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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
AUTOR: GUSTAVO HENRIQUE DE BARROS ORIENTADOR: CARLOS ALBERTO CEREJA
RIO DE JANEIRO 17/01/2004
AQUISIÇÕES E FUSÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
AQUISIÇÕES E FUSÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA
Monografia apresentada para a conclusão do Curso de Pós-Graduação em Gestão Estratégica e Qualidade, da Universidade Cândido Mendes.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, minha família, aos profissionais da Indústria Farmacêutica, ao Prof. Carlos Alberto Cereja pelo grande apoio, e às pessoas que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão desse trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus sobrinhos que tanto alegram a minha vida, com destaque para André Henrique e Andressa Cristina que se mudaram do Rio de Janeiro para o Sul no dia que conclui esse trabalho. Também aos meus pais, João de Barros e Marilene.
RESUMO A finalidade deste presente trabalho é estudar os intuitos da Incorporação, Fusão e Cisão das sociedades, formas escolhidas dentre as demais, do fenômeno denominado concentração de empresas. A concentração afirma-se como uma fatalidade da economia de mercado, de vez que na regra fundamental da “luta”, aquele que não cresce acaba por perecer diante do competidor mais poderoso. No quadro geral concentracionista, a fusão e a incorporação tomaram um novo sentido, como integração societária, pelas causas e objetivos visados e por seus efeitos. Sob o aspecto econômico, a incorporação surgiu como uma verdadeira absorção da mais fraca pela mais forte, hoje, o fenômeno ocorre também por várias causas, entre ela a concentração diagonal ou conglomerados, as de natureza fiscal, ou então para subtraírem-se às leis contra o abuso do poder econômico.
METODOLOGIA
Para ser realizado este trabalho que trata especificamente das “Aquisições e Fusões na Indústria Farmacêutica”, foram utilizados como referências bibliográficas, livros, artigos, revistas específicas da indústria farmacêutica, além de pesquisas de campo com representantes de vendas e gerentes de diferentes indústrias do mercado farmacêutico, dos quais foram retirados os aspectos de maior relevância.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO 1 9
CONCEITUAÇÃO DE FUSÃO, CISÃO E INCORPORAÇÃO
CAPÍTULO 2 17
DIREITO DOS CREDORES NA FUSÃO E CISÃO 17
CAPÍTULO 3 26
A POSIÇÃO DO CADE COM RELAÇÃO A FUSÃO,CISÃO E INCORPORAÇÃO
DE SOCIEDADES 26
CAPÍTULO 4 33
CASOS CONCRETOS DE CISÕES, FUSÕES, INCORPORAÇÕES 33
CAPÍTULO 5 39
FUSÕES E AQUISIÇÕES EM INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS 39
CAPÍTULO 6 53
CONCLUSÃO 53
BIBLIOGRAFIA 55
ÍNDICE 56
INTRODUÇÃO
Identificável perfeitamente na época que se seguiu à Revolução
Industrial, em fins do século XVIII e princípios do século XIX, o processo
concentracionista evoluiu acentuadamente até atingir o seu auge nos dias que
correm, acompanhando e afirmando os traços das transformações do
capitalismo1.
Durante a sua marcha histórica, variaram sensivelmente as formas
adotadas, não só como decorrência das transformações da economia, sobretudo
em relação aos processos de produção e circulação mas, também em grande
parte, para subtrair-se às proibições estatais e às dificuldades de ordem fiscal.
Dos cartéis defensivos, “pools” , “corners” , “rings” , “trusf” , passou-se ao
“konzern”, aos consórcios, aos grupos, às “holdings”, às sociedades de
investimento, às “joint ventures” , sem, é claro, olvidar-se a forma mais radical e
a ver de alguns a mais perfeita de todas elas, ou seja, a fusão e a incorporação,
que permanecem ao lado das demais como uma constante.
Dentre os rol dos fatores determinantes da fusão, podemos citar:
1. racionalizar a produção;
2. adotar os progressos tecnológicos;
3. reorganizar as estruturas;
4. evitar a concorrência.
Em relação à avaliação das empresas fusionadas, distinguem-se três
categorias: a primeira refere-se às absorções realizadas com a finalidade de
obter recursos próprios necessários para o crescimento, recursos esses que
podem ser: novos equipamentos, clientela, pessoal, rede comercial, novas
técnicas, pessoal qualificado e de direção e recursos de caixa disponíveis; a
Segunda, refere-se às fusões com a finalidade de, por
exemplo, aumentar a dimensão da empresa pela reintegração das filiais comuns
no seio do grupo; e a terceira, às absorções com meio de
supressão da concorrência, caso em que o valor da empresa adquirida pela
incorporadora não é determinado pelo simples exame dos ativos físicos, mas,
principalmente por uma análise, levando em consideração o ganho decorrente
da posição dominante que terá a incorporadora com a suspensão da
concorrente.
Mas, mesmo que se trate de empresas com o mesmo nível de poder,
ocorre uma operação de concentração, pois ficarão limitadas na sua liberdade e
autonomia.
No Brasil, não obstante a lei antitruste chegasse a considerar crime de
fusão e incorporação para fins do domínio de mercado, estiveram favorecidas
por vários tipos de incentivos, em vários setores.
Economicamente, a fusão pode debilitar o sentido de iniciativa dos
empresários, e ainda provocar o desaparecimento das pequenas e médias
empresas.
Alguns autores procuram desmistificar a idéia bastante difundida de que
pela fusão a empresa torna-se eficiente de forma rápida e barata, já que o valor
pelo qual os ativos são absorvidos é necessariamente inferior ao custo dos
novos investimentos que seria necessário realizar, porém, a experiência vem
provando que as fusões (assim como as cisões) não apresentam sempre a
eficiência econômica almejada ou alardeada. Entre as causas dessa frustração,
podem ser arroladas: o fato de que a junção de duas empresas não resulta,
necessariamente, numa adição de duas clientelas, pois em geral, os clientes não
querem se arriscar a permanecer com um único fornecedor; também,
freqüentemente, a fusão resulta muito mais na justaposição dos ativos e na
soma dos gastos gerais, do que no reagrupamento de forças; por sua vez, o
difícil esforço de reorganização do conjunto das empresas nem sempre é
suficiente.
As condições atuais da economia ditam os mais diversos fatores para a
utilização do processo fusionista, que distanciam bastante dos apontados como
clássicos, e que só a prática pode surpreender de caso a caso.
1 – CONCEITUAÇÃO DE FUSÃO, CISÃO E INCORPORAÇÃO
1.1 - A Fusão
A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades, de
tipos iguais ou diferentes, para formar sociedade nova que lhes sucederá em
todos os direitos e obrigações, Na fusão, as duas ou mais sociedades se
extinguem.2
Uma vez constituída a nova sociedade, fruto da fusão, aos primeiros
administradores cabe promover o arquivamento e a publicação dos atos de
fusão, para a legalização da nova sociedade e a extinção das sociedades
fundidas.
Não se confunde a fusão:
a) Com a chamada “venda de ativo”, que se considera como simples venda
de estabelecimento;
b) Com a incorporação de empresa individual, através da entrega de ações,
pela incorporante. Ter-se-á, então, a integralização das ações de bens, e
não incorporação propriamente dita.
c) Com aquisição global do patrimônio de outra sociedade, pagando seu
preço em dinheiro, quer se extinga a vendedora ou não.
d) Com a venda do patrimônio de uma sociedade por outra, mediante a
entrega de ações da adquirente à vendedora que as mantém, não as
distribuindo entre os seus acionistas, nem se dissolvendo.
e) Com a compra da totalidade das ações de uma sociedade por outra, que
não se extingue, permanecendo ambas juridicamente independentes.
As fusões são empreendidas tanto por razões estratégicas como
financeiras. As fusões estratégicas envolvem a fusão de empresas para
atingir várias economias de escala, eliminado funções redundantes, aumentando
a participação de mercado, melhorando as fontes de matéria-prima e a
distribuição do produto acabado e assim por diante. Nessas fusões, as
operações da empresa adquirente e da empresa-alvo são, de algum modo,
combinadas para atingir economias e, assim, fazer com que o desempenho da
nova empresa exceda aquele apresentado pelas empresas, antes da fusão.
As fusões financeiras, por outro lado, baseiam-se na aquisição de
companhias que podem ser reestruturadas para melhorar seu fluxo de caixa.
Essas fusões envolvem a aquisição de uma empresa-alvo por um adquirinte, o
qual pode ser outra companhia ou grupo de investidores.
Segundo dados de pesquisa realizada pela KPMG sobre o primeiro
semestre de 1999, revela que ocorreram 142 fusões e aquisições de empresas
no Brasil. Cerca de cem delas, com capital estrangeiro. Somados à receita das
privatizações, o volume de negócios atingiu US$ 47 bilhões. Um ano após a
privatização, o setor de telecomunicações continua o mais dinâmico, somando
26 negócios.
1.1.1 – Tipos de Fusão
São quatro os tipos de fusão:
a) Fusão horizontal – resulta quando duas empresas na mesma linha de
negócios se fundem, resultando na expansão das operações da empresa
em uma dada linha de produtos.
b) Fusão vertical – ocorre quando uma empresa adquire um fornecedor ou
um cliente, o benefício econômico desse tipo de fusão deriva do maior
controle da empresa sobre a aquisição da matéria-prima ou da
distribuição de produtos acabados;
c) Fusão circular – ocorre mediante a aquisição de uma empresa que está
na mesma indústria, no sentido geral, mas não está na mesma linha de
negócios, não é um fornecedor nem um cliente. O benefício desse tipo de
fusão resulta na capacidade de usar os mesmos canais de venda e
distribuição para atingir os clientes de ambos os negócios.
d) Fusão do tipo conglomerado – envolve a combinação de empresas em
negócios não-relacionados.
1.1.2 - Motivos para a Fusão
Segundo Waldírio Bulgarelli3, o objetivo dominante da fusão é maximizar
a riqueza dos proprietários, que será refletida no preço da ação da adquirente.
Os motivos específicos incluem crescimento ou diversificação, sinergia,
levantamento de fundos, aumento ou aprimoramento da capacidade
administrativa ou da tecnologia, considerações tributárias, aumento da liquidez
do proprietário e defesas contra aquisição de uma empresa por outra.
a) Crescimento ou diversificação
As empresas utilizam a fusão como um meio de crescimento no
mercado ou de diversificação no âmbito de seus produtos num período de tempo
mais curto. Além disso, tal estratégia é freqüentemente menos onerosa que a
alternativa de desenvolver a necessária capacidade e qualificação para
produção.
b) Sinergias
As sinergias de fusões são economias de escala resultantes da resolução
do custo indireto das empresas fundidas. Geralmente resultam da fusão de
empresas que reduzem seu custo indireto combinado, conseqüentemente
elevando seu lucro a um nível superior à soma dos seus lucros como empresas
independentes. A sinergia é mais óbvia quando as empresas se fundem com
outras da mesma linha de negócios, já que muitos funcionários que exercem
funções idênticas, ou equivalentes, podem, então, ser eliminados. Funções de
assessoramento como compras e vendas são provavelmente as mais afetadas
por esse tipo de combinação.
