Upload
bfogo1990
View
14
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Apostila completa ESAF
Citation preview
2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.
Fiscal
Direito Constitucional
Apostila
Samuel Fonteles
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 2
PODER CONSTITUINTE
Apenas a pessoa pode ser sujeito de direitos, quer se trate de pessoa fsica,
quer se trate de pessoa jurdica. Isto porque somente ela possui personalidade
jurdica, isto , a aptido genrica para adquirir direitos e contrair obrigaes. Tal
capacidade no existe nos animais irracionais.
A pessoa fsica (ou natural), segundo o Cdigo Civil de 2002, adquire a sua
personalidade no momento de seu nascimento com vida. J as pessoa jurdicas,
por ocasio da inscrio de seu ato constitutivo no registro competente. Assim,
nasce uma associao ou uma fundao quando seus estatutos so registrados
no Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas. Surge uma sociedade empresria
quando seu contrato social registrado na Junta Comercial.
Em se tratando de pessoas jurdicas de direito pblico, a personalidade
dada pela lei criadora do ente. Logo, uma autarquia (INSS, IBAMA, INCRA...) passa
a existir no mundo jurdico pela simples edio do diploma legal que o originou.
Ora, a Repblica Federativa do Brasil uma pessoa jurdica de direito
pblico externo. Como tal, tambm possui personalidade jurdica, ou seja, pode
titularizar direitos e assumir deveres. Ocorre que a sua personalidade no foi
extrada de uma lei qualquer, mas sim da Constituio da Repblica, a Lei Maior.
como se tivesse havido o registro de um ato constitutivo, qual seja, a
promulgao da Constituio Federal. Portanto, nossa Carta Magna um ato que
constitui nosso Estado enquanto pessoa jurdica, cujo nascimento se deu em 5 de
outubro de 1988.
O poder de originar (constituir) um Estado, mediante a elaborao de uma
Constituio, chamado poder constituinte originrio. Na Teoria Democrtica,
titularizado pelo povo, mas exercido pelos seus representantes: os membros da
Assemblia Nacional Constituinte. Portanto, preciso que fique claro: poder
constituinte originrio aquele apto a criar uma constituio e,
conseqentemente, um pas, na medida em que a constituio o ato
constitutivo deste.
O poder constituinte originrio no sofre limitaes jurdicas. Assim, segundo
j decidiu o STF, no lhe so oponveis a coisa julgada, o ato jurdico perfeito ou o
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealceSignificado oponvel: passvel de se opor ou de funcionar em oposio
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 3
direito adquirido. Alguns autores, no entanto, reconhecem-lhe limitaes
sociolgicas.
Como derivao do constituinte originrio, trs classificaes foram feitas:
poder constituinte reformador, poder constituinte decorrente e poder constituinte
revisor. Todos so ditos constituintes derivados e se caracterizam por serem
limitados juridicamente.
O constituinte reformador aquele responsvel pela elaborao de
emendas constitucionais, ou seja, de modificar (ou, muitas vezes, deturpar) a obra
do constituinte originrio. Como foi dito, sofre limitaes jurdicas. Ei-las:
Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta:
I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do
Senado Federal;
II - do Presidente da Repblica;
III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da
Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
A iniciativa traduz uma limitao formal.
1 - A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno
federal, de estado de defesa ou de estado de stio.
Trata-se da chamada limitao circunstancial, pois a Constituio no poder
ser emendada nessas circunstncias: estado de defesa, estado de stio e
interveno federal. Isto porque, em situaes de anormalidade como essas,
haver uma tendncia de restringir os direitos fundamentais.
2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs
quintos dos votos dos respectivos membros.
V-se que o quorum de 3/5 (60%) para a aprovao de uma emenda
constitucional mais dificultoso do que aquele previsto para as demais espcies
normativas que, em geral, exigem apenas maioria simples e, excepcionalmente,
maioria absoluta. exatamente essa caracterstica que faz de nossa Constituio
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 4
uma constituio rgida: o fato de seu procedimento de elaborao ser mais
dificultoso que o das outras normas infraconstitucionais. Tambm so exigidos dois
turnos, o que acaba por dificultar ainda mais a aprovao de uma PEC (proposta
de emenda Constituio).
Esta uma limitao formal, assim como a do pargrafo seguinte.
3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.
4 - No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir:
Diferentemente, aqui as limitaes so materiais, ou seja, de contedo. Os
incisos seguintes trazem matrias que no podem ser modificadas nem mesmo por
emenda constitucional, pois so clusulas ptreas, tambm chamadas de
clusulas de inamovibilidade ou de ncleo intangvel. importante saber que esse
rol no exaustivo (numerus clausus), eis que h outras clusulas ptreas que no
foram mencionadas, as implcitas.
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e peridico;
III - a separao dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
5 - A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.
O poder constituinte decorrente, por sua vez, aquele responsvel pela feitura
das cartas estaduais ou da lei orgnica distrital. Decorre, pois, da autonomia
desses entes, que implica capacidade auto-organizatria.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que
adotarem, observados os princpios desta Constituio.
Tambm houve previso no art. 11, do Ato das Disposies Constitucionais
Transitrias (ADCT):
Art. 11. Cada Assemblia Legislativa, com poderes constituintes, elaborar a
Constituio do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgao da
Constituio Federal, obedecidos os princpios desta.
Ambos os dispositivos admitem a limitao do constituinte decorrente,
afirmando que as constituies estaduais devem obedincia aos princpios da
CF/88. Segundo a doutrina, esses princpios so os chamados princpios
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 5
constitucionais estabelecidos, princpio sensveis e princpio constitucionais
extensveis.
Por fim, resta ainda analisar o constituinte revisor. Este excepcional e no
poder se manifestar novamente. Tambm relativo edio de emendas, no
entanto, no pelo procedimento apontado no Art. 60. O constituinte revisor
apenas foi previsto para adequar o contedo da CF/88 ao resultado do plebiscito
de 1993 (art. 2, ADCT):
Art. 2. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definir, atravs de plebiscito,
a forma (repblica ou monarquia constitucional) e o sistema de governo
(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no Pas.
Art. 3. A reviso constitucional ser realizada aps cinco anos, contados da
promulgao da Constituio, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sesso unicameral.
Considerando que foi previsto em uma norma transitria, uma vez ocorrida a
reviso, sua eficcia se esgota, no sendo possvel nova reviso.
QUESTES
1. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Originrio ilimitado e autnomo, pois
a base da ordem jurdica.
2. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na
possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a
regulamentao especial prevista na prpria Constituio Federal e ser
exercitado por determinados rgos com carter representativo.
3. (ESAF/AFRFB/2009) A outorga, forma de expresso do Poder Constituinte
Originrio, nasce da deliberao da representao popular, devidamente
convocada pelo agente revolucionrio.
4. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma regra jurdica
de autenticidade constitucional.
5. (ESAF/AFRFB/2009) A doutrina aponta a contemporaneidade da idia de Poder
Constituinte com a do surgimento de Constituies histricas, visando, tambm,
limitao do poder estatal.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealceExatamente isso!!!!No se pode confundir a caracterstica com a definio:Cada caracterstica possui a sua exclusiva definio. No se pode definir a uma certa caracterstica usando a definio de outra.Desta forma, incorreto, por exemplo, falar que "o PCO ilimitado, pois no se sujeira a nenhum procedimento pr-estabelecido de manifestao". errado pois definiu "ilimitado" com o conceito de "incondicionado". Isso muito comum em concursos.Caractersticas do PCO e suas definies:1- Poder poltico - Pois ele que organiza o Estado e institui todos os outros poderes;2- Inicial ele que d incio a todo o novo ordenamento jurdico;3- Ilimitado, irrestrito, ou soberano - No reconhece nenhuma limitao material ao seu exerccio ( o que diz a corrente positivista adotada pelo Brasil). 4- Autnomo - Ele no se submete a nenhum outro poder.5- Incondicionado No existe nenhum procedimento formal pr-estabelecido para que ele se manifeste.6 - Permanente Porque no se esgota no momento de seu exerccio.
bernardo de oliveiraRealceA doutrina aponta a contemporaneidade da ideia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituies escritas e formais, que visavam limitao do poder estatal.
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 6
6. (ESAF/CGU/2006) A titularidade do poder constituinte originrio, segundo a
teoria da soberania estatal, da nao, entendida como entidade abstrata que
se confunde com as pessoas que a integram.
7. (ESAF/CGU/2006) A existncia de um poder constituinte derivado decorrente
no pressupe a existncia de um Estado federal.
