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Apresentação do PowerPoint · A ONG destaca o pioneirismo do governo brasileiro na divulgação da "Lista Suja do Trabalho Escravo", que aponta empresas multadas pela Justiça

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5 exemplos da escravidão moderna, que atinge mais de 160 mil brasileiros

O trabalho escravo foi banido em quase todos ospaíses, mas ainda existem muitas pessoas vivendosob essa condição ao redor do mundo.Entre as mulheres, as formas mais comuns dessaviolência são forçá-las a se casar, a fazer serviçosdomésticos ou a se prostituir. No caso dos homens,destaca-se o serviço em barcos da indústria da pesca.A chamada escravidão moderna atinge mais de 45,8milhões de pessoas no mundo, segundo a ediçãodeste ano do Índice Global de Escravidão, publicadopela Fundação Walk Free, da Austrália. A maioria(quase 35%) está na Ásia.Na América Latina, são 2,16 milhões detrabalhadores, 161,1 mil deles no Brasil - em 2014,eram 155,3 mil. Segundo o relatório, a incidênciadesse crime é maior nas áreas rurais no país,principalmente em regiões de cerrado e naAmazônia.

A ONG destaca o pioneirismo do governo brasileiro na divulgação da "Lista Suja do Trabalho Escravo", que aponta empresasmultadas pela Justiça. A publicação da lista foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal em dezembro de 2014, mas o órgãoacabou liberando o material na semana passada.A Walk Free define como escravidão "uma situação de exploração da qual não se consegue sair porque está sob ameaça,violência, coerção ou abuso de poder". Confira cinco exemplos levantados pela organização:1) Indústria da pesca e de frutos do marGrupos de defesa dos direitos humanos afirmam que milhares de pessoas são forçadas a trabalhar em barcos de pesca,onde podem permanecer durante anos sem nem sequer poder ver a costa.

As vítimas afirmam que, caso sejam flagradas tentandoescapar, podem ser mortas ou lançadas ao mar.A Tailândia, terceiro maior exportador de frutos do mar domundo, foi acusada de lotar seus barcos com birmanesese cambojanos que foram obrigados a trabalhar comoescravos.Intermediários costumam mentir prometendo empregosem fábricas, mas no fim levam as pessoas para barcos depesca, segundo vítimas.Após escapar dos traficantes, um birmanês contou que foiforçado a entrar em um pequeno barco em mar aberto,onde teve de pescar por 20 horas diárias sem recebernada por isso.

"Eles diziam que qualquer um que tentasse escapar teria aspernas cortadas, as mãos, ou até seria morto", disse à BBC.2) 'Fábricas de maconha' e salões de unhaOs números sugerem a existência de 10 mil a 13 mil vítimasde escravidão no Reino Unido, vindas de países como Albânia,Nigéria, Vietnã e Romênia.Acredita-se que cerca de 3 mil crianças vietnamitas estejamtrabalhando em "fábricas de maconha" e salões de unha,onde ouvem que "suas famílias lamentarão muito" seescaparem.Uma das vítimas tinha 16 anos quando chegou ao país com aexpectativa de ganhar dinheiro e mandar para a família. Mas,em vez disso, o rapaz foi forçado a trabalhar em uma "fábrica"de maconha, casas onde são cultivadas enormes quantidadesda planta.

"Lembro que perguntei ao homem que me levou ali se eu poderia ir embora, pois não gostava de ficar naquele lugar. Ele ameaçoume bater ou me matar de fome", disse.Quando a polícia invadiu a casa, o jovem foi preso e foi acusado de crimes vinculados a drogas. Mas depois recebeu ajuda daorganização para proteção à infância NSPCC.3) Escravidão sexualA Organização Internacional do Trabalho calcula que existam cerca de 4,5 milhões de vítimas de exploração sexual no mundo.Shandra Woworuntu, ativista contra o tráfico humano, foi forçada a se prostituir nos Estados Unidos em 2001. Ela saiu daIndonésia com a promessa de conseguir um trabalho na rede hoteleira, mas foi entregue a traficantes armados pelosintermediários que a receberam no aeroporto.

