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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO Filosofia 10.º Ano — Correcção do Teste N.º 1 2007/2008 RESPOSTAS 1. Ao contrário da ciência, a filosofia não pode recorrer a métodos empíricos para testar as respostas aos problemas, porque a filosofia não se ocupa de problemas empíricos, mas de problemas conceptuais; e ao contrário da matemática, que também estuda problemas conceptuais, a filosofia não dispõe de métodos formais de prova. 2. O método da filosofia é a troca de argumentos, a discussão crítica de ideias. Como refere o texto, “a filosofia fazse colocando questões, argumentando, ensaiando ideias e pensando em argumentos possíveis contra elas”. 3. “O que é um número?” é uma questão que diz respeito à natureza da realidade, e a disciplina que estuda a natureza última dos aspectos mais gerais da realidade é a metafísica. “O que torna uma acção boa ou má?” é uma questão que se relaciona com o modo como devemos viver e com o que devemos valorizar; por isso, esta questão é estudada pela ética. 4. A. Premissa: todas as coisas têm uma causa; conclusão: há uma causa de todas as coisas B. Premissas: os filósofos são pessoas bondosas; todas as pessoas bondosas querem ser justas; conclusão: os filósofos querem ser justos C. Premissa: Premissa: qualquer uma delas [astronomia e astrologia] pretende conhecer os astros; conclusão: não há diferença entre a astronomia e a astrologia. D. Premissa: o conhecimento é uma crença verdadeira justificada; conclusão: a fé na existência de Deus é incompatível com o conhecimento da sua existência. 5. Os dois textos apresentados exprimem argumentos, pois em qualquer um encontramos uma tentativa de justificar uma proposição com base noutra ou noutras. A. Premissa 1: Os parlamentos representam, efectivamente, o pensamento do povo soberano. Premissa 2: Se é assim (ou seja: se os parlamentos representam, efectivamente, o pensamento do povo soberano), então tanto faz ratificar o tratado por via do referendo ou por via dos parlamentos. Conclusão: Tanto faz ratificar [o Tratado Europeu] por via do referendo ou por via dos parlamentos.” B. Premissa 1: No plano interno daria a oportunidade aos cidadãos e às forças políticas partidárias de fazerem campanha pelo Tratado de Lisboa, reafirmar o seu ideal europeu e frisar a importância da Europa para o futuro de Portugal. Premissa 2: No plano externo, o referendo fortaleceria a posição de Portugal junto dos seus parceiros da União Europeia”. Conclusão: logo, devemos fazer o referendo. 6. Um argumento sólido não pode ter conclusão falsa, pois, por definição, é válido e tem premissas verdadeiras; ora, a validade exclui a possibilidade de se ter premissas verdadeiras e conclusão falsa. 7. A. Exprime uma proposição, pois tratase de uma frase declarativa verdadeira (portanto, tem valor de verdade). B. Não exprime uma proposição, pois a frase é interrogativa, e só as frases declarativas com valor de verdade exprimem proposições. C. Exprime uma proposição, pois é declarativa e tem valor de verdade (ainda que nós não saibamos se é verdadeira ou falsa). D. Exprime uma proposição, pois tratase de uma frase declarativa falsa (portanto, tem valor de verdade). 8. A. Algumas frases declarativas não expressam proposições. B. Nenhuma frase absurda é verdadeira. C. Uma frase exprime surpresa, mas exprime uma proposição. D. Uma frase não exprime qualquer proposição, mas tem sentido. E. Os conceitos são entidades abstractas, mas os números pares não são entidades concretas. 9. Não se pode refutar a frase “Alguns filósofos são europeus” por meio de um contraexemplo, porque para a refutar deste modo teríamos que dar um exemplo que mostrasse que esta afirmação é falsa. Mas mesmo que indiquemos um filósofo que não seja europeu, isso não prova que a frase “Alguns filósofos são europeus” é falsa. Só há contraexemplos a proposições universais e esta é uma proposição particular. 12.11.2007 António Padrão

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO Filosofia 10.º Ano — Correcção do Teste N.º 1  

2007/2008  

RESPOSTAS

1. Ao  contrário  da  ciência,  a  filosofia  não  pode  recorrer  a  métodos  empíricos  para  testar  as  respostas  aos problemas,  porque  a  filosofia  não  se  ocupa  de  problemas  empíricos, mas  de  problemas  conceptuais;  e  ao contrário da matemática, que também estuda problemas conceptuais, a filosofia não dispõe de métodos formais de prova. 

