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Curso: ARQUITETURA e URBANISMO HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO IV APRESENTAÇÃO Esta apostila de estudos foi elaborada para ser utilizada como suporte na disciplina HTAU IV do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR. Não é o único referencial da disciplina, mas fonte de referência dos conteúdos abordados.

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Curso: ARQUITETURA e URBANISMO

HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E DO

URBANISMO IV

APRESENTAÇÃO

Esta apostila de estudos foi elaborada para ser utilizada como suporte na disciplina HTAU IV do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR.

Não é o único referencial da disciplina, mas fonte de referência dos conteúdos abordados.

Prof. Arq. Msc. Walnyce de Oliveira Scalise

Marília/ SP2013

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SUMÁRIO

1. A CONDIÇÃO PÓS MODERNA

1.1-A CONDIÇÃO PÓS- MODERNA-1965 a 1977-

1.2-NOVO FUNCIOLISMO E A ARQUITETURA COMO EXPRESSÃO TECNOLÓGICA

1.3-OS METABOLISTAS JAPONESES

1.4-A ARQUITETURA NEOPRODUTIVISTA

1.5-A FORTUNA TECNOLÓGICA DO ANOS 70

1.6-ARQUITETURA E ANTROPOLOGIA

1.7-A HERANÇA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

1.8-A BUSCA DA RACIONALIDADE NA DISCIPLINA ARQUITETÔNICA

1.9-A ARQUITETURA COMO SISTEMA COMUNICATIVO

1.10-MANIFESTOS E MECANISMOS PÓS MODERNOS

1.11-A ARQUITETURA DO CONCEITO E DA FORMA

2- A DISPERSÃO DAS POSIÇÕES ARQUITETÔNICAS

2.1-AS POSIÇÕES ARQUITETÔNICAS- 1977 a 1992

2.2-"REVIVAL" HISTORICISTA E VERNACULAR

2.3-CLASSICISMO PÓS MODERNO

2.4-A CONTINUIDADE DO CONTEXTUALISMO CULTURAL

2,5-O URBANISMO CONTEXTUALISTA

2.6-A VERSATILIDADE DO ECLETISMO

2.7-A OBRA DE ARTE COMO PARADIGMA DA ARQUITETURA

2.8-A NOVA ABSTRAÇÃO FORMAL

2.9-A SAIDA DA NOVA TECNOLOGIA

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A CONDIÇÃO PÓS- MODERNA

1. 1965-1977 - A CONDIÇÃO PÓS MODERNA

ANOS 50 - Continuidade do Movimento Moderno ao mesmo tempo em

surge uma nova geração de arquitetos e as primeiras tentativas de revisão e crítica.

ANOS 60 - Na segunda metade dos anos 60 - mudanças radicam e grande

pare da arquitetura se distancia do Movimento Moderno. Surgem novas

correntes e concepções a partir das críticas dos anos 50. Ex.: as propostas do grupo

Archigram, a crítica tipológica de Rossi, a arquitetura comunicativa de Venturi.

Juntamente com novas alternativas construtivas, surgem temas como: conceito de

tipologia, estrutura da cidade, a linguagem como comunicação simbólica, além de

novas metodologias e novos horizontes para uma nova época.

O dilema entre a crise e a continuidade dos anos 50, passa para uma fase --e

novas propostas de caráter metodológico com novos sistemas de entender e projetar a

arquitetura. Ao lado das novas propostas tecnológicas, do caminho da crítica tipológica

da arquitetura como linguagem comunicativa e depois, a arquitetura conceitual de

Eisenman e Hejduk, surgem novos métodos arquitetônicos que coincidem com o

surgimento das metodologias das ciências sociais e o método que articula a maioria: o

pensamento estruturalista (fundamentado nas leis da lingüística), Em Rossi. Venturi

e Eisenman são evidentes traços do estruturalismo e teorias da linguagem.

O ano de 1965 funcionou como fronteira: início de uma etapa diferente, de

busca de novas estratégias (teóricas e projetuais).

Anos 65 a 69 - período de mudanças radicais, primeiramente com o

desaparecimento dos grandes mestres do Movimento Moderno: morrem Le Corbusier,

Mies e Gropíus. Em 1968, a Escola de Desenho de Ulm, continuação da Bauhaus

se fecha.

