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2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor. Fiscal Direito Constitucional Apostila Samuel Fonteles

Apostila geral de Constitucional

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Apostila completa ESAF

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  • 2012 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.

    Fiscal

    Direito Constitucional

    Apostila

    Samuel Fonteles

  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 2

    PODER CONSTITUINTE

    Apenas a pessoa pode ser sujeito de direitos, quer se trate de pessoa fsica,

    quer se trate de pessoa jurdica. Isto porque somente ela possui personalidade

    jurdica, isto , a aptido genrica para adquirir direitos e contrair obrigaes. Tal

    capacidade no existe nos animais irracionais.

    A pessoa fsica (ou natural), segundo o Cdigo Civil de 2002, adquire a sua

    personalidade no momento de seu nascimento com vida. J as pessoa jurdicas,

    por ocasio da inscrio de seu ato constitutivo no registro competente. Assim,

    nasce uma associao ou uma fundao quando seus estatutos so registrados

    no Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas. Surge uma sociedade empresria

    quando seu contrato social registrado na Junta Comercial.

    Em se tratando de pessoas jurdicas de direito pblico, a personalidade

    dada pela lei criadora do ente. Logo, uma autarquia (INSS, IBAMA, INCRA...) passa

    a existir no mundo jurdico pela simples edio do diploma legal que o originou.

    Ora, a Repblica Federativa do Brasil uma pessoa jurdica de direito

    pblico externo. Como tal, tambm possui personalidade jurdica, ou seja, pode

    titularizar direitos e assumir deveres. Ocorre que a sua personalidade no foi

    extrada de uma lei qualquer, mas sim da Constituio da Repblica, a Lei Maior.

    como se tivesse havido o registro de um ato constitutivo, qual seja, a

    promulgao da Constituio Federal. Portanto, nossa Carta Magna um ato que

    constitui nosso Estado enquanto pessoa jurdica, cujo nascimento se deu em 5 de

    outubro de 1988.

    O poder de originar (constituir) um Estado, mediante a elaborao de uma

    Constituio, chamado poder constituinte originrio. Na Teoria Democrtica,

    titularizado pelo povo, mas exercido pelos seus representantes: os membros da

    Assemblia Nacional Constituinte. Portanto, preciso que fique claro: poder

    constituinte originrio aquele apto a criar uma constituio e,

    conseqentemente, um pas, na medida em que a constituio o ato

    constitutivo deste.

    O poder constituinte originrio no sofre limitaes jurdicas. Assim, segundo

    j decidiu o STF, no lhe so oponveis a coisa julgada, o ato jurdico perfeito ou o

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    bernardo de oliveiraRealceSignificado oponvel: passvel de se opor ou de funcionar em oposio

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  • Direito Constitucional

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    direito adquirido. Alguns autores, no entanto, reconhecem-lhe limitaes

    sociolgicas.

    Como derivao do constituinte originrio, trs classificaes foram feitas:

    poder constituinte reformador, poder constituinte decorrente e poder constituinte

    revisor. Todos so ditos constituintes derivados e se caracterizam por serem

    limitados juridicamente.

    O constituinte reformador aquele responsvel pela elaborao de

    emendas constitucionais, ou seja, de modificar (ou, muitas vezes, deturpar) a obra

    do constituinte originrio. Como foi dito, sofre limitaes jurdicas. Ei-las:

    Art. 60. A Constituio poder ser emendada mediante proposta:

    I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do

    Senado Federal;

    II - do Presidente da Repblica;

    III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da

    Federao, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus

    membros.

    A iniciativa traduz uma limitao formal.

    1 - A Constituio no poder ser emendada na vigncia de interveno

    federal, de estado de defesa ou de estado de stio.

    Trata-se da chamada limitao circunstancial, pois a Constituio no poder

    ser emendada nessas circunstncias: estado de defesa, estado de stio e

    interveno federal. Isto porque, em situaes de anormalidade como essas,

    haver uma tendncia de restringir os direitos fundamentais.

    2 - A proposta ser discutida e votada em cada Casa do Congresso

    Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs

    quintos dos votos dos respectivos membros.

    V-se que o quorum de 3/5 (60%) para a aprovao de uma emenda

    constitucional mais dificultoso do que aquele previsto para as demais espcies

    normativas que, em geral, exigem apenas maioria simples e, excepcionalmente,

    maioria absoluta. exatamente essa caracterstica que faz de nossa Constituio

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  • Direito Constitucional

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    uma constituio rgida: o fato de seu procedimento de elaborao ser mais

    dificultoso que o das outras normas infraconstitucionais. Tambm so exigidos dois

    turnos, o que acaba por dificultar ainda mais a aprovao de uma PEC (proposta

    de emenda Constituio).

    Esta uma limitao formal, assim como a do pargrafo seguinte.

    3 - A emenda Constituio ser promulgada pelas Mesas da Cmara dos

    Deputados e do Senado Federal, com o respectivo nmero de ordem.

    4 - No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir:

    Diferentemente, aqui as limitaes so materiais, ou seja, de contedo. Os

    incisos seguintes trazem matrias que no podem ser modificadas nem mesmo por

    emenda constitucional, pois so clusulas ptreas, tambm chamadas de

    clusulas de inamovibilidade ou de ncleo intangvel. importante saber que esse

    rol no exaustivo (numerus clausus), eis que h outras clusulas ptreas que no

    foram mencionadas, as implcitas.

    I - a forma federativa de Estado;

    II - o voto direto, secreto, universal e peridico;

    III - a separao dos Poderes;

    IV - os direitos e garantias individuais.

    5 - A matria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por

    prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.

    O poder constituinte decorrente, por sua vez, aquele responsvel pela feitura

    das cartas estaduais ou da lei orgnica distrital. Decorre, pois, da autonomia

    desses entes, que implica capacidade auto-organizatria.

    Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies e leis que

    adotarem, observados os princpios desta Constituio.

    Tambm houve previso no art. 11, do Ato das Disposies Constitucionais

    Transitrias (ADCT):

    Art. 11. Cada Assemblia Legislativa, com poderes constituintes, elaborar a

    Constituio do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgao da

    Constituio Federal, obedecidos os princpios desta.

    Ambos os dispositivos admitem a limitao do constituinte decorrente,

    afirmando que as constituies estaduais devem obedincia aos princpios da

    CF/88. Segundo a doutrina, esses princpios so os chamados princpios

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  • Direito Constitucional

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    constitucionais estabelecidos, princpio sensveis e princpio constitucionais

    extensveis.

    Por fim, resta ainda analisar o constituinte revisor. Este excepcional e no

    poder se manifestar novamente. Tambm relativo edio de emendas, no

    entanto, no pelo procedimento apontado no Art. 60. O constituinte revisor

    apenas foi previsto para adequar o contedo da CF/88 ao resultado do plebiscito

    de 1993 (art. 2, ADCT):

    Art. 2. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definir, atravs de plebiscito,

    a forma (repblica ou monarquia constitucional) e o sistema de governo

    (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no Pas.

    Art. 3. A reviso constitucional ser realizada aps cinco anos, contados da

    promulgao da Constituio, pelo voto da maioria absoluta dos membros do

    Congresso Nacional, em sesso unicameral.

    Considerando que foi previsto em uma norma transitria, uma vez ocorrida a

    reviso, sua eficcia se esgota, no sendo possvel nova reviso.

    QUESTES

    1. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Originrio ilimitado e autnomo, pois

    a base da ordem jurdica.

    2. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorrente consiste na

    possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se a

    regulamentao especial prevista na prpria Constituio Federal e ser

    exercitado por determinados rgos com carter representativo.

    3. (ESAF/AFRFB/2009) A outorga, forma de expresso do Poder Constituinte

    Originrio, nasce da deliberao da representao popular, devidamente

    convocada pelo agente revolucionrio.

    4. (ESAF/AFRFB/2009) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma regra jurdica

    de autenticidade constitucional.

    5. (ESAF/AFRFB/2009) A doutrina aponta a contemporaneidade da idia de Poder

    Constituinte com a do surgimento de Constituies histricas, visando, tambm,

    limitao do poder estatal.

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    bernardo de oliveiraRealceExatamente isso!!!!No se pode confundir a caracterstica com a definio:Cada caracterstica possui a sua exclusiva definio. No se pode definir a uma certa caracterstica usando a definio de outra.Desta forma, incorreto, por exemplo, falar que "o PCO ilimitado, pois no se sujeira a nenhum procedimento pr-estabelecido de manifestao". errado pois definiu "ilimitado" com o conceito de "incondicionado". Isso muito comum em concursos.Caractersticas do PCO e suas definies:1- Poder poltico - Pois ele que organiza o Estado e institui todos os outros poderes;2- Inicial ele que d incio a todo o novo ordenamento jurdico;3- Ilimitado, irrestrito, ou soberano - No reconhece nenhuma limitao material ao seu exerccio ( o que diz a corrente positivista adotada pelo Brasil). 4- Autnomo - Ele no se submete a nenhum outro poder.5- Incondicionado No existe nenhum procedimento formal pr-estabelecido para que ele se manifeste.6 - Permanente Porque no se esgota no momento de seu exerccio.

    bernardo de oliveiraRealceA doutrina aponta a contemporaneidade da ideia de Poder Constituinte com a do surgimento de Constituies escritas e formais, que visavam limitao do poder estatal.

