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1 Fourth International Conference on Integration of Design, Engineering and Management for innovation. Florianópolis, SC, Brazil, October 07-10, 2015. Dimensionamento antropométrico para o vestuário: fundamentação teórica e proposta de metodologia utilizando recurso tecnológico tridimensional Carla Hidalgo Capelassi UTFPR Apucarana, PR, BR [email protected] Cristina C. L. Berrehil el Kattel UEM Cianorte, PR, BR [email protected] Miguel Â. Fernandes Carvalho UMINHO Guimarães, Azurém, PT [email protected] RESUMO Os dados antropométricos disponíveis para a indústria de confecção brasileira não são suficientes para responder de forma satisfatória às necessidades dos usuários, considerando os diferentes biótipos da mulher brasileira, existindo uma falta de padronização que origina dificuldades diversas relacionadas, inclusive ao comércio eletrônico. O usuário sente-se inseguro ao realizar compras online, pois não sabe exatamente qual o tamanho mais adequado ao seu corpo, uma vez que cada marca utiliza um padrão de medidas próprio. Por outro lado, os níveis de conforto e o fit podem também ser afetados, pela utilização de vestuário demasiado folgado ou demasiado apertado. O estudo aborda as questões relacionadas com o estado da arte das pesquisas de dimensionamento antropométrico para o vestuário e também o processo metodológico de coleta de dados. Dessa forma foi definida uma metodologia de medição do corpo humano utilizando um scanner corporal. As medidas corpóreas são baseadas na norma ISO 8559:1989 - Construção do vestuário e pesquisas antropométricas – Dimensões do corpo. Adicionalmente, serão selecionadas algumas tabelas de medidas por ser referência em grandes empresas e instituições de ensino a nível nacional e internacional. PALAVRAS-CHAVES: Metodologia, Antropometria, Dimensionamento do Vestuário, Scanner Corporal ABSTRACT Anthropometric data available for the Brazilian clothing industry are not enough to respond satisfactorily to the needs of users, considering the different biotypes of Brazilian women and there is a lack of standardization which causes various difficulties related, including e-commerce. Users feel insecure when shopping online, as they don’t exactly know which is the most appropriate size to their body, since each brand uses their own standard measurements. Moreover, the levels of comfort and fit can also be affected by the use of too loose or tight clothing. The study addresses issues related to the state of the art anthropometric sizing research for clothing and also the methodological process of data collection. A measurement methodology of the human body was defined based on the ISO Standard 8559:1989 - Garment Construction and Anthropometric Surveys - Body Dimensions. In addition, different measuring tables will be selected, referenced by large companies and educational institutions at national and international level.

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1 Fourth International Conference on Integration of Design, Engineering and Management for innovation.

Florianópolis, SC, Brazil, October 07-10, 2015.

Dimensionamento antropométrico para o vestuário: fundamentação teórica e proposta de metodologia utilizando recurso tecnológico

tridimensional

Carla Hidalgo Capelassi UTFPR

Apucarana, PR, BR [email protected]

Cristina C. L. Berrehil el Kattel UEM

Cianorte, PR, BR [email protected]

Miguel Â. Fernandes Carvalho UMINHO

Guimarães, Azurém, PT [email protected]

RESUMO

Os dados antropométricos disponíveis para a indústria de confecção brasileira não são suficientes para responder de forma satisfatória às necessidades dos usuários, considerando os diferentes biótipos da mulher brasileira, existindo uma falta de padronização que origina dificuldades diversas relacionadas, inclusive ao comércio eletrônico. O usuário sente-se inseguro ao realizar compras online, pois não sabe exatamente qual o tamanho mais adequado ao seu corpo, uma vez que cada marca utiliza um padrão de medidas próprio. Por outro lado, os níveis de conforto e o fit podem também ser afetados, pela utilização de vestuário demasiado folgado ou demasiado apertado. O estudo aborda as questões relacionadas com o estado da arte das pesquisas de dimensionamento antropométrico para o vestuário e também o processo metodológico de coleta de dados. Dessa forma foi definida uma metodologia de medição do corpo humano utilizando um scanner corporal. As medidas corpóreas são baseadas na norma ISO 8559:1989 - Construção do vestuário e pesquisas antropométricas – Dimensões do corpo. Adicionalmente, serão selecionadas algumas tabelas de medidas por ser referência em grandes empresas e instituições de ensino a nível nacional e internacional.

