Apostila Resumida Dir. Constitucional

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CONTEDO PROGRAMTICO: TCNICO JUDICIRIO REA ADMINISTRATIVA (dispensada a especialidade) NOES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Princpios Fundamentais da Constituio Federal de 1988. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos. Direitos sociais. Direitos Polticos. Partidos Polticos. Da organizao do Estado: Unio, Estados, Municpios, Distrito Federal e Territrios. Da organizao dos Poderes. Poder Legislativo (noes gerais), Poder Executivo (noes gerais) e Poder Judicirio. rgos do Poder Judicirio. Garantias dos Magistrados. Competncia dos Tribunais. Dos Tribunais e Juzes Eleitorais. 1 - TEORIA GERAL 1.1 - CONCEITO DE ESTADO: a sociedade politicamente organizada. Seus elementos constitutivos so o povo, o territrio e a soberania. 1.2 - FORMAS DE ESTADO:

2.3 - HIERARQUIA DAS NORMAS JURDICAS: a Constituio a lei mxima e fundamental do Estado. Ocupa o ponto mais alto da hierarquia das normas jurdicas, por isso recebe nomes enaltecedores que indicam essa posio de pice na Pirmide de Normas: Lei Suprema, Lei Maior, Carta Magna, Lei das Leis ou Lei Fundamental. 2.3.1 - ESTRUTURA HIERARQUIZADA: a pirmide representa a hierarquia das normas dentro do ordenamento jurdico - esta estrutura exige que o ato inferior seja compatvel com o ato hierarquicamente superior e, todos eles, com a Constituio, sob pena de ser ilegal e inconstitucional - chamada de relao de compatibilidade vertical. Da deriva o princpio da Supremacia Constitucional. FIQUEM LIGADOS: no existe hierarquia entre leis federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal. O que de fato existe so campos especficos de atuao.

CFa) Estado Unitrio; b) Estado Federal; c) Confederao. 1.3 - FORMA DE GOVERNO: a) Monarquia; b) Aristocracia; c) Repblica. 1.4 - SISTEMA DE GOVERNO: a) Parlamentarismo; b) Presidencialismo. 1.5 - REGIME DE GOVERNO: a) Democracia; b) Totalitarismo. 2 NOES FUNDAMENTAIS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 2.1 - CONCEITO: o ramo do direito pblico interno que estuda os princpios e normas estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais. 2.2 - CONCEITO DE CONSTITUIO: a lei fundamental de organizao do Estado, ao estruturar e delimitar os seus poderes polticos; trata das formas de Estado (unitrio, federao ou confederao) e de governo (monarquia, aristocracia ou repblica), do sistema de governo (parlamentarista ou presidencialista), do modo de aquisio, exerccio e perda do poder poltico, rgos de atuao do Estado (Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio) e dos principais postulados da ordem econmica e social; estabelece os limites de atuao do Estado, ao assegurar respeito aos direitos individuais da pessoa humana.

LEIS ATOS2.4 - CLASSIFICAO DAS CONSTITUIES: as Constituies dos diversos pases do mundo no so iguais entre si. Contudo, podem ser classificadas de acordo com seis critrios bsicos: 2.4.1 - Quanto ao contedo: a) Materiais: o contedo do texto traz normas que determinam a forma de Estado, a forma de governo, os rgos que o dirigem e a matria de que so formados, as competncias de que so investidos, os direitos dos cidados. b) Formais: o contedo do texto traz normas que no integram o Direito Constitucional. Ex.: oramento, assistncia social, educao, ndios etc. 2.4.2 - Quanto forma: a) Escritas: quando so expressas na forma escrita em um texto solene. Hoje em dia, quase todas as Constituies so escritas. Ex.: Constituio dos Estados Unidos. b) Costumeiras ou consuetudinrias: quando provm de prticas constantes, consagradas pelo uso e pela tradio histrica. Ex.: Constituio inglesa. 2.4.3 Quanto ao modo de elaborao: a) Dogmtica: produto escrito e sistematizado por um rgo constituinte. b) Histrica: resulta de lenta e contnua evoluo histrica e tradies de um determinado povo. 2.4.4 - Quanto origem:

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a) Promulgadas: quando elaboradas por uma Assemblia Constituinte, composta por representantes do povo. b) Outorgadas: quando imposta pelo Chefe de Estado, sem a consulta prvia ao povo. 2.4.5 - Quanto estabilidade:

c) Eficcia Limitada: aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, aps uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade. Ex.: arts. 7, XI e 37, VII da CF/88. d) Programticas: so metas, objetivos a se atingir. Ex.: art. 205 da CF/88. 2.8 - INTERPRETAO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

a) Imutveis: quando no pode haver qualquer alterao. b) Rgidas: quando s podem ser alteradas com processo legislativo mais solene e dificultoso. c) Flexveis: quando podem ser alteradas com facilidade, pelo processo legislativo ordinrio. d) Semi-rgida: meio termo entre as rgidas e as flexveis. Algumas regras podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinrio e outras pelo mais solene. 2.4.6 Quanto extenso e finalidade: a) Sintticas: prevem apenas os princpios e normas gerais de regncia do Estado. b) Analticas: examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes formao, destinao e funcionamento do Estado. A Constituio do Brasil (1988) apresenta a seguinte classificao: - Formal; - Escrita; - Dogmtica; - Promulgada; - Rgida; e - Analtica. 2.5 - AS CONSTITUIES NA HISTRIA DO BRASIL: ao longo de sua histria, o Brasil teve oito Constituies. Dessas, quatro nasceram de um processo ilegtimo de outorga (Constituies de 1824, 1937, 1967 e 1969). Elas foram impostas pelo chefe de Estado, sem a devida consulta prvia ao povo ou a seus legtimos representantes. As outras quatro (Constituies de 1891, 1934, 1946 e 1988) resultaram de um processo democrtico, sendo votadas e promulgadas por Assemblias Constituintes. 2.6 - APLICABILIDADE DAS NORMAS JURDICAS: a) Normas Auto Aplicveis: de eficcia plena e de eficcia contida; b) Normas No Auto-Aplicveis: de eficcia limitada e programticas. 2.7 - APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS: a) Eficcia Plena: aquelas que, desde a entrada em vigor da constituio, produzem ou tm possibilidade de produzir todos os efeitos essenciais relativamente aos interesses, comportamentos e situaes que o legislador constituinte quis regular. Ex.: remdios constitucionais. b) Eficcia Contida: aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos matria, mas deixou margem atuao restritiva do Poder Pblico. Ex.: art. 5, XIII da CF/88.

a) No h hierarquia entre normas constitucionais; b) Deve-se buscar a harmonia do texto com suas finalidades; c) Deve ser adequada realidade; d) Maior aplicabilidade dos direitos, garantias e liberdades pblicas. e) Interpretao Conforme a Constituio. 3 - FUNDAMENTOS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (art. 1) A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo poltico. Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio. FIQUEM LIGADOS: nos termos do pargrafo nico, o poder exercido por meio de representantes eleitos (democracia representativa) ou diretamente (democracia direta). Os instrumentos da democracia direta so o plebiscito, o referendum e a iniciativa popular (art. 14, I a III). 4 - SEPARAO DOS PODERES (art. 2) So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio. 5 - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (art. 3) Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao. FIQUEM LIGADOS: os objetivos correspondem a uma ao (verbo).

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6 - PRINCPIOS DE REGNCIA DAS RELAES INTERNACIONAIS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (art. 4) A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes princpios: I - independncia nacional; II - prevalncia dos direitos humanos; III - autodeterminao dos povos; IV - no-interveno; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - soluo pacfica dos conflitos; VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade; X - concesso de asilo poltico. Pargrafo nico. A Repblica Federativa do Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos da Amrica Latina, visando formao de uma comunidade latino-americana de naes. FIQUEM LIGADOS: com relao ao pargrafo nico, importante ter em mente que a Amrica Latina constituda por aqueles pases do continente americano (compreende Amrica do Sul, Amrica Central e Amrica do Norte) cuja lngua fluente deriva do latim (portugus, espanhol, francs, italiano, entre outros). EXERCCIOS 1 - (Tcnico Judicirio - rea Judiciria / TRT3 / FCC/ 2005) O Brasil, segundo dispe a Constituio, adota a forma de Estado (A) federal, descentralizada por regies e estados. (B) unitria centralizada. (C) unitria descentralizada. (D) confederada. (E) federal. 2 - (Analista Judicirio - rea Administrativa / TRE-MG / FCC / 2005) Tendo em vista a classificao das constituies, pode-se dizer que a Constituio da Repblica Federativa do Brasil vigente considerada escrita e legal, assim como (A) super-rgida, popular, histrica, sinttica e semntica. (B) rgida, promulgada, dogmtica, analtica e formal. (C) semi-rgida, democrtica, dogmtica, sinttica e pactuada. (D) flexvel, outorgada, dogmtica, analtica e nominalista. (E) flexvel, promulgada, histrica, analtica e formal. 3 - (Analista de Controle Externo / TCE-MA / FCC / 2005) A supremacia formal da Constituio pressupe (A) a estabilidade scio-poltica da Carta Magna. (B) a rigidez constitucional. (C) o carter costumeiro da elaborao constitucional. (D) a declarao solene de direitos. (E) o estado democrtico de direito. 4 - (Auditor / TCE-MG / FCC / 2005) A norma constitucional que dispe que o Estado promover e incentivar o desenvolvimento cientfico, a pesquisa e a capacitao tecnolgi-

