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CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL Módulo 1 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL Professora Valéria Mayworm Woll 1º Semestre de 2008 UGEPRE – Unidade de Gestão de Educação Profissional e Relacionamento Empresarial

Apostila Portugus Valeria 2008

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CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

Módulo 1

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL

Professora Valéria Mayworm Woll

1º Semestre de 2008

UGEPRE – Unidade de Gestão de Educação Profissional e Relacionamento Empresarial

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PREZADO ALUNO, É uma grande satisfação participar com você deste projeto do UNIS e tê-lo, aqui, conosco. O Brasil precisa de profissionais com alto nível de capacitação e não pode esperar! Mas por que estudar a Língua Portuguesa em um curso altamente profissionali-zante e voltado para o dia-a-dia de nossos tecnólogos? Simplesmente porque a Lín-gua Portuguesa é a ferramenta mais importante para “qualquer” profissional que pretenda apresentar excelência em seu trabalho. Não se admite que um profissional seja “doutor” em determinada área e não saiba usar as normas de sua língua pátria. De que adianta saber outros idiomas, se não domina o seu? O que pensar de um diretor de empresa ou profissional liberal que delega à sua se-cretária o prazer de escrever suas correspondências, não por necessidade, mas por não saber fazê-lo? Neste módulo, procuraremos oferecer-lhe — com praticidade — os pontos mais im-portantes para que você possa dominar as técnicas de redação e intelecção de textos. Seja bem-vindo e um excelente aproveitamento do curso que agora se inicia Um abraço,

Valeria.

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Sumário

EMENTA ........................................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO I: A COMUNICAÇÃO .................................................................................................................................. 6

1-Teoria da Comunicação: .............................................................................................................................................. 6

2 - Importância da Comunicação: ................................................................................................................................... 6

3 - O esquema da comunicação: ..................................................................................................................................... 7

4 - Problemas Gerais da Comunicação: .......................................................................................................................... 8

5 - Linguagem – Língua – Fala ....................................................................................................................................... 9

6 - Funções da Linguagem: ............................................................................................................................................. 9

6.1 Funções Propriamente Ditas: ................................................................................................................................ 9

6.2 - Análise do texto ................................................................................................................................................ 10

7 - Níveis de Linguagem: ............................................................................................................................................. 11

8 - Língua Falada .......................................................................................................................................................... 12

9 - Língua Escrita ......................................................................................................................................................... 13

9.1 - A plurissignificação da linguagem ................................................................................................................... 14

CAPÍTULO II: O TEXTO ................................................................................................................................................ 15

1 - TEXTO LITERÁRIO E TEXTO UTILITÁRIO ..................................................................................................... 15

2 - INTERTEXTUALIDADE E PARÓDIA ................................................................................................................ 15

3 - VEROSSIMILHANÇA ........................................................................................................................................... 16

4 - GÊNEROS .............................................................................................................................................................. 16

4.1 Gêneros Literários .............................................................................................................................................. 16

4.2 - Gêneros textuais ............................................................................................................................................... 16

5 - TEXTO E TEXTUALIDADE ................................................................................................................................. 17

5.1 - O texto não é um aglomerado de frases ............................................................................................................ 17

5.2 - Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla ...................................... 17

5.3 - Tipos de texto ................................................................................................................................................... 18

CAPÍTULO III: A GRAMÁTICA ................................................................................................................................... 23

1 - "Tipo assim" e "a nível de" ...................................................................................................................................... 23

2 - PROBLEMAS MAIS COMUNS DA LÍNGUA PORTUGUESA .......................................................................... 23

2.1 - Emprego de algumas palavras e expressões ..................................................................................................... 23

3 - USO DA PONTUAÇÃO ......................................................................................................................................... 28

3.1 - A vírgula .......................................................................................................................................................... 28

3.2 - Dois-pontos ...................................................................................................................................................... 30

3.3 - Reticências ........................................................................................................................................................ 30

3.4 - Travessão .......................................................................................................................................................... 30

3.5 - Ponto-e-vírgula ................................................................................................................................................. 31

3.6 - Ponto-de-interrogação ...................................................................................................................................... 31

3.7 - Ponto-de-exclamação ....................................................................................................................................... 31

3.8 - Aspas ................................................................................................................................................................ 31

4 – EMPREGO DO HÍFEN .......................................................................................................................................... 32

5 - SEMÂNTICA .......................................................................................................................................................... 33

5.1 – Sinonímia (sinônimos) ..................................................................................................................................... 33

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5.2 – Antonímia (antônimos) .................................................................................................................................... 33

5.3 – Homonímia (homônimos) ................................................................................................................................ 33

5.4 – Paronímia (parônimos) .................................................................................................................................... 33

5.5 - Polissemia ......................................................................................................................................................... 34

5.6 – Hiperônimos e Hipônimos ............................................................................................................................... 35

5.7 - Dêixis ............................................................................................................................................................... 35

5.8 - Anáfora ............................................................................................................................................................. 36

6 - CONCORDÂNCIA ................................................................................................................................................. 37

6.1 - Concordância verbal: ........................................................................................................................................ 37

6.1.1 - Os verbos ................................................................................................................................................... 41

6.1.2 - O verbo ser: ............................................................................................................................................... 41

6.2 - Concordância nominal: ..................................................................................................................................... 42

6.2.1 - Casos Especiais: ........................................................................................................................................ 42

CAPÍTULO IV: COESÃO E COEREÊNCIA .................................................................................................................. 50

1 - TEXTUALIDADE E ORGANIZAÇÃO DISCURSIVA ....................................................................................... 50

1.1 - Elementos da textualidade ................................................................................................................................ 50

1.2 - Textualidade ..................................................................................................................................................... 50

1.3 - “Armadilhas” do texto ...................................................................................................................................... 50

2 - COESÃO TEXTUAL .............................................................................................................................................. 52

2.1- Alguns elementos de coesão .............................................................................................................................. 54

2.1.2 - Pronomes demonstrativos .......................................................................................................................... 54

2.2 – Sintagmas adverbiais ....................................................................................................................................... 56

2.3 - Os conectivos: .................................................................................................................................................. 56

3 - COERÊNCIA TEXTUAL ....................................................................................................................................... 58

3.1 - Os fatores de coerência ..................................................................................................................................... 58

3.1.1 - O conhecimento lingüístico ....................................................................................................................... 58

3.1.2 - O conhecimento do mundo ........................................................................................................................ 59

3.1.3 - O conhecimento partilhado ........................................................................................................................ 59

3.1.4 - As inferências ............................................................................................................................................ 59

3.1.5 - Os fatores de contextualização .................................................................................................................. 59

3.1.6 - Situacionalidade ........................................................................................................................................ 59

3.1.7 - A informatividade ...................................................................................................................................... 59

3.1.8 - A focalização ............................................................................................................................................. 60

3.1.9 - A intertextualidade .................................................................................................................................... 60

3.1.10 - A intencionalidade e a aceitabilidade ...................................................................................................... 60

3.1.11 - A consistência e a relevância ................................................................................................................... 60

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EMENTA

→ Estudo do discurso verbal (oral e escrito) em língua portuguesa. → Regras gramaticais básicas. → Análise da coerência e da coesão. → Organização do pensamento: objetividade e clareza. → Determinação de assunto. → Identificação da idéia chave e das secundárias. → Estratégias de leitura e de resumo de textos.

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CAPÍTULO I: A COMUNICAÇÃO

1-Teoria da Comunicação: No mundo moderno, a palavra comunicação tornou-se lugar-comum e transformou-se em força de extraordinária vitalidade na observação das relações humanas e no comportamento individual. Nos últimos trinta anos, os cientistas aumentaram seu interesse pelo estudo e os efeitos do proces-so de comunicação. Inicialmente esse estudo era assistemático, transformando-se depois em subsídio vali-oso para outras ciências. Provado está que a comunicação é um processo social e, sem ela, a sociedade não existiria. Psicólogos, sociólogos, antropólogos foram atraídos a investigar e compreender sua atuação sobre os grupos humanos. Comunicar implica busca de entendimento, de compreensão. Em suma, contato. É uma ligação, transmissão de sentimentos e de idéias. O ser humano tem necessidade imperiosa de externar seus sentimentos ou idéias. Assim, em sua forma mais simples, o processo de comunicação consiste em um comunicador (emissor, transmissor ou codificador), uma mensagem e um recebedor (receptor ou de(s) codificador). A mensagem, num certo momento, está separada tanto do recebedor como do comunicador. É um sinal com algum significado para o comunicador e que transmite para o recebedor qualquer conceito que este interprete da mensagem. Esses sinais têm um significado convencionado por nós ou pela nossa expe-riência. Assim os sinais de trânsito significam o mesmo para todos os motoristas e o código Morse é inter-pretado, da mesma maneira, pelos telegrafistas. Essa é uma norma fundamental da comunicação: os sinais têm o significado que a experiência das pessoas permite atribuir a esses signos. Enquanto no Ocidente a cor preta representa tristeza, luto, na Índia, ao contrário, o signo represen-tativo desse sentimento é a cor branca. Bcngesjkritekfdmx, v,mcfn ,v c.;,v. ,mlkfgmkremgl,

2 - Importância da Comunicação: A força da comunicação, no mundo atual, é de uma multiplicidade infinita. Realmente, a todo instan-te, o homem sofre o impacto desse processo. A vida e o comportamento humano são regidos pela informa-ção, pela persuasão, pela palavra, som, cores, formas, gestos, expressão facial, símbolos. O entendimento não mais se faz apenas pela língua falada ou escrita, mas também através do rádio, da televisão, do jornal, da música, do cinema, da publicidade. Diríamos mais: hoje, podemos constatar estarrecidos que o código verbal está em crise. Predominam a imagem e a comunicação gestual. Segundo alguns especialistas em comunicação visual, a nossa civilização é a civilização da imagem, pois, a todo instante, o cidadão das grandes metrópoles é bombardeado por informações visuais. A publicidade atingiu, de tal forma, o homem através dos meios de comunicação, que nenhuma opção é feita sem o auxílio desses veículos. Recursos técnicos e científicos motivam os grupos humanos, seja no setor comercial, político ou religioso. O profissional, na publicidade, precisa motivar a massa, criando símbolos, siglas, marcas. No co-mércio, a marca de um produto ou de uma organização identifica a empresa, para que adquira característi-cas próprias e seja reconhecida e memorizada. A programação visual, com projetos bem fundamentados, seja nas indústrias, no comércio, nas rodovias, comprovadamente contribui para o progresso, a difusão dos produtos e a segurança dos usuários. Mais do que as palavras, o vocabulário visual identifica, muitas vezes, símbolos universais. Há, inclusive, uma preocupação de economia lingüística nas propagandas comerciais com o propósito de fazer a mensa-gem chegar mais rápido, chamando a atenção. Só o ser humano se comunica? Embora sabendo que há investigações no sentido de esclarecer se animais ou plantas se comuni-cam, isso, mesmo que venha a ser comprovado, possivelmente não modificará o critério adotado pelos teó-ricos da comunicação: só o ser humano se comunica através da língua como código.

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3 - O esquema da comunicação: Existem vários tipos de comunicação: as pessoas podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, etc; uma empresa, uma administração, até mesmo um Estado podem comunicar-se com seus membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens radiofônicas ou televi-sionadas, etc. Toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem e se constitui por certo núme-ro de elementos, indicados no esquema abaixo:

ESQUEMA DA COMUNICAÇÃO

CANAL DE COMUNICAÇÃO MENSAGEM

Estes elementos serão explicitados a seguir:

a) O emissor ou destinador é o que emite a mensagem; pode ser um indivíduo ou um grupo (firma, organismo de difusão, etc).

b) O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um indivíduo, um grupo, ou

mesmo um animal, ou uma máquina (computador). Em todos esses casos, a comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver uma incidência observável sobre o compor-tamento do destinatário (o que significa necessariamente que a mensagem tenha sido compreendi-da: é preciso distinguir cuidadosamente recepção de compreensão).

c) A mensagem é o objeto da comunicação: ela é constituída pelo conteúdo das informações trans-mitidas.

d) O canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. Ele pode ser definido, de maneira geral, pelos meios técnicos aos quais o destinador tem acesso, a fim de assegurar o encaminha-mento de sua mensagem para o destinatário:

→ Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido... → Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina...

De acordo com o canal de comunicação utilizado, pode-se empreender uma primeira classificação das mensagens:

EMISSOR OU DESTINADOR

RECEPTOR OU DESTINATÁRIO

REFERENTE

CÓDIGO

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as mensagens visuais, que recorrem à imagem (mensagens “icônicas”: desenhos, fotografias) ou aos símbolos (mensagens simbólicas: a escrita ortográfica as);

mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversos; as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc; as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo; as mensagens gustativas: tempero “quente” (apimentado) ou não...

Observação: um choque, um aperto de mão, um perfume só constituem mensagens se veicularem, por vontade do destinador, uma ou várias informações dirigidas a um destinatário.

A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível não é suficiente para que um destinatá-rio desatento a receba.

e) O código é um conjunto de signos e regras de combinação desses signos; o destinador lança mão

dele para elaborar sua mensagem (essa é a operação de codificação). O destinatário identificará este sistema de signos (operação de decodificação) se seu repertório for comum ao do emissor.

f) O referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem remete. Há dois tipos de referentes:

o referente situacional, constituído pelos elementos da situação do emissor e do receptor e pelas circuns-

tâncias de transmissão da mensagem. Assim é que quando uma professora dá a seguinte ordem a seus alunos: “coloquem o lápis sobre a

carteira”, sua mensagem remete a uma situação espacial, temporal e a objetos reais.

O referencial textual, constituído pelos elementos do contexto lingüístico. Assim, num romance, todos os referentes são textuais, pois o destinador (o romancista) não faz alu-

são — salvo raras exceções — à situação no momento da produção (da escrita) do romance, nem à do destinatário (seu futuro leitor). Os elementos de sua mensagem remetem a outros elementos do romance, definidos no seu próprio interior (por exemplo, em “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, João Romão não remete a um verdadeiro comerciante chamado João. Romão, trata-se de um personagem do romance, o cortiço de São Romão não remete a um cortiço verdadeiro; é um “objeto textual”). Da mesma forma, comentando sobre nossas recentes férias numa praia, num bate-papo com ami-gos, não remetemos, com a palavra “praia” ou com a palavra “areia”, a realidade presente no momento da comunicação.

4 - Problemas Gerais da Comunicação: A comunicação unilateral é estabelecida de um emissor para um receptor, sem reciprocidade. Por exemplo, um professor durante uma aula expositiva, um aparelho de televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber resposta. Já a comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alteram seus papéis. É o que acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há intercâmbio de mensagens. Certos organismos, limitados, pela própria essência, à difusão (jornais, rádio, televisão, por exem-plo), tentam às vezes estabelecer intercâmbio de mensagens com os destinatários, mas isso só lhes é pos-sível por intermédio de um novo canal de comunicação: correio ou telefone (por exemplo, a rubrica “carta aos leitores” nos jornais ou revistas, ou as perguntas feitas por telefone durante certos programas radiofôni-cos). Cabe dizer, também, que a mensagem proveniente de um emissor pode ser recebida por diferentes receptores e, para cada um deles, tomar um sentido ou um valor diferente, de acordo com suas respectivas situações.

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5 - Linguagem – Língua – Fala

Linguagem: é o exercício oriundo da faculdade, inerente ao homem, que lhe possibilita a comunicação. Embora nem todos os teóricos assumam esse posicionamento, podemos dizer que todo ser humano possui ao nascer, uma predisposição que faculta a aquisição da mesma (característica inata). “A linguagem tem um lado individual e um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro”. “A cada instante, a linguagem implica, ao mesmo tempo, um sistema estabelecido e uma evolução”. Por outro lado, sem o convívio social, essa predisposição se atrofia. Assim, tudo indica que a aprendiza-gem, na criança, se dá por imitação (característica adquirida).

Língua: há um instrumento peculiar de comunicação — a língua — distinta da fala e que represen-ta a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, “que por si só, não pode modificá-la”. Língua é forma. Enquanto a linguagem, como faculdade natural, é um todo heterogêneo, a língua é de natureza homogênea — sistema de signos (código) convencionais e arbitrários.

Fala: a fala, ao contrário, é um ato intencional, em nível individual, de vontade e inteligência.

6 - Funções da Linguagem: Pré-requisitos básicos: A linguagem, como instrumento de comunicação, não é exercitada gratuitamente. Segundo Karl Bühler, um enunciado estabelece uma relação tríplice com:

a) o emissor (1ª pessoa); b) o receptor (2ª pessoa); c) as coisas sobre as quais se fala (3ª pessoa).

Fundamentando-se nesse esquema, Bühler encontrou três funções na linguagem: expressiva, apelativa

e representativa. Romam Jakobson apóia-se nessas funções, desdobrando-se com nova terminologia: emotiva, conativa

e referencial. Para ampliar a tripartição de Bühler, Jakobson enfatiza mais alguns elementos no processo comunicató-

rio: a) o canal, b) o código; c) a mensagem,

relacionando-os com três novas funções: fática, metalingüística e poética.

6.1 Funções Propriamente Ditas:

Função referencial (ou denotativa ou cognitiva): aponta para o sentido real das coisas e dos seres.

Exemplo: À noite, vemos a Lua no céu.