PALAVRAS-CHAVES: Metodologia, Antropometria, Dimensionamento do Vestuário, Scanner Corporal ABSTRACT

Anthropometric data available for the Brazilian clothing industry are not enough to respond satisfactorily to the needs of users, considering the different biotypes of Brazilian women and there is a lack of standardization which causes various difficulties related, including e-commerce. Users feel insecure when shopping online, as they don’t exactly know which is the most appropriate size to their body, since each brand uses their own standard measurements. Moreover, the levels of comfort and fit can also be affected by the use of too loose or tight clothing. The study addresses issues related to the state of the art anthropometric sizing research for clothing and also the methodological process of data collection. A measurement methodology of the human body was defined based on the ISO Standard 8559:1989 - Garment Construction and Anthropometric Surveys - Body Dimensions. In addition, different measuring tables will be selected, referenced by large companies and educational institutions at national and international level.

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KEYWORDS: Methodology, Anthropometry, Apparel Sizing, Body Scanner INTRODUÇÃO

O presente estudo está pautado na falta de padronização das medidas utilizadas pelas marcas de vestuário no desenvolvimento das suas coleções, e desta forma, não correspondem às necessidades tanto da indústria quanto dos consumidores. As questões ligadas à miscigenação e diversidade de biótipos encontrados no país, aumentam a dificuldade de um padrão antropométrico ser representativo da população brasileira.

Desde o início da discussão sobre a padronização do tamanho das roupas – o que remete ao ano de 1968, quando a ISO (International Organization for Standardization) fez a primeira abordagem sobre o assunto na Suécia – muitos países ainda lutam por um consenso no padrão de medidas [1]. Nesta situação, também se encontra o Brasil. Os trabalhos nesta área foram inaugurados pelo Comitê Brasileiro de Têxteis da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Desde o ano de 1995 a ABNT divulga normas com dados nacionais, sendo a primeira a [2] NBR 13.377 - Medidas do corpo humano para vestuário - Padrões referenciais. No ano de [3] 2006 a mesma norma passou por uma revisão, sendo publicada em 2009 a [4] ABNT NBR 15.800 - Vestuário - Referenciais de medidas do corpo humano - Vestibilidade de roupas para bebê e infanto-juvenil, e em 2012 a [5] ABNT NBR 16.060 - Vestuário - Referenciais de medidas do corpo humano - Vestibilidade para homens corpo tipo normal, atlético e especial. Atualmente é aguardada a norma com padrões do corpo da mulher brasileira.

Neste contexto, pode-se afirmar que existe uma falta de padronização relacionada às medidas adotadas na produção de vestuário no país, gerada por uma série de fatores, tais como: pouca informação atualizada sobre medidas antropométricas brasileiras; difusão de uma imensa variedade de metodologias e de terminologias para medição e construção de vestuário; poucos investimentos na área de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento de produtos [6].

“Boa parte das 5,5 bilhões de peças que estão no mercado não tem um padrão”, segundo Chadad, presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) e do Instituto Brasileiro do Vestuário (IBV) [7]. Apesar da etiqueta com o tamanho ser obrigatória, a padronização das medidas não é. Depende de cada marca/confecção.

O cenário nacional das pesquisas antropométricas, ainda insuficientes, geram dificuldades no comércio eletrônico de vestuário, pois provoca a insegurança do consumidor nas compras realizadas pela internet, prática mais generalizada em países que utilizam medidas padronizadas, resultado de estudos antropométricos da sua população. “No Brasil, não há um padrão definido. Muitas vezes a marca usa uma modelagem maior, para que o consumidor se sinta psicologicamente magro”, diz Sabrá, gerente de inovação, estudos e pesquisas do Senai CETIQT.

Desta forma, disponibilizar dados antropométricos do padrão do corpo da mulher brasileira pode ainda beneficiar o desenvolvimento do comércio online, ainda em crescimento no Brasil. "Em virtude das diversas grades de numerações existentes, a venda de vestuário na internet enfrenta o desafio do alto volume de solicitações de trocas e devoluções” [7].

No entanto, os esforços realizados pelos órgãos competentes Brasileiros, ainda não conseguem fornecer a informação técnica necessária para essa padronização, demonstrando assim a necessidade de pesquisas antropométricas com dados do corpo dos Brasileiros que sejam realizadas com equipamentos tecnológicos e que possam ser utilizados pela indústria do vestuário.

O artigo tem por objetivo expor o estado da arte do dimensionamento antropométrico importante para a confecção de vestuário e a metodologia de coleta de dados.

Ressalta-se, contudo, que diversos órgãos ligados às normas técnicas e associações de vestuário têm publicado estudos com dados antropométricos no Brasil e em diversos países. Estas publicações fazem parte da revisão bibliográfica, dando destaque às pesquisas nacionais.

