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Apresentação do PowerPoint · feira, 30, por convidados do seminário. Eles garantem que a política reduz o acesso da população a obras, sufoca pequenas livrarias e é uma das

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Domínio do Português culto: chave para o desenvolvimento.Inegavelmente, a cerne das relações pessoais e do consequente exercício da cidadania é a comunicação. No caso do

Brasil, ela é viável graças ao padrão culto da língua portuguesa, que, apesar das diversas gírias e regionalismos, deveriamanter uma certa unidade linguística entre os estados. A partir disso, pode-se dizer que quaisquer problemas naaprendizagem da norma culta afetam diretamente a comunicação e, logo, o desenvolvimento do país.

Com o recente crescimento econômico do Brasil, supõe-se que também os índices sociais tenham melhorado.Entretanto, embora o analfabetismo apresente, de fato, diminuição, a sua "herança", o analfabetismo funcional, vemcrescendo. Hoje, aproximadamente um terço da população se enquadra nessa categoria. As causas disso consistem nafalta ou insuficiência de preparo dos profissionais cuja missão é alfabetizar crianças - por ausência de investimentos noscursos, de fiscalização e de remuneração dignas - e na má qualidade do acesso à educação- a qual, muitas vezes, culminaem evasão. Decorre dessas circunstâncias o total desconhecimento do Português Padrão, situação vivida por inúmerosbrasileiros.

Paralelamente aos casos de completa falta de contato com a norma culta, há diversas condições que podem gerardificuldades no desenvolvimento dela e em sua adaptação ao cotidiano, fora do cenário de exemplos convenientes e pré-selecionados da escola. Entre elas, destaca-se o diminuto apreço pela leitura, o que acaba formando escritores fracos,sem domínio do idioma e carentes no que se refere a vocabulário. Segundo a pesquisa de 2015 do Instituto Pró-Livro, osbrasileiros leem apenas dois livros inteiros por ano - média muito inferior à ideal. Justamente pela falta de incentivo dasinstituições de ensino e de exemplo dos pais, o adolescente adota - conscientemente ou não - um conformismo perante opouco exercício de leitura, ou então acaba lendo somente aquilo que a mídia veicula, o que "está na moda", que muitasvezes não contribui em nada para o desenvolvimento do domínio do padrão culto da língua.

Nessas condições, fica evidente que a solução para as dificuldades na escrita e na compreensão de diálogos e textos,causadas pelas inseguranças quanto à norma padrão, passa por duas questões essenciais: o acesso à educação de

qualidade e o incentivo à leitura. Com professores aptos a alfabetizar crianças, infraestrutura - como bibliotecas nas escolase pelas cidades - propícia ao ato de ler e ofertas de livros a preços justos, será possível uma maior familiarização dosbrasileiros com a variante culta do Português, e, consequentemente, um crescimento intelectual do País como um todo.

Quais são os países mais leitores do mundo?

Há algumas semanas a Market Research World publicou o Índice de Cultura Mundial, ranking que refere a relação de diversos países, ou melhor dito de sua população, com diferentes hábitos culturais, entre eles a leitura. E ao revisar este último quesito, os países que encabeçam o hábito de ler é verdadeiramente surpreendente. Suponho que, assim como eu, a maioria de nós pensaria que os países mais leitores do mundo seriam os escandinavos, Japão, talvez Alemanha, mas a verdade é que, ao menos de acordo com este relatório, em realidade é nos países asiáticos onde as pessoas se entregam mais a esta proveitosa prática.

O país que mais lê no mundo é a Índia e ocupa essa distinção desde 2005. Os indianos dedicam, em média, 10 horas e 42 minutos semanais para ler. Os seguintes três postos também são ocupados por países da Ásia, Tailândia, China e Filipinas, enquanto o quinto é, notavelmente, o Egito. Posteriormente vem a nação européia melhor localizada, República Tcheca, seguida da Rússia, Suécia empatada com a França, e depois Hungria empatada com a Arábia Saudita. Quanto a América Latina, o país mais leitor é a Venezuela, no 14º lugar, e depois vêm a Argentina (18º), México (25º) e Brasil (27º) com médias de leitura que rondam menos da metade de tempo que dedicam na Índia.

Chama a atenção que as duas economias com maior potencial, China e Índia, estejam acompanhando com educação seu crescimento explosivo na indústria, mercado e outros. Isto sugere que seu desenvolvimento não só responde ao fato de serem por muito as duas maiores populações do planeta, senão que também a uma verdadeira inteligência e estratégia. Por outro lado, não deixa de ser lamentável confirmar um indício a mais de que os latino-americanos, diferente dos asiáticos, estejamos ainda longe da maturidade necessária para, eventualmente, tomar o relevo de mãos da Europa e

Estados Unidos, à cabeça do desenvolvimento econômico e cultural.

