-escolas,geralmentemantidaspelo poder municipal). No Brasil, existe um contingente aindaex- pressivo, embora decrescente, de jovens e adultos com pouca ou nenhuma escolaridade, o que faz da Educao de Jovens e Adultos um programa espe- cial que visa dar oportunidades educacionais apro- priadasaosbrasileirosquenotiveramacessoao EnsinoFundamentalnaidadeprpria,cujoaten- dimentorepresenta,aproximadamente,3milhes de alunos. No que se refere s comunidades indgenas, a Constituio garante-lhes o direito de utilizar suas lnguas maternas e processos prprios de aprendi- zagem, o que se justifica pela existncia de cerca de 1.600 escolas indgenas que hoje possuem cer- ca de 80 mil alunos ndios. Apesar do grandioso nmero de alunos (mais de 50 milhes), o grande desafio da educao bra- sileira, que est sendo enfrentado hoje, no mais a oferta de vagas, mas sim a necessidade de cons- truir escolas onde se aprenda mais e melhor. Relativamente questo curricular e qua- lidade da educao, pode-se dizer que currculos compreendem a expresso dos conhecimentose valores que uma sociedade considera que devem fazer parte do percurso educativo de suascrian- as e jovens. Eles so traduzidos nos objetivos que se deseja atingir, nos contedos consideradosos 27

A At te en n o o EnsinoFundamental(queatendecerca de 36 milhes de alunos de 6 a 14anos; tem carter obrigatrio; pblico, gratui- toeoferecidodeformacompartilhada pelospoderesmunicipaleestadual)e Ensino Mdio (que atende cerca de 7 mi- lhes de jovens de 15 a 17 anos e ofe- recido basicamente pelo poder estadual). 6.1 A Estrutura Didtica da Educao Bsica a Partir da Lei 9.394/96 (LDB) 6 28 Cristiane da Silva Machado mais adequados para promov-los, nasmetodo- logias adotadas e nas formas de avaliar o trabalho desenvolvido. A definio de quais so essesco- nhecimentos e valores vem sendo modificada nos ltimos anos, devido s demandas criadaspelas transformaes na organizao da produo e do trabalhoepelaconjunturaderedemocratizao do pas. Portanto, a meta de melhoria da qualidade da educao imps o enfrentamento daquesto curricular como aquilo que deve nortear as aes das escolas, dando vida e significado ao seu proje- to educativo. Currculo pode ser entendido como oprojeto que preside as atividades educativas escolares, de- fine as suas intenes e proporciona guias de aes adequadas e teis para os professores. Proporciona informaesconcretassobreoqueensinar,quan- do ensinar, como ensinar e quando e comoavaliar. Segundo Coll (1996, p.43-45): Currculo um projeto, situa-se entre as in- tenes, princpios e orientaes gerais e a prtica pedaggica. O Currculo abran- gente, mais do queas matrias econ- tedos do conhecimento. tambmsua organizao e sequncia adequadas, bem como os mtodos que permitem o melhor desenvolvimento dos mesmos e o prprio processo deavaliao. At 1995, no havia no pas umareferncia nacional para nortear os currculos propostos pe- las 27 secretarias de educao estaduais e 5.600 municipais que compem o Estado federativo bra- sileiro. Aps um longo processo de debatenacio- nal, foi aprovada, em dezembro de 1996, a Lein 9.394, de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Leimximadaeducaobrasileira,que,dentre suas propostas, determina como competncia da Unio estabelecer,emcolaboraocomestados emunicpios,diretrizesparanortearoscurrculos, de modo a assegurar uma formao bsica comum em todo o pas. De acordo com o artigo 26 da Lei de Diretri- zes e Bases da Educao Nacional: [Os]currculosdoensinofundamentale mdiodevemterumabasenacionalco- mum,asercomplementadaemcadasis- temadeensinoeestabelecimentoescolar porumapartediversificada,exigidapelas caractersticasregionaiselocaisdasocie- dade, da cultura, da economia e da comu- nidade. A concepo pedaggica subjacente na nova proposta curricular concretizada nosParmetros Curriculares Nacionais aponta no sentido de que: aescolaexiste,antesdetudo,paraos alunosaprenderemoquenopodem aprender sem ela; oprofessororganizaaaprendizagem, avaliaosresultados,incentivaacoopera- o,estimulaaautonomiaeosensode responsabilidade dos estudantes; nada substitui a atuao do prprio alu- no no processo de aprendizagem; o ponto de partida sempre o conheci- mento prvio do aluno; aavaliaouminstrumentodemelho- riadoensinoenoumaarmacontrao aluno; aaprendizagembem-sucedidapromove a autoestima do aluno; o fracasso amea- a o aprender e o primeiro passo para o desinteresse. A conquista da cidadania plena, fruto de di- reitos e deveres reconhecidos na Constituio Fe- deral, depende da Educao Bsica. A nao bra- sileira atravs de suas instituies vem assumindo responsabilidades crescentes para que a Educao Bsica seja prioridade nacional. A Lei maior (Constituio Federal, artigo 208, inciso II) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional(Lein9.394/96)afirmamaprogressi- vauniversalizaoeaprogressivaextensoda obrigatoriedade e gratuidade do Ensino Mdio, l- tima etapa da Educao Bsica. 