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Apresentação do livro 500 Anos Forais de Alhais, Fráguas, Pendilhe e Vila Cova à Coelheira“ de Jorge Oliveira Pinto Exmo. Senhor Presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva, senhor José Morgado. Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Vila Cova à Coelheira, senhor Jorge Manuel Pereira dos Reis. Exmo. Senhor Jorge Oliveira Pinto autor do livro “500 Anos Forais de Alhais, Fráguas, Pendilhe e Vila Cova à Coelheira”, ao qual desde já felicito pela escrita e publicação de mais um livro, sobre a história local. Boa tarde a todos os presentes. Quando me foi endereçado o convite para apresentar o livro “500 Anos Forais de Alhais, Fráguas, Pendilhe e Vila Cova à Coelheira” da autoria de Jorge Oliveira Pinto o que aceitei prontamente, na conversa que se seguiu questionei os motivos da sua escolha. O Jorge, para além da amizade que nos une, acrescentou que tinha pesado o facto de ter lecionado História de Portugal no Antigo Agrupamento de Escolas Aquilino Ribeiro, e ter estado ligado a este concelho pelo menos durante três anos, seria um bom motivo para tão ilustre convite. Para que conste esta nossa amizade iniciou- se de uma forma fortuita. Durante uma aula no ano de 2006 que versava sobre a cultura castreja e os seus povoados, uma aluna levantou o dedo e questionou-me se eu conhecia o castro de Vila Cova à Coelheira. Ao que respondi negativamente de forma sincera, tendo a referida aluna afirmado que se eu quisesse, o seu padrinho teria todo o gosto em fazer-me uma visita guiada ao referido castro. Assim tomamos conhecimento da existência um do outro, essa aluna tinha

Apresentação do Livro“500 Anos Forais de Alhais, Fráguas, Pendilhe e Vila Cova à Coelheira” de Jorge Oliveira Pinto - Vila Cova à Coelheira

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As cartas de foral

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  • Apresentao do livro 500 Anos Forais de Alhais, Frguas,

    Pendilhe e Vila Cova Coelheira de Jorge Oliveira Pinto

    Exmo. Senhor Presidente da Cmara de Vila Nova de Paiva, senhor

    Jos Morgado.

    Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Vila Cova

    Coelheira, senhor Jorge Manuel Pereira dos Reis.

    Exmo. Senhor Jorge Oliveira Pinto autor do livro 500 Anos Forais

    de Alhais, Frguas, Pendilhe e Vila Cova Coelheira, ao qual desde j

    felicito pela escrita e publicao de mais um livro, sobre a histria local.

    Boa tarde a todos os presentes.

    Quando me foi endereado o convite para apresentar o livro 500

    Anos Forais de Alhais, Frguas, Pendilhe e Vila Cova Coelheira da

    autoria de Jorge Oliveira Pinto o que aceitei prontamente, na conversa que

    se seguiu questionei os motivos da sua escolha. O Jorge, para alm da

    amizade que nos une, acrescentou que tinha pesado o facto de ter lecionado

    Histria de Portugal no Antigo Agrupamento de Escolas Aquilino Ribeiro, e

    ter estado ligado a este concelho pelo menos durante trs anos, seria um bom

    motivo para to ilustre convite. Para que conste esta nossa amizade iniciou-

    se de uma forma fortuita.

    Durante uma aula no ano de 2006 que versava sobre a cultura castreja

    e os seus povoados, uma aluna levantou o dedo e questionou-me se eu

    conhecia o castro de Vila Cova Coelheira. Ao que respondi negativamente

    de forma sincera, tendo a referida aluna afirmado que se eu quisesse, o seu

    padrinho teria todo o gosto em fazer-me uma visita guiada ao referido castro.

    Assim tomamos conhecimento da existncia um do outro, essa aluna tinha

  • como padrinho, o Jorge Oliveira Pinto e na aula seguinte chegava pelas mos

    da afilhada a monografia de Vila Cova Coelheira, autografada da qual

    destaco a seguinte frase esperando que lhe desperte o desejo de visitar esta

    vetusta terra que se chama Vila Cova Coelheira, o meu torro natal.

    Ironicamente, essa prometida visita s se efetuou anos mais tarde,

    fruto das circunstncias da minha itinerncia docente.

    C estou eu mais uma vez, nesta terra com tantos pergaminhos e uma

    histria que comeou na idade do bronze. Segundo o Dr. Gonalves da

    Costa, ilustre historiador Lamecense que Quanto a Vila Cova, ela tem

    assinatura da sua origem e antiguidade no Castelo, junto ao Rio Cvo,

    erecto no lugar do primitivo Castro pr-celta, com indcios clarosde ter

    sido depois celtizado e mais tarde romanizado.