Enfim, talvez o fato de estar entre os países que mais tempo dedicam à leitura não assegure a sua população um melhor futuro de acordo às variáveis macroeconômicas ou de progresso, e nem sequer para os padrões de civismo ou felicidade, mas ao menos me parece que é um valioso indicador de maturidade, e sem dúvida, permite a construção de um panorama mais rico e interessante, algo que mais cedo ou mais tarde se materializará em melhores condições de vida.

Enquanto isso vamos ter a copa mais cara de todos os tempos nos estádios mais caros do mundo, algo que mais cedo ou mais tarde se materializará em uma quebradeira geral.

"Não é preciso queimar livros para destruir uma cultura. Basta fazer com que as pessoas deixem de lê-los!"

Ray Bradbury.

'É uma vergonha o índice de 1,7 livro por ano', diz ministro da Cultura

Para Juca, é preciso realizar campanhas para ampliar a leitura

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, classificou nesta terça-feira, 30, como “vergonha” o índice de leitura apresentado no País: 1,7 livro, em média, por ano. “É uma média que está abaixo de países vizinhos”, observou. Além de lamentar a quantidade, o ministro fez uma referência à qualidade das obras escolhidas. “Muitos chegam à leitura pela periferia, com livros de autoajuda”, disse, durante a abertura do seminário internacional realizado para discutir uma proposta, em tramitação no Senado, para fixar o preço de livros recém-lançados no País.De autoria da senadora Fátima Bezerra (PT-RN), o projeto propõe o fim de uma prática que se tornou corriqueira no Brasil, a concessão de descontos na compra de livros. “No passado, isso ocorria para professores, bibliotecários e nunca excedia 10%”, recorda o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Marco Pereira. Agora é uma prática disseminada para lançamentos e para clássicos. Ele conta que, na lista dos 500 livros campeões de venda no País, o desconto médio é de 23,3%.

A prática de descontos, que à primeira vista parece beneficiar tanto leitores quanto empresários, foi criticada nesta terça-feira, 30, por convidados do seminário. Eles garantem que a política reduz o acesso da população a obras, sufoca pequenas livrarias e é uma das responsáveis pela estagnação do setor.

O ministro da Cultura Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A proposta em análise no Senado prevê que livros recém-lançados devam ter preço único durante o primeiro ano no mercado. O desconto máximo permitido no período é de 10%. Passado esse prazo, as promoções ficam liberadas.Atualmente, o preço do livro é fixado pelo editor. São levados em consideração aspectos como os custos do direito autoral e de produção. A senadora argumenta, no entanto, que grandes redes, com poder de barganha, acabam negociando descontos muito significativos - algo que livrarias de menor porte não conseguem. Ao mesmo tempo, editoras acabam colocando uma “gordura” no valor cobrado, justamente para ser cortada no momento da negociação.

A proposta da senadora é apoiada pelo governo federal e por empresários reunidos no seminário. Para Ferreira, o preço único tem reflexos não apenas no acesso aos livros. A proposta ajuda a preservar lojas de rua e livrarias que atendem às demandas locais. “É um recurso para impedir que o monopólio não se estabeleça.” Ferreira observou ainda que a medida tem um impacto muito significativo na vida das cidades. “Veja as livrarias francesas. Elas são parte da vida da cidade.”A França foi o primeiro país a adotar uma medida semelhante à que agora é discutida no Senado. A mudança, de 1981, provocou um aumento das livrarias. Naquele país, as regras são ainda mais rígidas. O prazo para o preço fixo é de dois anos. Alemanha, que adota política semelhante, descontos somente são permitidos depois de 18 meses do lançamento do livro.O presidente da Câmara Brasileira do Livro, Luís Torelli, foi um dos que garantiram que o mercado de livros no País está estagnado. O preço dos livros, descontada a inflação, não se alterou. E o número de leitores é metade do que o apresentado na Espanha e menor do que Argentina e Chile.

Para o ministro, além de medidas para facilitar o acesso, é preciso criar campanhas para ampliar a leitura. “O País ainda nãoconseguiu firmar a leitura como uma porta para o deleite estético e o crescimento intelectual. É preciso reconstruir desde os primórdios, 1,7 per capita ano é muito baixo para que a gente não fique preocupado.”