cas , quanto aplicabilidade, uma norma (A) auto-executvel. (B) incondicionada. (C) programtica. (D) condicionada. (E) de eficcia contida. 5 - (Analista Judicirio - rea Administrativa / TRE-SP / FCC / 2006) Tendo em vista a aplicabilidade das normas constitucionais, considere o que segue: I. livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. III. So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio. Tais preceitos so considerados, respectivamente, de (A) eficcia redutvel ou restringvel; e de princpio programtico. (B) eficcia limitada; e de princpio programtico. (C) princpio institutivo; e de eficcia plena. (D) eficcia redutvel ou restringvel; e de eficcia absoluta. (E) princpio contido; e de princpio institutivo. 6 - (Assessor especializado / IPEA / FCC / 2004) O rol expresso de matrias que, nos termos da Constituio Federal, no podem ser abolidas por emenda constitucional, NO inclui (A) a forma federativa de Estado. (B) a forma republicana de governo. (C) o voto direto, secreto, universal e peridico. (D) a separao de Poderes. (E) os direitos e garantias individuais. 7 - (Analista de Controle Externo / TCE-MA/ FCC / 2005) O ncleo intangvel da Constituio (A) abrange o voto direto, secreto, universal e peridico. (B) representa os limites formais ao poder constituinte institudo. (C) amplia a abrangncia do poder de veto sobre as emendas constitucionais. (D) abriga a forma federativa e republicana de Estado. (E) limita circunstancialmente o poder de reforma constitucional. 8 - (Auditor / TCE-MG / FCC / 2005) Dentre os princpios fundamentais da Constituio brasileira previsto expressamente como fundamento da Repblica a (A) proporcionalidade. (B) imunidade recproca dos entes federados. (C) moralidade. (D) dignidade da pessoa humana. (E) defesa do consumidor. 9 - (Analista de Controle Externo / TCE-MA / FCC / 2005) O Brasil um Estado Democrtico de Direito que tem, dentre os seus fundamentos expressos na Constituio, (A) a liberdade de imprensa. (B) o desenvolvimento nacional. (C) a defesa da paz.

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(D) o pluralismo poltico. (E) a soluo pacfica dos conflitos. 10 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT24 / FCC/ 2006) Nos termos da Constituio Federal de 1988, constitui um dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil (A) construir uma sociedade igualitria. (B) garantir o desenvolvimento econmico. (C) reduzir as desigualdades sociais e regionais. (D) promover a defesa da paz. (E) garantir a dignidade da pessoa humana. 11 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRE-AP / FCC/ 2006) As relaes internacionais da Repblica Federativa do Brasil regem-se, alm de outros, pelos seguintes princpios: (A) interveno blica interna e repdio ao terrorismo. (B) defesa da paz e no-concesso de asilo poltico. (C) autodeterminao dos povos e no-interveno. (D) dependncia nacional e prevalncia dos direitos humanos. (E) soluo pacfica ou blica dos conflitos e supremacia dos direitos internacionais. 12 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT13 / FCC/ 2005) Representa exceo aos princpios que regem as relaes internacionais do Brasil a (A) soluo pacfica dos conflitos. (B) vedao de asilo poltico. (C) defesa da paz. (D) no-interveno. (E) autodeterminao dos povos. 13 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT24 / FCC/ 2006) Um dos princpios expressos na Constituio Federal de 1988 que regem as relaes internacionais da Repblica Federativa do Brasil : (A) Zelar pela soberania. (B) Erradicao da pobreza. (C) Garantir o desenvolvimento internacional. (D) Prevalncia dos direitos humanos. (E) Pluralismo poltico. 14 - (Auditor Fiscal / Receita Estadual-PB / FCC / 2006) A Constituio vigente prev expressamente que a Repblica Federativa do Brasil rege-se, nas suas relaes internacionais, pelos princpios de (A) desenvolvimento nacional, prevalncia dos direitos humanos e defesa da paz. (B) cooperao entre os povos para o progresso e no-concesso de asilo poltico. (C) soluo jurisdicional dos conflitos, repdio ao terrorismo e ao racismo. (D) independncia nacional, autodeterminao dos povos e nointerveno. (E) igualdade entre os Estados, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

15 - (Tcnico Judicirio - rea Servios Gerais - Especialidade Segurana / TRT15 / FCC / 2005) Independncia nacional, autodeterminao dos povos e igualdade entre os Estados so considerados pela Constituio brasileira (A) direitos sociais e polticos. (B) princpios que regem a Repblica brasileira nas suas relaes internacionais. (C) motivos para decretao de interveno federal nos Estados. (D) atribuies do Supremo Tribunal Federal. (E) matrias de competncia legislativa concorrente GABARITO 1-E 6-B 11 - C 2-B 7-A 12 - B 3-B 8-D 13 - D 4-C 9-D 14 - D 5-D 10 - C 15 - B

7 - INTRODUO AOS DIREITOS, DEVERES E GARANTIAS FUNDAMENTAIS O Ttulo II da Constituio Federal assegura um conjunto de prerrogativas que dizem respeito s principais dimenses que se referem ao ser humano: a) pessoa natural ou fsica; b) membro da sociedade civil; c) membro da sociedade poltica. 7.1 EVOLUO HISTRICA: os direitos e garantias fundamentais surgem como disposies que limitam o poder estatal. As primeiras limitaes ao poder do Estado surgiram no final da Idade Mdia; o antecedente mais importante apontado pelos autores a Magna Carta, na Inglaterra, em 1215, reconhecendo direitos dos bares, com restries ao poder absoluto do monarca; em seguida, surgiram diversas outras declaraes limitando o poder do Estado; contudo, s no sculo XVIII, com as Revolues Francesa e Americana, foram editados os primeiros enunciados de direitos individuais; a 1 Declarao foi a da Virgnia, em 1776, estabelecendo, entre outros princpios fundamentais, igualdade de direitos, diviso de poderes, eleio de representantes, direito de defesa, liberdade de imprensa e liberdade religiosa; em seguida, merece destaque a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, proclamada aps a Revoluo Francesa, em 1789; possui um carter de universalidade, pois se considerava vlida para toda a humanidade; estabelecia que o Estado que no possusse separao dos poderes e um enunciado de direitos individuais no teria uma Constituio; aps a 2 Guerra Mundial, em 1948, foi editada, pela ONU, a Declarao Universal dos Direitos do Homem, realando a preocupao com o respeito aos direitos humanos em todos os pases do mundo. Hoje, a relao dos direitos e garantias fundamentais ainda visam a impedir o excesso de poder ou o abuso de autoridade do Poder Pblico sobre os administrados (estabelece limites). 7.2 - CONCEITO: existe distino entre direitos, deveres e garantias fundamentais. 7.2.1 - DIREITOS FUNDAMENTAIS: so disposies meramente declaratrias, ou seja, que definem quais os direitos que o ordenamento jurdico entende devem ser objeto de proteo consignada na Constituio. So bens conferidos pela norma jurdica,

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verdadeiro patrimnio jurdico inalienvel, disponibilizado para os indivduos. So considerados indispensveis pessoa humana, necessrios para assegurar a todos uma existncia digna, livre e igual, como a vida, a liberdade, a igualdade, a segurana e a propriedade (VLISP); 7.2.2 DEVERES: so normas de inegvel carter limitativo que buscam circunstanciar o exerccio dos direitos e, ao mesmo tempo, tm uma funo de proteo dos bens jurdicos conferidos. Por exemplo: o inciso IV declara que a liberdade de expresso um direito, mas o inciso V estabelece limites e responsabilidades para quem dele abusa. 7.2.3 - GARANTIAS FUNDAMENTAIS: so disposies assecuratrias que existem para garantir ou proteger os direitos fundamentais dos cidados. Entre os instrumentos organizados de proteo, encontramos o habeas corpus, o mandado de segurana (individual e coletivo), o habeas data, o mandado de injuno, a ao popular, a ao civil pblica e o direito de petio. 7.3 - DIREITOS DE GARANTIAS DE CARTER INFRACONSTITUCIONAL: Os direitos e garantias expressos na Constituio no excluem outros de carter constitucional decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, alm da existncia de outros de carter infraconstitucional, decorrentes dos tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatrio. Em outros termos, o art. 5 no exaure o rol de direitos e garantias no sistema constitucional ptrio. FIQUEM LIGADOS: a Emenda n 45, de dezembro de 2004, acrescenta o 3 no art. 5 da CF/88, que dispe que Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais, ou seja, tero hierarquia constitucional. 7.4 - CARACTERSTICAS: a) Historicidade: como qualquer direito, nascem, modificam-se e desaparecem, evoluindo com o passar do tempo. Eles aparecem com a revoluo burguesa e evoluem, ampliam-se, com o correr dos tempos; b) Imprescritibilidade: nunca deixam de ser exigveis. O exerccio de boa parte dos direitos fundamentais ocorre s no fato de estarem reconhecidos na ordem jurdica. Por no conter carter patrimonial, no h intervalo de tempo de no exerccio que fundamente a perda da exigibilidade pela prescrio; c) Inalienabilidade: so direitos intransferveis, inegociveis, porque no tm contedo econmico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todos, deles no se pode desfazer, porque so indisponveis; d) Irrenunciabilidade: alguns deles podem at no ser exercidos, quer dizer, pode-se at deixar de exerc-los, mas no se admite que sejam renunciados (no podem ser renunciados); e) Inviolabilidade: no so passveis de violao (respeito recproco), quer dizer, o direito de algum termina quando comea o do outro; f) Universalidade: podem ser opostos contra todos, ou seja, os direitos fundamentais do indivduo devem ser respeitados por toda a coletividade, indistintamente;