6.2 Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica OEnsinoFundamental,segundaetapada Educao Bsica, coparticipante desta dinmica de tal maneira que o direito a ele um deverde Estado e ao qual todos tm direito subjetivo, no podendo renunci-lo; o poder pblico que o igno- re ser responsabilizado, segundo o artigo 208 da Constituio Federal. A Constituio Federal e a LDB entendemo fim maior da educao sendo o plenodesenvol- vimento da pessoa, seu preparo para oexerccio dacidadaniaesuaqualificaoparaotrabalho, baseadosnosprincpiosdeigualdade,liberdade, pluralismodeideiaseconcepespedaggicas, da convivncia entre instituies pblicas e priva- das, propondo para tanto que haja avalorizao dos professores e a gesto democrtica no ensino pblico como garantia do padro de qualidade e pressupondo intensa e profunda ao dos sistemas em nveis federal, estadual e municipal para que, de forma integrada e solidria, possam executar uma poltica educacional coerente com a demanda e os direitos de alunos e professores. Consequentecomosartigos205e206da ConstituioFederal,aLDBvalorizaaexperincia extraescolardosalunosepropeavinculaoen- tre a educao escolar, o trabalho e as prticas so- ciais. Oscurrculoseseuscontedosmnimos(ar- tigo210daConstituioFederal/1988)propostos peloMEC(artigo9daLDB/1996)teroseunor- teestabelecidoatravsdediretrizes.Estastero comoforodedeliberaoaCmaradeEducao BsicadoConselhoNacionaldeEducao(artigo 9, 1, alnea c da Lei n 9.131/95). Dentro da opo cooperativa que marcou o federalismo no Brasil, aps a Constituio de 1988, a proposio das diretrizes ser feita em colabora- o com os outros entes federativos e supe um trabalho conjunto, no interior do qual os parceiros buscam, pelo consenso, pelo respeito aos campos especficosdeatribuies,tantometascomuns como os meios mais adequados para as finalidades maiores da educao nacional. Essanooimplicaresponsabilizarosconse- lhosestaduais, do DistritoFederal emunicipaisde educaopeladefiniodeprazoseprocedimen- tosquefavoreamatransiodepolticaseduca- cionaisaindavigentes, encaminhandomudanase aperfeioamentos,respaldadosnaLein9.394/96, deformaanoprovocarrupturaseretrocessos, masaconstruircaminhosquepropiciemumatra- vessiafecunda. Desta forma, cabe Cmara de EducaoB- sica do CNE exercer a sua funo deliberativa sobre asDiretrizesCurricularesNacionais,reservando-se aosentesfederativosesprpriasunidadesesco- lares, de acordo com a Constituio Federal e a LDB, atarefaquelhescompeteemtermosdeimple- mentaescurriculares.Aspropostaspedaggicas eosregimentos dasunidades escolaresdevem,no entanto,observarasDiretrizesCurricularesNacio- nais e os demais dispositivoslegais. Com a elaborao e divulgao dos Parme- tros Curriculares Nacionais (PCNs), o MEC prope um norteamento educacional s escolas brasileiras. Entretanto, se os Parmetros Curriculares Nacionais podemfuncionarcomoelemento catalisadorde aes, na busca de uma melhoria na qualidade da educao, de modo algum pretende resolver todos os problemas que afetam a qualidade do ensino e da aprendizagem. Abuscadaqualidade impe anecessidade deinvestimentosemdiferentesfrentes,comoa formao inicial e continuada de professores, uma poltica de salrios dignos e planos de carreira,a qualidade do livro didtico, recursos televisivose demultimdia, adisponibilidadedemateriaisdi- dticos. Mas esta qualificao almejada implica co- locar, tambm, no centro do debate, as atividades 29 6.3 Alguns Antecedentes das Diretrizes Curriculares Nacionais 30 Cristiane da Silva Machado escolares de ensino e aprendizagem e aquesto curricularcomodeinegvelimportnciaparaa poltica educacionalbrasileira. Aoinstituireimplementarumsistemade avaliao da Educao Bsica (SAEB), o MEC cria um instrumento importante na busca pela equida- de para o sistema escolar brasileiro, o que dever assegurar a melhoria de condies para o trabalho de educar com xito, nos sistemas escolarizados. A anlise destes resultados deve permitir aos con- selhos e secretarias de educao a formulao e o aperfeioamento de orientaes para a melhoria da qualidade do ensino. As escolas devero estabelecer como nortea- dores de suas aes pedaggicas: a)osprincpiosticosdaautonomia,da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum; b)os princpios polticos dos direitos e de- veres de cidadania, do exerccio da critici- dade e do respeito ordem democrtica; c)osprincpiosestticosdasensibilidade, da criatividade e da diversidade de mani- festaes artsticas e culturais. Ao definir suas propostas pedaggicas, ases- colas devero explicitar o reconhecimento da iden- tidade pessoal de alunos, professores e outros pro- fissionais e a identidade de cada unidade escolar e de seus respectivos sistemas deensino. As escolas devero reconhecer que as apren- dizagenssoconstitudasnainteraoentreos processos de conhecimento, linguagem e afetivos, como consequncia das relaes entre as distintas identidades dos vrios participantes docontexto escolarizado, atravs de aes inter e intrassubje- tivas. As diversas experincias de vida dos alunos, professores edemaisparticipantesdoambiente escolar, expressas atravs de mltiplas formas de dilogo,devemcontribuirparaconstituiode identidadesafirmativas,persistentesecapazes de protagonizar aes solidrias e autnomas de constituio de conhecimentos e valores indispen- sveis vida cidad. Nesteponto,seriaesclarecedorexplicitaral- gunsconceitos,paramelhorcompreensodoque propomos: a)Currculo:atualmenteesteconceitoen- volve outros trs, que so: Currculoformal(planosepropostaspe- daggicas); Currculoemao(aquiloqueefetiva- menteacontecenassalasdeaulaenas escolas); Currculooculto(onodito,aquiloque tantoalunosquantoprofessorestrazem, carregadodesentidosprprios,criando asformasderelacionamento,podere convivncia nas salas de aula); Quandonosreferimosaumparadigma curricular,estamosnosreferindoauma formadeorganizarprincpiosticos,po- lticos e estticos que fundamentam a ar- ticulaoentreasreasdeconhecimen- to e aspectos da vida cidad; b)Base nacional comum: refere-se