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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 142

Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599

Conselho Editorial:Heronides Dantas de FigueiredoNathan Leocata MachadoRebecca Fascina [email protected]

DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota do BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.

Colaboradores:Adalberto SantosAlan Vinícius VicenteAngelo Volpi NetoAna Lídia Carvalho Villela GodoyBernardo César CouraBruna RafaelaBruno Rafael de LimaDaihane CézarDaniela Almeida TonholliDaphnis Citti de LauroDavi AlbuquerqueEduardo Velozo FucciaEduardo R. Vasconcelos de MoraesEmmanuele FronzaEnderson BlancoFábio Machado BaldisserraFellipe DuarteFrancisco Machado Egito

Gabriel SchulmanGeraldo Beire SimõesGiordano Priotto WenzelGuilherme FeldmannHerbert Correa BarrosIrajá LacerdaIsabella Carvalho de MunerJanine Bertuol SchmittJaques BushatskyJessica Rodrigues DuarteJoão Pedro Lamana PaivaJosé Hildor LealJulio MartinsKelly DurazzoKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLarissa TavaresLia Fernanda Zambon

Luiz Antonio Scavone JuniorLutero de PaivaMarcelo Manhães de AlmeidaMarcos Vinicius GoulartMarta MendesMichel Rosenthal WagnerMiguel ZaimMário Cerveira FilhoOdair AlbrechtPaulo Henrique BrunettiRenato Donizeti PelagaliRodrigo KarpatSuse Paula Duarte Cruz KleiberSylvio CapanemaSérgio JacominoThayna KozarenkoValmir AlcantaraWagner Inácio Dias

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32ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Ação de Despejo: Locatário desaparecido deverá ser citado por edital em ação de despejo.............20Alteração em Condomínio: Para as alterações de desdobramento ou unificação de unidades,

mudança nas áreas privativas ou comuns exige-se a unanimidade dos coproprietários .................26Animais em Condomínio: Condomínio não pode proibir a criação de animais desde que os

mesmos não sejam prejudicias ao sossego, salubridade, segurança dos possuidores e aos bonscostumes ...........................................................................................................................28

Contas de Água: Locador ficou responsável pelos débitos de água e esgoto devido os mesmosserem do locatário anterior, não podendo repassá-lo ao novo locatário .......................................17

O inadimplemento dos serviços de água do antigo locatário não pode serresponsabilidade do locador ou do locatário seguinte ...............................................................21

Despesas Condominiais: Condômina foi condenada ao pagamento da reforma realizada nocondomínio devido a mesma ter sido aprovada em assembleia .................................................25

Financiamento: Cancelamento injustificado na liberação do financiamento pela instituiçãofinanceira ..........................................................................................................................11

Fração Ideal: Não há ilegalidade na taxa de condomínio mais alta para apartamento com fraçãoideal maior ........................................................................................................................24

Inadimplência: O inadimplemento substancial antecipado na entrega de imóveis ..........................5Inventário: Herdeiro que usa o imóvel deverá pagar aluguel aos demais até que seja realizada a

partilha do bem ..................................................................................................................34IRPF: Isenção do imposto sobre a renda do ganho de capital auferido por pessoa física residente

no País na venda de imóveis residenciais ...............................................................................12Laudo de Vistoria: Locador não provou que os danos no imóvel foram causados pelo locatário

ou que já existiam à época da locação devido à ausência do laudo de vistoria .............................19Loteamento Simulado: É considerado nulo e impossibilitado o seu registro no Cartório a divisão

de imóvel rural em áreas que tenham dimensões inferiores à fração mínima de parcelamento .......33Pandemia: Aluguel: Imobiliária: se garantiu aluguel, tem que cumprir ........................................13Pandemia: Cartório: Como funcionam as escrituras públicas à distância? ....................................29Pandemia: Condomínio: A inadimplência condominial e o fundo de reserva em tempos de

pandemia ..........................................................................................................................22Pandemia: Crowdfunding: Covid-19 e as novas oportunidades no mercado imobiliário .................32Portão de Garagem: Locatários são responsáveis somente pela manutenção e conservação do

motor de portão em condomínio de casas e não pela substituição do mesmo ..............................19Reajuste Mensal: É ilegal a atualização mensal das parcelas ajustadas entre as partes em

Instrumento Contratual .......................................................................................................9Registro: Protesto contra a alienação de bens averbado na matrícula do imóvel não pode impedir

o registro de compra e venda do mesmo................................................................................31Rendimento de Aluguel: Rendimentos de aluguéis de imóveis pagos por pessoa jurídica a pessoa

física .................................................................................................................................20Rescisão Contratual: Promitente compradora terá a devolução de 80% da quantia paga pela

unidade devido a impossibilidade de obtenção do financiamento para a quitação do imóvel ..........12Índices de Correção Monetária ............................................................................................35

Sumário

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52ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

InadimplênciaO inadimplemento substancial

antecipado na entrega de imóveis

Laísa Brito de Sousa*

A inadimplência contratual,

ou seja, o descumprimento do

contrato, por alguma das par-

tes é um motivo que permite o

desfazimento do contrato e o

retorno ao status quo ante, o

estado anterior à celebração do

contrato.

No caso específico de ina-

dimplemento de construtoras na

entrega de imóveis que foram

comprados na planta, uma das

consequências da rescisão con-

tratual, por culpa do fornecedor,

é a devolução pela construtora

dos valores que foram pagos ao

consumidor adquirente.

Conforme já afirmado pelo

STJ na SÚMULA 543:

“Na hipótese de resolução

de contrato de promessa de

compra e venda de imóvel sub-

metido ao Código de Defesa

do Consumidor, deve ocorrer a

imediata restituição das parce-

las pagas pelo promitente com-

prador integralmente, em caso

de culpa exclusiva do promi-

tente vendedor/construtor, ou

parcialmente, caso tenha sido

o comprador quem deu cau-

sa ao desfazimento.” (Súmula

543/STJ, Segunda Seção, DJe

31/08/2015).

Ocorre que o consumidor não

precisa sempre esperar o ven-

cimento do prazo da entrega

do imóvel, posto que o atraso

exacerbado no andamento da

construção, de tal modo que se

pode prever a impossibilidade

de cumprimento do prazo esti-

pulado em contrato, configura-

-se inadimplemento por parte

da construtora. É o chamado

inadimplemento substancial an-

tecipado, ou seja, quando já é

possível prever de forma clara

a inadimplência, torna-se possí-

vel a resolução do contrato por

culpa da construtora. Portanto,

trata-se de uma causa de reso-

lução antes da exigibilidade da

entrega do imóvel, posto que o

descumprimento já é assumido

como real. Assim, o consumidor

não precisa delongar os pre-

juízos que sofre pelo atraso na

obra até o vencimento do prazo.

O inadimplemento substan-

cial antecipado tem suas bases

no Parágrafo único do art. 395

do Código Civil, conforme será

explicado posteriormente, e já

é reconhecido pela jurisprudên-

cia do Superior Tribunal de Jus-

tiça e por Tribunais Estaduais.

Vide:

“Recurso Especial nº 1.294.

101 – RJ (2011/0229036-1) Re-

lator: Ministro Raul Araújo – Re-

corrente: Gafisa s/a advogado:

Dauro Francisco Villela Schettino

e outro (s) - Recorrido: George

Soares Solon de Pontes e outro

advogado: Renata Cunha Pinto

e outro (s) Ementa Recurso Es-

pecial. Processual Civil e Civil.

Código Civil de 2002, art. 421.

Ausência de prequestionamen-

to. Incidência das súmulas n°

282 e 356 do STF. Código Civil

de 2002, art. 395. Ausência de

violação. Recurso parcialmente

conhecido e, nessa extensão,

desprovido.

1. A regra do art. 395 do

CC/2002 responsabiliza o de-

vedor em mora e possibilita ao

credor rejeitar a prestação que,

devido à mora, tornou-se para

si inútil, exigindo indenização.

Na hipótese, a inutilidade da

prestação consulta o interesse

do credor, levando em conta

elementos objetivos, relaciona-

dos às normas contratuais e à

natureza da prestação, e ele-

mentos subjetivos, relativos à

necessidade do credor e a sua

legítima expectativa.

2. Em decorrência da mora,

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 146

Inadimplência

tem-se, na espécie, o inadim-

plemento substancial. O V.

acórdão recorrido fez a corre-

ta subsunção da norma inserta

no art. 395, parágrafo único,

do CC/2002 ao caso, enten-

dendo que a mora ensejou o

desfazimento do negócio, ca-

racterizando inadimplemento

definitivo, pois considerou que

o objeto do contrato tornou-se

inútil aos recorridos.

3. Recurso especial parcial-

mente conhecido e, nessa ex-

tensão, desprovido”.

Ainda, em referência à cita-

da decisão (REsp n° 1.294.101/

RJ), o e. Ministro Raul Araújo,

relator do recurso, explica:

“Apesar de a demanda ter

sido promovida antes do es-

coamento do prazo fatal para

conclusão da empreitada, inci-

de a teoria do inadimplemento

antecipado, visto ser incontro-

verso o atraso das obras, que

o apelante anuiu ao imputá-lo

a casos fortuitos, sem compro-

vá-los, contudo. O documento

juntado em grau recursal, em

27 de outubro de 2010, só vem

corroborar o retardo da cons-

trução, pois demonstra que se

findou 1 ano após a data limi-

te para o seu término, estando

pendente do 'habite-se'. Com

efeito, quando as partes fixam

o momento para o cumpri-

mento das prestações, mas as

condutas praticadas por uma

delas revelam que não será

adimplente ao tempo conven-

cionado, adianta-se o remédio

resolutório como espécie de

antecipação do inadimplemen-

to, concedendo ao prejudica-

do a possibilidade imediata de

desconstituição da relação, em

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72ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

vez de aguardar pelo desenlace

avisado e sofrer prejuízo ainda

mais amplos.”