Função emotiva (ou expressiva): centra-se no sujeito emissor e tenta suscitar a impressão de um sentimento verdadeiro ou simulado.

Exemplo: Que lua maravilhosa!

Função conativa (ou apelativa ou imperativa): centra-se no sujeito receptor e é eminentemente per-suasória.

Exemplo: Inspira-me, ó lua!

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Função fática (ou de contato): visa a estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação e serve

para testar a eficiência do canal.

Exemplo: Alô, alô, astronautas da lua, vocês conseguem me ouvir?

Função metalingüística: consiste numa recodificação e passa a existir quando a linguagem fala dela mesma. Serve para verificar se emissor e receptor estão usando o mesmo repertório.

Exemplo: A lua é o satélite natural da Terra.

Função poética: centra-se na mensagem, que aqui é mais fim do que meio. Opõe-se à função referen-cial porque nela predominam a conotação e o subjetivismo.

Exemplo: “... a lua era um desparrame de prata”. (Jorge Amado)

6.2 - Análise do texto

Em um mesmo texto, podem predominar várias funções da linguagem alternadamente. É o que se observa no trecho da crônica “Receita para Mal de Amor”, do jornalista e escritor Rubem Braga (publicada em “A Traição dos Elegantes”, Ed. Record, Rio de Janeiro, 1985): No texto acima podemos identificar várias funções da linguagem:

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Minha querida amiga: Sim, é para você mesma que estou escrevendo – você que naquela noite disse que estava com vontade de me pedir conselhos, mas tinha vergonha e achava que não valia a pena, e acabou me formulando uma

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pergunta ingênua: - Como é que a gente faz para esquecer uma pessoa? E logo depois me pediu que não pensasse nisso e esque-cesse a pergunta, dizendo que achava que tinha bebido um ou dois uísques a mais...

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Sei como você está sofrendo, e prefiro lhe responder assim pelas páginas de uma revista – fazendo de conta que me dirijo a um destinatário suposto. Destinatário, destinatária... Bonita palavra: não devia querer dizer apenas aquele ou aquela a quem se

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destina uma carta, devia querer dizer também a pessoa que é dona do destino da gente. Joana é minha destinatária. Meu destino está em suas mãos; a ela se destinam meus pensamentos, minhas lembranças, o que sinto e

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o que sou: todo esse complexo mais ou menos melancólico e todavia tão veemente de coisas que eu nasci e me tornei. Se me derem para encher uma fórmula impressa ou uma ficha de hotel eu poderei escrever assim:

Procedência: Chachoeiro de Itapemirim; Destino – Joana. Pois é somente para ela que eu marcho. No táxi, no bonde, no avião, na rua, não interessa a direção em que me movo, meu destino é Joana. Que importa saber que jamais chega-rei ao meu destino? [...]”

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Função Fática: “Sim, é para você mesma que estou escrevendo [...]”, pois o narrador quer se certificar de que o canal está sendo mantido. Função Metalingüística: na passagem “Destinatário, destinatária.. Bonita palavra [...]”, em que o narrador se detém sobre uma palavra refletindo sobre o seu significado. Função Emotiva ou Expressiva: Nos dois últimos parágrafos, o narrador expressa seus sentimentos. Função Poética: permeia todo o texto, pois é evidente a preocupação estética de Rubem Braga ao escrever sua crônica.

7 - Níveis de Linguagem: A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode transformar-se, através do tempo e, se compararmos textos antigos com os atuais, percebemos grandes mudanças no estilo e nas expressões. Por que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que considerar múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente e status sócio-cultural dos falantes. Há uma língua padrão? O modelo de língua-padrão é uma decorrência dos parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Às vezes, a mesma pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação sócio-cultural dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis diferentes de língua. Dentro desse critério, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois tipos de língua: a falada e a escrita. culta coloquial A língua pode ser vulgar ou inculta regional gíria grupal técnica língua-padrão coloquial não-literária vulgar ou inculta regional gíria grupal A língua escrita técnica pode ser literária

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8 - Língua Falada

Língua Culta: Língua culta é a língua falada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola. Obedece à gramá-

tica da língua-padrão. É mais restrita, pois constitui privilégio e conquista cultural de um número reduzido de falantes.

Exemplo: Temos conhecimento de que alguns casos de delinqüência juvenil no mundo hodierno decorrem da

violência que se projeta, através dos meios de comunicação, com programas que enfatizam a guerra, o roubo e a venalidade.

Língua Coloquial: Língua coloquial é a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem muita preocupação com as formas lingüísticas. É a língua cotidiana, que comete a mensagem peque-nos — mas perdoáveis — deslizes gramaticais.

Exemplo: — Cadê o livro que te emprestei? Me devolve em seguida, sim?

Língua Vulgar ou Inculta: Língua vulgar é própria das pessoas sem instrução. É natural, colorida, expressiva, livre de conven-ções sociais. É mais palpável, porque envolve o mundo das coisas. Infringe totalmente as convenções gra-maticais.

Exemplo: Nóis ouvimo falá do pograma da televisão.

Língua Regional: Língua Regional, como o nome já indica, está circunscrita a regiões geográficas, caracterizando-se pelo acento lingüístico, que é a soma das qualidades físicas do som (altura, timbre, intensidade). Tem um patrimônio vocabular próprio, típico de cada região.

Exemplo: A la pucha, tchê! O índio está mais por fora do que cusco em procissão – o negócio hoje é a tal de

comunicação, seu guasca!

Língua Grupal: Língua Grupal é uma língua hermética, porque pertence a grupos fechados.

→ Língua Grupal Técnica: A língua Grupal Técnica desloca-se para a escrita. Existem tantas quantas forem as ciências e pro-fissões: a língua da Medicina (como é difícil entender um diagnóstico...), a do Direito (restrita aos meios jurídicos), etc. Só é compreendida, quando sua aprendizagem se faz junto com a profissão.

Exemplo: O materialismo dialético rejeita o empirismo idealista e considera que as premissas do empirismo

materialista são justas no essencial. → Língua grupal Gíria: Existem tantas quantos forem os grupos fechados. Há a gíria policial, a dos jovens, dos estudantes, dos militares, dos jornalistas, etc.

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Exemplo:

O negócio agora é comunicação, e comunicação o cara aprende com material vivo, descolando um papo legal. Morou?

Observação: Quando a gíria é grosseira, recebe o nome de calão.

9 - Língua Escrita

Língua Não-Literária: A língua não-literária apresenta as mesmas características das variantes da língua falada tais como língua-padrão, coloquial, inculta ou vulgar, regional, grupal, incluindo a gíria e a técnica e tem as mesmas finalidades e registros, conforme exemplificaremos abaixo:

Língua-Padrão: A língua-padrão é aquela que obedece a todos os parâmetros gramaticais.

Exemplo: “O problema que constitui objeto da represente obra opõe-se com evidente principialidade, diante de

quem quer que enfrente o estudo filosófico ou o estudo só científico do conhecimento. Porém não é mais do que um breve capítulo de gnosiologia1”. (Pontes de Miranda)

Língua Coloquial: Exemplo:

— Me faz um favor: vai ao banco pra mim.

Língua Vulgar ou Inculta: (trecho de uma lista de compras) - assucar - basora (vassoura) - qejo (queijo) - alveques (Alvex)

Exemplo: Deu-lhe a boleadeira nos cascos, e o piá mais que parelheiro em cancha reta.

Língua Grupal: Os exemplos dados servem para ilustrar tanto a língua grupal gíria como a técnica. Observação: Quando redigimos um texto, não devemos mudar o registro, a não ser que o estilo o permita. Assim, se estamos dissertando — e, nesse tipo de redação, usa-se, geralmente, a língua-padrão — não podemos passar desse nível para um outro, como a gíria, por exemplo.

Língua Literária: A língua literária é o instrumento utilizado pelos escritores. Principalmente, a partir do modernismo, eles cometeram certas infrações gramaticais, que, de modo algum, se confundem com os erros observados em leigos. Enquanto nestes as incorreções acontecem por ignorância da norma, naqueles as mesmas ocor-rem por imposição da estilística.

Exemplo: “Macunaíma ficou muito contrariado. Maginou, maginou e disse pra velha...” (Mário de Andrade)

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9.1 - A plurissignificação da linguagem As palavras não apresentam um sentido único. Dependendo da forma como são utilizadas ou da situação em que são empregadas, podem assumir sentidos diferentes. No texto literário, no texto publicitá-rio, por exemplo, as palavras normalmente extrapolam seu sentido comum e podem até mesmo surpreen-der. A linguagem publicitária freqüentemente emprega recursos estilísticos próprios da linguagem literá-ria como a conotação, a polissemia, a ambigüidade, a função poética, a aliteração, e outros. Lançando mão desses recursos, o anunciante torna sua mensagem mais atraente, às vezes mais divertida ou inteligente. Além disso, esse tipo de procedimento aciona o repertório lingüístico do consumidor, fazendo-o participar mais ativamente da construção dos sentidos do texto. Conseqüentemente, há maior probabilidade de o consumidor lembrar-se daquela marca no momento em que for comprar aquele tipo de produto.

Denotação Conotação Palavra com significação restrita Palavra com significação ampla, criada pe-

lo contexto

Palavra com o sentido comum, aquele en-contrado no dicionário

Palavra com sentidos que carregam valo-res sociais, afetivos, ideológicos, etc.

Palavra utilizada de modo objetivo Palavra utilizada de modo criativo, artístico

Linguagem exata e precisa Linguagem expressiva, rica em sentidos

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CAPÍTULO II: O TEXTO

1 - TEXTO LITERÁRIO E TEXTO UTILITÁRIO

Texto

Literário Texto

Utilitário Linguagem pessoal, contaminada pelas

emoções e valores de seu locutor Linguagem impessoal, objetiva, informal

Linguagem plurissignificativa, conotativa Linguagem que tende à denotação

Recriação da realidade, intenção estética Informação sobre a realidade

Ênfase na expressão Ênfase na informação, no conteúdo

2 - INTERTEXTUALIDADE E PARÓDIA

→ Intertextualidade é a relação existente entre textos em que um cita o outro.

→ Paródia é um tipo de relação intertextual em que um dos textos cita o outro com o objetivo de fazer-lhe uma crítica, inverter ou distorcer suas idéias.

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3 - VEROSSIMILHANÇA

É a qualidade de um texto no qual os fatos usados para compor a narrativa precisam ter uma lógica in-terna. Isto é, os fatos têm de fazer sentido para o leitor, dentro do gênero em que foram criados.

Quando isso ocorre o texto é considerado verossímil, quando não ele é inverossímil.

4 - GÊNEROS

Tanto os textos que produzimos nas situações cotidianas de comunicação como o texto literário se organizam em gêneros. Enquanto os primeiros se organizam em gêneros textuais ou discursivos, que apresentam determinada estrutura, estilo (procedimentos de linguagem) e asunto, o texto literário se or-ganiza em gêneros literários.

4.1 Gêneros Literários Os textos literários são divididos em dois grandes grupos: os textos em verso e os textos em prosa.

→ Textos em verso são poemas, isto é, aqueles construídos com versos, cada verso correspondendo a uma linha do poema.

→ Textos em prosa são aqueles construídos em linha reta, ocupando todo o espaço da folha de papel, e organizados geralmente em frases. Parágrafos, capítulos, partes. Além dessa divisão, há outras classificações que procuram organizar e hierarquizar os textos literá-rios. A mais antiga delas, ainda hoje levada em consideração, baseia-se na obra Arte Poética, de Aristóte-les. De acordo com essa concepção clássica, há três gêneros literários:

Gênero lírico Tipo de texto no qual um EU LÍRICO (voz que fala no poema, que nem sem-pre corresponde ao autor) Tantexprime suas emoções, idéias e impressões ante o mundo exterior.

Gênero Épico ou narrativo

Caracterizado pela presença do NARRADOR. Exemplo: epopéia, romance, conto, fábulas, crônicas etc.

Gênero Dramático

Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história. Ela acontece no palco, representada pelos atores. Exemplo: teatro, filmes, novelas de TV etc.

4.2 - Gêneros textuais

É um conceito geral que engloba textos com características comuns em relação à linguagem, ao conteúdo e à estrutura, utilizados em determinadas situações comunicacionais, orais ou escritas.

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5 - TEXTO E TEXTUALIDADE

A palavra “texto” origina-se do verbo tecer. Trata-se de um particípio o mesmo que tecido. Assim, um texto é um tecido de palavras. A respeito deste ato de tecer, fazem-se necessárias algumas considera-ções:

5.1 - O texto não é um aglomerado de frases

Em um texto, o significado de suas partes depende da correlação que essas partes mantêm entre si. Portanto, para se entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem, sob pena de dar-lhe um significado diferente daquele que ela, de fato, contém. Em outros termos, é necessário considerar que, para se fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida.

Entende-se por contexto uma unidade lingüística maior na qual se encaixa uma unidade lingüística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto lingüístico de um parágrafo, este se encaixa no contexto de um capítulo que, por sua vez, se encaixa no contexto da obra toda.

Uma observação importante a se fazer é que nem sempre o contexto vem explicitado lingüistica-mente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa a uma passagem menor, pode vir implícito: os ele-mentos da situação em que se produz o texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pres-suposto o contexto em que se situa.

Observe o fragmento seguinte:

A nossa cozinheira está sem paladar.

Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto, dependendo da si-tuação concreta em que é produzido: Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto pode significar que a comida está sem sabor; dito para o médico, no consultório, pode sig-nificar que a cozinheira está acometida de alguma doença.

5.2 - Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla

Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jorna-lística, sob a aparência da neutralidade, traz sempre alguma intenção oculta. Observe este exemplo, extraído da revista Veja do dia 1º de junho de 1988, página 54.

CRIME TIRO CERTEIRO

Estado americano limita porte de armas.

“No início de 1981, um jovem americano de 25 anos, chamado John Hinckley Jr. Entrou numa loja

de arma de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com nome falso e, poucos minutos de-pois, saiu com seu Saturday Nigth Special nome criado na década de 60 para chamar um tipo de revól-ver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady, desde então, está preso a uma careira de rodas (...)”

Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o risco de vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente. Para comprovar essa situação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem, não permitiriam a veiculação dessa notícia.

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5.3 - Tipos de texto

Todo texto é uma enunciação, isto é, uma manifestação expressa com ou sem palavras com um significado. Daí, podermos falar em linguagem verbal e linguagem não-verbal.

→ Linguagem verbal: é a que utiliza a língua como código, seja oral ou escrita. → Linguagem não-verbal: é a que utiliza outros códigos, diferentes da palavra. Pode ser a cor, a for-ma, o movimento, o perfume, etc.

@shuhc`cdr9 Leia atentamente o texto a seguir:

Sketchs

Dois homens tramando um assalto. Valeu mermão? Tu traz o berro que nóis vamo rendê o caixa bonitinho. Engrossou, enche o cara

de chumbo. Pra arejá. Podes crê. Servicinho manero. É só entrá e pegá. Tá com o berro aí? Tá na mão. Aparece um guarda. Ih, sujou. Disfarça, disfarça. O guarda passa por eles. Discordo terminantemente. O imperativo categórico de Hegel chega a Marx diluído pelo fenome-

nologia de Feurback. Pelo amor de Deus. Isso é o mesmo que dizer que Kierkegaard não passa de um Kant com al-

gumas sílabas a mais. Ou que os iluministas do século 18... O guarda se afasta. O berro, tá recheado? Tá. Vamlá!

(VERÍSSIMO, Luis Fernando. As aventuras da família Brasil. O estado de S. Paulo, 8 mar.1998.)

Nesse sketch (fragrante) de Luis Fernando Veríssimo, foram usados dois registros, como se vê:

1- Analise o primeiro registro praticado.

a) como pode ser classificado?

b) Como pode ser explicada a formação de palavras como “mermão”e “vamlá”?

c) Que características guarda o segundo registro?

2- Crie dois parágrafos para substituir as duas falas intermediárias, que servem apenas para disfarce perante o guarda. Use o registro que julgar conveniente.

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

O complexo

(RIBEIRO, João Ubaldo. O complexo. O Globo, 26 mar 2000, c. 1, p. 6.)