ao con- junto decontedos mnimosdasreas de conhecimento articulados aos aspec- tos da vida cidad. Por ser adimenso obrigatriadoscurrculosnacionais certamente mbito privilegiado da ava- liao nacional do rendimento escolar , a base nacional comum deve preponde- rar substancialmente sobre adimenso diversificada; 6.4 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Fundamental Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica c)Parte diversificada: envolve os contedos complementares,escolhidosporcada sistemadeensinoeestabelecimentos escolares, integrados base comum, de acordo com as caractersticasregionais e locais da sociedade, da cultura, da eco- nomia e da clientela refletindo-se na pro- posta pedaggica de cada escola; d)Contedosmnimosdasreasdeconhe- cimento:refere-sesnoeseconceitos essenciaissobrefenmenos,processos, sistemaseoperaesquecontribuem paraaconstituiodesaberes,conheci- mentos,valoreseprticassociaisindis- pensveisaoexercciodeumavidade cidadania plena. Em todas as escolas, dever ser garantidaa igualdade de acesso dos alunos a uma base nacio- nal comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ao pedaggica na diversidade na- cional. A base nacional comum e sua parte diversi- ficada devero integrar-se em torno do paradigma curricular, que visa estabelecer arelao entrea Educao Fundamental com: a)a vida cidad, atravs da articulao entre vrios dos seus aspectos como: a sade; a sexualidade; a vida familiar e social; o meio ambiente; o trabalho; a cincia e a tecnologia; a cultura; as linguagens. b)As reas de conhecimento de: Lngua portuguesa; Lngua materna (para populaesind- genas e migrantes); Matemtica; Cincias; Geografia; Histria; Lngua estrangeira; Educao artstica; Educao fsica; Educao religiosa (na forma do artigo 33 da LDB). Asescolasdeveroexplicitar,emsuaspro- postascurriculares,processosdeensinovoltados paraasrelaescomacomunidadelocal,regional e planetria, visando a integrao entre a Educao Fundamental e a vida cidad. Os alunos, ao apren- derosconhecimentosevaloresdabasenacional comumedapartediversificada,estarotambm constituindosuasidentidadescomocidadosem processo,capazesdeserprotagonistasdeaes responsveis,solidriaseautnomasemrelaoa si prprios, s suas famlias e scomunidades. UmdosmaisgravesproblemasdeEducao Fundamentalemnossopassuadistnciaem relaovidaeaosprocessossociaistransforma- dores.Umexcessivoacademicismoeumanacro- nismoemrelaostransformaesexistentes no Brasil e no resto do mundo, de um modo geral, condenaramaEducaoFundamental,nestaslti- masdcadas,aumarcasmoquedepreciaainte- lignciaeacapacidadedealunoseprofessorese as caractersticas especficas de suas comunidades. Estadiretrizprevaresponsabilidadedossistemas educacionaisedasunidadesescolaresemrelao aumanecessriaatualizaodeconhecimentose valores, dentro de uma perspectiva crtica, respon- svelecontextualizada,emconsonnciaespecial- mente com o artigo 27 daLDB. Destaforma,pormeiodepossveisprojetos educacionaisregionaisdossistemasdeensino, atravsdecadaunidadeescolar, transformam-se asDiretrizesCurricularesNacionaisemcurrculos especficosepropostaspedaggicasdasescolas. Asescolasutilizaroapartediversificadadesuas propostascurriculares,paraenriquecerecomple- mentarabasenacionalcomum,propiciando,de maneiraespecfica,aintroduodeprojetoseati- vidades do interesse de suas comunidades (artigos 12 e 13 da LDB). 31

Cristiane da Silva Machado As escolas devem, atravs de suas propostas pedaggicasedeseusregimentos,emclimade cooperao,proporcionarcondiesdefuncio- namento das estratgias educacionais, do espao fsico, do horrio e do calendrio escolar que possi- bilitem a adoo, a execuo, a avaliao e o aper- feioamento das demais diretrizes, conforme o ex- posto nos artigos 12 e 13 da LDB. ParaquetodasasDiretrizesCurricularesNa- cionaisparaoEnsinoFundamentalsejamreali- zadascomxito,soindispensveisoespritode equipe e as condies bsicas para planejar os usos de espao e tempo escolar. H ainda a proposta de trabalhocomtemastransversaisparadifundirva- lores:tica,meioambiente,pluralidadecultural, trabalho e consumo, sade e orientaosexual. A misso fundamental da educao consiste em ajudar cada indivduo a desen- volver todo o seu potencial e a tornar-se um ser humano completo, e no um mero instrumento da economia; a aquisio de conhecimentos e competncias deve ser acompanhada pela educao do carter, a abertura cultural e o despertar da responsabilidade social. UnioEuropeia Vamos conhecer um pouco o percurso hist- rico de nossa legislao. Histrico Dificuldadesnasaesprticascorrespon- dentesaosobjetivos,levandoinexistnciade umacompreensodemocrticae,consequente- mente, de uma prtica democrtica. A prtica tem se pautado por costumes e tradies, desconside- rando arealidade concreta do cotidianoescolar, seu contexto socioeconmico e suas repercusses noprocesso ensino-aprendizagem,retardandoa democratizao do EnsinoMdio. Passar do Ensino Fundamental ao Ensino M- dio e deste ao ensino superior ainda sopontos de estrangulamento do sistema escolar brasileiro. Nossa pirmide educacional uma das mais afuni- ladas: menos de 50% da populao de 15 a 17 anos est matriculada na escola e desta, metade ainda no terminou o EnsinoFundamental, cujaidade regular dos sete aos 14 anos. Dados da UNESCO indicam que o Brasil tem a taxa mais baixa de ma- trcula bruta na faixa de 14-17 anos, se comparada de vrios pases da Amrica Latina, sem falar na Europa, Amrica do Norte ou sia. O carter de Educao