Um exemplo é o que ocorreu a fusão da Daimler e Chrysler em 1999, os
ganhos resultantes do enlace foram estimados em 1,4 bilhão de dólares. A
Daimler produz carros de qualidades e preços altos, como os carros da marca
Mercedes enquanto a Chrysler é competente no mercado de automóveis médios
e baratos, e cultiva uma imagem inovadora entre as montadoras intermediárias:
foi a primeira a introduzir transmissão automática, cinto de segurança, airbags e
uma série de outros avanços, posteriormente adotados pela Ford e pela GM.
Neste caso, a fusão reuniu uma empresa conservadora e uma inovadora, dando
o potencial à Daimler para ingressar rapidamente no mercado de carros de
maiores volumes. Para ambas à a oportunidade de chegar a um denominador
comum. Isso significa equilibar os preços mais altos e a qualidade da Daimler
com veículos mais baratos, com mais variedade de estilo, porém de qualidade
inferior, da Chrysler.
c) Levantamento de fundos
Muitas vezes, as empresas combinam-se de modo a aumentar sua
capacidade de levantar fundos, combinando-se com outra que possui um nível
elevado de ativos líquidos e um nível baixo de obrigações. A aquisição desse
tipo de companhia aumenta a capacidade da empresa para tomar empréstimos
e reduz sua alavancagem financeira.
d) Aumento da capacidade administrativa ou da tecnologia
Se a empresa não puder contratar a administração ou desenvolver a
tecnologia de que precisa, pode combinar-se com empresas compatíveis que
possuam o pessoal administrativo ou a experiência técnica necessária.
e) Considerações tributárias
Especialmente no caso de conglomerados, as considerações tributárias são
motivos-chaves para a fusão. Geralmente o benefício fiscal advém do fato de
que uma das empresas tem uma compensação de prejuízo fiscal com períodos
bases subseqüentes. Isso significa que os prejuízos fiscais de uma companhia
podem ser aplicados e um montante limitados nos futuros lucros da empresa
fundida, até quinze anos ou até que o prejuízo fiscal tenha sido totalmente
recuperado, aquele que for menor.
f) Aumento da liquidez dos proprietários
A fusão de duas pequenas empresas, ou de uma empresa pequena com
outra maior pode propiciar aos proprietários da(s) empresa(s) pequena(s) maior
liquidez. Isso ocorre devido a maior negociabilidade associada às ações de
empresas maiores.
1.2 – A Cisão
A cisão pode ser definida como a operação pela qual a companhia
transfere parcela de seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas
para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver
versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a
versão4.
A cisão pode levar ou não à extinção da sociedade. Temos, então, a
cissiparidade, pela qual o patrimônio social se cinde em duas ou mais partes,
cada uma delas com o destino de formar novas sociedades, com a extinção da
sociedade primitiva. Essas sociedades podem já existir, acrescendo seu
patrimônio, ou para isso são expressamente constituídas.
A sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida
sucede a esta nos direitos e obrigações relacionadas no ato da cisão,
assegurando assim o direito dos credores a terceiros. No caso da cisão com
extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio líquido
transferido sucedem à companhia cindida nos direitos e obrigações não
relacionadas no ato da cisão.
Podemos concluir que a cisão pode manifestar-se de três formas:
a) uma sociedade transfere parte de seu patrimônio-ativo a outra
preexistente;
b) parte do patrimônio-ativo de duas ou mais sociedades se unem ou
confundem na constituição de uma nova sociedade; ou
c) parte do patrimônio-ativo de uma sociedade é destinado a
constituição de uma nova sociedade.
Os sócios da sociedade cindida recebem as ações decorrentes do
aumento de capital em substituição às ações extintas, na mesma proporção das
que possuíam. A aprovação em proporção diferente requer a aprovação de
todos os acionistas, inclusive os titulares de ações em direito a voto.
Em princípio, a companhia cindida e todas as recipiendárias são
solidariamente responsáveis entre si pelas obrigações anteriores à operação de
cisão.
O ato de cisão pode estipular que as companhias envolvidas somente
serão responsáveis pelas obrigações que lhes forem transferidas. Nesse caso,
qualquer credor anterior pode se opor à estipulação no prazo de 90 dias
contados da publicação da ata da assembléia geral.
1.3 – A Incorporação
Segundo Waldírio Bulgarelli, Incorporação é definida como a operação
pela qual uma ou mais sociedades, de tipos iguais ou diferentes são absorvidas
por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.5
Conforme o plano de incorporação, chamado “protocolo”, aprovado pela
assembléia geral da incorporadora, autoriza-se o aumento do capital a ser
subscrito e realizado pela incorporadora mediante versão do seu patrimônio
líquido.
A incorporação produz:
a) a dissolução da sociedade que vai ser incorporada;
b) a transferência do seu patrimônio total à sociedade incorporante;
c) o correspondente aumento do capital social da incorporante, e a emissão
de ações ou a atribuição de quotas de capital aos sócios da sociedade
incorporadora, correspondentemente e em proporção da medida da
participação na sociedade dissolvida.
1.4 - A Forma de Procedimento da Fusão, Cisão e Incorporação
A Lei 6.404/76 estabeleceu um rito para ser seguido na efetivação da
incorporação, fusão ou cisão, trata-se do “protocolo”, descrito no art. 224.
O protocolo nada mais é do que a planificação, em projeto, das condições
em que vão se efetuar a fusão, cisão ou incorporação. O protocolo indicará,
entre outros:
a) o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em
substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios
utilizados para determinar as relações de substituições;
b) os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio,
no caso de cisão;
c) os critérios de avaliação do patrimônio líquido;
d) a solução a ser adotada quanto às ações ou cotas do capital de uma das
sociedades possuídas por outras;
e) o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou
redução do capital das sociedades que forem partes na operação;
f) o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que
deverão ser aprovados para efetivar a operação.
1.5 Regras Comuns à Incorporação, Cisão e Fusão
As operações podem envolver sociedades de tipos iguais ou diferentes e
deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos
estatutos ou contratos sociais.
Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou
cindidas recebem diretamente da companhia emissora as ações que lhes
couberem em substituição às extintas.
Quando a operação envolver companhias abertas, as sucessoras também
deverão obter o mesmo registro na Comissão de Valores Mobiliários no
prazo de 120 dias. O descumprimento desse prazo dá ao acionista o direito
de recesso.
As condições da operação deverão constar de protocolo firmado pelos
órgãos de administração, que será submetido à aprovação da assembléia
geral das companhias interessadas, acompanhando de justificação da sua
conveniência sob a ótica do interesse social.
A operação somente poderá ser efetivada nas condições aprovadas, se
os peritos nomeados confirmarem que o valor do patrimônio líquido vertido à
sociedade recipiendária é pelo menos igual ao montante do capital social a
realizar.
As ações ou quotas do capital da sociedade incorporada, que forem de
propriedade da incorporadora, poderão ser extintas ou permanecer em
tesouraria até o limite dos lucros acumulados ou reservas, exceto a legal.
2 - DIREITOS DOS CREDORES NA FUSÃO E CISÃO
A freqüente utilização da cisão como instrumento de reestruturação
societária tem gerado dúvidas com relação à interpretação da disciplina jurídica
aplicável, especialmente no que se refere aos direitos dos credores da
sociedade a ser cindida.
A cisão é regulada nos artigos 229 a 244 da Lei nº 6404/76. Segundo o
artigo 229,
“a cisão é a operação pela qual a companhia transfere
parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades,
constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se
a companhia cindida, se houver versão de todo o seu
patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a
versão”.
A cisão, portanto, pode ser total ou parcial. Ocorrerá cisão quando houver
completa transferência de patrimônio, caso em que a sociedade cindida se
extinguirá; a cisão parcial, por sua vez, importa versão parcial do ativo e do
passivo para outra sociedade, remanescendo a sociedade originária com uma
parcela do patrimônio em seu poder e reduzindo-se seu capital social na
proporção do patrimônio líquido transmitido.
As parcelas patrimoniais antes pertencentes à sociedade cindida tanto
podem dar lugar a novas sociedades como integrar-se em sociedades já
existentes. A primeira hipótese consiste na cisão pura, enquanto a segunda é
usualmente denominada de cisão com incorporação.
Cumpre, nesse contexto, examinar os mecanismos de proteção aos
terceiros credores da sociedade cindida previstos na Lei nº 6404/76.
O patrimônio social constitui, via de regra, a garantia dos credores da
sociedade. Com a cisão, ocorre transferência da totalidade ou de uma parcela
do patrimônio da sociedade cindida para outra sociedade, com o que se
verificaria uma redução da garantia dos credores da sociedade original.
No caso de cisão total, as sociedades que absorvem parcelas do seu
patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta
(artigo 233). A nova sociedade ou a incorporadora sucedem a cindida em todos
os seus direitos e obrigações, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos
(artigo 229, § 1º). Em decorrência de tais regras legais, na cisão total permanece
integra a garantia dos credores da sociedade extinta.
Na hipótese de cisão parcial, estabelece o artigo 229 a extinta sucessão
apenas quantos aos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão. Como
regra geral para proteção dos credores, o artigo 233 prevê que a sociedade
cindida que subsistir e as sociedades que receberem parte seu patrimônio serão
solidariamente responsáveis pela satisfação das obrigações da sociedade
cindida anteriores a cisão.
Entretanto, ainda em caso de cisão parcial, o artigo 233, parágrafo único,
prevê que o protocolo pode estipular que inexistirá solidariedade, respondendo
cada sociedade apenas pelas obrigações transferidas na cisão. Em
contrapartida, é conferido ao credor o direito de opor-se à estipulação de
ausência de solidariedade. O fundamento da outorga ao credor de tal direito é,
justamente, protege-lo da diminuição da garantia que seu crédito teria caso
houvesse a solidariedade.
Assim, no caso de o protocolo estipular que inexistirá solidariedade entre
a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do patrimônio cindido,
os credores anteriores à cisão podem se opor à estipulação de ausência de
solidariedade com relação a seus créditos, mediante envio de notificação à
sociedade no prazo de 90 dias a contar da publicação dos atos da cisão.