8. (ESAF/PFN/2006) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituio entrega
competncia privativa dos Municpios fica imediatamente revogada com o
advento da nova Carta.
9. (ESAF/PFN/2006) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituio
sob cuja regncia foi editada, mas que, at o advento da nova Constituio,
nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, no considerada
recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e
esteja de acordo com o novo processo legislativo.
10. (ESAF/PFN/2006) Para que a lei anterior Constituio seja recebida pelo novo
Texto Magno, mister que seja compatvel com este, tanto do ponto de vista da
forma legislativa como do contedo dos seus preceitos.
11. (ESAF/PFN/2006) Normas no recebidas pela nova Constituio so
consideradas, ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade
superveniente.
12. (ESAF/PFN/2006) A Doutrina majoritria e a jurisprudncia do Supremo Tribunal
Federal convergem para afirmar que normas da Constituio anterior ao novo
diploma constitucional, que com este no sejam materialmente incompatveis, so
recebidas como normas infraconstitucionais.
13. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui
como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da
titularidade do poder constituinte originrio.
14. (ESAF/TCU/2006) Para o positivismo jurdico, o poder constituinte originrio tem
natureza jurdica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o grmen da
ordem jurdica.
bernardo de oliveiraRealceERRADO Segundo a doutrina, para a questo se tornar correta,deveria-se falar em Soberania Popular e no em soberaniaestatal, pois neste caso, entende-se que o poder constituintepertence ao Estado e no ao povo.
bernardo de oliveiraRealceERRADO. O Poder Constituinte Derivado Decorrente existejustamente para instituir o Estado-membro de auto-organizao eassim ser o passo principal de sua autonomia poltica.
bernardo de oliveiraRealceNo fica revogada se seu contedo for compatvel, mas passa a ser considerada lei municipal e, da nova CF em diante, s o Municpio poder elaborar leis sobre o assunto.
bernardo de oliveiraRealceOk! No ser recebida pela nova CF pq na verdade nunca entrou verdadeiramente no mundo jurdico (entrou, mas no era para ter entrado pq no respeitou o processo legislativo). Assim, ser considerada como se nunca tivesse existido, no podendo assim ser recepcionada.
bernardo de oliveiraRealceBasta que seja materialmente constitucional e no formalmente.
bernardo de oliveiraRealceNo se pode fazer controle de constiticionalidade de uma norma criada sob as regras de uma outra Constituio. Ela no ser considerada inconstitucional e sim materialmente incompatvel com a nova CF, no sendo recepcionada
bernardo de oliveiraRealcePodem ser recebedias como normas constitucionais (se aparecerem no texto da nova CF) ou infraconstitucionais (se aparecerem em outros diplomas legais).
bernardo de oliveiraRealceVerdadeiro. Limitao material implcita
bernardo de oliveiraRealceVerdadeiro
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 7
15. (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de alterao da sua prpria titularidade
uma limitao material implcita do poder constituinte derivado.
16. (ESAF/AFRF/2005) A existncia de clusulas ptreas, na Constituio brasileira
de 1988, est relacionada com a caracterstica de condicionado do poder
constituinte derivado.
17. (ESAF/AFRF/2005) Como a titularidade da soberania se confunde com a
titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder
constituinte originrio do Estado, uma vez que a soberania um dos
fundamentos da Repblica Federativa do Brasil.
18. (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituio Federal ser emendada
na vigncia de estado de defesa se constitui em uma limitao material explcita
ao poder constituinte derivado.
19. (ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originrio inicial porque no sofre
restrio de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior.
20. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A reviso constitucional prevista por uma Assemblia
Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alterao do
texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitaes expressas e
implcitas originalmente definidas no texto constitucional.
21. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Entre as caractersticas do poder constituinte originrio
destaca-se a possibilidade incondicional de atuao, ou seja, a Assemblia
Nacional Constituinte no est sujeita a forma ou procedimento pr-determinado.
22. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O poder constituinte derivado decorrente aquele
atribudo aos parlamentares no processo legiferante, em que so discutidas e
aprovadas leis, observadas as limitaes formais e materiais impostas pela
Constituio.
23. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O poder emanado do constituinte derivado reformador,
que fundado na possibilidade de alterao do texto constitucional, no
passvel de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.
bernardo de oliveiraRealceEst relacionado caracterstica de SUBORDINADO.
bernardo de oliveiraRealceSe constitui em limitao CIRCUNSTANCIAL
bernardo de oliveiraRealceO poder constituinte ILIMITADO, porque no sofre de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 8
24. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O titular do poder constituinte aquele que, em nome
do povo, promove a instituio de um novo regime constitucional ou promove a
sua alterao.
25. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui
como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da
titularidade do poder constituinte originrio.
26. (ESAF/PFN/2006) Do poder constituinte dos Estados-membros possvel dizer
que inicial, limitado e condicionado.
Gabarito
1. E 2. E 3. E 4. C 5. E 6. E 7. E 8. E
9. C 10. E 11. E 12. E 13. C 14. E 15. C 16. E
17. E 18. E 19. E 20. E 21. C 22. E 23. E 24. E
25. C 26. E
PRINCPIOS FUNDAMENTAIS
Um pas pode assumir vrias caractersticas. Incumbe quele que o instituiu
eleger um tipo de Estado (federal ou unitrio), uma forma de governo (republicana
ou monrquica), um sistema de governo (presidencialista ou parlamentarista),
bem como adotar um regime poltico (democrtico ou totalitrio). Todas essas
escolhas foram reveladas pelo caput do Art. 1 da Constituio Federal:
TTULO I
Dos Princpios Fundamentais
bernardo de oliveiraRealceDo poder constituinte dos Estados-membros possvel dize que derivado, limitado ou subordinado e condicionado
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 9
Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos
Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de
Direito e tem como fundamentos:
A expresso indissolvel, a rigor, um pleonasmo (explicitao desnecessria,
repetitiva). Isto porque o pacto federativo tem como uma de suas maiores
caractersticas o fato de no se permitir o direito de secesso, ou seja, os entes
federativos no podem separar-se uns dos outros. A clusula de indissolubilidade
foi mera explicitao, eis que j estava implcita no adjetivo Federativa.
O federalismo tem, ainda, outros traos importantes: igualdade e autonomia
dos entes polticos. Significa que Municpios no se subordinam aos Estados (nem
ao DF) que tambm no so hierarquicamente inferiores Unio. Todos foram
equiparados e considerados autnomos, nos limites da Constituio. Uma lei
estadual no deve conformidade a uma lei federal, devendo ambas obedincia
repartio constitucional de competncias. Tanto uma como outra extraem o
seu fundamento de validade do mesmo lugar: da CRFB (Constituio da
Repblica Federativa do Brasil). Por fora da autonomia, os entes possuem
capacidade de autogoverno, auto-administrao, auto-organizao e de
normatizao prpria.
I - a soberania;
Muito se ouve e se l que um Estado possui trs elementos constitutivos: povo,
territrio e poder. Este ltimo justamente a soberania, que representa o mais alto
grau de poder, no se submetendo, pois, a nenhum outro. Nas palavras de Ives
Gandra da Silva Martins, ... a soberania o direito de dizer, dentro desse pas, qual efetivamente o Direito que ter de ser observado. (...) A intromisso de
outras naes no seu Direito s ser aceita se respaldada em tratados, pactos ou
acordos internacionais..
A prpria ESAF j cuidou de conceituar esse atributo exclusivo do Estado:
Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepo contempornea,
constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no campo interno, como o
poder supremo de que dispe o Estado para subordinar as demais vontades e
excluir a competio de qualquer outro poder similar. (Analista de Finanas e
Controle CGU 2004).
Apenas a Repblica Federativa do Brasil soberana. A Unio, os Estados, o DF
e os Municpios no ostentam o atributo da soberania, mas sim o da autonomia,
pois sofrem limitaes jurdicas. exatamente por isso que tais entes tm suas
competncias traadas na Constituio, que nada mais so do que limitaes, eis
que os entes polticos no podem atuar fora delas.
II - a cidadania;
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 10
Cidadania qualidade de quem cidado. Este, por sua vez, o nacional
que est no gozo de seus direitos polticos, podendo participar dos negcios do
Estado. Trata-se do verdadeiro protagonista de uma democracia.
III - a dignidade da pessoa humana;
A dignidade da pessoa humana um princpio densificado ao longo do texto
constitucional e conexo com inmeros dispositivos. Por fora desse inciso,
reconhece-se aos indivduos o direito a uma existncia digna.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Fundem-se dois valores aparentemente paradoxais: o valor social do trabalho,
tpico de um Estado Social, com a livre iniciativa, comum em Estados Liberais.