Além disso, os projetos dos arquitetos mais jovens mostram uma troca

paulatina de coordenadas: Rossi - com elementos classicistas e historicistas. Venturi

e Moore - jogos formais e simbólicos.

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Entre 1965 e 1970, surge uma grande quantidade de publicações com

panoramas gerais e locais da arquitetura dos anos 50 e 60:

-Kevin Lynch- A imagem da cidade (1960)

-Giulio Carlo Argan- Projeto e destino (1964)

-Robert Venturi- Complexidade e contradição na arquitetura (1966) -

Vitorio Gregotti- O território da arquítetura(1 966)

-Christian Norberg- schulz- Intenções na arquitetura (1968), uma tentativa

lúcida de, a partir da crítica da arquitetura, buscar instrumentos e conceitos necessários

para interpretar a nova situação.

Despertando para a consciência de uma nova situação, que nos anos 70 se

chamará "pós-modernidade". O livro A linguagem da arquitetura pós-moderna de

Charles Jencks (1977) expõe a consolidação de uma nova condição, diante da

valorização da tradição histórica e do sentido comum.

ANOS 70- Em meados dos 70. a consciência crit ica com o legado do

Movimento Moderno, se evidencia em projetos, textos e fatos como em 1972. a

implosão do Conjunto residencial Pruitt-lgoe em St. Louis, de Minoru Yamasaki,

concebido segundo os critérios de zoneamento, tipologia de blocos do urbanismo

racionaiista. Em 1976, incendeia-se a Cúpula geodésica do Pavilhão dos Eua. em

Montreal.

A partir dos anos 70, surge uma grande diversidade de posições: correntes

fundamentalistas; propostas hipertecnológicas; arquitetura alternativa e ecológica. Perde-

se a idéia de uma visão continua e homogênea como propunha as vanguardas

modernistas e abre-se o universo intelectual do pluralismo e da descontinuidade.

2. NOVO FUNCIONALISMO E A ARQUITETURA COMO EXPRESSAO TECNOLOGICA

Nos paises mais avançados, como a Inglaterra, Eua, Japão, ocorre a

recuperação do espírito pioneiro e tecnológico das vanguardas. As novas possibilidades

tecnológicas dos anos 60 (chegada do homem à lua – 69) aliadas à prosperidade, ao

desenvolvimento capitalista, refletem-se nas propostas arquitetônicas (arquitetura sobre o mar

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e no espaço). As novas possibilidades de cálculo, projeto e produção de

estruturas arquitetônicas, novos instrumentos, experimentação, novos materiais,

tecnologias avançadas, pré-fabricação acabam por fomentar propostas radicais (às

vezes impossíveis).

O grupo Archigram (1960 - Inglaterra), formado pelos arquitetos: Peter Cook.

Crompton, Chalk, Greene e Webb, toma-se referência de uma parte das propostas da

arquitetura contemporânea. De posição neofuncionalista, do progresso ilimitado

(Hegel), do espírito dos tempos, o sentido evolutivo, base do Movimento Moderno,

segue valendo para eles. Propõem alterações drásticas, naves espaciais, cápsulas. As

propostas do Archigram representam a síntese entre a cultura pop inglesa e a

assimilação dos progressos tecnológicos, indo desde pequenas cápsulas até

megacidades, trabalhando com a imitação das leis da engenharia e o conhecimento

científico, as possibilidades dos materiais e tecnologias.

3. OS METABOLISTAS JAPONESES

Além das marcantes presenças norte - americanas e latinas- americanas

na arquitetura do pós-guerra, surge um outro foco de evidência: o Japão. A partir

do Movimento Moderno, a arquitetura japonesa destaca-se peia adesão do

esti lo internacional e ao mesmo tempo pelo vigor e expressionismo formais nos anos 50,

com coberturas leves e expressivas, estruturas em madeira e sensibilidade construtiva,

tudo reforçado pela utilização brutalista do concreto.