05 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

No meu distante tempo de rapaz falava-se muito em complexo de inferioridade e superioridade. Caiu de moda, não sei bem por quê. Talvez seja até politicamente incorreto dizer que alguém tem complexo, essas questões ficam cada vez mais complicadas. Mas, naquele tempo, não. Todo mundo tinha complexo, se bem que fosse uma condição de diagnóstico problemático, porque se alegava que quem ostentava ares de melhor que os outros estava, na verdade, mascarando um complexo de inferioridade e, por seu turno, quem agia com excessiva humil-dade e timidez era no fundo um descomunal arrogante, que temia exibir sua convicção de que pairava muito acima do semelhante. No meu caso pessoal, jamais houve consenso, embora, em retrospecto e a julgar pelo meu desempenho em namoros e correlatos, tendo a crer que nem complexo de inferioridade eu tinha realmente – era inferior mesmo, condição enfatizada com acabrunhante regularidade pelas moças que tentava cortejar. Quanto aos brasileiros em geral, contudo, o complexo de inferioridade era reconhecido quase com unanimi-dade. Segundo nossa visão, não valíamos nada, tudo de fora era melhor e Deus se mostrara injusto conosco, fa-zendo-nos nascer aqui. Em comportamento típico do complexado, ensaiávamos alguns esforços para nos livrarmos disso, desde escrever livros mostrando como éramos abençoados, a proclamar convicções exaltadas de que tínha-mos as mulheres mais elegantes do mundo, os melhores pilotos de avião, os melhores arquitetos e até a melhor gente, cortês, alegre, hospitaleira e despida de preconceitos. Mas a verdade é que o complexo se manifestava o tempo todo. Nada fabricado no Brasil, por exemplo, funcionava direito, a ponto de ter havido casos patéticos, como brasileiros trazendo do exterior produtos de marca estrangeira, mas fabricados aqui mesmo e exportados. E qual-quer comentário estrangeiro sobre o Brasil, por mais imbecilóide, ganhava manchetes na imprensa, tratava-se de opinião sempre relevantíssima, que nos engrandecia no concerto das nações ou, bem mais comumente, nos reco-locava no nosso lugar apropriado, ou seja, a quinta ou sexta categoria. Agora olhamos em torno e vemos que, embora não usemos a palavra, continuamos complexadíssimos. Não nos expomos mais a espetáculos ridículos, tais como o deslocamento maciço de torcedores fanáticos para concur-sos de misses aos quais ninguém, a não ser nós, dava importância e já reconhecemos que algumas das coisas produzidas aqui são de boa qualidade, mas persistimos numa postura de rabo entre as pernas. Sou veterano em congressos, conclaves, seminários e quejandos internacionais e já assisti, entre deprimido e envergonhado, a brasi-leiros ouvindo, cabisbaixos e contritos, sermões de representantes de povos muito mais desenvolvidos (o que lá queira dizer isto) do que nós, a respeito, por exemplo, das mortes de crianças de rua no Brasil. Claro, o problema das crianças de rua é sério e vergonhoso, mas não se podem aceitar palavras santimoniais de quem, tão adiantado e desenvolvidíssimo, já matou crianças em escala industrial e sistematicamente. O mesmo ocorre em praticamente todas as áreas. Fala-se em favelas, outra vergonha, mas esquecem-se os guetos raciais, religiosos ou econômicos do país de quem está falando. Continuamos inferiores e nem a nossa língua presta, como se observa em toda parte e como é manifestado em comentários de que ela é inexpressiva, não serve para cinema e, mesmo na música, o inglês soa melhor. Nossas lideranças e nossos formadores de opinião (o que lá seja isso outra vez) agem de con-formidade com o complexo. Basta um porreta americano qualquer fazer uma classificação econômica do Brasil negativa para esquecermos que isto é regido pelos interesses e critérios dele, as bolsas ficarem nervosíssimas, os comentaristas financeiros alarmados e o Governo cada vez mais disposto a se comportar bem, ou seja, de acordo com o que lá de fora querem que façamos. Do contrário, afundaremos em abismo perpétuo e talvez até acabemos como nação, transformados num bando de miseráveis definitivos, o buraco negro de Calcutá da Humanidade. Te-mos de nos enquadrar, ou as conseqüências serão apocalípticas. Temos de nos enquadrar p. nenhuma, a verdade é completamente oposta. Quem precisa de nós é o grande capital internacional e não nós dele, primordialmente. A economia brasileira, cujo controle fazemos tudo para entre-gar de mão beijada ou até pagando, representa mais de 40% daquela da América Latina toda, inclusive o México. Estou chutando um pouco, mas creio que a economia da América Central inteira cabe no bolsinho pequeno da grande São Paulo, num bairro talvez. O Brasil não só não vai quebrar (pode apenas tomar sustos intencionalmente pregados, para que cedamos a interesses imediatistas ou episódicos, o que é normalmente o caso), como não pode quebrar e não deixarão jamais que quebre, é tudo careta para assustar complexado. Se quebrar, para começar o resto da América Latina vai para a cucuia em coisa de dez a quinze minutos. E vão para a cucuia investimentos internacionais de arregalar os olhos de qualquer brasileiro, pois todo mundo, menos brasileiro, investe cada vez mais aqui. Tudo besteira, essa empulhação que nos enfiam goela abaixo para obter vantagens descabidas, quando nós somos – surpresa – até um dos maiores mercados de cosméticos, eletrodomésticos e comunicações do mundo. Aliás, somos um dos mercados mais importantes do mundo e ponto final. Sexta ou sétima população do mundo também, com todo o potencial em cima. Ninguém nos pode ignorar, sob pena de quebrar a cara. "Eles" sabem dis-so, mas não lhes interessa que saibamos, e mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, não no que fazem. Só quem não sabe somos nós, a começar pelo Governo. Ninguém nos faria favor nenhum em nos paparicar e o complexo tem que, finalmente, acabar. De minha parte, como imagino que da sua, quero ser papari-cado bastante e, quando der, acredito também que prefiramos nossa parte em dinheiro.

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1- Tendo em vista o sentido geral do texto, pode-se afirmar que o objetivo principal do autor é: a) criticar a tendência dos brasileiros de se considerarem inferiores em relação às nações desenvolvidas. b) explicar as estratégias usadas pelos países desenvolvidos para manterem seu domínio sobre os países subdesenvolvidos. c) descrever a mudança de mentalidade dos brasileiros, que de inferiores passaram a julgar-se superiores aos demais povos. d) incitar os brasileiros a se insurgirem contra os países desenvolvidos, impondo-lhes a superioridade já conquistada pelo Brasil. e) apresentar as raízes históricas do complexo de inferioridade assumido pelos brasileiros no seu relacio-namento com outras nações mais desenvolvidas.

2- ”Todo mundo tinha complexo” (linha 5). Para o autor, o que mais lhe marcava o sentimento de inferioridade em sua juventude era: a) o seu modo arrogante de agir. b) a sua excessiva humildade e timidez. c) a sua convicção de que a família não gostava dele. d) a sua aversão às moças que namorava. e) o seu desempenho em namoros.

3- “já assisti, entre deprimido e envergonhado, a brasileiros ouvindo, cabisbaixos e contritos, sermões de representantes de povos muito mais desenvolvidos [...] do que nós” (linhas 41-44).

Das alternativas abaixo, aquela que NÃO aparece no texto como assunto das críticas dirigidas ao Brasil por parte de países desenvolvidos é: a) a existência de favelas. b) a matança de meninos de rua. c) as avaliações depreciativas de nosso sistema econômico. d) a transformação da população em um bando de miseráveis. e) a inadequação do português para certas atividades culturais.

4- O autor considera ridículas algumas práticas típicas dos brasileiros, usadas para encobrir nosso complexo de inferioridade. Das práticas abaixo, aquela que NÃO é reveladora do complexo referido pelo autor é:

a) proclamar a elegância de nossas mulheres. b) escrever livros exaltando nossa grandeza. c) participar de forma fanática de concursos de beleza feminina. d) reconhecer que algumas das coisas produzidas aqui são de boa qualidade. e) atribuir relevância excepcional a observações de estrangeiros sobre o Brasil.

5- “Temos de nos enquadrar p. nenhuma” (linha 64). Com relação à idéia expressa no final do terceiro parágrafo (linha 63), pode-se afirmar que a sentença do autor acima transcrita serve para: a) ratificá-la. b) ironizá-la. c) retificá-la. d) esclarecê-la. e) exemplificá-la.

6- O autor às vezes se vale do discurso irônico, de modo que o que ele diz não é o que ele de fato pensa. Das passagens abaixo, aquela que, com base no sentido global do texto, NÃO traduz o pen-samento do autor é:

a) “o problema das crianças de rua é sério e vergonhoso” (linha 45). b) “Temos de nos enquadrar, ou as conseqüências serão apocalípticas.” (linha 63). c) “a economia da América Central inteira cabe no bolsinho pequeno da grande São Paulo” (linhas 69-70). d) “somos um dos mercados mais importantes do mundo” (linhas 81-82). e) “Ninguém nos pode ignorar, sob pena de quebrar a cara.” (linhas 83-84).

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7- Aparecem no texto algumas expressões típicas da linguagem coloquial. Assinale a alternativa em que aparece INDEVIDAMENTE explicitado o sentido da expressão utilizada:

a) “mas persistimos numa postura de rabo entre as pernas.” (linhas 39-40) / ressentida. b) “cujo controle fazemos tudo para entregar de mão beijada” (linhas 66-67) / sem nada receber em troca. c) “Estou chutando um pouco” (linhas 68-69) / arriscando a resposta, tentando acertar. d) “E vão para a cucuia investimentos internacionais de arregalar os olhos de qualquer brasileiro.” (linhas 76-8) / vão malo-grar-se, não vão adiante. e) “essa empulhação que nos enfiam goela abaixo” (linhas 78-79) / nos impõem.

8- O autor aponta contradições no discurso das nações desenvolvidas, ao criticarem o Brasil. A alter-nativa que apresenta uma dessas contradições apontadas pelo autor é:

a) a desvalorização da língua portuguesa em favor do inglês. b) a matança de crianças já perpetuada em grande escala. c) o desprezo pelas nações latino-americanas. d) o receio da transformação do Brasil em país desenvolvido. e) o menosprezo à música e ao cinema brasileiros.

9- A alternativa em que a palavra ou expressão em destaque NÃO é sinônima da que aparece subli-nhada em passagem do texto é:

a) “a proclamar convicções exaltadas de que tínhamos as mulheres mais elegantes do mundo, os melhores pilotos de avião, os melhores arquitetos e até a melhor gente, cortês, alegre, hospitaleira e despida de preconceitos.” (linhas 21-24) / inclusive. b) “tais como o deslocamento maciço de torcedores fanáticos para concursos de misses aos quais ninguém, a não ser nós, dava impor-tância” (linhas 36-38) / salvo. c) “pois todo mundo, menos brasileiro, investe cada vez mais aqui.” (linhas 77-78) / exceto. d) “nós somos – surpresa – até um dos maiores mercados de cosméticos, eletrodomésticos e comunicações do mundo. Aliás, somos um dos mercados mais importantes do mundo e ponto final.” (linhas 80-82) / ou melhor. e) “tendo a crer que nem complexo de inferioridade eu tinha realmente – era inferior mesmo” (linhas 12-13) / também.

10- “Temos de nos enquadrar, ou as conseqüências serão apocalípticas.” (linha 63) Das alterações processadas na sentença acima, aquela em que ocorre substancial MUDANÇA de sentido é: a) Se não nos enquadrarmos, as conseqüências serão apocalípticas. b) As conseqüências serão apocalípticas, caso não nos enquadremos. c) Na hipótese de não nos enquadrarmos, as conseqüências serão apocalípticas. d) As conseqüências serão apocalípticas, a menos que não nos enquadremos. e) As conseqüências serão apocalípticas, uma vez que não nos enquadremos.

11- “mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, não no que fazem.” (linhas 85-86) Assinale a alternativa em que a palavra inserida na passagem acima acarreta MUDANÇA substancial de sentido: a) Mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, mas não no que fazem. b) Mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, portanto não no que fazem. c) Mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, porém não no que fazem. d) Mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, embora não no que fazem. e) Mantemos o péssimo hábito de prestar atenção no que eles falam, entretanto não no que fazem.

12- A alternativa em que se destaca ERRADAMENTE a palavra ou expressão a que se refere o termo sublinhado é:

a) Segundo nossa visão, não valíamos nada” (linhas 17-18) / dos brasileiros.

b) “(o que lá queira dizer isto)” (linha 43) / povos muito mais desenvolvidos. c) “cujo controle fazemos tudo para entregar de mão beijada” (linhas 66-67) / da economia brasileira.

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d) “isto é regido pelos interesses e critérios dele” (linha 57) / de um porreta americano. e) “De minha parte, como imagino que da sua, quero ser paparicado bastante” (linhas 88-89) / do Governo.

13- “temia exibir sua convicção de que pairava muito acima do semelhante.” (linhas 9-10) “Agora olhamos em torno e vemos que [...] continuamos complexadíssi-mos.” (linhas 34-35) As palavras cujos prefixos traduzem, respectivamente, as noções de “acima” e “em torno” são: a) supracitado / perímetro. b) decapitar / circumpolar. c) hipertensão / perpassar. d) superposição / semicírculo. e) subaquático / circunavegar.

14- Assinale a alternativa em que a alteração na ordem da sentença pode acarretar substancial MU-DANÇA de sentido:

a) “No meu distante tempo de rapaz falava-se muito em complexo de inferioridade e superioridade.” (linhas 1-2) / Muito se falava em complexo de inferioridade e superioridade no meu distante tempo de rapaz. b) “era inferior mesmo, condição enfatizada com acabrunhante regularidade pelas moças que tentava cortejar.” (linhas 13-15) / era inferior mesmo, condição enfatizada pelas moças que tentava cortejar com acabrunhante regularidade. c) “Claro, o problema das crianças de rua é sério e vergonhoso” (linha 45) / Claro, é sério e vergonhoso o problema das crianças de rua. d) “Quem precisa de nós é o grande capital internacional e não nós dele, primordialmente.” (linhas 65-66) / É o grande capi-tal internacional quem precisa de nós e não nós dele, primordialmente. e) “Se quebrar, para começar o resto da América Latina vai para a cucuia em coisa de dez a quinze minutos.” (linhas 74-75) / Se quebrar, para começar vai o resto da América Latina para a cucuia em coisa de dez a quinze minutos.

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CAPÍTULO III: A GRAMÁTICA

1 - "Tipo assim" e "a nível de" Aceitável na linguagem coloquial, mas abominadas pela gramática tradicional nos textos formais, as frases: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assim, assuntando./Era um homem tipo assim, quem tudo sabe./Era uma mulher tipo assim, perua. Nem metaforicamente (pela linguagem figurada ou transporte de significados), há lógica na expressão. Atualmente, há uma chuva de "tipo assim, cara..", "tipo assim, não gosto de estudar." É um modismo da juventude, como acontece com todas as gerações. "A lo-cução 'a nível de', modismo desnecessário e condenável, tornou-se uma das mais terríveis muletas lingüís-ticas da atualidade, em substituição a praticamente tudo que se queira", afirma Eduardo Martins, no Manual de Redação do Estadão. O manual apresenta alguns exemplos de como evitar a expressão: Decisão "a nível" de diretoria (decisão de diretoria). / Decisão "a nível" de governo (decisão governamental). Reunião "a nível" internacional (reunião internacional). O clube está fazendo contratações "a nível de" futuro (contratações para o futuro). A proposta pelo jogador será "a nível de" (em torno de) 5 a 6 milhões de dólares. Pude avaliar o técnico "a nível de" (como) uma pessoa pública. Ela, "a nível da" (em relação à) eleição, só pretende votar bem. “A nível de" (como) jornalista, prefere assuntos mais leves.

Em determinados casos podem ser usadas as locuções "no plano (de)" e "em termos de". Ou, em

última instância, "no nível de" e "em nível de" (uma vez que "nível" rejeita o a sozinho): Os candidatos teri-am hoje, "a nível" nacional (no plano nacional, em termos nacionais), 24% das intenções de voto. / O grupo elevou a entidade "a nível" primeiro-mundista (ao nível primeiro-mundista).

Existe ainda "ao nível de", mas apenas com o significado de "à mesma altura": ao nível do mar.

2 - PROBLEMAS MAIS COMUNS DA LÍNGUA PORTUGUESA

2.1 - Emprego de algumas palavras e expressões

POR QUE / PORQUE / POR QUÊ / PORQUÊ → Por que

a) nas interrogações diretas e indiretas.

Ex.: Por que você não veio? (interrogação direta, com ?) Quero saber por que você não veio. (apesar de ser uma frase aparentemente afirmativa, pois encer-ra-se com ponto final, ela exige uma resposta, portanto é uma pergunta indireta)

b) quando puder ser substituído por “por qual motivo”

ex.: Por que não veio? (por qual motivo você não veio?)

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c) quando for possível inserir a palavra “motivo” após a palavra “por que” ex.: Até hoje não sei por que (motivo) ela foi embora

d) quando puder ser substituído por “pelo qual”, pelos quais, pelas quais:

ex.: Não sei porque estradas ele andou (não sei por quais estradas ...)

→ Porque e) grafa-se porque quando se trata de uma afirmação, causa, motivo ou explicação (não pode ser substituído por “por qual motivo”).

Ex.: Não vim porque não quis. (não vim por qual motivo não quis – impossível)

→ Por quê a) apresenta todas as características da forma por que, porém vem perto do ponto final ou do ponto de interrogação.

Ex.: No governo, ninguém sabe por quê. Você não veio por quê?

→ Porquê a) é um substantivo b) vem sempre precedido de O c) aceita plural d) é sinônimo de razão, motivo, causa

ex.: Meu filho é o porquê da minha vida (razão, motivo)

MAU / MAL → Mau– é o contrario de bom

→ Mal – é o contrário de bem

ONDE / MAU → Onde – refere-se a um lugar fixo, é um pronome relativo

→ Aonde – usa-se com verbos que indicam movimento. É igual a “para onde”. Aonde você vai?

MAS / MAIS → Mas – é sinônimo de porém, contudo, exprime oposição

→ Mais – é o oposto de MENOS; é um advérbio de intensidade.

CESSÃO /SESSÃO / SEÇÃO OU SECÇÃO → Cessão – é derivado do verbo ceder. Ex.: Fazer cessão dos direitos

→ Sessão – é uma reunião de “S”, e significa reunião de pessoas, sessão de cinema, sessão da câmara.

→ Seção ou secção – significa divisão, a seção do shopping, a seção do jornal

À TOA / À-TOA → À toa – adjunto adverbial de modo. Passei a tarde à toa.

