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ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010. PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Exigências nutricionais em proteína para caprinos Lizziane da Silva Argôlo 1* , Mara Lúcia Albuquerque Pereira 2 , Jacqueline Firmino de 1 , Evanilton Moura Alves 1 1 Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Praça Primavera, 40, Bairro Primavera, 45700-000, Itapetinga, Bahia- Brasil. 2 Prof. D.Sc. Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais (DEBI). Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Praça Primavera, 40, Bairro Primavera, 45700-000, Itapetinga, Bahia-Brasil. Resumo A proteína é um nutriente que tem sido objeto de estudo em várias pesquisas, tendo ampla importância nutricional, pois participa na formação e manutenção dos tecidos, no transporte de nutrientes, na contração muscular e na estrutura de hormônios e enzimas As proteínas representam entre 15 e 20% do corpo, sendo que aproximadamente a metade está contida na massa muscular. A deficiência prolongada de proteína na dieta pode diminuir os estoques desta no sangue, no fígado e nos músculos, predispondo os animais a várias doenças, além de reduzir a eficiência de utilização dos alimentos em razão de alterações nas funções * Correspondência: [email protected]

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína ... · dos tecidos, no transporte de nutrientes, na contração muscular e na estrutura de hormônios e enzimas As proteínas

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ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Exigências nutricionais em proteína para caprinos

Lizziane da Silva Argôlo1*, Mara Lúcia Albuquerque Pereira2, Jacqueline Firmino de

Sá1, Evanilton Moura Alves1

1Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

(UESB), Praça Primavera, 40, Bairro Primavera, 45700-000, Itapetinga, Bahia-

Brasil. 2Prof. D.Sc. Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais (DEBI).

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Praça Primavera, 40, Bairro

Primavera, 45700-000, Itapetinga, Bahia-Brasil.

Resumo

A proteína é um nutriente que tem sido objeto de estudo em várias pesquisas,

tendo ampla importância nutricional, pois participa na formação e manutenção

dos tecidos, no transporte de nutrientes, na contração muscular e na estrutura de

hormônios e enzimas As proteínas representam entre 15 e 20% do corpo, sendo

que aproximadamente a metade está contida na massa muscular. A deficiência

prolongada de proteína na dieta pode diminuir os estoques desta no sangue, no

fígado e nos músculos, predispondo os animais a várias doenças, além de reduzir

a eficiência de utilização dos alimentos em razão de alterações nas funções

* Correspondência: [email protected]

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

ruminais. Diversos trabalhos têm mostrado uma grande variação nas exigências

de proteína para caprinos e outros ruminantes, que podem estar relacionadas a

fatores A grande maioria dos trabalhos que estima ou faz recomendações sobre

exigências nutricionais de pequenos ruminantes, particularmente caprinos, no

Brasil, utiliza ou extrapola dados obtidos com ovinos e/ou bovinos, além de diferir

daquelas preconizadas internacionalmente, o que tem sido relacionado, em parte,

a variações nas condições de ambiente e alimentação, tornando-se necessários

estudos mais acurados para a espécie caprina, especialmente àquelas espécies

nativas ou naturalizada no país.

Protein requirements of goats

Abstract

Protein is a nutrient that has been the object of study in various polls, with

extensive nutritional importance, because participating in the formation and

maintenance of tissues in the transport of nutrients in muscle contraction and the

structure of hormones and enzymes Proteins represent between 15 and 20% of

the body, and that nearly half is contained in muscle mass. The prolonged

deficiency of protein in the diet may reduce the stockpiles of the blood, liver and

muscles, predisposing the animals to various diseases, and reduce the efficiency

of utilization of food due to changes in rumen functions. Studies have shown a

wide variation in the requirements of protein for goats and other ruminants,

which may be related to factors. The vast majority of studies that estimate or

make recommendations on nutritional requirements of small ruminants,

especially goats, in Brazil, using or extrapolates data obtained from sheep and/or

cattle, in addition to differ from those envisaged internationally, which has been

linked in part, The variations in terms of environment and food, becoming more

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accurate studies needed for the goats, particularly those species native or

naturalized in the country.

INTRODUÇÃO

A eficiência produtiva e econômica dos sistemas de produção animal depende

do uso de medidas racionais de manejo, especialmente em relação a nutrição dos

animais, visto que a alimentação representa o maior custo da atividade pecuária

(Martins et al., 2000; Galvani, 2008). Neste sentido, o balanceamento coerente

das dietas possui extrema importância, tornando-se necessário o conhecimento

dos hábitos alimentares, da composição bromatológica, da disponibilidade de

nutrientes nos distintos alimentos, da eficiência de utilização dos alimentos e das

exigências nutricionais dos animais (Resende et al., 2005; Galvani, 2008).

A caprinocultura é uma atividade que vem se desenvolvendo muito nos últimos

anos e tem constituído um setor importante do agronegócio mundial,

contribuindo para o fornecimento de couro, fibra, carne, leite e seus derivados. A

população mundial de caprinos é de 861,9 milhões de cabeças (FAOSTAT, 2008),

sendo que a maior parte está concentrada nos países africanos e asiáticos. A

expansão da produção de caprinos tem sido comprovada pelo aumento em 75%

do efetivo mundial destes animais nas últimas duas décadas.

O Brasil possui um rebanho efetivo de caprinos com mais de 10 milhões de

cabeças, segundo o IBGE (2005) e 92,6% do rebanho caprino nacional (9,5

milhões) encontra-se na região Nordeste do país.

Notadamente, verifica-se o crescimento da caprinocultura no cenário

agropecuário brasileiro, tanto para a caprinocultura leiteira quanto para de carne.

Em 1996 a produção de leite, no Brasil, foi de 21. 900 litros (IBGE, 1996)

aumentando para 40. 694 litros em 2004 (FAOSTAT, 2004). Além disto, vem

superando o constante desafio de conquistar e manter novos mercados para o

leite de cabra e seus derivados.