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Na parte experimental está descrito o processo metodológico, detalhando as etapas do trabalho, que está compreendido em definir as medidas antropométricas mais relevantes para o escaneamento corporal e o processo de obtenção dos dados necessários para alcançar os resultados desejados.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

PESQUISAS ANTROPOMÉTRICAS Os dados apresentados neste artigo são uma

introdução ao dimensionamento do vestuário. É possível encontrar muitas referências

bibliográficas que tratam de dados antropométricos de várias partes do corpo e também de diferentes populações. Entretanto, o maior problema da antropometria não é encontrar os dados, mas saber como aplicá-los, [8]. Máquinas e equipamentos devem ser projetados de acordo com as medidas antropométricas da população utilizadora.

Pesquisas das caraterísticas da imagem corporal vem sendo realizadas e utilizadas nos mais diversos campos de aplicação do design de produtos, sobretudo para a área do vestuário. A imagem corporal enquanto silhueta, formas e contornos é tema de diversas investigações [9].

Representado na Figura 1, uma escala de nove padrões de biótipos, com diferenças entre si [10].

Figura 1: Escala de nove figuras corporais. Outra abordagem, voltada para a indústria do

vestuário, definindo oito diferentes biótipos femininos de acordo com a sua constituição física, distribuição dos volumes corporais e

estrutura óssea [11]. No primeiro momento, o estudo resultou numa base de dados que classifica os contornos corporais associando-os a formas geométricas e, no segundo momento, analisou cada um dos padrões para esclarecer quais as formas de vestuário que favorecem a silhueta. Os biótipos femininos [11] podem ser observados na Figura 2.

Figura 2: Biótipos femininos. O resultado das pesquisas de William Sheldon

(1940, apud [12]) realizado com 4000 estudantes norte-americanos. Nesta pesquisa, Sheldon definiu três tipos físicos básicos, ectomorfo, mesomorfo e endomorfo, tendo cada um caraterísticas particulares, representadas na Figura 3. A representação à direita mostra uma variação extrema do corpo humano, segundo Diffrient et al. (1974, apud [12] ), onde 1 representa o tipo físico ectomorfo, com 14,0 cm de largura do abdómen, e 2 representa o tipo físico endomorfo, com 43,4 cm de largura abdominal. A maioria das pessoas não pertence rigorosamente a um destes tipos, mas a uma mescla de dois ou dos três. É de fundamental importância a utilização da antropometria na produção de produtos adequados aos utilizadores.

Figura 3: Representação dos três biótipos correspondentes os tipos básicos de corpo humano.

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Em relação ao Brasil, o país ainda não possui uma única tabela de medidas representativa e padrão com dados do dimensionamento do corpo aplicáveis ao segmento do vestuário, daí as diferenças encontradas nos sistemas de numeração do vestuário em diferentes tipos de produtos e em diversas indústrias, pois cada empresa utiliza as referências de tamanho que julga mais adaptadas ao seu consumidor.

Apesar disso, existem estudos pontuais, ou tabelas de medidas para públicos específicos, desenvolvidas pelo INT (Instituto Nacional Tecnológico), sendo a primeira de 1979, intitulada Medidas do Homem Brasileiro, constituídas por quatro tabelas de medidas que podem ser encontradas no Ergokit, e uma Pesquisa Antropométrica dos Empregados Ocupados nos Setores de Produção e Montagem da EMBRAER, de 2001.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) realiza pesquisas de dimensionamento do corpo para o vestuário, publicadas a partir de 1995, e desde então ocorrem pesquisas constantes para se chegar a medidas que sejam satisfatórias para o modelo de produção “prêt-à-porter”.

Em Portugal, encontra-se o Estudo Antropométrico da População Portuguesa [13]. A pesquisa de coleta dos dados antropométricos estáticos da população adulta portuguesa teve como objetivo inicial o desenvolvimento de um sistema de aquisição de dados e, numa etapa posterior, aplicar este sistema na construção de uma base de dados antropométricos da população, com aplicação voltada principalmente para a concepção e dimensionamento de postos de trabalho, ferramentas e equipamentos de proteção individual.

A fim de cumprir tais objetivos, a metodologia no estudo utilizada partiu da aquisição da imagem de forma semiautomática ou assistida por computador, com o uso de imagens fotográficas, reduzindo consideravelmente o tempo de medição. Em seguida, os dados dos indivíduos capturados a partir das fotografias foram tratados num software específico. Este estudo considera 25 dimensões antropométricas (incluindo o peso), sendo nove na posição de pé e as restantes na posição sentado. O estudo utilizou uma amostra de 891 indivíduos de ambos

os sexos, sendo 55% do sexo masculino e 45% do sexo feminino disponibilizando informações acerca da população Portuguesa passíveis de comparação com os dados referentes de outras populações mundiais. Desta forma, contribui para a disseminação dos princípios ergonômicos de proporção, de conforto, saúde e bem-estar dos trabalhadores e indivíduos Portugueses em geral, já que disponibiliza os dados reais acerca desta população, necessários para o projeto de concepção de produtos e organização de postos de trabalho/espaços. No entanto, o estudo não disponibiliza todas as medidas necessárias ao desenvolvimento de vestuário.

