47
SAÚDE DO TRABALHADOR E ERGONOMIA

Apostila Para Treinamento-Módulo 2 Biomecânica Fisiologia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

treinamento

Citation preview

  • SADE DO

    TRABALHADOR E

    ERGONOMIA

  • 2

    INSTRUTORES:

    Dr. Rodrigo Filus Fisioterapeuta do Trabalho Cel. (41) 9112-5411

  • 3

    Instrutores:......................................................................................................... 2

    A Abordagem Ergonmica dos Sistemas ............................................................ 5

    1.1 Lgica do Processamento de Informaes ........................................................ 5

    1.1.1 Atividade Mental .......................................................................................... 5

    1.1.2 Processamento de Informao ..................................................................... 6

    1.1.3 Teoria da Informao .................................................................................. 6

    1.1.4 A memria .................................................................................................. 6

    1.1.5 Elementos Bsicos do Sistema de Informao ................................................ 7

    1.1.6 Receptores de informao ............................................................................ 7

    1.2 Modelagem Comunicacional do Sistema............................................................ 7

    1.3. Reconhecimento da funo-Informao-Ao.................................................9

    O Organismo Humano....................................................................................... 10

    1.4 O Sistema Nervoso........................................................................................ 11

    1.4.1 Constituio do Sistema Nervoso................................................................. 11

    1.4.2 Funo dos Nervos..................................................................................... 11

    1.4.3 A Inervao dos Msculos .......................................................................... 11

    1.4.4 Automatizaes.......................................................................................... 12

    1.5 A Viso......................................................................................................... 12

    1.5.1 Percepo Visual adequada e sua importncia no Trabalho........................... 12

    1.5.2 Aplicao prtica ........................................................................................ 14

    1.6 A Audio ..................................................................................................... 15

    1.6.1 A Audio normal ....................................................................................... 15

    1.6.2 Percepo Visual adequada e sua importncia no Trabalho........................... 15

    1.6.3 Protetores Auriculares ................................................................................ 18

    1.6.4 Nveis de Rudo e suas exposies Mximas................................................. 18

    1.6.5 PAIR - Perda Auditiva Induzida por Rudo .................................................... 18

    1.7 O Esqueleto Humano....................................................................................199

    1.8 Os Msculos ................................................................................................. 22

    1.8.1 Msculo Liso Involuntrio ........................................................................... 24

    1.8.2 Msculo Cardaco ou Miocrdio ................................................................... 25

    1.8.3 Msculo Estriado Esqueltico ou Voluntrio.................................................. 25

    1.8.4 Unidade Motora Funcional .......................................................................... 26

    1.8.5 Contrao Muscular.................................................................................... 26

  • 4

    Metabolismo Humano ....................................................................................... 28

    1.9 O Consumo de Energia .................................................................................. 28

    1.9.1 O metabolismo basal .................................................................................. 29

    1.9.2 Consumo de Energia e Trabalho.................................................................. 29

    1.9.3 Efeitos da ingesto insuficiente de alimentos ricos em energia ...................... 30

    1.9.4 especificaes tcnicas visando a reposio energtica da mquina humana . 30

    1.9.5 Recomendaes de Ergnomia ..................................................................... 31

    Biomecnica Ocupacional ................................................................................. 32

    2 Biomecnica ................................................................................................. 32

    2.1 Fundamentos da Biomecnica........................................................................ 32

    2.2 Contraes isotnicas (dinmicas) X Contraes isomtricas (estticas) ........... 35

    2.3 Postura de p e outras posturas de Trabalho .................................................. 36

    2.4 A posio Sentado ........................................................................................ 37

    2.5 A posio Semi-Sentada ................................................................................ 38

    2.6 Postura alternada de p e sentado................................................................. 38

    2.8 Situaes Biomecanicamente incorretas e suas consequncias......................... 39

    3 Fadiga .......................................................................................................... 40

    3.1 Etiologia e Quadro Clnico.............................................................................. 40

    3.2 Trabalho Noturno.......................................................................................... 41

    3.3 Ritmo Circadiano........................................................................................... 41

    4 Antropometria............................................................................................... 43

    Bibliografia........................................................................................................ 47

  • 5

    A ABORDAGEM ERGONMICA DOS SISTEMAS

    1.1 Lgica do Processamento de Informaes

    Caracterizam-se pelo envio, o recebimento e a troca de informaes entre homem e mquina. At poucos anos atrs, dividia-se facilmente o trabalho em fsico e mental, onde o trabalho fsico era realizado pelos operrios e o trabalho mental pelos empregados de colarinho branco. Esta diferena pouco significativa hoje: primeiro existem atividades nas quais as exigncias do crebro so grandes e que no podem deixar de ser designadas como trabalho mental, como por exemplo, computao de dados, que exige vigilncia permanente e poder decisrio autnomo. Hoje, introduz-se conceito de atividade mental; entende-se com isso a elaborao das informaes fornecidas. Com isto podemos dividir o trabalho mental das seguintes formas: Atividade mental no sentido lato Processamento de informao como parte do sistema homem-mquina

    1.1.1 Atividade Mental

    Uma atividade mental, no sentido lato, essencialmente trabalho mental com maior ou menor exigncia da criatividade. Em regra geral, as informaes devem ser cruzadas com conhecimentos tcnicos j fornecidos para desenvolver estruturas mentias com um certo valor novo. Fatores decisivos so o conhecimento, a experincia, a agilidade mental e a habilidade para criar e formular novas idias.

    1.1.2 Processamento de informao

    O essencial da tarefa consiste em: Percepo Interpretao Elaborao mental Das informaes fornecidas pelos rgos dos sentidos. A elaborao baseia-se no relacionamento das informaes com o conhecimento, do qual surgem as decises.

  • 6

    1.1.3 Teoria da Informao

    A teoria da informao de Shannon e Weaver trouxe uma importante contribuio para a compreenso da recepo de informaes. Os autores colocaram a transmisso de informaes em um modelo matemtico quantitativo e desenvolveram o conceito de uma unidade de informao, o bit, que uma unidade de informao que consiste de uma alternativa de duas opes possveis de mesma natureza. A Teoria tem sua limitao quando aplicada ao ser humano: no se pode interpretar toda a significncia que um estmulo carregando uma informao desencadeia no homem. Ela tem, assim, validade apenas para situaes no muito complicadas, nas quais se trata da recepo de sinais unitrios codificados, ela no se trata do reconhecimento da informao de um motorista dentro do automvel, por exemplo.

    1.1.4 A memria

    A memria o celeiro das informaes recebidas pelo crebro. Aps a elaborao, certamente ocorre uma seleo das informaes que sero guardadas no crebro. Os mecanismos que executam esta seleo no so conhecidos. Ns sabemos que a armazenagem, est relacionada com uma momentnea emoo, que libera uma informao, de alguma forma. Alm disso, podemos supor que a relevncia da informao importante para o seu armazenamento. Com isso, o homem determina, na maior parte das vezes, o que relevante e o que no . Podemos distinguir dois tipos de memria: a memria de curta durao (recente) a memria de longa durao A recordao imediata de acontecimentos recentes, at a lembrana de casos que aconteceram h minutos ou horas, classificamos como a memria de curta durao. A memria de longa durao abrange a recordao de acontecimentos de meses ou anos atrs. As informaes que penetram no crebro deixam uma espcie de rastro em uma determinada parte do crebro, que chamamos de engrama. As informaes armazenadas podem ser voluntariamente recuperadas mas infelizmente nem sempre de maneira to completa como se desejaria.

  • 7

    1.1.5 Elementos Bsicos do Sistema de informaes

    Emissor Fonte Receptor Dentro deste sistema podem existir rudos, que podem estar abalando o estado atual, como por exemplo interferncias, distores e contaminaes.

    1.1.6 Receptores de Informao

    Delimitamos como receptores de informao os principais rgos do sentido como a Viso, a audio, o tato o olfato, o paladar, e o senso cinestsico ( que envia ao crebro informaes sobre os movimentos e a posio do corpo)

    1.2 Modelagem Comunicacional do Sistema

    Lida basicamente com a transmisso de informao, compreendendo os subsistemas humanos de tomada de informao/percepo (sentidos humanos envolvidos)/ os subsistemas humanos de resposta/regulao (aes realizadas) palavra, gestos, deslocamentos postura; os subsistemas da mquina que fornecem informaes para serem processadas pelo homem; os subsistemas da mquina que recebem as aes do homem.