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A produção de carne aumentou nas últimas décadas em 77% (FAOSTAT,

2005), entretanto a exploração da carne caprina no Brasil ainda é considerada

baixa, apenas 0,9% da produção mundial (FAOSTAT, 2005), o que pode ser

devido aos baixos índices de produtividade e ao baixo nível tecnológico dos

sistemas de produção ressaltados pela não utilização de raças especializadas para

corte.

Ao mesmo tempo em que se discute sobre tecnificar os sistemas de produção,

não há dúvidas de que a alimentação também merece atenção, principalmente

por parte dos pesquisadores, uma vez que contribui para o sistema como sendo a

maior parcela de custo. O fornecimento de dietas que atendam às necessidades

dos animais pode evitar prejuízos econômicos e ambientais, reduzindo o

desperdício de nutrientes e minimizando a deposição de poluentes no ambiente

(Resende et al., 2005).

As exigências nutricionais, por sua vez, diferem-se entre espécies devido às

diferenças no hábito de pastejo, nas atividades físicas, consumo de água, seleção

de alimentos, composição de leite, composição de carcaça, desordens metabólicas

e parasitas (NRC, 1981), além de sofrerem influência de diversos fatores como

raça ou grau de sangue, sexo, taxa de crescimento, estado fisiológico, condições

ruminais, tipo de dieta utilizada, além do fator climático que também pode afetar

as exigências nutricionais (AFRC, 1998).

Todavia, muito pouco tem sido estudado acerca das exigências nutricionais de

caprinos nas condições brasileiras, sendo raros os estudos sobre eficiência de

utilização dos nutrientes absorvidos. Como conseqüência, no Brasil ainda hoje as

dietas são balanceadas com base nas recomendações de Sistemas Nutricionais

Internacionais, como o AFRC (1993) e o NRC (1981; 2007), o que resulta, muitas

vezes em desempenho diferente daqueles estimados por estes Sistemas.

De acordo com Valadares Filho et al. (2005), informações sobre exigências

nutricionais e de composição dos alimentos representariam uma alternativa mais

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eficaz de aumento da produtividade e economicidade das dietas dos animais

criados no Brasil, considerando-se que tentativas de moldar os padrões

internacionais à realidade brasileira, o que tem sido praticado atualmente, na

maior parte das vezes traz resultados que não condizem com esta realidade.

Desse modo, torna-se fundamental a ampliação de conhecimentos disponíveis,

visando a melhoria da caprinocultura brasileira.

Neste contexto esta revisão tem como objetivo compilar alguns resultados para

exigências nutricionais em proteína para caprinos e comparar o que tem sido

preconizado com os achados no Brasil.

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS EM PROTEÍNA

1. Histórico

O suprimento das necessidades nutricionais dos ruminantes depende,

principalmente, do conteúdo de energia e proteína da dieta, que podem ser

utilizadas pela microbiota ruminal ou escapar da fermentação no rúmen, sendo

absorvidos nos demais compartimentos do sistema digestório. A fermentação

ruminal e a digestão pós-ruminal dependem da concentração total de

carboidratos e proteínas na dieta e de suas taxas de degradação (Mello e

Nörnberg, 2004). Além disso, o fornecimento dos alimentos para os animais

depende do sincronismo entre suprir as exigências nutricionais para determinada

produção conjuntamente com a otimização do lucro em função desta produção.

Isto, por sua vez, requer informações específicas sobre a exigência nutricional

para cada função produtiva e sobre a ingestão dos alimentos e a contribuição de

cada um para atingir esta exigência (Fernandes, 2006). Diante disso, diversos

países agregaram informações e compilaram dados sobre exigências nutricionais

de caprinos em alguns comitês, para que estas informações sejam

disponibilizadas para produtores e pesquisadores.

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

Nos Estados Unidos, o National Research Council (NRC) da National Academy of

Sciences iniciou, em 1942, o desenvolvimento de padrões alimentares para

diversas espécies. O NRC para caprinos – Nutrient Requirement of Goat (NRC,

1981) foi uma das primeiras referências a reunir vários dados em um mesmo

documento, listando as exigências nutricionais de caprinos em vários estágios de

produção. Este documento, ainda hoje é utilizado por alguns grupos como

referência em exigências nutricionais de caprinos, embora esteja baseado em

bovinos e ovinos.

Com relação à proteína as exigências foram expressas, pelo NRC (1981) de

caprinos, como proteína total e proteína digestível, entretanto, este sistema não

distingui entre proteína dietética degradada e não degradada no rúmen e nem

considera a síntese de proteína microbiana. O maior limitante do uso de proteína

bruta ou digestível como uma medida de disponibilidade e utilização protéica é

que esta não quantifica e nem diferencia a forma de nitrogênio presente nos

alimentos e sua conseqüente utilização pelos microrganismos.

O INRA – Institut National de la Recherche Agronomique, em 1988, compilou

alguns trabalhos sobre exigências nutricionais de caprinos, onde foram mais

aprofundados os conceitos para proteína que para energia. O conceito que este

sistema utiliza para proteína é o da “proteína digestível intestinal”, a qual

determina o valor protéico dos alimentos e as exigências dos animais em termos

da quantidade de aminoácidos realmente absorvidos no intestino delgado. No

entanto, as relações utilizadas para o estabelecimento de todas as equações

utilizadas tanto para o aporte energético quanto protéico foram baseados em

experimentos com bovinos e ovinos, além de que, não foi estabelecida uma

exigência específica para caprinos de corte.