Questão que gera divergências na doutrina diz respeito aos efeitos da
oposição dos credores à estipulação de ausência de solidariedade.
Alguns autores entendem que o efeito imediato da oposição é suspender
a eficácia do negócio de cisão parcial, até que se restabeleça a solidariedade
plena ou que seja seu crédito antecipadamente pago. Se as sociedades
envolvidas na cisão optarem por não satisfazer antecipadamente o crédito do
opositor, o benefício da retratação quanto à estipulação de ausência de
solidariedade será de todos os credores.
“os credores da companhia cujo patrimônio se cinde não
podem pleitear a anulação da operação, nem têm a
possibilidade de receber os seus créditos, ou de ver
garantia a sua execução se ilíquidos; nem podem obter a
separação de patrimônios, na falência de companhia
beneficiária de cisão, por parcial e inadequada que
pudesse ser esta medida. E à situação no seu todo, criada
pela solidariedade do art. 233, nada acrescenta o seu
parágrafo único. Afastada a solidariedade de companhia
beneficiária da cisão parcial, mediante estipulação no ato
da operação, a oposição de credores no prazo previsto
mais não faz do que restabelecer quanto a seus créditos a
solidariedade que se tentou remover, e que não vai
beneficiar credor omisso por desatento”.
O artigo 233 Lei n. 6.404/76 não confere ao credor o direito de opor-se ao
negócio de cisão. O único direito do credor é opor-se à estipulação de existência
de solidariedade. Não tem o credor, pois, se quer legitimidade processual para
pleitear a suspensão ou anulação da cisão, que, pelo regime da Lei nº 6.404/76,
é matéria interna das companhias envolvidas, a ser deliberada em assembléia
geral dos acionistas.
O efeito de eventual oposição à estipulação de não solidariedade pelo
credor é, unicamente, a elisão de tal estipulação no tocante àquele crédito
específico.
A mera notificação do credor manifestando sua oposição à estipulação da
ausência de solidariedade já é suficiente para que se opere a elisão para seu
crédito, uma vez que tal efeito decorre de lei. A produção dos efeitos da
oposição não depende de qualquer ato da sociedade, como o envio de resposta
à notificação do credor ou a indicação no ato de cisão da existência de
solidariedade passiva quanto àquele crédito, sendo descabidas quaisquer
exigências nesse sentido.
Entendida sua disciplina e assegurados os direitos dos terceiros credores,
a cisão mostra-se um instrumento jurídico capaz de atender às mais diversas
finalidades visadas pelos processos de reestruturação societária, inclusive
aqueles prévios à desestatização de empresas estatais, como os referentes aos
setores de energia elétrica e telecomunicações, na medida em que viabiliza a
separação das atividades empresariais para atribuir-lhes destinações específicas
e diversificadas.
2.1 - Aspectos jurídicos da cisão e fusão
As fusões de sociedades no direito brasileiro são reguladas pela Lei n.
6.404, de 15.12.76 (art. 223 e seguintes). Apesar de materialmente limitada às
sociedades por ações, é cediço na doutrina e na jurisprudência nacionais que a
lei referida aplica-se subsidiariamente àquelas por cotas de responsabilidade
limitada.
Segundo Waldirio Bulgarelli6, Fusão própria é a que dá origem a uma
nova sociedade, com a extinção das fusionadas. Dessa forma, a incorporação
caracteriza-se como modalidade imprópria de fusão, já que uma das sociedades
envolvidas não se extingue.
A doutrina nacional classifica a incorporação e a fusão stricto sensu como
espécies do gênero fusão (lato sensu), compreensivo de todas as formas de
concentração societária.
O que importa ressaltar é a disciplina legal dos dois institutos no Direito
brasileiro. Confira-se o que dispõe a Lei das Sociedades Anônimas:
“Art. 227. A incorporação pela qual uma ou mais
sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em
todos os direitos e obrigações. (...)
Art. 228. Fusão é a operação pela qual se unem duas ou
mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes
sucederá em todos os direitos e obrigações.”
Para Bulgarelli, os elementos essenciais aos fenômenos da fusão e da
incorporação são:
a) a dissolução de uma ou mais sociedades e a permanência de outra
(incorporação) ou a criação de uma nova (fusão);
b) a existência de convenção entre as sociedades envolvidas;
c) a transferência global do patrimônio das incorporadas ou fusionadas para
a incorporadora ou criada, com sucessão universal; e
d) a congeminação dos sócios ou acionistas das sociedades que se
extinguem para a que subsiste ou é constituída.
Dentre os elementos vistos, o que importa ao desate da questão proposta é a
transferência, com sucessão universal, do patrimônio das sociedades
incorporadas ou fusionadas para a sociedade incorporadora ou constituída. É
dizer, processada a concentração, os patrimônios integrais das sociedades
extintas passam a compor o patrimônio da remanescente ou criada.
Deste entendimento não discrepa a melhor doutrina estrangeira.
Confiram-se as palavras de RIPERT e ROBLOT7:
“A doutrina e a jurisprudência clássicas apegam-se à
idéia de transmissão universal do patrimônio. A
incorporação analisa-se, entre nós, em uma dissolução
antecipada da sociedade absorvida, com transmissão
global do patrimônio para a sociedade incorporadora,
sendo o capital aumentado nesta medida.” (1972, p.566)
É esta também a lição do italiano FERRI:
“Dá-se, portanto, necessariamente, uma sucessão a
título universal da sociedade incorporadora ou que resulta
da fusão no patrimônio das sociedades que, em perdem a
sua autonomia.” (1993, p. 504)
Resulta demonstrado que, sem reduzir a fusão e a incorporação à mera
transmissão patrimonial, pode-se afirmar que este é o seu elemento essencial.
Findo o rito procedimental da concentração, dá-se a sucessão in universum ius,
de forma que todos os vínculos obrigacionais, os direitos reais, os direitos sobre
bens imateriais, transmitem-se, subsumidos globalmente.
2.2 - Aspectos Fiscais da fusão e cisão
O código Tributário Nacional, lei complementar em sentido material,
disciplina os consectários fiscais das fusões, transformações e incorporações de
sociedades comerciais. É esta a letra da lei:
“Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar
de fusão, transformação ou incorporação de ooutra ou em
outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionados,
transformadas ou incorporadas.”
Em consonância com a regra comercial da sucessão universal nos casos
de concentração de empresas, o CTN atribui à sociedade remanescente ou
criada a responsabilidade pelos tributos devidos pelas incorporadoras ou
fusionadas.
Em contrapartida, o Direito há de reconhecer-lhe a titularidade dos
créditos financeiros adquiridos pelas empresas extintas ao pagarem tributo
indevido ou ao suportarem, nas aquisições, ônus de impostos indireto superior
ao montante devido pelas saídas promovidas (acumulação de créditos de IPI ou
ICMS). Do contrário, mantendo-lhe os débitos e permitindo o confisco de seus
créditos, ofenderia a reciprocidade de tratamento entre as suas contas ativa e
passiva e agrediria a capacidade contributiva da empresa incorporadora ou
constituída por fusão, que nada mais é do que soma dos dois patrimônios
envolvidos.
O pagamento de tributo indevido importa empobrecimento sem causa do
contribuinte. Se o ressarcimento, por repetição ou compensação, não é pleiteado
ou ultimado antes de sua extinção (por morte, em se tratando de pessoa
jurídica), nem por isso deixa de ser ilícito o proveito auferido pela Fazenda, que
permanece obrigada perante os sucessores, quando os há. Havendo
possibilidade jurídica de compensação, e sendo esta a via eleita pelo sucessor,
não pode o Fisco exigir-lhe o recolhimento de tributo da mesma espécie, ainda
que por fato próprio efetivamente acontecido, antes que a soma de seus débitos
se equipare ao valor indevidamente decotado do patrimônio que recebeu.
O raciocínio é equivalente quando a acumulação de créditos financeiros
pelo sucedido decorre, não do pagamento de tributos indevido, mas de sua
situação particular perante a sistemática da não-cumulatividade do IPI ou do
ICMS. É o que se dá com os exportadores, que adquirem créditos ao suportarem
o ônus do imposto incidente nas mercadorias entradas e, sendo imunes em suas
saídas, não têm débitos em que abate-los. A situação é também freqüente nos
estabelecimentos cujas operações predominantes submetem-se a alíquotas
reduzidas. Neste último caso, acumulam-se os créditos que sobejam depois da
extinção por compensação do imposto devido em cada período.
Enquanto não realizado este saldo credor, o imposto terá sido
economicamente suportado, de forma total ou parcial, pelo contribuinte de direito
(o comerciante ou industrial), em flagrante violação à sistemática da não-
cumulatividade. Dando-se a sua extinção sem a realização dos créditos
acumulados, consolida-se em sua pessoa o peso do imposto, tornando-se
definitiva a vulneração do princípio constitucional. A ofensa apenas se evita com
a transferência dos créditos a terceiros (gratuita ou onerosa, conforme os dois
estabelecimentos pertençam ou não ao mesmo empresarial), ou com o seu
resgate pelo Estado, método comum na Europa, mas inexistente entre nós.
Eis o que faz, por exemplo, o art. 13 do Anexo XXI do RICMS mineiro:
confisca parcialmente à sociedade incorporadora ou constituída por fusão os
créditos de ICMS das empresas extintas, sem restringir proporcionalmente a sua
responsabilidade tributária por sucessão. Se o imposto não-recolhido pelas
sucedidas, relativo ou não às mercadorias transferidas à sucessora, pode-se
deve ser desta exigido, desde que lançado dentro do prazo decadencial de cinco
anos, é evidente que também os créditos por àquelas acumulados contra o
Fisco, tenham ou não relação com as mercadorias existentes à época da
extinção e desde que também não fulminados pelo decurso do tempo, hão de
ser integralmente reconhecidos à sucessora sob pena de grave distorção em
seu patrimônio.
A validade da conclusão é reforçada pelo exame da disciplina
constitucional da não-cumulatividade no IPI e no ICMS. Dispõe o Texto Magno:
“Art. 153, & 3. O imposto previsto no inciso IV [IPI]] :
(...)
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido
em cada operação com o montante cobrado nas anteriores.
(...)
Art. 155, & 2. O imposto previsto no inciso II atenderá ao
seguinte:
I – será não-cumulativo, compensando-se o que for devido
em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas
anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito
Federal.”
Muitos são os países onde o princípio da não-cumulatividade, conquanto
plenamente vigente, não é sequer mencionado em sede constitucional. No
Brasil, ao contrário, não se conforma a Lei Suprema em dita-lo concisamente:
trata-o em minúcia, já lhe definindo as regras mais importantes.