g) Efetividade: pode ser invocado / usufrudo a qualquer momento, independentemente da vontade alheia, o que quer dizer que no se pode estabelecer critrios para o exerccio dos direitos fundamentais alheios; h) Interdependncia: os direitos fundamentais so independentes, porm formam um conjunto de direitos e deveres harmnico entre si, pois no dependem um do outro para serem exercidos; i) Complementariedade: uns completam os outros, formando um conjunto nico. 7.5 - DESTINATRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E PRINCPIO DA UNIVERSALIDADE: 7.5.1 - SUJEITOS ATIVOS: as pessoas naturais, brasileiros ou estrangeiros no territrio nacional (residentes ou de passagem) e as pessoas jurdicas. Apesar de no estar expressamente prevista a proteo para o estrangeiro em trnsito (de passagem) seus direitos so protegidos porque nas relaes internacionais o Brasil deve observar o princpio da Prevalncia dos Direitos Humanos (art. 4 da CF/88). 7.5.2 SUJEITOS PASSIVOS: o Poder Pblico (pessoas jurdicas de direito pblico), as pessoas jurdicas de direito privado prestadoras de servio pblico e particulares. 7.6 - APLICABILIDADE DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: A Constituio estabelece que os direitos e garantias fundamentais tm, regra geral, aplicao jurdica imediata, ou seja, independem da atuao do legislador infraconstitucional para que possam ser exercidos (auto-aplicveis), e ainda determina da impossibilidade de emenda constitucional prejudicar os direitos e garantias individuais. 7.7 - RELATIVIZAO E RESTRIES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: os direitos e garantias fundamentais no so absolutos, ou seja, h o que se pode chamar da aplicao do Princpio da Relatividade dos direitos e garantias fundamentais, pois, a prpria existncia de tais direitos limita a observncia intransigente, alm de que no se podem utilizar tais prerrogativas como forma de encobrir a prtica de atos ilcitos. 7.8 - CLASSIFICAO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: a doutrina moderna classifica os direitos fundamentais de acordo com a ordem cronolgica em que tais disposies passaram a ser incorporadas ao texto das constituies em de primeira, segunda e terceira geraes. Destarte, os direitos fundamentais de primeira gerao so os direitos polticos e civis e realam o princpio da liberdade; os direitos de segunda gerao so os direitos sociais, econmicos e culturais e realam o princpio da igualdade; os direitos de terceira gerao so os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade, que englobam interesses de grupos menos determinados de pessoas, sem que haja entre elas um vnculo jurdico muito preciso. 7.9 - ESPCIES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS: a) individual (art. 5 da CF/88): aquele que afeta o indivduo em particular; b) coletivo (art. 5 da CF/88): aquele que ampara um grupo determinado de pessoas que estejam ligadas por algum vnculo jurdico;

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c) social e scio-trabalhista (arts. 6 a 11 e 193 e seguintes da CF/88): so aqueles que se direcionam insero das pessoas na vida social tendo acesso aos bens que satisfaam suas necessidades bsicas; d) nacionalidade (art. 12 da CF/88): aquele que vincula o indivduo com um determinado Estado; e) poltico (art. 14 a 17 da CF/88): aquele que vincula a pessoa a uma sociedade politicamente organizada, conferindo a possibilidade de participao no governo. 8 - DOS DIREITOS INDIVIDUAIS EM ESPCIE Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: a) Vida: o direito vida constitui pr-requisito para o exerccio de todos os demais direitos, sendo considerado sob dois aspectos preponderantes, o direito de continuar vivo, que compreende desde o direito existncia at o direito integridade fsica, bem como de conviver dignamente. justamente por causa dessa proteo, que se probe que algum disponha da vida de outrem, de tal modo que, no Brasil, no permitida a prtica da eutansia, do aborto, da pena de morte, ou qualquer outra disposio cuja finalidade ou pressuposto seja pr termo vida humana. FIQUEM LIGADOS: existe uma exceo regra, no caso do art. 5, inciso XLVII, alnea a, que dispe que no haver pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX. b) Liberdade: consiste a liberdade no conjunto de direitos reconhecidos ao indivduo, considerado isoladamente ou em grupo, em face da autoridade poltica e perante o Estado; o poder que tem o cidado de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei. Trata-se da possibilidade que tem o indivduo de exprimir-se de acordo com sua vontade, sua conscincia, sua natureza, apresentando desdobramentos ao longo do corpo da Constituio: liberdade da pessoa fsica (locomoo, circulao); liberdade de pensamento (opinio, religio, informao, comunicao do conhecimento); liberdade de expresso coletiva (de reunio, de associao); liberdade de ao profissional (livre escolha e de exerccio, de trabalho, ofcio e profisso); e liberdade de contedo econmico e social (liberdade econmica, livre iniciativa, liberdade de comrcio, liberdade ou autonomia contratual, liberdade de ensino e liberdade de trabalho). c) Igualdade: no enunciado do art. 5 se encontra o Princpio da Igualdade. A igualdade substancial, real ou efetiva a que determina que se destine a todos, de maneira indiscriminada, tratamento idntico, independentemente das diferenas que possam existir entre cada pessoa, quer dizer, busca tratar coisas iguais ou diferentes da mesma forma, dando ensejo a prtica de injustias. J o princpio da igualdade formal ou da isonomia prestigia a idia maior de justia vez que decorre da concepo clssica do que seria justia, ou seja, o tratamento desigual de casos desiguais na medida de sua desigualdade. Em outros termos, o que se veda o tratamento desigual daqueles casos que se encontram na mesma situao. A Constituio probe as distines que no se destinem a atender a uma finalidade juridicamente protegida.

Desse modo, v-se que somente pode ser considerado lesado o princpio da igualdade quando o elemento discriminador atuar de forma no amparada pelo direito; por isso, pode ser perfeitamente possvel, dependendo do caso concreto, a estipulao de limitao etria, de sexo, etc. para ingresso no servio pblico, desde que, verificada a peculiaridade da situao em funo de finalidade acolhida pelo direito. d) Segurana: a segurana deve ser interpretada de forma abrangente e envolve vrios desdobramentos constantes dos incisos do art. 5 da CF/88, como por exemplo, o ato jurdico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. e) Propriedade: abrange os bens mveis e imveis, materiais e imateriais e sua proteo se estende at depois da morte do indivduo com o direito herana. 8.1 - Incisos: I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta Constituio; Princpio da Igualdade (art. 5, I): esse inciso traz regra que rene dcadas de lutas das mulheres contra a discriminao. Mais relevante ainda, que no se trata a de mera isonomia formal. No igualdade perante a lei, mas igualdade em direitos e obrigaes. Onde houver um homem e uma mulher, qualquer tratamento desigual entre eles, a propsito de situaes pertinentes a ambos os sexos, constituir desrespeito constitucional, deixando a salvo, contudo, as diferenas positivadas pela prpria Constituio. Exemplo: licena gestante de 120 dias e licena paternidade de 05 dias (art. 7, VII e XIX da CF). II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei; Princpio da Legalidade (art. 5, II): por esse princpio permite-se que se faa tudo o que a lei no probe, ao mesmo tempo que autoriza a no fazer aquilo que a lei no determina. Nenhuma obrigao pode ser imposta s pessoas sem previso em lei no sentido formal, quer dizer, afasta a possibilidade de Decretos, Instrues Normativas, Resolues Administrativas, etc. obrigarem algum a algo ante a sua falta de generalidade (aplicabilidade para todos), coercitividade (cumprimento obrigatrio sob pena de sano) e abstrao (regulamenta situaes abstratas e no concretas). Tanto pode ser Lei Federal, como Lei Estadual ou Municipal. III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Dignidade da pessoa humana (art. 5, III): inciso que refora o fundamento da Repblica Federativa do Brasil. IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato; Liberdade da Manifestao do Pensamento (art. 5, IV): constitui um dos aspectos externos do direito liberdade e prpria dos Estados Democrticos de Direito. Essa exteriorizao do pensamento pode se dar entre interlocutores presentes (em forma de dilogo, conversao, exposio, conferncia, palestra, discurso,

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etc.); ou entre ausentes (correspondncia pessoal e particular sigilosa, inclusive e-mails, ou sob forma de livros, jornais, revistas e outros peridicos, televiso e rdio). Acrescente-se que inclui tambm o direito de t-lo em segredo, isto , o direito de no manifest-lo, reconhecendo-o na esfera ntima do indivduo. Envolve ainda o direito de escolha da forma de manifestao e o direito correspondente de receber informaes. No entanto, a liberdade de manifestao de pensamento tem seu nus vedado o anonimato para preservar o direito de resposta (art. 5, V) e a responsabilizao por dano sofrido por terceiro. V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem; Direito de Resposta (art. 5, V): garante ao indivduo o direito de responder a ofensas lanadas contra ele de forma proporcional e pelo mesmo meio utilizado pelo ofensor. Garante a indenizao pelo dano material, moral e imagem via ao judicial. VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias; Desdobramento do direito liberdade de pensamento (art. 5, VI): inciso que confere trs direitos distintos. VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva; Assistncia religiosa (art. 5, VII): entidades de internao coletiva so hospitais, presdios, quartis, asilos etc. O Poder Pblico tem a obrigao de oferecer assistncia religiosa em tais locais porque os internos no podem deles se ausentar. VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei; Privao de direitos (art. 5, VIII): H pessoas que, por motivo de crena religiosa (ex: budista), ou convico filosfica (ex: pacifista) ou poltica (ex: marxista), em virtude da liberdade de pensamento, no so obrigadas a cumprir obrigao a todos imposta por lei (ex: servio militar e alistamento eleitoral). Contudo, deve cumprir uma prestao alternativa para no ser privado de seus direitos. IX - livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena; Expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao (art. 5, IX): A Constituio veda a censura, mas permite que se exera a classificao, para efeito indicativo, de diverses pblicas e de programas de rdio e televiso, informando sua natureza, faixa etria a que no se recomendem, horrio de apresentao etc. X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