→ À-toa – adjetivo, qualidade. É uma mulher à-toa.

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HÁ / A → Há – indica passado, tempo transcorrido. Ele saiu há meia hora.

→ A – futuro. O avião partida daqui a meia hora.

ACERCA DE / HÁ CERCADE → Acerca de – a respeito de. Falamos acerca de futebol.

→ Há cerca de – tempo decorrido. Discutimos esse assunto há cerca de uma semana.

AO ENCONTRO DE / HÁ CERCA DE → Ao encontro de – a favor. Aquelas atitudes vão ao encontro do que eles pregavam.

→ De encontro a – contra. Sua atitude veio de encontro ao que eu esperava.

AFIM / A FIM DE → Afim – significa semelhante, afinidade. Física e matemática são matérias afins. O genro é um parente afim.

→ A fim de – significa finalidade. Estudo a fim de aprender.

DEMAIS / DE MAIS → Demais – equivale a muito. Estudei demais.

→ De mais – Oposto a de menos. Não fiz nada de mais.

SENÃO / SE NÃO → Senão – equivale a caso contrário. Espero que faça sol, senão não iremos a praia.

→ Se não – equivale a se por acaso não. A festa será amanha se não houver chover.

AO INVÉS DE / EM VEZ DE → Ao invés de – ao contrário de. Ao invés do que foi previsto, choveu muito.

→ Em vez de – em lugar de. Em vez de jogar futebol, fui ao cinema.

DIA-A-DIA / DIA A DIA → Dia-a-dia – rotina, cotidiano. Meu dia-a-dia é cansativo.

→ Dia a dia – todos os dias. Dia a dia ela está crescendo.

À MEDIDA QUE / NA MEDIDA EM QUE → À medida que – à proporção. À medida que estuda, aprende.

→ Na medida em que – porque. A crise cambial foi catastrófica na medida em que agravou o desemprego.

A PAR DE / AO PAR → A par de – estar ciente. Estou a par do que aconteceu.

→ Ao par – paridade monetária, jargão econômico. O peso está ao par do dólar.

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Dwdqbíbhnr d sdrsdr9 1) (FUVEST – SP) Reescreva, preenchendo as lacunas com por que, por quê, porque ou porquê:

a) ........................ é que você disse isso? b) Não sei bem ..................... c) Não será ..................... tem inveja dele? d) Acho que não. Vou dizer-lhe a razão ..................... o disse.

2) Preencha as lacunas, optando por uma das formas entre parênteses:

a) É impossível fazer .................... somente aos outros. (mal, mau) b) Não há ................... tão .................... de que não resulte algum bem. (mal, mau) c) Ele é um menino ................... (malcriado, maucriado) d) Me falou que o .................. é bom e o bem cruel. (mal, mau) e) Meu bem, meu .................... (mal, mal) f) Esta é a famosa história daquele homem ................... (mal, mau) g) É mais fácil reconhecer um ..................... quando ele não se parece com a gente. (mal-caráter, mau-

caráter) h) ..................... de tudo fica um pouco. (mas, mais) i) São Paulo é a cidade que .................... cresce no mundo. (mas, mais) j) Você não gosta de mim ..................... sua filha gosta. (mas, mais) l) .................... vale um pássaro na mão, do que dois voando. (mas, mais) m) Os dois amigos caminhavam ........................ (a par, ao par) n) A alta exagerada da libra deixou o câmbio quase ....................... ( a par, ao par) o) Ele estava ........................... dos planos inimigos. (a par, ao par) p) O governo tomou medidas que vêm ............................... às reivindicações dos trabalhadores, evi-

tando, dessa forma, o movimento grevista. (ao encontro, de encontro) q) O governo tomou medidas que vêm ..................................... reivindicações dos trabalhadores, o

movimento grevista. (ao encontro das, de encontro às) r) Ele caminhou ............................ de seu amigo, abraçando-o calorosamente. (ao encontro de, de en-

contro à) s) A casa ........................................ nasci. (aonde, donde, onde) t) ................................. você vem? (aonde, donde, onde) u) ................................... você vai? (aonde, donde, onde)

3) Preencha as lacunas, optando por mal, mau, bem, bom, males, bens:

a) Não há mal tão ............................ de que não resulte algum bem. b) Quantos .......................... que dão origem e ocasião a grandes bens. c) Só conheço na vida dois males ....................... reais: são o remorso e a doença. E o único

........................ é a ausência desses dois ............................ d) O mal é necessário. Se não existisse, o .......................... não existiria tampouco. O ..................... é a

única razão de ser do bem. Que seria a coragem longe do perigo e a compaixão sem a dor? e) Esqueço o meu mal quando curo o ............................ dos demais.

4) Preencha as lacunas, empregando uma das formas entre parênteses:

a) ............................ muito deixamos de nos ocupar com coisas ta miúdas. (há, a) b) Daqui ........................... alguns séculos pode ser que a vida seja mais valorizada. (há, a) c) Daqui ................................ pouco eu vou! (há, a) d) ............................... muitos anos não o vejo. (há, a) e) Partiríamos daqui ......................... alguns dias. (há, a) f) Nada mudou desde então; as coisas têm permanecido na mesma ......................... alguns anos. (há,

a) g) Nada nos disse ...................... de nossas reivindicações. (há cerca, acerca) h) Tudo se perdeu num naufrágio .................... de quinze anos. (há cerca, acerca) i) Partiu .................... de procurar uma vida melhor (afim, a fim) j) Exercíamos atividades .................... (afins, a fim) l) Não falei nada ..................... (demais, de mais) m) Todos os .................... já haviam saído. (demais, de mais) n) Haviam insistido ....................... (demais, de mais) o) ...................... atenderem nosso pedido, teremos de interromper o trabalho. (senão, se não) p) Temos de encontrar uma solução, ......................... não conseguiremos nada! (senão, se não)

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5) Complete usando por que, por quê, porque, porquê: a) Queria saber ...................... as coisas estão neste estado. b) Você se preocupa com isso? .......................? c) ..................... acredito que nos devamos preocupar com os ideais ........................ lutamos. d) E você poderia dizer .................... devemos fazer isso? É ........................ você realmente acredita

nisso? e) Sim, é ................... realmente acredito nisso. Acredito num ................................ fundamental para a

vida: a eterna criação e recriação. 6) (UM – SP) Assinale a alternativa que apresenta erro quanto ao emprego do porquê:

a) Não sei por que as cousas ocultam tanto mistério. b) Os poetas traduzem o sentido das cousas sem dizer por quê. c) Eis o motivo porque os meus sentidos aprenderam sozinhos: as cousas têm existência. d) Por que os filósofos pensam que as cousas sejam o que parecem ser? e) Os homens indagam o porquê das estranhezas das cousas.

7) (E. Objetivo – SP) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase inicial: “............................ era um ..................... filme, foi programado para apenas uma ..........”

a) Por que – mau – sessão d) Porque – mal – sessão b) Por que – mal – seção e) Porque – mau – sessão c) Por quê – mau – seção

8) (ESPM) Use a fim ou afim, conforme a solicitação dos enunciados abaixo:

a) A idéia dela era ........................ à minha. b) Ele não está ............................. de sair comigo.

9) (UM – SP) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do período: “Não sei a razão ....................... as pessoas daquela ................... espírita ficaram debatendo sobre a ....................... dos mortos.”

a) por que – secção – reçurreição d) porquê – seção – reçurreição b) por que – sessão – ressurreição e) por que – sessão - ressureissão c) porque – seção – reçurreição

10) (FUVEST – SP) Selecione a forma adequada ao preenchimento das lacunas: “O ................. aluno foi ................... na prova de inglês, ....................... não sabe; se você o .........., é bom avisá-lo.”

a) mau – mal – mas – vir b) mal – mau – mas – ver c) mal – mal – mais – ver d) mau – mau – mais – vir e) mau – mal – mais – vir

11) (FUVEST – SP) Assinale a frase gramaticalmente correta:

a) Não sei por que discutimos. b) Ele não veio por que estava doente. c) Mas porque não veio ontem? d) Não respondi porquê não sabia. e) Eis porque da minha viagem.

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3 - USO DA PONTUAÇÃO Para reproduzir na linguagem escrita, os inumeráveis recursos da fala, contamos com uma série de sinais gráficos denominados sinais de pontuação são eles:

Ponto (.) Ponto de interrogação (?) Ponto de exclamação (!) A virgula (,) Ponto e virgula (;) Dois pontos (:) As aspas (“ “) O travessão ( - ) As reticências (...) Os parênteses ( ( ) )

Alguns sinais de pontuação servem, fundamentalmente para marcas pausas (o ponto, a virgula, o

ponto e virgula). Outros têm função de marcar a melodia, a entonação da fala (o ponto de exclamação, o ponto de interrogação, etc...).

Não é possível fixas as regras para o emprego correto dos sinais de pontuação, pois, além dos ca-sos em que o uso de determinados sinais obrigatórios, existem também razões de ordem subjetiva para a sua utilização.

A seguir, veremos algumas orientações sobre o uso dos sinais de pontuação.

3.1 - A vírgula

A vírgula é usada para indicar a separação entre termos independentes entre si, quer no período, quer na oração. Desde que a vírgula apenas indica o que já está separado, não a podemos empregar entre os termos que mantêm entre si uma estreita ligação. Seria erro grave colocá-la entre o sujeito e o verbo, entre o verbo e seu complemento, entre o substantivo e seu adjunto adnominal. Exemplos:

Errado: A cidade mais próxima, fica a dois quilômetros. Correto: A cidade mais próxima fica a dois quilômetros. Errado: Os habitantes, moravam em barracas de couro. Correto: Os habitantes moravam em barracas de couro.

Devem ser separados por vírgulas

Vocativos: "Sabeis, cristãos, por que não faz fruto a palavra de Deus?" (Vieira)

Apostos: Nós, cristãos, amamos a Deus.

Adjuntos adverbiais: "Uma noite, no seio da cabana, a virgem de Tupã tomou-se esposa de Marfim." (Alencar)

Não usaremos vírgula quando o advérbio, pelo seu sentido, prender-se estritamente ao termo por ele modificado.

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Exemplos: Moramos ali. Iremos ao Amazonas. Há expressões e palavras correlativas, explicativas, escusativas etc., que, dada a natureza intercalativa, devem ser colocadas entre vírgulas.

Exemplos:

"O amor, por exemplo, é um sacerdócio." (Machado de Assis) "Os requerentes, data vênia, entraram." (Oiticica) Escapamos, isto é, fugimos. Conjunções coordenativas, pospositivas, como: porém, contudo, pois, entretanto, portanto etc.

Exemplos:

Porém, os estudos foram encerrados. Os estudos, porém, foram encerrados. Os termos aos quais queremos dar ênfase (geralmente pleonásticos), mormente quando na ordem

inversa. Exemplos:

"As folhas, levou-as o vento." "Ao homem, deu-lhe Deus a sensibilidade para amar o bem." As palavras de mesma categoria gramatical (sujeito composto, vários adjuntos, objetos diretos etc.).

Exemplos:

A noz, o burro, o sino, o preguiçoso, nenhum sem pancada faz o seu ofício.

Vírgula separando orações Quanto à vírgula separando orações, devemos observar que todas as orações costumam, salvo as

exceções, admitir vírgula entre si. Notamos, por exemplo, as orações intercaladas: "Os capinhas, saltando a pulo as trincheiras, fugiam à velocidade espantosa do animal".

Também as orações adverbiais, quando iniciam período ou se intercalam: "Como disse Buda, tudo é dor". "Quando ela desapareceu, o jovem recostou-se ao tronco da emburana e esperou." Separando as orações subordinadas adjetivas explicativas: "Os homens, que são seres racionais, dominam a natureza".

Não se usa vírgula antes de

Orações subordinadas SUBSTANTIVAS: Esperamos que ele vença. As orações subordinadas substantivas apositivas, quando deslocadas, vêm entre vírgulas.

Exemplos:

Proferiu o agonizante estas palavras: que nós não o devíamos abandonar. Estas palavras, que nós não o devíamos abandonar, o agonizante proferiu. Orações subordinadas ADJETIVAS RESTRITIVAS: "Um vegetal é um animal que dorme." Quando as orações são ligadas pela conjunção e, normalmente não utilizamos vírgula. Não obstante, colocamos vírgula antes da conjunção e,quando: - as orações têm sujeitos diferentes.

Exemplo:

A noite caía, e o baile começou. a 2ª oração repete o conceito da 1ª (pleonástica).

Exemplo:

"Neguei-o eu, e nego". (Rui) o "e" é puramente enfático (polissíndeto).

Exemplo:

E suspira, e geme, e sofre, e sua. o "e" tem valor de mas (adversativa).

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Exemplo: Estudou, e foi reprovado.

Observações:

Usamos vírgula para evitar frases confusas e mesmo equívocas. Exemplo:

“A grita se levanta ao ceu, da gente.” (Camões) “É fácil dar bons conselhos; segui-los sempre, custa mais.” (J. Nogueira)

Usamos vírgula para indicar a elipse do verbo.

Exemplo: "O colégio compareceu fardado; adiretoria, de casaca." (R. Pompéia) nas datas, separam-se os topônimos.

Exemplo: São Paulo, 13 de agosto de 1972.

Nota

Caixa Postal 14 (não "Caixa Postal, 14") Rua Boa Morte, 1242 - Apartamento 80 - Casa 26

3.2 - Dois-pontos

Dois-pontos são empregados nos seguintes casos: Para uma citação ou afirmação textual:

Exemplos: Camões aconselha: "É fraqueza desistir de empresa começada." Tenho dito mil vezes: "Nunca idolatrei formas de governo." A Escritura diz: "Honrarás teu pai e tua mãe."

Para discriminar as partes de um todo: "Há várias espécies de instrumentos cortantes: faca, machado, foice, canivete, espada etc.". "Três

cousas me assombraram: terem eles embarcado em tal jangada, não haverem dito nada ao capitão e, sobretudo, terem levado a pobre criança." "Aqueles ministros, ainda quando despachavam mal aos seus requerentes, faziam-lhes três mercês: poupavam-lhes o dinheiro, poupavam-lhes o tempo, poupavam-lhes as passadas."

Antes de uma explicação ou esclarecimento:

"O padre reza: a estola é de uma cor que chora: roxa como a saudade astral dessas olheiras onde correm de novo as lágrimas de outrora...". "Abre as folhas: a água: a água rebrilhando lá está..”

3.3 - Reticências

Reticências é o conjunto de três pontos que denotam suspensão de pensamento; servem também para denotar malícia ou ironia: Exemplo:

“Se tu soubesses...” “Sou eu que não sei o que digo...”

3.4 - Travessão

Travessão é um traço horizontal, maior que o hífen, que se usa: Para substituir o parêntese numa expressão intercalada:

Exemplo: "E eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último baile, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, menos dos seus versos ou prosas". "E morrerás sozinho, entre duas miragens: As estrelas sem nome — a luz, que nunca viste. E as mulheres sem corpo — o amor que não tiveste!"

Para indicar a mudança de interlocutor no diálogo:

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Exemplo: ”— Tu prisioneiro, tu? — Vós o dissestes. — Dos índios? — Sim. — De que nação? — Timbiras."

Para realçar uma oração interferente: Exemplo:

"O sertanejo — disse Euclides — é antes de tudo um forte". "A la fé — disse Mem Moniz — que a festa dos vossos anos, senhor Gonçalo Mendes, será mais de

mancebo cavaleiro que de capitão encanecido e prudente."

3.5 - Ponto-e-vírgula Ponto-e-vírgula: representa uma pausa mais longa que a vírgula e é empregado:

Para separar orações coordenadas quando uma das duas tiver dizeres um tanto longos: Exemplo:

"Buscavam desfazer-me o encanto; mas ficava-me a saudade." "Dizem que nós, os escritores, somos todos assim; e é verdade." "O mundo moderno descende do Calvário; a sua origem foi na raiz da cruz; mais tarde ou mais cedo, os

povos que o formaram virão ali fundir-se e regenerar-se."

Para separar os considerandos e artigos nos documentos públicos: Exemplo:

"Considerando que o estudo do Português é fundamental para a intelecção de todas as outras matérias; considerando que seu estudo deve desenvolver-se com base em autores modernos; considerando que novos métodos em Linguística devem ser assimilados, decretamos que sejam diárias as aulas desta disciplina."

Ponto

Ponto: o ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja a interrogativa direta e a exclamativa. Exemplos:

"Asno com fome, bugalhos come." "Quem ao longe vai casar, ou se engana, ou vai enganar."

3.6 - Ponto-de-interrogação Ponto-de-interrogaçâo: sinal que se coloca no fim de toda oração enunciada em tom de

pergunta: "Por que não vieste ontem?" "Saberás contar-lhes tudo?"

3.7 - Ponto-de-exclamação Ponto-de-exclamação: aparece no final de orações que se proferem em tom de surpresa, espanto etc. "Que gentil estava a espanhola!" "Cobre-te com as vestes de glória, Jerusalém!"

