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DEMÉTRIO DE AZEREDO SOSTER DAIANA STOCKEY CARPES DIANA AZEREDO RICARDO DÜREN RODRIGO BARTZ VANESSA COSTA DE OLIVEIRA Apropriações jornalísticas no campo literário: reconfigurações narrativas identificadas na obra não-biográfica de Fernando Morais

Apresentação colóquio

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Apresentação realizada durante a VI Conferência Linguística e Cognição, o VI Colóquio Nacional Leitura e Cognição e a XIV Semana Acadêmica de Letras, que ocorreram de 23 a 28 de setembro de 2013, na Unisc (Santa Cruz do Sul – RS).

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Page 1: Apresentação colóquio

DEMÉTRIO DE AZEREDO SOSTER

DAIANA STOCKEY CARPES

DIANA AZEREDO

RICARDO DÜREN

RODRIGO BARTZ

VANESSA COSTA DE OLIVEIRA

Apropriações jornalísticas no campo literário: reconfigurações narrativas

identificadas na obra não-biográfica de Fernando Morais

Page 2: Apresentação colóquio

Nossa busca: compreender o que ocorre com a

narrativa não-biográfica de Fernando Morais, no

contexto midiatizado.

Page 3: Apresentação colóquio

Corações Sujos (Companhia das Letras, 2000)

Cem quilos de ouro (Companhia das Letras, 2003)

Os Últimos Soldados da Guerra Fria (Companhia dasLetras, 2011)

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Apesar de sua origem nos séculos XVI e XVII, essa

imbricação de Jornalismo e Literatura, no contexto

midiatizado, significa o quê?

Vamos considerar o fenômeno a partir de três teorias.

Page 5: Apresentação colóquio

Teoria da Narrativa

“A narratividade constitui uma qualidade

reencontrada nos textos narrativos de todas as épocas,

do mesmo modo que ela não se ativa apenas em textos

literários, mas também em textos não-literários (e até

não-verbais)” (REIS e LOPES, 1988, p. 71).

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O jornalismo é um texto não-literário e “se articula

necessariamente com os veículos que tornam públicas

suas mensagens”, atendo-se ao “real, exercendo um

papel da orientação racional” (MARQUES DE MELO,

2003, p.12).

Page 7: Apresentação colóquio

Teoria do Jornalismo

É na narrativa jornalística que se encontram as

categorias propostas por Marques de Melo (2010):

Informativo, Opinativo, Interpretativo, Utilitário ou

Diversional, subdividido em subcategorias ou gêneros.

Nossa perspectiva: gêneros operam como indexadores

na narrativa.

Page 8: Apresentação colóquio

Teoria dos Sistemas

A partir da proposta de Niklas Luhmann (2009),

consideramos o Jornalismo e a Literatura como

sistemas distintos que dialogam entre si em suas

operações por meio do acoplamento estrutural

(SOSTER, 2009, 2009-a, 2009-b, 2011 e 2012).

Esse procedimento provoca reconfiguração em ambos.

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A dialogia, depois da autorreferência, correferência e

descentralização, é a quarta característica do

jornalismo midiatizado, conforme Soster (2012).

Midiatizado: esse momento marcado por uma

profunda imersão tecnológica da sociedade

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É aí que emergem categorias como Interpretativo e

Diversional.

A natureza diversional desse novo tipo de jornalismo

está justamente no resgate das formas literárias de

expressão (MARQUES DE MELO, 1994, p. 22).

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Corações Sujos

Percebemos exemplos das categorias Informativo e

Opinativo, mas o que predomina nesta obra é

Interpretativo, com os gêneros perfil e cronologia.

Na categoria Diversional, há exemplos de história

colorida e história de interesse humano.

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As primeiras instruções eram dadas nos salõesdos tanques de tingimento, espalhados pelosporões de várias casas geminadas. A precáriailuminação do lugar vinha da luz mortiça dealgumas lâmpadas penduradas no teto. Sob umcalor insuportável, dezenas de japonesesseminus, com as cabeças protegidas porturbantes, molhados de suor, passavam dia enoite num trabalho que parecia não ter fim.Correndo de um lado para outro, baixavam elevantavam varais cobertos de peças de tecidofumegante que eram mergulhadas nos tanquesonde fervia a anilina – em cada tanque, uma cordiferente (MORAIS, 2000, p. 158)..

História colorida:

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Hipérbole:

Alguns presos mofavam semanas na fila antes de ser

qualificados” (MORAIS, 2000, p. 179).

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Gírias:

“Até hoje cheio de dedos, temendo mexer numa ferida

já cicatrizada, ele reconhece que o surto coletivo de

violência contaminou todos os brasileiros” (MORAIS,

2000, p. 240).

“Melo Viana estava disposto a se livrar logo daquele

abacaxi” (MORAIS, 2000, p. 293).