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    6. (ESAF/CGU/2006) A titularidade do poder constituinte originrio, segundo a

    teoria da soberania estatal, da nao, entendida como entidade abstrata que

    se confunde com as pessoas que a integram.

    7. (ESAF/CGU/2006) A existncia de um poder constituinte derivado decorrente

    no pressupe a existncia de um Estado federal.

    8. (ESAF/PFN/2006) Uma lei federal sobre assunto que a nova Constituio entrega

    competncia privativa dos Municpios fica imediatamente revogada com o

    advento da nova Carta.

    9. (ESAF/PFN/2006) Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituio

    sob cuja regncia foi editada, mas que, at o advento da nova Constituio,

    nunca fora objeto de controle de constitucionalidade, no considerada

    recebida por esta, mesmo que com ela guarde plena compatibilidade material e

    esteja de acordo com o novo processo legislativo.

    10. (ESAF/PFN/2006) Para que a lei anterior Constituio seja recebida pelo novo

    Texto Magno, mister que seja compatvel com este, tanto do ponto de vista da

    forma legislativa como do contedo dos seus preceitos.

    11. (ESAF/PFN/2006) Normas no recebidas pela nova Constituio so

    consideradas, ordinariamente, como sofrendo de inconstitucionalidade

    superveniente.

    12. (ESAF/PFN/2006) A Doutrina majoritria e a jurisprudncia do Supremo Tribunal

    Federal convergem para afirmar que normas da Constituio anterior ao novo

    diploma constitucional, que com este no sejam materialmente incompatveis, so

    recebidas como normas infraconstitucionais.

    13. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui

    como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da

    titularidade do poder constituinte originrio.

    14. (ESAF/TCU/2006) Para o positivismo jurdico, o poder constituinte originrio tem

    natureza jurdica, sendo um poder de direito, uma vez que traz em si o grmen da

    ordem jurdica.

    bernardo de oliveiraRealceERRADO Segundo a doutrina, para a questo se tornar correta,deveria-se falar em Soberania Popular e no em soberaniaestatal, pois neste caso, entende-se que o poder constituintepertence ao Estado e no ao povo.

    bernardo de oliveiraRealceERRADO. O Poder Constituinte Derivado Decorrente existejustamente para instituir o Estado-membro de auto-organizao eassim ser o passo principal de sua autonomia poltica.

    bernardo de oliveiraRealceNo fica revogada se seu contedo for compatvel, mas passa a ser considerada lei municipal e, da nova CF em diante, s o Municpio poder elaborar leis sobre o assunto.

    bernardo de oliveiraRealceOk! No ser recebida pela nova CF pq na verdade nunca entrou verdadeiramente no mundo jurdico (entrou, mas no era para ter entrado pq no respeitou o processo legislativo). Assim, ser considerada como se nunca tivesse existido, no podendo assim ser recepcionada.

    bernardo de oliveiraRealceBasta que seja materialmente constitucional e no formalmente.

    bernardo de oliveiraRealceNo se pode fazer controle de constiticionalidade de uma norma criada sob as regras de uma outra Constituio. Ela no ser considerada inconstitucional e sim materialmente incompatvel com a nova CF, no sendo recepcionada

    bernardo de oliveiraRealcePodem ser recebedias como normas constitucionais (se aparecerem no texto da nova CF) ou infraconstitucionais (se aparecerem em outros diplomas legais).

    bernardo de oliveiraRealceVerdadeiro. Limitao material implcita

    bernardo de oliveiraRealceVerdadeiro

  • Direito Constitucional

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    15. (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de alterao da sua prpria titularidade

    uma limitao material implcita do poder constituinte derivado.

    16. (ESAF/AFRF/2005) A existncia de clusulas ptreas, na Constituio brasileira

    de 1988, est relacionada com a caracterstica de condicionado do poder

    constituinte derivado.

    17. (ESAF/AFRF/2005) Como a titularidade da soberania se confunde com a

    titularidade do poder constituinte, no caso brasileiro, a titularidade do poder

    constituinte originrio do Estado, uma vez que a soberania um dos

    fundamentos da Repblica Federativa do Brasil.

    18. (ESAF/AFRF/2005) A impossibilidade de a Constituio Federal ser emendada

    na vigncia de estado de defesa se constitui em uma limitao material explcita

    ao poder constituinte derivado.

    19. (ESAF/AFRF/2005) O poder constituinte originrio inicial porque no sofre

    restrio de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior.

    20. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) A reviso constitucional prevista por uma Assemblia

    Nacional Constituinte, possibilita ao poder constituinte derivado a alterao do

    texto constitucional, com menor rigor formal e sem as limitaes expressas e

    implcitas originalmente definidas no texto constitucional.

    21. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) Entre as caractersticas do poder constituinte originrio

    destaca-se a possibilidade incondicional de atuao, ou seja, a Assemblia

    Nacional Constituinte no est sujeita a forma ou procedimento pr-determinado.

    22. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O poder constituinte derivado decorrente aquele

    atribudo aos parlamentares no processo legiferante, em que so discutidas e

    aprovadas leis, observadas as limitaes formais e materiais impostas pela

    Constituio.

    23. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O poder emanado do constituinte derivado reformador,

    que fundado na possibilidade de alterao do texto constitucional, no

    passvel de controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.

    bernardo de oliveiraRealceEst relacionado caracterstica de SUBORDINADO.

    bernardo de oliveiraRealceSe constitui em limitao CIRCUNSTANCIAL

    bernardo de oliveiraRealceO poder constituinte ILIMITADO, porque no sofre de nenhuma limitao imposta por norma de direito positivo anterior

  • Direito Constitucional

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    24. (ESAF/SEFAZ-CE/2007) O titular do poder constituinte aquele que, em nome

    do povo, promove a instituio de um novo regime constitucional ou promove a

    sua alterao.

    25. (ESAF/ENAP/2006) O poder constituinte derivado, no caso brasileiro, possui

    como uma das suas limitaes a impossibilidade de promoo de alterao da

    titularidade do poder constituinte originrio.

    26. (ESAF/PFN/2006) Do poder constituinte dos Estados-membros possvel dizer

    que inicial, limitado e condicionado.

    Gabarito

    1. E 2. E 3. E 4. C 5. E 6. E 7. E 8. E

    9. C 10. E 11. E 12. E 13. C 14. E 15. C 16. E

    17. E 18. E 19. E 20. E 21. C 22. E 23. E 24. E

    25. C 26. E

    PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    Um pas pode assumir vrias caractersticas. Incumbe quele que o instituiu

    eleger um tipo de Estado (federal ou unitrio), uma forma de governo (republicana

    ou monrquica), um sistema de governo (presidencialista ou parlamentarista),

    bem como adotar um regime poltico (democrtico ou totalitrio). Todas essas

    escolhas foram reveladas pelo caput do Art. 1 da Constituio Federal:

    TTULO I

    Dos Princpios Fundamentais

    bernardo de oliveiraRealceDo poder constituinte dos Estados-membros possvel dize que derivado, limitado ou subordinado e condicionado

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  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 9

    Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos

    Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de

    Direito e tem como fundamentos:

    A expresso indissolvel, a rigor, um pleonasmo (explicitao desnecessria,

    repetitiva). Isto porque o pacto federativo tem como uma de suas maiores

    caractersticas o fato de no se permitir o direito de secesso, ou seja, os entes

    federativos no podem separar-se uns dos outros. A clusula de indissolubilidade

    foi mera explicitao, eis que j estava implcita no adjetivo Federativa.

    O federalismo tem, ainda, outros traos importantes: igualdade e autonomia

    dos entes polticos. Significa que Municpios no se subordinam aos Estados (nem

    ao DF) que tambm no so hierarquicamente inferiores Unio. Todos foram

    equiparados e considerados autnomos, nos limites da Constituio. Uma lei

    estadual no deve conformidade a uma lei federal, devendo ambas obedincia

    repartio constitucional de competncias. Tanto uma como outra extraem o

    seu fundamento de validade do mesmo lugar: da CRFB (Constituio da

    Repblica Federativa do Brasil). Por fora da autonomia, os entes possuem

    capacidade de autogoverno, auto-administrao, auto-organizao e de

    normatizao prpria.

    I - a soberania;

    Muito se ouve e se l que um Estado possui trs elementos constitutivos: povo,

    territrio e poder. Este ltimo justamente a soberania, que representa o mais alto

    grau de poder, no se submetendo, pois, a nenhum outro. Nas palavras de Ives

    Gandra da Silva Martins, ... a soberania o direito de dizer, dentro desse pas, qual efetivamente o Direito que ter de ser observado. (...) A intromisso de

    outras naes no seu Direito s ser aceita se respaldada em tratados, pactos ou

    acordos internacionais..

    A prpria ESAF j cuidou de conceituar esse atributo exclusivo do Estado:

    Segundo a melhor doutrina, a soberania, em sua concepo contempornea,

    constitui um atributo do Estado, manifestando-se, no campo interno, como o

    poder supremo de que dispe o Estado para subordinar as demais vontades e

    excluir a competio de qualquer outro poder similar. (Analista de Finanas e

    Controle CGU 2004).