Ao faze-lo, estabelece desde logo a única exceção admissível à sua
sistemática, restrita ademais ao âmbito do ICMS:
“Art.155, &2, II – a isenção ou não-incidência, salvo
determinação em contrário da legislação:
a) não implicará crédito para compensação com o
montante devido nas operações ou prestações seguintes;
b) acarretará a anulação do crédito relativo às
operações anteriores.”
Não há na Constituição nenhuma outra restrição à amplitude do princípio
da não-cumulatividade.
Como já dito anteriormente, é inconstitucional e iníqua a limitação dos
créditos de ICMS apropriáveis pela sociedade incorporadora ou constituída por
fusão ao valor do imposto que incidiu sobre o estoque a ela transferido quando
da concentração, a menos que sua responsabilidade tributária por sucessão
restrinja-se igualmente ao não recolhimento destas mesmas quantias pelas
incorporadoras ou fusionadas.
O dispositivo do art. 109 do CTN – “os princípios gerais de direito privado
utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus
institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos
tributários” - não convalida qualquer alteração nos efeitos tributários dos
institutos privados, mas, obviamente, apenas as alterações compatíveis com os
diamantes da Constituição.
Demais disso, o instrumento idôneo para proceder às alterações
facultadas pelo CTN é a lei, sendo inválidas de plano, independentemente de
qualquer consideração a respeito de seu conteúdo, aquelas estabelecidas em
decretos executivos autônomos.
É este exatamente o caso do art. 13 do Anexo XXI do RICMS mineiro
citado anteriormente. Não se encontra em qualquer texto legal vigorante,
passado ou presente, nenhum dispositivo que respalde a restrição regulamentar
aos efeitos patrimoniais da concentração de empresas, definidos na lei
comercial.
Apesar de ser cristalino o direito ao aproveitamento integral dos créditos
acumulados pelas empresas fusionadas ou incorporadas, tem-se que, caso se
pretenda exerce-lo, é prudente que se busque um pronunciamento judicial
prévio, tendo em vista a certeira reação do Fisco, que, caso contrário, não
deixará de autuar e impor as pesadas multas previstas na legislação. Tais
penalidades incidirão, não sobre o total apropriado, mas sobre a parcela deste
que já tiver sido efetivamente empregada para fins de compensação.
3 - A POSIÇÃO DO CADE COM RELAÇÃO À FUSÃO, CISÃO E
INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADES
A fusão de empresa com faturamento anual superior a R$ 400 milhões
ou com mais de 20% do mercado precisa ser submetida ao CADE – Conselho
Administrativo de Defesa Econômica. Segundo o artigo 54 da Lei 8.884/94 –
Defesa do Consumidor e da Concorrência -, o Conselho pode autorizar a união
caso aumente a produtividade, melhore a qualidade de bens ou serviços,
proporcione eficiência e desenvolvimento tecnológico e econômico. Mas a fusão
deve beneficiar o consumidor e não pode implicar em eliminação da
concorrência ou prejuízo ao usuário final.
3.1 - A Importância da concorrência
É essencial a presença da concorrência no contexto de uma economia
de mercado, posto que a mesma possibilita um aumento na variedade e na
qualidade de produtos, e ainda corrobora para a diminuição dos preços dos
mesmos. É a concorrência, o fator determinante para que os preços exprimam a
relação de equilíbrio entre a oferta e a procura.
Para que se obtenha os benefícios derivados da concorrência, é
necessário que as empresas invistam em tecnologia, bem como realizem um
estudo de mercado com o intuito de conhecer e atender as expectativas e
desejos dos consumidores.
Poderíamos dizer que a concorrência é um instrumento existente em
benefício dos cidadãos, vez que são estes os consumidores finais dos produtos
e que experimentam as melhorias decorrentes das circunstâncias
concorrenciais.
Além de conferir benefícios aos consumidores, a disputa entre as
empresas ocasionadas pelo ambiente concorrencial propicia que a economia
brasileira entre com uma melhor estrutura no mercado externo.
3.2 - A Lei de Defesa da concorrência
A Lei 8.884/94 prevê a atuação do CADE – Conselho Administrativo de
Defesa Econômica, autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça; da SDE
– Secretaria de Direito Econômico, ligada ao Ministério da Justiça e da SEAE –
Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada ao Ministério da Fazenda,
que no exercício de suas respectivas funções, respeitam o seguinte trâmite:
As denúncias de práticas infrativas à ordem econômica, deverão ser
encaminhadas à SDE, que dará início as averiguações preliminares ou, se
houver condições, a um procedimento administrativo, procedimento este que
tem por objetivo a produção de provas através da obtenção de documentos, da
realização de pesquisas e da descrição dos fatos narrados. Na hipótese de se
fazer necessário o estudo das implicações econômicas de tal denúncia, o
processo deverá ser remetido para a SEAE que emitirá seu parecer.
Finda toda a fase inquisitória acima exposta, cabe ao CADE, com base
nos elementos apurados, julgar a ocorrência sob análise, declarando a mesma
abusiva ou não, face aos princípios constitucionais reguladores da ordem
econômica, máxime insculpidos na Lei 8.884/94, tomando então as providências
cabíveis para coibi-la ou repara-la na hipótese da mesma consistir numa
infração.
3.3 - O CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica
O CADE foi criado em 1962, e até o fim do regime parlamentar, consistia
em um órgão vinculado à Presidência do Conselho de Ministros, passando,
então, mais tarde, a ser vinculado ao Ministério da Justiça.
Apesar da política brasileira de defesa da concorrência existir desde os
anos 30, a atuação do CADE, bem como dos demais órgãos que o auxiliavam
nas suas funções, pouco era difundida e conhecida, tendo em vista que a
economia era fortemente monitorada e fechada, sofrendo rígido controle de
preços, fato este que não acarretava grande demanda de trabalho.
A partir dos anos 90, graças a estabilização da moeda, a privatização, a
abertura da economia nacional e o crescente fenômeno da globalização, tornou-
se vital o desenvolvimento de uma política de defesa da concorrência para
atender a nova realidade do mercado.
O aprimoramento da aludida política se deu sobretudo com o surgimento
da Lei 8.884/94, que estabeleceu o CADE como uma autarquia federal, ampliou
os seus poderes, definindo com maior precisão, as práticas consideradas
ofensivas à concorrência.
O CADE tem como atribuições essenciais assim, orientar, fiscalizar e
estudar o abuso do poder econômico, exercendo papel tutelador de apuração e
repressão do mesmo quando verificado.
O conselho é composto por um presidente, seis conselheiros e um
procurador-geral, que exercem um mandato estabelecido em lei, fato este que
garante autonomia para o exercício das funções.
3.4 - Papel do CADE para o Brasil no Contexto Atual
Poderíamos apontar como principais fatores que contribuíram para dar
uma maior importância ao CADE: a abertura da economia, a privatização e a
desregulamentação, bem como a estabilização dos preços.
Tais circunstâncias ensejaram uma atuação estatal menos preocupada
em investir diretamente na produção, mas por conseguinte, mais determinada
em coordenar e estimular a economia de mercado.
A globalização da economia também corrobora para um maior
impulsionamento dos trabalhos do CADE, pois ela exige grande competitividade
e produtividade por parte das empresas instaladas no Brasil.
Diante de tais fatos, imprescindível se revela a existência de um órgão
com as atribuições acumuladas pelo CADE, zelando a harmonia da ordem
econômica no país. O CADE tem a missão de agente modernizador e defensor
da concorrência dentro de um Estado regulador moderno, pró-mercado, de
modo a influenciar no dia-a-dia do cidadão, a partir do estímulo da concorrência
no setor de serviços e produtos oferecidos à sociedade.
Práticas que podem ser consideradas abusivas:
O abuso do poder econômico ocorre toda vez que uma empresa se
aproveita de sua condição de superioridade econômica para prejudicar a
concorrência, inibir o funcionamento do mercado ou ainda, aumentar
arbitrariamente seus lucros. Em outras palavras, poderíamos dizer que o agente
abusivo faz mau uso ou uso ilegítimo do poder que detém no mercado.
Este abuso não se dá a partir de práticas específicas, mas sim, quando
o detentor de substancial parcela do mercado age em desconformidade com os
seus fins, desvirtuando, ultrapassando as fronteiras da razoabilidade.
Por prejudicar a ordem econômica e os consumidores, o abuso não
encontra qualquer amparo legal, até porque é ato praticado com exercício
irregular do direito de livre iniciativa e de propriedade.
No âmbito dos acordos verticais ou horizontais, podem ser destacadas
as seguintes práticas:
a) Formação de Cartel: As empresas nem sempre apreciam o jogo da livre
concorrência. Elas preferem, às vezes, cooperar entre si, combinando preços,
restringindo a variedade de produtos e dividindo os mercados para manter suas
receitas sempre estáveis.
Para o consumidor e para outras empresas isto significa ter que pagar
um preço muito maior se comparado ao valor que o produto realmente custa e
ainda ter o seu leque de opções de compra diminuído.
Para a fiel configuração desta infração, se faz mister que haja efetivo
acordo entre os agentes envolvidos, pois pode ocorrer que diversas empresas,
praticantes da mesma atividade econômica, venham a utilizar-se de preços
semelhantes sem que tenha ocorrido qualquer ajuste prévio, cessando, assim, a
idéia de abusividade.
b) Venda Casada: Consiste na prática de subordinar a venda de um bem ou
serviço à aquisição de outro.
O praticante da venda casada produz barreiras à entrada de concorrentes
potenciais no mercado ou empecilhos à expansão dos concorrentes já
presentes.
A subordinação proporcionada pela venda casada, gera uma restrição de
liberdade de comprar e vender por pressão, por coação, sem que haja qualquer
benefício para o consumidor na aquisição vinculada.
c) Sistemas Seletivos de Distribuição: São restrições impostas,
injustificadamente, pelo fabricante ao distribuidor, utilizadas de forma a
discriminar distribuidores, vendedores e consumidores, que acabam por ser
prejudiciais à livre concorrência. As restrições apenas são justificáveis se
apresentarem o escopo de manter um padrão eficiente de distribuição,
oferecerem serviços de manutenção e garantias ao consumidor.
A legislação antitruste reprimirá o agente sempre que o mesmo, sem
motivação plausível, impedir o acesso do consumidor a uma determinada
mercadoria.
d) Preços Predatórios: Muitas vezes, as empresas se utilizam da estratégia de
baixar propositadamente os preços de seus produtos a valores inferiores ao seu
preço de custo, esperando, com isso, que os concorrentes desistam do mercado
daquele setor. No início, o consumidor pode até ficar satisfeito em poder adquirir
o produto a preço baixo, mas, posteriormente, se verá prejudicado pela falta de
concorrência entre os fabricantes, fato este que afastará os benefícios inerentes
à concorrência já analisados neste trabalho.