Com sua arquitetura exalta a estrutura, a arquitetura moderna e a

arqui te tura t radic ional japonesa, o que ocorre at ravés da v io lência

formal , geometrização e rigoroso planejamento estrutural. Esta fase está

relacionada à arquitetura de Le Corbusier brutalista e do Museu de Arte Moderna -

Tóquio (1957), paradigma para muitos arquitetos japoneses, com destaque para

Kenzo Tange, cujas obras deste período apresentam tanto uma crítica ao

funcionalismo através da exaltação das formas estruturais quanto pela vontade de

recuperar certo naturalismo perdido. Ex.: Biblioteca Hirosamma (1954).

Porém, será ao longo dos anos 70 que surgirão novas formulações como

a busca de um novo tipo de cidade que Kenzo leva adiante e se expressa nas

propostas dos "Metabolistas", grupo criado em 1960 juntamente com Kikutake.

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Kurokawa, Maki, Otaka e o crítico Kawazoe. A idéia básica é planejar desde o

desenho industrial até o sistema de agregação de cápsulas residenciais. Surge

como reação à falta de planejamento urbano típica no Japão, pensando novos

organismos na escala urbana: cidades oceânicas, aéreas, unidades agrícolas,

unidades residenciais móveis ou estruturas helicoidais.

A brutalista exaltação estrutural, tecnológica e agregativa do edifício

são levadas à escala da cidade. Ex. Expo 70, Pavilhão de Kenzo Tange –

Osaka, esta exposição funcionou como um mostruário de tipos formais gerados

pelas novas tecnologias. Das utopias urbanas de Kenzo destacam-se os planos do

MIT para Boston e da baía de Tókio. A arquitetura dos metabolistas influencia o

reflorescimento da arquitetura japonesa: Shinohara (conceituai), Tadao Ando (minimalista),

Fumihiko Maki (eclética).

4. A ARQUITETURA NEOPRODUTIVISTA

As possibilidades de altas tecnologias, de inovações, principalmente nos Eua e

Inglaterra. Na Inglaterra, a arquitetura high-tech, influenciada pelo Archigram, equipe criada

por Normam Foster, que sem renunciar aos aspectos lúdicos do Archigram, busca o

rigor das realizações práticas e possibilidades do desenho industrializado. Prefere-se

trocar de ambiente já existente que interpretá-lo e valorizá-lo. Outros arquitetos de

destaque: James Stirling, Patríck Hodgkinson,

A arquitetura produtívista foi mais bem desenvolvida nas possibilidades plásticas

e materiais da tecnologia pelos norte-americanos, experimentando nos arranha - céus, a

resistência, a rapidez, o conforto térmico, acústico, a transparência, etc... Ex: Kevin Roche,

John Dinkeloo e a Fundação Ford- NY (1968). Colegio - Indianácofis (1973), Hotel

Plaza- NY(1976).

Esta arquitetura também se desenvolve na Alemanha, com abordagem como as

estruturas tencionadas de Frei Otto (Munique, 1972). A Espanha, ao longo dos anos 60,

vive uma polêmica entre tecnologia avançada (Tons e Fargas) e tecnologias

artesanais (Bohigas), além de Ricardo Bofill (Sant Just- Barcelona, 1975).

Na América Latina, a arquitetura do desenvolvimento com Clorindo Testa,

Elia, Ramos e Agostini com estruturas espetaculares em concreto, materiais e métodos

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locais, diferente do expressionismo tecnológico e experimental do concreto de Félix

Candeia e do tijolo de Eládio Dieste.

5. A FORTUNA TECNOLÓGICA DOS ANOS 70

A Torre - cápsula de Nagakin, em Tókio (1971), de Kisho Kurokawa, reflexo do

Archigram e dos Metabolistas dos anos 60, com jogo formal - células pré-fabricadas e

possibilidades combinatórias na articulação volumétrica. A Sony Tower em

Osaka (1976), de Kisho Kurokawa. O centro Georges Pompidou em

Paris(1977) de Richard Rogers e Renzo Piano, um novo tipo de edifício urbano com a

cultura e o lazer; uma megaestrutura à qual se adicionar módulos

transparentes, símbolo da Paris contemporânea.

6. ARQUITETURA E ANTROPOLOGIA

Aceitação da pluralidade e diversidade cultural (anos 60 e 70) por influências

diversas; na arquitetura de algumas propostas da terceira geração nos campos da

arquitetura, urbanismo e desenho buscam-se soluções alternativas aos critérios vigentes

(culturais, econômicos, tecnológicos, urbanos e projetuais), mais adequadas a cada

contexto social.