    Teria sido neste lugar que se deu a primeira aglutinao de habitantes

    dispersos num s povoado Castrejo ()

    Vila Cova Coelheira, tambm conhecida por Villa Coneleira

    designao adotada antes da Formao de Portugal, sempre ocupou o

    territrio envolvente ao Rio Cvo e que em 1128 aparece designado por

    Ribulo de Coneleira.

    E foi durante o perodo da fuso entre a cultura celtibera e da

    assimilao da cultura trazida pelos invasores romanos que surgiram os

    novos povoados situados em zonas mais frteis, dando origem s primeiras

    quintas agrrias as Villas, que a pouco e pouco foram crescendo, dando

    origem s povoaes de Vila Cova, Touro e Pendilhe. Os vestgios esto por

    a, para comprovar estas palavras desde o Castro ou Castelo e tambm

    pequenos troos de calada.

    O Castro ou Castelo de Vila Cova reveste-se de interesse

    patrimonial e histrico para esta localidade. Como sei que no estou a

    cometer nenhuma inconfidncia, a quando da minha primeira visita ao

  • Castro o Jorge confidenciou-me que gostaria de ver aquele patrimnio

    transformado num parque temtico e dotado de percursos pedestres, para a

    sua melhor explorao por parte dos turistas.

    Segundo Jorge Oliveira Pinto, citando Almeida Fernandes So estas

    Terras Colernianas, com uma Matriz dedicada a Santa Maria, que

    aparecem constitudas, pouco depois da Reconquista, numa Honra

    qual Almeida Fernandes concede largo destaque inserindo-a nas

    Grandes Honras Drio-Beiroas.

    Esta Honra , numa fase transitria, as normas foraleiras regulavam-

    se pelo Forum de Tarouca ou Castro Rei, a cujo o julgado pertencia,

    mas deixando de ter qualquer submisso a este ao ser constituda Cabea

    de Comenda pois a partir de ento, tinha foro especial para as suas terras,

    as quais se regulavam per Forum Hospitalis, cuja carta D.Afonso

    Henriques tinha outorgado em 1140 para todas as terras da ordem.

    Algumas prerrogativas foraleiras eram:

    - Jurisdio sobre todos os seus territrios;

    - A impossibilidade de serem presos habitantes sobre a jurisdio da ordem;

    - Absolvia e livrava os homens que morassem em suas herdades de todo o

    negcio servial e tributo;

    - E que os seus homens, do que comprassem, no pagassem portagens, nem

    peagem.

    Estes benefcios fiscais incentivaram e possibilitaram um maior

    desenvolvimento econmico e social destas terras Terras Colernianas.

    O que posso dizer sobre o autor e escritor Jorge Oliveira Pinto, que

    vive as coisas de forma intensa, entusistica e procura respostas para as

    questes que os vestgios materiais e imateriais lhe colocam no seu dia a dia.

    A histria local vive desta energia e persistncia daqueles que procuram

    reconstituir o passado daqueles que nos antecederam neste territrio, a que

  • chamamos Portugal. Mas ao mesmo tempo foca-se tambm no presente, ao

    publicar h mais de duas dcadas e meia o mensrio Horizonte Vilacovense.

    Com certeza que outros faro um elogio mais consistente sua pessoa,

    visto estarem aqui reunidos muitos dos seus amigos.

    Passemos ento ao livro, uma obra de fcil leitura e de um trabalho

    aturado na recolha dos testemunhos, fontes histricas e evidncias sobre os

    forais de Alhais, Frguas, Pendilhe e Vila Cova Coelheira. A sua leitura e

    consulta possibilita uma maior compreenso das relaes de poder entre os

    senhores, o Rei e os seus sbditos neste territrio das terras do Demo e do

    Alto Paiva.

    Mas como me impus a mim mesmo, um tempo adequado a esta

    apresentao, seria qui exaustivo querer fazer um resumo da obra em to

    pouco tempo, o que poderia influenciar a fruio da obra por parte dos

    presentes e potenciais leitores.

    Segundo Nuno Gonalo Monteiro, na Histria dos Municpios e do

    Poder Local Dos finais da Idade Mdia Unio Europeia, com direo

    de Csar Oliveira.

    Desde os finais da Idade Mdia que todo o espao continental da

    monarquia portuguesa se encontrava coberto por concelhos, designados

    por cidades, vilas, concelhos, coutos, honras ou simplesmente terras. A

    municipalizao do espao poltico local constitui uma das heranas

    medievais mais relevantes.

