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1 2 – FISSURAS A caracterização da fissuração como deficiência estrutural dependerá sempre da origem, intensidade e magnitude do quadro de fissuração existente, pois sendo o concreto um material com baixa resistência à tração, fissurará por natureza, sempre que as tensões, que podem ser instaladas pelos mais diversos motivos, superarem a sua resistência última à tração. 1 - Trinca horizontal próximo ao teto Pode ser devido ao adensamento da argamassa de assentamento dos tijolos ou falta de amarração da parede com a viga superior. 2 - Fissuras nas paredes em direções aleatórias

Apostila (Fissuras)

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2 – FISSURAS

A caracterização da fissuração como deficiência estrutural dependerá sempre da origem, intensidade e magnitude do quadro de fissuração existente, pois sendo o concreto um material com baixa resistência à tração, fissurará por natureza, sempre que as tensões, que podem ser instaladas pelos mais diversos motivos, superarem a sua resistência última à tração.

1 - Trinca horizontal próximo ao teto Pode ser devido ao adensamento da argamassa de assentamento dos tijolos ou falta de amarração da parede com a viga superior.

2 - Fissuras nas paredes em direções aleatórias

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Pode ser devido à falta de aderência da pintura, retração da argamassa de revestimento, retração da alvenaria ou falta de aderência da argamassa à parede.

3 - Trincas no piso Podem ser produzidas por vibrações de motores, excesso de peso sobre a laje. Verificar se há trincas na parte inferior da laje.

4 - Trincas no teto Podem ser causadas pelo recalque da laje, falta de resistência da laje ou excesso de peso sobre a laje. Pode ser grave. 5 - Trincas inclinadas nas paredes É sintoma de recalques. Um dos lados da fundação não

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agüentou ou não está agüentando o peso e afundou ou está afundando. Geralmente é grave.

6 - Flechas no piso Pode ser causado por recalque das estruturas, por expansão do sub-solo ou colapso do revestimento. Quando causados por recalque, são acompanhados por trincas inclinadas nas paredes. Os solos muito compressível, com a presença da água, se expandem e empurram o piso para cima. 7 - Trincas horizontais próximas do piso Podem ser causadas pelo recalque do baldrame ou mesmo pela subida da umidade pelas paredes, por causa do colapso ou falta de impermeabilização do baldrame. 8 - Trinca vertical na parede É causada, geralmente pela falta de amarração da parede com algum elemento estrutural como pilar ou outra parede que nasce naquele ponto do outro lado da parede.

Outras fissuras:

1 - Deslocamento dos estribos

Nos pilares, aparecem fissuras verticais ou ligeiramente

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inclinadas, se durante a execução ocorreu má colocação, insuficiência e deslocamento dos estribos. Estas fissuras são, neste caso, um sintoma bastante perigoso.

2 – Fissuras no concreto em estado plástico

A união de pilares a vigas corre riscos se, uma vez concretados os pilares, e não se espera algumas horas antes de concretar as vigas, para permitir que o concreto fresco dos pilares assente".

As medidas preventivas consistem em:

o produzir misturas mais secas, mais densas, com menor abatimento possível;

o fazer um bom adensamento; o evitar uma execução muito rápida do concreto.

3 – Movimentação de Fôrmas e Escoramentos

Os recalques do subleito ou mau escoramento das fôrmas podem causar trincas no concreto enquanto na fase plástica.

Tais movimentos podem ser causados por:

o deformação das fôrmas, por mau posicionamento, por falta de fixação inadequada, pela existência de juntas mal vedadas ou de fendas, etc.;

o inchamento da madeira devido à umidade ou perda de pregos; e

o devido ao uso impróprio ou excessivo dos vibradores.

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4 –Retração hidráulica

Em geral, as recomendações para minimizar estas fissuras envolvem o emprego da mínima relação água/cimento (a/c) possível, consumos não elevados de cimento, misturas com teor adequado de argamassa, execução cuidadosa da cura, sem que o concreto fique sujeito a ciclos de secagem e umedecimento.