    Apenas a Repblica Federativa do Brasil soberana. A Unio, os Estados, o DF

    e os Municpios no ostentam o atributo da soberania, mas sim o da autonomia,

    pois sofrem limitaes jurdicas. exatamente por isso que tais entes tm suas

    competncias traadas na Constituio, que nada mais so do que limitaes, eis

    que os entes polticos no podem atuar fora delas.

    II - a cidadania;

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  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 10

    Cidadania qualidade de quem cidado. Este, por sua vez, o nacional

    que est no gozo de seus direitos polticos, podendo participar dos negcios do

    Estado. Trata-se do verdadeiro protagonista de uma democracia.

    III - a dignidade da pessoa humana;

    A dignidade da pessoa humana um princpio densificado ao longo do texto

    constitucional e conexo com inmeros dispositivos. Por fora desse inciso,

    reconhece-se aos indivduos o direito a uma existncia digna.

    IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    Fundem-se dois valores aparentemente paradoxais: o valor social do trabalho,

    tpico de um Estado Social, com a livre iniciativa, comum em Estados Liberais.

    Assim, a explorao da atividade econmica poder ser livremente desenvolvida

    pelos particulares, devendo-se, no entanto, assegurar a dignidade do trabalho

    humano.

    V - o pluralismo poltico.

    O fundamento do pluralismo poltico no se confunde com o pluripartidarismo.

    Este significa diversidade de legendas partidrias, enquanto aquele mais amplo:

    traduz a coexistncia das mais diversas correntes de pensamentos e ideologias.

    Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de

    representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

    Acaba de ser consagrado o princpio da soberania popular, que exercida de

    maneira indireta (democracia representativa) ou diretamente (democracia

    participativa), nos termos do Art. 14: mediante sufrgio, voto, plebiscito, referendo

    e iniciativa popular.

    Art. 2 So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o

    Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    A soberania, em verdade, una. Logo, no correto falar-se em Poderes, mas em funes. O poder no se divide, apenas o seu exerccio repartido. Da

    aludir-se corretamente ao postulado da Tripartio das Funes. No entanto,

    quando escrita no texto constitucional com P maisculo, a palavra Poder assumir o significado de rgo. Dessa forma, so rgos da Unio,

    independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    A tripartio das funes, tal como teorizada por Montesquieu (Teoria dos Freios e Contrapesos), est ultrapassada. No existe mais uma rgida separao entre as atribuies que antes eram distribudas de forma pura. Hoje, pode-se falar

    em funes tpicas e atpicas.

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  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 11

    A independncia entre os Poderes consagra implicitamente o sistema

    presidencialista, eis que, no sistema parlamentarista, h uma interdependncia

    entre eles. a maioria do parlamento que escolhe o chefe de governo, que, por

    sua vez, pode dissolver esse mesmo parlamento que o escolheu. Logo, no sistema

    parlamentarista, ambos so dependentes.

    Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:

    Os objetivos da repblica so normas programticas, isto , normas que

    encerram um programa de governo a ser cumprido. Para se concretizarem,

    dependem de atividade meta-jurdica, na medida em que no suficiente a sua

    regulamentao pelo legislador, sendo imprescindveis providncias

    administrativas para a sua implementao.

    I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

    II - garantir o desenvolvimento nacional;

    III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e

    regionais;

    A marginalizao o ato de marginalizar. V-se que o constituinte buscou

    erradicar a causa (marginalizao) e no a conseqncia (marginalidade).

    objetivo da Repblica to somente reduzir, ao invs de aniquilar, as desigualdades

    sociais. Isto porque tais desigualdades sempre existiro em maior ou menor grau.

    Imaginar a sua ausncia absoluta seria utpico. Objetiva-se, ento, reduzi-las para

    patamares mnimos, razoveis.

    IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor,

    idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    Percebe-se, j aqui, uma ntida referncia isonomia, um dos princpios mais

    reforados ao longo do texto constitucional. No se deve realizar uma

    interpretao literal do dispositivo, pois h determinadas discriminaes aceitas

    constitucionalmente, como, por exemplo, as chamadas aes afirmativas.

    Discriminar to-somente tratar de forma diferenciada, nem toda discriminao

    negativa ou reprovvel.

    O STF, em uma interpretao sistemtica do art. 3, IV c/c Art.1, III, entendeu

    que a unio estvel admite, inclusive, a modalidade homossexual, valendo-se da

    expresso homoafetividade. Segundo o Excelso Pretrio, tais unies so qualificadas como entidade familiar (famlia), luz do direito fundamental implcito

    da busca da felicidade (ADPF 132/RJ 05/05/2011).

    Art. 4 A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais

    pelos seguintes princpios:

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

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    Os princpios apresentados ao diante formam um declogo que norteia a

    Repblica Federativa do Brasil no plano internacional.

    I - independncia nacional;

    A independncia nacional decorre diretamente de nossa soberania externa,

    atributo que nos permite atuar no plano internacional de modo a no acatar

    intromisses indesejadas nas decises polticas de nosso pas.

    II - prevalncia dos direitos humanos;

    III - autodeterminao dos povos;

    IV - no-interveno;

    Por respeitar a auto-determinao dos povos, nosso pas no intervm em

    outros Estados, diferentemente do que os Estados Unidos fizeram no Afeganisto e

    no Iraque. O Brasil no poder declarar guerras de conquista ou ingressar nos

    combates de retaliao. Segundo o Art. 84, XIX compete ao Presidente da

    Repblica declarar guerra em caso de agresso estrangeira. Assim, inexistindo tal

    agresso, no h que se falar em guerras.

    V - igualdade entre os Estados;

    No porque um Estado menos poderoso que no ter o mesmo prestgio

    que outras naes junto comunidade internacional. Todos devem ser

    igualmente ouvidos e respeitados. A ONU, no entanto, privilegia os pases que

    compem o seu Conselho de Segurana, situao que evidentemente no

    defendida pelo Brasil.

    VI - defesa da paz;

    Nosso pas vocacionado para a paz, tanto que assinamos o Tratado de No-

    proliferao de Armas Nucleares, onde ficou acordado que toda a produo

    brasileira de energia nuclear poder ser inspecionada duas vezes por ano, sendo

    uma das fiscalizaes com prvio aviso e outra de surpresa.

    VII - soluo pacfica dos conflitos;

    Justamente por primar pela soluo pacfica dos conflitos, as tropas brasileiras

    enviadas ao Haiti foram tropas de paz, ou seja, para restaurar a ordem, e sob a

    superviso da ONU. Esta tem poder de ingerncia internacional e enviou soldados

    a pedido dos prprios haitianos. A soluo pacfica dos conflitos deve ser tida

    como regra, mas no impede a adoo de uma excepcional providncia blica

    no plano internacional, desde que para assegurar a prpria independncia

    nacional.

    VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo;

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

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    IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade;

    X - concesso de asilo poltico.

    Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao

    econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando

    formao de uma comunidade latino-americana de naes.

    QUESTES

    1. (ESAF/ATRFB/2009) Todo o poder emana do povo, que o exerce apenas por

    meio de representantes eleitos, nos termos da Constituio Federal.

    2. ESAF/AFC-STN/2005) A diviso fundamental de formas de Estados d-se entre

    Estado simples ou unitrio e Estado composto ou complexo, sendo que o primeiro

    tanto pode ser Estado unitrio centralizado como Estado unitrio descentralizado

    ou regional.

    3. (ESAF/AFTN-RN/2005) O Estado unitrio distingue-se do Estado federal em razo

    da inexistncia de repartio regional de poderes autnomos, o que no impede

    a existncia, no Estado unitrio, de uma descentralizao administrativa do tipo

    autrquico.

    4. (ESAF/AFTN-RN/2005) Em um Estado federal temos sempre presente uma

    entidade denominada Unio, que possui personalidade jurdica de direito pblico

    internacional, cabendo a ela a representao do Estado federal no plano

    internacional.

    5. (ESAF/AFC-STN/2005) Forma de governo diz respeito ao modo como se

    relacionam os poderes, especialmente os Poderes Legislativo e Executivo, sendo os

    Estados, segundo a classificao dualista de Maquiavel, divididos em repblicas

    ou monarquias.

    6. (ESAF/AFTN-RN/2005) O presidencialismo a forma de governo que tem por

    caracterstica reunir, em uma nica autoridade, o Presidente da Repblica, a

    Chefia do Estado e a Chefia do Governo.

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealcePargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio.

    bernardo de oliveiraRealceCerto. Estado composto = Federao

    bernardo de oliveiraRealceCERTO

    bernardo de oliveiraRealceRepblica Federativa do Brasil - Pessoa Jurdica de Direito Pblico InternacionalUnio - Pessoa Jurdica de Direito Pblico Interno

    bernardo de oliveiraRealceA relacao entre os Poderes Executivo e Legislativo tem a ver com o Sistema de Governo (Presidencialismo ou Parlamentarismo).

    bernardo de oliveiraRealcePresidencialismo um SISTEMA de governo e no uma forma

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    7. (ESAF/AFRF/2001) De uma Constituio que adota uma chefia dual do

    Executivo, com um Chefe de Estado e um Chefe de Governo, em que a

    permanncia deste no cargo depende da confiana do Poder Legislativo, pode-

    se dizer que adota caracterstica tpica do presidencialismo.