Portanto, a culpa exclusi-

va da construtora no atraso da

obra autoriza o desfazimento

do negócio jurídico, e torna in-

devida a retenção dos valores

pagos pelos autores.

Este também é o entendi-

mento adotado pelo e. TJDFT:

“Apelação Cível. Promessa de

compra e venda de imóvel na

planta ou em construção. Pe-

dido de rescisão contratual c/c

devolução de valores. Atraso

substancial da obra. Suspen-

são no pagamento das parcelas

pelo adquirente. Irrelevância.

Inadimplemento antecipado do

fornecedor. Causa resolutiva do

negócio jurídico. Retorno das

partes ao status quo ante. Res-

tituição de todas as quantias

desembolsadas. Reembolso da

comissão de corretagem a títu-

lo de dano emergente. Recurso

conhecido e desprovido.

1. A rescisão contratual an-

tes do vencimento da prestação

principal (entrega do imóvel) é

direito que assiste ao consumi-

dor, se no decorrer da execu-

ção de contrato de promessa de

compra e venda, as circunstân-

cias indicarem a inviabilidade

ou impossibilidade de cumpri-

mento da obrigação contraída

pela incorporadora. Aplicação

da teoria do inadimplemento

antecipado.

2. A mora ou o inadimple-

mento na entrega do imóvel, é

fato bastante e suficiente para

fundamentar a resolução da

promessa de compra e venda

de imóvel pelo consumidor.

3. Se a resolução da promes-

sa de compra e venda do imó-

vel ocorre por culpa do incor-

porador, as partes devem ser

restituídas ao status quo ante e

a devolução dos valores desem-

bolsados pelo adquirente deve

ser integral (Súmula 543/STJ).

4. Não se mostra cabível a

retenção de qualquer percen-

tual do montante desembolsa-

do pelo promissário comprador,

porquanto a multa é a prefixa-

ção das perdas e danos, impu-

tável a quem der causa à re-

solução do contrato. Seria um

contrassenso admitir sua exi-

gência pelo incorporador, cuja

culpa é razão da resolução do

negócio jurídico.

5. Diante da rescisão do con-

trato por culpa exclusiva da

promitente vendedora, o reem-

bolso dos valores pagos a título

comissão de corretagem e par-

celas do financiamento com-

preende a reparação dos danos

emergentes, consequência lógi-

ca do retorno das partes ao sta-

tus quo ante.

6. Recurso conhecido e Des-

provido”.

(Acórdão n° 1071676, 201607

10100783APC, Relator: Luís

Gustavo B. de Oliveira 4ª Tur-

ma Cível, Data de Julgamento:

31/01/2018, Publicado no DJE:

05/02/2018. Pág.: 436/438).

No caso em comento, de

atraso exacerbado na obra, o

consumidor, via de regra, não

busca a rescisão contratual

simplesmente por desistência

na aquisição do imóvel, mas

pelos infortúnios causados em

razão do inadimplemento da

construtora, restando claro que

a construtora é quem deu causa

à rescisão.

O art. 395 do Código de Pro-

cesso Civil prevê com relação à

mora:

“Art. 395. Responde o deve-

dor pelos prejuízos a que sua

mora der causa, mais juros,

atualização dos valores mone-

tários segundo índices oficiais

regularmente estabelecidos, e

honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a pres-

tação, devido à mora, se tornar

inútil ao credor, este poderá

enjeitá-la, e exigir a satisfação

das perdas e danos”.

Assim, a mora da construto-

ra pode tornar inútil aos credo-

res a satisfação da obrigação,

pois, o consumidor pode não ter

interesse em receber o imóvel

com absurdo atraso, vez que o

Inadimplência

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 148

imóvel pode ter sido adquirido

como um investimento, com o

intuito de capitalizar sua verba,

para citar apenas um exemplo.

Portanto, o atraso nas obras

causado pelo fornecedor fere a

legítima expectativa dos consu-

midores de receber o imóvel no

tempo previsto, e pode fulminar

o interesse deles em receber o

imóvel.

Portanto, podem os consu-

midores que adquiriram imóveis

na planta e que têm a constru-

ção com atraso exacerbante,

requer a rescisão contratual por

culpa exclusiva da construtora,

pugnando pela imediata devo-

lução de todas as parcelas pa-

gas, corrigidas monetariamente

a partir do desembolso de cada

parcela e, ainda, a incidência de

juros mensais, a partir da cita-

ção, e até o efetivo pagamento.

Quanto à incidência da cláu-

sula penal, o artigo 408 do Có-

digo Civil prevê:

“Art. 408. Incorre de pleno

direito o devedor na cláusula

penal, desde que, culposamen-

te, deixe de cumprir a obriga-

ção ou se constitua em mora”.

Como já amplamente de-

monstrado, os fornecedores são

devedores no caso em comento,

posto que culposamente deixa-

ram de cumprir sua obrigação

contratual, incorrendo, portan-

to, na cláusula penal. Ressalta-

-se, ainda, que a cláusula penal

independe da comprovação de

prejuízo, conforme previsão do

art. 416 do Código Civil.

Portanto, caso haja previsão

de cláusula penal por inadimple-

mento da construtora prevista

no contrato, os consumidores

podem requerer a inversão da

cláusula penal em desfavor dos

fornecedores.

Com relação a esta matéria,

em decisão recente do STJ, em

julgamento de Recursos Repeti-

tivos, foi decidido pela possibi-

lidade de inversão da cláusula

penal em desfavor da constru-

tora pelo inadimplemento, pos-

to que é abusiva a prática de

estipulação de uma penalidade

em desfavor do consumidor so-

mente:

“Recurso Especial represen-

tativo de controvérsia. Compra

e venda de imóvel na planta.

Atraso na entrega. Novel Lei nº

13.786/2018. Contrato firmado

entre as partes anteriormente

à sua vigência. Não incidência.

Contrato de adesão. Omissão de

multa em benefício do aderen-

te. Inadimplemento da incorpo-

radora. Arbitramento judicial da

indenização, tomando-se como

parâmetro objetivo a multa es-

tipulada em proveito de apenas

uma das partes, para manuten-

ção do equilíbrio contratual. 1. A

tese a ser firmada, para efeito

do art. 1.036 do CPC/2015, é a

seguinte: ‘No contrato de ade-

são firmado entre o comprador

e a construtora/incorporadora,

havendo previsão de cláusula

penal apenas para o inadimple-

mento do adquirente, deverá

ela ser considerada para a fi-

xação da indenização pelo ina-

dimplemento do vendedor. As

obrigações heterogêneas (obri-

gações de fazer e de dar) serão

convertidas em dinheiro, por ar-

bitramento judicial’. 2. No caso

concreto, Recurso Especial Par-

cialmente Provido”.

Portanto, caso haja atraso

exacerbado no andamento das

construções de imóveis que fo-

ram adquiridos na planta, os

consumidores não precisam so-

frer os prejuízos até o fim do

prazo contratual para a entrega

do imóvel, podendo requerer

em juízo a rescisão contratual

com base no inadimplemento

substancial antecipado.

* A autora é Advogada em Brasília, DF. Sócia no Escritório Henrique De Sousa & Advogados.

Pós-graduada em Advocacia Empresarial, Contratos, Responsabilidade Civil e Família pelo Instituto

Brasiliense de Direito Público – IDP.

Inadimplência

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92ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Reajuste MensalÉ ilegal a atualização mensal das parcelas ajustadas

entre as partes em Instrumento Contratual

Minha cliente comprou, por um Contrato Particular direto com o proprietário, o imóvel que alugava.

Combinaram que o preço total de R$ 281.200,00 deveria ser pago através de um pequeno sinal e o sal-

do restante pago em 7 anos com parcelas que aumentariam anualmente e com balões anuais maiores,

porém todos corrigidos pela poupança mais juros de 2% ao mês cumulativos.

Inicialmente ajustaram que a compradora pagaria mensalmente o valor de R$ 1500,00 tendo a pri-

meira parcela vencida em 10.9.2019. Ocorre que o valor da parcela esta subindo todo mês e a última

vencida em 10.12.2019 fora paga mais de R$ 1650,00.

Perguntas:

1 – É permitida a cobrança com juros e acréscimos cumulativos todo mês? Ou haveria alguma ilega-

lidade?

2 – Havendo ilegalidade qual medida deverá ser tomada, uma vez que a cliente deseja pagar o justo?

BDI Responde:

1 – Sobre o caso:

a) É irregular a atualização mensal das parcelas ajustadas em Instrumento Contratual, com base

nos fatores integrais de remuneração dos depósitos de poupança (TR + juros de 0,5%), uma vez que a

cumulação destes com os correspondentes à remuneração adicional dos depósitos de poupança (0,5%)

configura “bis in idem” (Além dos juros cobrados de 2%, existe mais 0,5% de juros embutidos na remu-

neração da poupança).

b) Para os financiamentos imobiliários, a Lei da Usura (Decreto n° 22.626/1933) e a Súmula n° 121

do Superior Tribunal Federal (STF), proíbem os juros compostos:

– Súmula n° 121 do STF:

“É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada”.

Decreto nº 22.626/33: “Art. 4º. É proibido contar juros dos juros; esta proibição não compreende a

acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos e conta-corrente de ano a ano”. Juros compostos são

os juros capitalizados mensalmente. Juros simples são os juros que incidem sobre o capital sem serem

capitalizados, ou seja, sem que os juros de um mês incidem sobre os juros dos meses anteriores.

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1410

O que é proibido é a capitalização mensal. A capitalização anual é permitida. Conforme entendimen-

tos Jurisprudenciais e Sumulares, é vedada somente a capitalização mensal de juros (juros compostos),

conforme a Súmula n° 121 do STF, devendo-se aplicar os juros simples que seriam de 12% ao ano.

c) Embora a Emenda Constitucional n° 40/2003 tenha revogado a regra inseria no §3º do artigo 192

da Constituição Federal, retirando do texto constitucional a limitação aos juros em 12% ao ano (1% ao

mês), quando poder-se-ia cobrar juros acima de 1% ao mês, conforme a jurisprudência, somente as

instituições financeiras não se sujeitam à limitação dos juros remuneratórios de 1%, que foi estipulada

na Lei de Usura (Decreto n° 22.626/33), de acordo com a súmula n° 596 do STF.