Concretos dosados com excesso de areia apresentam retração maior do que misturas semelhantes com teores normais.

As medidas preventivas para reduzir a retração hidráulica consistem em:

a. usar o menor teor de água de amassamento possível; b. maior teor de agregado graúdo possível; c. cura adequada do concreto; e d. armaduras de pele quando as peças forem altas.

Observa-se que quando a cura do concreto é bem feita, a retração só se iniciará quando a cura for interrompida, idade em que o concreto terá sua resistência à tração aumentada, e assim quando surgirem as tensões de tração devidas à retração, o concreto já poderá apresentar resistência à tração superior às tensões oriundas da retração, não ocorrendo portanto o fissuramento.

5 – Trincas devido à dilatação térmica

Laje de cobertura - os raios solares incidindo diretamente sobre a laje de cobertura, produz muito calor.

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Ligeiro arqueamento da laje produzindo um giro na sua beirada fazendo surgir uma trinca horizontal em toda a lateral do prédio:

6 - Rachaduras nas peças de estrutura

Entre outros problemas, as rachaduras podem causar corrosão da armadura, causando sérios danos à resistência do edifício. Ordem da gravidade:

1 - Rachaduras nas vigas

Em geral, acabam formando as flexões.

Rachaduras inclinadas - aparecem próximo da junção da viga com o pilar, causadas por sobrecarga. Indicam que a viga está querendo se separar do pilar.

Rachaduras verticais - aparecem no meio da viga, no vão (formado pela distância entre um pilar e outro), também por sobrecarga. São chamadas de fissuras de flexão.

Rachaduras horizontais - são decorrentes de fissuras

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provenientes do gradiente de temperatura.

2 - Rachaduras nas lajes

Normalmente, as fissuras saem dos cantos e vão para o meio da laje. É comum os apartamentos de último andar apresentarem rachaduras nas paredes devido a variação de temperatura, que causa dilatação da laje.

Principais causas da rachadura em edifícios de concreto armado:

Variações de temperatura Variações de umidade Racalques de fundação (deformação da fundação causada por afundamento do solo).

3 - Rachaduras nos pilares

As rachaduras nos pilares são as mais graves, pois são eles que transmitem a carga do prédio para a fundação - é difícil um prédio ruir com rompimento de uma viga ou laje.

Rachaduras inclinadas - são as mais preocupantes. Em geral, são causadas por um recalque (afundamento do solo e consequente deformação da fundação do prédio).

Rachaduras verticais - em geral são causadas quando o pilar está com sobrecarga (está recebendo mais peso do que sua capacidade).

Rachaduras horizontais - podem surgir por problema de recalque ou quando a carga é excêntrica (atua fora do centro do pilar).

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7 - Instalação de Redes de Proteção

O emprego de ganchos fixados por meio de buchas de nylon cria pontos preferenciais para a penetração de água.

Análise da estrutura fissurada

Os primeiros passos a serem dados consistem:

• elaboração do mapeamento das fissuras

• sua classificação:

- ativa ou viva - quando a causa responsável por sua geração ainda atua sobre a estrutura. - inativa ou estável - sempre que sua causa se tenha feito sentir durante um certo tempo e, a partir de então, deixado de existir.

Classificadas as fissuras e de posse do mapeamento, pode-se dar início ao processo de determinação de suas causas, de forma a poder-se estabelecer as metodologias e proceder aos trabalhos de recuperação ou de reforço, como a situação o exigir.

Além do aspecto antiestético e a sensação de pouca estabilidade que apresenta uma peça fissurada, os principais perigos decorrem da corrosão da armadura e da penetração de agentes agressivos externos no concreto.