Em 1998, os pesquisadores em nutrição de caprinos do AFRC – Agricultural and

Food Research Council (AFRC, 1998) divulgaram uma revisão dos dados sobre

composição corporal de caprinos e seus produtos; a ingestão e fisiologia

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digestiva; e as exigências nutricionais em energia, proteína, minerais e vitaminas,

focando o estudo em trabalhos sobre caprinos realizados no Reino Unido. Nesta

compilação, as exigências nutricionais obedeceram ao método fatorial (ARC,

1980), o qual fraciona a exigência líquida em seus diversos componentes de

produção:

Exigência total = exigência de mantença + exigência de ganho + exigência de

gestação + exigência de lactação + exigência para exercício ou trabalho

As exigências protéicas são baseadas no sistema de proteína metabolizável

recomendada pelo AFRC (1992), o qual representa a quantidade de proteína que

chega ao intestino delgado e que está disponível para o animal.

Apesar do fundamento do AFRC (1998) ser, dentre os Sistemas Internacionais,

o mais complexo, porque se fundamenta na composição corporal e dos produtos

para a estimativa das exigências nutricionais, vários valores são extrapolados de

experimentos com bovinos e ovinos (ARC, 1980), devido, especialmente, à

quantidade limitada de trabalhos com caprinos.

Os conteúdos corporais de proteína retidos no corpo dos animais têm sido

preditos por meio da equação do logarítimo (log) dos conteúdos corporais de

proteína em função do log do peso de corpo vazio (PCVZ), conforme o ARC

(1980):

logy = a + b logx + e

em que logy é igual log na base 10 do conteúdo total da proteína no corpo vazio

em grama (g); “a” é o efeito da média (intecepto); “b” é o coeficiente de

regressão do log do conteúdo de proteína em função do PCVZ; logx é igual ao log

de peso de corpo vazio por quilo (kg); “e” é o erro aleatório.

Derivando-se a equação acima, se obtém a equação de predição do conteúdo

de proteína por kg de ganho de PCVZ. Dessa forma, as exigências líquidas de

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proteína para ganho em kg de PCVZ correspondem aos respectivos conteúdos no

ganho de corpo vazio a partir da equação:

Y’ = b.10a X(b-1)

em que Y’ é o conteúdo de proteína (g) no ganho; “a” é o intercepto da equação;

“b” é o coeficiente de regressão da equação e X é o PCVZ (kg).

Para conversão da exigência líquida para ganho de PCVZ em exigência líquida

para ganho de PV, utiliza-se um fator obtido pela relação entre PV e PCVZ.

Em 2004, um grupo de pesquisadores da Universidade de Langston, nos

Estados Unidos, reuniu alguns trabalhos sobre exigências nutricionais de caprinos

que resultou em uma publicação especial da revista Small Ruminant Research

(2004, Volume 53, número 3). As exigências determinadas neste estudo foram

calculadas empiricamente, estimando-se as exigências de proteína através da

regressão do consumo de proteína metabolizável em função da produção, como

ganho de peso, produção de leite, e crescimento da fibra. Os fatores que

poderiam estar interferindo nestas equações são aqueles relacionados ao

enchimento ruminal e às variações na composição do ganho, os quais não são

considerados no cálculo, mas influenciam na determinação das exigências. A

vantagem deste método é que os dados podem ser obtidos de situações usuais

de produção e o grau de confiabilidade da linha de regressão, da aplicação das

exigências obtidas por esta análise e o coeficiente de variação dependerá do

número de experimentos fornecedores dos dados usados para a base dos

cálculos, e se fatores como raça, aptidão produtiva e idade são considerados. As

recomendações para requerimentos de proteína para caprinos baseadas nesse

estudo foram utilizadas pelo NRC como base de dados para a recente edição NRC

- Nutrient Requirements of Small Ruminants de 2007.

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

No Brasil, alguns grupos de pesquisa em Caprinocultura, da Universidade

Estadual Paulista, campus de Jaboticabal, da Universidade Federal Rural de

Pernambuco e da Universidade Federal de Viçosa, têm realizado diversos estudos

sobre exigências nutricionais de caprinos. Os pesquisadores envolvidos utilizaram,

preferencialmente, o método direto (Resende, 1989; Ribeiro, 1995; Sousa et al.,

1998; Ferreira et al., 2005; Teixeira, 2004; Fernandes et al.2007; Alves et al.,

2008; Fernandes et al., 2008; Resende et al., 2008) para a determinação da

composição corporal e das exigências, as quais têm sido estimadas em termos de

“exigência líquida”, que corresponde a quantidade do nutriente depositada no

ganho, no feto e estruturas necessárias a gestação, no leite e gastos com

manutenção e exercícios ou atividade.

2. Exigências Nutricionais em Proteína para Mantença

As exigências de proteína podem ser expressas de diferentes formas, tais

como, proteína bruta (PB), proteína degradável (PD), proteína degradável no

rúmen (PDR), proteína não degradável no rúmen (PNDR), proteína metabolizável

(PM) e proteína líquida (PL), conforme os dados fornecidos por cada sistema de

alimentação (Medeiros et al., 2001).

A exigência de proteína para mantença é a quantidade de proteína necessária

para repor as perdas de nitrogênio na urina, fezes, descamação da pele. Esta não

coincide com a exigência de energia para mantença, pois mesmo quando a

retenção de energia é zero ainda ocorre balanço positivo de nitrogênio no animal

(CSIRO, 2007).

A exigência de proteína para mantença é representada pela soma do nitrogênio

urinário endógeno (NUE), mais o nitrogênio metabólico fecal (NFE), mais as

perdas de nitrogênio pelas escamações da pele e queda inevitável de pêlos

multiplicado pelo fator 6,25 (ARC, 1980). O NUE é a quantidade mínima de

nitrogênio excretada na urina, que é oriunda da oxidação dos aminoácidos e do

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custo da mantença associado a reciclagem de nitrogênio (CSIRO, 1990). O NFE

inclui perdas enzimáticas e das células epiteliais, células de microrganismos

ruminais e intestinais, as quais também contribuem para proteína bruta fecal, no

entanto não são perdas endógenas verdadeiras (Resende et al., 2008). Já as

perdas de nitrogênio por descamação da pele normalmente são estimados em

função do peso corporal (NRC, 2007).