2 – Caberia uma Ação Revisional do contrato, com liminar de suspensão dos pagamentos, podendo,

também, se valer de uma ação de consignação em pagamento pelo valor que se achar correto, pois é ad-

mitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada

a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada

art. 51, §1º, do CDC), fique cabalmente demonstrada.

Reajuste Mensal

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112ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

FinanciamentoCancelamento injustificado na liberação

do financiamento pela instituição financeira

Meu cliente conseguiu a aprovação do financiamento junto a Caixa Econômica Federal, para a compra

de um imóvel. Dentro do normativo da Caixa, tudo foi providenciado, quando da assinatura foi surpre-

endido com o cancelamento do crédito, sob a alegação que a Caixa teria fechado a carteira e que nada

poderiam fazer. Que dentro das providências, pagou as certidões, avaliação de engenheiro, advogado e

outros, somatizando um enorme prejuízo.

Pergunta: Poderiam me auxiliar?

BDI Responde: Havendo nexo de causalidade entre a conduta da CEF e o evento danoso, surge daí

a responsabilidade objetiva no dever de reparação do dano, ainda que aplicada a responsabilidade sub-

jetiva, o que se perquire da combinação dos artigos 186 e 927, ambos do Código Civil:

“Art. 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e

causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

(...)

Art. 927: Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

Não obstante a possibilidade de se analisar a questão sob o prisma da Responsabilidade Subjetiva,

eis que provada a culpa do Banco por ter agido com imprudência, negligência e imperícia, não se pode

deixar de lado a Responsabilidade Objetiva decorrente do Código de Defesa do Consumidor, “in verbis”:

O artigo 14: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela re-

paração dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, bem como

por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.

Lembremos que o artigo 6º Inciso VI, do mesmo Código Consumerista dispõe que:

“São direitos básicos do consumidor: VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e

morais, individuais, coletivos e difusos”.

Pelo que se infere que, uma vez causado danos ao consumidor, a reparação é medida que se impõe.

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1412

Rescisão ContratualPromitente compradora terá a devolução de 80%

da quantia paga pela unidade devido a impossibilidadede obtenção do financiamento para a quitação do imóvel

Ementa: Compromisso de compra e venda – Rescisão contratual, restituição de quantias pagas e in-

denização de danos morais – Culpa pela rescisão que não pode ser atribuída à ré – Possibilidade, porém,

da resolução do negócio – Súmula nº 1 do TJSP – Restituição das quantias pagas devida, mas autorizada

uma retenção de 20% para compensar os prejuízos da resolução do negócio jurídico – Correção mo-

netária desde os desembolsos e juros de mora a contar do trânsito em julgado – Despesas da unidade

que somente são devidas a partir da entrega das chaves, não ocorrida no caso – Restituição em dobro

incabível, ausente a comprovação da má-fé – Dano moral ausente – Sucumbência recíproca – Recursos

providos em parte.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1001999-28.2018.8.26.0361 – Relator: Augusto Re-

zende – Data do julgamento: 16.4.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Isenção do imposto sobre a renda do ganhode capital auferido por pessoa física residente

no País na venda de imóveis residenciais

Solução de consulta n° 60, de 23 de Junho de 2020 (DOU-1, 29.6.2020)

Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF

Ganho de capital. Alienação de imóvel residencial. Aquisição de imóvel residencial com carta de cré-

dito de consórcio. Isenção.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

IRPF

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132ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Pandemia: AluguelImobiliária: se garantiu aluguel, tem que cumprir

COVID-19 não afeta direito do locador receber integralmente seu crédito

Kênio de Souza Pereira* e Geovane Ferreira Pires**

A garantia de aluguel utiliza-

da por algumas imobiliárias para

atrair o proprietário do imóvel

transmite a este a convicção de

que todas as obrigações do in-

quilino, no caso de sua inadim-

plência, serão pagas em dia pela

administradora ou startup.

Em um cenário ideal, onde os

cidadãos cumprissem as normas

espontaneamente, sem confli-

tos, com pouca inadimplência e

que o despejo por falta de pa-

gamento fosse realizado em 30

dias como nos Estados Unidos,

isso seria fácil de ser cumprido.

Entretanto, na realidade, 63%

da população ativa está negati-

vada no SPC ou Serasa em 2019,

situação essa que se agravará

em 2020 diante do aumento do

desemprego. No Brasil é comum

as ações de despejo demorarem

15 meses, mesmo que o inquili-

no não esteja pagando nada ao

locador. Por essas razões e por

uma questão cultural, que faz

muitos desejarem levar vanta-

gem sobre outros, justifica-se

o fato de 90% das imobiliárias

não garantirem o aluguel aos

proprietários de imóveis. A co-

brança da comissão visa pagar

o trabalho de administração que

envolve diversos procedimentos

(avaliação, promoção do imóvel,

seleção dos candidatos, visto-

rias, negociação do aluguel de-

fasado, cobrança dos encargos),

além do empenho na obtenção

de bons fiadores ou outro tipo

de garantia previsto no art. 37

da Lei do Inquilinato com o ob-

jetivo de proteger o locador.

Porém, diante do desaqueci-

mento da economia em decor-

rência do afastamento social que

pode perdurar por meses, é che-

gado o momento das imobiliárias

que venderam garantia cumpri-

rem o compromisso firmado e

assegurarem aos proprietários

o recebimento em dia e integral

dos aluguéis e encargos.

Inadimplência tende acrescer conforme o tempo

de isolamentoPara evitar o contágio pelo

Covid-19, autoridades vêm so-

licitando a reclusão das pessoas

em suas residências. O isola-

mento tem gerado a perda de

receita dos autônomos e das

empresas, o que tem resultado

em demissões de funcionários.

Independente da pandemia,

no caso de inadimplência dos

inquilinos, caberá às imobiliárias

e startups arcarem com o pa-

gamento da dívida, pois agiram

como se fossem Cias. de Segu-

ros ao garantirem aos locadores

o pagamento dos aluguéis, en-

cargos e danos no imóvel.

Trata-se de um contrato ale-

atório, caracterizado pelo fato

de a contraprestação do con-

tratado (imobiliária ou startup)

ser necessária apenas após um

acontecimento futuro, no caso,

o inadimplemento do aluguel e

demais encargos. O artigo 458

do Código Civil determina: “Se

o contrato for aleatório, por di-

zer respeito a coisas ou fatos

futuros, cujo risco de não virem

a existir um dos contratantes

assuma, terá o outro direito de

receber integralmente o que lhe

foi prometido, desde que de sua

parte não tenha havido dolo ou

culpa, ainda que nada do aven-

çado venha a existir”.

Inadimplência é o risco assumido pela imobiliária

garantidoraAo que tudo indica, chegou

a hora de pagar e os locadores

devem exigir seu direito ao alu-

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1414

guel, encargos e reparação de

danos garantidos. Ao fazer pro-

paganda ou ao firmar o contrato

de administração com garantia

pela imobiliária, que algumas

classificam como “adiantamen-

to do aluguel”, essas empresas

assumiram um risco de prejuí-

zos decorrentes do contrato de

locação com o inquilino, sendo

que poderiam passar todo o pe-

ríodo contratual sem qualquer

inadimplência, obtendo unica-

mente lucro com sua promessa.

Porém, ao assumirem tal

risco, sequer podem alegar a

inexigibilidade do cumprimen-

to da obrigação pela ocorrência

de um evento extraordinário e

imprevisível, sendo que o mo-

tivo da garantia de aluguel é

a inadimplência, a qual pode

ocorrer por motivos imprevisí-

veis, fora do controle das par-

tes. Não pode, em respeito aos

preceitos do Código Civil (CC),

aquele que assumiu espontane-

amente o papel de garantir, dei-

xar de pagar em dia os créditos

do locador, nos termos do arti-

go 422, que obriga as partes a

honrarem os termos pactuados

com boa-fé: “Os contratantes

são obrigados a guardar, assim

na conclusão do contrato, como

em sua execução, os princípios

de probidade e boa-fé.”

A jurisprudência já enfrentou

casos de empresas que garanti-

ram aluguéis aos locadores e ten-

taram se furtar do pagamento,

tendo sido condenadas a cumpri-

rem a obrigação assumida:

“Direito Civil e Processual Ci-

vil. Contrato de aluguel garanti-

do. Inadimplemento contratual.

Revelia. Efeitos. I - No caso em

apreço, é incontroversa a cele-

bração de contrato de aluguel

garantido entre as partes, no

qual a ré se obrigou a assegurar

o pagamento mensal de aluguel

e das despesas ordinárias de

condomínio, consumo de água,

energia, taxas de esgoto, sane-

amento e IPTU, caso o locatá-

rio não o fizesse, bem como a

existência de débitos relativos

ao imóvel, o que caracteriza

inadimplemento contratual. II -

O réu revel não pode alegar em

apelação questões de fato que

deveriam ter sido arguido na

contestação, pois a seu respei-

to operou-se a preclusão. Além

disso, o exame dessas questões

em sede de recurso implicaria

em supressão de instância, na

medida em que não foram ob-

jeto de análise da instância ori-

ginária. III - Negou-se provi-

mento ao recurso.

(TJDFT - Apelação Cível n°

20150710189903APC - 0018411-

79.2015.8.07.0007 – 6ª Turma

Pandemia: Aluguel

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152ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Cível. Rel: Des. José Divino – Data

do Julgamento: 31/08/2016. Data

da Publicação: 13/03/2016).

Apelação Cível. Ação de res-

cisão de contrato cumulada com

cobrança. Contrato de adminis-

tração de imóvel com cláusula

de 'aluguel garantido' em caso

de inadimplência do locatário.

Alegação dos locadores contra-

tantes de que a administradora

não estava repassando os va-

lores dos locativos e acessórios

inadimplidos pelos locatários.