"Ouvi que tinha uma dívida de US$ 30 mil com eles e que pagariaUS$ 100 a cada vez que servisse a um homem", explica.Depois de um tempo, Shandra conseguiu escapar e ajudou o FBI alocalizar o bordel, onde outras pessoas eram escravizadas.Na República Dominicana, 25% dos turistas estrangeiros participamdo comércio sexual - uma em cada quatro vítimas é menor de idade,segundo o estudo da Walk Free.O país e o Haiti têm o percentual mais alto de pessoas sob condiçõesde trabalho escravo em relação à população - 1%. Ambos estão no

oitavo lugar do Índice Global de Escravidão.

4) Obrigados a mendigarO relatório destaca que muitas crianças na Europa, Ásia,África, América Latina e Oriente Médio são forçadas porcriminosos a pedir esmolas nas ruas.Uma das vítimas disse aos investigadores: "Ainda que eupeça a esmola, eles não me pagam nada. Tenho que entregarpara eles tudo o que ganham. Eles não me alimentam direitoe não posso dormir bem. Não me pagam por um trabalho,isso é servidão".

Outra conta: "Não podia dizer nada, tinha medo. Meu patrão ameaçou me castigar de forma severa se eu dissesse algo aalguém".5) Em propriedades particularesGrande parte da escravidão moderna não é visível para o público - ela acontece em casas, fazendas ou outros tipos depropriedades particulares.Na semana passada, três pessoas da mesma família foram presas no Reino Unido por forçar um homem a trabalhar emtroca de um pagamento irrisório.Michael Hughes, de 46 anos, prestou serviços de construção para a família por mais de 20 anos. Ele disse que teve de viverem um galpão de 1 por 2 metros no jardim, sem aquecimento nem água, durante dois anos.

No mês passado, um britânico começou a cumprir umapena de dois anos de prisão por manter sua própriamulher sob servidão doméstica - é o primeiro caso dotipo de se tem conhecimento no país.Ela foi torturada, forçada a trabalhar e não podia sair decasa, segundo os promotores.

Reforma trabalhista: entenda o que muda para o trabalhador

Proposta revoga 18 pontos da CLT e prevê terceirização, flexibilização da jornada, fatiamento das férias e fim da

contribuição sindical

O relator da Reforma Trabalhista, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), apresentouna quarta-feira 12 seu parecer na comissão especial que analisa o tema na Câmarados Deputados. O relatório tem 132 páginas e 45 foram reescritas.

O texto altera mais de 100 artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e criaao menos duas modalidades de contratação: a de trabalho intermitente, por jornadaou hora de serviço, e o chamado teletrabalho, que regulamenta o “home office”.

O texto contempla ainda o fim da contribuição sindical, mas cria impeditivos para a terceirização. FGTS, 13º salário,integralidade do salário e férias proporcionais foram assegurados.Acordos coletivosUm dos principais pontos da Reforma abre a possibilidade para que negociações entre trabalhadores e empresas sesobreponham à legislação trabalhista, o chamado "acordado sobre o legislado". Poderão ser negociados à revelia da lei oparcelamento de férias, a jornada de trabalho, a redução de salário e o banco de horas. Por outro lado, as empresas nãopoderão discutir o fundo de garantia, o salário mínimo, o 13o e as férias proporcionais.

Para a jornada de trabalho, o texto prevê que empregador e trabalhador possam negociar a carga horária num limite de até12 horas por dia e 48 horas por semana. A jornada de 12 horas, entretanto, só poderá ser realizada desde que seguida por36 horas de descanso.Já as férias poderão ser divididas em até três períodos, mas nenhum deles poderá ser menor que cinco dias corridos oumaior que 14 dias corridos. Além disso, para que não haja prejuízos aos empregados, fica proibido que as férias comecemdois dias antes de um feriado ou fim de semana. Hoje, a CLT prevê jornada máxima de 44 horas semanais e as férias podemser divididas apenas em dois períodos, nenhum deles inferior a dez dias. Ainda sobre férias, o texto da Reforma passa apermitir que trabalhadores com mais de 50 anos dividam suas férias, o que atualmente é proibido.Outro ponto sugerido no relatório é a determinação que, se o banco de horas do trabalhador não for compensado em nomáximo seis meses, essas horas terão que ser pagas como extras, ou seja, com um adicional de 50%, como prevê aConstituição. O texto também atualiza a CLT, que previa um adicional de 20% para o pagamento das horas extras, para 50%,como está previsto na Constituição.