Assim, a explorao da atividade econmica poder ser livremente desenvolvida
pelos particulares, devendo-se, no entanto, assegurar a dignidade do trabalho
humano.
V - o pluralismo poltico.
O fundamento do pluralismo poltico no se confunde com o pluripartidarismo.
Este significa diversidade de legendas partidrias, enquanto aquele mais amplo:
traduz a coexistncia das mais diversas correntes de pensamentos e ideologias.
Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.
Acaba de ser consagrado o princpio da soberania popular, que exercida de
maneira indireta (democracia representativa) ou diretamente (democracia
participativa), nos termos do Art. 14: mediante sufrgio, voto, plebiscito, referendo
e iniciativa popular.
Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judicirio.
A soberania, em verdade, una. Logo, no correto falar-se em Poderes, mas em funes. O poder no se divide, apenas o seu exerccio repartido. Da
aludir-se corretamente ao postulado da Tripartio das Funes. No entanto,
quando escrita no texto constitucional com P maisculo, a palavra Poder assumir o significado de rgo. Dessa forma, so rgos da Unio,
independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.
A tripartio das funes, tal como teorizada por Montesquieu (Teoria dos Freios e Contrapesos), est ultrapassada. No existe mais uma rgida separao entre as atribuies que antes eram distribudas de forma pura. Hoje, pode-se falar
em funes tpicas e atpicas.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 11
A independncia entre os Poderes consagra implicitamente o sistema
presidencialista, eis que, no sistema parlamentarista, h uma interdependncia
entre eles. a maioria do parlamento que escolhe o chefe de governo, que, por
sua vez, pode dissolver esse mesmo parlamento que o escolheu. Logo, no sistema
parlamentarista, ambos so dependentes.
Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:
Os objetivos da repblica so normas programticas, isto , normas que
encerram um programa de governo a ser cumprido. Para se concretizarem,
dependem de atividade meta-jurdica, na medida em que no suficiente a sua
regulamentao pelo legislador, sendo imprescindveis providncias
administrativas para a sua implementao.
I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
A marginalizao o ato de marginalizar. V-se que o constituinte buscou
erradicar a causa (marginalizao) e no a conseqncia (marginalidade).
objetivo da Repblica to somente reduzir, ao invs de aniquilar, as desigualdades
sociais. Isto porque tais desigualdades sempre existiro em maior ou menor grau.
Imaginar a sua ausncia absoluta seria utpico. Objetiva-se, ento, reduzi-las para
patamares mnimos, razoveis.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminao.
Percebe-se, j aqui, uma ntida referncia isonomia, um dos princpios mais
reforados ao longo do texto constitucional. No se deve realizar uma
interpretao literal do dispositivo, pois h determinadas discriminaes aceitas
constitucionalmente, como, por exemplo, as chamadas aes afirmativas.
Discriminar to-somente tratar de forma diferenciada, nem toda discriminao
negativa ou reprovvel.
O STF, em uma interpretao sistemtica do art. 3, IV c/c Art.1, III, entendeu
que a unio estvel admite, inclusive, a modalidade homossexual, valendo-se da
expresso homoafetividade. Segundo o Excelso Pretrio, tais unies so qualificadas como entidade familiar (famlia), luz do direito fundamental implcito
da busca da felicidade (ADPF 132/RJ 05/05/2011).
Art. 4 A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais
pelos seguintes princpios:
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 12
Os princpios apresentados ao diante formam um declogo que norteia a
Repblica Federativa do Brasil no plano internacional.
I - independncia nacional;
A independncia nacional decorre diretamente de nossa soberania externa,
atributo que nos permite atuar no plano internacional de modo a no acatar
intromisses indesejadas nas decises polticas de nosso pas.
II - prevalncia dos direitos humanos;
III - autodeterminao dos povos;
IV - no-interveno;
Por respeitar a auto-determinao dos povos, nosso pas no intervm em
outros Estados, diferentemente do que os Estados Unidos fizeram no Afeganisto e
no Iraque. O Brasil no poder declarar guerras de conquista ou ingressar nos
combates de retaliao. Segundo o Art. 84, XIX compete ao Presidente da
Repblica declarar guerra em caso de agresso estrangeira. Assim, inexistindo tal
agresso, no h que se falar em guerras.
V - igualdade entre os Estados;
No porque um Estado menos poderoso que no ter o mesmo prestgio
que outras naes junto comunidade internacional. Todos devem ser
igualmente ouvidos e respeitados. A ONU, no entanto, privilegia os pases que
compem o seu Conselho de Segurana, situao que evidentemente no
defendida pelo Brasil.
VI - defesa da paz;
Nosso pas vocacionado para a paz, tanto que assinamos o Tratado de No-
proliferao de Armas Nucleares, onde ficou acordado que toda a produo
brasileira de energia nuclear poder ser inspecionada duas vezes por ano, sendo
uma das fiscalizaes com prvio aviso e outra de surpresa.
VII - soluo pacfica dos conflitos;
Justamente por primar pela soluo pacfica dos conflitos, as tropas brasileiras
enviadas ao Haiti foram tropas de paz, ou seja, para restaurar a ordem, e sob a
superviso da ONU. Esta tem poder de ingerncia internacional e enviou soldados
a pedido dos prprios haitianos. A soluo pacfica dos conflitos deve ser tida
como regra, mas no impede a adoo de uma excepcional providncia blica
no plano internacional, desde que para assegurar a prpria independncia
nacional.
VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo;
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 13
IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concesso de asilo poltico.
Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao
econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando
formao de uma comunidade latino-americana de naes.
QUESTES
1. (ESAF/ATRFB/2009) Todo o poder emana do povo, que o exerce apenas por
meio de representantes eleitos, nos termos da Constituio Federal.
2. ESAF/AFC-STN/2005) A diviso fundamental de formas de Estados d-se entre
Estado simples ou unitrio e Estado composto ou complexo, sendo que o primeiro
tanto pode ser Estado unitrio centralizado como Estado unitrio descentralizado
ou regional.
3. (ESAF/AFTN-RN/2005) O Estado unitrio distingue-se do Estado federal em razo
da inexistncia de repartio regional de poderes autnomos, o que no impede
a existncia, no Estado unitrio, de uma descentralizao administrativa do tipo
autrquico.
4. (ESAF/AFTN-RN/2005) Em um Estado federal temos sempre presente uma
entidade denominada Unio, que possui personalidade jurdica de direito pblico
internacional, cabendo a ela a representao do Estado federal no plano
internacional.
5. (ESAF/AFC-STN/2005) Forma de governo diz respeito ao modo como se
relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, sendo os
Estados, segundo a classificao dualista de Maquiavel, divididos em repblicas
ou monarquias.
6. (ESAF/AFTN-RN/2005) O presidencialismo a forma de governo que tem por
caracterstica reunir, em uma nica autoridade, o Presidente da Repblica, a
Chefia do Estado e a Chefia do Governo.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealcePargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.
bernardo de oliveiraRealceCerto. Estado composto = Federao
bernardo de oliveiraRealceCERTO
bernardo de oliveiraRealceRepblica Federativa do Brasil - Pessoa Jurdica de Direito Pblico InternacionalUnio - Pessoa Jurdica de Direito Pblico Interno
bernardo de oliveiraRealceA relacao entre os Poderes Executivo e Legislativo tem a ver com o Sistema de Governo (Presidencialismo ou Parlamentarismo).
bernardo de oliveiraRealcePresidencialismo um SISTEMA de governo e no uma forma
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 14
7. (ESAF/AFRF/2001) De uma Constituio que adota uma chefia dual do
Executivo, com um Chefe de Estado e um Chefe de Governo, em que a
permanncia deste no cargo depende da confiana do Poder Legislativo, pode-
se dizer que adota caracterstica tpica do presidencialismo.
8. (ESAF/AFTN-RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a maneira
pela qual se d a instituio do poder na sociedade e como se d a relao
entre governantes e governados.
9. (ESAF/AFC-CGU/2004) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem
uma relao de dependncia com a maioria do Parlamento, havendo, por isso,
uma repartio, entre o governo e o Parlamento, da funo de estabelecer as
decises polticas fundamentais.
10. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A Repblica a forma de organizao
do Estado adotada pela Constituio Federal de 1988. Caracteriza-se pela
temporariedade do mandato dos governantes e pelo processo eleitoral peridico.
11. (ESAF/AFC-CGU/2006) No elemento essencial do princpio federativo a
existncia de dois tipos de entidade - a Unio e as coletividades regionais
autnomas.