    8. (ESAF/AFTN-RN/2005) Sistema de governo pode ser definido como a maneira

    pela qual se d a instituio do poder na sociedade e como se d a relao

    entre governantes e governados.

    9. (ESAF/AFC-CGU/2004) Em um Estado Parlamentarista, a chefia de governo tem

    uma relao de dependncia com a maioria do Parlamento, havendo, por isso,

    uma repartio, entre o governo e o Parlamento, da funo de estabelecer as

    decises polticas fundamentais.

    10. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A Repblica a forma de organizao

    do Estado adotada pela Constituio Federal de 1988. Caracteriza-se pela

    temporariedade do mandato dos governantes e pelo processo eleitoral peridico.

    11. (ESAF/AFC-CGU/2006) No elemento essencial do princpio federativo a

    existncia de dois tipos de entidade - a Unio e as coletividades regionais

    autnomas.

    12. (ESAF/AFC-CGU/2006) O princpio republicano tem como caractersticas

    essenciais: a eletividade, a temporariedade e a necessidade de prestao de

    contas pela administrao pblica.

    13. (ESAF/MPU/2004) Nos termos da Constituio de 1988, o Brasil adota a

    repblica como sistema de governo, elegendo, portanto, o princpio republicano

    como um dos princpios fundamentais do Estado brasileiro.

    14. (ESAF/AFT/2006) A forma republicana no implica a necessidade de

    legitimidade popular do presidente da Repblica, razo pela qual a periodicidade

    das eleies no elemento essencial desse princpio.

    15. (ESAF/AFT/2006) A concretizao do Estado Democrtico de Direito como um

    Estado de Justia material contempla a efetiva implementao de um processo

    bernardo de oliveiraRealce... pode-se dizer que adota uma caracterstica tpica do PARLAMENTARISMO.

    bernardo de oliveiraRealceFORMA de governo pode ser definido ...

    bernardo de oliveiraRealceCERTO

    bernardo de oliveiraRealceA Repblica a forma de GOVERNO ...

    bernardo de oliveiraRealceToda a federao deve ter um poder central - em nosso pas chamado de Unio - para que este possa agir em reas de interesse nacional e tambm possa harmonizar possveis conflitos entre as entidades autnomas regionais.

    bernardo de oliveiraRealceCERTOPrincpio republicano tem como caractersticas essenciais:- eletividade- temporariedade - necessidade de prestao de contas pela Adm

    bernardo de oliveiraRealceRepblica FORMA de governo e no SISTEMA de governo

    bernardo de oliveiraRealceSo princpios republicanos: ELETIVIDADE, TEMPORARIEDADE e necessidade de prestar contas. Logo pelos dois primeiros, necessria legitimidade popular (ELETIVIDADE) e so necessrias eleies (TEMPORARIEDADE)

    bernardo de oliveiraRealceCERTA. de acordo com a doutrina moderna, o Estado Democrtico de Direito deve traduzir-se em um Estado de Legitimao Justa, onde a sociedade participe de forma significativa, efetiva e operante, de modo a intervir no controle das decises, com participao real nos rendimentos da produo (Jos Afonso da Silva).

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    de incorporao de todo o povo brasileiro nos mecanismos de controle das

    decises.

    16. (ESAF/ENAP/2006) Como conseqncia direta da adoo do princpio

    republicano como um dos princpios fundamentais do Estado brasileiro, a

    Constituio estabelece que a Repblica Federativa do Brasil composta pela

    unio indissolvel dos Estados, Municpios e do Distrito Federal.

    17. (ESAF/CGU/2004) O poder poltico de um Estado composto pelas funes

    legislativa, executiva e judicial e tem por caractersticas essenciais a unicidade, a

    indivisibilidade e a indelegabilidade.

    18. (ESAF/ATA-MF/2009) A diviso do poder, segundo o critrio geogrfico, a

    descentralizao,

    e a diviso funcional do poder a base da organizao do governo nas

    democracias ocidentais.

    19. (ESAF/ATA-MF/2009) Aristteles apresenta as funes do Estado em deliberante,

    executiva e judiciria, sendo que Locke as reconhece como: a legislativa, a

    executiva e a federativa.

    20. (ESAF/ATA-MF/2009) A diviso funcional do poder , mais precisamente, o

    prprio federalismo.

    21. (ESAF/ATA-MF/2009) Montesquieu abria exceo ao princpio da separao

    dos poderes ao admitir a interveno do chefe de Estado, pelo veto, no processo

    legislativo.

    22. (ESAF/AFTE-RN/2005) A adoo do princpio de separao de poderes,

    inspirado nas lies de Montesquieu e materializado na atribuio das diferentes

    funes do poder estatal a rgos diferentes, afastou a concepo clssica de

    que a unidade seria uma das caractersticas fundamentais do poder poltico.

    23. (ESAF/MRE/2004) caracterstica fundamental do poder poltico do Estado ser

    ele divisvel, o que d origem s trs funes que sero atribudas a diferentes

    rgos.

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealceComo consequncia direta do princpio FEDERATIVO...

    bernardo de oliveiraRealceO poder nico, poder do povo (soberano), contudo suas funes so divididas em legislativo, judicirio e executivo. O federalismo o poder divido pelo critrio geogrfico, unidades federativas.

    bernardo de oliveiraRealceO princpio da separao de poderes no afastou a concepo de unidade do poder poltico. Esse o erro da questo.O poder poltico sempre uno. O princpio da separao de poderes surgiu com o advento do constitucionalismo moderno para evitar a concentrao do poder estatal numa nica pessoa/instituio, pois aquele que o detm tende a abusar do mesmo.Logo, o que h na verdade a separao das funes estatais (executiva, legislativa e judicial), cada uma atribuda a determinada estrutura de rgos do Estado, cujo funcionamento garantido pelo sistema de freios e contrapesos. Repartiram-se as funes, mas a essncia do poder poltico no alterada em sua unicidade. Poder estatal sempre uno, e o princpio da separao de poderes no alterou essa realidade.

    bernardo de oliveiraRealceO poder poltico indivisvel

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    24. (ESAF/MRE/2004) O exerccio de uma das funes do poder poltico do Estado

    por um determinado rgo se d sob a forma de exclusividade, com vistas

    preservao do equilbrio no exerccio desse poder.

    25. (ESAF/AFC-STN/2005) A funo executiva, uma das funes do poder poltico,

    pode ser dividida em funo administrativa e funo de governo, sendo que esta

    ltima comporta atribuies polticas, mas no comporta atribuies co-

    legislativas.

    26. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A Constituio Federal de 1988 prev

    independncia e harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio.

    Logo, se o Poder Judicirio determinar que algum rgo administrativo adote

    providncias em virtude de deciso judicial, estaria o Poder Judicirio ferindo o

    princpio da independncia dos poderes.

    27. (ESAF/Auditor Fiscal do Trabalho MTE/2006) O exerccio da funo

    jurisdicional, uma das funes que integram o poder poltico do Estado, no

    exclusivo do Poder Judicirio.

    28. (ESAF/AFT/2006) Segundo a doutrina, "distino de funes do poder" e "diviso

    de poderes" so expresses sinnimas e, no caso brasileiro, um dos princpios

    fundamentais da Repblica Federativa do Brasil.

    29. (ESAF/MRE/2004) O princpio da separao de poderes, previsto no art. 2, da

    Constituio Federal, assegura a independncia absoluta entre o Poder

    Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judicirio.

    30. (ESAF/ATA-MF/2009) O repdio ao terrorismo e ao racismo princpio que rege

    a Repblica Federativa do Brasil nas suas relaes internacionais.

    31. (ESAF/ATA-MF/2009) A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao

    econmica, geogrfica, poltica e educacional dos povos da Amrica Latina.

    32. (ESAF/ATA-MF/2009) A cooperao entre os povos para o progresso da

    humanidade constitui objetivo fundamental da Repblica Federativa do Brasil.

    bernardo de oliveiraRealceNo h exclusividade no exerccio das funes de poder

    bernardo de oliveiraRealceAs funes polticas abrangem tambm funes co-legislativas

    bernardo de oliveiraRealceOs Poderes so independentes, porm harmnicos, e esse poder correicional que o Judicirio exerce justamente uma das facetas do que chamamos de sistemas de freios e contrapesos, o que no fere a independncia dos poderes.

    bernardo de oliveiraRealceCORRETA - H exceo a esta regra, o poder legislativo quando atua de forma jurisdicional atpica (crimes de responsabilidade).

    bernardo de oliveiraRealcea doutrina no as consideram expresses sinnimas no. A "distino de funes de poder" diz respeito a especializao das funes governamentais sem importar o rgo que a exerce, ou seja, podero ser realizadas tanto por rgos especializados quanto por um nico rgo. J a "diviso de poderes" consiste em distribuir cada uma das funes governamentais a um rgo especfico (funo legislativa ao Poder legislativo). O que se observa que na primeira, no importa quem vai realizar a funo (seja rgo especializado ou no), e na segunda, a especializao funcional constitui um de seus elementos. O Ttulo I da CF/88 trata dos princpios fundamentais (arts. 1 ao 4). E a diviso dos poderes encontra-se no art. 2. Dessa forma, constitui sim um dos princpios fundamentais da Repblica Federativa Brasileira.

    bernardo de oliveiraRealceErrado a independncia relativizada pela teoria dos freios e contrapesos.

    bernardo de oliveiraRealceA Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cutlural dos povos da Amrica Latina. A integrao geogrfica no entra.

    bernardo de oliveiraRealce um dos princpios que rege as relaes internacionais

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    33. (ESAF/ATA-MF/2009) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,

    raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao princpio que

    rege a Repblica Federativa do Brasil nas suas relaes internacionais.

