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Processo Artesanal de Extração do Óleo da Semente do Bacuri para Fins Medicinais São Luís MA 2012

APOSTILA_BACURI

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Processo Artesanal de

Extração

do Óleo da Semente do Bacuri

para Fins Medicinais

São Luís – MA

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Prof. Dr. Natalino Salgado Filho

Reitor

Prof. Dr. Antônio José da Silva Oliveira

Vice-Reitor

EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira

Diretor

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Sanatiel de Jesus Pereira (Presidente); Profa. Dra. Márcia

Manir Miguel Feitosa – CCH, Profa. Dra. Maria Mary Ferreira –

CCSo, Prof. Dr. Antônio Marcus de Andrade Paes – CCBS, Prof. Dr.

Aristófanes Corrêa Silva – CCET, Prof. Dr. Marcelo Domingos

Sampaio Carneiro – PPPG, Prof. Dr. Marcos Fábio Belo Matos –

CCSST, Prof. Dr. André Luiz Gomes

da Silva – CCAA, Luhilda Ribeiro Silveira - NIB-BC

Capa e Editoração Eletrônica

João Paulo Rodrigues da Silva

Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da UFMA

Todos os direitos reservados. O conteúdo é de responsabilidade dos

autores de cada capitulo. Nenhuma parte dessa publicação pode ser

reproduzida sem autorização escrita e prévia dos autores.

Processamento artesanal de extração do óleo de semente do bacuri para fins medicinais / Maria da Cruz Lima et al.. __ Chapadinha-MA, 2012.

17 p.:il.

ISBN

1. Bacuri – Óleo – Extração 2. Processamento artesanal I. Lima, Maria da Cruz II. Andrade, Gleyca III. Gomes, Ronaldo S. IV. Costa, Ítalo J. N. V. Lima, Carlos F. de VI. Silva, Lindomar S. da VII. Silva, João Paulo R. da.

582.684.4:665-525

PREFÁCIO

Novos aspectos sobre o bacuri: vetor de renda e

desenvolvimento

O Bacuri é uma das frutas que compõe a grande

riqueza da flora maranhense. Além dessa informação já

conhecida, o livro “Processo Artesanal de Extração do

Óleo da Semente do Bacuri” tem o mérito de ser um

passo adiante no conhecimento das múltiplas utilidades e

versatilidade que esta fruta apresenta, em especial a

utilização da sua semente para fins medicinais e

cosméticos. É sabido que o homem do campo maranhense -

nas regiões onde a planta ocorre naturalmente - tem na

coleta extrativista uma importante fonte de sustento,

mas limitada às épocas em que a planta frutifica, sendo

que em geral somente a polpa é utilizada para fins de

produção de diversas formas de consumo.

A industrialização da semente abre, portanto,

uma nova possibilidade que amplia consideravelmente a

atual forma de exploração da planta, posto que permite

agregar valor pelo benefício e, sem dúvida, até mesmo

criar uma cadeia produtiva nova com repercurssões

imensuráveis até o momento.

O Centro de Ciências Agrárias e Ambientais em

Chapadinha, campus da Universidade Federal do

Maranhão, mediante o trabalho denodado da autora –

Profa. Maria da Cruz Lima, com o apoio dos demais

professores e alunos que catalogaram e organizaram as

informações antes restritas ao saber popular -

apresentam este trabalho que pode ter um efeito

catalisador importante no sentido de diversificar a

atividade agroextrativista baseada no bacuri em toda a

área onde se desenvolve esta atividade o que, no

Maranhão, abrange dezenas de municípios.

Fazemos votos de que a leitura desta obra

desperte novos empreendedores que serão os agentes de

mudanças através da geração de empregos ou da ocupação

familiar que gere renda e desenvolvimento no Maranhão.

Prof. Dr. Natalino Salgado Filho

Reitor da UFMA

AGRADECIMENTOS

À senhora Maria das Graças dos Santos, residente em

Tocantinópolis - TO, pela transmissão dos conhecimentos

sobre o processo artesanal de extração do óleo da

semente do bacuri.

SUMÁRIO

1 Origem do Bacuri ................................................... 10

2 Importância Socioeconômica e Nutricional ............ 11

3 Processamento Artesanal de Extração do Óleo ....... 12

3.1 Sementes ......................................................... 12

3.2 Graxa ou Pomada ............................................ 13

3.3 Uso ................................................................. 13

3.4 Utensílios ........................................................ 13

3.5 Processo de extração do óleo da semente do

bacuri .................................................................... 14

REFERÊNCIAS ....................................................... 20

10

1. Origem do Bacuri

O bacurizeiro, planta arbórea, tipicamente

tropical, pode ser encontrado em vários estados

brasileiros como Pará, Maranhão, Piauí, Goiás e Mato

Grosso, alcançando também o Paraguai. Tem sua origem na

região amazônica, especificamente no Estado da Pará,

onde se encontra a maior variação de forma e tamanho de

frutos, rendimento e qualidade de polpa alem de outras

características de interesse econômico (CARVALHO,

2011).