Parcial procedência na origem.

Recurso da ré. Preliminar. Perda

superveniente do interesse pro-

cessual. Alegação de que, em

outra ação, a parte autora havia

entabulado acordo com os sublo-

catários do imóvel, acordando o

pagamento das verbas devidas.

Argumento de que o acordo te-

ria abarcado o objeto desta lide.

Tese afastada. Processo que se

encontra suspenso até o trânsito

em julgado da decisão nos pre-

sentes autos. Sentença vergas-

tada que deixou expressamente

determinado o abatimento, nes-

ta condenação, de eventuais va-

lores recebidos pelos locadores,

na outra demanda. Objeto desta

lide, ademais, que vai além da-

quele debatido no acordo realiza-

do no outro processo. Preliminar

de perda superveniente de inte-

resse, afastada. Mérito. Alegação

de que a obrigação de garantia

não se estendia sobre água e

energia elétrica. Tese arredada.

Previsão de cobertura sobre 'de-

mais encargos incidentes sobre

o imóvel'. Cláusula aberta que

reclama interpretação ampliati-

va. Ademais, contrato de adesão

que atrai interpretação mais fa-

vorável ao aderente. Exegese do

art. 423/cc. Imposição, ainda,

da aplicação do art. 47, do CDC.

Obrigação de garantia sobre tais

verbas bem estabelecida. Dano

moral. Comprovação de inscrição

do nome da autora em órgão de

proteção ao crédito por inadim-

plência sobre consumo de água

do imóvel objeto do contrato.

Não pagamento do débito, pela

administradora, mesmo obrigada

pelo contrato de administração.

Descumprimento do contrato de

administração, que gerou o aba-

lo de crédito da autora. Obriga-

ção de indenizar. Abatimento de

taxa de administração do imó-

vel, dos valores condenatórios a

título de aluguel. Possibilidade.

Taxa de administração cujo aba-

timento é expressamente previs-

to em contrato. Manutenção da

desconsideração da personalida-

de jurídica. Má administração da

imobiliária ré devidamente com-

provada nos autos. Desnecessi-

dade de instauração de inciden-

te próprio. Sentença assinada e

prolatada no CPC/73 que não fa-

zia tal previsão. Pedido de afas-

tamento de multa por embargos

procrastinatórios, aplicados na

origem. Acolhimento do pedido.

Uma dentre as teses desenvolvi-

das nos aclaratórios que foi obje-

to de acolhimento neste recurso.

Inexistência de indícios de má-fé

na oposição. Recurso conhecido

e parcialmente provido. (TJSC

- Apelação Cível n° 0003617-

44.2011.8.24.0064 – 3ª Câmara

Cível. Rel: Des. Saul Steil. Data

do Julgamento: 22/10/2019)".

Mostra-se inviável a utiliza-

ção de qualquer justificativa

para deixar de pagar em dia o

locador, mesmo diante da in-

capacidade de pagamento do

inquilino, pois o locador conta

com o respeito ao mencionado

artigo 422 CC.

Logicamente, se os locado-

res soubessem da possibilida-

de da imobiliária ou da startup

deixar de cumprir a propagan-

da realizada ou a garantia as-

sumida no contrato, esses não

teriam entregue o imóvel para

a administradora.

Cias. Seguradoras honram o que contratam

As imobiliárias tradicionais

utilizam sempre fiadores, tí-

tulos de capitalização ou o se-

guro fiança, sendo essa últi-

ma garantia muito bem aceita

pelo mercado diante do fato

das Cias. Seguradoras arcarem

com o sinistro rapidamente, ou

Pandemia: Aluguel

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1416

seja, logo após serem comuni-

cadas da impontualidade, inde-

pendentemente da prolação de

sentença em ação de despejo

por falta de pagamento.

O diretor e responsável pelos

produtos para mercado de loca-

ções imobiliárias da Alper Segu-

ros, Paulo Brum, que tem atua-

ção nacional, esclarece que “os

locadores podem ficar tranquilos

quanto ao recebimento dos alu-

guéis e encargos da locação, pois

serão quitados de imediato pela

Seguradora, logo após a aber-

tura do sinistro, no decorrer do

processo de despejo, mesmo no

decorrer da suspensão das ati-

vidades decorrentes do corona-

vírus”. Paulo Brum afirma que,

“quanto ao seguro fiança em ab-

soluto não há nenhum respaldo

legal ou exclusão que preveja

negativa de cobertura por conta

da pandemia. Muito antes pelo

contrário, essa é a melhor hora

do proprietário escolher como

garantia o seguro fiança loca-

tícia, pois ele garante liquidez

de aluguéis em tempos difíceis.

Para se ter uma ideia, hoje con-

seguimos fazer um combo com

seguro de vida prestamista onde

em caso de desemprego ou mor-

te o seguro de vida garante de 6

a 12 vezes (conforme o contra-

tado) os custos de aluguel e en-

cargos, mesmo que o óbito seja

decorrente de Covid-19.”

Quanto às apólices que ex-

cluíam cobertura de seguro de

vida em caso de pandemia, o

Diretor da Alper frisou “que elas

recusaram suas condições ge-

rais e passaram a dar cobertu-

ra mesmo tendo dispositivo em

contrário, ou seja, o mercado

segurador consolidou a posição

de que não negará indenizações

em decorrência de Covid-19”.

Propaganda integra aocontrato de administração

Mesmo que no contrato de

administração não esteja clara

a garantia, caso ela tenha sido

anunciada na propaganda, o lo-

cador pode exigir o cumprimen-

to desse compromisso conforme

o artigo 30 do Código de Defesa

do Consumidor (CDC), que es-

tabelece que a propaganda inte-

gra o contrato. Além disso, nos

termos do artigo 47 do CDC, ao

avaliarmos um contrato, pre-

valece a interpretação mais fa-

vorável ao consumidor, que no

presente caso é o locador que

contratou com a imobiliária o

fornecimento de serviços de ad-

ministração e da garantidora.

Insiste-se que se o locador

imaginasse que a imobiliária pu-

desse descumprir seu compro-

misso não teria aberto mão dos

fiadores, e consequentemente

optado pelas imobiliárias tradi-

cionais, que em 90% dos casos

não prometem assumir o papel

de garantidoras por reconhece-

rem a impossibilidade de fazer o

papel de Cias de Seguros.

Provavelmente, caso a Pan-

demia se prolongue, as imo-

biliárias tradicionais, que não

abrem mão das boas garantias

(seguro fiança ou títulos de

capitalização), estarão numa

condição melhor por terem

agido em prol da maior segu-

rança do locador. Todavia, se a

imobiliária ou startup prome-

teu, assumiu os riscos, sejam

quais forem, caberá o ônus de

pagar ao locador todos os va-

lores integrais, sem qualquer

desculpa.

* O autor é Advogado em Belo Horizonte, MG. Presidente da Comissão de Direito Imobiliário

da OAB-MG. Vice-presidente da Comissão Especial de Direito Imobiliário da OAB Federal

Conselheiro do Secovi-MG e da Câmara do Mercado Imobiliário de MG.

** O autor é Advogado em Belo Horizonte, MG. Advogado do Escritório Kênio Pereira Advoga-

dos Associados. Membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG.

Pandemia: Aluguel

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172ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Contas de ÀguaLocador ficou responsável pelos débitos de água e esgoto

devido os mesmos serem do locatário anterior,não podendo repassá-lo ao novo locatário

Ementa: Processual Civil e Administrativo. Agravo em recurso especial. Prestação de serviços de

fornecimento de água e esgoto. Pagamento do débito de consumo. Obrigação pessoal. Existência de

contrato de locação não informado à concessionária. Responsabilidade do proprietário do imóvel. 1. A

jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que os débitos relativos aos serviços essenciais, tais

como água/esgoto e energia elétrica, são de natureza pessoal, ou seja, de quem efetivamente obteve a

prestação do serviço, não se caracterizando como obrigação de natureza propter rem, pois não se vin-

culam à titularidade do imóvel. Precedentes: AgRg no AREsp n° 45.073/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes

Maia Filho, Primeira Turma, DJe 15/02/2017; AgRg no AREsp n° 829.901/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes

Maia Filho, Primeira Turma, DJe 11/05/2016AgRg no AREsp n° 592.870/SP, Rel. Min. Humberto Mar-

tins, Segunda Turma, DJe 21/11/2014; AgRg no REsp n° 1.320.974/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,

Primeira Turma, DJe 18/08/2014; AgRg no REsp n° 1.444.530/SP, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira

Turma, DJe 16/05/2014. 2. Todavia, no caso dos autos, não obstante tenha havido contrato de locação

do imóvel, não houve a alteração da titularidade contratual perante a concessionária do serviço. Assim,

considerando que o proprietário do bem permaneceu inscrito como titular do serviço nos cadastros da

concessionária, que não foi informada da existência do contrato de locação, não há como imputar a ela a

obrigação de cobrar os custos de terceiro (locatário), que com ela sequer manteve relação contratual. 3.

Por conseguinte, não há que falar em ilegitimidade da recorrente, proprietária do imóvel, para figurar na

presente execução fiscal, não podendo se eximir de sua obrigação contratual perante a concessionária de

pagamento pelos serviços prestados, cujas faturas de consumo estão regularmente em seu nome, sem

prejuízo de eventual direito de regresso em face do inquilino. 4. Esse mesmo raciocínio já foi adotado

por esta Corte ao reconhecer a ilegitimidade do locatário para discutir perante a concessionária questões

relativas a contrato de prestação de serviços, em relação ao qual não fez parte. Precedentes: AgInt no

AREsp n° 1.105.681/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, DJe 09/10/2018; AgRg no REsp n°

1.185.667/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 27/09/2010; REsp 1.074.412/RS, Rel.

Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 11/05/2010). 5. Agravo conhecido para negar provimento

ao recurso especial.