Para a estimativa da proteína metabolizável de mantença (PMm) deve se dividir

a proteína líquida de mantença (PLm) pela eficiência de utilização da proteína

(kpm). Esta, por sua vez, varia grandemente entre os sistemas de alimentação,

sendo de 0,85 para ARC (1980), 1,00 para AFRC (1998) e segundo o NRC (2001)

é de 0,67 para perdas fecais e urinárias e 0,60 para perdas na pele. O AFRC

(1993) concluiu que kpm é alto, em comparação à eficiência para outros tecidos,

devido, em partes, à obrigatoriedade da reposição para mantença, com

aminoácidos prontamente disponíveis para absorção e renovação de outros

tecidos. Assim, assumindo uma kpm de 0,67 e 1,00, a PMm seria 3,6 e 2,44 g/ kg

PCVZ0,75, respectivamente, a qual é menor quando comparado à recomendação

de 3,8 g/kg PV0,75 para bovinos (NRC, 2000).

Dois métodos têm sido utilizados para determinar a exigência protéica para

mantença, o primeiro é estimado pelo método do abate comparativo por meio das

perdas mínimas nas fezes (NFE), na urina (NUE), nos pêlos e nas secreções da

pele (NDP), e o segundo, em ensaios de alimentação, pelo balanço de nitrogênio,

em que a mantença representa o equilíbrio (balanço zero) que apresenta

normalmente valores maiores (Resende et al., 2001). As exigências diárias de

proteína para caprinos em crescimento podem ser definidas como a soma das

exigências para manutenção e ganho.

O CSIRO recomenda tanto para ovinos quanto para caprinos a seguinte

equação:

NUE (g/dia) = 0,147 PC + 3,375

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Essa equação foi preconizada para ovinos pelo ARC (1980), a qual leva em

consideração o peso corporal (PC).

O NRC (1981) considerou um valor, para mantença, de 2,8 g de PD ou 4,2 g de

PB/kg de peso vivo (PV0,75) e foi estabelecido, recentemente, um requerimento de

3,07 g de PMm/kg PV0,75 para mantença de todos biotipos de caprinos em

crescimento (NRC, 2007). O AFRC (1998) preconiza para cabritos, 2,4 g de

PMm/kg PV0,75/ dia, e sugeriu um valor de PL para mantença (PLm) de 2,2 g/kg

PV0,75/dia e o INRA (1989) de 2,30 g/ kg PV0,75, baseada no balanço de nitrogênio

de bodes. No Brasil, Silva Sobrinho (1989) estimou a exigência de proteína para

manutenção de cabras em 3,1 g de PB/kg PV0,75/dia, utilizando dados de N

metabólico fecal e urinário endógeno.

Em outro estudo com cabritos da raça Saanen em crescimento, foi estimada a

exigência de PLm em 1,32 g/kg de peso de corpo vazio (PCVZ0,75)/dia, para

animais não castrados de 5 a 20 kg PV (Medeiros et al., 2001). Ferreira (2003)

estimou valores de 2,2 g/kg PCVZ0,75/dia, para cabritos Saanen castrados de 20 a

35 kg PV. Semelhantemente, Teixeira (2004) utilizando animais F1 Boer x Saanen

estimou as exigências líquidas de mantença em proteína em 2,4 e 2,6 g PLm/kg

PV0,75/dia, para cabritos com PV variando de 5 a 15 kg e de 15 a 25 kg,

respectivamente.

Os valores para o requerimento de proteína metabolizável para mantença de

caprinos da raça Angorá em crescimento e adultos obtidos por Luo et al.(2004a)

e Luo et al. (2004b) foram de 3,07g PMm/kg PV0,75 e de 4,30 e 3,35 g PMm/kg

PV0,75, respectivamente. Sahlu et al. 2004 detectaram diferenças nas exigências

de PM entre os animais da raça Angorá e demais grupos (de corte, leite e nativos)

sendo recomendado 4,30 e 3,07 g de PMm/kg PV0,75, respectivamente.

Empregando o método do abate comparativo e do balanço de nitrogênio (BN),

Fernandes et al. (2007) utilizou cabritos com constituição genética ¾ Boer e ¼

Saanen, não castrados, com aproximadamente 60 dias de idade e de 20 a 35kg e

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estimou valores de 2,44±0,4 g de PLm/kg PCVZ0,75 (ou 2,04±0,3 g de PLm/kg

PV0,75) e 2,23 g PLm/kg PCVZ0,75, respectivamente às técnicas empregadas. Já a

exigência dietética de proteína para mantença (quando BN = 0) foi estimada em

3,66 g de PB/ kg PCVZ0,75 cujo valor foi inferior ao estimado pela técnica do abate

comparativo que foi de 6,57 g de PB/ kg PCVZ0,75. A variação nos valores de PLm

para caprinos pode ser atribuída a fatores como raça, condições experimentais e

métodos de determinação. Coletivamente, estes resultados sugerem que uma

única recomendação para todas as raças e condições físicas pode não ser

adequada e que métodos mecanicistas, que levam em consideração todos estes

fatores, sejam necessários para precisamente estimar as exigências protéicas

para condições específicas de animais e alimentos.