Consta na literatura que o bacuri é originário do

Estado do Pará, no entanto, com grande dispersão,

coincidentemente, nas regiões maranhenses que

apresentam os mais baixos Índices de Desenvolvimento

Humano (IDH), na Baixada Maranhense (Alcântara,

Central, Mirinzal, Cururupu etc), Cerrados do Centro-Sul

e no Baixo Parnaíba (Chapadinha, Santa Quitéria, Brejo

etc), principalmente nas áreas de “CHAPADAS”.

11

2. Importância Socioeconômica e

Nutricional

O bacuri, embora seja um produto invisível nas

estatísticas oficiais, é uma espécie nativa importante no

combate à pobreza, desmatamento e na sobrevivência da

agricultura familiar. Isto, porque o crescimento do

mercado pela preferência do fruto atraiu muitos

agricultores para coleta, processamento e beneficiamento

da polpa, promovendo a geração de emprego e renda.

Sua importância econômica nas regiões Norte e

Nordeste do Brasil ocorre devido ao grande consumo,

tanto de forma in natura, como integrante de sorvetes,

cremes néctares, refrescos, compotas e geléias

(VILLACHICA et al., 1996).

É considerada a polpa mais cara do planeta, com

preços de R$30,00/Kg de polpa para o mercado europeu,

na Holanda e no mercado maranhense atinge valores de

até R$16,00/kg de polpa. A fruta é coletada nas

Chapadas Maranhenses, nos meses de dezembro a março.

12

O bacuri é uma fruta deliciosa, aromática, com

polpa branca, baixa acidez, rica em vitaminas do Complexo

B e sais minerais, principalmente o Potássio. Sua casca é

utilizada na fabricação de doces e refrescos. Sua

madeira é utilizada em obras hidráulicas, nas construções

navais e civis em carpintarias.

3. Processamento Artesanal de Extração

do Óleo

3.1 Sementes

As sementes de bacuri são grandes, com peso

médio de 24,4 g, para frutos provenientes dos Estados do

Pará e Maranhão, respectivamente, sendo que a

intensidade das angulosidades depende do número de

sementes que se formam no fruto. O tegumento é de

coloração amarronzada, hilo mais escuro com pequena

porção central mais clara e formato arredondado

(CARVALHO e MULLER, 2011).

Para inicio da extração do óleo, a semente deve

estar seca, soltando o tegumento ou a casca.

13

3.2 Graxa ou Pomada

A composição graxa do óleo de bacuri

corresponde a um óleo de alta absorção penetrando na

pele rapidamente (MAPRIC, 2012).

3.3 Uso

Suas sementes contêm óleos que são extraídos

pelos agroextrativistas para fins medicinais no combate a

herpes, queimaduras, dores reumáticas, feridas e na

forma de sabão como antifúgico e antibactericida (SILVA

et al.,2009).

3.4 Utensílios

Faca Para corte das sementes em fatias para

facilitar o processo;

Tábua: serve de suporte no momento do corte

da semente;

Panela de alumínio batido: recipiente para

colocar a semente e posteriormente serem aquecidas, no

cozimento da massa obtida com a pilagem, e na apuração

do óleo;

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Colher: Para mexer as sementes no cozimento e

apuração do óleo;

Pilão: Pilar as sementes para aumentar o

rendimento do óleo;

Fogareiro/ carvão/ abano: Para aquecimento

das sementes, cozimento da massa e na apuração do óleo;

Embalagem: Para armazenamento do óleo e

posterior uso;

Álcool/ água morna: para retirada da resina

nos materiais utilizados no processo. Pode-se usar água

morna que é bastante eficiente.

3.5 Processo de extração do óleo da semente do

bacuri

O processo de extração do óleo da semente do

bacuri consiste das seguintes etapas:

Etapa 1-Secagem da semente

Após a retirada da polpa da semente, é necessário

colocá-la ao sol para secar. Em seguida, retirá-la do sol,

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no momento em que a casca de cor marrom se encontra

solta (Figura 1 e figura 1.a).

Figura 1. Sementes de bacuri secas.

Figura 1.a: Retirada do tegumento (casca)

da semente.