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A NBR - 6118 (NB – 1/78), subitem 4.2.2, considera fissuração como nociva quando a abertura das fissuras na superfície do concreto ultrapassa os seguintes valores:

o 0,1 mm para peças não protegidas, em meio agressivo; o 0,2 mm para peças não protegidas, em meio não

agressivo; e o 0,3 mm para peças protegidas.

Trincas

Para melhor entendimento, consulte o glossário abaixo

Manifestação Esquema Causas Reparos

Trincas verticais em pilares, junto às quinas ou bases

- Corrosão das barras de aço devido a falhas de concretagem ou pouco cobrimento de concreto. - Produtos nocivos

-Tratamento das barras de aço somente com profissional especializado na reconstituição da estrutura ou reforço.

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incorporados no concreto.

Fissuras nas quinas de vigas isoladas, ou em dilatação (com ou sem barras de aço expostas)

- ídem anterior - infiltração de água pela junta de dilatação.

- ídem anterior - execução de nova vedação das juntas de dilatação. - não colocar calhas para captar e escoar a água de infiltração; somente adia a solução e piora o estado da estrutura.

Trincas verticais em vigas

- deformação excessiva da viga por erro de projeto ou por estar sob carga excessiva

- reparo ou reforço após avaliação do perito - reparo ou reforço urgente

Trinca em consoles

- deficiência ou inexistência de aparelho de apoio. - sobre-carga - erro executivo ou do projeto

- substituição do aparelho de apoio - reforço ou reparo do console

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Trincas em laje com corrosão das barras de aço

- infiltração de água - pouco cobrimento de concreto -presença de produtos químicos nocivos no concreto

- recuperação ou reforço das barras de aço e reconstituição do concreto - solucionar problema de vazamento

Trincas de "bigode" em cantos vivos de aberturas

- inexistência ou deficiência de vergas ou contra-vergas

- recuperação específica

Destacamento da alvenaria e trincas. Área interna e externa.

- efeitos da dilatação térmica da laje de cobertura

- tratamento térmico da laje - reforço do encunhamento

Caso anterior, mas em andares inferiores

- deficiência no encunhamento entre parede e estrutura

- reforço na interligação entre parede e estrutura

Fissuração horizontal na alvenaria junto à base

- umidade vinda da fundação

- refazer a impermea- bilização - reparo da trinca

Manifestação Aspectos Observados

Causas Reparos

Eflorescência - manchas de umidade

- umidade constante

- eliminação da umidade

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- pó branco acumulado sobre a superfície

- secagem e reparo do revestimento

Bolor

- manchas esverdeadas ou escuras - revestimento em desagregação

- umidade constante - área não exposta ao sol

- eliminação da infiltração e umidade - lavagem com cloro diluído em água - reparo do revestimento solto ou sem resistência

Descolamento do revestimento de massa com trincas sem definição

- a placa de massa apresenta-se endurecida quebrando com dificuldade - som oco

- deficiência da aderência entre a massa e a alvenaria - argamassa com muito cimento ou espessa - corrosão das barras de aço, quando a argamassa está aderida à estrutura - ausência de chapisco

- recuperação do concreto - renovação do revestimento

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Fissuras mapeadas

- secagem rápida da argamassa - retração por excesso de água na argamassa

- renovação do revestimento, se estiver com som oco - tratamento das trincas, se não estiver com som oco - o tratamento não se resolve só com massa corrida ou sela-trinca

GLOSSÁRIO Aparelho de apoio

Espécie de borracha que fica entre o console e a viga.

Chapisco Massa de aderência do revestimento Dilatação térmica

Expansão do material pelo calor

Eflorescência Umidade que sobe pelas paredes Encunhamento Ligação entre as paredes e a estrutura Fissuras Rachaduras de grande proporção Juntas de dilatação

Vigas paralelas em subsolos, que permitem a oscilação prevista para o prédio

Sela-trinca Produto que consiste em tela de poliestireno mais massa corrida

Trincas Pequenas rachaduras

Vergas Viga inferior da janela; contra-vergas são as vigas superiores de portas e janelas