3. Exigências Nutricionais em Proteína para Crescimento e Ganho de Peso

O conhecimento da composição corporal é de grande importância para a

predição das exigências nutricionais, além disso, a sua determinação é essencial

em estudos de nutrição para avaliar alimentos e potencial de crescimento dos

animais utilizados nos diferentes sistemas de produção (Medeiros et al., 2001;

Teixeira, 2004; Resende et al., 2005), para obtenção de carcaças com maior

proporção de músculos e quantidades adequadas de gordura (Alves et al., 2008)

e, ainda possibilita a estimativa das exigências de proteína para o ganho de peso

dos animais (Putrino et al., 2006). Diversos fatores podem interferir na

composição corporal do animal e conseqüentemente na quantidade e local de

deposição dos tecidos, como, estádio fisiológico, sexo, peso, taxa de crescimento,

composição da dieta e categoria animal (ARC, 1980; AFRC, 1993; AFRC, 1998;

CSIRO, 2007) e suas interações. Além desses fatores, o genótipo exerce grande

influência sobre a composição corporal e as taxas de crescimento (Garrett, 1980;

Webster, 1986), assim como a idade (Webster, 1986; Sanz Sampelayo et al.,

1987).

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De acordo com Greenhalgh (1986), o termo composição corporal diz respeito

à composição química de todo corpo do animal. Conforme Lofgreen et al. (1962),

a composição corporal do animal é aquela relacionada à composição do corpo

vazio, o qual é obtido pela diferença entre o peso vivo e peso dos conteúdos do

trato gastrintestinal e bexiga.

Diversas metodologias são utilizadas para a determinação da composição

corporal, em geral, elas podem ser divididas naquelas medidas no animal vivo e

aquelas determinadas após o abate. As metodologias realizadas no animal vivo

permitem avaliar a composição corporal várias vezes no mesmo animal, sendo

não destrutivas, entretanto, algumas delas apresentam repetibilidade

inconsistente, alto custo e são justificáveis apenas sob certas condições

ambientais (Stanford et al., 1998). Dentre estas se destacam a gravidade

específica da carcaça, gravidade específica da secção de 9ª e 11ª costelas, ultra-

sonografia (Stanford et al., 1995), tomografia computadorizada, condutividade

elétrica do corpo ou TOBEC (Wishmeyer et al., 1996), impedância bioelétrica ou

BIA (Berg e Marchello, 1994), as técnicas de diluição utilizando uréia (Kock e

Preston, 1979), água tritiada (Resende, 1989) ou óxido de deutério (Martin e

Ehle, 1986).

A estimativa da composição corporal obtida pelo método direto (após o abate)

é o mais utilizado e o mais preciso, é alcançada por meio de moagem completa

de todos os constituintes corporais (Sousa et al., 1998; Valadares Filho et al.,

2005; Alves et al., 2008). Entretanto, apresenta inconvenientes por desperdiçar

as partes comestíveis ou partes delas, além de ser laborioso e permitir apenas

uma avaliação por animal (Alves et al., 2008).

Os principais componentes químicos do corpo de um animal são água,

gordura, proteína e minerais. Estes, assim como os componentes físicos, podem

variar com o crescimento em função de diversos fatores. Estas variações

conduzem a diferenças nos requisitos nutricionais dos animais. Animais jovens

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apresentam maiores proporções de proteína e de água no corpo e, com a

maturidade, ocorrem aumentos nas proporções de gordura, acompanhadas por

decréscimos nas proporções de água, proteína e cinzas (Berg e Butterfield,

1976). Da mesma forma, a deposição de osso, músculo e gordura na carcaça

ocorre a diferentes taxas de crescimento, conforme a idade e peso do animal

(Owens et al., 1993).

O crescimento é definido como o aumento da massa dos tecidos corporais,

seja pela produção e multiplicação de novas células, ou pelo aumento do

tamanho das células existentes, mais que um simples acréscimo de gordura,

músculo e osso (Garrett, 1980; Owens et al. 1993).

Conforme Shahin et al. (1993), a proporção e a velocidade com que os tecidos

se acumulam no corpo influenciam o ganho de peso vivo, a eficiência alimentar, a

composição corporal e, conseqüentemente, as exigências nutricionais. O NRC

(2000) relata que o teor de proteína corporal apresenta comportamento

quadrático em relação ao peso corporal vazio, com relações inversas: quanto

maior o peso corporal, menor o conteúdo de proteína. Dessa forma, as diferenças

nas exigências de proteína para ganho são atribuídas às variações na composição

do ganho de peso (Garrett et al., 1959; Geay, 1984). De um modo geral, a

maioria dos estudos indica redução nas exigências líquidas de proteína à medida

que o peso corporal aumenta (Medeiros et al., 2001; Teixeira, 2004). Tendo em

vista a importância do peso à maturidade do animal nas exigências para ganho, é

necessário o conhecimento do peso à maturidade dos caprinos criados no Brasil,

considerando raça, idade, sexo e taxa de ganho (Resende et al., 2008).

Os dois fatores gerais necessários para predizer a PM para ganho (PMg) são a

concentração de proteína em ganho tecidual e a eficiência de utilização da

proteína metabolizável para ganho (kpg). A concentração de proteína decresce

com o aumento do conteúdo de energia bem como com o aumento da taxa de

crescimento (NRC, 2000; NRC, 2007). Como as aproximações são dadas de

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

preferência a existência de meios acurados para predizer as concentrações de

proteína no ganho tecidual ou acréscimo de proteína e aplicação de um kpg

apropriado. Assume-se que este fator varia entre os sistemas, sendo necessário

que os pesquisadores compreendam qual é o melhor kpg.