3.8 - Aspas Aspas: pares de sinais parecidos com vírgulas (às vezes invertidas) colocadas acima da linha

para: assinalar um trecho citado ou transcrito, geralmente após dois pontos:

Exemplo: Disse Pilatos: "O que escrevi, escrevi". E à noite nas tabas, se alguém duvidava do que ele contava, tornava prudente: "Meninos; eu vi".

realçar nomes de obras de arte, ciência ou publicações:

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Exemplo:

Euclides da Cunha escreveu "Os Sertões".

destacar expressões estrangeiras, termos de gíria ou colocar certas palavras em evidência: Exemplo:

"pic-nic", "vol d'oiseau", "new criticism." "Você já reparou na "Ganja" da sinhazinha?" "A bola "beijou" o travessão."

Dwdqbíbhnr d sdrsdr9 1 - Pontue o texto abaixo, empregando os seguintes sinais de pontuação: vírgula, ponto-e-vírgula e dois- pontos. "Há mitos Timbira que narram como os índios aprenderam a fazer determinados rituais com animais terrestres aquáticos e aweossfâsim nos tempos míticos a situação sena o inverso da atual os ritos existiam no âmbito da natureza mas não no da sociedade."

(Julio C. Metatti, Índios do Brasil, p. 138) 2 – Do texto abaixo, omitiram-se as vírgulas. Transcreva-o, colocando-as: "Quando eu pedi três meses depois que casasse comigo Iaiá Lindinha não estranhou nem me despediu." 3 - Pontue adequadamente o trecho: "Os que vivem dependentes do dinheiro sujeitos à sua força encarcerados por ele não sabem que a mais nobre das condições humanas é justamente o desprezo do vil metal quando a gente não o tem esclareço'' 4 – Assinale o item em que há erro no tocante à pontuação: a) D. Sara, a senhora é nossa benfeitora. b) Mulheres pobres, lavando roupa nas tinas, representam o outro lado do mundo. c) Peixadas, galinhada a cabidela, tudo me recordava D. Sara. d) Bandeira, só, enfrentava à orfandade e) Couto meu melhor amigo antecedeu-me na Academia.

4 – EMPREGO DO HÍFEN

Como regra geral, o Formulário Ortográfico de termina que “só se ligam por hífen os ele-mentos das palavras compostas em que se mantém a noção de composição, isto é, os elementos das palavras compostas que mantêm a sua independência fonética, conservando cada um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto perfeita unidade de sentido”.

Usa-se o hífen para:

Separar sílabas Ligar pronomes oblíquos a verbos Unir substantivos e adjetivos compostos Ligar os sufixos: -açu, -guaçu, e -mirim

Ligar prefixos:

auto, contra, infra, neo, proto, pseudo, semi, supra, ultra

palavras iniciadas por vo-gal, h, r, s

ante, anti, arqui, sobre palavras iniciadas por h, r, s pan, mal, circum diante de vogal, h super, inter diante de h, r ad, ab, ob, sob diante de r sub diante de b, r, h além, aquém, recém, sem, vice, ex e pós, pré, pró (tôni-cos)

a todas as palavras

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5 - SEMÂNTICA 5.1 – Sinonímia (sinônimos)

É o fato de duas ou mais palavras possuírem significados iguais ou semelhantes – sinônimos. Os insetos invadiram a plantação de arroz. Os insetos alastraram-se pela plantação de arroz.

5.2 – Antonímia (antônimos) É o fato de duas ou mais palavras possuírem significados opostos – antônimos.

O aluno foi bem na prova. O aluno foi mal na prova.

5.3 – Homonímia (homônimos) É o fato de duas ou mais palavras possuírem significados diferentes, mas serem iguais no som e/ou na escrita – homônimos. Dependendo da identidade apresentada, os homônimos podem ser:

☺ Homófonas heterográficas ☺ Homógrafas heterofônicas ________________________________________________________________________________________________ concerto (sessão musical) – conserto (reparo); colher (substantivo) – colher (verbo); cela (pequeno quarto) – sela ( apetrecho de montaria) gelo (substantivo) – gelo (verbo); verbo selar); começo (substantivo) – começo (verbo); censo (recenseamento) – senso (juízo) almoço (substantivo) – almoço (verbo); apreçar (marcar o preço) – apressar molho (substantivo) – molho (verbo); acender (iluminar) – ascender (subir); torre (substantivo) – torre (verbo); cessão (ato de ceder) – sessão(tempo de uma reunião) jogo (substantivo) – jogo (verbo). seção (divisão, repartição).

☺ Homógrafas homófonas (homônimas perfeitas) _______________________________________________________________ livre (adjetivo) – livre (verbo livrar); são (adjetivo) – são (verbo ser) – são (santo); serra (substantivo) – serra (verbo).

5.4 – Paronímia (parônimos) É o fato de duas ou mais palavras possuírem significados diferentes, mas serem muito parecidas no som e na escrita – parônimos.

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Relação de alguns parônimos

absolver: perdoar absorver: sorver emigrar: sair da pátria imigrar: entrar num

país estranho para nele morar

acostumar: contrair hábito

costumar: ter por hábi-to

eminente: notável, celebre

iminente: prestes a acontecer

acurado: feito com cuidado

apurado: refinado, fino, em apuros

estádio: praça de es-portes

estágio: preparação, fase, período

afear: tornar feio afiar: amolar flagrante: evidente fragrante: perfumado amoral: indiferente à moral

imoral: contra a moral, devaso

incidente; episódio acidente: desastre

apóstrofe: figura de linguagem

apóstrofo: sinal gráfico inflação: desvaloriza-ção do dinheiro

infração: violação

aprender: instruir-se apreender: assimilar infligir: aplicar castigo infringir: não respeitar, violar

arrear: por arreios arriar: descer, abaixar ótico: relativo ao ouvi-do

óptico: relativo à visão

cavaleiro: aquele que anda a cavalo

cavalheiro: homem educado

peão: amansador de cavalos, peça no jogo de xadrez

pião: brinquedo

comprimento: exten-são

cumprimento: sauda-ção

pequenez: relativo a pequeno

pequinês: originário de pequim, raça de cães

coro: conjunto de vo-zes

couro: pêlo de animal Plaga: região, país praga: maldição

deferir: conceder, a-tender

diferir: ser diferente, adiar

pleito: disputa eleitoral preito: homenagem

delatar: denunciar dilatar: alargar precedente: antece-dente

procedente: proveni-ente

descrição: ato de des-crever

discrição: ser discreto, reservado

ratificar: confirmar retificar: corrigir

descriminar: inocentar discriminar: distinguir reboco: argamassa de cal ou de cimento e areia

reboque: cabo ou cor-da que prende um veículo a outro que o reboca

despensa: lugar onde se guardam manti-mentos

dispensa: licença tráfego: trânsito de veículos

tráfico: comércio de-sonesto

destratar: insultar distratar: desfazer vultoso: volumoso ou de grande importância

vultuoso: acometido de congestão da face

emergir: vir à tona imergir: mergulhar

5.5 - Polissemia É o fato de uma mesma palavra poder apresentar significados diferentes que se explicam dentro de uma contexto. A criança estava com a mão machucada. Parte do corpo Passou duas mãos de tinta na parede. Camadas A escultura demonstrava mão de mestre. Habilidade A rua não dava mão para o parque. Direção em que o veículo deve transitar Nenhum cidadão deve abrir mão de seus direitos. Deixar de lado, desistir Passaram a mão em minha bolsa. Apoderar-se de coisas alheias

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A palavra final está nas mãos do diretor. Dependência, responsabilidade

5.6 – Hiperônimos e Hipônimos

Hiperônimo é uma palavra que apresenta um significado mais abrangente do que o do seu hipô-nimo.

É o que acontece com as palavras doença e gripe – doença é hiperônimo de gripe porque em seu significado contém o significado de gripe e o significado de mais uma série de palavras como dengue, malá-ria, câncer. Então se conclui que gripe é hipônimo de doença.

A relação existente entre hiperônimo e hipônimo é fundamental para a coesão textual.

Grupos de refugiados chegam diariamente do sertão castigado pela seca. São pessoas famintas, maltrapi-lhas, destruídas Note que a palavra “pessoas” é um hiperônimo da palavra “refugiados”, uma vez que “pessoas” apresenta um significado mais abrangente que seu hipônimo “refugiados”.

5.7 - Dêixis

A dêixis ( palavra importada do grego antigo, com o significado de “acção de mostrar” ) é uma das formas de conferir o seu referente a uma sequência linguística, situando um enunciado no espaço e/ou no tempo em relação ao enunciador. É uma forma de designar o tipo de relação referencial que se estabelece entre uma expressão linguística ( dita deíctica ) e um elemento da situação de enunciação. O modelo deste tipo de referência é o signo eu, que designa, no enunciado, a pessoa que diz “ eu “.

Distinguem-se algumas espécies de deícticos:

Os deícticos pessoais EU e TU (ou as formas do plural correspondentes)

que designam as pessoas da interação: Eu acho que vou à praia. E tu? (Para além dos pronomes pessoais relevam também da dêixis pessoal os possessivos, a flexão verbal e os vocativos, certas formas de tratamento (você, o senhor, vossa excelência...)

Os deícticos espaciais

que dizem respeito aos determinantes e pronomes demonstrativos: Este saco é teu? E aquele também é? ao advérbio apresentativo eis: Eis o homem de que falávamos há pouco! Ei-la que chega! Até que enfim!

aos advérbios ou grupos adverbiais: Aqui está-se bem! Eu virei à esquer-da.

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( Incluem, ainda, certos verbos de movimento, como, por exemplo, ir, vir, trazer, levar que gramaticalizam a relação de proximidade maior ou menor relativamente ao lugar ocupado pelo locutor: Esta mesa é mais larga do que aquela: fica melhor aqui do que ali.)

Os deícticos temporais referentes

quer aos advérbios de tempo: Hoje ainda não preguei olho.

quer às desinências verbais específicas dos tempos no presente, no pretérito ou no futuro: Ela roga que a ouças. Eu esperava por ela há três horas. Eu telefonar-lhe-ei.

A dêixis estabelece-se entre uma expressão lingüística e um elemento exterior ao enunciado. Satis-

faz-se com as indicações fornecidas pelo próprio ato de enunciação e da mostração: se alguém diz “Eu quero este carro” , o referente de “eu” é identificado de forma completa pelo fato de ser “eu quem enuncia a frase”. Mas para relevar o “carro que eu quero

entre os outros que estão expostos”, é preciso a presença do deíctico este, elemento da “mostra-

ção” por meio do gesto, da atitude, do olhar. Deixo-te aqui o trabalho para hoje; volto já. Quase todos os termos usados são deícticos: apontam para elementos da situação de enunciação – os participantes do ato verbal, o lugar e o momento do tempo em que eles se situam – e a sua interpretação exige, portanto, o co-nhecimento compartilhado dessa situação. No sábado fui ao Centro Comercial e voltarei amanhã se ainda houver saldos. É a partir do triângulo enunciativo – eu /aqui /agora – que se estabelece um antes (No sába-do) e um depois (amanhã), num determinado lugar (o Centro Comercial) e em relação a um determinado referente (os saldos).

5.8 - Anáfora

Anáfora do gr. anaphora, repetição. Processo pelo qual um segmento do discurso (chamado anafórico) remete a outro segmento (antecedente) presente no contexto.

Os elementos anafóricos remetem ao contexto lingüistíco, e não, como os dêiticos. à realidade extralin-güística. Assim, o demonstrativo "este" pode ser empregado como dêitico:

Este livro é bonito. e como anafórico: Há um livro sobre a mesa; eu vi este livro.

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6 - CONCORDÂNCIA

6.1 - Concordância verbal: Chama-se concordância verbal a concordância do verbo com o sujeito da oração. De modo geral, lembre-se de que o verbo “manda” na oração, mas quem “manda” no verbo é o sujeito. Portanto, para se fazer a concordância corretamente é necessário determinar, com exatidão, quem é o sujeito da ação verbal. Sujeito é quem pratica ou sofre a ação verbal. Para encontrar o sujeito, basta perguntar “antes do verbo” “quem é que?” ou “o que é que?”. A resposta a essa pergunta é o sujeito da oração. Se o sujeito estiver no singular, o verbo fica no singular; se o sujeito estiver no plural o verbo fica no plural.

quem é quê? SUJEITO VERBO O que é quê? Ex.: Saíram de casa, com grande alegria, os garotos. Perguntando ao verbo: - quem é que saiu de casa? A resposta: garotos é o sujeito. Se o sujeito encontrado for representado por um núcleo só (sujeito simples), o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Ex.: Os campeões brasileiros foram chamados para uma grande comemoração. (3ª pessoa do plural)

Se o sujeito for formado por dois ou mais núcleos, existem duas construções possíveis: a) Se o sujeito vier antes do verbo o verbo fica obrigatoriamente no plural. Ex.: O menino e seu pai saíram. b) Se o sujeito vier depois do verbo, pode-se concordar o verbo com o núcleo mais próximo ou concordar com os dois núcleos no plural. Ex.: Saíram o menino e seu pai. Sai o menino e seu pai.

Em alguns casos, o sujeito apresenta dúvidas quanto à concordância. Quando isso ocorrer, faça sempre a concordância com o “miolo” do sujeito, ou seja, com a palavra mais importante.

Alguns casos especiais de concordância: → Os núcleos são palavras sinônimas ou de significado parecido: o verbo pode ficar no singular Exemplo: O rancor e o ódio deixou-o confuso. → Os núcleos são palavras em gradação: o verbo pode ficar no singular Ex.: Uma indignação, uma raiva profunda, um ódio mortal tomava conta do rapaz. → Sujeito formado por dois infinitivos: o verbo pode ficar no singular Ex.: Trabalhar e estudar é muito bom → Sujeito composto resumido por: TUDO, NADA, NINGUÉM: o verbo fica no singular Ex.: Amor, dinheiro, paixão, nada o emocionava.

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→ Sujeito formado por pessoas gramaticais diferentes EU + TU + ELE (VOCÊ) verbo na 3ª pessoa do plural (nós) TU + ELE (ELA OU VOCÊ) 2ª pessoa do plural (vós) 3ª pessoa do plural (eles) Ex: Eu, tu e tua namorada iremos ao cinema Tu e tua namorada ireis / irão ao cinema. Núcleos ligados por OU se houver exclusão: verbo no singular se não houver exclusão: verbo no plural Ex.: José ou Antônio será o presidente (somente um dos dois será o presidente) Você ou seu irmão sempre serão bem vindos à minha casa.(não há exclusão) O sujeito é um coletivo Verbo no singular Ex.: A multidão aplaudiu o cantor. O sujeito é um coletivo ou uma expressão no plural o verbo pode ficar no singular ou no plural Ex.: A multidão de fanáticos aplaudiu / aplaudiram o cantor. → Se o sujeito for formado por:

Uma expressão partitiva: a maioria O verbo pode ficar: a maior parte + expressão no plural no singular grande parte no plural Ex.: A maioria dos alunos foi aprovada ou A maioria dos alunos foram aprovados. Um e outro O verbo fica no singular Nem um, nem outro Ex.: Um ou outro jogador marcará o jogo. Nem um nem outro foi aprovado.

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O verbo pode ficar: UM E OUTRO no singular no plural Ex.: Um e outro aluno irritam-me ou Um e outro aluno irrita-me. O sujeito é um nome Se o nome vier precedido de artigo (os,as): plural que só existe no plural: Se o nome não vier precedido de artigo: singular Ex.: Estados Unidos decreta guerra ao Iraque. Os Estados Unidos decretam guerra ao Iraque. O sujeito é um Pronome VERBO OBRIGATORIAMENTE NA 3ª PESSOA de Tratamento Ex,: Vossa Excelência é muito querido pelos seus eleitores. Sujeito é o pronome O verbo concorda com o pronome que vem antes do relativo QUE Ex.: Fui eu que saí. Foste tu que saíste. Fomos nós que saímos. Sujeito é formado pelo pronome o verbo pode ficar na 3ª pessoa singular relativo QUEM ou concordar com o pronome antecedente Ex.: Fui eu quem saí. / Fui eu quem saiu. Foste tu quem saíste. / Foste tu quem saiu. → O sujeito é formado por dois pronomes: Pronome indefinido plural

+

Pronome pessoal ALGUNS de nós Verbo pode ficar na 3ª pessoa do plural QUAIS de vós Verbo pode concordar com pronome pessoal MUITOS de vocês Ex.: Quais de nós iremos ao cinema? / Quais de nós irão ao cinema? Quais de vós ireis ao cinema? / Quais de vós ireis ao cinema? .

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Pronome indefinido singular

+

Pronome pessoal QUAL de nós Verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular NENHUM de vós ALGUM de vocês Ex,: Qual de nós será o escolhido? Nenhum de vós será o escolhido. Número fracionário o verbo concorda com o numeral ou percentual Ex.:Trinta por cento da cidade estão inundados. Um terço da cidade está inundado. Dois quartos da cidade estão inundados. Mais de um + Numeral o verbo concorda com o numeral Ex.: Mais de um aluno passou // Mais de vinte alunos passaram. Um dos que Verbo no plural Ex.: Ele é um dos que passaram.