De acordo com Capelassi [14], é necessário enfatizar a diferença entre o tamanho de corpo e o tamanho de roupa, e que por vezes as pesquisas antropométricas são tomadas utilizando as medidas do corpo, desta forma é necessário acrescentar margens para folgas e costuras para a adequação do vestuário ao corpo.

Cabe ressaltar que muitos outros estudos de caraterização e análise de dados antropométricos foram identificados em diversos países, voltados para diversas áreas, como o design de produtos, arquitetura e engenharia. Mereceram destaque aqueles que apresentaram os dados e as análises mais confiáveis e completos.

PESQUISAS DE DIMENSIONAMENTO DO VESTUÁRIO COM RECURSO TECNOLÓGICO 3D

Os avanços tecnológicos estão a transformar a velocidade, flexibilidade e produtividade da indústria. A tecnologia digital tem tido um grande impacto, resultando em mudanças que continuam a ocorrer na indústria de vestuário. Entre as várias novas técnicas introduzidas, a tecnologia tridimensional de escaneamento corporal 3D é a que tem apresentado maior potencial de trazer enormes mudanças no sistema de fabricação de vestuário e também para todo o conceito de dimensionamento “prêt-à-porter” [15]. Pode ser usada para fornecer um ajuste perfeito para cada indivíduo em desenvolvimentos à medida. Em escala mundial, a realização de levantamentos antropométricos pelo método tradicional tem sido muito questionada e, gradativamente, substituída por sistemas de medições com scanners

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corporais 3D. O primeiro scanner de corpo foi anunciado em

1987 para a digitalização de superfície e a medição de um corpo humano vivo. Esta tendência começou em meados da década de 1980 para a cabeça, rosto e outras partes do corpo (mãos, pés e tronco) e evoluindo naturalmente para a geração de imagens de corpo inteiro. Em maio de 1995, a Cyberware anunciou a introdução dos primeiros scanners 3D para capturar a forma de todo o corpo humano numa única passagem. Esta pesquisa antropométrica informatizada foi aplicada principalmente para medir indivíduos na Força Aérea dos EUA para o desenvolvimento de uniformes com ajuste perfeito, contando com mais de 30 parceiros industriais em 2002 [16].

Há uma notória evolução no método tridimensional para a verificação do corpo, confirmando a maior rentabilidade deste método [15, 17]. Vale salientar que, o advento da tecnologia de digitalização 3D abriu novas possibilidades ao permitir uma rápida coleta de dados de medição humana, bem como a coleta de dados da forma do corpo permitindo uma melhor compreensão da imagem do corpo, do seu mercado-alvo e ajudar os fabricantes de vestuário a melhorar o ajuste das suas roupas à medida e “prêt-à-porter”.

Os sistemas de dimensionamento bem desenhados com base em dados precisos irão fornecer um melhor ajuste e conforto a um maior número de pessoas com vários tamanhos de corpo e proporções numa população do mercado-alvo [15]. Com o objetivo de produzir peças de vestuário e sistemas de dimensionamento que continuem a prestar um bom ajuste às pessoas, tem sido afirmado que os inquéritos antropométricos nacionais repetidos em intervalos frequentes são necessários.

A verificação tridimensional do corpo permitiu um novo impulso para a geração de bases de dados antropométricos. No Japão, EUA, Canadá, Holanda, Itália, Coreia e França, por exemplo, estão disponíveis bases de dados recentes. No entanto, estas bases de dados não estão acessíveis ao designer. Por isso, um grupo de cientistas criou um grupo chamado de World Engineering Anthropometry Resource (WEAR), com o objetivo de criar bases de dados

antropométricos disponíveis a engenheiros e designers [17].

O Grupo WEAR é formado por uma equipe que visa obter e disponibilizar dados antropométricos da população mundial, tendo como premissa que “as medidas antropométricas são dados essenciais para o projeto ergonômico de produtos industriais” [18]. Procuram desenvolver uma ferramenta para compartilhar dados antropométricos de modo a fornecer informações necessárias de forma rápida, precisa e a um custo reduzido. Além disso, visam disponibilizar uma base de dados antropométricos da população mundial contendo os dados das pesquisas de dimensionamento corporal utilizando métodos tradicionais e 3D já realizadas nos diferentes países, bem como ferramentas de análise e de adequação de produtos aos utilizadores.

O WEAR disponibiliza acesso online a mais de 145 bases de dados, incorporando base de dados CAESAR (Civilian American and European Surface Anthropometry Resource), com todos os exames de corpo 3D usados pela NATO, CEN, ISO e ASTM. O projeto CAESAR recolheu dados antropométricos para a primeira pesquisa tridimensional, com o envolvimento do governo e da indústria.