Bsica ganha conte- do concreto quando a LDB, em seus artigos 35e 36, estabelece finalidades, diretrizes gerais para a organizao curricular e define o perfil de sada do educando.Algumasconsideraesimportantes sobre essa afirmao: Excluiaeducaoprofissional,embo- raadmitindoque,atendidaaformao geral,possaprepararparaoexercciode profisses tcnicas; Oportunidadehistricaparamobilizar recursos,inventividadeecompromisso na criao de formas de organizao ins- 6.6 A LDB e o Ensino Mdio 6.5 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino Mdio 32 Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica titucional,curricularepedaggicaque levem a superar o status de privilgio que o Ensino Mdio ainda tem no Brasil; Objetiva atender com qualidade as clien- telasdeorigens,destinoseaspiraes muito diferenciadas; ltimaetapadoprocessoeducacional que a nao considera bsica para o exer- ccio da cidadania, acesso satividades econmicas e prosseguimento nos nveis mais elevados e complexos da educao; Apreparaobsicaparaotrabalho ter como referncia a mudana nas de- mandas do mercado de trabalho, dando importncia ao desenvolvimento da ca- pacidade de continuar aprendendoem todos os componentes curriculares,em consonncia com os quatro pilares para a educao no sculo XXI (aprender a co- nhecer, aprender a fazer, aprender a con- viver e aprender a ser), exigindo dilogo eabuscadeconsensossobrevalores, atitudes, padres de conduta e diretrizes pedaggicas. Diante da violncia, do de- semprego e da vertiginosasubstituio tecnolgica, revigoram-se asaspiraes dequeaescola,especialmenteam- dia,contribuaparaaaprendizagemde competnciasdecarter geral,visando a constituio de pessoas mais autno- mas em suasescolhas, maissolidrias, que acolham e respeitem as diferenas, pratiquem a solidariedade e superem a segmentao social; Maisqueumconjuntoderegrasaser obedecido, ou burlado, a LDB uma con- vocaoqueoferececriatividadeeao empenhodossistemasesuasescolasa possibilidadedemltiplosarranjosins- titucionaisecurricularesinovadores. daexploraodessapossibilidadeque deveronascerasdiferentesformasde organizaodoEnsinoMdio,integra- dasinternamente,diversificadasnas suasformasdeinseronomeiosocio- culturalparaatenderaumsegmento jovem/adulto cujos itinerrios devida sero cadavez mais imprevisveis,mas que temos por responsabilidadebalizar em marcos de maior justia,igualdade, fraternidadeefelicidade.Deter-seso- bre o plano axiolgicoetentartraduzir em uma doutrina pedaggicacoerente no significa ignorar o operativo, a falta de professores preparados e a precarie- dadedefinanciamento. Ao contrrio,o esforo doutrinrio se justifica porque a superao desse estado de carncias re- quer clareza de finalidades, conjugao de esforos e boa vontade parasuperar conflitos, que s a comunho de valores pode propiciar. A prtica administrativa e pedaggica, as for- mas de convivncia no ambiente escolar, a organi- zao do currculo e das situaes deaprendiza- gem e os procedimentos de avaliao devero ser coerentes com os valores ticos, polticos e estti- cos que inspiram a Constituio e a LDB, organiza- dos sob trs consignas: a)A Esttica da Sensibilidade: Emsubstituiraestticadarepetioe padronizao; Estimula criatividade, ao esprito inven- tivo, curiosidade pelo inusitado e afe- tividade; Valorizaaleveza,adelicadezaeasutile- za; Reconhece e valoriza a diversidade cultu- ral brasileira; Valorizaaqualidade,nasprticasepro- cessos, e a busca de aprimoramento per- manente. Para essa concepo esttica, o ensino de m qualidade , em sua feiura, umaagressosensibilidadee,porisso, sertambmantidemocrticoeantiti- co; Noconvivecomaexcluso,aintolern- cia e a intransigncia. 33 34 Cristiane da Silva Machado b)A Poltica da Igualdade: Reconheceadiversidadeeafirmaque oportunidadesiguaissonecessrias, masnosuficientes,paraoportunizar tratamentodiferenciado,visandoapro- mover igualdade entre desiguais; Seu ponto de partida o reconhecimen- to dos direitos humanos e o exerccio dos direitosedeveresdacidadaniacomo fundamento da preparao doeducan- do para a vida civil; Buscaaequidadenoacessoeducao, aoemprego,sade,aomeioambiente saudvel; Combate todasas formasde preconceito ediscriminaoporraa,sexo,religio, cultura,condioeconmica,aparncia ou condio fsica; CompreendeerespeitaoEstadodeDi- reitoeseusconstitutivosabrigadosna Constituio:SistemaFederativoeore- gime republicano e democrtico; Fortalece uma forma contempornea de lidar com o pblico e o privado. Associa- -se tica ao valorizar atitudes econdu- tasresponsveisemrelaoaosbense servios entendidos comopblicos; Se expressa por condutas departicipa- o e solidariedade, respeito e senso de responsabilidade, pelo outro e pelop- blico; Denuncia esteretipos que alimentam as discriminaes; Pressupe compromisso permanente no uso do tempo e do espaopedaggico, as instalaes e os equipamentos, os ma- teriais didticos e os recursoshumanos no interesse dos alunos. c)A tica da Identidade: Seu ideal o humanismo de um tempo de transio; Reconhece que a educao um proces- so de construo de identidades: prpria e do outro; Tem como fim mais importante aauto- nomia, condio indispensvel realiza- o de um projeto prprio de vida; Para tanto, precisam desenvolver a capa- cidadedeaprender,tantasvezesreitera- da na LDB. As escolasde EnsinoMdio observarona gesto, na organizao curricular e na prtica pe- daggica as seguintes diretrizes: Identidade, diversidade, autonomia; Currculovoltadoparaascompetncias