Os exemplos de infrações supra elencadas, bem como outras, podem ser
denunciadas por qualquer pessoa ou empresa que sinta prejudicada, aos órgãos
do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
3.5 - Atos de Concentração
Fusões, aquisições, incorporações e joint ventures são típicos atos de
concentração. Eles fazem parte do processo natural do desenvolvimento de uma
economia de mercado e em si não configuram práticas abusivas.
Tais atos buscam geralmente, aumentar a eficiência de uma empresa
através, por exemplo, da diminuição de custos. Porém estas operações podem,
ao mesmo tempo, resultar em restrições à concorrência ensejando assim sua
apreciação pelo CADE.
O CADE aprovará o ato se o mesmo proporcionar de fato, o aumento da
produtividade, a melhoria da qualidade de bens e serviços ou ainda o
desenvolvimento tecnológico e econômico.
Na hipótese contrária, isto é, se o CADE apurar resultados lesivos à
concorrência, o órgão poderá aplicar multas ou obrigar as empresas envolvidas
a desfazerem a operação.
Em suma, as principais razões que levam o Estado ao controle dos
aludidos atos empresariais, são as seguintes:
a) as concentrações tornam a estrutura do mercado menos competitiva, o que,
por si só, tende a desencorajar a entrada de novos concorrentes; além disso, as
empresas, depois de se associarem, se tiverem adquirido suficiente poder
econômico, podem aumentar os preços no mercado;
b) as concentrações de empresas e a conseqüente concentração de poder
econômico, aumentam as oportunidades para um comportamento menos
competitivo na medida em que a concentração tende a diminuir o número de
concorrentes no mercado;
c) as concentrações produzem eficiências desejáveis, por isso é necessário
saber distinguir umas das outras, bem como quais são aquelas que surgem a
curto, médio e a longo prazo.
De acordo com a Lei 8.884/94, as operações de fusão, aquisição ou joint
venture deverão ser impreterivelmente apreciadas pelo Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência quando uma das empresas participantes detiver 20%
ou mais de mercado relevante, ou que tenha obtido (isoladamente ou o grupo ao
qual pertença) faturamento igual ou superior à R$ 400 milhões anuais.
As partes envolvidas nos atos de concentração, deverão apresenta-los
para exame à sede, que tomará as providências cabíveis para conhecimento da
SEAE e posterior julgamento do CADE.
Tal apresentação deverá ser realizada previamente, ou em até 15 dias
úteis após o momento que a operação passa efeitos jurídicos no mundo fático,
sob pena de multa pecuniária em valor não inferior à 60 mil UFIR e não superior
à 6 milhões de UFIR.
4 - CASOS CONCRETOS DE FUSÕES, CISÕES E INCORPORAÇÕES
4.1 - AMBEV
Fusões e aquisições fazem, em nossos dias, parte de um processo em
todo o mundo, como estratégia das empresas para reunir esforços, eficiências e
escala que permitam competir no novo mercado global. Ë um momento que traz
impacto ao mundo dos negócios e igualmente à cultura das empresas.
A fusão entre Brahma e a Antarctica, válida por 10 anos, a AmBev –
Companhia de Bebidas das Américas – nasceu com mais de 30 mil acionistas. A
Brahma será dona de 46% das ações ordinárias, e à Antarctica caberá 23% do
controle acionário.
Os ativos totais, com base em dezembro de 1998, correspondem a R$ 8,1
bilhões, ou seja, equivalente a US$ 6,7 bilhões. O patrimônio líquido é superior a
R$ 2,8 bilhões, cerca de US$ 2,3 bilhões, e a geração de caixa anual,
consolidada, é superior a R$ 880 milhões, ou seja, US$ 730 milhões.
As vendas domésticas das duas companhias somaram, em 1998, R$ 10,3
bilhões, o equivalente a mais de US$ 8,5 bilhões, com uma produção de 8,9
litros de bebida, sendo 6,4 bilhões de cerveja e 2,5 bilhões de litros de
refrigerantes, águas, chás e isotônicos.
Na época em que foi anunciada a fusão, em julho de 1999, uma das
questões que mais suscitavam, dentro e fora das empresas, era exatamente
sobre qual cultura prevaleceria na AmBev. Se seria a da Brahma, com sua
postura mais informal, jovem, agressiva ou, pelo contrário, a da Antarctica, mais
madura, conservadora e ponderada.
Atualmente a AmBev caminha para implementar sua estruturação, está
claro que não é nenhuma nem outra, nem uma mescla das duas. Nenhuma das
alternativas responde por inteiro aos nossos anseios, pois inúmeras sinergias
nasceram da fusão e, por certo, estão interferindo na construção da nova cultura
da companhia. Ela surge numa terceira empresa, diferente de Brahma e
Antarctica.
Com a constituição da AmBev, surge um novo horizonte. A AmBev é a
maior empresa privada industrial do país e a quinta maior companhia mundial de
bebidas, com novas escalas de produção e de distribuição e um novo espaço
territorial, pois a expansão internacional é uma das suas principais metas e
obcessões.
Além disso, a AmBev deu uma outra dimensão ao mercado de
refrigerantes, com um novo senso de oportunidade e urgência. A
internacionalização significaria levar mundo afora o sabor do Brasil, como um
produto da floresta amazônica, na primeira oportunidade que uma empresa
brasileira produtora de bens de consumo tem condições reais de competir, no
mercado do concorrente, com os gigantes de atuação global.
O caso do guaraná é emblemático: um acordo operacional com a Pepsi
Cola irá tornar possível a sua distribuição e engarrafamento em 175 países, o
que colocará esse refrigerante tipicamente brasileiro entre os 15 mais vendidos
em todo o planeta.
Isso torna a AmBev uma das empresas mais convidativas para atrair
novos talentos, fato que também impacta na cultura. Na realidade, a cultura da
AmBev está sendo construída no dia-a-dia, a partir de quatro pilares a saber:
gente, custo, clientes e consumidores – estabelecidos com base nas seguintes
crenças:
a) Sempre investir em gente, oferecendo oportunidades de desenvolvimento –
profissional, pessoal e social – e premiando o mérito. Profissionais motivados
e permanentemente desafiados a superar as suas metas de crescimento são
um diferencial na atuação da empresa;
b) Desenvolver e incorporar as novas tecnologias, para que os seus produtos,
processos e serviços mantenham a qualidade superior e o menor custo;
c) Respeitar o meio ambiente, as leis e os costumes das comunidades que as
acolhem;
d) Nortear as ações e as atividades por princípios de ética e integridade;
e) Garantir o lucro, pois deles dependem o contínuo crescimento da AmBev
exigido por seus investidores e acionistas.
Esses fatores combinam-se aos desafios de atuação num mercado cada vez
mais competitivo. O mundo vai continuar e derrubar fronteiras, formando blocos
econômicos regionais – Mercosul Comum Europeu e Nafta (Acordo de Livre
Comércio da América do Norte), já são realidade e, nos próximos cinco anos, as
Américas se integrarão na Alca (Área de Livre Comércio da América do Norte).
A AmBev surgiu com 38% das vendas do mercado brasileiro de bebidas e
a sua meta é crescer no mercado interno e internacional. A AmBev colocará o
talento dos seus profissionais e capitais próprios para tornar sua presença global
uma realidade irreversível, atendendo aos objetivos determinantes na sua
criação. Com isso, torna-se visível a força das suas marcas, aproveitando todo o
seu potencial para um rápido crescimento, ao mesmo tempo em que está
construindo uma nova empresa e uma nova cultura.
Com uma participação de 54,4% das vendas de cervejas no Paraná e
74% do mercado nacional, a junção da Brahma e da Antarctica estabeleceram
no estado e no Brasil, um forte domínio de mercado, com vistas ao Mercosul e
outros países.
4.1.1 - A Situação nas Fábricas
Apesar de bastante divulgada na imprensa nacional, a fusão das
empresas fabricantes de cervejas e refrigerantes, Brahma e Antarctica, ainda
não faz parte da realidade da fábrica da Antarctica, instalada em Extremoz.
Para funcionários, que não acreditam no desemprego em massa por causa
do contrato, a rivalidade continua e quem faz Antarctica, só bebe a
Antarctica.
A “Paixão Nacional” sempre foi rival da Nº 1”. Porém, um contrato
comercial entre as duas fabricantes pode acabar com isso. Ou pelo menos
seria o óbvio, já que uma só empresa fabricaria os dois produtos.
Não há fábrica da Brahma no Rio Grande do Norte. Já a Antarctica está
instalada no Estado há oito anos. De acordo com Carlos Rodrigues, gerente
de vendas da representante da Brahma em Natal, são vendidas cerca de 120
mil caixas de cervejas/mês na Capital. A Antarctica não forneceu os números
de vendas do seu produto.
A fábrica local da Antarctica começou no Estado com a fabricação de
refrigerantes, passando a fabricar cervejas em 1994. Hoje, a produção da
fábrica se restringe à cerveja. A ala de refrigerantes foi fechada em outubro
do ano passado para uma reforma, que ainda não foi feita, nem tem data
prevista para isso. Os refrigerantes da Antarctica consumidos no RN estão
vindo da fábrica de Olinda. A fábrica de Extremoz fornece a cerveja
engarrafada no Ceará e no Pará, além de abastecer todo o Rio Grande do
Norte.
4.2 – AOL / Time Warner
Um provedor de acesso à Internet comprando um dos mais tradicionais
conglomerados de mídia do mundo. A aquisição da Time Warner pela
América Online (AOL), na maior transação da história do capitalismo, vai
definitivamente mudar os rumos do mercado. A fusão de US$ 184 bilhões se
transformou em um símbolo da Nova Economia, criando a quarta empresa
mais valiosa da atualidade, com US$ 350 bilhões de valor de mercado. Das
três companhias que ainda superam a nova gigante no ranking de
valorização, duas delas já estão intimamente ligadas à Web – Cisco System
e Microsoft. No Fórum e Econômico Mundial, realizado em Davos, por
exemplo, o mundo virtual se consolidou de vez, com os jovens executivos de
empresas como AOL, Microsoft e Dell Computers ao lado de primeiros
ministros e presidentes das principais potências mundiais.