    Figura 1 Modelagem Comunicacional do Sistema

  • 8

    1.3 Reconhecimento da funo-informao-ao

    Esta tcnica aperfeioa cada funo ou ao do diagrama de fluxo funcional pela identificao da informao que requerida para que cada ao ou deciso ocorra. Esta anlise geralmente complementada com fontes de dados, problemas potenciais, incidncia de fatores associados induo ao erro ou acidente em cada funo ou ao ( Chapanis, 1996) O procedimento para a construo da tabela de funo informao ao o seguinte: cada funo ou ao identificada no diagrama funcional estudado pelo pesquisador, que se utiliza de sus conhecimentos e de todas as informaes disponveis para identificar e descrever os requisitos de informao, as fontes de informao, problemas potenciais, fatores de induo ao erro e qualquer outro comentrio relevante, assim como as aes e os objetos das aes. Como resultado tem-se uma lista detalhada de requisitos de informao e de ao para interfaces operador sistema, que pode prever a necessidade de requisitos de suporte, problemas potenciais, e provveis solues. A anlise pode produzir sugestes para a melhoria do design de hardware, software e procedimentos.

  • 9

    IDENTIFICAR O SISTEMA FUNO INFORMAO AO

    Funo Informao Ao Informaes Requeridas

    Fonte de Informao

    Dificuldades Aes Objetos das aes

    Dificuldades

  • 10

    1.4 O Sistema Nervoso

    1.4.1 Constituio do Sistema Nervoso

    O sistema nervoso central consiste no crebro, na medula ssea e nos nervos perifricos. Os ltimos originam-se da medula, ssea e desembocam nos msculos (nervos motores) ou vm da pele, dos msculos e dos rgos dos sentidos e dirigem-se para a medula ou para o crebro (nervos sensoriais. Os nervos motores e sensoriais, bem como suas vias e centro na medula e no crebro constituem o sistema nervoso somtico, que assegura a comunicao do organismo com o mundo exterior atravs da percepo, conscincia e reao. Complementar ao sistema somtico o sistema nervoso autnomo vegetativo, que comanda as atividades dos rgos internos (circulao sangnea, rgos da respirao, rgos digestivos, glndulas, etc..) O sistema nervoso autnomo governa assim os mecanismos internos do corpo necessrios para a vida.

    Figura 2 Clula Nervosa - Neurnio

    O sistema nervoso completo formado por milhes e milhes de clulas nervosas, os neurnios, que, por princpio, so formados pelo corpo da clula e uma relativamente longa fibra nervosa. Os corpos da clula tem um dimetro de alguns milsimos de milmetros, enquanto que o comprimento da fibra pode ser maior que um metro.

    1.4.2 Funo dos Nervos

    O sistema nervoso essencialmente um sistema de controle que regula a atividade do aparelho locomotor e os rgos internos, bem como as mais variadas

  • 11

    sensaes. decisivo para o funcionamento de todos os neurnios a sua estimulao e capacidade de conduzir os impulsos originados pela estimulao ao longo da fibra nervosa. Quando uma clula nervosa estimulada, os impulsos nervosos propagam-se atravs da fibra nervosa at o rgo de destino, que entre outros pode ser uma fibra muscular. O impulso nervos de natureza eletroqumica. Os nervos no so fios telefnicos, que conduzem passivamente os impulsos, o impulso nervoso um processo ativo que se autopropaga e consome energia. A velocidade de conduo varia de acordo com o tipo de fibra nervosa, as fibras nervosas motoras tem valores de 70 a 120 m/s, outras fibras ficam na faixa de 12 a 70 m/s.

    1.4.3 A Inervao dos Msculos

    Cada msculo est conectado ao crebro, o rgo supremo do comando, por dois tipos de nervos: os nervos motores (eferentes) e os nervos sensitivos (aferentes). Os nervos motores conduzem os impulsos do crebro musculatura esqueltica, onde so responsveis, em ltima instncia, pelas contraes musculares, e comandam na sua totalidade o trabalho muscular. Na musculatura, o nervo se divide nas suas fibra nervosas isoladas, onde uma fibra nervosa pode enervar mais de uma fibra muscular. Cada neurnio motor forma com o sua fibra muscular enervada uma unidade motora. Em msculos para trabalhos delicados e precisos somente 3 a 6 fibras musculares fazem parte de uma unidade motora, enquanto que nos msculos para trabalhos de fora at 100 fibras musculares so enervadas por um neurnio. Os nervos sensitivos conduzem os impulsos da musculatura ao sistema nervoso central para a medula ou para o crebro.

    Figura 3 Conduo do Estmulo Nervoso.

  • 12

    1.4.4 -Automatizaes

    O aprender uma operao de destreza repousa, essencialmente, na formao de um caminho ou rota nova de um mecanismo de comando, com ausncia da conscincia. Na concepo esquemtica as novas rotas so desenhadas com setas que vm diretamente da estao comutadora dos centros sensitivos para os centros de comando dos msculos ( quadrado ). Nestes centros de comando do bulbo os fluxos de movimentos so gravados como padres. Em outras palavras, se um fluxo de movimento suficientemente experimentado, ocorre lentamente uma gravao de todo um padro de movimentos. A coordenao e a dosagem fina de cada movimento dos msculos so, em base do afluxo constante e direto de informaes sensoriais, assumidas por estes centros de comando. Se a direo consciente desativada pelo processo de aprendizado, ento o comando ser automatizado e a destreza alcana grau mximo. Para a conscincia fica a tarefa de concentrar todas as atividades nervosas no trabalho que est sendo executado e distribuir os comandos aso centros de controle motor.

    Exemplo: Escrever. Todo este processo de automatizao pode ser bem visualizado no exemplo do aprendizado da escrita: a criana aprende primeiro, passo a passo, a dosar de maneira bem fina, os movimentos da mo e dedos, para que os sinais da escrita apaream no papel. Primeiro o transcurso dos movimentos est sob o controle da conscincia. Aps um longo tempo de treino, os fluxos de movimento necessrios para cada letra so gravadas no centro de controle motor. O procedimento de escrita torna-se sucessivamente mais automatizado e para a conscincia resta finalmente s a tarefa de achar as palavras e construir as frases.]

    1.5 A Viso

    1.5.1 Percepo Visual adequada e sua importncia no Trabalho

    A viso do homem conseguida atravs da formao na retina da imagem proveniente dos objetos iluminados. A retina funciona como o receptor da energia luminosa, e funciona tambm como transdutor, porque a ocorre a transformao da energia luminosa em energia eltrica.

  • 13

    A luz, at chegar retina, atravessa toda a camada de ar que existe entre o objeto e o olho; e no olho atravessa a crnea, o humor aquoso, o cristalino e o humor vtreo, tendo sua trajetria desviada pelos diversos meios, conforme ser visto na prxima seo. Ao chegar a retina, a luz estimula dois tipos bsicos de receptores. Quando a iluminao menor que 0,01 candela/m2, ou seja, um nvel baixo de iluminamento, ocorre estimulao dos bastonetes. Quando a iluminao maior que 50 candela/m2, ou seja, um nvel alto de iluminamento, ocorre estimulao dos cones. No nvel de iluminamento intermedirio, entre 0,01 e 50cd/m2, ocorre estimulao do dois tipos de receptores. A estimulao dos cones e bastonetes o estmulo bsico para a recepo do mesmo pelas terminaes das clulas ganglionares da retina, da o estmulo parte atravs do nervo ptico e vai terminar no lobo occipital, s margens da fissura calcarina, que a rea cerebral da interpretao da viso.

    Figura 4 O Olho.

    O crtex visual faz a distino das imagens atravs do grau de contraste entre as diversas partes do objeto. Assim, para distinguir o contorno de uma ferramenta ou de uma letra, h necessidade que haja um contraste entre a ferramenta e a letra e o que est em volta. O olho reage s diferentes intensidades luminosas atravs do fechamento ou da abertura da ris, que levam a diminuio e aumento do dimetro da pupila; o controle do dimetro da pupila diante de diferentes intensidades luminosas totalmente involuntrio e controlado pelo sistema nervoso autnomo.