bsicas; Interdisciplinaridade; Contextualizao; A importncia da escola; Base Comum e parte diversificada; Formao geral e preparao bsica para o trabalho. Base NacionalComum: Organizao curricular e proposta peda- ggica; Os saberes das reas curriculares; Descrio das reas: -Linguagens, Cdigos e suasTecnolo- gias; -Cincias da Natureza, Matemticae suas Tecnologias; -Cincias Humanas e suas Tecnologias. Algunscomentrios: O Brasil possui diferentes formas de organi- zao institucional e curricular de EnsinoMdio. Essas diferenas respondem mais sua dualidade histricadoque heterogeneidade dealunados e associam-se a um padro excludente: cursaro Ensino Mdio ainda um privilgio de poucose, dentre estes, poucos tm acesso qualidade. Essas Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica escolas de prestgio terminaram por perder parte de sua identidade de instituies formativas, pois se viram como as particulares de excelncia, refns do exame vestibular, por causa do alunado selecio- nado que a elas tm acesso. Aos demais restou es- tudar em classes esparsas instaladas em perodos ociosos, em geral noturnos, de escolas pblicas de Ensino Fundamental ou, ainda, em escolaspriva- das de m qualidade, tambm noturnas. necessrio que as escolas tenhamidenti- dadecomo instituiesdeeducao.Identidade supe uma insero no meio social que leva de- finiodevocaes prprias, que sediversificam ao incorporar as necessidades locais e as caracte- rsticas dos alunos, alm da participao dos pro- fessoresedasfamliasnodesenhoinstitucional considerado adequado para cada escola. A diversi- dade reconhece que para alcanar a igualdade no bastamoportunidadesiguais, necessriotam- bm tratamento diferenciado para contemplar as desigualdades nos pontos de partida e, de forma eficaz, garantir a todos um patamar comumnos pontos de chegada. Os sistemas e os estabelecimentos de Ensino Mdio devero criar e desenvolver, com a partici- pao da equipe docente e da comunidade, alter- nativas institucionais com identidade prpria, ba- seadas na misso de educao do jovem, usando ampla e destemidamente as vrias possibilidades deorganizaopedaggica,espacialetemporal e de articulaes e parcerias com instituies p- blicas ou privadas, abertas pela LDB, para formular polticas de ensino focalizadas nessa faixaetria, que contemplem a formao bsica e a preparao geral para o trabalho. A autonomia das escolas mais que uma diretriz, um mandamento daLDB. As diretrizes buscam indicar alguns atributos para evitar dois riscos: Burocratiz-la:Apropostapedaggica aformapelaqualaautonomiaseexer- ce. Ela no uma norma, nem um docu- mentoouformulrioaserpreenchido. No obedece a prazos formais nem deve seguirespecificaespadronizadas.Sua eficciadependedeconseguirporem prtica um processo permanente de mo- bilizaode coraesementes paraal- canar objetivos compartilhados. Transformar a autonomia em outrafor- madecriarprivilgiosqueproduzem excluso: Sobre este risco se deve obser- varqueaautonomiasubordina-seaos princpiosediretrizes indicadosnaLei, apresentados nesta deliberao em seus desdobramentos pedaggicos, com des- taque para o acolhimento da diversidade de alunos e professores, para os ideais da poltica da igualdade e para a solidarie- dadecomoelementoconstitutivodas identidades. Hoje, caro(a) aluno(a), h uma especialpreo- cupao com os adultos na escola, por isso, preste muita ateno no prximoitem. AEducaodeJovenseAdultos,deacordo comaLein9.394/96(LDB),umamodalidade daEducaoBsicanasetapasdoEnsinoFunda- mental e do Ensino Mdio, mas usufrui uma espe- cificidadeprpriaque,comotal,devereceberum tratamentoconsequente,exigindodoConselho NacionaldeEducao,umaapreciaodemaior flegodiantedassolicitaesdeesclarecimentos dossistemasdeensino,associaes,organizaes eentidadesque,anteriormenteaLDB,jtrabalha- vam com o antigo ensinosupletivo. Ao mesmo tempo, o MEC, em 1999, por meio desuaCoordenadoriadeEducaodeJovense Adultos (COEJA), encaminhou Cmara de Educa- o Bsica um pedido de audincia pblica afim de que as demandas e questes pudessem obter uma resposta mais estrutural. ApartirdaaCmaradeEducaoBsica (CEB),estudandocolegiadamenteamatria,pas- souaouviracomunidadeeducacionalbrasileira emaudinciaspblicaseteleconferncias, rea- 35 6.7 Diretrizes Curriculares Nacionais Para a Educao de Jovens e Adultos (EJA) Cristiane da Silva Machado lizadasentrefevereiroeabrilde2000,queforam fundamentais para pensar e repensar os principais tpicos da estrutura doParecer. Fundamentos e Funes da EJA Definies prvias DoBrasiledesuaspresumidasidentidades muitojsedisse.Sobastanteconhecidasasima- gensoumodelosdopascujosconceitosopera- triosdeanlisesebaseiamemparesopostose duais:doisBrasis,oficialereal,CasaGrande e Senzala, o tradicional e o moderno, capital e inte- rior, urbanoerural, cosmopolitaeprovinciano, litoral e serto, assim como os respectivostipos queoshabitariameosconstituiriam.Aestatipifi- caoemparesopostos,porvezesincompletaou equivocada,noseriaforadepropsitoacrescen- tar outros ligados esfera do acesso e do domnio da leitura e escrita, que ainda descrevem uma linha divisriaentrebrasileiros:alfabetizadoseanalfa- betos, letrados e iletrados. Muitos continuam no tendoacessoescritaeleitura,mesmominima- mente;outrostminiciaodetalmodoprecria nestes recursos, que so mesmo incapazes de fazer usorotineiroefuncionaldaescritaedaleiturano dia a dia. Alm disso, pode-se dizer que o acesso s formasdeexpressoedelinguagemcombasena microeletrnicaindispensvelparaumacidada- niacontemporneaeatmesmoparaomercado