Page 15: Apresentação colóquio

Cem quilos de ouro

Identificamos a presença das cinco categorias de texto

jornalístico, mas destacamos a predominância do

Jornalismo Diversional.

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Enquanto toma café com leite, bolachas, mel,queijos Polenghinho e Catari, faz anotações àmargem do clipping para cobrar mais tarde dosministros e auxiliares. (...) No fim da refeição,toma um copo de suco – uma mistura de cenoura,mamão e maçã, batida num dia com suco delaranja, no outro com suco de limão. De vez emquando turbina a mistura com um pouco deguaraná em pó (MORAIS, 2003, p. 217).

História colorida:

Page 17: Apresentação colóquio

Hipérbole:

“Quando o dia clareou, fazíamos ginásticas com o

Xavante para evitar atoleiros” (MORAIS, 2003, p. 72).

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Metáfora:

“O movimento vitorioso aumenta a hostilidade com que a cidade e a

família viam a ovelha negra, e Tony e Aleida decidem mudar para

Havana” (MORAIS, 2003, p. 114).

Anacoluto:

“Filmes, Collor só assiste quando os lançamentos chegam às

videolocadoras de Brasília” (MORAIS, 2003, p. 249).

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Os Últimos Soldados da Guerra Fria

Identificamos a presença de quatro categorias:

Informativo, Opinativo, Interpretativo e Diversional.

Page 20: Apresentação colóquio

Hipérbole:

“A notícia da derrubada dos dois aviões e da morte dos quatro

pilotos desabou sobre a Flórida” (MORAIS, 2011, p. 192).

Prosopopeia:

“cinegrafistas apontando ameaçadoras câmeras contra portas e

janelas do simpático sobrado amarelo” (MORAIS, 2011, p. 195).

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Prosopopeia e Metáfora:

“Quando a diáspora cubana abriu os olhos, o

dinossauro cuja morte iminente era brindada todas as

noites no restaurante Versailles, na Little Havana,

dava os primeiros sinais de que saíra do coma”

(MORAIS, 2011, p. 240).

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Considerações finais

Com esse trabalho que aqui se encerra, é possível

perceber o diálogo da literatura com o jornalismo, e

que empresta, ao dispositivo livro-reportagem, dessa

maneira, forma e identidade específicas.

Page 23: Apresentação colóquio

Compreender o que essa hibricação, em tempos

midiatizados, representa para além de sua estrutura e

matriz genética é o desafio que se apresenta daqui para

frente.

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Referências:

CHAPARRO, Manuel Carlos. Sotaques d'aquém e d'além mar:travessias para uma nova teoria de gêneros jornalísticos. SãoPaulo: Summus, 2008.CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique.Dicionário de análise do discurso. Coord. Trad. FabianaKomesu. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2006.COSTA, Lailton Alves. Gêneros jornalísticos. In: MELO, JoséMarques de; ASSIS, Francisco de. Gêneros jornalísticos noBrasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de SãoPaulo, 2010.LUHMANN, Niklas. Introdução à teoria dos sistemas. Rio deJaneiro: Vozes, 2009.MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. Riode Janeiro: Vozes, 1994.

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MELO, José Marques de. Jornalismo Opinativo: gêneros opinativosno jornalismo brasileiro. 3.ed., rev. e ampl. Campos do Jordão:Mantiqueira, 2003.MELO, José Marques de; ASSIS, Francisco de. Gêneros jornalísticosno Brasil. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de SãoPaulo, 2010.MOISÉS, M. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix,2004.MORAIS, Fernando. Cem quilos de ouro (e outras histórias de umrepórter). São Paulo: Companhia das Letras, 2003.MORAIS, Fernando. Corações sujos: a história da Shindo Renmei. SãoPaulo: Companhia das Letras, 2000.MORAIS, Fernando. Os últimos soldados da guerra fria: a história dosagentes infiltrados por Cuba em organizações de extrema direita nosEstados Unidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

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PEREIRA LIMA, Edvaldo. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. Barueri, SP: Manole, 2009.PICCININ, Fabiana. O (complexo) exercício de narrar e os formatos múltiplos: para pensar a narrativa no contemporâneo. In: SOSTER, Demétrio de Azeredo; PICCI-NIN, Fabiana. Narrativas Comunicacionais Complexificadas. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2012.REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de teoria da narrativa. São Paulo: Ática, 1988.SODRÉ, Muniz. A narração do fato: notas para uma teoria do acontecimento. Petrópolis, RJ: Vozes 2009.SOSTER, Demétrio de Azeredo. Sistemas, Complexidades e Dialogias: Narrati-vas Jornalísticas Reconfiguradas. In: SOSTER, Demétrio de Azeredo; PICCININ, Fabi-ana. Narrativas Comunicacionais Complexificadas. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2012.

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Perguntas?

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Agradecemos a atenção!

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