  • 14

    Figura 5 Conduo do estmulo ao crebro e interpretao das imagens.

    1.5.2 Aplicao Prtica

    Da explicao anterior, ficam claros alguns conceitos que devem ser observados no trabalho: 1 A percepo visual do indivduo melhora quando o nvel de iluminamento e a contrastao melhoram. Os melhores resultados so obtidos quando o nvel de iluminamento mantido uniforme com contrastao maior que 80% 2 Quando o nvel de iluminao deficiente, o temo de percepo da viso ( que normalmente de 0,08s e a 0,30s) pode estar to aumentado quanto 1 segundo. Isto, evidentemente, prejudica e em muito os trabalhos puramente visuais, como por exemplo, o reconhecimento de defeitos detectveis viso, ou na correo de textos, como os revisores de jornais. O tempo de percepo est aumentando em maior proporo naquelas situaes em que o indivduo no tem conhecimento prvio do que ele tem que identificar visualmente. 3 Como a retina identifica sinais luminosos contrastados ,sempre que for necessria uma visualizao de alerta, a alternncia constante entre luz e a ausncia de luz ajuda na identificao. Assim, nos casos de alarme visual, o lampejar possibilita a identificao mais fcil. 4 Em postos de trabalho que a tarefa tem que ser desenvolvido por pessoa mais idosa, h necessidade de maior iluminao. Isto porque com a idade, ocorre um aumento da densidade ptica do cristalino, alm de uma diminuio da transparncia de todos os meios pticos do olho e de uma diminuio progressiva do dimetro da pupila. Pode-se dizer que, devido a esses trs fatores, uma pessoa de 60 anos precisa de duas vezes mais luz para ter a mesma percepo visual.

  • 15

    1.6 A Audio

    1.6.1 A audio normal

    O processo de captao de um som por parte do ouvido humano e sua transmisso at o crebro onde ser analisado, apresenta uma srie de alteraes de meios de propagao, mas em todos eles predomina um fenmeno energtico eminentemente mecnico. Apenas no rgo de Corti que o movimento mecnico transformado em fenmeno eltrico, e nessa forma o estmulo vai at o crebro.

    1.6.2 O som desde a fonte emissora at o ouvido humano.

    O som desde a sua origem, uma energia sob a forma de movimento oscilatrio. O movimento oscilatrio que percebido pelo ouvido humano aquele que existe entre uma freqncia de 30 a 20.000 ciclos por segundo. Os movimentos oscilatrios de menos de 30 ciclos por segundo no so percebidos como som, mas como vibraes. E aqueles com mais de 20.000 ciclos por segundo constituem os ultra-sons, que tambm no so percebidos pelo ouvido humano como sons. Muitas so as caractersticas dos sons, tais como sonoridade, altura, timbre e outras. No nosso estudo, vamos nos limitar a analisar apenas 3 caractersticas: a periodicidade da onda sonora, a intensidade do som e a freqncia do mesmo.

    Figura 6 Morfologia do Ouvido

  • 16

    O som no ouvido mdio.

    Observamos que o movimento oscilatrio, ao chegar ao tmpano, faz vibrar a membrana timpnica, que ento transmite a energia mecnica ao sistema ossicular constitudo do martelo, bigorna e estribo. A presso da face interna no tmpano mantida igual presso atmosfrica graas entrada de ar desde a nasofaringe atravs das trompas de Eustquio. Assim o movimento oscilatrio atua como nico mecanismo a deslocar a membrana timpnica. Em sons de alta intensidade, existem no ouvido mdio dois mecanismos importantes de atenuao do som: So os msculos estapdio ( que enrijece a cadeia ossicular ) e o msculo tensor do tmpano ( que enrijece a membrana timpnica, dificultando a vibrao da mesma ).

    Figura 7 Orelha Externa

    Figrua 8 Orelha Mdia

  • 17

    O som no ouvido interno. A passagem do som do ouvido mdio para o ouvido interno ocorre graas presso do estribo contra a endolinfa da cclea, atravs da janela oval. A cclea, em formato de caracol, possui 3 partes distintas: a escala vestibular, a escala mdia e a escala timpnica. A vibrao da membrana e das fibras basilares ocasiona o deslocamento dos bastonetes de Corti e da lmina reticular, onde se encontram incrustradas as clulas ciliares internas e externas. Os clios destas esto presos na membrana tectria havendo ento movimentao dos clios, com o desencadeamento de um potencial de ao nas terminaes do neurnio do nervo vestibulococlear, 8 par craniano , que se encontram envolvendo a base das clulas ciliadas.

    Figura 9 Orelha Interna

    Os estmulos vo da at o crebro, onde ocorre a interpretao ao nvel do giro temporal superior transverso.

    Figura 10 O estmulo eltrico ao crebro Reconhecimento do Som

  • 18

    1.6.3 - Protetores Auriculares

    Observamos que no Brasil o uso de proteo individual auditiva regulamentada. A norma tcnica de avaliao da incapacidade para fins de Benefcios Previdencirios estabelecem 3 circunstncias em que o uso do EPI obrigatrio: Por intervalos de tempo restritos execuo de determinadas tarefas durante a jornada de trabalho Por perodo de tempo definido em carter temporrio

    Quando houver indicao para o uso de EPI como nica opo vivel para reduo do nvel de presso sonora individual.

    1.6.4 Nveis de Rudo e sua exposio mxima

    Norma Regulamentadora- NR - 15

    85 dB = 8 horas 90 dB = 4 horas 95 dB = 2 horas 100 dB = 1 hora 105 dB = 30 minutos 110 dB = 15 minutos 115 dB = 7 minutos

    1.6.5 PAIR Perda Auditiva Induzida por Rudo

    O QUE PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUDO ( P A I R) ? uma diminuio gradual da acuidade auditiva decorrente da exposio continuada a nveis elevados de presso sonora .

    So necessrias exposies freqentes a rudos intensos para que se caracterize uma P.A I.R. pelo rudo.

    De acordo com o Comit de Rudo e Conservao Auditiva da American College Of Occupational Medicine e segundo o Comit Nacional de Rudo e Conservao Auditiva so caractersticas da PAIR:

  • 19

    Ser sempre sensrio-neural por comprometer as clulas do rgo de Corti Ser quase sempre bilateral e uma vez instalada, irreversvel.

    Por atingir a cclea, pode-se desenvolver em paralelo, intolerncia a sons intensos, perda da capacidade de reconhecer palavras, zumbidos que somados diminuio da audio prejudicaro a comunicao

    Cessada a exposio no h progresso da doena

    Pode ser influenciada pela caractersticas do agente causal (tipo, espectro, nvel de presso sonora), tempo de exposio, dose de exposio e susceptibilidade individual.

    1.7 O Esqueleto Humano

    A funo mais importante do ESQUELETO sustentar a totalidade do corpo e dar-lhe forma.

    Torna possvel a locomoo ao fornecer ao organismo material duro e consistente, que sustenta os tecidos brandos contra a fora da gravidade e onde esto inseridos os msculos, que lhe permitem erguer-se do cho e mover-se sobre sua superfcie.

    O sistema sseo tambm protege os rgos internos (crebro, pulmes, corao) dos traumatismos do exterior. Osso: em todo osso longo, o corpo geralmente cilndrico, recebe o nome de difise, e os extremos, recebem o nome de epfise. A difise oca e seu interior ocupado pela medula amarela. Tambm na epfise h um grande nmero de cavidades formadas pelo entrecruzamento dos delgados tabiques sseos, os quais contm a medula vermelha, formadora de glbulos sangneos. O peristeo uma membrana muito tenaz e extremamente vascularizada que envolve os ossos e permite que estes cresam em espessura; esta membrana de grande importncia pois, por meio de seus vasos sangneos, chegam s clulas sseas as substncias nutritivas.