O CSIRO estimou o ganho de proteína no corpo vazio para animais em

crescimento levando em consideração o consumo como múltiplo da mantença

(L)-(1) e para animais adultos levou-se em consideração diferentes variáveis, tais

como, L (2), escore corporal (3) e peso a maturidade do animal, utilizando as

equações na ordem:

1) Proteína/kg PCVZ = (5 + 0,1*(L-2)) + (3,3 – 0,1*(L-2)) / (1 + e (-6*PC/PPR-0,4))

2) Proteína/kg PCVZ = (212 + 4*(L-2)) + (140 – 4*(L-2)) / (1 + e (-6*PC/PPR-0,4))

3) Proteína (g/kg PCVZ) = 124 – 17,3*EC

Alguns trabalhos foram realizados no Brasil objetivando determinar a

composição corporal e exigência líquida de proteína para caprinos em

crescimento. Medeiros et al. (2001) e Teixeira (2004) em seus respectivos

trabalhos estimaram a concentração de proteína no corpo vazio de 173,6 a 180 e

178 a 193,4 g/kg PCVZ. Fernandes et al. (2007) encontraram concentrações

relativas de proteína de 170,3, 173,2 e 175,9 g/kg de PCVZ para cabritos

mestiços Boer e Saanen com 20, 27 e 35 kg, nesta ordem. Foi verificado que em

caprinos da raça Moxotó o conteúdo de proteína no peso do corpo vazio

mantiveram-se praticamente constantes, de 205,6 para 201,69 g/kg PCVZ (Alves

et al., 2008). Quanto às exigências de proteína para ganho em PCVZ, os

resultados encontrados no Brasil variam de aproximadamente 170 a 232 g/kg

PCVZ (Souza et al., 1998; Medeiros et al., 2001; Teixeira, 2004; Ferreira et al.,

2005; Fernandes et al., 2007; Alves et al., 2008).

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

Resende (1989) e Ribeiro (1995) trabalhando com caprinos sem raça definida

(SRD) x Alpina ou Toggenburg de 5 a 25 kg de PV encontraram exigências

líquidas de proteína para ganho de 147 a 172 g/kg e 145 a 151 g/kg de ganho,

respectivamente. Sousa et al. (1998) relataram valores de 168 a 183 g PLg/kg de

ganho para cabritos da raça Alpina de 18 a 26 kg de PV. No trabalho realizado por

Medeiros et al. (2001), para cabritos Saanen de 5 a 20 kg, a exigência de PLg foi

estimada em 181 a 184 g/kg de ganho. Já Ferreira (2003) estimou a exigência

PLg em 221 a 227 g/kg de ganho, verificando que a medida que o ganho de peso

dos animais aumentou, os valores de exigências líquidas também aumentaram.

Em um estudo com cabritos F1 Boer x Saanen, em fase inicial do crescimento, as

exigências líquidas para ganho variaram de 135 a 165 g PLg/kg de ganho de PV

(Teixeira, 2004). No trabalho de Fernandes et al. (2007) essa exigência variou de

178,8 e 185,2 g/kg de ganho. Os valores de exigência de PLg de PV de caprinos

Moxotó pesando entre 15 e 25 kg de PV variaram entre 198,65 e 194,88 g/kg de

ganho (Alves et al., 2008). As variações observadas nas estimativas de

exigências nos diversos trabalhos podem estar relacionadas a fatores como sexo,

idade dos animais, raça ou grau de sangue, taxa de crescimento, estado

fisiológico e composição corporal (Lu et al., 1987).

O NRC (1981) estabelece a exigência de proteína para ganho de 0,284 g PB/g

de ganho de PV, sendo a média de três valores obtidos por três trabalhos.

Enquanto que o AFRC (1993) sugere, para machos castrados, a equação:

Concentração de proteína líquida [PL] (g/kg de ganho de PV) = 157,22 –

0,694PV. Dessa forma, utilizando-se a equação sugerida por este comitê, para

cabritos castrados de 20 kg de PV, a exigência de proteína no ganho é de 143,34

g/g de ganho de PV/dia. A deposição de proteína no ganho para cabritos da raça

Moxotó de 20 kg PV foi de 196 g/g de ganho de PV (Alves et al., 2008), sendo

27% superior ao preconizado pelo AFRC (1998). Utilizando análises de regressão,

como também foi feito para estimar as exigências de mantença, Luo et al.

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

(2004a) determinaram o requerimento de proteína metabolizável (PM) para

ganho de peso corporal de 0,404 g/g de ganho para caprinos de corte e 0,290

g/g de ganho para biotipos leiteiros e nativos (NRC, 2007).

Para conversão de proteína líquida em metabolizável, têm sido consideradas as

recomendações do AFRC (1998), que preconiza valor de 0,59 para eficiência de

utilização da proteína metabolizável (kpg) para ganho em peso. Este mesmo valor

foi adotado pelo NRC (2007) para eficiência de uso de PM de origem alimentar

para ganho tecidual por cabritos.

4. Exigências Nutricionais em Proteína para Cabras em Gestação

A gestação inclui tecidos do feto, fluidos fetais e tecidos relacionados, útero e

glândula mamária. O desafio primário encontrado pelas cabras é uma queda

significativa no consumo de alimentos com a aproximação do parto ao mesmo

tempo em que a demanda por nutrientes está em progresso a cada dia. Durante

o período de três a quatro semanas que antecedem ao parto a dieta a ser

calculada para este período deverá elevar os níveis de energia e proteína, para

que os animais atendam as necessidades do crescimento fetal em momento de

decréscimo no consumo de matéria seca, contudo sem aumento exagerado no

uso de concentrados (Batista, 1991). A ingestão de matéria seca por cabras no

final de gestação é menor (Zambom et al., 2006), como conseqüência da

compressão do rúmen pelo útero.

Com a falta de dados publicados acerca da composição do feto e produtos da

concepção nas cabras, e como a duração da gestação e o peso dos cabritos recém

nascidos são muitos semelhantes aos das ovelhas, o AFRC (1993) considera que

pode-se utilizar os dados do ARC (1980) correspondente as ovelhas para estimar

as exigências para cabras nesta fase.