12. (ESAF/AFC-CGU/2006) O princpio republicano tem como caractersticas
essenciais: a eletividade, a temporariedade e a necessidade de prestao de
contas pela administrao pblica.
13. (ESAF/MPU/2004) Nos termos da Constituio de 1988, o Brasil adota a
repblica como sistema de governo, elegendo, portanto, o princpio republicano
como um dos princpios fundamentais do Estado brasileiro.
14. (ESAF/AFT/2006) A forma republicana no implica a necessidade de
legitimidade popular do presidente da Repblica, razo pela qual a periodicidade
das eleies no elemento essencial desse princpio.
15. (ESAF/AFT/2006) A concretizao do Estado Democrtico de Direito como um
Estado de Justia material contempla a efetiva implementao de um processo
bernardo de oliveiraRealce... pode-se dizer que adota uma caracterstica tpica do PARLAMENTARISMO.
bernardo de oliveiraRealceFORMA de governo pode ser definido ...
bernardo de oliveiraRealceCERTO
bernardo de oliveiraRealceA Repblica a forma de GOVERNO ...
bernardo de oliveiraRealceToda a federao deve ter um poder central - em nosso pas chamado de Unio - para que este possa agir em reas de interesse nacional e tambm possa harmonizar possveis conflitos entre as entidades autnomas regionais.
bernardo de oliveiraRealceCERTOPrincpio republicano tem como caractersticas essenciais:- eletividade- temporariedade - necessidade de prestao de contas pela Adm
bernardo de oliveiraRealceRepblica FORMA de governo e no SISTEMA de governo
bernardo de oliveiraRealceSo princpios republicanos: ELETIVIDADE, TEMPORARIEDADE e necessidade de prestar contas. Logo pelos dois primeiros, necessria legitimidade popular (ELETIVIDADE) e so necessrias eleies (TEMPORARIEDADE)
bernardo de oliveiraRealceCERTA. de acordo com a doutrina moderna, o Estado Democrtico de Direito deve traduzir-se em um Estado de Legitimao Justa, onde a sociedade participe de forma significativa, efetiva e operante, de modo a intervir no controle das decises, com participao real nos rendimentos da produo (Jos Afonso da Silva).
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 15
de incorporao de todo o povo brasileiro nos mecanismos de controle das
decises.
16. (ESAF/ENAP/2006) Como conseqncia direta da adoo do princpio
republicano como um dos princpios fundamentais do Estado brasileiro, a
Constituio estabelece que a Repblica Federativa do Brasil composta pela
unio indissolvel dos Estados, Municpios e do Distrito Federal.
17. (ESAF/CGU/2004) O poder poltico de um Estado composto pelas funes
legislativa, executiva e judicial e tem por caractersticas essenciais a unicidade, a
indivisibilidade e a indelegabilidade.
18. (ESAF/ATA-MF/2009) A diviso do poder, segundo o critrio geogrfico, a
descentralizao,
e a diviso funcional do poder a base da organizao do governo nas
democracias ocidentais.
19. (ESAF/ATA-MF/2009) Aristteles apresenta as funes do Estado em deliberante,
executiva e judiciria, sendo que Locke as reconhece como: a legislativa, a
executiva e a federativa.
20. (ESAF/ATA-MF/2009) A diviso funcional do poder , mais precisamente, o
prprio federalismo.
21. (ESAF/ATA-MF/2009) Montesquieu abria exceo ao princpio da separao
dos poderes ao admitir a interveno do chefe de Estado, pelo veto, no processo
legislativo.
22. (ESAF/AFTE-RN/2005) A adoo do princpio de separao de poderes,
inspirado nas lies de Montesquieu e materializado na atribuio das diferentes
funes do poder estatal a rgos diferentes, afastou a concepo clssica de
que a unidade seria uma das caractersticas fundamentais do poder poltico.
23. (ESAF/MRE/2004) caracterstica fundamental do poder poltico do Estado ser
ele divisvel, o que d origem s trs funes que sero atribudas a diferentes
rgos.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealceComo consequncia direta do princpio FEDERATIVO...
bernardo de oliveiraRealceO poder nico, poder do povo (soberano), contudo suas funes so divididas em legislativo, judicirio e executivo. O federalismo o poder divido pelo critrio geogrfico, unidades federativas.
bernardo de oliveiraRealceO princpio da separao de poderes no afastou a concepo de unidade do poder poltico. Esse o erro da questo.O poder poltico sempre uno. O princpio da separao de poderes surgiu com o advento do constitucionalismo moderno para evitar a concentrao do poder estatal numa nica pessoa/instituio, pois aquele que o detm tende a abusar do mesmo.Logo, o que h na verdade a separao das funes estatais (executiva, legislativa e judicial), cada uma atribuda a determinada estrutura de rgos do Estado, cujo funcionamento garantido pelo sistema de freios e contrapesos. Repartiram-se as funes, mas a essncia do poder poltico no alterada em sua unicidade. Poder estatal sempre uno, e o princpio da separao de poderes no alterou essa realidade.
bernardo de oliveiraRealceO poder poltico indivisvel
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 16
24. (ESAF/MRE/2004) O exerccio de uma das funes do poder poltico do Estado
por um determinado rgo se d sob a forma de exclusividade, com vistas
preservao do equilbrio no exerccio desse poder.
25. (ESAF/AFC-STN/2005) A funo executiva, uma das funes do poder poltico,
pode ser dividida em funo administrativa e funo de governo, sendo que esta
ltima comporta atribuies polticas, mas no comporta atribuies co-
legislativas.
26. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A Constituio Federal de 1988 prev
independncia e harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio.
Logo, se o Poder Judicirio determinar que algum rgo administrativo adote
providncias em virtude de deciso judicial, estaria o Poder Judicirio ferindo o
princpio da independncia dos poderes.
27. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho MTE/2006) O exerccio da funo
jurisdicional, uma das funes que integram o poder poltico do Estado, no
exclusivo do Poder Judicirio.
28. (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina, "distino de funes do poder" e "diviso
de poderes" so expresses sinnimas e, no caso brasileiro, um dos princpios
fundamentais da Repblica Federativa do Brasil.
29. (ESAF/MRE/2004) O princpio da separao de poderes, previsto no art. 2, da
Constituio Federal, assegura a independncia absoluta entre o Poder
Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judicirio.
30. (ESAF/ATA-MF/2009) O repdio ao terrorismo e ao racismo princpio que rege
a Repblica Federativa do Brasil nas suas relaes internacionais.
31. (ESAF/ATA-MF/2009) A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao
econmica, geogrfica, poltica e educacional dos povos da Amrica Latina.
32. (ESAF/ATA-MF/2009) A cooperao entre os povos para o progresso da
humanidade constitui objetivo fundamental da Repblica Federativa do Brasil.
bernardo de oliveiraRealceNo h exclusividade no exerccio das funes de poder
bernardo de oliveiraRealceAs funes polticas abrangem tambm funes co-legislativas
bernardo de oliveiraRealceOs Poderes so independentes, porm harmnicos, e esse poder correicional que o Judicirio exerce justamente uma das facetas do que chamamos de sistemas de freios e contrapesos, o que no fere a independncia dos poderes.
bernardo de oliveiraRealceCORRETA - H exceo a esta regra, o poder legislativo quando atua de forma jurisdicional atpica (crimes de responsabilidade).
bernardo de oliveiraRealcea doutrina no as consideram expresses sinnimas no. A "distino de funes de poder" diz respeito a especializao das funes governamentais sem importar o rgo que a exerce, ou seja, podero ser realizadas tanto por rgos especializados quanto por um nico rgo. J a "diviso de poderes" consiste em distribuir cada uma das funes governamentais a um rgo especfico (funo legislativa ao Poder legislativo). O que se observa que na primeira, no importa quem vai realizar a funo (seja rgo especializado ou no), e na segunda, a especializao funcional constitui um de seus elementos. O Ttulo I da CF/88 trata dos princpios fundamentais (arts. 1 ao 4). E a diviso dos poderes encontra-se no art. 2. Dessa forma, constitui sim um dos princpios fundamentais da Repblica Federativa Brasileira.
bernardo de oliveiraRealceErrado a independncia relativizada pela teoria dos freios e contrapesos.
bernardo de oliveiraRealceA Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cutlural dos povos da Amrica Latina. A integrao geogrfica no entra.
bernardo de oliveiraRealce um dos princpios que rege as relaes internacionais
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 17
33. (ESAF/ATA-MF/2009) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao princpio que
rege a Repblica Federativa do Brasil nas suas relaes internacionais.