2. O método da filosofia é a troca de argumentos, a discussão crítica de ideias. Como refere o texto, “a filosofia faz‐se colocando questões, argumentando, ensaiando ideias e pensando em argumentos possíveis contra elas”. 

3. “O que é um número?” é uma questão que diz  respeito à natureza da  realidade, e a disciplina que estuda a natureza última dos aspectos mais gerais da realidade é a metafísica. “O que torna uma acção boa ou má?” é uma questão que se relaciona com o modo como devemos viver e com o que devemos valorizar; por isso, esta questão é estudada pela ética. 

4.  A. Premissa: todas as coisas têm uma causa; conclusão: há uma causa de todas as coisas B. Premissas: os filósofos são pessoas bondosas; todas as pessoas bondosas querem ser justas; conclusão: 

os filósofos querem ser justos C. Premissa:  Premissa:  qualquer  uma  delas  [astronomia  e  astrologia]  pretende  conhecer  os  astros; 

conclusão: não há diferença entre a astronomia e a astrologia. D. Premissa: o conhecimento é uma crença verdadeira justificada; conclusão: a fé na existência de Deus é 

incompatível com o conhecimento da sua existência. 

5. Os  dois  textos  apresentados  exprimem  argumentos,  pois  em  qualquer  um  encontramos  uma  tentativa  de justificar uma proposição com base noutra ou noutras. 

A. Premissa 1: Os parlamentos representam, efectivamente, o pensamento do povo soberano.  Premissa  2:  Se  é  assim  (ou  seja:  se os parlamentos  representam,  efectivamente, o pensamento do povo soberano), então tanto faz ratificar o tratado por via do referendo ou por via dos parlamentos. Conclusão: Tanto faz ratificar [o Tratado Europeu] por via do referendo ou por via dos parlamentos.” 

B. Premissa 1: No plano  interno daria  a oportunidade  aos  cidadãos  e  às  forças políticas partidárias de fazerem  campanha pelo  Tratado de  Lisboa,  reafirmar o  seu  ideal  europeu  e  frisar  a  importância da Europa para o futuro de Portugal.  Premissa 2: No plano externo, o referendo fortaleceria a posição de Portugal junto dos seus parceiros da União Europeia”. Conclusão: logo, devemos fazer o referendo. 

6. Um argumento sólido não pode ter conclusão falsa, pois, por definição, é válido e tem premissas verdadeiras; ora, a validade exclui a possibilidade de se ter premissas verdadeiras e conclusão falsa. 

7.  A. Exprime uma proposição, pois  trata‐se de uma  frase declarativa  verdadeira  (portanto,  tem  valor de 

verdade). B. Não  exprime uma proposição, pois  a  frase  é  interrogativa,  e  só  as  frases declarativas  com  valor de 

verdade exprimem proposições.  C. Exprime uma proposição, pois é declarativa e tem valor de verdade (ainda que nós não saibamos se é 

verdadeira ou falsa). D. Exprime uma proposição, pois trata‐se de uma frase declarativa falsa (portanto, tem valor de verdade). 

8.  A. Algumas frases declarativas não expressam proposições. B. Nenhuma frase absurda é verdadeira. C. Uma frase exprime surpresa, mas exprime uma proposição. D. Uma frase não exprime qualquer proposição, mas tem sentido. E. Os conceitos são entidades abstractas, mas os números pares não são entidades concretas. 

9. Não  se pode  refutar a  frase “Alguns  filósofos  são europeus” por meio de um contra‐exemplo, porque para a refutar deste modo teríamos que dar um exemplo que mostrasse que esta afirmação é falsa. Mas mesmo que indiquemos um  filósofo que não  seja europeu,  isso não prova que a  frase  “Alguns  filósofos  são europeus” é falsa. Só há contra‐exemplos a proposições universais e esta é uma proposição particular. 

 12.11.2007 

 António Padrão