Dados da Decisão: STJ – Agravo Interno n° 1557116 – Relator: Ministro Benedito Gonçalves – Data

do Julgamento: 5.12.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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192ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Laudo de VistoriaLocador não provou que os danos no imóvel foramcausados pelo locatário ou que já existiam à épocada locação devido à ausência do laudo de vistoria

Ementa: Apelação Cível - Locação imóvel comercial - Danos materiais - Ônus da prova - Art. 373

do CPC/15 - Não comprovação - Multa rescisória - Descabimento - Notificação - Lei nº 8.245/91 - Pela

distribuição do ônus da prova, nos termos do art. 373 do CPC/15, incumbe ao autor provar os fatos

constitutivos do seu direito e ao réu, os fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito do au-

tor - Considerando a ausência de laudo de vistoria inicial e de entrega do imóvel, não obstante as fotos

juntadas (docs. 10/14), não restou provado que os danos ali registrados foram ocasionados pela locação

do apelado ou que já não existiam à época da contratação - Notificada previamente a locadora, dentro

do prazo legalmente estabelecido, fato não impugnado pela apelante, exime-se o apelado do pagamento

da multa prevista na cláusula penal (artigos 4º e 6º da Lei nº 8.245/91).

Dados da Decisão: TJMG - Apelação Cível n° 1.0000.19.035330-0/002 - Relator: Des. Sérgio André

da Fonseca Xavier – Data do Julgamento: 10.12.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Locatários são responsáveis somente pela manutençãoe conservação do motor de portão em condomínio

de casas e não pela substituição do mesmo

Administramos a locação de 5 casas em um condomínio residencial, onde todas as casas alugadas

pertencem a um só locador.

Sendo assim, o motor do portão de entrada dos carros danificou e não teve conserto. O prestador de

serviços contratado, verificou que deveria ser comprado um novo motor. Acontece que a empresa (loca-

dora) fez a troca do motor e quer cobrar dos locatários.

Pergunta: O locador proprietário das 5 casas tem o direito de cobrar dos locatários?

BDI Responde: Nos termos do art. 23, § 1º, alínea “f”, da Lei do Inquilinato nº 8.245/91, o locatário

é responsável somente pela manutenção, conservação e pequenos reparos do portão eletrônico (fusíveis

se houver, lubrificação, etc), não se incluindo a despesa para a troca do motor do portão eletrônico, que

é despesa extraordinária, de obrigação do locador e que não se refere a gastos rotineiros de manuten-

ção, nos termos do art. 22, parágrafo único e alíneas “c” e “e”, da mesma lei em comento, pois o portão

eletrônico é essencial à habitabilidade e à segurança do edifício.

Portão de Garagem

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1420

Locatário desaparecido deverá ser citadopor edital em ação de despejo

Ajuizei uma ação de despejo por falta de pagamento em desfavor de um locatário. Não consigo citá-lo,

já foram diligenciados diversos endereços, mas o mesmo não foi encontrado. Descobri recentemente que

a filha desse locatário é quem está usufruindo da posse do imóvel.

Pergunta: Posso sub-rogar para essa filha a locação do imóvel e consequentemente citá-la para que

o processo tenha seu prosseguimento. Ou terá que ser citado o locatário em si?

BDI Responde: No caso não há o que se falar em sub-rogação. Se o contrato de locação está em

nome do locatário, somente este poderá ser citado para a ação, pelo vínculo obrigacional estabelecido

entre locador e locatário. Não se sabendo do paradeiro do locatário que abandonou o imóvel locado, o

mesmo deverá ser citado por hora certa quando há prova de que o mesmo esteja se ocultando; ou cita-

ção por edital, nos termos dos arts. 256 e 257 e 232 do Código de Processo Civil, quando o réu estiver

em lugar incerto e não sabido, ou desconhecido, ignorado, etc., com a subsequente nomeação de curador

especial, caso não compareça aos autos.

Ação de Despejo

Rendimentos de aluguéis de imóveis pagos

por pessoa jurídica a pessoa física

Solução de consulta nº 55, de 23 de Junho de 2020 (DOU-1, 25.6.2020)

Ementa: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF

Rendimentos de aluguéis de imóveis pagos por pessoa jurídica a pessoa física.

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

Rendimento de Aluguel

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212ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

O inadimplemento dos serviços de água do antigolocatário não pode ser responsabilidade

do locador ou do locatário seguinte

Tenho uma casa alugada onde o antigo locatário saiu sem quitar os débitos de conta de água, uma

vez que a concessionária está cobrando uma conta no valor de R$ 2.500,00. Foi feito uma vistoria pela

mesma e não foi encontrado vazamento, mesmo assim a companhia alega que os valores estão corretos

e, mesmo após cortar o fornecimento, tem emitido contas nos valores de aproximadamente R$ 50,00

o que na verdade são valores que sempre foram praticados pelo locatário. O locatário não pagou e está

discutindo os débitos na justiça e a água está cortada. Estou tentado ligar em nome do novo locatário

mas a concessionária se nega a efetuar, afirmando que só fará a ligação quando houver a quitação dos

débitos do antigo locatário, mesmo sendo essa nova ligação, em nome de outro locatário, ao contrário

do que acontece com a energia elétrica onde fazem a ligação em nome de outro locatário e continuam

com a cobrança do antigo.

Pergunta: Gostaria de saber como devo proceder uma vez que o novo locatário está com o contrato

e não consegue solicitar a ligação da água. Sem contar que a ligação onde consta débito, não foi apre-

sentado nenhum contrato para transferência de nome dessa conta.

BDI Responde: No caso é obrigação da empresa o fornecimento de energia elétrica e/ou água e

restabelecer o serviço independente do pagamento do antigo morador.

A obrigação contratual entre o locatário e a concessionária é personalíssima, ou seja, relativo às

pessoas que estavam presentes na negociação. O não pagamento do antigo locatário não pode ser res-

ponsabilidade do locador ou do locatário seguinte. Importante salientar que esta situação só se aplica se

o locatário realizou um contrato em seu nome com a concessionária, e não apenas arcou com os paga-

mentos das contas ainda no nome do proprietário ou de terceiro.

Se a conta de água está em nome do antigo locatário, a jurisprudência do Superior Tribunal De Justiça

é no sentido de que:

“A obrigação de pagar pelo serviço prestado pelo FORNECIMENTO DE ÁGUA é destituída da natureza

jurídica de obrigação “propter rem”, pois não se vincula à titularidade do bem, mas ao sujeito que ma-

nifesta vontade de receber os serviços". (AgRg no Ag n° 1.323.564/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN,

Segunda Turma, DJe 2/2/11).0011978-15.2013.8.26.0229.

Contas de Água

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1422

A inadimplência condominial e o fundode reserva em tempos de pandemia

Suse Paula Duarte Cruz Kleiber*

Pandemia: Condomínio

Todos sabemos que a ina-

dimplência é um problema re-

corrente nos condomínios e

nesse momento de pandemia

que se seguirá de recessão,

sem sombra de dúvida ela vai

aumentar.

Atuo com cobranças somen-

te em condomínios há 20 anos

e sempre me manifesto no sen-

tido de que ninguém deixa de

saldar suas dívidas porque acha

interessante, embora já tenha

ouvido todas as justificativas

possíveis, imaginárias, reais e

absurdas de condôminos como:

“vocês não me lembraram do

vencimento; tive que pagar a

parcela do carro”. Logicamen-

te há aqueles que enfrentam

problemas e mazelas da vida e

acabam por atrasar as contri-

buições destinadas à manuten-

ção do empreendimento, cujo

dever vem previsto no artigo

1336, Inciso I do Código Civil.

Todos sabemos nossos rendi-

mentos, o que é possível adiar

ou não. E o seu condomínio é

inadiável. Pense que é através

dele que os funcionários diretos

ou indiretos (zelador, porteiro,

pessoal da limpeza), e os pres-

tadores de serviços (elevador,

sistema de combate a incêndio,

limpeza geral, etc.) dependem

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232ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

dessa contribuição para sobre-

viverem. É uma engrenagem

perfeita que sem um dente, não

seguirá adequadamente.

Nesse momento é certo que

a inadimplência aumentará e

infelizmente alguns se aprovei-

tarão dele para dar prioridade

a outras despesas. É de suma

importância que o condômino

que, de fato, tenha tido perda

drástica em seus rendimentos e

não consiga cumprir com o seu

dever de pagar a cota condo-

minial não espere muito tempo

e a dívida aumentar por meses

para procurar o síndico ou a ad-

ministração.

Sugiro que acordos sejam

realizados num número maior

de parcelas, sem excluir juros,

multa e correção.

O síndico saberá separar

aquele que foi incontestavel-

mente lesado pela pandemia

daquele devedor contumaz e

dos que, infelizmente, tentam se

beneficiar com as situações de

crise. O condômino consciente

sabe que a manutenção regular

de seu patrimônio não pode ser

arriscada e caso seja necessário

atrasar, agirá rapidamente para

que a sua pendência não fique

maior e prejudique ainda mais a

si e aos seus pares.

Nesse momento, os condo-

mínios saberão o quão vital é

arrecadar mensalmente o fun-

do de reserva, pois, um pou-

quinho todos os meses faz di-

ferença em tempos difíceis. Ele

vem instituído e regulamenta-

do na convenção condominial,

geralmente estabelecido no

cálculo de despesas ordinárias

num percentual de 5% a 10%

do valor mensal, inclusive pre-

vê quando e como poderá ser

utilizado. Algumas preveem até

mesmo o limite a ser arrecada-

do e ao ser alcançado determi-

na sua destinação como pintura

de fachada ou decisão assem-

blear. Mas caso a convenção

nada diga sobre a sua forma de

utilização é determinante que o

síndico realize uma assembleia

para tratar do tema.