Contrato por hora e home officeA versão final apresentada pelo deputado Rogério Marinho cria duas modalidades de contratação: o trabalho intermitente,por jornada ou hora de serviço, e o teletrabalho, que regulamenta o chamado home office, ou trabalho de casa.Atualmente a legislação trabalhista não contempla o trabalho em casa e o texto apresentado hoje inclui o homeoffice, estabelecendo regras para a sua prestação. Ele define, por exemplo, que o comparecimento às dependências doempregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado não descaracteriza o regimede trabalho remoto.

Haverá a necessidade de um contrato individual de trabalho especificando as atividades que serão realizadas peloempregado e esse documento deverá fixar a responsabilidade sobre aquisição, manutenção ou fornecimento dosequipamentos, além da infraestrutura necessária para o exercício de cada atividade. As despesas ficam por conta doempregador, que não poderão integrar a remuneração do empregado.A outra modalidade de contratação criada, o trabalho intermitente, permite que o trabalhador seja pago somente pelashoras de serviço de fato prestadas. Neste caso, segundo a versão final do relatório, a empresa terá que avisar o trabalhadorque precisará dos seus serviços com cinco dias de antecedência.A modalidade, geralmente praticada por bares, restaurantes, eventos e casas noturnas, permite a contratação defuncionários sem horários fixos de trabalho. Atualmente a CLT prevê apenas a contratação parcial.Horas extrasA CLT em vigor considera trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não passe de 25 horas semanais. Pelalegislação atual, é proibida a realização de hora extra no regime parcial. O parecer do relator aumenta essa carga para 30horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares por semana. Também passa a considerar trabalho em regimeparcial aquele que não passa de 26 horas por semana, com a possibilidade de 6 horas extras semanais. As horas extras serãopagas com o acréscimo de 50% sobre o salário-hora normal. As horas extras poderão ser compensadas diretamente até asemana seguinte. Caso isso não aconteça, deverão ser pagas.Para o regime normal de trabalho, o parecer mantém a previsão de, no máximo, duas horas extras diárias, mas estabeleceque as regras poderão ser fixadas por “acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho”. Hoje, a CLT dizque isso só poderá ser estabelecido “mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contratocoletivo de trabalho”.nPela regra atual, a remuneração da hora extra deverá ser, pelo menos, 20% superior à da hora normal.O relator aumenta esse percentual para 50%.

TerceirizaçãoEm março, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que permite a terceirização para todas as atividades de umaempresa, mas o texto da Reforma Trabalhista propõe salvaguardas para o trabalhador terceirizado.O parecer cria uma quarentena que impede que o empregador demita um trabalhador efetivo para recontratá-lo comoterceirizado em menos de 18 meses.Além disso, um trabalhador terceirizado deverá ter as mesmas condições de trabalho dos efetivos de uma mesma empresa.Essa equidade vale para itens como de ambulatório, alimentação, segurança, transporte, capacitação e qualidade deequipamentos.

Multa por não-contratados

Atualmente, o empregador que mantém trabalhadores sem registro está sujeito à multa de um salário-mínimo regional, porempregado, acrescido de igual valor em cada reincidência.O texto original da Reforma, proposto pelo governo, determinava multa de R$ 6 mil por empregado não registrado, acrescidode igual valor em cada reincidência. No caso de microempresa ou empresa de pequeno porte, a multa será de R$ 1 mil. Otexto prevê ainda que o empregador deverá manter registro dos respectivos trabalhadores sob pena de R$ 1 mil. O relatorRogério Marinho, porém. reduziu o valor da multa para R$ 3 mil para cada empregado não registrado nas grandes empresase para R$ 800 para as micro e pequenas empresas.Contribuição sindicalAtualmente, o pagamento da contribuição sindical é obrigatório e vale para empregados sindicalizados ou não. Uma vez aoano, é descontado o equivalente a um dia de salário do trabalhador. Se a mudança for aprovada, a contribuição passará a seropcional. Na prática, o fim da contribuição obrigatória enfraquece a discussão e pleitos coletivos por categoria detrabalhadores.

Próximos passosA próxima reunião da comissão está prevista para a terça-feira 18. O presidente do colegiado, deputado Daniel Vilela(PMDB-GO), disse que a votação da proposta poderá acontecer já na semana que vem, caso seja aprovado umrequerimento de urgência em Plenário. Assim, os prazos de vistas (duas sessões) e emendas ao substitutivo (cincosessões) poderiam ser dispensados.

* Com informações da Agência Câmara