Informações concernentes aos efeitos da ingestão protéica na dieta de cabras

em gestação são limitadas. As recomendações do NRC (1981) para ingestão de

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

proteína de origem alimentar durante a segunda metade da gestação foram

estimadas com base em dois estudos conduzidos na Índia e África durante a

década de 70. O requerimento de PB foi de 6,97 g/kg PV0,75 para mantença mais

gestação, o requerimento de PB para gestação foi calculado no valor de 2,82 g/kg

de PV 0,75, sendo recomendado 82 g de PB/ dia para todas as espécies de cabras

na metade final de gestação (NRC, 1981). Entretanto, devido ao pequeno número

de observações nestes dois estudos, a diferenças climáticas, condições de manejo

e tamanho dos animais, os resultados para exigências não são aplicáveis a todos

os rebanhos de caprinos.

Em experimento realizado em 44 primíparas da raça Alpina, Sahlu et al. (1992)

encontraram valores de proteínas disponíveis para gestação de 3,4, 5,5 e 8,5 g

de PB/kg de PV0,75 respectivamente para cabras alimentadas com 9, 11,5 e 14%

de PB com base na matéria seca das dietas, sendo estes valores mais elevados

que 2,82 g/kg de PV0,75.

O AFRC (1998) propôs que as demandas do terceiro, quarto e quinto mês de

gestação, respectivamente totalizou 6,1, 14,6 e 27,4 g de PL/dia ou 7, 17 e 32 g

de PM/dia para a proteína. O INRA (1988) não propõe acréscimos para o terceiro

mês, mas para o quarto e quinto mês, respectivamente eles recomendam

aumentos equivalentes a 31 e 62 g de PM/dia para a proteína.

No Brasil muito pouco tem sido estudado sobre as exigências nutricionais em

proteína para cabras em gestação. Moulin (1991) pesquisando a composição

corporal de 50 cabras SRD em gestação, com um ou dois fetos, estimou aos 100

dias de gestação uma porcentagem de 17,1 e 16,8 de PB, respectivamente e para

animais com 140 dias de gestação os valores foram de 15,8 e 17,4% de PB, para

um e dois fetos, nesta ordem.

Para gestação, Fandiño (1989), também trabalhando com cabras SRD com um

e dois fetos, com 42 kg PV, concluiu que as exigências de proteína no período de

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

100 a 140 dias de gestação, incluindo a mantença, foram de 5,8 e 6,4 g PB/kg

PV0,75, para gestações simples e duplas, respectivamente.

Os sistemas de proteína metabolizável incluem equações para predizer o

aumento dos tecidos totais durante a gestação e a massa protéica com o avanço

da gestação. Em alguns casos não está claro se ou como o PV total poderia ser

ajustado para massa tissular de gestação para estimar a quantidade de PM

utilizada para mantença. Não ajustando a massa pode haver uma superestimação

de PMm. Além disso, para a maioria dos sistemas não inclui o desenvolvimento da

glândula mamária como parte da gestação, pareceria que a massa contribuiria

para a estimativa do PV utilizada para o cálculo de exigências de PMm e que usa a

mesma eficiência de PM para acréscimos teciduais de não-gestantes tem sido

assumidos (NRC, 2001).

Em adição, existem consideráveis diferenças entre a eficiência de utilização de

PM para gestação (kpgest) com valores 0,4 para ovinos (INRA, 1989), 0,7 (SCA,

1990), de 0,85 (AFRC 1993, 1998), 0,65 para bovinos de corte (NRC, 2000) e

0,33 para bovinos de leite (NRC, 2001; Sahlu et al., 2004).

Para caprinos, o NRC considerou os dias de gestação, número de fetos e peso

de crias ao nascer para predizer a proteína metabolizável para gestação (PMgest),

utilizando a seguinte equação:

PMgest (g/dia) = 0,0674*(PCN/4)*{exp(11,347-11,22)*[exp (-0,00601*Tgest)-

0,00601Tgest]}/0,7

Do mesmo modo, Sahlu et al. (2004) descreveram a seguinte equação para

estimar a PMgest:

PMgest (g/dia) = [-155,62 – (8,6668 x PCN) + (2,6495 x Tgest) + (0,0041667 x NF) – (0,011049 x Tgest2) + (0,097691 x PCN x Tgest) – (12,136 x

PCN x NF) + (0,14631 x PCN x Tgest x NF)]/0,33

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

em que PCN = peso médio das crias ao nascimento (kg), Tgest = tempo de

gestação, NF = número de fetos, e 0,33 é a eficiência de utilização de PM para

gestação. Esta estimativa inclui a proteína metabolizável metabolizada por todos

os componentes do útero gravídico e a glândula mamária. Alternativamente,

Cannas et al. (2004) usaram o método de CSIRO (1990) para predizer PMgest para

ovelhas no CNCPS - Cornell Net Carbohydrate and Protein System, com a kpgest de

0,70:

PMgest = ((MPN/4) x 0,0674 x e(11,347 – 11,22 x e(-0,00601 x Tgest)

– 0,00601 x Tgest))/0,7

em que Tgest = tempo de gestação, MPN = menor peso ao nascimento total e um

kpgest de 0,7. Embora esta estimativa de PMgest seja para as exigências totais da

gestação, seria mais apropriado para calcular a PMm para ajustar PV para predizer

o peso do útero gravídico.