Uma vez que ele é um per-

centual que se destaca da conta

ordinária, não deve ser utiliza-

do para repor a inadimplência,

isso em tese. Penso que nesses

especiais e excepcionais mo-

mentos ele pode ser utilizado. O

fundo de reserva se destina jus-

tamente para situações emer-

genciais como a que vivemos,

em que a quarentena impediu

a muitos de obterem a mesma

receita e, caso não seja possí-

vel fazer assembleia para au-

torizar seu uso e se a situação

do condomínio for muito grave,

o síndico com muita responsa-

bilidade poderá utilizá-lo e ato

contínuo esclarecer o uso, des-

tinação e aprovação em regular

assembleia. O momento de for-

ça maior autoriza sua utilização

desde que seja para manter a

manutenção regular diante de

uma inadimplência incomum e

que não foi considerada quando

da provisão orçamentária.

Temos que agir com empa-

tia e acreditar que as pessoas

agem de boa-fé e dar oportuni-

dade ao condômino que solicita

renegociação ante ao momento

mundial delicado enfrentado e

o tempo dirá quem se utilizou

dele de forma descabida e em

detrimento da coletividade con-

dominial.

* A autora é Advogada em São Paulo, SP. Consultora jurídica condominial, palestrante, mem-

bro efetivo da Comissão de Direito Processual Civil da OAB-SP, subseção Santana, e da Comissão

de Direito Condominial da OAB-SP. É especialista em Direito Civil e Processual Civil pela Escola

Paulista de Direito (EPD). Autora do livro “Respostas às 120 dúvidas mais frequentes em matéria

condominial”. Colunista de revistas/sites da área condominial.

Pandemia: Condomínio

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1424

Fração Ideal

Não há ilegalidade na taxa de condomínio mais alta para apartamento com fração ideal maior

Ementa: Recurso Especial. Condomínio. Convenção. Despesas Ordinárias. Apartamentos em cober-

tura. Rateio. Fração Ideal. Art. 1.336, I, do CC/2002. Regra. Legalidade. 1. Recurso especial interposto

contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos

nºs 2 e 3/STJ). 2. Cinge-se a controvérsia a definir se a convenção condominial pode instituir, para uni-

dades de apartamentos em coberturas, o pagamento de taxa com base na proporção da fração ideal. 3.

A taxa condominial destina-se ao pagamento das despesas de conservação e/ou manutenção do edifício,

como limpeza, funcionamento dos elevadores, contratação de empregados, consumo de água e de luz,

bem como para possibilitar a realização de obra ou inovações aprovadas pela assembleia geral e pagar

eventuais indenizações, tributos, seguros etc. 4. A divisão do valor da taxa condominial se dá com base

na fração ideal da unidade imobiliária, podendo a convenção estabelecer forma diversa (art. 1.336, I, do

CC/2002). Precedentes. 5. As unidades imobiliárias com fração ideal maior pagarão taxa condominial em

valor superior às demais unidades com frações menores, salvo previsão contrária na convenção. 6. Não

há ilegalidade no pagamento a maior de taxa condominial por apartamentos em cobertura decorrente

da fração ideal do imóvel. 7. Na hipótese, a norma que estabelece o pagamento de cota condominial

ordinária é a prevista no art. 3º da Convenção do Condomínio Edifício Torre Blanca, cuja base de rateio

despesas é a fração ideal do imóvel. 8. Recurso especial não provido.

Dados da Decisão: STJ – REsp n° 1778522 – Relator: Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Data do

Julgamento: 2.6.2020

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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252ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Despesas Condominiais

Condômina foi condenada ao pagamentoda reforma realizada no condomínio devidoa mesma ter sido aprovada em assembleia

Ementa: Despesas de condomínio – Ação de execução por título extrajudicial – Demanda de condo-

mínio em face de condômina - Embargos à execução – Sentença de parcial procedência – Recurso da em-

bargante - Parcial reforma do julgado - Cabimento – Alegação de excesso de execução - Inadimplemento

demonstrado – Correta incidência de juros moratórios e de correção monetária sobre o débito objeto

da transação, não cumprida a partir da assinatura do termo de confissão de dívida, ante a existência de

cláusula expressa nesse sentido - Afastamento, porém, dos honorários advocatícios incluídos nos cál-

culos que acompanharam o termo de confissão de dívida – Cabimento, a fim de se evitar "bis in idem"

– Incidência de juros de mora e correção monetária – Verbas devidas e que integram implicitamente o

débito condominial, ainda que não tenham constado expressamente no boleto de pagamento emitido

pelo condomínio, sob pena de se propiciar enriquecimento sem causa em favor da executada – Despe-

sas extraordinárias de condomínio devidas – Aprovação em assembleia geral – Autora, ademais, que já

quitou parte das parcelas, com anuência implícita à cobrança – Dever de pagamento presente. Apelo da

embargante provido em parte.

Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1089884-87.2018.8.26.0100 – Relator: Marcos Ramos

– Data do Julgamento: 4.9.2019

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1426

Alteração em CondomínioPara as alterações de desdobramento ou unificação

de unidades, mudança nas áreas privativas ou comunsexige-se a unanimidade dos coproprietários

Administramos um condomínio que possui 4 coberturas e um condômino de uma delas, tem a preten-

são de transformar a sua unidade em duplex, elevando a metragem quadrada de área construída e citan-

do que manterá o nível do telhado a fim de não promover alteração da fachada ou da estética do edifício.

Pergunta: Pode o condômino levar a sua proposta para uma AGE? Em caso afirmativo qual seria o

quórum? Teria que alterar o fracionamento ideal de todo o conjunto?

Enfim, solicito as informações, bem como os fundamentos jurídicos a fim de dar conhecimento ao

Síndico.

BDI Responde: Havendo qualquer alteração na área privativa de algum condômino, deverão ser re-

feitos os instrumentos de instituição, especificação e convenção do condomínio, com aprovação unânime

dos condôminos.

Quanto a criação de nova unidade autônoma exige-se:

- concurso unânime das vontades dos comunheiros;

- aprovação da municipalidade;

- aquisição (a título oneroso ou gratuito) da fração ideal do solo vinculada à nova unidade;

- alteração na instituição do condomínio, quanto à individuação das unidades;

- alterações não só na fração ideal de terreno de cada unidade, mas também nas áreas de uso comum

de divisão proporcional correspondentes a cada uma delas, de tal sorte que a área total (soma das áreas

privativas e comum) também se modificará;

- No Registro de Imóveis:

- averbação da construção relativa ao novo apartamento (certidão da Prefeitura + CND);

- registrar que este imóvel integra o condomínio registrado na matrícula mãe nº tal e que passou a

constituir-se em unidade autônoma

- descrever a nova unidade

- encerrar esta matrícula e abrir matrícula para a nova unidade autônoma.

Quanto ao aumento da área construída da unidade autônoma exige-se:

- concurso unânime das vontades dos comunheiros;

- aprovação da municipalidade;

- aquisição (a título oneroso ou gratuito) da fração ideal de terreno que será acrescida ao apartamento

com área aumentada;

- alteração na instituição do condomínio, quanto à individuação das unidades;

- alterações não só na fração ideal de terreno de cada unidade, mas também nas áreas de uso comum

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272ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Alteração em Condomínio

de divisão proporcional correspondentes a cada uma delas, de tal sorte que a área total (soma das áreas

privativas e comum) também se modificará;

- No Registro de Imóveis:

- averbação da construção relativa à área aumentada (certidão da Prefeitura + CND);

- averbação da nova descrição, já com a área aumentada

- averbar, na matrícula mãe (pode ser reaberta) a nova individuação.

Diz J. Nascimento Franco e Nisske Gondo, em seu livro “CONDOMÍNIO EM EDIFÍCIOS”, 5ª

edição, 1988, Ed. Revista dos Tribunais, pág. 15:

“Uma vez registrado o instrumento de instituição do condomínio, exige-se a unanimidade dos copro-

prietários, com anuência dos compromissários compradores ou promitentes cessionários de direitos à

compra de unidades autônomas, para as alterações que importem em desdobramento ou unificação de

unidades, mudança na destinação das áreas privativas ou comuns; enfim, para as inovações que pos-

sam direta ou indiretamente repercutir sobre os direitos subjetivos dos condôminos com a finalidade a

que inicialmente se destinou o edifício e suas unidades autônomas, tal como a transformação da casa do

zelador, ou de qualquer área comum, em unidade privativa”.

Veja a seguinte matéria publicada no BDI:

Condômino pode transformar sua unidade autônoma em duas, distintas entre si?

BDI nº 15 - ano: 2011 - (Perguntas & Respostas)

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1428

Animais em CondomínioCondomínio não pode proibir a criação de animais desde que os mesmos não sejam prejudicias ao sossego, salubridade,

segurança dos possuidores e aos bons costumes

Com a recente decisão tomada pelo STJ com relação ao julgamento de uma ação sobre a manutenção

de animais em prédios em condomínio, amplamente difundido na mídia, não deixou de forma clara como

deverão os condomínios se portarem diante de tal decisão.

A principio, nos condomínios que possuam dispositivo em convenção da proibição de animais, enten-

demos que o simples julgamento de um caso, que tenha se tornado jurisprudência, faça com que tal

dispositivo passe a ser nulo e sim continua a proibição, entretanto, se houver alguma ação judicial é que

poderá ser julgado com base na decisão, mas em via de regra, não autoriza os condôminos e ou locatá-

rios, a passar de forma automática a levar animais para o condomínio.

Pergunta: Este entendimento está correto?

BDI Responde: As decisões judiciais autorizam a permanência de animais em condomínio em face da

Lei que existe para todos os condôminos e não com aplicação para determinado condômino que propôs a

ação. As deliberações aprovadas em assembleia que proíbam a manutenção de animais em condomínio,

contrariam as leis, pois a manutenção destes, no condomínio, é exercício regular do direito de proprie-

dade.

Veja as seguintes disposições legais:

- Artigo 1228 do Código Civil, “in verbis”:

“O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de

quem quer que injustamente a possua ou detenha.

– Art. 5º, Inciso XXII da Constituição Federal, “in verbis”.

“- é garantido o direito de propriedade”.

No caso, o que poderá ser debatido será a manutenção prejudicial do animal no condomínio, quando,

nos termos do art. 1.336, inciso IV do Código Civil ao condômino é proibido utilizar o condomínio, seja

nas áreas comuns e privadas, de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possui-

dores, ou aos bons costumes.