  • 20

    Figura 11 O Esqueleto Humano

    O ESQUELETO composto por ossos, ligamentos e tendes. O esqueleto humano formado por 203 ou 204 ossos e se divide em cabea, tronco e membros. Na face os ossos so: maxilares, zigomticos, nasais, e a mandbula, nico osso mvel da cabea que serve para a mastigao. Em continuao do crnio est a coluna vertebral que formada pelas vrtebras. As vrtebras so uma srie de anis colocados sobretudo de maneira que o orifcio central de cada uma corresponda com o do superior e o do inferior, de tal maneira que no centro da coluna vertebral existe uma espcie de conduto, pelo qual passa a medula espinal, rgo nervoso de fundamental importncia. A articulao que se interpe entre uma vrtebra e a vrtebra seguinte permite a mobilidade de toda a coluna vertebral, garantindo a esta a mxima resistncia aos traumas. Entre uma vrtebra e outra existem os discos cartilaginosos que servem para aumentar a elasticidade do conjunto e atenuar os efeitos de eventuais lies.

  • 21

    As vrtebras so 33 e no so todas iguais; as inferiores tem maior tamanho porque devem ser mais resistentes para realizar um trabalho maior. As primeiras 7 (sete) vrtebras se denominam cervicais; a primeira se chama atlas e a segunda xis. Em continuao das cervicais esto 12 vrtebras dorsais que continuam atravs das costelas e se unem ao esterno, fechando a caixa torcica mediante as cartilagens costais, protegendo os rgos contidos no trax: corao, pulmes, brnquios, esfago e grandes vasos. A coluna vertebral continua com as 5 vrtebras lombares. A estas, seguem-se outras 5 vrtebras soldadas entre si, que formam o osso sacro e, por ltimo, as 4 ou 5 rudimentrias, quase sempre soldadas entre si, que tomam o nome de cccix ou osso caudal. Os ossos dos membros superiores comeam com o ombro formado pela cintura escapular, de forma triangular, plana, e pela clavcula situada em frente da anterior, que longa e curvada. A articulao do ombro bastante mvel, o que permite mover o brao em todas as direes; esta articulao junto com a do quadril uma das mais importantes no corpo humano. O osso do brao o mero, longo e robusto; o antebrao formado pelos ossos: rdio e Ulna (cbito). O rdio termina no cotovelo com a articulao e o Ulnar (cbito) apresenta (em correspondncia com o cotovelo) um saliente que no permite ao antebrao pregar-se quando est distendido em linha reta com o brao. Com os dois ossos do antebrao se articula na sua parte inferior a mo, que formada por uma srie de 13 ossos pequenos: 8 so chamados ossos do carpo, so os que formam o punho; 5 denominados metacarpos e que correspondem superfcie dorso-palmar da mo. Os dedos da mo, esto formados pela primeira, segunda e terceira falanges (o polegar tem s dois). Os membros inferiores esto unidos ao osso sacro por meio de um sistema de ossos que so denominados cintura plvica ou plvis, que formada pela fuso de trs ossos: leo, squio e pbis. Com a plvis se articula o fmur, osso do quadril que o mais longo e mais robusto de todo o corpo. Na sua parte inferior o fmur se une tbia e ao Fbula (pernio), que so os dois ossos da perna. Esta unio tem lugar na articulao do joelho, do qual forma parte a Patela (rtula) e os meniscos (dois discos cartilaginosos cuja rotura muito freqente em alguns esportistas). Interpostos entre os cndilos femorais, a tbia e o Fbula (pernio). Por ltimo, aos ossos da perna se articulam com os do p: o calcneo, o astrgulo, os ossos metatarsos, os dos dedos que tm trs falanges, exceto o primeiro que tem duas.

    O esqueleto constitui o arcabouo do organismo e formado pelos ossos. Alm da funo de sustento, tem aquela, tambm, importantssima, de permitir ao homem de se mover. Os ossos constituem a parte passiva do aparelho locomotor: o seu movimento devido contrao e ao relaxamento dos msculos que neles se inserem. Sobre a

  • 22

    forma dos ossos tm influncia a direo e a potncia dos msculos. Os ossos que formam o esqueleto do adulto so 203, excluindo os ossos considerados "supranumerrios" (que existem na cabea) e os ossos "sesamides" (pequenos ossos acessrios que se acham na vizinhana das articulaes, geralmente imersos em um tecido fibroso). Cada osso do nosso corpo apresenta uma forma caracterstica que permite reconhec-lo imediatamente, no obstante as variaes que possam existir de um indivduo para outro. A forma dos ossos no casual mas devida a um complexo de razes. A primeira de tais razes a forma do seu esboo devido a causas hereditrias; intervm depois outras causas que influem sobre a forma de cada uma das suas pores: o modo pelo qual dois ossos se pem em relao determina uma mudana das duas superfcies de contato, e os msculos e os tendes que neles se inserem produzem modificaes na superfcie de implantao. Alm disso, as partes contguas deixam sobre os ossos impresses, mesmo que sejam menos duras do que ele, como, por exemplo, uma artria ou um nervo; mesmo o crebro deixa uma impresso sobre os ossos que o encerram.

    1.8 Os Msculos

    Os msculos so os rgos ativos do movimento. So eles dotados da capacidade de contrair-se e de relaxar-se, e, em conseqncia, transmitem os seus movimentos aos ossos sobre os quais se inserem, os quais formam o sistema passivo do aparelho locomotor. O movimento de todo o corpo humano ou de algumas das suas partes - cabea, pescoo, tronco, extremidades deve-se aos msculos. De msculos esto, ainda, dotados os rgos que podem produzir certos movimentos (corao, estmago, intestino, bexiga etc.).A musculatura toda do corpo humano pode, portanto, dividir-se em duas categorias:

    1) Os msculos esquelticos, que se ligam ao esqueleto; estes msculos se inserem sobre os ossos e sobre as cartilagens e contribuem, com a pele e o esqueleto, para formar o invlucro exterior do corpo. Constituem aquilo que vulgarmente se chama a "carne" e so comandados pela vontade.

    2) Os msculos viscerais, que entram na constituio dos rgos profundos, ou vsceras, para assegurar-lhes determinados movimentos. Estes msculos tm estrutura "lisa" e funcionam independentemente da nossa vontade.

    Uma categoria parte constituda pelos msculos cutneos, os quais se inserem na pele, pelo menos por uma das suas, extremidades. No homem, esses

  • 23

    msculos so pouco desenvolvidos e so encontrados, na sua maior parte, na cabea e no pescoo (msculos mmicos), mas so desenvolvidssimos nos animais.

    Figura 12 Os Msculos Face anterior

    As clulas musculares, chamadas fibras, tm a capacidade demover-se. O movimento, uma das propriedades mais surpreendentes da matria vivente, no patrimnio

    exclusivo do msculo. No sculo XVII, observou-se atravs de um microscpio o movimento de clulas espermticas. Existe uma grande variedade de clulas capazes de mover-se, como, por exemplo: os glbulos brancos que viajam pelo sangue at os tecidos onde vo atuar, o movimento dos clios (pelos) na superfcie de algumas clulas como no Sistema Respiratrio. Nestes casos, o movimento funo secundria das clulas. Com o termo "msculo" nos referimos a um conjunto de clulas musculares organizadas, unidas por tecido conectivo. Cada clula muscular se denomina fibra muscular. No corpo humano h trs tipos de msculos: Estriado, voluntrio ou esqueltico. Liso, involuntrio. Cardaco.

  • 24

    Figura 13 Os msculos Regio Posterior

    1.8.1 Msculo liso ou involuntrio

    As clulas do msculo liso so sempre fusiformes e alargadas. Seu tamanho varia muito, dependendo de sua origem. As clulas menores se encontram nas arterolas e as de maior tamanho no tero grvido. Suas fibras no apresentam estriaes e por isso so chamados de liso. Tendem a ser de cor plida, sua contrao lenta e sustentada, e no esto sujeitos vontade da pessoa; de onde deriva seu nome de involuntrio. Esse msculo reveste ou forma parte das paredes de rgos ocos tais como a traquia, o estmago, o trato intestinal, a bexiga, o tero e os vasos sangneos. Como um exemplo de sua funo, podemos dizer que os msculos lisos comprimem o contedo dessas cavidades, intervindo desta maneira em processos tais como a regulao da presso arterial, a digesto etc. Alm desses conjuntos organizados, tambm se encontram clulas de msculo liso no msculo eretor do plo, msculos intrnsecos do olho etc.