Etapa 2-Corte

Após a secagem da semente, é necessário cortá-

las em pedaços para facilitar a pilagem (figura 2).

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Figura 2. Corte das sementes.

Etapa 3- Aquecimento da semente

Após o corte das sementes, levá-las ao fogo para

aquecê-las para facilitar a pilagem (Figura 3).

Figura 3. Ponto inicial e final de aquecimento.

Dutos secretores de óleo

Ponto inicial de

aquecimento

Ponto final de

aquecimento

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Etapa 4-Pilagem

Nesta etapa, as sementes são piladas em um pilão

(figura 4), para facilitar que o óleo se desprenda da

semente, formando uma massa homogênea e pastosa

(figura 5).

Figura 4. Pilagem. Figura 5. Massa obtida após a pilagem.

Etapa 5-Cozimento

Nesta etapa, levar ao fogo a massa pastosa e

homogênea, na panela de alumínio. Em seguida, adiciona-se

água na quantidade do dobro do volume da massa. Ferver

a massa, cerca de 1 hora e meia, até o óleo começar a

aparecer na superfície. Em seguida, tira a panela do fogo

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e com o auxilio de uma colher vai retirando o óleo aos

poucos, colocando-o em outra panela para realização da

apuração (figura 6).

Figura 6. Cozimento da massa.

Etapa 6-Apuração

Nesta etapa, observa-se o processo da

evaporação da água, ficando somente o óleo. Finaliza-se o

processo de apuração quando não há mais água na panela

(figura 7).

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Figura 7. Apuração do óleo.

Etapa 7-Embalagem

No término da apuração, ainda no momento em

que o óleo se encontra na forma líquida, colocá-lo em

porções pequenas, nas embalagens de plásticos, ou latão,

antes que fique frio, para facilitar o manuseio do produto

(Figura 8).

Figura 8. Modelo de embalagem.

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REFERÊNCIAS

CARVALHO, J.E.U. Aspectos botânicos, origem e

distribuição geográfica do bacurizeiro. In:

Lima,M.C.(Org.) Bacuri: agrobiodiversidade. São Luis:

Eduema, 2011. 218p.

VILLACHICA, H. et al. Frutales y hortalizas

promissoras de la Amazônia. Lima: Tratado de

Cooperación Amazônica. Secretaria Pró-Tempore, 1996. p.

152-156 (Publicaciones, 44).

MAPRIC. MANTEIGA DE BACURI. Disponível em: <

http://www.mapric.com.br/anexos/boletim675_2909201

0_095208.pdf>. Acesso: mai/2012.

CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H. Propagação do

Bacurizeiro. In: In: Lima,M.C.(Org.) Bacuri:

agrobiodiversidade. São Luis: Eduema, 2011. 218p.

21

SILVA et al. Análise por espectrometria de massas do

óleo da semente da Platonia insignis Mart. 32ª Reunião

Anual da Sociedade Brasileira de Química. Anais. 2009.

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AUTORES

CARLOS FERREIRA DE LIMA, natural de Chapadinha-MA, Eng.

Agrônomo, bolsista da FAPEMA/Laboratório de Biometria,

Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas do Curso de

Agronomia-CCAA-UFMA-CHAPADINHA-MA.

GLEYCA ANDRADE DOS SANTOS, natural de Tocantinópolis-

TO, discente do 7˚ período do Curso de Agronomia-UFMA-

CHAPADINHA-MA.

ÍTALO JHONNY NUNES COSTA, natural de Chapadinha,

discente do 6˚ período do Curso de Agronomia-UFMA-

CHAPADINHA-MA.

JOÃO PAULO RODRIGUES DA SILVA, natural de São Luís-

MA, discente do 7º período do curso de Agronomia-CCAA-

UFMA-CHAPADINHA-MA.

LINDOMAR SIQUEIRA DA SILVA, natural de Chapadinha-MA,

Engº Agrônomo, bolsista da FAPEMA/Laboratório de Biometria,

Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas do Curso de

Agronomia-CCAA-UFMA-CHAPADINHA-MA

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MARIA DA CRUZ CHAVES LIMA MOURA, natural do município

de Castelo do Piauí, pós-doutorado em Agronomia (área de

concentração Melhoramento Genético Vegetal pela UENF-RJ),

atualmente, Docente Adjunto II do Centro de Ciências Agrárias

e Ambientais (CCAA) da UFMA-Chapadinha-MA.

RONALDO SILVA GOMES, natural de PIO XII, discente do 4˚

período do Curso de Agronomia-UFMA-CHAPADINHA-MA.

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Realização:

CURSO DE AGRONOMIA-CCAA

UFMA-CHAPADINHA/MA

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Humanidade