O que será que está por trás da negociação da AOL e Time Warner? Há
uma tendência para novas movimentações gênero? As perguntas inquietam
o mercado e levam à tona especulações das mais diversas. Depois de Steve
Case e Gerald Levin se unirem, o mercado já apostava na fusão entre Yahoo
e Disney como a próxima cartada. Como tudo em Internet, as fichas ainda
são incertas e as novidades surgem a cada minuto, enquanto as ações das
chamadas empresas.com mantém uma curva ascendente na Bolsa de Nova
York, puxando para cima todo o mercado internacional.
Para tentar encontrar as respostas e traçar um rumo das mudanças, a
Nova Economia ouviu especialistas das mais diversas áreas, de consultores
a executivos, de analistas a operadores do mercado financeiro. A maioria
ainda não se sente seguro para explicar o que está acontecendo e o que
pode estar por vir. As respostas seriam dadas pelo próprio mercado, sempre
em nome da combinação entre conteúdo e distribuição, às vésperas da
popularização da WebTV. Não é para menos, quando lembramos que a AOL
é o maior provedores do mundo com 22 milhões de clientes e a Time Warner
atinge 120 milhões de assinantes, com 13 milhões de clientes de TV a cabo,
além de jornais, filmes e revistas.
De acordo com os especialistas esta fusão foi uma negociação que
mexeu definitivamente com a estrutura do mercado e mostrou a força das
empresas de Internet. Ficou provado que as novas companhias.com tem
valor de mercado suficiente para adquirir grandes e tradicionais empresas de
outro setores, e não o contrário, como se especulava. Agora o caminho est;á
aberto para outras possibilidades de fusões semelhantes, embora ainda não
tenha claro os nomes que poderão estar se unindo. Nessa Nova Economia,
conteúdo aparece como palavra-chave. Ele é essencial para a sobrevivência
de qualquer empresa, e também, necessário para qualificar o valor de
mercado de cada uma delas. Ao mesmo tempo, esse conteúdo deve estar
intimamente ligado a um crescente upgrade tecnológico, coisa que a Time
Warner vinha sentindo falta nos últimos anos. Ou seja, a AOL ganha muitos
pontos ao assimilar uma enorme e qualificada massa de conteúdo, enquanto
a Time se beneficia com a tecnologia de que tanto vinha sentindo falta e do
enorme poder de distribuição do maior provedor de acesso à Internet do
mundo.
5 – FUSÕES E AQUISIÇÕES EM INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS
A indústria farmacêutica tem passado por intenso processo de fusões e
aquisições. Um dos motivos mais comumente citados refere-se à necessidade
de escalas para a realização da atividade de pesquisa e desenvolvimento. Em
1996, Cokburn e Henderson realizaram um estudo quantitativo para avaliar o
quanto a indústria farmacêutica era dependente de economias de escala ou
escopo, indicando evidências do fenômeno na atividade de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D). No entanto, observou-se que essas economias se
exauriam à medida que as firmas se aproximavam do porte das três maiores
empresas da indústria.
O papel determinante da escala de P&D no processo de P&D da
indústria farmacêutica foi novamente abordado por Henderson, após uma
publicação na revista Science em março de 2000: “A idéia de que ser grande é
melhor em P&D passou a ser um ato de fé na indústria farmacêutica”. A autora
relata que, possivelmente, economias de escala na atividade, mas que a
recente onda de fusões e aquisições não pode ser interpretada como
decorrente dessa evidência. Em P&D a economia de escala pode ser obtida por
uma maior especialização dos cientistas à medida que o grupo cresce. Além
disso, há efeitos decorrentes da diluição de custos fixos, e de investimentos em
ativos, como equipamentos sofisticados e patentes. A economia de escopo
advém dos benefícios da troca de conhecimento e informação, que ocorre mais
facilmente entre cientistas de uma mesma organização do que entre
competidoras.
Entre a realização do estudo de Cokburn e Henderson (1996) e o artigo
de Henderson (2000), houve grandes mudanças tecnológicas envolvendo,
especialmente, a biotecnologia, área altamente complexa e multidisciplinar. Este
fato pode ter alterado o balanceamento de escalas da atividade de P&D da
indústria farmacêutica. Henderson admite este evento, mas ressalta que as
firmas que lideram o processo de fusões e aquisições empregam, atualmente,
milhares de pesquisadores e contam com massa crítica para dominar o
conhecimento científico necessário para o processo de inovação. A autora
adverte que essas megafusões podem estar dando origem a das economias de
escala, decorrentes dos custos de gerenciamento de programas
descentralizados e de porte muito grande. O principal fator identificado como
estimulador do processo de fusões e aquisições seria a obtenção de economias
de escala e escopo em marketing e distribuição. Outro seria a necessidade de
compensação de fracassos de P&D e comercialização de novas drogas,
indicando que a onda de fusões e aquisições poderia estar relacionada à
superação de fraquezas e insucessos, em lugar da busca de economias de
escala e escopo em P&D.
5.1 - Perfil das indústrias farmacêuticas no Brasil
A indústria farmacêutica mundial, que tem um faturamento anual de US$
300 bilhões, é a que mais investe em pesquisa e desenvolvimento (P&D)
injetando US$ 36 bilhões ao ano nessa atividade. No maior mercado
farmacêutico do mundo, os EUA, essa indústria aplicou, em 2000, cerca de
21% de seu faturamento em P&D, enquanto que a indústria de informática
investiu cerca de 10,5%, a de produtos elétricos e eletrônicos cerca de 8,4%, a
de telecomunicações 5,3% e a aeroespacial e de defesa 3,8%, segundo dados
da Pharmaceutical Research Manufacturers of America (PhRMA).
No Brasil, o Aché, maior indústria farmacêutica nacional, que tem um
faturamento anual médio de R$ 500 milhões, investiu cerca de R$ 400 milhões
em pesquisa de novos produtos nos últimos cinco anos. Já a Roche, laboratório
farmacêutico suíço, investiu, em 1994, US$ 500 milhões na produção do
Xenical, remédio que combate a obesidade. Destes, US$ 300 milhões foram
gastos apenas em testes clínicos.
De fato, o custo de uma inovação farmacêutica não pára de crescer.
Uma das causas são as exigências quanto aos testes clínicos. A Food and Drug
Administration (FDA), órgão do governo americano que autoriza a venda de
uma nova droga, tem exigido testes clínicos (em humanos) cada vez mais
rigorosos que implicam no uso de um número cada vez maior de amostragens.
Trinta destes testes clínicos eram necessários entre 1977 e 1984. Esta
quantidade dobrou de 1989 até 1992. Além disso, exige-se a aplicação de
tecnologias cada vez mais avançadas, que elevam a complexidade dos testes e
os custos de investimento. Recentemente, a FDA determinou, por exemplo,
que, para medicamentos de uso pediátrico, passassem a ser feitos testes
clínicos em crianças com vistas a aumentar sua segurança. Até então novos
medicamentos só eram testados em adultos.
Em busca de aumentar a rentabilidade e o poder de investimento em
P&D, as grandes corporações farmacêuticas passaram, desde meados dos
anos 80, por sucessivas fusões e/ ou aquisições de empresas menores, o que
vem agitando muito, até os dias de hoje, o setor farmacêutico.
Ano Fato Laboratórios Envolvidos
1993 Aquisição Merck comprou a distribuidora de medicamentos Medco
Containment Services
1994 Aquisição American Home Products (EUA) comprou a American
Cyanamid (EUA) por US$ 10 bilhões
1995 Aquisição Glaxo (UK) comprou a Wellcome (UK) por US$ 14,9
bilhões
1996 Fusão Pharmacia Aktiebolag (Suíça) e Pharmacia & Upjohn
(US)
1996 Fusão Sandoz (Suíça) e Ciba (Suíça) formando a Novartis
1997 Aquisição F. Hoffman-la Roche (Suíça) comprou a Boehringer
Manheim (Alemã) por US$ 11 bilhões
1999 Fusão Astr AB (Suíça) e Zeneca (UK) formando a AstraZeneca
(UK)
1999 Fusão Hoechst Marion Roussel (Alemã) e Rhône-Poulenc (França)
formando a Aventis (Alemanha)
1999 Fusão Monsato com a Pharmacia & Upjohn
2000 Aquisição Pfizer comprou a Warner-Lambert por US$ 90 bilhões
2001 Fusão Glaxo Wellcome com a Smithkline Beecham
2002 Aquisição Pfizer comprou a Pharmacia
2003 Aquisição Aché (Brasil) comprou a Asta Médica
Fonte: Pfizer e Abifarma
As dez maiores indústrias (veja quadro) deste setor respondiam , em
2002, por 48.9% do mercado, em comparação com 36.1% cinco anos atrás.
Embora estas empresas estejam, em princípio, competindo, os submercados
(definidos por diferentes classes farmacêuticas: antibióticos, antiinflamatórios,
cardiovasculares, hormônios e outros) em que elas atuam são pouco
competitivos, pois não há muita variedade de medicamentos em cada classe.
Além disso, várias marcas de medicamentos já cativaram a confiança dos
médicos, farmacêuticos e dos consumidores, o que torna sua substituição mais
difícil.
Maiores Indústrias (2002) Origem Participação (em %)
Pfizer EUA 7.9
GSK Reino Unido 7.5
Merck & CO EUA 5.3
AstraZeneca Inglaterra 5.1
Aventis França/Alemanha 4.7
Bristol-Myers Squibb EUA 4.1
Novartis Roche 3.8
Roche Suíça 3.7
Johnson & Johnson EUA 3.5
Eli Lilly EUA 3.3
Total das 10 maiores 48.9
Fonte: Panorama Setorial 2002
Contando com o monopólio permitido pelas patentes de
medicamentos, as multinacionais praticam uma política de altos preços, ainda
que haja variações ao redor do mundo. Isso acontece por razão de diferenças
no custo de vida local, na prática médica, volume do produto, taxas de
importação e exportação, impostos, termo de patente e sua data de expiração,
economia local, oferta e demanda, atuação do governo e muitos outros fatores
que devem ser levados em conta. O preço médio de medicamentos no Brasil,
em 2000, era de US$ 4.76, na Argentina US$ 9.82, na Alemanha US$ 11.74,
nos EUA US$ 13.51e no Japão alcançou elevados US$ 48.
As indústrias farmacêuticas nacionais vem se destacando muito
nos últimos anos. Investindo numa política de preços baixos e massificação no
trabalho do representante de vendas, o grupo EMS SigmaPharma ocupa hoje o
sexto lugar em faturamento, além de ter em seu portfólio diversos produtos
líderes de mercado, deixando para trás potentes multinacionais, como a GSK e
a Pfizer. Além da SigmaPharma, empresas como a Eurofarma, Apsen, e Biolab
também merecem destaque. Ainda neste contexto, o maior destaque é do
Aché, que é a maior indústria farmacêutica nacional. O laboratório Aché não
adota uma política de preços baixos, e vinha portanto perdendo muito mercado.