    Segundo o mesmo autor, Em termos muito esquemticos, podemos

    admitir que ao longo da primeira dinastia, coexistiram no territrio da

    coroa portuguesa as terras senhoriais (coutos e honras), os concelhos

  • perfeitos ou urbanos, os concelhos imperfeitos ou rurais uns e outros

    tendo geralmente recebido cartas de foral rgias.

    Segundo o historiador Bernardo Vasconcelos e Sousa, na Histria de

    Portugal coordenada por Rui Ramos A distino essencial entre as

    condies de vida dos habitantes dos senhorios e das comunidades

    concelhias foi a autonomia de que estas gozaram, mesmo se tal autonomia

    foi relativa e no absoluta.

    A autonomia sem dvida a pedra de toque do municipalismo, em

    contraponto voragem da centralizao.

    Segundo o mesmo autor ,A atribuio ou a confirmao de forais

    por parte dos soberanos correspondeu tambm ao seu projeto de fazer

    difundir a autoridade da Coroa e de afirmar alianas com estas

    comunidades de homens livres, de modo a contrabalanar o peso dos

    poderes senhoriais que se faziam sentir local e regionalmente. Os

    habitantes dos concelhos preferiam pagar ao rei os tributos fixados por

    escrito no foral, quer pela posse da terra, quer pela circulao e transao

    de produtos, a estarem sujeitos arbitrariedade e aos abusos praticados

    pelos senhores.

    () e ao contrrio do que se passava nos senhorios, os concelhos

    elegiam os seus magistrados, dispunham de um direito prprio em que os

    regimes fiscal e judicial estavam apenas consagrados nos costumesE

    apesar das muitas dificuldades e do caracter relativo destas "liberdades" ,

    as autoridades municipais revelaram-se sempre extremamente zelosas dos

    seus direitos e reagiram com veemncia s tentativas de as cercearem.

    Apesar da sua autonomia, os concelhos eram parte integrante desse

    reino, constituindo um dos elementos fundamentais da agregao e

    composio do Portugal medievo.

  • Segundo Jos Matoso, no seu livro Identificao de um Pas Ensaio

    sobre as origens de Portugal. S agora se pode dizer que comea a

    existncia do Estado: Quando os que representam no agem em nome

    prprio, mas por nomeao e sob a vigilncia de uma administrao

    pblica. Quando o poder supremo no est apenas onde est o Rei, mas

    constantemente presente e pronto a atuar em todas as partes do Reino.

    Estes contributos para a histria local resgatam das mais diversas

    fontes e das brumas da memria, ensinamentos de ontem, para compreender

    as vivncia do quotidiano e perspetivar o futuro. Se outrora os concelhos

    contriburam decisivamente para a coeso desta nossa ptria Portucalense,

    hoje o seu papel no deixa de ser fundamental para manter a coeso

    territorial, auxiliar os mais desvalidos e lutar contra desertificao de parte

    do territrio nacional.

    Costumo dizer que a histria tem tendncia a repetir-se, seno

    vejamos, durante o perodo entre 1827 e 1842, nos consulados de Mouzinho

    da Silveira e Passos Manuel o nmero de concelhos reduziu de 806 para

    381, tendo Passos Manuel ido mais longe dividindo o Reino em apenas 331

    concelhos.

    Os Concelhos de Alhais, Pendilhe e Vila Cova Coelheira so extintos

    em 1836 nas reformas judiciais em curso e so incorporados no concelho de

    Frguas. Mais tarde, em 1881 a Cmara Municipal dirige carta ao Governo

    solicitando que em Barrelas se estabelea a sede do concelho, dando origem

    ao concelho de Vila Nova de Paiva com os limites atuais.

    Mais recentemente, a famigerada lei Relvas, e segundo Jorge

    Oliveira Pinto neste seu livro O factor proximidade da sede do concelho

    foi fatal para Alhais, enquanto sede de freguesia no obstante ter mais do

    que o nmero de pessoas residentes exigidas (500). Com efeito a

  • famigerada Lei 11-A/2013 de 28 de Janeiro que no seu artigo 4 remete

    para a Lei n 22/2012, de 30 de Maio veio criar a chamada Unio das

    Freguesias de Vila Nova de Paiva, Alhais e Frguas, conforme consta em

    Dirio da Repblica, 1 srie, N 19 de 28 de janeiro de 2013, que ps fim

    ao Estatuto Jurdico-administrativo da Freguesia de Alhais.

    Como do conhecimento geral, esta Lei no extinguiu nem agrupou

    concelhos, por enquanto, mas voltou a agrupar antigos territrios sobre a

    mesma alada municipal.

    Um bem haja a todos.

    Disse