Inviolabilidade da intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem (art. 5, X): trata-se de direito conexo ao da liberdade ou manifestao deste. De uma forma genrica, pode-se usar a expresso direito privacidade de modo a englobar os direitos citados acima. Privacidade (gnero) o conjunto de informaes acerca do indivduo que ele pode decidir manter sob o seu exclusivo controle, ou comunicar, decidindo a quem, quando, onde e em que condies, sem a isso poder ser legalmente sujeito. Suas espcies: intimidade a esfera secreta da vida do indivduo na qual este tem o poder legal de evitar os demais. Abrange a inviolabilidade do domiclio, o sigilo da correspondncia e o segredo profissional; vida privada a que abrange a relao da pessoa com os membros de sua famlia e seus amigos; honra o conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, o respeito aos concidados, o bom nome, a reputao, a prpria dignidade; e a inviolabilidade da imagem da pessoa consiste na tutela do aspecto fsico, como perceptvel visivelmente. XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial; Inviolabilidade do Lar (art. 5, XI): necessrio saber que a noo constitucional de domiclio tem amplitude maior do que no direito comum, considerando-se como tal o local delimitado e separado que algum ocupa com exclusividade, a qualquer ttulo, inclusive profissionalmente, e no apenas domiclio como a sede jurdica da pessoa, onde se presume presente para os fins de direito, distinguindo-se de residncia, que mera relao de fato. Existe divergncia na doutrina quanto aos conceitos de dia e noite, mas vale ressaltar que o art. 172 do Cdigo de Processo Civil dispe que os atos processuais realizar-se-o das 6 s 20 horas. FIQUEM LIGADOS: em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, a qualquer hora do dia ou da noite permitida a entrada em domiclio alheio, ou, apenas durante o dia, por determinao judicial. XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal; Sigilo de Correspondncia e de Comunicao (art. 5, XII): correspondncia toda comunicao escrita e verbal atravs do espao. A Constituio protege a correspondncia escrita, comunicao telegrfica, comunicao de dados e a comunicao telefnica. Contudo, o sigilo de correspondncia e de comunicao apresenta excees desde que ocorra por ordem judicial, seja para fins de investigao criminal ou instruo processual penal e exista lei que estabelea as hipteses. Neste ltimo caso, a lei n 9.296/96 s admite a interceptao das comunicaes telefnicas quando houver indcios razoveis da autoria ou participao em infrao penal, quando a prova no puder ser obtida por outros meios disponveis e quando o fato investigado constituir infrao penal punida com recluso. Nos casos de quebra do sigilo bancrio e fiscal, devem ser atendidos os seguintes requisitos: autorizao judicial ou determina-

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o de CPI ou requisio do Ministrio Pblico (art. 129, VI); excepcionalidade da medida; individualizao do investigado e do objeto da investigao; obrigatoriedade da manuteno do sigilo em relao s pessoas estranhas causa; utilizao dos dados somente para a investigao que lhe deu causa. XIII - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer; Exerccio de trabalho, ofcio ou profisso (art. 5, XIII): inciso que garante, queles que atendem s qualificaes, a prtica de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, enquanto no houver lei que a regule. XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional; Segredo profissional (art. 5, XIV): garante a todos o acesso informao, obrigando, contudo, a quem exerce uma profisso regulamentada, em razo da qual h de tomar conhecimento do segredo de outra pessoa, a guard-lo com fidelidade. O titular do segredo protegido, no caso, pelo direito intimidade, pois o profissional (mdico, advogado, psiclogo, etc.) no pode liberar o segredo, devassando a esfera ntima de que teve conhecimento, sob pena de violar aquele direito e incidir em sanes civis e penais. XV - livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; Liberdade de Locomoo (art. 5, XV): explicita duas situaes: uma a liberdade de locomoo no territrio nacional; a outra a liberdade de a pessoa entrar no territrio nacional, nele permanecer e dele sair com seus bens. A liberdade de locomoo no territrio nacional em tempo de paz contm o direito de ir e vir (viajar e migrar) e de ficar e de permanecer sem necessidade de autorizao; em tempo de guerra, lei que estabelea restrio a esse direito ser possvel, desde que no elimine a liberdade como instituio. A liberdade de, em tempo de paz, entrar no territrio nacional, nele permanecer e dele sair direito de ir e vir atravs das fronteiras nacionais. Envolve o direito de migrar (emigrar e imigrar). Por referir-se a situaes ligadas a estrangeiros, esse particular direito de ir, vir e permanecer cercado de maiores limitaes, sujeitando-se a preceitos legais especiais; em tempo de guerra, devem ser observados os critrios discricionrios de convenincia e oportunidade, tendo em vista a segurana do pas, bem como a segurana do prprio indivduo. XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade competente; Direito de Reunio (art. 5, XVI): direito coletivo consistente na aglutinao eventual e com objetivo transitrio, que quando atingido se dissolve sem qualquer formalidade (exemplo: passeatas comcios, desfiles, cortejos, etc.). No necessrio que os interessados requeiram autorizao para realizar o evento, como condio de no poderem efetivar a reunio, mas h, porm, a exigncia de prvio aviso autoridade constituda, cuja finalidade

apenas de segurana, balizamento de trnsito, etc., e se perfaz com a simples comunicao. Alem disso, sendo um direito conferido a todos e a qualquer um, no pode um evento coincidir com outra reunio marcada por outro grupo para o mesmo local. XVII - plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter paramilitar; XVIII - a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento; XIX - as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deciso judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trnsito em julgado; XX - ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, tm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; Direito de Associao (art. 5, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI): direito coletivo consistente na aglutinao estvel e permanente de pessoas, objetivando a defesa de interesses comuns, desde que no proibidos pela Constituio ou afrontoso da ordem e dos bons costumes (exemplo: sindicatos, etc.). A liberdade de associao, de acordo com o dispositivo constitucional, contm quatro direitos: 1) o de criar associao, que no depende de autorizao; 2) o de aderir a qualquer associao, pois ningum ser obrigado a associar-se; 3) o de desligar-se da associao, porque ningum poder ser compelido a permanecer associado; e 4) o de dissolver espontaneamente a associao, j que no se pode compelir a sua existncia. Por outro lado, h restries expressas liberdade de associao vedando-se aquela que seja criada para fins ilcitos ou a de carter paramilitar. Quanto legitimidade para representar seus filiados, exige-se a autorizao expressa do associado, especfica para cada ao judicial ou procedimento extra-judicial. XXII - garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atender a sua funo social; Direito de Propriedade (art. 5, XXII, XXIII): o direito que a pessoa fsica ou jurdica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpreo ou incorpreo, bem como de reivindic-lo1 de quem injustamente o detenha. Contudo, a Constituio interfere na propriedade visando assegurar a todos a existncia digna, conforme os ditames da justia social, dando conseqncia a isso quando autoriza a desapropriao, com pagamento mediante ttulo, de propriedade que no cumpra a sua funo social2 ou o confisco de terras utilizadas contra o interesse pblico (ex.: plantaes de substncias entorpecentes)3.1

CONCEITOS: USAR poder tirar dos bens todos os servios que ele pode prestar, sem que haja alterao de sua substncia (exemplo: morar em uma casa); GOZAR receber os frutos (exemplo: plantaes, animais, ttulos, etc.); DISPOR poder alienar, doar, consumir ou gravar de nus; e REIVINDICAR poder reclamar o bem de quem injustamente o detenha. 2 Funo social da propriedade urbana (art. 182, 2 da CF/88) - A propriedade urbana cumpre sua funo social quando atende s exigncias fundamentais de ordenao da cidade expressas no plano diretor. Funo social da propriedade rural (art. 186, I a IV da CF/88) - A funo social cumprida quando a propriedade