  • 25

    A regulao de sua atividade realizada pelo sistema nervoso autnomo e hormnios circulantes. As fibras do msculo liso so menores e mais delicadas do que as do msculo esqueltico. No se inserem no osso, mas atuam como paredes de rgos ocos.

    Em volta dos tubos, em geral, h duas capas, uma interna circular e uma externa longitudinal. A musculatura circular constringe o tubo; a longitudinal encurta o tubo e tende a ampliar a luz. No tubo digestivo, o esforo conjunto da musculatura circular e da longitudinal impulsiona o contedo do tubo produzindo ondas de constrio chamadas movimentos peristlticos.

    H dois tipos de msculo liso: Multi-unitrio: cada fibra se comporta como uma unidade independente, comportamento semelhante ao msculo esqueltico. Ex.: msculo eretor do plo, msculos intrnsecos do olho etc. No se contraem espontaneamente. A estimulao nervosa autnoma que desencadeia sua contrao. Unitrios simples: as clulas se comportam de modo semelhante ao msculo cardaco, como se fossem uma estrutura nica. O impulso se transmite de clula a clula. Pode-se dizer que o msculo, em sua totalidade, funciona como uma unidade. Ex.: msculo intestinal, do tero, ureter etc.

    1.8.2 Msculo cardaco ou miocrdio

    Forma as paredes do corao, no est sujeito ao controle da vontade, tem aspecto estriado. Suas fibras se dispem juntas para formar uma rede contnua e ramificada. Portanto, o miocrdio pode contrair-se em massa.

    O corao responde a um estmulo do tipo " tudo ou nada", da que se classifique como unitrio simples. O msculo cardaco se contrai ritmicamente 60 a 80 vezes por minuto.

    1.8.3 Msculo esqueltico estriado ou voluntrio

    As clulas do msculo esqueltico so cilndricas, filiformes. Uma fibra muscular ordinria mede aproximadamente 2,5 cm de comprimento e sua largura menor de um dcimo de milmetro. As fibras musculares se agrupam em feixes. Cada msculo se compe de muitos feixes de fibras musculares.

  • 26

    avermelhado, de contrao brusca, e seus movimentos dependem da vontade dos indivduos. Constitui o tecido mais abundante do organismo e representa de 40 a 45% do peso corporal total.

    A carne que reveste os ossos tecido muscular. Esses se encontram unidos aos ossos do corpo e sua contrao que origina os movimentos das distintas partes do esqueleto, e tambm participa em outras atividades como a eliminao da urina e das fezes. A atividade do msculo esqueltico est sob o controle do sistema nervoso central e os movimentos que produz se relacionam principalmente com interaes entre o organismo e o meio externo.

    Chama-se de estriado porque suas clulas aparecem estriadas ou raiadas ao microscpio, igual ao msculo cardaco. Cada fibra muscular se comporta como uma unidade. Um msculo esqueltico tem tantas unidades quanto fibras. Por isso se define como multiunitrio. O movimento feito por contrao da fibra muscular.

    1.8.4 Unidade motora ou unidade funcional

    Cada msculo tem um nervo motor (grupo de fibras nervosas) que entra nele. Cada fibra nervosa se divide em ramas terminais, chegando cada rama a uma

    fibra muscular. Em conseqncia, a unidade motora esta formada por um s neurnio e o grupo de clulas musculares que este enerva. O msculo possui muitas unidades motoras. Responde de forma graduada dependendo do nmero de unidades motoras que se ativem.

    Figura 14 Tipos de Msculos

    1.8.5 Contrao muscular

    A maquinaria contrtil da fibra muscular est formada por cadeias proticas que se deslizam para encurtar a fibra muscular. Entre elas h a miosina e a actina, que constituem os filamentos grossos e finos, respectivamente. Quando um impulso chega

  • 27

    atravs de uma fibra nervosa, o msculo se contrai. Quando uma fibra muscular se contrai, se encurta e alarga. Seu comprimento diminui a 2/3 ou metade. Deduz-se que a amplitude do movimento depende do comprimento das fibras musculares. O perodo de recuperao do msculo esqueltico to curto que o msculo pode responder a um segundo estmulo quando ainda perdura a contrao correspondente ao primeiro. A superposio provoca um efeito de esgotamento superior ao normal.

    Depois da contrao, o msculo se recupera, consome oxignio e elimina bixido de carbono e calor em proporo superior registrada durante o repouso, determinando o perodo de recuperao. O fato de que consome oxignio e libera bixido de carbono sugere que a contrao um processo de oxidao mas, aparentemente, no essencial, j que o msculo pode se contrair na ausncia de oxignio, como em perodos de ao violenta; mas, nesses casos, se cansa mais rpido e podem aparecer cibras.

    Figuras 15 e 16 Msculos, Regio Anterior e Posterior respectivamente.

  • 28

    Metabolismo

    1.9 O CONSUMO DE ENERGIA

    H 40 anos atrs, trabalho pesado e alto consumo de energia tinham praticamente o mesmo sentido. Neste meio tempo, este tipo de trabalho pesado desapareceu na indstria, mquinas e instalaes mecanizadas poupam o homem de trabalhos com alto consumo de energia. Consequentemente, , tambm o consumo de energia de uma pessoa como medida da carga de trabalho em uma indstria tornou-se sem significado. Trabalho peado no sentido de alto consumo de minas e em alguns empreendimentos (construo civil , transportes), na silvicultura, no terceiro mundo e no esporte. Oposto a isto, no entanto, o trabalho pesado no sentido de alta carga de curta durao do aparelho locomotor e ou corao e circulao ainda bastante significativo. Um dos procedimentos vitais fundamentais do organismo a transformao de forma de energia da natureza qumica recebida pela alimentao para a energia trmica e mecnica. Nos rgos da digesto, a alimentao degradada etapa por etapa, at que a disponibilidade e o tamanho das substncias nutritivas tal que podem passar atravs da parede intestinal para o sangue. A maioria dos nutrientes passa primeiro pelo fgado, no qual eles ficam guardados como reservas de energia (glicognio) e conforme a necessidade so transformados novamente na forma utilizvel (principalmente como aucar) e voltam para o sangue. S uma pequena parte da alimentao usada para a reconstituio de tecidos do corpo ou vai ser armazenada como gordura nos depsitos de gordura. Com o sangue, os nutrientes chegam a todas as clulas do organismo, onde eles so transformados, segundo vias muito precisas, em produtos finais pobres em energia (gua, dixido de carbono e uria). O conjunto desses processos de degradao chama-se metabolismo, que pode ser comparado com uma lenta queima de produtos. Esta comparao s vlida porquanto no metabolismo h tambm consumo de oxignio, que chega s clulas atravs do sangue, pelos rgos da respirao. Nestes processos metablicos liberado calor, e na musculatura produz-se, de acordo com cada processo, energia mecnica.

  • 29

    Figura 17 O Consumo de energia

    1.9.1 O metabolismo basal:

    A medio do consumo de oxignio mostra que o homem produz em repouso determinada transformao de energia, que depende do peso corporal, tamanho do corpo e sexo.

    1.9.2 Consumo de energia e trabalho

    Assim que for realizado trabalho, o consume de energia aumenta fortemente. Consequentemente, o consumo de energia na atividade profissional to maior quanto maior a solicitao musculatura. No trabalho fsico, o aumento de energia expresso em joules-trabalho. Obtm-se este valor quando em uma pessoa mede-se primeiro o metabolismo bsico e depois mede-se o metabolismo durante a atividade profissional. Se subtrairmos do metabolismo do trabalho o valor em Kcal do metabolismo basal, termos os Joules trabalho puros ou Kcal-trabalho. Estes valores determinam o grau de exigncia fsica do trabalho pesado. Eles serviam antigamente como base para a valorizao do trabalho, para o clculo das folgas extras e na avaliao das condies de trabalho.

  • 30

    1.9.3 Efeitos da ingesto insuficiente de alimentos ricos em energia.

    Os achados mais interessantes da literatura so aqueles referidos por Lehman, durante a 2 Guerra Mundial, quando os trabalhadores que necessitavam de 4200 quilocalorias por dia recebiam apenas 3400 quilocalorias, seus rendimentos caiam 70%, recebendo 3000 calorias, seu rendimento caia para 55%. Entre aqueles que realizavam trabalho mais leve, a reduo era ainda mais dramtica; indivduos que necessitavam de 2400 quilocalorias, quando recebiam apenas 2100 quilocalorias, tinham um rendimento de apenas 40%.