A base de dados antropométricos CAESAR utilizou câmaras de varredura tridimensionais para fornecer modelos completos de cada pose, tendo sido utilizadas as seguintes posições: posição relaxada com o indivíduo em pé, posição relaxada com o indivíduo sentado, de cobertura (a partir do teto) e ainda dados de algumas medidas obtidas da forma tradicional (1D), utilizando uma medida de fita métrica e compasso de calibre. Além dos aspetos já mencionados, o levantamento foi realizado com público masculino e feminino, com idades entre 18 e 65 anos. Os participantes representam amostras de vários pesos, grupos étnicos, gêneros, regiões geográficas e status socioeconômico.

O estudo foi conduzido entre 1998 e 2000 e inclui três varreduras por pessoa (posição estática, da cobertura e sentado de forma relaxada). Tem muitas vantagens sobre o sistema tradicional de medição com o uso de fitas métricas, adipômetros e outros instrumentos.

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Fornece detalhes sobre a forma da superfície a realizar, a medição e as posições 3D das medidas relativas permite uma transferência fácil para as ferramentas de um projeto CAD ou CAM. Oitenta marcações foram colocadas em cada indivíduo. Mais de 100 medidas foram fornecidas, e destas, mais de 60 a partir da varredura em scanner e aproximadamente 40 medidas tradicionais.

Outra iniciativa na área do escaneamento da imagem corporal ocorre em parceria com a University of Pretoria (Department of Consumer Science) e a North West University (Department of Human Movement and Sports Science). O núcleo de antropometria do ERGOTECH realizou um levantamento antropométrico e montagem de uma base de dados representativo da população Sul-Africana [19]. O ERGOnomics TECHnologies utiliza um scanner com tecnologia laser montado numa plataforma que, girando em frações de segundo, captura os dados tridimensionais das formas dos objetos.

Além dos estudos mencionados, outros países que realizaram inquéritos antropométricos, utilizando diferentes scanners corporais 3D [15]. Por exemplo, SizeUSA, SizeUK, French National Size Survey e Size Korea. O uso desta ferramenta pode fazer a recolha sistemática de dados antropométricos de uma forma mais realista. No entanto, estas bases de dados não estão acessíveis aos designers.

As tecnologias de escaneamento corporal 3D têm crescido rapidamente podendo ser agrupados em quatro categorias: estrutura de luz, laser, infravermelho e fotogrametria [20]. Diferentes scanners corporais 3D têm caraterísticas distintas e vantagens. Os dispositivos ópticos utilizados pelos scanners corporais em 3D podem ser projetores de luz, CCDs e fontes de luz (halógena, infravermelho ou laser).

O [TC]² nos EUA foram pioneiros na utilização deste tipo de tecnologia, tendo desenvolvido um dos primeiros scanners de corpo humano com software de extração de medição há cerca de 15 anos [21]. Os scanners realizam a tomada de medidas com alta resolução e precisão do corpo humano. O scanner permitiu construir uma base de dados com mais de 10.000 indivíduos digitalizados da população dos EUA a partir do projeto SizeUSA.

Outro equipamento disponível no mercado é o Bodymetrics, que trabalha no segmento fitness e de vestuário, muitas vezes voltado para o consumidor, como os scanners que se encontram nas lojas de comércio [22]. Em segundos o Bodymetrics faz o escaneamento do corpo com a tecnologia 3D produzindo uma réplica virtual do utilizador com centenas de medidas. Uma vez digitalizado, o utilizador pode acompanhar as suas medidas corporais e comparar no futuro a evolução com o decorrer do treino, ou relativamente a uma peça de vestuário [22].

Além das pesquisas desenvolvidas com objetivos de gerar dados da população de determinados locais, outra vertente de uso dos body scanners 3D é a imagem corporal individual, que estão localizados em ambientes de comércio para dar instantaneamente o tamanho e as avaliações próprias para o “prêt-à-porter” [23]. Os dados tridimensionais são recolhidos rapidamente para cada consumidor. O software pode então analisar as imagens de alta resolução do corpo para extrair as medidas de adaptação padronizados de uma forma precisa. Em conjunto com os processos de projeto e de produção avançada, os scanners corporais permitem que os consumidores beneficiem de uma forma moderna de alfaiataria personalizada e uma adequada seleção do seu tamanho a preços competitivos e em reduzidos tempos de resposta.

Também ao nível da investigação nas principais Universidades o uso desta tecnologia tem permitido evoluir no desenvolvimento de novos produtos. O grupo de investigação de Asdown na Cornell University nos EUA tem sido pioneiro na realização de estudos variados com recurso aos scanners corporais 3D [24]. O grupo utiliza o sistema da [TC]² e o scanner da Human Solutions (Alemanha), tendo desenvolvido vários projetos de ensino e pesquisa [25].