Quando o verbo vier seguido da palavra “se” é necessário observar: → Se o verbo está na voz passiva

Nesse caso é possível transformar a oração em voz passiva analítica Ex,: Vende-se uma casa na praia uma casa é vendida na praia. ;

Perguntando-se ao verbo : “O que é que se vende?” , temos a resposta uma casa na praia que é o sujeito da oração (sujeito paciente sofre a ação de ser vendida);

Logo, se existe sujeito, o verbo concorda com o sujeito - sujeito no singular verbo no singular; su-jeito no plural, verbo no plural. Vende-se uma casa, vendem-se muitas casas; → Se o verbo não está na voz passiva

Nesse caso, não é possível a conversão para a voz passiva analítica. Ex.: Precisa-se de faxineiras. A construção Faxineiras são precisadas não é possível. Logo, essa frase não está na voz passiva;

Perguntando-se ao verbo “Quem é que precisa?” , a resposta é “Alguém” sujeito indeterminado lo-go o verbo deve ficar sempre no singular. ·Ex.: Precisa-se de garçons. / Vive-se bem aqui. / Fala-se em muitos mortos.

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6.1.1 - Os verbos DAR SOAR O verbo concorda com o sujeito BATER (INDICANDO HORAS) Ex,: O relógio deu duas horas. (Quem deu? O relógio - singular) Soaram/bateram/deram duas horas. (O que deu? duas horas plural) HAVER no sentido de existir NUNCA vão para o plural, pois são impessoais. FAZER indicando tempo decorrido Ex. Havia mil pessoas no baile. Haverá quinhentos ingressos à venda. Faz três anos que não o vejo. Fazia trinta minutos que ele tinha saído. → Essa impessoalidade “contamina” qualquer auxiliar que esteja acompanhando esses verbos: Ex.: Pode fazer trinta dias que ele partiu. Devia haver quinhentos ingressos à venda.

6.1.2 - O verbo ser: O verbo SER fica “ensanduichado” entre o sujeito e o predicativo do sujeito e pode concordar com um ou outro. É o único verbo que pode concordar com outro termo que não seja o sujeito.

Sujeito SER predicativo → Ele concorda com o predicativo se: · O sujeito for que ou quem. Ex.: Que são células? Quem foram os bandeirantes. → Quando indicar tempo, data, distância. Ex.: É uma hora. São duas horas. São três de abril. São dois quilômetros. → Quando o sujeito for TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO Ex.: Tudo são flores. → Na dúvida, siga a lei da preferência. O verbo SER pode concordar com o sujeito ou predicativo, prevalecendo:

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NOME PRÓPRIO sobre NOME COMUM Ex.: Maria era as alegrias do pai. As alegrias do pai era Maria.

PESSOA sobre COISA Ex.: O homem é cinzas. Cinzas é o homem. → Não havendo as hipóteses acima, prevalecerá:

PLURAL sobre SINGULAR Ex.: A vida daquele homem são problemas. Problemas são a vida daquele homem.

PRONOME PESSOAL sobre QUALQUER PALAVRA Ex.: As alegrias de meu pai sou eu. Eu sou as alegrias de meu pai. → Finalmente, O VERBO SER nas expressões “é muito”, “é pouco”, “é caro”, “é bastante” fica invariá-vel. Ex.: Cinqüenta reais é pouco. Vinte quilômetros é muito.

6.2 - Concordância nominal: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome concordam com o substantivo (nome) a que se referem em gênero (masculino/ feminino) e número (singular/ plural). Assim: → Rapazes simpáticos (masc. /plural) (masculino/ plural) → Moças bonitas (feminino/ plural) (feminino/ plural)

6.2.1 - Casos Especiais: UM ADJETIVO + DE UM SUBSTANTIVO → o adjetivo pode concordar com a totalidade dos substantivos → pode concordar com o mais próximo Obs.: se houver substantivos masculinos e femininos, o masculino prevalece sobre e feminino. Ex.: Homem e mulher cansados. Homem e mulher cansada. Mulher e homem cansado. · Se o adjetivo vem antes dos substantivos, a concordância se faz com o mais próximo: Ex.: Cansadas mulheres e homens. Cansado homem e mulheres.

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Mesmo Próprio Junto Quite concordam com o nome a que se referem. Obrigado Anexo Incluso Ex. : A mulher mesma acusou o marido. Elas se acusam a si próprias. As cópias seguem anexas/ inclusas. Os documentos seguem anexos/ inclusos.

→ Meio significando ½, metade, concorda com o nome significando “um pouco”/ “mais ou menos” fica invariável

Ex.: Use meio limão e meia laranja. (“metade” concorda com o nome) Estou meio gripada, meio triste. (um pouco invariável)

→ Bastante se puder ser substituído por “muitos” ou “muitas” usa-se “bastantes” se for substituído por muito bastante

Ex.: Comprei bastantes (muitas) frutas. Nós estudamos bastante (muito).

→ Só significando somente, fica invariável significando sozinho, pode variar

Ex.: Eles disseram só (somente) verdades. Eles ficaram sós (sozinhos).

→ Não variam em hipótese alguma as palavras: cassete, bomba, padrão, fantasma, relâmpago, pirata, monstro, surpresa (quando estiverem qualificando um nome),menos e alerta.

Ex.: fitas cassete homens bomba escolas padrão empresas fantasmas

seqüestros relâmpago filmes pirata pesquisas monstro festas surpresa menos ruas soldados alerta

→ A palavra POSSÍVEL quando acompanha expressões como: o mais, a menos, o melhor, a melhor, a pior, as maiores, as menores etc varia conforme o artigo (a, o, as, os) que integra essas expressões. Ex.: Comprei roupas as mais belas possíveis. Comprei roupas o mais belas possível.

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UM SUBSTANTIVO + DE UM ADJETIVO Existem duas construções possíveis. Ex.: Estudava os idiomas francês e inglês. art. plural substantivo plural Estudava o idioma francês e o inglês. Art. Sing. Subst. Sing. Repete-se o artigo singular.

→ As expressões: É bom É necessário - ficam invariáveis se o nome vier sem artigo É proibido - concorda com o artigo Ex.: Água é bom para a saúde. A água é boa. Entrada é proibido. A entrada é proibida. Pronomes de tratamento concordam na 3ª pessoa. Ex.: Vossa Excia não precisa se preocupar com seus problemas. 3ª p 3ªp

DWDQBÍBHNR

01 - Nas frases abaixo, o pronome oblíquo destacado se refere a dois ou mais núcleos nominais: a única opção em que a concordância do pronome se faz inadequadamente é: a. Os grandes escritores e famosos oradores, conhecemo-los pelo domínio que têm do idioma. b. A agilidade mental e facilidade de expressão, como poderemos consegui-las? c. A inteligência, o amadurecimento mental, a expressão do pensamento, não as conseguiremos desse modo. d. Aquele escritor e aquele dicionarista, eu os conheço através de suas obras. e. O quociente de inteligência e nível mental, não os avaliamos apenas através desses conhecimentos. 02 - Indique a frase em que a palavra só é invariável: a. Eles partiram sós, deixando-me para trás aborrecida e bastante magoada. b. Chegaram sós, com o mesmo ar exuberante de sempre. c. Sós, aquelas moças desapareceram, cheias de preocupações. d. Aqueles jovens rebeldes provocaram sós essa movimentação. e. Depois de tão pesadas ofensas, prefiro ficar a sós do que viver com essa agressiva companhia. 03 - "...sabe fugir da corrocinha pelas próprias patas." Considerando a concordância nominal, o vocábulo destacado na citação acima será empregado no mesmo gênero e número, para preenchimento da lacuna em: a. Ele tem atitude e opinião .............................. b. Nós possuimos casas e apartamentos ............................... c. Ele defendeu ponto de vista e idéias ............................... d. Ele e ela ............................ fizeram o trabalho. e. Paulo e ela ......................... vieram receber-me.

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04 - É ......... prudência na interpretação dos resultados, ............ seguem .......... algumas normas. a. necessária, porisso, inclusas b. necessário, por isso, inclusa c. necessária, porisso, incluso d. necessário, por isso, inclusas e. necessária, por isso, incluso 05 - Assinale a alternativa INCORRETA: a. Pareciam bastantes satisfeitos os empresários. b. Bastantes argumentos foram apresentados na assembléia geral. c. Tinham eles razões bastantes para comemorar. d. Trabalharam bastante os líderes sindicais. e. Bastante irritados, os grevistas retiraram-se da praça. 06 - A concordância nominal está correta na opção: a. Nós mesmos faremos a prova, disseram os rapazes. b. Estavam desertas o pátio e as salas. c. Sr. Governador, Vossa Excelência é bem vinda. d. Os bondes rolavam barulhento sobre os trilhos. e. As mães, contente, revêem seus filhos. 07 - A alternativa em que o verbo entre parênteses deve ficar obrigatoriamente na 3apessoa do singu-lar é: a. (Chover) confetes na festa de aniversário de Maria. b. Tu não (dever) te preocupar com a vida dos outros. c. (Acontecer) coisas estranhas naquela festa d. No tempo de Cristo (haver) muitas pessoas incrédulas e. Não (restar) mais dúvidas sobre a autoria do crime. 08 - Escolha a alternativa cujas palavras preenchem corretamente as lacunas: "... apenas dois meses que ela ficara viúva e mais de uma proposta de casamento ......, mas ............ haver sérios motivos para ela recusá-las." a. Faziam - apareceram - deviam b. Faziam - apareceu - devia c. Fazia - apareceram - devia d. Fazia - apareceu - deviam e. Fazia - apareceu - devia 09 - Escolha a alternativa cujas palavras preenchem corretamente as lacunas: "Não ......... meios de saber que já ............. vinte anos que não se .......... mais galochas. . haviam - faz - usam b. havia - faz - usam c. havia - fazem - usa d. haviam - fazem - usam e. haviam - fazem - usa 10 - Indique a alternativa que preenche adequadamente as lacunas da frase: "........... anos que o ho-mem se pergunta: se não ............ medos, como ............... esperanças?" a. Faz - houvesse - existiriam b. Fazem - houvesse - existiriam c. Fazem - houvessem - existiriam d. Faz - houvesse - existiria e. Faz - houvessem - existiria 11 - Escolha a alternativa cujas palavras preenchem corretamente as lacunas: Ora, .......... meses que não ....... na escola fatos como aquele que até agora nos ......... a. fazem - ocorrem - perturbamos b. fazem - ocorre - perturbam c. fazem - ocorre - perturba d. faz - ocorre - perturbamos e. faz - ocorrem - perturba

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12 - Marque a alternativa em que a concordância verbal contraria a norma culta: a. Ouviram-se as notícias mais desencontradas. b. Trata-se de questões muito sérias. c. Faziam anos que o país não escolhia democraticamente o presidente. d. Poderá haver comentários positivos quanto à eleição. e. Deveriam existir situações menos constrangedoras. 13 - Está correta a concordância verbal em: a. Positivamente, falta clareza e seriedade na condução dos negócios públicos. b. Durante o seminário, apresentou-se três propostas diferentes de revisão da lei salarial. c. Inclui-se, no parecer do relator, as alterações aceitas, de comum acordo, por todos os partidos. d. Seria ingênuo pensar que as restrições palacianas ao projeto decorre apenas de idiossincrasias pessoais. e. As discussões que se trava sobre a questão do endividamento externo serão o tema central do encontro. 14 - Há erro de concordância verbal no período: a. Haverão os mortos de retornar e retomar o que lhes pertencia de direito? b. Hão de existir sempre preconceitos contra os quais não se pode lutar. c. Devemos imaginar que possam haver verdadeiros patriotas entre nós. d. Os acordos havidos entre as partes serão respeitados. e. Cuidemos para que não haja injustiças na distribuição dos cargos. 15 - Assinale o período que apresenta concordância verbal incorreta: a. Cerca de mil aposentados e pensionistas, segundo o advogado Milton Peixoto, deverão ingressar na Justiça, esta semana, para salvaguardar direitos adquiridos. b. Nesta segunda-feira, quando o interventor designado pela reitoria - Othon de Souza, diretor da Faculdade de Tecnologia - iniciar seu trabalho, começará a aparecerem, no próprio Departamento de Ciências, as ori-gens da crise. c. A liquidação extrajudicial era uma das poucas medidas disponíveis aos ministros econômicos que solucio-naria o rombo do grupo financeiro d. Quantos, dentre vós, que ontem mesmo abandonastes o Partido do Governo, continuareis a receber hoje as benesses do poder? e. O fato, porém, é que poucos e raros dentre nós estarão integrando o reduzido grupo de intelectuais do Palácio do Planalto. 16 - Assinale a alternativa em que qualquer das quatro opções preenche corretamente a lacuna: ..................... infrações de toda natureza. a. tem havido / têm havido / devem haver / devem existir b. têm havido / têm existido / deve haver / devem existir c. tem havido / tem existido / deve haver / devem existir d. tem havido / têm existido / deve haver / devem existir e. têm havido / têm existido / devem haver / devem existir 17 - Assinale a alternativa correta: a. Haviam, naquela época, reis e rainhas b. Haverão, neste local, ruínas de castelos medievais? c. Devem haver alguns frascos de benzina no almoxarifado. d. Deviam haver, aproximadamente, 30 alunos em situação irregular. e. Haverá seres vivos em outro planeta? 18 - Assinale a alternativa correta: a. Vende-se roupas semi-novas b. Retificam-se motores a álcool c. Aluga-se motos e bicicletas d. Aceita-se encomendas de doces e salgados e. Convoque-se imediatamente os suplentes

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19 - Assinale a alternativa incorreta: a. Procedeu-se a estudos b. Precisa-se de secretárias bilingües. c. Trata-se de questões tributárias d. Dá-se aulas de Português. e. Afinam-se instrumentos musicais 20 - Assinale a alternativa que apresenta erro de concordância verbal: a. Muitos de nós realizamos este trabalho. b. A chuva forte e o calor excessivo prejudica o material. c. A maioria não compareceu. d. Grande parte dos contribuintes desconhecem o novo Regulamento. e. Estados Unidos invadem o Panamá. 21 - Há erro de concordância verbal na frase: a. Visaram-se mais de mil documentos fiscais. b. Comunico a V.Sa que deveis pagar o débito fiscal. c. Choverão tentativas de burla e suborno por toda a parte. d. Ou eu ou você está interpretando mal a legislação tributária.. e. Durante a posse, houveram-se com distinção os candidatos classificados. 22 - Assinale a alternativa correta quanto à concordância: a. Além das questões gerais de política, levanta-se, nesta edição de "O Dirigente Rural", outras de âmbito mais restrito, mas não menos expressivas, que ocupam a cena agrícola atual. b. Ante a hegemonia da soja no grupo das culturas produtoras de óleo, perguntam-se sobre as possibilidades de crescimento das demais espécies. c. Tem havido algum consenso, no Brasil, sobre a conveniência de se desenvolver linhagens comerciais de aves, mas, quando se coloca a questão de quem e como fazê-lo, as opiniões passam a divergir. d. Para discutir os diversos aspectos relativos à cultura do amendoim, realizou-se um seminário, em meados de setembro, no qual procurou-se evidenciar as vantagens da rotação de culturas. e. Colhidos os frutos caídos, devem-se colocá-los em finas camadas, em locais secos e bem ventilados, para reduzir seu teor de umidade que de início é bastante elevado. 23 - Assinale a alternativa que apresenta erro de concordância verbal: a. Deve ser meio-dia. b. Deve fazer duas horas que teve início a reunião. c. Faz três meses que o funcionário entrou em licença-saúde. d. Convoque-se todos os interessados para uma seleção. e. Vendem-se estes equipamentos.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

MINAS É A MÃE. BENÇA, MÃE. Herbert de Souza O jeito mineiro de ser é o quê? E por quê? O ser mineiro é um modo particular de ser que se pode descrever mas que é difícil de se entender. É mais para calado que falante. Quem fala muito dá bom-dia a cavalo, dizia minha mãe para conter meu ímpeto falatório. Quem fala se expõe, se arrisca, pode parecer bobo, meio idiota, exibido, ridículo. Mineiro morre de medo do ridículo, de ser gozado, criticado. Quer matar um mineiro? Ria dele! Por isso todo mineiro toma a iniciativa da gozação. Chega, fica num canto e arranja logo alguém para gozar. É capaz até de tomar a iniciativa de gozar de si próprio para não ser gozado por outrem. Falar mal de alguém é um modo de se proteger da fala do outro. Mas falar mal pode até ser um modo de falar bem, porque o pior é não ser falado. Cair no olvido.