    1.9.4 Especificaes tcnicas visando a reposio energtica da

    mquina humana.

    Necessidade enegtica. 1. Necessidade energtica mdia de trabalhadores em atividades de escritrio:

    Homem: 2070 a 2530 Kcal/ dia. Mulheres: 1755 a 2145 Kcal/ dia.

    2. Necessidade energtica mdia de trabalhadores em atividades industriais leves ( linha de montagem em que se trabalha sentado, mquinas operatrizes e inspeo de

    qualidade me geral):

    Homem: 2630 a 3200 Kcal/ dia. Mulheres: 2230 a 2720 Kcal/ dia.

    3. Necessidade energtica mdia de trabalhadores em atividades industriais moderadas ( mecnico, operadores de mquinas de maior exigncia de grupamentos

    musculares ):

    Homem: 2880 a 3520 Kcal/ dia. Mulheres: 2450 a 3000 Kcal/ dia.

  • 31

    4. Necessidade energtica mdia de trabalhadores em atividades muito pesadas ( operadores de motosserras, estivadores, carregadores de caixas e de sacas de

    mantimentos etc...) :

    Homem: 3600 a 4400 Kcal/ dia. Mulheres: 3060 a 3750 Kcal/ dia.

    5. Necessidade energtica mxima ( nunca necessrio ultrapassar ) : 4500 Kcal / dia

    Distribuio do valor calrico total ( VCT ) segundo o tipo de alimento.

    Carboidratos: 50 a 60% Lipdios: 25 a 35 %

    Protenas: 10 a 15 %

    Distribuio do valor calrico total ( VCT ) ao longo das diversas refeies. Desjejum: 20 a 25 %

    Lanche da manh: 10 % Almoo: 30%

    Lanche da tarde: 5% Jantar: 20 a 30%

    Ceia: 0 a 10 %

    1.9.5 Recomendaes de ergonomia.

    1. A empresa deve repor no mnimo as quilocalorias gastas no trabalho. 2 Para o pessoal do turno da manh a jornada de trabalho deve ser precedida de um

    desjejum. Visa essencialmente repor o nvel de glicemia no valor correto, indispensavel para o adequado funcionamento do crebro, onde se iniciam todas as ordens para a atividade de trabalho.

  • 32

    3 A empresa deve zelar para que o trabalhador tenha condies de se alimentar adequadamente fora do horrio de trabalho.

    4 Deve-se evitar almoos com o contedo calrico excessivamente pesado. 5 A reposio alimentar deve ser feita nos horrios corretos. As seguintes regras so de utilidades: O turno da manh nunca deve se iniciar antes de 6 horas; A principal refeio na empresa deve ser servida entre a terceira e a quarta hora aps o inicio da jornada; As pausas para lanche devem ser em nmero de duas, uma entre o incio do turno e a refeio maior, e outra entre a refeio maior e o final do turno: Pessoas que executam trabalho leve em turnos da noite devem ter uma ceia de valor calrico mais baixo que aqueles que trabalham em atividade pesada; caso contrrio, iro engordar.

    6 A alimentao servida pela empresa deve ser correta sob o ponto de vista nutritivo. 7 Deve-se conscientizar os trabalhadores de todos os nveis para que apredam a

    comer bem, de forma sadia. 8 Criar horrios adequados de acesso ao cafezinho, evitando-se ao abuso do mesmo.

    2 Biomecnica

    2.1 - Fundamentos da Biomecnica

    O ser humano em diversos aspectos, pode ser comparado a uma mquina. Muito do conhecimento da Ergonomia Aplicada ao Trabalho advm do estudo da mecnica da mquina humana. Os engenheiros mecnicos tm desenvolvido estudos analisando as caractersticas mecnicas desta mquina, e com isso deduzindo uma srie de conceitos importantes na adaptao do ser humano ao trabalho.

    Caractersticas bsicas da biomecnica do ser humano.

    A mquina humana tem pouca capacidade de desenvolver fora fsica no trabalho. O sistema osteomuscular do ser humano o habilita a desenvolver movimentos de grande velocidade e de grande amplitude, porm contra pequenas resistncias.

  • 33

    A predominncia das Alavancas interpotentes e suas implicaes prticas. Todas as vezes que colocamos interagindo um segmento rgido, girando sobre um ponto de apoio ou fulcro, submetido a ao de uma fora ou potncia que age contra uma resistncia, temos uma alavanca. Pode-se fazer raciocnio semelhante para interpretar as funes do sistema osteomuscular do ser humano: o segmento rgido o osso, o ponto de apoio ou fulcro a articulao, a resistncia o peso de segmento corpreo, ou mesmo um peso que esteja sendo levantado. Em mecnica, so descritos 3 tipos de alavancas, dependendo da posio relativa dos diversos componentes. O primeiro tipo chamado alavanca de 1 grau, ou alavanca Interfixa. Neste tipo, o ponto de apoio se encontra entre a potncia e a resistncia. fcil depreender que quanto maior for a distncia da potncia ao ponto de apoio, tanto menor ter que ser a potncia necessria para vencer uma determinada resistncia. Surge assim um conceito extremamente importante em biomecnica, qual seja, o de brao de potncia e brao de resistncia. Brao de potncia a distncia da potncia ao ponto de apoio e brao de resistncia a distncia da resistncia ao ponto de apoio. Assim, quanto maior o brao de potncia, tanto menor ter que ser a fora para equilibrar ou vencer uma determinada resistncia.

    Figura 18 Alavanca Interfixa

    O ser humano possui alavancas interfixas principalmente nas reas relacionadas ao equilbrio do corpo: pescoo, lombossacras, joelhos e tornozelos.

  • 34

    Figura 19 Alavanca Interfixa do Pescoo

    O segundo tipo de alavanca denominado alavanca de 2 grau ou inter-resistente. Aqui, como o brao de potncia sempre maior que o brao de resistncia, a intensidade da fora necessria para vencer uma determinada resistncia sempre menor que o valor nominal da resistncia. Este tipo de alavanca no praticamente encontrado nos segmentos do nosso corpo.

    Figura 20 Alavanca Inter-resistente

    A alavanca de 3 grau tambm denominada Interpotente, e sua caracterstica bsica que o brao de potncia sempre menor que o brao de resistncia. Em outras palavras, para vencer uma determinada resistncia, h sempre necessidade de se desenvolver um esforo fsico bem maior do que o valor nominal da resistncia a ser vencida. Este o tipo de alavanca predominante no nosso sistema osteomuscular. Se por um lado este tipo de alavanca apresenta grande desvantagem acentuada no que se refere a velocidade e amplitude dos movimentos, pois fcil entender que uma contrao de 1 cm do msculo bceps eqivale a um deslocamento de aproximadamente 15 cm da ponta dos dedos.

  • 35

    Figura 21 Alavanca Interpotente

    2.2 Contraes Isotnicas ( ou dinmicas ) X Contraes Isomtricas (

    ou estticas )

    O msculo humano se nutre principalmente no perodo de relaxamento. Isto devido ao fato de que, com o esforo muscular, a presso interna do msculo ultrapassa o valor da presso arterial do sangue, ocorrendo um fechamento dos vasos sangneos que nutrem os msculos. Durante uma contrao muscular dinmica, o msculo se contrai, se encurta, deixando momentaneamente de receber sangue, mas no instante seguinte se relaxa, se alonga, e recebe o afluxo de sangue. No entanto, caso exista a chamada contrao Isomtrica ou esttica, o msculo ir se contrair e permanecer contrado, deixando de receber seu aporte sangneo. Os processos metablicos, que deveriam se passar por via aerbia, passam a ocorrer por via anaerbia, com a produo e acmulo de cido ltico, que irrita as terminaes nervosas do msculo ocasionando dor. O esforo predominantemente dinmico quando um msculo est executando uma contrao de intensidade menor que 50% de sua fora mxima; misto ( esttico e dinmico ) quando a contrao for maior que 50% da fora mxima, e medida que se aproxima de 100% da fora mxima, o esforo se torna apenas esttico.