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XXIV - a lei estabelecer o procedimento para desapropriao por necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social, mediante justa e prvia indenizao em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituio; Desapropriao (art. 5 XXIV): uma das formas de interveno do Estado na propriedade a desapropriao. Consiste em no procedimento pelo qual o Poder Pblico transfere para si a propriedade de terceiro, por razes de necessidade, utilidade pblica ou de interesse social, normalmente mediante o pagamento de indenizao. XXV - no caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se houver dano; Requisio (art. 5, XXV): a modalidade de interveno estatal atravs da qual o Estado utiliza bens mveis, imveis e servios particulares em situao de perigo pblico iminente. FIQUEM LIGADOS: inciso bastante explorado em concursos, principalmente no que diz respeito indenizao posterior, se ocorrer dano. XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; Pequena propriedade rural (art. 5, XXVI): dispositivo que confere proteo pequena propriedade rural. XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilizao, publicao ou reproduo de suas obras, transmissvel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; Direito autoral (art. 5, XXVII): o direito autoral pertence ao autor at a sua morte. Aps isso, ser transmitido aos herdeiros. De acordo com o art. 41, da lei n 9.610/98, os direitos patrimoniais do autor perduram por 70 anos contados de 1 de janeiro do ano subseqente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessria da lei civil. XXVIII - so assegurados, nos termos da lei: a) a proteo s participaes individuais em obras coletivas e reproduo da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalizao do aproveitamento econmico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intrpretes e s respectivas representaes sindicais e associativas;

Obras Coletivas (art. 5, XXVIII): so peas de teatro, filmes, novelas etc. XXIX - a lei assegurar aos autores de inventos industriais privilgio temporrio para sua utilizao, bem como proteo s criaes industriais, propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnolgico e econmico do Pas; Patente (art. 5, XXIX): de acordo com o art. 40 da lei n 9.279/96, a patente de inveno vigorar pelo prazo de 20 anos. Mais adiante, seu art. 133 diz que o registro da marca vigorar pelo prazo de 10 anos, prorrogvel por perodos iguais e sucessivos. XXX - garantido o direito de herana; XXXI - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus"; Direito de Herana (art. 5, XXX e XXXI): herana o patrimnio do falecido, ou seja, o conjunto de direitos e obrigaes que se transmitem aos seus herdeiros. O segundo inciso trata de direito internacional. XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor; Defesa do consumidor (art. 5, XXXII): a defesa do consumidor princpio da atividade econmica (art. 170, V) e regulado pela lei n 8.078/90. XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado; Direito de obter informaes (art. 5, XXXIII): qualquer pessoa tem o direito constitucional de ser informado sobre aquilo que no estiver protegido por sigilo profissional ou por motivo de segurana da sociedade e do Estado. XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito; Princpio da Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional (art. 5, XXXV): o Poder Judicirio chamado a intervir devendo aplicar o direito ao caso concreto, quer dizer, no h necessidade de aguardar que o autor intente a disputa administrativa, dela desista, ou aguarde o seu trmino para interpor ao judicial. FIQUEM LIGADOS: a justia desportiva uma exceo a essa regra (art. 217, 1). XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada; Princpio da Irretroatividade da lei (art. 5, XXXVI): de acordo com a Lei de Introduo ao Cdigo Civil, em seu art. 6 e pargra-

rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente; III observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho; e IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores. 3 Vide incisos XXIV a XXXI, do art. 5 da Constituio Federal.

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fos que reputa-se ato jurdico perfeito o j consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou; consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou algum por ele, possa exercer, como aqueles cujo comeo do exerccio tenha termo prfixo, ou condio pr-estabelecida inaltervel, a arbtrio de outrem; e chama-se coisa julgada ou caso julgado a deciso judicial de que j no caiba recurso. XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo; Tribunal de Exceo (art. 5, XXXVII): tribunal de exceo aquele criado especialmente para julgar determinadas pessoas ou certas informaes aps as mesmas terem ocorrido ou se os tribunais regulares, por exemplo, no respeitarem a ampla defesa, o contraditrio ou outras regras que constituem o devido processo legal. XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votaes; c) a soberania dos veredictos; d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Tribunal do Jri (art. 5, XXXVIII): amplitude das defesas significa que todos os acusados tm o direito ao contraditrio e a ampla defesa; sigilo das votaes garantido pela votao secreta de cada um dos sete jurados que compem o conselho de sentena; soberania dos veredictos significa dizer que o juiz-presidente, ao fixar a sentena de mrito dever respeitar tudo quanto decidido pelos jurados; e crime doloso contra a vida so aqueles cometidos quando o agressor tem a vontade de cometer homicdio, aborto, infanticdio ou induzimento, instigao ou auxlio ao suicdio. XXXIX - no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal; Princpio da Anterioridade Penal (art. 5, XXXIX): tambm denominado Princpio da Reserva Legal, estabelece que apenas em virtude de lei que provenha de um legislativo formado segundo processo estabelecido em Constituio e emanada da soberania do povo, poder haver restrio liberdade, quer dizer, somente a lei em sentido formal poder definir uma conduta como criminosa antes da ocorrncia do fato. Da mesma forma, a pena somente ser aplicada se estiver previamente fixada em lei, ou seja, toda pena s pode ser aplicada de acordo com a lei preexistente e todo delito e todo delito deve estar elencado na norma legal. XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; Lei penal mais benfica (art. 5, XL): a exceo regra do princpio da anterioridade penal a possibilidade de a pena mais favorvel ao ru retroagir. XLI - a lei punir qualquer discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais; Discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5, XLI): o legislador ordinrio deve respeitar os princpios constitucionais que norteiam o Estado Democrtico de

Direito, complementando seus preceitos, sob pena de torn-los incuos XLII - a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei; Vedao ao Racismo (art. 5, XLII): o conceito de raa trazido pela Constituio, tem a natureza de reserva contra qualquer estigma negativo contra um segmento humano, atribuindo uma caracterstica demeritria to-somente com base em sua origem gentica, no se admitindo a segregao ou sujeio de uma raa sobre qualquer outra. Crime imprescritvel aquele que no est sujeito a um prazo para que o Estado possa encontrar, processar, punir e executar a pena. Crime inafianvel aquele que no admite pagamento de fiana para que o acusado possa responder ao processo em liberdade provisria. Pena de recluso aquela cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem; Combate tortura, ao trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, ao terrorismo e aos crimes hediondos (art. 5, XLIII): graa e anistia so hipteses de extino do direito de punir do Estado. A graa solicitada, concedida aps o trnsito em julgado da condenao, por decreto do presidente da repblica e no restitui a primariedade ao agente; j a anistia independe de solicitao, concedida antes ou aps o trnsito em julgado da condenao, por lei aprovada pelo Congresso Nacional e restitui a primariedade ao agente. XLIV - constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico; Combate a ao de grupos armados, civis ou militares (art. 5, XLIV): vide conceitos acima. FIQUEM LIGADOS: ateno nos detalhes dos trs incisos acima para no trocar informao. XLV - nenhuma pena passar da pessoa do condenado, podendo a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido; Princpio da Personificao da Pena (art. 5, XLV): a nica pessoa que pode sofrer a condenao penal o criminoso. Contudo, a responsabilizao civil de reposio do dano causado passa para os herdeiros at o limite em que foram beneficiados pela transferncia do patrimnio. XLVI - a lei regular a individualizao da pena e adotar, entre outras, as seguintes: a) privao ou restrio da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestao social alternativa; e) suspenso ou interdio de direitos.

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Princpio da Individualizao da Pena (art. 5, XLVI): o juiz fixar a pena atendendo culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade do agente, aos motivos, s circunstncias e s conseqncias do crime, bem como ao comportamento da vtima (art. 59 do Cdigo Penal). XLVII - no haver penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de carter perptuo; c) de trabalhos forados; d) de banimento; e) cruis; Penas inadmissveis (art. 5, XLVII): inciso que traz todas as espcies de penas proibidas. Em virtude disso, expressamente vedada, pela Constituio, a aplicao de aoites, torturas, penas cruis, de gals, de morte, o banimento judicial ou qualquer forma de agresso fsica ou moral aos presos, sob qualquer pretexto, inclusive para extrair-lhes confisses de delitos. FIQUEM LIGADOS: muito requisitado em concursos, principalmente quanto pena de morte. XLVIII - a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; Princpio da Individualizao da Pena (art. 5, XLVIII): a pena dever ser individualizada conforme a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado, para cumprimento em estabelecimentos distintos, a pena torna-se melhor caracterizada. XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral; Garantia Integridade Fsica e Moral do Preso (art. 5, XLIX): o Estado, ao segregar condenados em seus presdios, mantendoos sob sua gerncia a custdia do preso, assume o dever de zelar pela sua total integridade, fsica e moral, em condies de normalidade, podendo ser responsabilizado civilmente, caso tal determinao no seja cumprida, pois esclarece a Constituio em seu art. 37, 6 que compete s pessoas jurdicas de direito pblico responderem pelos danos causados a terceiros pelos seus prepostos quando agirem nessa qualidade. Agredir o corpo humano um modo de agredir a vida, pois esta se realiza naquele. L - s presidirias sero asseguradas condies para que possam permanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao; Direitos da Criana (art. 5, L): o constituinte pretendeu proteger a sade da criana, proporcionando a amamentao, pois no podem ser prejudicados pelo comportamento de suas mes. LI - nenhum brasileiro ser extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalizao, ou de comprovado envolvimento em trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - no ser concedida extradio de estrangeiro por crime poltico ou de opinio;