34. (ESAF/ATA-MF/2009) Construir uma sociedade livre, justa e solidria um dos
fundamentos da Repblica Federativa do Brasil.
35. (ESAF/APOFP-SEFAZ-SP/2009) So fundamentos da Repblica Federativa do
Brasil, nos termos da Constituio Federal de 1988 a cidadania, justia, dignidade
da pessoa humana.
36. (ESAF/AFRFB/2009) Constitui objetivo fundamental da Repblica Federativa do
Brasil, segundo preceitua o artigo 3o da Constituio Federal da Repblica/88, o
respeito aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
37. (ESAF/ATRFB/2009) A Repblica Federativa do Brasil no adota nas suas
relaes internacionais o princpio da igualdade entre os Estados.
38. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) Constitui-se como objetivo fundamental
da Repblica Federativa do Brasil a promoo do bem de todos, sem qualquer
tipo de preconceito ou formas de discriminao. A reserva de vagas nas
Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos egressos de
escolas pblicas, contraria a orientao constitucional.
39. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A forma federativa, adotada pelo
Sistema Constitucional Brasileiro, confere aos Estados federados autonomia para
governar, administrar e legislar, sendo que uma de suas principais caractersticas
a indissolubilidade.
40. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A cidadania, um dos fundamentos da
Repblica Federativa do Brasil, constitui-se como a capacidade do indivduo de
exerccio dos direitos polticos e condio para exercitar direitos e prerrogativas
constitucionais, entre elas a propositura de ao civil pblica.
41. (ESAF/TFC-CGU/2008) um dos objetivos fundamentais da Repblica
Federativa do Brasil valorizar a dignidade da pessoa humana.
bernardo de oliveiraRealce u dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil
bernardo de oliveiraRealce um dos objetivos da Repblica Federativa do Brasil
bernardo de oliveiraRealceFundamentos da Repblica Federativa do Brasil:I - SoberaniaII - CidadaniaIII - Dignidade HumanaIV - Valor socal do trabalho e livre iniciativaV - Pluralismo poltico
bernardo de oliveiraRealceO respeito aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa um fundamento da Repblica, e no um objetivo
bernardo de oliveiraRealceA igualdade entre os Estados um dos princpios que rege a Repblica no que tange s relaes internacionais.
bernardo de oliveiraRealceDiscriminao tem sentido de algo ruim
bernardo de oliveiraRealceQuase perfeita a afirmativa, exceto ao falar em ao civil pblica. Se fosse trocada por Ao Poupular estaria perfeito, pois esta a ao que o cidado pode propor. J a ao civil pblica proposta por pessoas judicas dispostas na lei 7.347/85 como os entes federativos, autarquias, defensoria pblica e etc.
bernardo de oliveiraRealceValorizar a dignidade humana um dos fundamentos da Repblica
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 18
42. (ESAF/AFC-CGU/2008) Contempla, respectivamente, um fundamento da
Repblica e um princpio que deve reger as relaes internacionais do Brasil:
Prevalncia dos direitos humanos e independncia nacional.
43. (ESAF/Tcnico administrativo MPU/ 2004) O Estado brasileiro adota, como um
dos seus fundamentos, a soberania popular, a qual pode ser exercida de forma
indireta ou direta, nos termos definidos na Constituio Federal de 1988.
44. (ESAF/Tcnico administrativo MPU/ 2004) A Constituio Federal de 1988 traz a
determinao de que o Brasil dever buscar a integrao econmica na Amrica
do Sul por meio da formao de um mercado comum de naes sul-americanas.
45. (ESAF/AFC-CGU/2006) O pluralismo poltico, embora desdobramento do
princpio do estado Democrtico de Direito, no um dos fundamentos da
Repblica Federativa do Brasil.
46. (ESAF/AFC-CGU/2006) Rege a Repblica Federativa do Brasil, em suas relaes
internacionais, o princpio da livre iniciativa.
47. (ESAF/AFC-CGU/2006) um dos objetivos fundamentais da Repblica
Federativa do Brasil, expresso no texto constitucional, a garantia do
desenvolvimento nacional e a busca da auto-suficincia econmica.
48. (ESAF/AFT/2006) Na condio de fundamento da Repblica Federativa do
Brasil, a dignidade da pessoa humana tem seu sentido restrito defesa e
garantia dos direitos pessoais ou individuais de primeira gerao ou dimenso.
49. (ESAF/ENAP/2006) Embora seja objetivo do Estado brasileiro, a dignidade da
pessoa humana no se inclui entre os fundamentos da Repblica Federativa do
Brasil.
50. (ESAF/MRE/2004) A Constituio brasileira determina a busca da
implementao de um mercado comum das naes latino-americanas.
Gabarito
bernardo de oliveiraRealcePrevalncia dos direitos humanos princpio que rege as relaes internacionais
bernardo de oliveiraRealcePargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes.
No fala sobre a criao de mercado comum!!
bernardo de oliveiraRealceO Pluralismo poltico um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil
bernardo de oliveiraRealceO valor da livre iniciativa um dos fundamentos da Repblica
bernardo de oliveiraRealceAuto-suficincia no est elencada no art. 3 como um objetivo fundamental. ( errada )
bernardo de oliveiraRealceA dignidade da pessoa humana, como valor constitucional supremo que , tem seu sentido ampliado na CF/88, abrangendo os mais diversos setores, como a ordem econmica, a ordem social, a educao, no ficando adstrito defesa de direitos e garantias pessoais, como diz a alternativa.
bernardo de oliveiraRealceA dignidade da pessoa humana um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil
bernardo de oliveiraRealceSociedade latino americana de naes e no mercado comum.
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 19
1. E 2. C 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. E 9. C
10. E 11. E 12. C 13. E 14. E 15. C 16. E 17. C 18. C
19. C 20. E 21. C 22 E 23 E 24 E 25 E 26 E 27 C
28 E 29 E 30 C 31 E 32 E 33 E 34 E 35 E 36 E
37 E 38 E 39 C 40. E 41 E 42 E 43 C 44 E 45 E
46 E 47 E 48 E 49 E 50 E
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Conceito:
Os direitos fundamentais, na sua essncia, no se diferem dos direitos
humanos. Ambos visam a atribuir uma digna existncia ao ser humano, como, por
exemplo, os direitos sade, vida, liberdade, igualdade, moradia, previdncia,
propriedade, segurana e tantos outros. A distino no ontolgica, vale dizer,
de contedo. Diferenciam-se no mbito em que se encontram, pois direitos
fundamentais esto no plano interno (constituies), enquanto direitos humanos
localizam-se no plano externo (tratados internacionais).
Assim, o constituinte livre para, em um determinado universo de direitos
humanos, eleger aqueles que vo compor o elenco de direitos fundamentais da
Constituio que vier a elaborar. Em suma: direitos fundamentais so direitos
humanos que foram constitucionalizados por um Estado, isto , reconhecidos pela
sua ordem constitucional.
Caractersticas:
Justamente por ostentarem caractersticas prprias, ganharam uma categoria
especfica. Diferentemente da maioria dos demais direitos, os direitos
fundamentais so imprescritveis, inalienveis, irrenunciveis, indisponveis,
histricos, no-taxativos e relativos.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 20
Prescrio um instituto que pune o titular do direito pela sua inrcia,
atingindo a sua pretenso de exerc-lo. Em outras palavras, pune-se o indivduo
pelo seu desleixo, pois o Direito no socorre os que dormem. exatamente por
isso que no se pode cobrar uma dvida eternamente, afinal, a mora do credor
pode faz-lo perder a oportunidade de efetuar a cobrana judicial. Isso presta
obsquio segurana jurdica, eis que as relaes sociais no podem ficar
eternamente sujeitas a incertezas. Direitos fundamentais so imprescritveis, vale
dizer, no desaparecem com o decurso do tempo.
A inalienabilidade, por sua vez, significa impossibilidade de transferncia, seja
a ttulo gratuito (doao) ou oneroso (venda). Tais direitos no podem ser
transferidos, exceto os direitos autorais, que so transmissveis aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar.
Outra peculiaridade dos direitos fundamentais a irrenunciabilidade, na
medida em que no podem sofrer abdicao por parte de seu titular. No mximo,
podem no ser exercidos, mas nunca se pode renunciar a eles. Isso converte a
eutansia em homicdio, por exemplo, pois a ningum dado abreviar a vida de
outrem, mesmo que a vtima consinta. Tal consentimento irrelevante para o
Direito, porquanto traduz uma abdicao ao prprio direito de viver, que
irrenuncivel.