    34. (ESAF/ATA-MF/2009) Construir uma sociedade livre, justa e solidria um dos

    fundamentos da Repblica Federativa do Brasil.

    35. (ESAF/APOFP-SEFAZ-SP/2009) So fundamentos da Repblica Federativa do

    Brasil, nos termos da Constituio Federal de 1988 a cidadania, justia, dignidade

    da pessoa humana.

    36. (ESAF/AFRFB/2009) Constitui objetivo fundamental da Repblica Federativa do

    Brasil, segundo preceitua o artigo 3o da Constituio Federal da Repblica/88, o

    respeito aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

    37. (ESAF/ATRFB/2009) A Repblica Federativa do Brasil no adota nas suas

    relaes internacionais o princpio da igualdade entre os Estados.

    38. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) Constitui-se como objetivo fundamental

    da Repblica Federativa do Brasil a promoo do bem de todos, sem qualquer

    tipo de preconceito ou formas de discriminao. A reserva de vagas nas

    Universidades Federais, a serem ocupadas exclusivamente por alunos egressos de

    escolas pblicas, contraria a orientao constitucional.

    39. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A forma federativa, adotada pelo

    Sistema Constitucional Brasileiro, confere aos Estados federados autonomia para

    governar, administrar e legislar, sendo que uma de suas principais caractersticas

    a indissolubilidade.

    40. (ESAF/Analista Jurdico-SEFAZ-CE/2007) A cidadania, um dos fundamentos da

    Repblica Federativa do Brasil, constitui-se como a capacidade do indivduo de

    exerccio dos direitos polticos e condio para exercitar direitos e prerrogativas

    constitucionais, entre elas a propositura de ao civil pblica.

    41. (ESAF/TFC-CGU/2008) um dos objetivos fundamentais da Repblica

    Federativa do Brasil valorizar a dignidade da pessoa humana.

    bernardo de oliveiraRealce u dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil

    bernardo de oliveiraRealce um dos objetivos da Repblica Federativa do Brasil

    bernardo de oliveiraRealceFundamentos da Repblica Federativa do Brasil:I - SoberaniaII - CidadaniaIII - Dignidade HumanaIV - Valor socal do trabalho e livre iniciativaV - Pluralismo poltico

    bernardo de oliveiraRealceO respeito aos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa um fundamento da Repblica, e no um objetivo

    bernardo de oliveiraRealceA igualdade entre os Estados um dos princpios que rege a Repblica no que tange s relaes internacionais.

    bernardo de oliveiraRealceDiscriminao tem sentido de algo ruim

    bernardo de oliveiraRealceQuase perfeita a afirmativa, exceto ao falar em ao civil pblica. Se fosse trocada por Ao Poupular estaria perfeito, pois esta a ao que o cidado pode propor. J a ao civil pblica proposta por pessoas judicas dispostas na lei 7.347/85 como os entes federativos, autarquias, defensoria pblica e etc.

    bernardo de oliveiraRealceValorizar a dignidade humana um dos fundamentos da Repblica

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    42. (ESAF/AFC-CGU/2008) Contempla, respectivamente, um fundamento da

    Repblica e um princpio que deve reger as relaes internacionais do Brasil:

    Prevalncia dos direitos humanos e independncia nacional.

    43. (ESAF/Tcnico administrativo MPU/ 2004) O Estado brasileiro adota, como um

    dos seus fundamentos, a soberania popular, a qual pode ser exercida de forma

    indireta ou direta, nos termos definidos na Constituio Federal de 1988.

    44. (ESAF/Tcnico administrativo MPU/ 2004) A Constituio Federal de 1988 traz a

    determinao de que o Brasil dever buscar a integrao econmica na Amrica

    do Sul por meio da formao de um mercado comum de naes sul-americanas.

    45. (ESAF/AFC-CGU/2006) O pluralismo poltico, embora desdobramento do

    princpio do estado Democrtico de Direito, no um dos fundamentos da

    Repblica Federativa do Brasil.

    46. (ESAF/AFC-CGU/2006) Rege a Repblica Federativa do Brasil, em suas relaes

    internacionais, o princpio da livre iniciativa.

    47. (ESAF/AFC-CGU/2006) um dos objetivos fundamentais da Repblica

    Federativa do Brasil, expresso no texto constitucional, a garantia do

    desenvolvimento nacional e a busca da auto-suficincia econmica.

    48. (ESAF/AFT/2006) Na condio de fundamento da Repblica Federativa do

    Brasil, a dignidade da pessoa humana tem seu sentido restrito defesa e

    garantia dos direitos pessoais ou individuais de primeira gerao ou dimenso.

    49. (ESAF/ENAP/2006) Embora seja objetivo do Estado brasileiro, a dignidade da

    pessoa humana no se inclui entre os fundamentos da Repblica Federativa do

    Brasil.

    50. (ESAF/MRE/2004) A Constituio brasileira determina a busca da

    implementao de um mercado comum das naes latino-americanas.

    Gabarito

    bernardo de oliveiraRealcePrevalncia dos direitos humanos princpio que rege as relaes internacionais

    bernardo de oliveiraRealcePargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes.

    No fala sobre a criao de mercado comum!!

    bernardo de oliveiraRealceO Pluralismo poltico um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil

    bernardo de oliveiraRealceO valor da livre iniciativa um dos fundamentos da Repblica

    bernardo de oliveiraRealceAuto-suficincia no est elencada no art. 3 como um objetivo fundamental. ( errada )

    bernardo de oliveiraRealceA dignidade da pessoa humana, como valor constitucional supremo que , tem seu sentido ampliado na CF/88, abrangendo os mais diversos setores, como a ordem econmica, a ordem social, a educao, no ficando adstrito defesa de direitos e garantias pessoais, como diz a alternativa.

    bernardo de oliveiraRealceA dignidade da pessoa humana um dos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil

    bernardo de oliveiraRealceSociedade latino americana de naes e no mercado comum.

  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 19

    1. E 2. C 3. C 4. E 5. E 6. E 7. E 8. E 9. C

    10. E 11. E 12. C 13. E 14. E 15. C 16. E 17. C 18. C

    19. C 20. E 21. C 22 E 23 E 24 E 25 E 26 E 27 C

    28 E 29 E 30 C 31 E 32 E 33 E 34 E 35 E 36 E

    37 E 38 E 39 C 40. E 41 E 42 E 43 C 44 E 45 E

    46 E 47 E 48 E 49 E 50 E

    DIREITOS FUNDAMENTAIS

    Conceito:

    Os direitos fundamentais, na sua essncia, no se diferem dos direitos

    humanos. Ambos visam a atribuir uma digna existncia ao ser humano, como, por

    exemplo, os direitos sade, vida, liberdade, igualdade, moradia, previdncia,

    propriedade, segurana e tantos outros. A distino no ontolgica, vale dizer,

    de contedo. Diferenciam-se no mbito em que se encontram, pois direitos

    fundamentais esto no plano interno (constituies), enquanto direitos humanos

    localizam-se no plano externo (tratados internacionais).

    Assim, o constituinte livre para, em um determinado universo de direitos

    humanos, eleger aqueles que vo compor o elenco de direitos fundamentais da

    Constituio que vier a elaborar. Em suma: direitos fundamentais so direitos

    humanos que foram constitucionalizados por um Estado, isto , reconhecidos pela

    sua ordem constitucional.

    Caractersticas:

    Justamente por ostentarem caractersticas prprias, ganharam uma categoria

    especfica. Diferentemente da maioria dos demais direitos, os direitos

    fundamentais so imprescritveis, inalienveis, irrenunciveis, indisponveis,

    histricos, no-taxativos e relativos.

    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealce

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  • Direito Constitucional

    Prof. Samuel Fonteles 20

    Prescrio um instituto que pune o titular do direito pela sua inrcia,

    atingindo a sua pretenso de exerc-lo. Em outras palavras, pune-se o indivduo

    pelo seu desleixo, pois o Direito no socorre os que dormem. exatamente por

    isso que no se pode cobrar uma dvida eternamente, afinal, a mora do credor

    pode faz-lo perder a oportunidade de efetuar a cobrana judicial. Isso presta

    obsquio segurana jurdica, eis que as relaes sociais no podem ficar

    eternamente sujeitas a incertezas. Direitos fundamentais so imprescritveis, vale

    dizer, no desaparecem com o decurso do tempo.

    A inalienabilidade, por sua vez, significa impossibilidade de transferncia, seja

    a ttulo gratuito (doao) ou oneroso (venda). Tais direitos no podem ser

    transferidos, exceto os direitos autorais, que so transmissveis aos herdeiros pelo

    tempo que a lei fixar.