  • 36

    2.3 Postura de p e outras posturas de trabalho

    Os aspectos biomecnicos podem ser bem entendidos quando verificamos que, apesar de se apoiar apenas sobre dois ps, e apesar de possuir um centro de gravidade mais elevado que os quadrpedes, ao ficar de p o ser humano consome relativamente menos energia que aqueles. A explicao para este fato est em alguns detalhes de nossa anatomia:

    O arco e o tamanho dos ps; O apoio do esqueleto sobre ligamentos, ( toda a coluna vertebral est apoiada

    sobre ligamentos, a bacia est apoiada sobre o ligamento leo-pectneo, e assim por diante);

    As curvaturas se desenvolveram a partir do instante que o ser humano passou a andar sobre dois ps; as curvaturas compensam a tendncia de giro das diversas articulaes, garantindo uma neutralizao das mesmas e portanto, pequeno esforo muscular de compensao. Os testes com metabolimetria nos mostram que quando o indivduo fica de p, parado, o acrscimo do consumo energtico muito pequeno em relao posio deitada. Por que deste acrscimo mnimo? A resposta porque, assim como na posio deitada, quando de p parado a tendncia geral de giro das articulaes zero. Para um melhor entendimento deste ponto, devemos introduzir o conceito de momento, ou torque, ou tendncia de giro. Em toda alavanca, o sistema pode estar em estado esttico ou em estado dinmico; se estiver esttico, porque potncia e resistncia se equilibraram em seus efeitos sobre a articulao; se estiver dinmico, porque ou o efeito da potncia se tornou maior que o efeito da resistncia (e neste caso teremos torque positivo) ou porque o efeito da resistncia se tornou maior que o efeito da potncia (e neste caso teremos torque negativo). Mas existe uma outra situao em que o sistema pode estar esttico sem sobrecarga muscular: quando houver uma anulao dos efeitos da resistncia sobre a articulao. Neste caso, no haver atuao muscular simplesmente porque no haver resistncia a vencer. Este o caso da posio de p: quando os antebraos e os braos esto na vertical, quando o tronco est na vertical, quando as coxas e as pernas

  • 37

    esto na vertical, e quando a cabea est na vertical, toda a tendncia de giro nas grandes articulaes fica anulada, e o indivduo no tem necessidade de qualquer ao muscular para equilibrar o organismo. A nica exceo existe ao nvel da articulao dos tornozelos, na qual, devido ao alinhamento do organismo um pouco mais para frente, o que o sustentado pela contrao prolongada dos msculos da panturrilha. Um aspecto complementar sobre a boa tolerncia do ser humano posio de p: uma vez tendo assumido a postura de p, o indivduo no precisa mais utilizar suas reas cerebrais para manter este estado, pois as reas inferiores do sistema nervoso central se encarregam deste tipo de atuao, liberando os centros superiores para as tarefas no posturais associadas ao trabalho (pensar, comando primrio de aes motoras coordenadas). Naturalmente a posio de p, parado, enquanto posio de trabalho, tem alguns inconvenientes: A fadiga dos msculos da panturrilha; O aparecimento de varizes, comuns em quem tem tendncia hereditria, e que tenha que trabalhar com alguma das seguintes situaes: ficar parado de p durante a maior parte da jornada, carregar cargas pesadas e trabalhar em ambiente quentes (ao contrrio do que muita gente pensa, andar muito e subir escadas no acarreta varizes); Agravamento de leses preexistentes nos tecidos moles dos membros inferiores. Trabalhar de p se constitui na melhor alternativa quando: O posto de trabalho no tem espao para acomodar as pernas do trabalhador; H necessidade de manusear objetos de peso maior que 3,0 kg; H necessidade de se deslocar para frente ou para os lados para pegar componentes/ferramentas/dispositivos; Quando as operaes so fisicamente distintas e requerem movimentao freqente entre as estaes de trabalho; Quando se tem que fazer esforo para baixo, por exemplo, ao empacotar.

    2.4 A posio Sentada

    . Neste ponto, importante citar que a posio sentada indicada quando: Todos os itens necessrios ao ciclo de trabalho podem ser fornecidos facilmente e manuseados com facilidade dentro dos limites do espao de trabalho, sem necessidade de se desencostar ou de movimentar o tronco;

  • 38

    Todos os itens de trabalho, ferramentas, componentes e dispositivos esto altura mxima de 6 cm do nvel de trabalho; No h necessidade de manusear pesos excessivos (no mais que 3,0 kg); Tarefas que exijam montagens finas freqentemente; Tarefas que exijam escrita freqentemente; Tarefas que envolvem o uso freqente de mquina de datilografia ou de computador.

    2.5 A posio semi-sentado

    Na posio semi-sentado, preserva-se a agilidade de ao, muitas vezes fundamental para quem trabalha de p; e evita-se a fadiga nos msculos da panturrilha, pois muda-se o eixo de apoio a ser distribudo entre os membros inferiores e as ndegas. Assim, a indicao precisa para essa posio : Quando necessrio agilidade para atuao sobre algum controle; Para evitar fadiga, quando se trabalha de p parado durante um grande nmero de horas (operadores de mquinas operatrizes, dentistas, cirurgies, desenhistas, professores, etc...)

    2.6 Postura alternada: de p / sentado

    Nesta situao, preserva-se a movimentao peridica do corpo, evita-se tambm as dores no dorso e na regio lombar, to freqentes na posio sentada: Ocasionalmente h necessidade de se atingir locais mais distantes de 40 cm do corpo e/ou quando ocasionalmente se movimenta algum componente, pea ou ferramenta e altura maior que 15 cm do plano de trabalho; Tarefas diversas devem ser feitas, sendo que algumas so feitas de forma melhor na posio sentada, e outras na posio de p.

    2.7 -A postura de ccoras

    Discute-se muito sobre eventuais prejuzos circulatrios da posio de ccoras; por outro lado, no se pode negar as vantagens da tolerncia (e mesmo preferncia) de muitas pessoas para esta postura. Sabe-se ser a postura de ccoras uma posio de bom equilbrio para as pessoas acostumadas, bem como ser uma posio que favorece

  • 39

    um alongamento dos msculos do dorso, diminuindo a incidncia de dores lombares e dorsais. Sua grande contra-indicao est em movimentar-se nesta postura, o que teria como resultado a possibilidade de ruptura dos ligamentos colaterais do joelho. Em outras palavras, esta postura somente seria recomendada para pessoas que trabalham com pouqussima movimentao, com o cuidado de serem alertadas para se levantarem ao terem que mudar de posio.

    2.8 Situaes biomecanicamente incorretas e suas conseqncias.

    So inadequadas s caractersticas da mquina humana: Todas as situaes em que o trabalhador tenha que fazer grande fora fsica mesmo entre aqueles indivduos dotados de maior capacidade de fora muscular, contar com mquina humana fazendo fora fsica inadequado e anti-ergonmico; seus resultados so: Dimenses msculos-ligamentares mais comuns nos msculos que se inserem nos ossos atravs de fscias ( tecidos frgeis ), e no atravs de tendes ( estruturas mais preparadas para fazer fora ); Exemplo: msculos das costas. Compresso de estruturas nervosas bem marcante o caso das mos, em que o esforo repetitivo e intenso de prenso ocasiona compresso das ramificaes do nervo mediano, que emerge para mo exatamente na regio de sua base; Desinsero da extremidade de fixao do tendo no osso o caso do msculo extensor radial do carpo, que se insere no cotovelo, numa regio de insero muito pequena, desproporcional para o calibre da fora do msculo; esforos repetitivos e intensos com este msculo podero ocasionar o quadro de epicondilite lateral. Todas as situaes de esforo esttico, ou isomtrico, a conseqncia primaria chama-se fadiga muscular, em que ocorre dor no segmento afetado devido ao acumulo de cido ltico. A fadiga pode acarretar tambm o aparecimento de tremores, que contribuem para a ocorrncia de erros na execuo das atividades. As 10 situaes de esforo mais comuns no trabalho so: Trabalhar com o corpo fora do eixo vertical natural; Sustentar cargas pesadas com o membro superior;

  • 40

    Trabalhar rotineiramente equilibrando o corpo sobre um dos ps, enquanto o outro aperta um pedal;

    Trabalhar com os braos acima do nvel do ombro; Trabalhar com os braos abduzidos de forma sustentada ( posio de asas abertas

    ); Realizar esforos de manusear, levantar ou transportar cargas pesadas; Manter esforos estticos de pequena intensidade, porm durante um grande

    perodo de tempo; por exemplo, trabalhar com terminal de vdeo de computador muito elevado leva a esforo esttico e fadiga dos msculos trapzio;

    Trabalhar sentado, porm sem utilizar o apoio para o dorso, sustentado o tronco atravs de esforo esttico dos msculos das costas;

    Trabalhar sem apoio para os antebraos, e tendo que sustent-los pela ao dos msculos dos braos;

    Trabalhar de p, parado.