Desta forma não é proibido ter animais no condomínio, entretanto:

a) Se o animal for feroz, deverão portar focinheiras;

b) No caso de barulhos ensurdecedores, os animais deverão ser banidos do condomínio;

c) Os animais não poderão transitar desacompanhados nas áreas comuns, não podendo utilizar o

elevador social.

c) etc.

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292ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Pandemia: Cartório

Como funcionam as escrituras públicas à distância?

Fellipe Simões Duarte*

A pandemia do coronavírus

trouxe uma verdadeira revolu-

ção no âmbito dos cartórios. Se

antes havia uma expectativa de

que, futuramente, teríamos am-

bientes online para a prática de

atos notariais, atualmente essa

questão se tornou realidade.

A situação de calamidade pú-

blica trazida pelo vírus adiantou

o avanço da legislação, de for-

ma que já é possível que Car-

tórios de Notas de todo o país

pratiquem atos à distância. E

isso passou a ser possível após

a edição do Provimento nº 100

pelo Conselho Nacional de Jus-

tiça, no dia 26.5.2020. Norma-

tiva que regulamentou os atos

notariais à distância.

Neste sentido, o presente

artigo pretende demonstrar de

maneira didática a possibilidade

de lavratura de escrituras pú-

blicas e outros atos à distância.

Ou seja, sem que seja necessá-

rio que o interessado se deslo-

que ao cartório.

I – Atos notariaisà distância

Inicialmente, para efeito de

entendimento, os atos notariais

são aqueles atos praticados

pelo tabelião de notas. A título

de exemplo, são as escrituras

públicas de compra e venda de

imóvel, escrituras de permuta,

atas notariais, reconhecimen-

tos de firmas, procurações pú-

blicas, etc.

II – Como fazer o atonotarial à distância?

Os atos notariais eletrônicos

deverão ser realizados exclusi-

vamente através da plataforma

e-Notariado, no link: www.e-

-notariado.org.br.

Para que o interessado co-

mece a praticar atos notariais à

distância, é preciso que ele se

dirija a um tabelionato de notas

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1430

credenciado como Autoridade

Notarial com seu documento de

identidade e comprovante de en-

dereço. Assim, será emitido gra-

tuitamente seu certificado digital

e-notariado. O certificado ficará

no celular do interessado.

Assim, o serviço de atos no-

tariais à distância não depende

de obtenção de certificados em

tokens, como são aqueles dos

advogados, contadores e em-

presários (ICP-Brasil). Será uti-

lizado exclusivamente o certifi-

cado do e-notariado.

Uma vez realizado o cadas-

tro, o tabelião de notas e a

parte se encontrarão em vide-

oconferência para a prática do

ato, que dependerá de alguns

requisitos.

III – Os requisitos do ato notarial eletrônico

O Provimento trouxe alguns

requisitos para o ato notarial

eletrônico (art. 3º). São eles:

• videoconferência notarial

para captação do consentimen-

to das partes sobre os termos

do ato jurídico;

• concordância expressada

pelas partes com os termos do

ato notarial eletrônico;

• assinatura digital pelas

partes, exclusivamente através

do e-Notariado;

• assinatura do Tabelião de

Notas com a utilização do certi-

ficado digital ICP-Brasil;

• uso de formatos de docu-

mentos de longa duração com

assinatura digital.

A gravação por videoconferên-

cia realizada entre o tabelião e a

parte, segundo o parágrafo único

do art. 3º, deve conter necessaria-

mente a identificação, a demons-

tração da capacidade e a livre ma-

nifestação das partes atestadas

pelo tabelião, o consentimento

das partes e a concordância da es-

critura pública, o objeto e o preço

pactuado do negócio, a declaração

da data e horário da prática da-

quele ato e a declaração indicativa

do livro, página e do tabelionato

em que está sendo lavrado o ato

notarial.

Esses requisitos são de gran-

de importância, uma vez que

deve haver consentimento na

prática dos atos, bem como a

correta identificação das partes.

IV – Outras questões

relevantesa) a Matrícula Notarial Ele-

trônica (art. 12 e seguintes do

Prov. 100 CNJ).

A normativa federal criou a

MNE (Matrícula Notarial Ele-

trônica). Trata-se de chave de

identificação individualizada

que facilitará a unicidade e ras-

treabilidade da operação eletrô-

nica praticada;

b) O acesso de usuário ex-

terno para conferência de au-

tenticidade (art. 9º, §2º).

O e-notariado permitirá o

acesso de usuários externos,

desde que previamente cadas-

trados, para conferir a autenti-

cidade de ato que tenham inte-

resse;

c) a questão da territoriali-

dade do tabelião.

Para efeitos de atos eletrô-

nicos junto aos tabelionatos de

notas, deve-se considerar com-

petente aquele tabelionato da

circunscrição do imóvel ou do

domicílio do adquirente.

Sendo que o adquirente po-

derá escolher qualquer tabelio-

nato de notas do Estado para a

lavratura do ato (art. 19, §2º).

* O autor é Advogado em Juiz de Fora, MG. Advogado Imobiliário e Registral. Pós-graduado em

Direito Ambiental (UFPR) e em Advocacia Imobiliária, Urbanística, Registral e Notarial (UNISC).

Presidente da Comissão de Direito Notarial e Registral da OAB/MG de Juiz de Fora. Membro do

Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM) e da Academia Nacional de Direito Notarial e

Registral (AD NOTARE).

Pandemia: Cartório

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312ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

RegistroProtesto contra a alienação de bens averbado

na matrícula do imóvel não pode impediro registro de compra e venda do mesmo

Ementa: Recurso Especial. Processual Civil. Embargos de terceiro. Protesto contra a alienação de

bens. Interesse processual. Necessidade, utilidade e adequação. Averbação do protesto na matrícula de

imóvel. Mera publicidade da manifestação de vontade do promovente. Efeitos sobre as relações jurídicas

e direitos. Inexistência. Indevida apreensão judicial. Inocorrência. Vantagem, benefício ou utilidade dos

embargos de terceiro. Ausência. 1. Cuida-se de embargos de terceiro por meio dos quais se requer o

cancelamento do protesto contra a alienação de bens que foi averbado na matrícula do imóvel e que foi

apontado como impedimento para o registro da compra e venda. 2. O propósito recursal consiste em

determinar se há interesse processual no ajuizamento de embargos de terceiro contra a decisão que

defere o pedido de averbação do protesto contra a alienação de bens na matrícula do imóvel. 3. Recurso

especial interposto em: 11.7.2019; conclusos ao gabinete em: 6.11.2019; aplicação do CPC/15. 4. Entre

as condições da ação, que devem ser preenchidas para que exista o direito a um pronunciamento sobre

o mérito da causa, o interesse processual se traduz na necessidade, utilidade e adequação da medida

judicial para assegurar a seu promovente o fim jurídico por ele colimado. 5. Devem ser sumariamente

indeferidos, por falta de legítimo interesse, os pedidos formulados nos processos que se mostrem des-

necessários ou inadequados frente aos próprios fatos descritos na petição inicial. 6. O protesto judicial

é medida destinada a comprovar ou documentar uma manifestação formal de vontade do promovente,

o qual busca, por meio de referido procedimento, comunicar a terceiros interessados sua intenção de

fazer atuar no mundo jurídico uma determinada pretensão, mas não acrescenta nem diminui direitos do

promovente ou influencia diretamente as relações jurídicas que possua com terceiros. 7. A averbação

do protesto contra a alienação de bens na matrícula do imóvel consiste em manifestação do princípio da

publicidade, tendo por escopo apenas dar conhecimento a terceiros interessados sobre o direito que o

promovente alega possuir sobre o imóvel. 8. É pressuposto dos embargos de terceiro a existência de um

ato de constrição judicial sobre o bem que o terceiro alega ser possuidor ou proprietário. 9. Na hipótese

dos autos, a recusa do registro do imóvel no nome da recorrente é efeito da atuação do oficial cartorário

e não do deferimento do pedido de averbação do protesto na matrícula do imóvel, que é mero ato de

publicidade do protesto e que não afeta a posse ou a propriedade de terceiro alheio ao procedimento,

e que não configura apreensão judicial que possa, sequer em tese, ser reformada por meio de eventual

julgamento de procedência dos embargos de terceiro. Inexistência de interesse processual por ausência

do binômio utilidade-adequação. 10. Recurso especial desprovido.

Dados da Decisão: STJ - REsp n° 1758858 – Relatora: Ministra Nancy Andrighi – Data do Julgamen-

to: 19.5.2020

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1432

Covid-19 e as novas oportunidades no mercado imobiliário

Pedro Henrique Almeida da Silva*

Pandemia: Crowdfunding

O denominado “inimigo invi-sível” tem gerado instabilidade a nível mundial, de modo que as atividades econômicas vêm enfrentando extrema volatilida-de a cada dia que passa.

A reação imediata de muitos tem consistido na suspensão do pagamento de todas as obri-gações, sejam elas comerciais, bancárias ou tributárias.

Outros acabam optando pela suspensão de todo e qualquer investimento que esteja em an-damento ou que estivesse em cogitação. A grande indagação se resume a qual seria a melhor iniciativa.

É correto afirmar que muitos irão “surfar a onda” das mora-tórias, estejam realmente pre-cisando ou não.

Contudo, seria prudente compreender que as dívidas não desaparecem, mas sim-plesmente se distanciam a “curto prazo”.

Aos menos atingidos pelos efeitos financeiros da crise, e que “felizmente” poderiam dar seguimento às opções de in-vestimento existentes, subsiste ainda o receio das oscilações do

mercado de commodities e da bolsa de valores.

Em que pese as constan-tes variações acima, vê-se que o mercado imobiliário tem se mantido incólume mesmo dian-te da crise da Petrobrás e dos demais escândalos políticos.