Extradio de brasileiro naturalizado (art. 5 LI): extradio o ato pelo qual um Estado entrega um indivduo acusado de um crime ou j condenado Justia do outro, que o reclama, e que competente para julg-lo e puni-lo. No caso de trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, independe o momento em que foi cometido. LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente; Princpio do Juiz Natural (art. 5, LIII): juiz natural aquele previamente conhecido segundo regras estabelecidas anteriormente infrao penal, investido de garantias que lhe assegure independncia e imparcialidade. LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Princpio do Devido Processo Legal (art. 5, LIV): diz respeito tanto ao aspecto formal (procedimentos, ritos, prazos), quanto ao aspecto material (a matria em si). LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Princpio do Contraditrio e da Ampla Defesa (art. 5, LV): contraditrio a garantia que cada parte tem de se manifestar sobre todas as provas e alegaes produzidas pela parte contrria; ampla defesa a garantia que a parte tem de usar todos os meios legais para tentar provar a sua inocncia ou para defender as suas alegaes e o seu direito. LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos; Vedao s Provas Ilcitas (art. 5, LVI): so inadmissveis no processo as provas obtidas por meios ilcitos, ou seja, aquelas obtidas com infrao s leis (direito material ou processual). As provas derivadas de provas ilcitas, de acordo com a posio atual do Supremo Tribunal Federal (STF), contaminam as demais provas dela decorrentes, de acordo com a teoria dos frutos da rvore envenenada (exemplo: torturado, o indiciado aponta a existncia de uma testemunha presencial, que regularmente ouvida). No entanto, o STF admite a prova obtida por meio ilcito por motivo de legtima defesa (exemplo: dilogo com seqestradores). LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria; Princpio da Presuno de Inocncia (art. 5, LVII): a Constituio incorporou o princpio do devido processo legal (que tem como corolrio a ampla defesa e o contraditrio) que dever ser assegurado aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral (art. 5, LV). Em funo disso, ningum ser considerado culpado, qualquer que seja a natureza do ilcito penal cuja prtica lhe tenha sido atribuda, at o trnsito em julgado da sentena penal condenatria (segurana jurdica paz e liberdade do cidado). Entende a jurisprudncia que a presuno de inocncia no impede a priso do ru condenado antes do trnsito em julgado da sentena. No possvel, contudo, lanar

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o nome do ru no rol dos culpados, enquanto no transitar em julgado a condenao. LVIII - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei; Identificao Civil (art. 5, LVIII): a lei n 10.054/00 traz os conceitos de identificao civil e criminal. A identificao civil ocorre mediante a apresentao de documento de identidade reconhecido pela legislao; a criminal aquela efetuada inclusive por processo datiloscpico (impresso digital) e fotogrfico. Contudo, o civilmente identificado poder ser submetido identificao criminal quando acusado pela prtica de homicdio doloso; fundada suspeita de falsificao ou adulterao do documento de identidade; constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificaes; houver registro de extravio do documento de identidade; o estado de conservao ou a distncia temporal da expedio de documento apresentado impossibilite a completa identificao dos caracteres essenciais; e o indiciado ou acusado no comprovar em 48 horas sua identificao civil. LIX - ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal; Ao Penal Privada Subsidiria da Pblica (art. 5, LIX): o prazo para o Ministrio Pblico oferecer a denncia, interpondo a ao penal pblica de 5 dias se o ru estiver preso e 15 dias se estiver solto. Passado o prazo sem o oferecimento da denncia, o ofendido pode apresentar queixa dando incio ao penal privada. LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Princpio da Publicidade dos Atos Processuais (art. 5, LX): regra geral, todos os atos estatais so pblicos. Contudo, existem restries. LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Requisitos da Priso (art. 5, LXI): inciso traz as nicas hipteses em que o indivduo pode ser preso. FIQUEM LIGADOS: ateno para as cascas de banana como: ordem de autoridade policial e ordem do promotor pblico LXII - a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada; Direito do preso (art. 5, LXII): trata-se de direito conferido ao preso contra a prtica de prises abusivas e ilegais. LXIII - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado; Privilgio contra a Auto-Incriminao (art. 5, LXIII): traduz direito pblico subjetivo assegurado a qualquer pessoa, que, na

condio de testemunha, de indiciado ou de ru, deva prestar depoimento perante rgos do Poder Legislativo, do Poder Executivo ou do Poder Judicirio. O direito ao silncio, enquanto poder jurdico reconhecido a qualquer pessoa relativamente a perguntas cujas respostas possam incrimin-la, impede, quando concretamente exercido, que aquele que o invocou venha, por tal especfica razo, a ser preso, ou ameaado de priso, pelos agentes ou pelas autoridades do Estado. O exerccio do direito de permanecer em silncio no autoriza os rgos estatais a dispensarem qualquer tratamento que implique restrio esfera jurdica daquele que regularmente invocou essa prerrogativa fundamental. A presena do advogado durante o julgamento garante o direito defesa plena. LXIV - o preso tem direito identificao dos responsveis por sua priso ou por seu interrogatrio policial; LXV - a priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria; LXVI - ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana; LXVII - no haver priso civil por dvida, salvo a do responsvel pelo inadimplemento voluntrio e inescusvel de obrigao alimentcia e a do depositrio infiel; LXXIV - o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos; LXXV - o Estado indenizar o condenado por erro judicirio, assim como o que ficar preso alm do tempo fixado na sentena; Direito do preso (art. 5, LXIV, LXV, LXVI, LXVII, LXXIV e LXXV): todos trazem direitos para o preso. LXXVI - so gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certido de bito; Gratuidade de registro civil de nascimento e certido de bito (art. 5 LXXVI): inciso que visa a possibilitar a todos, sem distines, tirar documentos essenciais e usufruir de direitos. LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao. Celeridade Processual (art. 5, LXXVIII): novo inciso trazido pela Emenda Constitucional n 45 (Reforma do Judicirio) veio consagrar a necessidade de um processo clere, eficiente e efetivo. FIQUEM LIGADOS: dispositivo recentssimo com grande possibilidade de cair em provas para eliminar os desatualizados. 8.2 - Pargrafos: 1 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata. 2 - Os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

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3 Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais. 4 O Brasil se submete jurisdio de Tribunal Penal Internacional a cuja criao tenha manifestado adeso. FIQUEM LIGADOS: ateno nos recentssimos pargrafos 3 e 4. Grande possibilidade de cair em provas para eliminar os desatualizados. EXERCCIOS 1 - (Analista Judicirio - rea Apoio Especializado - Especialidade Anlise de Sistemas / TRE-MG / FCC/ 2005) So caractersticas dos direitos e deveres individuais e coletivos, dentre outras, a (A) universalidade e a inviolabilidade. (B) tipicidade e a interdependncia. (C) irrenunciabilidade e a alienabilidade. (D) prescritibilidade e a efetividade. (E) complementariedade e a renunciabilidade. 2 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT24 / FCC/ 2006) Um dos direitos individuais previstos no artigo 5o , da Constituio Federal de 1988, o direito (A) previdncia social. (B) moradia. (C) educao. (D) sade. (E) de propriedade. 3 - (Assessor especializado / IPEA / FCC / 2004) A Constituio Federal prev que ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, (A) salvo se as invocar para a defesa de regime poltico incompatvel com o vigente no Brasil. (B) salvo se as invocar para a defesa de religio no admitida no regime constitucional brasileiro. (C) salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa. (D) salvo se as invocar para a defesa de corrente filosfica fundamentada em princpios contrrios aos afirmados na mesma Constituio. (E) no comportando, tal regra, excees. 4 - (Auditor / TCE-MG / FCC / 2005) Por motivo de convico poltica, ao completar dezoito anos, Ernesto recusa-se a realizar seu alistamento eleitoral, assim como a cumprir qualquer prestao alternativa que se lhe queira exigir, ainda que prevista em lei. Nessa hiptese, a atitude de Ernesto (A) incompatvel com a Constituio, pois ningum pode eximir-se de cumprir obrigao legal a todos imposta. (B) albergada pela Constituio, que prev possibilidade de objeo de conscincia nesses exatos termos. (C) passvel de punio mediante imposio de pena restritiva de

liberdade, por se configurar atentado contra a soberania do Estado brasileiro. (D) causa para suspenso de seus direitos polticos, em funo da recusa de cumprimento de prestao alternativa prevista em lei. (E) parcialmente compatvel com a Constituio, pois esta permite recusa a cumprimento de prestao alternativa, mas no da obrigao principal. 5 - (Tcnico Judicirio - rea Judiciria / TRT3 / FCC/ 2005) A Constituio brasileira assegura expressamente o direito indenizao pelo dano material ou moral decorrente da violao do direito (A) da liberdade de conscincia e de crena. (B) da liberdade de reunio e associao. (C) da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. (D) de livre exerccio dos cultos religiosos. (E) ao sigilo de correspondncia e das comunicaes telegrficas. 6 - (Analista Judicirio - rea Judiciria / TRE-RN / FCC/ 2005) O Ministrio Pblico poder apreender documentos que se encontram na casa de determinado suspeito, e que comprovem atividade ilcita, (A) somente durante o dia, mediante autorizao judicial. (B) a qualquer hora do dia ou da noite, mediante autorizao judicial. (C) durante o dia, mesmo sem autorizao judicial, desde que aja por autoridade prpria. (D) a qualquer hora, mesmo durante o perodo noturno, sem necessidade de autorizao judicial. (E) durante o dia, invocando sua autoridade prpria e durante a noite, mediante autorizao judicial. 7 - (Analista Judicirio - rea Judiciria / TRE-MG / FCC/ 2005) So requisitos para a quebra do sigilo fiscal e bancrio, dentre outros: (A) autorizao judicial e facultatividade da manuteno do sigilo. (B) determinao de Comisso Parlamentar de Inqurito e individualizao do investigado e do objeto da investigao. (C) determinao da Receita Federal ou do Banco Central e dispensabilidade dos dados em poder desses rgos. (D) autorizao judicial exclusiva e integral observncia do princpio do contraditrio em qualquer fase da investigao. (E) requisio do Ministrio Pblico e utilizao dos dados obtidos para qualquer investigao. 8 - (Analista Judicirio - rea Judiciria / TRT11 / FCC/ 2005) Para a realizao de uma passeata em determinado local pblico objetivando reivindicar melhorias salariais, o sindicato responsvel pela manifestao pacfica necessita (A) de autorizao da autoridade competente. (B) somente de prvio aviso autoridade competente. (C) demonstrar a convenincia da manifestao. (D) locar o espao pblico pelo preo estipulado pela municipalidade. (E) cadastrar os manifestantes aps a autorizao da autoridade competente.