No geral, se expressa como um dos resultados da tendência ao humanismo

dos anos 50. Este movimento dos anos 70 atinge âmbito mais amplo que a arquitetura,

indo desde o planejamento de um desenho participativo até proposta de urbanismo de

participação.

7. A HERANÇA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

Surgem diversas construções teóricas para afrontar o planejamento

de métodos e critérios compositivos para uma nova arquitetura pensada em função

dos usuários e suas possibilidades de participação nos espaços públicos e privados.

John Tumer - estudos sobre ocupação ilegal do solo e auto construção publicados em

1965.

Christopher Alexander - arquiteto e matemático, desenvolveu pesquisas para

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explicitar uma maneira de sentir e realizar a arquitetura que pode estar em cada sujeito,

relacionando o desejo insaciável de reformas temporais, relação entre a arquitetura e

a cultura material e simbólica, recuperação dos valores das arquiteturas

populares e tecnologias alternativas.

Dentro dessa linha pode-se perceber a construção de novos museus, a ampliação

da cultura de massas e a revalorização da memória coletiva.

8. A BUSCA DA RACIONALIDADE NA DISCIPLINA ARQUITETÔNICA

Esforços para construir uma teoria para a arquitetura contemporânea em

resposta às exigências internas da disciplina, às vezes delineia a favor de objetos

sociais, culturais, político. Ex. Rossi, Aymonino, Tafuri, Gregotti, com propostas que, a

princípio, partem de conceitos das pré-existências ambientais - tradição, idéia de

monumento, responsabilidade do arquiteto dentro da sociedade.

A obra “A Arquitetura da Cidade" de Aldo Rossi, com a intenção de entender a

arquitetura em relação a cidade, com pontos de vista da antropologia, psicologia,

geografia, ecologia, política, entende a cidade como um bem histórico e cultural.

As Primeiras Obras de Aldo Rossi - Sua análise comprova como o

instrumento da tipologia arquitetônica serve tanto para o momento da análise como

para o projeto. Admiram as idéias de Adolf Loos e os pátios.

9. A ARQUITETURA COMO SISTEMA COMUNICATIVO

A perda da capacidade de transmitir significados e valores simbólicos, críticas ao

funcionalismo, Peter Blake - Forma x fiasco.

Complexidade e contradições em arquitetura - Robert Ventura, visão contrária

à da arquitetura moderna, em favor de uma via híbrida, complexa e contraditória (sem a

coerência do racionalismo) para responder aos propósitos de comodidade, solidez e

beleza (Vitrúvio). Contrário à simplificação da modernidade. Principais obras: Casa

Filadélfia, 1962 - Vanna Venturi: Guiide house - 1963 Filadélfia; Pátio Franklin, 1972 e o

instituto de Informação Científica, 1978. Desenvolve a idéia de edifício - anúncio, com o

espaço funcional totalmente independente da fachada, fazendo contraste a Adolf Loos e

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sua concepção da casa como máquina limpa por fora e obra singular e comunicativa por

dentro. Os textos Aprendendo com todas as coisas e Aprendendo de Las Vegas,

apresentam-se como um tratado sobre o simbolismo na arquitetura.

A Idéia do Aplique - Ao final dos anos 70, a equipe de Venturi, dando

continuidade ao movimento Arts and Crafts, do século XIX, defenderá a idéia de um

tratamento aplicado sobre as superfícies de desenhos, moveis e edifícios. Baseiam-se nas

posições de John Ruskin, entendendo que o que caracteriza cada edifício é a

ornamentação, a estrutura e o interior representam meros fatos construtivos,

funcionais. Ex.: Edifício de Oficinas do Instituto de Informação Científica, Filadélfia (1978).

10. MANIFESTOS E MECANISMOS PóSMODERNOS

A Pós modernidade é mais uma situação que uma tendência

concreta no final do anos 70. São realizadas obras que se transformam

em manifestos da nova arquitetura "pós moderna" Ex: Piazza d'Italia, de

Charles Moore, em N. Orleans (1978); Edifício ATT, de Philip Johnson em N. Y.

(1978).