Entretanto, os investimen-tos no ramo imobiliário não são acessíveis a todos, e tal fato acabou levando algumas em-presas a instituírem platafor-mas de “crowdfunding”, que na tradução literal para a língua portuguesa significa “Financia-mento Coletivo”.

O “crowdfunding” seria uma plataforma equivalente a um fun-do de investimento, composto por múltiplas pessoas físicas e/ou ju-rídicas que se agrupam com o in-tento de fomentar a captação de recursos para grandes projetos.

Imaginemos, por exemplo, um empreendimento cujo cus-to total de obra seria de R$ 50.000.000,00, e que o mesmo seja fracionado em 5.000 quo-tas de R$ 10.000,00 cada.

Cada um destes quotistas te-ria participação direta no resul-tado das vendas das unidades

autônomas do empreendimen-to, sendo o lucro auferido após o término das obras, todavia, pos-sibilitando o resgate do capital investido pela aquisição da quo-ta já durante a fase de obras.

Ademais, as unidades do em-preendimento seriam vendidas normalmente através do mer-cado imobiliário, o que acabaria fomentando dois tipos de perfil de adesão: investimento X ativo imobilizado.

Vale dizer que toda essa estru-tura seria administrada por uma empresa especializada no ramo, possibilitando a correta canaliza-ção dos recursos para aquisição de materiais e serviços.

Com isso, seria possível in-vestir no mercado imobiliário com importâncias menores, contando com toda a segurança e estabilidade que o setor pro-porciona.

Deste modo, soluções ino-vadoras prometem estender a vida útil de inúmeras pessoas jurídicas em tempos de crise, afinal, a reestruturação estraté-gica e operacional são mecanis-mos indissociáveis do guia de sobrevivência.

* O autor é Advogado em Florianópolis, SC. Sócio administrador do escritório Silva & Silva Ad-

vogados Associados, atuante nas áreas de Direito Imobiliário, Contratos e Propriedade Intelectual

em nível administrativo e contencioso.

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332ª quinzena - Julho 2020 - nº 14

Loteamento SimuladoÉ considerado nulo e impossibilitado o seu registro no

Cartório a divisão de imóvel rural em áreas que tenhamdimensões inferiores à fração mínima de parcelamento

É um hábito em nossa região a compra e venda de fração ideal de lotes rurais, onde se escrituram a

compra e venda da área destacada e posteriormente a averbação na matrícula da mesma. Surgiu uma

informação de que a nova lei considera como totalmente ilegal, só permitindo esse procedimento para

membros da mesma família.

Pergunta: Essa informação é correta?

BDI Responde: No caso o art. 65 caput, da Lei n° 4.504/1964 – Estatuto da Terra diz que o imó-

vel rural não pode ser dividido em áreas que resultem dimensão com área inferior à fração mínima de

parcelamento – FMP (módulo rural), será considerada nula, sendo a mesma vedada e impossível o seu

registro no Cartório de Imóveis.

Não se podendo vender as partes de áreas rurais menores que um módulo, existe a possibilidade

de se vender toda a área rural para vários interessados, em condomínio voluntário, ficando os mesmos

como coproprietários (condôminos de toda a gleba), através de venda de partes ideais inferiores à fração

mínima de parcelamento – FMP (módulo rural), sem que haja desmembramento ou divisão da gleba,

nem localização, numeração ou metragem da parte ideal de cada condômino, dentro de toda área.

Desta forma cada coproprietário terá a sua escritura de fração ideal, menor que o módulo, registrada

em condomínio voluntário. Este procedimento é discutível, por ser caracterizado como um loteamento

simulado.

– Veja as seguintes matérias publicadas nos BDIs (contrárias e favoráveis), sobre o assunto:

- Cartório registro de imóveis – Escritura de Compra e Venda de partes ideais – Área inferior ao mó-

dulo rural da região – Possibilidade de registro (TJSP) (BDI nº 21 – ano: 2005 – Jurisprudência);

– Alienação de parte ideal de imóvel rural (BDI nº 6 – ano: 1998 – Boletim Cartorário);

– Notário. Imprescindível cartorário sacrificado (loteamento simulado em alienações de partes ideais)

(bdi nº 22 – ano: 2001 – boletim cartorário);

– O parecer 348/2001-e, a determinação normativa e sua adequação ao dia a dia dos notários -

Emanuel Costa Santos – Notário preposto em São Paulo, Capital (BDI nº 26 – ano: 2001 – Boletim Car-

torário).

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2ª quinzena - Julho 2020 - nº 1434

Inventário

Herdeiro que usa o imóvel deverá pagar aluguel aos demais até que seja realizada a partilha do bem

Ementa: Apelação Cível - Ação de Reintegração de Posse - Representação processual - Intimação

para regularização - Inércia - Não conhecimento do primeiro recurso - Contestação - Intempestividade -

Revelia - Imóvel a ser inventariado - Utilização exclusiva por um herdeiro - Pagamento de aluguel devido

aos demais. 1. Evidenciando-se a não observância de pressuposto de validade do processo, no que tange

à representação processual, cuja regularização restou determinada ao primeiro apelante e não atendida,

o não conhecimento do recurso é medida que se impõe, nos termos do art. 76, § 2º do CPC/15. 2. Impõe

a decretação da revelia, uma vez reconhecida a intempestividade da contestação. 3. O herdeiro que usa

a título exclusivo o imóvel a ser inventariado deve arcar com o pagamento de aluguel em benefício dos

demais herdeiros, até que sobrevenha a partilha do bem.

Dados da Decisão: TJMG - Apelação Cível n° 1.0134.15.003474-9/001 - Relator: Des. José Arthur

Filho – Data do Julgamento: 27.11.2018

Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.

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ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES

FGV % IBGE % FIPE %

IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC

Jul./2019 0,3961 (-) 0,0080 0,3078 (-) 0,2166 0,5765 0,0999 0,1901 0,1438

Ago. (-) 0,6669 (-) 0,5067 0,1669 (-) 0,9035 0,4242 0,1200 0,1101 0,3302

Set. (-) 0,0054 0,5032 0,0033 0,6950 0,4635 (-) 0,0500 (-) 0,0400 0,0015

Out. 0,6751 0,5496 (-) 0,0858 0,8431 0,1834 0,0400 0,1000 0,1644

Nov. 0,3001 0,8501 0,4856 1,1145 0,0369 0,5400 0,5100 0,6822

Dez. 2,0918 1,7415 0,7684 2,3398 0,2082 1,2201 1,1501 0,9397

Jan./2020 0,4770 0,0931 0,5855 (-) 0,1273 0,3768 0,1899 0,2100 0,2868

Fev. (-) 0,0406 0,0120 (-) 0,0067 (-) 0,0312 0,3296 0,1700 0,2500 0,1061

Mar. 1,2441 1,6446 0,3403 2,3333 0,2559 0,1801 0,0700 0,1015

Abr. 0,8023 0,0497 (-) 0,1833 0,1053 0,2208 (-) 0,2300 (-) 0,3100 (-) 0,3040

Mai. 0,2800 1,0707 (-) 0.5369 1,7706 0.2030 (-) 0.2501 (-) 0.3800 (-) 0.2421

Jun. 1,5570

MESESTR (¹)

%POUPANÇA NOVA - % (²)

(A partir de 4.5.2012)POUPANÇA ANTIGA - % (²)

(Até 3.5.2012)SALÁRIO-MÍNIMO

R$

DÓLARCOMERCIAL (³)

R$

Ago. 0,0000 0,3434 0,5000 998,00 3,7649

Set. 0,0000 0,3434 0,5000 998,00 4,1385

Out. 0,0000 0,3153 0,5000 998,00 4,1644

Nov. 0,0000 0,2871 0,5000 998,00 3,9786

Dez. 0,0000 0,2871 0,5000 998,00 4,2240

Jan./2020 0,0000 0,2588 0,5000 1039,00 4,0307

Fev. 0,0000 0,2588 0,5000 1045,00 4,2695

Mar. 0,0000 0,2446 0,5000 1045,00 4,4987

Abr. 0,0000 0,2162 0,5000 1045,00 5,1987

Mai. 0,0000 0,2162 0,5000 1045,00 5,4270

Jun. 0,0000 0,1733 0,5000 1045,00 5,4263

Jul. 0,0000 0,1303 0,5000 1045,00 5,4760

1. TR - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Poupanças Nova e Antiga - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês. A poupança antiga aplica-se aos depósitos feitosaté 3.5.2012. Já a Poupança Nova aplica-se aos depósitos feitos a partir de 4.5.2012.3. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.

IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015

Base de Cálculo (R$)

Até 1.903,98

De 1.903,99 até 2.826,65

De 2.826,66 até 3.751,05

De 3.751,06 até 4.664,68

Acima de 4.664,68

Alíquota (%)

Isento

7,5

15

22,5

27,5

Parcela a Deduzir (R$)

142,80

354,80

636,13

869,36

DEDUÇÕES:

a) R$ 189,59 por dependente;

b) Pensão alimentícia integral;

c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a

reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;

d) Contribuição à Previdência Social.

COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (4)

Reajuste em Abr./2020 Reajuste em Mai./2020 Reajuste em Jun./2020 Reajuste em Jun./2020Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual

IGP-M/FGV 1,0681 IGP-M/FGV 1,0668 IGP-M/FGV 1,0651 IGP-M/FGV 1,0731

IGP-DI/FGV 1,0701 IGP-DI/FGV 1,0610 IGP-DI/FGV 1,0681 IGP-DI/FGV

IPC-DI/FGV 1,0344 IPC-DI/FGV 1,0260 IPC-DI/FGV 1,0183 IPC-DI/FGV

INPC/IBGE 1,0331 INPC/IBGE 1,0246 INPC/IBGE 1,0205 INPC/IBGE

IPC-A/IBGE 1,0330 IPC-A/IBGE 1,0240 IPC-A/IBGE 1,0188 IPC-A/IBGE

IPC/FIPE 1,0322 IPC/FIPE 1,0261 IPC/FIPE 1,0238 IPC/FIPE

4. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.

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