No entanto, a ampla visão de negócio de sua atual diretoria viu a necessidade
de uma acelerada reação. A saída era aumentar seu portfólio de produtos e
consequentemente uma maior participação no mercado. A tão esperada reação
veio em agosto deste ano comprando os direitos do laboratório Asta Médica no
Brasil. Foram adquiridos 29 medicamentos, e seu portfólio de produtos passou
para 108. A resposta foi muito rápida, hoje o laboratório Aché é lider no Brasil
em unidades vendidas e em prescrições médicas, a frente de muitas
multinacionais.
Com a nova Lei de Patentes brasileira, em vigor desde 1996,
empresas nacionais passaram a buscar associações com as indústrias
estrangeiras na área de P&D (além de produção & Marketing), como é o caso
do Aché, que vem investindo em alianças com empresas farmacêuticas
multinacionais para introduzir medicamentos inovadores nos mercados
brasileiro e latino-americano. Além disso, as empresas tem buscado, pouco a
pouco, fazer parcerias com universidades e centros de pesquisa, para o
desenvolvimento de produtos de biotecnologia e fitomédicos.
A produção de genéricos e fitofármacos parece ser o grande filão
para a indústria nacional. O segundo, sobretudo, permite explorar os recursos
da vasta biodiversidade brasileira. Embora com altos custos de investimento,
ele representa um nicho que ainda está para ser explorado mundialmente.
Apenas 5% da indústria farmacêutica mundial é representada pelos
fitofármacos. Conforme comenta o Diretor Geral do Aché, José Eduardo
Bandeira de Mello, “a biotecnologia e a fitoterapia são o futuro da indústria
farmacêutica e o Brasil tem um enorme potencial para se desenvolver nessas
áreas"
5.2 – O caso Pfizer
A história da Pfizer teve início em 1849 quando os primos e imigrantes
alemães Charles Pfizer e Charles Erhart davam início a maior conquista de
suas vidas: fundaram a Charles Pfizer Company no bairro do Brooklin, em Nova
York (EUA). Começava então uma história de pioneirismo na indústria
farmacêutica.
Desde sua origem, a Pfizer sempre priorizou a qualidade e inovação de
seus produtos, lançando-os em momentos oportunos e atendendo à real
necessidade do mercado. Foi o que ocorreu com o primeiro produto consagrado
da Pfizer: o Santonim, que combatia vermes em uma época em que a falta de
condições de higiene e saneamento era uma realidade.
O pioneirismo da Pfizer ficou ainda mais evidente com a fabricação, em
escala industrial, do ácido cítrico e da penicilina durante a Segunda Guerra
Mundial. Enquanto outras empresas produziam o antibiótico em frascos de 1
litro, a Pfizer revolucionou ao usar tanques de até 37 mil litros. O primeiro
produto descoberto e desenvolvido pela Pfizer foi a Terramicina, capaz de
combater com eficácia bactérias responsáveis por mais de cem doenças. Com
o grande sucesso desse medicamento nos anos 50, a empresa iniciou uma
nova fase de sua história, com a abordagem sistemática de pesquisa científica.
Com o desenvolvimento crescente do setor de pesquisa e o sucesso
farmacêutico de uma série de medicamentos , a Pfizer procurou ampliar seus
horizontes e diversificar suas atividades. Foi criada a Divisão de Saúde Animal,
que desde então oferece uma ampla gama de produtos para animais de criação
e de companhia.
Enquanto isso, novas famílias de medicamentos eram desenvolvidas
pela Pfizer, com destaque para os antiinfecciosos que, em 1979 e 1981,
receberam no Reino Unido o Queen’s Award de Conquista Tecnológica. E a
cada novo lançamento de produto, a Pfizer continuava surpreendendo o mundo
pela capacidade de superação. Foi assim também com as classes de
antibiótico, antidepressivo e anti-hipertensivo.
O portfólio de produtos da Pfizer possui ainda o Viagra, um dos
medicamentos de maior sucesso em toda a história da medicina, cuja indicação
está direcionada para o comportamento e desmistificação do problema da
disfunção erétil, e o Lípitor, eficiente redutor de colesterol que alcançou a
posição de medicamentos mais vendidos no mundo.
Atualmente, a Pfizer é o maior complexo farmacêutico do mundo, com
produtos líderes de mercado em vários países e centros de pesquisa e
desenvolvimento espalhados pelos EUA, Inglaterra, França e Japão. Em função
da importância do mercado e da qualidade dos pesquisadores brasileiros, o
Brasil participa de diversas etapas das pesquisas internacionais da Pfizer.
Além de desenvolver e oferecer medicamentos cada vez mais eficazes e
seguros, a Pfizer adquiriu, em 2000, a Warner-Lambert e anunciou, em julho de
2002, a aquisição da Pharmacia, em uma transação envolvendo a troca de
ações, avaliada em US$ 60 bilhões. Essas iniciativas colocaram a Pfizer na
liderança isolada do setor farmacêutico mundial, sendo também a que mais
investe em pesquisa e desenvolvimento, aplicando mais de US$ 5 bilhões
anuais nessa área.
A inovação contínua tem sido a principal razão de crescimento da Pfizer
em mais de 150 anos de história. Essa é a força motriz que vem trazendo
produtos e serviços avançados que vão ao encontro dos objetivos de médicos,
organizações do setor e uma variedade de sistemas de cuidados com a saúde.
Acima de tudo, a estratégia da Pfizer é atender aos pacientes, ampliando
seu acesso às melhores terapias, mantendo a promessa de tratamentos futuros
e, assim, melhorando a qualidade de suas vidas.
5.3 – Pesquisa e Desenvolvimento
A Pfizer é a empresa que mais investe em
pesquisa e desenvolvimento de produtos
farmacêuticos no mundo. Ao longo da última
década, a companhia vem destinando parcela
substancial de seu orçamento para desenvolver
novos medicamentos, chegando aos US$ 5
bilhões em pesquisas no ano de 2001. Esses
investimentos resultaram em um injetável
portfólio de produtos no mercado e mais de 150
programas de estudos em andamento,
abrangendo 19 áreas terapêuticas. Com mais
de 12 mil cientistas, a Pfizer mantém seis
centros de pesquisa próprios, nos EUA,
Inglaterra, França e Japão.
Desde 1993, a Pfizer tem colocado anualmente dois lançamentos à
disposição da classe médica brasileira. Produtos inovadores, que foram de
forma rápida muito bem aceitos e consagrados pelos médicos, como o Norvasc
(amlodipina), prescrito para o tratamento da pressão arterial e isquemia; o Zoloft
(sertralina), indicado para o alívio e controle dos sintomas depressivos, TOC e
ataques de pânico; o Carduran (doxasozina), indicado para o tratamento de
sintomas da Hiperplasia Prostática Benigna; entre outros.
Nos últimos anos, a Pfizer lançou medicamentos que quebraram
paradigmas e proporcionaram melhor qualidade de vida aos pacientes. Entre
eles estão Citalor/Lípitor (atorvastatina), o mais potente redutor de colesterol; o
Celebra (celecoxib), que inovou no tratamento da dor e inflamação, e o Viagra
(citrato de sildenafil), revolucionário tratamento para a disfunção erétil. Mais
recentemente chegou ao mercado o Geodon, que trouxe novas possibilidades
para o tratamento de esquizofrenia.
Essas novidades vêm incrementando ainda mais os resultados obtidos
por produtos tradicionais como o Feldene (antiinflamatório não esteroidal),
Vibramicina (antibiótico), Diabinese (hipoglicemiante oral) e Tralen tópico
(antifúngico), compõem uma história de consagração que teve início no Brasil
com o lançamento da Terramicina, há quase meio século.
Com a aquisição da Pharmacia, em julho de 2002, a Pfizer expandirá os
programas de P&D, com cerca de 120 novas substâncias em desenvolvimento
e mais de 80 projetos em estágio avançado. Os investimentos devem superar
US$ 7 bilhões, constituindo o maior investimento privado em pesquisa
biomédica de uma organização no mundo.
Assim, nos próximos cinco anos a Pfizer espera apresentar às
autoridades regulatórias dos Estados Unidos, e também de outros países,
pedidos de aprovação para 20 novas drogas.. Assim ,novos produtos estarão
no mercado, proporcionando melhoras significativas no tratamento de algumas
doenças e, em alguns casos, até a cura. Lançamentos que, com certeza, vão
ajudar a Pfizer a seguir sua trajetória de pioneirismo iniciada há mais de 150
anos.
5.4 – Razões para a Aquisição
Mudanças na Indústria farmacêutica estão sendo dirigidas,
primeiramente, por três forças: rápidos avanços em ciência e tecnologia, a
crescente importância do poder do marketing e a emergência de pacientes
como consumidores. A “nova” Pfizer está fortemente posicionada para
beneficiar-se das excitantes oportunidades que emergem dessas mudanças na
indústria farmacêutica. A companhia terá a solidez financeira, perícia científica e
o poder do marketing para aproveitar essas oportunidades, e pretende gerar
maior crescimento e valor acionário a curto, médio e longo prazos.
“A união da Pfizer com a Pharmacia representa uma oportunidade
estratégica que imediatamente cia uma empresa farmacêutica global, com
inigualáveis recursos e capacidade”, disse Fred Hassan, presidente do Conselho
e Principal Diretor Executivo da Pharmacia Corporation.
Segundo Hank Mckinnell, Presidente do Conselho e Principal Diretor
Executivo da Pfizer, esta é uma oportunidade extraordinária para unir duas das
maiores empresas farmacêuticas de rápido crescimento e, também para
posicionar a Pfizer como uma empresa líder de longo prazo na indústria
farmacêutica global. O Sr. Mckinnell complementa dizendo: “Ao unirmos à
Pharmacia, estaremos criando condições para que nossas áreas de
descobrimento, desenvolvimento e comercialização de novos medicamentos,
seja forte em todo o mundo. A indústria farmacêutica está mudando
rapidamente. Avanços significativos na compreensão científica das origens de
doenças, irá aumentar sensivelmente metas de descobrimento de novos
medicamentos e criará importantes oportunidades para a Pfizer. Entretanto, é
cada vez mais oneroso financiar pesquisas de longo prazo e de alto risco,
necessárias ao desenvolvimento de produtos farmacêuticos. Ao mesmo tempo,
os financiadores e os fabricantes desejam, respectivamente, um alto retorno e
medicamentos a preço acessível.