11. A ARQUITETURA DO CONCEITO E DA FORMA

Seus máximos representantes são os White- os 5 de Nova

York: Peter Eisenman, John Hejduk, Michael Graves, Richard

Meier e Charles Guathmey, trabalhando no campo do

experimentalismo e das atividades didáticas.

Seu trabalho surge da análise dos pressupostos formais

modernos dos anos 30, como relações ao pós-modernismo estilístico

e como defeso da riqueza dos trabalhos das vanguardas.

Einsenmam desenvolve uma arquitetura baseada na forma em

si mesma, com uma arquitetura que parte da separação radicai entre

a escala do humano e do mundo das formas geométricas. (Realiza uma

arquitetura de total abstração baseada nas pautas da arte conceitua)

(Minimai. Land Art, como predomínio das idéias iniciais sobre o

resultado final.

O mecanismo conceitual na arquitetura a enfatiza como

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trabalho intelectual, sem qualquer pretensão popular ou contaminação o

torna realidade. Uma arquitetura que parte de premissas formais e conclui

em resultados formais da arquitetura intelectual, anti-organica, Peter

Einsenmam, da arquitetura do anti-humanismo, reconhecendo as leis

autônomas dos abjetos, o pensamento lógico como suporte da forma.

John Hejduk desenvolve sua atividade experimental no campo

do ensino do desenho. Seu método é muito mais empírico, plástico e

sensível. Em Richard Meier predomina o pragmatismo e a perfeição

profissional oral acima de qualquer experimento conceituai. A influência

deste dispositivo conceitual será vista mais adiantemos anos oitenta

com uma nova geração de arquitetos.

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2- A DISPERSÃO DAS POSIÇÕES ARQUITETÔNICAS

1. 1977-1992- A DISPERSÃO DAS POSIÇÕES ARQUITETÔNICAS.

A medida em que se utiliza o conceito de "posição arquitetônica" evita-se a

utilização de termos bastante ambíguos para qualificar diversas atitudes arquitetônicas

como arquitetura "pós moderna", "descontração"ou "regionalismo crítico". Arquitetura "pós-

moderna" tem sido um termo ambíguo que tanto pode designar uma situação geral, como

certas tendências na arquitetura que são marcantes: historicistas, ecléticas e por isso deve

ser usado com muita cautela.

"Desconstrução" termo que serve para assinalar a recuperação do

construtivismo soviético insiste só em aspectos formais e superficiais de uma parte da

arquitetura atual: do fragmento, da colisão. Atrás desta aparência plástica existem

questões mais profundas como uma idéia de espaço dinâmico, método projetual,

referências interdisciplinares que são as que realmente podem delimitar posições

arquitetônicas.

O "regionalismo crítico", que a partir de maio de 1990 foi rebatizado como

"regionalismo realista" é um termo criado pelos focos internacionais de uniformização

cultural e constitui uma forma superficial de reconhecer a diversidade cultural do planeta

terra. 0 critério de regionalismo é muito amplo e ambíguo para delimitar posições

arquitetônicas. A maioria das obras arquitetônicas tem sempre componentes nacionais

locais ou regionais.

As posições arquitetônicas predominantes que serão vistas: o historicismo

baseado na recuperação do estilismo classicista; a continuidade do contextualismo

cultural, que valoriza os valores urbanos e históricos de cada obra; a versatilidade do

ecletismo, baseada na busca de novas formas a partir da mescla de linguagens e

convenções, o paradigma da singularidade da obra de arte: 5 o surgimento de uma nova

abstração baseada no jogo formal, 6 a continuidade no uso radical da alta tecnologia

(As 3 ultimas são métodos mais relacionados com a ortodoxia da modernidade).

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"REVIVAL" HISTORICISTA E VERNACULAR

A arquitetura fortemente enraizada na história, de comunicação com o

usuário,do ressurgimento da capacidade significativa na arquitetura. Na maioria dos

casos recorre ao prestígio e conforto das linguagens clássicas, o peso da tradição, a

nostalgia e necessidade de precedentes históricas.

Ao longo dos anos 80, muitos arquitetos seguiram este caminho apesar do

grande número de críticas que esta arquitetura "pós-moderna" recebe. Ex: Graves,

Cullot, Jencks, Bofill.

O Fundamento Europeu - Essa volta às linguagens históricas tem papel

transcendental, com a nova sensibilidade com relação aos centros históricos das cidades

européias, Conservação, integração e reconstrução com tendências historicistas exclui

toda nota de modernidade.