Por fora da inalienabilidade e irrenunciabilidade, conclui-se que os direitos
fundamentais esto fora do mbito de disposio de seus titulares, isto , no
esto disponveis. Isso significa indisponibilidade: no se pode dispor (fazer deles o
que se deseja).
A historicidade revela que os direitos do Homem so fruto de uma poca. A
Constituio fotografa os valores de uma sociedade, em um dado momento no
curso da Histria. Assim, diretos fundamentais ao patrimnio gentico do indivduo
no surgiriam no incio do Sculo XX, pois a sociedade estava aqum das
descobertas cientficas. A depender do momento histrico, os direitos
fundamentais podem existir ou no.
A no-taxatividade indica que os direitos sobreditos no esto previstos em
um rol exaustivo, ou seja, taxativo (numerus clausus). Pelo contrrio, foram
insculpidos em um rol exemplificativo, pios no se esgotam no art. 5 e nem mesmo
na Constituio Federal.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 21
Por derradeiro, a relatividade demonstra que os direitos tidos como
fundamentais no so absolutos, isto , podem ser flexibilizados por excees. O
direito vida, por exemplo, atenuado pela possibilidade de pena de morte em
caso de guerra declarada, de abortamento sentimental ou teraputico, de
legtima defesa etc.
Coliso:
possvel que ocorra uma coliso entre direitos fundamentais, como, por
exemplo, quando uma testemunha de Jeov se recusa a sofrer a transfuso de
sangue em razo de sua convico religiosa. Neste caso, o direito vida pode
colidir com a inviolabilidade de crena. O mesmo fenmeno ocorre quando um
cinegrafista amador escala uma rvore e fotografa uma celebridade
amamentando seu filho recm-nascido no jardim de sua casa. O ltimo exemplo
revela um choque entre a liberdade de imprensa, com a conseqente vedao
censura, e os direitos intimidade e imagem.
Nunca se poder afirmar, a priori, qual direito fundamental dever
prevalecer, porquanto inexiste hierarquia entre eles. Hipoteticamente, esto todos
no mesmo patamar. Apenas no caso concreto ser possvel avaliar qual foi
exercido de forma abusiva, devendo ceder em face do outro, luz do princpio
da razoabilidade ou proporcionalidade. Este ser usado pelo aplicador da lei, que
realizar um sopesamento, um juzo de ponderao acerca do conflito em
questo. Destarte, em outra situao, possvel que o direito fundamental outrora
afastado triunfe sobre o mesmo que o afastou. Em suma: tudo depender do caso
concreto, no dos direitos em jogo, que podem ser aplicados ou no, a depender
da situao.
TTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade
do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos
termos seguintes:
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraNotaFim dia 22/07/15
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 22
Embora no contemplados expressamente pelo dispositivo, luz do princpio
da dignidade da pessoa humana, at mesmo os estrangeiros no residentes no
Pas desfrutaro da garantia da inviolabilidade do direito vida, liberdade,
igualdade, segurana e propriedade.
No que tange vida, no se trata de um direito absoluto, embora se
reconhea que verdadeira condio de desfrute dos demais direitos. No Brasil,
possvel tirar a vida de outrem licitamente, a exemplo da legtima defesa, do
estado de necessidade, da pena de morte em caso de guerra, do abortamento
sentimental, teraputico ou de fetos com anencefalia. Urge salientar que o
plenrio do STF admitiu o abortamento de fetos anenceflicos, asseverando que
essa conduta no foi criminalizada pelo Cdigo Penal (ADPF 54).
I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta
Constituio;
O princpio da isonomia ou igualdade foi consagrado repetidamente na
Constituio. Nas palavras de Rui Barbosa, a igualdade consiste em tratar
igualmente os iguais de desigualmente os desiguais, na medida em que se
desigualam. Portanto, tal princpio no veda discriminaes, mas impe um critrio
razovel para tal. Foi o que o STF consolidou na Smula 683: O limite de idade
para a inscrio em concursos pblicos s se legitima em face do Art. 7, XXX, da
Constituio, quando possa ser justificado pela natureza das atribuies do cargo
a ser preenchido.
Alis, em se tratando de restries impostas aos candidatos de concursos
pblicos, a previso dever ser encontrada na lei, no somente no edital.
Exigncias referentes altura mnima, idade ou sexo excepcionam a igualdade e,
por conseguinte, devem ser razoveis e ter matriz legal (STF - RE 400754 AgR / RO).
Outro exemplo de discriminaes lcitas so as chamadas aes afirmativas,
isto , polticas pblicas que visam incluso de minorias, como, por exemplo,
vagas em universidades para hipossuficientes.
Tais discriminaes podem ser estabelecidas pela prpria Constituio, quer
se trate do constituinte originrio ou reformador, bem como pelo legislador
infraconstitucional. A Carta Magna discriminou ambos, por exemplo, ao
estabelecer um tempo mais brando para a aposentadoria da mulher, ao fixar o
servio militar obrigatrio unicamente para homens, ao determinar que o
legislador crie incentivos especficos para a incluso feminina no mercado de
trabalho etc. A lei tambm trouxe diferenciaes no que tange punio da
violncia domstica (Maria da Penha) e tantas outras.
No campo do funcionalismo pblico, o STF editou a smula 339: No cabe
ao Judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores
pblicos sob fundamento de isonomia..
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 23
Cumpre mencionar que este dispositivo acarretou vrias mudanas no direito
de famlia, ao no recepcionar expresses contidas na legislao
infraconstitucional, dentre outras, a do ptrio poder, que foi posteriormente substituda por poder familiar. Isto porque o poder exercido sobre os filhos no se resume figura paterna, estendendo-se me.
Por fim, a doutrina costuma distinguir isonomia formal de isonomia material.
Enquanto a primeira representa tratamento isonmico atribudo pelo legislador e
aplicador da lei, a segunda significa igualdade real ou ftica, vale dizer, atuaes
positivas do Estado que distribuam, de maneira equnime, sade, educao,
moradia, etc.
II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em
virtude de lei;
Cuida-se do princpio da legalidade, viga mestra de um Estado Democrtico
de Direito. A lei, como expresso da soberania popular, o nico meio legtimo de
se delimitar a esfera individual dos cidados. Somente estes decidem, ainda que
por representantes, sobre os limites de sua prpria liberdade.
Lei deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, todas as espcies
normativas primrias elencadas no Art. 59: emenda Constituio (que no
espcie normativa primria, mas pode criar obrigaes), lei complementar,
ordinria, delegada, medida provisria, decreto-legislativo e resoluo. Princpio
da legalidade no se confunde com princpio da reserva legal, que significa que
determinada matria foi reservada para ser disciplinada, em regra, pela lei
ordinria ou, excepcionalmente, pela lei complementar.
A legalidade para os particulares (Art. 5, II) no a mesma legalidade para a
Administrao (Art. 37, caput). Enquanto ao particular lcito fazer tudo aquilo
que no for proibido por lei (princpio da no-contradio), a Administrao
Pblica s poder agir se existir lei autorizadora ou impositora (princpio da
subordinao lei).
III - ningum ser submetido tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
A Lei n. 9.455/97 conceitua o delito de tortura como constranger algum com o emprego de violncia ou grave ameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou
mental.
Ao proteger o direito vida, o constituinte no se referia mera existncia, ao
simples fato de estar vivo ou sobrevivendo, mas sim a uma vida digna. Logo, a
prtica de tortura recebeu tratamento constitucional severo, na medida em que
tal delito foi considerado como inafianvel, ou seja, que no admite liberdade
provisria, bem como insuscetvel de graa ou anistia.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 24
Embora no se admita mais a anistia, no se deve olvidar que foram
respeitadas aquelas que operaram efeitos no passado. O STF pronunciou-se pela
recepo da Lei da Anistia, ou seja, torturadores do regime militar foram
legitimamente anistiados, o que no poder mais acontecer doravante.
Consoante a Suprema Corte, "A chamada Lei da anistia veicula uma deciso
poltica assumida naquele momento o momento da transio conciliada de 1979. A Lei 6.683 uma lei-medida, no uma regra para o futuro, dotada de
abstrao e generalidade. H de ser interpretada a partir da realidade no
momento em que foi conquistada. (...); e o preceito veiculado pelo art. 5, XLIII, da
Constituio que declara insuscetveis de graa e anistia a prtica da tortura, entre outros crimes no alcana, por impossibilidade lgica, anistias anteriormente a sua vigncia consumadas. A Constituio no afeta leis-medida
que a tenham precedido." (ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-
2010, Plenrio, DJE de 6-8-2010.)
IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Embora seja livre o ato de externar opinies e idias no Brasil, por vezes, tal
manifestao poder atingir direitos de terceiros, razo pela qual vedado o
anonimato. Apenas assim ser viabilizada a posterior responsabilizao judicial do
agressor, afinal, ela seria impossvel se ele estivesse acobertado pelo anonimato,
mediante pseudnimos, por exemplo.
Em razo disso, segundo o STF, inquritos policiais no devem ser instaurados se
embasados unicamente em delaes annimas ou escritos apcrifos. Em outras
palavras, o servio denominado popularmente de disque-denncia no tem o condo de iniciar investigaes criminais. Por outro lado, a autoridade responsvel
dever averiguar a veracidade das informaes, de maneira cautelosa.
Segundo o voto da lavra do Ministro Celso de Mello, Os escritos annimos aos quais no se pode atribuir carter oficial no se qualificam, por isso mesmo, como atos de natureza processual. Disso resulta, pois, a impossibilidade de o
Estado, tendo por nico fundamento causal a existncia de tais peas apcrifas,
dar incio, somente com apoio nelas, persecutio criminis, (...) eis que peas
apcrifas no podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando
tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constiturem,
eles prprios, o corpo de delito (Inq. n. 1957/PR).
V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da
indenizao por dano material, moral ou imagem;
VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o
livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos
locais de culto e a suas liturgias;
O Estado brasileiro no ateu, porquanto reconhece a proteo de Deus no
prembulo de sua Constituio. Por outro lado, trata-se de um Estado Laico ou
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 25
no- confessional, vale dizer, que no adota uma religio como oficial, havendo,
portanto, um hiato entre a Igreja e o Poder Pblico. Disto decorre a liberdade de
crena do indivduo, que livre para crer em qualquer credo religioso, sem
ingerncia estatal em sua ntima convico. No Brasil, todos so livres para
expressar o agnosticismo ou o atesmo, pois h liberdade para aderir a uma
religio, migrar para outra ou at mesmo no aderir a nenhuma delas.
Como decorrncia da postura neutra adotada pelo Estado, o ensino religioso
nas escolas de matrcula facultativa, no podendo ser apto a reprovar o aluno
que se recuse a freqentar suas aulas. Os feriados religiosos, por sua vez, devem ser
tidos como datas de cunho comercial e, assim como os crucifixos em reparties
pblicas, justificam-se por razes histrico-culturais.
VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas
entidades civis e militares de internao coletiva;
No Brasil, o ser humano tem o direito constitucional de ser assistido por um
sacerdote, mesmo que cumpra pena em um presdio ou quartel. Em se tratando
de judeu, protestante, catlico ou umbandista, ser possvel a visita de um rabino,
pastor, padre ou pai de santo, respectivamente. Veda-se, pois, a
incomunicabilidade espiritual do preso.
VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de
convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei;
Portanto, plenamente possvel que algum se exima de cumprir as suas
obrigaes eleitorais ou militares (exemplos de obrigaes a todos impostas) por
questes de foro ntimo. Nenhum direito deixar de ser exercido por essa escusa
de conscincia, impondo-se, no entanto, que a pessoa cumpra uma prestao
alternativa. A segunda opo necessariamente deve ser oferecida pelo Poder
Pblico.
Se tambm houver uma recusa de cumprir esta ltima, o indivduo perder os
seus direitos polticos (art. 15, IV, CRFB). Caso o indivduo decida cumprir a
obrigao devida, reaver sua capacidade eleitoral.
IX - livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de
comunicao, independentemente de censura ou licena;
X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral
decorrente de sua violao;
Para Alexandre de Moraes, o conceito de intimidade relaciona-se s relaes subjetivas e de trato ntimo da pessoa humana, suas relaes familiares e de
amizade, enquanto o conceito de vida privada envolve todos os relacionamentos
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 26
da pessoa, inclusive os objetivos, tais como relaes comerciais, de trabalho, de
estudo etc..
Prevalece o entendimento de que pessoas jurdicas possuem honra objetiva, ou
seja, podem sofrer dano moral. o que preceitua o CC/02, que reconheceu-lhes
os direitos personalidade compatveis com a sua natureza. No mesmo sentido,
veja-se a Smula n. 227/STJ: A pessoa jurdica pode sofrer dano moral.
H, no entanto, uma corrente minoritria que afirma a impossibilidade da
pessoa jurdica sofrer dano moral. Segundo Arruda Alvim, conspurcar a honra de
uma pessoa jurdica redundaria sempre num prejuzo econmico, portanto,
patrimonial. Coaduna-se com essa tese o Enunciado n. 286 da IV Jornada de
Direito Civil.
XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;
O conceito de casa deve ser tomado em sentido amplo, para alcanar
qualquer compartimento fechado e no franqueado ao pblico, o que inclui
escritrios, consultrios, estabelecimentos comerciais, quartos de hotis ocupados
pelo hspede, garagens, oficinas, alm da prpria residncia.
Parte da doutrina aponta o dia como perodo compreendido entre 6h s 18h.
O eminente Ministro Celso de Melo, a seu turno, se vale do critrio fsico-
astronmico: aurora e o crepsculo. Recomenda-se a posio adotada por
Alexandre de Moraes, para quem ambos os critrios devem ser levados em
considerao.
O ingresso no domiclio, a no ser nas ressalvas constitucionalmente previstas
(flagrante delito, desastre ou para prestar socorro), matria submetida reserva
de jurisdio. Isto significa que apenas poder ocorrer por ordem judicial.
Logo, no se permite que uma CPI (comisso parlamentar de inqurito)
determine uma busca e apreenso domiciliar. Se o fizer, estar incorrendo em
inconstitucionalidade, sendo ilcitas todas as provas decorrentes dos objetos e
documentos apreendidos.
Tambm a Administrao Fazendria no poder, atravs de seus agentes,
penetrar nas dependncias de uma empresa sem o consentimento do dono do
estabelecimento, ainda que a pretexto de fiscalizar. O atributo da auto-
executoriedade dos atos administrativos no se aplica nessa hiptese (STF HC 79.512/RJ), na medida em que no se dispensa a autorizao judicial, nem mesmo
para a fiscalizao inerente ao poder de polcia.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 27
Segundo o STF, possvel a priso do traficante de drogas em sua residncia,
no perodo noturno, mesmo sem ordem judicial, pois, em se tratando de crime
permanente, o estado de flagrncia est caracterizado (HC 84.772).
Urge apontar que o STF reconheceu excepcionalmente a possibilidade de
ingresso no domiclio, sem o consentimento do morador, para se cumprir ordem
judicial noite. Trata-se da instalao de equipamentos de escuta ambiental ou
captao acstica em escritrios vazios, com o desiderato de investig-los
(Inq.2424).
XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes
telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por
ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigao criminal ou instruo processual penal;
A interpretao literal do dispositivo conduz idia de que apenas o sigilo das
comunicaes telefnicas pode ser quebrado, mediante ordem judicial, desde
que para fins investigatrios criminais (inqurito) ou instrues processuais penais
(produo de provas em processo criminal).
Sucede que o Supremo Tribunal Federal tem flexibilizado esse dispositivo, ao
argumento de que nenhum direito absoluto, sobretudo quando os direitos
fundamentais so utilizados como um escudo protetivo para salvaguardar prticas
ilcitas. Em situaes como essa, o sigilo de epistolar (de correpondncia) pode ser
quebrado, como, por exemplo, quando o diretor de uma penitenciria abre a
correspondncia de um preso (HC 70814) e confirma a suspeita acerca de um
plano de fuga. O mesmo vale para a inviolabilidade da comunicao telegrfica,
bem como da comunicao de dados, expresso que abrange o sigilo fiscal e o
sigilo bancrio.
As Comisses Parlamentares de Inqurito, por estarem investidas de poderes
investigativos, podem determinar a quebra do sigilo bancrio, fiscal e telefnico
(registros telefnicos, o que no se confunde com a interceptao telefnica),
independentemente de autorizao judicial (STF - MS 23 3452).
de se ressaltar que, nas hipteses de decretao de estado de defesa e
estado de stio, o sigilo de correspondncia e das comunicaes telegrficas e
telefnicas pode ser restringido (art. 136 1, I, b, c e art. 139, III).
Impende destacar que interceptaes podem ser utilizadas em processos
administrativos como prova emprestada de processos ou procedimentos criminais.
Consoante asseverou o STF, dados obtidos em interceptao de comunicaes telefnicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produo de
prova em investigao criminal ou em instruo processual penal, podem ser
usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas
pessoas em relao s quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 28
supostos ilcitos teriam despontado colheita dessa prova. (Inq 2.424-QO-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20-6-07, Plenrio, DJ de 24-8-07)..
XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as
qualificaes profissionais que a lei estabelecer;
Cuida-se de tpica norma de eficcia contida, ou seja, que j produz seus
efeitos plenamente desde o incio, podendo, todavia, ser posteriormente
restringida a sua eficcia (segundo o STF, desde que o ncleo essencial do direito
nela previsto seja preservado). Enquanto no surgir a lei regulamentadora, ser
livre o exerccio de qualquer trabalho ou profisso. A lei regulamentadora, no
obstante, deve revestir-se de carter proporcional. O legislador, ao restringir a
liberdade profissional, deve faz-lo se for necessrio, de maneira adequada e que
implique o menor sacrifcio possvel liberdade do indivduo. Uma limitao
desarrazoada ser inconstitucional.
No entendimento do Supremo Tribunal Federal, a exigncia de diploma para
jornalista (no julgamento do RE 511.961, declarou como no recepcionado pela
Constituio de 1988 o art. 4, V, do Decreto-Lei 972/1969). O mesmo foi entendido
relativamente exigncia de inscrio na Ordem dos Msicos para artistas, luz
da liberdade de manifestao artstica (RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie,
Plenrio, DJE de 10-10-2011). Os controles exercidos sobre as aludidas atividades
foram tidos por ilegtimos. Por outro lado, considerou-se constitucional o exame de
ordem para bacharis em Direito, como condio para o exerccio da advocacia
(RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 26-10-2011, Plenrio, com
repercusso geral.). Assim, tudo depender da razoabilidade da restrio
normativa, afinal, a regra a liberdade.
XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessrio ao exerccio profissional;
XV - livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra
reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prvio aviso autoridade competente;
So manifestaes do direito de reunir-se as passeatas, os comcios, os desfiles,
as procisses etc. suficiente a mera comunicao autoridade competente,
no se exigindo uma autorizao para tal.
O direito de reunio, contudo, vai muito alm da mera aglomerao de
pessoas. Mais do que isso, traz consigo o insuprimvel direito de protesto e de
manifestao do pensamento. Por essa razo, segundo o STF, qualquer norma que
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 29
vede o uso de carros e aparelhos sonoros em manifestaes populares no pode
ser vista como uma limitao razovel ao direito de reunio, pois reduz o seu
exerccio de modo a frustrar o seu propsito, tornando-a emudecida (ADIn 1969-4).
Considerando que nenhum direito fundamental absoluto, seria razovel a
restrio de reunio com carros e aparelhos sonoros em regies prximas a
hospitais, resguardando-se, nesse caso, o direito dos pacientes tranqilidade e
ao repouso.
XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter
paramilitar;
A associao uma pessoa jurdica de direito privado que, ao contrrio das
sociedades, no possui fins lucrativos. Suas finalidades so essencialmente
culturais, desportivas, recreativas etc. Diferenciam-se das fundaes porque no
so uma universalidade de bens.
No se pode criar associaes paramilitares, ou seja, verdadeiras milcias, sob
pena de afrontar-se a segurana pblica.
Consoante a doutrina, o direito de associao um direito individual de
expresso coletiva, na medida em que, ao ser exercido individualmente por cada
titular, exterioriza-se em uma coletividade.
XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu
funcionamento;
XIX - as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito
em julgado;
Exige-se deciso judicial irrecorrvel apenas para a dissoluo de uma
associao. Logo, suas atividades podero ser suspensas por decises
interlocutrias, ou seja, proferidas no curso do processo, bem como decises de
mrito recorrveis. As medidas de urgncia, como, por exemplo, liminares,
antecipaes de tutela ou cautelares, so aptas, portanto, a suspender as
atividades de uma associao.
XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado;
Consagra-se, neste dispositivo, o que a doutrina denomina de liberdade
positiva e negativa de associao. A primeira significa que o indivduo livre para
associar-se, enquanto a segunda preconiza que todos so livres para retirar-se de
uma associao.
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 30
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
As associaes podem representar seus filiados em processos que tramitam no
Judicirio ou mesmo perante a Administrao Pblica. Tal fenmeno
denominado representao processual, ou seja, ela atua em nome dos
representados, defendendo direito alheio. Logo, depende de autorizao desses
filiados, embora, segundo o STF, possa estar prevista de maneira genrica no
estatuto social.
O STF aponta uma exceo necessidade de autorizao, quando se tratar
de mandado de segurana coletivo, conforme se vislumbra na Smula 629 "A
impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe da autorizao destes.".
XXII - garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atender a sua funo social;
XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por
necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia
indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio;
A regra a expropriao ser precedida de indenizao justa e em dinheiro. No
entanto, em se cuidando de desapropriao por interesse social, para fins de
reforma agrria (INCRA), o desapropriado ser ressarcido em ttulos da dvida
agrria. Apenas as benfeitorias teis e necessrias sero pagas em dinheiro. O
Municpio, por sua vez, indenizar em ttulos da dvida pblica o proprietrio de
imvel urbano que no promova o seu uso adequado, mesmo aps o aumento
progressivo da alquota do IPTU. Em ambos os casos, os ttulos so de prvia
emisso aprovada pelo Senado.
lcito o confisco de terras onde h cultura de plantas psicotrpicas, que sero
destinadas ao assentamento de colonos para cultivo de gneros alimentcios e
medicamentosos (art. 243, pargrafo nico). Neste caso, no h contraprestao
pecuniria.
XXV - no caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder
usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se
houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar
o seu desenvolvimento;
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealceSignificado ulterior: que chega ou acontece depois; posterior
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 31
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, publicao ou
reproduo de suas obras, transmissvel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Smula 386 do STF: Pela execuo de obra musical por artistas remunerados
devido direito autoral, no exigvel quando a orquestra for de amadores.
XXVIII - so assegurados, nos termos da lei:
a) a proteo s participaes individuais em obras coletivas e reproduo
da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalizao do aproveitamento econmico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s respectivas
representaes sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos industriais privilgio temporrio
para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas;
XXX - garantido o direito de herana;
XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela
lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes
seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus";
XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;
XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas:
a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situaes de interesse pessoal;
XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa
a direito;
Versa o dispositivo constitucional acerca do princpio da inafastabilidade da
jurisdio. Por fora desse princpio, qualquer leso (tutela repressiva) ou ameaa
de leso a direito (tutela preventiva) no poder ser furtada da apreciao do
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
bernardo de oliveiraRealce
Direito Constitucional
Prof. Samuel Fonteles 32
Poder Judicirio. Isso justifica que clusulas, contidas em contratos de adeso, na
qual o aderente se compromete a no discutir judicialmente determinada
escolha, so nulas de pleno direito. Isso porque a inafastabilidade da jurisdio,
como direito fundamental por excelncia, irrenuncivel.
Ningum obrigado a esgotar as instncias administrativas para buscar
guarida no Judicirio. Excees podem ser apontadas, dentre elas, a Justia
Desportiva (art. 217, 1, porque o constituinte originrio pode excepcionar a si
mesmo) e o habeas data (pela demonstrao do interesse de agir). Neste sentido
foi editada a smula n. 2 do STJ: No cabe o habeas data (CF, art. 5., LXXII, letra "a") se no houve recusa de informaes por parte da autoridade administrativa.
A Constituio aponta ainda a impossibilidade de o Judicirio apreciar o
habeas corpus em punies disciplinares, a no ser quanto a formalidades, nunca
quanto ao mrito. Tambm no podero ser analisadas por rgo jurisdicional as
lides em que houve clusula ou compromisso arbitral, o mrito dos atos
administrativos discricionrios, as normas regimentais das Casas Legislativas e suas
deliberaes interna corporis, bem como os chamados atos polticos. Estes ltimos
seriam uma quarta categoria de ato, uma vez que no so legislativos, nem
judiciais, tampouco administrativos. Exemplo de ato poltico o veto presidencial
ao projeto de lei, que insuscetvel de apreciao judicial.
Smula 667 do STF: Viola a garantia constitucional de acesso jurisdio a taxa
judiciria calculada sem limite sobre o valor da causa.
XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a
coisa julgada;
O direito adquirido aquele que pode ser exercido imediatamente pelo seu
titular, se lhe aprouver, pois j se incorporou ao seu patrimnio ou sua
personalidade, vale dizer, todas as condies para a sua obteno j foram
alcanadas.
Segundo o Art. 6, 1, da LICC, reputa-se ato jurdico perfeito o j consumado segundo a lei vigente