O processo inicia-se com uma verificação rápida do corpo a ser scanneado, a mesma é transferida para o computador e visualizado na tela do computador. Em seguida o software localiza automaticamente pontos de referência do corpo e gera as medições (em cerca de um minuto, dependendo do número de medições desejado). Estas medições são muito confiáveis, mas os protocolos para localizar os pontos de

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referência do corpo ainda precisam ser aperfeiçoados, uma vez que há uma gama muito ampla de formas corporais.

Outros estudos desenvolvidos na Cornell University envolvem a medição da população estudante numa variedade de classes, desenvolvendo os seus conhecimentos relativamente a estas tecnologias de uma forma experimental, comparando tamanhos e formas da população estudantil, estudando estratégias de negócios de mass customization na indústria de vestuário [24].

É também possível encontrar empresas particulares que utilizam este tipo de tecnologia com outros objetivos. Um exemplo é o Grupo Alvanon que se dedica a fornecer soluções integradas de medida e ajuste para a indústria de vestuário. O grupo opera através de uma rede de profissionais e especialistas em medidas e tamanhos de vestuário em todo o mundo [26]. A Alvanon fornece estratégias de modelagem personalizadas e ferramentas para desenvolvimento de produtos para as principais marcas mundiais de moda e varejo numa vasta gama de produtos. O Grupo Alvanon utiliza um scanner com tecnologia laser, designado por AlvaScan para criar as suas formas de manequim, utilizadas nas principais Universidades e empresas por todo o mundo.

O Grupo Alvanon refere na sua comunicação que cada ser humano é assimétrico, cada um tem um ombro mais alto do que o outro, um bíceps ou coxa maior do que o outro. Por outro lado, diferentes etnias geram diferenças nos corpos, a forma do corpo asiático é diferente da forma do corpo ocidental em equilíbrio e distribuição.

A modelagem do Grupo Alvanon oferece a combinação da maior base de dados do mundo, com mais de 300.000 corpos scanneados por uma equipe de profissionais dedicados às medidas e formas do corpo humano [27,28].

Existem ainda outras empresas e Universidades realizando pesquisas; foram apresentadas as mais expressivas para o presente estudo.

PROCESSO METODOLÓGICO Para a realização do estudo é necessário

definir a metodologia a seguir, assim como delimitar a amostra de modo a conseguir

alcançar um número significativo de participantes que permitam chegar a conclusões estatisticamente válidas. O tamanho da amostra será determinado com base nos dados recolhidos nos estudos exploratórios. O tamanho da amostra terá como condicionantes uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95%.

A metodologia utilizada neste procedimento experimental [29], está representada na Figura 4. O diagrama está dividido em três etapas, e mostra como é complexo o desenvolvimento de medições antropométricas. A primeira etapa é designada por Análise Antropométrica, a segunda por Análise de Dimensionamento e a terceira por Sistema de Desenvolvimento do Dimensionamento. No total são onze passos para se concluir a metodologia.

Figura 4: Diagrama para dimensionamento do

vestuário.

O procedimento tem início com a definição do segmento feminino como objeto de estudo constituído por mulheres de nacionalidade brasileira entre os 18 e os 30 anos. A escolha do intervalo de idades tem em consideração as caraterísticas corpóreas que apresentam alguma similaridade entre o corpo das mulheres nesta faixa etária. As participantes do estudo serão naturais de diversos estados brasileiros, mas que residam no momento da coleta de dados

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antropométricos em Portugal. As medidas do corpo selecionadas para o

estudo estão baseadas na norma ISO 8559:1989 - Construção do vestuário e pesquisas antropométricas – Dimensões do corpo. O documento de referência compreende definições para a localização e dimensões do corpo usadas para construção de vestuário. Nem todas as dimensões do corpo definido na norma são sempre necessárias durante inquéritos antropométricos ou na fabricação de roupas. As medidas que serão objeto de estudo estão referenciadas nas tabelas seguintes. Deve-se salientar que nem todas as medidas descritas na ISO 8559:1989 fazem parte deste estudo.