Classicismo Anglo saxão - Ex: Quinlan Terry - Inglaterra (anos 80). Interações

que continuam de maneira acrítíca uma tradição de grande tradução. o classicismo

vitoriano e georgiano.

Ricardo Boffil - Arquiteto catalão cuja obra pretende uma síntese entre

o classicismo e a alta tecnologia, propondo inclusive sistemas de pré fabricação

com molduras que acabam configurando edifícios resolvidos segundo uma interpretação

livre da tradição clássica. Essa experiência parte da vontade de recuperar os

valores históricos e símbolos da arquitetura com a finalidade de transformá-la em um

fenômeno popular. Ex: Conjunto Antigona (1985) recuperando os princípios

compositivos da cidade barroca, cada edifício recria tipologias históricas.

CLASSICISMO PÓS- MODERNO na América do Norte

Baseada em razões nacionalistas, quando na realidade a arquitetura clássica

nasceu na Europa. Michaei Graves, iniciou um caminho neo vanguardista e

gradativamente foi acrescentando à sua obra murais, o valor autônomo e plástico dos

elementos e a ênfase ao decorativo. O contato com edifícios de arquitetura histórica e

popular, a vontade de relacionar-se com a natureza e um método plástico de

superposição de sistemas de linguagem evidenciam esta evolução. Ex: Humana Tower

(1985), Biblioteca, Califórnia (1984).

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Sua identificação com a pintura a lhe permite escolher cuidadosamente as

cores para edifícios de forte valor cromático. A cor serve para identificar, articular e

vitalizar os elementos e partes do edifício no conjunto.

A CONTINUIDADE DO CONTEXTUALISMO CULTURAL

As obras mais recentes de Aldo Rossi mostram uma grande capacidade para

continuar evoluindo idéias, teorias e arquitetura na posição que coloca a cultura do

lugar, os bens culturais do homem; o que diferencia suas últimas obras das primeiras é

um espírito mais ecleticista e mais sensível na integração à tradição tipológica e formal

de cada contexto. Ex: Teatro do Mundo (1979).

Alvaro Siza (Portugal) utiliza a inspiração nos elementos concretos do lugar

como ponto de partida do projeto. Para iniciar cada projeto precisa um intenso diálogo

com alugar e com os usuários. A partir daí, usando uma arquitetura às vezes organicista

com grande capacidade de adaptação vai resolvendo cada projeto. Ex: Banca Borges

(1986).

Rafael Moneo (Espanha) uma arquitetura que parte das características do

lugar e da tradição histórica. da história da arquitetura e na qual confluem grande

diversidade de linhas arquitetônicas, como a arquitetura Bórica, a Romana, o movimento

moderno, as vanguardas, o expressionismo de Scharoun.

O URBANISMO CONTEXTUALISTA

O contextualismo se manifesta não só nas obras de arquitetura, mas, também nas

experiências urbanas que tem como referência o tecido histórico de grandes

cidades, modernizando-as. Nos anos 80, destacam-se 2 cidades européias que

passaram por um processo de transformação completa de algumas áreas: Berlim e

Barcelona.

Modelos para intervenções em outras cidades, mostram diversidade devido

ao fato da participação de uma boa mostra de arquitetos, com intervenções que vão

desde a recriação de tipologias, morfologias e linguagens da cidade até complicadas

redes de superposições, jogos de formas.

A criação de novos espaços públicos com soluções de diferentes tipos:

jardins, praças, avenidas, parques, com novos tratamentos, dão grande importância ao

projeto arquitetônico e ao mobiliário urbano.

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A VERSATILIDADE DO ECLETISMO

Tendência baseada na confiança de que se pode conseguir novos resultados

formais a partir da mescla de configurações de diversas origens, principalmente no

trabalho de síntese de fatores contrários: história e modernidade, artesanato e alta

tecnologia.

Baseia-se em soluções híbridas, na mescla e nos contrastes. Numa das

manifestações mais claras do espírito ecletista que trabalha a colagem e a agregação foi

realizada em 1980 para a Bienal de Veneza e se intitulou “Strada Novíssima”, em defesa

da arquitetura contextualista organizada por Paolo Portoghesi, com a participação de 20

arquitetos defensores do novo ecletismo pós moderno.