    Outra peculiaridade dos direitos fundamentais a irrenunciabilidade, na

    medida em que no podem sofrer abdicao por parte de seu titular. No mximo,

    podem no ser exercidos, mas nunca se pode renunciar a eles. Isso converte a

    eutansia em homicdio, por exemplo, pois a ningum dado abreviar a vida de

    outrem, mesmo que a vtima consinta. Tal consentimento irrelevante para o

    Direito, porquanto traduz uma abdicao ao prprio direito de viver, que

    irrenuncivel.

    Por fora da inalienabilidade e irrenunciabilidade, conclui-se que os direitos

    fundamentais esto fora do mbito de disposio de seus titulares, isto , no

    esto disponveis. Isso significa indisponibilidade: no se pode dispor (fazer deles o

    que se deseja).

    A historicidade revela que os direitos do Homem so fruto de uma poca. A

    Constituio fotografa os valores de uma sociedade, em um dado momento no

    curso da Histria. Assim, diretos fundamentais ao patrimnio gentico do indivduo

    no surgiriam no incio do Sculo XX, pois a sociedade estava aqum das

    descobertas cientficas. A depender do momento histrico, os direitos

    fundamentais podem existir ou no.

    A no-taxatividade indica que os direitos sobreditos no esto previstos em

    um rol exaustivo, ou seja, taxativo (numerus clausus). Pelo contrrio, foram

    insculpidos em um rol exemplificativo, pios no se esgotam no art. 5 e nem mesmo

    na Constituio Federal.

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    Por derradeiro, a relatividade demonstra que os direitos tidos como

    fundamentais no so absolutos, isto , podem ser flexibilizados por excees. O

    direito vida, por exemplo, atenuado pela possibilidade de pena de morte em

    caso de guerra declarada, de abortamento sentimental ou teraputico, de

    legtima defesa etc.

    Coliso:

    possvel que ocorra uma coliso entre direitos fundamentais, como, por

    exemplo, quando uma testemunha de Jeov se recusa a sofrer a transfuso de

    sangue em razo de sua convico religiosa. Neste caso, o direito vida pode

    colidir com a inviolabilidade de crena. O mesmo fenmeno ocorre quando um

    cinegrafista amador escala uma rvore e fotografa uma celebridade

    amamentando seu filho recm-nascido no jardim de sua casa. O ltimo exemplo

    revela um choque entre a liberdade de imprensa, com a conseqente vedao

    censura, e os direitos intimidade e imagem.

    Nunca se poder afirmar, a priori, qual direito fundamental dever

    prevalecer, porquanto inexiste hierarquia entre eles. Hipoteticamente, esto todos

    no mesmo patamar. Apenas no caso concreto ser possvel avaliar qual foi

    exercido de forma abusiva, devendo ceder em face do outro, luz do princpio

    da razoabilidade ou proporcionalidade. Este ser usado pelo aplicador da lei, que

    realizar um sopesamento, um juzo de ponderao acerca do conflito em

    questo. Destarte, em outra situao, possvel que o direito fundamental outrora

    afastado triunfe sobre o mesmo que o afastou. Em suma: tudo depender do caso

    concreto, no dos direitos em jogo, que podem ser aplicados ou no, a depender

    da situao.

    TTULO II

    Dos Direitos e Garantias Fundamentais

    CAPTULO I

    DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza,

    garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade

    do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos

    termos seguintes:

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    bernardo de oliveiraNotaFim dia 22/07/15

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    Embora no contemplados expressamente pelo dispositivo, luz do princpio

    da dignidade da pessoa humana, at mesmo os estrangeiros no residentes no

    Pas desfrutaro da garantia da inviolabilidade do direito vida, liberdade,

    igualdade, segurana e propriedade.

    No que tange vida, no se trata de um direito absoluto, embora se

    reconhea que verdadeira condio de desfrute dos demais direitos. No Brasil,

    possvel tirar a vida de outrem licitamente, a exemplo da legtima defesa, do

    estado de necessidade, da pena de morte em caso de guerra, do abortamento

    sentimental, teraputico ou de fetos com anencefalia. Urge salientar que o

    plenrio do STF admitiu o abortamento de fetos anenceflicos, asseverando que

    essa conduta no foi criminalizada pelo Cdigo Penal (ADPF 54).

    I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta

    Constituio;

    O princpio da isonomia ou igualdade foi consagrado repetidamente na

    Constituio. Nas palavras de Rui Barbosa, a igualdade consiste em tratar

    igualmente os iguais de desigualmente os desiguais, na medida em que se

    desigualam. Portanto, tal princpio no veda discriminaes, mas impe um critrio

    razovel para tal. Foi o que o STF consolidou na Smula 683: O limite de idade

    para a inscrio em concursos pblicos s se legitima em face do Art. 7, XXX, da

    Constituio, quando possa ser justificado pela natureza das atribuies do cargo

    a ser preenchido.

    Alis, em se tratando de restries impostas aos candidatos de concursos

    pblicos, a previso dever ser encontrada na lei, no somente no edital.

    Exigncias referentes altura mnima, idade ou sexo excepcionam a igualdade e,

    por conseguinte, devem ser razoveis e ter matriz legal (STF - RE 400754 AgR / RO).

    Outro exemplo de discriminaes lcitas so as chamadas aes afirmativas,

    isto , polticas pblicas que visam incluso de minorias, como, por exemplo,

    vagas em universidades para hipossuficientes.

    Tais discriminaes podem ser estabelecidas pela prpria Constituio, quer

    se trate do constituinte originrio ou reformador, bem como pelo legislador

    infraconstitucional. A Carta Magna discriminou ambos, por exemplo, ao

    estabelecer um tempo mais brando para a aposentadoria da mulher, ao fixar o

    servio militar obrigatrio unicamente para homens, ao determinar que o

    legislador crie incentivos especficos para a incluso feminina no mercado de

    trabalho etc. A lei tambm trouxe diferenciaes no que tange punio da

    violncia domstica (Maria da Penha) e tantas outras.

    No campo do funcionalismo pblico, o STF editou a smula 339: No cabe

    ao Judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores

    pblicos sob fundamento de isonomia..

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    Cumpre mencionar que este dispositivo acarretou vrias mudanas no direito

    de famlia, ao no recepcionar expresses contidas na legislao

    infraconstitucional, dentre outras, a do ptrio poder, que foi posteriormente substituda por poder familiar. Isto porque o poder exercido sobre os filhos no se resume figura paterna, estendendo-se me.

    Por fim, a doutrina costuma distinguir isonomia formal de isonomia material.

    Enquanto a primeira representa tratamento isonmico atribudo pelo legislador e

    aplicador da lei, a segunda significa igualdade real ou ftica, vale dizer, atuaes

    positivas do Estado que distribuam, de maneira equnime, sade, educao,

    moradia, etc.

    II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em

    virtude de lei;

    Cuida-se do princpio da legalidade, viga mestra de um Estado Democrtico

    de Direito. A lei, como expresso da soberania popular, o nico meio legtimo de

    se delimitar a esfera individual dos cidados. Somente estes decidem, ainda que

    por representantes, sobre os limites de sua prpria liberdade.

    Lei deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, todas as espcies

    normativas primrias elencadas no Art. 59: emenda Constituio (que no

    espcie normativa primria, mas pode criar obrigaes), lei complementar,

    ordinria, delegada, medida provisria, decreto-legislativo e resoluo. Princpio

    da legalidade no se confunde com princpio da reserva legal, que significa que

    determinada matria foi reservada para ser disciplinada, em regra, pela lei

    ordinria ou, excepcionalmente, pela lei complementar.

    A legalidade para os particulares (Art. 5, II) no a mesma legalidade para a

    Administrao (Art. 37, caput). Enquanto ao particular lcito fazer tudo aquilo

    que no for proibido por lei (princpio da no-contradio), a Administrao

    Pblica s poder agir se existir lei autorizadora ou impositora (princpio da

    subordinao lei).

    III - ningum ser submetido tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

    A Lei n. 9.455/97 conceitua o delito de tortura como constranger algum com o emprego de violncia ou grave ameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou

    mental.

    Ao proteger o direito vida, o constituinte no se referia mera existncia, ao

    simples fato de estar vivo ou sobrevivendo, mas sim a uma vida digna. Logo, a

    prtica de tortura recebeu tratamento constitucional severo, na medida em que

    tal delito foi considerado como inafianvel, ou seja, que no admite liberdade

    provisria, bem como insuscetvel de graa ou anistia.

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    Embora no se admita mais a anistia, no se deve olvidar que foram

    respeitadas aquelas que operaram efeitos no passado. O STF pronunciou-se pela

    recepo da Lei da Anistia, ou seja, torturadores do regime militar foram

    legitimamente anistiados, o que no poder mais acontecer doravante.

    Consoante a Suprema Corte, "A chamada Lei da anistia veicula uma deciso

    poltica assumida naquele momento o momento da transio conciliada de 1979. A Lei 6.683 uma lei-medida, no uma regra para o futuro, dotada de

    abstrao e generalidade. H de ser interpretada a partir da realidade no

    momento em que foi conquistada. (...); e o preceito veiculado pelo art. 5, XLIII, da

    Constituio que declara insuscetveis de graa e anistia a prtica da tortura, entre outros crimes no alcana, por impossibilidade lgica, anistias anteriormente a sua vigncia consumadas. A Constituio no afeta leis-medida

    que a tenham precedido." (ADPF 153, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-4-

    2010, Plenrio, DJE de 6-8-2010.)

    IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato;

    Embora seja livre o ato de externar opinies e idias no Brasil, por vezes, tal

    manifestao poder atingir direitos de terceiros, razo pela qual vedado o

    anonimato. Apenas assim ser viabilizada a posterior responsabilizao judicial do

    agressor, afinal, ela seria impossvel se ele estivesse acobertado pelo anonimato,

    mediante pseudnimos, por exemplo.

    Em razo disso, segundo o STF, inquritos policiais no devem ser instaurados se

    embasados unicamente em delaes annimas ou escritos apcrifos. Em outras

    palavras, o servio denominado popularmente de disque-denncia no tem o condo de iniciar investigaes criminais. Por outro lado, a autoridade responsvel

    dever averiguar a veracidade das informaes, de maneira cautelosa.

    Segundo o voto da lavra do Ministro Celso de Mello, Os escritos annimos aos quais no se pode atribuir carter oficial no se qualificam, por isso mesmo, como atos de natureza processual. Disso resulta, pois, a impossibilidade de o

    Estado, tendo por nico fundamento causal a existncia de tais peas apcrifas,

    dar incio, somente com apoio nelas, persecutio criminis, (...) eis que peas

    apcrifas no podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando

    tais documentos forem produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constiturem,

    eles prprios, o corpo de delito (Inq. n. 1957/PR).

    V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da

    indenizao por dano material, moral ou imagem;

    VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o

    livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos

    locais de culto e a suas liturgias;

    O Estado brasileiro no ateu, porquanto reconhece a proteo de Deus no

    prembulo de sua Constituio. Por outro lado, trata-se de um Estado Laico ou

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    no- confessional, vale dizer, que no adota uma religio como oficial, havendo,

    portanto, um hiato entre a Igreja e o Poder Pblico. Disto decorre a liberdade de

    crena do indivduo, que livre para crer em qualquer credo religioso, sem

    ingerncia estatal em sua ntima convico. No Brasil, todos so livres para

    expressar o agnosticismo ou o atesmo, pois h liberdade para aderir a uma

    religio, migrar para outra ou at mesmo no aderir a nenhuma delas.

    Como decorrncia da postura neutra adotada pelo Estado, o ensino religioso

    nas escolas de matrcula facultativa, no podendo ser apto a reprovar o aluno

    que se recuse a freqentar suas aulas. Os feriados religiosos, por sua vez, devem ser

    tidos como datas de cunho comercial e, assim como os crucifixos em reparties

    pblicas, justificam-se por razes histrico-culturais.

    VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas

    entidades civis e militares de internao coletiva;

    No Brasil, o ser humano tem o direito constitucional de ser assistido por um

    sacerdote, mesmo que cumpra pena em um presdio ou quartel. Em se tratando

    de judeu, protestante, catlico ou umbandista, ser possvel a visita de um rabino,

    pastor, padre ou pai de santo, respectivamente. Veda-se, pois, a

    incomunicabilidade espiritual do preso.

    VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de

    convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao

    legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei;

    Portanto, plenamente possvel que algum se exima de cumprir as suas

    obrigaes eleitorais ou militares (exemplos de obrigaes a todos impostas) por

    questes de foro ntimo. Nenhum direito deixar de ser exercido por essa escusa

    de conscincia, impondo-se, no entanto, que a pessoa cumpra uma prestao

    alternativa. A segunda opo necessariamente deve ser oferecida pelo Poder

    Pblico.

    Se tambm houver uma recusa de cumprir esta ltima, o indivduo perder os

    seus direitos polticos (art. 15, IV, CRFB). Caso o indivduo decida cumprir a

    obrigao devida, reaver sua capacidade eleitoral.

    IX - livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de

    comunicao, independentemente de censura ou licena;

    X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

    pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral

    decorrente de sua violao;

    Para Alexandre de Moraes, o conceito de intimidade relaciona-se s relaes subjetivas e de trato ntimo da pessoa humana, suas relaes familiares e de

    amizade, enquanto o conceito de vida privada envolve todos os relacionamentos

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    da pessoa, inclusive os objetivos, tais como relaes comerciais, de trabalho, de

    estudo etc..

    Prevalece o entendimento de que pessoas jurdicas possuem honra objetiva, ou

    seja, podem sofrer dano moral. o que preceitua o CC/02, que reconheceu-lhes

    os direitos personalidade compatveis com a sua natureza. No mesmo sentido,

    veja-se a Smula n. 227/STJ: A pessoa jurdica pode sofrer dano moral.

    H, no entanto, uma corrente minoritria que afirma a impossibilidade da

    pessoa jurdica sofrer dano moral. Segundo Arruda Alvim, conspurcar a honra de

    uma pessoa jurdica redundaria sempre num prejuzo econmico, portanto,

    patrimonial. Coaduna-se com essa tese o Enunciado n. 286 da IV Jornada de

    Direito Civil.

    XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar

    sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou

    para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;

    O conceito de casa deve ser tomado em sentido amplo, para alcanar

    qualquer compartimento fechado e no franqueado ao pblico, o que inclui

    escritrios, consultrios, estabelecimentos comerciais, quartos de hotis ocupados

    pelo hspede, garagens, oficinas, alm da prpria residncia.

    Parte da doutrina aponta o dia como perodo compreendido entre 6h s 18h.

    O eminente Ministro Celso de Melo, a seu turno, se vale do critrio fsico-

    astronmico: aurora e o crepsculo. Recomenda-se a posio adotada por

    Alexandre de Moraes, para quem ambos os critrios devem ser levados em

    considerao.

    O ingresso no domiclio, a no ser nas ressalvas constitucionalmente previstas

    (flagrante delito, desastre ou para prestar socorro), matria submetida reserva

    de jurisdio. Isto significa que apenas poder ocorrer por ordem judicial.

    Logo, no se permite que uma CPI (comisso parlamentar de inqurito)

    determine uma busca e apreenso domiciliar. Se o fizer, estar incorrendo em

    inconstitucionalidade, sendo ilcitas todas as provas decorrentes dos objetos e

    documentos apreendidos.

    Tambm a Administrao Fazendria no poder, atravs de seus agentes,

    penetrar nas dependncias de uma empresa sem o consentimento do dono do

    estabelecimento, ainda que a pretexto de fiscalizar. O atributo da auto-

    executoriedade dos atos administrativos no se aplica nessa hiptese (STF HC 79.512/RJ), na medida em que no se dispensa a autorizao judicial, nem mesmo

    para a fiscalizao inerente ao poder de polcia.

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    Segundo o STF, possvel a priso do traficante de drogas em sua residncia,

    no perodo noturno, mesmo sem ordem judicial, pois, em se tratando de crime

    permanente, o estado de flagrncia est caracterizado (HC 84.772).

    Urge apontar que o STF reconheceu excepcionalmente a possibilidade de

    ingresso no domiclio, sem o consentimento do morador, para se cumprir ordem

    judicial noite. Trata-se da instalao de equipamentos de escuta ambiental ou

    captao acstica em escritrios vazios, com o desiderato de investig-los

    (Inq.2424).

    XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes

    telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por

    ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de

    investigao criminal ou instruo processual penal;

    A interpretao literal do dispositivo conduz idia de que apenas o sigilo das

    comunicaes telefnicas pode ser quebrado, mediante ordem judicial, desde

    que para fins investigatrios criminais (inqurito) ou instrues processuais penais

    (produo de provas em processo criminal).

    Sucede que o Supremo Tribunal Federal tem flexibilizado esse dispositivo, ao

    argumento de que nenhum direito absoluto, sobretudo quando os direitos

    fundamentais so utilizados como um escudo protetivo para salvaguardar prticas

    ilcitas. Em situaes como essa, o sigilo de epistolar (de correpondncia) pode ser

    quebrado, como, por exemplo, quando o diretor de uma penitenciria abre a

    correspondncia de um preso (HC 70814) e confirma a suspeita acerca de um

    plano de fuga. O mesmo vale para a inviolabilidade da comunicao telegrfica,

    bem como da comunicao de dados, expresso que abrange o sigilo fiscal e o

    sigilo bancrio.

    As Comisses Parlamentares de Inqurito, por estarem investidas de poderes

    investigativos, podem determinar a quebra do sigilo bancrio, fiscal e telefnico

    (registros telefnicos, o que no se confunde com a interceptao telefnica),

    independentemente de autorizao judicial (STF - MS 23 3452).

    de se ressaltar que, nas hipteses de decretao de estado de defesa e

    estado de stio, o sigilo de correspondncia e das comunicaes telegrficas e

    telefnicas pode ser restringido (art. 136 1, I, b, c e art. 139, III).

    Impende destacar que interceptaes podem ser utilizadas em processos

    administrativos como prova emprestada de processos ou procedimentos criminais.

    Consoante asseverou o STF, dados obtidos em interceptao de comunicaes telefnicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produo de

    prova em investigao criminal ou em instruo processual penal, podem ser

    usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas

    pessoas em relao s quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos

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    supostos ilcitos teriam despontado colheita dessa prova. (Inq 2.424-QO-QO, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 20-6-07, Plenrio, DJ de 24-8-07)..

    XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as

    qualificaes profissionais que a lei estabelecer;

    Cuida-se de tpica norma de eficcia contida, ou seja, que j produz seus

    efeitos plenamente desde o incio, podendo, todavia, ser posteriormente

    restringida a sua eficcia (segundo o STF, desde que o ncleo essencial do direito

    nela previsto seja preservado). Enquanto no surgir a lei regulamentadora, ser

    livre o exerccio de qualquer trabalho ou profisso. A lei regulamentadora, no

    obstante, deve revestir-se de carter proporcional. O legislador, ao restringir a

    liberdade profissional, deve faz-lo se for necessrio, de maneira adequada e que

    implique o menor sacrifcio possvel liberdade do indivduo. Uma limitao

    desarrazoada ser inconstitucional.

    No entendimento do Supremo Tribunal Federal, a exigncia de diploma para

    jornalista (no julgamento do RE 511.961, declarou como no recepcionado pela

    Constituio de 1988 o art. 4, V, do Decreto-Lei 972/1969). O mesmo foi entendido

    relativamente exigncia de inscrio na Ordem dos Msicos para artistas, luz

    da liberdade de manifestao artstica (RE 414.426, Rel. Min. Ellen Gracie,

    Plenrio, DJE de 10-10-2011). Os controles exercidos sobre as aludidas atividades

    foram tidos por ilegtimos. Por outro lado, considerou-se constitucional o exame de

    ordem para bacharis em Direito, como condio para o exerccio da advocacia

    (RE 603.583, Rel. Min. Marco Aurlio, julgamento em 26-10-2011, Plenrio, com

    repercusso geral.). Assim, tudo depender da razoabilidade da restrio

    normativa, afinal, a regra a liberdade.

    XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da

    fonte, quando necessrio ao exerccio profissional;

    XV - livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo

    qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus

    bens;

    XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao

    pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra

    reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido

    prvio aviso autoridade competente;

    So manifestaes do direito de reunir-se as passeatas, os comcios, os desfiles,

    as procisses etc. suficiente a mera comunicao autoridade competente,

    no se exigindo uma autorizao para tal.

    O direito de reunio, contudo, vai muito alm da mera aglomerao de

    pessoas. Mais do que isso, traz consigo o insuprimvel direito de protesto e de

    manifestao do pensamento. Por essa razo, segundo o STF, qualquer norma que

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    vede o uso de carros e aparelhos sonoros em manifestaes populares no pode

    ser vista como uma limitao razovel ao direito de reunio, pois reduz o seu

    exerccio de modo a frustrar o seu propsito, tornando-a emudecida (ADIn 1969-4).

    Considerando que nenhum direito fundamental absoluto, seria razovel a

    restrio de reunio com carros e aparelhos sonoros em regies prximas a

    hospitais, resguardando-se, nesse caso, o direito dos pacientes tranqilidade e

    ao repouso.

    XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter

    paramilitar;

    A associao uma pessoa jurdica de direito privado que, ao contrrio das

    sociedades, no possui fins lucrativos. Suas finalidades so essencialmente

    culturais, desportivas, recreativas etc. Diferenciam-se das fundaes porque no

    so uma universalidade de bens.

    No se pode criar associaes paramilitares, ou seja, verdadeiras milcias, sob

    pena de afrontar-se a segurana pblica.

    Consoante a doutrina, o direito de associao um direito individual de

    expresso coletiva, na medida em que, ao ser exercido individualmente por cada

    titular, exterioriza-se em uma coletividade.

    XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas

    independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu

    funcionamento;

    XIX - as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas

    atividades suspensas por deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito

    em julgado;

    Exige-se deciso judicial irrecorrvel apenas para a dissoluo de uma

    associao. Logo, suas atividades podero ser suspensas por decises

    interlocutrias, ou seja, proferidas no curso do processo, bem como decises de

    mrito recorrveis. As medidas de urgncia, como, por exemplo, liminares,

    antecipaes de tutela ou cautelares, so aptas, portanto, a suspender as

    atividades de uma associao.

    XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer

    associado;

    Consagra-se, neste dispositivo, o que a doutrina denomina de liberdade

    positiva e negativa de associao. A primeira significa que o indivduo livre para

    associar-se, enquanto a segunda preconiza que todos so livres para retirar-se de

    uma associao.

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    XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tm

    legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

    As associaes podem representar seus filiados em processos que tramitam no

    Judicirio ou mesmo perante a Administrao Pblica. Tal fenmeno

    denominado representao processual, ou seja, ela atua em nome dos

    representados, defendendo direito alheio. Logo, depende de autorizao desses

    filiados, embora, segundo o STF, possa estar prevista de maneira genrica no

    estatuto social.

    O STF aponta uma exceo necessidade de autorizao, quando se tratar

    de mandado de segurana coletivo, conforme se vislumbra na Smula 629 "A

    impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe em favor

    dos associados independe da autorizao destes.".

    XXII - garantido o direito de propriedade;

    XXIII - a propriedade atender a sua funo social;

    XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por

    necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia

    indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio;

    A regra a expropriao ser precedida de indenizao justa e em dinheiro. No

    entanto, em se cuidando de desapropriao por interesse social, para fins de

    reforma agrria (INCRA), o desapropriado ser ressarcido em ttulos da dvida

    agrria. Apenas as benfeitorias teis e necessrias sero pagas em dinheiro. O

    Municpio, por sua vez, indenizar em ttulos da dvida pblica o proprietrio de

    imvel urbano que no promova o seu uso adequado, mesmo aps o aumento

    progressivo da alquota do IPTU. Em ambos os casos, os ttulos so de prvia

    emisso aprovada pelo Senado.

    lcito o confisco de terras onde h cultura de plantas psicotrpicas, que sero

    destinadas ao assentamento de colonos para cultivo de gneros alimentcios e

    medicamentosos (art. 243, pargrafo nico). Neste caso, no h contraprestao

    pecuniria.

    XXV - no caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder

    usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se

    houver dano;

    XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que

    trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos

    decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar

    o seu desenvolvimento;

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    bernardo de oliveiraRealce

    bernardo de oliveiraRealceSignificado ulterior: que chega ou acontece depois; posterior

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    XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, publicao ou

    reproduo de suas obras, transmissvel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

    Smula 386 do STF: Pela execuo de obra musical por artistas remunerados

    devido direito autoral, no exigvel quando a orquestra for de amadores.

    XXVIII - so assegurados, nos termos da lei:

    a) a proteo s participaes individuais em obras coletivas e reproduo

    da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

    b) o direito de fiscalizao do aproveitamento econmico das obras que

    criarem ou de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s respectivas

    representaes sindicais e associativas;

    XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos industriais privilgio temporrio

    para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das

    marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o

    interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas;

    XXX - garantido o direito de herana;

    XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela

    lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes

    seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus";

    XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor;

    XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu

    interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no

    prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja

    imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

    XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de

    taxas:

    a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra

    ilegalidade ou abuso de poder;

    b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e

    esclarecimento de situaes de interesse pessoal;

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa

    a direito;

    Versa o dispositivo constitucional acerca do princpio da inafastabilidade da

    jurisdio. Por fora desse princpio, qualquer leso (tutela repressiva) ou ameaa

    de leso a direito (tutela preventiva) no poder ser furtada da apreciao do

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    Poder Judicirio. Isso justifica que clusulas, contidas em contratos de adeso, na

    qual o aderente se compromete a no discutir judicialmente determinada

    escolha, so nulas de pleno direito. Isso porque a inafastabilidade da jurisdio,

    como direito fundamental por excelncia, irrenuncivel.

    Ningum obrigado a esgotar as instncias administrativas para buscar

    guarida no Judicirio. Excees podem ser apontadas, dentre elas, a Justia

    Desportiva (art. 217, 1, porque o constituinte originrio pode excepcionar a si

    mesmo) e o habeas data (pela demonstrao do interesse de agir). Neste sentido

    foi editada a smula n. 2 do STJ: No cabe o habeas data (CF, art. 5., LXXII, letra "a") se no houve recusa de informaes por parte da autoridade administrativa.

    A Constituio aponta ainda a impossibilidade de o Judicirio apreciar o

    habeas corpus em punies disciplinares, a no ser quanto a formalidades, nunca

    quanto ao mrito. Tambm no podero ser analisadas por rgo jurisdicional as

    lides em que houve clusula ou compromisso arbitral, o mrito dos atos

    administrativos discricionrios, as normas regimentais das Casas Legislativas e suas

    deliberaes interna corporis, bem como os chamados atos polticos. Estes ltimos

    seriam uma quarta categoria de ato, uma vez que no so legislativos, nem

    judiciais, tampouco administrativos. Exemplo de ato poltico o veto presidencial

    ao projeto de lei, que insuscetvel de apreciao judicial.

    Smula 667 do STF: Viola a garantia constitucional de acesso jurisdio a taxa

    judiciria calculada sem limite sobre o valor da causa.

    XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a

    coisa julgada;

    O direito adquirido aquele que pode ser exercido imediatamente pelo seu

    titular, se lhe aprouver, pois j se incorporou ao seu patrimnio ou sua

    personalidade, vale dizer, todas as condies para a sua obteno j foram

    alcanadas.

    Segundo o Art. 6, 1, da LICC, reputa-se ato jurdico perfeito o j consumado segundo a lei vigente