No total são apresentadas 49 dimensões do corpo para a confecção de vestuário, conforme a Tabela 1. Estas dimensões também dividem o corpo em duas partes: superior e inferior. As dimensões do corpo estão divididas em três grupos: - medidas verticais (comprimento); - medidas horizontais (circunferência); - outras medidas. Medidas verticais (comprimento) 1. Comprimento do braço 2. Distância da 7ª vértebra cervical até a altura das axilas 3. Ponto do pescoço/ombro ao peito 4. Cervical ao ponto do peito 5. Pescoço/ombro à cintura 6. Cervical à cintura (frente) 7. Cervical à cintura (costas) 8. Altura cervical (sentado) 9. Comprimento do tronco 10. Distância vertical entre o nível da cintura e da virilha 11. Cervical ao joelho 12. Altura cervical (em pé) 13. Cintura ao quadril 14. Comprimento da perna na lateral 15. Altura da cintura 16. Altura do quadril ao solo 17. Gancho 18. Comprimento do tronco 19. Comprimento da coxa (virilha ao joelho) 20. Entre pernas 21. Altura do joelho 22. Altura do tornozelo Outras medidas 23. Extensão dos ombros (base do pescoço)

24. Largura dos ombros 25. Largura de costas 26. Comprimento do braço superior (ombro ao cotovelo) 27. Comprimento do braço 28. 7ª vértebra cervical ao pulso 29. Comprimento da mão 30. Comprimento do pé Medidas horizontais (circunferência) 31. Circunferência da cabeça 32. Circunferência do pescoço 33. Circunferência da base do pescoço 34. Circunferência do tórax 35. Circunferência do busto 36. Circunferência superior do braço 37. Circunferência da cava 38. Circunferência do cotovelo 39. Circunferência do pulso 40. Circunferência da mão 41. Circunferência da cintura 42. Circunferência do quadril 43. Circunferência da coxa 44. Circunferência do meio da coxa 45. Circunferência do joelho 46. Circunferência abaixo do joelho 47. Circunferência da panturrilha 48. Circunferência mínima da perna 49. Circunferência do tornozelo Tabela 1: ISO 8559:1989 - Construção do vestuário e

pesquisas antropométricas – Dimensões do corpo.

Nas Figuras 5, 6 e 7 pode ver-se a localização das 23 dimensões do corpo selecionadas para o estudo, incluindo as medidas obtidas na vertical e na horizontal, comprimento, largura, altura e circunferência de diversas partes do corpo, dimensões essas necessárias para o correto dimensionamento corporal. Além das 23 dimensões apresentadas, será ainda obtida a informação relativa à altura e à massa corporal em quilogramas dos participantes.

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Figura 5: Medidas obtidas na parte da frente do corpo.

Figura 6: Medidas obtidas na parte traseira do corpo.

Figura 7: Medidas obtidas na lateral do corpo e circunferências.

Para a análise do dimensionamento foram selecionadas algumas tabelas de medidas femininas, utilizadas como referência padrão por grandes empresas e instituições de ensino a nível nacional e internacional. Estas medidas foram selecionadas por serem as principais necessárias ao desenvolvimento da modelagem e confecção de vestuário, nomeadamente as fundamentais medidas de busto, cintura e quadril.

Duas empresas de vestuário foram pré-selecionadas para representar as medidas do corpo da mulher brasileira. As marcas produzem roupas femininas para o público definido como o foco dessa pesquisa. As empresas estão localizadas no Noroeste do Paraná, e tem distribuição nacional por meio de vendas no atacado. Ambas querem comercializar online, mas ainda precisam definir melhor as questões relacionadas ao dimensionamento das suas peças da coleção.

Por meio de um termo de cooperação mútua, as duas empresas deverão ceder os atuais dados antropométricos utilizados e assim que esse estudo tiver uma tabela representativa do corpo feminino, serão confeccionadas algumas peças da coleção para a devida comparação com as medidas utilizadas, podendo dessa forma analisar a relevância de estudos atuais do dimensionamento do corpo da brasileira.

Empresas internacionais e nacionais investem em pesquisas de dimensionamento corporal para a fabricação de manequins com medidas reais do corpo humano do seu público alvo, para serem utilizadas durante o processo de modelagem dos seus modelos em cada coleção.

Como referido anteriormente, a Alvanon trabalha com dimensionamento de vestuário e especialista em estudos da forma do corpo humano para diferentes tipos de antropometria. Sendo atualmente uma importante produtora mundial de manequins de ajuste. Os produtos da gama AlvaForm que distribui internacionalmente tem por base milhares de escaneamentos do corpo humano, obtidos com auxílio de um body scanner 3D, permitindo definir padrões regionais. Cada padrão de série da representação do corpo foi desenvolvido em relação uns aos outros como uma gama de tamanhos, de modo que o utilizador pode escolher a forma que é mais próximo das suas exigências. A tabela com

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alguns tamanhos de medidas de padrão global feminino, representada na Tabela 2, foi a selecionada para este estudo.