detrabalho.Nouniversocompostopelosquedis- puserem ou no deste acesso, que supe ele mes- mo a habilidade de leitura e escrita (ainda no uni- versalizadas), um novo divisor entre cidados pode estar em curso. Para ouniversoeducacionaleadministrativo a que este Parecer se destina o dos cursos autori- zados,reconhecidosecredenciadosnombitodo artigo 4, inciso VII da LDB, e dos exames supletivos comiguaisprerrogativasparecesersignificativo apresentarasDiretrizesCurricularesNacionaisda EducaodeJovenseAdultosdentrodeumqua- droreferencialmaisamplo.AestruturadoParecer remetesDiretrizesCurricularesNacionaisparao Ensino Fundamental(CNE/CEBn 04/98)eEnsino Mdio(CNE/CEBn15/98)econtmaindaalguns outros tpicos. importante reiterar, desde o incio, que este Parecer se dirige aos sistemas de ensino e seus res- pectivosestabelecimentosquevenhamaseocu- pardaEducaodeJovenseAdultossobaforma presencialesemipresencialdecursosetenham comoobjetivoofornecimentodecertificadosde conclusodeetapasdaEducaoBsica.Paratais estabelecimentos,asdiretrizesaquiexpostasso obrigatrias,bemcomoserobrigatriaumafor- maodocentequelhessejaconsequente.Estas diretrizescompreendem,pois,aeducaoescolar quesedesenvolve,predominantemente,pormeio doensinoeminstituiesprprias(artigo1,1 da LDB). Conceito e Funes da EJA AEducaodeJovenseAdultos umaca- tegoria organizacional constante da estruturada Educao Bsica nacional, com finalidades e fun- es especficas. O Brasil continua exibindo umnmeroenor- medeanalfabetos.desenotarque,segundoas estatsticas oficiais, o maior nmero de analfabetos se constitui de pessoas: com mais idade, de regies pobreseinterioranaseprovenientesdosgrupos afro-brasileiros.Muitosdosindivduosquepovo- am estas cifras so os candidatos aos cursos e exa- mes do ainda conhecido como ensino supletivo. Nestaordemderaciocnio,aEducaode Jovens e Adultos (EJA) representa uma dvida no reparada para com os que no tiveram acesso a e nem domnio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela. Ser privado deste acesso a perda de um instrumento imprescindvel para uma presenasignificativanaconvivnciasocialcon- tempornea. Estaobservaofazlembrarqueaausncia daescolarizaonopodeenemdevejustificar umavisopreconceituosadoanalfabetoouile- tradocomoincultoou vocacionado apenaspara tarefasefunes desqualificadas nossegmentos demercado.Muitosdestesjovenseadultos,den- tro da pluralidade e diversidade de regies do pas, dentro dos mais diferentes estratos sociais, desen- 36 Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica volveram uma rica cultura baseada na oralidade da qualnosdoprova,entremuitosoutros,alitera- turadecordel,oteatropopular,ocancioneirore- gional, os repentistas, as festas populares, as festas religiosaseosregistrosdememriadasculturas afro-brasileiraeindgena.Igualmentedeve-secon- siderarqueariquezadasmanifestaes,cujasex- pressesartsticasvodacozinhaaotrabalhoem madeira e pedra, entre outras, atestam habilidades e competnciasinsuspeitas. De todo modo, o no estar em p deigual- dade no interior de uma sociedade predominante- mente grafocntrica, onde o cdigo escrito ocupa posio privilegiada, revela-secomo problemtica a ser enfrentada. Sendo a leitura e escrita bensre- levantes, de valor prtico e simblico, o no acesso a graus elevados de letramento particularmente danoso para a conquista de uma sociedade. Fazer a reparao desta realidade, dvida inscrita emnossa histria social e na vida de tantos indivduos, um imperativo e um dos fins da EJA porquereconhece o advento para todos deste princpio deigualdade. Desse modo, a funo reparadora da EJA, no limite, significa no s a entrada no circuito dos direitos ci- vis pela restaurao de um direito negado, odireito a uma escola de qualidade, mas tambm o reco- nhecimento daquela igualdade ontolgica detodo e qualquer ser humano. Destanegao, evidente na histria brasileira, resulta uma perda: o acessoa um bem real, social e simbolicamente importante. Logo, no se deve confundir a noo dereparao com a de suprimento. Como diz o ParecerCNE/CEB n 4/98: Nada mais significativo e importante para a construo da cidadania do que a compreenso dequeaculturanoexistiriasemasocializao das conquistas humanas. O sujeito annimo ,na verdade, o grande arteso dos tecidos dahistria. Otrminodetaldiscriminaonouma tarefa exclusiva da educao escolar. Esta e outras formas de discriminao no tm o seu nascedou- ro na escola. Contudo, dentro dos seus limites,a educao escolar possibilita um espao democrti- co de conhecimento e postura tendente a assinalar um projeto de sociedade menos desigual. Questio- nar, por si s, a virtude igualitria da educao es- colar no desconhecer o seu potencial. Ela pode auxiliar na eliminao das descriminaes e, nesta medida, abrir espao para outras modalidades mais amplas de liberdade. A universalizao dos ensinos Fundamental e Mdio libera porque o acesso aos conhecimentos cientficos virtualiza uma conquis- ta da racionalidade sobre poderes assentados no medo e na ignorncia e possibilita o exercciodo pensamento sob o influxo de uma ao sistemti- ca. Ela tambm uma via de reconhecimento de si, da autoestima e do outro como igual. De outro lado, auniversalizaodoEnsino Fundamental, at por sua histria, abrecaminho para que mais cidados possam se apropriarde conhecimentos avanados to necessrios para a consolidao de pessoas mais solidrias e de pases mais autnomos e democrticos. E, num mercado de trabalho onde a exigncia