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Fica calado e fica quieto. Gesticular também não dá, pode parecer espalhafato, teatro, representação. Quem se mexe desperta atenção, instiga a caça, fica vulnerável, na mira do ataque. Ficar quieto, fingir de morto, no silêncio, na tocaia de si mesmo, protegido do outro. Mineiro que veio do mato sabe de caça e caçador. Milton já cantou, o caçador de mim. Mineiro não abre a guarda, não mostra a casa, não exibe riqueza, não grita da janela, não sai correndo de jeito nenhum e de lugar nenhum. Chega devagar, fica devagar e sai mais devagar ainda. Tem que se proteger de algo. Mineiro olha de cima mas não por cima. Mineiro falante veio de fora. Mineiro direto, aberto e agressivo é desvio de rota, não é caminho normal. Mineiro é ético, não se arrisca no roubo, no assalto, na aventura. O erro pode não dar certo. Mineiro é mais da ordem, do caminho percorrido, conhecido, estabelecido. É mais status quo que mudança do status. É mais terno que manga curta, mais sapato que tênis, mais automóvel que carro esporte. Mais casamento que caso fora de casa. Mais café preto que chás variados. Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito mais. Se pede com olhar, se esconde na recusa. É mãe mesmo quando não tem filhos. Até os 20 é um pecado. Depois é muito mais. Transpira todos os pecados numa virtude só. Sur-preende e depois te esquece. Te ama com paixão e te deixa sem dó nem piedade. Basta pôr os óculos escuros ou mesmo ray-ban que vira outra, sem remorso. Porque a mineira não se reduz ao mineiro, foi muito além. Mineira é ótimo, dife-rente dos demais seres humanos, vem de um fundo que ninguém sabe, de um interior que não tem mapa, fronteiras desconhecidas. E tudo isso pode ser visto e sentido, não explicado. Pode ser descrito mas não fundamentado. É porque veio do interior ou nunca saiu de lá. É porque sempre foi camponês e se escondeu detrás das serras e dos montes. É porque foi judeu-novo, migrante corrido, foragido desconfiado do que chega atrás de suas origens. É porque teme a Deus e conver-sa com o Diabo. É porque não tem certeza do certo e duvida até do duvidado. Gosta do reverso e começa tudo pelo contrário torcendo para dar certo. É porque se ri do moderno porque sabe que tudo no fundo mesmo é mesmo muito antigo, sempre renovado. Mas por que tudo isso, de onde veio e para onde vai? Ninguém vai saber por que não se fala, se olha e se ri como se tudo já tivesse sido dito. O sabido do ignorado. Se um dia o Brasil acabar, Minas continua. Tem horizonte para tal, tem substância para durar, tem ainda mui-tos casos para contar, distâncias a percorrer, pecados a expiar, contas a fazer, saudades a matar. (...) Minas vive em dívida consigo mesma, fazendo promessas para pagar. É sua forma de ser eterna nesse trivial do cotidiano. Vive sangrando minério, exportando seu ser para o mundo, em silenciosos trens que não param de ir sem nunca mais voltar. Levando Itabirito, Itabira, Conselheiro Lafaiete. Montanhas. Minas é o único lugar do mundo que exporta montanhas e não fica rica. Por tudo isso é que quando tenho vontade de rever o Brasil vou a Minas Gerais. (...) E volto cheio de mim, carregado de coisas, como se tivesse mergulhado no tempo e me perdido no espaço, virado de repente um ser planetário vivendo no interior do mundo. Minas para mim tem várias cidades e poucos endereços: é Bocaiúva, Neves e Belo Horizonte. É rua Ouro Preto e Ceará. A primeira mudou de nome, na segunda sumiram com minha casa. Minas na verdade hoje é mil amigos que não vejo e minha mãe. Bença, mãe. ISTO É MINAS – 30/09/92 1) Todas as alternativas contêm informações corretas sobre o texto, EXCETO a) O autor apresenta Minas como espaço de sobrevivência da cultura brasileira. b) O autor faz uma crítica à exportação de minérios, que extrai riquezas de Minas sem substituí-las. c) O autor indica que a capital não é tão tipicamente mineira quanto as cidades do interior. d) O autor procede a uma caracterização idealizada do jeito mineiro de ser. e) O autor trabalha a geografia de Minas, associando-a a elementos característicos do relacionamento social dos minei-ros. 2) Todas as alternativas contêm idéias sobre o mineiro que podem ser encontradas no texto, EXCETO a) Consciente de que o novo retoma algo do passado, o mineiro não abre mão da tradição. b) Dono da verdade, o mineiro se julga com direito à última palavra. c) Nascido num esconderijo natural, o mineiro quer sempre proteção. d) Sem ser ortodoxo, o mineiro aceita Deus e o Diabo. e) Sem ter certeza do certo, o mineiro duvida até do duvidado. 3) Todas as alternativas podem ser confirmadas pelo texto, EXCETO a) A mineira é como o mineiro ao manifestar, no seu jeito de ser, o comportamento reticente. b) A terra natal é reverenciada, reconhecendo-se nela características similares às da figura materna. c) Minas funciona para o mineiro como uma fonte de recuperação de suas origens e lembranças. d) O mineiro é um ser frágil que só realiza suas potencialidades vivendo nas montanhas de Minas. e) O modo de ser do mineiro é mais fácil de ser sentido do que explicado em suas causas fundamentais.

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4) Todas as alternativas apresentam características do mineiro, EXCETO a) Arredio. b) Cuidadoso. c) Desconfiado. d) Entediado. e) Quieto. 5) Todas as alternativas referem-se a Minas, EXCETO a) Exporta mineiros sem parar. b) Faz promessas para pagar. c) Tem pecados a expiar. d) Tem substância para durar. e) Sangra minérios sem cessar. 6) Em todas as alternativas um aspecto do jeito mineiro de ser está seguido de sua justificativa adequada, EXCETO em a) Mineiro é mais calado que falante, pois quem fala se expõe. b) Mineiro não abre a guarda, pois tem que se proteger. c) Mineiro não gesticula, pois quem se mexe desperta atenção. d) Mineiro não se arrisca no roubo, pois o erro pode não dar certo. e) Mineiro resiste em mostrar a casa, pois não gosta de visitas. 7) Em todas as alternativas, há idéias que se contrapõem, EXCETO em a) Minas continua, mesmo se um dia o Brasil acabar. b) Mineiro é mais café preto que chás variados. c) Minas exporta montanhas, e não fica rica. d) Mineiro teme a Deus e conversa com o diabo. e) Minas tem várias cidades e poucos endereços. 8) " ... Já a mineira é tudo isso que mineiro é e muito mais. SE PEDE COM O OLHAR, SE ESCONDE NA RECUSA." A alternativa que melhor interpreta o tipo de relação de idéias presente na frase destacada é a) conclusão. b) contradição. c) enumeração. d) explicação. e) finalidade. 9) Ao voltar a Minas, o autor está à procura de a) uma ética conservadora. b) uma identidade cultural. c) uma lembrança da infância. d) uma liberdade de costumes. e) uma rotina interiorana.

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CAPÍTULO IV: COESÃO E COEREÊNCIA

1 - TEXTUALIDADE E ORGANIZAÇÃO DISCUR-SIVA

1.1 - Elementos da textualidade O ato da escrita requer um exercício constante de aperfeiçoamento, por isso é importante reescre-

ver o texto quantas vezes for necessário. Há algumas noções importantes a ser observadas a seguir.

Clareza das idéias: é obtida com o uso de palavras selecionadas e de construções bem elaboradas,

para que o texto se torne conciso, coerente, sem ambigüidades indevidas ou indesejadas.

Originalidade: prevalece quando não são usadas formas e frases desgastadas ou quando não são repeti-

das várias vezes algumas construções no texto, como o emprego excessivo da voz passiva.

Criatividade: é importante escolher palavras sem rebuscamentos, pedantismos vocabulares ou erudição extremada e evitar modismos, lugares-comuns ou chavões.

O bom texto: para criar um bom texto é necessário adequar a linguagem, observando

a linguagem, observando a finalidade do texto e a intenção comunicativa para que a produção textual atinja, de forma satisfatória, o(s) interlocutore(s).

1.2 - Textualidade

Textualidade é a relação existente entre idéias e frases que forma um texto com seqüência harmô-nica e organização interna de suas partes.

1.3 - “Armadilhas” do texto

Ao escrever um texto, o autor deve observar certas construções inadequadas que podem dificultar a compreensão do que se quer transmitir. Algumas dessas “armadilhas” são a ambigüidade e a redundância.

a) Ambigüidade Quando a ambigüidade é indevida, dificulta a compreensão do texto pelo interlocutor, por oferecer, de forma não intencional, interpretação dúbia. Exemplo: O computador tornou-se um aliado do homem, mas esse nem sempre realiza todas as suas tarefas. O computador, apesar de ser um aliado do homem, não consegue realizar todas as tarefas humanas.

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Observe alguns casos freqüentes de ambigüidade, que podem ser problemáticos, e os sentidos possí-veis de cada frase:

a) Problemas com o uso de pronomes possessivos

Raquel preparou a pesquisa com Sílvio e fez sua apresentação.

(Raquel fez a sua apresentação ou a de Sílvio?)

• Raquel e Sílvio prepararam a pesquisa, e ambos fizeram a apresentação.

• Raquel e Sílvio prepararam a pesquisa, e ele fez a apresentação dele.

• Raquel e Sílvio prepararam a pesquisa, e ela fez a apresentação dela.

b) Problemas com o uso de pronomes relativos Visitamos o teatro e o museu cuja qualidade artística é inegável.

(É o teatro ou o museu que possui qualidade artística?)

• Visitamos o teatro e o museu, os quais têm qualidade artística.

• Visitamos o teatro e o museu, e aquele tem qualidade artística.

• Visitamos o teatro e o museu, e este tem qualidade artística.

c) Colocação inadequada de palavras O cliente aborrecido recusou o vinho por causa da safra.

(O cliente era aborrecido ou ficou aborrecido naquele momento?)

• O cliente recusou aborrecido o vinho por causa da safra.

• O cliente, que era aborrecido, recusou o vinho por causa da safra.

d) Sentido indistinto entre agente e paciente A recepção dos noivos foi no salão do clube.

(A recepção foi oferecida pelos noivos ou eles foram recepcionados?)

• A recepção foi oferecida pelos noivos no salão do clube.

• Os noivos foram recepcionados no salão do clube.

e) Uso indistinto entre o pronome relativo e a conjunção integrante O motorista falou com o passageiro que era gaúcho.

(O motorista era gaúcho ou o passageiro?)

• O motorista disse que era gaúcho ao passageiro.

• O motorista conversou com o passageiro gaúcho.

f) Problemas com o uso de formas nominais O pai viu o filho chegando em casa bem tarde.

(Quem chegou em casa bem tarde: o pai ou o filho?)

• O pai viu o filho que chegava em casa bem tarde.

• O pai, ao chegar em casa bem tarde, viu o filho.

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b) Redundância

Redundância prejudica o entendimento do texto pelo interlocutor devido ao excesso de idéias e/ou palavras empregadas desnecessariamente.

A repetição pode ser um recurso estilístico para estabelecer a coesão no texto. Mas há casos em que é necessário evitá-la, para que a linguagem não fique comprometida e se torne deselegante, inadequa-da e monótona. Alterar a posição de idéias na construção do texto ou omitir um vocábulo já citado auxilia na eficácia da mensagem que se pretende transmitir. Por exemplo: Os professores exigiram o pagamento dos salários em atraso, mas o governa dor não os atendeu.

Veja alguns casos em que a repetição pode constituir um problema textual. a) Palavras próximas e idênticas: O povo exige seus direitos, os direitos do povo devem ser respeitados. b) Repetições exageradas: O ministro apresentou sua proposta de trabalho, mas o ministro não foi claro em várias questões e as ar-gumentações do ministro não foram aceitas. Observação: A repetição pode não ser problemática se usada com intenção especial, como em textos hu-morísticos, publicitários, literários, etc.

c) Clareza textual

Clareza textual é um dos principais elementos da textualidade usados para organizar internamente o texto de forma harmônica, sem contradição de idéias e sem dupla interpretação, para que o receptor pos-sa compreender a mensagem dentro do contexto estabelecido pelo emissor.

2 - COESÃO TEXTUAL É um dos principais elementos da textualidade. São as articulações sintáticas e gramaticais entre as

partes que compõem o texto para evitar, sobretudo, a redundância e a ambigüidade, garantindo a seqüên-cia lógica.

Os principais elementos usados para estabelecer elos entre palavras, orações e períodos, ou seja, ligar as partes de um texto para que este forme uma unidade de sentido são os CONECTORES .

Etimologicamente, texto e tecido estão relacionados e, de fato, há razão para isso: o tecido é fruto de uma junção de pequenos fios que se vão ligando até o limite de uma extensão determinada; o texto, por seu lado, também tem seus componentes ligados a fim de que formem um só corpo estrutural. Aos elemen-tos que realizam essa ligação se atribui a função de coesão, e eles correspondem basicamente a marcas lingüísticas da superfície do texto, de caráter sintático ou gramatical.

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M E C A N I S M O S

D E

C O E S Ã O

Pronomes pessoais: palavras associadas

às pessoas do discurso (ele, nós, o, lhe, nos, me etc.)

Pronomes possessivos: palavras que as-sociam a idéia de posse às pessoas do dis-curso (meu, tua, suas, nossos etc.)

Pronomes relativos: além de retornarem um termo antecedente, introduzem orações su-bordinadas (que, o cujo, o qual etc)

Pronomes demonstrativos: palavras que, no contexto textual, podem se relacionar a uma pessoa do discurso e, ainda, estabele-cer relações com termos levando em consi-deração a localização espacial dentro do texto (este, aquele, esse etc.)

Pronomes indefinidos: palavras que se referem à terceira pessoa do discurso, ora de forma genérica, ora de forma indeterminada (outro, algum, tudo, nenhum etc.)

COESÃO GRAMATICAL

Conectivos: os principais elementos de coe-são entre palavras, sintagmas, frases, ora-ções, períodos (contudo, mas, logo, por-que, pois etc.)

Advérbios: palavras que, no contexto textu-al, dão coordenadas sobre a localização no espaço e no tempo dos elementos a que se referem (ali, aqui, cá, antes, depois etc.)

Ordenadores: termos que organizam as informações dentro do texto (em resumo, por um lado, por outro lado, daí, então, para começar etc.)

Elipse/Zeugma: omissão estilística de um termo, facilmente recuperável no contexto.

Substituição por concisão: termos que podem retomar uma palavra, uma frase, um período, evitando passagens redundantes (mesmo, assim, também etc.)

Sinonímia: substituição de um termo por

equivalência semântica.

COESÃO SEMÂNTICA

Hiperonímia/Hiponímia: emprego da rela-ção classe (hiperônimo) e elementos que formam parte de uma classe (hipônimos) na estruturação do texto.

Campo semântico: emprego de termos de um mesmo repertório (científico, artístico, esportivo etc.)

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2.1- Alguns elementos de coesão

2.1.2 - Pronomes demonstrativos Pronomes demonstrativos são aqueles que indicam a posição de um ser em relação às pessoas do

discurso, situando-o no espaço ou no tempo. Os pronomes demonstrativos são os seguintes:

Pronomes demonstrativos Pessoa Masculino Feminino Neutro Posição espacial Posição temporal

1ª este, estes esta, estas isto próximo de quem fala presente 2ª esse, esses essa, essas isso próximo de com quem se fala passado recente

3ª aquele, aqueles aquela, aquelas aquilo próximo da pessoa de quem se fala passado distante

Emprego dos pronomes demosntrativos Os pronomes demonstrativos são empregados de acordo com a posição da pessoa do discurso em relação ao espaço e ao tempo.

Em relação ao espaço → Este(s), esta(s) e isto são usados quando se quer indicar o ser (ou objeto) que está próximo da pessoa que fala (1ª pessoa). Leia a tira a seguir.

No segundo quadrinho, o quadrinista utiliza o pronome estes, pois os morcegos estão próximos à

pessoa que está falando (1ª pessoa do discurso). A palavra aqui enfatiza essa idéia de proximidade. → Esse(s), essa(s) e isso são usados quando se quer indicar o ser (ou objeto) que está próximo da pes-soa com quem se fala (segunda pessoa). Leia os quadrinhos a seguir.

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Pronomes Advérbios;

Locuções Adverbiais

Palavras

denotativas

Conjunções

Entre outras

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No último quadrinho é utilizado o pronome isso, pois o referido objeto está próximo da pessoa com quem o personagem está falando (2ª pessoa do discurso). → Aquele(s), aquela(s) e aquilo são usados quando se quer indicar o ser ou a coisa que está distante de quem fala e da pessoa com quem se fala. Por exemplo: Para que servem aqueles desenhos? Nessa frase, o pronome aqueles indica que os desenhos estão distantes de quem fala e da pessoa com quem se fala.

Em relação ao tempo

→ Este(s), esta(s) e isto são usados quando se quer indicar o tempo presente em relação ao momento em que se fala. Exemplos: Este ano termina o século XX. (o ano presente) Esta noite haverá a entrega do Oscar. (a noite presente) → Esse(s), essa(s) e isso são usados quando se quer indicar o tempo passado há pouco ou o futuro em relação ao momento em que se fala. Exemplos: Esse acontecimento afetou a economia do país. (refere-se a um fato do passado recente) Nessa entrevista revelarei os vencedores. (refere-se a uma entrevista futura) → Aquele(s), aquela(s) e aquilo são usados quando se quer indicar um passado distante em relação ao momento em que se fala. Exemplos: Aqueles dias de romantismo estão esquecidos. (refere-se a dias distantes) Naquela época crianças brincavam nas ruas. (refere-se a uma época remota)

Em referência ao que já foi dito

Os pronomes demonstrativos esse(s), essa(s) e isso podem ser empregados em referência a algo que já foi dito ou a uma pessoa já mencionada num texto. Exemplo: Clareza, correção, concisão e elegância; essas são as qualidades de um bom texto.

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Em referência ao que vai ser dito

Emprega-se este(s), esta(s) e isto em referência ao que vai ser dito. Exemplo: Estas são as qualidades de um bom texto: clareza, correção, concisão e elegância;

Em referência a dois elementos citados

Em referência a dois elementos (ou pessoas) citados anteriormente, usa-se este(s), esta(s) e isto para indicar o elemento mais próximo, e aquele(s), aquela(s) e aquilo, em referência ao elemento mais distante. Exemplo: No restaurante pedi pizza e vinho italianos; este (o vinho) estava delicioso, mas aquela (a pizza) não se compara à nossa. Vamos, agora, comentar alguns elementos e recursos lingüísticos que sustentam um texto narrativo.