US

UK/AU DE/NL/DK/SE

FR/ES/IT

4 8

34 36

6 10 36 38

8 12 38 40

Busto 87.25 89.25 92.25 Cintura 66.25 69.25 72.5 Quadril 84.75 88 90.75 Pequeno Quadril 92.25 94.75 97.75

Tabela 2: Padrão global feminino – ALVANON

(medidas em centímetros) Para comparação das medidas utilizadas no

desenvolvimento da modelagem de vestuário, entende-se ser importante incluir no estudo uma tabela de medidas utilizada por uma importante escola de moda, com presença internacional, tendo sido selecionada a ESMOD (Paris). A representação do corpo utilizada pela ESMOD, foi inventada e registada por Alexis Lavigne em 1841. A equipe ESMOD segue desde 2008 as medidas do vestuário “prêt-à-porter, revistas durante a última campanha de medições europeias, demonstrando desta forma que estão sensibilizados relativamente às pesquisas antropométricas realizadas. As medidas de alguns tamanhos utilizados para o manequim de ajuste estão representadas na Tabela 3.

Tamanho 36 38 Decote 35 36 Busto 84 88 Cintura 64 68 Quadril 90 94

Tabela 3: Medidas ESMOD para manequim (medidas

em centímetros). Tratando-se do estudo de dados da mulher

brasileira, acredita-se ser relevante escolher também um dos principais fabricantes de manequins de ajuste Brasileiro. Assim, foi selecionada a empresa brasileira Draft Manequins Industriais, por ter sido a primeira no mercado a oferecer um produto com medidas de acordo com o Biótipo Brasileiro. Na sua tese de mestrado em Engenharia de Produção na COPPE – RJ, a responsável por esta empresa, Elaine Radicetti,

defendeu a padronização de medidas a fim de gerar um manequim que respondesse às medidas dos consumidores brasileiros. Para Radicetti, o corpo da mulher brasileira possui curvas e medidas distintas das de outros países, por esse motivo é que a Draft se preocupou com a combinação das medidas fundamentais à modelagem e à conformação do corpo do manequim para o Biótipo Brasileiro. Algumas medidas estão representadas na Tabela 4.

Tamanho 38 40 Busto 84 88 Cintura 64 68 Quadril 94 98

Tabela 4: Medidas Draft para manequim (medidas em

centímetros). Numa segunda etapa do projeto será

efetuado um levantamento antropométrico utilizando um software 3D para o escaneamento corporal. O sistema a utilizar é designado por KBI – Kinect Body Imaging, desenvolvido pela School of Human Ecology, University of Texas – Austin (EUA) [30].

O Microsoft kinect, representado na Figura 8, é um dos mais novos scanners corporais disponíveis, que usa um sistema de luz estruturada. Kinect é um dispositivo de entrada que detecta movimento e destinava-se a ser usado como um controlador de jogo alternativo para consoles de jogos Xbox 360.

Figura 8: Sensor Microsoft kinect

O sistema KBI é apresentado no estudo de [30], onde são utilizados apenas quatro dispositivos Kinect para capturar todo o corpo humano, conforme Figura 9, sendo gerada a imagem 3D do corpo com as principais medidas reproduzidas automaticamente.

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Figura 9: Sistema de aquisição KBI.

Serão assim obtidos os dados referentes à população em estudo e definidas as principais gamas de tamanhos e respectivas medidas, sendo gerada uma nova tabela de medidas adequada à mulher brasileira residente em Portugal, que se espera seja representativa da mulher brasileira. Na análise serão consideradas as diferenças relacionadas com o Estado de origem da mulher brasileira.

Numa fase seguinte do trabalho, serão analisadas e comparadas as medidas de todas as tabelas que farão parte da pesquisa, salientando-se as principais diferenças, confrontando-se assim os resultados e avaliando de que forma estão inadequadas para representarem o corpo atual da mulher brasileira. Será assim dada grande relevância à importância e necessidade de um estudo atual, e principalmente que as marcas tenham acesso a estas informações e as utilizem no desenvolvimento dos seus produtos em cada nova coleção.

RESULTADOS ESPERADOS A pesquisa até o momento encontra-se na

definição do procedimento metodológico, portanto, os dados ainda não estão definidos e os resultados esperados são determinantes para direcionar o andamento do projeto.

Com o término da pesquisa os resultados desejados estão relacionados ao dimensionamento antropométrico para o vestuário utilizando recurso tecnológico de um body scanner 3D, os dados gerados nessas medições vão originar uma tabela de medidas

com os biótipos da mulher brasileira, esses dados serão comparados com os de outros estudos nacionais e internacionais e com os dados das duas empresas de vestuário que fazem parte do estudo.

Posteriormente, serão produzidas peças de vestuário dessas empresas com as novas tabelas de medidas, e, desta forma, verificar os resultados diretamente na utilização do vestuário, prezando questões relacionadas ao conforto, principalmente o conforto ergonômico e ao fit. Os resultados finais esperados são uma tabela de dimensões atualizada do corpo da mulher brasileira, utilizando um recurso tecnológico, e que tenha uma aplicação prática na indústria do vestuário no Brasil.

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