do Ensino Mdio vai se impondo, a necessidade do Ensino Fundamen- tal uma verdadeira corrida contra um tempo de excluso no mais tolervel. por isso que a EJA necessita serpensada comoummodelopedaggicoprprio,afimde criarsituaespedaggicasesatisfazernecessi- dades de aprendizagem de jovens e adultos.No se pode considerar a EJA e o novo conceito que a orienta apenas como um processo inicial de alfabe- tizao. A EJA busca formar e incentivar o leitor de livros e das mltiplas linguagens visuais juntamen- te com as dimenses do trabalho e da cidadania. Pode-se dizer que estamos diante da funo equa- lizadora. A educao, como uma chave indispens- vel para o exerccio da cidadania na sociedade con- tempornea, vai se impondo cada vez mais nestes tempos demudanas einovaes nosprocessos produtivos.Elapossibilitaaoindivduojoveme adulto retomar seu potencial, desenvolver suas ha- bilidades, confirmar competncias adquiridasna educao extraescolar e na prpria vida e adquirir um nvel tcnico e profissional mais qualificado. O Brasil vai conhecendo uma elevaomaior daexpectativadevidaporpartedesegmentosde sua populao. Os brasileiros esto vivendo mais. verdadequesosituaesnogeneralizveis,de- vido baixa renda percebida e o pequeno valor de muitasaposentadorias. Aesta realidadepromisso- ra e problemtica ao mesmo tempo, se acrescenta, por vezes, a falta de opes para as pessoas da ter- ceiraidadepoderemdesenvolverseupotenciale suasexperinciasvividas.Aconscinciadaimpor- tnciadoidosoparaafamliaeparaasociedade ainda est por se generalizar. Esta tarefa de propiciar a todos a atualizao de conhecimento por toda a vida o que se pode chamar de funo qualificadora da EJA. Ela tem 37

38 Cristiane da Silva Machado como base o carter incompleto do serhumano cujo potencial de desenvolvimento e deadequa- o pode-se atualizar em quadros escolares ou no escolares. Dentro deste carter ampliado, os termos jo- vens eadultos indicam que, em todas as idades e em todas as pocas da vida, possvel se formar, se desenvolvereconstituirconhecimentos,habilida- des,competnciasevaloresquetranscendamos espaos formais da escolaridade e conduzam re- alizao de si e ao reconhecimento do outro como sujeito.W Bases legais das Diretrizes Curriculares Nacio- nais para a EJA Histrico Vamos conhecer ahistria. Todaalegislaopossuiatrsdesiumahis- tria do ponto de vista social. As disposies legais nosoapenasumexercciodoslegisladores.Es- tes,juntocomocarterprpriodarepresentativi- dadeparlamentar,expressamamultiplicidadede forassociais.Porissomesmo,asleisso tambm expressodeconflitoshistrico-sociais.Elaspo- dem fazer avanar ou no um estatuto que se dirija aobemcoletivo.Aaplicabilidadedasleis,porsua vez, depende do respeito, da adeso e da cobrana aospreceitosestabelecidose,quandoforocaso, dos recursos necessrios para uma efetivao con- creta. evidente que aqui no se pretende umtra- tadoespecficoecompletosobreasbaseslegais que se referiram a EJA. O que se intenciona ofere- ceralgunselementoshistricospararelembraral- gunsordenamentoslegaisjextintosepossibilitar o apontamento de temas e problemas que sempre estiveramnabasedasprticaseprojetosconcer- nentesEJAedesuasdiferentesformulaesno Brasil. Constituio Imperial de 1824; Decreto n 7.247 de 19/04/1879; Decreto n 13 de 13/01/1890, do Minist- rio do Interior; Decreto n 981 de 08/11/1890; PrimeiraConstituioRepublicana, de1891. Nos anos 1920,muitosmovimentos civise mesmo oficiais se empenham na luta contra o anal- fabetismo considerado um mal nacional e uma chaga social. A presso trazida pelos surtos de ur- banizao, os primrdios da indstria nacional,a necessidade de formao mnima da mo de obra do prprio pas e a manuteno da ordemsocial nas cidades impulsionam as grandes reformas edu- cacionais do perodo em quase todos os Estados. Alm disso, os movimentos operrios, fossem eles de inspirao libertria ou comunista, passavam a dar maior valor educao em seus pleitos e rei- vindicaes. Mas tambm um momento histrico em que a temtica do nacionalismo se implanta de modo bastante enftico e, no terreno educacional, o governo federal nacionaliza e financia as escolas primrias e normais, no sul do pas, estabelecidas em ncleos de populao imigrada. Bases legais vigentes A Constituio Federal do Brasilincorporou como princpio que toda e qualquer educao visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. A LDB retoma este princpio no seu artigo 2, abrigando o conjunto daspessoas e dos educandos como um universo de referncia sem limitaes. Assim, a EJA, modalidade estratgi- ca do esforo da Nao em prol de uma igualdade de acesso educao como bem social, participa deste princpio e sob esta luz deve ser considerada. Alegislaoeducacionalexistentehoje bem mais complexa. Alm dos dispositivos de ca- rter nacional, compreende as Constituies Esta- duais e as Leis Orgnicas dos Municpios. Dentro do nosso regime federativo, os estados e munic- pios, de acordo com a distribuio das competn- cias estabelecidas na Constituio Federal, gozam deautonomiaeassimpodemestabeleceruma normatividade prpria, harmnica e diferenciada. A quase totalidade dos estados repete, em suas Estrutura e Funcionamento da Educao Bsica Constituies, a verso original do artigo 208da Constituio Federal, bem como a necessidade de um Plano Estadual de Educao, do qualsempre constam a universalizao do ensino obrigatrio e a erradicao do analfabetismo. Em muitas consta a expresso ensino supletivo. Como consequncia