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9 - (Auditor Fiscal / Receita Estadual-PB / FCC / 2006) Segundo a disciplina constitucional da liberdade de associao, (A) as entidades associativas tm legitimidade para representar seus filiados extrajudicialmente, independentemente de autorizao. (B) ningum poder ser compelido a manter-se associado, salvo disposio contrria do estatuto ou contrato social. (C) as associaes somente podero ter suas atividades suspensas por deciso judicial transitada em julgado. (D) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao. (E) a criao de associaes independe de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento. 10 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT24 / FCC/ 2006) Os artistas que participaram de um filme rodado e exibido no Brasil, e que ser apresentado no Mxico e em pases da Europa, tm os lucros e dividendos assegurados e protegidos em virtude da garantia constitucional (A) de proteo reproduo da imagem e voz. (B) da inviolabilidade das comunicaes. (C) do direito adquirido. (D) do direito liberdade de expresso da atividade artstica. (E) do direito autoral. 11 - (Tcnico Judicirio - rea Apoio Especializado - Especialidade Programao de Sistemas / TRE-MG / FCC/ 2005) A Constituio Federal vigente, dispondo que no haver juiz ou tribunal de exceo, e ainda que ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente, trata (A) do princpio do juiz natural. (B) do reconhecimento do Tribunal do Jri. (C) da inafastabilidade da jurisdio. (D) do princpio do devido processo legal. (E) da ampla defesa e do contraditrio. 12 - (Auditor / TCE-MG / FCC / 2005) A Constituio brasileira determina que se considera crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, na forma da lei, (A) o trfico ilcito de entorpecentes. (B) o crime de responsabilidade. (C) o terrorismo. (D) a prtica de racismo. (E) a prtica de tortura. 13 - (Tcnico Judicirio - rea Servios Gerais - Especialidade Segurana / TRT15 / FCC / 2005) Nos termos da Constituio, a lei regular a individualizao da pena, podendo adotar, entre outras, as penas de (A) perda de bens e banimento. (B) suspenso e interdio de direitos. (C) carter perptuo e multa. (D) privao da liberdade e trabalhos forados. (E) prestao social alternativa e morte.

14 - (Analista Judicirio - rea Judiciria - Especialidade Execuo de Mandados / TRT11 / FCC/ 2005) Assinale a alternativa correta em relao proposio apresentada. Extradio: (A) Os brasileiros naturalizados podem ser extraditados somente em caso de comprovado envolvimento em trfico ilcito de entorpecentes. (B) O brasileiro nato jamais pode ser extraditado do territrio nacional. (C) O estrangeiro que entrar ou permanecer irregularmente no territrio nacional ser extraditado. (D) A extradio de brasileiros procede-se ex officio da autoridade nacional. (E) O brasileiro nato somente pode ser extraditado se praticar atos atentatrios segurana nacional. 15 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT13 / FCC/ 2005) A Constituio Federal estabelece no captulo I, do seu art. 5o, diversos direitos e deveres individuais e coletivos, dentre outros, (A) a liberdade de associao para fins lcitos e de carter paramilitar. (B) o juzo ou tribunal de exceo. (C) a inviolabilidade do domiclio, salvo na hiptese de desastre, vedado o ingresso em caso de flagrante delito. (D) a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas, independentemente de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento. (E) a prestao de assistncia religiosa nas prises civis, vedada nas de internao coletiva de militares em tempos de guerra ou paz. 16 - (Tcnico Ministerial - rea Administrativa / MP-PE / FCC / 2006) Em relao aos direitos e deveres individuais e coletivos, analise o que segue: I. Ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal. II. Ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado da sentena penal condenatria. As assertivas acima dizem respeito, respectivamente: (A) ao civil pblica e vedao s provas ilcitas. (B) ao popular e ao privilgio contra a auto-incriminao. (C) ao devido processo legal e ao princpio da ampla defesa. (D) inafastabilidade da jurisdio e ao princpio do juiz natural. (E) ao penal privada subsidiria e ao princpio da presuno de inocncia. 17 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRE-AP / FCC/ 2006) Em matria de direitos e deveres individuais e coletivos, garantidos pela Constituio Federal, considere: I. plena a liberdade de associao para fins lcitos, inclusive a de carter paramilitar. II. No haver penas de morte, salvo em caso de guerra declarada, na forma da lei, de carter perptuo, de trabalhos forados, de banimento, e cruis. III. Conceder-se- habeas-corpus sempre que algum sofrer ou

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se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. IV. A prtica do racismo constitui crime afianvel e prescritvel, sujeito o seu autor pena de recluso, nos termos da lei. Est correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I e III. (C) I e IV. (D) II e III. (E) II e IV. 18 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT20 / FCC/ 2006) Em relao aos Direitos Individuais e Coletivos correto afirmar que (A) plena a liberdade de associao, inclusive a de carter paramilitar. (B) ningum poder ser compelido a associar-se ou permanecer associado. (C) as associaes s podero ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deciso administrativa da autoridade competente. (D) somente podero ser criadas associaes e cooperativas, mediante autorizao da autoridade competente, permitida a interferncia estatal em seu funcionamento. (E) as entidades associativas, quando expressamente autorizadas pela autoridade estatal competente, podero representar seus filiados administrativamente, vedada a representao judicial. 19 - (Analista Judicirio - rea Judiciria / TRT20 / FCC/ 2006) Quanto aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, previstos na Constituio Federal, INCORRETO afirmar que (A) so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas o direito a petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. (B) plena a liberdade de associao, inclusive de natureza paramilitar. (C) assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional. (D) livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena. (E) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm de indenizao por dano material, moral ou imagem. 20 - (Analista Judicirio - rea Administrativa / TRE-AP / FCC / 2006) Em tema de direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituio Federal, considere: I. No caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder usar de propriedade particular, ficando o poder pblico isento da obrigao de indenizar o proprietrio, se houver dano. II. As associaes de carter paramilitar somente podero ter suas atividades compulsriamente suspensas, por deciso judicial com trnsito em julgado. III. assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva. IV. livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato.

Est correto o que se afirma APENAS em (A) I e III. (B) I e IV. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV. 21 - (Analista - rea 5 / BACEN / FCC / 2006) Considere as assertivas abaixo. I. Em jornal de grande circulao foram feitas graves crticas ao Governo Federal, porm o autor das crticas permaneceu annimo. II. Mrio foi privado de seus direitos por motivo de convico filosfica ou poltica, por ter invocado tais direitos para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusado cumprir prestao alternativa. III. Maria no permitiu que a polcia adentrasse em sua casa, uma vez que no havia determinao legal, no estava ocorrendo flagrante delito ou desastre e ningum estava precisando de socorro. IV. Um grupo de sindicalistas reuniu-se pacificamente, sem armas, em local aberto ao pblico, no frustrando outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, apenas avisando previamente autoridade competente, no possuindo autorizao. Esto amparados por garantias fundamentais previstas na Constituio Federal brasileira as situaes indicadas APENAS em (A) I e II. (B) I, II e IV. (C) I, III e IV. (D) II e III. (E) III e IV. 22 - (Analista Judicirio - rea Administrativa / TRE-SP / FCC / 2006) Em matria de direitos e deveres individuais e coletivos, considere: I. A lei regular a individualizao da pena, podendo adotar para efeito de punio do indivduo, dentre outras, a pena de morte, no caso de guerra declarada. II. Por ordem judicial s permitido o ingresso na casa, sem consentimento do morador, no importando o ttulo sob o qual o indivduo habite a "casa", apenas durante o dia, mas no caso de flagrante delito, a permisso para o ingresso a qualquer hora. III. O indivduo que alegar imperativo de conscincia para eximirse de obrigao legal, a exemplo do servio militar obrigatrio, e tambm se recusar a cumprir prestao alternativa, no poder, em razo disso, perder seus direitos polticos. IV. A devoluo do estrangeiro ao exterior, por meio de medida compulsria adotada pelo Brasil, quando esse estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente em nosso territrio, tambm caracteriza a extradio. Nesses casos, correto o que consta APENAS em (A) I e II. (B) III e IV. (C) II e III. (D) I, II e IV. (E) I, III e IV.