2.2 – Sintagmas adverbiais

Emprego de sintagmas adverbiais que enquadram os fatos narrados, situando-os no tempo e no espaço. Emprego de sintagmas adverbiais que expressam o modo dos fatos narrados, caracterizando as ações da narrativa.

Sintagmas adverbiais

de tempo faz dois anos, no mê passado, ontem, hoje de manhã, depois de alguns minutos etc.

de lugar

na fazenda, sobre o convés, no interior de uma caverna, no parque, dentro da piscina etc.

de modo

fortemente, bem, mal, suavemente, melhor, assim, pior etc.

2.3 - Os conectivos:

Emprego de termos que expressam e/ou introduzem relações temporais e de causa-efeito entre os fatos narrados, compondo assim a sucessão lógica de acontecimentos. Veja alguns deles:

Conectivos que indicam Autoridade antes (disso), até o momento, até aqui, naquele tempo etc. Simultaneidade enquanto isso, ao mesmo tempo que etc. Posteridade depois, logo mais, mais tarde, posteriormente etc. Repentidade de repente, de súbito, intempestivamente etc. Causa por isso, porque, a causa disso, já que, dado que etc. Conseqüência de modo que, assim, portanto, conseqüentemente etc. Contraste mas, no entanto, todavia, porém etc.

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Dwdqbíbhnr 1- Estabeleça a coesão dos textos abaixo, para evitar as “armadilhas do texto” que você identificar. a) “O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de distância. É assim que o golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo.” (Revista Ciência Hoje) b) “Por mais de duas décadas, a antropóloga francesa Marguerite Le Coq empreendeu estudos em torno da arte plumária indígena do Amazonas. A pesquisa pode ser avaliada em recente álbum patrocinado pela Rhodia do Brasil. A extraordinária pesquisa da antropóloga francesa Marguerite Le Cop foi minuciosís-sima, abrangendo cerca de 5 gerações dos indígenas da Amazonas. Para conseguir tal abrangência, a an-tropóloga francesa Marguerite Le Cop instalou-se na floresta e pôs mãos à obra.” (Revista Geográfica Internaciona l- adaptada) 2- Analisando os textos da questão anterior, qual(is) “armadilha(s) do texto” você identificou? 3- Observe que, nos trechos abaixo, a ordem que foi dada às palavras, nos enunciados, provoca efeitos semânticos (de significado) “estranhos”. “Fazendo sucesso com sua nova clínica, a psicóloga Iracema Leite Ferreira Duarte, localizada na rua Campo Grande, 159.” “Embarcou para São Paulo para São Paulo Maria helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Maksound Plaza.” (Notícias da coluna social do Correio do Mato Grosso, 28 ago. 1988.) Diga qual é a interpretação “estranha” que cada trecho pode ter e reescreva-os de forma a evitar o proble-ma. 4-

Nessa tira de Mauricio de Sousa, publicada em 1972, o autor toma como referência os versos iniciais da Canção do exílio de Antônio Gonçalves Dias (1823-1864). Ao se apropriar de tais versos, o cachorro Bidu provoca um processo de ruptura que desencadeia o elemento central de animação do episódio. Tomando por base essa informação, aponte:

a) os vocábulos envolvidos nesse processo de ruptura:

b) a razão por que as aspas foram colocadas apenas na frase do segundo quadro, embora também a do primeiro faça referência à Canção do exílio.

5- Observe a fotografia abaixo, de José Cordeiro, publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

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Nesse flagrante, fica evidente que a placa apresenta problemas de redação. Corrija o texto da placa de duas maneiras diferentes, realizando adaptações, se necessário:

a) dirigindo-se ao pedestre: _______________________________________________________ b) dirigindo-se ao motorista do veículo: _____________________________________________

6- No texto a seguir há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva a uma interpretação absurda. “A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvido ainda ne-nhum medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo mos-quito, o parasita (agente da doença) cai na circulação sangüínea e passa a provocar irritações oculares até a perda total da visão.” a) Transcreva o trecho problemático. b) Diga qual a interpretação absurda que pode extrair desse trecho. c) Qual a interpretação pretendida pelo autor? d) Reescreva o trecho de forma que deixe explícita tal interpretação.

3 - COERÊNCIA TEXTUAL A coerência textual resulta da boa articulação de idéias e também da seqüência lógica de um texto. A coerência, como a coesão, é uma qualidade básica da textualidade, mas, enquanto a coesão se

refere às ligações da superfície textual, sintáticas e pragmáticas, a coerência está relacionada à continuida-de de sentidos no texto, realizada implicitamente por uma conexão cognitiva entre elementos do texto. A coerência é a base de sentido dos textos.

Como dar/perceber a coerência no texto?

3.1 - Os fatores de coerência A coerência de um texto depende de uma série de fatores.

3.1.1 - O conhecimento lingüístico É o conhecimento das estruturas gramaticais e do significado das palavras. Na verdade, esse co-

nhecimento é necessário, mas pode não ser suficiente, para que um texto seja coerente. Na época da dita-dura militar, por exemplo, eram comuns as pichações de dizeres como “Fora gorilas!”. Ora, mesmo sabendo como se estrutura essa frase e o significado dos seus vocábulos, o entendimento da pichação vai além dis-so, precisando também de certo conhecimento do mundo — que nos diz, nesse caso, que gorila, era um termo negativo aplicado aos militares, os quais, naquele momento, governavam o país.

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3.1.2 - O conhecimento do mundo O conhecimento prévio do mundo nos permite ler o texto, relacionar seus elementos por meio de in-

ferências, dar continuidade de sentido aos segmentos textuais etc. Corresponde à soma de todos os nossos conhecimentos adquiridos à medida que vivemos e que são armazenados em blocos, denominados mode-los cognitivos. Estes podem ser de diferentes tipos:

a) os frames, que se referem aos conhecimentos armazenados dentro de um certo bloco conceitual: assim, o frame “sala de aula” pode conter giz, quadro-negro, professor, livros, cadernos, alunos, mas não contém bananas, macacos ou espingardas; b) os esquemas que são conhecimentos que se organizam dentro de uma certa seqüência temporal ou cau-sal, como as ações que fazemos ao tomar banho, ao vestirmos nossas roupas etc. c) os planos, que se referem aos procedimentos a serem tomados para atingirmos nossos objetivos. Por exemplo: conhecimento de como devemos proceder para obtermos uma vitória no tribunal; d) os esquemas textuais, que se ligam a regularidades textuais conforme o tipo de organização discursiva. Assim, um texto narrativo apresenta certas regularidades, que acabam por montar a sua “gramática”, do mesmo modo que os textos descritivos ou dissertativos.

3.1.3 - O conhecimento partilhado Como emissor e receptor possuem obrigatoriamente conhecimentos de quantidade e qualidade dife-

rentes, é necessário que um texto, para ser coerente, se fundamente numa base sólida de conhecimentos comuns entre os dois. Quando o conhecimento não é partilhado, o texto necessita de muitas explicitações, as quais se tornam redundantes, em caso contrário. Assim, para que um texto seja adequado é necessário um perfeito equilíbrio entre informações novas e informações conhecidas.

3.1.4 - As inferências Referem-se aos conhecimentos que não estão expressos, mas que podem ser deduzidos a partir do

que é dito.

3.1.5 - Os fatores de contextualização São todos aqueles que relacionam o texto a uma situação comunicativa determinada. Por exemplo,

se lemos na capa de um livro que ali estão agrupados contos de fadas, não vamos achar incoerentes uma série de dados que são absurdos no mundo real.

3.1.6 - Situacionalidade Refere-se ao conjunto de elementos situacionais que servem para dar coerência ao texto: os parti-

cipantes do ato comunicativo — quem são, qual a sua relação hierárquica, onde estão etc. —, o momento da enunciação, o local etc.

3.1.7 - A informatividade Diz respeito à quantidade de informações presentes num texto e que está intimamente relacionada

à presunção do emissor sobre o receptor. Se sou um jornalista responsável por uma coluna especializada em crítica cinematográfica, por exemplo, é natural que considere meus leitores de certo modo informados

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sobre os temas que abordo, o que pode fazer com que alguns, menos preparados nesse campo de conhe-cimento, venham a não compreender perfeitamente o que digo. Caso contrário, posso chegar a “ofender” meus leitores, dando-lhes informações óbvias, o que tornaria o texto redundante e, por isso mesmo, pouco coerente.

3.1.8 - A focalização Refere-se ao modo de ver específico de determinado conhecimento. Assim, se um pintor vai a um

jogo de futebol, certamente vai ver plasticamente o espetáculo — os movimentos dos jogadores, as cores, a luz etc. —, ao passo que um locutor o observará sob o ponto de vista esportivo.

3.1.9 - A intertextualidade Prende-se ao conhecimento prévio de outros textos, tanto no que diz respeito à forma, quanto ao

conteúdo. Na forma, pode aparecer como citações, paráfrases ou paródias; no caso do conteúdo, a intertex-tualidade é uma constante já que todos os textos dialogam uns com os outros.

3.1.10 - A intencionalidade e a aceitabilidade A intencionalidade está ligada, por parte do emissor, a todos os meios de que ele lança mão no

sentido de atingir seus objetivos. Já a aceitabilidade, no caso do receptor, está ligada à sua capacidade de atribuir coerência ao tex-

to.

3.1.11 - A consistência e a relevância A consistência se prende ao fato de que todos os dados textuais devem estar relacionados de for-

ma consistente entre si, de modo a não haver contradição possível. Já a relevância se liga ao fato de que os enunciados devem estar ligados ao mesmo tema.

Dwdqbíbhnr 1. Todos os textos abaixo apresentam passagens de intertextualidade explícita. Indique as origens dessa intertextualidade. a) Minha terra tem palmares / Onde gorjeia o mar / Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade) ______________________________________________________________________________________ b) Devagar se vai ao longe, mas quando se chega lá, não se encontra mais ninguém. (Mjllôr Fernandes) ______________________________________________________________________________________ c) Dinheiro não traz felicidade. Quem disse o ditado pensou em reais, porque o dólar traz. (Millôr Fernandes) ______________________________________________________________________________________ d) Este país deve progredir cinqüenta anos em cinco; não podemos ficar deitados eterna mente em berço esplêndido. (Discurso de Juscelino Kubitschek) ______________________________________________________________________________________ e) A morte de Chico Mendes, o líder dos seringueiros, correspondeu a uma crônica de um assassinato a-nunciado, tantas foram as ameaças contra ele. (Jornal do Brasil, 12/8/00) ______________________________________________________________________________________ f) Diante do pedido de todos, José sentou-se no sofá e disse: — Se é pra felicidade geral, eu fico! (José Trindade Jr., A festa) ______________________________________________________________________________________

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2. Indique duas inferências deduzidas de cada uma das seguintes manchetes. a) As chuvas de janeiro prometem ser violentas. ______________________________________________________________________________________ b) O governo pretende arrecadar mais este ano em impostos. ______________________________________________________________________________________ c) Mais uma tentativa de fuga de presos em São Paulo. _____________________________________________________________________________________ d) Os pilares da ponte Rio-Niterói estão sofrendo corrosão. ______________________________________________________________________________________ e) As aulas chegaram ao fim este ano. ______________________________________________________________________________________ 3. Cada um dos textos a seguir apresenta um conjunto de vocábulos pertinentes a um determinado frame. Sublinhe esses vocábulos. a) (ensino de língua portuguesa) Nesta coleção você vai encontrar uma visão de ensino ajustada às mais novas tendências didático-pedagógicas. Textos instigantes, em vários registros e modalidades lingüísticas, familiarizam o estudante com discursos produzidos em diversos contextos socioculturais. ______________________________________________________________________________________ b) (revista de computação) Por mais poderoso que seja, um computador sem programas adequados tem pouca utilidade. E um “programa adequado” com certeza não é aquele aplicativo profissional, caro e sofisti-cado que, às vezes, já vem instalado. De nada adiantam funções, botões e janelas, se você não conseguir fazer alguma coisa com eles. ______________________________________________________________________________________ c) (informações sobre animais) Os répteis foram os primeiros vertebrados que se adaptaram com êxito a viver sem grandes dependências dos ambientes aquáticos. Sua pele deixou de ser uma superfície com funções respiratórias e sempre necessitada de umidade, como nos anfíbios, tornando-se até certo ponto impermeável e seca. d) (tecnologia da comunicação) Os satélites de comunicação permitem difundir por todo o planeta informa-ções e programas de televisão. Mas somente os países de tecnologia mais avançada possuem esses meios de comunicação, o que acentua ainda mais o profundo desequilíbrio que caracterizava o fluxo internacional da informação. ______________________________________________________________________________________ e) (uma casa) A casa tinha dois andares e uma boa chácara no fundo. O salão de visitas era no primeiro. Mobília antiga, um tanto mesclada; ao centro, grande lustre de cristal coberto de filó amarelo. Três largas janelas de sacada, guarnecidas de cortinas brancas, davam para a rua do lado oposto, um enorme espelho de moldura dourada e gasta inclinava-se pomposamente sobre um sofá de molas. _____________________________________________________________________________________ 4. Observe os quadrinhos abaixo e responda às perguntas a seguir:

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a) Em que elementos Garfiled se apóia para inferir os acontecimentos? _____________________________________________________________________________________ b) Toda a história veiculada nos quadrinhos corresponde a: a) um frame b) um esquema c) um plano d) um esquema textual 5- Observe os quadrinhos abaixo e responda à pergunta que segue:

a) O que faz com que haja coerência entre as duas falas de Hagar? ______________________________________________________________________________________ 6. Abaixo estão algumas frases retiradas de pára-choques de caminhões. Indique a causa das afirmações, que dá coerência aos textos. a) Marido de mulher feia detesta feriado. _____________________________________________________ b) 90% da beleza feminina sai com água e sabão. _____________________________________________ c) Mineiro quando enfeza, vela sobe de preço. ________________________________________________ d) Na escola da vida não tem férias. _________________________________________________________ e) Casa de mulher feia não precisa de fechadura. ______________________________________________ 7. Em cada conjunto de frases a seguir, a idéia principal aparece no número 1. As frases que a seguem estão ou não relacionadas com essa idéia principal. Indique com um (X) aquelas que não têm relação de sentido com a idéia principal. Conjunto 1 1. A cada dia que passa se torna mais difícil o trânsito nas ruas de São Paulo. a) ( ) Os noticiários trágicos dos telejornais sobre o aumento de mortes decorrentes de acidentes são a prova cabal dessa triste realidade. b) ( ) Certamente essas páginas de noticiário trágico são as que contam com um maior número de leito-res.

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UNIS – Tecnologia em gestão Ambiental – Módulo 1 – 2008/1 PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – PROFESSORA VALERIA MAYWORM WOLL

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c) ( ) Uma prova disso é o sucesso da chamada “imprensa marrom”. d) ( ) A cada dia aumenta o número de veículos em circulação. e) ( ) Os pedestres, por seu lado, atravessam as ruas sem qualquer cuidado e, principalmente, fora das faixas reservadas. f) ( ) Isso sem falar nas motocicletas, que voam pelas ruas com encomendas que devem ser entregues em curto espaço de tempo. g) ( ) A causa principal dos desastres é a falta de obediência ao novo Código Nacional de Trânsito. Conjunto 2 1. A cada dia os nossos melhores craques são vendidos ao estrangeiro. a) ( ) O Real Madrid tem um atacante brasileiro. b) ( ) A Alemanha e a Itália também importam jogadores brasileiros. c) ( ) Pelé foi considerado o melhor jogador do mundo. d) ( ) Os jogadores brasileiros ensinam como jogar o futebol-arte. e) ( ) O Vasco da Gama vendeu os seus melhores jogadores para a Espanha. f) ( ) Uma das grandes fontes de renda do Brasil é a venda de jogadores. Conjunto 3 1. Um dos problemas do urbanismo moderno é o dos “espaços verdes” ou “pulmões” da cida-de. a) ( ) Esses “pulmões” atenuam o perigo que representa para a nossa saúde o ar poluído das grandes cidades. b) ( ) O Rio de Janeiro conta com alguns “espaços verdes”: a floresta da Tijuca, o Jardim Botânico, o Horto Florestal... c) ( ) Graças a esses espaços as crianças podem respirar um ar menos poluído. d) ( ) Na Quinta da Boa Vista está o Jardim Zoológico, onde há grande variedade de animais. e) ( ) Nas praças há muitos bancos para que os transeuntes descansem. f) ( ) Nas grandes metrópoles procura-se que cada bairro possua o seu próprio “espaço verde”. 8. Apresentamos a seguir algumas frases incoerentes. Reescreva-as de modo a corrigir os problemas. a) Quando se trabalhou intelectualmente a vida inteira, a gente se adapta facilmente ao trabalho físico. ______________________________________________________________________________________ b) Os policiais conseguiram encurralar o bandido no alto do morro e despejaram uma catarata de tiros. ______________________________________________________________________________________ c) Nosso crítico elogiou o filme que estreou ontem e que foi considerado de curta duração pela crítica de outras revistas. ______________________________________________________________________________________ d) Os alunos protestaram em alto e bom som contra os resultados da prova até que o professor lhes solici-tou que parassem com os resmungos. ______________________________________________________________________________________ e) Pelé brilhou no Santos, e, logo depois, em todo o Brasil e América o aplaudiram como grande jogador. ______________________________________________________________________________________