As últimas obras de James Stirling refletem a concepção da arquitetura como

uma seqüência sensível de espaços de formas volumétricas distintas, diversos sistemas de

obtenção de luz e referências estilísticas contrastantes. Ex: Clore Gallery (1986).

O austríaco Hans Hollein rechaça o reducionismo da estética da máquina e

do funcionalismo, seu projeto do Museu Municipal (1982) é exemplo de arquitetura

sabiamente eclética que utiliza bastante a metáfora.

O Museu de História e Arte (1989) possui toda a intensidade da arquitetura

simbólica, encravada na montanha (rocha, caverna, tesouro. jóias).

A OBRA DE ARTE – PARADIGMA DA ARQUITETURA

Numa época de crise de valores e de fracasso das grandes interpretações, a

arte converte-se em valor de segurança. 0 artista plástico trabalha as obras uma a uma,

artesanalmente, inovando. Na vontade de imitar os autênticos artistas, arquitetos

buscam um método arquitetônico que se aproxime aos mecanismos da criação artística.

Renuncia-se, a princípio, da produção em série e da industrialização radical. Cada obra

será singular mantendo uma relação única e instrumental como contexto, com o usuário e

arquiteturas existentes.

Não só a arquitetura tem se aproximado da arte. Artistas plásticos têm feito

intervenções em interiores espaços públicos e na paisagem. Ex: Smithson, De Maria.

O Exemplo de Frank Gehry - Sua arquitetura tem se baseado em montagens

artesanais de diversas formas simples: prismas, cilindros esferas, torres, ... Envoltório

arquitetônicos promulgando uma arquitetura tátil baseada na textura dos materiais e na

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variedade cromática como reflexo das arquiteturas populares.. Ex: Casa Gehry (1978).

Projetos que sejam uma festa de volumes, materiais, texturas, cores e objetos, com o

máximo de referências. Gehry pretende que sua obra não sela valorizada por atributos de

durabilidade ou monumentalidade mas pelo valor de ser considerado uma obra de arte

e pelo sentido que os usuários lhe outorgam com seu uso e satisfação.

Outros arquitetos que se destacam na mesma linha: Himmelblau (Viena),

Jordi Garcés, Enric Soda (Espanha) Steven Holl, Emílio Ambasz (EUA).

A NOVA ABSTRAÇÃO FORMAL

Surge como reação às tipologias estáticas, designando uma arquitetura que é

abstrata e figurativa, que se baseia na experimentação de jogos formais. Esse termo

evita o da "desconstrução" que insiste em questões apenas estilísticas conforme citado

anteriormente.

Arquitetura que tende a falar dos tempos recentes, da desordem, da

insegurança, da perda da relação com o lugar e a história. Não se propõe a colocar em

primeiro plano o homem, nem como usuário dos seus espaços, nem como receptor das

mensagens da arquitetura. Tanto em sua forma como em seus espaços tenta novas

propostas, nova idéia de espaço (mais dinâmico) e novos modelos de representação.

Principais arquitetos: Peter Einsenman, Bemard Tschumi, Zaha Hadid, Rem

Koolhas, Libenskind, Hejduk, Cook, Shinohara. Trata-se de uma arquitetura

experimentalista e inovadora que as idéias constituem a razão da arquitetura.

A SAÍDA DA ALTA TECNOLOGIA

Por ultimo, a mais representativa posição da arquitetura moderna, a que

aborda ciência, indústria e técnica desde o século XIX (Palácio de Cristal, Torre Eiffel,

etc...), o Archigram, os Metabolistas e ao longo dos anos 80, apesar das críticas, volta a aflorara

confiança na nacionalidade e no mundo da tecnologia.

Essa arquitetura rechaça o retomo historicista, jogos formais, decorativos. Dentro

desse panorama, tem-se uma arquitetura de alta tecnologia com elegância no desenho como

na obra de Norman Foster, ou ainda arquiteturas mais agressivas e a presença dos elementos

estruturais e de instalação como a de Richard Rogers e Renzo Piano e casos como o de

Santiago Calatrava com formas estruturais e agressivas e Jean Nouvel com a exploração de

campos formais baseado em outras artes.

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BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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