5. Exigências Nutricionais em Proteína para Cabras em Lactação

As exigências nutricionais de cabras leiteiras variam significativamente nas

diferentes fases do ciclo produtivo, devido às variações na capacidade de ingestão

de matéria seca, peso vivo e produção de leite. Diante disso, o período de

lactação merece uma atenção maior, pois a fêmea depara-se com três situações,

na primeira, que normalmente ocorre nas primeiras semanas pós-parto, ela

apresenta um balanço energético negativo, porque a produção de leite é

crescente e seu consumo ainda não atingiu o potencial máximo, ocorrendo desta

forma, mobilização das reservas corporais; na segunda, o balanço energético é

igual a zero, a produção de leite já está diminuindo e a fêmea já atingiu o pico de

matéria seca; e na terceira, o balanço energético é positivo, havendo uma

compensação das reservas corporais. Estas fases deveriam ser levadas em

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

consideração quanto as estimativas das exigências nutricionais para lactação,

pois as eficiências de utilização nestas três condições serão diferentes (Resende

et al., 2008).

O ARC (1980) recomendou que as estimativas de exigências nutricionais de

cabras em lactação sejam feitas pelo método fatorial, ou seja, a determinação

deve ser realizada separadamente para mantença e produção. Assim sendo, para

a lactação deve ser avaliada a secreção dos nutrientes presentes no leite. O AFRC

(1998) levou em consideração, em suas recomendações, apenas o fator raça

(Anglo-Nubiana, Saanen/Toggenburg). Entretanto outros fatores afetam as

exigências nutricionais, a exemplo de estágio e de ordem de lactação (ARC,

1980).

Em um trabalho realizado por Rodrigues et al. (2006), com cabras da raça

Saanen de primeira lactação e lactação posteriores, observaram efeito do estádio

da lactação na produção média diária de leite, e que essa produção decresce

gradualmente ao final da lactação.

As exigências líquidas em proteína para cabras em lactação, geralmente, estão

baseadas na produção e na composição em proteína do leite das cabras, ao passo

que as exigências líquidas em energia para cabras em lactação basearam-se na

produção e na composição em gordura, proteína e lactose do leite das cabras.

Rodrigues et al.(2006) observaram que a ordem de lactação não influenciou a

porcentagem de proteína na composição do leite, não havendo diferença

significativa entre as exigências de proteína líquida (PLl) para cabras Saanen de

primeira ordem de lactação (26,2 g PLl/kg de leite) e de várias ordens de lactação

(26,3 g PLl/kg de leite).

O AFRC (1998) recomenda 29 g de proteína líquida por kg de leite produzido

para cabras Saanen, o que estaria superestimando as estimativas para cabras da

raça Saanen observadas no estudo mencionado acima. As exigências em proteína

estimadas também foram menores que aquelas obtidas por Silva Sobrinho

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

(1989), o qual recomendou 37 g de proteína por kg de leite para cabras sem raça

definida.

Nsahlai et al. (2004) utilizaram observação de 173 tratamentos de cabras

leiteiras para determinar os requerimentos de proteína metabolizável. Como um

resultado sugerido pelos pesquisadores o requerimento para proteína para

lactação é de 1,45 g de PM/g de proteína do leite. O AFRC (1998) recomendou

um requerimento em PM de 1,47 g/g de proteína do leite.

As eficiências de utilização de proteína metabolizável para síntese de proteína

do leite (kpl) assumidas pelos diversos sistemas de proteína são similares, por

exemplo, 0,70, 0,68, e 0,67 do SCA (1990), AFRC (1993) e NRC (2001),

respectivamente. O INRA (1989) recomendou o uso de kpl de 0,64 e Nsahlai et al.

(2004) encontrou um valor de 0,69. Entretanto, em alguns casos, não está claro

que kpl seja adotado para uso em proteína tecidual mobilizada para produção de

leite. A eficiência de síntese de proteína do leite estimada para caprinos baseada

na PB digestível são mais variáveis. Brun-Bellut et al. (1987) relataram um valor

de 0,78, embora valores consideravelmente menores tenham sido observados,

como 0,55 (Ciszuk e Lindberg, 1988), 0,38-0,55 (Brun-Bellut et al., 1990), 0,30-

0,39 (Santini et al., 1992), 0,22-0,28 (Hussain et al., 1996) e 0,29-0,31 (Sanz

Sampelayo et al., 1998).

As exigências de proteína para lactação sugeridas pelo NRC (1981) foi baseada

sobre um sistema de proteína bruta digestível para gado de leite devido a falta de

dados adequados de estudos com cabras em lactação. Este método de cálculo

resultou em um requerimento sugerido em 72 g de PB/kg de leite (NRC, 1981).

A concentração de PB na dieta para cabras com produção média de 3,0 kg de

leite é em torno de 16% (NRC, 1981). Vários autores afirmam que a

concentração deste nutriente na dieta deve ser de 13 a 16% da MS, dependendo

do tipo de proteína, do estádio da lactação e do potencial de produção das cabras

(Sahlu et al., 1993).

ARGÔLO, L.S. et al. Exigências nutricionais em proteína para caprinos. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 22, Ed. 127, Art. 858, 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados presentes na literatura sobre as exigências nutricionais de caprinos

são escassos e as estimativas de exigências em proteína encontrados nos

trabalhos desenvolvidos no Brasil discordam das recomendações internacionais.

De modo geral, as equações dos diferentes sistemas de alimentação são

similares, especialmente porque foram fundamentadas nos poucos estudos para

determinação de exigências, principalmente para cabras em gestação. A escassez

de informações para esta fase é devida as inúmeras dificuldades inerentes desses

estudos.

Devido a maior quantidade de dados disponíveis para ovinos, a maior parte dos

sistemas de alimentação apresenta equações mais completas para esta espécie

do que para a espécie caprina. Este fato revela a necessidade da realização de

mais estudos com a espécie caprina para um melhor planejamento nutricional

destes animais.

Para se obter dados confiáveis para estimativa de requerimentos em proteína

para as condições brasileiras são necessários mais pesquisas, principalmente

enfocando as exigências de cabras em gestação e lactação, pois maior ênfase tem

sido dada a caprinos na fase de crescimento.

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