destacomposiofederativaedosdispositivos normativos, a autonomia dos sistemas lhes permi- te definir a organizao, a estrutura e o funciona- mento da EJA. Por outrolado, oBrasil signatrio devrios documentosinternacionaisquepretendemam- pliaravocaodedeterminadosdireitosparaum mbito planetrio. O direito educao para todos, acompreendidoosjovenseadultos,semprees- tevepresenteemimportantesatosinternacionais, comodeclaraes,acordos,convnioseconven- es. Educao de jovens e adultos hoje Caro(a) aluno(a), Como j apontado, no processo de redemo- cratizao dos anos 1980 que a Constituio dar o passo significativo em direo a uma nova con- cepo de Educao de Jovens e Adultos. Foi mui- tosignificativaapresenadesegmentossociais identificados com a EJA no sentido de recuperar e ampliar a noo de direito ao Ensino Fundamental extensivo aos adultos, j posta na Constituio de 1934. A LDB acompanha essa orientao, suprimin- do a expresso ensino supletivo, embora mantendo o termo supletivo para os exames. Todavia, trata-se de uma manuteno nominal, j que tal continui- dade se d no interior de uma nova concepo. Do ponto de vista conceitual, alm da exten- sodaescolaridadeobrigatriaformalizadaem 1967, os artigos 37 e 38 da LDB em vigor do EJA uma dignidade prpria, mais ampla, e elimina uma viso de externalidade com relao ao assinalado comoregular. Isto significa vontade expressade uma outra orientao para educao de jovens e adultos, a partir da nova concepo trazida pela Lei ora aprovada. Assinale-se, ento: desde que a Educaode Jovens e Adultos passou a fazer parte constitutiva da Lei de Diretrizes e Bases, tornou-se modalidade da Educao Bsica e reconhecida como direito pblico subjetivo na etapa do EnsinoFundamen- tal.Logo,elaregularenquantomodalidadede exerccio da funo reparadora e, ao assinalar tanto os cursos quanto os exames supletivos, a Lei os tem comocompreendidosdentrodosnovosreferen- ciais legais e da concepo da EJA a posta. a)CursosdaEducaodeJovenseAdul- tos: A LDB determina em seu artigo 37 que cursos e exames so meios pelos quais o poder pblico deve viabilizar o acesso do jovem e adulto na escola de modo a permitiroprosseguimentodeestudos em carter regular tendo como referncia a base nacional comum dos componentes curriculares.SeaLeinacionalnoesti- pula a durao dos cursos por ser esta uma competncia dos entes federativos e se ela no prev a frequncia como o faz com o ensino presencial na faixa de sete a quatorze anos , preciso apontar oqueelaprev:aofertadestamodali- dadeobrigatriapelospoderespbli- cosnamedidaemquejovenseadultos queiramfazerusodoseudireitopblico subjetivo.Aorganizaodecursos,sua durao e estrutura, respeitadas as orien- taes e diretrizes nacionais, faz parte da autonomia dos entesfederativos; b)Exames: Os exames da EJA devempri- marpelaqualidade,pelorigorepela adequao.Elesdevemseravaliados de acordo com o artigo 9, inciso VII, da LDB. importante que tais exames este- jam sob o imprio da Lei, isto , que sua realizao seja autorizada, pelos rgos responsveis, em instituies oficiais ou particulares,especialmentecredencia- das e avaliadas para este fim; c)Cursos a distncia e no exterior: A edu- cao a distncia sempre foi um meio ca- paz de superar uma srie de obstculos que se interpem entre sujeitos que no se encontrem em situao face a face. A 39 40 Cristiane da Silva Machado educaoadistnciapodecumprirv- riasfunesepodeserealizardevrios modos. Ela permite formas de proximida- denopresencial,indireta,virtual,entre odistanteeocircundantepormeiode modernosaparatostecnolgicos.Sob este ponto de vista, as fronteiras, as divi- sas e os limites se tornam quase que ine- xistentes. O Decreto n 2.494/98 regulamenta aedu- cao a distncia em geral e reserva competn- cia da Unio a autorizao e o funcionamento de cursos a distncia. Ao fazer referncia EJA, o De- creto permite a presena de instituies pblicas e privadas. Mas exige, em qualquer circunstncia, a obedincia s diretrizes curriculares fixadas nacio- nalmente ( nico do artigo 1), considerando-se os contedos, habilidades e competncias a des- critos ( nico do artigo 7). Ocredenciamentodasinstituies,pois, mediaoobrigatriaparaquecursosadistncia sejam autorizados e para que seus diplomas e cer- tificadostenhamvalidadenacional. Taiscursosde- vero ser reavaliados a cada cinco anos para efeito derenovaodo credenciamento. A equivalncia de estudos feitos fora do pas e a revalidao de certificados de concluso de Ensi- no Mdio emitidos por pas estrangeiro, reitere-se, so de competncia privativa da Unio para terem aquivalidade.Omesmoseaplica,sobcondies prprias,quandodaautorizaoecredenciamen- to de cursos e exames supletivos ofertados fora do Brasil e subordinados s nossas diretrizes ebases. A equivalncia um processo que supe pre- viamente uma comparao qualitativa entre com- ponentes curriculares de cursos diferenciados para efeito de avaliao e classificao de nvel e de grau de maturidade intelectual. J a revalidao um ato oficial pelo qual certificados e diplomas emiti- dos no exterior, e vlidos naquele pas, tornam-se equiparados aos emitidos no Brasil e assim adqui- rem o carter legal necessrio para a terminalidade e consequente validade nacional e respectivos efei- tos. Para tanto, requer-se um conjunto de formali- dades imprescindveis para que os efeitos legais se processem em um quadro de autenticidade. Caro(a) aluno(a), Nodecorrerdosextocaptulo,realizamosumimportanteexercciodecompreensodaestrutura administra