5.5 – Informações financeiras
David Shedlarz, Vice-presidente Executivo e Principal Diretor Financeiro
da Pfizer, disse: “Esta aquisição corrobora nosso comprometimento de realocar
significativos recursos financeiros de nossa empresa para financiar
oportunidades de crescimento em nossa principal atividade farmacêutica. A
união com a Pharmacia irá grandemente fortalecer nossa atividade
farmacêutica global, o que nos proporcionará o ganho de valiosa eficiências e
melhoria de produtividade.
O Sr. Shedlarz mencionou os seguintes outros fatores:
• Os acionistas da Pfizer controlarão aproximadamente 77% da nova
empresa,. Enquanto os acionistas da Pharmacia deterão aproximadamente
23%;
• Considerada individualmente no período 2002 a 2004, a Pfizer espera
crescer a uma taxa anual composta de 11%, com um crescimento do lucro
líquido de 14% e do lucro por ação diluído de 16%, excluindo o efeito
cumulativo da alteração dos princípios contábeis, certos itens significativos e
os custos relacionados à fusão;
• Projeta-se um crescimento anual composto entre o período de 2002 e 2004
de 10% para o faturamento e de 19% para o lucro ajustado. O faturamento
pró-forma da nova entidade deverá aumentar para US$ 57,8 bilhões,
enquanto o lucro ajustado deverá ser de US$ 16,7 bilhões( US$ 2,18 bilhões
por ação), até 2004. O lucro diluído ajustado por ação de US$ 2,18 em 2004
será de US$ 0,06, mais alto do que a estimativa de US$ 2,12 para a Pfizer,
quando considerada individualmente;
• Como exemplo da excepcional situação financeira da empresa, a Pfizer
ampliará seu programa de recompra de ações previamente anunciado, de
US$ 10 bilhões para US$ 16 bilhões, através de compras de ações no
mercado livre, na medida em que as circunstâncias os preços assim o
permitirem, e que irá acelerar o período de recompra.
O Dr. Mckinnell concluiu, dizendo: Este é um passo importante em direção
à realização de nossa missão de nos tornarmos uma empresa altamente
valorizada para pacientes, clientes, colegas, investidores, parceiros comercias e
para as comunidades em que trabalhamos e vivemos, como uma das principais
empresas farmacêuticas globais. Compreendemos a responsabilidade que a
liderança nos impõe e continuaremos a levar em consideração assuntos
relacionados à capacidade de compra e de acesso dos nossos produtos. Nossos
continuados esforços incluirão soluções inovadoras de política, bem como a
ampliação de parcerias públicas e privadas, que versem a respeito de assuntos
globais de saúde pública.
5.6 – Perfil Corporativo
A Pfizer é uma companhia líder mundial, baseada em pesquisa, e
com uma poderosa combinação de técnica e recursos que irão ajudar a
melhorar a qualidade de vida das pessoas em todo o mundo, permitindo que
elas façam mais coisas, se sintam melhor e vivam mais . Ao fazer isso, a Pfizer
irá crescer fortemente no atual ambiente dos negócios, que está mudando
rapidamente.
Sediada nos EUA, a companhia é lider em termos de fatia do
mercado, detendo 7.9% do mercado farmacêutico mundial.
A Pfizer possui 94 unidades industriais espalhadas pelo mundo e
está presente em mais de 150 países, atuando na pesquisa, produção e
comercialização de produtos farmacêuticos para a saúde humana e animal,
higiene e consumo.
Na área de Saúde Humana, a Pfizer comercializa no Brasil
sucessos de mercado como Viagra (para disfunção erétil), Lípitor (para
colesterol alto), Celebra (para dor e inflamação), Zoloft (para depressão),
Depoprovera (para contracepção), Xalatan e Xalacom (para Glaucoma), Frontal
para ansiedade e transtorno de pânico), Mirapex (para doenças de Parkinson) e
Aldactone (para o taratamento de insuficiência cardíaca congestiva).
Entre os destaques da Pfizer na área de Saúde Animal para
grandes animais estão Dectomax (antiparasitário bovino), Terramicia LA
(antibiótico bovino), Excenel (para infecções respiratórias no gado) e Respisure
One (para pneumonia enzoótica em suínos). Desde a aquisição da Pharmacia,
a empresa passou a atuar também nos segmentos de Aves e Equinos , e na
área de Diagnóstica, com uma Divisão que é responsável pelo
Desenvolvimento e comercialização de testes, aparelhos e reagentes para
detectação de possíveis causas de alergias em pacientes.
A companhia também possui um portfólio de Consumo composto
por produtos que dispensam prescrição (OTC), produtos importantes como o
Listerine (anti-séptico bucal), Polysporin ( para escoriações leves e
queimaduras), Caladryl (para irritações na pele), Nicorette (no auxílio ao
abandono do tabagismo) e Regaine (para o tratamento da calvície). A Pfizer
tem produtos conhecidas em mais de 150 países.
Em 1999, a Pfizer iniciou seu “namoro” com a Pharmacia e
conjuntamente lançaram o antiinflamatório Celebrex, o primeiro de uma série de
inibidores seletivos COX-2. Esse lançamento tornou-se tornou-se o mais bem
sucedido da indústria em todoo os tempos. Esse medicamento se tornou o
principal produto de marca no mundo para o tratamento de artrite, tendo sido
receitado a mais de 35 milhões de pacientes em todo o mundo. Representantes
de venda da Pfizer e da Pharmacia começaram a promover um segundo
inibidor seletivo COX-2, o Bextra, em Abril de 2002. Juntos, o Celebrex e o
Bextra respondem atualmente por mais de 23% das novas receitas NSAID –
Medicamentos Anti-Inflamatórios Não Esterodais.
A maioria dos principais produtos da Pfizer, tem suas patentes
protegidas até o final desta década. Por exemplo, patentes nos Estados Unidos
para o Lípitor, tem validade até o ano de 2010, e para o Viagra, até 2011. As
patentes mais importantes da Pharmacia nos Estados Unidos, tem validade até
o final da próxima década (o Celebrex até 2013, e o extra até 2015).
A Pfizer tem sua imagem vinculada ao pioneirismo, com o
lançamento anual de pelo menos dois novos produtos nos últimos anos. Dos 130
mil funcionários da empresa no mundo, 12.500 mil são pesquisadores
envolvidos exclusivamente na busca e descoberta de novas fórmulas. Em 2002,
a empresa destinou mais de US$ 5 bilhões para pesquisa, o que representa o
maior investimento do setor.
Atualmente, a Pfizer emprega cerca de 2000 funcionários que
trabalham nas unidades industriais de Guarulhos, São Paulo e Jandira e em
dois escritórios administratrivos em São Paulo, além de escritórios de vendas
espalhados por grandes cidades brasileiras.
6 – CONCLUSÃO
As fusões e aquisições não constituem um fenômeno recente. Ano a ano,
essa transações passaram a absorver fatias cada vez maiores de seus
investimentos internacionais.
Um outro fator poderoso que impulsionou as fusões foi a possibilidade de
obter extraordinários ganhos de eficiência e economias de custo, uma vez que
investimentos só podem ser viabilizados com aumento de faturamento e da
base de clientes, além de melhorias de produtividade.
O setor Farmacêutico vem passando por inúmeras mudanças, e as
operações de Fusão, Cisão e Incorporação não são fatos isolados. Segundo
avaliação da empresa de consultoria Ernst & Young, O setor farmacêutico está
em processo de concentração”. Todas as últimas aquisições foram de
companhias com problemas de caixa e poucas inovações na linha de produtos.
Há uma certa epidemia devastando o setor farmacêutico. As multinacionais vem
perdendo mercado devido ao fim das patentes de medicamentos tradicionais
que na maioria das vezes são vendidos por preços elevados, a invasão de
genérico e a falta de blockbusters – drogas que revolucionam o mercado e
vendem mais de US$ 1 bilhão por ano. O diagnóstico: as empresas não
conseguem mais crescer a um ritmo vertiginoso de dois dígito com os quais os
investidores já estavam acostumados. O remédio: uma onda de fusões e
aquisições vai transformar a indústria nesta década. O primeiro passo nessa
direção foi dado ela Pfizer, e com a aquisição da Pharmacia se tornou líder
mundial no mercado farmacêutico com inúmeras vantagens como: ampliação
do portfólio de produtos em todos os segmentos; a “nova empresa” deverá ter
12 produtos com faturamento anual superior a US$ 1 bilhão; o orçamento
conjunto das duas empresas para P&D superou US$ 7 bilhões, o maior de
qualquer organização privada de pesquisa biomédica em todo o mundo; ampliar
sua capacidade em P&D (excelência científica).
Em contrapartida, a desvantagem que mais chama a atenção é o tempo
gasto na integração que deixa de ser dedicado ao trabalho propriamente.
Segundo os representantes de vendas da Pfizer, outra grande
desvantagem é a demissão em massa, principalmente no setor que os mesmos
atuam. Após uma redução no quadro de representantes, os setores de atuação
são ampliados levando à desconforto e insatisfação de grande parte da equipe.
Com os setores ampliados, muitos médicos acabam ficando sem receber
visitas, pois o representante terá que selecionar os médicos de maior potencial.
Desta forma cria-se um certo mal estar da classe médica com relação à
empresa.
Cabe aqui ressaltar, que face ao novo mercado mundial, e a
internacionalização das indústrias, vem-se Brasileira de 1998 garante como
princípio da ordem econômica a liberdade de iniciativa, todavia isso não quer
significar apenas que cada um pode montar os seus negócios após aprovado
verificando um grande problema econômico, que é o relativismo da liberdade de
iniciativa. AS Constituição os requisitos legais, mas sim a necessidade de uma
garantia efetivamente prática. O mercado deve ser controlado, para que novas
empresas possam surgir e desclassificar outras obsoletas. Deve-se propiciar
não só os incentivos as empresas iniciantes, mas também fazer valer um
controle rígido sobre qualquer forma de abuso de domínio de mercado. Tal
abuso não deve ser controlado apenas sob a ótica da Concentração de
empresas, mas também sobre outros atos que muitas vezes disfarçados,
simulam eficiência empresarial, mais não deixam de ser manifestação de
torpeza para com seus concorrentes.
No que tange aos atos de Concentração, o CADE vem efetivando seu
papel na busca de um controle mais eficiente. No entanto, apesar desse órgão
Administrativo trabalharem em conformidade com uma lei que pode-se dizer
moderna, nosso entendimento é que ela deve ser revista em alguns pontos, de
modo a facilitar a busca da verdade nas informações colhidas e a própria
rapidez do trabalho.
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número 3 – Jul/Set 2002 . Fusões e Aquisições na indústria farmacêutica e
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