    Todas as situaes em que, ao fazer um esforo fsico, a distncia da potncia ao ponto de apoio esteja muito pequena e a distncia da resistncia ao ponto de apoio esteja muito longa. Todas as situaes de desagregao do esforo muscular, isto , quando o indivduo tem que fazer um esforo lento, sob controle, de sentido contrrio ao que seria a ao motora natural. Por exemplo, colocar uma caixa pesada no cho, de forma lenta.

    3 -FADIGA

    3.1 Etiologia e quadro clnico:

    _- Segundo Grandjean, a fadiga simples ou cansao fsico-mental tem sua etiologia na somao dos seguintes fatores: 1. Monotonia 2. Durao e intensidade do trabalho fsico e mental 3. Ambiente inadequado, com temperatura elevada, baixa iluminao ou alto nvel de

    rudo 4. Responsabilidades, preocupaes, conflitos. 5. Doena e dor 6. Comprometimento da alimentao

  • 41

    Todos esses fatores agiriam como se fosse enchendo um barril, e produzindo uma sensao de cansao mental que leva o indivduo deciso de parar o trabalho. Como vemos no substrato fisiolgico da fadiga simples, ela funciona essencialmente como um indicador ao organismo da necessidade de interromper, de no super-exigir para no levar a complicaes posteriores. Sob o ponto de vista mdico, ela deve ser interpretada portanto como parte da vida cotidiana, enquanto a fome indica a necessidade de comer, a sede a necessidade de beber, a fadiga simples indica a necessidade de repousar. No entanto, se a fadiga menosprezada e se o indivduo se fora ou forado a trabalhar, a sensao de fadiga aumenta at que se torna insuportvel, ou ento evolui para um estado chamado de fadiga crnica. Na fadiga crnica, o cansao vem no apenas tarde aps o trabalho, mas tambm durante o dia e muitas vezes antes do incio do expediente. acompanhado de sensao de mal estar, frequentemente de natureza emotiva. Ocorre alta incidncia de comportamento anti-social, de manifestaes de neurose de angstia ou depressiva, e nessas fases o quadro pode confundir-se com o de fadiga psquica. Na origem da fadiga simples esto mecanismos normais que existem no controle da viglia e do sono. Realmente o quadro clnico o de fase de pr-sono. O trabalho forado, no permitindo o repouso das clulas, funciona exatamente da mesma forma que os estados de insnia prolongada.

    3.2 Trabalho Noturno

    O trabalho noturno necessrio em muitas atividades industriais em que o equipamento no pode parar, em atividades pblicas como hospitais, rodovias, correios, controle de trfego areo ou martimo, etc. Apesar da incidncia de intolerncia a esse tipo de trabalho manifestar-se sob a forma de doena fsica a princpio em apenas 1/5 dos indivduos, ele deve ser tratado como uma causa de fadiga, pois a atividade constante noite leva aps algum tempo a consequencias sociais srias, de alijamento do indivduo da sociedade.

    3.3 Ritmo Circadiano

    Os fenmenos no organismo humano muitas vezes se passam seguindo a um ritmo, os ritmos podem ser muito frequentes, como por exemplo a batida do corao e a

  • 42

    respirao, muito longos como o clico menstrual, ou de frequencia varivel. Muitos fenmenos variam numa frequencia diria, de 24 horas aproximadamente e so chamados de fenmenos que obedecem ao ritmo circadiano. Os seguintes fenmenos podem explicar melhor o conceito: - a ao das partes do sistema digestivo envolvidas na digesto mais evidente

    durante o dia; - a temperatura corprea mais elevada durante o dia que durante a noite

    (particularmente s 16:00hs de um perodo de viglia que vai das 7 as 23 horas. - O estado de viglia do sistema nervoso central mantido mais durante o dia que

    durante a noite, e o reverso, o estado de depresso do sistema nervoso central durante o sono mais acentuado noite que durante o dia;

    - O apetite maior durante o dia que durante a noite; - Uma srie de hormnios so secretados em maior quantidade durante um certo

    instante das 24 horas; h alteraes no metabolismo do DNA, h mudanas na composio de sangue e no grau de eliminao de substncias na urina, e muitas outras alteraes circadianas esto sendo hoje estudadas. O ritmo circadiano sincronizado principalmente pelos fenmenos de natureza

    social, principalmente o contacto social, que muito mais frequente durante o dia. Basicamente, as alteraes fisiolgicas que ocorrem quando o indivduo est

    executando um trabalho no periodo noturno decorrem da falta de sincronismo entre o ritmo circadiano e a atividade fsica, ou seja, durante a noite, quando o ritmo circadiano est baixo, a atividade fsica est alta,; e durante o dia, quando o ritmo circadiano est alto, a atividade fsica est baixa.

    O ritmo circadiano no alterado pelo trabalho noturno aps um certo tempo. Assim, qualquer incio de adaptao que possa comear a ocorrer, rapidamente regride durante os repousos do fim de semana.

    No entanto, quando os fatores de natureza social mudam, o ritmo biolgico se adapta aps um perodo de 5 a 14 dias. Tal o caso das viagens transcontinentais de avio, em que a alterao de fuso horrio faz com que durante os primeiros dias o indivduo apresente todos os sintomas de fadiga. Porm, como a atividade social, luz, movimento e outros fatores sociais esto atuando, aps pouco tempo ocorre adaptao do ritmo, que passa a obedecer relao dia noite da nova situao.

  • 43

    4 - Antropometria

    Antropometria o estudo das medidas humanas. As medidas humanas so muito importantes na determinao de diversos aspectos relacionados ao ambiente de trabalho no sentido de se manter uma boa postura. O problema prtico com o qual a antropometria mais se defronta est relacionado as diferentes dimenses das pessoas, de tal forma que uma altura boa para uma pessoa no o necessariamente para outra pessoa. A soluo comumente encontrada est na flexibilidade. Mas como a flexibilidade muitas vezes custa muito caro se depender de mecanismos de ajustes, a soluo mais prtica e menos dispendiosa est no estabelecimento de padres. Assim como os sapatos das pessoas possuem tamanhos diversos, as mesas de trabalho e outros equipamentos do mobilirio deveriam ter pelo menos trs tamanhos: um que atendesse a 20% da populao, outro que atendesse a 50% da populao e o terceiro tamanho que atendesse a 80% da populao. O primeiro padro seria destinado a pessoas baixas, o segundo a pessoas de tamanho mediano que o terceiro, preferencialmente, a pessoas mais altas. Evidentemente que, quanto mais padres de tamanho existirem, tanto melhor ser a escolha do posto de trabalho mais correto. A rigor, a Ergonomia moderna comeou com a Antropometria, e hoje os estudos antropomtricos esto bastante disseminados a ponto de permitirem a definio de alturas e distncias corretas ainda na fase de projeto, que a ocasio de melhor aplicao prtica dos conceitos antropomtricos.

  • 44

    Anotaes

  • 45

  • 46

  • 47

    BIBLIOGRAFIA

    MORAES, Anamaria de; MONTALVO, ERGONOMIA Conceitos e Aplicaes. Rio de Janeiro : 2AB, 1998 IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produo. So Paulo: Edgard Blcher, 1990 GRANDJEAN, Etienne; Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman, 1998 MONTMOLLIN, Maurice de; A ERGONOMIA. Lisboa: SOCIEDADE E ORGANIZAES, 1990 Fundamentos de Organizao. So Paulo: REFA, 1994 Revista CIPA Ano XX 236 1999 Revista CIPA Ano XXI 252 - 2000