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23 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT11 / FCC/ 2005) Considere as proposies relativas aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: I. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela famlia, no ser objeto de penhora para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. II. Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais. III. A criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo, porm, imperativa a interferncia estatal em seu funcionamento, objetivando garantir o respeito aos direitos dos scios e cooperados. Est correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. (E) III. 24 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRT6 / FCC/ 2006) Em tema de Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, analise: I. assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional. II. Constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico. III. plena a liberdade de associao para fins lcitos, inclusive a de natureza paramilitar. IV. No caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder usar de propriedade particular, assegurada ao proprietrio indenizao ulterior, se houver dano. V. Conceder-se- mandado de injuno sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. correto o que consta APENAS em: (A) I, II e IV. (B) II. III e V. (C) I, III e IV. (D) I, III e V. (E) II, IV e V. GABARITO 1-A 6-A 11 - A 16 - E 21 - E 2-E 7-B 12 - D 17 - D 22 - A 3-C 8-B 13 - B 18 - B 23 - B 4-D 9-E 14 - B 19 - B 24 - A 5-C 10 - A 15 - D 20 - E

Habeas Corpus (art. 5, LXVIII): o instrumento para proteger o direito liberdade de locomoo (ir, vir, ficar e permanecer) previsto no inciso XV. So partes: a) impetrante (legitimidade ativa), pessoa que ingressa com a ao; b) paciente, pessoa em favor de quem impetrada a ordem (o impetrante e o paciente, muitas vezes, so a mesma pessoa, que ingressa com a ao em seu prprio favor); e c) autoridade coatora (legitimidade passiva), pessoa em relao a quem impetrada a ordem, apontada como a responsvel pela coao ilegal. A jurisprudncia tem admitido habeas corpus impetrados contra atos de particulares, como diretores de estabelecimentos psiquitricos ou de ensino. Admite duas espcies: a) Preventivo, quando a pessoa estiver ameaada de ter sua liberdade de locomoo tolhida; b) Liberatrio, quando a pessoa j estiver presa. Em ambos os casos, deve haver ilegalidade ou abuso de poder. FIQUEM LIGADOS: o habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa sem qualquer tipo de requisito ou formalidade. LXXII - conceder-se- habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico; b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Habeas Data (art. 5, LXXII): garante o acesso, a retificao ou a supresso de um dado pessoal que esteja em arquivo pblico. Tem carter personalssimo vez que apenas o titular dos dados questionados poder impetr-lo. O hbeas data somente poder ser intentado, aps a tentativa frustrada de obter os dados perante a prpria entidade (via administrativa). A lei n 9.507/97 regula a matria e o rito processual. FIQUEM LIGADOS: considera-se de carter pblico todo registro ou banco de dados contendo informaes que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que no sejam de uso privativo do rgo ou entidade produtora ou depositria das informaes (art. 1, pargrafo nico da lei n 9.507/97). LXXVII - so gratuitas as aes de "habeas-corpus" e "habeasdata", e, na forma da lei, os atos necessrios ao exerccio da cidadania. Gratuidade (art. 5, LXXVII): o presente dispositivo vem viabilizar garantias a todos. So considerados atos necessrios ao exerccio da cidadania: voto, iniciativa popular, participao em plebiscitos e referendos, entre outros. A lei n 9.265/96 estendeu a gratuidade aos casos de capacitao para o exerccio da soberania, por exemplo, o alistamento militar. FIQUEM LIGADOS: tudo o que gratuito necessariamente isento de taxa, embora a recproca no seja verdadeira. LXIX - conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por "habeas-corpus" ou "habeasdata", quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico; LXX - o mandado de segurana coletivo pode ser impetrado por: a) partido poltico com representao no Congresso Nacional;

9- DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM ESPCIE Apenas recapitulando: as garantias constitucionais so os meios para o cidado defender seus direitos. Tambm podem ser chamados de remdios constitucionais. LXVIII - conceder-se- "habeas-corpus" sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;

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b) organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Mandado de Segurana: o meio constitucional posto disposio de toda pessoa fsica ou jurdica, rgo com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para a proteo de direito individual ou coletivo, lquido e certo, no amparado por hbeas corpus ou hbeas data, lesado ou ameaado de leso por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funes que exera. Mandado de Segurana Individual (art. 5, LXIX): a ao constitucional para a tutela de direitos individuais lquidos e certos ( o que se apresenta manifesto na sua existncia, delimitado na sua extenso e apto a ser exercido no momento da impetrao; o que no depende da produo de prova em juzo). Apresentase sob duas espcies: a) Repressivo, visa cessar constrangimento ilegal j existente; e b) Preventivo, busca pr fim iminncia de constrangimento ilegal a direito lquido e certo. O procedimento do mandado de segurana o seguinte: a petio inicial deve ser apresentada em duas vias, com os documentos necessrios que comprovem a certeza e a liquidez do direito pleiteado; a segunda via ser encaminhada autoridade apontada como coatora para prestar as informaes necessrias no prazo de 10 dias; em seguida ser aberta vista ao Ministrio Pblico para apresentao de parecer; a ltima etapa a remessa dos autos ao juiz para que profira sentena. O prazo para impetrao de 120 dias, contados da cincia do ato impugnado pelo interessado. Mandado de Segurana Coletivo (art. 5, LXX): a ao constitucional para a tutela de direitos coletivos lquidos e certos. Cabe aqui os esclarecimentos feitos para o mandado de segurana individual, alterando apenas a legitimao ativa para a propositura da ao. LXXI - conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania; Mandado de Injuno (art. 5, LXXI): injuno a ordem com a qual o juiz impe uma obrigao de fazer ou de no cumprir um ato determinado, cuja violao constitui um atentado ao direito. Bastante controvertido o presente instrumento, pois alegam alguns doutrinadores que haveria atentado separao dos poderes. O Brasil adota a teoria no-concretista. LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia; Ao Popular (art. 5, LXXIII): conceder-se- ao popular para obter a invalidao de atos ou contratos administrativos ou a estes equiparados ilegais e lesivos do patrimnio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades para estatais e pessoas jurdicas subvencionadas com dinheiros pblicos.

FIQUEM LIGADOS: no confundir a iseno de custas judiciais e do nus da sucumbncia com a gratuidade do inciso LXXVII. Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico: (...) III - promover o inqurito civil e a ao civil pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; Ao Civil Pblica (art. 129, III): o instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico e por infraes de ordem econmica, protegendo, assim, os interesses difusos da sociedade. No se presta a amparar direitos individuais nem se destina reparao de prejuzos causados a particulares pela conduta, comissiva ou omissiva, do ru. FIQUEM LIGADOS: enquanto na ao popular, a legitimao ativa de qualquer cidado, na ao civil pblica cabe ao Ministrio Pblico dar incio ao processo. XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal; Direito de petio e de obteno de certides (art. 5, XXXIV): tais dispositivos vm facilitar o exerccio da cidadania plena. Tratase o direito de petio da prerrogativa de peticionar, de formular pedidos para a Administrao Pblica em defesa de direitos prprios ou alheios, bem como de formular reclamaes contra atos ilegais e abusivos cometidos por agentes do Estado; pode ser exercido por qualquer pessoa, fsica ou jurdica, nacional ou estrangeira, maior ou menor, tendo o rgo pblico o dever de prestar os esclarecimentos solicitados. O direito a obteno de certides o de obter um documento expedido pela Administrao Pblica, comprovando a existncia de um fato e gozando de f pblica at prova em contrrio, para a defesa de direitos ou esclarecimento de situaes de interesse pessoal. FIQUEM LIGADOS: no confundir a iseno de taxas com gratuidade (LXXVII), pois embora no incidam taxas para o exerccio destes direitos, podem ser cobrados emolumentos, custas ou honorrios. EXERCCIOS 1 - (Tcnico / BACEN / FCC / 2006) Tcio deseja assegurar o conhecimento de informaes relativas sua pessoa constantes de registros de entidades governamentais. Nesse caso, de acordo com a Constituio Federal brasileira, Tcio dever impetrar (A) (B) (C) (D) (E) ao popular. mandado de segurana. habeas corpus. mandado de injuno. habeas data.

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2 - (Analista de Controle Externo / TCE-MA / FCC / 2005) A ao constitucional cabvel para anular ato lesivo ao patrimnio pblico, praticado por agente pblico no exerccio de sua funo, (A) mandado de segurana. (B) ao civil pblica. (C) habeas data. (D) ao popular. (E) ao penal pblica. 3 - (Agente Fiscal de Rendas / Secretaria de Estado dos Negcios da Fazenda-SP / FCC / 2006) Caso agentes pblicos estaduais e pessoa jurdica de direito privado celebrem contrato cuja execuo acarrete danos ao meio ambiente e ao errio pblico, possvel pleitear em juzo a anulao do contrato e a responsabilizao dos envolvidos em sede de (A) ao popular ajuizada por cidado no exerccio regular de seus direitos polticos. (B) habeas corpus impetrado pelo Ministrio Pblico do Estado (C) habeas data impetrado por pessoa jurdica de direito privado preterida na contratao. (D) mandado de injuno impetrado por partido poltico com representao na Assemblia Legislativa do Estado. (E) ao civil pblica ajuizada pela Mesa da Assemblia Legislativa do Estado. 4 - (Tcnico Judicirio - rea Administrativa / TRE-AP / FCC/ 2006) Conceder-se- mandado de injuno (A) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico. (B) sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania. (C) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. (D) para anular ato lesivo ao patrimnio pblico, ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural. (E) sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. 5 - (Analista Judicirio - rea Judiciria / TRE-SP / FCC / 2006) Em matria de direitos individuais e coletivos, correto afirmar: (A) O direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos depende do pagamento de taxa especfica mnima. (B) O Estado indenizar o condenado por erro judicirio, mas no